Cristiano Ronaldo assume que não foi fácil deixar Madrid e salienta percurso no Real Hoje Macau - 30 Jul 2019 [dropcap]O[/dropcap] futebolista internacional português Cristiano Ronaldo assumiu ontem que não foi fácil deixar o Real Madrid, após nove temporadas na capital espanhola, e mostrou-se “muito orgulhoso” por tudo o que alcançou no emblema ‘merengue’. “A minha saída do Real não foi fácil. Foram nove anos. Mesmo assim, em Itália, foi uma das melhores temporadas que fiz. Ganhei dois troféus pela Juventus e ainda uma Liga das Nações por Portugal. Foi um ano ‘top’”, afirmou Cristiano Ronaldo, durante a cerimónia em que foi agraciado com o prémio ‘Marca Leyenda’, entregue pelo diário desportivo Marca, em Madrid. O avançado da Juventus revelou que sente falta da capital espanhola e confessou que “regressar a Madrid é muito especial”. O jogador luso, de 34 anos, aumenta o lote de personalidades ligadas ao futebol que já foram agraciados com o prémio ‘Marca Leyenda’, como Lionel Messi, Raúl González, Diego Maradona, Pelé ou Paolo Maldini, além de outros desportistas como Rafael Nadal, Michael Jordan, Michael Phelps, Paul Gasol, Roger Federer ou Usain Bolt. “É um troféu que vai directamente para o meu museu, com muito orgulho. Estou a receber este prémio sobretudo pelo que fiz no Real Madrid. Tenho muito orgulho por tudo o que fiz no Real Madrid e quero agradecer a todos os que me ajudaram durante a minha carreira, desde que comecei no Nacional da Madeira”, referiu, numa cerimónia em que esteve presente do presidente do Real Madrid, Florentino Pérez. Por outro lado, Ronaldo admitiu que a conquista do Euro2016, com a selecção portuguesa, continua a ser a mais especial: “É especial, as emoções são muito fortes quando ganhas algo pelo teu país. Foi o troféu mais especial que ganhei na minha carreira.” Já quanto a uma possível conquista da Liga dos Campeões, ao serviço da Juventus, Ronaldo foi mais contido. “Vamos tentar como sempre. É uma competição muito difícil. Todas as equipas querem ganhá-la, Real Madrid, FC Barcelona, Atlético de Madrid, Manchester City. A Juventus vai lutar para conquistar a prova e espero que consiga”, transmitiu. Cristiano Ronaldo passou nove temporadas no Real Madrid, onde chegou em 2009, proveniente do Manchester United. Pelos ‘merengues’ conquistou duas ligas espanholas, duas taças de Espanha, duas supertaças espanholas, quatro ligas dos campeões, três supertaças europeias e três mundiais de clubes. Pelo Real Madrid, o avançado internacional português realizou 438 jogos e marcou 450 golos. Ronaldo começou a carreira nas escolas do Andorinha, antes de representar Nacional da Madeira, Sporting, Manchester United e Real Madrid, de onde se transferiu para os italianos da Juventus, no início da época passada.
Balanço final de deslizamentos na China é de 42 mortos e nove desaparecidos Hoje Macau - 30 Jul 2019 [dropcap]P[/dropcap]elo menos 42 pessoas morreram e nove estão desaparecidas na sequência dos deslizamentos de terra na província de Guizhou, sudoeste da China, anunciaram ontem as autoridades num balanço final. Um forte deslizamento de terra atingiu na noite de terça-feira uma aldeia na cidade de Liupanshui, localizada a 2.300 quilómetros de Pequim, na província montanhosa de Guizhou. “As operações de resgate foram suspensas no domingo, 28 de Julho, às 23:30 locais”, indicaram as autoridades provinciais, justificando essa decisão pelo risco de deslizamento de terra afectar os socorristas ou pela baixa probabilidade de encontrar sobreviventes. Segundo um comunicado, publicado no portal da província de Guizhou, “um total de 11 pessoas foram retiradas com vida e hospitalizadas, 42 morreram e nove estão desaparecidas”. O anterior balanço apontava para 38 vítimas mortais e 13 desaparecidos. A televisão pública CCTV transmitiu nos últimos dias imagens de equipas de resgate e máquinas escavadoras a tentar salvar possíveis sobreviventes. O Governo destinou 30 milhões de yuans para as operações de busca e o realojamento das vítimas do desastre, de acordo com a agência de notícias Xinhua. Os deslizamentos de terra ocorrem frequentemente em áreas rurais e montanhosas da China, especialmente durante as chuvas fortes.
Até final do século haverá 500 milhões de falantes de português no mundo, diz Governo Hoje Macau - 30 Jul 2019 [dropcap]O[/dropcap] secretário de Estado da Comunidades disse ontem em Vimioso, Portugal, que língua portuguesa é um dos principais activos estratégicos do Estado português, esperando-se que até ao final do século XXI sejam 500 milhões os falantes espalhados pelo mundo. “Há estimativas que apontam para que até 2060 a língua portuguesa possa vir a ser falada por 380 milhões de pessoas e até ao final do século o número aumente para 500 milhões de falantes de língua portuguesa, em todo o mundo”, indicou José Luís Carneiro. Segundo o secretário de Estado, “há indicadores muito claros relativos ao crescimento em todas a regiões do mundo”. “Como exemplo há três anos havia três universidades na China a ensinar língua portuguesa. Actualmente são mais de 40. Já na África do Sul a procura e a oferta para apreender a língua portuguesa ronda os 40%”, exemplificou o governante. José Luís Carneiro falava no decurso do seminário ” O regresso do Emigrantes” que decorreu, em Vimioso, no distrito de Bragança, e que juntou uma plateia composta por antigos e actuais emigrantes. O secretário de Estado acrescentou ainda que na costa Ocidental de África, desde a Costa do Marfim à Namíbia, “há uma procura crescente da língua portuguesa”. Na América do Sul, o fenómeno é idêntico em países como a Argentina. “A língua portuguesa é muito relevante para a cultura, mas, também para a economia, nomeadamente na América Latina e na África Austral, razão pela qual os indicadores mostram um crescimento do português, via Ministério dos Negócios Estrangeiros e Instituto Camões”, vincou José Luís Carneiro. “É na América Latina onde o português é mais falado, mas as estimativas apontam para que, no final do século, a língua portuguesa venha ser mais falada no continente africano, devido a crescimento demográfico espectável para países como Angola ou Moçambique”, acrescentou.
Universidade de elite na China inclui português como disciplina opcional Hoje Macau - 30 Jul 2019 [dropcap]A[/dropcap] Universidade Tsinghua, uma das mais prestigiadas da China, vai passar a ter português como disciplina opcional, já no próximo ano lectivo, ilustrando a crescente importância dos países lusófonos para o comércio e diplomacia chineses. A partir de Setembro, a Universidade Tsinghua vai oferecer português como disciplina opcional aos alunos de todos os cursos de licenciatura, disse ontem à agência Lusa fonte da instituição. Localizada no norte de Pequim, a Tsinghua é uma das mais prestigiadas universidades chinesas e onde se formaram muitos dos líderes do país, incluindo o actual Presidente chinês, Xi Jinping, e o antecessor, Hu Jintao. Estabelecido em 1911, o ‘campus’ da Tsinghua foi construído a partir de um antigo jardim imperial do século XVIII, preservando os lagos, espaços verdes e edifícios centenários. A universidade tem mais de 25 mil estudantes, segundo o ‘site’ oficial da instituição, e destaca-se sobretudo pelo ensino de engenharia. A aposta da Tsinghua reflecte a crescente necessidade da China em formar melhores quadros para trabalhar com os países de língua portuguesa, face à evolução das trocas comerciais, que só em 2018 se cifraram em 147.354 milhões de dólares, um aumento de 25,31 por cento, em termos homólogos. O destaque vai para Angola e Brasil, cujas trocas com a China compõem a maioria deste comércio. Nos últimos anos, a China tornou-se, também, um dos principais investidores em Portugal, comprando participações em grandes empresas das áreas da energia, seguros, saúde e banca, enquanto milhares de particulares chineses compraram casa em Portugal à boleia dos vistos ‘gold’. Propagação da língua A contar com a Tsinghua são já 34 as universidades da China continental que têm português como cadeira opcional, entre as quais 25 que oferecem também licenciaturas em português. No total, mais de 1.500 estudantes chineses frequentam agora cursos em português. Até 1999, apenas a Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim e a Universidade de Estudos Internacionais de Xangai ofereciam licenciaturas em português.
A quimera do ouro David Chan - 30 Jul 2019 [dropcap]N[/dropcap]o passado dia 23, a Radio Television Hong Kong anunciou a reunião entre os representantes do New People’s Party e o Secretário das Finanças, Paul Chan. Na reunião foi discutido o próximo Orçamento e foram apresentadas propostas. Este partido sugeriu que todos os residentes permanentes de Hong Kong, com idade superior a 18 anos, deveriam passar a receber uma verba do Governo de HK$8.000. O New People’s Party acredita que a entrega desta verba trará mais benefícios do que o reembolso dos impostos. As pessoas ficarão felizes por receberem esta quantia. O New People’s Party propôs também a atribuição de um subsídio de maternidade no valor HK$20.000. Este montante ajudará a aliviar os encargos financeiros dos jovens casais e aumentará os rendimentos da população de Hong Kong. Esta distribuição de dinheiro pela população concretiza-se em Macau através da atribuição de cheques pecuniários. Este ano, os residentes permanentes receberam 10.000 patacas. Entre 2014 e 2018, recebiam 8.000 patacas anuais. O subsídio atribuído por cada recém-nascido, proposto pelo New People’s Party, é o subsídio de maternidade de Macau. Nesta cidade, ambos os pais podem solicitar o subsídio. O valor de cada contribuição é de 5.260 patacas. Se o pai e a a mãe se candidatarem, podem receber um total de 10.520 patacas. Em 2011, o Governo de Hong Kong implementou a atribuição anual de HK$6.000 aos residentes permanentes maiores de 18 anos. Este foi um período dourado, de grande crescimento económico. No entanto esta decisão sofreu alguma contestação. Algumas pessoas consideraram esta verba muito baixa e que faria pouca diferença na melhoria da qualidade de vida da população. A mina de ouro não estava a beneficiar toda a gente. Em 2018, o Governo de Hong Kong voltou a instituir o plano de pagamentos. Desta vez, foram distribuidos HK$4.000 per capita, através do sistema “Caring and Sharing Scheme.” Qualquer pessoa, com bilhete de identidade de Hong Kong e residência permanente na cidade, estava em condições de receber esta verba. Hongkongers com residência noutros locais e residentes não permanentes não tinham acesso a este benefício. Mas este plano de pagamentos foi também bastante criticado. Aqui, em Macau, não se conhece ninguém que pense que os cheques pecuniários são uma má medida. Talvez Hong Kong precise de se aproximar do modelo de Macau, onde, tanto os residentes permanentes como os não permanentes recebem verbas anuais. Talvez toda a gente fique satisfeita se receber uma fatia do bolo. É um facto indiscutível que, nos dias que correm, os Hongkongers precisam de algo que os façam sorrir. Recentemente a Faculdade de Medicina e a Universidade de Hong Kong levaram a cabo um estudo, não relacionado com os deploráveis incidentes violentos que tiveram lugar na cidade. Mais de 1.200 adultos foram entrevistados por telefone e cerca de 9.1% foram considerados vítimas de depressão. Além disso, no grupo etário acima dos 50 anos, esse valor aumentava. A cerca de 4.6% foram diagnosticadas ideias suicidas. Estes números indicam que 108 pessoas em 1.200, sofrem de depressão. Não há dúvida de que é uma percentagem muito alta. Durante os dois últimos meses, a comunidade de Hong Kong experienciou diversos incidentes relacionados com a contestação à revisão da Lei de Extradição dos Condenados em Fuga. Este estudo indica que muitas pessoas em Hong Kong sofrem de depressão, mas não provam que exista qualquer relação entre as duas situações. Em todo o caso, os números provam que a sociedade de Hong Kong tem de enfrentar esta doença. O sonho é um tratamento eficaz contra a depressão. Se o Governo de Hong Kong distribuir dinheiro por todos, no quadro do próximo Orçamento, pode fazer toda a gente sorrir e sonhar. Espero que este sorriso possa trazer uma nova esperança a todos os habitantes de Hong Kong. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado do Instituto Politécnico de Macau Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk
Aquela faixa Andreia Sofia Silva - 30 Jul 2019 [dropcap]É[/dropcap] certo e sabido que os chineses estão por todo o lado, como os portugueses: viajamos para aquela ilha paradisíaca e eles estão por lá. Desta vez, os chineses decidiram estabelecer-se numa terra chamada Boi Morto, no norte de Portugal e, alegadamente, traficar haxixe. A história foi ontem publicada nas páginas do Diário de Notícias e não deixa de soar alarmes sobre o lado negativo dos vistos gold. Já a ex-eurodeputada Ana Gomes, em entrevista ao HM, tinha alertado para o facto destes vistos poderem potenciar a entrada de tríades e esquemas de corrupção no espaço Schengen. As próprias autoridades chinesas estão atentas e garantiram que não vão deixar passar em claro casos de corrupção no âmbito da política “Uma Faixa, Uma Rota”. Xi Jinping bem tenta combater a corrupção no seu país, um dos grandes problemas sociais e políticos dos últimos anos, mas o caminho não tem sido fácil. Ainda a procissão vai no adro, que é como quem diz, ainda esta política está a começar a ser estabelecida, e já se teme a corrupção. Do lado da União Europeia, resta-nos esperar uma intervenção eficaz das autoridades, para que estes problemas não atinjam a Europa da pior maneira.
Palácio Nacional de Mafra e Santuário do Bom Jesus de Braga declarados Património Mundial Michel Reis - 30 Jul 2019 [dropcap]O[/dropcap] conjunto monumental composto pelo Palácio, Basílica, Convento, Jardim do Cerco e Tapada de Mafra e o conjunto arquitectónico e paisagístico do Santuário do Bom Jesus do Monte, em Braga, receberam no passado dia 7 de Julho, na 43ª Sessão do Comité do Património da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), que decorreu em Baku, no Azerbaijão, a classificação de Património Cultural Mundial da UNESCO. Na sessão, foi ainda anunciado que o Museu Nacional Machado de Castro passa a estar integrado na área classificada da Universidade de Coimbra, que em 2013 também foi classificada Património Cultural Mundial da UNESCO. Os monumentos portugueses fizeram parte das 36 indicações para inscrição na Lista do Património Mundial que estiveram a ser avaliadas. Ambas as candidaturas suscitaram algumas questões ao Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS), que faz a apreciação de todas as propostas que chegam de todo o mundo. No caso do complexo de Mafra, pelo facto da Tapada não estar suficientemente documentada e, em relação Santuário do Bom Jesus, em relação à autenticidade e integridade do monumento, assim como à preservação e prevenção de acidentes, como possíveis incêndios à volta do complexo religioso. No entanto, após esclarecimentos por parte da representação de Portugal, as propostas acabaram por ser aprovadas. O monumento de Mafra foi aprovado com o apoio do Brasil, da Tunísia e da China, tal como de outros Estados que fazem parte do Comité, como Angola ou Indonésia, embora tenham apoiado as recomendações para a conservação e um estudo cartográfico deste complexo monumental. Quanto ao Santuário do Bom Jesus, o Brasil, que abriu a discussão e faz parte do Comité, defendeu que o Santuário não só cumpre todos os critérios para ser integrado na Lista do Património Mundial, mas serviu também de inspiração para o complexo do Bom Jesus de Congonhas, já incluído na mesma Lista. A Lista do Património Mundial da UNESCO integra actualmente 1.092 sítios em 167 países. Portugal passa agora a contar com 17 locais classificados em território português, nomeadamente o Centro Histórico de Angra do Heroísmo, o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, em Lisboa, num conjunto de proximidade, e o Mosteiro da Batalha e o Convento de Cristo, em Tomar, que foram os primeiros monumentos a serem classificados, em 1983. A estes juntaram-se a Região Vinhateira do Alto Douro, a zona central da cidade de Angra do Heroísmo, a Paisagem Cultural de Sintra, a Cidade-Quartel Fronteiriça de Elvas e as suas Fortificações, o Centro Histórico de Évora, o Centro Histórico de Guimarães, o conjunto do Centro Histórico do Porto, Ponte Luís I e Mosteiro da Serra do Pilar, a Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, a Laurissilva da Madeira, o Mosteiro de Alcobaça, os locais de Arte Rupestre do Vale do Côa, bem como a antiga Universidade de Coimbra – Alta e Sofia, havendo ainda 11 locais que constituem património mundial de origem portuguesa no mundo. Segundo o Observador, o presidente da Câmara de Mafra, Hélder Sousa Silva, presente na sessão, referiu que a classificação do Palácio, Basílica, Convento, Jardim do Cerco e Tapada de Mafra peca por tardia, porque apesar de ser um dia histórico para Mafra e para Portugal, esta candidatura preparada há 10 anos já devia ter sido classificada há muito tempo. Para o autarca, a inscrição de Mafra na lista do Património Mundial “não é um ponto de chegada, mas um ponto de partida e traz responsabilidades acrescidas para a manutenção [do monumento] a curto prazo”, esperando que haja uma Mafra antes da classificação e uma Mafra depois da classificação, virada para a recuperação do património. O director do Palácio Nacional de Mafra, Mário Pereira, defendeu, numa nota de imprensa enviada pela autarquia na ocasião, que a inevitabilidade de um reconhecimento não poderia, nem deveria ser protelada, porque Mafra e o seu monumento há muito que mereciam esta inscrição. Também a Escola das Armas e o Exército, a direcção da Tapada Nacional e a Paróquia de Mafra, outros parceiros da candidatura, se regozijaram com a classificação. Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga, salientou por sua vez que, com a distinção conferida ao Santuário do Bom Jesus, para além do orgulho vem também uma grande responsabilidade. O dossier de candidatura do conjunto composto pelo Palácio, Basílica, Convento, Jardim do Cerco e Tapada de Mafra a Património Mundial foi entregue ao Centro do Património Mundial da UNESCO no dia 27 de Janeiro de 2017, uma etapa histórica neste complexo e exigente processo. O Palácio Nacional de Mafra é o mais importante monumento representante do barroco em Portugal, nomeadamente do barroco joanino. O dossier de candidatura, designado Real Edifício de Mafra, foi coordenado pelo município e pela Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) da República Portuguesa, com a colaboração do Palácio Nacional, Escola das Armas, Tapada Nacional e Paróquia de Mafra. Os parceiros desejavam fazer coincidir o anúncio agora feito pela UNESCO, assim como a conclusão da reabilitação dos carrilhões do complexo, com as comemorações dos 300 anos do lançamento da primeira pedra do palácio, que tiveram o seu ponto alto no dia 17 de Novembro de 2017. É de referir que a reabilitação dos carrilhões do Palácio Nacional de Mafra, que sofreu vários atrasos e era fundamental para o Estado Português e a Câmara de Mafra poderem candidatar o monumento a Património Mundial, se iniciou em Junho de 2018. No dia 24 de Outubro de 2018, uma grua instalada em frente ao Palácio começou a retirar, pela primeira vez desde 1730, os sinos maiores dos carrilhões, o primeiro deles a pesar mais de sete toneladas, para serem analisados e restaurados, num investimento de 1,5 milhões de euros. Além de apear os sinos para virem a ser intervencionados, o consórcio português responsável pela empreitada, especialista em conservação e restauro do património, também é responsável pelo tratamento da pedra, restauro dos cabeçalhos, estruturas de madeira que suportam os sinos, e pela construção de novas estruturas de suporte da torre norte. A equipa encontrou alguns dos sinos em muito mau estado, em risco de se desprenderem da estrutura e criarem um efeito de dominó, que poderia resultar na queda de sinos na frente do palácio. Os dois carrilhões com 119 sinos, repartidos por sinos das horas, da liturgia ou dos carrilhões, constituem o maior conjunto sineiro do mundo, sendo, a par dos seis órgãos históricos e da biblioteca, o património mais importante do palácio. Mário Pereira referiu que está tão confiante no bom curso desta obra que já tem alguns carrilhonistas convidados para o concerto inaugural em Setembro de 2019, se tudo correr como previsto. Por sua vez, o dossier final de candidatura do Santuário do Bom Jesus do Monte, um trabalho desenvolvido ao longo de 20 anos, foi entregue ao Centro do Património Mundial da UNESCO no dia 15 de Janeiro de 2018. O Santuário constitui um conjunto arquitectónico e paisagístico construído e reconstruído a partir do século XVI, no qual se evidenciam os estilos barroco, rococó e neoclássico. É composto de um “Sacro Monte”, de um longo percurso de via-sacra atravessando a mata, de capelas que abrigam conjuntos escultóricos evocativos da morte e ressurreição de Cristo, fontes e estátuas alegóricas, da Basílica, culminando no “Terreiro dos Evangelistas”. No Santuário, prossegue actualmente a recuperação das capelas, um projecto que se espere fique concluído até 30 de Setembro, prevendo-se que a zona do Santuário fique recuperada até 30 de Junho. Portugal foi o único país a inscrever dois monumentos na Lista do Património Mundial da UNESCO nesta sessão, algo que traz uma responsabilidade acrescida ao país, segundo o embaixador português na UNESCO, António Sampaio da Nóvoa. Foram ainda inscritos este ano na lista, entre outros, os bens Parati – Cultura e Biodiversidade no Brasil, as Colinas do Prosecco em Itália, Bagan no Myanmar, o Sistema de Gestão da Água de Augsburgo na Alemanha e o sítio da Antiga Babilónia no Iraque.
Vietname | Polícia detém quase 400 chineses por apostas ilegais Hoje Macau - 30 Jul 2019 [dropcap]A[/dropcap] polícia vietnamita deteve quase 400 cidadãos chineses no norte do país, na maior operação de sempre contra jogos de azar no Vietname, envolvendo estrangeiros, informou ontem a imprensa oficial de Hanói. A maior parte dos jogos de azar está proibido a cidadãos do Vietname, apesar de alguns casinos operarem em ‘resorts’ e hotéis, para estrangeiros. Nos últimos anos, grupos criminosos da China têm usado o país para operar casinos ‘online’. Este fim-de-semana, cerca de 500 policias cercaram um condomínio fechado na cidade portuária de Hai Phong, no norte do Vietname, onde as salas eram usadas para transaccionar apostas num valor superior a 400 milhões de dólares, segundo a imprensa de Hanói. “Trata-se da maior apreensão de sempre a nível de volume e do número de estrangeiros detidos”, sublinhou a televisão estatal VTV. Os 380 chineses geriam apostas ‘online’ em resultados desportivos, para apostadores da China continental, e administravam uma lotaria ilegal, acrescentou. A polícia confiscou quase dois mil ‘smartphones’, 530 computadores, cartões bancários e dinheiro. No ano passado, dezenas de pessoas foram condenadas no Vietname por integrarem uma rede de jogos ‘online’, administrada por um alto funcionário encarregado de supervisionar as apostas ‘online’.
Dissidente Huang Qi condenado a doze anos de prisão Hoje Macau - 30 Jul 2019 Um tribunal chinês condenou ontem o dissidente Huang Qi a 12 anos de prisão por ter revelado segredos de Estado a uma entidade estrangeira, parte de uma campanha lançada por Pequim contra vozes dissidentes [dropcap]H[/dropcap]uang Qi, que dirigia uma plataforma distinguida pela organização Repórteres Sem Fronteiras com o prémio de liberdade de imprensa, foi detido em várias ocasiões por denunciar abusos do poder político, incluindo em 2008, depois de advogar por pais cujos filhos morreram num terremoto na província de Sichuan, sudoeste do país. Milhares de estudantes morreram quando as suas escolas, de fraca construção, ruíram, mas as autoridades nunca divulgaram os resultados de qualquer investigação e nunca responsabilizaram alguém. Um comunicado difundido ontem pelo Tribunal Popular Intermédio de Mianyang, província natal de Huang, em Sichuan, não detalhou quais foram os segredos revelados ou os receptores. Em 1998, Huang fundou o portal “64 Tianwang”, onde revelava histórias de abusos por parte das autoridades. A mãe de Huang, Pu Wenqing, pediu às autoridades que o transferissem para um hospital, para receber tratamento, devido a função renal limitada e perda de peso severa. A organização não-governamental Human Rights China revelou que “em resultado dos espancamentos e outros abusos que sofreu durante períodos de detenção”, Huang sofre de acumulação de líquido no cérebro, uma doença cardíaca reumática e insuficiência renal crónica, que requerem medicação diária. Numerosos dissidentes chineses adoeceram durante a prisão. Outros exemplos O Prémio Nobel da Paz Liu Xiaobo estava a cumprir uma pena de onze anos por “incitar a subversão do poder do Estado” quando morreu de cancro no fígado, há dois anos. Sob a liderança do actual líder chinês, Xi Jinping, que após uma emenda constitucional, no ano passado, poderá exercer como Presidente vitalício, as autoridades chinesas têm reforçado o controlo sobre a sociedade civil, ensino ou religião.
Festival | Documentários em estreia para ver de 10 a 31 de Agosto Raquel Moz - 30 Jul 2019 São 23 filmes, alguns em estreia absoluta em Macau e Hong Kong, para ver no Festival Internacional de Documentário de Macau, durante o próximo mês. Há ainda uma masterclass, conversas, debates e festas para homenagear o cinema de reflexão sobre temas históricos, biográficos e sociais [dropcap]A[/dropcap] Cinemateca Paixão acaba de apresentar o cartaz de filmes que chegam a Macau em primeira mão na edição do 4º Festival Internacional de Documentário de Macau (FIDM). Durante o mês de Agosto, de 10 a 31, a sala da Travessa Paixão convida o público a perder-se em histórias interessantes e curiosas sobre o que se vai passando no mundo. “Let’s Get Lost” é o primeiro título que abre o evento, realizado por Bruce Weber em 1988, sobre a trágica vida do lendário trompetista de música jazz Chet Baker. “A música, as drogas e o seu coração romântico” são os ingredientes do documentário de Bruce Weber, “ele próprio fotógrafo de moda de fama mundial”, que “retrata os últimos anos do músico em extraordinárias imagens a preto e branco. O trabalho de câmara é tão poético quanto a música de Baker. No final das filmagens, Baker foi encontrado morto na rua debaixo do seu quarto de hotel em Amesterdão. O incidente adiciona um elemento de mistério ao filme”, lê-se na informação divulgada pela Cinemateca. A projecção do filme, no dia 10 de Agosto às 14h30, será complementada com uma conversa sobre o tema “A Música, Caso e Legado de Chet Baker”, por Anson Ng, em cantonense com tradução em inglês, às 17h00 com entrada livre. O filme, que foi nomeado para Melhor Documentário na 61ª edição dos Óscares em 1989, volta a ser exibido a 24 de Agosto às 21h30. A rúbrica “Realizador em Foco” dá este ano destaque ao portefólio do realizador cazaque Sergey Dvortsevoy, que estará em Macau para apresentar seis filmes da sua autoria e partilhar métodos criativos numa masterclass para realizadores locais. O homenageado “foi engenheiro aeronáutico e tornou-se realizador depois de estudar cinema na década de 1990. Apesar de uma escassa formação teórica, Dvortsvoy aplica um estilo narrativo directo, focando-se em personagens socialmente marginalizadas”, revela a nota de imprensa. A não perder está a sua primeira película ficcional, “Tulpan” (2008), filme que mereceu a Dvortsvoy o prémio “Um Certain Regard” no Festival de Cinema de Cannes, com a história de um jovem que pretende casar com a mulher dos seus sonhos e dedicar-se à vida rural, o que em nada seduz a visada. E “Ayka” (2018), o seu mais recente trabalho, nomeado para a Palma de Ouro, que retrata a vida deprimente de uma mãe em fuga, com a notável interpretação de Samal Yeslyamova, que trouxe para casa os galardões de Melhor Actriz no Festival de Cinema de Cannes e nos Prémios do Cinema Asiático. Ambos os filmes são exibidos duas vezes, dias 10 e 27 e dias 11 e 29, respectivamente. A retrospectiva do realizador nascido no Cazaquistão inclui ainda os documentários “Auto-estrada” (1998) e “Na Escuridão” (2004), numa sessão única dia 13, e “Paraíso” (1995) e “Dia do Pão” (1998), no dia 21. Estreias asiáticas Nas secções do festival dedicadas aos filmes mais recentes, encontram-se estreias absolutas em Macau e Hong Kong, como o filme “Onde Estás, João Gilberto?” (2018), de Georges Gachot, que acompanha o percurso de um escritor alemão que viaja para o Brasil em busca do fundador da Bossa Nova, apaixonado pela música do compositor retirado da cena musical durante mais de três décadas. A estreia, no dia 17 às 19h30, conta com uma festa pré-sessão de música e comida brasileira, das 18h às 19h, para homenagear o artista recém-desaparecido no mês passado. O filme repete no dia 23. “Presente.Perfeito” (2019), da realizadora chinesa Shengze Zhu, é outra estreia que aborda os milhões de vloggers (video bloggers) por toda a China que mostram as suas vidas online a estranhos, à procura de popularidade, na “mais crua auto-exposição” com que os elementos marginalizados ultrapassam a solidão das suas vidas na actual sociedade chinesa. O filme ganhou o prémio Hivos Tiger no Festival de Roterdão e passa apenas no dia 18. Outro destaque é a estreia de “Viajante da Meia Noite” (2019), do realizador afegão Hassan Fazili, que documenta a sua própria fuga com a família, depois dos talibãs terem pedido a sua morte. A recusa de exílio pelo Tajiquistão força-os a uma deriva incerta em busca de um destino que lhes reconheça o estatuto de refugiados. Passa na tela nos dias 14 e 25. “Mais Um Dia de Vida” (2018), do realizador espanhol Raúl de la Fuente e do animador polaco Damian Nenow, é uma interessante animação sobre a Guerra Civil de Angola, a partir do livro do jornalista polaco Ryszard Kapuściński, que se aventurou em 1975 até à linha da frente do conflito armado para fazer reportagens para a agência noticiosa (PAP). A brutalidade das experiências de guerra que reportou, na sua colectânea de textos e mapas, veio a ser uma referência para a classe jornalística mundial, a partir das suas palavras: “A pobreza não tem voz. O meu dever é conseguir que essa voz se ouça”. Esta adaptação ao género de animação é exibida apenas no dia 17. “Três Estranhos Idênticos” (2018), do realizador britânico Tim Wardle é um curioso documentário sobre o encontro, em 1980 na cidade de Nova Iorque, de três jovens rapazes que descobrem ser trigémeos idênticos separados à nascença. “Após dezanove anos de separação, a sua reunião torna-se notícia e conduz a um sinistro segredo científico”, que valeu ao filme o Prémio Especial do Júri do Festival de Sundance, EUA, em 2018, e uma nomeação para Melhor Documentário nos BAFTA 2019, no Reino Unido. A fita pode ser vista nos dias 10 e 30. E ainda os clássicos Entre várias outras propostas presentes neste FIDM, que ao todo projectará mais de duas dezenas de documentários, estão também dois títulos clássicos que importa assinalar. “Recordações de Uma Viagem à Lituânia” (1972) é assinado pelo realizador lituano Jonas Mekas, padrinho do cinema americano de vanguarda, que faleceu em Janeiro passado aos 96 anos de idade. Filmado entre 1950 e 1972, com a sua Bolex de 16mm, este documentário abrange mais de duas décadas, ilustrando o seu percurso em Nova Iorque e o regresso ao país natal para reencontrar os amigos. A exibição única é dia 20. Outro clássico é o muito premiado “O Acto de Matar” (2012), na versão editada pelo realizador americano Joshua Oppenheimer, que convidou Anwar Congo, o gangster que conduziu o extermínio de comunistas na Indonésia em 1965, a reencenar voluntariamente a matança para a objectiva. “As cenas do massacre ganham um sentido surreal, com Congo no papel de assassino e vítima”, cujo orgulho se vai desfazendo à medida que o sentimento de culpa surge. Vencedor de Melhor Documentário nos BAFTA e nos Prémios do Cinema Europeu de 2014, e nomeado na mesma categoria à 86ª edição dos Óscares, o filme foi aplaudido pelo mestre do cinema alemão, Werner Herzog, que o considerou “um dos mais importantes filmes vistos nos últimos 25 anos”. As sessões acontecem nos dias 17 e 31, com uma palestra pré-sessão, dia 17 às 14h30, pelo especialista de História da Indonésia, George Young, sobre o genocídio “Gerakan 30 de Setembro” que acorreu naquele país. O cartaz de excelência do FIDM é mais uma aposta da Cinemateca Paixão, com o apoio da Comuna de Han-Ian – associação de arte e cultura. Os bilhetes custam 60 patacas por sessão e já se encontram à venda.
Hotel Palácio Imperial Beijing | DSSOPT promete ouvir opiniões Hoje Macau - 30 Jul 2019 [dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) emitiu ontem um comunicado a prometer ouvir mais opiniões sobre a emissão da planta de condições urbanísticas (PCU) para o terreno onde está situado o antigo Hotel Palácio Imperial Beijing. “Quanto às opiniões da população e das associações recolhidas no período de divulgação, a DSSOPT irá dar seguimento de acordo com os procedimentos estipulados. A DSSOPT frisa que tem cumprido escrupulosamente a lei do planeamento urbanístico e respectivas disposições no seguimento de todos os pedidos de emissão de PCUs.” O mesmo comunicado explica que o projecto em causa foi sujeito a consulta do público a partir do dia 4 de Julho, sendo que, quatro dias depois, “o requerente solicitou o cancelamento do pedido supramencionado”. A DSSOPT deu depois “seguimento ao caso nos termos legais e enviou um ofício ao requerente em 19 de Julho de 2019 para notificação do deferimento do último pedido”. Na última reunião do Conselho do Planeamento Urbanístico, o director da DSSOPT, Li Canfeng, negou qualquer tipo de favorecimento na aprovação da PCU. “De facto, o pedido foi avançado no ano passado, não se pode dizer que tenha sido aprovado muito rapidamente. Não vejo nenhum problema com a aprovação da Planta de Condições Urbanísticas”, disse Li Canfeng. Porém, o director da DSSOPT reconheceu não estar ao corrente da batalha legal, uma vez que esse tipo de informação não consta nos documentos requeridos.
Residentes de Macau impedidos de entrar em Hong Kong Juana Ng Cen e Sofia Margarida Mota - 30 Jul 201918 Ago 2019 Um grupo de quatro residentes de Macau foi impedido de entrar em Hong Kong através do terminal de Sheung Wan no passado domingo. Em comum tinham camisolas pretas vestidas. Apesar de declararem que a deslocação era para passeio e compras, foram forçados a regressar. De volta ao Terminal do Porto Exterior, foram identificados, revistados e fotografados [dropcap]U[/dropcap]ma estudante, um professor, um funcionário administrativo e um trabalhador independente, todos residentes de Macau, foram impedidos de entrar em Hong Kong, no passado domingo. Todos vestiam camisolas pretas, indumentária associada aos protestantes que se tem manifestado nos últimos tempos na região vizinha. A situação aconteceu no terminal marítimo de Sheung Wan ao chegarem à região vizinha num barco que saiu de Macau às 10h45. À chegada foram interceptados pelas autoridades de emigração e levados para um gabinete para serem identificados. De acordo com Carol (nome fictício), em declarações ao jornal Orange, uma publicação da Associação de Estudantes da Universidade de Macau, vários passageiros que viajaram no mesmo barco foram reencaminhados para interrogatório. Todos vestiam camisolas pretas. De acordo com Carol, os quatro residentes mostraram às autoridades as moradas que pretendiam visitar em Hong Kong e que incluíam zonas de passeio e lojas para compras. No entanto, as autoridades não ficaram convencidas e recusaram a entrada, emitindo uma notificação para o efeito, uma vez que os residentes não queriam regressar de imediato a Macau. Regresso atribulado À chegada a Macau, por volta das 16h, os quatro amigos voltaram a ser interceptados, agora pelas autoridades locais responsáveis pelo controlo da migração, e sujeitos a identificação. Os residentes foram também revistados e fotografados. Quando questionaram as autoridades acerca deste processo, receberam como resposta que se tratava de uma actividade de rotina comum. Em comunicado, a Polícia de Segurança Pública esclareceu ontem que os procedimentos a que foram sujeitos no regresso a Macau são “obrigatórios” quando há situação de recusa de entrada em Hong Kong, de modo a perceber a razão do impedimento e confirmar que não se trata de envolvimento criminoso. “Como serviço de gestão de migração da RAEM, podem efectuar os procedimentos estabelecidos por lei e que incluem a revista de pessoas a entrada de Macau”, lê-se. Já no que respeita à situação verificada no terminal marítimo de Hong Kong, as autoridades locais salientam que se trata de um procedimento que diz respeito àquela jurisdição.
SAFP | Kou Peng Kuan quer rever recrutamento dos funcionários públicos Juana Ng Cen e Raquel Moz - 30 Jul 2019 [dropcap]O[/dropcap] director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), Kou Peng Kuan, declarou ontem que é necessária uma revisão abrangente do regime de acesso dos trabalhadores dos serviços públicos aos quadros, com um processo de recrutamento que seja justo e eficaz, impedindo situações de nepotismo e dando solução às queixas de morosidade e ineficiência do actual regime, noticiou o Jornal do Cidadão em língua chinesa. “Sobre a segunda fase dos trabalhos de revisão do Regime das Carreiras dos Trabalhadores dos Serviços Públicos, será proposta a possibilidade de entrevista aos candidatos aprovados na prova escrita, de acordo com a proporção das vagas abertas a concurso, que não sejam inferiores ao número mínimo de candidatos”, frisou o director no domingo, num seminário sobre o 20º aniversário dos funcionários públicos da RAEM. Kou Peng Kuan propôs ainda a criação de um concurso de acesso inter-carreiras, a fim de assegurar a mobilidade entre cargos aos funcionários com mais mérito profissional. O responsável pelos SAFP referiu que os diferentes sistemas jurídicos, que regulamentam a gestão dos servidores públicos, estão relacionados entre si, o que aumenta o tempo de revisão. Governo electrónico Sobre as carreiras dos servidores públicos, é necessário definir de forma mais razoável as estruturas de remuneração e fazer uma análise abrangente das 34 carreiras existentes, tendo em conta a responsabilidade dos cargos, o conhecimento necessário e a capacidade de aplicação para cada posto, de forma a acompanhar a estratégia de desenvolvimento da RAEM. Kou Peng Kuan prevê que, no final de 2019, quando a lei do Governo electrónico tiver entrado em vigor, 90 serviços públicos sejam associados a 14 departamentos da Administração Pública, podendo ser solicitados a partir de uma conta online, aceites e deferidos através de um sistema de rede optimizado. O responsável acredita que, até ao final de 2021, cerca de 400 serviços serão fornecidos por esse método. “Com uma determinação clara das responsabilidades e dos critérios de aprovação, a credibilidade pública vai aumentar e, ao mesmo tempo, diminuir a pressão dos trabalhadores que prestam serviços de atendimento”, comentou Kou Peng Kuan.
Macau Renovação Urbana | Empresas de directores vão poder participar em concursos João Santos Filipe - 30 Jul 2019 Os directores da Macau Renovação Urbana vão poder utilizar as suas companhias privadas para participar nos concursos públicos da empresa de capitais públicos que dirigem. Porém, Peter Lam e Paulo Tse garantem que a transparência vai ser garantida [dropcap]A[/dropcap]s empresas de construção que sejam propriedade ou ligadas aos directores da companhia Macau Renovação Urbana vão poder participar nos concursos públicos lançados pela entidade. A informação foi admitida ontem pelo presidente da Macau Renovação Urbana, Peter Lam. A empresa com capitais públicos foi criada, por enquanto, para construir casas destinadas aos compradores lesados do empreendimento Pearl Horizon. “Sim, as empresas ligadas aos directores podem participar [em futuros concursos públicos”, respondeu Peter Lam, quando questionado sobre o assunto, em conferência de imprensa. “Mas vamos valorizar a transparência no processo e na gestão da empresa”, acrescentou. Depois de uma primeira resposta, o vice-presidente da empresa, Paulo Tse, completou as declarações anteriores. “Segundo a legislação em vigor não há proibição dos directores participarem com as suas empresas privadas ou em consórcio”, começou por dizer. Contudo, Paulo Tse fez questão de frisar que a Macau Renovação Urbana tem uma elevada preocupação com a igualdade, transparência e justiça. “É importante ter em consideração que a Macau Renovação Urbana, além de ter um conselho fiscal, tem um elevado padrão interno de transparência e um regime de declaração de interesses para garantir a eficiência, transparência, igualdade e justiça, para evitar sem conflitos de interesses”, indicou. O vice-presidente prometeu também que se houver uma proposta de empresas ligadas aos membros da direcção que vão ser tomadas todas as precauções para evitar conflitos de interesses. Além disso, tanto Peter Lam como Paulo Tse indicaram que o conselho fiscal tem competências necessárias para actuar: “Podem ter a certeza que vai haver garantias de transparência na Macau Renovação Urbana”, frisou o vice-presidente. Alguns dos membros do conselho de administração da Macau Renovação Urbana têm ligações ao sector de construção. Exemplo imediato é o próprio presidente, Peter Lam, que detém 90 por cento das acções da construtora Sociedade de Desenvolvimento Industrial Cidade Nova. Já o vice-presidente, Paulo Tse, está ligado à também construtora Golden Crown Development. 1.687 candidaturas Durante a reunião de ontem foram apresentados os números dos candidatos da primeira fase às habitações para troca do Pearl Horizon. Foi com esse propósito que a Macau Renovação Urbana organizou a conferência de imprensa. De acordo com os números revelados, na primeira fase, foram recebidas 1.686 candidaturas. Ontem começou a segunda fase que se prolonga até 16 de Agosto e, segundo os dados oficiais, ainda há 507 compradores que se podem candidatar, o que equivale a 18 por cento do total. Após o prazo de candidatura os promitentes-compradores perdem a oportunidade de se candidatarem a uma das futuras habitações que vão ser construídas no terreno onde está previsto ser erigido o Pearl Horizon. Os resultados das candidaturas vão ser relevados no prazo de 30 dias. No mesmo terreno vão ser igualmente construídas habitações públicas, mas o número de fracções totais só vai ser definido depois do concurso que está agora aberto para promitentes-compradores do Pearl Horizon. Em relação a todos os procedimentos, os responsáveis prometeram fazer tudo “o mais depressa possível”.
Cibersegurança | Governo promete seguir regras internacionais Hoje Macau - 30 Jul 2019 [dropcap]A[/dropcap] Rádio Macau noticiou ontem que a tutela da Segurança, liderada pelo secretário Wong Sio Chak, promete seguir as regras da cooperação internacional no que diz respeito aos dados informáticos armazenados fora de Macau a ser usados como prova em processos-crime. A informação consta na nota justificativa da proposta de “lei de combate à criminalidade informática”, que deu entrada na Assembleia Legislativa. No que diz respeito ao acesso a estes dados, a proposta do Governo traz uma alteração de três palavras, pois é eliminada a expressão “situado em Macau” que, actualmente, limita as buscas a sistemas informáticos localizados no território. Desta forma, passa a ser possível o acesso a qualquer servidor, de forma unilateral e sem depender da autorização da jurisdição onde estão armazenados os dados, bastando a autorização de um juiz. O Governo apenas refere, de acordo com a Rádio Macau, que os dados “têm de ser “publicamente acessíveis”, e que a ideia é seguir o que se aplica em Portugal e Espanha, em conformidade com a Convenção Europeia sobre o cibercrime.
Obras | Ella Lei quer consulta sobre planeamento da Praça de Ferreira do Amaral Hoje Macau - 30 Jul 2019 [dropcap]O[/dropcap] planeamento da Praça de Ferreira do Amaral deve ser sujeito a consulta pública. A ideia é defendida por Ella Lei em interpelação escrita. Segundo a deputada, as autoridades apresentaram recentemente a proposta do planeamento, que contempla o desvio de três autocarros para o auto-silo subterrâneo e a remoção de lugares de estacionamento de motociclos para que sejam substituídos por espaços destinados a automóveis, alterações que, considera, devem ter em conta a opinião dos residentes. A deputada acrescenta ainda que “as autoridades pretendem ter o design preliminar do projecto pronto no final deste ano, no entanto o planeamento relevante ainda não foi divulgado à sociedade, nem se sabe se vai haver consulta pública”. Por se tratar de uma reestruturação que vai de encontro às necessidades da população, Lei solicita a divulgação do plano o mais breve possível, para que a população possa dar a sua opinião.
Domésticas | Wong Kit Cheng quer que Governo pense nos “empregadores” João Santos Filipe e Juana Ng Cen - 30 Jul 2019 A deputada considera que o Executivo devia apostar na formação de empregadas domésticas e que actualmente já ninguém consegue contratar nenhuma empregada doméstica por 3.000 patacas [dropcap]A[/dropcap] deputada Wong Kit Cheng defende que as autoridades deviam ter ouvido as famílias que contratam empregadas domésticas na questão dos aumentos salariais para o valor de 3.000 patacas. Em declarações ao Jornal do Cidadão, Wong propôs ainda que o Governo e as agências de emprego para trabalhadores empregadores domésticos estabeleçam uma base de dados estatísticos sobre a situação do sector. As palavras da legisladora, ligada à Associação Geral das Mulheres de Macau, foram proferidas depois da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) ter anunciado que o salário mensal para a emissão de quota para a contratação de um trabalhador não-residente, no caso das trabalhadoras domésticas, tinha sido aumentado para 3.000 patacas. Caso contrário, diz a DSAL, o pedido de importação de mão-de-obra pode não mesmo não ter luz verde. Ainda de acordo com o Executivo, os salários inferiores a 3.000 patacas devem ser ajustados até ao final do mês, ou as famílias correm o risco de não ter autorização de mão-de-obra renovada. Na mesma conversa, Wong Kit Cheng afirmou que o Governo tomou uma medida a reboque das exigências das empregadas domésticas. Porém, vincou que o mercado já não permitia salários abaixo das 3.000 patacas. “Francamente, neste momento, a maioria dos empregadores não consegue contratar ajudantes domésticos com um salário mensal inferior a 3,000 patacas”, opinou. Ao mesmo tempo, Wong considerou acertada a decisão do Executivo de Chui Sai On de não incluir estas trabalhadoras na lei do salário mínimo. Para a deputada, esta escolha permite que a renumeração seja ajustada pelo mercado em resposta à qualidade do serviço prestado pelo ajudante doméstico. Mais qualidade No que diz respeito ao trabalho fornecido pelas empregadas domésticas, a deputada considera que o Executivo tem a obrigação de promover a melhoria da qualidade e apontou duas medidas: a primeira passa pela criação de uma base de dados estatísticos, a outra pela promoção da realização de acções de formação para as tarefas domésticas mais simples e básicas. Ainda em relação a este sector, Wong Kit Cheng pediu ao Governo que haja uma alteração dos regulamentos de imigração, com o objectivo de facilitar a vida às famílias. Também ontem a deputada divulgou uma interpelação escrita em que pede ao Governo que explique o processo da legislação do regime da mediação de assuntos familiares. O pedido foi feito na sequência do que a deputada diz ter sido uma promessa do Executivo, em 2015. Segundo Wong Kit Cheng, o adiamento da legislação do sistema de mediação familiar pode criar uma lacuna na implementação da lei de prevenção e correcção da violência doméstica.
Remunerações | Ng Kuok Cheong quer proposta de actualização Hoje Macau - 30 Jul 2019 [dropcap]O[/dropcap] deputado Ng Kuok Cheong quer saber se o Governo vai apresentar a proposta preliminar do regime de actualização das remunerações por escalas salariais e fazer consulta pública sobre o assunto. O legislador considera que o regime de remuneração dos funcionários públicos tem estado associado a um determinado índice remuneratório, e é objectivamente favorável às pessoas no topo da hierarquia. Contudo, defende que o Governo ainda não divulgou a informação preliminar da proposta do regime da renumeração, cuja revisão foi estudada há muitos anos. Ng Kuok Cheong acredita que este aspecto põe em causa a intenção do Governo actual de fugir às responsabilidades durante o actual mandato. Portanto, o deputado pediu ao Executivo para esclarecer directamente se a proposta existe, quando será feita a consulta pública e se vai ser apresentada uma legislação até Dezembro.
Tiananmen e sufrágio universal hoje em debate na AL Hoje Macau - 30 Jul 2019 [dropcap]D[/dropcap]epois da recusa pelo antigo presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng, e pela Mesa da AL, o pedido de emissão de voto por Tiananmen vai hoje estar sujeito aos desígnios dos deputados em sessão plenária. A iniciativa foi apresentada a 17 de Maio pelos deputados pró-democratas Sulu Sou, Au Kam San e Ng Kuok Cheong, que solicitaram a emissão de voto tendo em conta os acontecimentos de 4 de Junho de 1989 em Pequim. No pedido, feito para assinalar o trigésimo aniversário dos acontecimentos, os deputados apontaram quatro objectivos. O primeiro passava por “realizar uma investigação independente e justa” sobre os acontecimentos de 1989 em Pequim. O segundo, por descobrir o que aconteceu às vítimas e informar as famílias sobre os acontecimentos que envolveram os seus familiares. No terceiro ponto, os deputados pró-democratas sublinharam a necessidade de compensar os familiares enlutados, “de acordo com a lei”. Finalmente, Au Kam San, Ng Kuok Cheong e Sulu Sou defendem que é preciso responsabilizar criminalmente os responsáveis que ordenaram que as tropas carregassem sobre os manifestantes. Duplo não Ho Iat Seng, recusou avançar, argumentando que a proposta apresentada pelos pró-democratas não estava de acordo com as normas sobre emissão de voto, sendo estas aplicáveis a seis situações: “congratulação, pesar, protesto, saudação, louvor e censura”. Para o Ho, a emissão de voto solicitada pelos três deputados não se enquadrava em nenhuma das situações previstas. Os deputados recorreram à Mesa da AL que considerou que se tratavam de “pedidos concretos” e não de uma emissão de voto, acrescentando que o acontecimento em Tiananmen “ultrapassa o âmbito da autonomia” da RAEM”. A 26 de Junho, Ng Kuok Cheong, Sulu Sou e Au Kam San apresentaram novo recurso, o que implica o debate em plenário deste tema. Também na sessão plenária de hoje vai estar a proposta de debate de Sulu Sou sobre a eleição do Chefe do Executivo de Macau por sufrágio universal. Sulu Sou não desiste e, em ano de eleições para o mais alto cargo do Governo, defende a necessidade de voto universal para garantir a legitimidade governativa e o avanço do território rumo a um modelo democrático.
Petição | Novo Macau recolhe 1500 assinaturas contra criminalização de rumores Sofia Margarida Mota - 30 Jul 2019 A Associação Novo Macau reuniu cerca de 1500 assinaturas numa petição contra a criminalização de rumores prevista na proposta de lei da protecção civil. Os pró-democratas exigem a retirada do artigo, alertando para a possibilidade de restrição à liberdade de expressão [dropcap]A[/dropcap] petição promovida pela Associação Novo Macau para a retirada do artigo 25º da proposta de lei de bases da protecção civil, que prevê a criminalização de rumores, reuniu 1494 assinaturas até ontem, dia em que terminou a recolha. Apesar das alterações que o referido artigo sofreu recentemente, e das explicações dadas pelo secretário para a Segurança, a Novo Macau insiste na retirada do articulado que se encontra em análise na especialidade na Assembleia Legislativa. Aliás, para a associação pró-democrata as alterações ao artigo atestam a sua polémica numa “situação sem precedentes”. Por outro lado, a insistência em manter a norma que prevê a criminalização da divulgação de informações falsas em caso de catástrofe, revela que existem “outros motivos políticos por detrás da medida”, aponta a Novo Macau em comunicado. Os pró-democratas continuam a defender que a norma em causa pode ser aplicada para a restrição de liberdades e em situações de protesto. “De acordo com o conteúdo da proposta, o Chefe do Executivo tem o direito de, por sua própria iniciativa, definir qualquer incidente social (como uma manifestação, um protesto, uma greve ou um movimento social de certa escala) como “incidente de segurança na sociedade”, refere. De acordo com esta premissa, a legislação referente aos rumores pode ser aplicada para “controlar a liberdade de comunicação e mesmo a expressão de opiniões”. Ao mesmo tempo, a proposta não prevê qualquer medida de contestação das decisões do Chefe do Executivo. Medo subliminar A associação argumenta ainda com o receio da população de cometer crimes com a troca de informação em situações de rumores o que pode provocar uma situação de “autocensura”, como “consequência inevitável” do medo. Para a Novo Macau, por mais “perfeita” que seja a redacção da proposta de lei, “sob a cultura política e social existente em Macau, o efeito negativo do crime associado ao ‘rumor’ é uma consequência inevitável para a população em geral e mesmo para os media”. Segundo a Novo Macau, a “cegueira” com a segurança pode também promover “uma força policial desproporcional” criada para “monitorizar, intervir ou mesmo impedir a população de exercer direitos fundamentais”. Ao mesmo tempo, o diploma permite que actividades organizadas pelos residentes possam ser “erradamente interpretadas como uma ameaça à segurança pública”, o que pode resultar em “restrições injustificáveis e até mesmo processos judiciais”. Esta situação, provoca “sérias dúvidas na população” sobre a possibilidade do abuso de poder por parte das autoridades. A associação pró-democrata recorda ainda que o referido artigo tem sido comentado por vários sectores, inclusivamente pelo futuro Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, que pediu ao Governo e deputados consenso no que diz respeito à criminalização de rumores.
Hong Kong | Apoio à polícia abre caminho a mais violência, diz activista Hoje Macau - 30 Jul 2019 [dropcap]A[/dropcap] porta-voz da organização que tem liderado as manifestações em Hong Kong alertou que o apoio “incondicional” expresso ontem por Pequim ao Governo e à polícia do território abre caminho “a mais violência”. “Apesar dos relatórios de organizações internacionais, que dão provas do abuso policial, Pequim decidiu apoiar a polícia, o que é perigoso porque significa que, independentemente do que faça, a polícia vai ter o apoio” do Governo Central, afirmou Bonnie Leung. Tal representa “uma enorme ameaça” para os manifestantes, advertiu a vice-coordenadora da Frente Civil de Direitos Humanos, antevendo “maior violência” por parte das autoridades em futuros protestos, que, garantiu, vão existir. Para a activista, a conferência de imprensa sem precedentes realizada ontem pelo Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado teve apenas dois destinatários: o Governo e a polícia da antiga colónia britânica. “A conferência de imprensa não foi feita para os cidadãos e para os manifestantes de Hong Kong. A mensagem teve como objectivo, sobretudo, garantir que a polícia e o Governo de Hong Kong têm o apoio total de Pequim”, reiterou a activista. “Temos de olhar para a realidade: Em todos os protestos com confrontos, a provocação partiu das autoridades”, frisou Bonnie Leung.
Hong Kong | Pequim mantém apoio a Carrie Lam e condena protestos “inaceitáveis” Andreia Sofia Silva - 30 Jul 2019 O Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado chinês pronunciou-se ontem, pela primeira vez, sobre o que se está a passar na região vizinha. Foi reafirmado o apoio à actual Chefe do Executivo e à garantia da continuação do princípio “Um País, Dois Sistemas”. O organismo mostrou apoio à polícia e disse que os protestos ultrapassaram “o limite do aceitável” [dropcap]D[/dropcap]epois de dois dias de confrontos em Hong Kong, que levaram à detenção de 49 pessoas entre a noite de domingo e a manhã de segunda-feira, o Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado da China pronunciou-se sobre a situação vivida na região vizinha em Pequim. Yang Guang e Xu Luying foram os porta-vozes de serviço do Gabinete, que falou sobre Hong Kong, pela primeira vez, desde que a Administração do território passou para a China, em 1997. De acordo com o South China Morning Post (SCMP), foram traçados três objectivos pelo Governo Central em relação a Hong Kong. Pequim espera que “os vários sectores se oponham firmemente à violência”, que “garantam firmemente o Estado de Direito” e que “a sociedade possa afastar-se dos conflitos políticos o mais rapidamente possível” Yang Guang deixou ainda claro que o princípio “Um País, Dois Sistemas”, regra basilar do funcionamento das duas regiões administrativas especiais, é para manter. “’Um País, Dois Sistemas’ é a melhor forma para governar Hong Kong, e o Governo Central não vai mudar essa direcção”. Contudo, quando questionado sobre qual a melhor forma de garantir o respeito pelo princípio no território, Yang Guang disse que “tudo dependia do entendimento deles (Hong Kong)”, uma vez que está em causa “uma completa ideologia”. “Há três linhas básicas: não se deve ir contra a segurança nacional, não se deve desafiar a autoridade do Governo Central e da Lei Básica, e não se deve usar Hong Kong como base para minar a China”, referiu. Ainda no que diz respeito à Lei Básica, os porta-vozes do Conselho de Estado nada adiantaram relativamente à possibilidade do Exército de Libertação Popular em Hong Kong poder intervir nas ruas a pedido do Governo da RAEHK. “A Lei Básica tem definições claras sobre essa matéria e não tenho mais nada a acrescentar”, frisou Yang Guang. Na conferência de imprensa de ontem, foi também dado o total apoio a Carrie Lam, Chefe do Executivo de Hong Kong, não sem antes apontar algumas críticas. “Ela tem desenvolvido muito trabalho desde que assumiu o mandato. Notámos que o Governo tenta rever as suas deficiências… o Governo vai ser mais inclusivo e ouvir diferentes opiniões”, disse Yang Guang. “Desde que tomou posse como Chefe do Executivo, em 2017, é reconhecida a contribuição de Carrie Lam nas áreas da segurança social e do desenvolvimento económico”, adiantou o responsável, que não deixou de dar esclarecimentos adicionais sobre a intenção da lei da extradição. Actualmente, a proposta de lei mantém-se suspensa no Conselho Legislativo sem que, no entanto, tenha sido totalmente retirada, como é desejo dos manifestantes. “O objectivo inicial desta proposta de lei era resolver uma lacuna legal, e Pequim reconhece isso. Pequim também compreende e respeita a decisão do Governo da Região Administrativa Especial (RAE) de suspender a proposta de lei. O Governo da RAE reflectiu, à sua maneira, sobre as formas de lidar com a proposta de lei da extradição. A 1 de Julho tomámos conhecimento de que Carrie Lam estaria a levar a cabo uma forma de governação mais tolerante e aberta. Pequim continua a apoiar de forma resoluta a sua Administração”, acrescentou o porta-voz. Apoio à polícia O Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado chinês pronunciou-se também sobre os últimos confrontos no território, que provocaram uma onda de feridos e detenções. A polícia de Hong Kong tem estado debaixo de fogo por parte dos manifestantes, sobretudo desde o ataque, alegadamente organizado por tríades, na estação de metro de Yuen Long. A polícia é acusada de nada ter feito para travar a violência que atingiu não apenas manifestantes, mas também jornalistas e transeuntes apanhados no sítio errado à hora errada. “No último mês, a polícia de Hong Kong tem estado sob grande pressão. Tem feito o seu melhor para proteger a sociedade e a estabilidade, e fizeram um grande sacrifício”, referiu Yang Guang, que lembrou que os familiares das autoridades têm sido alvo de abusos e ataques nas redes sociais. Nesse sentido, os porta-vozes mostraram-se contra o uso de qualquer tipo de violência. “O Estado de Direito é algo de que os naturais de Hong Kong se orgulham. Violência é violência; actos ilegais são ilegais. Isso não muda, não importa qual seja o alvo. O Governo Central apoia os vários departamentos e a polícia na protecção do Estado de Direito.” Citado pela Xinhua, Yang Guang defendeu que a população de Hong Kong deve, acima de tudo, defender a manutenção do Estado de Direito: “Não podemos simplesmente sentar-nos a observar um pequeno grupo de pessoas atropelar, de forma imprudente, o Estado de Direito.” Nesse sentido, e de acordo com o jornal online Hong Kong Free Press, Yang Guang defendeu que os últimos protestos “excederam os limites do que deve ser um protesto aceitável”. Além disso, referiu que “algumas pessoas e media com segundas intenções” tiraram vantagens da falta de familiarização do público para com o sistema legal da China. Foram essas mesmas pessoas que, aos olhos do Conselho de Estado, levaram milhares de pessoas a oporem-se à lei da extradição proposta pelo Executivo de Carrie Lam. “Se Hong Kong continuar em caos, isso vai trazer custos à sociedade”, disse Yang Guang, de acordo com o HKFP. Nas últimas semanas, números impressionantes de manifestantes povoaram as ruas da região vizinha não apenas contra a lei da extradição no LegCo mas também a favor de mais democracia no território. Além disso, exigem ainda a demissão de Carrie Lam. Os manifestantes não têm colocado muito o foco das suas reivindicações nos problemas sociais que se verificam em Hong Kong, tal como o encarecimento de vida e da habitação, mas o Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado também foi confrontado com essa matéria. Xu Luying deu a resposta. “Há muitos problemas profundamente enraizados, tal como a mobilidade dos jovens e a habitação. É uma questão muito complicada e multilateral. Necessitamos de várias formas para resolver esses problemas”, disse a responsável, que lembrou o apoio que o plano da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau pode dar em termos de inovação. Nesse sentido, disse Yang Guang, o Governo de Carrie Lam “tem de encontrar formas de fomentar o desenvolvimento económico e resolver as queixas dos mais jovens no que respeita à qualidade de vida e perspectivas de carreira”. As influências externas A conferência de imprensa serviu também de alerta às alegadas influências externas de que o território tem sido alvo e que, aos olhos de Pequim, têm um papel preponderante no caminho que a luta contra a lei da extradição segue. “Algumas pessoas irresponsáveis de países do Ocidente fizeram observações irresponsáveis. Tenho tomado atenção a alguns discursos. Têm uma lógica estranha: esperam empatia para com a violência e acções ilegais, mas no que diz respeito ao trabalho da polícia na manutenção da lei, ordem e estabilidade na sociedade, os manifestantes acreditam que os polícias deveriam ser responsabilizados e condenados. Isto é ridículo”, disse Yang Guang. O mesmo responsável não respondeu quanto à possibilidade de ser criada uma comissão de inquérito independente sobre os últimos acontecimentos. “Hong Kong é a Hong Kong da China. Os assuntos internos de Hong Kong são os assuntos internos da China. A interferência não é permitida. Os políticos dos países do Ocidente têm feito uma série de declarações e a sua intenção é transformar Hong Kong num local que cria problemas à China e que traz dificuldades ao seu desenvolvimento”, frisou o porta-voz. O Parlamento Europeu foi uma das entidades que mais recentemente condenou o que se passa em Hong Kong, aprovando uma resolução contra a violência policial e a proposta de lei da extradição. A China condenou esta posição da União Europeia (UE), inclusivamente com o comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês em Hong Kong a referir-se aos parlamentares europeus como hipócritas. Em comunicado, foi referido que a resolução aprovada “ignora os factos e confunde o que é certo com o errado”. Para Pequim, o documento do PE “está cheio de ignorância, orgulho e é duplamente hipócrita. Aponta o dedo e dá ordens ao nível das políticas adoptadas pela Região Administrativa Especial de Hong Kong e pelo Governo Central. A sua ignorância e atitude deixaram as pessoas sem palavras com espanto e horror”. A conferência de imprensa foi transmitida em directo por meios de comunicação de Hong Kong, como o SCMP e o jornal online Hong Kong Free Press. Contudo, e de acordo com o SCMP, às agências noticiosas internacionais, como a Associated Press e a Reuters, foram cancelados os direitos de transmissão. Uma decisão da responsabilidade do Conselho de Estado da China.
Vítor Pereira empata na China e vê Guangzhou Evergrande reforçar liderança Hoje Macau - 29 Jul 2019 [dropcap]O[/dropcap] campeão Shanghai SIPG, treinado por Vítor Pereira, empatou ontem na visita ao Wuhan Zall, por 1-1, em jogo da 20.ª jornada da Liga chinesa de futebol, após a qual viu o Guangzhou Evergrande reforçar a liderança. A equipa de Xangai esteve a perder por 1-0, graças a um golo de Liu Yun logo aos quatro minutos, mas ainda empatou, por intermédio do austríaco Marco Arnautovic, assistido por Hulk, aos 23. O Guangzhou Evergrande venceu o Beijing Renhe (3-0) e aumentou para quatro pontos a vantagem para o Shanghai SIPG e para o Beijing Guoan, que desceu ao terceiro lugar, com os mesmos pontos da equipa de Xangai, depois de perder no sábado.
Ovelha João Luz - 29 Jul 2019 [dropcap]D[/dropcap]omesticada e obediente, és o orgulho do pastor. Segue o resto da manada sem te importares com o caminho. O destino final tanto pode ser o mais apetecível verdejante pasto ou o matadouro. Não faz mal. Não interessa, porque tudo o que vem do pastor é bom e tem um qualquer interesse superior como objectivo que te escapa. Vai para onde te mandam, faz o que te pedem, come o que te dão, sê o exemplo de absoluta e inegável reverência. O propósito da tua vida é acatar ordens, mesmo que sejam ilógicas e cruéis. Abdica, rasteja, sujeita-te. Esta é a tua vida. Não ouses a rebeldia de um pensamento original, não foste feito para isso, não questiones, não duvides, não digas não ou ainda te transformas numa dessas negras ranhosas, a vergonha da manada e da espécie inteira. Justifica o abandono do teu pobre núcleo de individualidade com as razões do dono, pois é das mãos dele que vem a comida, a sobrevivência e a tua utilidade na Terra. Entrega a tua a vida a algo maior e apercebe-te que tudo é maior que a tua insignificante vida, há sempre um plano maior, um objectivo ulterior que jamais vais perceber ou antecipar. Desde os tempos de Abraão que a morte é a materialização do teu mais precioso bem. Agnus Dei, o cordeiro cujo sacrifício apazigua a ira divina. João Baptista anunciou o expoente máximo do que representas quando exclamou: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Deus tem sede do teu sangue, do teu suplício. Seja metaforicamente, num apelo de fé, ou no plano material, a tua vida realiza-se na morte. E se te portares bem, mas mesmo muito bem, podes chegar a líder do rebanho, a mais alta posição a que um ruminante pode aspirar. Imagina-te a ser a voz do pastor entre os teus, a sua continuação. Quanta honra ascender a essa categoria, ser a primeira da malhada, a rainha do curral. A palha inicial estará reservada para ti, és o animal dotado da honrosa distinção de receber as ordens directas do ser supremo e da tarefa de a transmitir aos teus semelhantes. Convence-te de que dares tudo de ti em troca de nada é aquilo para que nascestes, estás a cumprir o teu desígnio. Mais vale gozar esse destino, mas não penses que a tua hora não vai chegar só porque o pastor fala directamente contigo. As regalias do fardo inaugural nada vão significar quando chegar a tua hora de enfrentar a faca. A faca é o derradeiro direito do mestre, o exercício último da sua natural supremacia. Regozija-te na faca, aceita-a e encara-a como o reconhecimento do teu valor. A tua carcaça será consumida, servirá um propósito sempre maior que tu. Aprende a amar a faca pois é do seu gume que vem o teu último contributo e a tua libertação. Foi para isto que nasceste e tiveste a sábia direcção do pastor. És e sempre foste artigo, fruto, género, mercadoria, uma coisa que se compra e vende, substituível, provisória, destinada à caducidade. A tua sina materializa-se na faca. Mesmo que a tua hora esteja marcada, mesmo que o teu corpo continue a ser uma unidade de produção, leite, lã, carne e espírito, nada te pertence. Não és, nem nunca foste. Regozija-te do privilégio de não seres, nunca terás de suportar o fardo da existência. Reduz-te ao vibrato do balido, esse lamento arrastado em ondas de pranto que acompanha o ritmo do chocalho e o passar do tempo que não te pertence. Limita-te a aguardar pela redentora faca. Até lá, cornos baixos e come essa palha com um sorriso bovino. Linda menina do pastor.