MNE chinês em Macau defende que uso da Cimeira pela Democracia para isolar China vai falhar Hoje Macau - 2 Dez 2021 O comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês em Macau considerou que a tentativa dos Estados Unidos de usar a Cimeira pela Democracia para “conter e isolar a China” vai terminar “num fracasso”. Num artigo enviado à Lusa, Liu Xianfa afirma que qualquer tentativa de “conter a China”, jogando a “‘carta de Taiwan’” ou de a ilha procurar a independência “confiando nos EUA” será “um beco sem saída”. A Cimeira pela Democracia vai acontecer em formato virtual, de 09 a 10 de dezembro, tendo Washington excluído a China e a Rússia, entre outros, e convidado 110 países e regiões, incluindo Taiwan, num gesto fortemente criticado por Pequim, que considera a ilha parte do seu território. Taiwan, para onde o exército nacionalista chinês fugiu após a derrota contra as tropas comunistas na guerra civil, em 1949, tem um governo autónomo desde então, embora a China considere a ilha uma província e defenda a reunificação. “Convidar a região de Taiwan para participar na Cimeira revela plenamente que os EUA utilizam a democracia como uma ferramenta para interferir nos assuntos internos e infringir a soberania de outros países para servir a sua própria agenda política”, sublinha. “A revitalização da nação chinesa e a reunificação do país são uma grande tendência, correspondendo ao desejo do povo”, escreve. Para o responsável, a Cimeira pela Democracia “é antidemocrática e pseudo democrática”, uma vez que, de cerca de 200 países e regiões, apenas “uma parte da comunidade internacional” vai participar. “O que o mundo de hoje precisa urgentemente não é uma chamada ‘Cimeira pela Democracia’, mas sim a união e a cooperação entre todos os países no sentido de responderem conjuntamente aos desafios globais, tais como a pandemia, mudanças climáticas, proliferação nuclear, terrorismo e segurança cibernética”, salienta. Mas os EUA, “uma grande potência que tem importantes responsabilidades para a comunidade internacional”, continuam a “reviver a mentalidade da Guerra-Fria”, dividindo o mundo em “campos democráticos” e “campos autoritários”. O diplomata chinês defende que “a comunidade internacional está convencida, em geral” que a “verdadeira intenção” dos EUA “é monopolizar o discurso democrático, promover o interesse geopolítico, incitar ao confronto e criar divisões”. Ao contrário, a China está comprometida em promover “a democratização das relações internacionais”, ao contrário dos EUA que, nas últimas décadas, têm “aproveitado a ‘democracia’ como ferramenta para fazer avançar a sua estratégia global e geopolítica (…) causando instabilidade política e desastres humanitários em muitos países”. Liu Xianfa salienta que “a política democrática socialista com características chinesas é amplamente apoiada pelo povo chinês (…), é a democracia socialista mais ampla, mais genuína e mais eficaz”, e rejeitou que a democracia seja “uma patente” de determinados países, lembrando que se trata de “um valor comum a toda a humanidade”. No sábado, os embaixadores da China e da Rússia em Washington, Qin Gang e Anatoly Antonov, respetivamente, tinham criticado a exclusão dos seus países da Cimeira pela Democracia, condenando a iniciativa própria de “uma mentalidade de Guerra Fria”, desenhada por um país que “não é elegível sequer para o estatuto” de país democrático.
Covid-19 | Portugal, Suécia e Japão na lista de países de elevado risco de Hong Kong Hoje Macau - 2 Dez 2021 Portugal, Japão e Suécia vão juntar-se à lista de países de elevado risco para a covid-19 em vigor em Hong Kong, na sequência da deteção de casos com a variante Omícron, anunciou o governo. Os não-residentes de Hong Kong, que tenham estado mais de 21 dias naqueles países, não podem entrar na região administrativa especial chinesa, indicou o executivo liderado por Carrie Lam. Os residentes, que regressem de países do grupo A, têm de estar completamente vacinados e cumprir uma quarentena obrigatória de 21 dias num hotel designado pelas autoridades, acrescentou. O grupo A passa a incluir 48 países, como Angola, Brasil, Moçambique, Espanha, Países Baixos, Reino Unido e Estados Unidos, apesar de alguns ainda não terem registado quaisquer casos com a variante Omícron, de acordo com o governo de Hong Kong. Para quem chegar de países que identificaram uma transmissão local com a variante Omícron, ou dos casos “importados” de Hong Kong, têm de cumprir os primeiros sete dias no centro de quarentenas de Penny’s Bay. Na segunda-feira, Portugal detetou 13 casos da variante Omícron num clube de futebol e, no mesmo dia, a Suécia registou um primeiro caso, enquanto o Japão contabilizou um caso da variante Omícron, na terça-feira, o que levou as autoridades de Hong Kong a juntar as três nações ao grupo A de países de elevado risco para a covid-19, a partir de sexta-feira. O governo de Hong Kong, onde foram detetados até agora três infeções com a Omícron, afirmou que as políticas de saúde são “por agora” apropriadas, dado que os cientistas ainda não têm certezas sobre esta variante. “Vamos acompanhar os estudos para ver de que forma esta variante afeta as pessoas”, indicou a secretária para a Alimentação e Saúde, Sophia Chan, em declarações a uma emissora local. Desde o início da pandemia, Hong Kong registou 213 mortos e 12.437 casos de covid-19. A taxa de vacinação ronda atualmente os 70%.
Covid-19 | Coreia do Sul confirma primeiros cinco casos da variante Ómicron Hoje Macau - 2 Dez 2021 A Coreia do Sul confirmou ontem os seus primeiros cinco casos da variante Ómicron do vírus SARS-CoV-2, recentemente detetada na África do Sul, em pessoas ligadas a viagens à Nigéria. A Agência Coreana de Controlo e Prevenção de Doenças declarou hoje que os casos incluem um casal que chegou da Nigéria em 24 de novembro e um amigo que os levou do aeroporto para casa. Os outros dois casos foram de mulheres que também viajaram para a Nigéria e voltaram para a Coreia do Sul em 23 de novembro. Profissionais de saúde sul-coreanos disseram que estavam a realizar testes de sequenciamento genético num filho do casal e em familiares do homem que os levou para casa para determinar se estavam infetados. A Coreia do Sul está a considerar mais controlos de fronteira depois de proibir a entrada, a partir do próximo domingo, aos viajantes estrangeiros de curto prazo da África do Sul e de outras sete nações do sul do continente africano devido à variante Ómicron, vista como potencialmente mais infecciosa. Os cidadãos sul-coreanos que chegarem desses países ficarão em quarentena por pelo menos 10 dias, independentemente de estarem vacinados ou não. A Agência Coreana de Controlo e Prevenção de Doenças disse que a maioria dos novos 5.123 contágios registados hoje são da capital Seul e da sua região metropolitana, onde as autoridades disseram anteriormente que mais de 80% das unidades de cuidados intensivos para pacientes com covid-19 já estavam ocupadas. Mais de 720 pacientes com vírus estão em estado grave ou crítico, também marcando um novo recorde. As mortes no país chegaram a 3.658, depois de registar entre 30 e 50 mortes por dia nas últimas semanas.
Francisco José Viegas e Stacey Kent juntam-se à lista de convidados do Rota das Letras João Luz - 2 Dez 2021 O elenco da 10.ª edição do Festival Literário de Macau – Rota das Letras foi alargado com três nomes de peso: o escritor português Francisco José Viegas, o realizador norte-americano Tony Shyu e a cantora norte-americana de jazz Stacey Kent. Ainda com a pandemia a empurrar para o online parte do cartaz, o festival decorre entre sexta-feira e domingo, mas hoje oferece já dois aperitivos performativos aos amantes das artes de Macau. O primeiro é uma performance de teatro físico, sem texto, intitulada “Por Confirmar”, marcada para as 17h30, na residência do cônsul-geral de Portugal na RAEM, no edifício do antigo Hotel Bela Vista, e repetida à mesma hora amanhã e no sábado. O espectáculo é baseado na escrita de Olga Tokarczuk, que ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 2018, com interpretação e coreografia da autoria do grupo Cai Fora, composto por Lou Chong-neng e Hsueh Mei-hua. Palavras são substituídas pelo corpo na actuação que foca um olhar distanciado sobre a azáfama do quotidiano, cheio de correrias, suor e cansaço, com almas que se desprendem de pessoas que as deixam para trás. A outra entrada do Rota das Letras deste ano é a performance “Não Querer Saber de Nunca Saber por Onde Ir”, apresentada hoje e amanhã às 22h no edifício Art Garden, sede da associação Art For All. O espectáculo, que une performance musical e monólogo, é da responsabilidade de Isaac Pereira e François Girouard. Assim arranca o cartaz que reúne quase seis dezenas de autores convidados, onze sessões de apresentação de livros e debate dos mais diversos temas; quatro performances com um total de onze representações, uma das quais um concerto e duas exposições de fotografia. Artes com todos Com epicentro na Casa Garden, sede da Fundação Oriente, o festival literário arranca com uma palestra para estudantes sobre os 200 anos do Cemitério Protestante de Macau, ainda antes da cerimónia de inauguração. A partir das 14h de amanhã, numa sessão reservada a estudantes, Stephen Morgan e Andrew Leong conduzem uma visita guiada ao cemitério protestante, com a obra e vida de Robert Morrison como fio condutor. De seguida, é apresentada uma palestra para o público geral sobre os 200 anos da tradução da Bíblia e do Cemitério Protestante. Stephen Morgan, Andrew Leong e Tereza Sena serão os oradores. Depois, haverá uma segunda visita ao cemitério, desta feita para o público em geral, guiada por André Lui, João Guedes e Paul B. Spooner, que irão contar em chinês, português e inglês as muitas histórias que o espaço encerra. Estas actividades, repetem-se no sábado, às 14h30. A acção passa para o espaço ao lado, a Casa Garden, com a cerimónia de abertura do festival marcada para as 17h de amanhã, seguida da inauguração de duas exposições de fotografia. “A Estranha Familiaridade”, promovida pela revista Macau Closer, e “Visto com os Pés, Escrito com os Olhos”, mostra nascida da parceria criativa de Carlos Morais José e Rosa Coutinho Cabral. Em relação às novidades anunciadas ontem, no sábado às 15h30, a Casa Garden transmite online uma entrevista em directo à cantora de jazz norte-americana Stacey Kent sobre o seu novo tema “Tango em Macau”, música com letra de Kazuo Ishiguro, Prémio Nobel em 2017. Num painel de novidades editorais, marcado para as 14h30 de domingo na Casa Garden, o realizador norte-americano Tony Shyu irá fazer online a apresentação do argumento do filme “Macau Omen”. Na mesma tarde, às 18h15, Francisco José Viegas participa na palestra “Narrativas da Escrita e da Fotografia”, em conjunto com Nuno Veloso, Sara Augusto, João Palla Martins, Shihan de Silva Jayasuriya, João Miguel Barros (online), António Júlio Duarte, Rusty Fox, Chan Hin Io e Leo Fan.
Cimeira sobre o clima de Glasgow (COP26) – Sucesso ou fracasso? Olavo Rasquinho - 2 Dez 2021 Muitos de nós, pelo menos aqueles que têm mais de 40 anos, lembrar-se-ão certamente do muito debatido “buraco do ozono”. Na década de 80 do século passado, a grande preocupação de muitos cientistas e daqueles que se interessavam pela sustentabilidade da vida no nosso planeta, era a rarefação do ozono na chamada ozonosfera, camada da estratosfera entre 20 e 30 km de altitude, onde se concentra cerca de 90% do ozono atmosférico, que constitui uma espécie de filtro de parte da radiação ultravioleta emitida pelo sol. A diminuição da concentração desse gás permitia que parte dos raios ultravioletas prejudiciais (raios ultravioleta B) atingissem a superfície do globo, em especial na região da Antártida e países em latitudes altas, como a Argentina e parte do Chile, afetando a saúde dos humanos e outros animais. O termo “buraco” foi adotado pelos meios de comunicação social, mas, na realidade, tratava-se de uma zona em que a concentração daquele gás se apresentava acentuadamente mais atenuada do que o habitual. Curiosamente, o ozono (O3), cujas moléculas são constituídas por três átomos de oxigénio, desempenha um papel importante quando na ozonosfera, mas é prejudicial na camada limite da atmosfera, onde nós desenvolvemos as atividades no dia a dia. A formação do ozono nesta camada ocorre quando determinados gases, como os óxidos de azoto e compostos orgânicos voláteis, reagem com o oxigénio na presença da radiação solar. Quando respirado, pode provocar inflamação das vias respiratórias, por vezes com graves consequências em pessoas com doenças respiratórias. A sua concentração tende a aumentar em zonas urbanas e industriais, em determinadas condições meteorológicas, principalmente quando ocorrem anticiclones estacionários, aos quais estão associados grande estabilidade atmosférica e ventos fracos. Menciono esta situação anómala (do buraco do ozono), na medida em que a sua atenuação constituiu um exemplo de como é possível reverter situações de degradação do ambiente causadas pelas atividades humanas. Uma vez comprovada que a causa dessa diminuição de concentração era devida à ação de determinados gases de efeito de estufa (GEE) que também afetam o ozono estratosférico (ODS – ozone depleting substances), os cientistas induziram os decisores políticos a tomarem medidas no sentido da proibição do seu uso. Na realidade, após o Protocolo de Montreal, entrado em vigor em 1989, em que se preconizou a eliminação progressiva dos ODS, a concentração do ozono estratosférico evoluiu no sentido do seu aumento. Hoje considera-se este facto como um exemplo em que foi possível evitar, em larga medida, a degradação do ambiente causada pelas atividades antropogénicas. A aplicação das medidas preconizadas no referido Protocolo teve tal êxito que levou Kofi Anan (Secretário-Geral da ONU entre 1997 e 2006 e prémio Nobel da paz 2001) a afirmar que “talvez seja o mais bem-sucedido acordo internacional de todos os tempos”. Outro exemplo de êxito de tomada de medidas com sucesso no sentido da melhoria do ambiente, embora numa área mais restrita, foi o Clean Air Act de 1956, que consistiu numa lei do Parlamento do Reino Unido com a finalidade de reduzir a poluição causada pela queima de carvão em lareiras domésticas e fornos industriais na região de Londres. Esta medida foi tomada na sequência de vários episódios de poluição extrema causada por smog (mistura de fumo e nevoeiro – smoke + fog), nomeadamente o Great Smog de Londres, entre 5 e 9 de dezembro de1952, que causou a morte de cerca de 12.000 pessoas. Exemplos como este constituem um fator de esperança no que se refere à possibilidade, não direi de recuperação das características do clima, mas de atenuação da sua degradação, no sentido de limitar o progressivo aquecimento e as consequências que comprovadamente daí advêm. É conveniente relembrar que o Acordo de Paris, alcançado cerca de16 anos depois do falhado Protocolo de Quioto (ratificado em 1999), consistiu essencialmente em compromissos a nível global no sentido de reduzir a emissão de GEE, mitigar as consequências das alterações climáticas e tomar medidas financeiras e estruturais para a adaptação a essas alterações. Para concretizar estas pretensões foram estabelecidos os seguintes principais objetivos: 1) manter, até 2100, o aumento da temperatura inferior a 2 graus Celsius, tendo como referência os valores pré-industriais, e incentivar esforços para limitar o aumento a 1,5 ºC; 2) Promover a capacitação dos países para enfrentar os impactos das alterações climáticas; 3) Tornar os fluxos financeiros consistentes com uma via de desenvolvimento com baixas emissões e resiliente ao clima. Na cimeira de Glasgow, que se realizou de 31 de outubro a 12 de novembro de 2021, esteve prestes a alcançar-se unanimidade no que se refere à proposta de acabar com o uso do carvão. A Índia exerceu, no entanto, forte pressão para impedir esta recomendação, tendo conseguido que no texto final da COP26 se substituísse o termo “eliminação progressiva” (phase out), referente ao uso do carvão, por “redução gradual” (phase down). Provavelmente, se fosse só este país a propor esta alteração, teria havido maior resistência no sentido de tal não ser aceite, mas a China e outras economias emergentes também se manifestaram nesse sentido. Outros, embora não se tivessem manifestado, devem ter esfregado as mãos de contentamento quando a alteração foi aprovada (estou a pensar nos representantes da Austrália, por exemplo). Fazendo um balanço das discussões e, perante o resultado final, não se pode dizer que a Cimeira de Glasgow tenha sido um fracasso, mas esteve longe de satisfazer os mais exigentes, entre eles António Guterres, Secretário-geral das Nações Unidas, que, no seu discurso de encerramento, se referiu ao resultado da cimeira nos seguintes termos: “Os textos aprovados são um compromisso. Refletem os interesses, as condições, as contradições e o estado da vontade política no mundo de hoje. São passos importantes, mas, infelizmente, a vontade política coletiva não foi suficiente para superar algumas contradições profundas”. Do Pacto de Glasgow sobre o Clima (Glasgow Climate Pact), assinado por governantes de cerca de 200 países, ressaltam, entre outros, os seguintes compromissos e constatações: Finalização do Livro de Regras de Paris (Paris Rulebook), documento que consta de orientações detalhadas sobre como os países devem proceder para alcançarem a neutralidade carbónica. Necessidade de os países desenvolvidos cumprirem totalmente a meta anual de US$100 mil milhões para apoio aos países em desenvolvimento, com urgência, com a devida transparência na implementação das suas promessas (compromisso estabelecido anteriormente, mas não integralmente cumprido). Compromisso de atualização anual das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs – Nationally Determined Contributions) em vez de a cada cinco anos, conforme havia sido estipulado no Acordo de Paris. (Entende-se por NDCs os planos que constam das ações previstas para a redução das emissões dos GEE e adaptação às alterações climáticas, como contributo nacional para se atingir as metas globais estabelecidas no Acordo de Paris). Foi também um ato significativo a assinatura por parte de 140 países e Comissão Europeia da “Declaração de Líderes de Glasgow sobre Florestas e Uso da Terra” (Glasgow Leaders’ Declaration on Forests and Land Use), em que se estabelece o compromisso de se acabar com o desmatamento até 2030. A área abrangida por estes países é de cerca de 90% da cobertura florestal mundial. Entre os que assinaram a declaração contam-se o Brasil, China, EUA, Indonésia, Malásia e Rússia, países com grande extensão de florestas. Pena é a Bolívia e a Venezuela, onde se encontra parte da Amazónia, não a tenham assinado. Os diplomatas brasileiros presentes na COP26 foram bastante construtivos nas discussões realizadas na cimeira de Glasgow, o que contrastou com a política atualmente a ser praticada pelo atual governo brasileiro. Segundo o Observatório do Clima, apesar da atitude colaborante sob pressão internacional, o atual governo tem vindo a desmontar políticas de combate à desflorestação e tem, pelo menos, cinco projetos de lei no Congresso que amnistiam o roubo de terras e põem em risco as terras indígenas, as quais constituem barreiras eficazes contra a destruição da floresta. (O Observatório do Clima é uma rede de 37 entidades da sociedade civil brasileira que tem por objetivo discutir as alterações climáticas no contexto nacional). Também segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazónia (Imazon), a Amazónia brasileira perdeu 10.476 km² de floresta entre agosto de 2020 e julho de 2021, o que corresponde a 57% mais do que no mesmo período anterior (agosto 2019/julho 2020), além de ser a maior destruição da floresta dos últimos 10 anos. (O Imazon é um instituto brasileiro de investigação cuja missão é promover conservação e desenvolvimento sustentável na Amazónia) Será que a humanidade, analogamente ao que sucedeu com o Protocolo de Montreal e o Clean Air Act de 1956, estará preparada para tomar medidas drásticas no sentido de pôr em prática as recomendações do Acordo de Paris e, mais recentemente, da cimeira da ONU sobre o clima, realizada em Glasgow? Esperemos pela COP27, que se realizará de 7 a 18 de novembro de 2022, em Sharm El-Sheikh, no Egito…
Uma despedida Luís Carmelo - 2 Dez 2021 De repente ela encosta a boca ao teu ombro. Os lábios abertos pousados no ombro. A mão toca no troço interior e escorre na liquidez do olhar. Um olhar enxuto. Abraçam-se. Ela tinha há minutos aberto uma melancia e sabia agora na língua a essa melancia muito doce. Serpenteiam-se de bruços com as tuas mãos por baixo das costas dela, numa assimetria de unhas que ignora o movimento dos pés e dos joelhos que se entrelaçam com a ira. Depois explode um vagar que atinge o calor da pele recortado nos lençóis. Nesse lance, ou nessa convulsão, a tua cabeça mergulha entre as coxas dela, abre-as com as mãos e o rasgo e a incursão da língua penumbram nos lírios. Um dos braços estreita um beijo fugaz, como se fosse espiga levantada pelos olhos fechados, mas ainda a sulcar um ou outro silêncio. Há como que um torrão de barro a desfazer-se nessa picada que ocupa o corpo a corpo. Uma melancolia por dissecar. Subitamente a voz eleva-se. Um gemido rude de gavinhas até que ela te traz de novo à boca e o aflora em preâmbulos sucessivos. Do arroubo separa-se uma nuvem e ficam os dois sentados a encarar o sumiço com que os dedos levemente se tocam. Uma saudade da saudade ou um sínodo quase final apenas para arrolar o suor. Ela despia-se rapidamente sem se dar ao corpo ainda solto dentro do vestido, maciço, incandescente. E tu num curso giratório segredaste o alarido ou o resquício surdo e ela sorriu com a pele quase absoluta. Reentraste assim com os dedos na raiz dos cabelos dela e, logo a seguir, percorreste a cintura como uma luz que se afunda até ao sangue. Ela mastigou o polegar enquanto tu te arrastaste para essa omissão macia no meio das coxas. A boca continuou aberta pelo sopro que era a água turva, a avidez. Deixaste a mão aberta até lhe atingir a profundidade das costas. Ela desejava enlaçar com as pernas todo o ócio desses dias sem fim numa única lufada. Numa única seda. Num único revólver. Fervia de tanto crispar. Resvalaste ao longo das axilas com os lábios dela já molhados. Pediu-te que a tomasses pelo pescoço, que lhe bebesses as mamas e que te viesses. Fechou ainda os olhos e logo tocou na cavidade com que a olhavas para dentro dela, ao mesmo tempo que lhe engolias a ostra emaciada com excessiva lentidão. Fizeste-o com aquela dicção do rosto que coagula no tempo e ela ficou ilesa, refractária. Deitada de lado só já com as pestanas a compor o fim da tarde que se ouvia vindo do mar. Beijas-lhe, beijas-lhe outra vez os pés num rompante e ela eleva-se sobre o sofá. Ampara-te no peito e antecipa o formigueiro a penetrar o veludo liso das virilhas onde as tuas mãos se estreitam em forma de casulo. Ela respira a incitar com as palmas das mãos muito abertas e é nesse momento preciso que lhe voltas a sondar os seios como se pegasses nas vísceras e logo despertas para a voz amotinada que pareceria sair de outra noite e de outro flanco. Sempre, sempre a ofegar. Sem hesitar, ela avança com a cabeça para surrar esse calor, prende-te a cintura e deseja tê-lo inteiro, teso e espesso dentro da boca. Deseja tê-lo intacto a esbarrar contra o céu da boca. Fecha os lábios cheios de carne e em círculos continuados reclina as costas, apoiando-se nos joelhos. Travaste-a pelas ancas, depois nas nádegas enquanto ela, oblíqua, comprimia as pernas a rastejar contra os braços do sofá. Um soluço acirrou o breve sufoco ao jeito de um poente que rompe o desgosto de teres de a deixar já amanhã. Nada é eterno. Mas ela insiste e torna a curvar o dorso para deglutir a luz amarelada das persianas. Nesse desfalecimento, fixaste-lhe as pálpebras e o suor a lamber-lhe as linhas muito planas da testa. Com os cabelos a cobrirem o rosto, caiu então pela pequena morte igual a uma única bala dividida pelos dois. Voltaste ainda a entrar dentro dela numa derradeira fúria, uma demora rápida até te vires em pedra, no osso. Ela olhou-te então do interior do grande estuário, como se o encanto e a danação fossem o mesmo e longo gemido para poder finalmente lavrar as horas. Era o último dia, era ainda a grande janela, a grande sacada. Ficaste a observar o reposteiro que imitava a brisa, que devagar a possuía. Permaneceram os dois como duas esfinges a olhar para a janela aberta de par em par. A janela que dá para o mar. No amor não há despedida.
Caso Suncity | Mais promotoras de jogo sob investigação no Interior da China Hoje Macau - 2 Dez 2021 Intervenientes de peso no mercado junket como a Tak Chun, Guangdong Club ou Meg Star estão referenciados desde 2020 em investigações do Ministério Público do Interior da China por facilitar a vinda de jogadores a Macau. Todas as salas de jogo da Suncity estão encerradas, numa altura em que a transacção do grupo na bolsa de Hong Kong voltou a ser suspensa. Albano Martins crê que Pequim quer acabar com o sector do jogo em Macau Os efeitos colaterais do caso Suncity parecem estar a chegar aos restantes promotores de jogo de Macau. Desde 2020 que alguns dos principais intervenientes no mercado de junkets aparecem referenciados em investigações no Interior da China, levadas a cabo pelo Ministério Público de províncias localizadas do lado de lá da fronteira. O economista Albano Martins acredita que a queda do grupo Suncity vai deixar o sistema financeiro de Macau “descalço” e que Pequim quer acabar com o sector do jogo no território. Segundo apurou o portal GGR Asia, que teve acesso à documentação em questão, promotoras de jogo como a Tak Chun, Guangdong Club ou Meg Star são mencionadas nas investigações, a par com alguns indivíduos que surgem identificados como agentes cuja função passava por “facilitar as viagens de jogadores do Interior da China para frequentar a salas VIP de grupos de renome”, não só em Macau, mas também noutros destinos. Segundo a mesma fonte, os casos envolvem, sobretudo, suspeitos das províncias de Jiangsu, Zhejiang, Fujian, Henan e Guangdong. Numa das acusações referente a Dezembro de 2020 e divulgada em Setembro de 2021 na província de Jiangsu, vários suspeitos do Interior da China estão indiciados pela prática do crime de “estabelecimento de casino”, por alegadamente terem facilitado apostas numa sala de jogo nas Filipinas, através da promotora Tak Chun. A revelação acontece poucos dias depois de o director executivo do grupo Suncity, Alvin Chau, um dos mais influentes promotores de jogo de Macau, ter sido colocado sob prisão preventiva, devido a um caso de exploração ilícita do jogo e branqueamento de capitais, anunciado pelo o Ministério Público do território. Sempre a descer Além disso, segundo o canal chinês da TDM-Rádio Macau, desde a meia-noite de ontem, todas as salas de jogo VIP em Macau do grupo Suncity foram encerradas. Recorde-se que, as salas do grupo Suncity, estão presentes em mais de 40 por cento dos casinos de Macau. Um porta-voz do Galaxy Entertainment Group confirmou à agência Lusa que as salas de jogo do Suncity nos ‘resorts’ do grupo fecharam àquela hora, ao contrário do grupo Suncity, que não respondeu a pedidos de esclarecimento e cujo site se encontra “offline”. A reboque do encerramento de todas as salas VIP do grupo Suncity, a transacção de acções do grupo Suncity de Macau na Bolsa de Valores de Hong Kong voltou ontem a ser suspensa pouco antes do início da sessão. Recorde-se que a negociação das acções já tinha sido suspensa na segunda-feira e que, no dia seguinte, caíram 48 por cento, com as restantes operadoras a sofrer também perdas significativas. Ontem, dois dos três operadores de casinos que possuem capital norte-americano registaram as maiores perdas: Wynn Macau (-8,63 por cento) e Sands China (-4,24 por cento). Já a MGM China foi das únicas a ficar no “verde”, sem grandes alterações (+0,6 por cento). A Melco (-1,63 por cento), SJM (-4,14 por cento) e Galaxy (-2,93 por cento) também encerraram a sessão no negativo. Futuro incerto O economista Albano Martins disse ontem à Lusa que a queda do grupo Suncity, deixará “descalço” o sistema financeiro em Macau e que Pequim quer acabar com o jogo no território. “Para além da questão do emprego, há uma situação mais complicada: o dinheiro que vinha para Macau através do Suncity, e que passava pelo sistema financeiro, vai deixar o sistema financeiro descalço”, antecipou. Albano Martins afirmou ainda que a queda do grupo “vai provocar um grande abalo na indústria do jogo em Macau”. Isto porque, sublinhou, “vai-se estender para o sistema financeiro e isso vai ser aterrador”, lembrando que se está a falar de um grupo que estava a posicionar-se para concorrer a uma das novas licenças de exploração do jogo, a atribuir em 2022. Além disso, frisou o economista, as políticas do jogo estão a ser determinadas por Pequim: “é uma questão interna da China, Macau não tem muita palavra”. “Esta é uma perspectiva muito pessoal: o jogo não é algo muito bem visto pelo Governo central. Está a perder força e tenho a ideia de que a China não terá problema em acabar com uma coisa que não é produtiva, sendo que em Macau ainda não se percebeu muito bem isto. E por isso há tanta insistência no discurso da diversificação da economia”, argumentou. Recorde-se que, desde o pedido das autoridades chinesas para que o director-geral do Suncity se entregasse, até à prisão preventiva de Alvin Chau, pedido de demissão e encerramento das salas e suspensão da venda de ações, não passou uma semana. Emprego | Funcionários do Suncity queixam-se à FAOM Em resposta ao jornal Ou Mun, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) assegurou que, até à passada terça-feira, não recebeu qualquer queixa ou pedido de ajuda, por parte de trabalhadores do grupo Suncity. Contudo, o organismo diz estar atento ao encerramento das salas VIP e que já contactou o grupo para se inteirar do estado dos trabalhadores envolvidos. Por seu turno, o deputado Leong Sun Iok indicou que, nos últimos dias, a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) tem recebido queixas de funcionários do grupo Suncity que demonstraram ter medo de vir a ser despedidos ou forçados a entrar em regime de layoff. Isto, quando apenas foram informados oralmente pelos chefes de departamento de que não tinham de trabalhar. Além de não terem sido notificados oficialmente sobre a sua situação laboral, os trabalhadores queixaram-se ainda de não terem conseguido contactar o departamento de recursos humanos da empresa. Hong Kong | Membro principal do grupo detido desde 2020 Além de pedir a Alvin Chau para se entregar às autoridades e cooperar na investigação do grupo Suncity, o mandado de captura emitido pela província de Wenzhou revelou também que, Zhang Ningning, membro principal do grupo e residente de Hong Kong, encontra-se detida desde Julho de 2020. De acordo com o jornal HK01, só recentemente é que os pais da detida tomaram conhecimento de que o caso estava relacionado com o jogo, alegando não ter conseguido visitar a filha ao longo do último ano. Além disso, alegaram ainda não ter recebido qualquer anúncio oficial por parte das autoridades, sendo o único ponto de contacto o advogado da suspeita, recrutado pelo grupo Suncity. Dado que Zhang Ningning é titular do bilhete de identidade de Hong Kong, a família espera agora que o caso seja tratado no território. Por seu turno, o Departamento de Segurança de Hong Kong confirmou ter sido notificado pelas autoridades do Interior da China em Julho do ano passado. DICJ não comenta A Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) revelou ter recebido na terça-feira uma comunicação das operadoras de jogo a dar conta da suspensão da sua cooperação com o promotor de jogo Suncity, bem como do funcionamento das respectivas salas VIP. Em comunicado, a DICJ sublinha ainda que “não irá tecer qualquer comentário acerca das recentes suspeitas de crimes relacionados com o jogo, que se encontram em investigação judicial, sob o princípio do segredo de justiça” e que as operadoras e promotores de jogo devem desenvolver as suas actividades em “estrito cumprimento das leis”.
Detenção de Alvin Chau com impacto imediato no emprego, diz especialista Hoje Macau - 2 Dez 2021 O especialista em jogo Ben Lee disse ontem à agência Lusa que o cenário de desintegração do grupo Suncity, o maior angariador de apostadores do mundo, vai ter impacto imediato no emprego em Macau. “O encerramento [de salas de jogo] vai ter impacto imediato na perda de emprego local, já que o Suncity é um grande empregador de Macau”, presente em mais de 40 por cento dos casinos de Macau, salientou Ben Lee, analista da consultora de jogo IGamix. “Sobretudo quando a economia está em baixo e a taxa de desemprego tem estado ligeiramente acima do que é habitual e tem sido motivo de preocupação” das autoridades, acrescentou. “A outra implicação, agora é muito claro para nós, é que a China incluiu Macau no alcance da lei anti-jogo e na anunciada ‘lista negra’ de jurisdições”, sublinhou, numa referência à legislação de 2019 com a qual as autoridades chinesas procuram apertar o controlo à saída de capitais. O especialista afirmou que, até agora, “havia uma zona cinzenta” e que se considerava que “a promoção do jogo em Macau era tolerada por Pequim”. Mas, agora, “parece que ficou tudo ‘preto no branco’” para Macau, o único território na China onde o jogo é legal, concluiu. Por outro lado, Ben Lee disse que outra das consequências passa “pela diminuição ainda maior do segmento VIP, algo que já estava a acontecer, mas que vai ser ainda mais acelerada”, lembrando que este segmento chegou a ser responsável por 70 por cento das apostas. Mas não só, considerou: “Antecipo que vai ter mais implicações nos esforços de ‘marketing’ dos casinos e na concessão de crédito para jogar”. Em transformação Finalmente, a queda do grupo Suncity pode ter impacto na redefinição dos operadores da indústria do jogo, numa altura em que as autoridades se preparam para lançar o concurso público para novas licenças de exploração de casinos, argumentou. “Após o anúncio [da consulta pública para as novas concessões], a reacção dos mercados não se fez esperar”, e agora, com novas perdas na transacção das acções na bolsa de Hong Kong, estando “mais baratas do que alguma vez estiveram”, isso pode abrir ainda mais o caminho para os operadores locais garantirem uma maior fatia do mercado, à custa dos interesses norte-americanos presentes no território (Sands, MGM e Wynn), afirmou. A transacção de acções do grupo Suncity de Macau na Bolsa de Valores de Hong Kong voltou ontem a ser suspensa pouco antes do início da sessão [ver texto principal]. A suspensão surge depois de todas as salas de jogo VIP em Macau terem sido encerradas e da prisão preventiva do director-geral do grupo Suncity, Alvin Chau, que pediu a demissão do cargo. O Ministério Público defende a existência de indícios suficientes da prática dos crimes de participação em associação criminosa (punível com pena de prisão até 10 anos), chefia de uma associação criminosa (até 12 anos de prisão), branqueamento de capitais (até oito anos de cadeia) e de exploração ilícita do jogo (até três anos).
Receitas dos casinos sobem 54,6% em Novembro Pedro Arede - 2 Dez 2021 Em Novembro, as receitas brutas dos casinos fixaram-se em 6,74 mil milhões de patacas, uma subida de 54,6 por cento em relação ao mês anterior. Em termos de receita acumulada, o montante total gerado entre Janeiro e Novembro de 2021 foi de 78,90 mil milhões de patacas, ficando a faltar cerca de 7,1 mil milhões para o Governo atingir o objectivo anual, revisto em baixa, de 86 mil milhões de patacas As receitas dos casinos em Macau cresceram 54,6 por cento em Novembro relativamente ao mês anterior, altura em que se verificou o pior resultado do ano. Os dados foram divulgados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Em relação ao período homólogo do ano passado, o montante arrecadado pelas operadoras de jogo permaneceu praticamente inalterado, com as receitas a atingirem os 6,74 mil milhões de patacas, informou o organismo. Contas feitas, até Novembro, a receita bruta acumulada subiu 49,9 por cento, dado que o montante total gerado entre Janeiro e Novembro de 2021 foi de 78,90 mil milhões de patacas, ou seja mais 26,28 mil milhões de patacas do total acumulado, ao fim dos primeiros onze meses de 2020 (52,62 mil milhões). A contribuir para a melhoria dos resultados de Novembro está a alteração de 48 horas para sete dias da validade dos testes de ácido nucleico, necessário para sair de Macau rumo a Zhuhai. Segundo especialistas do sector ouvidos pelo HM na semana passada, a medida, que entrou em vigor recentemente está a ter um impacto “forte” e “imediato, nas receitas brutas de jogo, mas terá especial incidência no mês de Dezembro. Recorde-se, contudo, que os valores estão ainda longe dos montantes alcançados antes da pandemia, dado que, em 2019, os casinos obtiveram receitas de 292,4 mil milhões de patacas e, em 2020, terminaram o ano com uma quebra de 79,3 por cento nas receitas em termos anuais. Calculadora na mão No final de Novembro, a Assembleia Legislativa aprovou a injecção de 6,3 mil milhões de patacas no orçamento, voltando a recorrer à reserva financeira para colmatar a perda de receitas de impostos sobre o jogo. O Governo previa uma receita bruta do jogo de 130 mil milhões de patacas até ao final do ano, contudo, na semana passada, admitiu que esse valor seria de 86 mil milhões de patacas. Questionados sobre a meta de 86 mil milhões de patacas em impostos sobre o jogo, no seguimento da intenção de voltar a recorrer à reserva extraordinária, os especialistas ouvidos pelo HM consideraram a estimativa “alcançável” e “conservadora”. Contas feitas a partir do acumulado de 78,90 mil milhões de patacas obtido até Novembro, as receitas brutas de jogo de Dezembro terão de ser superiores a 7,1 mil milhões de patacas para o objectivo do Governo ser alcançado.
Serviços de Saúde dirigem campanha contra a SIDA à comunidade gay João Luz - 2 Dez 2021 As autoridades de saúde de Macau afirmaram ontem que devido à “preponderância de HIV em contactos sexuais entre pessoas do mesmo sexo” foi acentuada a “prevenção, controlo e teste a homossexuais do sexo masculino”. Assim sendo, e para fazer face ao crescimento da doença, os Serviços de Saúde (SSM) têm publicado “anúncios sobre testes periódicos em páginas electrónicas e aplicações para telemóveis destinadas a homossexuais em Macau”, assim como “disponibilizado preservativos e lubrificantes em locais nocturnos onde é conhecida a frequência de homossexuais”. As autoridades afirmam que também organizaram actividades online de proximidade e apoiaram organizações não governamentais, esforços desenvolvidos com o intuito de oferecer “serviços de prevenção e controlo necessários e adequados à homossexualidade em Macau”, escrevem os SSM. Com o objectivo de fazer diagnósticos e tratamentos precoces, assim como facilitar testes rápidos e encaminhamento médico, as autoridades lançaram em Março de 2021 um programa de autoteste para detectar o vírus do HIV. “Para aceder a este programa os interessados só precisam de completar o registo online, pagar o teste de forma electrónica e levantar o kit de testes em armários inteligentes”, indicam os SSM. Até agora, 260 pessoas compraram os auto-detectores e foi encontrado um caso positivo, “o que revela a eficácia do programa”, é concluído. Números do ano O comunicado dos Serviços de Saúde, emitido no âmbito do Dia Mundial de Luta Contra a SIDA assinalado ontem, indica que entre Janeiro e Outubro de 2021, foram registados 50 casos de infecção pelo vírus da SIDA, 35 destes referentes a residentes locais. Neste universo, as infecções por contacto homossexual ou transsexual representam a maioria dos novos casos, um total de 27, seguido pelo contacto heterossexual, 8 casos. Além disso, as autoridades destacam que desde 2015, os residentes de Macau que contraem a doença por via sexual entre homossexuais e transsexuais “têm vindo a aumentar”.
Cidadão chinês detido por traficar cocaína no valor de 21 mil patacas Pedro Arede - 2 Dez 2021 A Polícia Judiciária deteve um residente do Interior da China na posse de 6,46 gramas de cocaína. O homem estava há três dias em Macau e era responsável por entregar os pacotes com droga a uma outra pessoa. Por dia, fazia até quatro entregas e recebia 1.000 renminbis pelo serviço Um homem de 34 anos de nacionalidade chinesa foi detido na passada terça-feira perto do Hotel Lisboa, por suspeitas da prática do crime de tráfico ilícito de estupefacientes. No decorrer da operação da Polícia Judiciária (PJ) que aconteceu entre segunda e terça-feira na zona do NAPE, foram apreendidos 16 pacotes de cocaína no valor de 21 mil patacas. De acordo com informações reveladas ontem pela PJ em conferência de imprensa, o caso veio a lume após as autoridades terem recebido uma informação que apontava para o facto de um homem estar dedicado à venda de estupefacientes no NAPE. No decurso da operação, a PJ conseguiu identificar o suspeito naquela zona da cidade, por volta das 3h00. Seguiu-se uma caça ao homem que só terminou junto ao Hotel Lisboa. Na sua posse, o suspeito não trazia qualquer estupefaciente ou material ilícito. No entanto, durante as buscas que decorreram no quarto do hotel onde o suspeito estava hospedado, no NAPE, a PJ encontrou e apreendeu 16 pacotes de cocaína, com o peso total de 16,46 gramas. Durante o interrogatório, o homem confessou que estava em Macau há três dias para auxiliar uma operação de tráfico de droga e para jogar nos casinos do território. Segundo o porta-voz da PJ, o suspeito alegou ainda estar apenas incumbido de apanhar e transportar a droga de um sítio pré-determinado para outro, onde a droga seria finalmente entregue a uma outra pessoa. Juntamente com as doses de cocaína foram ainda apreendidas duas fichas de jogo que o suspeito alegou ter obtido no casino. Não sei onde estou Por cada dia de trabalho, o homem recebia um vencimento de 1.000 renminbis e vincou não saber de onde vem a droga nem ser capaz de identificar os locais onde efectou as entregas por “não conhecer Macau”, limitando-se a seguir instruções. Segundo a PJ, o valor de mercado dos 16,46 gramas apreendidos corresponde a 21 mil patacas. O caso seguiu ontem para o Ministério Público (MP), onde o homem vai responder pela prática do crime de tráfico ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas. A confirmar-se a acusação, o suspeito pode vir a ser punido com uma pena de prisão entre 5 e 15 anos.
Ensino superior | Deputado questiona aumento das propinas Andreia Sofia Silva - 2 Dez 2021 Ngan Iek Hang questionou o Executivo sobre o aumento de propinas no ensino superior. “Recebemos opiniões sobre a taxa de propinas na Universidade de Macau (UM). O aumento tem a ver com os custos e outros factores, mas [este assunto] está relacionado com a formação de quadros qualificados”, frisou. A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura explicou que se chegou a um consenso com as instituições de ensino superior para definir os novos valores das propinas. “O aumento para as propinas dos cursos de licenciatura para os alunos locais será de 35 por cento. Há muito tempo que não alterávamos o valor das propinas e comparámos com os valores cobrados em Hong Kong.” Uma licenciatura na Universidade de Macau custa, por ano, 37.500 patacas para alunos de fora, enquanto estudantes de Macau pagam menos de seis mil patacas.
Governo desiste do plano para Canídromo Andreia Sofia Silva - 2 Dez 2021 Ron Lam U Tou e Che Sai Wang questionaram ontem o Executivo sobre as razões para o abandono do plano de construção de escolas para o terreno do Canídromo. Segundo explicou Lou Pak Sang, director da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude, a falta de espaço foi a grande razão. “Escolhemos a zona A porque tem mais área, no terreno do Canídromo tínhamos apenas oito mil metros quadrados. Uma das escolas de ensino especial tinha uma área de 2.500 metros quadrados e agora podemos proporcionar uma área de cinco mil metros quadrados. Na zona A teremos mais condições para os estudantes.” O dirigente garantiu que as novas escolas vão estar rapidamente ao serviço da comunidade e que ainda está a ser estudada a finalidade a dar ao terreno do Canídromo.
LAG 2022 | Ella Lei pede “equilíbrio” nas medidas de prevenção da pandemia Andreia Sofia Silva - 2 Dez 2021 Ella Lei argumentou ontem pelo “equilíbrio” nas medidas adoptadas pelo Governo para lidar com a pandemia. “Quais são os critérios concretos para estas medidas, tal como as que estão ligadas à entrada de estrangeiros? Como se pode garantir o equilíbrio? No ano passado tínhamos a variante Delta e agora temos uma nova [Ómnicron]. O Governo vai estudar as medidas aplicadas para a prevenção da pandemia?”, questionou. Para Ella Lei, é necessário melhorar a passagem dos alunos transfronteiriços. “Não digo para se baixar a guarda, mas são necessários critérios uniformes. O sector da cultura parece ser aquele que encerra as suas actividades mais cedo”, apontou. No entanto, a secretária adiantou poucos detalhes. “Em Outubro fizemos algumas melhorias nas nossas medidas em relação aos locais de isolamento e de quarentena”, disse a secretária. A governante admitiu também falta de tempo para concretizar as sugestões feitas pelos especialistas da Comissão Nacional de Saúde da China em Agosto. “Não conseguimos agir de forma tão rápida. Temos agora uma nova estirpe vinda da África do Sul e estamos a fazer esse acompanhamento.” Peito às balas A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura frisou que, caso Macau registe novo surto ou problemas associados com a gestão da pandemia, irá assumir as responsabilidades. “Assumo a responsabilidade sobre qualquer onda de surto da pandemia. Precisamos de melhorar a coordenação e vou assumir as responsabilidades”, disse, explicando que o objectivo das autoridades é travar o impacto negativo com o encerramento de algumas actividades económicas. “Vamos reforçar os trabalhos [de divulgação] para que as pessoas se vacinem e vamos analisar que sectores necessitam suspender actividade. Tentamos reduzir o impacto na vida da população, daí que nos meses de Agosto a Outubro tentámos reabrir as lojas e reiniciar as actividades para que a população possa ter entretenimento e praticar desporto”, concluiu.
Cuidadores informais | Âmbito do subsídio pode ser alargado Andreia Sofia Silva - 2 Dez 2021 Em resposta às deputadas Ella Lei e Wong Kit Cheng, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura prometeu alargar o âmbito do subsídio atribuído aos cuidadores informais, ainda em fase experimental. “Vamos repensar [atribuir] este subsídio para cuidadores de doentes autistas graves, e acamados. Vamos considerar também a inclusão dos cuidadores dos portadores de deficiência. A primeira fase [deste plano] acabou e vamos continuar a fazer um balanço para ver onde podemos melhorar”, referiu Elsie Ao Ieong U.
Ano Novo | Governo sem planos para festa na rua Andreia Sofia Silva - 2 Dez 2021 A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura não tem ainda planos para a habitual festa de passagem de ano na rua devido à pandemia. “Não temos ainda um plano concreto para controlar o fluxo de pessoas. [Este evento] não pode ser como o Grande Prémio porque não há muitas saídas no recinto e não podemos ter um local que tenha apenas uma entrada e saída. Os participantes podem chegar aos 25 mil, enquanto que no Festival de Gastronomia participaram apenas 700 pessoas”, apontou.
LAG 2022 | Governo quer desenvolver turismo de saúde a partir do novo hospital das ilhas Andreia Sofia Silva - 2 Dez 2021 A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, espera que Macau se torne num destino de turismo de saúde nos próximos anos com a abertura do novo Hospital das Ilhas. Na próxima semana, o Governo reúne com responsáveis do Peking Union Medical College Hospital para ultimar detalhes de gestão O debate sobre o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano na área dos Assuntos Sociais e Cultura ficou marcado por questões sobre a gestão do futuro Complexo Hospitalar de Cuidados de Saúde das Ilhas. A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, disse esperar que o novo hospital possa atrair visitantes para o segmento do turismo de saúde. “Reunimos condições para promover o turismo de saúde e nos próximos anos posso garantir que as instalações de saúde serão mais actualizadas e teremos quadros mais qualificados”, começou por dizer. “Muitos chineses reconhecem a qualidade do Peking Union Medical College Hospital nas áreas da oncologia e cirurgia plástica e isso pode levar à promoção do turismo de saúde em Macau”, frisou a governante. Perante as perguntas dos deputados, a secretária referiu que a gestão do futuro hospital será abordada na próxima semana numa reunião entre o Governo e responsáveis da entidade hospitalar de Pequim. O centro terá “um modelo diferente do hospital público, pois os trabalhadores não serão considerados da Função Pública”. A secretária adiantou que “haverá medidas de gestão financeiras próprias” e será criado “um novo órgão de direcção para gerir o hospital”. O Governo vai preparar “um pacote de diplomas legais para ser apreciado pelo hemiciclo” a propósito da gestão do novo hospital. Elsie Ao Ieong U adiantou também que os médicos especialistas ou chefes de serviço serão contratados por esta entidade de gestão no Interior da China ou no estrangeiro. O objectivo é contratar “médicos de renome para trabalhar em Macau, que vão prestar cuidados médicos e ensinar os profissionais de saúde”. Além disso, “os profissionais de saúde de Macau serão formados pela Peking Union Medical College Hospital e só depois podem começar a trabalhar” no novo hospital. Elsie Ao Ieong U falou da possibilidade de os profissionais de saúde de outros hospitais serem também formados pela Peking Union Medical College Hospital. Faltam especialistas A governante prometeu desenvolver o sector da saúde, apostando em especialidades médicas como a oncologia, onde “existe falta de médicos” e tendo em conta que “muitos pacientes foram encaminhados para o estrangeiro para fazerem o seu tratamento”. O Governo quer ainda desenvolver áreas médicas como a neurologia e cirurgia plástica. Actualmente, Macau tem uma média de dois médicos por cada mil habitantes, rácio semelhante a Singapura “que não baixo em comparação com os territórios vizinhos”. No entanto, admitiu a secretária, “temos falta de médicos especialistas”. Resposta mental Alguns deputados alertaram ontem para o aumento do suicídio juvenil, bem como os problemas de saúde mental associados à pandemia. No entanto, Elsie Ao Ieong U garantiu que a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude e o Instituto de Acção Social “têm cooperado com organismos sociais e escolas para prestar um melhor serviço à população” nesta matéria. “Com um cenário de pandemia e a pressão sentida no dia-a-dia as pessoas podem sentir [dificuldades], e temos depositado a nossa atenção junto das comunidades e escolas. Temos [os serviços] do hospital público e um canal verde para as pessoas que precisem de um médico na área da saúde mental”, acrescentou.
Covid-19 | Japão deteta primeiro paciente infetado com a nova variante Hoje Macau - 1 Dez 2021 O Japão confirmou ontem o primeiro caso de um doente infetado com a variante Ómicron do novo coronavírus tratando-se de um viajante procedente da Namíbia, disseram hoje fontes oficiais japonesas. Hirokazu Matsuno, do gabinete do Governo de Tóquio, disse que o paciente é um homem de 30 anos, cuja doença foi detetada após ter sido submetido a um teste no diagnóstico no aeroporto de Narita, Tóquio, no domingo. A nacionalidade do paciente não foi revelada por questões de privacidade. A análise posterior efetuada no Instituo Nacional de Doenças Infecciosas confirmou hoje tratar-se de um caso da nova variante (Ómicron) que foi inicialmente identificada na África do Sul. Os companheiros de viagem do paciente infetado com a nova variante e os passageiros do avião foram identificados pelos serviços sanitários do Japão. De acordo com a imprensa japonesa, dois familiares do viajante infetado “testaram negativo”, mas vão permanecer isolados em instalações governamentais perto do aeroporto de Tóquio. Matsumo disse ainda que o executivo vai manter as medidas de controlo relativas à entrada de pessoas no país. Na segunda-feira, o Japão anunciou restrições à entrada de visitantes como medida de precaução contra a nova variante. As medidas vão manter-se em vigor, pelo menos, até ao final do ano, incluindo a quarentena de 14 dias a todas os japoneses e estrangeiros com autorização de residência no país que entrem no Japão. A Organização Mundial da Saúde alertou na segunda-feira que existe um “elevado risco” de a nova variante se tornar global “com consequências severas”.
Covid-19 | China reconhece que variante Ómicron complica organização dos Jogos de Inverno Hoje Macau - 1 Dez 2021 A China reconheceu ontem que a nova variante Ómicron pode acarretar dificuldades adicionais para a organização dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, entre 4 e 20 de fevereiro, mas reafirmou a sua confiança no sucesso do evento. “Certamente trará alguns desafios em termos de combate à epidemia”, disse Zhao Lijian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, em conferência de imprensa. “Mas a China tem experiência nesta área e estou totalmente convencido de que as Olimpíadas de Inverno ocorrerão de forma tranquila e conforme planeado”, apontou. A China controlou amplamente a epidemia no seu solo graças a restritas medidas de prevenção: quarentena obrigatória para quem chega do exterior, testes em massa e isolamento de bairros, distritos ou cidades inteiras quando são diagnosticados os primeiros casos da doença. A vida voltou à normalidade na primavera do ano passado, mas o país ainda enfrenta o aparecimento de pequenos surtos esporádicos. Embora as fronteiras chinesas estejam praticamente fechadas desde março de 2020, os Jogos de Pequim acontecerão numa “bolha”, com os cerca de 2.900 atletas isolados da restante população. Eles devem estar vacinados ou cumprir uma quarentena de 21 dias à chegada. Apenas espetadores residentes na China poderão assistir aos eventos. “Em relação à variante Ómicron, a China fez a coisa certa em termos de prontidão tecnológica”, disse Xu Wenbo, especialista em doenças virais do Centro Chinês para o Controlo e Prevenção de Doenças, em conferência de imprensa. “Temos muitas opções, com vacinas inativadas, vacinas de proteína recombinante e vacinas de vetor viral que estão nos estágios iniciais de pesquisa”, descreveu. A China relatou nas últimas semanas apenas algumas dezenas de novos casos diários de covid-19. A nova variante ainda não foi detetada no país, exceto no território autónomo de Hong Kong.
Concurso de Eloquência de português da Universidade de Macau visa promover estudo da língua Hoje Macau - 1 Dez 2021 Mais de uma dezena de concorrentes participou ontem no 19.º Concurso de Eloquência de Língua Portuguesa da Universidade de Macau (UM), numa iniciativa que visa aumentar o interesse no estudo do português. Subordinado ao tema “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, o concurso anual, organizado pelo departamento de português da Faculdade de Letras da UM, contou com a participação de estudantes da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST), do Instituto Politécnico de Macau (IPM) e da UM. A final sido disputada por 13 participantes que fizeram uma apresentação pública dos discursos perante espetadores e júri. Che Chong Hei, da UM, ganhou o primeiro prémio, Yang Hou Pan, também da UM, ganhou o segundo lugar e Chen Wangying, do IPM, o terceiro. O júri atribuiu uma menção honrosa a He Yijia, da MUST. “Este concurso pode promover o intercâmbio cultural”, disse à Lusa o professor de português da UM, José Lino Pascoal, acrescentando que “num futuro próximo, haverá mais chineses a aprender português”. Este número de candidatos é “o maior de sempre” do concurso, “um momento gratificante e desafiante”, em que todos os textos apresentados “eram muito bons”, sublinhou. “Por exemplo, o estudante que ganhou o primeiro prémio começou o discurso com: ‘sou um homem de Macau'”, o que também reflete a identidade do território, acrescentou o professor. Estudante da licenciatura em Direito e falante de cantonês, Che Chong Hei estuda português há três anos e disse ter ficado “supreendido por ter vencido” o 19.º Concurso de Eloquência de Língua Portuguesa, indicando que a sua língua materna é o cantonense. Che sublinhou que o português vai ser importante no seu futuro, já que é uma língua “necessária para a prática como advogado”.
Cartoon de português residente em Macau pela primeira vez na capa do Le Monde Hoje Macau - 1 Dez 2021 Um dos trabalhos do cartoonista português Rodrigo Matos, residente em Macau, e que integra o coletivo “Cartooning for Peace”, foi ontem publicado, pela primeira vez, na primeira página do jornal francês Le Monde. “É a primeira vez que me acontece e uma experiência nova para mim”, disse à Lusa Rodrigo Matos. “Este é o 12.º cartoon que envio para eles e espero que seja o primeiro de vários”, acrescentou. A associação “Cartooning for Peace”, criada pelo cartoonista do Le Monde, Plantu, em 2006, e que contou 225 membros, selecionou alguns autores, cujo estilo se adapte à primeira página do diário francês. “Eu sou um desses selecionados e quatro vezes por semana recebo uma lista de temas que podemos escolher e trabalhar como entendermos”, explicou. As escolhas são enviadas para o jornal, cujos editores decidem qual vai para a primeira página, disse. O trabalho de Rodrigo publicado na capa do Le Monde é sobre o novo presidente da Interpol, general Ahmed Naser al Raisi, dos Emirados Árabes Unidos, acusado de promover práticas de tortura. Al Raisi foi eleito para o cargo em 25 de novembro, durante a assembleia do organismo internacional de cooperação policial, em Istambul. Várias organizações internacionais, entre as quais a Human Rights Watch, tinha alertado sobre a candidatura de Al Raisi, que acusam de ser um dos máximos responsáveis policiais dos Emirados Árabes Unidos, um país que usa métodos repressivos contra os dissidentes políticos. Em abril, um antigo procurador inglês David Calvert-Smith publicou um relatório no qual é referido que Al Raisi “coordenou o aumento da repressão contra os dissidentes” através de práticas de tortura e de abusos do próprio sistema judicial dos Emirados Árabes Unidos. A organização Centro de Direitos Humanos para o Golfo fez uma denúncia contra Al Raisi em França, país onde se encontra a sede da Interpol, em Lyon, alegando que o ativista político Ahmed Mansur foi alvo de torturas nos Emirados Árabes Unidos. Da mesma forma, um gabinete de advogados turco apresentou uma denúncia à Procuradoria da Turquia contra o general por torturas a Ahmed Mansur.
WTCR volta a colocar o GP Macau no calendário de 2022 Sérgio Fonseca - 1 Dez 2021 A Eurosport Events, a empresa que tem os direitos de promoção da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR, divulgou no final da pretérita sexta-feira um calendário provisório de dez provas para a próxima temporada, sendo que o Grande Prémio de Macau é a última jornada dupla de 18 a 20 de Novembro de 2022. O Grande Prémio de Macau acolheu a caravana do mundial de carros de Turismo em 2018 e 2019 e fez parte dos calendários provisórios das temporadas de 2020 e 2021, antes dos cancelamentos pelas razões por demais conhecidas. Como “gato escaldado de água fria tem medo”, a organização da FIA WTCR tem já um calendário alternativo para aprovação do Conselho Mundial da FIA caso a viagem de Outono ao continente asiático seja abortada pela terceira vez consecutiva. “Mais uma vez, todos os esforços estão a ser feitos para um regresso à China (Ningbo) e a Macau, após a nossa primeira visita à Coreia do Sul planeada para o Outono”, disse François Ribeiro, o responsável máximo da Discovery Sports Events, em comunicado. “Contudo, como anteriormente, isto só será possível se as restrições nas viagens e regimes de quarentena o permitirem. Porém, um plano de contingência está pronto caso tenhamos que esperar mais um ano antes de regressar a esta importante parte do mundo”. Com uma forte presença de marcas asiáticas no seu campeonato – Lynk & Co, Honda e Hyundai – a FIA WTCR está praticamente obrigada a tentar regressar ao continente asiático ano após ano. Isto, para além do facto da organização de matriz francesa ter de apresentar todos os anos um calendário com mais de dois continentes caso queira conservar o estatuto que tem de Taça do Mundo. Outras pistas Além de Macau, o calendário de 2022 da FIA WTCR promete mais duas corridas em circuitos citadinos; uma no histórico Circuit de Pau-Ville em França e outra na cidade de Vila Real, em Portugal. O município português espera conseguir realizar o seu evento no primeiro fim de semana de Julho, após dois anos em que a pandemia roubou o maior evento desportivo da vibrante cidade transmontana. O comunicado de imprensa da FIA WTCR acrescenta também que uma série de mudanças nos regulamentos desportivos para a temporada de 2022 também foram aprovadas pela Comissão de Carros de Turismo da FIA, não revelando quais, apenas que estão sujeitas a ratificação no Conselho Mundial da FIA em Dezembro.
Uma noite de Verão Amélia Vieira - 1 Dez 2021 [A quatre heure du matin, l´été, le sommeil d´amour dure encore…] Rimbaud, é preciso e precioso em tudo o que diz e sente neste poema, ele que não teve propriamente paz, e muito menos a deu, é um agente das coisas mais luminosas da nossa humana consciência. Sonharia então nestas noites de Estio da sua juventude – que ele, nunca foi velho – mas aqui mais novo ainda de quando a morte o encontrou, sentido estas coisas na hora dos condenados, que vinda a alba, o rosto da morte e das paixões se dissipam num esquecimento estratégico. Lembra pois, corpo, de como eram radiosas estas noites! Ele não se fica por este laço do amor, e prossegue numa inspiradora manifestação para com aqueles cujo destino é muitas vezes injusto « les Ouvriers!» que “ils preparent les lambris précieux où la richesse de la ville rira sous de faux cieux”. Ele não cede ao labirinto íntimo, e o amor continua. Nós diríamos sem grande exagero que as vozes hoje se dissociaram da sua responsabilidade que seria a de lutarem pelo lado certo da missão que sem dúvida Deus lhes concedeu, e que ao tornarem-se demasiado pessoais e confessionais nas suas “razões” mitigadas por nevroses insipientes, foram secando uma certa razão de ser. As emoções congeladas para mostrarem que sentem são bastante mais escorregadias que a falta delas, podendo chegar-nos ainda como devastações do ciclo da comoção o ardilosamente planteiam num esquema alternativo para o fim de todas estas expressões, atravessadas um dia por gente habitada. E nestas noites de Verão nada nos recorda abençoar o trabalho feito por todos aqueles de que dependemos, nem os “banhos” dos que se afogam e vêm de locais muito parecidos para onde o poeta um dia fora, nos sossegam, pois se no outrora breve, a poesia de intervenção era um estigma também nada interessante, o vazio de qualquer outra que seja, mostra-se devastador. [Reine des Bergers! Porte aux travailleurs l´eau- de- vie] a noite curta será assim uma parte desse amor que nele pareceu ser sempre pouco, difícil e magoado, para se ir ampliando num amor total a todos, próximos de si, e neste bem-desejar, ele atinge o seu perfil de anjo. O poema chama-se então «Um bom pensamento matinal» e até ao meio-dia ele abençoará estas gentes para que as suas forças estejam em paz. Ainda crê que os trabalhos intensos venham lá de baixo, do jardim das Hespérides, e que nem sempre o mal vença tanto como se prevê – e faz bem em assim crer – pois que não se pode olhar o humano sem um misto de esperança e fantasia, se tal não acontecesse, seria tão insuportável como não ter nada mais nada para fazer, que isso é possível quando alguma coisa poderosa desiste de nós. Por ser Verão, devem ter o seu banho de mar, que bem diferente é de um tanque de água, que toda a água é pública, e quem transpira mais deve ser refrescado. Os tanques com água são as piscinas que proliferam por todos os lados individualmente e que visam refrescar as consciências que fecharam fontanários, e Fontes Luminosas, redes públicas do bem-estar operário. Também não há jovens que invoquem a Rainha dos Pastores, já não têm recurso a «redes de cultura humanista» que lhes permitam laborar nos mitos, não havendo razão alguma para confiar no futuro breve quando o presente conseguiu abastecer cepas destas em todo os cantos da Terra. As laranjas, essas, estão por todo o lado e não são precisos Jardins tão remotos, basta um desfiladeiro de estufas de regadio até sugar todo o solo, ter bons escravos, para manter plantações exóticas, inúteis e atmosfericamente desvinculadas, e Vénus, esse, essa… é um planeta para este mundo, muito quente, de órbitra interna, incapaz da associação amante, isto, se os seres não forem agora produções sacrificiais para um terceiro sexo a nascer. Também podem ser a antevisão de um só género fenecente. Ele, Rimbaud, evoca aqui de forma amorosíssima a justiça de que necessitam os seres. Não esquece os braços quentes dos seus sonhos de Verão, enaltece-os, indo buscar a manhã que lhes sucedem, contemplada com ternura imensa num mundo que para um poeta será sempre um lugar desconcertante. É um poema curto, límpido, magnífico. Não pretende mais que essa soberania, por que soberanos instantes, como bons diálogos, são prova de que a alma existe e regista apenas o que é essencial. Por todos os Verões.
FRC | Sara Augusto em palestra sobre a visão do inferno de Dante Hoje Macau - 1 Dez 2021 A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta, no próximo dia 7, pelas 18h30, uma palestra sobre os 700 anos da morte do escritor e poeta italiano Dante Alighieri, que terá como oradora Sara Augusto, professora do Instituto Politécnico de Macau (IPM). Esta conferência é uma das primeiras do ciclo “Visões, Imagens e Memórias na Arte e na Literatura”, organizadas e apresentadas pela académica. A temática do inferno estará patente nesta conversa, que irá remeter para as referências do “sonho dantesco” e da “visão dantesca”. Estas “são expressões que se tornaram sinónimas de visão infernal numa linguagem culta e informada, mas cuja explicação implica uma abordagem mais ampla, que vai da literatura à arte, atravessando séculos de expressão poética e artística”. Dante é, contudo, apontado ainda como o grande responsável das visões do paraíso e do purgatório que nos chegaram. No IPM desde 2016, Sara Augusto é doutorada em Literatura Portuguesa pela Universidade Católica Portuguesa, tendo trabalhado como professora auxiliar na mesma universidade (1991-2009) e na Universidade de Coimbra (2009-2014), onde cumpriu também funções de investigadora, afecta ao Centro de Literatura Portuguesa.