AULP | Orlando da Mata diz que reconhecimento de cursos com Portugal “abre portas”

O reconhecimento automático dos cursos de universidades portuguesas em Macau “abre portas” e é um passo para a internacionalização do ensino superior, entende Orlando da Mata, presidente da Associação de Universidades de Língua Portuguesa. No próximo ano, Macau acolhe o 30º encontro da associação, adiado devido à pandemia da covid-19

 

[dropcap]O[/dropcap]rlando da Mata, presidente da Associação de Universidades de Língua Portuguesa (AULP) e reitor da Universidade Mandume Ya Ndemufayo, de Angola, disse ao HM que o reconhecimento automático dos cursos de universidades portuguesas em Macau, e vice-versa, “abre portas” e é uma medida positiva para a crescente internacionalização.

“O reconhecimento facilita e desperta o interesse dos estudantes. Abre portas. É muito bom que isso aconteça”, disse o responsável em entrevista ao HM. Para Orlando da Mata, “temos de abraçar esse desafio [de internacionalização]”, tendo em conta que existem cerca de 300 milhões de falantes de português no mundo.

“O português tem um grande potencial de expansão pelo mundo. A internacionalização do ensino superior nos países de língua portuguesa é um grande desafio que temos pela frente e o reconhecimento dos estudos é fundamental”, acrescentou.

Encontro em Macau

Orlando da Mata está em final de mandato e, no próximo ano, será eleita em Macau a nova direcção da AULP. O território acolhe o 30º encontro da associação, adiado devido à pandemia. “Vai coincidir com os 40 anos da Universidade de Macau (UM). Vamos fazer uma avaliação do trabalho realizado nos últimos anos”, adiantou o reitor, sem querer adiantar mais detalhes sobre o trabalho feito até aqui à frente da direcção da AULP.

Quanto ao Programa de Mobilidade da AULP, que funciona com todas as universidades dos países de língua portuguesa e de Macau aderentes, está temporariamente suspenso devido à pandemia. “Neste momento, estão envolvidas 66 das 140 universidades que fazem parte da AULP e temos cerca de 132 alunos seleccionados. Infelizmente, devido à pandemia da covid-19 está parcialmente suspenso, mas assim que as condições estiverem reunidas iremos dar sequência ao programa.”

Orlando da Mata destaca o trabalho feito por Rui Martins, vice-reitor da UM, “um grande dinamizador”. Além da participação da UM e do Instituto Politécnico de Macau na AULP, também a Universidade de São José “já manifestou interesse em aderir à AULP”. O reitor queria, no entanto, acolher na AULP mais instituições do território. “Seria muitíssimo interessante que outras instituições de ensino superior de Macau integrassem a AULP. O interesse é todo nosso”, frisou.

Relativamente ao desenvolvimento do ensino superior em Macau, “tem estado a desenvolver-se e a afirmar-se com qualidade na região”, disse Orlando da Mata, dando destaque à UM, que é hoje “uma universidade de referência, não só pela qualidade do ensino, mas também da investigação científica”.

Em tempos de covid-19 impõe-se a necessidade de pensar o ensino superior fora da caixa, com uma maior aposta no online, defendeu. “Um dos grandes desafios é a adaptação e re-invenção. Se antes estávamos mais focados no ensino presencial hoje temos de utilizar outras formas para complementar o que não é possível fazer neste momento com o ensino presencial. As universidades têm de ser inovadoras e criativas para darmos resposta a esta pandemia”, rematou.

Administração | Fundos de cooperação e desenvolvimento sem informações

[dropcap]A[/dropcap]pesar de não terem recusado em absoluto seguir as instruções do Chefe do Executivo, as duas empresas criadas no âmbito do Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China-Países de Língua Portuguesa limitaram-se a publicar o nome das companhias, moradas, contactos, área de negócios e num dos casos os estatutos.

Em todos os outros campos que as orientações do Chefe do Executivo pedem divulgação como as participações sociais na empresa ou os órgãos responsáveis pela gestão, as duas companhias optaram por não acatar as orientações.

No caso da empresa “Fundo de Cooperação de Desenvolvimento China- Países de Língua Portuguesa de Sociedade Limitada” foram divulgados os estatutos, que mostram o que tinha sido tornado público.

Nomeadamente, que à altura da criação tinha como principal gestora o Fundo do Desenvolvimento China-África, ligado ao Governo Central, através do Banco de Desenvolvimento da China, com 60 por cento das acções. O fundo chinês é igualmente responsável pela gestão da empresa, o que faz através da filial de Hong Kong. A restante participação, de 40 por cento, faz parte do Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização de Macau.

A Fundo de Cooperação de Desenvolvimento China- Países de Língua Portuguesa de Sociedade Limitada revela ainda a existência de duas subsidiárias, com sede em Hong Kong. Uma delas tem como denominação inglesa CPD Energy Investment Company. Porém, também neste caso não são reveladas mais informações.

Quanto à outra empresa ligada ao “Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China-Países de Língua Portuguesa”, a informação é mais escassa. Apenas é apontado que a sede está nas Ilhas Caimão e que se dedica a “actividades de investimento, exercer, gerir e dispor investimento de participações e investimento relacionado com participações”. No entanto, o número de contacto tem o indicativo de Macau.

Escolas | Recusada transferência de contratos em caso de óbito ou falência

A nova Lei do Estatuto das Escolas Particulares do Ensino Não Superior está pronta para ser aprovada pela última vez e vai entrar em vigor no ano lectivo de 2021/2022

 

[dropcap]O[/dropcap] Governo recusou a hipótese de os contratos laborais de docentes e trabalhadores das escolas serem transferidos automaticamente, quando mudar o proprietário por morte ou falência. Este foi um dos pontos discutidos na 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, que terminou ontem o debate na especialidade da Lei do Estatuto das Escolas Particulares do Ensino Não Superior.

De acordo com o relatório da discussão, um artigo da nova lei define que quando proprietário da escola mudar devido a morte ou falência os contratos de trabalho são considerados extintos. No caso de a escola reabrir com um novo dono, compete à nova gestão escolher os professores que vai contratar sem ter obrigações com os anteriores trabalhadores.

Face a este cenário alguns deputados colocaram dúvidas e mostraram-se preocupados com a segurança laboral dos afectados. “Qual será a garantia [em caso de despedimento] do pessoal das escolas”, perguntaram os deputados ao Governo, segundo o parecer assinado ontem pela comissão.

Em resposta, o Executivo explicou que se a transferência de contratos fosse automática, sem necessidade de novo vínculo entre as partes, que “iria surgir uma sucessão de contratos” já terminados. O Governo considera também que mesmo noutras áreas, além da educação, a morte do proprietário ou falência faz com que os contratos em vigor se tornem extintos.

A estabilidade prioritária

Finalmente, o Executivo argumentou que se os contratos fossem transferidos isso traria grandes alterações sociais: “Se a proposta de lei contivesse uma previsão dessas, seria algo inédito, e poderia pôr em causa a harmonia ou o equilíbrio nas relações de trabalho entre os diversos sectores da sociedade, especializando o pessoal que trabalha em escolas, com impacto para as actuais políticas de trabalho”, é relatado no parecer dos deputados sobre a justificação do Governo.

Quanto a garantias laborais, o Executivo apontou que “o património da anterior entidade titular deve continuar a suportar o pagamento aos trabalhadores das remunerações, indemnizações ou compensações” resultantes dos contratos. Ao mesmo tempo, o Governo diz que os afectados podem sempre recorrer ao Fundo de Garantia de Créditos Laborais para receber obrigações que não forem pagas pelo devedor.

A nova lei vai agora ser votada pela última vez pelo Plenário da Assembleia Legislativa e entrar em vigor no ano lectivo de 2021/2022. Inicialmente, a entrada em vigor estava prevista para o ano lectivo 2020/2021, mas foi entendido que não haveria tempo para as escolas se adaptarem.

Covid-19 | Aumento de voos para Europa no final do mês

No final de Agosto, a frequência de voos para a Europa e EUA vai aumentar, para dar resposta aos alunos que precisam deslocar-se ao estrangeiro para estudar. Por outro lado, foram ontem anunciadas medidas mais apertadas para quem vem de Hong Kong

 

[dropcap]D[/dropcap]epois de negociações com o sector aéreo, está programado o aumento da frequência de voos para a Europa e Estados Unidos no fim deste mês, com escalas em Taipé ou Seul. A medida visa responder à necessidade de alguns estudantes que estudam no estrangeiro. “Penso que as companhias aéreas vão arranjar voos de acordo com as necessidades reais”, disse ontem Lau Fong Chi, da Direcção dos Serviços de Turismo, na habitual conferência de imprensa do Centro de Coordenação de Contingência.

Quanto às companhias aéreas envolvidas, a responsável disse apenas que a Eva Air vai aumentar a frequência e que os detalhes serão anunciados “em breve”. Houve cerca de 30 pedidos de ajuda de estudantes.

O cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong disse à Lusa que, pelo menos, duas dezenas de alunos aguardavam informações sobre como deixar o território para frequentar estudos superiores em Portugal.

Alguns pediram informação ao consulado. “Temos conhecimento de cerca de 20 casos que nos foram comunicados pela Escola Portuguesa de Macau”, disse Paulo Cunha Alves à agência noticiosa, acrescentando que “é difícil estimar” o total de alunos afectados.

“Estamos em contacto com as autoridades da RAEM para as sensibilizar para o assunto, embora existam outras possibilidades, como seja o cumprimento da quarentena em Hong Kong antes de viajar para a Europa ou tentar efectuar ligações aéreas via Taipei ou Seul, a partir do aeroporto internacional de Macau”, referiu.

Medidas mais apertadas

A situação epidémica de Hong Kong motivou medidas mais apertadas. A partir de hoje, quem entrar em Macau vindo de Hong Kong têm de apresentar resultado negativo de teste de ácido nucleico emitido nas últimas 72 horas. Mantêm-se inalteradas as medidas de observação médica para quem passou por Hong Kong nos 14 dias anteriores à chegada a Macau.

Para além disso, foi adoptada uma medida de gestão de circuito fechado para os navios de carga. Com base na nova política, os tripulantes que pretenderem desembarcar serão transportados por veículo especial para um local onde podem descansar. O objectivo é assegurar que não se deslocam entre a comunidade “para reduzir o risco de contaminação”. “Como dependemos dos produtos que transportam no dia-a-dia, todas as despesas para quarentena dessas pessoas em local designado vão ser assumidas pelo Governo de Macau”, esclareceu Leong Iek Hou.

A coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença avançou ontem a entrada das províncias de Xinjiang e Liaoning na lista de territórios de alto risco. Quem se tiver deslocado às províncias em fica sujeito a quarentena quando entrar em Macau.

Vacinas | Alvis Lo afasta preocupações em relação ao local de produção

“Quando houver vacina vamos lançar programa de vacinação”, disse ontem a coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença, acrescentando que vai ser dada prioridade à população com risco mais alto. Leong Iek Hou comentou que actualmente todas as vacinas são facultativas, mas espera que quando existirem contra a covid-19 os cidadãos sigam as orientações.

Questionado sobre a confiança dos cidadãos numa eventual vacina criada pela China Continental, Alvis Lo respondeu que não se deve ter em conta o local de produção. “Há pelo menos cinco tipos de vacinas com efeito muito positivo. (…) Temos de observar o seu resultado”. O médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário apelou aos cidadãos para não se preocuparem, garantindo que o Governo vai negociar com diferentes entidades. “O nosso objectivo é adquirir vacinas seguras e efectivas”, declarou.

“Um instituto local de ensino superior obteve resultados, estamos muito motivados”, disse o médico. O responsável comentou que o Governo da RAEM mantém contacto com fabricantes do Interior da China e estrangeiros, remetendo mais informações para depois de as vacinas cumprirem os requisitos de produção e entrada no mercado. Em relação à pesquisa feita pela MUST em parceria com o Instituto Politécnico de Hong Kong, Alvis Lo sublinhou que estão na fase de ensaios clínicos. “Não podemos já dizer que vamos chegar a um acordo com as universidades”, rematou.

Justiça | Agricultores do Camboja despejados processam grupo Mitr Phol

Um tribunal civil tailandês aceitou na última sexta-feira julgar um caso que opõe 700 famílias de agricultores do Camboja ao maior produtor de açúcar da Ásia, o grupo tailandês Mitr Phol. Em causa estão concessões de terrenos do Governo cambojano à empresa que retiraram casas e terras a muitas famílias

 

[dropcap]O[/dropcap] grupo tailandês Mitr Phol Co. Ltd, o maior produtor de açúcar na Ásia e terceiro a nível mundial, está a ser processado por um grupo de 700 agricultores do Camboja por ter forçado despejos e destruído plantações para ocupar a terra concedida pelo Governo cambojano. Os terrenos foram concessionados a uma subsidiária do grupo, sediada no Camboja, para ali nascerem novas plantações de açúcar em prol do desenvolvimento económico. Porém, a chegada da indústria, paradoxalmente, deixou sem rendimentos centenas de famílias.

A Amnistia Internacional (AI) tornou-se assistente no processo civil colectivo, que corre no Tribunal Civil de Banguecoque, que opõe os agricultores ao grupo empresarial.

Os autores do processo são dois cidadãos do Camboja, residentes no distrito de Samrong na província de Meanchey, que representam um grupo de mais de 700 famílias que viviam e cultivavam as terras na área concessionada à Angkor Co. Ltd, subsidiária do grupo Mitr Phol Co. Ltd. Os agricultores acusam a companhia de ser responsável “por abusos de direitos humanos e pelas perdas económicas que sofreram”, explica a AI numa nota divulgada na última sexta-feira. “

Segundo o Código do Processo Civil em vigor na Tailândia, processos civis colectivos são permitidos, mas o tribunal de primeira instância rejeitou este estatuto pedido pelos requerentes com base numa série de “considerações técnicas”, incluindo o não domínio do tailandês por parte dos agricultores, a falta de capacidade para compreender as regras do tribunal, entre outras.

No entanto, a AI, enquanto parte assistente no processo, recorreu da decisão, alegando que as questões relacionadas com a nacionalidade, a língua ou as origens sociais “são formas de discriminação proibidas segundo a lei internacional dos direitos humanos, e não podem ser usadas para negar o acesso à justiça”.

A AI diz estar perante “um caso significativo do ponto de vista empresarial, em termos regionais, e também ao nível dos direitos humanos, porque pode abrir um importante precedente ao reconhecer a responsabilidade transfronteiriça em relação a abusos de direitos humanos levados a cabo por grupos empresariais do sudeste asiático”.

Neste sentido, “a submissão [do caso] por parte da AI visa dar assistência ao tribunal em termos dos princípios legais internacionais e padrões, incluindo as obrigações da Tailândia relativamente ao direito à mediação, acesso à justiça e à não discriminação no contexto dos abusos de direitos humanos cometidos por empresas transnacionais”.

Um comunicado da organização não governamental (ONG) do Fórum Ásia para os Direitos Humanos e Desenvolvimento adianta que a aceitação do recurso para julgar o caso de forma colectiva “permite às famílias agirem como grupo, garantindo o acesso à justiça e prevenindo o trabalho e custos de centenas de processos individuais”.

Várias ONG também reagiram a este processo, tal como a Inclusive Development International. Natalie Bugalski, directora do departamento jurídico da ONG, disse que “a importância deste precedente legal não pode ser subestimada. Este é um caso de David e Golias que vai redefinir o acesso à justiça por parte de vítimas de abusos corporativos em todo o sudeste asiático e não só”.

Hoy Mai, representante do grupo de agricultores de Oddar Meanchey, disse estar “muito feliz com o resultado”. “Espero que tenhamos justiça no futuro. Vamos continuar a lutar até ao fim”. Smin Tit, outro representante das famílias afectadas aplaudiu “a decisão do tribunal da Tailândia de apoiar a população de Oddar Meanchey no Camboja ao decidir julgar o processo como um caso colectivo. Espero que as vítimas tenham justiça. Tendo em conta os resultados, é uma nova esperança para que a nossa batalha siga em frente”, frisou.

Sem casa em 2008

Os despejos ocorreram em Setembro de 2008 e desde então que os agricultores clamam por justiça, sem quaisquer resultados. “Os despejos ocorreram depois do Governo cambojano ter garantido três ‘concessões económicas de terrenos’ – acordos de empréstimo de terreno a longo prazo para o desenvolvimento económico – a empresas ligadas ao produtor de açúcar tailandês Mitr Phol Co. Ltd. para uma plantação de açúcar na província de Oddar Meanchey, no Camboja, em Janeiro de 2008”, lê-se no comunicado da AI.

Com operações em países como a Tailândia, China, Austrália, Laos e Camboja, o grupo Mitr Phol teve ajuda de forças policiais e militares para expulsar os agricultores das suas terras. “Depois destas concessões de terrenos, os agricultores alegam que a polícia do Camboja, os militares e outros destruíram as suas plantações e centenas de casas foram deitadas abaixo a fim de limpar a terra para fazer as plantações de açúcar. As organizações que dão apoio aos agricultores alegam que os trabalhadores da Angkor Sugar Co. Ltd. também participou nestes despejos forçados”, escreve a AI.

A organização internacional adianta também que o antigo relator especial das Nações Unidas no Camboja “reportou que a Angkor Sugar, juntamente com outras empresas, contratou forças militares para ‘ajudar a fazer queimadas e terraplanagens na aldeia’”. Tal fez com que “muitas famílias tenham ficado em circunstâncias terríveis, muitas delas em situação de sem-abrigo devido aos despejos”.

Além disso, a AI alerta para o facto de, na última década, “as autoridades do cambojanas terem prendido muitos membros da comunidade que protestaram contra os despejos, tendo continuado a usar os terrenos confiscados”.

Violações em causa

O processo de concessão dos terrenos foi investigado, em 2015, pela Comissão Nacional dos Direitos Humanos da Tailândia. Segundo a nota da AI, a comissão concluiu que “a gestão dos terrenos no âmbito da concessão atribuída à Mitr Phol Sugar Company Limited causou efeitos adversos e violações de direitos humanos à população do Camboja, [incluindo] despejos forçados das aldeias onde [os agricultores] viveram durante um longo período de tempo”.

A investigação considerou ainda que “a Mitr Phol Sugar Company Limited tem responsabilidade directa porque tem negócios [que] beneficiam da concessão do terreno”. A Comissão Nacional dos Direitos Humanos da Tailândia deixou ainda uma série de recomendações, como a atribuição de medicamentos e compensações pelos estragos causados às populações de várias aldeias da província de Oddar Meanchey.

Este processo pode também constituir um teste à responsabilidade corporativa do grupo Mitr Phol, que tem no portfólio de clientes as maiores empresas do ramo alimentar do mundo, como a Nestlé, Coca-Cola, Pepsi, entre outras.

A Coca-Cola chegou a investigar alegações contra a empresa tailandesa, mas nada foi feito relativamente às responsabilidades perante as vítimas. Em 2018, a Coca-Cola informou a ONG Inclusive Development International que já não mantinha relação comercial com o grupo Mitr Phol, mas nunca reportou publicamente o fim da ligação.

Citada por um comunicado da Human Rights Watch, Rattanamanee Polkla, advogada tailandesa da área dos direitos humanos, disse que “este caso constitui um verdadeiro teste para o sistema judicial da Tailândia, independentemente de ser um caso doméstico ou para aqueles que necessitam de compensações em casos transfronteiriços. É uma oportunidade para a Tailândia mostrar à população e à comunidade internacional que vai defender os direitos humanos, a dignidade e a procura por melhores práticas corporativas”, rematou.

Diplomatas chineses e australianos discutem no Twitter sobre Mar do Sul da China

[dropcap]D[/dropcap]iplomatas chineses e australianos envolveram-se numa discussão no Twitter sobre as movimentações de Pequim no Mar do Sul da China, após Camberra ter apoiado a posição dos Estados Unidos sobre as reivindicações territoriais chinesas.

A Austrália requisitou recentemente um memorando nas Nações Unidas que aponte que as reivindicações “não têm base legal”, envolvendo-se assim numa controvérsia que atraiu reações fortes de Pequim.

O alto comissário australiano nas Nações Unidas Barry O’Farrell escreveu, na quinta-feira, na rede social Twitter, que disse ao ministro dos Negócios Estrangeiros da Índia que as medidas da China são “desestabilizadoras e suscetíveis de provocar uma escalada”. Em resposta, o embaixador chinês Sun Weidong acusou O’Farrell de “desconsiderar os factos”. “É evidente quem salvaguarda a paz e a estabilidade e quem desestabiliza e provoca escaladas na região”, acusou.

O’Farrell reagiu ao apontar que a China devia seguir uma decisão do tribunal internacional de Haia, que remonta a 2016, e que rejeitou a maioria das reivindicações de Pequim. A China denunciou a decisão como “ilegal” e não vinculativa.

Os comentários de O’Farrell atraíram elogios dos internautas da Índia, onde o público e os políticos têm apelado a uma linha mais dura nas relações com a China, após um confronto sangrento ao longo da fronteira disputada entre os dois países.

A China disse hoje que bombardeiros de longo alcance estiveram entre as aeronaves que participaram de exercícios aéreos recentes sobre o Mar do Sul da China, face às crescentes tensões entre Washington e Pequim em torno daquela rota marítima estratégica.

Os exercícios incluíram partidas e aterragens noturnas e simularam ataques de longo alcance, disse o porta-voz do ministério da Defesa chinês, Ren Guoqiang. Entre os aviões constaram os bombardeiros H-6G e H-6K, versões atualizadas de aeronaves há muito usadas nas forças armadas da China, disse Ren.

Os exercícios foram agendados anteriormente e visam aumentar as habilidades dos pilotos para operar sob todas as condições, independentemente do clima ou da hora do dia. Ren não detalhou se foram usadas bombas reais.

A China construiu pistas de aterragem em muitas das ilhas no Mar do Sul da China, incluindo ilhas artificiais sobre recifes de coral. Os navios chineses, incluindo dois porta-aviões do país, realizam operações frequentes na área, às vezes para monitorar e, ocasionalmente, assediar navios de outros países.

Pequim reivindica como sua a maioria do Mar do Sul da China, apesar dos protestos do Vietname, Filipinas, Malásia e Brunei. Este mar estratégico, por onde transitam anualmente cerca de 5.000 mil milhões de dólares de mercadorias, tem vastas reservas de gás e petróleo.

As tensões recorrentes entre países com fronteiras com o mar do sul da China são consideradas como uma fonte potencial de conflito na Ásia.

Consulado-geral de Portugal em Macau recebe pedidos de ajuda de alunos portugueses

[dropcap]P[/dropcap]elo menos duas dezenas de alunos em Macau aguardam para saber como poderão deixar o território a fim de frequentar estudos superiores em Portugal, tendo alguns contactado o consulado com pedidos de informação, disse à Lusa o cônsul.

“Temos conhecimento de cerca de 20 casos que nos foram comunicados pela Escola Portuguesa de Macau”, disse o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha Alves, precisando no entanto que “é difícil estimar” o total de alunos afectados pelas restrições às viagens impostas no território devido à pandemia de covid-19.

De acordo com o diplomata, ao consulado têm chegado “alguns pedidos de informação” de alunos, numa altura em que as autoridades da RAEM anunciaram ser pouco provável que venha a ser reaberto um corredor marítimo com Hong Kong, de onde saem a maioria dos voos internacionais.

“Estamos em contacto com as autoridades da RAEM para as sensibilizar para o assunto, embora existam outras possibilidades, como seja o cumprimento da quarentena em Hong Kong antes de viajar para a Europa ou tentar efectuar ligações aéreas via Taipei [capital de Taiwan] ou Seul [capital da Coreia do Sul], a partir do aeroporto internacional de Macau”, referiu ainda Paulo Cunha Alves.

As autoridades de Macau anunciaram hoje que estão a negociar o aumento de ligações aéreas com a Europa e os Estados Unidos para dar resposta aos estudantes nesta situação.

“Atendendo ao facto de que alguns estudantes necessitam de ir para o estrangeiro para prosseguir os seus estudos, depois das férias de verão, após negociações feitas com o sector aéreo […], está programado um aumento de frequência de voos para a Europa e os Estados Unidos, com as escalas feitas em Taipé ou Seul, em finais de Agosto e início de Setembro”, divulgaram hoje as autoridades de Saúde do território, remetendo mais informações para as agências de viagens. Nos últimos dias, as autoridades de Macau receberam “30 pedidos [de informação] por parte de estudantes”.

Actividade industrial da China cresce em Julho ao ritmo mais rápido em quase 10 anos

[dropcap]A[/dropcap] actividade industrial da China cresceu em Julho ao ritmo mais rápido em quase uma década, segundo o índice de gestores de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor manufatureiro, publicado hoje pela revista económica Caixin. O PMI de Julho atingiu os 52,8 pontos, o máximo desde Janeiro de 2011, e já depois de ter subido aos 51,2 pontos, no mês passado.

Uma leitura acima dos 50 pontos indica crescimento da atividade do setor, enquanto uma leitura abaixo indica contração. Na sexta-feira, o Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) informou que o PMI oficial do sector manufactureiro fixou-se nos 51,1 pontos, em Julho, no quinto mês consecutivo de crescimento.

“No geral, os surtos em algumas regiões não prejudicaram a tendência positiva no setor manufatureiro, que continuou a recuperar, apesar das medidas adoptadas para controlar a epidemia”, disse Wang Zhe, economista da Caixin.

“Os níveis de oferta e procura melhoraram, com os indicadores a manter a dinâmica. No entanto, precisamos de continuar a prestar atenção à vulnerabilidade no mercado de trabalho e à procura externa”, disse.

Segundo a consultora britânica Capital Economics, o PMI oficial, divulgado na sexta-feira, “apontou já para uma forte recuperação, no início do terceiro trimestre, mas o índice da Caixin, publicado hoje, é ainda mais optimista e indica que a taxa de expansão da indústria, no mês passado, foi a mais forte em quase uma década”.

“Os dados da pesquisa são consistentes com a nossa opinião de que as políticas de estímulo abriram caminho a um período de crescimento acima da tendência na indústria e na construção”, diz o economista Julian Evans-Pritchard, da Capital Economics, num relatório.

O analista acrescentou que “no curto prazo, isto deve ajudar a compensar a contínua fraqueza no consumo e nos serviços, permitindo que a economia como um todo retorne à normalidade de ‘antes da guerra’ [contra a epidemia]”.

O país onde a pandemia do novo coronavírus começou, em Dezembro, foi também o primeiro a repor a normalidade, a partir de março, depois de o Partido Comunista Chinês ter declarado vitória sobre a doença.

A indústria e outras actividades estão a regressar aos níveis anteriores à pandemia, mas a procura externa, no entanto, permanece moderada, à medida que a pandemia do novo coronavírus atingiu os mercados de exportação da China.

Os consumidores chineses, que perderam rendimentos, estão também relutantes em realizar grandes compras. Nos primeiros seis meses do ano a economia chinesa contraiu 1,6%.

Racionalização orçamental e serviços públicos a ‘meio gás’ afectam apoios da Fundação Macau

[dropcap]A[/dropcap] Fundação Macau disse à Lusa que a quebra de cerca de dois terços nos apoios às instituições no primeiro semestre justifica-se com a racionalização orçamental e os serviços públicos a ‘meio gás’, devido à covid-19.

“Durante o período de Janeiro até Junho de 2020, por causa da influência da covid-19, as associações diminuíram os pedidos de apoio financeiro para realizar actividades”, informou à Lusa a instituição, que tem como finalidade a promoção, o desenvolvimento e o estudo de acções de carácter cultural, social, económico, educativo, científico, académico e filantrópico que visem a promoção de Macau.

A instituição explicou ainda que, até Março, os serviços públicos forneceram serviços limitados por causa da epidemia no território e que, por essa razão, “o progresso da revisão e do financiamento de subsídios […] também foram afectados”.

Numa primeira fase, de forma a travar o surto de covid-19, em Fevereiro, as autoridades da capital mundial do jogo avançaram para medidas que acabaram, praticamente, por paralisar a economia, como o fecho por 15 dias dos casinos, em Fevereiro. As escolas fecharam, os estabelecimentos de diversão nocturna também e a esmagadora maioria dos funcionários públicos passou a trabalhar a partir de casa.

A Fundação Macau distribuiu cerca de 410 milhões de patacas a instituições do território durante o primeiro semestre, uma quebra de quase 70% em relação aos seis primeiros meses de 2019. De acordo com o boletim oficial, no segundo trimestre alocou 218,7 milhões de patacas, em comparação com os 634 milhões de apoios financeiros no período homólogo do ano anterior.

Questionada pela Lusa, a Fundação Macau explicou que os apoios concedidos foram centrados em três características: “benefícios sociais, racionalidade orçamentária e capacidade de execução do candidato”.

“Por outro lado, a fim de diminuir o risco de propagação da covid-19”, explicou a Fundação, foram evitados financiamentos de grandes aglomerações ou que envolvessem “o movimento transfronteiriço de pessoas”.

Covid-19 | China detecta 43 casos nas últimas 24 horas

[dropcap]A[/dropcap] China registou 43 novos casos confirmados de coronavírus no domingo, 28 dos quais contágios locais na região oeste de Xinjiang, onde um surto surgiu há três semanas, informou hoje a Comissão Nacional de Saúde.

Todos os casos em Xinjiang ocorreram por contágio local, tal como outros oito, em Liaoning, na província nordeste da China, o outro surto ativo no país. O país identificou ainda sete casos entre viajantes oriundos do exterior.

As autoridades de saúde detalharam que, até à meia-noite local, 10 pacientes receberam alta, pelo que o número total de casos ativos na China continental se fixou em 781, entre os quais 35 permanecem em estado grave. A Comissão não anunciou novas mortes por covid-19, mantendo-se o total desde o início da pandemia em 4.634, entre as 84.428 pessoas infectadas oficialmente diagnosticadas na China.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 685 mil mortos e infectou mais de 18 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

Tufão obriga retirada de populações nas áreas costeiras do leste da China

[dropcap]A[/dropcap]s áreas costeiras mais vulneráveis no leste da China estão a deslocar as populações, face à chegada de um tufão, numa altura em que parte do país ainda está a recuperar das inundações do mês passado. O centro do tufão Hagupit registava rajadas de até 90 quilómetros por hora esta manhã e seguia para noroeste a 25 quilómetros por hora.

O Centro Meteorológico Nacional da China indicou que o Hagupit deve chegar hoje às províncias de Zhejiang e Fujian, na costa leste da China. Xangai, a “capital” financeira do país asiático, deverá também ser afectada.

Em Fujian, a pesca costeira foi suspensa e os locais turísticos encerrados, assim como as obras de construção. Os barcos de pesca foram obrigados a evitar os mares afetados pelo tufão.

A temporada de tufões este ano tem sido relativamente branda na China, até agora, embora as inundações ocorridas no mês passado, ao longo dos principais sistemas fluviais do país, tenham causado mais de uma centena de mortos e forçado à retirada de cerca de dois milhões de pessoas.

Os mais altos níveis de precipitação no país em meio século causaram ainda prejuízos directos superiores a 49 mil milhões de yuan.

Covid-19 | Filipinas anunciam novo confinamento rigoroso em Manila após recorde diário de casos

[dropcap]O[/dropcap] Governo Filipino anunciou hoje que Manila e as províncias que rodeiam a capital do país vão regressar ao confinamento rigoroso, tendo em conta o aumento dos contágios da covid-19, que agora ultrapassam os 100.000 no país.

As Filipinas acrescentaram no domingo mais de 5.000 novos casos, um recorde diário, e acumularam um total de 103.000 infeções, incluindo mais de 2.000 mortes, um dos saldos mais elevados do Sudeste Asiático.

Manila e as províncias de Bulacan, Cavite, Laguna e Rizal regressarão terça-feira ao confinamento até 18 de agosto, depois de 80 das associações médicas do país, representando milhares de médicos e enfermeiros, terem assinado no sábado uma declaração conjunta apelando a uma nova abordagem à covid-19, uma vez que após cinco meses os hospitais estão superlotados e o pessoal médico exausto.

“Compreendo perfeitamente porque é que os nossos trabalhadores da saúde estão a pedir uma pausa. Estão na linha da frente há meses e estão exaustos”, disse o Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte.

Apesar de ter imposto um dos confinamentos mais longos e rigorosos do mundo – cinco meses na capital – as Filipinas são o único país da região que ainda não quebrou a curva de infeção, que tem vindo a aumentar constantemente desde março, devido a deficiências nos testes e no rastreio de contactos.

A fase de confinamento aprovada para a capital e arredores – onde se concentra 67% da atividade industrial do país – restringe completamente a circulação, os transportes públicos são suspensos e apenas um membro de cada família é autorizado a sair e comprar artigos essenciais, pelo que os estabelecimentos que tinham voltado a funcionar a 30% da sua capacidade em junho, tais como lojas, cabeleireiros e restaurantes, serão novamente encerrados.

Shangai SIPG, de Vítor Pereira, goleia e lidera liga chinesa

[dropcap]O[/dropcap] Shanghai SIPG, do técnico português Vítor Pereira, goleou no sábado o Hebei por 4-0, em jogo da segunda jornada da liga chinesa de futebol, e partilha a liderança da prova com o Beijing Guoan.

Um ‘bis’ do austríaco Marko Arnautovic, que marcou aos 45+1 e aos 48 minutos, e outro do brasileiro Ricardo Lopes (72 e 90+3), que já tinha bisado no encontro de estreia na jornada passada, garantiram o triunfo da formação de Xangai, que jogou em campo neutro, devido às restrições impostas na sequência da pandemia de covid-19.

Por causa do novo coronavírus, este ano, o modelo da liga chinesa, que viu o seu início suspenso durante cinco meses, é diferente, com as 16 equipas divididas em dois grupos, de acordo com as suas áreas geográficas, e com jogos apenas em Dalian e em Suzhou.

As equipas estão alojadas num único hotel em cada cidade, num regime de confinamento, com a interdição de contactos nos dois primeiros meses.

Jogador português na China infectado com o novo coronavírus

[dropcap]O[/dropcap] futebolista luso-cabo-verdiano Hildeberto Pereira, que se transferiu na semana passada do Vitória de Setúbal para a China, está infectado com o novo coronavírus, referiu no sábado a imprensa chinesa.

Num comunicado, a Comissão Municipal de Saúde de Guangzhou, cidade no sul da China, revelou o resultado positivo do teste feito a um futebolista estrangeiro de 24 anos, que partiu de Portugal a 28 de Julho e aterrou em Guangzhou no dia seguinte, após passar pelo aeroporto de Amesterdão, nos Países Baixos.

Após aterrar, o futebolista seguiu para um local indicado pelas autoridades, onde iria cumprir a quarentena obrigatória de 14 dias. Após a confirmação do resultado positivo do teste, o homem foi transferido para um hospital de Guangzhou, refere o comunicado.

Segundo o jornal chinês Dalian Evening News, o futebolista em causa é Hildeberto Pereira, que assinou contrato com o Kunshan FC, do segundo escalão do futebol chinês, a China League One. O arranque da temporada de 2020 do futebol chinês foi suspenso após o surto de covid-19.

A Superliga chinesa, na qual atuam o defesa Daniel Carriço e o treinador Vítor Pereira, regressou a 25 de Julho, embora num formato mais curto, com os 16 clubes divididos em dois grupos, cujas equipas irão jogar duas vezes entre si, sempre sem público, em apenas duas cidades: Dalian e Suzhou. Não há ainda data de arranque para os restantes escalões do futebol chinês, incluindo a China League One.

Lixo | Solução não passa por mais contentores, diz presidente do IAM

[dropcap]O[/dropcap] presidente do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), José Tavares, considera que o problema de acumulação de lixo não pode ser resolvido com mais contentores em alguns pontos de Macau. “O ideal é instalar um contentor em cada rua, mas isso não é fácil. Quando instalamos mais contentores aparece mais lixo e corremos o risco de haver propagação de baratas e mosquitos. Colocar mais contentores só vai atrair mais lixo”, afirmou na sexta-feira José Tavares.

As declarações sugiram em resposta a um pedido de esclarecimento de uma cidadã, durante uma sessão aberta na sede do IAM. Na exposição, a cidadã referiu que a colocação de contentores na zona envolvente da Escola Internacional de Macau (TIS), na Taipa, é “desequilibrada”, uma vez que foram colocados dois contentores para servir, no total, quatro ruas. A residente referiu ainda que o caso é mais grave no período nocturno, quando, para além de lixo, se acumulam objectos volumosos, como mobílias.

Animais | Lei de controlo sanitário em Setembro

[dropcap]A[/dropcap] Lei de controlo sanitário animal vai entrar em vigor a partir do dia 1 de Setembro. A chefe de departamento de Inspecção e Sanidade do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) referiu que a implementação da Lei é da maior importância pois “estabelece medidas para regular doenças epizoóticas [surtos em animais] e outras actividades do sector, que garantem que a população está informada sobre este tipo de doenças”.

Recorde-se que a lei introduz a obrigatoriedade de declarar casos suspeitos de doenças em animais no prazo de 24 horas, por parte de instituições médico-veterinárias, públicas ou privadas. As multas para quem não o fizer variam entre 5.000 e 20.000 patacas, sendo que o IAM está ainda a elaborar a “lista de doenças epizoóticas de Macau e o formulário de declaração”, que será publicada, mais tarde, por despacho do Chefe do Executivo.

F1 ainda não desistiu de correr na Ásia em 2020

[dropcap]O[/dropcap] Campeonato do Mundo de Fórmula 1 está a debater-se com a mais complexa temporada que há memória e os seus actores fazem malabarismos para que o campeonato cumpra as quinze provas mínimas contractualizadas com parceiros e patrocinadores. Num ano atípico, dada a pandemias, após vinte e quatro anos de interregno, o Grande Prémio de Portugal está de volta. No outro lado da balança, o continente americano foi riscado do calendário. Ao todo já estão confirmados treze Grande Prémios, mas ainda falta saber o que a Fórmula 1 tem guardado para o continente asiático.

Se 2020 tivesse sido um ano normal, o “Grande Circo” iria visitar pela primeira vez o Vietname, teria corridas também em Xangai, na China, em Suzuka, no Japão, e o já habitual Grande Prémio de Singapura. Tanto a cidade de estado, cujo seu evento citadino nocturno é já uma marca no calendário, como o país do sol nascente cancelaram os eventos para este ano. O Grande Prémio da China, a primeira prova a ser adiada esta temporada, e que parecia firme na segunda metade do calendário, “caiu” com o anúncio da Administração Geral do Desporto no início do mês em que dizia que “a China não irá albergar qualquer evento desportivo internacional este ano, excepto eventos de teste para os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim de 2022”. O reembolso dos bilhetes começou na semana passada.

Apesar de a maioria dos países do continente asiático continuarem de fronteiras praticamente fechadas ao mundo, a Liberty Media, empresa que detém os direitos desportivos e comerciais da Fórmula 1, ainda não desistiu que o seu campeonato visite esta parte do globo. “Esperamos fazer algumas corridas na Ásia, pois essa é a nossa ambição. Somos o mais flexível que podemos ser, pois a situação, ora fica melhor, ora fica pior, nos diferentes países”, disse Ross Brawn, o director desportivo da Fórmula 1, ao HM.

Apetecível Vietname

O Vietname, que este ano se estrearia na Fórmula 1, está empenhada em que o circuito citadino de Hanói albergue este ano um Grande Prémio, tendo sugerido à FOM a data de 22 de Novembro, seja com ou sem público. A data coincide com a edição deste ano do Grande Prémio de Macau, o que não será um problema para a FOM, mas ter-se-á de adequar com as restantes etapas asiáticas do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 deste ano.

“O Vietname é particularmente empolgante para nós, porque é o primeiro circuito em que estivemos directamente envolvidos em termos de desenho do circuito. Demos conselhos e trabalhamos com Herman Tilke no desenho do circuito para termos a certeza de que tínhamos tudo o que era preciso”, afirmou Ross Brawn, um dos obreiros dos últimos títulos da Ferrari na categoria rainha do automobilismo. “Estou muito entusiasmado com a corrida e tenho muitas esperanças de que a teremos.”

Realizar uma só viagem ao continente asiático seria bastante dispendioso e poderia não fazer muito sentido para as equipas. Portanto, a Fórmula 1 estará a tentar assegurar mais uma ronda no sudeste asiático, antes do fim da temporada que deverá acontecer em Dezembro no Médio Oriente, com corridas no Bahrein e Abu Dhabi. Conversações com o Circuito Internacional de Sepang, na Malásia, estarão em curso. O Grande Prémio da Malásia de Fórmula 1 fez parte do calendário de 1999 e 2017, no entanto, cortes nos apoios e uma receita de bilheteira aquém do desejado obrigaram a administração do circuito a apostar no motociclismo.

A Covid-19 e economia (I)

“Mankind does not reflect upon questions of economic and social organization until compelled to do so by the sharp pressure of some practical emergency.”
Richard Henry Tawney
Religion and the Rise of Capitalism

 

[dropcap]O[/dropcap] grande economista italiano, Federico Caffè, amargamente polémico contra uma ciência económica que fez desaparecer as pessoas por detrás dos números considerava que ser economista, significava colocar o trabalho e o bem-estar das pessoas em primeiro plano. O pensamento económico fazia sentido se o seu objectivo fosse o combate à pobreza, ao desemprego e ao sofrimento da humanidade.

Infelizmente, a corrente económica tomou um caminho diferente e continuou a dar prioridade aos números, e orientou as práticas dos governos e dos poderosos, justificando a enorme concentração da maior parte da riqueza do mundo em poucas mãos. Leu a globalização como uma prática em que todos poderiam ganhar, confiando na lógica pura do mercado e na forma como os negócios e as finanças tendiam a maximizar os lucros.

A reorganização das cadeias de produção à escala global, procurando lugares no mundo onde fosse possível produzir a menor custo, era vista como uma operação que beneficiaria toda a gente; que aumentaria a capacidade de obter lucros daqueles que detinham o poder e a riqueza; ao mesmo tempo permitiria o desenvolvimento industrial dos países mais pobres e a manutenção de preços mais baixos ao consumidor nos países desenvolvidos; valorizou, do ponto de vista turístico e residencial, talvez para os idosos que lutavam nos seus países para viver das suas pensões, lugares no mundo esquecidos por Deus; ensinou os pobres a tirar o maior proveito possível dos seus recursos naturais, transformando as práticas tradicionais de sobrevivência em agricultura industrial de grande escala, criação intensiva de gado, trazendo também à tona formas de individualismo consumista nesses países, em detrimento de antigos laços comunitários; os indivíduos perdidos nas megalópoles, arrancados das suas aldeias e a possibilidade de viverem do seu trabalho nas suas terras.

Tudo se baseia na previsão de crescimento infinito. E quando o crescimento da economia real abranda, o centro da economia desloca-se para as finanças. E as decisões mais importantes para o trabalho e a vida das pessoas concentram-se nas mãos cada vez mais distantes e invisíveis dos senhores do crédito e da bolsa, que são, entre outras, aqueles que sabem utilizar e explorar o poder dos algoritmos melhor e mais rapidamente do que qualquer outro. A crença de que a financeirização da economia continuaria o crescimento atrofiado, foi a forte ideia que fez aceitar esta expropriação gigantesca do poder dos Estados e dos cidadãos. Tudo começou no final da “era dourada”, a era do pós-guerra no início dos anos de1970, quando o aumento da produção também trouxe consigo um aumento do emprego, rendimento e consumo. O aumento do preço do petróleo e das matérias-primas restringiu as margens de lucro, assim como a possibilidade de redistribuição de algumas delas aos trabalhadores.

A automação industrial reduziu o emprego necessário para a produção de bens de consumo e de capital. As novas tecnologias de informação e comunicação e a contentorização da logística permitiram manter juntos ciclos de produção que tiveram as suas fábricas espalhadas pelo mundo, numa procura contínua de locais onde o trabalho custou menos e o limiar dos direitos sociais foi mais baixo. O número de consumidores solventes foi reduzido. Fomos confrontados, pelo menos nos pontos altos do desenvolvimento capitalista, com uma crise cada vez mais evidente de superprodução. E é então que a procura do lucro é libertada de qualquer responsabilidade para com os trabalhadores, o território e os países.

A única responsabilidade é para com os detentores de grandes participações. Uma transição que nos diz bem, com um certo avanço sobre a mesma análise económica, “Pretty Woman”, o filme mais culto do início dos anos de 1990. Richard Gere e o seu parceiro aprenderam que o dinheiro é feito com dinheiro, e que a produção, a cidade, os trabalhadores são pura sorte no ciclo de valorização do capital. Compram fábricas para as desembrulhar, e transformam a produção material em dinheiro para serem valorizadas nesse circuito de grandes finanças onde em poucos segundos trocam valores iguais ao PIB de todos os países do mundo.

A esta concepção abstracta da valorização do capital corresponde uma concepção igualmente abstracta do amor. Na verdade, Richard vai às prostitutas. Então as regras de Hollywood prevalecem sobre a realidade. Richard Gere é demasiado bem-parecido para ser apenas um pedaço de carne, e Julia Roberts é demasiado glamorosa para acabar por ser uma prostituta. E o amor que se torna uma verdadeira relação entre as pessoas é correspondido pelo regresso do especulador, que devolve a fábrica ao antigo patrão, ainda convencido de que para ganhar dinheiro era preciso fazer os trabalhadores trabalhar e produzir bens. Uns finais felizes que a América e a moda ainda queriam ouvir. As coisas, como é bem sabido, não se resolveram dessa forma. As fábricas de Detroit tornaram-se cidades fantasmas.

A produção em massa deslocou-se para países sem assistência social e sem sindicatos, onde centenas de trabalhadores podem incendiar-se em armazéns dilapidados. São os Richard Geres não redimidos pelo amor que fazem o dinheiro ir para todo o mundo e continuar a ir para as prostitutas. Os estados competem para interceptar uma parte do fluxo. Ao competir com aqueles que cobram menos impostos, os que reduzem as taxas, os que baixam os seus limiares de bem-estar. Mas era necessário encontrar uma forma de convencer até os cidadãos do Ocidente de que esse fluxo de riqueza também seria bom, que o crescimento da riqueza lhes permitiria manter o seu modo de vida, esse modo de vida americano agora generalizado no mundo, para defender os Estados Unidos, e não só, que também são legítimos para fazer guerras. O recurso à dívida nasce a nível das massas.

O que não é apenas um problema para os Estados. Mas é a consequência quase inevitável dos longos anos em que os trabalhadores foram convidados a ganhar menos e a consumir mais. Em que surgiram supermercados em vez de fábricas. Em que a identidade das pessoas passava cada vez mais do trabalho para o consumo. A crise financeira do subprime, das hipotecas desfeitas para que mesmo aqueles que não tinham dinheiro para comprar casas pudesse comprá-las, dos cartões de crédito aparentemente sem fundo, e das hipotecas que nunca foram reembolsadas. Porque a valorização do capital necessita que mesmo aqueles que vêem os seus rendimentos reduzidos, os que perdem os seus empregos, continuem a consumir.

Quando termina o sonho de uma melhoria colectiva das condições de trabalho e de vida, e uma vez acabada a era que tinha visto crescer a classe média, os pobres são convidados a ter os sonhos dos ricos. Consumidores em dívida para com os sonhos dos ricos, sonhos que a publicidade e os meios de comunicação social lhes apresentam todos os dias como pré-requisitos para uma vida decente, são, no entanto, a longo prazo, devedores insolventes. E a maioria dos Estados que estão cada vez mais dependentes dos créditos das grandes finanças internacionais estão também a tornar-se rapidamente insolventes. A crise financeira de 2008 resultou da acumulação de insolvência, que acabou por ser determinada pela manutenção do horizonte de crescimento infinito, enquanto os factores que o crescimento real podia suportar estavam a diminuir rapidamente.

A resposta foi mais uma vez predominantemente financeira, mas pelo menos nessa altura foi construída alguma forma de cooperação entre Estados e instituições económicas internacionais para encontrar uma resposta coordenada à crise. O governo dos Estados Unidos avançou rapidamente, tendo o ex-presidente Bush convocado o G20 para implementar uma estratégia coordenada para evitar que o colapso do sistema financeiro dos Estados Unidos conduzisse ao colapso de toda a economia global. A liderança política americana parecia estar consciente de que uma catástrofe nascida no interior das suas fronteiras poderia dominar o mundo, e que isto teria efeitos perturbadores na própria economia dos Estados Unidos a longo prazo. Os limites e contradições dessa resposta têm sido examinados há muito tempo.

Acima de tudo, o facto de os instrumentos financeiros e as dívidas vivas para travar a crise financeira terem sido depois transmitidos, através de sucessivas políticas de austeridade, aos cidadãos mais pobres, que eram mais do que culpados por essa crise. Mas a diferença fundamental entre essa crise e esta é que a primeira era principalmente financeira, e o restabelecimento da ordem nas finanças parecia e talvez fosse a principal necessidade. A crise actual, por outro lado, nasceu e afecta a economia real e nada é mais real do que a vida das pessoas, bloqueia as formas habituais de produção de rendimento e consumo, e torna-se financeira atirando para as mesas das autoridades monetárias internacionais, finanças globais, nas mesmas listas da bolsa, milhares de mortos e um grande número de actividades produtivas de bens e serviços, bens agrícolas e industriais, comércio e turismo, à beira da falência. E explica porque é que, apesar das injecções maciças de liquidez, da queda drástica das taxas de juro, a bolsa americana continua a estar em vermelho profundo, e as taxas de desemprego nos Estados Unidos estão a aumentar exponencialmente.

Nem na América nem na Europa podem os instrumentos monetários e financeiros resolver a crise. Isso já estava a acontecer no mundo antes da Covid-19 e os fenómenos, como o enorme alongamento das cadeias de produção que tinha afectado os salários dos trabalhadores no Ocidente e causado o êxodo de muitas empresas em todo o mundo, o crescimento cada vez mais rápido da China que se tinha tornado o principal motor da economia globalizada e o abrandamento no resto do mundo do ritmo de crescimento tinha reagido com o regresso do proteccionismo. Os deveres, o encerramento das fronteiras às pessoas e em alguns casos também às mercadorias, até a uma verdadeira guerra comercial entre países e continentes. A ideologia win-win do neoliberalismo triunfante, que prometia crescimento e bem-estar a todos, foi seguida pelos “mors tua vita mea”. Jenny Offil num belo e recente romance, “Weather”” “Pergunta. Qual é a filosofia do capitalismo tardio? Resposta. Dois caminhantes vêem um urso faminto a uma curta distância.

Um deles tira os seus sapatos de corrida da mochila e calça-os. “Não se pode correr mais depressa que um urso” diz o seu parceiro. “Só tenho de correr mais depressa do que tu”, diz ele.” O Estado, cujo papel económico e social tinha sido negado por Reagan e Thatcher, reaparece juntamente com a reafirmação do nacionalismo. Os soberanistas, a começar por Trump e Johnson, muito mais perigosos que os soberanos fascistas da Europa Oriental, afirmam a primazia da sua própria nação sobre todas as outras, e a defesa dos interesses dos seus cidadãos prevalece sobre todas as outras considerações e faz com que qualquer apelo à solidariedade internacional seja em vão. Este facto tem tido algumas consequências na gestão da própria pandemia. Durante algum tempo Trump e Johnson colocaram a preservação da competitividade da sua economia acima da defesa da saúde dos seus cidadãos e dos cidadãos do mundo. E é o nacionalismo competitivo, para além dos erros de organizações únicas, que provocou o enfraquecimento de todas as instituições internacionais destinadas a proteger a saúde e o ambiente, auxiliando e difundindo a educação e a cultura como a OMS, UNICEF e UNESCO.

A Covid-19 e as dificuldades económicas que se seguirão estão destinados, na situação actual, a acentuar estas tendências e a tornar a guerra comercial ainda mais aguda, principalmente entre os Estados Unidos e a China e com todos os vários actores a medir os seus músculos nesta guerra. A começar pela competição selvagem em curso para o controlo das matérias-primas e dos recursos naturais. O petróleo, as florestas e a água estarão no centro da luta com algumas consequências desastrosas para África e para a maior parte da América Latina. O extractivismo, a flexão de cada recurso natural e cultural para a valorização económica capitalista, aumentará de intensidade. E a lógica da globalização continuará inexoravelmente, que tem destruído progressivamente a economia de subsistência, provocando o êxodo para as megalópoles do Terceiro Mundo de milhões de camponeses, concentrando a produção de riqueza no petróleo, nos recursos minerais, no cultivo de produtos exportáveis no Ocidente, na China e na Rússia.

Tudo isto é uma das causas generativas do aquecimento global e da desertificação nesses países, bem como de muitas guerras, com a consequência de que alistar-se nos exércitos de ditadores e nas fileiras do Islão fundamentalista ou fugir para o Ocidente são a única forma de milhões de jovens africanos sobreviverem. Se o mundo dentro e depois da Covid-19 for este, a Europa arrisca-se a ficar para sempre à margem. E nenhuma medida financeira pode conseguir resolver este nó que faz da Europa, para não falar de países individualmente, um pote de panelas que colide com panelas de ferro. Para recomeçar, precisa de se repensar e passar realmente da lógica da concorrência, a da compreensão que ainda impede a adopção de medidas comuns sérias e incisivas, para a da cooperação e da solidariedade. Face a isto, pensar em termos puramente financeiros e monetários parece muito limitado.

O aumento da liquidez não resolve o problema da insolvência previsível da maioria das pequenas e médias empresas. Deve ser considerada a intervenção directa dos Estados-Membros, apoiada por recursos disponibilizados pela Europa muito acima dos setecentos e cinquenta mil milhões de euros, que garantiriam a protecção dos trabalhadores e das empresas contra a perda de rendimentos resultante da cessação da produção e da actividade comercial causada pela Covid-19, como os agricultores afectados pela doença das vacas loucas e outras catástrofes naturais, ou os habitantes de cidades e aldeias varridas por terramotos ou inundações, foram compensados. A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, referiu-se repetidamente à necessidade de um Plano Marshall Europeu. Deve-se recordar que o Plano Marshall foi em grande parte uma transferência directa de recursos dos Estados Unidos para a Europa, os mais fortes e ricos da época, na crença de que era do seu interesse ressuscitar toda a Europa dos escombros da guerra dado ser mercado para as suas exportações, parceiro produtivo na nova economia industrial triunfante e aliado na nova divisão do mundo em áreas de influência.

Um Plano Marshall Europeu só é possível se os países mais ricos da Europa, e antes de mais a Alemanha, aqueles que se opõem à mutualização comum da dívida (os chamados Eurobonds, que são muito menos abrangentes do que o Plano Marshall), reconhecerem a necessidade no seu interesse, de os países do Sul da Europa manterem a sua vitalidade económica ao mais alto nível possível. Um caminho decididamente diferente daquele que caracterizou as intervenções em resposta à crise financeira de 2008, que ultrapassou decisivamente a lógica dos empréstimos condicionados à transferência de poder e à redução da despesa pública e do bem-estar, e que viu a Europa dividir-se entre países do Norte e países mediterrânicos com graves consequências para a vida e as instituições sociais destes últimos. Não só da Grécia.

As reduções nos cuidados de saúde, educação e investigação são também filhos dessa história. Mesmo os grandes intérpretes da Europa competitiva e orientada para o mercado estão convencidos de que é necessário mudar a arma. O ex-presidente do Banco Central Europeu Mario Draghi em particular, com o seu discurso no “Financial Times”, explicou que a recessão é agora inevitável, e que a única forma de não se transformar numa depressão sem fim são intervenções estatais decisivas que absorvam, através de um aumento da dívida pública, as crescentes dívidas privadas, dos cidadãos certamente, mas especialmente das empresas e bancos. São convidados a tornar-se um instrumento de política pública, concedendo crédito ao sistema empresarial mesmo sem garantias, mas com a garantia de que o Estado assumirá as insolvências.

Alguma esquerda italiana até aplaudiu, saudando o regresso de Draghi, um antigo aluno de Federico Caffè, à órbita cultural do seu antigo mestre. Na verdade, a proposta do “Super Mario”, como muitos meios de comunicação italianos lhe chamam, pareceu a tentativa mais sensata para o regresso à normalidade económica atingida pela crise pandémica, da qual ninguém se sente culpado de forma alguma, nem mesmo aqueles que saquearam a Terra e feriram profundamente os ecossistemas em nome do crescimento infinito do fantasma. Se ninguém for responsável, se tudo o que temos de fazer é restaurar o funcionamento normal da economia, ninguém terá de pagar. E no entanto, mais cedo ou mais tarde, alguém irá pagar pelo aumento das dívidas.

Magia

[dropcap]A[/dropcap] pensar que às vezes a vida tem tonalidades de um realismo mágico, que neutraliza com as cores opostas o realismo trágico que nos abala. Como uma teimosia.

Desviar os olhos e, como por magia, esquecer tudo o que não se apresenta ao imediato constatar dos sentidos. Sentir que tudo está bem. Em harmonia e à distância de tudo o que nos faz doer. Mas não agora, naquele momento, neste, aqui. Como um toque de perfeição. E apeteceria escrever algo como um nada inócuo. Ou melhor, um nada a soar cálido, envolvente, abrangente e bom. Um nada em forma do que cada um que é outro precise para sentir. Em doçura e agrado. Em prazer e embalo e em dimensão positiva de ausência de dor. Um nada, camaleão. Em forma de um pequeno tudo, preciso, exacto e transparente. A tomar as cores do real aprazível. A repetir. A confortar. A trazer um brilho ou um sorriso. Uma admissão do sol, que brilha sempre mesmo por detrás das nuvens.

Vendo bem, quando conseguimos pensar que muita da dor está sentida num tempo verbal passado ou futuro, em forma de rescaldo ou temor, recordação ou antevisão, olhamos em volta, e com um pouco de sorte sentimos que tudo está momentaneamente bem. À custa de um olhar curto, lúcido e limpo, e de uma certa cegueira para o mundo. Ou um olhar alongado mas cuidadoso a escolher a direcção e o caminho. A passar entre todos os que estão no epicentro de algo, a combater monstros ou incêndios ou à beira de vulcões. Tudo o que nos perturba em nós e no que nos cerca pode acalmar por um tempo, tréguas de convalescença ou intervalo de sono. Não se suporta inquietação e angústia a tempo inteiro, mesmo sendo assim por defeito. Há uma janela a abrir sobre o lado sereno das coisas. O lado parcial que também pode ser uma totalidade consciente e sem remorso. Mas há teatros de guerra – estranha expressão dos analistas – há incêndios a consumir a realidade e vidas e há as moscas incansáveis sobre rostos depauperados de fome, calor, doenças e futuro inóspito para corpos de criança. Que sorriem com a plenitude abstracta, que ultrapassa tudo. Há dores presentes instaladas no corpo e a minar a alma e quaisquer caminhos que desçam dela. Há tantas coisas e por vezes nenhuma nos transtorna e mesmo assim não queremos deixar de nos amarfanhar de dor de sentir, desapontamento e frustração. Como somos fúteis.

Adeptos do sentir inútil do adverso, de navegar como barco com vento de través, sempre contra a força do vento que nunca parece a favor das velas. Bolinar todos os dias cansa. Apetece a tempestade e afundar. Ou olhar de outro ângulo.

Magia, pó de estrelas, poções e luzes, que as palavras ultrapassam em intensidade e poder. Mas tão poucas benéficas, mesmo em pensamento. Ou claras. Tão poucas, mão, tão poucas, remédio e tão poucas, poema.

Há sempre qualquer coisa. Por detrás do que se faz do que se diz do que se escreve. Mas como eu gostaria no momento de pensar lucidamente o que fazer o que dizer ou o que escrever, – um dia – ser sobre nada e que nesse nada houvesse tudo para a plenitude e a emoção de alguém entender e se encontrar. Porque nada faz mais sentido do que o encontro de si, do outro ou com o outro. A transcender a seca solidão do escrever.

Mas há a inquietação e utopias de adivinhar. Uma esponja orgânica a querer fazer ou apagar o que é certo no momento certo, refazer o tempo. O contrario do relógio que avança ao ritmo prescrito inexorável e sem dó e cumpre o seu destino friamente na maior inocência. Porque o relógio tem uma inocência ignorante maior até do que o tempo em que nos envolvemos como em capas de passado ou futuro, lentas, curvas ou estonteantes. O ónus na noção que temos e no olhar que lançamos. É isso. Queria, a pretexto desse nada, algo de textura e determinação, futuro, calor e desejo. Uma amplitude de nada com delicada cadência e uma acetinada superfície em emoção e sentir, como um parque natural para viver. Uma saída do finito e precário, da transitoriedade como tontura a revolver os olhos e o estômago, no convés. Queria isso tudo e dizer tudo o mais, em nada. Mas não seria natural. Um veemente nada. Que retorna em segurança. Como um placebo que faz bem. Uma coisa benéfica e alimentar. Penso muitas vezes no sabor das palavras, dos sentimentos. Como na diferença entre apetite e fome. O que é natural e o que é cultivado. O que é gosto e o que é necessidade.

O que é vida e o que é morte diária dos alimentos, esquecidos, cumpridos e processados. Penso, porque não consigo outro modo, quando o que eu queria era ler. Sabores a transcender a alma. Queria parar, enrolar-me em mim e esperar que algo salvasse esta inutilidade.

Esse lado de mim.

Depois, entendo que está bem porque brinca com a areia. Imerso em pensamentos, é certo, mas descontraídamente esquecido. Nada me basta mais. Do que um escondido e ligeiro sorriso atrás dos olhos.

Como a cumplicidade que não necessita palavras a produzir escolhos. Amo até à exaustão de ser de sentir ou de suportar. Mesmo a montanha mais alta e o precipício mais perigoso. Quietos, por um momento. Por magia. Uma pausa a meio da ponte. Como um limbo, podia ser um mito, mas contrário ao de Sísifo.

IndieLisboa | Covid-19 afasta filmes de Macau de cartaz com obras asiáticas

Já é conhecido o cartaz do festival de cinema IndieLisboa, que arranca a 25 de Agosto. A pandemia da covid-19 não permitiu a concretização, este ano, da habitual parceria com o Turismo de Macau, mas mantém-se a presença de filmes asiáticos no cartaz. “Signal 8”, filmado em Hong Kong pelo realizador Simon Liu, é um dos exemplos

 

[dropcap]O[/dropcap] IndieLisboa, como todos os eventos organizados este ano, teve de se adaptar e adiar datas para contornar os obstáculos trazidos pela pandemia. Ainda assim, o festival de cinema persiste e arranca a 25 de Agosto, em Lisboa, mas, ao contrário do que tem sido habitual nos últimos anos, o cinema de Macau não faz parte do cartaz devido aos constrangimentos causados pela pandemia.

“Habitualmente, temos uma parceria com o Turismo de Macau, para ter alguns novos filmes de realizadores macaenses, mas este ano, devido à pandemia, esta parceria não foi possível concretizar-se”, contou ao HM Carlos Ramos, um dos directores de programação do festival.

Apesar de não ter produções de Macau, o programa deste ano mantém a presença de filmes asiáticos, muitos deles em co-produção com países europeus.

Na categoria “Silvestre” destaca-se a presença de “Signal 8” do realizador de Hong Kong Simon Liu, uma produção de 2019. O filme olha para o território como um local “à espera de uma ruptura trazida pelo crescimento constante”.

Carlos Ramos descreve a curta-metragem experimental de Simon Liu como uma obra que “traça um olhar sobre a situação de Hong Kong neste momento, com todas as coisas que estão a acontecer, e com este sinal 8 [de tufão] em que para tudo”.

“É um filme sem diálogo, só com imagens de 16 e 35 milímetros, em película, e som. O realizador foca-se em pormenores do dia-a-dia de Hong Kong em que praticamente não se veem pessoas, só o ambiente. É construída uma espécie de tapeçaria da cidade, em que por vezes há atrasos ou se acelera, à medida que se constrói essa tapeçaria do tráfego humano em Hong Kong”, comentou Carlos Ramos.

Também na categoria “Silvestre” está o filme “A Bright Summer Diary”, do realizador chinês Lei Lei, uma co-produção China/EUA. Trata-se de uma obra de construção de memórias familiares e afectivas, conforme adiantou Carlos Ramos. “Ele [realizador] parte de uma fotografia tirada com a mãe, no final dos anos 80, e a partir daí começa a trabalhar sobre as memórias individuais e colectivas. Ele tirou a fotografia quando era criança e vai construir toda a história da sua família a partir dessa fotografia, mas também usando outras, e recorrendo à animação.”

O género animação é, aliás, familiar a Lei Lei. “É um realizador que tem feito os seus filmes na China, mas que dá aulas nos EUA. Vem principalmente da animação, mas ultimamente tem começado a fazer trabalhos mais híbridos”, esclareceu Carlos Ramos.

Falsificações em Shenzhen

A fechar a lista de filmes asiáticos na categoria “Silvestre” destaque também para “The Works and Days (Of Tayoko Shiojiri in the Shiotani Basin)”, uma co-produção de C.W. Winter e Anders Edström entre países como os EUA, Suécia, Japão, Hong Kong, China e Reino Unido.

Inspirado nos poemas gregos e latinos que elevavam artisticamente a agricultura — como são os casos de “Os Trabalhos e os Dias de Hesíodo” e de “Geórgicas de Virgílio” – a obra acompanha o labor no campo de uma família japonesa, numa pequena vila perto de Quioto. “Catorze meses de rodagem convertem-se nestas nove horas que são uma magnífica ode ao trabalho, à terra, à paisagem sonora e à passagem do tempo e das estações”, lê-se no programa do festival.

Carlos Ramos descreve a produção como “um filme observacional das tarefas diárias dela [de Tayoko Shiojiri], que vive perto de Quioto”. A exibição “será um dos grandes momentos do festival” IndieLisboa, denota o programador.

Na categoria “Competição Internacional” o festival deste ano traz a obra “Shànzhài Screens”, uma co-produção entre a França e China do realizador francês Paul Heintz. O filme conta a história de pintores de réplicas da cidade de Shenzhen. “Temos acompanhado o trabalho deste realizador desde o primeiro filme. Ele trabalha essencialmente com a curta-metragem e este filme é todo filmado em Shenzhen. É um documentário experimental em que acompanha um conjunto de pintores de réplicas, e em que regista o seu quotidiano.”

Carlos Ramos destaca o facto de, numa cidade altamente industrializada e dinâmica, a tecnologia estar sempre presente. “O engraçado é que vemos uma cidade completamente cheia de pessoas que são mediadas pela tecnologia, uma vez que, ao invés de olharem para a obra original, fazem o trabalho da réplica com a ajuda de um ecrã de telemóvel.”

O festival encerra portas a 5 de Setembro e, apesar da pandemia da covid-19, acontece, como habitualmente, em várias salas de cinema da cidade de Lisboa, uma delas o Cinema São Jorge.

Habitação | Proprietários em guerra com conselho de condomínios

[dropcap]U[/dropcap]m grupo de proprietários do Complexo Flower City está a movimentar-se nas redes sociais contras as obras de remodelação lançadas pelo conselho de condomínios. O movimento abrange os edifícios Lei Hong, Lei Tou, Lei Wai e Lei Ip após o conselho de condomínios ter proposto obras de remodelação no tecto do lobby, no interior dos elevadores e no espaço de espera dos elevadores.

Em causa estão trabalhos no valor de 3,7 milhões de patacas que os proprietários dizem ser desnecessários e terem sido aprovados sem haver uma reunião de proprietários para explicar as obras.

Por este motivo, o grupo está a mobilizar-se para chumbar o projecto numa votação que está a decorrer até quarta-feira. Outra crítica envolve o facto de as três obras estarem a cargo da mesma companhia. O conselho de condomínios justificou que todas as construções foram adjudicadas à mesma companhia para facilitar os trabalhos e que não foi feita uma reunião de condomínios para evitar eventuais contaminações por covid-19.

Imobiliário | Mais 176 frações com licença para habitação

[dropcap]F[/dropcap]oram autorizadas para habitação 176 novas frações, quase todas localizadas na península de Macau. De acordo com dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no segundo trimestre do ano oito empreendimentos habitacionais obtiveram licença de utilização.

Num universo de 14 empreendimentos, 689 frações já concluídas aguardam vistoria. Para além disso, ao longo do segundo trimestre do ano 3776 frações estavam em construção, ainda sem vistoria, e estavam em fase de projecto 115 empreendimentos habitacionais com 8.916 frações. A maioria das casas que estão a ser construídas no território são de tipologia T2, e prevê-se que os nove empreendimentos em construção em Coloane representem mais de duas mil frações.

Apesar do impacto da epidemia no turismo em Macau, continuam a ser edificados hotéis. Entre Abril e Junho deste ano, estiveram em fase de construção 15 empreendimentos hoteleiros, com um total de 7.040 quartos, enquanto 23 empreendimentos com 2.376 quartos estavam em fase de projecto. Um deles localiza-se Coloane e terá 457 quartos, havendo um empreendimento em construção na ilha com apenas 11 quartos. A Taipa foi a única zona sem obras.

Por outro lado, de acordo com dados da Direcção dos Serviços de Finanças, o preço médio por metro quadrado de frações nos primeiros seis meses do ano foi de 100.496 patacas, com o valor mais elevado a registar-se em Coloane (111.325) e o mais baixo na península (99.507).

Durante este período, foram vendidas mais de três mil habitações, a maioria delas na península de Macau. Contas feitas, o valor geral do metro quadrado desceu quase 8 por cento em comparação com a média do ano passado, que se situou nas 109.068 patacas.

Caso IPIM | Alegações finais marcadas para 10 e 11 de Agosto

A fase de inquirição de testemunhas do caso IPIM chegou ao fim. Na sexta-feira, Echo Chan marcou presença em tribunal e deixou elogios ao trabalho de Glória Batalha e Jackson Chang. A data para as alegações finais ficou definida para a próxima semana

[dropcap]A[/dropcap]cabaram de ser ouvidas na sexta-feira as testemunhas do caso que envolve o ex-presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM). Completa a fase de produção de prova, as alegações finais foram marcadas para a próxima semana, nos dias 10 e 11 de Agosto.

Com audiências a decorrer quase todos os dias durante cerca de dois meses, a juíza agradeceu a cooperação do Ministério Púbico e dos advogados. “Muito obrigada por terem cooperado e virem a horas”, disse, comentando que a produção de provas decorreu “de forma suave”. Apesar do reencontro marcado para breve, tendo em conta o início das férias judiciais no dia seguinte, a juíza deixou uma frase de despedida: “boas férias e bom trabalho”.

Echo Chan, antiga vogal executiva do Conselho de Administração do IPIM, foi chamada a depor como testemunha abonatória de Glória Batalha, que conhece desde 1995 e deixou elogios à arguida. “Para mim, é uma boa colega”, disse Echo Chan, acrescentando que Glória Batalha trabalhou de forma “sincera” e “com dignidade”. Além disso, destacou trabalhos como a preparação de deslocações empresariais a países de Língua Portuguesa e à China. Frisando a dedicação da arguida ao trabalho, disse que no acolhimento da conferência ministerial do Fórum Macau, Glória Batalha trabalhou “até toda a gente estar satisfeita”. “Gosta de apoiar os outros”, frisou Echo Chan.

Luzes de funcionamento

Sobre o funcionamento da Comissão Executiva, descreveu que a divisão de trabalhos era feita de acordo com a experiência e características de cada membro. No caso de Echo Chan, chegou a supervisionar o departamento de apoio a investidores, relações externas e gabinete de estudos. Neste âmbito, apontou várias das funções listadas no estatuto do IPIM, como a facilitação de algumas relações externas.

Em relação aos pedidos de fixação de residência, explicou que havia um gabinete jurídico que os recebia e analisava e que depois passavam pela presidência do IPIM, o gabinete do secretário para a Economia e Finanças, até ao Chefe do Executivo. De acordo com Echo Chan, “às vezes” alguns dos processos eram devolvidos e eram pedidas mais informações. Mas não precisavam de passar pelo conselho.

Foram também deixados elogios a Jackson Chang. Sobre o antigo dirigente do IPIM, de quem foi colega no conselho de administração em 2004, Echo Chan descreveu como uma pessoa “muito dedicada”, que “gostava de apoiar os colegas” e com “consciência de respeitar a legislação”.

A testemunha destacou o período da SARS, em 2003, quando lançou um programa de apoio a pequenas e médias empresas. Uma altura em que garante que Jackson Chang mostrou flexibilidade, trabalhando sem olhar às horas. “Parabéns pela sua excelente memória”, congratulou o advogado Álvaro Rodrigues quanto a testemunha acabou de depor.

Hora de almoço

A mulher de Ng Kuok Sao tem sido apontada como “patroa”, apesar de a arguida alegar que estava afastada da empresa para tomar conta dos filhos. Na última audiência foi chamada a depor uma trabalhadora que disse ajudar Wu Shu Hua a tomar conta das crianças em casa. A testemunha disse que, para além dos filhos de Wu Shu Hua almoçarem em casa e não na escola, também os dois filhos do irmão mais novo se juntavam à refeição. Uma outra testemunha, que trabalhou numa agência de viagens associada a Ng Kuok Sao, identificou assinaturas de documentos como pertencentes à mulher do empresário. A mesma funcionária reconheceu que fez depósitos e levantamentos, mas indicou ter apenas feito o trabalho que lhe foi atribuído.

Receitas da MGM China caíram a pique

[dropcap]O[/dropcap] grupo MGM China apresentou na sexta-feira perdas de mil milhões de dólares de Hong Kong no primeiro semestre de 2020, devido ao impacto da pandemia.

Se nos primeiros seis meses de 2019 o grupo registou mil milhões de dólares de Hong Kong de EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações), agora teve um resultado negativo do mesmo valor.

“Os resultados foram gravemente afectados pela pandemia da covid-19 e continuamos a ser impactados hoje”, pode ler-se no comunicado do grupo detido maioritariamente por capitais norte-americanos.

Com a imposição de restrições fronteiriças e a suspensão dos vistos turísticos da China, as receitas totais dos casinos em Macau caíram 97 por cento em Junho e mais de 77 por cento no primeiro semestre, em relação a iguais períodos de 2019.

Na mesma nota, o grupo MGM China apresentou ainda receitas de 2,4 mil milhões de dólares de Hong Kong, entre Janeiro e Junho de 2020, quando no mesmo período do ano passado tinha apresentado mais do dobro: 5,5 mil milhões de dólares de Hong Kong.

No comunicado, o grupo sublinhou que, apesar dos maus resultados, “manteve uma posição financeira saudável”, ou seja, uma liquidez de cerca de 11,4 mil milhões de dólares de Hong Kong.