Cinemateca | Halloween, Wenders e outras histórias

Há “Encantos de Outubro” e um filme destinado aos mais novos que celebra o Halloween: não faltam novidades na Cinemateca Paixão para os próximos dias, incluindo a possibilidade de um novo visionamento de “Paris, Texas”, clássico com a assinatura de Wim Wenders

 

A Cinemateca Paixão continua a apresentar, nos próximos dias, uma série de filmes para todos os gostos, onde não faltam alguns clássicos do cinema. Na secção “Encantos de Outubro” o público poderá rever, hoje, o clássico “Paris, Texas”, do realizador alemão Wim Wenders, numa versão restaurada em 4K.

O filme de 1984 já tem, porém, os bilhetes esgotados. Protagonizado por Nastassja Kinski, o filme conta a história de um homem magro, de fato escuro e um boné de basquetebol vermelho que aparece no deserto que circunda os EUA e o México.

Travis, de seu nome, bebe o último gole de uma garrafa de água e avança para uma zona bastante inóspita chamada de “O recreio do diabo”, procurando reencontrar a família, nomeadamente a sua mulher. “Paris, Texas” venceu o Festival de Cinema de Cannes em 1984.

“Didi”, filme deste ano de Sean Wang, realizador de Taiwan e dos EUA, estreou esta quarta-feira na Cinemateca Paixão, mas volta a ser exibido amanhã às 19h30 e depois na terça-feira no mesmo horário.

“Didi” é o nome dado a um rapaz, também com origens em Taiwan, que vive na Califórnia no ano de 2008 e que enfrenta uma fase de crescimento antes de entrar na escola secundária. O rapaz tem de lidar com os cuidados excessivos da avó e da mãe, a realização de um vídeo de skaterboarding e ainda um primeiro amor amargurado.

Esta foi a primeira longa metragem de Sean Wang, nomeado para um Óscar, e que ganhou o prémio do público na categoria de drama no Festival de Cinema de Sundance, nos EUA.

No domingo, haverá também a oportunidade de explorar a única sessão de “Hundreds of Beavers”, do realizador Mike Cheslik, marcada para as 16h30. Este é um filme do género fantástico que ganhou um prémio para o melhor flme internacional no Festival Canadiano do Cinema Fantástico.

A história centra-se no século XIX e conta a vida de Kayak, um vendedor que costumava ser feliz a vender vinho, mas que subitamente embebeda-se quando um incêndio deflagra numa adega que destrói todo o armazenamento de vinho que possui. É então que Kayak se vê obrigado a tornar-se num caçador de armadilhas, apanhando castores e coelhos para ganhar a vida.

Halloween e companhia

Na secção “Nova Força Chinesa” apresenta-se o filme “Some Rain Must Fall”, do realizador Qiu Yang, exibido este domingo a partir das 19h30. A história do filme centra-se no momento em que uma mulher de 40 anos, dona de casa, fere acidentalmente uma idosa no jogo de basquetebol da filha. Um incidente que poderia ser banal altera o rumo destas vidas por completo, com repercussões em toda a família. Esta mulher que anda sempre de mal com a vida deseja subitamente uma mudança, algo que lhe mude a rotina dos dias. Quando o passado lhe bate à porta, ela avança então em busca de um futuro que ainda desconhece.

Ainda para este fim-de-semana decorrem duas exibições integradas na secção “Descobrir Macau – Actor em foco”, com destaque em Helen Ko.

As sessões decorrem sábado e domingo às 14h, podendo ser vistos “Meow Avenger”, do realizador Hoi Ka Ion; “Antes do Aguaceiro”, de Mak Man Teng; “Pelo menos não hoje”, de Io Lou Ian; “A Void Without a Face”, de Lao Keng U; “Mente Cintilante”, de Lam Kin Kuan; e “Gin, Sake, Margarita”, de Peeko Wong.

A Cinemateca Paixão vai também celebrar o Halloween com o seu público ao exibir um clássico. Trata-se de “Child’s Play”, de 1988, exibido esta quarta-feira a partir das 19h30, onde se esperam muitos gritos e emoções na plateia. Porém, e em jeito de celebração, não basta aparecer com o bilhete para ver o filme, podendo cada espectador levar uma boneca favorita e participar no concurso, ficando habilitado a receber presentes especiais. Os espectadores podem também levar trajes especiais.

Japão | Legislativas antecipadas para consolidar partido no poder

Os japoneses vão às urnas no domingo em legislativas antecipadas para consolidar a legitimidade do novo primeiro-ministro, mas o partido no poder, impopular devido à inflação e escândalos, poderá não obter a maioria absoluta.

Shigeru Ishiba, de 67 anos, tomou posse na chefia do Governo nipónico, no início de Outubro, depois de ter sido eleito líder do Partido Democrático Liberal, que tem estado no poder quase ininterruptamente no Japão desde 1955, mas que tem sido prejudicado nos últimos anos pela inflação e por escândalos político-financeiros.

“Esta é uma eleição extremamente difícil. Estamos a enfrentar ventos contrários sem precedentes”, admitiu o líder, na semana passada, durante uma visita de campanha.

Os 465 lugares da câmara baixa do parlamento serão renovados no final do escrutínio, no qual participam 1.344 candidatos, incluindo um número recorde de mulheres, apesar de representarem apenas 23 por cento dos candidatos, num país marcado por grandes desigualdades de género.

A coligação formada pelo PDL e pelo parceiro de centro-direita Komeito tinha uma confortável maioria de 288 lugares na assembleia cessante, mas a taxa de aprovação do Governo é de 33 por cento, contra 39 por cento de insatisfeitos, indica uma sondagem realizada no passado fim de semana para o diário Asahi.

O jornal considerou que o PDL e o Komeito correm o risco de perder a maioria. Em todo o caso, “a diferença de lugares entre o PDL e a oposição vai diminuir e vai surgir uma nova situação na política japonesa depois das eleições”, disse Masato Kamikubo, professor de política na Universidade de Ritsumeikan.

Confiança abalada

Shigeru Ishiba, que espera consolidar o mandato para implementar um programa de reforço da segurança e da defesa, aumentar o apoio às famílias com baixos rendimentos e revitalizar o mundo rural japonês, estabeleceu o modesto objectivo de ganhar 233 lugares (o limiar para uma maioria absoluta) com o parceiro de coligação.

No entanto, Kamikubo advertiu que o aumento acentuado da inflação no Japão desde 2022 e a queda do poder de compra, uma fonte de descontentamento e impopularidade para Fumio Kishida, o antecessor de Ishiba, podem pesar nas eleições.

O partido está também a pagar na opinião pública o preço de um vasto escândalo político e financeiro, com várias dezenas de membros a serem punidos internamente por não terem declarado o equivalente a vários milhões de euros, recolhidos através da venda de bilhetes para noites de angariação de fundos e que o PDL lhes devolveu depois.

Uma perda de maioria do PDL na câmara baixa do parlamento seria a primeira desde 2009, quando perdeu para a oposição de centro-esquerda, antes de regressar ao poder em 2012.

O Partido Democrático Constitucional (PDC), que liderou o Japão durante esses três anos e principal força da oposição parlamentar com 99 lugares antes da dissolução, é liderado por Yoshihiko Noda, que foi primeiro-ministro em 2011-2012.

“A maioria dos japoneses confia em Noda”, cujo posicionamento “não é muito diferente do do PDL”. “Um conservador, com uma política muito pragmática”, sublinhou Masato Kamikubo. No entanto, uma vitória do PDC é “difícil porque a oposição está muito dividida”, acrescentou.

Shigeru Ishiba, que venceu a corrida presidencial do PDL por uma margem estreita contra a rival ultraconservadora Sanae Takaichi, também está sob ameaça dentro do partido, “independentemente do resultado das eleições”, considerou Rintaro Nishimura, especialista em política japonesa na consultora The Asia Group.

Deportação de quadro da Volkswagen ilustra intransigente política antidroga de Pequim

A deportação de um quadro da Volkswagen na China, esta semana, após testar positivo para o consumo de droga ao regressar da Tailândia, exemplifica o intransigente sistema de controlo de estupefacientes vigente no país asiático.

A imprensa alemã noticiou na segunda-feira que o especialista em marketing e inventor do internacionalmente famoso ‘slogan’ “Das Auto” para os carros da Volkswagen, Jochen Sengpiehl, deu positivo num teste de detecção de consumo da canábis efectuado pela polícia chinesa, após umas férias na Tailândia.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês confirmou na quarta-feira que Sengpiehl testou positivo para o consumo de droga, e que foi detido durante 10 dias, antes de ser deportado.

As autoridades chinesas realizam aleatoriamente testes de consumo de drogas a passageiros na chegada à China. Avisos difundidos pelas embaixadas chinesas em países que descriminalizaram a canábis – incluindo a Tailândia, o Canadá e os Países Baixos – lembram que quem testar positivo à chegada é punido “da mesma forma que se usasse drogas na China”.

Um turista italiano oriundo de Banguecoque, que visitou Xangai, no Verão passado, para uma estadia de uma semana, contou à Lusa que acabou por ser detido durante dois dias e punido com uma multa de 500 yuan, após testar positivo no aeroporto.

Bares e outros espaços nocturnos em Pequim e Xangai são também frequentemente alvos de rusgas, com a polícia a testar todos os clientes. Mesmo que o consumo tenha sido realizado fora do país, um teste positivo é punível com detenção administrativa, que pode ir até 15 dias e, se for estrangeiro, deportação.

Triângulo de risco

Se alguém for apanhado com pequenas quantidades de canábis na bagagem, pode ser punido com pena de até três anos de prisão. Grandes quantidades são puníveis com pena de morte. Com cerca de 1.400 milhões de habitantes, a China confina com o “triângulo dourado” (Laos-Birmânia-Tailândia), onde se estima que exista uma área total de cultivo de papoila de 46.700 hectares.

A China faz também fronteira com a Ásia Central, uma fonte crescente das drogas aprendidas no país, indicou a Comissão Nacional de Controle de Narcóticos da China.

BRICS | Xi sublinha “significado estratégico” da relação com Irão

Num encontro bi-lateral, à margem da cimeira dos BRICS, o Presidente chinês reuniu com o seu homólogo iraniano para reafirmar o seu apoio à segurança e desenvolvimento do Irão numa altura de grande turbulência internacional

 

O Presidente da China disse que Pequim vai desenvolver “sem hesitação” uma “cooperação amigável com o Irão”, independentemente da “evolução da situação internacional”, sublinhando o “significado estratégico” da relação bilateral, indicou ontem a diplomacia chinesa.

Xi Jinping e Masud Pezeshkian reuniram-se na quarta-feira à margem da cimeira dos BRICS, a decorrer na cidade russa de Kazan, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em comunicado. O Presidente chinês sublinhou que as relações entre os dois países adquiriram um “significado estratégico” no meio de “transformações globais aceleradas”, acrescentou.

“A China reafirma o apoio ao Irão na defesa da soberania e segurança, bem como no desenvolvimento económico e social”, disse o líder chinês, num período de tensão entre Teerão e Israel.

Xi acrescentou que a China está “profundamente preocupada com a actual situação no Médio Oriente”, referindo que “conseguir um cessar-fogo em Gaza é a chave para aliviar as tensões na região”.

“A comunidade internacional deve trabalhar em conjunto para instar as partes relevantes a aplicar seriamente as resoluções do Conselho de Segurança da ONU para evitar nova escalada”, afirmou Xi.

As duas nações comprometeram-se a trabalhar em conjunto com base no “respeito pelas normas internacionais, na salvaguarda dos seus direitos legítimos e no reforço da cooperação em vários domínios”, lê-se na mesma nota. Xi também expressou a disponibilidade da China para desenvolver “uma parceria estratégica abrangente para benefício de ambos os povos”.

Oriente atraente

O líder chinês felicitou o Irão pela recente adesão plena ao bloco de economias emergentes BRICS, sublinhando o desejo de aumentar a cooperação neste quadro e noutros fóruns multilaterais. A China chegou à cimeira numa altura em que tenta seduzir o Sul Global, com novas vias de financiamento e cooperação, num contexto de crescente competição geopolítica com o Ocidente, especialmente com os Estados Unidos.

Os BRICS constituem uma oportunidade para Pequim promover uma reforma do sistema de governação global mais consentânea com os seus interesses e com o que designa por “verdadeiro multilateralismo”, em oposição à “hegemonia norte-americana”.

O grupo BRICS, inicialmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, expandiu-se para nove membros com a integração do Irão, Egipto, Etiópia e Emirados Árabes Unidos e procura tornar-se um poderoso contrapeso ao Ocidente na política e eventos comerciais mundiais, que são de particular interesse para Moscovo e Teerão, que enfrentam sanções europeias e norte-americanas.

Crime | Detido por burla de 50 mil dólares de Hong Kong

Um homem do Interior foi detido, depois de ter cometido uma burla no valor de 50 mil dólares de Hong Kong. O caso foi apresentado ontem pela Polícia Judiciária, e aconteceu a 12 de Outubro.

Após entrar em Macau, o homem do Interior foi a uma loja para trocar 50 mil dólares de Hong Kong por 46 mil renminbis. O funcionário concordou com a troca de dinheiro, e disponibilizou o número da conta para a qual os 46 mil renminbis deviam ser enviados, através de pagamentos electrónicos. No entanto, em vez de transferir o dinheiro, o homem limitou-se a manipular a imagem da plataforma de transferências, e mostrou um screenshot onde constava que a transacção tinha sido feita com sucesso. Como o trabalhador acreditou na imagem, e não confirmou a recepção do dinheiro, entregou os 50 mil dólares de Hong Kong ao cliente. Só mais tarde, quando viu o saldo da conta é que percebeu que tinha sido enganado.

A vítima apresentou queixa junto das autoridades, que identificaram o homem com recurso a videovigilância. A detenção foi feita na quarta-feira, na fronteira da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau.

Troca de dinheiro | Mais de 40 suspeitos entregues ao Interior

Uma operação policial conjunta culminou com a entrega às autoridades chinesas de 42 indivíduos suspeitos de pertencerem a uma rede de troca ilegal de dinheiro que operava em Macau. A operação envolveu uma centena de investigadores da PJ, e intervenções em hotéis no Cotai e Península. Foram ainda apreendidas somas em dinheiro e fichas de jogo

 

Na quarta-feira ao início da noite, Gongbei foi palco de grande aparato policial motivado pela entrega às autoridades chinesas de 42 suspeitos de troca ilegal de dinheiro detidos numa operação policial conjunta em Macau. De acordo com o jornal Ou Mun, os detidos são 29 homens e 13 mulheres, com idades compreendidas entre 27 e 63 anos, oriundos de Pequim e das províncias de Guangdong, Jiangxi, Jiangsu, Shandong, Jilin, Liaoning, Hebei, Heilongjiang e Anhui.

O subdirector da Polícia Judiciária Sou Sio Keong acrescentou entre os detidos se encontravam dois trabalhadores não-residentes suspeitos de prática de troca ilegal de dinheiro para suplementar os rendimentos.

Antes da entrega das mais de quatro dezenas de suspeitos às autoridades do Interior, Macau foi palco de uma operação policial de grande envergadura, com uma centena de inspectores da Polícia Judiciária (PJ) de Macau a serem destacados para vários hotéis na península e no Cotai, e dois apartamentos. As autoridades não indicaram se as operações de estenderam a áreas de jogo em casinos.

Na operação, conjunta com o Ministério da Segurança Pública, foram também apreendidos 3 milhões de dólares de Hong Kong, fichas de jogo no valor de 160 mil dólares de Hong Kong e 56 telemóveis.

Limpeza profunda

Esta operação surgiu cerca de dois meses depois de uma operação que culminou com a detenção de 252 pessoas suspeitas do mesmo crime. Recorde-se que a criminalização da troca de dinheiro para jogar não foi um assunto consensual e, mesmo na altura da aprovação na especialidade da proposta de lei, a parte da lei de combate aos crimes de jogo ilícito que diz respeito à troca cambial motivou algumas dúvidas de deputados. Ainda assim, a lei foi aprovada com os votos favoráveis de todo o hemiciclo em quase todos os artigos, e o câmbio ilícito passou a ser punido com pena de prisão até 5 anos. Quem for condenado por este crime pode ainda ficar interdito de entrar em Macau e em casinos durante entre dois e 10 anos.

Em declarações durante a cerimónia de entrega, o subdirector da PJ realçou a aprovação da lei providencia a base legal para combater o fenómeno criminal. Porém, se as autoridades de Macau tiverem indícios de que os suspeitos têm ligações a organizações criminosas nas China, podem simplesmente entregar os suspeitos à polícia do Interior, ressalvou Sou Sio Keong

A criminalização desta actividade veio também no seguimento de uma reunião, em Julho, entre as autoridades de Macau com representantes do Ministério da Segurança Pública, que consideram a troca ilegal de dinheiro em Macau uma das principais preocupações a nível da segurança do país. Aliás, estas operações policiais no Interior da China são referidas pelas próprias autoridades como “erradicação de formigas”.

Mar do Sul da China | Registadas marés 30cm mais altas

Especialistas chineses estão a investigar uma subida invulgar do nível do mar em várias zonas costeiras do nordeste e do sudeste da China, foi ontem noticiado. Esta subida verificou-se também no mar do Sul da China, em regiões como Hong Kong e Macau, em que as marés estavam 30 centímetros mais altas do que o normal, escreveu a Lusa citando o jornal South China Morning Post.

O fenómeno afectou sobretudo as províncias de Hebei e Liaoning, causando inundações e obrigando à mobilização de uma resposta de emergência, algo que surpreendeu as autoridades e a população local. Além disso, vídeos publicados nas redes sociais mostram estradas submersas em cidades do nordeste do país, como Dalian e Jinzhou.

O director do Gabinete de Previsão de Ondas de Maré do Centro Nacional de Previsão Ambiental Marinha, Fu Cifu, disse, citado pelo jornal, que uma subida tão súbita do nível da água, na ausência de vento e de ondas evidentes, “nunca tinha sido registada”, nem a nível nacional nem internacional.

O nível do mar em várias zonas da região manteve-se cerca de um metro acima do normal durante mais de 20 horas, ultrapassando os registos históricos em várias estações de medição de marés na província de Liaoning.

As autoridades disseram que, embora as águas tenham começado a baixar após várias horas, os efeitos da vaga fizeram-se sentir nas províncias mais a sul, como Jiangsu (leste) e Fujian (sudeste). A subida do nível do mar desencadeou uma resposta de emergência pelo Ministério dos Recursos Naturais da China, que mobilizou cinco equipas de peritos para inspeccionar as áreas afectadas.

DSPA | Inscrições para visitas em zonas ecológicas a partir de hoje

A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) acolhe, a partir de hoje, inscrições para as habituais visitas e actividades nas Zonas Ecológicas do Cotai, os chamados mangais.

Nos dias 9 e 23 de Novembro decorre o “Dia Aberto ao Público”, com 120 vagas cada, realizando-se uma visita guiada de duas horas pelas Zonas Ecológicas I e II, a fim de observar aves e plantas. No dia 9 será também organizado um workshop, que decorre às 10h e 15h, intitulado “Actividade Educativa sobre a Natureza”, destinado a pais e crianças. Cada sessão terá 12 vagas.

O workshop dura 2h30 e terá um instrutor, que “irá transmitir conhecimentos no domínio da ecologia e orientar as crianças na confecção de sinos de vento feitos em moldes de gesso a partir de plantas recolhidas no local, e pintados depois à mão”.

Até Abril do próximo ano, e tendo em conta o decorrer da época das aves migratórias, será realizado todos os meses o passeio de “Observação de Pássaros nas Zonas Húmidas”. No mês que vem, o passeio decorre dia 23, às 9h30 e 14h30, com 50 vagas por passeio. Durante a visita de duas horas e meia, os participantes serão orientados por um instrutor para passearem na rota e entrarem nos postos de observação de pássaros, podendo contemplá-los através de telescópios fornecidos pela DSPA e ouvir a explicação por um profissional.

Hac Sá | Níveis de E.coli levam a içar bandeira vermelha

A DSAMA explicou que “a qualidade anormal da água” é normalmente verificada “após condições climatéricas adversas ou chuvas fortes”. Os banhistas são aconselhados a ficaram no areal

 

A Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA) anunciou que foi içada a bandeira vermelha na Praia de Hac Sá, devido a elevados níveis de E.Coli na água. A informação foi divulgada através de um comunicado, pulicado ontem, onde também consta que devido à influência de uma monção foi içada a bandeira amarela na praia de Cheoc Van.

Segundo a DSAMA, os elevados níveis de E.coli na água da praia de Hac Sá fora apurados, depois de o Instituto para os Assuntos Municipais ter realizado um teste à qualidade da água.

“Os resultados dos testes à qualidade da água das praias efectuados pelo Instituto para os Assuntos Municipais revelaram que o nível de E.coli na praia de Hac Sá ultrapassou os padrões aceitáveis, tendo o IAM hasteado bandeiras vermelhas e afixado avisos para lembrar ao público e aos banhistas que não devem entrar na água”, foi indicado.

“A qualidade anormal da água nas praias ocorre geralmente após condições climatéricas adversas ou chuvas fortes e pode durar algum tempo. A DSAMA está a acompanhar de perto a situação e aconselha o público que planeia visitar as praias a obter informações sobre as condições em tempo real e sobre as bandeiras nas praias antes de viajar”, foi acrescentado.

Piscina encerrada

Também na quarta-feira, a Piscina Central da Taipa foi encerrada temporariamente, depois de ter sido detectada uma “contaminação por fontes externas que afectou a qualidade da água”, “com níveis de E.coli acima do permitido”, indicou o Instituto do Desporto (ID).

As autoridades garantiram que a piscina foi “encerrada imediatamente”, depois de ter sido detectada a contaminação, para ser limpa e desinfectada. Até à hora do fecho desta edição, ainda não havia uma data apontada para a reabertura.

As piscinas ao ar-livre, incluindo Piscina Central da Taipa, Cheoc Van, Dr. Sun Iat Sen e Hac Sá, vão encerrar no final da época balnear (31 de Outubro). O ID indicou ainda que quem comprou bilhetes para a piscina do Parque Central da Taipa através da marcação online será reembolsado pelo próprio ID.

A E.coli, ou Escherichia coli, é um grupo de bactérias que existe nos intestinos de pessoas saudáveis. No entanto, certas variações podem causar doenças. A transmissão das infecções causadas por E. coli acontece principalmente devido ao contacto directo com animais, o contacto com humanos e o consumo de alimentos contaminados.

Os sintomas das infecções intestinais causadas pela E. coli incluem diarreia e dor abdominal, principalmente, além de náuseas e vómitos.

Hengqin | Auto-atendimento da CPSP a funcionar

O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) anunciou ontem a entrada em funcionamento de quiosques de auto atendimento para os seus serviços em Hengqin.

As máquinas estão instaladas na zona de serviços de auto atendimento dos assuntos governamentais de Macau da Zona de Cooperação Aprofundada e no Novo Bairro de Macau, e podem ser usadas 24 horas por dia.

Passa, assim, a ser possível renovar e levantar a autorização especial de permanência para estudantes do exterior, renovar a autorização de permanência na qualidade de trabalhador ou pedir segunda via da guia de autorização de permanência/residência.

Já desde o início de Setembro, outros quiosques da Direcção dos Serviços de Identificação possibilitam pedidos de certidão individual de movimentos fronteiriços por residente de Macau, renovação de trabalhadores não-residentes domésticos por residentes de Macau e consulta do prazo de validade da “autorização de permanência na qualidade de trabalhador” por trabalhadores não-residentes.

Sands China | Lucros crescem 16% no terceiro trimestre

Apesar de ter menos receitas, a empresa conseguiu aumentar os lucros. A construção da segunda fase do The Londoner está a afectar a capacidade de gerar receitas, mas os responsáveis da empresa mostram-se muito confiantes com o mercado do jogo de Macau, devido aos números da Semana Dourada

Com Lusa 

 

A Sands China registou lucros de 268 milhões de dólares entre Julho e Setembro, mais 16 por cento do que no mesmo período de 2023, anunciou ontem concessionário do jogo, que tem como principal accionista norte-americana Las Vegas Sands (LVS).

Apesar dos lucros, o resultado líquido no terceiro trimestre representa uma queda de 8,2 por cento em comparação com os três meses anteriores (Abril a Junho). A empresa terminou 2023 com lucros de 696 milhões de dólares, pondo fim a três anos de prejuízos sem precedentes.

A Sands China registou uma subida nos lucros apesar das receitas dos cinco casinos da operadora terem caído 1 por cento comparativamente ao terceiro trimestre de 2023, para 1,77 mil milhões de dólares. Foram registados lucros operacionais de 585 milhões de dólares no terceiro trimestre deste ano, uma descida de 7,3 por cento em termos anuais.

A diferença foi explicada com o facto de parte dos casinos e hotéis do grupo em Macau estarem a ser remodelados. O presidente da empresa-mãe, Robert Goldstein, sublinhou que os resultados da operadora foram afectados pelo “trabalho de desenvolvimento em curso do Londoner”, acrescentou na mesma nota.

A Sands China está a construir a segunda fase da propriedade The Londoner Macao e a empresa, disse ter investido 313 milhões de dólares em construção e desenvolvimento entre Julho e Setembro. Goldstein afirmou que a recuperação do mercado do jogo em Macau continuou no terceiro trimestre, mas lembrou que o número de visitantes permanece abaixo dos níveis atingidos antes da pandemia da covid–19.

O território recebeu mais de 25,9 milhões de turistas nos primeiros nove meses deste ano, mais 30,1 por cento face ao período homólogo do ano passado, mas apenas 70,7 por cento do registado em 2019.

Semanada Dourada agradou

Na apresentação dos resultados aos analistas, Patrick Dumont, presidente e director de operações da Las Vegas Sands, admitiu ainda que a empresa ficou satisfeita com o tipo de visitantes recebidos em Macau durante a Semana Dourada.

“Estamos muito contentes com a qualidade dos nossos visitantes, tanto em Macau como em Singapura [durante a Semana Dourada]”, começou por dizer. “E penso que, mesmo com as perturbações a que estamos a assistir [devido às obras de remodelação em alguns dos edifícios da empresa], estamos a constatar que o consumidor, os turistas regulares e com maior poder de compra estão a visitar os nossos espaços e a reconhecer que existe uma excelente experiência”, acrescentou Dumont.

A mensagem de confiança no mercado do jogo de Macau foi igualmente reforçada por Robert Goldstein, apesar do abrandamento da economia da China. “Todos devem ficar impressionados com a resistência de Macau. Todos sabemos o que se está a passar na China […] mas o facto é que Macau está a registar um crescimento forte, apesar da conjuntura económica”, destacou. “Os números do início de Outubro parecem ter sido muito bons, por isso, a nossa história é muito positiva, quando comparada com a de outras empresas a operarem na China”, acrescentou.

AL | Deputados discutiram lei das agências de viagem

Os deputados querem saber se as excursões organizadas por agências de viagem podem utilizar meios de transportes colectivos, como os autocarros públicos ou o Metro Ligeiro. Esta é uma das questões a ser debatida pela 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa no âmbito da discussão na especialidade da proposta de lei da actividade das agências de viagem e da profissão de guia turístico.

De acordo com o jornal Ou Mun, Chan Chak Mo, deputado que preside à 2.ª Comissão Permanente, explicou que na reunião de ontem os legisladores focaram os meios de transportes que podem ser utilizados pelas excursões. Segundo a formulação da nova proposta, as agências de viagem podem utilizar meios de transportes de outras companhias, mas para os deputados não é claro se podem recorrer a meios de transportes públicos, como os autocarros, Metro Ligeiro ou táxis.

Sobre este aspecto do diploma, Chan considera que o texto precisa de ser mais claro e que os deputados vão debater o assunto com o Governo.

Um dos aspectos que mereceu elogios por parte dos membros da Assembleia Legislativa foi a almejada simplificação do processo de pedido de licença para operar uma agência de viagem, com menos exigências burocráticas.

Os deputados também consideram positiva o cancelamento da exigência de realizar um aumento do capital social no valor de 300 mil patacas, sempre que uma agência abrir uma nova sucursal.

Calçada do Gaio | Ron Lam questiona aumento da altura de prédio

O deputado Ron Lam alertou ontem o Governo para a possibilidade da construtora do Edifício na Calçada do Gaio ter ultrapassado o limite de 81,32 metros de altura.

O projecto de construção foi suspenso em 2008, devido ao plano de protecção do corredor visual para a Colina da Guia e à classificação do Centro Histórico de Macau. Contudo, depois de vários anos em que as obras estiveram suspensas, e em que se debateu a possibilidade da altura do edifício ser reduzida, o Instituto Cultural permitiu que em 2022 as obras fossem terminadas e a altura de 81,32 metros mantida.

No entanto, segundo a mais recente interpelação escrita do deputado, os moradores da zona queixam-se que as construções no topo do edifício são mais altas do que o previsto e ultrapassam o limite dos 81,32 metros. Ron Lam indica também que ao contrário da planta pública do edifício, foi escavado mais um andar no solo que não estava previsto.

Face a estas alterações, o legislador pede ao Instituto Cultural que explique se permitiu as alterações mais recentes e informe a população sobre o projecto. Ron Lam pede também explicações para o facto de os dados apresentados anteriormente pelo IC nunca terem revelado que a altura de 81,32 metros podia ser ultrapassada, para acabar o edifício.

Por outro lado, o deputado adianta a hipótese da altura ter sido ultrapassada contra as indicações do IC, e pretende que as autoridades informem a população sobre as penalizações que vão ser aplicadas ao construtor.

Casinos-satélite | Coutinho alerta para possíveis despedimentos

O deputado ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau alerta para a possibilidade de no próximo ano se assistir a uma onda de desemprego, devido à situação indefinida dos casinos-satélite

 

Com os acordos entre os casinos-satélite e as concessionárias a terminarem no final do próximo ano, o deputado Pereira Coutinho alertou o Executivo para a possibilidade de haver uma onda de desemprego. A mensagem foi deixada através de uma interpelação escrita, em que o legislador pede soluções ao Executivo.

Quando foram apresentadas as últimas alterações à lei do jogo, antes da renovação das concessões, o Governo tentou acabar com todos os casinos-satélite do território. Estes casinos têm acordos de exploração com as concessionárias, mas são geridos por empresas independentes. No entanto, os trabalhadores nas áreas de jogo estão contratualmente ligados às concessionárias, o que não acontece com trabalhadores de restaurantes, hotéis e lojas nos edifícios desses casinos.

Após várias queixas de deputados, associações e dos responsáveis por estes casinos, o Governo aceitou uma solução de meio-termo. Os casinos satélites foram autorizados a continuar a operar, mas os contratos com as concessionárias tiveram um limite de três anos, que termina no próximo ano.

“Actualmente, falta um ano para o final dos contratos de exploração dos casinos-satélite. Todavia, estima-se que muitos casinos-satélite vão cessar as operações, o que vai afectar as pequenas, médias e micro empresas e possivelmente causar uma onda de encerramentos”, alertou. “Como resultado, um grande número de residentes pode ficar desempregado. Que soluções o Governo tem para este problema?”, questionou.

Tratamentos diferentes

Na interpelação, Coutinho revela também ter recebido queixas de 300 trabalhadores de casinos-satélite que se consideram discriminados. Segundo os relatos apresentados pelo deputado, quando trabalham nos casinos-satélite, os trabalhadores tendem a ter ordenados mais baixos do que quando desempenham funções em casinos explorados pelas entidades patronais.

Além disso, privilégios como folgas e bónus também são diferentes, o que levou o deputado da Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau a considerar que são “trabalhadores de segunda classe”.

Na interpelação consta também que, apesar destes trabalhadores se terem queixado de discriminação à Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais, o assunto não foi resolvido. Por isso, Coutinho pergunta ao Governo o que vai fazer para acabar com a discriminação dos trabalhadores dos casinos-satélite.

Análise | Empresas chinesas buscam mercados emergentes para contornar sanções

A economista Fernanda Ilhéu defende, no recém-publicado Anuário da Economia Portuguesa 2024, que as empresas chinesas “estão a entrar numa nova fase de expansão global” com aposta em mercados emergentes do chamado “Sul Global”, para contornar “atitudes proteccionistas do Ocidente”

 

A economia chinesa é um dos destaques do mais recente Anuário da Economia Portuguesa, relativo a este ano, pela mão da economista Fernanda Ilhéu, que assina o artigo “Modelo Económico da China e Nova Fase de Globalização”.

A economista, ex-residente em Macau, defende que as empresas do país procuram cada vez mais novos mercados para expandirem e fugirem a novos constrangimentos comerciais.

“As empresas chinesas estão a entrar numa nova fase da sua expansão global utilizando a sua tecnologia e marcas, desenvolvendo, sobretudo no Sul Global, as suas cadeias de valor com vista a vendas nesses mercados, mas também em mercados desenvolvidos, evitando assim as tarifas alfandegárias aplicadas a alguns produtos feitos na China”, pode ler-se.

Entende-se por Sul Global o conjunto de países ligados à ideia de Terceiro Mundo ou, até, com economias em desenvolvimento.

Fernanda Ilhéu menciona também o actual cenário de abrandamento económico chinês, em linha com as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) tornadas públicas esta quarta-feira.

“O abrandamento do crescimento da procura no mercado interno chinês, e a feroz concorrência ali existente, tem levado as empresas chinesas a disputar os mercados das multinacionais americanas, europeias, japonesas, e não apenas nos países desenvolvidos, mas também em muitos países do Sul Global, onde a sua entrada está a ser facilitada pelos esforços diplomáticos do Governo chinês junto dos países com investimentos BRI”, ou seja, na Belt and Road Initiative, ou Faixa e Rota.

A autora destaca os exemplos de empresas chinesas nesta situação, citados na edição da The Economist de Agosto deste ano. Temos, assim, “a empresa Transsion, que produz mais de metade dos smartphones comprados pelos africanos, e a Mindray, que é a fornecedora líder de sistemas de monitoramento de pacientes na América Latina”.

A marca de retalho Shein vende, sobretudo, para “os consumidores brasileiros e mexicanos”, enquanto os “veículos eléctricos chineses com relevo para [as marcas] SAIC e BYD e as turbinas eólicas estão a expandir-se no mundo em desenvolvimento”. Segundo a The Economist, entre 2016 e 2023 “as vendas das empresas chinesas ao Sul Global quadruplicaram, atingindo 800 biliões de dólares e excederam as realizadas no mundo desenvolvido”, referiu a economista.

Recorde-se que as mais recentes previsões do FMI apontam para um possível agravamento da situação do mercado imobiliário na China, tendo reduzido as expectativas de crescimento para aquela que é considerada a segunda maior economia do mundo.

No relatório World Economic Outlook, o FMI reduziu a previsão de crescimento da China para este ano para 4,8 por cento, menos 0,2 por cento do que na projecção difundida em Julho. Em 2025, o crescimento deverá situar-se em 4,5 por cento, indicou a instituição, sublinhando também que a contracção do sector imobiliário chinês acima do esperado é um dos muitos riscos negativos para as perspectivas económicas globais.

“As condições para o mercado imobiliário podem piorar, com novas correções de preços no meio de uma contracção das vendas e do investimento”, lê-se no relatório.

Globalização é o caminho

Para Fernanda Ilhéu, as respostas para o sector empresarial chinês passam cada vez mais pelas oportunidades que a globalização pode fornecer, tendo em conta que “as atitudes proteccionistas do Ocidente têm levado a China a reforçar a sua presença no mundo emergente”.

Um dos exemplos mais notórios tem sido o braço de ferro entre países europeus e a China nas aquisições da rede 5G, ou ainda as tentativas de impor limites à exportação de carros eléctricos chineses com a aplicação de sanções provisórias.

Em Outubro do ano passado, a Comissão Europeia começou uma investigação que concluiu que a China beneficiaria de subsídios desleais na produção destes veículos, o que estaria “a ameaçar os produtores destes veículos na União Europeia”, lê-se no comunicado da instituição europeia no passado dia 4 de julho, no qual anunciava as novas medidas.

Foram, assim, aplicados os chamados “direitos de compensação” que, na prática, são impostos adicionais a marcas como a BYD, Geely e SAIC, respectivamente, de 14,4, 19,9 e 37,6 por cento. Os restantes produtores de veículos chineses elétricos a bateria estão sujeitos a uma tributação de 20,8 por cento e “outras empresas que não cooperem” estão sujeitas à mesma percentagem da SAIC.

Assim, segundo o artigo publicado no Anuário da Economia Portuguesa, “a entrada [da China nos mercados emergentes] faz-se cada vez mais através das cadeias de abastecimento globalizadas chinesas, por investimento directo estrangeiro green field que, de acordo com a fDi Markets, triplicou em 2023 alcançando o valor de 162,7 biliões de dólares”.

“A última vez que, nos últimos dez anos, a China tinha ultrapassado os 100 biliões de dólares de investimento no exterior tinha sido em 2016”, acrescenta-se.

O que virá?

Fernanda Ilhéu destaca que a China é “um país de classe média alta, de acordo com os critérios do Banco Mundial”, tendo a “pobreza absoluta sido erradicada em 2020”, embora “17,2 por cento da população chinesa ainda viva com menos de 6,85 dólares por dia (em termos de 2017 Paridade de Poder de Compra)”.

Porém, o cenário é hoje de abrandamento, sobretudo depois da covid-19. “As previsões são que, em 2024, o crescimento da economia chinesa desça para 4,5 por cento porque as vendas a retalho e a produção industrial estão a desacelerar, e o investimento em activos fixos a recuar.”

Fernanda Ilhéu destaca que “apesar das medidas que têm sido tomadas para evitar uma distribuição do rendimento muito desigual, elas permanecem entre o rendimento urbano e rural e entre as províncias”. Desta forma, “a procura interna permanece lenta, assim como a confiança nos negócios, muito afectada pela descida do valor do imobiliário na sequência da falência de grandes empresas do sector como o gigantesco colapso do Grupo Evergrande”.

Tratou-se de uma “falência de 340 biliões de dólares com efeitos sinérgicos em todo o tecido empresarial na China, nos investidores e nos consumidores”, destaca a economista, que aponta ainda outras explicações para este cenário de abrandamento.

“O fraco crescimento da economia reflecte também uma demografia adversa, pouco aumento de produtividade e o aumento de restrições a um modelo de investimento suportado pela divida, que é enorme, embora tenha vindo a diminuir”.

Assim, as autoridades chinesas já assumiram, segundo a economista, “a necessidade de introduzir políticas que relancem e reequilibrem a economia chinesa com elevadas repercussões na economia mundial”. Tratou-se de algo que gerou “enormes expectativas, interna e externamente, para a reunião do Terceiro Plenário do Comité́ Central do Partido Comunista da China, que se reuniu em Pequim, nos dias 15 a 18 de Julho de 2024”.

Assim, o grande objectivo do 14º Plano Quinquenal, pensado para os anos de 2021 a 2025, é, segundo Fernanda Ilhéu, “a passagem do crescimento de alta-velocidade para alta-qualidade”, existindo o objectivo de “modernizar o sector industrial, melhorar a ciência e tecnologia, impulsionar o rendimento das famílias e o consumo e expandir a classe média”.

Pretende-se ainda “revigorar as zonas rurais, coordenar o desenvolvimento regional e os programas de urbanização”, apresentar “soluções económicas avançadas, subir e integrar as cadeias de fornecimento completas com a ajuda de empresas estrangeiras” e garantir uma “maior abertura de mercado para atrair investimento directo estrangeiro”.

Em termos gerais, as autoridades de Pequim pretendem construir “um mercado interno unificado sem barreiras entre províncias que facilite o desenvolvimento de várias entidades do mercado”, bem como uma “interacção entre as políticas” da iniciativa Faixa e Rota.

No Plenário de Julho ficou também confirmado, para Fernanda Ilhéu, que “as autoridades [chinesas] estão a tomar medidas para reduzir as despesas familiares aumentando o seu rendimento disponível, melhorar a segurança social, mas também medidas para aumentar a criação de emprego de alto valor acrescentado, uma vez que o desemprego maior é nos jovens que têm elevados níveis de educação”.

Em termos dos governos das províncias, o Plenário de Julho tentou trazer novas medidas para “reduzir a sua vulnerabilidade financeira, como reformas que rebalançam as responsabilidades orçamentais e as receitas entre os governos locais e o central”. Desta forma, descreve Fernanda Ilhéu, “fortalece-se a autonomia financeira local e a melhoria da gestão da dívida”.

Até 2035 pode-se esperar o alcance de uma “modernização socialista” do país, descreve o artigo, graças a cenários de “autossuficiência económica e tecnológica, inovação e produtividade, uma transição ecológica e igualdade”. A prioridade é a “segurança nacional e o fortalecimento das relações entre o partido, a sociedade e a economia”, remata a análise de Fernanda Ilhéu, que também preside à Associação Amigos da Nova Rota da Seda.

BRICS | Xi pediu a Modi uma resolução de conflitos entre os dois países

O Presidente chinês pediu hoje ao primeiro-ministro indiano que os dois países “resolvam os seus conflitos”, numa reunião realizada na cidade russa de Kazan que constituiu o primeiro encontro formal entre ambos em quatro anos.

Xi Jinping defendeu que tanto a China como a Índia “são civilizações antigas, grandes países em desenvolvimento e membros importantes do Sul Global”, referiu a Presidência chinesa, num comunicado publicado pela estação estatal chinesa CCTV.

Além disso, Xi afirmou que “os dois países estão num momento crítico de modernização” e que tanto a China como a Índia “compreendem corretamente a tendência da história e a direção do desenvolvimento das relações entre os dois Estados, o que é benéfico para os dois países e povos”.

O líder chinês apontou a necessidade de Pequim e Nova Deli “assumirem as suas responsabilidades internacionais e darem um exemplo aos países em desenvolvimento ao unirem-se e fortalecerem-se” contribuindo para “a promoção de um mundo multipolar e a democratização das relações internacionais”.

A tensão entre a China e a Índia, as duas maiores potências do Indo-Pacífico, tem crescido desde 2020, quando um destacamento militar ilegal da China levou a uma resposta indiana que degenerou num confronto fronteiriço no território de Ladakh, nos Himalaias.

Desde então, as potências aumentaram a sua presença militar e hostilidade, mas anunciaram recentemente um acordo para acalmar a situação.

Os gigantes asiáticos mantêm uma disputa histórica por algumas regiões dos Himalaias, como o Aksai Chin, gerido pela China e reivindicado pela Índia, e vários locais do estado indiano de Arunachal Pradesh, onde a situação se inverte.

BRICS | Vladimir Putin elogia papel da Turquia

O Presidente russo, Vladimir Putin, saudou ontem o papel que a Turquia pode desempenhar no grupo BRICS, liderado por Moscovo e Pequim, ao reunir-se com o líder turco, Recep Tayyip Erdogan, em Kazan.

“Sei que a Turquia está interessada em estabelecer uma cooperação estreita com o grupo [BRICS]. E vemos aqui perspetivas importantes, tendo em conta o prestígio e o papel geopolítico especial do vosso país, que liga o leste e o oeste do continente euro-asiático”, disse Putin a Erdogan.

O líder russo sublinhou ainda o caráter construtivo e de boa vizinhança das relações com Ancara. “O turismo ocupa tradicionalmente um lugar especial nas nossas relações bilaterais. Em 2023, um número recorde de cidadãos russos visitou a Turquia, mais 20,7% do que no ano anterior”, sublinhou Putin.

Erdogan, por sua vez, desejou uma rápida visita do líder russo à Turquia e disse que as partes estão a trabalhar para eliminar os problemas com as transações bancárias entre os dois países.

A presença de Erdogan na cimeira dos BRICS atraiu um interesse especial, uma vez que a Turquia é membro da NATO.

O Kremlin declarou anteriormente que o grupo BRICS “não coloca ninguém perante o dilema ‘com este ou com o outro’”, pelo que “não há objeções” à adesão da Turquia ao grupo, apesar de ser membro da Aliança Atlântica.

O grupo BRICS, inicialmente constituído pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, alargou-se para nove membros com a integração do Irão, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos, e pretende tornar-se um poderoso contrapeso ao Ocidente.

Terça-feira, em Talin, na Estónia, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), o neerlandês Mark Rutte, sublinhou a importância da Turquia como membro da organização, apesar da sua vontade de aproximação aos BRICS, as principais economias emergentes do mundo.

Rutte, de visita à capital do país Báltico, que faz fronteira com a Rússia, numa das suas primeiras viagens internacionais como secretário-geral da NATO (bloco de defesa ocidental), descreveu a Turquia como um membro “muito importante” da aliança e um Estado com “o direito soberano” de se aproximar dos BRICS.

“Sabemos que a Turquia também está a trabalhar para ou com alguns dos parceiros dos BRICS, tem o direito soberano de o fazer. Isso pode originar debates de vez em quando, bilateralmente ou no âmbito da NATO”, declarou Rutte, quando questionado sobre a intenção de Ancara de se aproximar dos BRICS.

Mas “obviamente, dentro da Aliança, sendo uma democracia de 32 países, haverá sempre debates sobre isto e aquilo”, comentou Rutte.

No entanto, o secretário-geral da NATO também sublinhou que “a Turquia é um aliado muito importante da Aliança, tem uma das forças militares mais bem equipadas da NATO, desempenha um papel vital na sua parte da geografia da NATO” e “traz muitas capacidades à NATO como um todo”.

O dirigente da Aliança Atlântica e ex-primeiro-ministro neerlandês, que recentemente substituiu o norueguês Jens Stoltenberg como responsável máximo da organização militar, afirmou que esta está “muito feliz e satisfeita com o facto de a Turquia ser desde há tantos anos parte da aliança”.

A guerra pós-moderna (II)

“Casi inmediatamente, la realidad cedió en más de un punto. Lo cierto es que anhelaba ceder.”

Ficciones

Jorge Luiz Borges

(Continuação)

O princípio da realidade diz que a Grande Guerra é uma guerra de transição hegemónica. Em jogo está a hegemonia americana. Casus belli profundo que é a fraqueza dos Estados Unidos, percebida (e explorada), por enquanto, pelos russos e iranianos. Amanhã, talvez pelos chineses.

O princípio da irrealidade diz que a Grande Guerra não é um conflito sistémico. O que está em jogo é a resiliência das democracias e dos valores ocidentais. Casus belli é a loucura de líderes autoritários como Putin (mas também Netanyahu), o antissemitismo e o ressurgimento do terrorismo islâmico (Hamas), bem como a violência ontológica do regime iraniano. Solução de acordo com o princípio da irrealidade é a derrota total da Rússia na Ucrânia (retirada do Donbas) sem intervenção directa da NATO e entrada de Kiev na família democrática europeia; libertação de Gaza do Hamas, afastamento de Netanyahu do governo de Israel e prosseguimento da solução dos dois Estados; mudança de regime em Teerão, com o derrube dos aiatolas pelos movimentos de contestação (primavera iraniana).

Este breve esboço ilustra o hiato entre as palavras e as coisas. Resulta de um erro metodológico fundamental, nomeadamente a incapacidade de nos colocarmos no lugar do inimigo e de compreendermos o ponto de vista do outro. Sem isso, não há estratégia. E as histórias tomam conta da realidade, destruindo também qualquer raciocínio baseado em factos e condições objectivas. Dois exemplos, um centrado nas questões materiais e outro no desrespeito pela opinião dos outros. Primeiro, o de acordo com o princípio da irrealidade, a guerra na Ucrânia deve ser resolvida com a retirada da Rússia do Donbas sem intervenção atlântica. Isto é considerado um imperativo moral, decorrente da violação do “direito internacional” por Putin. Por conseguinte, deve ser oferecido a Kiev todo o apoio de guerra necessário, tanto em termos de armas como de munições. À luz do princípio da realidade, esta solução parece improvável.

Não tanto porque faltem armas aos ucranianos. Mas porque há falta de homens capazes de as utilizar. A narrativa valorativa e moralista sobre a guerra segundo a qual esta é, antes de mais, um conflito de visão do mundo fez-nos esquecer um simples facto da realidade e de que para combater, são necessários seres humanos dispostos a morrer em combate. São estes que estão a faltar em Kiev. E não porque os ucranianos não queiram combater, mas porque os que já estão a combater e são cada vez menos devido à dinâmica de fricção da guerra. Resultado e de acordo com os factos, o objectivo fixado pelo princípio da irrealidade implicaria a entrada dos países da NATO no conflito. Uma hipotética contraofensiva levantada de novo por Zelensky só poderia ser uma contraofensiva atlântica. Realidade versus narrativa. Estamos preparados para lidar com ela? Segundo exemplo, a solução de dois Estados na Terra Santa. Uma “solução” histórica, frequentemente repetida pelas elites ocidentais.

Uma posição aparentemente equilibrada que tem também em conta o ponto de vista dos palestinianos. Mas será que é mesmo assim? Ou será mais uma história que nos estão a contar? Se virmos bem, estes últimos tão exasperados com os abusos de que são alvo por parte do Estado judaico prefeririam tornar-se cidadãos israelitas (como a minoria árabe), para terem pelo menos alguns direitos reconhecidos. E isto aplica-se aos palestinianos da Cisjordânia. Os de Gaza viveram de facto num outro Estado, governado pelo Hamas, até 7 de Outubro de 2023. Como é que isso aconteceu? Além disso, a narrativa dos dois Estados dá como certo não se sabe bem em virtude de quê, que estes dois Estados não se guerreiam, que o Estado palestiniano confia no Estado judeu (e vice-versa) e que, de repente, surge uma tal amizade entre os dois povos que as provocações, os atentados terroristas e as tensões de vária ordem são impossíveis. Como se as nossas histórias pudessem apagar setenta anos de história com um só golpe. Por fim, uma pequena experiência de pensamento e imaginem pedir a um palestiniano e a um israelita que desenhem as fronteiras do seu Estado.

É muito provável que produzam o mesmo mapa. Assim, a solução dos dois Estados é irreal porque é impossível de traçar, a não ser que se queira deixar de fora os desejos de um ou de outro lado. Mas, nesse caso, voltaríamos à estaca zero. Isto no que respeita a alguns casos específicos. Mas voltemos à Grande Guerra enquanto tal. Por que razão insistimos no seu carácter sistémico? Simples, porque se trata de actores não ocidentais. Os russos, os chineses e os iranianos depois de um esforço para penetrar na alma americana e através da observação de certas tendências históricas de curto e longo prazo concluíram que os Estados Unidos já não têm força nem vontade de manter o seu posto mundial, extremamente dispendioso.

Isto não significa que estes actores não recorram a narrativas retóricas. Pensemos no mito do “Sul Global”. Uma expressão oximorónica de como pode o Sul ser global? Um vazio sem sentido, comparável a tantas construções de tipo ocidental. Mas a diferença reside no facto de esta narrativa se enquadrar numa estratégia revisionista mais vasta, que se baseia em factos incontestáveis, como o cansaço americano, a fraqueza europeia e as tendências demográficas inexoráveis. É um significante vazio, é certo, mas capaz de gerar consensos, porque é capaz de coagular em torno de si aspirações e lutas que decorrem de questões reais e não imaginárias, conseguindo assim gerar alguma forma de consenso e hegemonia cultural. Tal como, após a II Guerra Mundial, a narrativa do “american way of life” pareceu irresistível no Ocidente europeu. Em termos práticos, o Ocidente não tem estratégia porque se perde nas histórias, e perde-se nas histórias porque não tem estratégia. Um círculo vicioso do qual é difícil sair.

Ao dividirmos o mundo em bons e maus e ao insistirmos no carácter dos líderes inimigos, criámos para nós próprios um universo fictício que não só nos torna vulneráveis, como também nos impossibilita de abordar o caos do novo mundo. Em conclusão, aplica-se a parábola contada por Marx no início de “A Ideologia Alemã” de que era uma vez um orador que imaginava que os homens se afogavam na água apenas porque estavam obcecados com o pensamento da gravidade. Se tivessem tirado essa ideia da cabeça, mostrando, por exemplo, que era uma ideia supersticiosa, uma ideia religiosa, ter-se-iam libertado do perigo de se afogarem. Durante toda a sua vida, lutou contra a ilusão da gravidade, de cujas consequências nefastas cada estatística lhe oferecia novas e abundantes provas.

Tal como o aluno do liceu descrito pelo filósofo de Trier, o Ocidente pensa que só pode tratar da Grande Guerra com base nas suas próprias histórias e narrativas, marcando qualquer análise que tome o seu ponto de vista como conspiratório ou conivente com o inimigo. Mas não basta libertar-se do pensamento da gravidade ou da natureza sistémica da Grande Guerra para evitar os seus efeitos. A solução deve ser outra. Para Marx, tratava-se de voltar a fazer assentar a dialéctica sobre os pés e não sobre a cabeça, como fizera Hegel. Nós, parcialmente inoculados contra os argumentos metafísicos, contentar-nos-íamos com um resultado mais modesto, o de fazer com que a geopolítica se apoie de novo nos pés do princípio da realidade e não na cabeça do princípio da irrealidade. Um ponto de partida para repensar o fim da Grande Guerra. Assim, o seu fim.

Albergue SCM | Halloween celebrado este fim-de-semana

No sábado e domingo, o Albergue da Santa Casa da Misericórdia (SCM) será “assombrado” pelas celebrações do Halloween num evento intitulado “10º Halloween Albergue SCM”. O incontornável polo cultural da freguesia de São Lázaro será decorado com “espaços temáticos assustadores”, como a “Sala Zombie” e o “Cemitério Quirky”, que contém “uma variedade de decorações fantasmagóricas”. Tanto crianças como adultos podem desfrutar do espaço que irá disponibilizar ainda cabines de maquilhagem gratuitas.

O evento está marcado para sábado e domingo entre as 17h30 e as 21h30 no pátio do Albergue SCM.

Como vem sendo tradição, a animação vai sair do Albergue e invadir as zonas circundantes com a brincadeira “Vamos fazer travessuras ou gostosuras”. Esta actividade, agendada para o período entre as 15h e as 17h30 nos dois dias, lança um convite a crianças entre os 5 e os 12 anos para um passeio pelo Bairro de S. Lázaro para caçar doces e recolher selos especiais.

Irá decorrer ainda um concurso de máscaras, de sábado a segunda-feira, em que os participantes são convidados a tirar uma foto da sua fantasia de Halloween no Albergue SCM e comentar “Albergue2024” na publicação com a foto.

Música | Cabo-verdiano Tito Paris actua com a Orquestra Chinesa de Macau

Tito Paris actua no Centro Cultural de Macau a 15 de Novembro com a Orquestra Chinesa de Macau, num espectáculo que promete juntar estilos musicais. O evento faz parte do Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa

 

O grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) acolhe no dia 15 de Novembro, a partir das 20h, um espectáculo integrado no 6.º Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Trata-se de Tito Paris, conhecido cantor e compositor cabo-verdiano, que irá subir ao palco acompanhado pela Orquestra Chinesa de Macau (OCM). Os bilhetes foram ontem postos à venda e custam entre 200 e 400 patacas.

Tito Paris nasceu numa família de músicos e construiu uma carreira em torno das músicas tradicionais de Cabo Verde, como as mornas, funanás e coladeiras, juntando-as ao jazz, rock, salsa ou flamenco.

A voz rouca do cantor oferece ao público melodias em crioulo cabo-verdiano, cativando audiências ao longo de mais de 40 anos de uma carreira cheia de êxitos.

No espectáculo em Macau, será dirigido pelo maestro Zhang Lie, director musical e maestro principal da OCM. O Instituto Cultural (IC) indica que Zhang Lie é um “maestro de primeira classe a nível nacional e compositor de renome”, tendo liderado “diversas orquestras em digressões internacionais, alcançando amplo sucesso”.

Nesta adaptação às canções de Tito Paris, espera-se a aplicação de “uma técnica apurada e uma delicada sonoridade chinesa”, numa “fusão harmoniosa entre estilos musicais chineses e lusófonos cabo-verdianos”.

De S. Vicente para o mundo

Cabo Verde é uma terra de músicos que, aos poucos, foram conquistando o seu legado fora dos limites do arquipélago. Cesária Évora é um dos nomes que surge de imediato neste léxico musical cabo-verdiano, mas o de Tito Paris também. Nascido em 1963 no Mindelo, na ilha de São Vicente, Tito Paris já tocava guitarra aos sete anos de idade. Aos 12 anos criou o primeiro grupo, cantando em bares durante a adolescência. Foi aí que começou a dar nas vistas, colaborando mais tarde com músicos como Jack Monteiro, Luís Morais, Chico Serra e Valdemar Lopes Silva.

Só com 19 anos partiria para a antiga metrópole, Portugal, mais concretamente Lisboa, já com planos de construir uma carreira musical, integrando o conjunto “Voz de Cabo Verde” influenciado por um outro cantor cabo-verdiano, Bana.

Tito Paris ficou por Lisboa, deixou o grupo e decidiu apostar numa carreira a solo, tocando para Dany Silva, cantor que o fez agarrar-se à guitarra. O primeiro álbum em nome próprio surgiu em 1985, mas foi só com “Dança Mi Criola”, de 1994, que chegou ao estrelato, actuando em vários palcos internacionais.

FIMM | “Ryuichi Sakamoto: Coda” com sessão adicional no domingo

A organização do XXXVI Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) irá adicionar uma nova sessão do filme “Ryuichi Sakamoto: Coda”, sobre o compositor japonês, que pode ser vista na Cinemateca Paixão às 21h30. Os bilhetes já se encontram à venda na bilheteira da cinemateca e custam 60 patacas.

Ryuichi Sakamoto teve uma carreira musical prolífica que se estendeu por mais de quatro décadas, passando de estrela de música electrónica na juventude a um dos mais conhecidos compositores de música clássica, tendo inclusivamente vencido um Óscar.

O seu trabalho e percurso de vida ficaram ainda mais intimamente ligados após o desastre de Fukushima, quando se tornou uma figura icónica no movimento social japonês contra a energia nuclear. Na sequência de um diagnóstico oncológico, a sua assombrosa consciência ambiental levou a uma nova obra-prima.

“Ryuichi Sakamoto: Coda”, realizado por Stephen Nomura Schible, cineasta que co-produziu “Lost in Translation” com Sofia Coppola, é um retrato íntimo do artista e do homem”. A sessão agendada para sábado já está esgotada.

Hoje ainda pode ver, também na Cinemateca Paixão, o filme “À Volta da Meia-Noite”, também integrado no cartaz do FIMM e que tem banda sonora de Herbie Hancock, uma das estrelas do programa do FIMM deste ano e que actua em Macau no Centro Cultural de Macau no dia 3 de Novembro.

FRC | “Tarde Musical de Goa, Damão e Diu” hoje às 18h15

A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta hoje, pelas 18h15, uma “Tarde Musical de Goa, Damão e Diu”, que traz ao palco da Galeria os artistas convidados Franz Schubert Cotta e Omar de Loiola Pereira, para um dueto de vozes, viola, violino e bandolim com os sons da Música Popular Goesa.

O evento, com entrada gratuita, é co-organizado pelo Núcleo de Animação Cultural de Goa, Damão e Diu, que este ano tem sob destaque a promoção da sua cultura no Festival da Lusofonia em Macau, trazendo ao território demonstrações diversas das tradições e costumes desta Comunidade de Língua Portuguesa, como é o caso dos dois artistas de referência.

Franz Schubert Agnelo de Miranda Cotta, multi-instrumentista e vocalista, nasceu numa família musical com ricas tradições culturais. Deixou uma carreira jurídica, de mais de 15 anos, para ingressar na Universidade de Goa, como professor auxiliar de Estudos Portugueses e Lusófonos.

Omar de Loiola Pereira Octaviano iniciou o seu percurso musical na guitarra aos sete anos de idade. Aos 16 anos fundou e dirigiu um coro juvenil, o Juventus, e mais tarde os Ovation, um ensemble vocal mais pequeno com membros mais experientes. Desde 1991 foi também membro do grupo cultural goês Gavana.

Pyongyang | Irmã de líder acusa Ucrânia e Seul de serem “cães malcriados dos EUA”

Kim Yo Jong, a irmã do líder norte-coreano Kim Jong Un, acusou a Ucrânia e a Coreia do Sul de “provocarem” o país, qualificando-os de “cães malcriados dos Estados Unidos”.

“Uma provocação militar contra um Estado com armas nucleares pode levar a uma situação horrível, inimaginável para os políticos e peritos militares de qualquer país grande ou pequeno do mundo”, afirmou Kim Yo Jong, segundo a agência noticiosa estatal KCNA.

Acusando Kiev e Seul de fazerem “comentários imprudentes sobre Estados com armas nucleares”, a responsável argumentou que esta parece ser “uma característica comum dos cães malcriados dos Estados Unidos”.

A irmã do líder informou ainda que os serviços secretos norte-coreanos investigam a utilização de ‘drones’ contra a Coreia do Norte e acusou Seul de medidas propagandísticas contra Pyongyang.

“Ninguém sabe como a nossa retaliação e vingança serão concluídas”, afirmou. Denunciou ainda o lançamento de panfletos na Coreia do Norte através da fronteira, numa altura em que as tensões aumentam entre os dois países que estão tecnicamente em guerra desde 1950.

Seul diz que norte-coreanos enviaram mais 1.500 soldados para a Rússia

A Coreia do Sul avançou ontem que os norte-coreanos enviaram mais 1.500 soldados para a Rússia, acrescentando que um total de 10.000 militares devem ser mobilizados para território russo até Dezembro.

“Estima-se que mais 1.500 soldados tenham sido enviados para a Rússia”, elevando o total para 3.000, disse o legislador Park Sun-won, membro da comissão parlamentar de informação sul-coreana, após uma reunião com o Serviço Nacional de Informações da Coreia do Sul (NIS, serviços secretos).

Na sexta-feira, o NIS tinha afirmado que Pyongyang estava a enviar “um grande número de tropas” para apoiar a Rússia na sua ofensiva militar na Ucrânia. Na altura, os serviços secretos sul-coreanos indicaram que 1.500 soldados já tinham sido transferidos na semana anterior para instalações militares russas nas regiões de Primorye, Khabarovsk e Amur, no Extremo Oriente.

As autoridades ucranianas informaram posteriormente que Moscovo planeava enviar cerca de 10.000 soldados norte-coreanos para a região fronteiriça de Kursk a partir de 01 de Novembro para conter os avanços do exército ucraniano.

Convocatória alemã

Entretanto, o Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão convocou ontem o encarregado de negócios da Coreia do Norte devido ao apoio que os norte-coreanos estão a fornecer a Moscovo na ofensiva militar no território ucraniano.

“Se os relatos sobre os soldados norte-coreanos na Ucrânia forem verdadeiros e a Coreia do Norte apoiar a guerra de agressão da Rússia na Ucrânia com tropas, isso seria grave e uma violação do direito internacional”, referiu a diplomacia alemã na rede social X.

O ministério alemão referiu que tal apoio “ameaça directamente a segurança da Alemanha e da paz europeia”. A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de Fevereiro de 2022.

Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra sectores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.