Rota das Letras | Livro “Jornadas pelo Mundo” apresentado em Macau

Bernardo Pinheiro Correia de Melo, Conde de Arnoso, integrou a delegação portuguesa que, em 1887, foi a Pequim assinar um dos tratados mais importantes da relação luso-chinesa. Dessa viagem, com passagens por Macau e Hong Kong, nasceu o livro “Jornadas pelo Mundo”, agora reeditado. A obra será apresentada no Festival Rota das Letras e no Clube Lusitano de Hong Kong

 

“Encontrar terra portuguesa, a mais de três mil e seiscentas léguas de distância da nossa querida pátria, é tamanha ventura que os cinco dias que estivemos em Macau contarão na nossa vida como para os caminhantes no deserto contam as horas de descanso passadas à sombra benfazeja das palmeiras de um oásis”.

Pousados os pés em Macau depois de uma longa viagem de barco desde Marselha, é desta forma que o Conde de Arnoso, título atribuído pelo rei D. Carlos I a Bernardo Pinheiro Correia de Melo, descreve o território administrado por portugueses. Integrante da comitiva portuguesa que veio à China assinar o Tratado de Amizade e Comércio Sino-Português, em 1887, o Conde de Arnoso passou por vários lugares até chegar a Pequim, incluindo Macau e Hong Kong, onde passou alguns dias e procurou avidamente compreender os usos e costumes locais.

O relato de viagem lê-se em “Jornadas pelo Mundo”, obra editada pela primeira vez em 1895 e depois em 1916, já depois da morte do autor, e que ganha agora nova edição revista e ilustrada com o cunho da Quetzal e coordenação de Francisco José Viegas, autor convidado da próxima edição do festival literário Rota das Letras, que acontece entre os dias 6 e 15 de Outubro. O programa do festival inclui, aliás, uma conversa sobre este livro, que será também apresentado no Clube Lusitano de Hong Kong.

Ao HM, Francisco José Viegas descreve o Conde de Arnoso como uma “figura extraordinária, um homem literário, ligado às áreas da matemática, da engenharia, mas também da diplomacia”, tendo sido secretário particular do rei D. Carlos, assassinado no Regicídio, e feito parte do grupo “Vencidos da Vida” onde constavam autores como Eça de Queirós, Ramalho Ortigão ou Guerra Junqueiro.

Francisco José Viegas diz ter ficado “fascinado” com a obra que tem um cunho inovador no campo da literatura de viagens, sobretudo no que diz respeito ao “interesse diplomático e histórico”.

A missão diplomática em causa era chefiada por Tomás Rosa, que foi governador de Macau, tendo Pedro Nolasco da Silva sido o tradutor oficial. Em 1887 a China enfrentava “um período particularmente importante”, sendo governada pela Imperatriz Cixi e estando no final das guerras do Ópio.

Evocações e vislumbres

A chegada a Macau constituiu “um momento particularmente importante” para o Conde de Arnoso, que faz uma espécie de “reencontro com a pátria”. “Ele vai evocar o governador Ferreira do Amaral, as escolas religiosas, a história, os monumentos de exaltação patriótica que encontra. Não era muito vulgar num homem em funções diplomáticas, nessa altura, ter os múltiplos conhecimentos e estudos, a curiosidade e a capacidade de narrativa do Conde Arnoso.”

Francisco José Viegas descreve que esta não foi apenas uma “viagem patriótica”, sendo descritos episódios como o consumo do ópio, a “crescente criminalidade”, vários problemas da sociedade da época. “Ele sabe que Macau é um problema na nossa identidade e história, como foi sempre ao longo dos anos, e está sempre consciente disso.”

O olhar do Conde de Arnoso sobre Macau é, assim, “deslumbrado”. “O século XIX é quando Portugal reencontra a Europa, com a Monarquia Constitucional, dando-se a entrada da cultura europeia em Portugal, com uma geração de autores. O Conde de Arnoso é também um europeu, uma mistura entre Paris, Londres, desempenhando algumas funções diplomáticas. Depois de atravessar meio mundo, encontra Portugal. Para ele [Macau] é uma ilha no meio de um continente exótico.”

Desta forma, o Conde de Arnoso fez “o que qualquer europeu medianamente culto fazia nas suas viagens: encontrar o mundo como um lugar de exotismo por onde os europeus se passeiam”.

A estupefacção com a China

Para Francisco José Viegas, “Jornadas pelo Mundo” mostra um outro lado do Conde de Arnoso face aos habituais viajantes da época: a sua curiosidade e capacidade de questionar.

“O que iliba o Conde de Arnoso é esse sentimento de justiça que toma conta dele na China, sobretudo, quando enfrenta a pobreza, questionando como é possível um império tão importante chegar aquele ponto, apesar do passado e de uma história tão gloriosa. Isso choca-o na China, mas fica eufórico com Macau.”

Destaque para o relato feito em Xangai da “cidade china, encerrada dentro de altos muros ameados”, que “espanta pelo contraste com os bairros chinas das concessões”. Lá, “as ruas são vielas estreitas e tortuosas”. “Falta o ar, respira-se mal, tudo tem um aspecto porco e sujo.”

“O encontro do Conde de Arnoso com a China é espantoso, porque ele tem a noção de que há ali qualquer coisa de muito importante, algo que os ocidentais geralmente não têm. Muito agora as grandes figuras ocidentais na China tenham essa sensação, depois não vão procurar os sinais. O Conde de Arnoso tentou encontrar as referências ao passado, ao império, mas sem deixar de fazer críticas severas ao funcionamento do regime, à burocracia, à aristocracia”, descreveu Francisco José Viegas.

Observa-se, em “Jornadas pelo Mundo”, “uma espécie de narrativa pioneira da verdadeira China e não [o país] da história ou da literatura”. No caso de Hong Kong, Conde de Arnoso ficou surpreendido por encontrar um Clube Lusitano.

Ao longo desta obra o autor vai sempre “à procura do que é estranho, oriental, do que é local”, tentando escapar “ao que é oficial” e tendo a “reacção de um europeu de classe alta, educado, mas muito aberto”.

Isto numa altura em que “muitas das narrativas europeias de viagens pela China eram muito depreciativas para o país”. Escritos que davam a entender o país “como se fosse uma nação menor, mas Conde de Arnoso percebe que não é nada disso, compreende a enormidade [do país]”.

 

 

“Melancholia” e outras histórias

Francisco José Viegas apresenta dois livros no Rota das Letras

“Melancholia”, lançado no ano passado, e “A Luz de Pequim”, editado em 2019, são duas obras que serão apresentadas na 12ª edição do festival Rota das Letras, além de “Jornadas pelo Mundo”. Trata-se de dois livros onde o personagem Jaime Raimos, inspector, assume novamente o protagonismo, estando presente em diversos textos e obras de Francisco José Viegas desde 1991.

“A Luz de Pequim” começa no Porto, de onde foge alguém para a capital chinesa, sendo que a investigação “gira em torno deste desaparecimento e da geração que foi comunista a seguir à revolução [do 25 de Abril de 1974]”. Essa obra termina no Palácio de Cristal, no Porto, ponto de partida para “Melancholia”, marcado pelo assassinato de uma escritora.

“Interessa-me a investigação policial na medida em que jogo com as técnicas do policial, mas interessa-me muito mais o país. Por exemplo, em ‘A Luz de Pequim’, interessa-me o poder dos poderosos, as oligarquias, mais do que as guerras do submundo portuense. Neste livro interessa-me também esse mecanismo de produção de melancolia portuguesa mais do que a investigação. A escrita é um símbolo dessa produção de melancolia, se quisermos.”

Francisco José Viegas assume que Jaime Ramos já tem personalidade e rumo próprios. “É uma espécie de companhia muito presente em todos os meus livros e na verdade já é independente de mim. Costumo dizer que esse é o sonho de qualquer escritor, criar uma personagem que já tem vida própria. Dá-me uma grande alegria por saber que ele ganhou vida e uma biografia própria, e que tem um modo de interagir com outros personagens que não tem a ver comigo.”

 

Escrita em Macau

Tanto Jaime Ramos como os próprios portugueses têm duas características, a ironia e a melancolia. “Entre estes dois pólos, pode dizer-se que Jaime Ramos opta muito mais pela melancolia. Dizer que somos um povo melancólico é tão banal como dizer que somos um povo de tolos ou de levianos. Não nos definimos apenas por uma característica, mas a melancolia é uma das nossas características, e isso tem a ver com o nosso isolamento, a forma como nos relacionamos com o destino, como desistimos dele muitas vezes. A melancolia diz respeito à forma como vemos a própria literatura.”

Francisco José Viegas está a ultimar um romance maioritariamente passado em Macau, e que será concluído nesta viagem. “É uma espécie de despedida portuguesa de Macau ou, pelo menos, a minha despedida. Abordar a memória e a presença portuguesa [no território] é muito complexo, e vejo sempre Macau de fora, é sempre como se fosse o cenário de um filme. É sempre tão difícil de entender que é fascinante. Com este livro não pretendo explicar nada, mas sim fazer uma visita. O próprio Jaime Ramos faz a sua visita a Macau e, de fora, observa-a, quando tem apenas uma semana para fazer a investigação.”

Sobre o Rota das Letras, o autor defende que “é importantíssimo” que continue sendo “a garantia de que não há uma despedida total [dos portugueses] de Macau” e uma “prova desse dinamismo”.

18 Set 2023

Francisco José Viegas, editor do romance “O Jogo das Escondidas”, de Fernando Sobral: “Chegar a Macau é como ver um filme”

Pouco tempo antes de falecer, vítima de doença prolongada, Fernando Sobral, cronista e autor, organizou todos os fascículos da história publicada no HM, que deram origem ao romance “O Jogo das Escondidas”. O livro foi lançado esta terça-feira na Feira do Livro de Lisboa, num evento que recordou o autor de tantas outras obras que traçam o exotismo de Macau. Conversámos com Francisco José Viegas, editor da obra lançada pela Quetzal

 

Fernando Sobral faleceu antes do lançamento deste livro. Como foi transformar todos os fascículos publicados no jornal num romance coeso?

Foi muito simples. A Cristina [esposa de Fernando Sobral] entregou-nos o original preparado pelo próprio Fernando. O que publicámos foi a última revisão feita por ele. Para nós foi um trabalho emotivo, porque sabíamos que ele tinha feito a preparação mesmo no final [da sua vida] e que era o último texto que tinha deixado. A edição dos outros livros do Fernando, publicados ainda em vida do autor, foi também um processo muito simples, como é o caso do “L. Ville” e “Ela Cantava Fados” [editados pela Quetzal]. Ele entregava sempre as coisas muito estruturadas e havia sempre pouco a fazer além do que ele já deixava feito. Esse era muito o estilo do Fernando. Lembro-me quando trabalhávamos em jornais e revistas, e eu trabalhei com ele em televisão, e aí o ritmo era um bocadinho alucinante. Se às dez da manhã tínhamos de ter algo pronto, às 9h50 o Fernando tinha tudo pronto. Era super profissional.

“O Jogo das Escondidas” é mais uma história sobre Macau antigo, sobre a fantasia que o território acarreta em si e que segue um pouco a linha das obras anteriores do mesmo autor.

Segue o padrão daquilo que o Fernando encontrou em Macau. Lembro-me da primeira vez que fui a Macau imaginei um filme. Não sei que filme era, mas era sem dúvida o cenário para um filme. O Fernando fez mais, não só fez o filme na cabeça dele, com todos aqueles personagens, como fez um retrato de época. Ele sabia quando tinha sido a época de ouro de Macau. Mas há aqui um pormenor especial, que é o facto de ele ter escolhido Macau. Na nossa literatura ultramarina, Macau tem muito pouca presença, há poucos autores macaenses, e o Fernando escolheu o território como cenário como tema da sua obra. Macau foi uma descoberta pessoal e isso teve um impacto brutal na maneira como ele passou a ver o mundo e a ver-se a si próprio. Isso foi decisivo. Estes livros podem não dar a ideia de que ele está muito investido neles, mas para quem o conhecia, sabe que ele investia muito [nas obras que escrevia].

Esta história passa-se nos anos 20, o período posterior à implementação da República, tanto em Portugal como na China. O livro arranca ainda com a questão histórica da possível venda de Macau…

Curiosamente não é um tema muito abordado, mas isso foi falado e conversado, e até Eça de Queirós tinha defendido a venda das então colónias. Mas tem muito a ver com a indiferença portuguesa em relação a Macau, uma certa apatia. A Quetzal vai publicar agora o livro do Conde Arnoso, “Jornadas pelo Mundo”, que é sobre a viagem que ele faz de Lisboa a Pequim, integrado na comitiva da embaixada de Tomás Rosa, que assina, em Pequim, o tratado que reconhece a ocupação portuguesa de Macau [Tratado de Amizade e Comércio entre Portugal e a China, assinado em 1887]. O Conde Arnoso, um diplomata, mas, sobretudo, um homem de poder, olha para Macau e percebe que está ali um dos últimos lugares portugueses. É engraçado ver que, muitos anos depois, o Fernando [Sobral], sem ter lido a obra do Conde Arnoso, acaba por descobrir também esse lado. Um dia disse-lhe algo, que tem a ver com a minha peregrinação por Macau: “Parece que estás, num domingo à tarde, na Taipa velha”, a passear nas ruas, a ver os velhos a jogar. Acho que o Fernando, se ele permanecesse no seu lugar, que era vivo, de certeza que iria escrever mais livros sobre Macau.

Com “O Jogo das Escondidas”, qual a percepção que o leitor pode ter de Macau?

Os cenários, o aroma, o modo de vida dos perdidos. Os perdidos são aqueles que iam para Macau, e ainda hoje vão, e que ficam lá para sempre, mas que estão perdidos. A diferença é que não fumam ópio e não frequentam as casas de meninas como as da altura, mas Macau é, de facto, um lugar de perdição, com os velhos que vão ficar ali, como testemunhas do tempo. O Fernando tinha uma leitura de Macau que não era apenas romanesca. Eu tentei escrever sobre Macau…

E vai sair esse livro?

Vai. A primeira vez que tentei escrever sobre Macau acabei por escrever sobre Pequim, “A Luz do Pequim” [lançado em 2019]. Mas eu tenho uma visão actual [sobre o território], e o Fernando tinha uma visão mais completa, porque leu bastante sobre a história e economia do território e sabia situar Macau no contexto da Ásia e da China, e isso foi muito importante, dando-lhe um valor acrescentado. Lemos o livro e parece que estamos a folhear páginas de história. Isso é muito importante para o leitor que sabe muito pouco de Macau e que nem sabe o que são as Portas do Cerco ou quem era o Ferreira do Amaral.

Este livro tem também um lado peculiar por ser o resultado da publicação de uma história em fascículos, nos jornais, algo comum na literatura e imprensa em finais do século XIX, inícios do século XX.

Publiquei dois romances em folhetim. O facto de o Fernando ter optado por esse modelo é muito significativo, porque é uma espécie de lado artesanal do romance. É o romance por entregas, como se chamava, e isso fez do livro um artefacto muito interessante.

Na feitura de um romance em fascículos, o processo de escrita é diferente?

É muito mais “à Fernando”, que tem um prazo. Ele trabalhava mediante prazos. O romance com um deadline é nitidamente uma ideia “Fernando Sobral”, faz parte da sua natureza. O facto de ter de cumprir prazos permitia estruturar não o pensamento, mas a história, desenhá-la. Isso tem muitas vantagens.

No seu caso também sentiu esse lado bom do deadline?

Senti isso como algo bom. Tinha de entregar os fascículos até quarta-feira à tarde, mas não era só isso, mas sim a ideia de que um capítulo tinha de suceder a outro capítulo. Não podíamos estar com brincadeiras, fazer 40 páginas. Há uma geometria, é um romance artesanal, e isso é muito comovente. É uma coisa que já não se faz.

Sobretudo numa altura em que o digital está tão presente na literatura, com os áudiolivros ou leituras no Kindle.

Este livro não poderia ser escrito pelo Chat GPT, porque tem uma intervenção muito pessoal, os personagens fazem coisas muito inesperadas, dizem coisas inesperadas. Tem, sobretudo, uma coisa que é fundamental num romance, que são os passados inesperados. Isso foi algo que o Fernando aprendeu na sua vida por causa das suas origens, no centro operário do Barreiro, o não nascer num meio elitista, intelectual. Isso fê-lo ter de lutar pelas coisas que lhe interessavam, as coisas que são.

Quando poderá sair o seu livro sobre Macau? Está no bom caminho, não se vai desviar outra vez?

Não, porque já tenho quase marcada a viagem a Macau para o terminar. Onde é o crime, onde aparece uma parte do corpo, que é no café Caravela.

É, portanto, um policial. Mas o café Caravela já fechou.

O crime foi cometido antes disso (risos). Não sabia que tinha fechado, mas outro dia pus-me a pensar nisso, olhando para o argumento, pensando se não teria fechado com a pandemia. Mas aquele restaurante, do português, em Hac-Sá [O Fernando], está aberto?

Esse sim. Mas quando for a Macau, por onde vai andar para concluir a sua história?

Sempre no centro de Macau. O Hotel Lisboa e a Taipa velha. São os cenários que mais me inspiram. Chegar a Macau é sempre ver um filme. Não me fascina muito a Macau nova, o Cotai, os casinos. Fascina-me a Macau dos anos 50, 60. Até Zhuhai me fascina (risos). Um dia fui lá só para ir a uma livraria.

1 Jun 2023

Francisco José Viegas e Stacey Kent juntam-se à lista de convidados do Rota das Letras

O elenco da 10.ª edição do Festival Literário de Macau – Rota das Letras foi alargado com três nomes de peso: o escritor português Francisco José Viegas, o realizador norte-americano Tony Shyu e a cantora norte-americana de jazz Stacey Kent.

Ainda com a pandemia a empurrar para o online parte do cartaz, o festival decorre entre sexta-feira e domingo, mas hoje oferece já dois aperitivos performativos aos amantes das artes de Macau. O primeiro é uma performance de teatro físico, sem texto, intitulada “Por Confirmar”, marcada para as 17h30, na residência do cônsul-geral de Portugal na RAEM, no edifício do antigo Hotel Bela Vista, e repetida à mesma hora amanhã e no sábado.

O espectáculo é baseado na escrita de Olga Tokarczuk, que ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 2018, com interpretação e coreografia da autoria do grupo Cai Fora, composto por Lou Chong-neng e Hsueh Mei-hua.
Palavras são substituídas pelo corpo na actuação que foca um olhar distanciado sobre a azáfama do quotidiano, cheio de correrias, suor e cansaço, com almas que se desprendem de pessoas que as deixam para trás.

A outra entrada do Rota das Letras deste ano é a performance “Não Querer Saber de Nunca Saber por Onde Ir”, apresentada hoje e amanhã às 22h no edifício Art Garden, sede da associação Art For All. O espectáculo, que une performance musical e monólogo, é da responsabilidade de Isaac Pereira e François Girouard.

Assim arranca o cartaz que reúne quase seis dezenas de autores convidados, onze sessões de apresentação de livros e debate dos mais diversos temas; quatro performances com um total de onze representações, uma das quais um concerto e duas exposições de fotografia.

Artes com todos

Com epicentro na Casa Garden, sede da Fundação Oriente, o festival literário arranca com uma palestra para estudantes sobre os 200 anos do Cemitério Protestante de Macau, ainda antes da cerimónia de inauguração. A partir das 14h de amanhã, numa sessão reservada a estudantes, Stephen Morgan e Andrew Leong conduzem uma visita guiada ao cemitério protestante, com a obra e vida de Robert Morrison como fio condutor.

De seguida, é apresentada uma palestra para o público geral sobre os 200 anos da tradução da Bíblia e do Cemitério Protestante. Stephen Morgan, Andrew Leong e Tereza Sena serão os oradores. Depois, haverá uma segunda visita ao cemitério, desta feita para o público em geral, guiada por André Lui, João Guedes e Paul B. Spooner, que irão contar em chinês, português e inglês as muitas histórias que o espaço encerra. Estas actividades, repetem-se no sábado, às 14h30.

A acção passa para o espaço ao lado, a Casa Garden, com a cerimónia de abertura do festival marcada para as 17h de amanhã, seguida da inauguração de duas exposições de fotografia. “A Estranha Familiaridade”, promovida pela revista Macau Closer, e “Visto com os Pés, Escrito com os Olhos”, mostra nascida da parceria criativa de Carlos Morais José e Rosa Coutinho Cabral.

Em relação às novidades anunciadas ontem, no sábado às 15h30, a Casa Garden transmite online uma entrevista em directo à cantora de jazz norte-americana Stacey Kent sobre o seu novo tema “Tango em Macau”, música com letra de Kazuo Ishiguro, Prémio Nobel em 2017.

Num painel de novidades editorais, marcado para as 14h30 de domingo na Casa Garden, o realizador norte-americano Tony Shyu irá fazer online a apresentação do argumento do filme “Macau Omen”.

Na mesma tarde, às 18h15, Francisco José Viegas participa na palestra “Narrativas da Escrita e da Fotografia”, em conjunto com Nuno Veloso, Sara Augusto, João Palla Martins, Shihan de Silva Jayasuriya, João Miguel Barros (online), António Júlio Duarte, Rusty Fox, Chan Hin Io e Leo Fan.

2 Dez 2021