Literatura | Conhecidos vencedores da primeira edição do prémio A-Má

Quatro mulheres foram distinguidas na primeira edição do prémio A-Má, além de quatro menções honrosas. Este prémio, promovido pela Fundação Casa de Macau e que reivindica a responsabilidade de divulgar a identidade macaense vai ter uma segunda edição

 

Caroline Ting, Ana Cristina Alves, Fátima Almeida e Maria Helena do Carmo. São estas as grandes vencedoras da primeira edição do prémio A-Má, promovido pela Fundação Casa de Macau (FCM) em Lisboa. O júri resolveu atribuir dois primeiros prémios e duas distinções ex-aequo, além de quatro menções honrosas.

No total, concorreram a este prémio literário 16 pessoas, oriundas de países e regiões como Macau, Hong Kong, Angola ou Brasil, entre outros. Para os dois primeiros classificados será entregue um prémio pecuniário no valor de 500 euros [cerca de 4.500 patacas], enquanto que os classificados ex-aequo recebem 200 euros [1.800 patacas].

O júri foi composto por Jorge Rangel, presidente da FCM, e por Celina Veiga de Oliveira e António Aresta, autores de várias obras sobre a história e cultura de Macau. A cerimónia de entrega do prémio decorreu na última quinta-feira, com transmissão online.

Na ocasião, Jorge Rangel adiantou que o prémio A-Má terá uma segunda edição, sendo que “em breve será feito o lançamento do novo concurso”. Existe ainda a possibilidade serem criadas outras modalidades. “Os trabalhos recebidos têm muito mérito. Podemos até pensar numa publicação que reúna os trabalhos apresentados para a sua divulgação e para que possamos cumprir o objectivo de divulgar a identidade de Macau e a sua glória”, apontou.

Jorge Rangel, que preside também ao Instituto Internacional de Macau, adiantou que o prémio tem, ele próprio, a missão de chamar a atenção para a identidade única de Macau. “Temos de olhar para o amanhã, e crer que tudo o que está a ser feito, e da parte da Fundação também, é olhar para esse amanhã e para esse reforço da identidade.”

O responsável disse ser fundamental esse trabalho de preservação tendo em conta “as enormes mudanças” que Macau tem tido. “A Grande Baía é agora o grande projecto do Governo da RAEM, sendo uma iniciativa do Governo Central. Com o crescimento de Hengqin, e todo este crescimento rápido [traz] enormes potencialidades, há muito que fazer. Este é apenas um pequeno trabalho.”

Dos escritos

Caroline Pires Ting, investigadora, ficou em primeiro lugar ex-aequo com o texto “Ressonances between Tao Yuan-Ming (365-427) and Camilo Pessanha (1867-1926): The Paradise as utopic escape”. Por sua vez, Ana Cristina Alves, ex-professora da Universidade de Macau e coordenadora do centro educativo do Centro Cultural e Científico de Macau, foi também a primeira classificada com o trabalho “Delírios de A-Má”.

Fátima Almeida, residente em Macau, ex-jornalista e actualmente professora universitária, ficou em segundo lugar ex-aequo com o conto “When I first Heard Kun Iam’s Voice”. Ao HM, a autora confessou que, para concorrer a este prémio, adaptou o capítulo do livro no qual tem trabalhado nos últimos tempos. Tudo para que “se pudesse aproximar o mais possível a uma pequena história, um momento que, quando lido, continuasse a fazer sentido para as pessoas que não leram os capítulos anteriores e nem leriam os seguintes”.

Neste conto, a personagem principal sente-se “acolhida pela voz suave de Kun Iam”, encontrando, quando se senta em frente ao Centro Ecuménico, “algumas semelhanças com a figura de Nossa Senhora que a sua avó tanto venerava”.

Fátima Almeida considera “bastante positiva” a realização deste prémio, por se tratar de um incentivo para as pessoas escreverem ou partilharem o que já escreveram sobre Macau.

“No meu caso, espero que seja mais um dos estímulos que precisava para concluir as últimas revisões do livro. Fico muito grata por esta oportunidade. Espero que continuem a desenvolver futuras edições para que possamos ter mais histórias ligadas ao território”, apontou.

Também em segundo lugar, ficou Maria Helena do Carmo com o trabalho “Flor de Lótus”. Maria Helena do Carmo é formada em História, ex-residente de Macau e autora de vários livros sobre a história do território.

No campo das menções honrosas ficou Casper Ka, com o trabalho “Doci Papiaçam – The Macaenese Patuá, its Hybridity and its Implication”. Segue-se “Uma pincelada a sépia”, de Maria Teresa Ximenez, “MIM – Memórias da Infância em Macau”, de António José Ferreira, e “Considerações sobre a identidade macaense e a sua literatura”, de Aureliano da Rosa Barata.

Hong Kong | Circulação sem quarentena pode estar para breve

Pequim autorizou a passagem fronteiriça entre o Interior da China e Hong Kong. A medida deve arrancar depois das eleições na região vizinha para o Conselho Legislativo e exige uma aplicação móvel compatível com o código de saúde chinês. A directora da DSAMA garante que os ferries podem voltar a operar menos de uma semana depois do início da bolha de viagens

 

A circulação entre Hong Kong, o Interior da China e Macau pode estar prestes a regressar um pouco à normalidade. No final da semana passada, o South China Morning Post noticiou que Pequim deu a aprovação final à bolha de viagens entre Hong Kong e a província de Guangdong sem obrigatoriedade de cumprir quarentena. A medida deverá ser implementada após as eleições para o Conselho Executivo da RAEHK, marcadas para o dia 19 de Dezembro.

Entretanto, o Governo de Carrie Lam revelou detalhes sobre a nova aplicação para telemóveis que irá gerar o código de saúde para entrar na China e os requisitos para fazer a travessia fronteiriça, que também incluem Macau. Assim sendo, os residentes de Hong Kong têm de instalar a aplicação “Leave Home Safe” durante, pelo menos, três semanas, e os dados recolhidos durante esse tempo serão disponibilizados às autoridades chineses, caso a pessoa seja infectada ou considerada um contacto próximo.

A aplicação será compatível com a tecnologia usada no Interior e fica operacional a partir da próxima sexta-feira. Aliás, a obrigatoriedade do seu uso foi uma das exigências das autoridades chinesas nas negociações que decorreram em Shenzhen no mês passado com o Executivo de Carrie Lam.

Além disso, o cenário do combate à covid-19 no território vizinho foi avaliado por especialistas chineses. “A delegação do Interior da China visitou recentemente Hong Kong, reviu a situação e concluiu que estão garantidos os requisitos mínimos para a reabertura das fronteiras. Vamos prosseguir com a implementação de transferência de tecnologia, a todo o vapor, para a reabertura das fronteiras”, afirmou Alfred Sit, secretário Inovação e Tecnologia de Hong Kong, citado pela TDM – Canal Macau.

Ferries aplicados

A app lançada na próxima sexta-feira é semelhante às usadas em Macau e na China, gera um código QR e agrega informações como o nome completo, morada e historial de vacinação.

Para já, nenhuma das partes referiu o número de travessias fronteiriças diárias que serão permitidas, ou se haverá prioridades.

Antecipando o retorno a alguma normalidade de movimentos, Susana Wong, directora dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA), afirmou ontem que assim que for autorizada a travessia fronteiriça entre Macau e Hong Kong, sem quarentena obrigatória em nenhum dos sentidos, os serviços de transporte marítimo vão estar prontos a operar num espaço temporal entre três a sete dias.

À margem de um evento para promover o consumo racional de água, a dirigente referiu que o Governo está em contacto com as empresas dos transportes de ferries, que mantiveram pessoal a trabalhar na manutenção e reparação das embarcações.

Telecomunicações | Entidade chinesa estuda 5G

A chegada da rede 5G a Macau está a ser estudada por uma entidade do Interior da China Derby Lau, directora dos Serviços de Correios e Telecomunicações, explicou que será lançado um calendário sobre as medidas relativas à rede 5G.

“Vamos criar condições para que Macau possa ser uma cidade de turismo inteligente”, rematou. Derby Lau disse ainda que o Executivo está à espera dos resultados do estudo para tomar uma decisão sobre os activos da CTM.

“Queremos tratar melhor os activos de concessão. A CTM fez uma promessa sobre descontos nas tarifas e, a curto prazo, o Governo vai continuar a discutir a lei das telecomunicações e iremos ver os resultados do estudo, para termos uma noção e atitude sobre os activos de concessão”, adiantou.

Aeroporto | Recuperação de passageiros só em 2024

Simon Chan, presidente da Autoridade de Aviação Civil de Macau (AACM), garantiu que a recuperação do número de passageiros no Aeroporto Internacional de Macau para níveis pré-pandemia só será possível em 2024.

“A indústria de aviação civil sofreu um grande impacto e só em 2024, segundo as nossas previsões, vamos retomar o número de passageiros do passado.”

“Estamos a rever o regime jurídico da exploração da actividade de transporte aéreo e a preparar-nos para a recuperação”, concluiu. Recorde-se que o fim do monopólio da Air Macau está em cima da mesa, mas o projecto foi adiado.

Produção de resíduos e gastos de energia elevados durante a pandemia

Mesmo com menos turistas e as fronteiras condicionadas Macau continuou a gastar muita energia e a produzir muitos resíduos alimentares e domésticos. Os dados foram avançados na sexta-feira pelo Governo. “Com a queda do número de turistas, a produção de resíduos diminuiu, mas não foi significativa”, disse Raymond Tam, director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA). O secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, adiantou mesmo que entre Janeiro e Outubro a taxa de utilização da electricidade baixou apenas dois por cento em relação ao mesmo período de 2019.

“Com menos turistas reduzimos apenas em dois por cento. Que significado tem este número? Que as tarifas são baratas e as pessoas não tomam muita atenção a isto. Macau é uma cidade rica, as pessoas não ligam ao uso de água e electricidade, todos têm dinheiro para pagar estes bens. Não temos pressão de preços.”

Além disso, Raimundo do Rosário frisou que, nos últimos anos, “[os níveis] de emissão de carbono no interior da China têm diminuído, mas nós estamos a aumentar as emissões”. “Quando se abre um novo casino aumentam as emissões de carbono e reduzi-las não é assim tão fácil”, acrescentou.

Menos plástico

Ainda na área ambiental, Raymond Tam disse que o Governo pondera implementar um programa de redução do uso de plástico em parceria com restaurantes, que passa pela atribuição de descontos a quem utilizar os seus próprios talheres. A proibição de palhinhas e palhetas de plástico deverá ser uma realidade no próximo ano.

Relativamente à ao sector da reciclagem, o director da DSPA adiantou que o Governo não vai conceder um terreno para estas empresas, mas está a “ponderar a atribuir um subsídio”, enquanto o secretário admitiu negociações para que centros de reciclagem chineses recebam resíduos de Macau.

Além disso, está em funcionamento um programa de eco-escolas que conta com cerca de 100 instituições de ensino, ou seja, 80 por cento das escolas do território, e ainda 90 mil professores e alunos.

Habitação Pública | Governo suspende projecto na avenida Wai Long

O secretário para os Transportes e Obras Públicas admitiu que o projecto de habitação pública no antigo terreno destinado ao empreendimento La Scala está suspenso. Raimundo do Rosário disse mesmo “não saber se será necessário construir habitação económica” no local

 

No debate das Linhas de Acção Governativa (LAG) para a pasta dos Transportes e Obras Públicas Ho Ion Sang queixou-se que o projecto de habitação pública na avenida Wai Long, junto ao aeroporto, mereceu “pouca tinta”. E de facto, para o Governo, não mereceu nenhuma: o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, adiantou que o projecto está, para já, suspenso, depois de anos de estudos e debates no hemiciclo.

“Temos 11 mil candidaturas para cinco mil fracções de habitação económica na zona A. O projecto da avenida Wai Long está suspenso e não sei se será necessário construir habitação económica nessa zona”, referiu realçando a redução de candidaturas face ao último concurso. Recorde-se que em 2017, quando o projecto estava em discussão no Conselho do Planeamento Urbanístico, o Executivo demonstrou vontade de construir casas públicas no local. Em Fevereiro deste ano, o Governo revelou duas alternativas aos deputados, uma delas com a possível redução de fracções.

Raimundo do Rosário deixou também no ar a possibilidade de criar um regime permanente de candidaturas. De resto, prudência foi sempre uma palavra chave no discurso do secretário nesta matéria. “Temos ainda um ano para ver a procura da habitação económica e podemos usar este prazo para desenvolver habitação social.”

O secretário afirmou também que a aposta do Executivo é a “resolução das necessidades habitacionais”, meta para a qual contribuem os 768 apartamentos de habitação social construídos e as mais de duas mil fracções em construções.

“Vamos concluir a proposta de Lei da Habitação Intermédia no próximo ano e iniciar a obra da superestrutura do projecto de 1.800 residências para idosos no Lote P da Areia Preta, no qual serão utilizados módulos pré-fabricados, um método mais amigo do ambiente”, antecipou ainda.

Quase um colapso

Foram poucos os detalhes avançados sobre a habitação intermédia, uma vez que o Governo “está na fase inicial da produção legislativa” e está em curso um estudo sobre a habitação pública. Perante as questões de alguns deputados, Raimundo do Rosário afirmou: “vou sofrer um ataque cardíaco, a lei nem sequer está elaborada e já falam na atribuição de fracções?”, apontou. O secretário explicou que o projecto de habitação intermédia não irá “roubar” terrenos, uma vez que existem “recursos” suficientes neste âmbito.

O secretário disse ainda que está na altura de pensar em atribuir terrenos recuperados pela Administração, anteriormente concessionados sem aproveitamento, para casas privadas. “Disseram que não há habitações no mercado privado. Começámos a implementar a Lei de Terras em 2014, quantos anos passaram? Não concedemos terrenos para habitação privada e penso que será tempo oportuno para arrancar com esses trabalhos.”

Tutela | “Probabilidade de falhar é alta”, diz Raimundo

No final do debate, que terminou à meia-noite, Raimundo do Rosário deixou vários alertas sobre o exercício de funções na sua tutela. “A probabilidade de falhar é alta. Assumo mais responsabilidades do que outros [serviços]. Nem temos ainda a legislação sobre a habitação intermédia e já questionam [sobre esta matéria]. Tudo tem de ser feito rapidamente. Vamos ter falhas, mas espero que não sejam graves.” Kou Hoi In, presidente da Assembleia Legislativa, congratulou o secretário. “Fez um trabalho notório que merece os nossos reconhecimentos. Temos trabalhos atrasados em relação às zonas vizinhas, pelo que o Governo deve trabalhar mais em prol da população.”

Zonas marítimas | Governo admite atraso nos projectos

Questionado sobre o andamento dos projectos de desenvolvimento da área marítima de 85 quilómetros quadrados, Raimundo do Rosário admitiu atrasos. “O andamento não é satisfatório, mas não suspendemos o trabalho. Não posso fazer qualquer promessa pois não depende apenas da nossa parte.” Susana Chou, directora dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água, explicou que estão em curso cerca de uma centena de projectos distribuídos em oito categorias, ao nível de transportes, aterros, protecção ambiental e construções. Também sobre este ponto foi contratada uma entidade do Interior da China para realizar um estudo. “Temos de ter em conta a realidade geográfica de Macau e o planeamento das zonas marítimas das regiões vizinhas, sem esquecer o Plano Director. Temos de ponderar as necessidades em termos de grandes infra-estruturas”, apontou.

Covid-19 | Índia confirma primeiros dois casos da variante Ómicron

A Índia confirmou quinta-feira os seus primeiros dois casos da variante Ómicron do vírus SARS-CoV-2, recentemente detetada na África do Sul, em homens provenientes do estrangeiro no sul do estado de Karnataka. O Ministério da Saúde indiano não quis adiantar a origem dos dois infetados.

De acordo com o secretário-adjunto, Lav Agarwal, todas as pessoas que estiveram em contacto com os dois homens foram identificadas e testadas. A Índia já classificou pelo menos 12 países “em risco” e seis em “risco muito elevado” face à ameaça da Ómicron.

Alguns estados indianos emitiram diretrizes de restrição rígidas para chegadas internacionais, como medidas de precaução, incluindo testes à covid-19 obrigatórios para os oriundos da África do Sul, Botswana e Hong Kong.

A covid-19 provocou pelo menos 5.223.072 mortes em todo o mundo, entre mais de 262,93 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

Didi troca bolsa de Nova Iorque por Hong Kong face a escrutínio das autoridades

A empresa chinesa Didi Global disse hoje que vai sair da Bolsa de Valores de Nova Iorque e passar a ser negociada em Hong Kong. O comunicado, emitido pela empresa de serviços de transporte compartilhado Didi, o ‘Uber chinês’, de apenas uma frase, não avançou com uma explicação.

As acções da empresa e outros grupos de tecnologia do país, incluindo o gigante do comércio eletrónico Alibaba Group, afundaram, depois de terem sido atingidos por medidas de segurança de dados e anti-monopólio.

Os reguladores anunciaram, em julho passado, que intensificariam o escrutínio sobre empresas chinesas de tecnologia cotadas em bolsas estrangeiras.

Nos últimos anos, os empresários do setor privado da China, que estão em grande parte excluídos do sistema financeiro estatal, acederam a milhares de milhões de dólares no exterior.

Mas Pequim está agora a apertar o controlo sobre as operações no exterior e prometeu criar mais formas de arrecadarem dinheiro na China.

“Após uma cuidadosa pesquisa, a empresa vai encerrar as operações na Bolsa de Valores de Nova Iorque, imediatamente, e iniciará os preparativos para ser listada em Hong Kong”, frisou o Didi.

A Didi Chuxing, com sede em Pequim, arrecadou cerca de 4,4 mil milhões de dólares, na sua estreia na bolsa, em 30 de junho. Mas o preço das suas ações caiu 25% depois de os reguladores chineses terem anunciado que estavam a investigar a empresa.

O regulador do ciberespaço da China disse anteriormente que detetou “violações graves” na forma como o Didi colectou e armazenou informações pessoais dos utilizadores, argumentando que a empresa devia “rectificar os problemas”, mas não avançou mais detalhes.

As empresas chinesas começaram, há duas décadas, a emitir ações no exterior, mas os reguladores nunca clarificaram se as estruturas financeiras que usam para esse efeito estão de acordo com a lei da China, que veta de facto o acesso de capital estrangeiro a vários setores.

Justiça filipina autoriza Maria Ressa a viajar para Oslo para receber o Prémio Nobel

O Tribunal de Recurso das Filipinas permitiu hoje à jornalista Maria Ressa viajar para a Noruega para a cerimónia de entrega do Prémio Nobel da Paz em Oslo, a 10 de Dezembro.

A decisão do tribunal permite a Ressa estar em Oslo durante cinco dias, de 08 a 13 de dezembro, informou o website Rappler, do qual ela é fundadora e diretora executiva.

Ressa foi reconhecida com o Prémio Nobel da Paz de 2021, juntamente com o repórter russo Dmitry Muratov, pelos seus esforços “para salvaguardar a liberdade de expressão” nos seus respetivos países.

A jornalista precisa da autorização dos tribunais para deixar o país, uma vez que está envolvida em vários processos judiciais nas Filipinas, na sequência das suas investigações sobre a guerra sangrenta contra a droga lançada em 2016 pelo Presidente filipino, Rodrigo Duterte.

O Procurador-Geral das Filipinas, José Calida, apresentou há uma semana um recurso ao Tribunal de Recurso para que a jornalista pedisse autorização para viajar a Oslo para receber o prémio negado com o fundamento de que se tratava de “viagem de risco”.

A ONU tinha instado o Governo filipino a autorizar Ressa a viajar para receber o Prémio Nobel da Paz.

A jornalista, que enfrenta seis casos criminais por alegada evasão fiscal e violação das leis de propriedade dos meios de comunicação social, foi condenada em junho de 2020 por ‘ciberdefamação’ por um tribunal filipino.

A jornalista enfrenta até seis anos de prisão por este caso, embora esteja atualmente sob recurso, uma pena que poderá ascender a várias décadas se for condenada pelas outras acusações financeiras.

Ressa tem sido sujeita a uma campanha de perseguição judicial desde que começou a investigar a guerra de Duterte contra a droga e por causa da sua luta contra a desinformação e notícias falsas.

Reforçada lei das escutas para responder a desafios tecnológicos e criminais

O Conselho Executivo anunciou hoje que vai enviar para a Assembleia Legislativa a nova lei das escutas, com a qual pretende responder aos actuais desafios tecnológicos e criminais.

A proposta do Governo é de realizar ajustamentos aos tipos e meios de crimes aplicáveis e de comunicações, bem como nos prazos da intercepção, deixando esta de ficar circunscrita à escuta telefónica, mas aplicável às telecomunicações em geral.

Para o Governo, o actual regime, que vigora há mais de 24 anos, está desactualizado, sendo necessário responder ao desenvolvimento da tecnologia de comunicações e à complexidade crescente da actividade criminosa.

O Governo garantiu que irá “manter o que está estipulado no vigente sistema da lei processual penal, segundo o qual a intercepção deve ser efectuada só mediante autorização ou ordem antecipada do juiz”.

Além disso, “para garantir os direitos fundamentais da população, a presente proposta de lei regulamenta rigorosamente as formalidades das operações e a duração relativas à intercepção das comunicações”, sendo “expressamente estipulado que o pressuposto para a execução da interceção é que esta diligência de investigação seja indispensável para a descoberta da verdade”.

Por outro lado, “são aditadas novas disposições nas quais está previsto que a intercepção é adoptada só em caso de não haver outra opção”.

Com a nova lei vão ser igualmente “sanções penais específicas, sendo aplicadas sanções penais para o ato de violação do dever de sigilo através da revelação de informações a terceiros, e para a interceção das comunicações sem o despacho do juiz”. “Estes crimes são puníveis com pena de prisão até três anos ou com pena de multa”, acrescenta-se.

LAG 2022 | Plano director e novo hospital são prioridades do Governo

O secretário para os Transportes e Obras Públicas anunciou hoje que o plano diretor da cidade, uma “meta prioritária” do Governo, estará concluído “em breve”, prevendo ainda a conclusão do novo Hospital das Ilhas em 2022.

“Em breve estará cumprido um dos trabalhos mais importantes e necessários desta tutela, pelo qual há muito se aguardava e que, aliás, foi definido como uma meta prioritária quando assumi estas funções: dotar a cidade de um Plano Diretor, um instrumento fundamental de planeamento urbanístico”, disse Raimundo do Rosário, durante o debate setorial das Linhas de Acção Governativas (LAG) para 2022, na Assembleia Legislativa.

A conclusão do plano permitirá iniciar “a elaboração dos planos de pormenor das diversas zonas, nomeadamente da Zona A, a maior das novas áreas urbanas planeadas”, que o Governo pretende “transformar numa área habitacional moderna”, e “levar a concurso público terrenos para a construção de habitação pelo setor privado”, sublinhou.

O governante disse ainda que o novo Hospital das Ilhas, “outro dos trabalhos pelo qual a cidade também tem aguardado com muita expectativa”, deverá estar terminado até ao fim do próximo ano.

“Até ao final de 2022, concluiremos a obra da estrutura principal do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas para que seja posteriormente equipado e mobilado”, esclareceu.

Durante o discurso que fez perante os deputados, o governante recordou o impacto da pandemia no “dia-a-dia”, apontando que a secretaria que tutela reforçou “o investimento em obras públicas”, para “apoiar a revitalização da economia e melhorar a qualidade de vida da população”.

Entre as principais obras previstas estão “a construção de habitação pública, da quarta ponte de ligação entre Macau e Taipa e a extensão da rede do metro ligeiro”, precisou.

A “resolução das necessidades habitacionais” foi outra das prioridades apontada por Raimundo do Rosário, recordando que, para “dar resposta a quem mais precisa de um teto”, foram concluídas este ano 768 frações de habitação social e estão em construção “mais de 2.000”.

“Vamos concluir a proposta de Lei da Habitação Intermédia no próximo ano e iniciar a obra da superestrutura do projeto de 1.800 residências para idosos no Lote P da Areia Preta, no qual serão utilizados módulos pré-fabricados, um método mais amigo do ambiente”, antecipou ainda.

Raimundo do Rosário anunciou também a conclusão, no próximo ano, do Plano de Trânsito e Transportes Terrestres 2021-2030, e a continuação da “expansão da rede do metro ligeiro”.

Na área dos transportes, o secretário disse ainda que, no próximo ano, prosseguirão “os trabalhos de construção da estação da Barra, das linhas de Hengqin e de Seac Pai Van, e de construção da quarta ponte Macau-Taipa, prevendo ainda lançar o concurso para a concepção e construção da Linha Leste, que fará a ligação entre a estação do Pac On, na Taipa, e as Portas do Cerco, através da Zona A”.

“O túnel de Ká-Hó vai entrar em funcionamento a curto prazo e, em 2022, serão iniciadas as obras de transformação de parte do Terminal Marítimo da Taipa num segundo terminal do Aeroporto”, acrescentou.

Para “incentivar a modernização e a digitalização do setor da construção civil” e “responder a preocupações ambientais”, o Governo introduziu também “a medição de trabalhos e materiais (QS) e a modelagem de informação da construção (BIM)”, apostando igualmente “na adoção de novos modelos de construção, nomeadamente de módulos pré-fabricados”, exigências a incluir “nos futuros concursos, sempre que possível”, disse o governante.

“Na área da protecção ambiental, será também feita uma análise geral sobre a reciclagem em Macau para podermos otimizar a rede, concluiremos um plano de construção de instalações de água reciclada e da rede de esgotos e daremos continuidade aos trabalhos para a construção de uma nova estação de tratamento de águas residuais, na Ilha Artificial da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau”, concluiu.

Leia mais pormenores do debate desta sexta-feira na edição impressa do HM de segunda-feira.

Segurança nacional | Criados cargos para reforçar implementação da lei

O Governo Central criou dois novos cargos para reforçar a defesa da segurança nacional em Macau, sendo que a Comissão de Segurança Nacional do território vai integrar quatro representantes de Pequim. Governo de Macau expressou “firme apoio” à decisão e considerou que a defesa da segurança nacional é “inabalável” e o seu ensino “indispensável e urgente”

Com Lusa

 

A China aprovou a criação de dois novos cargos para reforçar a defesa da segurança nacional em Macau, anunciou o Executivo do território na passada sexta-feira. A decisão foi tomada no dia 30 de Novembro, no seguimento de um relatório apresentado pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng. Para o Governo de Macau, trata-se de uma deliberação, cuja aplicação é “inabalável” e que irá contribuir para a concretização plena do princípio “um país, dois sistemas”.

“O Governo Popular Central, no seu despacho, concordou com o relatório do Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, e decidiu criar os cargos de consultor para assuntos relativos à defesa da segurança nacional e de consultor técnico de segurança nacional”, começou por explicar o Executivo de Macau, em comunicado.

“O Governo da RAEM expressa o seu firme apoio e envidará todos os esforços no trabalho da sua implementação. A sua aplicação não é apenas inabalável, bem como contribui para a concretização plena do princípio ‘um país, dois sistemas’ e defende a soberania do país, a segurança e os interesses de desenvolvimento, mantendo a prosperidade e a estabilidade de Macau a longo prazo”, é acrescentado.

Citando a agência estatal Xinhua, a agência Lusa avança ainda que a Comissão da Defesa da Segurança Nacional de Macau vai incluir quatro representantes de Pequim, entre eles o director do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau.

O lugar de conselheiro para a segurança nacional será ocupado pelo director do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau e os outros três elementos da mesma entidade como conselheiros técnicos.

Indispensável e urgente

Reagindo à criação dos novos cargos, o Governo sublinha ainda que a “Lei da Defesa da Segurança Nacional enfrenta uma nova conjuntura e desafios”, dadas as “vicissitudes internas e externas” da aplicação do princípio “um país, dois sistemas”. Por isso, é apontado, “torna-se indispensável fortalecer a constituição do sistema jurídico e o mecanismo da sua aplicação”.

Assim sendo, adiantou, vai “introduzir prontamente as alterações correspondentes ao Regulamento Administrativo (…) ‘Comissão de Defesa da Segurança do Estado da RAEM e adicionar (…) a criação dos cargos de consultor de defesa da segurança nacional e o conteúdo relevante de consultor técnico de segurança nacional, por forma a garantir que a decisão do Governo Central atinja os objectivos, salvaguardando da melhor forma a defesa da segurança nacional e constitua um instrumento forte e legal para uma governação de Macau nos termos da lei”.

Por sua vez, é ainda adiantado que a promoção da defesa da segurança nacional no ensino é “indispensável e urgente” para beneficiar a governação e a paz de Macau a longo prazo, em conformidade “com os interesses gerais do país e sociais de Macau”.

Deputados e associações aplaudem

Ouvidos pelo jornal Ou Mun, deputados e dirigentes associativo de várias franjas sociais revelaram apoio total à decisão de Pequim de criar em Macau, os cargos de consultor para assuntos relativos à defesa da segurança nacional e de consultor técnico de segurança nacional.

Segundo a publicação, o deputado José Chui Sai Peng apelidou a criação dos novos cargos como “muito significativa”, tendo em conta a “nova Era”, em que Macau se assume como uma “importante” porta de entrada para a Grande Baía. Isto, quando a zona de cooperação aprofundada em Hengqin irá “enfrentar perigos e desafios de segurança nacional diversos”.

Por seu turno, tanto a presidente da Associação de Educação de Macau, Chan Hong como o ex-deputado Chan Wa Keong vincaram que o mundo está a enfrentar mudanças sem precedentes e que, dado o ambiente internacional “imprevisível”, importa dar continuidade aos trabalhos de defesa da segurança nacional em Macau.

Também ao Ou Mun, o ex-deputado Iau Teng Pio apontou que o Governo Central tem toda a legitimidade de reforçar a lei de segurança nacional de Macau, frisando que o território “necessita de instruções técnicas”, ao nível da segurança económica e informática.

Imobiliário | Kaisa Group, da China, alerta para possibilidade de incumprimento no pagamento de dívida

Uma construtora imobiliária chinesa alertou hoje para a possibilidade de não conseguir pagar um título de 400 milhões de dólares, que vence na próxima semana, aumentando os receios num setor que atravessa uma grave crise de liquidez na China.

O Kaisa Group Holdings Ltd., que tem sede em Hong Kong, disse que tentou renegociar a dívida, que vence na próxima terça-feira, mas foram poucos os detentores de títulos que concordaram com os termos propostos pela empresa.

“Não existe garantia de que a empresa vai ser capaz de cumprir as obrigações de reembolso”, informou a Kaisa, num comunicado divulgado pela Bolsa de Valores de Hong Kong.

O grupo não informou se existe um período de carência, antes de entrar em incumprimento.

Alguns construtores chineses estão a tentar reduzir a sua dívida depois de os reguladores terem imposto limites na alavancagem no setor. Isto alimenta receios sobre possíveis incumprimentos e turbulência nos mercados financeiros.

Os investidores temem ainda que o grupo Evergrande, a construtora mais endividada do mundo falhe o pagamento das suas dívidas. Funcionários do banco popular da China (banco central) tentaram tranquilizar os investidores, ao afirmar que o sistema financeiro pode ser protegido dos problemas da Evergrande.

Economistas dizem que Pequim pode intervir para garantir que há liquidez suficiente nos mercados de empréstimos, mas que quer evitar enviar o sinal errado ao proteger a Evergrande e outras construtoras.

A Kaisa disse que vai analisar opções, incluindo a venda de ativos. A empresa afirma ter mais de 17.000 funcionários, 310 mil milhões de yuans em ativos e propriedades em mais de 50 cidades chinesas.

Em outubro, uma outra construtora, de média dimensão, a Fantasia Holdings Group, anunciou que não conseguiu cumprir o pagamento de 205,7 milhões de dólares aos detentores de títulos.

China substitui selecionador devido às dificuldades no apuramento para o Mundial 2022

O treinador Li Tie deixou o comando técnico da seleção chinesa de futebol, sendo substituído por Li Xiaopeng, devido às dificuldades na qualificação para o Mundial2022.

A decisão foi anunciada na quarta-feira, após os 14 dias de confinamento a que a seleção chinesa esteve votada, após a permanência nos Emirados Árabes Unidos, onde tem disputado como anfitrião os jogos de qualificação.

Li Xiaopeng, de 46 anos, orientava a formação do Wuhan Zall, depois de ter comandado as equipas do Shandong Luneng, do Qingdao Jonoon e a seleção feminina.

O antigo médio integrou a seleção que participou pela única vez na fase final de um campeonato do mundo, em 2002, quando não teve de enfrentar na qualificação as ‘potências’ Coreia do Sul e Japão, que asseguraram as suas presenças como anfitriãs da competição.

A China ocupa, após seis jornadas, o quinto e penúltimo lugar do Grupo B de qualificação asiática, com cinco pontos, menos 11 do que a líder Arábia Saudita e menos sete do que o Japão.

Qualificam-se diretamente para o Mundial2022, que vai ser disputado no Qatar, os dois primeiros de cada grupo, enquanto os terceiros colocados avançam para um ‘play-off’, que dá acesso à ronda de apuramento intercontinental, com o quinto classificado da CONMEBOL.

Li Tie, de 44 anos, sucedeu em 2020 no comando da seleção chinesa ao italiano Marcello Lippi, um dos vários treinadores estrangeiros contratados no país nos últimos anos.

Apesar dos apelos do Presidente do país, Xi Jinping, para que a China se torne uma superpotência do futebol, a seleção masculina atualmente ocupa a 74.ª posição do ‘ranking’ da FIFA.

Covid-19 | Cidade chinesa oferece mais de mil euros a quem testar positivo

Os residentes da cidade chinesa de Harbin que fizerem um teste de ácido nucléico para o coronavírus e acusarem positivo vão receber uma recompensa equivalente a 1.386 euros, anunciaram hoje as autoridades locais.

Segundo os dados do Governo de Harbin, foram detetados hoje três casos de covid-19, relacionados com o surto na cidade de Manzhouli, na região vizinha da Mongólia Interior.

A decisão das autoridades visa “bloquear os canais de transmissão do vírus”, ao estimular a população a fazer o teste.

A medida atraiu a atenção nas redes sociais do país, com mais de 100 milhões de leituras na Weibo, semelhante ao Twitter.

“Qual é o problema? Os cidadãos são incentivados a fazer o teste e a disseminação do vírus pode ser assim interrompida se o resultado for positivo”, apontou um internauta.

Outros não entendem a campanha ou acham que o dinheiro poderia ser investido de outra forma: “fazer o teste é da responsabilidade de todos, por que deveriam de ser recompensados”, questionou outro.

As autoridades de saúde da cidade também pediram à população que “evite viagens” e ordenaram o encerramento temporário de estabelecimentos com grande afluência de público, como balneários, discotecas, teatros ou cinemas.

As farmácias vão ser proibidas de vender remédios para a tosse ou gripe e antibióticos e se o comprador apresentar “sintomas suspeitos”, como febre, o estabelecimento deve informar as autoridades, caso não queira enfrentar possíveis responsabilidades legais pela disseminação do vírus.

A China mantém uma política de tolerância zero contra o vírus. As autoridades locais restringem a movimentação de pessoas e organizam testes em massa sempre que um caso é detetado. Segundo relatos da Comissão Nacional de Saúde da China, desde o início da pandemia, 98.897 pessoas foram infetadas no país, entre as quais 4.636 morreram.

Festival da Luz | Evento arranca este sábado com sete roteiros distintos 

Começa este sábado mais uma edição do Festival da Luz, desta vez com o tema “Viajantes de Marte”. O evento, organizado pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), traz sete roteiros distintos em 17 locais do território, incluindo espectáculos de video mapping.

Até ao dia 2 de Janeiro o público poderá ver diversos espectáculos de luz entre as 19h e as 22h, sendo que a última actividade de video mapping acontece às 21h50 em locais como o NAPE, Praia Grande, Nam Van ou zona norte, entre outros.

Pela primeira vez, o Festival da Luz apresenta um espectáculo de video mapping no Centro de Ciência de Macau. Neste local será exibido o projecto “Sabor Original de Macau”, trazido por uma equipa oriunda de Changsha, uma das Cidades Criativas da UNESCO em Artes e Média.

O programa inclui ainda a apresentação de espectáculos video mapping em outros três locais, nomeadamente “Nós”, no Largo do Pagode do Bazar e “Glid”, projecto de uma equipa criativa de Tóquio, que será exibido no Largo dos Bombeiros, na Taipa. O espectáculo “Em Pares”, de uma equipa de Macau, será exibido na Capela de São Francisco Xavier, em Coloane.

Drones e Carnaval

O cartaz do festival este ano traz ainda o evento comunitário “Arraial na Ervanário”, bem como diversas actividades interactivas, como um jogo com prémios para a captura de imagens com realidade aumentada. Os premiados têm a oportunidade de receber cupões electrónicos de lojas, podendo, através da plataforma dos cupões electrónicos, deslocar-se a lojas situadas nas proximidades para receberem prendas gratuitas ou descontos.

Este sábado a cerimónia de abertura do festival tem lugar na marginal do Centro de Ciência de Macau, sendo que neste dia acontece também a iniciativa “Gala de Drones Brilha sobre Macau”, organizada pela primeira vez.

Além disso, começa também no sábado a actividade “Carnaval da Luz”, inserida na série de actividades “Feira de Diversões para Desfrutar Macau”, organizada pela Associação sem Fronteira da Juventude de Macau e co-organizada pela DST.

O adeus de Solskjaer ao Manchester United

Penso que ninguém pode questionar a lealdade de Solskjaer ao Manchester United. Desde o tempo em que era jogador até à altura em que foi treinador, tudo o que fez teve sempre em vista os interesses do clube. No início desta época, com o regresso de Cristiano Ronaldo e a vinda de novos jogadores, todos os adeptos esperavam que os tempos de glória do Manchester United estivessem de volta. Infelizmente, o clube e os jogadores foram sofrendo revezes uns atrás dos outros e a capacidade de Solskjaer como treinador passou a ser questionada. Solskjaer acabou por sair de forma amigável do clube. Embora já não seja seu treinador, afirma que será sempre um fiel adepto do Manchester United.

A partida de Solskjaer veio demonstrar que não basta ser leal, também é necessário ser competente.
Em Hong Kong e em Macau, têm surgido muitos “patriotas” desde que a China implementou os princípios “Hong Kong governado por patriotas” e “Macau governado por patriotas”. Estes patriotas, para provarem a sua lealdade, irão sempre defender e apoiar quaisquer ideias e iniciativas desde que sejam propostas pelo Governo Central e pelo Governo da RAEM. Mas será que um tal patriotismo cego beneficia o país e a sociedade? Será útil à administração do Governo da RAE?

É inegável que os Chefes dos Executivos de Hong Kong e de Macau são absolutamente dependentes do Governo Central. Se analisarmos as administrações dos quatro Chefes do Executivo precedentes, verificamos que todos lidaram com conflitos e com contradições. Donald Tsang Yam-kuen (o Segundo Chefe do Executivo de Hong Kong) governou bem, mas foi condenado à prisão quando saiu de funções. Embora o último recurso que apresentou tenha tido resultados positivos, a sua prisão diminuiu o amor de muitas pessoas por Hong Kong.

Quando Carrie Lam Cheng Yuet-ngor assumiu o cargo, afirmou que queria resolver as desavenças sociais deixadas por Leung Chun-ying (o terceiro Chefe do Executivo). Mas a sua actuação acabou por ser contraproducente e criou ainda mais desavenças. A implementação da “Lei da República Popular da China para a Salvagarda da Segurança Nacional da Região Administrativa Especial de Hong Kong” e o “Aperfeiçoamento do Sistema Eleitoral (Consolidação das Emendas)” mergulhou Hong Kong numa nova fase de incertezas. Da mesma forma, a ecologia política de Macau foi alterada depois da “desclassificação” dos candidatos às eleições para a 7.ª Assembleia Legislativa de Macau. E na medida em que a pandemia de COVID-19 continua activa há quse dois anos, haverá impactos inimagináveis no futuro de Macau.

Na antiga China contava-se a história de Bian Que, um médico genial e do Rei do Estado de Cai. Bian Que tinha avisado o Rei por três vezes para ter cuidado com a sua saúde, uma a cada dez anos. Mas o Rei não sentia qualquer problema de saúde, e por isso achava que Bian Que tinha qualquer intenção oculta quando o consultava.

Por altura da quarta consulta, Bian Que saiu sem dizer nada ao Rei. O Rei mandou um servo perguntar a Bian Que porque é que tinha saído sem dizer nada. Bian Que respondeu que quando deu o primeiro aviso ao Rei a doença estava numa fase inicial e teria sido fácil de tratar. Na segunda consulta, o médico tinha percebido que a doença se tinha alastrado, mas que ainda era curável.

Na terceira consulta, a doença tinha chegado a um estado crítico mas o Rei continuou a recusar o tratamento. Na quarta consulta, a doença do Rei tinha chegado ao estado terminal e já não tinha cura, por isso tinha saído sem dizer nada. O Rei depois de ter ouvido o mensageiro continuou a não dar crédito às palavras de Bian Que. Cinco dias depois, o Rei chamou Bian Que para que o tratasse. Mas Bian Que já tinha deixado o estado de Cai para evitar que o dessem como criminoso. O Rei acabou por morrer desta doença fatal.

Embora Ole Gunnar Solskjaer tenha sido despedido do Manchester United, continua a afirmar a sua lealdade ao clube. Mas parece não ter sido capaz de explicar as razões que levaram ao seu insucesso. Às vezes amamos uma pessoa, mas não sabemos transmitir-lhe esse amor. E quanto maior for o amor, maior será a dor.

À medida que a pandemia se arrasta, as comunidades locais começam a ter diferentes opiniões sobre as políticas do Governo da RAEM viradas para a promoção da economia e da protecção do estilo de vida da população. A partida de Solskjaer, poderá dar o mote para alguma auto-análise.

Identidade | Macau tema de destaque em palestra na Polónia 

Kate Ngan Wa Ao, artista e estudante na Polónia há seis anos, fala hoje numa conferência na cidade de Wroclaw sobre Macau e as questões de identidade. O evento acontece no espaço cultural OP ENHEIM e surge a convite do grupo artístico ZA.

Ao HM, Kate Ngan Wa Ao explicou que esta não será apenas uma conversa sobre arte, mas também sobre a interligação entre a política local e a questão da identidade da população. “O problema da identidade em Macau [centra-se] no pensamento em relação a esta questão, e o facto de as pessoas tentarem ignorar ou não perguntarem a si mesmas quem são. Se não olharmos para estas questões não criamos uma relação com o espaço onde vivemos”, aponta.

Kate, estudante de fotografia mas com muito trabalho feito na área dos media digitais, continua a sentir-se residente de Macau, apesar da longa experiência de vida e trabalho na Europa. Foi no território que Kate mais desenvolveu projectos artísticos com foco nas questões da identidade.

“Esta é uma questão complexa, as pessoas em Macau tentam não pensar isto. E tendo em conta os últimos 20 anos, e com esta transição para a China, penso que as pessoas ficaram com algum receio. O mais importante é termos esta consciência, ao invés de esperar que o Governo ou as instituições nos dêem uma identidade. Nós é que temos de a encontrar”, adiantou.

Kate recorda que “os 50 anos [até 2049] vão acabar em breve”. “Para mim a questão principal ou assustadora é o que é que podemos fazer neste período. Essa questão da identidade que poderá expirar. E é difícil para outras pessoas compreenderem isso, porque é algo bizarro”, explicou.

O lado internacional

Sem viajar para Macau há dois anos, devido à pandemia, Kate Ngan Wa Ao confessa sentir saudades do panorama artístico internacional no território, com exposições de artistas estrangeiros, algo mais raro na Polónia.

“Não é um meio internacional e existem algumas limitações. Não há muito intercâmbio com outros países europeus, à excepção, talvez, da Alemanha. Quando há exposições vemos quase sempre artistas polacos, mas em Macau vemos trabalhos de artistas de vários países.”

Sobre a situação artística em Macau, Kate destaca o facto de estarem a acontecer “coisas espontâneas” organizadas por artistas locais, quer tenham apoio institucional ou não. “Mesmo que não haja um lado institucional e educativo [a apoiá-los], estes artistas vão para Macau e realizam actividades. Na Polónia temos actividades institucionais. Nesse sentido é bom ver que as pessoas não ficam indiferentes e tentam desenvolver projectos artísticos.”

Na Polónia são poucos os que conhecem Macau ou sabem onde fica, mas as atenções viraram-se para o território graças aos acontecimentos em Hong Kong. Por isso, Kate considera que estudantes universitários de Macau como ela têm a responsabilidade de divulgar o território no estrangeiro. “Nesta palestra também vou falar das diferenças entre os dois territórios. Fico contente que esta não seja apenas uma conversa sobre mim e o meu trabalho”, rematou.

Pintura | Antiga Leprosaria acolhe exposição de Bernardino de Senna Fernandes

Uma das casas da antiga Leprosaria de Ká-Hó recebe a partir de amanhã uma exposição de pintura da autoria de Bernardino de Senna Fernandes. Ao todo, a mostra inclui 26 obras sobre Macau e Lisboa, onde os traços não procuram alinhar-se com a realidade. Para o filho do autor, esta foi a forma de cumprir a vontade de Bernardino de Senna Fernandes de voltar a expor em Macau

 

A galeria de arte operada pela Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau (ARTM) numa das casas da antiga leprosaria da Vila de Nossa Senhora de Ká-Hó acolhe a partir de amanhã, uma exposição de pinturas da autoria de Bernardino de Senna Fernandes. A mostra reúne 26 pinturas a óleo e aguarela, que colocam Macau e Lisboa, no centro da tela.

Ao HM, Jorge de Senna Fernandes, filho do pintor conta que a ideia surgiu com o intuito de cumprir o desejo do pai de voltar a expor obras suas em Macau. Isto depois de ter realizado uma primeira exposição no território, ainda nos anos 90 do século passado.

“O meu pai organizou uma exposição em Macau em 1992 e, desde aí, que ficou a vontade de realizar uma segunda exposição aqui, só que não teve oportunidade de o fazer em vida. Depois de ter deixado um certo legado artístico, aproveitei a oportunidade que a ARTM me deu para cumprir esse desejo do meu pai”, apontou.

Para Bernardino de Senna Fernandes, explica o filho, pintar era um hobby que foi aprimorando ao longo do tempo ao seu ritmo e gosto, mas que, nem por isso, deixou de atrair a atenção de interessados e apreciadores da sua obra.

“Para o meu pai, pintar era um hobbie, já que ele não fazia disto vida. Era apenas para se distrair. Havia muita gente que gostava do que ele fazia e, quando iam lá a casa, comprava-lhe uma série de quadros e ele sempre foi fazendo as obras a seu gosto. O meu pai não era um pintor consagrado, mas ao longo da sua vida foi designer, trabalhou em vários sítios e participava em várias exposições e feiras internacionais como a FIL”, partilhou.

Macau no coração

Quanto às 26 obras expostas, estas retratam ângulos, locais e paisagens de Macau e Lisboa, duas cidades em que viveu o pintor. Depois de ter crescido em Macau até aos 18 anos, Bernardino de Senna Fernandes rumou a Portugal para continuar os estudos. De malas e bagagens, mudou-se para Coimbra, casou-se e assentou arraiais, regressando a Macau apenas 30 anos depois. Contudo, de todas as vezes que visitou o território, fez questão de recolher material, fazer esboços e fotografar algumas zonas da cidade para depois pintar Macau a partir de Lisboa.

“Estamos a falar de pinturas de locais específicos das duas cidades. Em Macau podemos ver várias zonas conhecidas e em Lisboa, bairros típicos, por exemplo. A zona de Alvalade, onde viveu, também aparece retratada. [Depois de partir do território], o meu pai veio a Macau três vezes, levou uma série de registos daqui. Às vezes levava o bloco para a rua e fazia os seus esquissos. Outras vezes utilizava fotografias, que é algo que se faz muito hoje em dia, pois já não há muitas pessoas a pintar na rua”, disse ao HM.

Sobre o estilo de Bernardino de Senna Fernandes, Jorge de Senna Fernandes destaca o “traço muito típico” do pintor que, apesar de não primar pelo realismo, permite a quem vê a obra identificar o local retratado.

“É uma série de obras que não são muito realistas, com um traço muito típico do meu pai, que permite identificar as zonas representadas. As obras não são tão realistas como uma fotografia, mas acho que as pessoas vão gostar, porque o que ele fez em vida, a meu ver, tinha qualidade e toda gente sempre gostou do que ele fazia”, sublinhou.

A partir de amanhã, a exposição de pintura de Bernardino de Senna Fernandes pode ser vista na galeria da ARTM em Ká-Hó (Hold On to Hope Project) até dia 11 de Janeiro.

Ómicron | Quarentena de 21 dias mantém-se para quem vem de Portugal

Apesar dos casos da nova variante Ómicron detectados em Portugal, o Governo da RAEM não vai implementar novas medidas para entrar em Macau e vincou que os residentes serão sempre “bem-vindos”. Hóspedes do Hotel Tesouro vão poder receber bens e alimentos do exterior

 

As políticas de entrada em Macau para quem esteve em Portugal não vão sofrer alterações no curto prazo, continuando a vigorar a medida que obriga a quarentena de 21 dias num hotel especializado, para quem chega de zonas de risco.

Isto, após a nova variante Ómicron da covid-19 ter sido detectada em Portugal, infectando, pelo menos 19 pessoas, e continuar a alastrar-se por várias regiões do globo, depois ter sido identificada pela primeira vez na África do Sul.

Segundo Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença, os residentes quem vêm de Portugal e outras regiões de risco poderão circular livremente em Macau, concluído um período de observação médica de 21 dias e outros sete de auto-gestão. No entanto, a médica pede à população para se manter vigilante e não descarta novas medidas, tomadas de acordo com o evoluir da situação.

“Neste momento, se nos últimos 28 dias estiverem em Portugal, o prazo de quarentena é de 21 dias, acrescendo mais sete dias de auto-gestão. Depois disso, já podem movimentar-se livremente na comunidade, embora seja de evitar a concentração de pessoas a todo o custo. Não há mudança das políticas actuais. Apelamos aos residentes para estarem atentos às políticas que estão a ser tomadas em todo o mundo e se houver mudanças, podemos também fazer ajustes em Macau”, explicou ontem a responsável por ocasião da habitual conferência de imprensa sobre a covid-19.

Leong Iek Hou afirmou que para se decidir a implementação de medidas mais restritivas em Macau, a Organização Mundial de Saúde (OMS) deve fornecer mais dados sobre a variante Ómicron e vincou que o facto de a nova estirpe poder ser detectada através dos testes actuais é uma “boa notícia”.

“Atribuímos grande atenção à variante Ómicron porque já foi listada pela ONU como estirpe do vírus que merece atenção. Até à presente data, a ONU ainda não clarificou o seu nível de transmissibilidade em comparação com a variante Delta ou outras, ou se o risco de morte é maior. Mas também há boas notícias (…) porque a ONU deixou claro que o teste de PCR continua a ter efeito perante a variante Ómicron”, apontou.

Questionada se, independentemente de as medidas virem a ser apertadas no futuro, a entrada de residentes será garantida, a médica respondeu que os residentes são “bem-vindos”, desde que reúnam todas as condições exigidas.

“Antes de lançar qualquer medida o nosso princípio passa por minimizar riscos para a comunidade. As avaliações são feitas de forma dinâmica e, se reunirem todas as condições, os residentes são bem-vindos a voltar”, disse.

Tesourinho menos deprimente

Durante a conferência de imprensa, Lau Fong Chi, chefe da Divisão de Relações Públicas da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) esclareceu ainda que, os hóspedes em quarentena no Hotel Tesouro, cujo funcionamento é em circuito fechado, vão poder receber entregas e outros bens do exterior.

“A entrega de materiais aos residentes não sofreu qualquer alteração no Hotel Tesouro, que é um hotel especializado. Durante um certo período, os residentes podem receber materiais da família ou amigos, se for necessário”, apontou Lau Fong Chi.

Inalterada fica também, garantiu a responsável, a possibilidade de os residentes ficarem isentos de pagar a estadia caso efectuem a quarentena pela primeira vez.

Covid-19 | Classificação de casos em linha com o Interior da China

Desde ontem que Macau passou a adoptar uma classificação e definição de casos de covid-19 em linha com as práticas do Interior da China e de Hong Kong. Na prática, ao contrário do que acontecia até aqui, a contabilização estatística das “infecções assintomáticas” e “casos confirmados” será feita separadamente. Desta feita passam a ser consideradas infecções assintomáticas, “pessoas infectadas com resultado positivo no teste de ácido nucleico de covid-19, mas sem manifestações clínicas relevantes”, como febre, tosse seca, fadiga e outros sintomas. Já como “casos confirmados” serão classificados todos os resultados positivos ao teste de ácido nucleico ou indivíduos não vacinados contra a covid-19, em que seja detectada a presença de anticorpos e possuam sintomas da doença. “Em Macau tínhamos um prática diferente, mas a partir de agora, podemos ter uma conectividade estatística entre os dados de Macau e do Interior da China”, apontou ontem a médica Leong Iek Hou.

Urbanismo | Deloitte traça 12 propostas para cidades mais sustentáveis 

A consultora Deloitte lançou ontem em Macau um relatório intitulado “Futuro urbanístico com um objectivo: 12 tendências que vão remodelar o futuro das cidades em 2030”.

Este documento “faz uma análise em cidades de todo o mundo e também tendências verdes, digitais e de acessibilidade para as futuras cidades da China”, aponta um comunicado. Ideias como a criação de “comunidades de saúde inteligentes”, numa correlação entre os sectores público e privado, ou ainda o estabelecimento do conceito de “cidade 15 minutos”, onde seja possível caminhar ou fazer de bicicleta pequenos percursos, a fim de reduzir o consumo de combustível, são duas das 12 ideias espelhadas no relatório.

O documento aponta ainda que, em 2030, 60 por cento da população global viverá nas cidades, sendo que nessa altura as áreas urbanas vão contribuir para cerca de 80 por cento do Produto Interno Bruto mundial. Por sua vez, os consumidores urbanos vão contribuir com 81 por cento do consumo global.

Citado pelo mesmo comunicado, Norman Sze, vice-presidente da Deloitte na China, disse que “o desenvolvimento das cidades constitui agora um ponto de viragem”.

“A pandemia trouxe impactos profundos e sem precedentes nas nossas cidades, sendo que as futuras cidades devem enfrentar uma série de desafios económicos, sociais e ambientais. Apesar de o desenvolvimento das cidades chinesas enfrentarem inúmeros desafios no meio da pandemia e apesar do aumento da volatilidade dos mercados globais, vemos enormes oportunidades de crescimento”, acrescentou.

Hotelaria | Pré-abertura do The Karl Lagerfeld hoje no Grand Lisboa Palace

O Karl Lagerfeld Hotel abre hoje ao público, ainda numa versão soft-opening, mas já revelando o cuidado e o requinte característico do homem que ressuscitou a casa Chanel. Os 271 quartos estão repletos de detalhes escolhidos ou concebidos pelo famoso designer

 

O inconfundível imaginário visual de Karl Lagerfeld é uma constante no hotel com o seu nome, que tem hoje a pré-abertura, com a inauguração oficial a ter lugar algures durante o próximo ano. Situado numa das torres do Grand Lisboa Palace, a pérola do Cotai do grupo SJM, o The Karl Lagerfeld Hotel, o primeiro fashion hotel de Macau, começa hoje a receber visitantes, apesar de ser ainda em formato de pré-abertura.

No lobby de entrada, é impossível escapar à elegância do balcão de check-in e à parede coberta por mais de um milhar de chaves, imagem inspirada no filme “The Grand Budapest Hotel”, de Wes Anderson, formando o padrão estilizado da silhueta do designer de moda, num degradê de vermelhos. O balcão é emoldurado por um padrão negro ladeado por um vaso de porcelana com 3,5 metros de altura, desenhado por Lagerfeld e feito à mão em Jingdezhen, na província de Jiangxi. Aliás, as porcelanas de estilo chinês são uma constante ao longo do hotel, reinventadas pelo criador de moda num estilo sofisticado e moderno, apesar do fabrico artesanal.

O lado esquerdo do lobby é ocupado pelo The Book Lounge, espaço inspirado pela enorme biblioteca que Karl Lagerfeld tinha na sua casa de Paris. Aqui, a ideia é recriar os salões de chá franceses, com uma oferta de snacks normais com um toque de requinte. O ambiente evoca o savoir-vivre tipicamente francês. O design do lounge é centrado numa imensa estante de livros, contendo 4.000 exemplares reais escolhidos pelo designer.
Subindo para os quartos, salta à vista que nada foi deixado ao acaso no The Karl Lagerfeld, inclusivamente no caminho para os elevadores e as ombreiras das portas.

Cuidado pessoal

Todos os 271 quartos estão imbuídos pelo estilo único do designer, em especial as divisórias circulares que separam as suites, inspiradas nas representações tradicionais chinesas dos portões lunares. A decoração invoca cerejeiras em flor, misturando com elegância e naturalidade elementos de art deco europeia e aspectos estilísticos da dinastia Ming, dando corpo à sensibilidade contemporânea e visão estética do estilista. Das cadeiras, à cabeceira da cama, passando pelas paredes, a sofisticação é a palavra de ordem.

Outro trunfo do novo hotel é a piscina interior, um espaço que promove intimidade, com lotação limitada a 10 cadeirões e ocupação por tempo condicionada. Neste espaço, o olhar viaja automaticamente para a parede ornamentada com dois mosaicos que, em estilo art deco, representam uma mulher e o reflexo. Além da piscina interior, existe uma outra exterior que está disponível entre Abril e Novembro.

Outro dos trunfos do The Karl Lagerfeld é o The Spa, onde o mármore preto e o mosaico dourado prevalecem esteticamente, num local onde o atendimento pessoal e a privacidade são as tónicas principais.

Suncity | Alvin Chau diz adeus. Suncity Holdings demarca-se do caso

O Grupo Suncity Holdings confirmou que Alvin Chau deixou os cargos de presidente da direcção e director executivo da sociedade gestora de participações sociais do grupo. Em comunicado, a empresa demarca-se ainda das actividades da “Sun City Promotora de Jogos”, ligadas ao mercado junket e não comenta a questão de funcionários alegadamente forçados a entrar em regime de layoff

 

Desde quarta-feira que Alvin Chau deixou de exercer os cargos de presidente da direcção e director executivo do Grupo Suncity Holdings, a sociedade gestora de participações sociais criada pelo próprio.
Em comunicado, a direcção da empresa gestora aponta ter recebido o pedido de demissão de Alvin Chau e que tal, “vai ao encontro dos melhores interesses da empresa”, tendo em conta o processo legal que envolve o ex-presidente.

“A demissão [de Alvin Chau] vai (…) ao encontro dos melhores interesses da empresa e irá permitir a dedicação de mais tempo à resolução de assuntos pessoais. O Sr. Chau confirmou à direcção da empresa não ter qualquer tipo de divergência com a direcção e, por isso, não há qualquer assunto relacionado com a sua demissão que mereça atenção por parte dos accionistas da empresa”, pode ler-se na nota emitida na noite de terça-feira.

A direcção do Grupo Suncity Holdings apontou ainda que a nomeação do novo presidente da direcção e director executivo da empresa será anunciada “em altura apropriada” e que, após a suspensão de transacções de acções do grupo na bolsa de Hong Kong, a actividade foi retomada às 9h00 de ontem.

Recorde-se que desde a meia-noite de terça-feira, todas as salas de jogo VIP em Macau do grupo Suncity foram encerradas, e que a reboque disso a transacção de acções foi suspensa pela segunda vez.

Sem levantar ondas

No comunicado, o Grupo Suncity Holdings faz questão de sublinhar claramente que a sua actividade nada tem a ver com a exploração de salas VIP em Macau, e que esse pelouro é exclusivo da “Sun City Promotora de Jogos – Sociedade Unipessoal Limitada”, da qual Alvin Chau é o único accionista.

“A direcção gostaria de clarificar que o Grupo não participa em qualquer negócio VIP em Macau, e que essa actividade é explorada pela ‘Sun City Promotora de Jogos’, detida na sua totalidade pelo Sr. Chau Cheok Wa [Alvin Chau]”, pode ler-se na nota.

A direcção da empresa fez ainda questão de frisar que, nos últimos dias, a comunicação social tem vindo a reportar sobre da situação dos trabalhadores das salas VIP do grupo, entretanto encerradas. Nomeadamente, que os funcionários teriam sido forçados a entrar em regime de licença sem vencimento. Contudo, uma vez mais, o Grupo Suncity Holdings desmarca-se e não tece qualquer comentário.

“A direcção prestou atenção à cobertura mediática sobre o negócio VIP em Macau, explorado pela ‘Sun City Promotora de Jogos – Sociedade Unipessoal Limitada’, que terminou no dia 1 de Dezembro de 2021. Alguns artigos na imprensa mencionaram que esse negócio era explorado pela Suncity Holdings e que os funcionários das salas VIP estariam sujeitos a licenças sem vencimento”, começou por apontar a empresa.

“Dado que o negócio VIP não é explorado pelo grupo [Suncity Holdings], não estamos em posição de comentar sobre o assunto”, é acrescentado.

Cinema | Rejeitadas ilegalidades com investimentos da Sun Entertainment

A produtora de filmes patriotas Bona Film Group explicou ontem que o investimento prometido pela Sun Entertainment Culture, fundada por Alvin Chau, acabou por não ser feito no tempo previsto, pelo que a empresa não teve qualquer retorno. Esta explicação surge depois do portal chinês Guancha ter publicado um artigo sobre a possibilidade de Alvin Chau, CEO do grupo Suncity recentemente detido, ter branqueado dinheiro através do patrocínio de filmes patriotas.

A produtora adiantou também que sempre respeitou a lei e promoveu o amor à Pátria, tendo sempre operado de forma legal nos projectos que desenvolve em parceria com a Sun Entertainment Culture. No entanto, faltam explicações para o facto de o nome desta empresa aparecer na lista de créditos dos filmes produzidos pela Bona Film Group. Dois exemplos de filmes patriotas produzidos por esta empresa são “Operação Mar Vermelho” e “Operação Mekong”.

Media | CEO do grupo do jornal Exmoo também detido

Tim Chau, presidente do UO Group detentor do jornal Exmoo, foi um dos detidos no passado fim-de-semana no caso que colocou Alvin Chau atrás das grades em prisão preventiva.

Dois jornais de Hong Kong, HK01 e o Citizen News noticiaram o caso, incluindo que cerca de meia centena de funcionários do grupo liderado por Tim Chau, incluindo trabalhadores do jornal local Exmoo, não receberam salário por faltar a assinatura do CEO. No domingo, a Polícia Judiciária apenas referiu que entre os detidos se contava um residente de Hong Kong, de apelido Chau, funcionário administrativo sénior.

Conselho de Estado | Traçada meta de 85% de falantes de mandarim nas RAEs em 2025 

O Gabinete Geral do Conselho de Estado da China apontou, em comunicado, que o ensino do mandarim nas regiões de Macau e Hong Kong deve ser reforçado nos próximos anos, com o objectivo de fazer com que cerca de 85 por cento da população domine o idioma

 

Reforçar o ensino e divulgação do mandarim para que a população comece a dominar mais o idioma do país nos próximos anos. É esta a ideia principal deixada no documento “Opiniões sobre o fortalecimento linguístico na nova era”, do Gabinete Geral do Conselho de Estado da China, que traça metas no ensino do mandarim para as regiões de Macau, Hong Kong e Taiwan.

Um dos objectivos principais constantes no documento determina que “a taxa de popularização do mandarim tem de atingir os 85 por cento em 2025”, para que “a padronização e a informatização da língua e da escrita melhorem”. Pretende-se também reforçar “o intercâmbio linguístico com os jovens de Macau, Hong Kong e Taiwan, com a organização de actividades como leituras de clássicos chineses ou a promoção de estudos culturais e linguísticos”.

Relativamente ao projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, o documento do Conselho de Estado aponta para o reforço dos serviços linguísticos. O panorama do uso de línguas deve ser verificado através do lançamento regular de inquéritos específicos que “apoiem o planeamento de uma estratégia nacional” nesta área.

O Conselho de Estado pede também que haja um reforço da supervisão do uso do idioma em escolas, instituições, imprensa, rádio e televisões, bem como em meios online e nos próprios serviços públicos.

“A padronização linguística deve ser alvo de uma gestão sectorial. As palavras novas, estrangeiras e a linguagem utilizada pelos meios de comunicação social deve ser padronizada”, lê-se ainda. Para o Conselho de Estado, é importante reprimir o uso de linguagem violenta e vulgar na Internet.

Cantonês dominante

Segundo os resultados dos Censos de 2016, só 5,5 por cento da população local usa o mandarim, um crescimento de apenas 0,4 por cento face aos Censos anteriores. Além disso, 87 por cento dos jovens com idades compreendidas entre os 3 e os 19 anos fala cantonês. Por sua vez, 80,1 por cento da população de Macau fala o dialecto do sul da China.

Numa resposta da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), o director, Lou Pak Sang, referiu no ano passado ao então deputado Sulu Sou que o objectivo das autoridades era garantir, nos próximos anos, um equilíbrio entre os dois idiomas.

O dirigente explicou ao ex-deputado que o currículo escolar de Macau está feito para garantir “o uso fluente e adequado do cantonês [e o uso do] o mandarim para comunicação básica”.

Na resposta à interpelação de Sulu Sou, a DSEDJ assegurou que “nunca obrigou as escolas a ministrarem o ensino da disciplina de Chinês, em mandarim, nem lhes exigiu que ensinassem outras disciplinas em mandarim”.

O organismo adiantou também que “vai, como sempre, apoiar as escolas na criação de um ambiente linguístico, através de políticas e medidas, para que os alunos tenham, em simultâneo, a aprendizagem do cantonês e do mandarim e possam utilizar, proficientemente, pelo menos uma língua estrangeira, portuguesa ou inglesa, a fim de aumentar a competitividade”.