Mercado imobiliário chinês vai enfrentar recessão em 2019, diz banco estatal

[dropcap]O[/dropcap] mercado imobiliário chinês vai enfrentar uma recessão em 2019, segundo um relatório publicado hoje pelo banco estatal de investimento Corporação Internacional de Capital da China (CICC), confirmando o receio de vários analistas.

O documento prevê um “decréscimo significativo” das vendas, investimento e novas construções, no próximo ano, o que já levou muitas promotoras a cancelar a compra de terrenos, face à contracção do mercado.

Pequim “deve alterar as políticas destinadas a arrefecer o mercado imobiliário”, recomenda a CICC, nomeadamente através da redução do valor mínimo de entrada na compra de um imóvel, facilitar o acesso ao crédito e reduzir as taxas de juro.

A mesma nota refere que, devido à baixa procura, em setembro e outubro os proprietários tiveram de fazer “grandes promoções”, incluindo oferecer carros na compra de habitação ou baixar os preços até 30%, o que levou a protestos dos anteriores compradores, que pagaram preços mais altos.

Os últimos dados revelam uma queda homóloga do investimento no sector imobiliário de 8,9%, em Setembro, e 9,2%, em Agosto.

A CICC considera “provável” que a venda de propriedades na China “abrande [em 2019], pela primeira vez em cinco anos”, apontando para uma queda de 10%, tanto no volume de vendas como nos preços. O investimento e as novas construções também devem registar uma queda de 5% e 10%, respectivamente, aponta.

O mercado imobiliário é um dos principais motores de crescimento da economia chinesa e os economistas temem que sinais de sobre-endividamento dos construtores abalem o sistema financeiro do país.

No espaço de uma década, enquanto as economias desenvolvidas estagnaram, a China construiu a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, mais de oitenta aeroportos e dezenas de cidades de raiz, alargando a classe média chinesa em centenas de milhões de pessoas.

No entanto, segundo a agência suíça Bank for International Settlements (BIS), durante o mesmo período, a dívida chinesa quase duplicou, para 257% do Produto Interno Bruto (PIB).

Um dos efeitos mais visíveis do desperdício gerado por uma década de crescimento assente na construção são as mais de 50 milhões de casas vazias, cerca de 22% do imobiliário urbano no país, de acordo com um estudo a nível nacional, designado China Household Finance Survey.

“Os principais agentes económicos e financeiros da China não abordaram as perspectivas de arrefecimento no mercado imobiliário”, afirmou o CICC.

Também um relatório publicado na semana passada pela agência de avaliação de risco Standard & Poor’s (S&P) indica que o preço do imobiliário na China atingiu o seu valor máximo e pode cair até cinco por cento, em 2019.

A agência adverte que as cidades pequenas são “muito mais vulneráveis” a uma possível desaceleração, que poderá fazer com que passem “rapidamente” de “motores de crescimento” a “travões ao crescimento”.

Para os promotores imobiliários chineses, os grandes riscos são a “liquidez e refinanciamento”, lê-se no relatório, que aponta para um “panorama de financiamento mais desfavorável em anos”.

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