José Paulo Esperança, reitor associado da Universidade Cidade de Macau: “As línguas não podem ser controladas” Andreia Sofia Silva - 1 Abr 2025 Co-autor do “Novo Atlas da Língua Portuguesa”, com Luís Reto e Fernando Luís Machado, José Paulo Esperança revela ao HM que a obra editada em 2016 e 2018 está a ser actualizada, sobretudo devido ao crescente valor global do idioma. O reitor associado e docente da Universidade Cidade de Macau sugere parcerias com Macau no âmbito do projecto editorial Lançou o “Novo Atlas da Língua Portuguesa”, em co-autoria, sobre o valor global do idioma. Planeiam uma nova edição ou actualização? Sem dúvida. Estamos a trabalhar nesse sentido, houve uma conferência recente em Macau e o professor Luís Reto, antigo reitor do ISCTE, apresentou alguns elementos mais actuais que foram desenvolvidos. Ele tem trabalhado numa questão muito importante, que é o papel do português como língua franca, que foi durante alguns séculos na Ásia. O intercâmbio entre holandeses e o reino de Sião fazia-se em português, porque era a língua comum utilizada nessa altura, antes do inglês se tornar na língua franca contemporânea. Portanto, há todo um historial interessantíssimo do português e no papel que teve nos primeiros pinyins que existiram, com o chinês e na utilização do alfabeto [romano] no Vietname. Há uma série de elementos que não estão, portanto, muito divulgados, e o trabalho do Atlas é esse mesmo, de divulgar algumas dimensões económicas da língua. Quais são essas dimensões? Uma delas é o intercâmbio de comércio e de investimento estrangeiro, que é muito facilitado pela língua. Falamos também das migrações, do turismo, do intercâmbio de estudantes que é muito influenciado pela proximidade linguística. Portanto, temos hoje um conjunto de elementos que são muito interessantes, e temos esperança de vir a desenvolver algumas parcerias mais importantes com Macau. Como? Mais ao nível do trabalho que o professor Luís Reto está a fazer, que mantém uma equipa de investigação sobre o valor do português. Ele tem colaborado com o Museu da Língua Portuguesa de São Paulo, por exemplo. Trata-se de um espaço museológico que foi renovado depois do incêndio que o destruiu. Além disso, tem um projecto com a Câmara Municipal de Cascais para desenvolver uma estrutura desse tipo, e temos esperança de fazer alguns trabalhos com Macau, no sentido de criar três pólos para a projecção da língua portuguesa. Quanto aos materiais do Atlas, gostaríamos de ter até um modelo de actualização continuado, pois estes dados ficam desactualizados muito rapidamente. A obra foi editada em muitas línguas, incluindo o mandarim. Este é o momento em que gostaríamos de dar ao livro uma dimensão mais histórica e profunda, com mais conhecimento sobre o ensino do português no mundo. Que balanço faz desse ensino actualmente? O português está a desenvolver-se muito como língua materna e, efectivamente, é uma das línguas com maior expansão devido ao crescimento demográfico em África, com países como Angola e Moçambique, que por volta de 2050 terão populações superiores a 100 milhões de habitantes, cada um deles. O português consolida-se, assim, como uma língua do hemisfério sul, mas muito mais de África, suplantando o próprio Brasil como local de maior número de falantes da língua. Tudo isso gera um enorme potencial, e tal também ocorre devido ao grande intercâmbio das universidades e internacionalização do ensino. Há hoje a possibilidade de o português ser uma língua de ciência, de haver mais publicações nesse idioma. Esse é um grande desafio, porque o inglês é a língua contemporânea dos cientistas. Queremos contribuir para todas essas dimensões, e Macau também pode ter aí um papel importante. Macau é de facto uma plataforma entre a China e os países de língua portuguesa, e pode desempenhar um papel significativo. Macau é um sítio ideal para formar professores de português que não tenham o português como língua materna? Teme que o território perca relevância nesta matéria perante a oferta de cursos no Interior da China? Vejo essa questão mais como complementaridade do que concorrência. Identificámos cerca de 60 instituições de ensino superior na China que têm cursos de português, mas julgo que Macau tem condições muito interessantes para começar a ensinar logo desde o ensino primário até ao secundário, para que seja possível às crianças terem uma aprendizagem desde tenra idade. Não quer dizer que não haja jovens chineses que começaram a aprender a língua na adolescência que passem a falar de forma fantástica, que me surpreende, mas é mais fácil começarem cada vez mais cedo. Isso será mais fácil em Macau. O que é importante é criar condições para uma maior colaboração económica a muitos níveis, como a investigação conjunta. Nesse aspecto, Macau tem uma oportunidade muito interessante. Na Universidade Cidade de Macau estamos muito interessados em ter cada vez mais colaboração com investigadores que nos visitem e trabalhem com as nossas equipas. Pode dar-me exemplos? O Brasil é hoje um dos grandes parceiros comerciais da China. Há muito intercâmbio nos dois sentidos, mas um dos temas que é pouco estudado, e no qual trabalho muito, é o da internacionalização das empresas chinesas. Até que ponto essas empresas seguem um modelo de internacionalização semelhante ao de outros países que começaram esse processo mais cedo? Falo dos Estados Unidos da América, dos países europeus, mas também do Japão e outros. A China tem, de facto, modelos diferentes de presença nos países que ainda não são muito conhecidos, e isso é importante perceber, para que saibamos como se pode facilitar esse processo de intercâmbio num mundo que vive períodos de algum retrocesso. É muito triste. Recordo sempre um grande economista de origem portuguesa, o David Ricardo, que explicou de forma clara como o comércio mundial é benéfico para toda a gente e como os países podem tirar partido dessa situação. Portanto, aplicar tarifas, fazer esse tipo de barreiras comerciais prejudica os países que são grandes exportadores, como a China ou Alemanha, e os países que têm hoje uma capacidade de exportação cultural, por exemplo, e não são apenas importadores. Relativamente ao novo Acordo Ortográfico. Continua sem haver uma uniformização em Macau. Isso preocupa-o? As línguas são dinâmicas e não podem ser controladas. Pensamos hoje no inglês, e percebemos que há formas quase incompreensíveis entre si, como o inglês que se fala na Nigéria ou na Austrália. Os americanos têm dificuldade em perceber os australianos. No século XIX, o português de Portugal e do Brasil estavam mais próximos, depois surgiu alguma divergência. Houve um esforço, no Brasil, de propor um acordo ortográfico, e os portugueses aderiram, resultando numa série de negociações. Sempre existiram resistências. Recordo que Fernando Pessoa sugeriu a famosa frase “A minha pátria é a língua portuguesa”. Era curiosamente uma manifestação de algum conservadorismo, porque ele achava que farmácia tinha de se continuar a escrever com PH [Pharmácia]. Na realidade não fazia muito sentido. Portugal acabou por procurar impor uma certa uniformização com base nas alterações mais genéticas do Acordo Ortográfico. Não é um processo que tenha corrido bem a cem por cento, e que tenha sido universalmente adoptado. Os países africanos acabaram por ser mais defensores do português de Portugal. Há, por vezes, alguma confusão, mas entendo que a intercompreensão ainda se mantém, conseguindo-se uma língua homogénea, mais talvez do que o inglês. Entre palavras e números José Paulo Esperança é doutorado em Economia pelo Instituto Universitário Europeu e foi presidente do departamento de Finanças e Contabilidade do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. O “Novo Atlas da Língua Portuguesa”, com edições em 2016 e 2018, contém “um amplo conjunto de indicadores que reforçam a ideia do crescimento do ensino, dos falantes e do uso escrito do português no mundo”, tendo sido alvo de uma série de iniciativas recentes em Macau. Uma delas decorreu no passado dia 17 de Março, na Fundação Rui Cunha, com uma sessão do ciclo “Roda de Ideias”, intitulada “O potencial da língua portuguesa no mundo contemporâneo”, que contou com a participação do antigo reitor do ISCTE, Luís Reto, e o próprio José Paulo Esperança. Além do “Novo Atlas da Língua Portuguesa”, José Paulo Esperança é autor de outras obras na área financeira.
Ucrânia | Lula da Silva vai falar com Putin e Zelensky Hoje Macau - 31 Mar 2025 O Presidente brasileiro, Lula da Silva, afirmou sábado que vai ter conversas separadas com os líderes da Rússia e da Ucrânia, Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky, respectivamente, sobre a necessidade de negociar um eventual fim da guerra. Durante uma conferência de imprensa em Hanói, no final de uma visita oficial de três dias ao Vietname, o líder sul-americano disse que trazer a paz de volta à Ucrânia, invadida pela Rússia desde Fevereiro de 2021, seria “a melhor coisa” para os dois países, mas também para a Europa e o resto do mundo. “Num conflito, os dois lados têm de estar dispostos a negociar”, observou Luiz Inácio Lula da Silva, que tenciona visitar Putin em Moscovo em 09 de Maio, por ocasião dos eventos comemorativos do 80.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial. “A paz destrói e a paz constrói (…). Vou voltar a discutir isso com Putin”, acrescentou. O Presidente da República disse ainda que irá falar com Zelensky, por telefone, “esta semana”, sem especificar o dia. O Brasil tem condenado repetidamente a invasão russa, mas tem suscitado o ceticismo de grande parte do Ocidente e da própria Ucrânia pela proposta de paz que apresentou em 2024, em parceria com a China. Esta semana, os Estados Unidos emitiram duas declarações separadas sobre os seus contactos com a Rússia e a Ucrânia, em Riade, capital saudita, no âmbito das negociações para um eventual fim do conflito. As partes, que continuam a atacar-se mutuamente, concordaram em garantir uma navegação segura, eliminar o uso da força e impedir a utilização de navios comerciais para fins militares no Mar Negro, bem como em desenvolver medidas para proibir ataques a instalações energéticas em ambos os países. Apesar dos enormes custos da invasão russa, a maioria dos ucranianos é a favor da resistência e não da rendição em caso de retirada total do apoio de Washington, desde que a Europa permaneça do seu lado, de acordo com uma sondagem do Instituto Internacional de Sociologia de Kiev (KIIS).
Apito Bidourado André Namora - 31 Mar 2025 Todos nós nos lembramos do caso ‘Apito Dourado’ que envolveu o antigo presidente do Futebol Clube do Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa. O caso era grave e a acusação ao dirigente portista envolvia várias suspeitas, a principal de corrupção para com os árbitros, a fim de que os rivais não conquistassem campeonatos. O caso foi notícia durante meses e uma das testemunhas em tribunal foi o antigo presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Gilberto Madail. Este, nada disse que pudesse incriminar Pinto da Costa porque também tinha telhados de vidro. Recordamo-nos perfeitamente da organização do Euro 2004, em Portugal, onde o presidente da FPF era precisamente Gilberto Madail. O povinho ficou atónito com a construção e renovação de dez estádios de futebol para a realização do Euro’04. Quatro estádios eram da propriedade do Benfica, FC Porto, Sporting e Boavista, enquanto o investimento público foi inserido nos estádios de Braga, Guimarães, Aveiro, Coimbra, Leiria e Algarve. Na altura, foi debatido na comunicação social o investimento exageradíssimo para um país tão pequeno e pobre e ficou a convicção de que a corrupção teria andado ao redor do investimento. Hoje, os estádios de Leiria, Aveiro e Algarve estão praticamente abandonados. A corrupção sempre esteve ligada ao futebol, não só institucionalmente como através dos inúmeros negócios que se realizam nos clubes com a compra e venda de jogadores. Quanto à arbitragem é melhor nem salientar os escândalos a que assistimos quase semanalmente. A 17 de Dezembro de 2011, Fernando Gomes tomou posse como presidente da FPF e as suas responsabilidades foram imensas ao longo de todos estes anos, já que recentemente passou a bola para o ex-árbitro Pedro Proença, que por sua vez já vinha de presidente da Liga de Futebol. Fernando Gomes foi um presidente polémico e não podemos esquecer que a seriedade não imperou quando Fernando Santos foi o seleccionador da equipa nacional. Na semana passada, o país ficou atónito porque ao fim de tantos anos, uma equipa de 65 inspectores da Polícia Judiciária (PJ), 15 especialistas de polícia científica da PJ, cinco juízes de instrução criminal, seis magistrados do Ministério Público e quatro representantes da Ordem dos Advogados deram início à megaoperação a que deram o nome “Mais-Valia”. Esteve em causa a suspeita de corrupção na Federação Portuguesa de Futebol, tendo sido desencadeados 20 mandados de busca e apreensão em domicílios, instituição bancária e sociedades de advogados nos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém. Então, o que é que estava em causa? Nada mais, nada menos que a suspeita de avultadas comissões recebidas por dirigentes da FPF e intermediários na venda do edifício da antiga sede da FPF, em Abril de 2018, por 11 milhões e 250 mil euros e que nesse negócio as comissões podem ter ultrapassado os dois milhões de euros. O período sob investigação incide entre os anos de 2016 e 2020, durante o segundo mandato de Fernando Gomes como presidente da FPF. No entanto, os magistrados e inspetores não conseguiram ter acesso a todos os documentos sobre a venda da antiga sede e que algumas informações terão desaparecido. O que foi confirmado é que o intermediário no negócio da venda do edifício da FPF, António Gameiro, antigo deputado do Partido Socialista, recebeu da FPF 249 mil euros, e ainda mais 492 mil euros de quem comprou o edifício. Ao fim e ao cabo, o imbróglio é enorme porque envolveu mais suspeitos tanto no interior da FPF como no exterior e as investigações estão a ser muito complexas. Mas, como na vida nunca vimos tudo, qual não foi a maior surpresa, escandalosa e vergonhosa para a PJ, quando os jornalistas que se preparavam para reportar a cerimónia de posse de Fernando Gomes como presidente do Comité Olímpico português, eis que chega o director nacional da PJ, Luís Neves – recentemente reconduzido no cargo – com Fernando Gomes ao seu lado e começa a disparar um discurso absolutamente absurdo no sentido de esclarecer de imediato que existem investigações de suspeita de corrupção na FPF mas, há sempre um mas, que o ex-presidente Fernando Gomes está ilibado de qualquer suspeita e consequentemente inocente. Leram bem? Como é que o director da PJ podia assegurar a inocência total de Fernando Gomes quando ainda estavam a decorrer as investigações na Cidade do Futebol, onde foram recolhidos computadores, telemóveis e documentação vária? Quando os inspectores ainda estavam a solicitar o acesso ao email de Fernando Gomes? Bem, caros leitores, o que sabemos é que foi a primeira vez que um director da PJ veio a público com um potencial suspeito de investigações que ainda decorriam, colocar a cabeça no cepo pelo potencial suspeito. Obviamente que as nossas fontes junto do Ministério Público transmitiram-nos que a atitude do director da PJ causou um imenso mal-estar no interior da investigação judicial “Mais-Valia”. Um caso nunca visto. Afinal, será que a corrupção está em todo o lado e que em vez de um Apito Bidourado teremos um Apito Tridourado?…
Artista sul-coreana Shin Min vence primeira edição do “MGM Discoveries” Andreia Sofia Silva - 31 Mar 2025 Shin Min, artista sul-coreana, foi a vencedora da primeira edição do prémio “Prémio de Arte MGM Discoveries”, atribuído em conjunto pela MGM e Art Basel de Hong Kong. Segundo um comunicado da MGM, a artista, representada pela galeria P21, de Seul, venceu com uma “instalação inovadora”, com o nome “Ew! There is hair in the food!!!”, em que utilizou “um simbolismo potente e experiências pessoais para confrontar as normas sociais e as injustiças sistémicas”. Segundo a mesma nota, Shin Min “espera que este trabalho sirva como uma ferramenta poderosa para sensibilizar a sociedade e, em última análise, melhorar as condições de trabalho da população”. O prémio inclui um valor monetário de 50 mil dólares americanos e a “oportunidade de ser convidado pela MGM para realizar uma exposição e participar em intercâmbios artísticos em Macau”. O objectivo do prémio “MGM Discoveries” é “promover a diversidade artística e ligar Hong Kong, Macau e o mundo através de eventos culturais icónicos”, sendo que esta iniciativa “reconhece a originalidade e a inovação de artistas internacionais emergentes”, além de “ampliar a sua visibilidade no mundo da arte global”. Visões partilhadas Kenneth Feng, presidente e director-executivo da MGM China Holdings Limited, disse que “a MGM e a Art Basel Hong Kong partilham a visão comum de promover o desenvolvimento artístico e cultural global”, sendo que este prémio conjunto “é um compromisso para descobrir artistas emergentes e celebrar a sua originalidade e criatividade, oferecendo uma plataforma para desenvolver o seu potencial e crescer”. “Além disso, através dos esforços culturais internacionais, Macau está a unir-se estreitamente a Hong Kong e ao palco global, expandindo a rede global e o intercâmbio de Macau”, referiu o responsável. Já Angelle Siyang-Le, directora da Art Basel Hong Kong, referiu que o júri escolheu “Shin Min de entre um notável conjunto de artistas apresentados no ‘Sector Discoveries’, que destaca artistas e galerias emergentes através de apresentações individuais de projectos recentes”. A MGM organizou ainda uma visita guiada à Art Basel de Hong Kong, uma das mais importantes feiras de arte do mundo, para cerca de 50 líderes e representantes culturais e educacionais de Macau. Com este prémio, a operadora de jogo diz querer “trazer novas perspectivas artísticas a Macau e à Grande Baía”, bem como “uma variedade de actividades artísticas e culturais internacionais”.
IPOR | Festival literário “Letras&Companhia” arranca esta semana Hoje Macau - 31 Mar 2025 Começa esta sexta-feira mais uma edição do festival infanto-juvenil “Letras&Companhia”, organizado pelo Instituto Português do Oriente (IPOR), e que traz um tema bastante actual: o uso da inteligência artificial na educação. Destaque para a presença da cantora e escritora portuguesa Luísa Sobral e a apresentação do livro ilustrado “A Aventurosa Viagem do Pátria”, de Filipa Brito Pais Inteligência artificial (IA) e educação. Esta relação complexa, mas cada vez mais presente no nosso dia-a-dia, é o tema central da edição deste ano do Festival Literário e Cultural para Pais e Filhos “Letras&Companhia”, organizado pelo Instituto Português do Oriente (IPOR) em parceria com o Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong. O evento, que arranca esta sexta-feira, 4 de Abril, e termina a 6 de Maio, tem ainda uma série de apoios institucionais. O tema deste ano é, assim, “Inteligência Artificial na Educação – O Robô e Eu”. Um dos destaques do cartaz é a presença da autora e compositora Luísa Sobral que lança a edição bilingue (português e chinês) do seu mais recente livro, “O Peso das Palavras”. Segundo um comunicado do IPOR, Luísa Sobral irá “promover um conjunto de oficinas nas escolas locais, bem como um concerto aberto ao público” que decorre este sábado, 6 de Abril. Outro destaque do cartaz, é a apresentação do livro “A Semente do Amor”, de Joana Morgado Bento, uma obra escrita em verso que tem como tema a parentalidade positiva. “O ponto de partida da autora para a escrita deste livro foi o reconhecimento da inevitável imperfeição dos progenitores, da qual nasce uma reconhecida dificuldade: como educar um filho para que a criança de hoje seja um adulto feliz amanhã? Joana Morgado Bento irá responder a esta e outras questões, numa sessão dirigida a pais e filhos”, escreve o IPOR. Numa colaboração com a associação Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa, será ainda apresentado o livro “Era Uma Vez… A Minha Língua”, que resultou de um concurso literário promovido pela entidade. Trata-se de uma obra que junta contos escritos de propósito para este concurso, sendo que todos os textos estão traduzidos e adaptados para chinês. O lançamento do livro será realizado através de um teatro de sombras. Recordar o Pátria Depois de um lançamento em Portugal, Filipa Brito Pais prepara-se para lançar, neste festival, o livro dirigido aos mais novos em língua chinesa, “A Aventurosa Viagem do Pátria – de Portugal a Macau em avião (1924)”, que assinala os 100 anos da primeira viagem aérea Portugal – Macau. A autora, sobrinha-bisneta do aviador António Brito Pais, dará a conhecer aos mais jovens a extraordinária proeza dos três aviadores e sonhadores, António Brito Pais, José Manuel Sarmento de Beires e Manuel Gouveia, que, à época, conseguiram, com poucos apoios financeiros, fazer o que ninguém tinha conseguido fazer até então. O “Letras&Companhia” disponibiliza também duas oficinas desenvolvidas e dinamizadas por Catarina Mesquita, fundadora da editora de livros infantis “Mandarina Books”, dirigidas a crianças e jovens. As duas oficinas, intituladas “Normalmente…” e “Real ou Artificial?”, terão como objectivo estimular a criatividade dos mais novos, quer através de um mecanismo criativo que passa pela valorização do quotidiano e do banal, quer através de uma atitude que encontra na dúvida e na desconfiança sensorial um modo a promover a imaginação. Meditação e formação A instrutora de yoga Ana Júlia Sampaio ficará responsável por conduzir duas sessões de meditação. “Happy Kids” será uma actividade dividida em duas oficinas, devidamente pensadas e adaptadas tendo em conta a idade dos participantes. Estas duas sessões servirão para ajudar a desenvolver a consciência corporal, mental e emocional das crianças. O cartaz traz ainda a Macau Adelina Moura, formadora de Cursos de Formação de Formadores e Formação Contínua de Professores no âmbito da integração de tecnologias na sala de aula, sendo ainda membro do grupo de investigação “GILT-Games, Interaction and Learning Technologies”, do Instituto Superior de Engenharia do Porto. No festival, Adelina Moura vai dar uma formação a professores e ministrar a oficina “Literacia digital – Promoção de interações positivas em linha”, em que os participantes serão convidados a reflectir sobre temas como a aplicação de estratégias para proteger a identidade digital e os dados pessoais em ambientes online, a criação e partilha responsável de informações, a aplicação de métodos capazes de incentivar a pesquisa online e a análise crítica de fontes digitais. O festival apresenta ainda uma conferência aberta ao público em geral, intitulada “A IA na Educação”, que decorre a 16 de Abril com Adelina Moura, o psicólogo Nuno Gomes e a investigadora Min Yang, da United Nations University Institute in Macau. O teatro também marca presença no “Letras&Companhia” com duas peças, sendo que uma delas está a cargo da companhia “AtrapalhArte” que apresenta o espectáculo “Peripeças – A História de Portugal com Inteligência Artificial”, uma peça cómica sobre o poder que as narrativas e as histórias assumem nesta era predominantemente digital. A segunda representação teatral, “The Peakture”, será um espectáculo não-verbal desenvolvido pela companhia local “Comuna de Pedra”, em que os movimentos corporais dos actores, fantoches e ainda algumas projecções de vídeo ao vivo estarão ao serviço de uma história comovente sobre os impensáveis obstáculos que uma simples viagem pode suscitar. Destaque ainda para as iniciativas “Uma noite na… Biblioteca”, que visa estimular o gosto pela leitura através de sessões de leitura de contos dramatizadas, e a exposição “O Robô e Eu”, inaugurada na sexta-feira. Esta mostra irá apresentar os trabalhos desenvolvidos por artistas da região e alunos de escolas locais, contando com a participação especial do artista José Nyögéri, que irá expor um conjunto de trabalhos da sua autoria sobre o tema. O festival foi criado em 2021 e gira em torno do conceito dos “três L’s”: língua, livro e leitura. Para esta edição, procura-se “abordar a introdução das tecnologias não apenas no ensino, mas também na vida das crianças”.
Sismo / Myanmar | Xi Jinping expressa “condolências” e envia auxílio Hoje Macau - 31 Mar 2025 O Presidente chinês, Xi Jinping, expressou no sábado as “condolências” ao líder da junta birmanesa, Min Aung Hlaing, após o sismo que sacudiu na véspera o país do sudeste asiático, deixando mais de 1.600 mortos. As forças armadas da Birmânia, que detêm o poder desde que o golpe de Estado de 2021 mergulhou o país numa semi-anarquia e num conflito alargado, declararam o estado de emergência em seis zonas: Sagaing, Mandalay, Magway, Shan, Naipyidó e Bago. Uma equipa de 37 socorristas chineses chegou no sábado a Myanmar, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua. O grupo, que partiu esta manhã de Yunnan, uma província chinesa que faz fronteira com a Birmânia, está equipado com material de socorro de emergência, como detectores de vida, sistemas de alerta precoce de terramotos e drones, e espera-se que ajude no “trabalho de socorro e cuidados médicos”, acrescentou. Dezasseis outros membros da Blue Sky Rescue (BSR), uma das principais organizações humanitárias não-governamentais da China, partiram para a Birmânia da cidade de Ruili, na província de Yunnan, às 09:30 horas locais de sábado, transportando kits de primeiros socorros, geradores de energia e ferramentas de demolição em cinco veículos. “Somos a primeira equipa e seremos seguidos por um segundo e um terceiro grupo”, disse Gao Hengyi, chefe da sucursal de Ruili da BSR, num comunicado também divulgado pela Xinhua. Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês disse na sexta-feira à noite que a China está preparada para “fazer tudo o que for possível” pela Birmânia, que Pequim considera um “vizinho amigo”.
Pequim pediu a Lisboa reciprocidade na isenção de vistos Hoje Macau - 31 Mar 2025 A China pediu a Portugal para facilitar a entrada dos seus cidadãos, uma vez que há uma isenção de vistos desde Outubro de 2024 para portugueses que se desloquem ao país asiático, disse na sexta-feira o embaixador chinês Zhao Bentang. “A China já pediu à Europa, a Portugal, que facilite a entrada a cidadãos chineses. Se os portugueses podem ir muito facilmente à China para fazer negócios, os seus parceiros na China querem vir e não conseguem ou é muito difícil”, afirmou. Em entrevista à agência Lusa, o diplomata chinês em Portugal referiu que o “Governo chinês espera que o Governo português, governos europeus também facilitem [entradas] aos turistas, comerciantes e empresários chineses no tema de vistos”. “Sempre falamos com o Governo português. Eu falei muitas vezes. Acredito que durante a visita do ministro [dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel] também a parte chinesa falou deste tema”, acrescentou o embaixador, referindo-se à deslocação do chefe da diplomacia portuguesa ao país asiático, que terminou na sexta-feira, com uma visita a Macau e Hong Kong (ver Grande Plano). Zhao Bentang recordou que desde Outubro de 2024 os portugueses podem viajar para a China sem necessidade de vistos, em determinadas condições, na sequência de uma “política unilateral” e cujo final está previsto para Dezembro. “Mas [a continuidade da isenção] depende da apreciação, da procura. Acredito que quando chegar a altura, se for necessário, a parte chinesa pode considerar algum prolongamento, alguma renovação. Mas ainda não chegou a altura de avaliar”, referiu. No final de Setembro de 2024, a China anunciou o alargamento da política de isenção de vistos a cidadãos portugueses, em estadias até 15 dias, inserindo assim Portugal numa lista que abrangia outros 16 países europeus. O alargamento, que foi confirmado em comunicado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, surge depois de Pequim ter incluído a Noruega, Eslovénia, Grécia, Dinamarca e Chipre na lista de países cujos cidadãos poderão permanecer no país asiático para turismo, negócios ou trânsito durante 15 dias, isentos de visto. A medida entrou em vigor no dia 15 de Outubro de 2024 e vigora até 31 de Dezembro de 2025. Portas reabertas Pequim tenta estimular o turismo internacional e o investimento estrangeiro, paralisados pela pandemia de covid-19, durante a qual a China impôs um encerramento quase total das fronteiras. Em Novembro de 2023, o país asiático anunciou que os nacionais de França, Alemanha, Itália, Países Baixos e Espanha beneficiariam de uma isenção de visto unilateral. Em Março de 2024, alargou a política para estadias de até 15 dias a mais seis países europeus — Suíça, Irlanda, Hungria, Áustria, Bélgica e Luxemburgo. Quando se assinala o 20.º aniversário da parceria estratégica global entre Lisboa e Pequim, decorre desde a passada terça-feira a visita do chefe da diplomacia portuguesa à China e que “dá um sinal muito importante” porque se fala das “boas cooperações em todas as áreas”, desde a política à tecnologia, considerou Zhao Bentang. “O retorno de Macau [à China] é um exemplo de como resolver problemas através de negociações pacíficas entre países” e no âmbito do apoio português ao modelo “um país, dois sistemas, apoia Macau a desenvolver-se e a manter-se em estabilidade e a adaptar-se a novas realidades”, além de fomentar a qualidade das relações bilaterais. Zhao Bentang notou ainda a “importância” da visita de Paulo Rangel por ser a “primeira” de um líder da diplomacia da Europa depois da recente sessão anual da Assembleia Popular Nacional.
Comércio | Pequim, Tóquio e Seul respondem a Trump com aceleração de acordos Hoje Macau - 31 Mar 2025 China, Japão e Coreia do Sul respondem aos ataques da administração norte-americana e colocam em marcha mecanismos para acelerar acordos de comércio livre O Japão, Coreia do Sul e China anunciaram ontem que pretendem reforçar a cooperação e proporcionar um “ambiente previsível” às empresas e “acelerar” as negociações sobre um acordo de comércio livre, que responda às incertezas provocadas pelos EUA. Os ministros da Indústria e do Comércio dos três países realizaram ontem uma reunião de emergência em Seul, destinada a acertar políticas de resposta à aceleração dos aumentos tarifários impostos por Washington – uma reunião tripartida de emergência e a primeira neste formato desde 2020. O ministro sul-coreano da Indústria, Ahn Duk-geun, o seu homólogo japonês, Yoji Muto, e o ministro chinês do Comércio, Wang Wentao, concordaram em “prosseguir as discussões com vista a acelerar as negociações para um acordo de comércio livre trilateral abrangente” e “justo”, de acordo com uma declaração conjunta. As discussões sobre esse acordo começaram em 2013 e continuaram até 2019, altura em que estagnaram. Foram relançadas em 2024, numa cimeira tripartida especial, que reuniu os líderes dos três países em Seul. Por enquanto, “continuaremos a trabalhar para garantir condições de concorrência equitativas a nível mundial, a fim de promover um ambiente comercial e de investimento previsível, livre, aberto, justo, não discriminatório, transparente e inclusivo”, acrescenta a declaração conjunta. Para os três países, o objectivo é “intensificar gradualmente a sua cooperação”, a fim de “criar um ambiente comercial previsível, estabilizar as cadeias de abastecimento e melhorar a comunicação sobre os controlos das exportações”, insistiu Seul numa declaração separada. De uma forma mais geral, Seul, Pequim e Tóquio concordaram ontem em “trabalhar em estreita colaboração” para promover a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) e incentivar novos membros a aderir à vasta Parceria Económica Regional Abrangente (RCEP), que reúne a China e 14 países asiáticos. Entre eles, a China, o Japão e a Coreia do Sul representam cerca de 20 por cento da população mundial, um quarto da economia mundial e 20 por cento do comércio global. Debaixo de “fogo” A reunião tripartida surge após a imposição por parte da Administração norte-americana de Donald Trump, em meados de Março, de direitos aduaneiros de 25 por cento sobre o aço e o alumínio, poucos dias antes da imposição, a partir de 2 de Abril, de sobretaxas aduaneiras de 25 por cento sobre os automóveis importados para os Estados Unidos. O Japão e a Coreia do Sul representam, respectivamente, 16 por cento e 15 por cento do total das importações de automóveis dos Estados Unidos, um sector importante para as respectivas economias nacionais. A China, por seu lado, enfrenta uma sobretaxa aduaneira total de 20 por cento sobre todas as suas exportações para os Estados Unidos. Há ainda o espectro dos direitos aduaneiros “recíprocos”, que Washington também ameaça impor a partir da próxima semana.
Os Áceres Vermelhos de Li Jian Paulo Maia e Carmo - 31 Mar 2025 Wang Jian (c.767-c.830), o poeta de Henan de origens humildes que viveu na dinastia Tang, foi muito atento à vida do Palácio, um tema sobre o qual escreveu cerca de uma centena de poemas. Como se lê num deles, que é um desabafo de uma negligenciada senhora do harém do Palácio que com palavras afasta, como abanando, uma contrariedade. Usando a voz dela, escreve: «Desisti de usar todas as minhas jóias e teci secretamente uma veste daoísta com a intenção de me juntar ao templo de Jinxian. No entanto, recentemente, o soberano descobriu que eu sabia ler. Fui então levada para a sua secretária para ajudar nos trabalhos clericais.» O poema foi transcrito num tuanshan, o «leque redondo» de seda também designado gongshan, o «leque do palácio», usado pelas senhoras do Palácio da dinastia Tang, acompanhando a pintura Senhora sentada (tinta e cor, 25,9 x 26 cm, no Museu Ashmolean da Universidade de Oxford) atribuída ao pintor do distrito Shunde da cidade de Foshan, no delta do rio das Pérolas, Li Jian (1747-1799). Além de alardear assim a sua erudição e engenho, o pintor mostrou em várias pinturas uma independência muitas vezes figurada num literato caminhando sozinho na paisagem. Uma liberdade quer face aos materiais visuais da Europa, que desde cerca de 1720 começavam a circular em Cantão (Guangzhou), quer face à ortodoxia inspirada por Dong Qichang (1555-1636) nas cidades mais a Nordeste. Essa visão original é bem evidente num rolo vertical de 1788 intitulado Nuvens brancas, árvores vermelhas (tinta e cor sobre seda, 126 x 52,7 cm, no Museu de Arte de Cleveland) em que, por entre o surpreendente colorido de rochas verdes e azuis, se vê numa casa elevada por barrotes, um literato sentado à janela a tocar um qin. As folhas vermelhas das copas das árvores indicam que se trata de áceres em plena senescência no Outono, sublinhando a mudança. Dir-se-ia que a pintura rima com as notas da música do qin numa visualização das emoções despertadas pela melodia. Li Jian escreveu um poema para acompanhar a pintura: «Nuvens brancas rodeiam árvores vermelhas, A neblina já regressou ao vale, porque não descansar e deixar o espírito em paz com o Mundo. Com a solidariedade do qin, sento-me no pavilhão do rio. Um velho amigo é esperado mas acaba por não vir. O dia está frio e vão caindo as folhas dos áceres.» No modo como se exprime a pintura revela-se o conhecimento da lição de pintores tornados notáveis pela sua atitude em relação à pintura e a marcaram com a sensibilidade pulsátil da arte da caligrafia. Sobretudo Shitao (1642-1707) que na sua vagabundagem terá deixado na região onde Li Jian vivia, muitos admiradores. Um eco do traço único do pincel que tudo inclui, de que falou o pintor, nota-se em pinturas daquele que assinava por vezes com o nome Kuang Jian, «Jian, o selvagem» livre na forma como reagia ao inesperado.
Sismo | Macau com alerta para a Tailândia e CE expressa condolências João Luz - 31 Mar 2025 O Executivo emitiu um sinal de alerta de viagem para a Tailândia, na sequência do sismo de magnitude 7.7 na escala de Richter e recebeu um pedido de assistência e sete de informação. Sam Hou Fai enviou uma mensagem de condolências à população do Myanmar, onde a contagem de mortos ultrapassava ontem os 1.600 Na noite de sábado, Sam Hou Fai endereçou “uma mensagem de condolências ao dirigente do Myanmar, Min Aung Hlaing, na sequência do sismo que abalou” a região, “expressando os seus sentidos pêsames, condolências e a atenção e solidariedade aos feridos e familiares das vítimas”. Às 14h50, hora de Macau, um tremor de terra de magnitude 7.7 na escala de Richter, e com epicentro perto da capital do Myanmar, abalou a terra, e 11 minutos depois seguiu-se uma réplica de 6.7 na escala de Richter. O sismo sentiu-se na Tailândia e em várias províncias chinesas, com maior intensidade em Yunnan, mas também em Guizhou, Guangxi e Sichuan, no Laos, Vietname, Bangladesh e Índia. Porém, o Myanmar foi o país mais afectado, com a contagem fatal a chegar ontem aos 1.644 mortos. Na nota publicada no sábado à noite, o Chefe do Executivo demonstrou o pesar e salientou a os fortes laços de amizade entre os povos de Macau e do Myanmar. “Foi com grande consternação que recebi a informação da ocorrência do sismo de forte intensidade no Myanmar. (…) Em nome do Governo da RAEM e da população, endereçamos os nossos mais sentidos pêsames, condolências e solidariedade, a toda a população do Myanmar, com atenção especial para as famílias dos falecidos, os feridos e os residentes nas zonas mais afectadas”. Sam Hou Fai afirmou também que “os residentes de Macau têm empatia e estão solidários”, e “disponíveis para providenciar, dentro das nossas capacidades, todo o apoio necessário aos trabalhos de salvamento e reconstrução posterior”. Com toda a atenção A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) reagiu passado pouco mais de uma hora ao primeiro abalo, referindo que as pessoas que se encontram em viagem devem “prestar atenção à sua segurança pessoal, estarem vigilantes e acompanhar atentamente a evolução da situação”. Ainda na noite de sexta-feira, a RAEM emitiu para a Tailândia o nível 1 de alerta de viagem, o mais baixo de um total de três escalões, e que já estava em vigor para Myanmar, mas devido à guerra civil no país. De acordo com a DST, este nível “representa o surgimento de uma ameaça à segurança pessoal”. A DST revelou ainda ter recebido um pedido de ajuda de um residente de Macau que perdeu um voo devido ao encerramento de estradas que o impediu de chegar ao aeroporto, e sete pedidos de informação. Embora não haja excursões organizadas vindas de Macau nem na Tailândia nem em Myanmar, a DST enviou mensagens a 1.475 telemóveis registados no território que estavam a aceder a serviços de roaming nos dois países ou no vizinho Laos. Sem excursões Depois do sismo de sexta-feira, que teve epicentro no Myanmar, o presidente da Associação de Indústria Turística de Macau, Andy Wu, confirmou que não existia nenhuma excursão de Macau no Myanmar, na Tailândia nem na província chinesa de Yunnan, na altura do abalo. Em declarações ao jornal Ou Mun, o responsável revelou que a Direcção dos Serviços de Turismo contactou imediatamente as agências de viagem do território para saber se decorriam excursões nas regiões afectadas. No entanto, Andy Wu sublinhou a inevitabilidade de existirem residentes nas zonas afectadas e revelou que, apesar do volume significativo do pedido de informações, não houve desistências de excursões para as zonas afectadas pelo sismo, que se vão realizar durante os feriados da Páscoa e Cheng Ming. Réplica de 5,1 Um sismo de magnitude 5,1 na escala de Richter abalou ontem Mandalay, no centro de Myanmar (ex-Birmânia), sendo uma réplica do terramoto de magnitude 7,7 que provocou mais de 1.600 mortos e 3.400 feridos. O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) declarou que o tremor de ontem teve o seu epicentro a 28 quilómetros a noroeste da cidade de Mandalay e um hipocentro a uma profundidade de 10 quilómetros. Até ao fecho desta edição, não havia registo de vítimas ou danos materiais deste mais recente sismo. Com Lusa
Portugal lidera delegação europeia à feira internacional de turismo Hoje Macau - 31 Mar 2025 Profissionais do sector turístico e jornalistas portugueses vão liderar uma delegação europeia à feira internacional de turismo de Macau, de 25 a 27 de Abril, disseram à Lusa as autoridades da região. A Direcção dos Serviços de Turismo de Macau (DST) revelou que uma delegação europeia vai participar na 13.ª Expo Internacional de Turismo (Indústria) de Macau (MITE, na sigla em inglês). Numa resposta escrita, a DST acrescentou que a delegação está a ser organizada pela Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT). Macau vai receber em Junho a reunião semianual da Confederação Europeia das Associações de Agências de Viagens e Operadores Turísticos (ECTAA, na sigla em inglês). “Eu acho que é um bom começo”, disse, em 17 de Janeiro, a directora da DST, Maria Helena de Senna Fernandes. “Embora vá ter menos do que 100 pessoas, eles representam, no todo, 80 mil agências de viagens de toda a Europa”, sublinhou a dirigente. “Isto é também um resultado de boa colaboração entre nós e a APAVT, porque foi através da APAVT que nós fomos apresentados à ECTAA”, disse Senna Fernandes. Ajuda lusitana Senna Fernandes acrescentou que Portugal pode ajudar a região a atrair no futuro mais visitantes vindos do resto da Europa. “Portugal não serve só para atingir Portugal. Portugal serve também para nos ajudar a atingir o mercado europeu”, disse Senna Fernandes. Em Abril de 2024, a vice-presidente da ECTAA, Heli Mäki-Fränti, disse à Lusa, durante a 12.ª MITE, que a reunião no território acontece “por iniciativa” da APAVT. Será a segunda vez que a ECTAA se reúne fora da Europa, após Kuala Lumpur, na Malásia. A confederação escolheu também Macau como destino preferido para 2025. O território quer atrair mais visitantes internacionais e, só este ano, participou na Feira Internacional de Turismo de Madrid, em Janeiro, e na ITB Berlim, a maior feira de viagens do mundo, entre 04 e 06 de Março, além de realizar seminários nos Emirados Árabes Unidos e na Arábia Saudita. Macau não esteve presente na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), que decorreu entre 12 e 16 de Março, mas a DST garantiu que Portugal continua a ser “um mercado prioritário”. A DST recordou que Macau vai acolher, entre 02 e 04 de Dezembro, o 50.º congresso da APAVT, “considerado o maior encontro anual da indústria turística portuguesa e que está previsto reunir entre 700 e 800 participantes”.
Macau Legend | Confirmadas perdas de 667,2 milhões Hoje Macau - 31 Mar 2025 Face ao prejuízo anunciado e às dívidas acumuladas de 2,51 mil milhões de dólares de Hong Kong, a Macau Legend Development admite que o seu futuro está em causa A Macau Legend Development (MLD) anunciou na sexta-feira que os prejuízos da operadora de jogo dispararam em 2024, em parte devido à decisão do Governo de Cabo Verde de recuperar um hotel-casino inacabado na capital. Os resultados confirmam as perdas que tinham sido antecipadas no início da semana passada. De acordo com um relatório enviado à bolsa de valores de Hong Kong, a MLD perdeu 667,2 milhões de dólares de Hong Kong no ano passado. Em 2023, a empresa tinha registado um prejuízo de menos de três milhões de dólares de Hong Kong. A MLD estimou uma perda de 45,9 milhões de dólares de Hong Kong após o Governo cabo-verdiano, em 18 de Novembro, ter formalizado a reversão do hotel-casino e demais obras inacabadas da empresa, no ilhéu de Santa Maria e orla marítima da Gamboa, na cidade da Praia. A operadora reiterou na sexta-feira que está “a tomar as medidas necessárias para salvaguardar os interesses do grupo (..), incluindo explorar todas as opções disponíveis para contestar a decisão”. Por outro lado, a MLD admitiu ter “dúvidas significativas sobre a capacidade do grupo de continuar em actividade” devido a dívidas totais de 2,51 mil milhões de dólares de Hong Kong. Maus investimentos Em 2015, o então líder da MLD, David Chow Kam Fai, assinou um acordo para um investimento de 250 milhões de euros. Após revisões, há cinco anos e meio, a conclusão da primeira fase estava prevista para 2021. Nos últimos anos, há apenas guardas nos portões do recinto, uma área de cerca de 160 mil metros quadrados, que inclui o ilhéu de Santa Maria, parcialmente esventrado e, uma ponte asfaltada de poucos metros que o liga a um prédio de cerca de oito andares, vazio e vedado com taipais. O Governo afirmou que deu à Macau Legend “todas as oportunidades para a retoma das obras ou para negociar a venda das acções ou a cedência da sua posição contratual a um potencial interessado na continuação do projecto”, mas não foram apresentadas alternativas. “Tendo em conta que a MLD violou, de forma flagrante e reiterada, as obrigações (…) não resta ao Estado de Cabo Verde outra saída que não seja a de proceder à resolução” dos contratos, lê-se numa decisão do Conselho de Ministros. De acordo com o executivo, a empresa “violou também” o regime jurídico da exploração de jogos, “ao transferir, sem autorização do Governo de Cabo Verde, a propriedade de mais de 20 por cento do capital social”. No final de 2023, numa entrevista à televisão de Hong Kong TVB, o presidente e director executivo da Macau Legend, Li Chu Kwan, disse que o grupo pretendia encerrar os projectos em Cabo Verde e Camboja até 2025.
Eleições | Wong Wai Man confessa dificuldade na recolha de assinaturas Hoje Macau - 31 Mar 2025 Wong Wai Man revelou que até sábado tinha conseguido recolher 80 assinaturas para propor a candidatura às próximas eleições legislativas directas. O eterno ex-candidato a deputado, também conhecido como o “Soldado de Mao”, confessou ao All About Macau estar a sentir dificuldades na recolha de assinaturas, mas que está confiante na possibilidade de chegar às 300 assinaturas exigidas por lei. Recorde-se que Wong Wai Man, também presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço, não consegui reunir todas as assinaturas suficientes para formalizar a sua candidatura às eleições legislativas de 2021. Sobre o programa político, Wong Wai Man destacou a necessidade resolver os problemas relacionados com o acesso ao emprego, em especial devido à importação de mão-de-obra barata de não-residentes.
Filipinas | Macau negoceia acordo sobre entrega de condenados Hoje Macau - 31 Mar 2025 Entre 25 e 27 de Março, uma delegação da RAEM esteve em Manila para negociar um Acordo sobre a Transferência de Pessoas Condenadas e um Acordo de Entrega de Infractores em Fuga. A informação foi divulgada na sexta-feira, pela Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ), através de um comunicado. “Em ambiente amigável, as duas partes chegaram a consenso sobre o texto do projecto de Acordo sobre a Transferência de Pessoas Condenadas, concluíram ainda a negociação sobre algumas partes do conteúdo do Acordo de Entrega de Infractores em Fuga”, foi comunicado. A próxima reunião deverá acontecer em Macau, “no segundo semestre do corrente ano”, tendo como temas o “Acordo de Entrega de Infractores em Fuga” e um terceiro acordo, o “Acordo de Auxílio Judiciário Mútuo em Matéria Penal”. A delegação da RAEM foi chefiada pelo subdirector da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAL), Iao Hin Chit, e incluiu representantes do Gabinete do Presidente do Tribunal de Última Instância, do Gabinete do Procurador, do Gabinete do Secretário para a Administração e Justiça, e do Gabinete do Secretário para a Segurança. A delegação das Filipinas foi chefiada pelo Conselheiro-Chefe Nacional do Ministério da Justiça, Dennis Arvin L. Chan, com representantes do Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Ministério da Justiça das Filipinas.
Orçamento | Receitas públicas caem 14% até Fevereiro Hoje Macau - 31 Mar 2025 A receita corrente do orçamento da RAEM foi de 15,9 mil milhões de patacas nos primeiros dois meses ano, indicando um movimento descendente. O valor do imposto cobrado sobre o jogo seguiu a tendência e apresentou uma redução de 3,8 por cento A receita corrente de Macau caiu 14 por cento nos primeiros dois meses de 2025, em termos anuais, sobretudo devido a uma queda nas receitas financeiras e a uma desaceleração nas receitas do jogo. A receita corrente entre Janeiro e Fevereiro foi de 15,9 mil milhões de patacas, de acordo com dados publicados ‘online’ pelos Serviços de Finanças do território, na quinta-feira. A principal razão para a diminuição foram as receitas financeiras, que passaram de mil milhões de patacas nos primeiros dois meses de 2024 para apenas duas mil patacas este ano. Esta rubrica corresponde aos resultados da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), incluindo receitas de investimentos e de juros e dividendos. Por outro lado, os dados também revelam uma queda de 3,8 por cento, para 14,2 mil milhões de patacas nas receitas dos impostos sobre o jogo, que ainda assim representaram 89,3 por cento do total. As seis operadoras de jogo da cidade pagam um imposto directo de 35 por cento sobre as receitas do jogo, 2,4 por cento destinado ao Fundo de Segurança Social de Macau e ao desenvolvimento urbano e turístico e 1,6 por cento entregue à Fundação Macau para fins culturais, educacionais, científicos, académicos e filantrópicos. Os impostos sobre o jogo caíram apesar de os casinos de Macau terem registado receitas totais de quase 38 mil milhões de patacas nos primeiros dois meses do ano, mais 0,5 por cento do que no mesmo período de 2024. Acima das estimativas Em Janeiro e Fevereiro, Macau recolheu 14,2 por cento da receita corrente projectada para 2025 no orçamento da região, que é de 112,6 mil milhões de patacas. No início de Dezembro, o Centro de Estudos de Macau e o Departamento de Economia da Universidade de Macau previram que as receitas deveriam ser menores do que o estimado pelo Governo: 111,8 mil milhões de patacas. Com as receitas em queda, Macau terminou Fevereiro com um excedente nas contas públicas de seis mil milhões de patacas, menos 24,8 por cento do que no mesmo período de 2024. Macau fechou o ano passado com um excedente de 15,8 mil milhões de patacas, mais do dobro do registado em 2023. Além disso, foi o primeiro ano desde 2020, no início da pandemia, que o território conseguiu manter as contas em terreno positivo, algo exigido pela Lei Básica, sem efectuar transferências da reserva financeira. O excedente encolheu apesar da despesa pública ter descido 6,1 por cento em Janeiro e Fevereiro, para 9,99 mil milhões de patacas, sobretudo devido ao menor investimento em infra estruturas. O Governo gastou 2,48 mil milhões de patacas no âmbito do Plano de Investimentos e Despesas da Administração (PIDDA), menos 24,9 por cento em comparação com os dois primeiros meses de 2024. Pelo contrário, a despesa corrente aumentou 3,1 por cento para 7,51 mil milhões de patacas, principalmente devido a uma subida de 5,7 por cento nos apoios sociais e subsídios dados à população.
AL | Chan Hou Seng quer mobilização juvenil contra “ataques à soberania” João Santos Filipe - 31 Mar 2025 O deputado e director do Museu de Arte de Macau afirmou na Assembleia Legislativa que é preciso recordar a invasão japonesa da China e mobilizar os jovens de Macau contra “movimentos independentistas de Taiwan” Chan Hou Seng pede que se utilize o “80.º aniversário da vitória da Guerra da Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa” para “consciencializar os jovens para a causa da defesa da soberania nacional” face aos “independentistas de Taiwan”. A mensagem foi deixada através de uma intervenção antes da ordem do dia na Assembleia Legislativa, lida pelo deputado nomeado pelo Chefe do Executivo, que é também director do Museu de Arte de Macau. Na sexta-feira, na Assembleia Legislativa, o deputado avisou que os “residentes nascidos em tempos pacíficos, sobretudo os jovens” estão habituados a uma “sociedade próspera e estável” e que, por isso, “nem todos compreendem como os compatriotas de Macau se dedicaram a salvar a nação contra a invasão japonesa”. Por isso, Chan Hou Seng considerou imperativo que se olhe para o caminho percorrido, que se celebre “a memória dos mártires”, se tirem “lições da história” e que a sociedade, incluindo crianças se jovens, construa “uma grande muralha de aço para defender a soberania e a dignidade nacional”. Com estes objectivos em mente, Chan Hou Seng propõe que se ensine no currículo escolar o papel das associações locais e de alguns residentes de Macau que combateram as forças japonesas ou que angariaram fundos para o esforço de guerra. “Independentistas” como alvo O membro da Assembleia Legislativa vai mais longe e identificou como alvo a abater os “movimentos independentistas de Taiwan”. “Os movimentos independentistas de Taiwan estão agora a conspirar com as forças externas, tentando cortar as relações entre Taiwan e a civilização chinesa, mas a Lei Anti-Secessão é como uma âncora de estabilidade para combater eficazmente a arrogância e bazófia dos independentistas de Taiwan”, atirou. Chan Hou Seng recordou ainda as palavras de Xi Jinping, quando considerou que a “questão de Taiwan surgiu da fraqueza e da desordem da nação, e terá de acabar com o rejuvenescimento nacional”. Neste contexto, o deputado diz que é um dever da sociedade “deixar os jovens ver claramente que qualquer tentativa de secessão é uma traição à história e um atropelo à lei”. O deputado propõe o financiamento de actividades ainda durante este ano lectivo, incluindo visitas de académicos a escolas para ensinar o conteúdo da Lei Anti-Secessão, mas também para que se use “o Direito como espada afiada para quebrar as falsidades independentistas de Taiwan, e consciencializar os jovens para a causa da defesa da soberania nacional”. Chan acabou a intervenção a pedir que se utilize esta ocasião para promover a “completa reunificação da pátria” no âmbito de um novo capítulo do “Amor à China”.
Futebol | Wu Chou Kit quer cooperação com Portugal Hoje Macau - 31 Mar 2025 Um deputado de Macau defendeu a cooperação com a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) para organizar jogos amigáveis com “equipas de topo da Europa” em Macau. Numa intervenção na Assembleia Legislativa, Eddie Wu Chou Kit propôs “estabelecer [uma] cooperação profunda” com a LPFP para a criação, “em conjunto, de uma base permanente de treino”. O deputado explicou que o objectivo seria “atrair equipas de topo da Europa para formação e realização de jogos itinerantes, promovendo o intercâmbio desportivo e cultural a nível internacional”. Alargando o âmbito aos países de língua portuguesa, Eddie Wu apelou ao reforço da “colaboração comercial (…) na área do futebol [e a] introduzir as suas famosas marcas e competições de alto nível”. Wu defendeu que a cooperação com o bloco lusófono permitiria “criar uma plataforma de eventos internacionais [e] atrair fãs da Ásia Oriental até Macau para assistirem aos jogos”. O deputado, nomeado pelo anterior líder do Governo local, apontou como meta “transformar Macau numa ponte importante para o intercâmbio e a cooperação entre os países de língua portuguesa e a China ao nível do futebol”. Por outro lado, Wu, também presidente da Associação dos Engenheiros de Macau, ligou a cooperação internacional à necessidade de “formar talentos” na área do futebol local”. A selecção masculina de Macau, composta por jogadores amadores, está actualmente classificada na 193.ª posição do ranking mundial da FIFA, composto por 210 equipas.
Casinos-satélite | Nick Lei avisa para desemprego Hoje Macau - 31 Mar 2025 O encerramento dos casinos-satélite pode afectar cerca de 5 por cento de todo o emprego do território. O alerta foi deixado pelo deputado Nick Lei, ligado à comunidade de Fujian, numa intervenção antes da ordem do dia na Assembleia Legislativa. A última revisão à lei do jogo veio determinar um prazo de três anos para resolver a questão dos casinos-satélite, que termina no final do corrente ano. Estes casinos são explorados por empresas independentes das concessionárias, mas com recursos destas. Por isso, até ao final do ano, estes casinos passam a ser explorados directamente pelas concessionárias ou são encerrados. Nick Lei pelou ao Governo que pondere o impacto desta política, porque os trabalhadores estão “perplexos” com a situação, e que tenha em conta que o impacto do encerramento de um único casino-satélite e uma onda de encerramentos vai ter um impacto profundo na economia local. Nick Lei indicou também que “existem actualmente 11 ‘casinos-satélite’ com cerca de 4.000 trabalhadores do sector do jogo e da hotelaria” e que as lojas que giram à volta destes espaços são responsáveis por cerca de “5.500 trabalhadores”, num total de “13.500 trabalhadores”, o que indicou representar 4,6 por cento do total da força laboral de Macau”.
EPM | Paulo Rangel garante aumento de apoio financeiro, após 11 anos de cortes Andreia Sofia Silva - 31 Mar 2025 Numa visita relâmpago a Macau, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal defendeu que a posição que o país mantém na União Europeia em nada afecta a relação com a China. Durante a visita de Paulo Rangel foi também anunciado que Sam Hou Fai deverá visitar Portugal durante o Verão Reuniu com Sam Hou Fai, com conselheiros das comunidades portuguesas, representantes associativos, instituições de ensino e empresários portugueses. Foi assim a visita de Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, na curta visita à RAEM, que decorreu na sexta-feira. Não faltaram ainda passagens pela Escola Portuguesa de Macau (EPM) e o Consulado-geral de Portugal no território. No final da tarde, Paulo Rangel deslocou-se ainda a Hong Kong para visitar a exposição “Estórias Lusas”, dedicada à comunidade portuguesa do território, patente no Museu de História de Hong Kong. Na China, Paulo Rangel marcou presença no Fórum Boao, em Hainão. Numa entrevista à TDM, o ministro assegurou que as relações de Portugal com a China mantêm-se boas, negando que o posicionamento do país nas tomadas de posição da União Europeia (UE) possa representar alguma espécie de entrave. “Quem achar que a presença de Portugal na UE é prejudicial para a relação de Portugal com a China, não percebe a relação de Portugal com a China e não percebe o papel de Portugal no quadro internacional. Percebo que algumas pessoas não compreendam, mas sinceramente temos de ver isso como mais valia. E isso é visto assim”, defendeu. Uma das vozes que criticou o posicionamento de Portugal em relação a matérias como a questão da Huawei e rede 5G foi Amélia António, advogada e presidente da Casa de Portugal em Macau. “A minha expectativa não é grande. Gostaria que o senhor ministro, depois de visitar a China, dissesse alguma coisa simpática, na medida em que as relações têm estado muito frouxas. Gostava de ver essa relação ser retomada da forma como era habitual e também que não fôssemos tão seguidores das posições da UE, de forma tão feroz, pois temos aqui interesses muito especiais e temos uma comunidade portuguesa muito grande. A situação é diferente em relação a outros países da UE, e isso não deve ser perdido de vista”, disse ao HM antes da chegada de Paulo Rangel a Macau. A questão EPM Na entrevista concedida à TDM, Paulo Rangel comentou ainda a questão da EPM, frisando os pontos que não estiveram na agenda, nomeadamente as obras de ampliação das instalações. “Esta questão ainda não foi abordada. Há, aliás, várias questões que têm de ser detalhadas e resolvidas, e uma ou outra que não foram ainda postas em cima da mesa. Sabemos que há procura por isso, mas, e estou a ser totalmente transparente, é uma questão que não está ainda posta em cima da mesa.” Segundo a Lusa, Paulo Rangel anunciou também que o Governo aumentou o apoio financeiro à EPM, regressando ao nível previsto legalmente, após 11 anos de cortes. “Acabámos de fazer a reposição da contribuição portuguesa para a Escola Portuguesa de Macau, que (…) tinha sofrido um corte enorme”, disse Rangel na sexta-feira. O Estado português detém a maioria (51 por cento) do capital da fundação da EPM, mas desde 2014 que Lisboa apenas contribuía com 10 por cento das despesas da escola, uma decisão tomada no âmbito do programa de resgate financeiro de Portugal. O financiamento da EPM “está agora nos níveis legais outra vez e é a primeira vez ao fim de 11 anos”, anunciou. Pouco depois, o chefe da diplomacia portuguesa disse aos jornalistas que “já não havia razão nenhuma, sinceramente, para haver esse corte e ele manteve-se”. “Aumentámos cinco vezes esse valor [do financiamento da EPM], portanto isso é algo que é altamente significativo do empenho que nós temos”. “Há governos que realmente dão importância a Macau e à China e há outros que não dão, isto é uma coisa que tem que ser dita”, lamentou o ministro, apontando o dedo ao anterior executivo do Partido Socialista. A reposição do financiamento “é sem dúvida uma ajuda importante” para a EPM, que Rangel descreveu como tendo um papel fundamental para Portugal em Macau. “Também registamos com agrado (…) que nunca houve tantos alunos de português – e agora falo de alunos da comunidade chinesa – como há hoje em múltiplas escolas”, acrescentou o dirigente. “Significa que também a Região Administrativa Especial [de Macau] tem incentivado o ensino de português e o conhecimento de português, e isso é algo que só pode trazer boas relações entre os dois lados”, acrescentou Rangel. Sam em Portugal Do encontro com Sam Hou Fai, que decorreu também na sexta-feira, saíram algumas ideias e opiniões sobre “o intercâmbio e cooperação bilateral nas áreas judicial, económico-comercial, educação, entre outras”, aponta uma nota oficial do Gabinete de Comunicação Social. Sam Hou Fai levou para o encontro temas como “o desenvolvimento mais actual da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Henqing”, além de ter lembrado que “Paulo Rangel é o primeiro responsável ministerial estrangeiro que ele recebe após a tomada de posse como Chefe do Executivo, facto que reflecte as boas relações entre Macau e Portugal com uma história de longa data”. O Chefe do Executivo destacou ainda que depois de 20 de Dezembro de 1999, Macau, “com o forte apoio do Governo Central, tem insistido em manter o princípio de ‘Um País, Dois Sistemas’, preservando o sistema jurídico continental, a cultura e costumes tradicionais, bem como manter, activamente, a ligação e fomentar as relações com Portugal”. O governante disse ainda que “Macau tem aprofundado o papel de ponte e plataforma entre a China e os países lusófonos, impulsionando, de forma contínua, o estabelecimento de relações amigáveis nas diversas áreas de cooperação bilateral”. Outra novidade deste encontro foi a informação, avançada pelo próprio Sam Hou Fai, que “espera visitar Portugal num futuro próximo” sem que, no entanto, tenha sido anunciada uma data concreta. Rangel anunciou que o Chefe do Executivo de Macau deverá visitar Portugal “imediatamente antes de Agosto ou em Setembro”. “Há aqui claramente também um alinhamento das prioridades que é altamente simbólico”, disse o diplomata, à margem de um encontro com a comunidade portuguesa em Macau. Questionado sobre as restrições a portugueses no acesso ao estaturo de residente, Rangel disse que falou com Sam Hou Fai “sobre todas as questões que são relevantes para a relação entre Portugal e a RAEM”. “Mas, como se trata de um diálogo que está em curso, tenho o dever de dar a oportunidade a que possamos, com as questões que foram levantadas de uma parte e da outra, termos agora espaço e tempo para construirmos soluções”, acrescentou. Rangel disse que o “seguimento do diálogo” com Sam Hou Fai acontecerá numa reunião da Comissão Mista Portugal–RAEM, “que será organizada, em princípio, no segundo semestre aqui em Macau”. Paulo Rangel disse ainda, em entrevista à TDM, que a visita de Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República portuguesa, “vai acontecer um pouco mais tarde”, precisamente devido à marcação de novas eleições no país. Inicialmente, o objectivo era que Marcelo Rebelo de Sousa viesse a Macau em Junho para comemorar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portugueses. A visita deverá acontecer nos meses seguintes de Verão, previu Paulo Rangel. Encontros e desencontros Paulo Rangel teve ainda um encontro com representantes associativos locais, incluindo com o conselheiro das comunidades portuguesas. Francisco Manhão, presidente da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), aproveitou para falar da burocracia que ainda existe no relacionamento com a Caixa Geral de Aposentações (CGA). “Para despachar um processo de pensões de sobrevivência leva seis meses e depois a correspondência anda para a frente e para trás. Os bancos de Macau não têm IBAN, e isso, por exemplo, atrasa todo o processo. Sempre que um processo vai para a CGA, voltam a insistir que não tem o número de IBAN e o NIF [Número de Identificação Fiscal], que a maioria das viúvas receptoras das pensões de sobrevivência, chinesas, não têm em Portugal”, exemplificou. Manhão deixou ainda elogios ao político português. “Por pouco tempo que esteve aqui, mostrou preocupação. Gostei da presença do ministro”. Além disso, Francisco Manhão frisou que “em boa hora o Governo português nomeou Alexandre Leitão para cônsul”, lembrando também o bom trabalho do anterior cônsul português, Vítor Sereno. “O Consulado nunca esteve a funcionar tão bem como agora. As críticas feitas ao nosso cônsul são injustas. Houve associados nossos que me disseram ter ficado admirados por terem feito uma marcação e sido atendidos no dia seguinte”, salientou. Mais aposta na língua Outro ponto importante da visita de Rangel foi a promessa do reforço do ensino do mandarim em Portugal. “Com as autoridades chinesas fiz questão de dizer que nos vamos empenhar muito no ensino do chinês em Portugal”. Na capital chinesa, Rangel encontrou-se com o homólogo chinês, Wang Yi, antes de se reunir com o vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang, na ilha de Hainão, onde decorreu o Fórum Boao. “A situação hoje é muito melhor do que era há 20 anos (…). Já temos, de facto, uma capacidade de formação que não tínhamos de todo”, disse Paulo Rangel. A formação de pessoas fluentes em mandarim “é decisivo também para o nosso futuro”, mas “não é suficiente para os desafios que temos pela frente”, alertou. Com Lusa
Lula diz que Trump “não é o xerife do mundo” e ameaça tarifas recíprocas do Brasil Hoje Macau - 28 Mar 2025 O Presidente brasileiro, Lula da Silva, criticou ontem o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, que “não é o xerife do mundo”, segundo Lula, ameaçando reagir com “reciprocidade” às tarifas dos EUA sobre as importações de aço brasileiro. Numa conferência de imprensa ontem em Tóquio, durante a sua visita de Estado, Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil tem “duas decisões a tomar” em resposta às tarifas de 25 por cento que entraram em vigor este mês: a primeira é recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) e, se isso não funcionar, “recorrer a outras ferramentas”. Lula mencionou especificamente a opção de “aumentar as tarifas sobre os produtos americanos” importados pelo Brasil, o que definiu como “pôr em prática a lei da reciprocidade”. “O que não podemos fazer é ficar calados, achando que só eles podem impor tarifas”, disse. “Estou muito preocupado com a política do Governo americano por causa dessas tarifas sobre todos os produtos de todos os países”, disse ainda Lula à imprensa em Tóquio, no final da sua visita, quando questionado sobre as novas tarifas de 25 por cento sobre todos os automóveis importados pelos EUA a partir de 2 de Abril, anunciadas na véspera por Trump. “Estou preocupado porque o livre comércio é que está a ser prejudicado, porque o multilateralismo está a ser derrotado, e estou preocupado porque o Presidente americano não é o xerife do mundo, é apenas o Presidente dos Estados Unidos”, sublinhou o líder brasileiro. Em vez de impor “medidas unilaterais”, Lula considera que seria mais adequado “conversar com outros líderes” para chegar a acordo sobre políticas de preços benéficas para todas as partes. “Sinceramente, não sei qual é o benefício de aumentar em 25 por cento as tarifas sobre os carros comprados no Japão”, disse o líder brasileiro sobre o país asiático, um dos mais atingidos pelas novas medidas comerciais dos Estados Unidos, dado o peso da sua indústria automóvel. “A única coisa que isso vai fazer é tornar os carros mais caros para os consumidores americanos e aumentar a inflação”, disse Lula, que também apontou o risco de os preços mais altos levarem a uma contracção económica. Líderes de acordo Lula chegou ao Japão na segunda-feira para uma visita de Estado de quatro dias, que terminou ontem, antes de seguir para o Vietname, onde deverá encontrar-se com o primeiro-ministro vietnamita, Pham Minh Chinh, e com o Presidente vietnamita, Luong Cuong. Numa cimeira realizada na véspera com o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, os dois líderes concordaram em lançar iniciativas conjuntas de descarbonização e reforçar os laços comerciais, com um futuro acordo de comércio livre entre o país asiático e o Mercosul no horizonte e no actual contexto de guerra comercial e negacionismo climático. Durante a visita, o Presidente brasileiro sublinhou a mensagem de que a democracia, o comércio livre e o multilateralismo estão em perigo a nível mundial perante o aumento do proteccionismo, do autoritarismo e da “nova guerra fria” entre os Estados Unidos e a China.
Emboscada Amélia Vieira - 28 Mar 2025 Quando o perigo espreita é o corpo que fala. Somos capazes de decifrar em tempo recorde nossos poderosos transmissores que nunca saberemos exactamente de onde vêm. A impressionante capacidade de precisão é talvez a marca do pensamento para se ajustar ao improvável, uma rede genial de componentes que se agregam antes de qualquer análise: podemos designar como presciência, ângulo forte, talento inato para sobreviver. No entanto será sempre sobrenatural, pois que a natureza não necessita em sua constância de tais rasgos, que viver, afinal nem constitui um grande perigo, só que há momentos. Assim como as comportas da vida se nos abrem, também em nosso favor se agregam recursos, e a esta sucessão chamamos milagre, essa aritmética que devemos não indagar demasiado para que constitua sempre a sua própria atmosfera. Há muito que a Europa cultural de ramificações constantes e quase lendárias não reúne os seus papéis no quotidiano na vida das Nações, e passou a um embalo de entretenimento ofensivo nessas hostes, muitas vezes de um pretensiosismo difícil de interpretar, e não se revê a Leste e a Oeste, ao Centro, ou nos limites da sua periferia. Os dogmas lançados adormeceram o seu encanto cultural que nenhuma clarividência já pode despertar, que um certo hedonismo de base atravessou tudo para que mais ninguém sinta tempos vazios nas muitas entusiastas existências, e isto, começa como estamos vendo, a ruir de modos vários. Olhando melhor (longe para sempre qualquer teoria da conspiração, modelo enfático, superficial, delirante…) quando só nos resta uma certa e incisiva observação dos acontecimentos, sabemos que há muito mais de não revelado. Não há agora nenhuma análise que supere a grande conclusão de René Char: «os perigos vêm sempre de um ângulo de que não estávamos à espera». Para quem se entretém nesta amálgama de mudanças súbitas, para aqueles que se abrigam no chapéu-de-chuva das Nações, o que desconhecem do propósito inicial é tão grande, que correm o perigo de uma emboscada. É como a Rota da Seda, a China trazia um produto que chegando ao Mediterrânio, povos do deserto e de outras estradas de Damasco, encontravam, sem nunca se ver os verdadeiros rostos que fizeram da pilhagem uma arte maior. A Mongólia subia lá para cima com algumas afinidades com estas tribos nómadas, e ninguém concluiu ainda que toda esta região mais cá para baixo não tivesse estado no domínio do grande bicho-da-seda. Mais: que fora dela pioneira. E que fazem agora os nossos superlativos amigos que desdenham a Europa como quem esconde um escravo? Isso, ninguém sabe. Mas afinal, para que quereriam a Europa? Para nada. O facto de estarmos a ser reduzidos desta maneira é já extrema perfídia só mesmo comparada àquela majestosa frase romana «os deuses enlouquecem antes aqueles que querem perder». Se estivermos pensando que somos de uma atratividade inquestionável, o problema para além de patético, será ainda neste momento trágico, risível. Em última instância, e para não saturar ainda mais o mundo das estratégias, quem nos diz que são humanos os que representam os factores destas abruptas mudanças? A Inteligência Artificial pode estar bem mais adiantada, e nunca excluir participação extraterrestre nos domínios do agora. Nas nossas lides pessoais as coisas também não são melhores; estamos repletos de emboscadas, complexidades viciantes, delírios, que um continente tão velho de gentes, e tão atónito face à sua presunção, é agora incapaz de reagir com as prerrogativas que façam qualquer organismo defensivo. Estamos paralisados. Vamos e vimos na hora do chá, apertamos as mãos, esqueletos futuros, e sorrimos como se não quiséssemos entender mais nada. No entanto, fomos somente um Mercado Comum. A nossa moderna condição não chegou a ser mais nada, e como devemos calcular, o Mercado é sempre muito pouco. Partilhámos os bens comuns, iludimos a guerra, fizemos do desporto armações de antigos exércitos, só que nada disto agora importa, nem o atómico incentivo francês, que estas defensivas devemos entendê-las somente como a um perigo acrescido. Zelensky é um judeu em luta fora de uma terra já não prometida, mas tempo houve em que a Crimeia poderia ter sido o seu Estado. Tudo isto acabou e já passou do tempo, mas todos nos comportamos como se fosse uma realidade. A China suavemente não diz nada até cairmos todos inanimados em nossos dizeres. Há qualquer coisa muito mais vasta que todas estas tomadas de posição. Quando tudo nos começar a fugir como destino, devemos ter a circunspeção que nos possa fazer entender este novo mundo modificado.
AMAGAO | Exposição “Ano 3” inaugurada hoje Hoje Macau - 28 Mar 2025 É hoje inaugurada, na galeria AMAGAO, no Artyzen Grand Lapa, uma nova exposição colectiva que marca o terceiro aniversário da galeria. Trata-se de uma mostra com 30 trabalhos de 29 artistas, locais e não só, com nomes como Alexandre Marreiros, Abílio Febra, Clara Leitão, João Palla, Ieong Man Fai, Nuno Calçada Bastos ou Suzy Bila, entre outros. “Esta exposição tem a singularidade de todos os artistas terem recebido uma tela igual de 30 x 30 cm”, destaca-se ainda na mesma nota. A inauguração da mostra começa às 18h30. A galeria AMAGAO é um projecto de Lina Ramadas e Víctor Hugo Marreiros.
Rota das Letras | Lusofonia e literatura em destaque este fim-de-semana Hoje Macau - 28 Mar 2025 Chega ao fim este fim-de-semana o festival literário Rota das Letras, mas isso não significa uma diminuição dos eventos. O universo literário e a lusofonia vão estar em destaque nos próximos dias. Hoje, acontece a apresentação do livro “Desconseguiram Angola”, de António Costa e Silva, mas haverá mais apresentações de obras e ainda uma sessão virada para o livro infantil com a editora local Mandarina Está a chegar ao fim mais uma edição do festival literário Rota das Letras que, este ano, trouxe para o programa reflexões sobre a lusofonia e o processo de descolonização portuguesa. Mas no tocante à lusofonia, sobretudo na vertente literária, esta estará em destaque nos vários eventos do cartaz dos próximos dias. Hoje, precisamente, decorre a apresentação do romance “Desconseguiram Angola”, da autoria de António Costa e Silva, antigo ministro da Economia e do Mar em Portugal. A sessão decorre no Antigo Matadouro Municipal, na Barra, a “casa” do Rota das Letras este ano, a partir das 18h30. “Desconseguiram Angola” é um romance que faz “a descida aos horrores da guerra” e que, numa primeira fase, foi para as bancas assinado com um pseudónimo, mas António Costa e Silva acabou por assumir mais tarde a sua autoria. Com a chancela da Guerra e Paz, trata-se de uma obra que tem “vários livros”, com histórias como “o regresso imaginado à infância, o da vida e das histórias de Luanda, o dos rios ancestrais de África e o da guerra”. Existe, portanto, “um cruzamento de caminhos sob o cenário da guerra, a mais longa da história de Angola, que marcou o país, as pessoas, as palavras”, descreve a sinopse da obra. Também no Antigo Matadouro Municipal, na Barra, mas numa outra sala, à mesma hora, o Rota das Letras acolhe a sessão de diálogo “Literatura e Clima – Histórias que Mudam a Sociedade”, com a presença de Jane Lee. Trata-se de uma sessão em inglês. No mesmo local, mas a partir das 19h30, o mundo da lusofonia faz-se novamente sentir com a palestra “Literatura Lusófona – Um novo mundo, meio século depois das independências”, novamente com o contributo de António Costa e Silva e da escritora portuguesa Djaimilia Pereira de Almeida. Esta é autora de vários livros, como “Três Histórias de Esquecimento” e “Esse Cabelo” e “Toda a Ferida é uma Beleza”, este último vencedor do Grande Prémio de Romance e Novela APE/DGLAB 2024. Os seus livros e ensaios receberam vários prémios, incluindo o Prémio Oceanos, e estão traduzidos em dez línguas. Em 2023, Djaimilia recebeu o Prémio FLUL Alumni, atribuído pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde se doutorou. Este ano recebeu o Prémio Vergílio Ferreira, atribuído pela Universidade de Évora, pelo conjunto da sua obra literária. Ensinou na New York University e é ainda cronista em vários jornais. Nasceu em Luanda. Também a partir das 19h30, decorre outra sessão de apresentação de livros com Marina Pacheco, intitulada “Living, Loving, Longing Lisbon – Contos de uma Grande Cidade”. Essencialmente esta obra revela histórias da capital portuguesa, reunindo pequenos contos com base em relatos de moradores e visitantes da cidade, bem como de pessoas que simplesmente se apaixonaram por Lisboa e pela sua essência. Outras vozes O cartaz prossegue na tarde de amanhã com a palestra “Fronteiras Entrelaçadas – Eu e Nos na Escrita da Ficção Feminina”, que decorre a partir das 15h também no Antigo Matadouro Municipal. Trata-se de uma sessão em chinês com os autores Kwok Yim Mei e Chen Xiaoyang, com tradução em simultâneo para inglês. Numa outra sala, muda-se de idioma e de tema: é a vez de se falar da “Cozinha Portuguesa dos Descobrimentos”, com Anabela Leal de Barros, autora ligada ao Oriente e professora da Universidade do Minho. Além da dedicação ao estudo da poesia barroca portuguesa com base na tradição manuscrita, Anabela Leal de Barros tem desenvolvido estudos sobre os códices de épocas e âmbitos diversos, incluindo os da História da Alimentação, História da Medicina, História da Economia e, em particular, da Historiografia Linguística e da Linguística Missionária. A temática da gastronomia prossegue, a partir das 16h, com a apresentação de “A China em Sete Banquetes – Uma Viagem Aromática por 5,000 Anos de Património Gastronómico Chinês”, uma obra de Thomas Dubois. Falar de Pessoa Também amanhã, a partir das 16h, é a vez de se falar de Fernando Pessoa, um dos grandes poetas portugueses, com a sessão “‘Estou Vazio’. Os heterónimos de Pessoa e a tradução poética”, com a presença de Yang Zi. A partir das 17h, acontece outra apresentação de livro, também no Antigo Matadouro Municipal, com a sessão “Lin-Tchi-Fá. A Flor de Lótus traduzida para Chinês e Inglês 100 anos após a primeira edição”, com Lian Zimo e Ian Watts. O universo da cultura chinesa clássica será tema da sessão que arranca às 18h, com a presença de Carlos Morais José, director do HM, e Zerbo Freire, tradutor. Nesta palestra fala-se de “O Peso do Outono no Coração, de Li Qingzhao”, bem como da edição 9 da revista Via do Meio, com o tema dos “simbolismos chineses”. A noite de sábado encerra com música e poesia: a partir das 20h30, decorre no Teatro D. Pedro V o espectáculo com o grupo Lisbon Poetry Orchestra, “O Mito da Escrita, seguido de ‘Os Surrealistas'”. “Os Surrealistas” não é mais do que um livro-cd dedicado “a um grupo de artistas e poetas que, num Portugal cinzento, percebeu a urgência da liberdade”, ou seja, os fundadores e seguidores do Surrealismo português. Por sua vez, os Lisbon Poetry Orchestra apresentam-se como “um colectivo multidisciplinar formado por músicos e poetas que convidam outros artistas para celebrar e interpretar a poesia numa viagem única à descoberta e reinvenção da palavra dita”. Passeios e palavras Domingo amanhece com o Rota das Letras e o passeio guiado com o autor Jason Wordie. Trata-se de uma actividade que percorre os lugares antigos de Macau constantes no livro do autor “Macao, People and Places, Past and Present”, localizados na zona da Barra. O passeio começa às 11h e funciona mediante inscrições prévias. Às 15h, no Antigo Matadouro Municipal, é a vez do autor e jornalista Paul French apresentar duas novas obras, uma delas sobre Macau: “Destination Macao”, uma obra com várias histórias e relatos sobre a antiga Macau. Porém, a sessão destina-se também a falar do livro que conta a história de Wallis Simpson em Xangai, antes de ser Duquesa de Windsor, com a obra “Her Lotus Year”. Mas a tarde de domingo do Rota das Letras dedica-se também à literatura infantil. Igualmente a partir das 15h, no mesmo local, acontece a palestra “As Chaves da Fantasia – Um Debate sobre a Escrita da Literatura Infantil”, com os convidados Chen Shige e Lydia Ieong. Segue-se a sessão de ilustração e escrita de contos ao vivo com Catarina Mesquita, fundadora da editora de livros infantis Mandarina, o cartoonista Rodrigo de Matos e Lydia Ieong. Este evento começa às 16h no Antigo Matadouro Municipal. A partir das 16h30 acontece mais uma apresentação de livro, “O Naufrágio de Lisbon Maru”, de Tony Banham. Por sua vez, a partir das 17h30 decorre a palestra “2025 – O Ano de Todas as Mudanças”, novamente com o autor António Costa Silva, o académico e analista político Sonny Lo e Michael Share. O grupo Lisbon Poetry Orchestra volta a participar na sessão “Poesia e Música. Uma Ligação que Perdura Através dos Tempos”, ao lado de Xana, Peace Wong e Anthony Tao. O festival muda-se de armas e bagagens, no final de um dia de domingo preenchido, para o Artyzen Grand Lapa, para o jantar “Uma Festança de Histórias – Sete Pratos, Sete Tradições”, que decorre mediante inscrição prévia.
Fórum Boao | Pequim pede aos países asiáticos que se oponham ao proteccionismo Hoje Macau - 28 Mar 202528 Mar 2025 O vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang, pediu ontem “oposição resoluta ao proteccionismo”, no fórum dedicado à cooperação económica na região Ásia – Pacífico. “A Ásia tornou-se a região mais dinâmica do mundo em termos de desenvolvimento e potencial de crescimento”, afirmou Ding Xuexiang, vice-primeiro-ministro chinês, na sua intervenção no evento, que contou com a participação do ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel. “A Ásia abriu activamente as suas portas e tomou a iniciativa de se integrar no mundo”, lembrou o responsável chinês, num período de crescentes fricções comerciais entes os Estados Unidos e o resto do mundo. Ding Xuexiang afirmou que a região deve “trabalhar em conjunto para proteger o comércio livre, aderir ao regionalismo aberto e opor-se resolutamente ao proteccionismo comercial e de investimento”. Apelou à “resolução das diferenças e dos diferendos através do diálogo e da consulta” e defendeu a “abertura, a cooperação e a globalização económica” como “escolhas inevitáveis” para a região. O vice-primeiro-ministro afirmou que o desempenho económico da China “permanece estável” e que “as taxas de crescimento da indústria, do consumo, do investimento e de outros indicadores nos primeiros dois meses deste ano foram superiores às registadas em todo o ano passado”. Ding afirmou que as autoridades “vão implementar políticas macroeconómicas mais pró-activas” e “expandir a procura interna em todas as frentes”, numa altura em que o fraco consumo interno suscita pressões deflacionárias na segunda maior economia do mundo. O dirigente acrescentou que o Governo chinês vai “promover de forma mais vigorosa o desenvolvimento saudável dos mercados imobiliário e bolsista”. O fórum, que decorre até sexta-feira sob o tema “A Ásia num Mundo em Mudança: Rumo a um Futuro Partilhado”, sublinhou a resiliência da região num ambiente global marcado por tensões geopolíticas.