Fee Waibill esteve aqui Paulo José Miranda - 15 Set 2020 [dropcap]P[/dropcap]orque no próximo dia 17, Fee Waybill – «frontman» dos The Tubes – comemora os seus 70 anos, vamos hoje espreitar o livro de Howard C. Jones – não tem nenhuma ligação ao músico britânico – que escreveu um romance muito estranho no início deste século, 2001, com o título da canção mais emblemática daquela a que ele chama «a mais icónica banda de São Francisco», The Tubes: «White Punks On Dope». A música é de 1975 e desde essa altura que era fundamental ser tocada em todos os concertos da banda. Em 1977, Nina Hagen fez uma versão dessa música, com outra letra e em alemão, com o título «TV-Glotzer», que também se tornou um sucesso na Alemanha e em alguns países da Europa. Ainda que a letra seja em alemão, Nina Hagen canta nota por nota a melodia dos The Tubes, apesar de alguns trejeitos vocais, típicos de Nina Hagen. A sua banda também toca tal e qual como a banda de São Francisco. Assim, tirando a letra diferente, a canção alemã é uma autêntica cover da banda americana. Fee Waybill e Nina Hagen chegaram a cantar juntos em palco essa música, com a banda The Tubes. O livro de Jones é simultaneamente um livro sobre a solidão e uma espécie de tributo à banda e ao seu «frontman», Fee Waybill. Começa com um excerto do refrão da canção que dá título ao livro «White punks on dope, thank you, Jesus», numa versão ao vivo, para logo depois atirar-nos com esta frase e fazer com que nos demos conta de que se trata de literatura: «O romance de Bret Easton Ellis, “Menos Que Zero” é a versão comercial dessa canção dos The Tubes. Valem mais os sete minutos da actuação ao vivo da banda do que todo o romance do BEE.» Evidentemente, Jones refere-se às actuações da década de 70 – que ainda cheguei a ver, em 1979, no Dramático de Cascais – e não as posteriores actuações da década de 80, claramente inferiores. Na digressão europeia de 79, em Itália foram proibidos de actuar e em vários países da europa não puderam fazer a cena de sexo entre Fee Waybill e Re Styles, na música «Don’t touch me there». Em Cascais, pelo contrário, fizeram o espectáculo como nem sequer em São Francisco e agradeceram repetidamente ao público por isso. Fee Waybill gritava no final dos encores: «Estão todos convidados para a minha casa em São Francisco. Só precisam de mostrar o bilhete do concerto desta noite.» No ano seguinte regressaram a Portugal, mas essa noite no Pavilhão de Alvalade já era outro o som da banda e outro o concerto. Febril, intenso, claro, mas muitos pontos abaixo da loucura dos The Tubes da década passada, embora Howard C. Jones se refira no livro sempre aos últimos cinco anos da década de 70, os primeiros da banda. O romance é relatado através de um narrador, Frank Fischback, que fizera uma tatuagem na nádega direita onde se lia «Fee Waybill esteve aqui». Independentemente de Waybill ter tido milhares de namoradas, podemos pôr como possível que ele tenha estado mesmo ali. Os anos 70 não moralizaram, especialmente no mundo da música rock. São poucas as bandas que conseguiram produzir um desprezo completo pelo modo de vida americano como o fizeram esta banda de São Francisco na década de 70. Pelo país e pelos valores sociais que ainda hoje, mesmo neste “nosso” país à beira-mar plantado, também ainda mantemos. Em comparação com um espectáculo dos The Tubes na década de 70, um dos Xutos & Pontapés parece um dueto entre Ágata e Toy num programa da manhã na TV. O narrador do romance de Howard C. Jones, Frank, era um autêntico «white punk on dope», apesar de ter sido um grande leitor na adolescência e ter tido o sonho de ser escritor. Filho de um rico produtor de cinema e de uma actriz – cujo nome nunca chega a pronunciar –, com quem nunca chegou a viver. A mãe suicidara-se quando ele tinha dois anos. Literalmente, a vida de Frank aos 23 anos acontece de noite nos clubes mais caros de São Francisco, entre drogas, rock’n’roll e sexo, quer com homens – a sua preferência – quer com mulheres. Como ele mesmo escreve: «O dinheiro só serve para colmatar o enorme tédio que é a vida. Preciso gastá-lo do mesmo modo que preciso de oxigénio. Quem não entenda isso aborrece-me. Há um fosso que separa as pessoas: o modo como lidam com o tédio. O tédio combate-se com alienação e diversão. Nada mais. Quem diz que consegue lidar com o tédio com outras armas é porque nunca o sentiu de verdade. O tédio rasga-nos a vontade de viver como quem rasga uma folha de papel. Macera-nos mais do que a solidão. No tédio, sentimo-nos tão sós que até nós mesmos não nos acompanhamos, não nos fazemos companhia. Pior do que isso: sentimo-nos a pior companhia que podíamos ter na vida. O tédio não é um sentimento, é como ter um rim e senti-lo diariamente a doer.» Além de estarmos no mesmo mundo do livro supracitado de Bret Easton Ellis e da canção dos The Tubes, estamos também no centro de uma solidão profunda, que vem de um desajuste radical com a vida. Escreve à página 32: «A vida, assim como o dinheiro, é para gastar, ao máximo, como se fosse um lápis a que damos bom uso.» Contrariamente ao romance de Ellis, Frank interrompe a ligação ser rico e gostar de viver. Mais: ele interrompe a ligação entre estar vivo e gostar de viver. Ele não gosta de viver, ele gasta-se. E o dinheiro é apenas um instrumento para não sentir o tédio que a vida é. Há prazer, claro, mas este nasce sempre e só do descontrolo, quer seja das drogas, quer seja do sexo, quer seja da música. A diferença para o universo de Ellis, em «Menos que zero», é que Frank tem a consciência plena de se estar a gastar, de ter de se gastar de não ter outra alternativa senão gastar-se. E isto deriva de um profundo e consciente desencontro com a vida e não de não saber o que fazer ao muito dinheiro que tem, como no caso das personagens de Ellis. Frank descreve o seu desencontro profundo com a vida, desta forma: «Ninguém escolhe gostar ou desgostar da vida, mas quer sinta uma ou outra de modo geral adapta-se. Encolhe-se em casa com um cão ou um gato, uma televisão ou um livro, e esforça-se por pensar que o tédio desapareceu. Mas ele não desapareceu, quem desapareceu foi a pessoa. Eu não consigo desaparecer, não consigo fingir que a vida é uma coisa maravilhosa e que todos devíamos estar agradecidos de ter. Sem me gastar completamente, o tédio explode-me na cara a todo o instante. Quando olho alguém, pergunto-me se foi isso que ela pensou fazer quando era jovem, se foi para isso que os pais a fizeram. E, pergunto-me, foi para isto que os meus pais me fizeram, sejam lá eles quem forem?» Através de uma viagem à noite de São Francisco, a de final do século XX e a dos anos 70, e de uma antinomia entre uma canção de The Tubes e um livro de Bret Easton Ellis, Howard C. Jones traça um retrato negro da existência. Um retrato onde ninguém é quem quis um dia ser. Escreve: «Ninguém pode ser quem é. A vida não deixa. Ou nos gastamos continuamente até que nos acabemos rapidamente ou o tédio transformar-nos-á em guardadores de cães e gatos. Atravessando sozinhos corredores de casas, embalando livros e assistindo a séries na TV.» E és bem capaz de ter toda a razão, Jones… toda a razão. Tirando isso, parabéns ao Fee Waybill pelos seus 70 anos.
Um passo a mais Anabela Canas - 15 Set 2020 [dropcap]N[/dropcap]ome cor e perfume. Rosas. Inequívoco perfume quando o têm. Mesmo variando em tonalidades ácidas ou aquosas. E mesmo sem o ter, não são menos rosas. Porque delas têm – sem ter – o perfume, que quase sentimos. No poder do arquétipo, de uma imagem, em que cada uma surge ela e outra. “Sim! A minha ventura quer dar felicidade; Não é isso que deseja toda a ventura?”; dizia Nietzsche na “Gaia Ciência” e eu a pensar que é para isso que existem as rosas. Mesmo as de sonhos sem perfume. Rosas claras vistas de fora sem a perturbação de um interior. Claras como faces visíveis e únicas e às vezes perfumadas e intrigantes, apenas como faces. “Quereis colher as minhas rosas? Baixai-vos então, escondei-vos”, dizia N. depois, no apelo à subtileza ou à perfídia. Quem manda ceder à perplexidade que me manda o universo do sentir, por este mistério que acorrenta planetas, partículas ínfimas no universo em geral, uns aos outros. Uns a girar em torno de outros e de si. Que grandioso desígnio, ou simplesmente estranho mistério de conduta planetária. Se pensar nas estrelas, essas realmente luminosas de luz própria, então, somente me sobra a descoberta de toda uma estrutura mental que forma o desenho e de que não consigo fugir. Mas é tão grande esse mapa. Há um tempo em que tudo surgia em frente, ainda sem aquela sensação de déjà vu e exaustão. Em que algumas coisas aconteciam com aquele impacto primordial que nos acometia como a uma tabua rasa. Antes. E também da proliferação virtual, em que tudo se gasta e nos gasta o olhar, a capacidade de sentir. Cada coisa impressionante surgia com a veemência de quem encontra um espaço amplo e lavrado. Uma imagem, um livro, um plano, um ponto de vista. Tudo novo. E as coisas que eram únicas, impressas profundamente. Mesmo quando parecia um reencontro único, com algo que tinha que ser e se reconhecia destinado, apetecido e confirmado. Foi assim com aquela pintura de Magritte. Estranho pensar quando a vejo, que nunca, mas nunca mesmo, verei o lado de lá. Um homem de costas, uma rosa exorbitante, como um sorriso crepuscular. Talvez irónico ou terno nesse seu modo de não dar a ver. Nunca o outro lado. Como das pessoas, nunca, quase nunca o lado de lá. Somente o que transportamos portas adentro do rosto e dos olhos, dos olhos dos outros e do rosto. Das pessoas e no nosso escondido segredo espacial. Como as rosas. Redondas e centrais, místicas, dores, golpes de vida – os espinhos, talvez – o coração, a alma, o amor. Símbolos que partem dali como sementes e germinam ao simples contemplar. E o perfume. Ácido e doce e pungente. E invisível, como a outra face. Da Lua. E do homem de costas voltadas. Sondo-lhe a caligrafia da fronte, do rosto, da vida, como se numa página, todo o corpo inscrito. Aquela rosa como prémio encantatório de todas as escuridões da noite. A luz é de uma madrugada ou um crepúsculo ou uma noite branca em vermelho. Lunar ou lúcida, como um sorriso bom. Aberta mas cerrada como rosto e sem tocar. É isso o que vejo. O observador escondido atrás do homem, à sua frente e uma rosa. Pura e sem cor. Que cor têm as rosas? A cor clara de uma única face e para além dela, folhas ásperas e espinhos. O que me faz gostar de rosas é o mesmo que me magoa. E inebria. Assim é o amor. A nossa grande imperfeição ou o que nos salva, é sermos finitos nas fases do tempo. Mas as rosas são infinitas. Todas as rosas se equivalem na sua finitude perpetuamente renovável. Só porque não têm nome. Cada uma, na sua espécie, como todas as outras. Como uma, única e eterna. Perscruto aquela face lunar. E sei que não é de rosa. Mas um rosto não gosta de ser pasto, sob pena de murchar em máscaras. Por isso Nietzsche dizia “esconder”? Perscruto no quadro o mistério dos rostos. A face da rosa e a do homem nos sentidos contrários. Desencontrados. Tanto nela se expõe, clara e afirmativa, quanto nele se esconde de negro. Mas o que sinto e sempre ao mergulhar na imagem, é o observador a passar, sem o querer, à frente do homem e a desconhecer a rosa e o homem – tornado invisível – como a si próprio de costas. Tornando-se a si próprio a personagem e o verdadeiro desconhecido de si, em que todos os imprevistos se podem encerrar. A verdadeira caixa de Pandora. Não a rosa como eterno feminino. Cândida, tornada contudo misteriosa e plana, iluminada de luz crua que anula a realidade do interior. É o rosto do homem, obscuro, nunca visto, a cobrir a frente dos olhos e lugar que estes não alcançam. Sabemos-lhe o rosto como sabemos o nosso atrás do qual se situa o olhar como por detrás de uma máscara. Mas, não mais. De costas voltadas para ele como ele, num primeiro olhar, para nós. E talvez por isso, a rosa sorri no seu sorriso misterioso de Gioconda. Pela ilusão do ver e do não ver. Por esse meio metro de desencontro. Um passo a mais.
O Concerto dodecafónico Michel Reis - 15 Set 2020 [dropcap]O[/dropcap] compositor grego Yorgo Sicilianos (1920-2005), cujo centenário do nascimento se assinalou no passado dia 29 de Agosto, foi uma das figuras mais importantes do modernismo musical na Grécia. Nascido em Atenas, Sicilianos estudou teoria e composição com Kostas Sfakianakis, Marios Varvoglis e George Sklavos; de 1951 a 1953 prosseguiu os estudos na Academia de Santa Cecília, em Roma, com Ildebrando Pizzetti, recebendo um diploma em Composição em 1953. Enquanto viveu na Itália conheceu a música de Béla Bartók, que desempenhou um papel decisivo na sua decisão de se voltar para os idiomas musicais contemporâneos, e dos compositores da Segunda Escola Vienense, que influenciaram o seu desenvolvimento posterior. Depois de deixar a Itália, frequentou o curso de composição de Tony Aubin no Conservatoire National em Paris (1953-54) e as aulas de Walter Piston na Universidade de Harvard, Boris Blacher no Tanglewood Institute e Vincent Perischetti na Juilliard School de Nova Iorque (1955–56). Em Nova Iorque, Sicilianos conheceu o colega grego, o famoso maestro, pianista e compositor Dimitri Mitropoulos, que mais tarde viria a estrear, em Março de 1958, a sua Primeira Sinfonia, Op. 14, composta em 1956, com a Filarmónica de Nova Iorque. Em 1956, Sicilianos regressou definitivamente à Grécia. Naquela época, foi um dos primeiros compositores gregos a seguir as tendências modernistas na música. Iniciou uma produção que no total consiste em 63 obras e abrange todos os géneros: música sinfónica, música de câmara, música de piano, ciclos de canções, ópera, ballet, música incidental e muito mais. Paralelamente ao seu trabalho como compositor, Sicilianos foi um participante activo na vida musical grega, desempenhando numerosos cargos em instituições gregas ligadas à música, públicas e privadas, como a Associação Grega de Música Contemporânea, a Ópera Nacional da Grécia, a Rádio Televisão Grega, entre outras. O trabalho de Sicilianos pode ser dividido em três períodos. O primeiro período, durante o qual seguiu as expressões tonais e modais, inclui obras que escreveu até 1953, ano em que terminou os estudos na Itália, quando ainda acreditava que o futuro da música grega residia “no ponto onde o canto bizantino se cruza com a Canção Folclórica Grega”. O segundo período, caracterizado pela busca e experimentação das tendências musicais contemporâneas (técnica dodecafónica, serialismo, técnicas pós-serialistas, música electrónica), e que durou cerca de 25 anos, começou com o Concerto para Orquestra, Op. 12, composto em 1954, no qual Sicilianos utilizou pela primeira vez a técnica dodecafónica. Em termos de técnica a obra mostra a influência da Segunda Escola Vienense e de Béla Bartók através do uso da variação em desenvolvimento (principalmente no 1o andamento), do método dos 12 tons (principalmente no 3o andamento) e da “música nocturna” Bartokiana (3o andamento). Os quatro andamentos da obra são escritos nas formas sonata, scherzo, ABA e rondo, respectivamente. Em resultado, em grande parte, o Concerto permanece num contexto tradicional, embora tenha sido a obra através da qual Sicilianos tenha quebrado os laços com a Escola Nacional Grega e adoptado idiomas modernistas. O Concerto para Orquestra foi estreado em Novembro de 1954 pela Orquestra Estatal de Atenas, liderada por Andreas Paridis. Sugestão de audição: Yorgo Sicilianos: Concerto for Orchestra, Op. 12 Symphony Orchestra of Bulgaria, Alkis Panayotopoulos – NAR Classical, 1998
Testagem universal em Hong Kong David Chan - 15 Set 2020 [dropcap]O[/dropcap] Governo de Hong Kong lançou recentemente um programa de testagem universal da população. No momento em que este artigo foi escrito, já tinham sido testadas 1.625.000 pessoas, tendo-se registado apenas 18 casos positivos. Será este plano efectivamente bom? Esta acção decorreu entre os dias 1 e 14 deste mês. Às 8.30h da manhã de dia 12, já tinham sido testadas 1.625.000 pessoas, oriundas de cerca de 140 centros comunitários. Este plano destina-se a identificar os “portadores invisíveis” do vírus; de forma a conseguir “identificação, isolamento e tratamento precoces” impedindo que Hong Kong seja afectado pela doença. Desta forma, a actividade económica pode ser retomada com cautela, para que a vida da população de Hong Kong possa voltar ao normal. Segundo os dados lançados este ano pelo Hong Kong Census and Statistics Department, a cidade tem cerca de 7,5 milhões de habitantes. No passado mês de Julho, o Governo de Hong Kong declarou que o laboratório público e os cinco laboratórios privados da cidade, apenas conseguiam testar 10.000 amostras por dia. Com base neste número, seriam necessários 750 dias para testar toda a população, ou seja, mais de dois anos. Na quadro actual, em que um vírus altamente contagioso nos ameaça, sem uma vacina que o trave nem medicamentos suficientemente eficazes que tratem as suas vítimas, Hong Kong procurou ajuda junto da Mãe Pátria – a China, para aumentar a sua capacidade laboratorial e deu início à testagem universal. A 2 de Agosto começaram a chegar do continente grupos de membros da equipa de testagem do ácido nucleico, num total de 600. Com esta ajuda, Hong Kong passou a ter capacidade para testar 300.000 amostras por dia. A frase “a união faz a força” ilustra bem o trabalho que está a ser feito por estas equipas. Esta acção chegou ao fim, dando origem a diversos comentários na cidade. A seu favor, está sem dúvida a possibilidade de detectar precocemente os portadores assintomáticos. Por outro lado, os críticos apontam que os custos foram muito altos e os benefícios escassos. Os críticos assinalam ainda que a testagem universal violou o princípio de “prevenção e controlo racionais”. A testagem universal equivale a deitar dinheiro à rua. Como já assinalei, no momento em que escrevo este artigo, já tinham sido testadas 1.625.000 pessoas e apenas foram detectados 18 portadores do vírus assintomáticos, uma percentagem de 0,0011%. Cada teste custa 100 dólares de Hong Kong, o que representa um total de 162.5 milhões de dólares de Hong Kong. Investir este montante para encontrar 18 infectados, significa que foram gastos 9.027 dólares de Hong Kong milhões por cada um. Vale a pena gastar 9.027 milhões para encontrar um infectado? Actualmente não existe vacina contra o novo coronavírus, nem um medicamento para tratar a pneumonia que este pode provocar. Testar os grupos de alto riscco é sem dúvida um método eficaz de “prevenção e controlo racionais “, mas mesmo depois da implementação desta acção, é impossível parar a transmissão comunitária. No entanto, é importante identificar os portadores assintomáticos porque eles podem transmitir a doença a muitas pessoas. Temos que admitir que a decisão de proceder à testagem universal foi um passo difícil que o Governo de Hong Kong deu. É evidente que o número de pessoas saudáveis excede largamente o de pessoas infectadas. Mas sem o resultado do teste não se podia ter a certeza absoluta deste resultado. Desta forma, não se pode afirmar que testar pessoas saudáveis seja um desperdício de dinheiro. O Professor Yuan Guoyong da Faculdade de Medicina da Universidade de Hong Kong, afirmou que, apenas um portador do vírus por identificar pode fazer perigar todo o trabalho de prevenção da epidemia. Além disso, Hong Kong já está a combater esta epidemia há muito tempo e a situação está longe de estar controlada. A testagem universal parece ser a única resposta possível de momento. O Serviço Público não tem funções lucrativas. A assistência médica acessível e o apoio ao bem estar social são disso exemplo. É errado avaliar esta acção apenas pelos seus custos. É uma avaliação injusta para o Governo de Hong Kong e ainda mais injusta para o Governo da Mãe Pátria – a China, porque o Governo Central pagou os testes e forneceu as equipas. A China pagou e colaborou. Como é evidente, durante o período que em decorreu a testagem, as pessoas circularam e fizeram a sua vida normal. Desta forma, uma pessoa que acusou negativo de manhã pode ter sido infectada na parte da tarde. Quanto a isto não há nada a fazer. Além disso, como o número de testados não chegou aos 3 milhões, menos de 40 por cento da população de Hong Kong, a representatividade dos testes é questionável. Hong Kong é vizinho de Macau, se os portadores assintomáticos não tiverem sido todos identificados as duas cidades podem ficar em perigo. Assim, quem chega a Macau vindo de Hong Kong, ainda terá de ficar em quarentena durante 14 dias. Embora Hong Kong esteja também a preparar a implementação de códigos sanitários, a avaliar pela actual situação, isso ainda deve levar algum tempo. Enquanto esperamos pelo aparecimento de uma vacina e de medicamentos eficazes, devemos continuar a manter o uso de máscara, a lavagem frequente das mãos e a promoção o distanciamento social. É uma forma de nos protegermos a nós e aos outros, e a melhor forma de protegermos a sociedade. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/ Instituto Politécnico de Macau Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk
Lei sobre actividade veterinária vai incluir sanções como perda de qualificação Salomé Fernandes - 15 Set 2020 [dropcap]V[/dropcap]ai ser definido um regime de fiscalização disciplinar para disputas médicas relacionadas com animais, cujas sanções podem levar à perda de qualificação veterinária. A informação foi avançada pelo presidente do conselho de administração do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), José Tavares, em resposta a uma interpelação de Mak Soi Kun. O deputado tinha questionado como é que as pessoas podem defender os seus direitos em caso de erro médico que envolva animais de estimação. No caso de disputas médicas, “as autoridades administrativas podem aplicar sanção disciplinar pelas violações dos regulamentos médico-veterinários, que pode ir até ao cancelamento da qualificação profissional de medicina veterinária”. As situações que envolverem responsabilidade civil e indemnização serão decididas pelos tribunais. O IAM indica que está a “acompanhar” a produção de uma lei relativa aos médicos veterinários, actividades de atendimento clínico veterinário e actividades comerciais de animais. O seu conteúdo vai também regular a reprodução, venda ou hospedagem de animais. Em Abril deste ano, os deputados da 1ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa apelaram ao Governo para criar rapidamente legislação relativa à actividade veterinária, ajudando a clarificar o que se entende por médico veterinário. A profissão já vem mencionada na Lei de Protecção dos Animais, mas ainda não é regulada. Em aberto Na resposta, José Tavares avança ainda que os estabelecimentos clínicos vão precisar de ter pelo menos um médico veterinário inscrito a tempo inteiro, que se responsabilize pelo atendimento e supervisão do seu funcionamento. “A fim de garantir que os animais sejam devidamente cuidados e tratados (…) devem ter um médico veterinário no local a exercer actividade dentro do horário de funcionamento publicado”, explica. No entanto, foram várias as perguntas a ficar sem resposta, nomeadamente sobre os mecanismos para o público saber a natureza e o nível profissional das unidades médicas que se encontram no mercado. “Actualmente, as instituições de diagnóstico e terapêutica destinadas aos animais podem ser designadas por ‘hospitais’, então, quais são os serviços de saúde que podem prestar?”, queria saber Mak Soi Kun.
Automobilismo | Pilotos de Macau voltaram a correr em Zhaoqing Sérgio Fonseca - 15 Set 2020 [dropcap]N[/dropcap]o pós-apresentação do 67º Grande Prémio de Macau, vários pilotos locais deslocaram-se até ao Circuito Internacional de Guangdong para mais um fim-de-semana de muito calor e corridas. O evento contou com corridas para as três categorias da actualidade – “1600cc Turbo”, “1950cc e Superior” e GT – cujos pilotos e máquinas serão vistos no Circuito da Guia na Taça de Carros de Turismo de Macau, na Taça GT – Corrida da Grande Baía e muito provavelmente noutras corridas do programa Os concorrentes da categoria “1950cc e Superior”, que em Macau vão dividir a pista novamente com os colegas da categoria “1600cc Turbo”, voltaram a correr a solo nesta jornada. Dezasseis carros compareceram na pista dos arredores de Zhaoqing, num pelotão em que se destacava a ausência do sempre favorito Filipe Souza. Sem a presença do vencedor da primeira corrida do fim-de-semana anterior, Wong Wan Long (Mitsubishi Evo10) acabou por ter duas vitórias relativamente fáceis. Mais animada foi a disputa pelo segundo posto, com Ng Kin Weng (Audi RS 3 LMS) e Kevin Wong (SEAT Leon TCR) a terminarem por esta ordem na primeira corrida e pela ordem inversa na segunda. No campo dos pilotos macaenses, Delfim Mendonça Choi, ainda com o Honda Accord FD2 da SLM Racing Team, foi o quarto na primeira corrida de 13 voltas, mas foi obrigado a desistir na quinta volta do segundo confronto. Na segunda corrida, Jerónimo Badaraco (Mitsubishi Evo9) foi quem ficou à “porta do pódio”, ele que no sábado tinha sido sexto. Um sexto lugar foi o que Luciano Castilho Lameiras (Mitsubishi Evo10) conseguiu no domingo após ter arrancado do segundo posto e ter sido décimo classificado na primeira corrida do fim-de-semana. Novamente ao volante do seu bem estimado Honda Integra DC5, um carro que já não tem homologação para competir no Grande Prémio, Rui Valente manteve a sua excelente forma e viu a bandeira de xadrez no quinto posto na tarde de sábado. O piloto português, que fez dois bons arranques, mas cujo carro perdia sempre muito tempo na recta interior, foi sétimo na segunda corrida, finalizando sempre na mesma volta do piloto vencedor. Na primeira contenda, Eurico de Jesus (Honda Accord) e Célio Alves Dias (Honda Integra DC5) foram oitavo e décimo-primeiro classificados respectivamente, para terminarem na décima e na décima segunda posição na corrida dominical. Mais do mesmo Ao volante de um carro tecnicamente muito superior à concorrência, Billy Lo (Audi R8 LMS GT3 Evo) triunfou sem qualquer sobressalto nas duas corridas destinadas aos carros de GT e “1600cc Turbo”, como já o tinha feito há quinze dias, sendo provável que o ex-vencedor da Corrida Road Sport Challenge tente este ano um assalto à Taça GT Macau no mês de Novembro com esta mesma viatura. Com dezanove participantes à partida, as quatro primeiras posições foram iguais em ambas as corridas. Com dois segundos lugares à geral, Leong Ian Veng (BMW M4) venceu destacado entre os sete carros da categoria GT4, ao passo que Cheong Chi On (Ford Fiesta), o terceiro classificado à geral em ambas as corridas festejou as vitórias na categoria “1600cc Turbo”. O único nome português nesta corrida, Sabino Osório Lei (Ford Fiesta), obteve dois quartos lugares à geral, duplamente segundo classificado entre os onze carros “1600cc Turbo” presentes na pista permanente a oeste do Delta do Rio das Pérolas. Findos estes dois fins-de-semanas, não existem mais provas de preparação agendadas para os pilotos de Macau antes da edição deste ano do Grande Prémio. No entanto, não será de estranhar se nas semanas e meses que antecedem o grande evento desportivo da RAEM alguns pilotos do território realizarem incursões em competições organizadas pela Associação de Desportos Motorizados de Zhuhai ou pelo próprio Circuito Internacional de Guangdong.
Cinema | Present Future Film Festival arranca este fim-de-semana João Luz - 15 Set 2020 Entre este sábado e 11 de Outubro, decorre o Present Future Film Festival, uma mostra que vai exibir curtas-metragens de Macau, Taiwan e Japão. O evento, organizado pela Federação das Associações dos Operários de Macau, decorre nos próximos quatro fins-de-semana em cafés da cidade [dropcap]E[/dropcap]ste fim-de-semana começa o Present Future Film Festival, a mostra de curtas-metragens que vai tirar o cinema das salas escuras onde costuma ser exibido para o levar até alguns cafés seleccionados da cidade. Organizado pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) e financiado pela Fundação Macau, o evento apresenta curtas realizadas por autores de Macau, Taiwan e Japão, numa variedade alargada de géneros. A primeira dose de sessões está marcada para o Amateur Continuing Study Centre iCentre, na Praça Kin Heng Long, na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, no sábado às 14h30 e 18h15 e no domingo às 14h e 18h15, e são as únicas exibições que precisam de reserva (até quinta-feira). No dia inaugural, o festival arranca com 10 obras no cartaz. A primeira curta a passar na tela é a animação “The Valley of Ginsengs”, da autoria de dois cineastas de Macau, Lou Ka Choi e Leong Kin. A narrativa assenta no tradicional pêndulo dramático “rapariga conhece rapaz”, quando ela passeia por um vale. A ingenuidade do encontra adensa-se com uma tensão crescente entre os dois personagens resultante da conjugação entre felicidade pura e desejo carnal. O filme seguinte é “The Three Stories of Macau”, o documentário de quase 9 minutos de Au Lok Hei e Lei Ka In, que apresenta a cidade contada por três residentes e as suas experiências. Na mesma sessão no espaço iCentre é exibido “Chase”, da autoria do local Bowen, que conta a história de dois adolescentes, ambos nascidos depois da transferência de Macau para a China, e dos desentendimentos que têm com os pais. Na óptica do realizador, a palavra “sonho” não é usada com muita frequência em Macau. Os jovens protagonistas lutam pela realização dos seus sonhos num campo de batalha dividido com a dura realidade. Uma bica curta A encerrar o primeiro dia do Present Future Film Festival é exibido “Step Out”, de Vincent, Sin Weng Seng, uma história de perda, superação e choques geracionais que são suavizados pelo amor. Depois de perder o namorado, Hailey, que vive com os pais, perde o gosto pela vida e isola-se numa redoma de dor, sem sair de casa. Paralisada e a morar num prédio sem elevador, circunstância muito normal em Macau, Hailey dá a volta, ganhando ânimo em imprevistos e lembranças do passado. O festival prossegue com sessões que intercalam curtas-metragens de autores locais, do Japão e Taiwan, atravessando géneros entre o documental, a animação e o drama. Depois do primeiro fim-de-semana, as exibições avançam para o Quarter Square, um acolhedor café com rooftop no Largo Maia de Magalhães na Taipa Velha. No terceiro fim-de-semana, entre os dias 3 e 4 de Outubro, o Cafe Seong Chi, na Areia Preta, transforma-se numa informal sala de cinema. No último fim-de-semana do Present Future Filme Festival, 10 e 11 de Outubro, os amantes das doses concentradas de cinema podem assistir à última sessão na Padaria e Café Faro, no Anim’Arte Nam Van.
DSEJ | EPM impedida de cobrar por almoços trazidos de casa João Santos Filipe - 15 Set 2020 A direcção da EPM queria cobrar 10 patacas por dia aos alunos que trouxessem almoço de fora, mas foi obrigada a desistir da ideia, após alguns pais terem apresentado queixa junto da DSEJ [dropcap]A[/dropcap] Escola Portuguesa de Macau (EPM) queria cobrar 10 patacas por dia aos alunos que levassem almoço de casa, mas foi obrigada a recuar depois da intervenção da Direcção de Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). O caso foi confirmado pelo Governo, após alguns pais se terem insurgido com a cobrança de uma taxa que não tinha sido declarada no período de inscrições e que só foi revelada a poucos dias do início do ano lectivo. “As taxas cobradas pelas escolas têm de respeitar as orientações emitidas [pela DSEJ] e todas as taxas cobradas aos alunos têm de ser apresentadas antes do ano lectivo à Direcção de Serviços de Educação e Juventude”, começou por explicar fonte oficial do Governo, ao HM. “Após alguns pais se terem queixado […] a Direcção de Serviços de Educação e Juventude entrou imediatamente em contacto com a escola, que decidiu não cobrar um montante extra aos alunos que trouxessem o seu almoço, assim como se comprometeu a devolver aos pais as taxas que já tivessem sido cobradas”, foi acrescentado. Segundo a versão apresentada pela instituição aos encarregados de educação, a cobrança de 10 patacas por dia devia-se ao aumento dos custos relacionados com a limpeza e eventual contratação de funcionários, para assegurar que durante as refeições, tal como requerido pela DSEJ, o distanciamento social era respeitado. Foi também no sentido desta orientação que o espaço disponível para os alunos tomarem as refeições foi aumentado. Situação regularizada Contudo, a decisão nunca foi do agrado de alguns pais e as queixas não se ficaram pela DSEJ. Ao HM, o presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação de Alunos da Escola Portuguesa de Macau, Filipe Figueiredo Regêncio, confirmou que foram igualmente recebidas queixas. No entanto, quando contactado pelo HM, desvalorizou a questão, uma vez que já era conhecido o recuo da escola e tinham sido dadas indicações, desde sexta-feira passada, para que não fosse feita uma cobrança aos alunos que trouxessem almoço. O HM tentou ainda contactar o presidente da EPM para ouvir a sua versão dos acontecimentos e tentar perceber a razão de ter sido necessário que os pais recorressem à entidade tutelar para haver um recuo nesta posição, mas até ao fecho da edição não foi possível estabelecer o contacto.
Covid-19 | Entrada de estrangeiros no Grande Prémio não acarreta “grande risco” Salomé Fernandes - 15 Set 2020 O médico Alvis Lo Iek Long explicou ontem que não se espera que a entrada de pilotos e equipas para o Grande Prémio de Macau tenha impacto na situação epidémica, dadas as medidas de prevenção. Por outro lado, as associações vão receber orientações para eventos no Dia Nacional [dropcap]A[/dropcap]valiando os interesses sociais e o grau de risco, considerou-se que o Grande Prémio é “um evento emblemático e histórico de Macau” que pode ajudar à recuperação do sector turístico. Foi assim que Alvis Lo Iek Long, da direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário, justificou ontem a realização do evento e a participação de não residentes do exterior. “O Grande Prémio é um certame internacional icónico de Macau, já com longa história, que poderá contribuir para a recuperação do turismo [da RAEM]”, frisou Alvis Lo Iek Long. O médico tentou tranquilizar a população, explicando que os pilotos e equipas, “apesar de serem estrangeiros”, ao realizarem observação médica de 14 dias e dois testes de ácido nucleico é possível garantir que o evento não acarreta um “grande risco” para a epidemia no território. A 67ª edição do Grande Prémio de Macau vai realizar-se entre 19 e 22 de Novembro com corridas diferentes. Foi dispensada a restrição de entrada de estrangeiros por motivos de interesse público para a RAEM. Espera-se que esta edição venha a receber cerca de 200 pilotos. Ontem estavam 1040 pessoas em quarentena nos hotéis designados, das quais 366 residentes de Macau e 644 turistas. Entre os dias 10 e 13 deste mês realizaram-se 33.323 testes de ácido nucleico. Pormenores, só no futuro Por outro lado, questionado sobre as medidas de prevenção da epidemia durante a maratona, Alvis Lo Iek Long disse haver “fortes contactos” com o Instituto do Desporto. No entanto, referiu que os participantes só vão ser informados da necessidade de fazerem ou não teste de despiste da covid-19 numa data mais próxima da prova, apenas na primeira metade de Dezembro. “Temos medidas de prevenção da epidemia que visam a segurança e saúde da população. No entanto, nem sempre adoptamos um critério uniforme das actividades”, reconheceu o médico, frisando que as decisões são baseadas em factores como a envergadura e natureza dos eventos, bem como o contacto entre participantes. As cerimónias do Dia Nacional, a 1 de Outubro, vão implicar que todos os participantes façam teste de ácido nucleico. E também vão ser emitidas recomendações às associações. Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença, disse que receberam questões de associações sobre as orientações contra a epidemia e que “sobre o teste de ácido nucleico, posteriormente teremos um pacote de orientações mais precisas a que podem ter acesso”.
Videovigilância | Sistema “olhos no céu” já custou cerca de 254 milhões Salomé Fernandes e Nunu Wu - 15 Set 2020 Ao longo das primeiras quatro fases do sistema de videovigilância “Olhos no Céu”, que espalhou pela cidade 1620 câmaras, foram investidos mais de 250 milhões de patacas. Um valor ainda assim inferior ao esperado, segundo as autoridades, devido à instalação das lentes em pilares já existentes [dropcap]A[/dropcap]s quatro primeiras fases do projecto do sistema “Olhos no Céu” custaram cerca de 254 milhões de patacas ao Governo. De acordo com informações prestadas pelos Serviços de Polícia Unitários (SPU) ao HM, as câmaras utilizadas vieram de diferentes países, e são utilizados principalmente dois tipos: em forma de pistola com capacidade para filmar num ângulo de 90 graus, e lentes esféricas que alcançam ângulo de 180 graus. O projecto da primeira fase, que correspondeu à instalação de 219 câmaras, custou cerca de 62 milhões de patacas. A adjudicação da segunda e terceira fases previa gastos de cerca de 88 milhões de patacas, mas o custo real ficou-se pelos 62 milhões. De acordo com os SPU, foram economizados recursos através da instalação de parte das 601 câmaras em pilares que já existiam. Por sua vez, o custo da quarta fase (800 câmaras) foi de cerca de 130 milhões de patacas, o valor avançado pelo concessionário responsável pelo projecto que ganhou o concurso. Os SPU reiteram que o sistema “Olhos no Céu” visa implementar o policiamento inteligente, ajudando a polícia a combater os crimes com maior rapidez e a preveni-los de forma eficiente para aumentar a capacidade de prevenção e de combate à criminalidade. No mês passado, as autoridades indicaram que as 820 câmaras das primeiras três fases entraram em operação faseada em 2016 e 2018 e atingiram os resultados esperados. Até Junho de 2020, foram investigados no total, 5082 casos com recurso ao sistema. Em causa estiveram, por exemplo, casos de homicídio, tráfico de estupefacientes, roubo, posse de arma proibida e burla. Já foi também anunciado que as autoridades vão estudar o alargamento do sistema a locais com grande concentração de pessoas e novas zonas urbanas, como arredores de escolas e a ilha artificial da Ponte do Delta. Regimes de protecção A RAEM tem desde 2012 um regime jurídico sobre videovigilância em espaços públicos, que prevê a sua utilização para assegurar a segurança e ordem públicas. O tratamento da informação está sujeito à Lei da Protecção de Dados Pessoais. No entanto, vale a pena notar que o Gabinete de Protecção de Dados Pessoais (GPDP) foi criado como equipa de projecto e é apenas observador na Conferência Internacional das Comissões de Protecção de Dados. Em Setembro do ano passado, o GPDP deu parecer favorável ao uso de tecnologia de reconhecimento facial no sistema de videovigilância. O organismo referiu que rejeitou alguns programas das Forças e Serviços de Segurança e expressou reservas em relação a outros, e que essas orientações foram seguidas, apoiando que o uso de tecnologia de reconhecimento facial é “principalmente para auxiliar a polícia no trabalho”.
Polícia | Agnes Lam defende mudança de actuação em casos políticos Andreia Sofia Silva - 15 Set 2020 Agnes Lam e Lawrence Ho defendem que hoje há mais confiança na capacidade das forças policiais em comparação com o período da Administração portuguesa. No livro “Macau 20 Years after the Handover – Changes and Challenges under ‘One Country, Two Systems’”, os académicos escreveram um capítulo sobre os desafios que as manifestações trouxeram às autoridades. Agnes Lam defende que a polícia tem de aprender a lidar com as “emoções” da população em casos políticos [dropcap]A[/dropcap] população de Macau confia hoje muito mais nas forças de segurança do que o período antes de 1999, mas isso não quer dizer que não haja críticas em relação à actuação da polícia. Em “Policing in the Macau Special Administrative Region. Issues and challenges” [Policiamento na Região Administrativa Especial de Macau. Questões e desafios], capítulo do livro “Macau 20 Years after the Handover – Changes and Challenges under ‘One Country, Two Systems’”, publicado recentemente, os académicos Agnes Lam e Lawrence Ho analisam a relação entre a sociedade de Macau e as forças policiais, antes e depois da transição. Ao HM, Agnes Lam assegura que existe hoje mais confiança no trabalho da polícia, embora existam aspectos a melhorar. “A polícia tem de conhecer melhor as emoções do público”, disse, referindo-se aos episódios ocorridos a 4 de Junho deste ano, dia em que se assinalou o massacre de Tiananmen no Largo do Senado, ou às detenções feitas a quem mostrou solidariedade para com os manifestantes de Hong Kong. “Surgiram críticas que apontaram que a polícia exagerou nestas duas situações, porque não havia muitas pessoas nas ruas e havia, pelo contrário, muitos agentes. As pessoas estão mais emotivas e a forma como a polícia lida com estes casos é exagerada. A ordem pública não foi posta em causa.” A deputada, assegura que, em pleno século XXI, as redes sociais alteraram a forma como se faz política. “A polícia tem de saber como reagir em determinadas circunstâncias, pois não estão a lidar com criminosos. São apenas pessoas activas politicamente ou que se sentem emocionalmente afectadas por essas questões. A forma como a polícia lida com estas pessoas deveria ser diferente”, acrescentou. A era dos protestos Se o tempo da Administração portuguesa era marcado pela insegurança e por rumores de ligações próximas entre as forças de segurança e o crime organizado, o panorama alterou-se por completo a partir do primeiro mandato de Edmund Ho, na era RAEM. Os protestos começaram a surgir em força e isso obrigou as forças policiais a mudar de postura. “Um dos desafios é o facto de termos mais questões sociais e mais manifestações”, explicou Agnes Lam ao HM. “Olhando para as experiências do passado, acreditamos que a polícia de Macau não estava habituada a esses protestos de massas e tiveram de aprender a lidar com isso. Foi necessária mais formação e compreensão para o assunto. Habitualmente, as autoridades lidavam mais com questões não relacionadas com política, como roubos ou tráfico de droga.” De um período de pouca ou nenhuma crítica da sociedade em relação aos seus governantes (à excepção do motim 1,2,3, em 1966), Macau passou a ter uma sociedade mais activa politicamente. O capítulo escrito por Agnes Lam e Lawrence Ho faz referência ao maior protesto que a RAEM alguma vez conheceu, e que decorreu em 2014, um protesto contra o regime de garantias dos titulares dos principais cargos públicos, que acabou por cair. É também recordada a manifestação do dia 1 de Maio de 2007, quando a polícia disparou tiros para o ar e usou gás pimenta para dispersar a multidão. Este episódio “revelou que a ordem de base da polícia tinha ainda de se desenvolver”, uma vez que “não havia ordens claramente escritas para os agentes policiais da linha da frente assegurarem a ordem de multidões”. Além disso, os autores consideram que “o incidente do disparo também indicou uma fraqueza sistemática da polícia de Macau relativamente a uma estrutura de segurança interna, que não estava devidamente institucionalizada”. Apesar destes episódios políticos, o desenvolvimento económico, conseguido com a liberalização do jogo, o aumento de investimento estrangeiro e do fluxo de turistas, também obrigaram as forças policiais a repensarem formas de actuação. Agnes Lam e Lawrence Ho concluem que, numa altura em que a RAEM celebra 21 anos de existência, existe “um ambiente totalmente novo e complicado para as autoridades policiais, totalmente diferente do contexto simples, administrativo e segregado da polícia em comunidade [do período antes de 1999]”. Destaca-se “a procura crescente da população por um maior profissionalismo das forças policiais e não se pede apenas o cumprimento da lei e da ordem, mas uma parceria de maior confiança e responsabilidade por parte da polícia”. As redes sociais assumem aqui um papel importante, tendo-se transformado “numa plataforma que converge uma série de críticas públicas sobre as autoridades policiais, dada a ausência de mecanismos institucionalizados e autónomos e de meios de comunicação social agressivos”. Neste momento, os dois autores estão a rever a publicação a fim de inserirem a análise sobre a actuação da polícia nos protestos ocorridos em Hong Kong. Trata-se de um trabalho que só estará concluído no final deste ano, pelo que Agnes Lam não quer fazer comentários. No entanto, a deputada e académica acredita que, ao contrário de Macau, a confiança da população de Hong Kong nas forças policiais tem diminuído. “A polícia de Hong Kong costumava ter uma boa imagem e a população considerava-a eficiente. Mas isso era quando os agentes policiais apenas lidavam com criminosos. Quando a polícia teve de lidar com questões relacionadas com a ordem social ou manifestações, viram-se forçados a ajustar o modo de actuação que era usado com criminosos. O que está em causa são cidadãos que lutam pelos seus direitos, não são criminosos. É necessária maior competência e novas formas de actuação.” Um “mau panorama” O trabalho académico dá conta que, nos primeiros anos da RAEM, “as demonstrações públicas ocasionais raramente atraíam mais do que centenas de participantes e grupos políticos eram relativamente impopulares, apesar da presença de um movimento contra o poder político”. Olhando para o passado, Agnes Lam recorda o facto de, nos anos 90, existirem em Macau “muitos rumores de corrupção policial e que de as seitas estavam ligadas à polícia”. “O panorama de segurança em Macau era também muito mau, havia lutas entre seitas, tiroteios. As pessoas diziam que a polícia era incompetente para lidar com esta matéria, mas actualmente com a redução das taxas de criminalidade e com o aumento da satisfação, penso que a tendência geral é de melhoria das relações”, frisou ao HM. Além disso, o trabalho dos dois académicos refere falta de preparação das forças de segurança para a nova era que aí vinha. “Nem a Administração portuguesa nem as autoridades policiais fizeram grandes reformas para modernizar e profissionalizar a polícia, até ao momento em que a bandeira portuguesa desceu, em 1999. As críticas às autoridades portuguesas intensificaram-se nas preparações para as cerimónias da transferência de soberania durante os anos 90.” Além destes problemas, os dois autores frisam a “segregação entre a polícia e cidadãos”, porque “havia uma distância considerável entre os polícias, que não eram locais, a liderança militar e a comunidade local”. “O cepticismo público em relação ao profissionalismo, capacidade, corrupção e lealdade étnica por parte dos polícias portugueses levou a que a polícia falhasse na conquista da confiança da população”, concluem os autores.
UE e China assinam acordo para proteger 100 indicações geográficas europeias Hoje Macau - 14 Set 2020 [dropcap]A[/dropcap] União Europeia (UE) e a China assinaram hoje um acordo bilateral para assegurar a proteção contra a imitação e usurpação de 100 indicações geográficas europeias no mercado chinês, nas quais se inclui o vinho do Porto, anunciou Bruxelas. Segundo a informação divulgada pela Comissão Europeia, o acordo hoje concluído foi celebrado inicialmente em novembro de 2019, visando “trazer vantagens comerciais recíprocas e oferecer produtos de qualidade garantida aos dois lados”, já que também visa a proteção de 100 indicações geográficas chinesas no mercado europeu. Anunciado no dia em que a UE e a China se reúnem para uma cimeira extraordinária virtual, num momento em que a Europa sente crescente frustração face à ausência de reformas estruturais na economia chinesa, o acordo “reflete o empenho” dos blocos comunitário e chinês em “honrarem os compromissos assumidos em anteriores cimeiras e de aplicarem as regras internacionais como base para as relações comerciais”, frisa o executivo comunitário. Entre as indicações geográficas da UE protegidas na China está o vinho do Porto, bem como o champanhe francês, o whiskey irlandês, o vodka polaco, o presunto italiano, o queijo feta e o queijo manchego espanhol. Uma vez aprovado pelo Parlamento Europeu e oficialmente adoptado pelo Conselho, o acordo comercial bilateral deverá entrar em vigor no início de 2021. Quatro anos após a entrada em vigor, o acordo abrangerá mais 175 indicações geográficas de ambos os lados, além das 100 já incluídas. A China é um dos principais parceiros comerciais da UE e, no ano passado, foi o terceiro destino dos produtos agro-alimentares da UE, atingindo os 14,5 mil milhões de euros. O mercado chinês é, ainda, o segundo destino das exportações de produtos da UE protegidos enquanto indicações geográficas, incluindo os vinhos, os produtos agroalimentares e as bebidas espirituosas, que representam 9% em valor.
Mike Pompeo indica que embaixador dos EUA na China está de saída Hoje Macau - 14 Set 2020 [dropcap]O[/dropcap] embaixador dos Estados Unidos na China estará de saída, segundo mensagens difundidas hoje na rede social Twitter pelo secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo. Nas mensagens, Pompeo agradeceu a Terry Branstad pelos mais de três anos de serviço, mas até agora o Departamento de Estado não confirmou oficialmente a saída do embaixador. “O embaixador Branstad contribuiu para reequilibrar a relação entre EUA e China, para que seja orientada para resultados, recíproca e justa”, escreveu Pompeo. O secretário de Estado revelou, na semana passada, que o jornal oficial do Partido Comunista da China, o Diário do Povo, se recusou a publicar um artigo de Branstad, enquanto o embaixador da China nos Estados Unidos “está livre para publicar em qualquer meio de comunicação” norte-americano. Não é claro se a alegada saída está relacionada com aquela polémica. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian, disse que o artigo de Branstad estava “cheio de lacunas, era gravemente inconsistente com os fatos e atacava e difamava a China”. A Embaixada dos Estados Unidos contactou o Diário do Povo, em 26 de agosto, a pedir que o artigo fosse impresso na íntegra, sem edição, pelo jornal, até 04 de setembro. Branstad, de 73 anos, foi governador do Estado de Iowa por duas vezes. O diplomata serviu em Pequim desde 2017, num período de rápida deterioração das relações entre Pequim e Washington.
Fórum Macau | Delegados destacam trabalho da secretária-geral Xu Yingzhen Hoje Macau - 14 Set 2020 Delegados representantes de países de língua portuguesa junto do Fórum Macau consideram que Xu Yingzhen, ex-secretária-geral, foi fundamental no trabalho de diplomacia económica sino-lusófona. A responsável deixou Macau com destino a Pequim este domingo [dropcap]O[/dropcap]s delegados do Fórum de Macau de Cabo Verde e São Tomé e Príncipe disseram ontem à Lusa que a ex-líder da entidade se destacou na promoção do comércio sino-lusófono nos quatro anos de mandato. “Destaco a promoção do comércio e investimento, bem como o fomento de parcerias industriais na nossa relação com a china”, afirmou o delegado de Cabo Verde no Fórum Macau, cujo nome oficial é Fórum de Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. “Aumentou-se o nível de intercâmbio com Cabo Verde, desenvolveram-se algumas parcerias com províncias chinesas”, sublinhou Nuno Furtado. A secretária-geral do Fórum de Macau, Xu Yingzhen, cessou as funções e regressou a Pequim no domingo, anunciou hoje a organização de cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa. Nuno Furtado lembrou os bons resultados, ao longo dos quatro anos de mandato de Xu Yingzhen, ao nível do desenvolvimento de recursos humanos, que significaram, na prática, a formação, “anualmente, de 50 quadros cabo-verdianos”. Na mesma linha, o delegado de São Tomé e Príncipe, Gika Simão, destacou a preponderância e a contribuição de Xu Yingzhen para o aumento das trocas comerciais China/Macau com aquele país africano. As competências humanas, a capacidade de diálogo e a capacidade de trabalhar em equipa foram algumas das qualidades de Xu Yingzhen que os dois delegados destacaram. “Como diplomata, sabe gerir muito bem os conflitos, sabe fazer as coisas acontecerem. Deixa saudades”, frisou Gika Simão, acrescentando que a ex-secretária-geral “aproximou o Fórum dos países de língua oficial portuguesa”. “O Fórum não visitava de forma permanente os países. Com a Xu, o Fórum passou a visitar todos os países [representados] uma vez por ano”, disse. A liderar desde 2016 A China estabeleceu a RAEM como plataforma para a cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum de Macau. Este Fórum tem um secretariado permanente, reúne-se a nível ministerial a cada três anos e integra, além da secretária-geral e de três secretários-gerais adjuntos, oito delegados dos países de língua portuguesa, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Xu Yingzhen, que assumiu funções em Julho de 2016, presidiu a “uma série de eventos de grande importância”, como a 5.ª Conferência Ministerial do Fórum de Macau, “a celebração do 15.º Aniversário da Criação do Fórum de Macau” e participou ainda às comemorações do 20.º aniversário da passagem da administração de Macau de Portugal para a China, em 20 de dezembro de 1999, lembrou o Fórum. Xu Yingzhen iniciou as funções na mesma altura em que São Tomé e Príncipe integrou o Fórum de Macau, ajudando o país e criando condições para ficar “ao mesmo pé de igualdade que os restantes” membros, frisou Gika Simão. Também o delegado de Cabo Verde enfatizou o “trabalho que foi realizado num ambiente de muita cooperação e colaboração”. “Tivemos uma secretária-geral com competência, capacidade de diálogo e habilidade para concretizar as medidas plasmadas nos planos de acção da 5.ª conferência inter-ministerial” que se realizou em outubro de 2016, afirmou Nuno Furtado. Já o secretário-geral adjunto do Fórum de Macau, Rodrigo Brum, destacou, em declarações à Lusa, a “boa colaboração, profícua”, que existiu entre os dois.
China diz que 12 detidos são ‘separatistas’ de Hong Kong, um tem passaporte português Hoje Macau - 14 Set 2020 [dropcap]A[/dropcap] porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês defendeu no domingo que os 12 detidos na China em agosto, entre eles um jovem com passaporte português, não são “ativistas democráticos”, mas ‘separatistas’ de Hong Kong. A publicação de Hua Chunying na rede social Twitter, numa resposta dirigida aos Estados Unidos, parece responder a uma das questões centrais neste processo, ou seja, a possibilidade de poderem ser acusados no continente no âmbito da lei de segurança nacional, que prevê pena de prisão perpétua. Antes, a porta-voz do Departamento de Estado norte-americano Morgan Ortagus, também no Twitter, afirmara que a detenção de “12 ativistas democráticos de Hong Kong é mais um exemplo de deterioração dos direitos humanos” na antiga colónia britânica. “A sério?!”, respondeu Hua Chunying. “As 12 pessoas foram detidas por atravessarem ilegalmente a fronteira (…). Eles não são ativistas democráticos, mas elementos que tentam separar Hong Kong da China”, acusou. A chefe do executivo de Hong Kong, Carrie Lam, já tinha dito na terça-feira que os 12 detidos têm de responder às acusações no continente antes de o Governo da região poder intervir. Tanto o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, como o Consulado geral de Portugal em Macau e Hong Kong afirmaram que estão a acompanhar o caso do jovem com passaporte português, ressalvando, no entanto, que “a China não reconhece a dupla nacionalidade a cidadãos chineses”. Uma situação que limitaria a intervenção das autoridades portuguesas no “domínio humanitário, procurando assegurar que o detido se encontra bem, que lhe seja dispensado um tratamento digno e que possa ser defendido por um advogado”. Familiares do grupo detido na China pediram no sábado que lhes seja permitido enviar medicamentos ou simplesmente falar com os detidos, instando as autoridades a permitir o seu acesso a advogados e o regresso a Hong Kong. Um dia depois, a polícia de Shenzhen, cidade onde o grupo permanece detido, divulgou uma nota oficial sobre o caso, a garantir que foram tomadas as medidas de coação habituais e que estão assegurados todos os direitos legais aos suspeitos de travessia ilegal da fronteira, quando tentavam chegar a Taiwan numa lancha. O sistema judicial chinês, controlado pelo Partido Comunista, partido único do poder na China, prevê o uso de “vigilância residencial em local designado”, que permite às autoridades manter em local desconhecido acusados de “colocar em perigo a segurança nacional”, por um período até seis meses, sem acesso a advogado ou contacto com familiares, uma forma de detenção que visa frequentemente defensores dos direitos humanos, incluindo advogados, ativistas ou dissidentes. As autoridades chinesas não formalizaram ainda qualquer acusação contra os ativistas de Hong Kong, incluindo um com passaporte português, e estão a pressionar os advogados escolhidos pelas famílias a afastarem-se do caso, disse à Lusa um dos mandatários. Entre os detidos, quando alegadamente fugir para Taiwan, está Tsz Lun Kok, um estudante da Universidade de Hong Kong (HKU), de 19 anos e com dupla nacionalidade portuguesa e chinesa. Tsz Lun Kok já tinha sido detido a 18 de novembro, com outras centenas de estudantes, durante o cerco da polícia à Universidade Politécnica de Hong Kong (PolyU), que terminou com a invasão das forças de segurança ao campus universitário, onde a polícia diz ter encontrado milhares de bombas incendiárias e armas. O jovem é acusado em Hong Kong de motim, por ter participado alegadamente numa manobra para desviar as atenções da polícia que cercou as instalações do campus, com o objetivo de permitir a fuga de estudantes refugiados no interior. A antiga colónia britânica atravessou, no ano passado, a pior crise política desde a transferência da soberania para as autoridades chinesas, em 1997, com protestos que levaram à detenção de mais de nove mil pessoas. Em junho, a resposta de Pequim aos protestos que se arrastavam há um ano em Hong Kong surgiu com a imposição da lei da segurança nacional na região administrativa especial chinesa, o que levou ativistas a refugiarem-se no Reino Unido e em Taiwan. Aquela lei pune atividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras com penas que podem ir até à prisão perpétua. Uma petição a pedir à Casa Branca a libertação do grupo já ultrapassou as cem mil assinaturas necessárias para receber resposta de Washington.
Secretária-geral do Fórum de Macau cessa funções e regressa a Pequim Hoje Macau - 14 Set 2020 [dropcap]A[/dropcap] secretária-geral do Fórum de Macau, Xu Yingzhen, cessou as funções e regressou a Pequim no domingo, anunciou hoje a organização de cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa. “A secretária-geral do Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau), Xu Yingzhen, terminou o seu mandato em Macau e regressou para Pequim no dia 13 de setembro”, de acordo com um comunicado. Xu Yingzhen, que assumiu funções em julho de 2016, presidiu a “uma série de eventos de grande importância”, como a 5.ª Conferência Ministerial do Fórum de Macau, “a celebração do 15.º Aniversário da Criação do Fórum de Macau” e ainda às comemorações do 20.º aniversário da passagem da administração de Macau de Portugal para a China, em 20 de dezembro de 1999, lembrou o Fórum, na mesma nota. A China estabeleceu a região administrativa Especial de Macau como plataforma para a cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum de Macau. “Xu Yingzhen tem-se dedicado afincadamente na promoção das relações económicas e comerciais sino-lusófonas e no apoio na construção de Macau enquanto Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, sublinhou. Este Fórum tem um secretariado permanente, reúne-se a nível ministerial a cada três anos e integra, além da secretária-geral, e de três secretários-gerais adjuntos, oito delegados dos países de língua portuguesa, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Cimeira UE/China reúne-se hoje com tensão económica na agenda Hoje Macau - 14 Set 2020 [dropcap]A[/dropcap] União Europeia e a China reúnem-se na segunda-feira numa cimeira extraordinária virtual, num momento em que a Europa sente crescente frustração, face à ausência de reformas estruturais na economia chinesa, segundo um analista. O Presidente chinês, Xi Jinping, vai reunir-se por videochamada com a chanceler alemã, Angela Merkel, o Presidente francês, Emmanuel Macron, e os presidentes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia, Charles Michel e Ursula von der Leyen, respetivamente. Uma cimeira extraordinária UE/China esteve marcada para setembro em Leipzig, na Alemanha, mas a pandemia de covid-19 levou ao seu cancelamento. Os dirigentes europeus e chineses já se tinham reunido por videoconferência en 22 de junho. Segundo a agenda do Conselho Europeu, além das relações económicas e comerciais, a reunião será consagrada às alterações climáticas, a “outras matérias internacionais e assuntos preocupantes”, assim como à resposta à pandemia. A UE está a negociar com a China um potencial acordo de investimento que visa proteger os interesses comerciais europeus na segunda maior economia do mundo. As negociações para o acordo, que tornaria mais fácil, por exemplo, aos investidores da UE comprarem participações em empresas chinesas, visando tornar a relação recíproca, arrastam-se há vários anos, alimentando a frustração dos líderes europeus e uma “mudança na postura” face à China, explicou à Lusa o sinólogo francês François Godement. O conselheiro para a Ásia no Institut Montaigne, em Paris, considerou que a União Europeia (UE) passou da “crença exagerada” de que o envolvimento com a China “traria mudanças por si só e integração”, para uma postura de “cautela e desafio”, visando garantir que “os seus interesses não são desafiados diretamente pela China”. Parte desta frustração deve-se à ausência de reformas estruturais na economia chinesa, algo que resultou já numa guerra comercial e tecnológica entre Pequim e Washington. “Trata-se de uma admissão fundamental por parte da UE sobre a falta de reforma e abertura na China. É realmente sobre a era de Xi Jinping”, apontou o analista, numa referência ao atual Presidente chinês, que reverteu décadas de reformas económicas e reforçou o domínio do Partido Comunista Chinês sobre a economia. “As exigências dos europeus são estruturais: libertar o mercado chinês de subsídios, abrir contratos públicos e a indústria dos serviços”, resumiu o sinólogo francês. A mudança de posição da Europa ocorre, no entanto, com mais discrição do que nos Estados Unidos, que passaram a definir a China como a sua “principal ameaça”, apostando numa estratégia de contenção das ambições chinesas em todas as frentes. Bruxelas adotou, nos últimos anos, várias “medidas defensivas”, incluindo a criação de um mecanismo de triagem do investimento externo e um outro para travar aquisições hostis durante a pandemia do novo coronavírus. A Comissão Europeia aconselhou ainda os Estados-membros a aplicarem “restrições relevantes” aos fornecedores considerados de “alto risco” nas redes móveis de quinta geração (5G), incluindo a exclusão dos seus mercados para evitar riscos “críticos”, numa alusão ao grupo chinês das telecomunicações Huawei. “A Europa não segue as mudanças de estratégia da administração dos Estados Unidos sob [Donald] Trump. Não soa tão hostil ou agressiva. Estas medidas defensivas foram tomadas sem nomear a China”, notou Godement. O analista disse, porém, que apesar da discordância entre os dois lados do Atlântico em vários assuntos, a atual administração norte-americana tem feito um esforço para formar uma frente comum contra Pequim. “Em muitas outras áreas, a aliança precisa de ser recriada, mas no que toca à China há uma discussão vigorosa”, explicou. “Os chineses são bons no que eu chamaria de concessões contratuais, como prendas, para avançar com a sua agenda, mas não concessões estruturais”, apontou. “O problema é que [estas concessões] só são feitas a parceiros numa posição de força, e não àqueles onde sentem fraqueza”, disse.
Mais antigo diário de Goa volta a publicar crónicas em português para celebrar 120 anos Hoje Macau - 14 Set 2020 [dropcap]O[/dropcap] mais antigo diário de Goa, na Índia, fundado em 1900, vai voltar a publicar uma crónica semanal em português, no ano em que o jornal celebra o 120.º aniversário, disse à Lusa o editor. “Quando celebrámos o 120.º aniversário, em janeiro, pensei que devíamos publicar um suplemento em português, mas não aconteceu nessa altura”, contou à Lusa Alexandre Moniz Barbosa, responsável do diário Herald, publicado em inglês há 37 anos. O jornal tinha além disso “muitos leitores” a pedir uma página em português, explicou. “Achámos que uma página inteira era capaz de ser muito ambicioso, e decidimos começar com uma crónica semanal, para ver com corria”. O diário chamava-se originalmente “O Heraldo”, e apesar de hoje ser mais conhecido por Herald, “os dois ‘o’ foram mantidos no logo”, em cor mais clara, recordou o editor, sublinhando que “as raízes” da publicação foram “em língua portuguesa” e que o jornal tem orgulho na sua história. A primeira crónica, intitulada “A relevância da língua portuguesa em Goa”, foi publicada no domingo passado, com muitas reações elogiosas e sem “qualquer controvérsia”, num estado em que a língua franca é o concani e se fala também marata, inglês e hindi. “Até agora correu maravilhosamente bem”, referiu Alexandre Moniz Barbosa. “Tivemos muitas reações em inglês e até cartas em português de pessoas em Goa, todas elogiosas. Agradeceram-nos e disseram-nos que ia ser uma grande ajuda, sobretudo para os jovens que estão a aprender a língua, porque não temos nenhuns jornais ou revistas em português em Goa”, acrescentou. A conversa com o editor do Herald – que lhe chama sempre “O Heraldo”, o nome dado pelos fundadores – começa em inglês, mas passa rapidamente para português, apesar de Alexandre Moniz Barbosa, com 51 anos, nunca ter estudado a língua. “Eu nasci depois de 1961, quando foi a libertação de Goa, mas em casa, com os meus pais, falava um pouco português. Nunca estudei português, nem na escola, nem na universidade”, recordou, apontando que o conhecimento do idioma agora lhe vai ser útil profissionalmente. “Se eu não conseguisse ler, não ia saber o que vai sair no jornal [ao domingo]”, brincou. O responsável do Heraldo, que se orgulha de ter sido “o primeiro” a entrevistar o atual primeiro-ministro António Costa, de origem goesa, “quando ele ainda era presidente da Câmara Municipal de Lisboa, para o [jornal] Times of India”, assinou um editorial em que defendeu a importância do português, “não só como língua do passado”, mas também “do futuro”. Para Alexandre Barbosa, aprender português “como terceira língua” pode ser uma vantagem “no mercado de trabalho internacional”. “Nós estamos a começar com a crónica em português também porque há alguns jovens que estão a aprender português na Universidade de Goa, não só de Goa, mas de várias partes da Índia, que vêm todos os anos para fazerem mestrado” no idioma, explicou. A iniciativa conta com a colaboração de Cristo Prazeres da Costa, filho de um antigo responsável do jornal nos anos 1960, década em que Goa viria a integrar a União Indiana. O jornal foi o primeiro diário fundado em Goa, no então Estado Português da Índia, em 1900, e continuou a ser publicado em português até 1983, mais de duas décadas depois de tropas indianas expulsarem os portugueses, em 19 de dezembro de 1961, após uma presença de quase 500 anos. A redação da crónica, que vai ser publicada todos os domingos na edição impressa e também no site, na secção ‘review’, vai ser assegurada por “goeses em Goa e goeses em Portugal”. Na primeira, divulgada no dia 06 de setembro, aponta-se “que há muito vocabulário da língua portuguesa” usado “corriqueiramente” em concani, “a língua de Goa”, como “xarop” (xarope) ou “shushegad” (sossegado), sublinhando que até o ministro chefe daquele estado usa o termo “doens” (doença) para se referir à covid-19. Várias gerações de goeses leram o jornal centenário, que continua a ser o mais vendido em Goa em língua inglesa, e a crónica em português também atraiu muitos leitores em Portugal, no domingo passado. “Houve muitas pessoas que leram. Aquilo foi uma novidade, agora se vão continuar a ler, não sei”, disse o responsável do “Heraldo”.
Shenzhen | Sem notícias há 20 dias, famílias de activistas detidos imploram por ajuda Hoje Macau - 14 Set 2020 Os 12 activistas de Hong Kong, detidos quando se dirigiam numa lancha para Taiwan, continuam sem acesso a qualquer contacto com o exterior. As famílias desesperam e pedem que lhes seja permitido falar com os detidos ou fazer-lhes chegar medicamentos, indispensáveis para alguns deles [dropcap]F[/dropcap]amiliares do grupo preso na China há 20 dias pediram sábado que lhes seja permitido enviar medicamentos ou simplesmente falar com os detidos, instando as autoridades a permitir o seu acesso a advogados e o regresso a Hong Kong. O apelo foi feito durante uma conferência de imprensa na antiga colónia britânica que juntou mães, pais e irmãos de seis dos 12 activistas pró-democracia detidos em 23 de Agosto pela guarda costeira chinesa, e que incluem o estudante universitário Tsz Lun Kok, com passaporte português. O grupo foi detido por suspeita de “travessia ilegal” quando se dirigia de barco para Taiwan, onde se pensa que procuravam asilo político. Envergando capuzes, óculos de sol e máscaras para proteger a sua identidade, os familiares dos detidos exigiram sábado que as autoridades chinesas permitam o acesso dos seus familiares aos advogados da sua escolha, até agora recusado pelas autoridades prisionais, em alguns casos alegando que já teriam sido nomeados advogados oficiosos pelo Estado chinês. “Não consigo dormir desde que ouvi a notícia [da detenção]. Estou muito preocupada […], nem sequer sei se ele ainda está vivo”, queixou-se a mãe de um dos detidos, de acordo com a correspondente da agência France-Presse (AFP) em Hong Kong, que divulgou as declarações na rede social Twitter. Em alguns casos, denunciaram, foi-lhes recusado enviar medicação de que os seus familiares dependem, como antidepressivos ou medicamentos para a asma. “Todas as manhãs ele precisa de inalar o remédio para a asma”, explicou o irmão de um dos activistas detidos, contando que, quando ligou para o centro de detenção em Shenzhen, na China, para tentar que os medicamentos lhe fossem entregues, um agente lhe terá dito que a sua identidade não podia ser verificada, desligando o telefone. Numa declaração lida pelo deputado James To, do Partido Democrático, a mãe de um detido com 16 anos queixou-se que não consegue dormir, e só espera que o filho possa telefonar e que o advogado que contratou possa encontrar-se com o menor em Shenzhen, segundo a mesma fonte. Insuficiências Na terça-feira, a Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, disse que os 12 detidos do território na China têm de responder às acusações no continente antes de o governo da região poder intervir, um anúncio criticado sábado pelas famílias. “Espero que o governo [de Hong Kong] nos possa dizer o que se está a passar”, apelou a mãe de outro dos detidos. “Quanto mais notícias leio, mais medo tenho”, acrescentou. O advogado em Hong Kong do jovem com passaporte português disse sábado à Lusa que a mãe de Tsz Lun Kok teve receito de participar na conferência de imprensa, por temer que isso pudesse prejudicar o filho, que enfrenta acusações relacionadas com a participação nos protestos pró-democracia na antiga colónia britânica, em 2019. O advogado, que pediu para não ser identificado, continua sem notícias do Consulado de Portugal em Macau e Hong Kong. “Dizem que estão a acompanhar [o caso], mas os esforços que dizem estar a fazer estão longe de ser satisfatórios”, criticou, defendendo que um representante consular deveria “dirigir-se pessoalmente ao centro de detenção em Shenzen”, em vez de tentar contactar as autoridades chinesas por telefone. A Lusa questionou novamente o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) português na sexta-feira, para saber que diligências foram feitas para obter informações sobre o jovem e se tiveram resposta, mas o gabinete de Augusto Santos Silva não respondeu até agora às questões.
Governo prevê aumento de visitantes durante a semana dourada Pedro Arede - 14 Set 2020 [dropcap]A[/dropcap] Directora dos Serviços de Turismo (DST), Maria Helena de Senna Fernandes, acredita que o número de visitantes que vão cruzar a fronteira para entrar em Macau durante a semana dourada vai aumentar. Contudo, apesar de não apresentar previsões mais concretas, a responsável sublinha a importância da vinda de mais turistas para o território. “Não estamos a fazer nenhuma previsão neste momento, porque as condições são difíceis para o fazer. A partir da retoma de emissão dos vistos individuais para Zhuhai andámos mais ou menos à volta de 9 mil visitantes por dia, a entrar em Macau. Agora com Guangdong também aberto, estamos a ter mais ou menos 15 mil visitantes diários. Esperamos com a abertura completa do Interior da China no dia 23 ter, durante a semana dourada, mais visitantes a entrar e bem precisamos destes visitantes, não só para a área do turismo, mas também para outras que podem beneficiar a cidade inteira”, partihou Helena de Senna Fernandes, à margem do evento de apresentação do Grande Prémio de Macau. A directora da DST reiterou ainda que não será só pela retoma dos vistos e da abertura de fronteiras que “vem muita gente de um dia para o outro” e que em termos de viagens turísticas há agora “muita coisa para reaprender”. “Só para fazer a saída do país, há muitas condições a satisfazer, como fazer o teste de ácido nucleico e apresentar o código de saúde. Ou seja, há muitas coisas ainda para recomeçar a aprender sobre a forma de atravessar fronteiras”, explicou a responsável. Zero comunitário Questionada sobre a forma como estão a decorrer as conversações para a abertura das fronteiras entre Macau e Hong Kong, Maria Helena de Senna Fernandes referiu que ainda não existem condições para avançar uma data fixa para o levantamento das restrições em vigor. “Neste momento Hong Kong ainda tem casos comunitários. Até eles não terem casos acho que ainda vai levar algum tempo porque ainda estão a testar toda a gente. Espero que muito em breve haja condições de entrada mais fáceis”, afirmou. A responsável da DST esclareceu ainda que o cenário em que as fronteiras entre os dois territórios voltam a abrir, não está dependente de “haver zero casos”, mas sim “haver zero casos comunitários”. “Se virmos o que se tem passado no Interior da China, os casos importados não entram nesta conta, mas os comunitários são uma indicação muito importante para ter esta confiança que permite obter a autorização do levantamento das medidas”, reforçou Maria Helena de Senna Fernandes.
Assédio sexual vai de comboio Hoje Macau - 14 Set 2020 [dropcap]I[/dropcap]sto em Portugal está depravado, meus amigos. É cada vez mais triste viver neste país. Já não basta a situação económica miserável do povo, agora a violência doméstica e o abuso sexual não tem fim e aumenta de semana para semana. De todas as formas. Em todas as classes sociais. De pais que abusam sexualmente dos filhos com três anos de idade. Padrastos que violam as enteadas menores. Maridos que batem violentamente e chegam a matar as suas mulheres, tudo por ciúmes ou por dinheiro. Mães que matam os bebés à nascença. Mulheres que mandam matar os maridos para ficarem com a herança. Mulheres que introduzem as filhas menores na prostituição e quando as meninas aparecem grávidas atiram o feto resultante do aborto para o lixo. A violência doméstica tem parâmetros inimagináveis. Falei com uma psicóloga que me descreveu casos horríveis e que, infelizmente, referiu que as mulheres sofrem e silenciam. Um silêncio de 20, 30 ou de 40 anos. Muitos maridos tornaram-se alcoólicos. Alguns, por trauma resultante de uma comissão militar na guerra colonial. Mataram dezenas de seres humanos, viram morrer camaradas ou ficarem sem pernas ou sem braços na sequência de uma mina que despoletou. São alcoólicos, pronto. E com o álcool como lema de vida chegam a casa e batem violentamente nas mulheres que durante toda uma vida lhes deram tudo: filhos, comida esmerada, roupa lavada e passada a ferro, limpeza da casa, recepção aos amigos que assiduamente eles trazem para casa e, em muitos casos, muito dinheiro. Neste último caso simplesmente porque as mulheres são filhas de pais ricos ou têm um emprego bem remunerado. A violência doméstica e sexual está a ultrapassar todos os limites. Os predadores chegam a um ponto chocante de após a violação das crianças, venderem-nas aqueles que não puderam ter filhos e que sempre lutaram por adoptar um “filho”. Os abusos sexuais são notícia diária nos órgãos de comunicação social. Os mais velhotes nem acreditam, mas lembram-lhes que o abuso sexual, apesar de uns poucos casos, sempre existiu, só que o antigo regime censurava qualquer notícia do género. Os pedófilos e os predadores têm sentido uma certa liberdade para levar a efeito o seu paradigma lamentável. Acontece que os tribunais, na sua maioria das decisões, não enviam esses energúmenos para a prisão seis ou dez anos. Vão em liberdade para repetirem o abuso sexual de crianças ou para continuarem a bater horrorosamente nas suas companheiras. A mesma psicóloga com quem debati e aprendi as muitas razões que levam um ser humano pai ou mãe, padrasto ou madrasta a abusar das crianças, salientou-me que tudo tem a ver com o cérebro. Quando o cérebro está doente o pedófilo não sente nenhuma dor. Quando um homem ou uma mulher agride violentamente, a perturbação mental resultante de um sentimento muito doentio, muitas das vezes já não é o consciente que trabalha. Melhor que ninguém para nos falar sobre a matéria do abuso sexual e as razões da sua origem seria a nossa colega destas páginas Tânia dos Santos, porque o apetite sexual anormal tem muito que se lhe diga e encerra muitas vicissitudes da vida do criminoso. O sexo é uma realidade, mesmo entre padres e freiras, entre homens, entre mulheres, entre vários homens ou mulheres em orgias, e admite-se. Mas, o que não compreendemos e muito menos aceitamos é que as nossas crianças sejam abusadas sexualmente aos três e quatro anos de idade. E por aí fora. Com 14 ou 15 anos uma rapariga violada sem consentimento é na maior parte dos casos um trauma para o resto da vida. As mulheres que são agredidas, muitas vezes diante dos filhos que choram e gritam para que o pai termine a agressão, têm que me desculpar, mas a culpa está muito do lado delas quando silenciam o crime desumano. Portugal está louco, como nunca, pelo sexo. Cada vez mais a pornografia paga milhões de euros a jovens desempregadas, já se realizam sessões só com a presença de mulheres para apalparem homens nus. O abuso sexual está inclusivamente na rua, onde uma rapariga menor não pode andar na urbe sozinha. Ainda recentemente, três indivíduos atacaram uma jovem e violaram-na violentamente deixando-a às portas da morte em plena avenida da capital do país. O abuso sexual tem de ser combatido radicalmente pelas autoridades e as instituições de apoio a menores e às mulheres vítimas de violência têm de ter as mínimas condições de dignidade e eficiência para receber quem sofre este tipo de atrocidades. O abuso sexual, imaginem, até anda de comboio. É verdade, a modelo Sara Sequeira, de 28 anos, que aqui deixamos a sua imagem, foi descansadamente comprar o bilhete de comboio numa estação perto de Tomar e a dado momento o revisor do comboio começou a olhar fixamente para o decote da utente da CP (Comboios de Portugal) e para surpresa da modelo, repentinamente o revisor exclamou: “Ainda bem que não está frio, senão as suas mamocas constipavam-se”. Ao que isto chegou, um funcionário de uma das maiores empresas portuguesas que existe para servir o povo da melhor forma, tem nos seus quadros abusadores sexuais. A modelo Sara Sequeira exigiu-lhe um pedido de desculpas e o funcionário da CP, absurdamente, retorquiu que “não fiz nada de mal”. Felizmente, que neste caso, a CP já abriu um processo contra o seu funcionário e a modelo vai entrar com uma queixa-crime. *Texto escrito com a ANTIGA GRAFIA
Cargos e vencimentos na Procuratura José Simões Morais - 14 Set 2020 [dropcap]Q[/dropcap]uando a 26 de Outubro de 1866 S. Ex.ª o Governador de Macau José Maria da Ponte e Horta (1866-1868) tomou posse, as circunstâncias determinavam a urgência de um regulamento para a Procuratura dos Negócios Sínicos da cidade de Macau. Já o decreto de 5 de Julho de 1865 iniciara a reforma que urgia adoptar, mas a única alteração imediata ordenada fora separar a Procuratura, do Senado da Câmara. O Governador da província escolhia o Procurador entre os elegíveis para vereadores e segundo Beatriz Basto da Silva, “O Procurador dos Negócios Sínicos de Macau desempenha, em conformidade com o Decreto desta data, as funções de Administrador do Concelho de Macau, acumulando-as ainda como membro da Junta da Justiça e como Vereador da Câmara Municipal.” O Procurador dos Negócios Sínicos só em 1866 passou a estar desligado do Senado e a ter nomeação régia, sobre proposta do Governador da província. O primeiro a ocupar esse novo cargo foi António Feliciano Marques Pereira. Como funcionário Público, cuja tabela de vencimentos para o ano económico 1866-1867 apareceu no Suplemento ao Boletim do Governo de 1 de Dezembro de 1866, na Secção 3.ª Procuratura, referia-se: . Nessa tabela para o Governo e Administração Geral, no Artigo 1.º sobre Governo de Macau, na Secção 1.ª está o ordenado anual do Governador, 3750$000 réis. Na Secção 2.ª, relativa à Secretaria do Governo, o Secretário recebia 700$000 réis e o Oficial de Secretaria 400$000. Já na Secção 3.ª Procuratura, para além do ordenado anual do Procurador da cidade de 600$000 réis, o primeiro intérprete, então João Rodrigues Gonsalves, auferia 1150$000 réis. Estudo da língua chinesa Os jesuítas, mal entraram na China, aprenderam logo a língua dos mandarins e em Macau, ensinaram-na no seu Colégio universitário de S. Paulo e nas escolas. Com o fim da Companhia de Jesus, em Macau a 5 de Julho de 1762, sendo os jesuítas expulsos, vieram em 1784 os padres lazaristas da Congregação da Missão. Deles destacou-se como professor da língua sínica o padre Joaquim Afonso Gonçalves (1780-1841). Chegara a Macau a 28 de Junho de 1813 e leccionou inglês, chinês e música no Seminário de S. José até morrer, tendo aí formado quase todos os sinólogos macaenses do século XIX. Escreveu uma gramática latina e para a língua chinesa, tanto falada como escrita, a obra Arte China, assim como, os dicionários português-chinês e o chinês-português, ambos ‘no estilo vulgar mandarim e clássico geral’. Entre os alunos contava-se João Rodrigues Gonsalves, que em 1823 entrara ao serviço do governo e em 1842, seguindo para o reino, foi como deputado eleito por Macau. Em 23 de Abril de 1862, como intérprete acompanhou a Pequim o Conselheiro Isidoro Guimarães, Governador de Macau e ministro plenipotenciário de Portugal na China, para negociar um tratado de amizade, navegação e comércio entre ambos os países. Segundo intérprete da língua sínica Por Decreto de 12 de Julho de 1865 é criado um corpo de intérpretes e de alunos intérpretes da língua sínica. Entre os cargos apareceu o de segundo intérprete da língua sínica, ocupado então por José Joaquim Viera. Mas em anúncio n’ O Boletim do Governo de Macau de 19/11/1866 declarava-se estar Por portaria N.º 47 de 29 de Dezembro de 1866, o Governador José Maria da Ponte e Horta determinava que o júri de exame, para o concurso do lugar de segundo intérprete da procuratura, fosse composto do sr. procurador dos negócios sínicos como presidente, sem voto, e dos sinólogos, os srs. João Rodrigues Gonsalves, José Martinho Marques e revdo. Pe. Pedro Baptista, devendo o júri reunir-se na Procuratura ao meio-dia do dia 3 de Janeiro de 1867. O segundo intérprete da língua sínica tinha como ordenado anual 800$000 réis. Havia ainda na Procuratura mais dois alunos intérpretes (Pedro Nolasco da Silva Jr. e Eduardo Marques) e o primeira língua (Maurício Xavier), recebendo cada um 300$000 réis de ordenado, enquanto o segunda língua, que desde 22/6/1865 era José Thomas Robarts, vencia 180$000 réis. Sobre os dois alunos intérpretes aparecera na parte oficial d’ O Boletim do Governo de Macau de 26 de Junho de 1865, Ministério da Marinha e Ultramar, 2.ª Direcção, 1.ª Repartição, n.º 25: . Na madrugada de 16 de Janeiro de 1867 faleceu repentinamente de uma apoplexia fulminante o Sr. Comendador José Bernardo Goularte, tenente-coronel comandante do Batalhão Nacional e superintendente da emigração chinesa. Fora Procurador da Cidade em 1865, quando a Procuratura ficou separada da Câmara. O enterro ocorreu na tarde do dia seguinte e havendo necessidade de se aumentar o quadro dos amanuenses na Procuratura, aproveitou o governador para nomear o filho do Sr. Goularte para um tal emprego, e sabemos que depois do enterro, que S. Exa. acompanhou também, mandara entregar ao Sr. José B. Goularte Jr. a nomeação que dele fizera para amanuense (escriturário) da Procuratura. Aí trabalhavam dois amanuenses (Pio Maria de Carvalho e Francisco de Paula da Costa) e cada um recebia anualmente 183$600 réis. Depois estava o Primeiro-Oficial de Diligência, Benjamim Pereira Simões, que auferia 180$000 réis, Vicente da Luz, como Segundo-Oficial, com 153$000 réis, e o Letrado chinês (gratificação) de 216$000 réis. Esta a Tabela de vencimentos anuais dos cargos da Procuratura para o ano económico 1866-1867.
GP Macau | Interesse público garante entrada de pilotos estrangeiros Pedro Arede - 14 Set 2020 O 67.º Grande Prémio de Macau realiza-se entre 19 e 22 de Novembro e vai ter um orçamento de 250 milhões de patacas. Haverá seis corridas e a Fórmula 3 dará lugar à Fórmula 4. Segundo a organização, há pilotos estrangeiros interessados em participar, mesmo fazendo quarentena. A entrada será garantida por motivos de interesse público [dropcap]É[/dropcap] a ultrapassagem possível. Condicionada pela pandemia, a 67.ª edição do Grande Prémio de Macau vai realizar-se entre 19 e 22 de Novembro sem corridas de Fórmula 3, a prova principal do evento, e à procura de garantir a presença de pilotos estrangeiros de renome, cuja entrada será permitida através do levantamento excepcional das restrições em vigor. A explicação foi dada na passada sexta-feira pela Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Leong U, à margem do evento de apresentação da edição deste ano. “É possível dispensar a restrição de entrada de estrangeiros, uma vez que a sua entrada tem interesse público para a RAEM. Se a situação da pandemia melhorar claro que vamos querer levantar essas restrições de entrada para todos, mas agora vamos utilizar o mecanismo para levantar essa restrição de entrada aos pilotos estrangeiros”, esclareceu a secretária. Além disso, de acordo com o presidente do Instituto do Desporto e Coordenador da Comissão organizadora do GP, Pun Weng Kun, esses pilotos estrangeiros “estão disponíveis para vir a Macau, mesmo fazendo quarentena de 14 dias”, até porque muitos deles, especialmente das provas de Motos, “querem muito vir a Macau”, depois de verem grande parte do calendário internacional cancelado, devido à pandemia. Ainda sem nomes de pilotos mais ou menos sonantes para adiantar, pois a decisão da sua vinda “envolve também as suas equipas”, Pun Weng Kun adiantou, no entanto, esperar que a 67.ª edição do GP de Macau venha a receber cerca de 200 pilotos, ou seja, mais 40 que o total da edição do ano passado. “Este ano é muito particular e por isso temos de aguardar pelas respostas das respectivas equipas”, acrescentou. À margem da conferência, Kun lembrou ainda que, à excepção da Fórmula 1, “muitas outras modalidades sofreram mudanças e cancelamentos” e que só através do esforço conjunto do Governo, Serviços de Saúde e outras áreas, tem sido possível controlar a pandemia e realizar os preparativos em conjunto com a Federação Internacional de Automobilismo [FIA]. “Estamos convencidos que a edição deste ano decorrerá com sucesso”, rematou. Com um orçamento de 250 milhões de patacas, menos 20 milhões que no ano passado, o 67.º Grande Prémio de Macau irá contemplar seis corridas, deixando de fora aquela que tem sido a sua prova principal de longa data, a Fórmula 3. Em substituição, a organização vai avançar com o Grande Prémio de Fórmula 4. “Este ano, a Fórmula vai ser Fórmula 4 (…) e vamos ter sobretudo pilotos que participaram nas corridas de Fórmula 4 que decorreram no Interior da China. Os pilotos locais que cumpram os requisitos e estejam a participar nesta modalidade também são bem-vindos”, explicou Pun Weng Kun. Ajustes necessários Embora com ajustes, as restantes cinco provas mantêm-se, ou seja, a Taça GT Macau, a Corrida da Guia Macau, o 54.º Grande Prémio de Motos de Macau, a Taça de Carros de Turismo de Macau e a Taça GT – Corrida da Grande Baía. A Taça GT Macau é composta pelas GT3 e GT4 e os pilotos participantes serão seleccionados de entre os participantes das corridas China GT Championship e Taça GT Azia Pacific, os quais irão competir com pilotos de Macau. No caso da Corrida da Guia Macau, os pilotos vão ser escolhidos a partir das provas TCR Azia e Azia Pacific 2.OT, igualmente com a participação de pilotos locais. Já devido ao cancelamento de provas na Europa, os pilotos que vão participar no Grande Prémio de Motos serão convidados com base nos resultados obtidos na edição do ano passado, acontecendo o mesmo para a Taça GT da Grande Baía. Por fim, a Taça de Carros de Turismo de Macau irá manter o formato do ano passado, com as categorias das classes 1600cc Turbo e 1950cc a competirem na mesma pista. Pun Weng Kun frisou ainda que a organização está a preparar vários planos alternativos que incluem o cancelamento de algumas ou, no limite, de todas as provas do GP, caso a situação epidemiológica piore. No entanto, o responsável assumiu estar confiante na realização do evento. Haverá público nas bancadas e os bilhetes estarão à venda a partir de 21 de Setembro, mantendo-se o preço inalterado, ou seja, 50 patacas para os dias de treinos (19 a 20 Novembro) e entre 400 e 1000 patacas para os dias das provas (21 e 22 de novembro). Serão ainda instaladas máquinas de bilhetes self-service e a admissão ao evento será feita através de pulseira electrónica.
FIMM | Festival de música com uma estreia mundial Salomé Fernandes - 14 Set 2020 “Um Século de Música Chinesa”, “Mahler Sinfonia N.º 1” e “Bravo Macau!” são os novos concertos anunciados no âmbito do Festival Internacional de Música de Macau. Entre as peças que sobem ao palco no próximo mês, a composição “Echoes from the Old Macao” é apresentada pela primeira vez ao público [dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) revelou mais três concertos que integram o programa do Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) a realizar em Outubro. Entre eles, encontra-se o espetáculo de abertura da temporada de concertos da Orquestra Chinesa de Macau, intitulado “Um Século de Música Chinesa”. A apresentação acontece dia 4 de Outubro e conta com a participação da mestre de pipa Zhang Hongyan e o intérprete contemporâneo de guzheng, Luo Jing. Os músicos de cordas dedilhadas vão tocar as peças Flores no Rio ao Luar da Primavera, e Canção dos Pescadores ao Crepúsculo. Além deste concerto, Zhang Hongyan vai dar uma “masterclass” de pipa dia 3 de Outubro pelas 19h00. Directora do departamento de instrumentos tradicionais do Conservatório Central de Música e professora na Faculdade de Artes da Universidade de Pequim, vai partilhar orientações técnicas sobre o instrumento numa sessão gratuita, mas limitada a três participantes e 22 observadores. Os interessados devem registar-se entre 14 e 23 de Setembro. No dia 10 de Outubro é a vez do concerto “Mahler Sinfonia N.º 1”, apresentado pela Orquestra de Macau e a Orquestra Sinfónica de Shenzhen, subir ao palco. O objectivo passa por “promover o intercâmbio artístico na área da Grande Baía”, descreveu o IC. É de destacar este concerto conta com a estreia mundial do primeiro movimento da composição “Echoes from the Old Macao”, de Lam Bun-Ching, bem como da interpretação do Concerto para Violino n.º 5 de Mozart pela jovem Huali Dang. O maestro principal da Orquestra de Macau, Lu Jia, vai conduzir uma conversa pré-espectáculo, para desconstruir as três obras que são levadas a concerto, para os participantes perceberem melhor o espírito das peças. Tanto “Um Século de Música Chinesa” como “Mahler Sinfonia N.º 1” decorrem no grande auditório do Centro Cultural de Macau, pelas 20h00. Talento local Por último, com vista a promover o desenvolvimento musical de Macau, tem lugar no Teatro Dom Pedro V o concerto “Bravo Macau!”, no dia 31 do próximo mês. Oferece uma plataforma para apresentar jovens músicos locais, contando com a participação do percussionista Andrew Chan e do saxofonista Lee Chi Pok. Vão dar vida a peças como a Sonata for Alto Saxophone and Piano, op. 19, de Creston, e um arranjo da “Nightclub 1960”, de Astor Piazzolla. Andrew Chan ganhou o concurso a solo de marimba do Australian Percussion Eisteddfod e foi convidado a actuar na China Central Television. Por sua vez, Lee Chi Pok foi o vencedor do nível avançado de saxofone do 34º Concurso para Jovens Músicos de Macau e é estudante no Conservatoire Royal de Liège. Os bilhetes para os concertos já estão à venda, e abrem hoje de manhã as inscrições online para as restantes actividades.