DICJ | Pedida proibição de uso de telemóveis na lei

[dropcap]O[/dropcap] director da Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), Paulo Martins Chan, afirmou ontem que pretende clarificar a instrução relativa à proibição de uso de telemóveis nas mesas de jogo e inclui-la na proposta de alteração à lei sobre o condicionamento da entrada, do trabalho e do jogo nos casinos.

Este diploma encontra-se actualmente em análise em sede de especialidade na Assembleia Legislativa.

Economia | Deputados querem saber quando termina o regime offshore

A OCDE deu até 30 de Junho de 2021 para Macau terminar com os benefícios fiscais atribuídos às offshore, mas a proposta do Governo prevê o final da actividade seis meses antes. Os deputados da 3ª Comissão Permanente querem saber a razão

 

[dropcap]O[/dropcap]s deputados da 3ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa querem saber a razão que levou o Governo a estabelecer o dia 31 de Dezembro de 2020 para o final do funcionamento das empresas “offshore” em Macau, e não o dia 30 de Junho, que foi estipulado como prazo final para esse efeito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

“Porque é que neste artigo o Governo definiu o prazo de 1 de Janeiro desse ano? Há uma divergência de seis meses e queremos saber a razão para isso”, disse ontem o presidente da 3ª Comissão Permanente, Vong Hin Fai. A medida consta da proposta de alteração do decreto que põe fim aos benefícios fiscais às empresas “offshore” no território.

Vong Hin Fai adiantou ainda que os deputados receberam opiniões dos empresários do sector, mas que ainda não tem conhecimento do seu conteúdo. No entanto, admitiu que a antecipação do fim dos benefícios fiscais antecipadamente vai ter consequências. “Esta mudança causa impactos no sector, até porque se trata de uma diferença de meio ano e os resultados para quem está envolvido vão ser diferentes”, apontou o deputado.

A caminho do fim

A questão foi levantada ontem, pelos deputados na primeira reunião da comissão para discutir a proposta para a revogação do decreto-lei que estabelece o regime geral de benefícios fiscais destas empresas, criado em 1999. A revogação do regime jurídico das actividades “offshore” é alargada aos respectivos diplomas complementares e serão estabelecidas disposições transitórias.

A proposta tem como objectivo corresponder às responsabilidades de Macau para com a OCDE no combate da erosão das bases tributárias e à transferência de lucros.

De acordo com o relatório divulgado pela organização internacional, o regime da actividade “offshore” em Macau é um sistema fiscal potencialmente prejudicial, devendo ser cancelado o referido regime de benefício fiscal até ao dia 30 de Junho de 2021. De acordo com Vong Hin Fai, o parecer referente a esta proposta deverá estar pronto até ao final de Dezembro deste ano.

Embarcações | Lei aprovada com abstenção

[dropcap]A[/dropcap] nova Lei do Registo de Embarcações foi aprovada, ontem, na generalidade com 30 votos a favor e uma abstenção, do deputado José Pereira Coutinho.

O novo diploma foi justificado pela secretária para a Justiça e Administração, Sónia Chan, com a necessidade de responder à “gestão e utilização” dos 85 quilómetros quadrados da área marítima de Macau. Outro dos objectivos do diploma prende-se com a “protecção do direito à propriedade privada e ao respeito pelo princípio da consensualidade no Código Civil”.

Durante a discussão no plenário, Sónia Chan disse que após a entrada em vigor da lei o Governo vai adoptar uma postura de diálogo com os proprietários de embarcações, para que o registo decorra sem problemas.

Apoio Social | Chan Hong justifica violência com “pressão”

[dropcap]A[/dropcap] deputada Chan Hong explicou a agressão de uma assistente social à pessoa que tinha sob os seus cuidados como resultado da “pressão” do trabalho. A afirmação foi feita durante uma intervenção antes da ordem do dia em que pedia melhores condições para as assistentes sociais, a bem da harmonia da sociedade.

“Quando as pessoas estão constantemente sob pressão ficam exaustas e podem ter quebras psicológicas. Por isso devemos dar atenção à saúde física e psicológica dos cuidadores. Aliás, aconteceu um caso de uma assistente social que, devido à pressão, ralhou e bateu na pessoa que estava ao seu cuidado”, afirmou Chan, que é vice-directora de uma escola.

“É extremamente importante ensinar aos assistentes sociais métodos para reduzir a pressão, e a Administração deve avançar com medidas para os ajudar, com vista à construção duma sociedade harmoniosa”, acrescentou.

Plenário | Sistema de voto com falhas

[dropcap]N[/dropcap]a votação das alterações à proposta de lei da habitação económica houve um erro do sistema que impediu que os votos de Chan Chak Mo e Ho Ion Sang fossem contados.

A proposta acabou aprovada com 26 votos a favor e três votos contra, quando deviam ter sido 28. No final, os dois deputados fizeram declarações de voto a referir este aspecto e o presidente da AL, Ho Iat Seng, reconheceu a necessidade de chamar um técnico, também pelo facto do sistema ser novo.

Construção | Mak Soi Kun entende que a qualidade melhorou

[dropcap]S[/dropcap]egundo o deputado e empreiteiro Mak Soi Kun a construção das habitações públicas está muito melhor que no tempo da Administração Portuguesa. “Agora as casas têm revestimento duplo.

A construção da habitação pública está melhor. Na altura anterior à transição, os depósitos da água da sanita eram feitos de plástico e as janelas eram feitas de ferro, que enferruja mais depressa. A construção da habitação pública está muito melhor”, afirmou o candidato mais votado nas últimas eleições legislativas.

Estacionamento | Angela Leong sugere construção de parques automáticos

[dropcap]A[/dropcap]pesar dos esforços do Governo para aumentar o número de locais de estacionamento, Angela Leong diz que o problema só se poderá resolver com parques automáticos, ou seja, aqueles em que os veículos são deixados numa plataforma que depois os arruma automaticamente em diferentes pisos.

“O Governo tem de prestar atenção à falta de lugares de estacionamento, para garantir o equilíbrio dos direitos e interesses de todos os utentes da via pública”, afirmou a deputada eleita pela via directa. “Muitos residentes consideram que [o estacionamento disponível] é pouca sopa para muitos monges”, acrescentou.

Trânsito | Ponte HZM gera críticas na AL

[dropcap]H[/dropcap]o Ion Sang e Au Kam San criticaram ontem a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau devido à falta de ligações à Península de Macau e aos engarrafamentos causados na Areia Preta, na zona da Rotunda da Pérola Oriental.

Por sua vez, o deputado Si Ka Lon apontou baterias ao facto do posto fronteiriço não ter infra-estruturas complementares, como restaurantes ou lojas de conveniência.

Além disso, o deputado criticou o facto da estrada que liga a Zona A e a Ilha Artificial carecer de sinalização e ter apenas uma faixa de rodagem para cada lado, o que em caso de acidente pode congestionar o trânsito.

Feriados | FAOM declara “guerra” ao Governo por favorecimento do patronato

Ella Lei, Leong Sun Iok, Lei Chan U e Lan Lon Wai exigiram ao Executivo de Chui Sai On a retirada da proposta que prevê que três feriados obrigatórios possam ser gozados em dias de feriados não-obrigatórios. O bloco dos Operários acusou mesmo o Governo de não respeitar a cultura chinesa

 

[dropcap]O[/dropcap]s deputados da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) lançaram ontem um ataque concertado ao Executivo de Chui Sai On, que acusaram de ignorar feriados e herança cultural local, em prol dos interesses do patronato. Em causa está a proposta “três em quatro”, que visa criar um mecanismo para três em quatro feriados obrigatórios possam ser gozados em dias de feriados não-obrigatório, sem qualquer pagamento extra das empresas e patrões.

Os dias abrangidos pela medida são o feriado da Fraternidade Universal (1 de Janeiro), Cheng Ming, Bolo Lunar e Chong Yong. Caso patrões e trabalhadores cheguem a um acordo, três destes dias podem ser gozados durante outros feriados não-obrigatórios. Com esta medida, o Governo espera que as empresas possam implementar maior “flexibilidade” na gestão dos recursos humanos. Ao mesmo tempo, o Executivo prevê a redução de custos, uma vez que os patrões deixam de ter de pagar pelo trabalho em três dias de feriado obrigatório.

Entre os deputados da FAOM, Ella Lei foi a primeira a falar e defendeu que o “desenvolvimento económico não é um pretexto para enfraquecer as garantias dos trabalhadores”. Depois acusou a Administração de Chui Sai On de estar ao serviço dos patrões: “Agora, o Governo já nem tolera os poucos 10 dias de feriados obrigatórios, e recorre a todas as soluções possíveis para reduzir as compensações pelo trabalho prestado em três feriados. Isto é inaceitável!”, atirou.

Ella Lei mencionou ainda o facto do Governo estar a virar costas às tradições chinesas: “Despreza-se a transmissão dos costumes chineses e das tradições culturais, o que contraria a política do país”. A legisladora deixou depois outra mensagem para Chui Sai On: “Produzir leis não é o mesmo que negociar numa feira”, atirou.

Valores de Xi Jinping

A mesma linha de argumentação foi utilizada pelo colegas de bancada da deputada, nomeadamente Lei Chan U, Lam Lon Wai e Leong Sun Iok. Os três deputados mencionaram mesmo declarações do presidente Xi Jinping, sobre a necessidade de enaltecer os valores laborais, assim como a cultura chinesa. Também os quatro deputados apontaram para o facto de desde 1989, quando Macau ainda estava sob Administração Portuguesa, não ter havido aumento no número de feriados.

Outro aspecto mencionado visou a negociação entre as partes. Os deputados da FAOM, apoiados por Sulu Sou no pedido para que o Governo retire esta parte do diploma, defenderam que em caso de negociação o patronato é sempre a parte mais forte e que, como tal, consegue impor a sua vontade. “Para assegurar a sua ‘tigela de arroz’, muitas vezes o trabalhador só pode engolir tratamentos injustos ou até ilegais”, resumiu o mais jovem deputado da AL.

40 anos de abertura económica | A postura tímida de Macau ao “milagre chinês”

Foi há 40 anos que a China se abriu ao mundo graças às políticas de Deng Xiaoping, que introduziu a economia de mercado ao sistema socialista. Em Macau, as autoridades portuguesas sempre olharam com timidez para as possibilidades de cooperação empresarial, apontam economistas. A nível político, Leonel Alves recorda a criação de uma lista única com portugueses e chineses para as eleições

 

[dropcap]S[/dropcap]aída de um período conturbado da história, marcada pela Revolução Cultural e o Grande Salto em Frente, políticas de Mao Tse-Tung, a China abriu-se para o mundo nos anos 80, para não mais voltar ao passado. De país subdesenvolvido passou a uma nação com classe média, cada vez mais milionários e um crescente leque de países estrangeiros ligados pelo comércio externo.

Oficialmente, o plano de reformas económicas foi aprovado em 1978 no XI Comité Central do Partido Comunista Chinês. Com essa medida, Deng Xiaoping introduzia uma economia de mercado, mantendo o socialismo como regime político. Foi também nessa altura que o sul da China sofreu um brutal crescimento económico, com o estabelecimento das Zonas Económicas Especiais (ZEE), em cidades como Shenzhen e Zhuhai. A abertura a capitais e empresas privadas permitiu o aumento de salários e consequentemente de maior consumo interno.

Segundo a sua Constituição, a China é “um Estado socialista, liderado pela classe trabalhadora e assente na aliança operário-camponesa”. Na prática, o país adopta um modelo que designa de “Socialismo com características chinesas”: a iniciativa privada e o investimento estrangeiro são permitidos, mas os sectores chave da economia permanecem sobre “controlo estatal”.

Albano Martins, economista, chegou a Macau em 1981 e visitou a China pela primeira vez em 1982. Desse tempo recorda um país “de uma só cor”, pois quase todas as pessoas envergavam ainda as tradicionais vestes comunistas, à boa maneira de Mao Tse-Tung.

“A pobreza era genérica, havia uma grande sensação de que era tudo mais ou menos igual, o atraso era notório, mas as pessoas não aparentavam ser infelizes. Havia, de certo modo, uma igualdade nas pessoas, porque a riqueza não era muita”, contou ao HM.

Numa altura em que o primeiro Mcdonald’s acabava de abrir em Shenzhen, e quando a bicicleta era o principal meio de transporte para muitas famílias, os estrangeiros eram ainda estranhos aos chineses.

“A China era um país subdesenvolvido. Quando entrei percebi que aquela era a primeira vez que viam uma pessoa branca. Os meus filhos eram apalpados pelas pessoas porque achavam-nos esquisitos. A zona de Cantão era um mar de bicicletas e quase não se podia andar nas ruas”, recordou o economista, que visitou o país inserido numa delegação económica de Macau com “pessoas ligadas ao mundo da política chinesa de Macau”.

“Tivemos o primeiro olhar de como era a China nessa altura”, contou, mas já então se notavam sinais de que todo o crescimento económico acarretava efeitos negativos para alguns.

“Cheguei a ir várias vezes às cidades inseridas nas ZEE e notei uma diferença, pois havia pessoas a pedir esmola na rua, o que não era tolerável naquela altura. Comecei a sentir que o crescimento se fazia de forma brutal, mas a distribuição estava muito longe de poder agradar. Ainda hoje é profundamente desigual.”

Contributos locais

António Félix Pontes chegou a Macau em 1980 para trabalhar no Instituto Emissor de Macau, que mais tarde seria transformado na Autoridade Monetária e Cambial de Macau.

Na época, “a China era um país muito pobre, subdesenvolvido, e na parte da banca e dos seguros era tudo muito incipiente”, lembrou ao HM. “As pessoas ainda andavam vestidas à Mao Tse-Tung. Já fui à China mais de 23 vezes, essencialmente a Pequim, e naquela época só havia na capital dois ou três hotéis. A política era muito fechada.”

Anos depois, o advogado e ex-deputado Leonel Alves não tem dúvidas de que não só este cenário se dissipou, como a China hoje tem provas dadas do poder económico que conseguiu no quadro internacional.
“A China hoje é uma das potências mais importantes do mundo, tem a maior fábrica do mundo, é um player internacional com crescente importância”, defendeu. Hoje, com a implementação de políticas como “Uma Faixa, Uma Rota”, a China “entrou numa nova era”. Leonel Alves entende que, hoje em dia, o país é encarado pela comunidade internacional como “pacífico e um país que tenta ajudar todos os países em desenvolvimento a proporcionar às suas populações melhores condições de vida”.

Esta segunda-feira, por ocasião das cerimónias de celebração dos 40 anos da Abertura e Reforma económica, o presidente chinês, Xi Jinping, garantiu que Macau e Hong Kong vão ser parte integrante da política de expansão da abertura ao mundo. Para Leonel Alves, os dois territórios também, à época, “contribuíram enormemente para este virar de página da história da China”.

“O impacto directo [da abertura e reforma] sempre foi em proporção directa com o tamanho de Macau, e houve um maior impacto do lado de Hong Kong, que sempre foi um centro internacional de comércio.”

Sem estratégia

Se hoje Portugal e China têm estreitas relações comerciais e diplomáticas, o mesmo não acontecia na era de Deng Xiaoping, pois apenas em 1979 houve um restabelecimento dessas ligações. Em Macau, os sucessivos governadores portugueses nunca apostaram em parcerias empresariais com as cidades chinesas que se desenvolviam do outro lado da fronteira.

“A impressão que tive é que a administração portuguesa não queria saber absolutamente nada do que se estava a passar do outro lado”, apontou Albano Martins. Ainda assim, “havia curiosidade em ver, porque a China era outro país, não o longínquo Portugal ou a minúscula Macau. Mas não havia políticas nem ideias tendo em conta a abertura da China e o desenvolvimento”.

Para Albano Martins, a própria história do território “mostra que a Administração portuguesa do território nunca fez nada de concreto para aprofundar as relações económicas com a China”.

Nesta fase registou-se, contudo, algum desenvolvimento de um grupo de empresários “de boas famílias”, sendo que “alguns deles tinham interesses políticos, eram representantes da própria China, e fizeram o seu percurso através deste desenvolvimento”.

António Félix Pontes referiu que apenas os governadores Carlos Melancia e Vasco Rocha Vieira tiveram alguma visão estratégica neste sentido. “O primeiro governador que apanhei foi Melo Egídio. Nunca vi da parte dos governadores qualquer manifestação de desagrado, bem pelo contrário. Havia uma visão muito optimista dos acontecimentos que estavam a ocorrer na China.”

“Creio que em termos de parcerias estratégicas passou a haver mais com o governador Carlos Melancia e Rocha Vieira. Os outros não tinham ainda essa visão”, acrescentou. No período do governador Almeida e Costa, que esteve em Macau de 1981 a 1986, “houve algumas convulsões internas e não teve tempo para olhar para a China”.

Leonel Alves prefere destacar o facto de, com a abertura económica da China, se ter dado início ao processo de transferência de soberania de Macau. “As autoridades portuguesas agiram sempre no sentido de uma colaboração, e não nos podemos esquecer que as relações diplomáticas entre os dois países se restabeleceram tardiamente.”

A fase de abertura do país acabaria por coincidir com o arranque das negociações para a entrega de Macau, uma vez que a Declaração Conjunta foi assinada em 1987. “A cooperação a nível institucional dos dois governos [Portugal e China] foi muito importante para o sucesso da transição e interesses portugueses em Macau”, concluiu Leonel Alves.

 

Cronologia da reforma

– Aprovação do programa de reformas económicas em 1978, no XI Comité Central do Partido Comunista Chinês, onde se propôs a implementação do “socialismo com características chinesas”
– Em Agosto de 1980, foram aprovados os regulamentos da província de Guangdong para o estabelecimento de zonas económicas especiais
– Em 1981, apenas uma em cada 170 lares urbanos tinham uma televisão a cores. Ter uma televisão em casa era motivo de ostentação, sobretudo quando um homem pedia alguém em casamento
– Com a abertura a indústrias estrangeiras, ter uma televisão, um frigorífico e uma máquina de lavar era quase obrigatório na casa de uma família de classe média
– Em Setembro de 1987, foi concedida maior autonomia à província de Hainão, que é hoje a maior zona económica especial da China
– Em 1990 abriu o primeiro Mcdonalds em Shenzhen, onde os novos ricos costumavam ficar nas filas durante horas a falar com amigos, a discutir negócios ou até em encontros. Ter um Volkswagen Santana era sinónimo de estatuto social
– Em 2001 que a China aderiu à Organização Mundial do Comércio (OMC). Entre 2001 e 2017, a importação de bens e serviços por parte da China foi duas vezes superior à média mundial
– Adopção do 10º Plano Quinquenal para o Desenvolvimento Económico e Social
– Em 2013, a China estabeleceu, de forma experimental, a primeira Zona de Comércio Livre em Xangai, que registou uma expansão em termos de dimensão nos anos seguintes e que atraiu várias multinacionais estrangeiras
– Em 2010 Xangai recebeu a Expo Mundial

Mercado imobiliário chinês vai enfrentar recessão em 2019, diz banco estatal

[dropcap]O[/dropcap] mercado imobiliário chinês vai enfrentar uma recessão em 2019, segundo um relatório publicado hoje pelo banco estatal de investimento Corporação Internacional de Capital da China (CICC), confirmando o receio de vários analistas.

O documento prevê um “decréscimo significativo” das vendas, investimento e novas construções, no próximo ano, o que já levou muitas promotoras a cancelar a compra de terrenos, face à contracção do mercado.

Pequim “deve alterar as políticas destinadas a arrefecer o mercado imobiliário”, recomenda a CICC, nomeadamente através da redução do valor mínimo de entrada na compra de um imóvel, facilitar o acesso ao crédito e reduzir as taxas de juro.

A mesma nota refere que, devido à baixa procura, em setembro e outubro os proprietários tiveram de fazer “grandes promoções”, incluindo oferecer carros na compra de habitação ou baixar os preços até 30%, o que levou a protestos dos anteriores compradores, que pagaram preços mais altos.

Os últimos dados revelam uma queda homóloga do investimento no sector imobiliário de 8,9%, em Setembro, e 9,2%, em Agosto.

A CICC considera “provável” que a venda de propriedades na China “abrande [em 2019], pela primeira vez em cinco anos”, apontando para uma queda de 10%, tanto no volume de vendas como nos preços. O investimento e as novas construções também devem registar uma queda de 5% e 10%, respectivamente, aponta.

O mercado imobiliário é um dos principais motores de crescimento da economia chinesa e os economistas temem que sinais de sobre-endividamento dos construtores abalem o sistema financeiro do país.

No espaço de uma década, enquanto as economias desenvolvidas estagnaram, a China construiu a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, mais de oitenta aeroportos e dezenas de cidades de raiz, alargando a classe média chinesa em centenas de milhões de pessoas.

No entanto, segundo a agência suíça Bank for International Settlements (BIS), durante o mesmo período, a dívida chinesa quase duplicou, para 257% do Produto Interno Bruto (PIB).

Um dos efeitos mais visíveis do desperdício gerado por uma década de crescimento assente na construção são as mais de 50 milhões de casas vazias, cerca de 22% do imobiliário urbano no país, de acordo com um estudo a nível nacional, designado China Household Finance Survey.

“Os principais agentes económicos e financeiros da China não abordaram as perspectivas de arrefecimento no mercado imobiliário”, afirmou o CICC.

Também um relatório publicado na semana passada pela agência de avaliação de risco Standard & Poor’s (S&P) indica que o preço do imobiliário na China atingiu o seu valor máximo e pode cair até cinco por cento, em 2019.

A agência adverte que as cidades pequenas são “muito mais vulneráveis” a uma possível desaceleração, que poderá fazer com que passem “rapidamente” de “motores de crescimento” a “travões ao crescimento”.

Para os promotores imobiliários chineses, os grandes riscos são a “liquidez e refinanciamento”, lê-se no relatório, que aponta para um “panorama de financiamento mais desfavorável em anos”.

NATO apela à China para aderir a tratado de controlo de armas nucleares

[dropcap]O[/dropcap] secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, criticou hoje o programa de desenvolvimento de mísseis de médio alcance da China, apelando ao país para aderir ao tratado internacional de controlo deste armamento.

“Vimos que a China investiu fortemente em armas novas e modernas, incluindo mísseis, e a metade dos seus mísseis violaria o tratado INF (Intermediate Nuclear Forces) se a China fosse signatária”, disse Jens Stoltenberg numa entrevista à cadeia de televisão pública alemã ZDF.

Stoltenberg fazia referência ao tratado sobre armas nucleares de médio alcance (INF), assinado em 1987 pelos então dirigentes norte-americano e soviético, Ronald Reagan e Mikhaïl Gorbatchev, que visa eliminar os mísseis lançados a partir do solo e com um alcance entre 500 a 5.500 quilómetros. “Somos favoráveis ao alargamento deste tratado de forma a que a China também possa fazer parte”, disse.

O presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou recentemente a retirada do seu país deste tratado, alegando violações do acordo por parte da Rússia e evocando os programas de armamento da China como fundamentos.

Relativamente a Moscovo, os Estados Unidos questionam o novo sistema russo 9M729, mísseis disparados a partir de um dispositivo terrestre e cujo alcance ultrapassa, segundo Washington, os 500 quilómetros, o que Moscovo desmente.

“A NATO não vê uma nova corrida ao armamento, mas estamos muito preocupados com os novos mísseis russos. São móveis, podem transportar cargas nucleares e podem atingir cidades da Europa central como Berlim”, assinalou Stoltenberg.

Polícia chinesa detém estudantes marxistas e activistas laborais

[dropcap]U[/dropcap]ma dezena de estudantes marxistas e activistas laborais foram detidos, nos últimos dias, em várias operações policiais levadas a cabo em diferentes campus universitários da China, avançou hoje a imprensa de Hong Kong. Pelo menos doze pessoas foram detidas em rusgas policiais em campus universitários em Pequim, Xangai, Shenzhen ou Cantão, este fim de semana.

Citada pela agência EFE, a organização China Labour Bulletin (CLB) afirmou hoje que os detidos são activistas laborais e estudantes que se definem como marxistas e defendem publicamente os direitos dos trabalhadores.

Um vídeo difundido nas redes sociais mostra três homens – aparentemente polícias à paisana – a imobilizar um estudante no chão e a levá-lo de seguida. O movimento ficou conhecido pelo seu apoio às reivindicações dos trabalhadores da Jasic Technology, que tem laços próximos ao Partido Comunista Chinês.

Desde Maio, os trabalhadores da empresa, que tem sede em Shenzhen, na fronteira com Hong Kong, reclamam a formação de um sindicato livre e democrático, depois de a empresa ter despedido os trabalhadores mais críticos.

Em Julho, a polícia prendeu 30 trabalhadores, que relataram terem sofrido tortura sob custódia. Os estudantes e outros trabalhadores reuniram-se à porta da esquadra da polícia para exigir a sua libertação.

As represálias das autoridades geraram uma onda de indignação entre jovens marxistas chineses em todo o país, segundo a CLB, que defende os direitos dos trabalhadores chineses.

Segundo a sua Constituição, a China é “um Estado socialista, liderado pela classe trabalhadora e assente na aliança operário-camponesa”. Na prática, o país adopta um modelo que designa de “Socialismo com características chinesas”: a iniciativa privada e o investimento estrangeiro são permitidos, mas os sectores chave da economia permanecem sobre “controlo estatal”.

Vítor Pereira diz que consistência foi a chave do sucesso para vencer campeonato de futebol chinês

[dropcap]O[/dropcap] treinador português Vítor Pereira apontou hoje a consistência do Shanghai SIPG ao longo da época como fundamental para quebrar com sete anos de hegemonia do “todo-poderoso” Guangzhou Evergrande na Superliga chinesa, ao sagrar-se campeão.

“Fomos consistentes: do ponto de vista ofensivo e defensivo, fomos uma equipa equilibrada”, afirmou Vítor Pereira à agência Lusa, poucos dias após se sagrar campeão, no seu primeiro ano na China, um título inédito para o Shanghai SIPG e que pôs fim ao domínio do Guangzhou Evergrande na prova máxima do país.

O técnico observou que “só quem está aqui na China é que entende a dimensão do feito”. “O Guangzhou é, de facto, o todo-poderoso da China, campeões durante sete anos consecutivos, com largos anos de trabalho e jogadores com muita qualidade. Entre os jogadores chineses da minha equipa, nenhum tinha sido campeão”, lembrou.

O técnico português, que em Dezembro de 2017 sucedeu ao compatriota André Villas-Boas no comando do Shanghai SIPG, lembrou ainda que a sua equipa conseguiu colmatar algumas carências do plantel recorrendo à polivalência dos jogadores.

“Nunca tivemos muitas soluções em termos de número de jogadores, vivemos muito da polivalência, tive um jogador que jogou nas posições quase todas e foi assim que fomos colmatando esse problema”, disse. A meio da época, o Guangzhou Evergrande ainda se reforçou com Talisca, antigo avançado do Benfica, e o médio Paulinho, oriundo do FC Barcelona, mas a equipa de Vítor Pereira venceu em todos os jogos decisivos, perdendo um único embate na segunda volta, e acabou a prova com cinco pontos de vantagem, após liderar o campeonato durante 29 jornadas.

Sem arrependimentos

Vítor Pereira tornou-se o terceiro treinador luso a conquistar o título em três países, juntando-se a Artur Jorge, campeão em Portugal (FC Porto), França (Paris-Saint Germain) e Arábia Saudita (Al-Hilal), e José Mourinho, campeão em Portugal (FC Porto), Espanha (Real Madrid), Inglaterra (Chelsea) e Itália (Inter Milão).

O treinador, natural de Espinho e com 50 anos, disse não estar “nada arrependido” de ter rumado à China, onde o Governo está a impulsionar o futebol, visando elevar a seleção chinesa ao estatuto de grande potência.

“É um campeonato muito mais competitivo do que aquilo que eu imaginei. Tem jogadores de qualidade, cada vez mais, porque a China tem capacidade para investir”, afirmou.

O técnico disse ainda ser bem tratado em Xangai, a capital económica do país, onde “não falta nada” e sente que o seu trabalho é valorizado: “Sinto-me bem. Vivo bem. Estou numa cidade onde, como nas grandes cidades europeias, não falta nada, apesar de estar numa cultura diferente.

“Estou interessado em continuar, o clube também está: não esperou pelo fim para manifestar esse interesse. Há dois meses, já tinham manifestado todo o interesse para eu continuar. Isso revela também respeito e consideração”, disse.

Os “erros estratégicos”

Vítor Pereira disse também na entrevista ter cometido alguns “erros estratégicos” no decurso da carreira, mas observou que tem agora mais maturidade, afirmando que se sente bem na China. “Cometi alguns erros estratégicos de percurso. Hoje, à distância, entendo.”

Vítor Pereira começou por treinar nas camadas jovens (Padroense e FC Porto) antes de assumir o primeiro conjunto sénior, o Sanjoanense, em 2005.

Na época seguinte foi para o Sporting de Espinho, antes de voltar à formação dos ‘dragões’ e assumir o comando do Santa Clara, onde se começou a destacar, merecendo de novo a confiança do FC Porto, desta vez para ser adjunto na equipa técnica de André Villas-Boas, em 2010/11.

A saída de Villas-Boas levou o presidente do FC Porto, Pinto da Costa, a apostar em Vítor Pereira para treinador principal e o técnico acabou por se sagrar bicampeão e vencer duas Supertaças portuguesas, entre 2011 e 2013, mas acabou por rumar à Arábia Saudita, para treinar o Al-Ahli.

“Foi uma questão financeira: achei que não podia desperdiçar a oportunidade”, contou. No regresso à Europa, para treinar os gregos do Olympiacos, Vítor Pereira sagrou-se campeão e venceu a Taça da Grécia, antes de rumar ao Fenerbahçe, de onde resolveu sair, na segunda época, devido a “desentendimentos com o ponto de vista do presidente”.

Em Dezembro de 2017, e já depois da referida passagem pela Alemanha, o treinador, de 50 anos, rumou à China, uma decisão da qual diz “não estar nada arrependido”. “É um campeonato muito competitivo, muito mais competitivo do que aquilo que eu imaginei. Tem jogadores de qualidade, cada vez mais, porque a China tem capacidade para investir”, afirmou.

Grandes empresas chinesas, privadas e estatais, investiram nos últimos anos o equivalente a centenas de milhões de euros nos clubes do país, respondendo ao desejo do Governo em converter a China numa potência futebolística à altura do seu poder económico e militar.

O técnico diz ainda sentir que o seu trabalho é valorizado pelo clube. “Estamos a discutir o futuro, mas eu estou interessado em continuar e o clube também. Não esperou pelo fim, para manifestar o interesse na minha continuidade. Há dois meses, já tinham manifestado todo o interesse para eu continuar e isso mostra também respeito e consideração”, descreveu.

O segredo é a capacidade de adaptação

Vítor Pereira referiu ainda que a capacidade de adaptação é uma qualidade dos portugueses “fundamental” para vencer na China. “Um dos segredos do treinador português é ter essa capacidade: chegamos a qualquer lado e adaptamo-nos”, afirmou à agência Lusa.

“Mesmo em circunstâncias muito diferentes daquelas a que estamos habituados, rapidamente conseguimos perceber o meio, o que temos e as condições para atingir o sucesso. E temos visto muitos treinadores portugueses por esse mundo fora a dar cartas”, descreveu.

Vítor Pereira, que se tornou o terceiro treinador luso a conquistar o título em três países, juntando-se a Artur Jorge e José Mourinho, considerou ainda que os portugueses podem dar um contributo para o desenvolvimento da modalidade na China.

“O futebol na China está a desenvolver-se muito depressa, eles querem rapidamente colocar a [selecção chinesa] no Campeonato do Mundo. Há muito trabalho para fazer e penso que podemos ajudar do ponto de vista táctico, estratégico, do entendimento do jogo ou cultura táctica. Nós portugueses temos uma boa formação”, disse.

O técnico lembrou ainda que “por cada título que se consegue ou cada trabalho bem feito, abrem-se portas” para mais treinadores portugueses. “Quando se chega a um país e se mostra competência, trabalho, esforço e dedicação, a seguir vão abrir-se mais portas, muitas vezes até para treinadores que têm menos visibilidade, que ninguém conhece, mas que estão a começar a carreira”, descreveu.

Quase 100 treinadores portugueses de futebol vivem, actualmente, no país asiático, desde a província de Jilin, na fronteira com a Coreia do Norte, até à ilha tropical de Hainan, no extremo sul do país.

Alguns são contratados por clubes e outros estão integrados no sistema de ensino público, que incluiu em 2015 a modalidade no desporto escolar, parte de um “plano de reforma do futebol” decretado pelo governo, visando elevar a seleção chinesa ao estatuto de grande potência.

Poemas de Li Bai

O TEMPLO DA MONTANHA

[dropcap]A[/dropcap]brigo-me no templo, no alto da montanha.
De noite, quase toco com as mãos nas estrelas.
Mas nem uma palavra atiro ao vento.
Não se perturba os habitantes do céu.

 

A CANÇÃO DE OUTONO

Como extensos rios, os cabelos brancos
Alagam o coração.
E reconheço ao espelho
Esta geada de Outono.

 

POEMA DA RAPARIGA ÚNICA

Águas do rio, espelho da lua,
A rapariga que me mostrais parece neve.
O seu vestido sobe e desce com as ondas.
Luz absoluta, que brilha e desaparece.

Morreu Stan Lee, o criador dos super-heróis da Marvel como Homem Aranha e Incrível Hulk

[dropcap]O[/dropcap] editor da Marvel Comics Stan Lee, criador de super-heróis como Homem Aranha, Incrível Hulk, Iron Man e Fantastic Four, morreu ontem, em Los Angeles, aos 95 anos, noticiou a publicação The Hollywood Reporter.

Escritor, argumentista, criador de personagens como X-Men, Stan Lee morreu ontem de manhã, no Centro Médico Cedars-Sinai, de acordo com fontes hospitalares citadas pela publicação especializada The Hollywood Reporter.

“O meu pai amou todos os seus fãs. Foi o maior e mais decente dos homens”, disse a filha do criador da Marvel, Joan Celia Lee, à publicação ‘online’ TMZ, numa reacção à morte, citada pela agência espanhola de notícias, Efe.

Qualidade do ar | Partículas de ozono com “aumento significativo”

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) emitiram um comunicado onde apontam um “aumento significativo” na manhã de ontem do nível das concentrações de ozono em todas as estações de vigilância da qualidade do ar em Macau.

As razões para a poluição prendem-se com o facto “do vento na região estar fraco, o que não favorece a dissipação de poluentes”. Além disso, “o céu apresentou-se pouco nublado, o que deu origem ao aumento deste poluente fotoquímico”. Ontem, por volta do meio dia, a influência das partículas PM 2,5 reduziu a visibilidade na região para menos de cinco quilómetros.

Os SMG prevêem que a má qualidade do ar continue hoje “sem alterações” e que só melhore “quando o vento se intensificar”. A qualidade do ar deve, por isso, atingir o nível de “insalubre”, pelo que se aconselha pessoas com problemas respiratórios ou cardiovasculares a não realizarem actividades ao ar livre.

Xi destaca contributos de Macau e Hong Kong no sucesso e abertura dos últimos 40 anos

[dropcap]“U[/dropcap]ma faixa, uma rota” e o programa de cooperação da Grande Baía são os dois mega-projectos para os quais Pequim quer a participação das duas regiões administrativas especiais. Além destas “sugestões”, Xi Jinping destacou o contributo “único e insubstituível” de Macau e Hong Kong na abertura do país e no sucesso das reformas que a China empreendeu nos últimos 40 anos.

O discurso do Presidente chinês, perante delegações das duas regiões administrativas especiais, foi proferido no quadro das celebrações das reformas de abertura económica da China durante a liderança de Deng Xiaoping. Na reunião em Pequim participaram mais de 200 líderes políticos e empresários, entre as duas comitivas das regiões administrativas especiais, e oficiais do Governo Central, como Han Zheng, número dois de Li Keqiang.

Durante o discurso, que durou seis minutos, Xi reconheceu os contributos das duas regiões para o desenvolvimento da China. “Na reforma e abertura, o estatuto único e o contributo dos patriotas de Hong Kong e Macau foi enorme e os seus papéis insubstituíveis”, referiu o Presidente chinês.

“Reflectindo na experiência dos últimos 40 anos, o desempenho insubstituível de Hong Kong e Macau foi importante para o nosso sucesso. Como tal, quero expressar um caloroso agradecimento. A pátria-mãe e o seu povo jamais vos vão esquecer”, acrescentou Xi Jinping.

Promessas de futuro

Depois de renovar a intenção de prosseguir a abertura da China ao mundo, onde destacou as posições proeminentes das duas regiões administrativas especiais, Xi Jinping apelou “ao genuíno patriotismo” de Macau e Hong Kong no aproveitamento das políticas de nacionais. “Estas cidade devem ser integradas no desenvolvimento do país, enquanto escrevemos em conjunto este capítulo do grande rejuvenescimento da nação chinesa”, referiu o Presidente numa alusão à visão nacionalista de progresso socioeconómico para as décadas vindouras.

Xi destacou ainda que entre os membros das delegações se contavam “velhos amigos” de Pequim, que lhe avivaram “memórias vívidas” quando se encontraram.

Em jeito de resposta, Chui Sai On mencionou o papel activo de Macau no progresso do país e fez votos para que o espírito de abertura e reforma nunca termine. O Chefe do Executivo lembrou também os quatro desejos que Xi Jinping endereçou a Macau e Hong Kong, sendo que um deles passa pela contribuição dos territórios para a “abertura plena do país”. Neste âmbito, “durante o processo de alargamento da abertura do país o estatuto e funções de Macau serão melhorados e explorados e não sairão enfraquecidos”, frisou Chui Sai On.

Festival de Luz | Regresso em Dezembro com música e gastronomia

[dropcap]I[/dropcap]nstalações luminosas, espetáculos de ‘vídeo mapping’ e jogos interactivos regressam em Dezembro a Macau no âmbito do Festival de Luz, que adiciona este ano ao programa eventos de música e gastronomia, foi ontem anunciado.

O festival, que vai decorrer de 2 a 31 de Dezembro, “combina gastronomia, humanidade, arquitectura, cultura e criatividade (…) demonstrando a essência da fusão das culturas chinesa e ocidental da cidade”, descreve um comunicado dos Serviços de Turismo.

Em conferência de imprensa, a directora dos Serviços de Turismo (DST), Maria Helena de Senna Fernandes, sublinhou que o programa do evento tem sido optimizado todos os anos “em apoio à construção de Macau como um centro mundial de turismo e lazer”.

Assim, para a quarta edição, a entidade organizadora “concebeu uma série de novos elementos”, nomeadamente um mercado noturno que será palco, durante os fins de semana, de concertos ao ar livre.
Para os espectáculos de ‘vídeo mapping’, que consistem na projecção de vídeo em objectos ou superfícies irregulares, foram convidadas equipas locais de produção de efeitos de luz, mas também de Portugal e da Bélgica, de acordo com a mesma nota.

O objectivo é, segundo a responsável, contribuir para “uma plataforma de intercâmbio cultural e criativo entre artistas estrangeiros e locais” e, assim, internacionalizar o festival.

Medidas à altura do acontecimento

[dropcap]O[/dropcap] Grande Prémio de Macau deste ano inaugura oficialmente na próxima quinta-feira, dia 15. No sábado, 17, ao meio dia, o Comité do GP preside a uma cerimónia de oração pelo sucesso deste evento.

Alexis Tam, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura e Presidente do Comité do Grande Prémio, salientou que, à semelhança do ano passado, os funcionários públicos vão fazer, durante este período, horas extraordinárias para garantir a normalidade do trânsito. Esta medida tem vindo a ser tomada há quatro anos consecutivos, com resultados positivos.

Alexis Tam também sugeriu que os empregadores flexibilizassem os horários de trabalho durante o evento. Adiantou que, sobretudo no primeiro dia, se espera algum congestionamento no trânsito e apela à compreensão do público. O Departamento dos Transportes, juntamente com outros gabinetes, vai dar o seu melhor para continuar a garantir a normalidade dos serviços.

Como é do conhecimento geral, o Grande Prémio de Macau é um evento anual e, de cada vez que se realiza, cria uma grande quantidade de transtornos na circulação do trânsito. É pois de encorajar a implementação da flexibilização do horário de trabalho, durante este período.

Os horários escolares constituem outra preocupação. As escolas, e em particular as Universidades, deverão reorganizar os horários de forma a deixar os estudantes e o pessoal académico livres nos dias das competições. Esta medida parece ser adequada para descongestionar o trânsito, mas tem um ponto fraco: a necessidade de trabalhar ao sábado e ao domingo. Será que vai ser necessário pagar os honorários do pessoal académico a dobrar? E os alunos que não puderem comparecer nesse dia? Não nos podemos esquecer que muitos estudantes universitários têm empregos a tempo inteiro e que será complicado reorganizar horários de trabalho em função destas alterações. Também não podemos esquecer que a taxa de presenças em seminários e palestras é um critério de acesso aos exames.

Além disso, nas Universidades existem horários diurnos e horários nocturnos. As alterações só precisam de ser aplicadas às turmas de dia, mas não às da noite porque por volta das 18.00h as estradas de Macau voltam a estar abertas à circulação normal.

Estas são algumas questões que devem ser pensadas antes de se produzir alterações nos horários das escolas e Universidades.

Quando Macau foi assolado pelo tufão Mangkhut, o Chefe do Executivo dispensou os funcionários públicos que não estavam convocados para os trabalhos de limpeza e recuperação. Esta medida recebeu uma aprovação geral, pois permitiu-lhes ter tempo para se ocuparem das suas famílias, e também diminuiu a pressão daqueles que tiveram de se ocupar das operações de salvamento e recuperação. Para além destas medidas, o Chefe do Executivo negociou com os casinos de forma a suspenderem a actividade antes da chegada do tufão. A dispensa dos funcionários públicos no dia a seguir à passagem do tufão Mangkhut, juntamente com a flexibilização dos horários da função pública durante o período do Grande Prémio de Macau foram tomadas ao abrigo do princípio “medidas especiais para eventos especiais”. Já que este princípio é benéfico para o público em geral, deve considerar-se respeitá-lo sempre que de futuro Macau tiver que lidar com situações excepcionais.

Em Hong Kong estas políticas não foram adoptadas. Pelos noticiários ficámos a saber que todos os funcionários públicos regressaram ao serviço no dia a seguir à passagem do tufão Mangkhut. Como grande parte das árvores caíram, devido ao tufão, o trânsito ficou muito congestionado e as estradas ficaram praticamente intransitáveis. A viagem para o trabalho tornou-se muito difícil nestas circunstâncias.

Seja como for, é de encorajar o princípio “medidas especiais para eventos especiais”.

 

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado do Instituto Politécnico de Macau
Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk

Sexo XXI

[dropcap]V[/dropcap]inte e um gramas é o que pesa eventualmente a alma, o que deixa um rastilho de dúvida que nos incita a tratar desta suposição com esperança. Ela está presente num momento muito belo e lancinante no Evangelho segundo São Mateus «depois, lançou um grande brado e entregou a alma», devolveu o sopro que o sagrou na hora de nascer, aos gritos, aos urros, chorando, aos brados. Esta ínfima substância não é fácil nem quando começa nem quando acaba. Entramos em choro, saímos em brado, e ainda somos o resultado dos suores gritantes de quem se dá.

O século vinte e um, tão jovem ainda, já tem o seu peso, nasceu com imagens de queda e de gritos, nasceu talvez com a alma aflita, e tocou pela primeira vez nas fontes naturais do circuito da transmissão: seremos provavelmente a última Humanidade sexualizante, o tempo que se desvia das naturais funções acaba por recriar os seus próprios órgãos, transmutando o fruto na marcha evolutiva face à essência primeira.

Parece estranho que digamos estas coisas numa esteira de desejos mundiais, mas não será difícil olhar a escalada híbrida, o hermafroditismo, o imenso mal-estar da função que talhou o órgão – órgão que faz a função – a ciência avança de forma apaixonante e quase atravessamos o nosso corpo como ilustres desconhecidos… Amor, ainda um eufemismo servidor da causa, não criado e sim gerado, e que consoante os méritos de cada um foi orientado e sublimado na construção árdua do mundo onde jamais se confundiu “amor profano” com grande amor, pois Deus parecia estar no homem como sémen propagador, era-lhe consubstancial na transmissão.

Atravessemos. Os séculos são estradas, têm alma, nascem e morrem e, claro, a dramatização desta matéria não se esgota, o pré-condicionamento não está apagado. Afinal ainda procuramos um arquétipo perdido… que em ninguém se encontra, mora, ou se repõem. O problema não está nas pessoas e nos seus níveis de conflitualidade ou de atracção, mas sim num certo “air du temps” que mutilou a outrora função cegamente programada. Tem gerado até pelo temor da sua força muitos neuropatas, mas esse imenso caudal será arrumado num grande “tubo de ensaio” como matéria atómica. Lixo radioactivo! Com quanto a transfiguração que nos daria uma experiência amorosa parece também ter sido rejeitada na fase alternativa do “beijo que liberta”. Beijos são sopros, talvez almas, tudo em que descremos como bem sabemos se afasta de nós. A sexualidade tomou um espaço anatómico que denunciava já a sua futura morte, demonstrando assim uma saúde moribunda.

Intelectualmente fomo-nos preparando para o século XXI e fizemo-lo com relativo êxito, mas biologicamente estamos atrasados. Somos uma plataforma de vestígios portadora de vínculos que não estão adaptados para a breve realidade de uma outra História do Tempo. Creio que esse tempo nos devore, esse mesmo tempo que gastámos a “comer-nos” uns aos outros com a prática canibal de uma sexualidade que na função se esgotou. O corpo foi brutalizado, o corpo «Glorioso» não é isto, e talvez nos peça agora o fim das provas antevendo nós agora o grau da sua luz numa outra projecção: «as fantasias do teu erotismo/ põe-nas, semi-ocultas/ em meio às tuas frases/ esforça-te, poeta, por guardá-las todas.» Kaváfis

Mais diz ainda: “Lembra corpo o quanto foste amado, e os desejos que brilharam em outros olhos claramente”, este corpo vamos com ele até festejarmos tudo tão claramente como um encontro sem par, que o par é um lado estagnado da função, e ela é outra, e tão nova, tão repentinamente nítida, que amá-la não pode ser um local narcísico, amando-a no lago frio das ilusões, tanto e tão, que caímos na armadilha mil vezes repetida de uma prova elementar que não transpusemos.

Amar outrem, muito, tudo, não é necessário, são conclusões morais que obrigam a um cansaço e muita vigília… Acontecer no tempo. O corpo continua e os vinte e um gramas implantados nos ditarão o caminho novo que se aproxima agora da meta anunciada. Nem o castigo, nem a libertação, nem a aceitação, nem o logro ou a luxúria, conseguiram restituir a grande causa escondida que brotará melhorada e porá fim a uma parte do processo evolutivo.

Os corpos subtis foram apelidados de “corpos aromáticos” e um mundo que cheire bem terá resultados telepáticos amorosos progredidos e ampliar-se-á na construção da alma vindoura, os fluídos da energia transformadora e formadora estarão próximos de um êxtase de vida que reconheceremos mais benigno para esse peso tão leve e definitivo.

Talvez mudando a escala da erotização mundial nos possamos então propor a reformar estes destinos grupais projectados num mito que agora encontramos sujeito a falência, mas longe, tão longe da castração por fluxo concentrado o qual não fez mais que precipitar a sua queda. A liberdade encontra-se sempre ligada ao propósito do bem e bom será então dar as boas vindas a este «Sexo XXI» sem o medo dos contágios.

Papatudo | Ganhar bronze na Tailândia

[dropcap]A[/dropcap] equipa Papatudo alcançou o terceiro lugar no torneio Phuket International Soccer, na categoria Master, ou seja para jogadores com mais de 35 anos.

A competição decorreu no passado fim-de-semana na Tailândia e nos quatro encontros do primeiro dia, a equipa de Macau somou três vitórias e um empate.

Depois na fase final, disputada em dois grupos de três equipas, os Papatudo somou dois empates, 0-0 e 2-2, o que devido à diferença de golos não permitiu o apuramento para a final.

GP Macau | Filipe de Souza condicionado com lastro de 80 quilos

Piloto da Audi quer fazer uma surpresa e ficar à frente de vários pilotos estrangeiros na competição principal de carros de turismo. Contudo, mostra-se desapontado com o lastro de 80 quilos, que diz dificultar a sua tarefa

[dropcap]O[/dropcap] piloto Filipe de Souza queria fazer uma surpresa na prova da Taça Mundial de Carros de Turismo (WTCR), mas admite que está fortemente limitado devido ao Balance of Performance (BOP). O BOP é um mecanismo criado para equilibrar o desempenho dos diferentes carros e no caso de Souza vai obrigá-lo a colocar 80 quilos de lastro extra no Audi RS3 LMS.

“Infelizmente vamos ser muito desfavorecidos pelo BOP. O Audi é um dos carros mais prejudicados com 60 quilogramas de lastro. Depois como participo como piloto convidado, ou seja como wild-card, ainda levo com mais 20 quilogramas de lastro”, afirmou Filipe de Souza, ao HM.

“Admito que quando vi a lista do BOP para Macau que fiquei muito preocupado, porque acho que vai ter um grande impacto nas nossas expectativas. Para se ter uma ideia, os 80 quilos são superiores ao meu peso”, sublinhou.

À partida para a prova, Filipe de Souza tinha definido como objectivo ficar à frente de vários pilotos estrangeiros e a seu favor tem o conhecimento do Circuito da Guia. “O carro vai ficar pouco competitivo face à concorrência, principalmente porque estamos num campeonato em que é comum que a diferença entre o primeiro e décimo quinto, nas qualificações, seja inferior a um segundo. Este peso todo vai fazer uma grande diferença”, admitiu. “Mas muitos têm pouca experiência em Macau, ao contrário de mim, e apesar deste lastro todo vou tentar aproveitar esse factor”, acrescentou.

Desafio local

No total vão ser seis os pilotos locais a competir no WTCR, além de Filipe de Souza, os outros são André Couto (Honda Civic TCR), Rui Valente (VW Golf), Kevin Tse (Audi RS3 LMS), Lam Kam San (Audi RS3 LMS) e Billy Lo Kai Fung (Audi RS3 LMS). Souza vê Couto como o principal adversário devido à experiência do piloto que venceu a prova de Fórmula de 3 em 2000 e aponta ainda para o facto do adversário ter um carro 10 quilos mais leve.

“Quando corro nas provas locais aponto sempre aos três primeiros. Agora no WTCR há muitos pilotos profissionais, por isso os meus objectivos passam por ficar à frente dos pilotos de Macau. Mas sei que não vai ser fácil porque o André Couto é um piloto profissional com muita experiência e tem menos 10 quilos do que eu. Vai ser um grande desafio”, apontou.

Filipe de Souza chega ao Grande Prémio de Macau depois de um ano em que não participou em nenhum campeonato a tempo inteiro. No entanto, fez várias provas com o Audi, a contar para a competição Pan Delta e para o campeonato TCR China, o que lhe permite ter um bom conhecimento da viatura.
“Estou muito familiarizado com o carro e adaptei-me com muita facilidade. Acho que não vai ser pelo carro em si que vou ter problemas… só mesmo pelo peso”, concluiu.

ASEAN | Membros assinam acordo para facilitar comércio electrónico

Os países do Sudeste da Ásia, representados em Singapura pelos ministros das Finanças, acordaram no estabelecimento de medidas que promovem as trocas comerciais on-line entre os Estados-membros. A guerra comercial é um dos principais temas na agenda da reunião que se realiza na cidade-Estado e que conta com a presença da China e dos Estados Unidos como convidados

 

[dropcap]O[/dropcap]s ministros das Finanças dos Estados-membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) assinaram ontem em Singapura um acordo que visa facilitar as transacções de comércio electrónico na região.

O acordo assinado tem como objectivo promover o comércio electrónico e a cooperação entre empresas e Governos, que irá gerar transacções mais eficientes, defendeu durante a cerimónia de assinatura do acordo o ministro da Finanças de Singapura, Chan Chun Sing.

Numa reunião paralela, o primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien Loong, apelou a uma maior integração entre os países do Sudeste da Ásia, num momento em que o multilateralismo está sob ameaça, como resultado de medidas proteccionistas implementadas por Washington e Pequim.

A guerra comercial é um dos principais temas das conversações da cimeira de líderes da ASEAN, que se realiza até quinta-feira, e que conta com a participação da Malásia, Indonésia, Brunei, Vietname, Camboja, Laos, Myanmar, Singapura, Tailândia e Filipinas.

Os Estados Unidos, a China, Rússia, Japão ou Coreia do Sul, estão entre os convidados desta reunião.
A ausência mais notada durante o Fórum Asiático será a do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que será representado pelo vice-presidente Mike Pence.

O vice-Presidente vai ainda esta semana a uma cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico, na Papua Nova Guiné. Ontem, a líder da antiga Birmânia (agora Myanmar) discursou durante uma reunião comercial.
A legislatura de Aung San Suu Kyi ficou até agora marcada pela ofensiva militar na zona oeste do país contra a minoria muçulmana Rohingya, que levou cerca de 723.000 membros da comunidade a fugirem para o Bangladesh, e pela estagnação das negociações de paz com as cerca de 20 guerrilhas formadas por minorias.