Macau, 20 anos | Deputados assinalam data com versões diferentes da História

[dropcap]O[/dropcap] aniversário dos 20 anos do estabelecimento da RAEM foi assinalado por alguns deputados na Assembleia Legislativa, com várias versões sobre uma mesma História. Ma Chi Seng, numa interpelação também em nome de Wu Chou Kit e Pang Chuan, afirmou que Macau vive o melhor período da sua história.

“Ao longo destes 20 anos registaram-se grandes mudanças em Macau, e este é o melhor período na sua história. Desde a fase inicial da transferência, em que quase nada havia até hoje em que muito temos, registaram-se vários exemplos de sucesso na implementação do princípio ‘um país, dois sistemas’”, afirmou Ma.

O deputado apontou ainda exemplos de sucesso, como o desenvolvimento de talentos locais, a criação e distribuição de riqueza e a forma como a sociedade se mobilizou para ultrapassar dificuldades como uma crise financeira, a epidemia da SARS, e os tufões Hato, Aggapit e Mangkhut.

Já no balanço do democrata Sulu Sou foi apresentada uma versão diferente, em que a soberania chinesa se impôs depois do 1-2-3 e considerou que a RAEM tem sido utilizada quase exclusivamente para dar um exemplo do sucesso da fórmula ‘um país, dois sistemas’: “A ‘história de Macau’ parece mais uma mensagem política para o mundo de fora, desde logo para a outra região administrativa especial, Hong Kong. ‘Elogiar Macau em detrimento de Hong Kong’ já não é uma leitura política nova, pois já se fazia na era de Tung Chee-hwa, e agora tornou-se mais evidente nos movimentos dos guarda-chuvas e anti-extradição”, sumarizou.

O deputado apontou ainda que neste período o Governo tem-se limitado a comprar o silêncio dos cidadãos: “Com a liberalização do jogo no início do estabelecimento da RAEM, avultados dividendos desse sector entraram nos cofres do Governo, que se tornou cada vez mais rico, podendo comprar directamente a lealdade e o apoio, de modo a assegurar o controlo da sociedade”, acusou.

Macau, 20 anos | Deputados assinalam data com versões diferentes da História

[dropcap]O[/dropcap] aniversário dos 20 anos do estabelecimento da RAEM foi assinalado por alguns deputados na Assembleia Legislativa, com várias versões sobre uma mesma História. Ma Chi Seng, numa interpelação também em nome de Wu Chou Kit e Pang Chuan, afirmou que Macau vive o melhor período da sua história.
“Ao longo destes 20 anos registaram-se grandes mudanças em Macau, e este é o melhor período na sua história. Desde a fase inicial da transferência, em que quase nada havia até hoje em que muito temos, registaram-se vários exemplos de sucesso na implementação do princípio ‘um país, dois sistemas’”, afirmou Ma.
O deputado apontou ainda exemplos de sucesso, como o desenvolvimento de talentos locais, a criação e distribuição de riqueza e a forma como a sociedade se mobilizou para ultrapassar dificuldades como uma crise financeira, a epidemia da SARS, e os tufões Hato, Aggapit e Mangkhut.
Já no balanço do democrata Sulu Sou foi apresentada uma versão diferente, em que a soberania chinesa se impôs depois do 1-2-3 e considerou que a RAEM tem sido utilizada quase exclusivamente para dar um exemplo do sucesso da fórmula ‘um país, dois sistemas’: “A ‘história de Macau’ parece mais uma mensagem política para o mundo de fora, desde logo para a outra região administrativa especial, Hong Kong. ‘Elogiar Macau em detrimento de Hong Kong’ já não é uma leitura política nova, pois já se fazia na era de Tung Chee-hwa, e agora tornou-se mais evidente nos movimentos dos guarda-chuvas e anti-extradição”, sumarizou.
O deputado apontou ainda que neste período o Governo tem-se limitado a comprar o silêncio dos cidadãos: “Com a liberalização do jogo no início do estabelecimento da RAEM, avultados dividendos desse sector entraram nos cofres do Governo, que se tornou cada vez mais rico, podendo comprar directamente a lealdade e o apoio, de modo a assegurar o controlo da sociedade”, acusou.

AL | Lionel Leong despediu-se dos deputados, depois de orçamento aprovado

[dropcap]A[/dropcap] sessão de votação na especialidade do orçamento ficou marcada pela despedida do secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, que no final do dia 19 de Dezembro deixa o lugar para Lei Wai Nong. No final da aprovação do orçamento para o próximo ano, Leong agradeceu os elogios, críticas e sugestões que foi recebendo por parte dos membros do hemiciclo desde o final de 2014.

“Quero agradecer aos deputados e aos presidentes que passaram pela IV e V Legislaturas e à equipa com quem colaborei na Assembleia Legislativa”, disse o ainda secretário, no final da reunião de ontem. “Agradeço todo o apoio, críticas, opiniões ou sugestões que foram feitas para poder melhorar e ir ao encontro das expectativas da população. Permitiram que pudesse aprender com todos e que pudesse utilizar estes ensinamentos na minha vida”, acrescentou.

Na intervenção final, Lionel Leon deixou ainda o desejo que a transição da pasta para Lei decorra sem sobressaltos. “Agradeço à minha equipa por ter cumprido o seu dever e desejo que a transição decorra sem sobressaltos. Espero ainda poder contribuir outras áreas, sem defraudar a população. Nesta época festiva desejo ainda a todos felicidades”, concluiu.

Promessas de transparência

O orçamento para o próximo ano, que prevê um saldo financeiro positivo de 22,01 mil milhões de patacas, foi aprovado por todos os deputados. Contudo, o democrata Sulu Sou voltou a levantar a questão de não haver uma lei ou instruções internas públicas para a supervisão das empresas com capitais públicos.

“Já passou um mês desde a sessão da apresentação do orçamento, quando disse que ia emitir instruções para essas empresas que não são vinculativas. Também disse que ia fazer um estudo legislativo este ano e uma consulta pública. E nada. Sem estes mecanismos não há controlo”, apontou.

Sobre este aspecto, Lionel Leong voltou a prometer transparência, como fez várias vezes ao longo da legislatura. “As empresas com capitais públicos levantam dúvidas, mas sempre disse que queríamos tornas as contas mais transparentes. Há várias tutelas envolvidas, mas esperamos dialogar com as diferentes tutelas para implementar as medidas de transparência”, reconheceu. “O que está em causa é o dinheiro público e há um consenso sobre a necessidade de haver transparência”, reforçou.

AL | Lionel Leong despediu-se dos deputados, depois de orçamento aprovado

[dropcap]A[/dropcap] sessão de votação na especialidade do orçamento ficou marcada pela despedida do secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, que no final do dia 19 de Dezembro deixa o lugar para Lei Wai Nong. No final da aprovação do orçamento para o próximo ano, Leong agradeceu os elogios, críticas e sugestões que foi recebendo por parte dos membros do hemiciclo desde o final de 2014.
“Quero agradecer aos deputados e aos presidentes que passaram pela IV e V Legislaturas e à equipa com quem colaborei na Assembleia Legislativa”, disse o ainda secretário, no final da reunião de ontem. “Agradeço todo o apoio, críticas, opiniões ou sugestões que foram feitas para poder melhorar e ir ao encontro das expectativas da população. Permitiram que pudesse aprender com todos e que pudesse utilizar estes ensinamentos na minha vida”, acrescentou.
Na intervenção final, Lionel Leon deixou ainda o desejo que a transição da pasta para Lei decorra sem sobressaltos. “Agradeço à minha equipa por ter cumprido o seu dever e desejo que a transição decorra sem sobressaltos. Espero ainda poder contribuir outras áreas, sem defraudar a população. Nesta época festiva desejo ainda a todos felicidades”, concluiu.

Promessas de transparência

O orçamento para o próximo ano, que prevê um saldo financeiro positivo de 22,01 mil milhões de patacas, foi aprovado por todos os deputados. Contudo, o democrata Sulu Sou voltou a levantar a questão de não haver uma lei ou instruções internas públicas para a supervisão das empresas com capitais públicos.
“Já passou um mês desde a sessão da apresentação do orçamento, quando disse que ia emitir instruções para essas empresas que não são vinculativas. Também disse que ia fazer um estudo legislativo este ano e uma consulta pública. E nada. Sem estes mecanismos não há controlo”, apontou.
Sobre este aspecto, Lionel Leong voltou a prometer transparência, como fez várias vezes ao longo da legislatura. “As empresas com capitais públicos levantam dúvidas, mas sempre disse que queríamos tornas as contas mais transparentes. Há várias tutelas envolvidas, mas esperamos dialogar com as diferentes tutelas para implementar as medidas de transparência”, reconheceu. “O que está em causa é o dinheiro público e há um consenso sobre a necessidade de haver transparência”, reforçou.

Wang Sai Man | Violação de lei eleitoral foi tabu na tomada de posse

A investigação policial e uma eventual suspensão assombraram a tomada de posse do deputado eleito pelo sector empresarial. Wang deixou ainda o desejo de que o Presidente Xi Jinping dê orientações para o desenvolvimento de Macau e da Ilha da Montanha

 

[dropcap]O[/dropcap] deputado Wang Sai Man, eleito pela via indirecta, tomou ontem posse e recusou fazer qualquer comentário às suspeitas de violação à Lei Eleitoral. No dia da eleição, a 24 de Novembro, o empresário prestou declarações aos órgãos de comunicação social e mencionou vários aspectos do seu programa político, numa aparente violação à proibição de campanha no dia do acto eleitoral.

Ontem, após ter prestado juramento, Wang foi questionado sobre se temia ser suspenso, à semelhança do que aconteceu anteriormente com Sulu Sou, em que o mandato do democrata foi “congelado” para que pudesse ser julgado. O deputado enfrentou igualmente questões sobre se já havia prestado declarações junto do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) ou Ministério Público (MP) no âmbito da investigação, mas a resposta vinha estudada.

“Não vou fazer declarações sobre esse assunto”, respondeu sobre a primeira questão. “Não vou fazer declarações sobre esse assunto porque estão a decorrer os trâmites nos serviços competentes”, acrescentou à segunda.

Caso o MP opte por acusar Wang Sai Man por violação da lei eleitoral, e dependendo da acusação, o deputado só poderá ser julgado caso o seu mandato seja suspenso. Para tal, como aconteceu com Sulu Sou, haverá uma votação secreta, no que será um teste ao entendimento dos deputados sobre o primado da lei. Porém, caso os legisladores optem por não suspender o colega, o julgamento fica congelado até que o mandato termine.

Visita de Xi

Ainda ontem, o empresário não teve problemas em comentar a visita do Presidente Xi Jinping nem as expectativas face ao anúncio da criação de uma bolsa de valores na RAEM e do centro de liquidação de renminbi. “É uma boa ideia e esperamos todos poder colaborar para desenvolver esta iniciativa. Temos condições para promover esta iniciativa”, defendeu.

Wang Sai Man foi igualmente questionado sobre os futuros projectos para a Ilha da Montanha, numa altura em que paira no ar a expectativa que Macau possa arrendar mais terrenos na mesma para o seu desenvolvimento. Sobre estas possibilidades, o deputado deixou a esperança que Xi Jinping possa orientar as pessoas de Macau e indicar o caminho para o futuro. “Espero que a vinda do presidente Xi Jinping nos possa dar mais orientações no sentido de desenvolver a Ilha da Montanha”, apontou.

Finalmente, o novo legislador comentou ainda as expectativas para o mandato do futuro Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, com especial foco nas Linhas de Acção Governativa, que serão apresentadas na Assembleia Legislativa em Abril. “Espero que o novo Governo possa cooperar nas LAG com os deputados”, apontou.

Wang Sai Man tomou ontem posse, quase um mês depois de ter sido eleito numa eleição pela via indirecta num sufrágio suplementar. O empresário vai assim substituir Ho Iat Seng, deputado e presidente da AL que deixou o hemiciclo para ser o único candidato ao cargo de Chefe do Executivo.

Wang Sai Man | Violação de lei eleitoral foi tabu na tomada de posse

A investigação policial e uma eventual suspensão assombraram a tomada de posse do deputado eleito pelo sector empresarial. Wang deixou ainda o desejo de que o Presidente Xi Jinping dê orientações para o desenvolvimento de Macau e da Ilha da Montanha

 
[dropcap]O[/dropcap] deputado Wang Sai Man, eleito pela via indirecta, tomou ontem posse e recusou fazer qualquer comentário às suspeitas de violação à Lei Eleitoral. No dia da eleição, a 24 de Novembro, o empresário prestou declarações aos órgãos de comunicação social e mencionou vários aspectos do seu programa político, numa aparente violação à proibição de campanha no dia do acto eleitoral.
Ontem, após ter prestado juramento, Wang foi questionado sobre se temia ser suspenso, à semelhança do que aconteceu anteriormente com Sulu Sou, em que o mandato do democrata foi “congelado” para que pudesse ser julgado. O deputado enfrentou igualmente questões sobre se já havia prestado declarações junto do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) ou Ministério Público (MP) no âmbito da investigação, mas a resposta vinha estudada.
“Não vou fazer declarações sobre esse assunto”, respondeu sobre a primeira questão. “Não vou fazer declarações sobre esse assunto porque estão a decorrer os trâmites nos serviços competentes”, acrescentou à segunda.
Caso o MP opte por acusar Wang Sai Man por violação da lei eleitoral, e dependendo da acusação, o deputado só poderá ser julgado caso o seu mandato seja suspenso. Para tal, como aconteceu com Sulu Sou, haverá uma votação secreta, no que será um teste ao entendimento dos deputados sobre o primado da lei. Porém, caso os legisladores optem por não suspender o colega, o julgamento fica congelado até que o mandato termine.

Visita de Xi

Ainda ontem, o empresário não teve problemas em comentar a visita do Presidente Xi Jinping nem as expectativas face ao anúncio da criação de uma bolsa de valores na RAEM e do centro de liquidação de renminbi. “É uma boa ideia e esperamos todos poder colaborar para desenvolver esta iniciativa. Temos condições para promover esta iniciativa”, defendeu.
Wang Sai Man foi igualmente questionado sobre os futuros projectos para a Ilha da Montanha, numa altura em que paira no ar a expectativa que Macau possa arrendar mais terrenos na mesma para o seu desenvolvimento. Sobre estas possibilidades, o deputado deixou a esperança que Xi Jinping possa orientar as pessoas de Macau e indicar o caminho para o futuro. “Espero que a vinda do presidente Xi Jinping nos possa dar mais orientações no sentido de desenvolver a Ilha da Montanha”, apontou.
Finalmente, o novo legislador comentou ainda as expectativas para o mandato do futuro Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, com especial foco nas Linhas de Acção Governativa, que serão apresentadas na Assembleia Legislativa em Abril. “Espero que o novo Governo possa cooperar nas LAG com os deputados”, apontou.
Wang Sai Man tomou ontem posse, quase um mês depois de ter sido eleito numa eleição pela via indirecta num sufrágio suplementar. O empresário vai assim substituir Ho Iat Seng, deputado e presidente da AL que deixou o hemiciclo para ser o único candidato ao cargo de Chefe do Executivo.

Economia | Macau espera por Xi Jinping para ser centro financeiro

[dropcap]O[/dropcap] papel que Macau poderá vir a assumir enquanto centro financeiro é um cenário que está cada vez mais em cima da mesa, no seguimento do pacote de medidas financeiras a ser anunciado pelo Presidente chinês Xi Jinping por ocasião do 20º aniversário da RAEM, de acordo com as fontes citadas pela agência Reuters. Destinadas a servir o objectivo da diversificação económica, Xi Jinping deverá anunciar o estabelecimento de uma bolsa de valores em moeda chinesa, um centro de liquidação de renminbi e ainda, a atribuição de mais terrenos em Hengqin.

Para o presidente da Associação Económica de Macau, Lao Pun Lao, é preciso esperar pela visita do Presidente Xi Jinping a Macau para confirmar tais políticas. No entanto, segundo o responsável, citado pelo Jornal do Cidadão, Macau tem potencial para se desenvolver no sector financeiro e comercial e, caso venha mesmo a assumir um papel importante no sector, no seio da Grande Baía, então teria um grande potencial de crescimento no futuro.

Também Sio Chi Wai, Presidente do Centro de Pesquisa Estratégica para o Desenvolvimento de Macau vê vantagens na implementação pacote de medidas financeiras que deverá ser anunciado durante a visita presidencial e afirmou, de acordo com a mesma fonte, que Macau dever ter uma nova visão no actual contexto, acreditando que o facto de a região poder vir a tornar-se num centro global de financiamento de capital de risco é uma nova oportunidade de desenvolvimento, sobretudo pela vantagem única que existe enquanto plataforma económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa.

Economia | Macau espera por Xi Jinping para ser centro financeiro

[dropcap]O[/dropcap] papel que Macau poderá vir a assumir enquanto centro financeiro é um cenário que está cada vez mais em cima da mesa, no seguimento do pacote de medidas financeiras a ser anunciado pelo Presidente chinês Xi Jinping por ocasião do 20º aniversário da RAEM, de acordo com as fontes citadas pela agência Reuters. Destinadas a servir o objectivo da diversificação económica, Xi Jinping deverá anunciar o estabelecimento de uma bolsa de valores em moeda chinesa, um centro de liquidação de renminbi e ainda, a atribuição de mais terrenos em Hengqin.
Para o presidente da Associação Económica de Macau, Lao Pun Lao, é preciso esperar pela visita do Presidente Xi Jinping a Macau para confirmar tais políticas. No entanto, segundo o responsável, citado pelo Jornal do Cidadão, Macau tem potencial para se desenvolver no sector financeiro e comercial e, caso venha mesmo a assumir um papel importante no sector, no seio da Grande Baía, então teria um grande potencial de crescimento no futuro.
Também Sio Chi Wai, Presidente do Centro de Pesquisa Estratégica para o Desenvolvimento de Macau vê vantagens na implementação pacote de medidas financeiras que deverá ser anunciado durante a visita presidencial e afirmou, de acordo com a mesma fonte, que Macau dever ter uma nova visão no actual contexto, acreditando que o facto de a região poder vir a tornar-se num centro global de financiamento de capital de risco é uma nova oportunidade de desenvolvimento, sobretudo pela vantagem única que existe enquanto plataforma económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa.

Petição | Entrega de missiva com cinco exigências de Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap]s órgãos de comunicação social foram convidados no domingo à noite, através de correio electrónico, para assistir à entrega de uma petição no Gabinete de Ligação em que se pede a Xi Jinping que aceite as cinco exigências dos manifestantes de Hong Kong. Além disso, é igualmente pedido ao Presidente Xi que aprove o sufrágio universal.

O convite dá um contacto de um homem com o apelido de Ching e a entrega está agendada para as 15h00 de hoje. Horas antes, às 10h30, uma petição com um conteúdo semelhante vai ser entregue no Edifício do Gabinete de Ligação da RAEHK.

Petição | Entrega de missiva com cinco exigências de Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap]s órgãos de comunicação social foram convidados no domingo à noite, através de correio electrónico, para assistir à entrega de uma petição no Gabinete de Ligação em que se pede a Xi Jinping que aceite as cinco exigências dos manifestantes de Hong Kong. Além disso, é igualmente pedido ao Presidente Xi que aprove o sufrágio universal.
O convite dá um contacto de um homem com o apelido de Ching e a entrega está agendada para as 15h00 de hoje. Horas antes, às 10h30, uma petição com um conteúdo semelhante vai ser entregue no Edifício do Gabinete de Ligação da RAEHK.

Grande Baía | Diversificação económica e lusofonia devem ser apostas para 2020

Analistas disseram à Lusa que o novo Governo de Macau deve apostar, para o ano, em políticas concretas para o projecto da Grande Baía, diversificação económica, futuro do jogo e reforçar a aposta nos países de língua portuguesa

 

[dropcap]O[/dropcap] líder do Executivo que inicia funções no dia 20 de Dezembro, Ho Iat Seng, tem pela frente, no ano que se avizinha, “uma série de trabalhos na área da integração económica com a zona da Grande Baía e também o objectivo de uma maior interacção com os países lusófonos, que coincide com a entrada em funcionamento do novo edifício do Fórum de Macau”, afirmou à Lusa o conselheiro do executivo Leonel Alves.

Leonel Alves, um dos três conselheiros que transitou para o novo Conselho Executivo, antevê que as políticas de integração económicas inscritas no projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, que tem como finalidade a aceleração de integração de Macau no país, sejam reforçadas no próximo ano.

“É uma tarefa que tem de ser continuada, creio que Macau pode ser uma plataforma de elucidação de questões administrativas e jurídicas”, considerou, concretizando: “como plataforma de prestação de serviços, Macau deve dotar-se de serviços adequados para dar informações sobre projectos de investimento [na Grande Baía], na parte jurídica, administrativa, registo das sociedades, registo das propriedades, registo de marcas, como é que se protegem investimentos, etc”.

Em relação à chegada de um novo elenco governativo, o advogado português especialista na área do jogo Pedro Cortés, aposta que será melhor do que o anterior Executivo, chefiado durante 10 anos por Chui Sai On. “Não que o anterior tenha sido mau, mas espera-se sempre melhorias. Caras novas, ideias novas, visão de futuro para uma cidade que se depara com problemas de crescimento e que está numa altura decisiva para o que serão as políticas sociais, de habitação e de diversificação da economia”, enfatizou o sócio português da Rato, Ling, Lei & Cortés – Advogados, em resposta à Lusa.

Ganhar músculo

No capítulo da diversificação, a tónica do Executivo será no reforço do frágil sector financeiro do território, na opinião de Leonel Alves.

“O Governo tem de arranjar uma plataforma financeira de nível internacional, precisa de massa crítica, precisa de especialistas. É uma tarefa urgente, complicada, mas necessária”. Uma tarefa vista como urgente, até porque, segundo o conselheiro, o território “está na terceira divisão do campeonato”, no que diz respeito a infra-estruturas financeiras” e, por isso, muito atrasado comparando com o vizinho Hong Kong e Shenzhen.

“Antevejo uma cruzada bastante grande para vencer esta batalha de adoptar Macau com infra-estruturas na área financeira e robustecer as nossas estruturas no que diz respeito ao intercâmbio com os países lusófonos”, apostou.

Em relação à indústria do jogo, naquela que é a capital mundial dos casinos, que este ano se espera receitas inferiores às do ano passado, “as expectativas sobre o que pode vir a ser a indústria têm uma acuidade maior em face do fim das concessões”, considerou o advogado português especialista na área do jogo Pedro Cortés. As licenças expiram em 2022 e o futuro líder já prometeu “definir o número de licenças de concessão de jogo, tratar de forma adequada os problemas herdados da história, e resolver, gradual e ordenadamente, a situação da renovação, sem sobressaltos”.

Ho Iat Seng garantiu ainda que “vai concretizar os respectivos trabalhos de revisão da legislação” do regime jurídico da exploração de jogos de fortuna ou azar em casino.

Para Pedro Cortés “seria de todo conveniente que se definisse qual a política”. “Seria também importante definir e dar às concessionárias um papel decisivo na diversificação da economia”, sublinhou. Esse “chavão” de dar às concessionárias um papel decisivo na diversificação da economia, que se ouve “há anos e que não sai, com pequenas excepções, do papel”, criticou o advogado português.

Grande Baía | Diversificação económica e lusofonia devem ser apostas para 2020

Analistas disseram à Lusa que o novo Governo de Macau deve apostar, para o ano, em políticas concretas para o projecto da Grande Baía, diversificação económica, futuro do jogo e reforçar a aposta nos países de língua portuguesa

 
[dropcap]O[/dropcap] líder do Executivo que inicia funções no dia 20 de Dezembro, Ho Iat Seng, tem pela frente, no ano que se avizinha, “uma série de trabalhos na área da integração económica com a zona da Grande Baía e também o objectivo de uma maior interacção com os países lusófonos, que coincide com a entrada em funcionamento do novo edifício do Fórum de Macau”, afirmou à Lusa o conselheiro do executivo Leonel Alves.
Leonel Alves, um dos três conselheiros que transitou para o novo Conselho Executivo, antevê que as políticas de integração económicas inscritas no projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, que tem como finalidade a aceleração de integração de Macau no país, sejam reforçadas no próximo ano.
“É uma tarefa que tem de ser continuada, creio que Macau pode ser uma plataforma de elucidação de questões administrativas e jurídicas”, considerou, concretizando: “como plataforma de prestação de serviços, Macau deve dotar-se de serviços adequados para dar informações sobre projectos de investimento [na Grande Baía], na parte jurídica, administrativa, registo das sociedades, registo das propriedades, registo de marcas, como é que se protegem investimentos, etc”.
Em relação à chegada de um novo elenco governativo, o advogado português especialista na área do jogo Pedro Cortés, aposta que será melhor do que o anterior Executivo, chefiado durante 10 anos por Chui Sai On. “Não que o anterior tenha sido mau, mas espera-se sempre melhorias. Caras novas, ideias novas, visão de futuro para uma cidade que se depara com problemas de crescimento e que está numa altura decisiva para o que serão as políticas sociais, de habitação e de diversificação da economia”, enfatizou o sócio português da Rato, Ling, Lei & Cortés – Advogados, em resposta à Lusa.

Ganhar músculo

No capítulo da diversificação, a tónica do Executivo será no reforço do frágil sector financeiro do território, na opinião de Leonel Alves.
“O Governo tem de arranjar uma plataforma financeira de nível internacional, precisa de massa crítica, precisa de especialistas. É uma tarefa urgente, complicada, mas necessária”. Uma tarefa vista como urgente, até porque, segundo o conselheiro, o território “está na terceira divisão do campeonato”, no que diz respeito a infra-estruturas financeiras” e, por isso, muito atrasado comparando com o vizinho Hong Kong e Shenzhen.
“Antevejo uma cruzada bastante grande para vencer esta batalha de adoptar Macau com infra-estruturas na área financeira e robustecer as nossas estruturas no que diz respeito ao intercâmbio com os países lusófonos”, apostou.
Em relação à indústria do jogo, naquela que é a capital mundial dos casinos, que este ano se espera receitas inferiores às do ano passado, “as expectativas sobre o que pode vir a ser a indústria têm uma acuidade maior em face do fim das concessões”, considerou o advogado português especialista na área do jogo Pedro Cortés. As licenças expiram em 2022 e o futuro líder já prometeu “definir o número de licenças de concessão de jogo, tratar de forma adequada os problemas herdados da história, e resolver, gradual e ordenadamente, a situação da renovação, sem sobressaltos”.
Ho Iat Seng garantiu ainda que “vai concretizar os respectivos trabalhos de revisão da legislação” do regime jurídico da exploração de jogos de fortuna ou azar em casino.
Para Pedro Cortés “seria de todo conveniente que se definisse qual a política”. “Seria também importante definir e dar às concessionárias um papel decisivo na diversificação da economia”, sublinhou. Esse “chavão” de dar às concessionárias um papel decisivo na diversificação da economia, que se ouve “há anos e que não sai, com pequenas excepções, do papel”, criticou o advogado português.

20 Anos | Casa de Macau de Portugal em risco se não rejuvenescer

Depois de mais de meio século de actividade, a Casa de Macau de Portugal procura uma segunda vida e atrair novas gerações para o associativismo. Praticamente do outro lado do mundo, em pleno coração de Lisboa, os sabores e vivências de Macau têm sede na Avenida Almirante Gago Coutinho

 

[dropcap]A[/dropcap] Casa de Macau, que há mais de 50 anos mantém viva em Portugal a cultura macaense, está a “esvaziar-se” e corre o risco de morrer juntamente com a geração mais velha que ainda a mantém viva.

Por isso, a direcção quer atrair os jovens e entregar-lhes a gestão da Casa, porque só estes conseguirão adaptá-la aos novos tempos, que não se compadecem com o tradicional jogo de Mahjong, quando existem os jogos de computador, e passam cada vez menos pelo associativismo, numa era em que todo o mundo está permanentemente ligado através de um telemóvel, explica à Lusa Rui Gomes do Amaral, membro da direcção.

No interior da Casa de Macau, fundada em 1966, e situada, desde 1996, numa vivenda da Avenida Almirante Gago Coutinho, em Lisboa, o tempo parece ter parado na história: a mobília tradicional chinesa, as loiças e os jarrões orientais, os quadros e as tapeçarias que forram as paredes, com uma profusão de pássaros, dragões ou divindades chinesas.

No amplo vestíbulo da casa, que serve também de sala de estar, onde estão dispostas poltronas de veludo verde, decorações de Natal e os jornais macaenses que diariamente ali são entregues, Rui Gomes do Amaral afirma que “para as actividades [da Casa de Macau] não se esvaziarem é preciso encontrar agilidade suficiente para atrair novas gerações”. “Para isso é preciso entregar a gestão da Casa de Macau às novas gerações. Se não fizermos essa transmissão, a casa morre connosco”, acrescentou.

Na cozinha preparam-se os pratos e iguarias tradicionais da culinária macaense para serem servidos no Chá-Gordo de Natal, uma das actividades que tem mais adesão dos associados.

Segundo Rui Gomes do Amaral, a gastronomia “é a actividade favorita” de quem frequenta a Casa de Macau, de tal forma que a direcção vai retomar em Janeiro uma série de ‘workshops’ para ensinar a confeccionar pratos tradicionais macaenses e que, na altura em que foram lançados, tiveram muita adesão. “Tudo o que é ligado à gastronomia tem sempre muita procura”, salienta.

Sangue novo

No primeiro andar da vivenda, há uma sala com mesas e cadeiras, com capacidade para albergar entre 30 a 40 pessoas, onde se realizam alguns eventos, como palestras, debates ou lançamentos de livros, e uma outra mais pequena, também mobilada com móveis chineses, que “em teoria” é onde a direcção recebe pessoas, mas que “na prática não é usada”, explica o responsável.

É também no primeiro andar que se situa a “sala de jogo” com um pequeno bar e mesas, onde os associados jogam Mahjong e cartas. Estes jogadores são “velhos habitués”. Hoje em dia não há muita procura, porque “as novas gerações já não são jogadoras”.

Uma das salas de destaque da Casa de Macau tem dispostos nas paredes os retratos de todos os sócios beneméritos, fundadores e honorários da casa, entre os quais se contam nomes como o do empresário Ng Fok ou o último governador de Macau, Rocha Vieira.

A actual presidente da Casa de Macau, Maria de Lourdes Albino, tem várias estratégias futuras planeadas, que passam pela angariação de “macaenses de origem chinesa que não falam português”, porque “a comunidade chinesa tem crescido e a Casa entende que os chineses de Macau poderão representar uma mais valia”.

Além disso, “presentemente a Casa está a desenvolver uma acção no sentido de trazer ao seu seio os estudantes bolseiros da RAEM que se encontram a estudar em Lisboa nas universidades portuguesas”, acção que se insere “numa estratégia de rejuvenescimento da massa associativa e de mudança geracional”, acrescentou, em entrevista à Lusa.

A exercer funções de Presidente da Direcção desde 2015, Maria de Lourdes Albino termina o seu segundo, e último, mandato em 2020, mas não quer sair sem dinamizar actividades que atraiam mais massa associativa, tendo por isso também planos para reintroduzir em Janeiro um curso de fotografia, “um tema do interesse dos associados” e que deixou de existir há dois anos.

Línguas afiadas

No ano passado a Casa de Macau iniciou aulas de cantonês e mantém as aulas de mandarim, que a direcção acredita ser a língua do futuro em Macau, onde, desde a transmissão da administração de Portugal para a China, em Dezembro de 1999, passou a ser leccionada nas escolas.
“Daqui a 20 anos, em Macau só vão falar mandarim, mas agora ainda falam cantonês”, considera Rui Gomes do Amaral.

Quanto ao Patuá, a Casa de Macau continua a manter algumas sessões sobre o tema, mas não investe em aulas, porque não há “massa crítica e não há como praticar”. “O Patuá caiu em desuso. Na minha geração praticamente deixou de existir. Agora os mais novos estão a recuperar em Macau, há uma geração nova a dinamizar, nesta onda dos patrimónios mundiais, como fez com a gastronomia”, explica.

Outra actividade normal da Casa de Macau, ligada às tradições macaenses, é aulas de Tai-chi – apesar de agora não terem inscrições, porque “já passou a moda” – a que se juntaram, desde o ano passado, aulas de chi-kung.

A Casa de Macau tem essencialmente como objectivo promover e reforçar os laços de amizade entre os macaenses residentes em Portugal e os residentes em Macau ou noutros locais. “Com o tempo, alargou-se este âmbito acolhendo também pessoas que, não sendo Macaenses, têm ou tiveram ligações a Macau ou que, simplesmente, se interessam por Macau e pela sua cultura”, contou Maria de Lourdes Albino.

Por estar subjacente a divulgação da cultura macaense nas suas diversas vertentes, são sempre realizados eventos no Natal, Páscoa e 24 de Junho (Dia de Macau e da Casa de Macau), em que é servido o Chá-Gordo macaense, e festejos no Ano Novo Chinês, com comida cantonense.

O dia de São Martinho também é assinalado, com castanhas e caldo verde, “uma vez que estamos inseridos na sociedade portuguesa e a nossa matriz é portuguesa”, mas é o evento gastronómico que tem menos participação.

Enquanto presidente da Casa de Macau, função que desempenha desde 2015, Maria de Lourdes Albino é da opinião que durante estes últimos 20 anos, houve sempre uma grande preocupação por parte dos responsáveis da RAEM “em manter viva a cultura e os costumes de Macau e dos Macaenses, até promovendo a sua continuidade”. Um dos exemplos é o apoio e o acompanhamento que as autoridades locais conferem à realização do Encontro das Comunidades Macaenses, evento que congrega macaenses provenientes das Casas de Macau de todo o mundo.

“Acrescento que o património português existente no território é objecto de preservação exemplar”, disse a responsável, que, ainda assim, acredita que “a cultura portuguesa tenderá a esbater-se à medida que o número de portugueses no território diminua.

“O avanço da cultura chinesa como consequência dos muitos chineses oriundos da região de Xangai e Pequim que se têm radicado em Macau também contribuirá para que o peso da cultura portuguesa diminua”.

20 Anos | Casa de Macau de Portugal em risco se não rejuvenescer

Depois de mais de meio século de actividade, a Casa de Macau de Portugal procura uma segunda vida e atrair novas gerações para o associativismo. Praticamente do outro lado do mundo, em pleno coração de Lisboa, os sabores e vivências de Macau têm sede na Avenida Almirante Gago Coutinho

 
[dropcap]A[/dropcap] Casa de Macau, que há mais de 50 anos mantém viva em Portugal a cultura macaense, está a “esvaziar-se” e corre o risco de morrer juntamente com a geração mais velha que ainda a mantém viva.
Por isso, a direcção quer atrair os jovens e entregar-lhes a gestão da Casa, porque só estes conseguirão adaptá-la aos novos tempos, que não se compadecem com o tradicional jogo de Mahjong, quando existem os jogos de computador, e passam cada vez menos pelo associativismo, numa era em que todo o mundo está permanentemente ligado através de um telemóvel, explica à Lusa Rui Gomes do Amaral, membro da direcção.
No interior da Casa de Macau, fundada em 1966, e situada, desde 1996, numa vivenda da Avenida Almirante Gago Coutinho, em Lisboa, o tempo parece ter parado na história: a mobília tradicional chinesa, as loiças e os jarrões orientais, os quadros e as tapeçarias que forram as paredes, com uma profusão de pássaros, dragões ou divindades chinesas.
No amplo vestíbulo da casa, que serve também de sala de estar, onde estão dispostas poltronas de veludo verde, decorações de Natal e os jornais macaenses que diariamente ali são entregues, Rui Gomes do Amaral afirma que “para as actividades [da Casa de Macau] não se esvaziarem é preciso encontrar agilidade suficiente para atrair novas gerações”. “Para isso é preciso entregar a gestão da Casa de Macau às novas gerações. Se não fizermos essa transmissão, a casa morre connosco”, acrescentou.
Na cozinha preparam-se os pratos e iguarias tradicionais da culinária macaense para serem servidos no Chá-Gordo de Natal, uma das actividades que tem mais adesão dos associados.
Segundo Rui Gomes do Amaral, a gastronomia “é a actividade favorita” de quem frequenta a Casa de Macau, de tal forma que a direcção vai retomar em Janeiro uma série de ‘workshops’ para ensinar a confeccionar pratos tradicionais macaenses e que, na altura em que foram lançados, tiveram muita adesão. “Tudo o que é ligado à gastronomia tem sempre muita procura”, salienta.

Sangue novo

No primeiro andar da vivenda, há uma sala com mesas e cadeiras, com capacidade para albergar entre 30 a 40 pessoas, onde se realizam alguns eventos, como palestras, debates ou lançamentos de livros, e uma outra mais pequena, também mobilada com móveis chineses, que “em teoria” é onde a direcção recebe pessoas, mas que “na prática não é usada”, explica o responsável.
É também no primeiro andar que se situa a “sala de jogo” com um pequeno bar e mesas, onde os associados jogam Mahjong e cartas. Estes jogadores são “velhos habitués”. Hoje em dia não há muita procura, porque “as novas gerações já não são jogadoras”.
Uma das salas de destaque da Casa de Macau tem dispostos nas paredes os retratos de todos os sócios beneméritos, fundadores e honorários da casa, entre os quais se contam nomes como o do empresário Ng Fok ou o último governador de Macau, Rocha Vieira.
A actual presidente da Casa de Macau, Maria de Lourdes Albino, tem várias estratégias futuras planeadas, que passam pela angariação de “macaenses de origem chinesa que não falam português”, porque “a comunidade chinesa tem crescido e a Casa entende que os chineses de Macau poderão representar uma mais valia”.
Além disso, “presentemente a Casa está a desenvolver uma acção no sentido de trazer ao seu seio os estudantes bolseiros da RAEM que se encontram a estudar em Lisboa nas universidades portuguesas”, acção que se insere “numa estratégia de rejuvenescimento da massa associativa e de mudança geracional”, acrescentou, em entrevista à Lusa.
A exercer funções de Presidente da Direcção desde 2015, Maria de Lourdes Albino termina o seu segundo, e último, mandato em 2020, mas não quer sair sem dinamizar actividades que atraiam mais massa associativa, tendo por isso também planos para reintroduzir em Janeiro um curso de fotografia, “um tema do interesse dos associados” e que deixou de existir há dois anos.

Línguas afiadas

No ano passado a Casa de Macau iniciou aulas de cantonês e mantém as aulas de mandarim, que a direcção acredita ser a língua do futuro em Macau, onde, desde a transmissão da administração de Portugal para a China, em Dezembro de 1999, passou a ser leccionada nas escolas.
“Daqui a 20 anos, em Macau só vão falar mandarim, mas agora ainda falam cantonês”, considera Rui Gomes do Amaral.
Quanto ao Patuá, a Casa de Macau continua a manter algumas sessões sobre o tema, mas não investe em aulas, porque não há “massa crítica e não há como praticar”. “O Patuá caiu em desuso. Na minha geração praticamente deixou de existir. Agora os mais novos estão a recuperar em Macau, há uma geração nova a dinamizar, nesta onda dos patrimónios mundiais, como fez com a gastronomia”, explica.
Outra actividade normal da Casa de Macau, ligada às tradições macaenses, é aulas de Tai-chi – apesar de agora não terem inscrições, porque “já passou a moda” – a que se juntaram, desde o ano passado, aulas de chi-kung.
A Casa de Macau tem essencialmente como objectivo promover e reforçar os laços de amizade entre os macaenses residentes em Portugal e os residentes em Macau ou noutros locais. “Com o tempo, alargou-se este âmbito acolhendo também pessoas que, não sendo Macaenses, têm ou tiveram ligações a Macau ou que, simplesmente, se interessam por Macau e pela sua cultura”, contou Maria de Lourdes Albino.
Por estar subjacente a divulgação da cultura macaense nas suas diversas vertentes, são sempre realizados eventos no Natal, Páscoa e 24 de Junho (Dia de Macau e da Casa de Macau), em que é servido o Chá-Gordo macaense, e festejos no Ano Novo Chinês, com comida cantonense.
O dia de São Martinho também é assinalado, com castanhas e caldo verde, “uma vez que estamos inseridos na sociedade portuguesa e a nossa matriz é portuguesa”, mas é o evento gastronómico que tem menos participação.
Enquanto presidente da Casa de Macau, função que desempenha desde 2015, Maria de Lourdes Albino é da opinião que durante estes últimos 20 anos, houve sempre uma grande preocupação por parte dos responsáveis da RAEM “em manter viva a cultura e os costumes de Macau e dos Macaenses, até promovendo a sua continuidade”. Um dos exemplos é o apoio e o acompanhamento que as autoridades locais conferem à realização do Encontro das Comunidades Macaenses, evento que congrega macaenses provenientes das Casas de Macau de todo o mundo.
“Acrescento que o património português existente no território é objecto de preservação exemplar”, disse a responsável, que, ainda assim, acredita que “a cultura portuguesa tenderá a esbater-se à medida que o número de portugueses no território diminua.
“O avanço da cultura chinesa como consequência dos muitos chineses oriundos da região de Xangai e Pequim que se têm radicado em Macau também contribuirá para que o peso da cultura portuguesa diminua”.

Número de mortes causadas pelo sismo nas Filipinas sobe para quatro

[dropcap]O[/dropcap] sismo registado ontem na ilha de Mindanao, no sul das Filipinas, provocou pelo menos quatro mortes, segundo dados das autoridades locais e das forças de protecção civil.

A primeira morte confirmada foi a de uma menina de seis anos na cidade de Matanao, província de Davao do Sul, que não conseguiu sair de casa antes que esta caísse, disse um autarca da localidade, Vincent Fernández.

Outras três pessoas morreram na localidade de Padada, também na mesma província, ao ruir um mercado de três andares que deixou encurraladas dezenas de pessoas, segundo informação do gabinete de Protecção contra Incêndios, que participa nos trabalhos de resgate.

O terramoto foi registado ontem às 14:11 locais e o seu epicentro localizou-se a nove quilómetros a oeste de Matanao e a seis a noroeste de Padada, com uma profundidade de cerca de 30 quilómetros, segundo o Instituto Filipino de Vulcanologia e Sismologia.

O Instituto calibrou a magnitude do sismo em 6,9, ainda que o Serviço Geológico dos Estados Unidos, que regista a actividade sísmica em todo o mundo, o tenha situado em 6,8. O abalo foi seguido por dezenas de réplicas, algumas de magnitude superior a 5.

O sismo provocou também “várias dezenas de feridos”, segundo a polícia. Na última semana de Outubro, a região foi afectada por dois sismos de magnitude 6,6 e 6,5, que provocaram 21 mortos e 432 feridos.

As Filipinas estão situadas sobre o chamado Anel de Fogo do Pacífico, zona onde se regista cerca de 90 por cento da actividade sísmica e vulcânica do mundo e que é afectada por cerca de 7.000 sismos por ano, a maioria moderados.

Hong Kong | Polícia deteve grupo suspeito de fazer explosivos para usar em protestos

[dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong deteve três homens que estavam a testar explosivos caseiros, suspeitando que tinham a intenção de os usar em protestos, noticiou ontem a agência Associated Press (AP).

Estas foram as últimas detenções relacionadas com fabrico ou posse de explosivos desde que começaram, em Junho, os protestos nas ruas contra a lei da extradição que acabou por se transformar num movimento contra o Governo.

Na segunda-feira, a polícia anunciou que tinha desactivado duas bombas cheias de pregos que acredita que teriam como alvo a polícia.

Além disso, tem apreendido várias quantidades de explosivos, com destaque para uma operação realizada em Julho, altura em que confiscou cerca de dois quilos de TATP, muito usado em ataques em todo o mundo por ser um explosivo que pode ser fabricado com substâncias de fácil acesso.

Nos últimos seis meses, Hong Kong tem sido palco de inúmeras manifestações que começaram de forma pacífica, mas que se têm tornado cada vez mais violentos.

Um controverso projecto de lei, que permitiria a extradição de suspeitos de crimes para a China continental, foi o rastilho que levou ao início da luta dos manifestantes que temiam que a proposta de extradição expusesse a população a julgamentos injustos e tratamento violento.

Desde então, centenas de milhares de pessoas têm usado as ruas para protestar. Em Setembro, o projecto de lei foi suspenso, mas os protestos continuaram e a violência aumentou, com destaque para os dias em que a polícia cercou um campus universitário ocupado por manifestantes e ameaçou usar armas de fogo.

Hong Kong | Polícia deteve grupo suspeito de fazer explosivos para usar em protestos

[dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong deteve três homens que estavam a testar explosivos caseiros, suspeitando que tinham a intenção de os usar em protestos, noticiou ontem a agência Associated Press (AP).
Estas foram as últimas detenções relacionadas com fabrico ou posse de explosivos desde que começaram, em Junho, os protestos nas ruas contra a lei da extradição que acabou por se transformar num movimento contra o Governo.
Na segunda-feira, a polícia anunciou que tinha desactivado duas bombas cheias de pregos que acredita que teriam como alvo a polícia.
Além disso, tem apreendido várias quantidades de explosivos, com destaque para uma operação realizada em Julho, altura em que confiscou cerca de dois quilos de TATP, muito usado em ataques em todo o mundo por ser um explosivo que pode ser fabricado com substâncias de fácil acesso.
Nos últimos seis meses, Hong Kong tem sido palco de inúmeras manifestações que começaram de forma pacífica, mas que se têm tornado cada vez mais violentos.
Um controverso projecto de lei, que permitiria a extradição de suspeitos de crimes para a China continental, foi o rastilho que levou ao início da luta dos manifestantes que temiam que a proposta de extradição expusesse a população a julgamentos injustos e tratamento violento.
Desde então, centenas de milhares de pessoas têm usado as ruas para protestar. Em Setembro, o projecto de lei foi suspenso, mas os protestos continuaram e a violência aumentou, com destaque para os dias em que a polícia cercou um campus universitário ocupado por manifestantes e ameaçou usar armas de fogo.

EUA expulsaram “secretamente” dois diplomatas chineses, escreve New York Times

[dropcap]O[/dropcap]s Estados Unidos expulsaram “secretamente” dois diplomatas chineses que tentaram em Setembro entrar numa base militar norte-americana na Virgínia, noticiou ontem o New York Times.

Pelo menos um dos visados é suspeito de ser um agente dos serviços secretos chineses, segundo o jornal, que cita vários responsáveis norte-americanos que pediram anonimato e indica que serão as primeiras expulsões de diplomatas chineses por espionagem em mais de 30 anos.

O incidente, que decorre numa altura em que os dois países estão envolvidos numa guerra comercial, teve lugar em Setembro em “instalações sensíveis” perto de Norfolk, na Virgínia, onde se encontram forças especiais, de acordo com o texto publicado.

Dois responsáveis da embaixada da China em Washington, acompanhados pelas suas mulheres, apresentaram-se num carro no posto de controlo desta base, mas como não tinham autorização, um agente pediu-lhes que partissem, o que não fizeram, uma vez que o veículo continuou em direcção à base, escapando ao controlo dos militares norte-americanos e acabando depois por ser bloqueado por camiões.

O motivo desta tentativa de incursão não foi clarificado, mas responsáveis norte-americanos pensam que os diplomatas chineses queriam estudar os dispositivos de segurança do local.

Os chineses argumentaram que foi um erro, alegando que percebiam mal o inglês e que não compreenderam as indicações, o que não convenceu as autoridades norte-americanas.

A expulsão, que teve lugar “no outono”, segundo o New York Times, não foi divulgada publicamente por nenhum dos países e Pequim não retaliou até agora com a expulsão de diplomatas dos Estados Unidos.

Questionado pela AFP, o Departamento de Estado não deu resposta no imediato. Os Estados Unidos e a China concluíram esta semana um acordo preliminar a nível comercial, depois de meses de conflito com a imposição recíproca de taxas alfandegárias.

Os dois países mantêm, no entanto, vários diferendos, da espionagem industrial às violações dos direitos humanos, passando pela situação na região administrativa especial chinesa de Hong Kong.

Sem que se saiba se teve qualquer ligação com o incidente na Virgínia, o governo norte-americano determinou em Outubro que os diplomatas chineses em funções nos Estados Unidos têm de notificar o Departamento de Estado antes de qualquer contacto oficial com uma série de interlocutores norte-americanos. A China anunciou, no início de Dezembro, medidas idênticas, em retaliação.

EUA expulsaram "secretamente" dois diplomatas chineses, escreve New York Times

[dropcap]O[/dropcap]s Estados Unidos expulsaram “secretamente” dois diplomatas chineses que tentaram em Setembro entrar numa base militar norte-americana na Virgínia, noticiou ontem o New York Times.
Pelo menos um dos visados é suspeito de ser um agente dos serviços secretos chineses, segundo o jornal, que cita vários responsáveis norte-americanos que pediram anonimato e indica que serão as primeiras expulsões de diplomatas chineses por espionagem em mais de 30 anos.
O incidente, que decorre numa altura em que os dois países estão envolvidos numa guerra comercial, teve lugar em Setembro em “instalações sensíveis” perto de Norfolk, na Virgínia, onde se encontram forças especiais, de acordo com o texto publicado.
Dois responsáveis da embaixada da China em Washington, acompanhados pelas suas mulheres, apresentaram-se num carro no posto de controlo desta base, mas como não tinham autorização, um agente pediu-lhes que partissem, o que não fizeram, uma vez que o veículo continuou em direcção à base, escapando ao controlo dos militares norte-americanos e acabando depois por ser bloqueado por camiões.
O motivo desta tentativa de incursão não foi clarificado, mas responsáveis norte-americanos pensam que os diplomatas chineses queriam estudar os dispositivos de segurança do local.
Os chineses argumentaram que foi um erro, alegando que percebiam mal o inglês e que não compreenderam as indicações, o que não convenceu as autoridades norte-americanas.
A expulsão, que teve lugar “no outono”, segundo o New York Times, não foi divulgada publicamente por nenhum dos países e Pequim não retaliou até agora com a expulsão de diplomatas dos Estados Unidos.
Questionado pela AFP, o Departamento de Estado não deu resposta no imediato. Os Estados Unidos e a China concluíram esta semana um acordo preliminar a nível comercial, depois de meses de conflito com a imposição recíproca de taxas alfandegárias.
Os dois países mantêm, no entanto, vários diferendos, da espionagem industrial às violações dos direitos humanos, passando pela situação na região administrativa especial chinesa de Hong Kong.
Sem que se saiba se teve qualquer ligação com o incidente na Virgínia, o governo norte-americano determinou em Outubro que os diplomatas chineses em funções nos Estados Unidos têm de notificar o Departamento de Estado antes de qualquer contacto oficial com uma série de interlocutores norte-americanos. A China anunciou, no início de Dezembro, medidas idênticas, em retaliação.

Justiça | Caso da criptomoeda leva filho de Rita Santos ao tribunal

Está decidido: Frederico Rosário vai responder pelo crime de fraude. Quando o caso surgiu, a PJ apontou perdas de 14,2 milhões de patacas e se esse valor for confirmado o filho da conselheira das comunidades portuguesas arrisca uma pena de prisão de 10 anos

 

[dropcap]F[/dropcap]rederico Rosário, filho de Rita Santos, vai ser julgado por burla devido a investimentos relacionados com criptomoeda. A primeira audiência do julgamento está agendada para 2 de Junho e a notícia foi avançada pela Rádio Macau, na passada sexta-feira.

O empresário, de 34 anos, foi detido em Setembro do ano passado devido a um caso que envolve igualmente o sócio Dennis Lau, residente de Hong Kong, que também é arguido no caso. Nessa altura, Frederico Rosário foi libertado depois do pagamento de uma caução de 50 mil patacas e ficou ainda sujeito a apresentações semanais.

O caso gerou controvérsia uma vez que, segundo os dados apresentados pela Polícia Judiciária, há 71 pessoas de Macau envolvidas que totalizam perdas de 14,2 milhões de patacas. Porém, na altura do investimento tinha havido promessas de retornos elevados, em alguns casos superiores a 25 por cento. Por isso, houve alguns lesados que chegaram inclusive a investir quantias de 1,8 milhões de patacas.

Frederico Rosário era o responsável pelo negócio da criptomoeda em Macau e foi nesse papel que houve uma sessão, organizada na sede da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (AFTPM), de promoção do projecto. Rita Santos, mãe do empresário, é presidente da assembleia-geral da ATFPM.

No entanto, quando sugiram as notícias os dois vieram negar qualquer ilegalidade e terá mesmo sido Frederico Rosário a apresentar queixa.

O crime de burla é punido com uma pena de prisão que pode chegar aos 3 anos. Porém, e como deve acontecer nesta situação, o montante em causa pode ser visto à luz da lei como “consideravelmente elevado” e a pena de prisão passa a ser de 2 a 10 anos de prisão.

Depois de Coutinho, Rita

O caso que emergiu em Setembro do ano passado volta a colocar familiares dos principais dirigentes da ATFPM, e conselheiros das comunidades portuguesas, debaixo de fogo.

Também em Outubro de 2017, os filhos de José Pereira Coutinho, presidente da associação para funcionários públicos e deputado, foram condenados com penas de oito anos de prisão devido à prática de tráfico de droga.

O caso envolveu o envio por correio de um pacote com estupefacientes. Apesar de ter sido dado como provado que a polícia de Hong Kong tinha aberto o pacote antes deste chegar a Macau, a prova foi aceite e Benjamin e Alexandre foram mesmo condenados. Após recurso, a sentença acabou mesmo por ser validada pelo Tribunal de Segunda Instância.

Agora é Frederico Rosário quem vai a julgamento e no pior dos cenários pode mesmo apanhar uma pena semelhante ou superior à dos filhos de José Pereira Coutinho.

Justiça | Caso da criptomoeda leva filho de Rita Santos ao tribunal

Está decidido: Frederico Rosário vai responder pelo crime de fraude. Quando o caso surgiu, a PJ apontou perdas de 14,2 milhões de patacas e se esse valor for confirmado o filho da conselheira das comunidades portuguesas arrisca uma pena de prisão de 10 anos

 
[dropcap]F[/dropcap]rederico Rosário, filho de Rita Santos, vai ser julgado por burla devido a investimentos relacionados com criptomoeda. A primeira audiência do julgamento está agendada para 2 de Junho e a notícia foi avançada pela Rádio Macau, na passada sexta-feira.
O empresário, de 34 anos, foi detido em Setembro do ano passado devido a um caso que envolve igualmente o sócio Dennis Lau, residente de Hong Kong, que também é arguido no caso. Nessa altura, Frederico Rosário foi libertado depois do pagamento de uma caução de 50 mil patacas e ficou ainda sujeito a apresentações semanais.
O caso gerou controvérsia uma vez que, segundo os dados apresentados pela Polícia Judiciária, há 71 pessoas de Macau envolvidas que totalizam perdas de 14,2 milhões de patacas. Porém, na altura do investimento tinha havido promessas de retornos elevados, em alguns casos superiores a 25 por cento. Por isso, houve alguns lesados que chegaram inclusive a investir quantias de 1,8 milhões de patacas.
Frederico Rosário era o responsável pelo negócio da criptomoeda em Macau e foi nesse papel que houve uma sessão, organizada na sede da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (AFTPM), de promoção do projecto. Rita Santos, mãe do empresário, é presidente da assembleia-geral da ATFPM.
No entanto, quando sugiram as notícias os dois vieram negar qualquer ilegalidade e terá mesmo sido Frederico Rosário a apresentar queixa.
O crime de burla é punido com uma pena de prisão que pode chegar aos 3 anos. Porém, e como deve acontecer nesta situação, o montante em causa pode ser visto à luz da lei como “consideravelmente elevado” e a pena de prisão passa a ser de 2 a 10 anos de prisão.

Depois de Coutinho, Rita

O caso que emergiu em Setembro do ano passado volta a colocar familiares dos principais dirigentes da ATFPM, e conselheiros das comunidades portuguesas, debaixo de fogo.
Também em Outubro de 2017, os filhos de José Pereira Coutinho, presidente da associação para funcionários públicos e deputado, foram condenados com penas de oito anos de prisão devido à prática de tráfico de droga.
O caso envolveu o envio por correio de um pacote com estupefacientes. Apesar de ter sido dado como provado que a polícia de Hong Kong tinha aberto o pacote antes deste chegar a Macau, a prova foi aceite e Benjamin e Alexandre foram mesmo condenados. Após recurso, a sentença acabou mesmo por ser validada pelo Tribunal de Segunda Instância.
Agora é Frederico Rosário quem vai a julgamento e no pior dos cenários pode mesmo apanhar uma pena semelhante ou superior à dos filhos de José Pereira Coutinho.

Manta de retalhos

[dropcap]A[/dropcap] crónica de hoje vai seguir moldes semelhantes à escolha sortida de iguarias num restaurante chinês. Variedade e espírito de partilha.

Começo por um quase factoide, que muita gente já se habituou a encarar como normal: a amnésia que sentem os responsáveis pelos mais altos cargos da RAEM assim que passam a fronteira. Em declarações ao China Daily, o presidente do Tribunal de Última Instância (TUI) de Macau, Sam Hou Fai, referiu o papel dos tribunais em Macau para a estabilidade política regional. O juiz, considerado por muitos como um exemplo de independência, assassina a separação de poderes a cada frase ao China Daily com fervor partidário. Outra machadada na justiça local foi desferida quando o magistrado disse que os tribunais de Macau dão particular importância à gestão de casos que põem em perigo a segurança nacional. O homem que preside ao mais elevado tribunal na hierarquia judicial local, desde a fundação da RAEM, atravessa a fronteira e esquece a defesa da legalidade para ser colocar ao serviço da política.

Num Estado de Direito, estas declarações dariam lugar reforma antecipada e a uma severa auto-análise devido à gravidade do que foi defendido. Porém, por cá, é a rã que aumenta o lume que está por baixo da panela onde alegremente ferve. Outro aspecto extraordinário nesta história é a projecção, a ideia de que se alguém gritar muito alto que não cometeu nenhum crime, ninguém vai reparar no grande saco com a impressão cartoonesca de um cifrão que carrega às costas.

Por cá, o chavão “de acordo com a lei” é dito quase tão frequentemente como a interjecção em cantonês “ai yah”. Exemplo disso é a tomada de posse de Wang Sai Man como deputado, marcada para hoje à tarde, depois de clamorosamente violar a lei eleitoral numa não-eleição, como se nada fosse. Não dá jeito ser ilegal, portanto, não é.

O maior problema de se viver num Estado de Direito é que, por vezes, esta coisa de respeitar leis intromete-se na forma de fazer as coisas à lambão.

Um comum cidadão sabe bem isso. Se a sua matrícula cair do automóvel, o residente médio sabe que não pode simplesmente escrevinhar numa placa qualquer a antiga inscrição da matrícula e afixá-la no lugar vago pela matrícula. A vida em sociedade exige formas, procedimentos, condições que se precisa cumprir para haver segurança nas relações diárias no contexto de sociedade evoluída, onde as leis são a cola para as brechas abertas pela falta de ética social. Pessoalmente, sou um defensor da total anarquia mental, sou adepto do pensamento dinamite, da loucura e da insubmissão. Mas compreendo que depois na vida vivida as regras são necessárias para não regressarmos à selvajaria.

Já uma pessoa que ocupe uma posição mais elevada na sociedade tem uma visão diferente da lei e das obrigações dos comuns mortais. As regras são mais flexíveis, desde que o poder ainda precise dessa pessoa ou não precise sacrificar alguém como exemplo.

Mudando de canal, a semana passada foi marcada pela histórica inauguração do Metro Ligeiro, um meio de transporte cuja utilidade passa ao lado do quotidiano de quem por cá vive. Apesar da visível boa-vontade e dedicação do secretário da tutela, e do facto de nenhuma rede de transportes nascer completa, o problema que parece mais preocupante prende-se a capacidade de lotação das carruagens.

Questão que levou a algum embaraço logo no dia da inauguração, quando o transporte parou depois de soar um alarme para o excesso de peso na composição.

Ora bem, em todo o lado no mundo, o metro é uma espécie de lata onde se tenta enfiar todas as sardinhas no maior e concentrado cardume possível. Esta é a minha experiência. Espaço pessoal violado, sujeição a odores corporais indesejados, pisadelas e a minha psique como terreno fértil para a semente do niilismo que me grita todos os dias “somos demasiados”.

Parece que o Metro Ligeiro será mesmo ligeiro, em oposição a pesado. Mas como se vai controlar o peso da carga de forma a contornar questões de segurança? Como se impede essa força da natureza que é uma multidão de chineses prestes a entrar para um sítio onde existem cadeiras e toda uma paleta de qualidade de lugares para parquear o corpo durante uma viagem?

Questões ligeiras que exigem respostas de peso.

Solidão

[dropcap]Q[/dropcap]uando andamos pela cidade onde habitamos, quando nos deixamos dominar pelo nosso quotidiano, pela companhia de conhecidos e amigos, pouco tempo reservamos para ouvir o nosso próprio pensamento e temos mesmo a tendência para o exprimir em voz alta, para os outros, ao sabor dos interesses ou do desejo de partilha.

Já o caso muda completamente de figura quando circulamos entre um povo estranho, estrangeiro, cuja linguagem é para nós um rumorejar distante e sem consequências. Tudo começa por ser uma espécie de aventura, que a experiência desvaloriza em optimismo, ao qual a mesma experiência acaba por dar razão. Os pequenos acontecimentos mais não são que isso mesmo: pequenos eventos sem consequência para o desenrolar agradável dos dias e o descanso absoluto das noites. Ou talvez não.

É que a nossa presença em nós mesmos acaba por se tornar no único diálogo possível (e como somos tão viciados no diálogo!, e como recusamos o silêncio interior!), uma espécie de orquestra interminável que nos assombra com os seus diversos tons, nos quais começamos a reconhecer cada um dos nossos mais temíveis e familiares fantasmas. Até que, finalmente, advém a consciência progressivamente lúcida da solidão, ao contemplar qualquer paisagem desagregadora do que nos é quotidiano e constante.

Cidade material

[dropcap]M[/dropcap]acau. Cidade mental. Penso. Perguntar se um dragão voa. E a pergunta certa para setenta milhões de patacas ou de pessoas, inesperadamente não ser se existem, os dragões, mas qual. Ou se Luís de Camões visitou. Ou o dragão amarelo. E se algum dia um deles voltará.

A pensar em Calvino e as suas Cidades invisíveis. Interiores ao viajante. Como se não o fossem todas. Imaginárias ou inventadas. Há sempre uma distância. Entre nós e uma cidade qualquer. Há uma cidade mental. Há uma cidade material. E há uma cidade brutal. Mas os dados estão lançados. Há muito. Com o esmagador peso do futuro atroador, em passadas de gigante.

A China, o país, uma ideia de si e não se conforma sem que todas as reunificações se fechem numa identidade nacional, possessiva, invasiva, num projecto político, económico e funcional. A palavra cultura aparece, porque é bonito, a enfeitar. Mas desta se moldou de forma tão única a Macau de macaenses, portugueses e chineses e tantos outros viajantes. Tão pequena que era, e tão murada. Cidade em camadas difíceis, como velaturas de segredos. Culturas de gueto, num cadinho fervilhante. De sabores. E nas sombras que nos seguem pelo chão, uma memória de aventura ancestral. Com que pouca profundidade se desenvolveu o interesse destas culturas, umas pelas outras. Comparando com o que se poderia ter sonhado, podia ter sido paradigmático, o cruzamento de tolerâncias e paixões e Histórias. E séculos a perder de vista. Macau foi um pequeno ponto longínquo de encontro. De essências, modos de vida e culturas. O momento maior na definição do humano. Mas que tende a diluir-se na solidez dos valores económicos que mais altos se levantam.

É o que é. Mas não o que poderia ter sido. Uma mistura coerente de tradição, cultura e modernidade em que tudo poderia ser guardado e acrescentado. Mas Portugal não teve jeito e a China não tem vocação.
Macaense, um povo e cultura como se produzidos pelos deuses numa noite de jogo, para um futuro impreciso de dias contados nas políticas de grandiloquência, em afastamento, como placas tectónicas de um eixo identitário. Chame-se-lhe pátria, chame-se-lhe terra, identidade, ou declaração conjunta, mas no horizonte: diluição. Muita nostalgia fica para homenagear o que foi.

Cultura não é o investido nesta cidade. É o que se compra, o que se joga. O destino. O querer fazer-se da aparência adquirida, ou numa mão de cartas, traiçoeira ou prometedora. Depois há que continuar a ir a jogo ou reduzir a ambição ao resultado obtido. Há quem arrisque e há quem desista. Os que desistem podem ganhar. Os que arriscam, perder tudo. Ou não. Tudo o resto, é rame rame no caminho inevitável.

A pensar para que crescem as cidades e em que parte do corpo. É uma pergunta que neste final da segunda década, me assola. Neste meu descontentamento da mudança. Mas do sentido. Para que cresce o corpo da cidade, senão para se travestir de uma outra vida, de outros habitantes, mais do que nunca, de passagem por uns dias. A quem agradar. É por eles que o coração das cidades mal amadas se vai adulterando e vendendo. E desabitando, sobrepovoadas. Como parque de diversões fora de horas. A montanha russa em descanso, finalmente. E as galerias as livrarias os cafés as lojas bonitas de design os cinemas e tudo o mais que não há, tudo fechado e invisível.

Há um recorte poético na naturalidade com que um território irrompe das águas circundantes e que lhe deu uma vida de passeio marginal que tantos habitaram e de tantas maneiras, um remate digno e bucólico a abraçar a cidade e um rosto ao longo da Praia Grande. E um outro escondido, no Porto Interior.

Quando se lhe muda a face, numa geometria que em nada imita a realidade espontânea da terra, se recolhe o lugar que era marginal a uma interioridade forçada, desfasada, em que sufoca sem a respiração do rio, mudam os passeios, mudam os passeantes e passam de carro sem passear. Simplesmente a caminho. Carro grande, caminho pequeno. Para que se quer um carro grande numa cidade tão curta… Pela mesma razão se compra um fato de marca e não o de um bom alfaiate. A peso de oiro, tudo pesa demais nesta cidade em que se veem lingotes nas montras de ourives. Os poucos edifícios com uma personalidade de época, sobreviventes, perdem a escala. Já tão poucos e sufocados. Uma cidade encerra em si todos os tempos que a construíram, e assim os deveria manter. É desse convívio que se faz a memória. Não é de geração espontânea.

Os aterros deveriam ser desenhados com amor. E não cortados à faca ao desenho das águas, em qualquer lugar. Orgânicos e naturalistas, com margens amplas para passear. Bancos de jardim, esplanadas para estar. Árvores em quantidade. Falta espaço e natureza. Mas num jardim não se gasta dinheiro. Por isso não se gasta dinheiro num jardim. A margem é o que permite aos olhos um horizonte, beber a luz do rio, fugir à vertigem e visão atravancada de uma cidade em altura. O que é o ordenamento sem a poesia lenta e amadurecida dos anos a moldar passos, hábitos. E à sua dimensão. O que é senão isso. E, não sendo, há que inventar com brilho e poesia. Espaço. Edifícios belos. E bons de habitar. Arte pública. Ou que tóxica se torna uma cidade. Tudo em trânsito. O trânsito ditatorial.

Se pensar na explosão do corpo do território como um disparate das células em forma como que cancerígena em que se perde a natural harmonia inicial que se cristalizou em hábitos e rituais, é triste. Sem o lirismo de uma bela valquíria a arredondar em formas barrocas de encanto e a crescer em luminosidade. A nova sedução a despertar emoções. Mas foi a loucura das células ou da ganância ou do dinheiro. Sei lá. Mas que se pode amar mesmo assim, se bem que de forma estranha. Ou é a memória. A amar a cidade mental e tentar revisita-la na cidade material. Tudo se cruza.

Mas tão mal amada. Sinto. Usada. De passagem. Mas eu estou tão longe. Que sei eu? Tão longe e tão perto. É a mente, que se na fantasia não mente, alimenta. Cidade interior. Como tudo e todos em nós. Cada vez mais, para percorrer no isolamento de veículos, para abstrair do passo, para se viver entre vidros que coam a realidade do ar e ares condicionados que agridem as estações, tudo meio invisível ao tacto e aos sentidos todos. A tornar-se cada vez mais exterior. Fora dos vidros, do ar condicionado e do conforto. Lá fora.

E lá fora, como num flashback revejo a porta de casa, à rua de S. António, e avanço para o jardim do poeta. Algo lírico paira por ali. No largo, os mesmos velhos do meu tempo, com os seus pássaros de sempre, levados a apanhar ar, a passeio. A mesma calma, o mesmo silêncio, a folhagem a produzir sombras nos muros. No meio do bulício magicamente camuflado. Logo ali. Tão perto e tão longe do centro. Uma certa forma de vida ainda mora ali. Mas outras já não. As casas de chá, antigas e imutáveis, as velharias de valor discutível, empilhadas e atravancadas mas autênticas testemunhas, as tascas de rua, abundantes, sujas e deliciosas, o barulho das pedras do mah jong noite adentro a circular entre as janelas abertas de toda a cidade, para entrar calor e humidade. Omnipresentes a ocupar, noite fora. O sapateiro inventor da rua do campo. E outros ofícios. Outras vidas. Tenho saudades em qualquer sítio.

Sento-mo no muro da praia grande, esse resto obsoleto de um conceito de marginal que deixou de o ser – não se passeia muito por aqui – enquanto penso em tudo o que prende uma pessoa a um lugar sem as raízes de si. Antes. Do encontro. E em como algo fica depois indivisível e secreto, enraizado num lugar invisível, que só cada um sabe. E como depois se fica a pertencer. O teimoso feitio da linguagem, a fermentar fantasia e proximidade e distância. A distância necessária num lugar apertado. E tanta gente que passa. Desaguei da rua da palha, em fuga. Aquele derramar vertiginoso em que os pés tropeçam nos calcanhares da frente, sem a fluidez do passo porque não há ar. Entre nós e os outros. A cidade não tem pulmão. Mas ali descem noivas, também, com os seus vestidos açucarados e a corte engalanada, vindos da fotografia em frente ao estranho sintoma de cultura. Em ruínas e reduzido a uma fachada. Mas com janelas para o céu. Às vezes azul.

Como o grande dragão que paira sobre a cidade. Símbolo da transformação pela destruição, para que nasça o que é novo. Assim é a intempestiva forma que a China já praticou, em contraste com a enorme paciência com que planeia a longo prazo a inexorabilidade do futuro. E a cidade, região e diluída nela, como é feitio habitual. Diluir para reinar. Etnias, culturas, vidas, famílias, laços. A aniquilação do indivíduo desde dentro. É o que não perdoo à revolução cultural.

Assim esta progressiva e diária espécie de lavagem da cidade, por enxurradas de pessoas – paradigma em expansão por toda a região e que será a Grande Baía – do que tenha sido a alma ímpar da cidade. A memória, por exemplo. Cidade, território, lugar. Uma célula única. A pulsar do seu núcleo, identidade. Real, afectiva ou ficcional. Nunca pedaço de um país, aquilo que de tão longe de tudo, não tinha dono. Não a vi assim. Ao fim de umas quantas gerações, o erro de retomar a posse é equiparável ao da apropriação. Mais grave numa cidade adulta. Feita de pessoas com vida e história. O grande dragão soube esperar. Mas a identidade cultural entra na roda gigante e não pode apear-se. No parque.

E é neste conceito que se funda a Grande Baía. Do futuro. Um vórtice maior. Mais tudo, transportes e circulação, negócios, dinheiro e pessoas e tão pouco sentido de estar e habitar. Uma grande ponte que liga três cidades é a metáfora deste tempo. Cada vez mais rápido e de passagem. Um dia, a cidade diluída numa grande baía, que não será a Baía da Praia Grande. Simplesmente a Grande Baía. Grande de mais para passear à noite.