Konstantinos Kavávis

Desçamos a Alexandria e nela tentemos focar a imagem do poeta, ao que se sabe, um homem bonito que na sua cidade foi compondo aquela obra de fronteira, tão universal, quanto cheia de Impérios e de areias, tão do corpo, do corpo tocado, da forma soprada, que Alexandria é como as lendas e Kaváfis um puro encantamento dentro dela.

Que nós, os mais naturais, pouco entendemos de fascínios e quase esquecemos a espionagem da Rota da Seda – a rota da Civilização – circuito onde toda a beleza e perigos algures se cruzaram. O poeta tinha no sangue todos estes caminhos desde a Pérsia, à Arménia, à Macedónia, Constantinopla pela herança helénica, e mesmo assim não vamos encontrar nele um ser histriónico, entusiasta, antes pelo contrário, foi um homem metódico, escrupuloso, secreto e burocrata, distinguindo muito bem os papéis do seu próprio destino. A sua obra também não foi prolífica – 154 poemas ao todo que passaram a livro póstumo e que durante a vida ele editara em panfletos, folhas soltas, num sistema de divulgação muito popular na Grécia, em neogrego, a língua do Oriente helenizado que Kaváfis faz brilhar na sua vertente linguística.

Mesmo em Alexandria poderemos dizer que não se encontra separado da sua geração no que respeita ao estilo da corrente Simbolista, mas ele não fará nenhuma alusão específica e foi ainda possível conhecer-lhe melhor os passos através do célebre «Quarteto de Alexandria», de Lawrence Durrel, que o retrata para o fim como um ancião cosmopolita avesso, no entanto, à luz eléctrica, gostando da penumbra e optando por luz de velas ou candeeiros a gasolina. Mas era a sua «noite iluminada», revestida de boémia, que o introduzia na saciedade dos corpos carregando a sua homossexualidade como um anátema social que não lhe roubara nenhum prazer saciável que tanto sentiu diante da beleza adónica.

É que Kaváfis era um esteta e nenhum moralismo lhe tiraria as forças e de tal forma um ser erótico que soube dizer como jamais escutámos no poema esta conjugação de aspectos: «esforça-te, poeta, por retê-las todas (as imagens) embora sejam poucas as que se detêm/ as fantasias do teu erotismo põe-nas semiocultas, em meio às tuas frases» esta reserva, este sentido do oculto sem no entanto anular a carga da mensagem, conferem-lhe pleno poder de concisão e vigilância que lhe permite estar atento ao dolo intranquilo de todo o prazer que não é selado. Talvez que a sua própria vida lhe desse a conhecer o limite da beleza enquanto acto transgressivo, e que nela, no pico mais alto, se correm os maiores perigos que contribuem para elevar essa busca ardente.

O poeta viajou mas é como se nada disso o tivesse impressionado. Ele era da sua cidade o amante dilecto, «aquela em que nunca chegou pois nunca partiu» e sabe-se que gostava de palmilhar a pé quotidianamente os seus bairros, falando de forma casual para quem o quisesse ouvir da sua poesia, onde fumava demoradamente uma longa piteira e se foi constituindo assim um ser sem grande propensão para outras demoras. Havia uma certa antipatia nos centros das esferas literárias que não entreteve com querelas e criticismo vão, para além de nunca lhe ter sido sensível o factor político ou social. O “bas-fond” da cidade deu-lhe as imagens mais representativas e talvez no limite se sentisse por elas subjugado por sua própria natureza poética, que não raro toca o desespero e o vazio de viver, e talvez aí a sua comoção fosse para além do instante e encontrasse matéria para os temas transformados na maravilhosa narrativa que foi afinal a rescrição continua dos seus poemas.

Aqui vemos o perfeccionista, o homem que se demora a contemplar e a corrigir exaustivamente a sua obra, sem tempo para continuar a outra que o reino da quantidade gosta de esvaziar nos incautos bloqueados. O seu tom confessional nunca fraquejou embora não nos demonstre jamais o seu martírio, será talvez esta sobriedade que mais o coloca na senda aristocrática de um sangue grego antigo de que descendia. E quando, e quanto ao corpo, há um estremecimento nessa forma tão bonita de o mencionar ao dizer: «Lembra corpo, não só o quanto foste amado, não só os leitos onde repousaste/mas também os desejos que brilharam por ti em outros olhos claramente/agora que tudo isso se perdeu no passado, é quase como se a tais desejos te entregaras/e como brilhavam, lembra, nos olhos que te olhavam/ e por ti na voz tremiam, lembra corpo».

Por ele embarcámos para Ítaca numa viagem de coragem e de amor, aprendemos a não apressar o passo e a refrear as ambições, fez-nos ainda predestinados e atentos através da ilha que é a sua alma velando por nós todos à escala humana, alertou-nos para o perigo das construções que podem ser maléficas sempre que as invocamos mal na nossa mente, olhámos ainda a beleza do altivo espírito do pensamento e a importância maior de não abrigarmos espectros. Fez-nos esperar pelos Bárbaros (que contemplam aqueles que a Europa hoje deixa a morrer no Mediterrânio) com alegria e satisfação logrando serem a única solução, sabendo que vinham das tribos festivas do mundo onde se compunham os orais poemas da sua virtude. Conseguiu remeter o fio do tempo para ciclos antropológicos que ninguém consegue ver o que abrigam de riqueza e oportunidade, causou-nos a maior abertura para vermos que padecemos de um desconhecido medo e que os ciclos históricos são como as vagas dos oceanos, navegamos por eles. Lembrou-nos os Oráculos no «Prazo de Nero» e a sua geometria do destino talvez apontasse também ela para uma certa predestinação, nascido a 29 de Abril de 1863, nesse mesmo dia morreria em 1933. Não foram os Idos de Março, esse temor antigo de que fora afinal um célebre guardião.

Não me deixei prender. Libertei-me e fui em busca de volúpias
Que em parte eram reais,
Em parte haviam sido forjadas por meu cérebro;
Fui em busca da noite iluminada.

Diplomatas portugueses compareceram no julgamento de Tsz Lun Kok

O embaixador português na China, José Augusto Duarte, garantiu o acompanhamento das autoridades portuguesas do caso que envolve o jovem luso-chinês, adiantando que não é ainda altura de tirar conclusões. A diplomacia portuguesa, e não só, acompanha o julgamento numa sala ao lado do local da audiência

 

Diplomatas portugueses estiveram ontem no tribunal chinês onde arrancou o julgamento de dez jovens de Hong Kong, entre os quais o luso-chinês Tsz Lun Kok, acusados de tentarem fugir da região semiautónoma chinesa de lancha.

Fonte da embaixada de Portugal na China confirmou à agência Lusa a presença dos diplomatas numa sala ao lado do local onde está a decorrer a audiência, por cruzamento ilegal da fronteira. Dois deles são também acusados de terem organizado a tentativa de fuga, segundo a acusação.

São ainda esperadas audiências separadas para dois menores, que também estavam a bordo do barco.
Em declarações por escrito enviadas à Lusa, o embaixador português na China, José Augusto Duarte, assegurou que o “caso está a ser acompanhado com a maior atenção” pelas autoridades portuguesas, mas “não chegou ainda o momento de fazer balanços”.

“Mantemos sempre contactos com as autoridades chinesas e com a família do senhor Tsz Lun Kok e assim continuaremos”, afirmou.

Em conferência de imprensa, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian, disse apenas que o caso está “actualmente a ser processado”.

“As pessoas em questão são suspeitas de cruzarem, ou de terem organizado, a passagem ilegal na fronteira, e o caso está a ser processado de acordo com a lei”, disse Zhao.

Imagens difundidas pela imprensa de Hong Kong mostram barreiras temporárias colocadas em redor do tribunal, com uma placa a indicar aos peões para contornarem os acessos ao edifício.

Presença ocidental

Os 12 detidos, a maioria ligados aos protestos anti-governamentais do ano passado, em Hong Kong, estão detidos há cerca de quatro meses em Shenzhen por “travessia ilegal” das águas continentais.

O grupo tinha iniciado a viagem com destino a Taiwan, onde se pensa que procuravam asilo, quando a lancha em que seguiam foi interceptada, em 23 de Agosto, pela guarda costeira chinesa.

Além dos diplomatas portugueses, estiveram também presentes diplomatas do Reino Unido, Estados Unidos, Austrália, França, Alemanha, Holanda e Canadá.

Os familiares foram informados apenas na sexta-feira de que o julgamento iria decorrer esta segunda-feira. Ou seja, não puderam assistir à sessão, devido à quarentena de 14 dias imposta a quem chega à China continental, uma medida de combate à pandemia de covid-19.

Fotografia | “Estrada: Stand Point” na Casa Garden até 31 de Janeiro 

A Associação Cultural 10 Marias apresenta, até ao dia 31 de Janeiro, a exposição de fotografia “Estrada: Stand Point”, com trabalhos da fotógrafa Marjonele Estrada. Uma mostra onde a juventude de Macau e a sua relação com o território assume o papel principal

 

A primeira exposição individual de Marjolene Estrada está patente na Casa Garden, sede da Fundação Oriente em Macau, até ao dia 31 de Janeiro. A mostra de fotografia centra-se nos jovens do território e tem a curadoria de Mónica Coteriano e Patrícia Soares, ligadas à Associação Cultural 10 Marias.

Ao HM, Patrícia Soares falou de um trabalho que captou a atenção das curadoras desde o início. “Queríamos pegar no tema dos jovens em Macau e encontramos a Marjolene, que já fazia bastantes fotografias de uma forma profissional, mas mais ligada aos eventos. Depois [o seu trabalho] tem também um lado mais conceptual, artístico e achámos isso bastante interessante, porque ela tem um background bastante multicultural.”

Marjolene Estrada trabalha sobretudo com o retrato e, nesta exposição, o público poderá ver algumas das sequências construídas pela fotógrafa, com base em histórias. “Ela fotografa muito em série, escolhe um tema dentro da juventude e depois constrói histórias. Há uma série com cerca de 90 fotografias em miniatura, feitas numa praia. [Esta série] retrata uma visão do seu próprio eu, da descoberta, do sentimento de pertença e de não pertença.”

O trabalho de Marjolene Estrada revela também uma reflexão sobre a relação dos jovens com o território onde habitam. São fotografias que contam “como é que alguém se sente ligado a Macau sendo de uma etnia diferente”. “São pessoas reais retratadas mas que reflectem várias questões da juventude em Macau”, frisou Patrícia Soares.

Em “Estrada: Stand Point” está também patente uma série com fotografias de nus. “Achamos muito interessante a naturalidade com que ela fotografou e fez uma alusão ao universo LGBT.”

A multiculturalidade

Concretizar “Estrada: Stand Point” partiu também de uma vontade da Associação Cultural 10 Marias em ter no seu portfólio uma mostra sobre a juventude. “É super interessante olharmos para dentro e darmos palco e oportunidade aos novos talentos em Macau. E também dar um empurrão no cenário artístico e cultural de Macau”, explicou Patrícia Soares.

A escolha do trabalho de Marjolene Estrada é também exemplificativo da sua multiculturalidade, uma vez que é filha de pais filipinos, nascida em Macau. “É uma das jovens em Macau em contacto com várias comunidades, a portuguesa, a filipina, a chinesa, a estrangeira de um modo geral. Ela é uma pessoa bastante integrada nesta multiculturalidade que Macau às vezes nos dá.”

“Achámos interessante fazer uma exposição sobre a juventude, mas do ponto de vista dela. Aproveitámos o nome, Estrada, e mostramos o caminho que ela faz e o olhar que tem sobre a juventude em Macau, dentro do contexto dos meios onde ela se move e dos grupos onde está inserida. O seu ponto de vista acabou por se revelar bastante interessante”, rematou Patrícia Soares.

Estudante desfalca primas em mais de 1 milhão de patacas

Um residente de Macau com 19 anos foi detido por suspeitas de ter roubado relógios e pulseiras no valor de 1,05 milhões de patacas, pertencentes às suas primas, para apostar no jogo. Num outro caso, a PJ deteve dois homens por suspeitas de assalto a um apartamento

 

A Polícia Judiciária (PJ) deteve um estudante de 19 anos por suspeitas da prática do crime de furto qualificado. Em causa, está um desfalque de 1,05 milhões de patacas levado a cabo pelo suspeito e cujas vítimas são duas primas suas, irmãs entre si.

Segundo revelou ontem a PJ em conferência de imprensa, as duas vítimas apresentaram queixa no passado domingo, após, na noite anterior, terem dado pela falta de vários objectos valiosos que mantinham guardados dentro da sua residência, localizada na Rua do Chunambeiro, na Península de Macau.

Durante a apresentação da queixa, uma das irmãs alegou terem-lhe sido roubados dois relógios e uma pulseira de diamantes, avaliados em 696 mil patacas, ao passo que a outra vítima apontou ter ficado sem dois relógios e uma pulseira de jade, no valor de 359 mil patacas.

No local, a polícia atestou que, nem portas ou janelas terão sido danificadas para materializar o furto. De seguida, suspeitando do primo, as duas irmãs dirigiram-se juntamente com ele à polícia.

Durante o interrogatório, o suspeito admitiu ter roubado os objectos e que os furtos terão ocorrido em Setembro e Outubro. Segundo a PJ, o suspeito disse ainda que, tanto os relógios como as pulseiras foram empenhadas por 170 mil dólares de Hong Kong, montante que terá perdido em apostas de jogo online.

Após investigar, a PJ conseguiu recuperar três dos quatro relógios e a pulseira de jade numa casa de penhores, sendo que os restantes objectos continuam por localizar.

O caso seguiu para o Ministério Público (MP), onde o suspeito irá responder pelo crime de furto qualificado, podendo vir a ser punido com pena de prisão até cinco anos ou com pena de multa até 600 dias.

Está alguém em casa?

Em conferência de imprensa foi ainda reportado um caso relacionado com um assaltado na Rua Nova à Guia. A vítima é uma residente com mais de 40 anos, que apresentou queixa à polícia no dia 26 de Dezembro, após ter dado pela falta de um fio de platina e dinheiro, no valor total de 25 mil patacas.

De acordo com o porta-voz da PJ, o assalto aconteceu no dia de Natal entre as 18h00 e as 23h00, altura em a vítima se ausentou de casa.

No decorrer da investigação, e com recurso aos registos das câmaras de videovigilância, a PJ confirmou que dois indivíduos terão entrado no edifício em questão.

No dia seguinte, após identificação, os dois indivíduos foram detidos à saída de um hotel, tendo recusado ter praticado qualquer crime. Com os dois homens, operários do ramo da construção civil oriundos do Interior da China, foram apreendidas várias notas comemorativas e um recibo de compra de um telemóvel.

“Temos fortes indícios de que sejam os suspeitos, porque as roupas são as mesmas e as notas que encontrámos são comemorativas, do mesmo tipo das que encontramos no estabelecimento que vendeu o telemóvel”, apontou o porta-voz da PJ.

Os dois suspeitos foram presentes ao MP pelo crime de furto, podendo vir a ser punidos com pena de prisão até três anos ou pena de multa.

Prova de vida online a partir de 2021 com recurso a reconhecimento facial

A partir de 1 Janeiro de 2021 os beneficiários das pensões e subsídios do Fundo de Segurança Social (FSS), Instituto de Acção Social (IAS) e Fundo de Pensões (FP) passam a poder fazer a prova de vida online, através da aplicação agregadora dos serviços públicos do Governo “Conta única de acesso”.

De acordo com Ng Wai Han, sub-directora dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), o objectivo do novo serviço passa por “facilitar não só os idosos, mas também as pessoas debilitadas e residentes a viver fora de Macau, permitindo tratar da prova de vida online”.

Durante uma conferência de imprensa que aconteceu ontem, a mesma responsável apontou esperar que o número de beneficiários em 2021 que precisam de fazer a prova de vida possa chegar aos 160 mil, tendo em conta os beneficiários da pensão para idosos e da pensão de invalidez, atribuídos pelo FSS, da pensão de aposentação e da pensão de sobrevivência, atribuídos pelo FP e do subsídio de invalidez e para idosos atribuído pelo IAS.

Para fazer a prova de vida, os utilizadores devem seguir os três passos solicitados pela aplicação em frente ao ecrã do dispositivo, até validar o processo, com recurso tecnologia de reconhecimento facial. A precaver eventuais dificuldades a efectuar a operação, está previsto que, tanto cônjuges, pais e filhos do beneficiário que já tenham criado a “Conta única de acesso comum” possam ajudar no processo.

Sobre as preocupações sobre o tratamento de dados pessoais inerentes ao reconhecimento facial, o responsável da Direcção dos Serviços de Identificação (DSI), Chou Wai Kin, garantiu que a privacidade está assegurada e que a transmissão dos dados é encriptada e unidireccional.

“A confirmação do reconhecimento facial apenas é enviada para a DSI. No meio não há uma partilha desses dados com outros serviços públicos”, garantiu o responsável.

O tratamento da prova de vida online é facultativa, continuando a coexistir com as actuais formas de requerimento, ou seja, correio, balcão e quiosque de auto-atendimento.

De cara lavada

Durante a conferência de ontem, foi também anunciada uma versão simplificada da aplicação “Conta única de acesso”. Entre as novidades, destaque para a ampliação do texto, configuração personalizada de funções e design simplificado.

Segundo o director dos SAFP, Kou Peng Kuan, a aplicação inclui actualmente 56 serviços, sendo já 90 mil as pessoas que criaram a sua “Conta única de acesso comum”. Para o futuro prevê-se o lançamento de ‘mais serviços” e melhorias do sistema.

Covid-19 | Vacina não garante entrada em Macau nem isenção de quarentena

Como a vacina não garante 100 por cento de eficácia, as autoridades de Macau consideram que a quarentena vai continuar a ser necessária. Cenário de abertura aos estrangeiros é também afastado

 

Apesar de estarem vacinados contra a covid-19, os estrangeiros, como os portugueses sem Bilhete de Identidade de Residente (BIR), não vão poder entrar em Macau. A confirmação foi avançada ontem por Alvis Lo, médico-adjunto da Direcção do Centro Hospitalar Conde São Januário.

“A percentagem de prevenção da vacina varia entre 80 a 90 por cento. Por isso, o risco fica diminuído com a vacinação, mas não significa que uma pessoa não possa ser infectada. Neste momento, não se consegue assegurar que uma pessoa depois de vacinada não vá transmitir a doença para outra pessoa”, justificou Alvis Lo. “Temos de ver o resultado na imunidade de grupo das pessoas vacinadas. Se houver um grupo de pessoas vacinadas, pode haver imunidade, mas se for só uma pessoa continua a haver risco”, acrescentou.

Por este motivo, as pessoas que vierem de zonas mais afectadas do Interior, Hong Kong ou Taiwan vão continuar a precisar de cumprir a quarentena obrigatória de 14 ou 21 dias, dependendo das zonas de onde se viaja.

Quanto ao processo de vacinação em Macau, ainda não há uma data definida, mas espera-se que aconteça no primeiro trimestre do ano que se avizinha. Actualmente, as autoridades estão a ponderar o mecanismo do pagamento de indemnização, em caso do desenvolvimento de efeitos secundários após a vacinação. “Já temos um mecanismo para o pagamento de indemnizações para os medicamentos. Mas, estamos a considerar se as medidas em Macau são suficientes para pagar indemnizações se surgirem efeitos secundários da vacinação”, indicou Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença.

Linha aberta

Ontem, na conferência do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus foi abordado o caso do residente a quem foi sugerido que regressasse a Taiwan. Foi esta uma das respostas dada ao cidadão local que se queixou das condições do quarto do hotel, devido à falta de luz e ar naturais.

Sobre as queixas, Leong Iek Hou admitiu compreender o impacto de uma quarentena de 21 dias, mas afirmou que os hotéis oferecem condições de ar adequadas. Em relação ao impacto psicológico, a médica diz poder haver um aumento do stress e que quem se sentir afectado pode ligar para as linhas de apoio psicológico.

Finalmente, Leong explicou que foi feita a sugestão ao residente de regresso a Taiwan, porque houve pelo menos uma pessoa que desistiu da quarentena e pediu para voltar ao local de onde tinha viajado.

Estrangeiros aprovados

Até ontem, tinham sido aprovados 71 pedidos de estrangeiros para entrarem em Macau, uma medida excepcional para casos de reunião familiar e que se aplica a pessoas que estejam há 14 dias no Interior. A medida está em vigor desde 1 de Dezembro e durante este período houve um total de 217 pedidos, dos quais 71 foram aprovados, 50 rejeitados e 96 continuam pendentes. Segundo Alvis Lo, os pedidos rejeitados “não cumpriam os requisitos para serem aprovados”. Também ontem, ficou a saber-se que desde o início da pandemia foram realizados 2 milhões de testes de ácido nucleico, 1,3 milhões a residentes e 700 mil testes a não-residentes.

Imobiliário | Deputados pedem maior regulação para casas à venda na China 

O deputado Leong Sun Iok defende que o Governo deve apostar numa maior regulação da publicidade feita ao mercado imobiliário na China em coordenação com as autoridades do país. Segundo o jornal Ou Mun, o deputado lembrou que alguns anúncios contêm informações confusas, não esclarecendo, por exemplo, a finalidade de alguns edifícios para venda.

Leong Sun Iok lembrou ainda que existe regulação para a publicidade a venda de edifícios no Interior da China, que só pode ser feita mediante a existência de certificados oficiais. No entanto, diz ter recebido muitos pedidos de ajuda por parte de residentes de Macau sobre a compra de casas em construção na China, mesmo que existam certificados.

Também Si Ka Lon defendeu que deve ser criada uma equipa com profissionais de Macau e da China destinada a lidar com este tipo de casos. O deputado disse que tem vindo a receber vários pedidos de ajuda relativos à venda de edifícios nas cidades de Zhuhai e Zhongshan. Si Ka Lon disse que há casos em que, devido a lacunas na legislação, os edifícios ficaram inacabados devido a dívidas dos promotores imobiliários, o que resultou em hipotecas ou embargamento das obras. O deputado destacou ainda casos que envolvem informações falsas ou burlas.

Renovados mandatos dos membros do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais

O Chefe do Executivo renovou os mandatos de todos os 25 membros do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais, sem ter aberto qualquer processo público de candidaturas. A notícia foi avançada ontem pelo jornal Macau Concealers e os novos mandatos têm efeito a partir de 1 de Janeiro.

Em 2018, quando o órgão que conta com António José Dias Azedo, Kevin Ho, Ma Chi Heng ou Bruno Nunes foi criado, o Governo de Chui Sai On comprometeu-se com a Assembleia Legislativa a permitir que as pessoas poderiam entregar o seu currículo para serem ponderadas para os lugares.

A promessa foi feita depois de terem surgido opiniões a defender que deveria haver sufrágio directo para estes lugares, por parte da ala democrata do hemiciclo. Na altura, segundo Sónia Chan, a então secretária para a Administração e Justiça, houve um total de 168 nomes propostos para as 25 vagas, entre os quais cinco democratas.

No final, a lista dos escolhidos por Chui Sai On foi de continuidade, com as associações tradicionais, como a Associação Comercial, Kaifong, Moradores, Aliança do Povo e Associação dos Conterrâneos de Jiangmen a estarem todas representadas com pelo menos um membro.

Contudo, desta vez, a publicação avança que as nomeações para as renovações dos mandatos por dois anos foram decididas sem processo de candidaturas espontâneas ou recomendações por terceiros.

Tong Hio Fong lidera Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa

O juiz Tong Hio Fong voltou a ser escolhido pelo Chefe do Executivo, para liderar a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL). As eleições vão decorrer no próximo ano e a decisão sobre a comissão que coordena o acto foi anunciada ontem, através de um despacho no Boletim Oficial.

Tong Hio Fong assume o cargo pela terceira vez, após ter liderado a comissão das eleições de 2017 e da eleição suplementar de 2019.

Em relação a 2017, a única alteração é a entrada de Chan Lou, actual directora do Gabinete de Comunicação Social e que ocupa o cargo que anteriormente pertencia a Victor Chan.

Além de Chan Lou, José Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Municipais, Kou Peng Kuan, director dos Serviços de Administração e Função Pública, Lai U Hou, delegado coordenador do Ministério Público, e Iong Kong Leong, director dos Serviços de Finanças, são os restantes vogais da CAEAL.

As pessoas que pretendem votar nas eleições que deverão ocorrer por volta de Setembro do próximo ano devem registar-se até ao final deste ano. O registo pode ser feito nos balcões de atendimento do SAFP, além de haver postos móveis pela RAEM até à data limite, 31 de Dezembro.

Equacionada cerimónia do hastear da bandeira nos jardins-de-infância

Actualização da lei nacional da bandeira, abre a porta para que crianças de três anos tenham de assistir a uma cerimónia semanal de hastear da bandeira. O Governo ainda não confirmou que alterações vão produzir efeito em Macau

 

Os jardins-de-infância de Macau podem começar a ter de realizar uma vez por semana a cerimónia de hastear da bandeira, à semelhança do que acontece com as escolas do ensino primário e secundário. A informação consta no Boletim Oficial, com a publicação das alterações à Lei da Bandeira Nacional, aprovadas no Interior, a 17 de Outubro, pela Assembleia Popular Nacional.

Em Outubro, André Cheong tinha avançado que as alterações à Lei da Bandeira iam produzir efeitos em Macau, sem avançar que mudanças iriam produzir efeitos directos na RAEM.

No entanto, o diploma publicado ontem define que “os jardins-de-infância que reúnam as condições necessárias devem hastear a Bandeira Nacional tendo como referência o disposto para as escolas”.

As regras anteriores apontavam que “deve ser realizada uma vez por semana nas escolas secundárias e primárias que funcionem a tempo inteiro, excepto durante as férias, uma cerimónia do hastear da Bandeira Nacional”. Porém, também este parágrafo foi alterado e passar a definir que: “a cerimónia do hastear da Bandeira Nacional é realizada uma vez por semana nas escolas, excepto durante as férias”.

Face a estas alterações os jardins-de-infância com condições podem mesmo ficar sujeitos à realização de uma cerimónia semanal de hastear da bandeira. De acordo com a lei de bases do ensino não superior, o ensino infantil é frequentado por crianças com idades entre os três e seis anos.

Educação fundamental

Segundo o novo diploma, a bandeira é “um elemento fundamental da educação patriótica”, que deve ser ensinada aos alunos em termos da história e espírito. As escolas têm ainda de ensinar os estudantes a “cumprir as normas sobre o hastear e o uso da Bandeira Nacional, bem como respeitar o cerimonial durante a cerimónia do hastear da mesma”.

A actualização da lei define ainda melhor algumas situações em que se considera que a dignidade da bandeira nacional é prejudicada, nomeadamente quando é “hasteada ou colocada de forma invertida”. É também deixado claro que “não pode ser hasteada ou usada Bandeira Nacional que se apresente deteriorada, suja, descolorada”.

O crime de ultraje aos símbolos nacionais é punido com uma pena de prisão que pode chegar aos três anos, ou multa de 360 dias. A utilização de bandeiras em condições que atenta contra a definição do diploma, segundo as normas em vigor na RAEM, é uma infracção administrativa que pode ser punida com multa entre 2 mil e 10 mil patacas.

Executivo defende que alunos estrangeiros devem conhecer a Constituição

As Linhas Gerais do desenvolvimento do ensino superior para os próximos dez anos prevêem um aumento para 50 mil estudantes no espaço de cinco anos, e o recrutamento de mais alunos do exterior. Além do dever dos estudantes chineses de conhecerem o desenvolvimento nacional, o Governo defendeu a necessidade de os estrangeiros conhecerem a Constituição chinesa e a Lei Básica de Macau

 

Os objectivos a médio prazo para o ensino superior abrangem um reforço da educação de amor pela pátria e por Macau, e o aumento do número de estudantes para 50 mil no ano lectivo 2025/2026. Apesar da redução dos finalistas do ensino secundário, a Direcção dos Serviços do Ensino Superior (DSES) espera atrair mais alunos. É o que está previsto nas Linhas Gerais do desenvolvimento do ensino superior até 2030, apresentadas ontem.

O director substituto da DSES, Chang Kun Hong, reconheceu que a captação de estudantes é “uma das dificuldades”, mas espera que venham mais do exterior. “A maior parte vem da China, mas esperamos que no futuro, através do aumento contínuo da qualidade do ensino superior, possamos atrair mais estudantes do Sudeste Asiático ou até da Europa para virem estudar para Macau”, disse. Foi ainda apontada a necessidade de melhorar a proporção entre docentes e estudantes, um aspecto em que, segundo Chang Kun Hong, Macau está afastado do nível internacional.

De acordo com o responsável, pelo menos 70 por cento dos mais de 100 cursos de licenciatura a decorrer já incluiu nas suas linhas gerais o conteúdo da Constituição e da Lei Básica. O documento das Linhas Gerais descreve que se pretende que os estudantes “elevem o seu sentido de pertença nacional”. Os conteúdos sobre estes temas ou até a cultura da China vão ser gradualmente implementados nas instituições de ensino superior. “Sobre a educação do sentimento de amor pela pátria, sendo um chinês, tem de amar a pátria. Tem também de conhecer o desenvolvimento nacional, não importa de onde vem”, observou Chang Kun Hong.

Apesar de o ensino patriótico não ser dado nos mesmos termos para alunos estrangeiros, o responsável frisou a necessidade de estes conhecerem a legislação local. “Para os estudantes estrangeiros não vamos obrigá-los a receber a mesma educação do amor pela pátria da China. Mas quando chegarem a Macau têm de conhecer a Lei Básica de Macau e também a Constituição da República Popular da China. Conhecer a legislação local, como a Lei Básica, é fundamental para viver em Macau. (…) É uma exigência aos alunos estrangeiros”, declarou o director substituto.

Em contexto de epidemia, o director substituto não indicou medidas especiais para estudantes do exterior no caso de as restrições fronteiriças se manterem no próximo ano. “Estas linhas gerais são mais a longo prazo, não podemos alcançá-las todas no próximo ano e sabemos que esta epidemia trouxe várias restrições na nossa vida. Esperamos que com a melhoria da situação epidemiológica, tanto na logística como na deslocação de pessoas, assim que forem atenuadas ou levantadas as medidas conseguiremos alcançar esses objectivos”, disse Chang Kun Hong.

Liberdade “clara”

Para Chang Kun Hong, não há dúvidas sobre a liberdade académica nas instituições do ensino superior. “Vários dirigentes ou directores dessas instituições já realçaram várias vezes que temos esta liberdade académica. No nosso regulamento, na nossa legislação, também se apela e está muito clara esta liberdade académica”, declarou o director substituto. Recorde-se que um estudo da instituição Scholars at risk, publicado no ano passado, concluiu que a liberdade académica em Macau e Hong Kong está a ser cada vez mais restringida.

O limite aos temas abordados em sala de aula é traçado quando se notar desconforto. “Esta pessoa ou estudante abordar esses temas é por sua escolha, é da sua liberdade. Mas por exemplo, se numa aula começarem a debruçar-se sobre ideias que possam incomodar a aula ou que possam incomodar outros estudantes, claro que isto já é outra questão porque aqui já não tem a ver com liberdade académica”.

Relatório | Governo reconhece espaço de melhoria em direitos das mulheres

O Governo de Macau destacou a criação de legislação de combate à violência doméstica num relatório entregue este ano à ONU, sobre a discriminação contra as mulheres, mas reconheceu que há espaço para melhorias. O documento indica que nenhuma das queixas apresentadas ao CCAC entre 2010 e 2017 sobre violações dos direitos das mulheres seguiu para a Procuradoria como caso criminal

 

O relatório de Macau sobre a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (CEDAW, na sigla inglesa) que abrange o período entre 2010 e 2017, foi divulgado este mês pelas Nações Unidas. O documento revela que de um total de 34 queixas sobre violações dos direitos das mulheres submetidas ao Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) durante o período em análise, nenhuma tinha sido encaminhada para a Procuradoria como caso criminal.

A maioria das queixas deveu-se a ameaças, chegando a uma dezena de casos, com a segunda principal razão estar ligada a detenções ilegais. Mas há outros atentados, nomeadamente através de tortura, homicídio, atentado contra a integridade física, abertura ilegal de correspondência ou infracção da privacidade de telecomunicações e discriminação.

No entanto, 28 das queixas que chegaram ao CCAC foram descartadas por falta de evidência, enquanto outros três casos estavam pendentes. As restantes três ocorrências – de 2010, 2011 e 2013 – foram referenciadas para outras entidades. “Nenhum dos casos foi encaminhado para a Procuradoria como casos criminais”, refere a RAEM no relatório.

Durante os oito anos em análise, registaram-se ainda 13 queixas sobre violência ou formas de tratamento injusto de prisioneiras femininas na Prisão de Coloane, a envolverem guardas prisionais. Nenhuma teve seguimento: uma foi retirada, três não se comprovaram e as restantes foram arquivadas por falta de provas. Em causa, estavam casos de violência, discriminação, uso indevido de dados pessoais e tratamento injusto.

O documento sobre a CEDAW chegou com dois anos de atraso. Devia ter sido entregue às Nações Unidas até Novembro de 2018, mas acabou por ser submetido apenas em Março deste ano. No relatório, a RAEM destaca que “foram atingidos desenvolvimentos importantes”, nomeadamente a nova legislação para combater violência doméstica, assédio sexual e outros crimes contra a liberdade e autodeterminação sexual.

“Foram adoptadas medidas para fortalecer a igualdade de género e dar assistência adequada a pessoas vulneráveis (portadores de deficiência, crianças, mulheres e os idosos), em particular mulheres vítimas de violência doméstica ou abuso”, pode ler-se.

Mas apesar destes passos, o Executivo reconheceu a possibilidade de melhorias. “O Governo da RAEM reconhece que ainda há espaço para melhorias e vai envidar os seus melhores esforços para ultrapassar as dificuldades que impedem a implementação total da Convenção na Região”, diz o documento.

Influência legal

Com a adopção da lei de combate à violência doméstica, o Governo da RAEM considera que deu “passos significativos para compreender a magnitude e a raiz das causas da violência doméstica”. “Uma das maiores conquistas relativamente a esta Lei é a natureza pública do crime de violência doméstica, isto é, já não é necessária uma queixa da vítima para se iniciarem procedimentos criminais”, descreveu.

De acordo com o documento, há ferramentas novas para avaliar e identificar violência doméstica e outras crises, tendo sido criada uma rede com serviços de apoio para crises familiares. O objectivo passa por avaliar elementos como o risco de crise, as condições física e mental das vítimas, a possibilidade de violência repetida, extensão e história de abuso, bem como as intervenções apropriadas a adoptar.

Entre Janeiro e Setembro de 2016 – ano em que foi aprovada a lei – o Instituto de Acção Social (IAS) tratou 109 casos de violência doméstica. Depois da adopção da legislação “houve um aumento significativo do número de casos tratados”. Entre Outubro e Dezembro desse ano, o IAS tratou 31 casos de violência doméstica. Em 2017, dos casos com que o IAS lidou, 96 casos eram de violência domésticas, envolvendo 71 mulheres, 13 raparigas e 9 rapazes.

O relatório observa também que o organismo considera que o “dever de relatar por parte das entidades públicas e privadas provavelmente contribuiu para o aumento de casos em 2016 e 2017”.

À data do relatório existiam três abrigos para mulheres vítimas de violência doméstica, que acolheram temporariamente 743 mulheres, ao longo dos anos entre 2011 e 2017. Por outro lado, nove abrigos destinavam-se a menores. Entre 2010 e 2017, acolheram 37 raparigas vítimas de violência, incluindo violência doméstica.

Em situações de crimes violentos, o apoio às vítimas pode envolver uma compensação financeira especial. Dados da Comissão de protecção às vítimas de crimes violentos mencionados no documento indicam que em 2010 houve três candidaturas a esta ajuda. Duas foram aprovadas, com montantes de 180 mil e de 50 mil patacas. Quatro anos depois, outras duas candidaturas foram aprovadas, que totalizaram 450 mil patacas, enquanto uma não recebeu aval. Já em 2016, foi concedida uma outra no valor de 120 mil patacas.

Por outro lado, a RAEM frisou ainda a existência de entraves a processar e condenar indivíduos pelo crime de tráfico humano, dada a “dificuldade em reunir indícios fortes e a dificuldade de persuadir vítimas a testemunhar, já que muitas vezes têm medo de colaborar”. Assim, o relatório indicou que a maioria dos casos são convertidos durante procedimentos criminais para crimes como alojamento ilegal, assistência à imigração ilegal ou crime organizado.

Vida civil

“As mulheres têm os mesmos direitos e deveres civis e políticos que os homens, em particular, o direito de votar e ser elegida, de assumir qualquer cargo público e realizar funções de diferentes níveis”, observa o documento. Neste âmbito, descreve que a maioria dos eleitores registados em Dezembro de 2017 eram mulheres, cujo número aumentou de cerca de 128.347 para 161.456 no espaço de sete anos. Na Administração Pública, 42 por cento dos altos cargos ou de liderança era ocupado por mulheres.

Os apoios ao ensino estão também em destaque, com o Governo a assegurar que dá as condições necessárias de acesso à educação para mulheres ou raparigas que enfrentem situações como gravidez ou doença. Entre os anos lectivos 2011/2012 e 2017/2018, 169 prisioneiras femininas frequentaram o ensino primário recorrente.

Ao nível do ensino superior, a criação de um comité de igualdade de género na Universidade de Macau e a política de anti-discriminação e anti-assédio da Universidade de São José mereceram nota do Governo.

Em termos laborais, o relatório indica que face aos dados até 2017 que “não há um aumento da diferença salarial persistente entre homens e mulheres, mas uma tendência de redução gradual”. No entanto, o sector do jogo apresenta oscilações ao longo do tempo. Se há cinco anos não se registaram disparidades salariais, em 2017 as mulheres recebiam em média menos mil patacas.

O Governo dá ainda conta às Nações Unidas de que a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais recebeu duas queixas sobre assédio sexual no local de trabalho, em 2013. No entanto, depois de investigação os casos não foram comprovados.

Vulcão entra em erupção no Japão. Autoridades elevam nível de alerta

Um vulcão localizado na pequena ilha de Suwanose (sudeste do Japão) entrou hoje em erupção, levando as autoridades a aumentar o nível de alerta na área.

A erupção foi registada às 02:48 horas na cratera do Monte Otake, um vulcão activo que começou a lançar uma coluna de fumo com mais de 200 metros de altura e a cuspir pedras a uma distância de 1,3 quilómetros, de acordo com a Agência Meteorológica do Japão.

A agência declarou um alerta de nível 3 para a actividade vulcânica (numa escala de 5), recomendando que os habitantes da área não se aproximem da cratera, sem contemplar, por enquanto, a evacuação total da ilha.

Suwanose tem menos de 100 habitantes e faz parte do arquipélago das Ilhas Tokara, conhecido pela sua frequente actividade sísmica.

Covid-19 | Coreia do Sul identifica primeiros infectados com variante mais contagiosa do novo coronavírus

A Coreia do Sul anunciou hoje ter detectado os primeiros casos de uma variante mais contagiosa do novo coronavírus e que foi identificada pela primeira vez no Reino Unido.

A Agência de Controlo e Prevenção de Doenças da Coreia afirmou que os casos foram diagnosticados numa família de três pessoas que chegou à Coreia do Sul a 22 de dezembro, antes das autoridades suspenderem as ligações aéreas com o reino Unido até 31 de dezembro. As três pessoas, que residem no Reino Unido, estão sob quarentena na Coreia do Sul.

A Coreia do Sul registou na segunda-feira 808 novos casos de coronavírus, elevando o seu número de casos nacionais para 57.680, com 819 mortes. Nas últimas semanas, a Coreia do Sul tem registado um pico súbito de infeções ligadas a hospitais, lares, igrejas, uma prisão e reuniões familiares.

No domingo, o Governo disse que iria passar mais uma semana antes de determinar se iria impor regras mais duras de distanciamento físico na grande área de Seul, apesar de tal prejudicar ainda mais a economia.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.758.026 mortos resultantes de mais de 80,2 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

Covid-19 | China condena a prisão jornalista independente que reportou surto em Wuhan

Uma jornalista chinesa independente que noticiou o surto inicial do novo coronavírus em Wuhan, no centro da China, foi hoje condenada a quatro anos de prisão por um tribunal de Xangai, segundo um jornal de Hong Kong.

Zhang Zhan viajou para Wuhan, em fevereiro passado, para reportar sobre o surto da covid-19 e a subsequente campanha de prevenção contra a doença e tratamento dos pacientes, mas desapareceu, em maio, sendo mais tarde revelado que foi detida pela polícia em Xangai, no leste da China.

Zhang Zhan foi condenada por “causar distúrbios” e “procurar problemas”, uma acusação frequente contra jornalistas e ativistas dos Direitos Humanos na China, segundo o jornal Apple Daily, que citou um dos advogados.

A jornalista recusou-se a admitir as acusações, considerando que as informações publicadas por si em plataformas chinesas como o WeChat ou nas redes sociais Twitter e YouTube não deveriam ter sido censuradas.

De acordo com a Amnistia Internacional (AI), o seu trabalho em Wuhan focou-se no relato das prisões de outros repórteres independentes e o assédio de familiares de vítimas do novo coronavírus.

A organização Defensores dos Direitos Humanos na China revelou, em setembro passado, que a jornalista tinha sido presa por informar que os cidadãos de Wuhan receberam comida estragada, durante as 11 semanas de confinamento da cidade, ou que foram obrigados a pagar para realizarem testes de deteção do coronavírus.

Zhang Zhan, que foi presa no final de maio, iniciou uma greve de fome em setembro, o que fez com que ficasse numa condição física “muito fraca”, segundo a sua defesa, que afirmou que as autoridades a alimentaram à força, recorrendo a um tubo.

Um outro advogado revelou a intenção da repórter, de 37 anos, de continuar a sua greve de fome “mesmo que morra na prisão”.

Vários outros jornalistas independentes que viajaram para Wuhan no início do surto foram detidos ou desapareceram na China, enquanto as autoridades restringiram a cobertura e a imprensa oficial enalteceu a resposta de Pequim como eficaz e oportuna.

Em fevereiro, Chen Qiushi, que transmitiu vídeos ao vivo de Wuhan durante o bloqueio da cidade e difundiu reportagens nas redes sociais, desapareceu também. Dois outros jornalistas independentes – Li Zehua e Fang Bin – também foram detidos após cobrirem o surto em Wuhan.

No entanto, Zhang Zhan foi a primeira jornalista a ser formalmente punida com pena de prisão.

A China é o país que mais jornalistas detem no mundo, segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

O regime chinês controla rigidamente a imprensa doméstica, enquanto bloqueia a maioria dos meios de comunicação estrangeiros, através de um sistema de censura ?online’.

Em março passado, a China expulsou jornalistas dos órgãos New York Times, Washington Post e Wall Street Journal, num ataque sem precedentes contra a imprensa estrangeira.

Embora surtos esporádicos continuem a surgir, a China controlou amplamente o vírus, permitindo ao país retomar uma relativa normalidade.

As restrições à imprensa, no entanto, não foram suspensas, e a imprensa estatal chinesa passou a promover agressivamente teorias de que a pandemia teve origem fora do país, apesar de não haver evidências cientificas.

Teoria da indiferença

Esquece – digo – com fervor, a mansidão lenta do deserto, as flores sobreviventes. As flores adaptadas, garras de leão, lindas e em extinção. As montanhas difíceis e de raro chover. As altas moradas. As visitas guiadas. As rosas do deserto, de troncos enlaçados a lembrar corpos e a abrir flor. Os mortos. A secura árida. As ruas sem limite e o horizonte fugindo a cada passo em frente. Dado ou devolvido. As pegadas. Que, mesmo nítidas se esfumam no recorte. Vendo bem, nem o lado da frente se lhes distingue do outro. E basta um vento. Daqueles que rolam rolos de fibras secas a varrer o deserto. Crânios. Esquece a tumultuosa ferida do meio-dia, a miragem aquosa, os animais que só bebem uma vez, que não somos nós e os cascos duros, fendidos e secos. A desidratação – mais grave – um esmorecimento difícil de revolver.

Esqueço. A alegria de ansiar a costa para qualquer lado em que é sempre vale. O desenho em frente do caminho mais longo. A persistência da água no corpo, a lucidez e a própria resistência, se se me entende. As ruas do deserto largas em todos os sentidos. E os semáforos inúteis que não desistem de crescer com as primeiras chuvas. Parcas chuvas e sinais. Ossadas a dormir tristes e em pose. E as dunas. A migração. Bocas fendidas a rir sarcasmos repetidos e em coro. Sorrisos sinuosos. Ondulações sem olhos, porque já bastam as estrelas serenas do alto, a velar.

A futura morte. Do que se afoita a inventar o acaso. O caminho pela linha mais longa e pela mais larga é o azar do erro. Esqueço. Aquele gesto a pedir a face quando não haja nem o gesto nem a face e tudo esteja como sempre.

Esquecer. À beira de uma coisa como indecisamente. As impróprias flores do deserto para tudo menos solidão. Mas não sei a cura neste remédio. Ao largo, na franja ainda do deserto, recuperável pela humidade. Remédio para a esperança que é para curar se é. Mais uma amputação. Nas ruas sem desenho. Do mal de viver, como um braço estranho e a mais e só porque se sente estranho e mais. Ou da raiz que é de crescer. Poderia dar-nos, o lirismo, para a elaboração, ou a perseguição ou a caminhada e o sentido. Ou a evasão. Uma casca para defender, para matar. A dor. Reconhecer e definir. A condição patológica do limiar baixo é como não abandonar o vale para subir ao cume.

Imitar o resto da natureza e o exemplo do casulo. A casa confortável, sedosa e nada ruidosa. A magia da elaboração e a miragem da transformação. Mas tanto que fazer nas ligações entre as coisas difíceis e destiladas complicações, fadadas à arrumação contante, recorrente e desesperante. Uma espécie de lida doméstica e como ela sem fim.

Esquecer. Teorias do sentido e do sentir. Esquecer. A indiferença. Ou sentimos o mundo ou nos encerramos. Casulos de seda são riscos. Entrar borboleta e sair larva, como um erro metafórico.

Esquecer. O encontro que é saber, antes de reconhecer. Antes do deserto o desenho da porta e antes da porta. Uma vastidão de lagartos estranhos e espreitar a carantonha do tempo e é à dentada e feroz que lhes arranca inglório a cauda. Sacodem-se mais leves e rápidos e sorriem sorrisos de lagarto no pensamento de que cresce de novo. A cauda. O paradoxo no esgar da bocarra que arranca e deixa crescer.
Esquecerei. Tudo, quando morrer.

As costas do continente americano

Apesar de os europeus já terem aportado no lado Atlântico do continente americano, não havia ainda dele consciência, crendo Cristóvão Colon ter percorrido as costas da Grande China. Essa ideia permanecia em 1499 quando o espanhol Alonso de Oreja explorou a região de Pária [Venezuela], atingida por Colon na viagem de 1498, e o florentino Américo Vespucci daí investir para Sul ao longo da costa 400 léguas, sem encontrar o tão aguardado Cabo de Catígara, a dar passagem ao Índico.

Entre esta viagem e a seguinte de Vespucci, ao serviço de Portugal Pedro Álvares Cabral atingiu em Abril de 1500 as costas orientais da América do Sul e a 5 de Março de 1501, o galego João da Nova partira com quatro embarcações ao comando da terceira frota à Índia. No Atlântico encontrou à ida a Ilha de Conceição, a 8º de latitude Sul, e no regresso, a Ilha de Santa Helena, chegando ao Tejo em Setembro de 1502.

A segunda viagem de Vespucci (para muitos historiadores não se realizou) iniciou-se em Lisboa a 13 de Maio de 1501, agora ao serviço do Rei de Portugal. Atravessou o Atlântico em 64 dias e na parte austral do novo continente durante dez meses navegou 800 léguas ao longo da costa até próximo de San Julian, a 50º de latitude Sul, na Patagónia. Explorara quase toda a costa Oriental, tanto a situada no domínio de Portugal, como muita pertencente a Espanha. Sem encontrar a tão desejada passagem, concluiu tratar-se de um novo continente. Regressou a Lisboa em 1502 e como o seu trabalho teve mais interesse para Espanha, foi depois Vespúcio recebido com muito agrado por os Reis Católicos, que lhe ofereceram trabalho para preparar pilotos e melhorar a organização da real navegação, onde então começavam a investir.

OS CORTE-REAL

A intenção de procurar novas terras e uma passagem na parte setentrional do continente levou Gaspar Corte Real a negociar com o Rei D. Manuel o doar-lhe as terras e ilhas que descobrisse, concessão feita a 11 de Maio de 1500, antes de partir. O seu pai, João Vaz Corte Real dos Açores chegara à Terra Nova em 1463 e agora era a vez de aí ir Gaspar nos seus navios. Partiu no Verão e explorando aquelas regiões, regressou no Outono. António Sérgio refere, “Animados, por este êxito, trataram Gaspar e seus irmãos (Miguel e Vasqueanes) de preparar nova viagem, com três navios que largaram de Lisboa em Janeiro de 1501, para aportarem às regiões que aquele descobrira pouco antes.

Segundo uma carta do italiano Cantino, domiciliado em Lisboa, os descobridores navegaram na direcção do Norte uns cinco meses, ao cabo dos quais encontraram grandes massas flutuantes de gelo que iam impelidas pelas águas.

Pouco depois, viram o mar completamente gelado. Isto os induziu a mudar de rumo para Noroeste e para Oeste. Ao fim de três meses de feliz viagem foram dar com uma terra muito extensa, sulcada de grandes e pitorescos rios, com frutos excelentes e variados, com árvores elevadíssimas. Os indígenas viviam da caça e da pesca. Apoderaram-se os expedicionários de uns quarenta, para os levar ao rei. Decidiu Gaspar Corte Real ficar ali por algum tempo, para explorar as costas com a sua nau, e mandou regressar as outras duas”, que chegaram ao Tejo em Outubro de 1501.

Quatro meses passaram e Gaspar não aparecia, decidiu Miguel com três caravelas ir procurar o irmão, mas também nunca mais regressou. Vasqueanes, o irmão mais velho, só não os foi procurar pois o Rei D. Manuel “não o consentiu, decidindo enviar caravelas às paragens onde haviam navegado os desaparecidos”, que regressaram sem notícias. Por inscrições gravadas no rochedo da praia de Dighton com o nome de Miguel Corte Real, sabe-se agora ter ele ali sido chefe de uma tribo indígena. O objectivo dos Corte-Real de encontrar o caminho da Índia por Noroeste mostrou-se impraticável.

BALBOA NO MAR DO SUL

A falta de proveito material das duas primeiras viagens de Colon levou a ninguém se alistar em 1498 para a terceira e sem conseguir tripulação, foi preciso comutar penas de prisão a facínoras de toda a espécie com a condição de na América ficarem em exílio por uns tempos. “A 23 de Fevereiro de 1512 ordenou Fernando o Católico o envio de mulheres escravas, vagantes e prostitutas para as Índias”, segundo Fernando Alvarez-Uria, que refere, “O novo mundo converte-se desde muito cedo em porto de destino duma população selecta, na qual evidentemente figuram homens de guerra e gente adventícia” e “ao lado destes homens, encarregados de submeter a população autóctone ao jugo real e aos mais vis sofrimentos que a cobiça impunha, apareceram muito rapidamente confessores e pregadores encarregados de submeter as almas daqueles infiéis…” Eram “Dois projectos políticos divergentes, que durante certo tempo coexistiram e foram complementares.”

Para rentabilizar as expedições e colonizar os índios, como Colon chamou aos nativos da pseudo-Índia, a Espanha enviava para as novas terras homens como o sevilhano Bartolomé de Las Casas (1484-1566). Chegou em 1502 a Hispaniola (Haiti) com os mesmos interesses e comportamento dos outros colonizadores e só em 1514 se colocou a defender os escravizados índios, sete anos após ser ordenado em Roma. Por estarem a ser rapidamente exterminados pela pólvora, o dominicano Las Casas desde 1515 fez catorze viagens para os defender perante o Rei de Espanha.

Já Vasco Nuñez de Balboa (1475-1517) em 1500 andava pelo Mar das Antilhas e em São Domingos ficou dez anos até, confrontado por dívidas, fugir para o Golfo de Darien, entre o actual Panamá e a Colômbia, onde em 1509 os espanhóis se estabeleceram. A colónia foi exterminada pelos índios e para a restabelecer em 1510 chegou Martín de Enciso, mas sem perfil para governar, tomou-lhe Balboa o posto e num lugar mais fértil construiu Santa Maria de la Antigua del Darien para base de exploração. Os índios indicando a Balboa a montanha que dali se via, disseram existir para lá dela mar e no outro lado um lugar com muito ouro. Caminhando 25 dias chegou à montanha e do cume viu uma imensidão azul, onde quatro dias depois, a 29 de Setembro de 1513 Vasco Nuñez de Balboa molhava os pés, baptizando essas águas de Mar Meridional.

No novo Continente, exploradas as costas atlânticas setentrionais e as do Golfo do México sem encontrar passagem para o Mar do Sul (Pacífico), a procura focou-se no extremo Sul, por onde andara Vespúcio.

O aventureiro e talvez até criminoso João Dias de Solis, de origem espanhola, mas nascido em Portugal, onde fizera a sua aprendizagem náutica, acabou por fixar-se em Espanha, sendo “os seus serviços aproveitados em 1508 para uma viagem de pesquisa da desejada passagem. Em vista do insucesso desta exploração, renovou Solis a tentativa em 1515, quando já era piloto-mor de Castela; desta vez atingiu as costas meridionais da América do Sul, explorando o estuário do Rio da Prata e sendo aí morto pelos indígenas”, segundo Damião Peres, que julgava Colon genovês e assim refere, Solis foi o primeiro português ao serviço de Espanha.

GP Macau | FIA e organizadores na expectativa quanto a nova edição

À margem das comemorações do 21º aniversário da RAEM, a secretária Elsie Ao Ieong esclareceu que Macau mantém a intenção de realizar o Grande Prémio no próximo ano, apesar de nenhuma decisão ter sido tomada a esse respeito. Enquanto o Instituto do Desporto está a terminar o relatório sobre o Grande Prémio da edição deste ano, para que as autoridades competentes tomem a decisão se o evento, que nunca foi interrompido em 67 anos de história, se realizará ou não em 2021, as organizações internacionais vão planeando o ano que aí vem, aguardando uma definição de Macau

 

Apesar do contexto de pandemia, as normas de segurança e sanitárias impostas pela FIA e seus associados durante os eventos permitiram a realização da maior parte das competições em 2020. Porém, ninguém espera um 2021, mais fácil, a começar por Jean Todt, o Presidente da FIA. “A temporada acabou e não começamos a nova a partir de uma folha branca. Ainda existem confinamentos e o vírus continua cá. A próxima metade de 2021, na minha opinião, não será normal. Fizemos progressos, estamos à espera da vacina, e isso será bom para todos no planeta.

Penso que nos próximos dias podemos ver muitas mudanças nos potenciais calendários”, disse o dirigente francês.
A data do 68.º Grande Prémio já está reservada no calendário internacional, no fim de semana de 20 e 21 de Novembro, mantendo a tradição com mais de sessenta anos de se colocar de pé o evento no terceiro fim de semana do penúltimo mês do ano. Do último Conselho Mundial da FIA do ano de 2020 não saiu qualquer decisão de vulto respeitante a Macau. No comunicado emitido pela federação internacional, o território aparece apenas mencionado uma vez, no calendário provisório da Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR), como prova de encerramento da temporada. O formato da prova de Macau também foi dado a conhecer, com dois treinos livres, uma sessão de qualificação dividida em três secções e duas corridas (n.d.r: em vez de três corridas como nas duas edições anteriores).

Jean Todt deixou claro, no mês passado, que queria ver novamente as três Taças do Mundo a serem decididas nas ruas de Macau no próximo ano. Como dizia recentemente Trevor Carlin, proprietário da equipa de F3 com o mesmo nome, para as equipas da disciplina de monolugares foi um Novembro “muito estranho, sem ter que apanhar o ‘jetfoil’ de Hong Kong para Macau”. O calendário do Campeonato de Fórmula 3 da FIA de 2021 encaixa na realização da habitual corrida de fim de época entre nós, embora a última prova do campeonato esteja agendada para o fim de semana de 23 e 24 de Outubro em Austin. Perante este cenário, os carros terão que viajar de avião directamente dos Estados Unidos da América para Macau, o que irá impedir, muito provavelmente, que as equipas realizem testes de preparação para a prova.

A Taça do Mundo de GT da FIA, cujas cinco edições tiveram palco em Macau, também não foi anunciada, mas esta é uma competição que a federação internacional apenas costuma revelar informação mais tarde no ano. Apesar de existirem vontades para deslocalizar a prova para um circuito convencional, preferencialmente na Europa, no calendário de provas da SRO Motorsport Group enviado às equipas, onde se destaca o campeonato GT World Challenge Asia, há uma menção a Macau “por confirmar”. Questionado pelo HM sobre um eventual regresso, Benjamin Franassovici, o coordenador para a Ásia da influente empresa de Stéphane Ratel, o “pai das corridas de GT” nos últimos vinte e cinco anos, disse que “tivemos bons tempos com equipas e pilotos de topos. Portanto, nunca dizemos nunca a um regresso a Macau com a Taça do Mundo…”

Por outro lado, o Campeonato da China de GT, competição que mais concorrentes providenciou à Taça GT Macau este ano, incluindo o vencedor Leo Ye Hongli, já tem um calendário provisório para a temporada vindoura. O HM teve acesso a este documento, que ainda não é público, e onde Macau aparece como a sexta e última corrida da época. É de recordar que a organização chinesa revelou o ano passado um acordo de dois anos para competir no Circuito da Guia. Neste calendário, a prova que antecede Macau será a homóloga a realizar no circuito citadino de Wuhan, evento que este ano não avançou devido à pandemia.

Motas em maus lençóis

Após um ano para esquecer, em que nenhuma das suas corridas principais teve lugar, o calvário do motociclismo de estrada poderá prolongar-se em 2021. Com a crise sanitária por resolver no “velho continente”, o Governo da Ilha de Man achou por bem cancelar a Ilha de Man TT, prova que estava marcada de 29 de Maio a 12 de Junho. A Southern 100, a Classic TT e o Grande Prémio de Manx, três outros eventos que se realizam anualmente durante o Verão nesta dependência da coroa britânica, não estão ainda garantidos que se realizem. Na Irlanda, a North West 200, inicialmente marcada para meados de Maio, e que é o maior evento ao ar livre do país, deverá ser adiada para os meses de Verão, enquanto o futuro do Grande Prémio de Ulster continua em risco.

Michael Rutter e John McGuinness, dois veteranos de Macau, já expressaram publicamente a sua consternação com a situação actual. O Grande Prémio de Motos de Macau arrisca-se a regressar à posição ingrata que ocupou este ano, onde foi a única prova grande de estrada a poder ser realizada. Infelizmente, a 54ª edição da mais importante prova de motociclismo da actualidade em território chinês não teve lugar este ano, pois não foi possível reunir um número mínimo aceitável de participantes, após vários intervenientes se terem recusado a aceitar os catorze dias de quarentena impostos pelas autoridades de saúde, uma medida que visava proteger a população. A única boa notícia é que a Ilha de Wight, a sul de Portsmouth, quer organizar um evento em Outubro, mas por outro lado, poderá ter impacto na logística e transporte do material para Macau.

Miro e Cátia gravam música para levar esperança em tempos de pandemia

Lançado no dia 24 de Dezembro, o videoclip foi feito a pensar nos Países de Língua Portuguesa e conta com a participação de algumas caras locais, como Carlos Marreiros, José Sales Marques e Bruno Nunes

 

“Transmitir uma mensagem positiva e de esperança”. É este o objectivo principal do videoclip “Distante de Nós”, produzido por Casimiro Pinto e a filha Cátia, lançado a 24 de Dezembro. Num ano em que as celebrações de Natal sofreram alterações em todo o mundo, devido ao impacto da pandemia da covid-19, Casimiro e Cátia lançaram um vídeo a pensar não só na família em Portugal, mas também em todos os que falam português.

Inicialmente, o vídeo era para ser feito a pensar na família, e principalmente nos primos de Cátia, uma vez que os condicionamentos da pandemia impedem a deslocação a Portugal.

“A Cátia era para ir a Portugal visitar os primos, mas não pode ir por causa da pandemia. Por isso, quis gravar a canção para oferecer uma prenda de Natal aos familiares”, contou Casimiro Pinto, pai e também conhecido como Miro, ao HM. “Durante a produção adoptámos uma visão mais alargada, e pensamos que se poderia tornar numa mensagem de Macau para o mundo lusófono. Quisemos deixar uma mensagem de esperança para todos e sublinhar que apesar de a situação ser séria, é possível sairmos bem”, acrescentou.

Além disso, a data escolhida para o lançamento foi 24 de Dezembro, como prenda de Natal e pela importância desta celebração para os países de língua portuguesa. “Decidimos que o dia do lançamento seria a 24 de Dezembro, porque achamos que o Natal é um dia especial para todos, e em especial para os Países de Língua Portuguesa e para a cultural ocidental”, explicou.

Projecto em crescendo

A música cantada por Cátia Pinto, composta e escrita pelo pai e Ernesto Leite, é original. No entanto, a versão portuguesa começou a ser elaborada a partir de uma versão em mandarim, que foi criada para encorajar os trabalhadores envolvidos no mecanismo de prevenção e combate à pandemia da covid-19.

“Entre Maio e Junho escrevi uma canção na versão em mandarim. Lancei o tema para encorajar e ter uma mensagem de solidariedade para Macau e para as pessoas. Também foi uma dedicatória para todos que estiveram na linha da frente a combater a covid-19”, revelou sobre a origem do tema “Distante de Nós”.

No entanto, como a filha frequenta a Escola Portuguesa, “Miro” considerou que poderia haver uma versão na língua de Camões, para chegar ainda a mais gente. “Como a minha filha estuda na Escola Portuguesa achei que era interessante que ela fizesse uma canção com duas versões, nas duas línguas. Depois de termos feito a versão em chinês, começámos logo a trabalhar na versão em português, que demorou mais ou menos dois meses. Foi um período para ensaios, gravação, produção do vídeo”, indicou.

Só que o projecto acabou por crescer e ao longo dos dois meses de trabalho envolveu personalidades da comunidade macaense e também de pessoas em Portugal.

Por esse motivo, o videoclip conta com a participação de personalidades como o arquitecto Carlos Marreiros, José Sales Marques, presidente do Instituto de Estudos Europeus, ou ainda de Bruno Nunes, advogado e conselheiro do Instituto para os Assuntos Municipais. Os envolvidos escreveram mesmo mensagens que são mostradas durante o vídeo.

Fotografias de Portugal

Mas a movimentação à volta da causa foi mais longe e chegou a Portugal, com a ajuda de um conhecido que se mobilizou no sentido de arranjar fotografias de pessoas interessadas em participar na mensagem de esperança.

“Cerca de 99 por cento das fotografias que surgem no vídeo são de Portugal e de pessoas que não conheço. Foi um amigo, professor e fotógrafo, que recolheu as imagens e eu fiz um esforço para colocá-las quase todas”, confessou Casimiro Pinto.

Apesar da tentativa, houve fotografias que acabaram mesmo por ficar de fora, o que o realizador explica com o tempo limitado da música. “A canção tem cerca de três minutos e houve uma altura em que simplesmente tive de parar de meter fotografias porque não havia mais espaço… Mas esperamos que tenha sido uma prenda com algum significado. É o nosso desejo”, sublinhou.

Ainda sobre a realização, Miro explicou que houve o cuidado de mostrar pessoas sorridentes, para vincular a mensagem: “O vídeo aposta mais nos sorrisos das pessoas, em vez de focar o aspecto mais sério da questão. Sabemos que a situação é séria e complicada, mas temos uma abordagem positiva, para as pessoas saberem que há esperança. Acreditamos que vamos receber um futuro melhor”, justificou. Nos primeiros três dias no canal de youtube de Cátia Pinto, o vídeo somava mais de duas mil visualizações.

Quarentena | Autoridades sugeriram a residente que regressasse a Taiwan

Ou chamar uma ambulância ou abortar a quarentena e regressar à Formosa. Foi esta a resposta do Centro de Controlo e Prevenção da Doença a um residente que se queixou de ter de passar 21 dias num quarto de hotel sem luz nem ar naturais

 

Um residente queixou-se da falta de ar e de luz natural no quarto em que está a cumprir a quarentena, implorou por uma solução e ouviu como sugestão que poderia regressar a Taiwan, a última paragem antes da chegada a Macau. O caso foi relatado ao HM por Jorge Pinheiro, residente local a estudar em Portugal, que queria passar o ano novo com a família.

A cumprir quarentena desde 13 de Dezembro num quarto do Hotel Royal Dragon, no ZAPE, Jorge acusou a pressão de estar num ambiente sem luz nem ar naturais. Por esse motivo, decidiu que devia contactar o Centro de Controlo e Prevenção da Doença (CDC) para tentar encontrar uma solução.

“As janelas do quarto são amareladas, o que faz com que a luz natural não entre. Temos de estar às escuras ou com luz artificial. Só que ao fim de quase um mês nesta situação, uma pessoa sente-se mal. Não estamos preparados para estar com luz artificial todos os dias, durante quase um mês”, lamentou-se.

O contacto a queixar-se sobre o problema foi feito a 25 de Dezembro, quando foi informado, por telefone, sobre a necessidade de ficar 21 dias de quarentena, em vez dos 14 inicialmente previstos. “Estou preso num quarto sem luz natural nem ar natural há 13 dias e ainda tenho de ficar mais oito dias. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a luz e ventilação naturais são necessárias para o bem-estar de uma pessoa”, pode ler-se na mensagem enviada ao CDC. “Os 14 dias de quarentena aguentam-se bem, mas ficar 21 dias é demasiado, considerando estas condições.

Todos estes problemas estão a fazer com que me sinta em stress e ansioso, por isso peço às autoridades para que resolvam estes problemas e melhorem as condições de quem cumpre quarentena”, acrescentou, ao mesmo tempo que implorou por uma solução.

A queixa de Jorge Pinheiro foi enviada a 25 de Dezembro e ontem, na resposta, foram-lhe apresentadas duas alternativas: ou chamava uma ambulância, caso se sentisse mal, ou cancelava a quarentena e era enviado para Taiwan, o último ponto de embarque, numa viagem que começou em Portugal. “Primeiro, disseram que se me estivesse a sentir mal que podia telefonar para chamar uma ambulância […] Depois, disseram-me que podia sempre cancelar o isolamento”, relatou Jorge Pinheiro. “Eu perguntei: ‘Como assim?’ e depois de me perguntarem os dados pessoais e de onde tinha vindo, disseram-me que podiam mandar-me de volta para Taiwan”, relatou.

Apanhado de surpresa

A resposta apanhou de surpresa o residente, nascido em Macau. “Ter uma pessoa que trabalha na CDC a dizer que pode mandar-me de volta para Taiwan… Eu senti-me quase insultado. Venho para passar as férias com a minha família, que não vejo há quase um ano, e tenho funcionários a dizerem que me mandam de volta […] Eu nem estou a pedir para me tirarem da quarentena, só esperava que tentassem ao máximo arranjar uma solução”, desabafou.

A cumprir isolamento desde 13 de Dezembro, Jorge Pinheiro estava pronto para passar o Natal longe da família. Porém, admite ter ficado desiludido por a extensão do período de quarentena afectar também a noite de entrada no ano novo. Apesar de ter ficado a saber da extensão logo no dia 21 de Dezembro, através das notícias, oficialmente só foi informado a 25 de Dezembro, num telefonema de rotina em que lhe pediram para medir a temperatura.

“Não me informaram sobre a necessidade de cumprir 21 dias. Tive de descobrir pelas notícias. O que me deram foram duas folhas em chinês. Eu sei falar chinês, mas não sei ler. […]. Pedi que pelo menos me entregassem um papel em português, ou o mínimo dos mínimos, em inglês, mas até agora não me entregaram nada. Só fui informado mesmo pelo telefone”, relatou.

Após a medida ter sido anunciada, Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção de Doenças Infecciosas e Vigilância de Doença, admitiu que os avisos iam ser feitos caso a caso. “Temos vindo a monitorizar o estado de saúde dos indivíduos em observação médica, de maneira que temos vindo a telefonar um a um, sobre este arranjo novo. Não é um número pequeno, por isso alguns já receberam o nosso telefonema e outros ainda não foram contactados”, afirmou a responsável no dia 23 de Dezembro. O HM tentou ainda obter uma reacção às queixas junto dos Serviços de Saúde, mas até ao fecho da edição não recebeu resposta.

Covid-19 | Isolamento passa para 21 dias e código prevê novas obrigatoriedades

O período de quarentena obrigatória foi alargado de 14 para 21 dias, para quem vem de territórios de alto risco. Entre as novas medidas de combate à pandemia, está ainda a obrigatoriedade de preencher o código de saúde com dados adicionais a partir de 7 de Janeiro de 2021

 

Quando no passado dia 21 de Dezembro foi convocada uma conferência de imprensa de urgência por parte do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, chegou a temer-se que a ocasião serviria para comunicar um novo caso de covid-19 em Macau. No entanto, não foi isso que aconteceu.

Ao invés, e depois de assegurar que não há registo de novos casos no território, Alvis Lo, médico adjunto da Direcção do CHCSJ, anunciou que, a partir das 22h00 desse mesmo dia, o período de quarentena obrigatória seria alargado de 14 para 21 dias, para quem chega a Macau proveniente do exterior, à excepção do Interior da China e Taiwan.

A justificação para a implementação da nova medida baseou-se no aparecimento da nova estirpe do vírus detectada no Reino Unido, considerada “mais contagiosa” e “nos casos confirmados em diversos locais, depois de cumpridos 14 dias de observação médica”.

Se para quem vem do exterior, o isolamento obrigatório foi alargado em sete dias, a quarentena para os que chegam de Taiwan continua a ser de 14 dias, ficando também inalterada a dispensa de qualquer quarentena para quem vem do Interior da China, à excepção das zonas do país consideradas de alto risco.

Contudo, mesmo para quem chega do Interior da China, Taiwan e Hong Kong há novas restrições. Isto porque a partir da meia-noite do dia 23 de Dezembro foi decretada em Boletim Oficial (BO), a proibição de entrada em Macau, de todos os residentes do Interior da China, Taiwan e Hong Kong “que nos 21 dias anteriores à sua entrada tenham visitado países ou regiões fora da China”.

Também em BO, passou a estar previsto que os não residentes que não possuem residência no Interior da China, Hong Kong ou Taiwan possam entrar em Macau “em casos excepcionais de reagrupamento familiar ou de relacionamento estreito com a RAEM”, desde que nos 21 dias anteriores tenham permanecido na China continental e tenham sido “previamente autorizados pela autoridade sanitária”.

Conta-me por onde andas

Na passada quarta-feira foi ainda anunciado pelos Serviços de Saúde (SS) a obrigatoriedade de partilhar dados adicionais por parte dos residentes, aquando do preenchimento do código de saúde.

A informação adicional deve ser preenchida no código de saúde obrigatoriamente a partir de 7 de Janeiro, sendo que quem não cumprir as novas directivas pode incorrer numa pena de prisão até seis meses ou numa multa até 60 dias, por infringir o artigo 10.º da “Lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis”.

De acordo com um comunicado oficial, a médica Leong Iek Hou revelou que os utilizadores podem fazer a inscrição dos respectivos endereços, através do preenchimento do campo relativo ao “Local de residência habitual em Macau” (destinado aos residentes) ou através do campo “Local onde exerce a sua actividade mais frequente em Macau” (destinado aos não residentes).

O objectivo passa por optimizar o plano de controlo e prevenção da epidemia por zonas e categorias para, em caso de ocorrência de uma situação epidémica em Macau, a conversão de cor do código de saúde seja efectuada rapidamente.

Máscaras | Nova ronda começa hoje

Começa hoje o 25.º plano de fornecimento de máscaras. As máscaras poderão ser adquiridas até ao próximo dia 26 de Janeiro de 2021 e as regras são semelhantes à ronda anterior, ou seja, cada pessoa pode comprar 30 máscaras com um custo de 24 patacas, mediante a apresentação de identificação. Para as crianças entre os 3 e os 8 anos podem ser adquiridas 30 máscaras infantis ou, em alternativa, 15 máscaras de criança e 15 máscaras de adulto ou 30 máscaras de adulto.

Pequim | Quarentena alargada a outros locais

A partir do meio-dia de ontem todos os indivíduos que nos 14 dias anteriores à entrada em Macau tenham estado nas vilas de Nanfaxin e Gaoliying ou no Subdistrito de Shengli, do Distrito de Shunyi, em Pequim, passam a ter de fazer quarentena de 14 dias nos locais designados pelos Serviços de Saúde. A medida foi revelada ontem pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. Além de Pequim, estão ainda obrigados a fazer quarentena os indivíduos provenientes de algumas localidades da cidade de Liaoning, da província de Heilongjiang, da Região Autónoma de Xinjiang-Uigur, da Província de Sichuan e da Região Autónoma da Mongólia Interior.

Turismo | Helena de Senna Fernandes confiante nas entradas na passagem de ano

Tendo em conta comentários na internet, a directora dos Serviços de Turismo acredita que, apesar do cancelamento de celebrações como o fogo de artifício, os turistas consideram que esta é uma boa época para vir para Macau. Já no mês de Novembro o território registou um aumento de visitantes

 

O fogo de artifício foi cancelado, mas a directora dos Serviços de Turismo (DST) acredita que ainda assim os visitantes venham a Macau na passagem de ano, noticiou a TDM Canal Macau. Em causa estão interacções na internet sobre o território.

“Há algumas pessoas a dizer na internet e que estão a fazer o ‘sharing’ que de facto esta é uma boa época para vir a Macau. Embora não tenha fogo de artifício, tem outras actividades como o festival das compras, e os hotéis neste momento estão a fazer boas ofertas para os nossos visitantes”, disse Helena de Senna Fernandes. A responsável frisou ainda que muitas pessoas vêm a Macau mais de um dia, pernoitando por mais de uma noite. “Temos de continuar a fazer mais trabalho, mas mesmo assim é um bom sinal”, reflectiu.

Durante os feriados de Natal entraram em Macau mais de 50 mil pessoas, 24 mil das quais no dia 24 de Dezembro. A directora da DST esperava que os números dos dias seguintes fossem semelhantes, destacando os resultados obtidos pela indústria hoteleira. “A taxa de ocupação dos hotéis está muito boa, agora. Alguns hotéis atingiram 80 por cento de ocupação, outros ainda mais do que isso”, comentou.

Helena de Senna Fernandes apontou o plano de promoção de larga escala que tem como alvo os turistas do Continente como algo para continuar no próximo ano, por ser “muito positivo para o turismo”. Entre as medidas, estão ofertas especiais para hotéis, cupões de consumo, bem como descontos em bilhetes de avião.

Melhorias em Novembro

No mês passado chegaram a Macau 636.351 visitantes, o que representa um decréscimo de 78,1 por cento, em termos anuais. Ainda assim, este número traduz uma subida de 9,3 por cento em comparação a Outubro de 2020. A Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) comunicou que os visitantes ficaram mais meio dia, em termos anuais, com um tempo médio de permanência de 1,7 dias.

A maioria dos visitantes veio da China Continental, mais de metade das cidades da Grande Baía. Seguiram-se visitantes de Hong Kong e de Taiwan. As Portas do Cerco foram a via preferida de entrada no território. Chegaram por meios aéreos e marítimos, 25.206 e 13.100 visitantes, respectivamente.

A DSEC apontou ainda que entre Janeiro e Novembro entraram no território 5,237 milhões de visitantes, menos 85,6 por cento, face ao período homólogo de 2019.

Colina da Penha | Novo Macau preocupada com corredor visual

A Associação Novo Macau está preocupada com a construção de dois edifícios para os Tribunais na área de Nam Van, por entender que ameaçam o corredor visual para a Colina da Penha. Segundo as duas plantas de condições urbanísticas, existem planos para autorizar a construção de dois edifícios na Área de Nam Van.

Um dos edifícios, que irá funcionar como tribunal, vai ficar situado mesmo ao lado do Tribunal Judicial de Base. Segundo a planta, prevê-se uma construção em altura que pode chegar aos 50,8 metros. O outro edifício, irá ficar ao lado do Tribunal de Última Instância, tem também como finalidade declarada “tribunal” e vai ter uma altura de 34,1 metros quadrados.

Segundo o entender da associação democrata, a construção dos dois edifícios vai impedir que da Colina da Guia haja um corredor visual que permita ver a Ponte Nobre de Carvalho. Ao mesmo tempo, a associação liderada por Sulu Sou critica ainda o facto de a consulta pública sobre as plantas ter sido lançada numa altura em que as pessoas estão “entretidas” com as épocas festivas.

Face a este contexto, Sulu Sou enviou uma interpelação ao Governo a pedir que adopte medidas, de forma a impedir que o corredor visual seja permanentemente destruído e a pedir um limite de construção inferior ao aprovado.

Governo assina acordo com o China Media Group

Assinatura do acordo-quadro prevê colaboração entre as partes em conteúdos diversos. Na cerimónia, que ficou marcada pelo início da rodagem do documentário “Aerial China Macau”, Ho Iat Seng sublinhou a importância da iniciativa para a imagem “distintiva” do território

 

O Governo de Macau assinou no sábado um acordo-quadro com o China Media Group para aprofundar a cooperação estratégica e colaboração na criação de conteúdos noticiosos, transmissão de actividades desportivas, telenovelas, documentários e programas culturais.

Durante a celebração do acordo, o Chefe do Executivo Ho Iat Seng começou por frisar que a iniciativa irá contribuir para a “integração de Macau no desenvolvimento nacional” e optimizar “o bem-estar da população”, pode ler-se num comunicado oficial.

Após a assinatura do acordo, Ho Iat Seng juntou-se ao vice-ministro do departamento de propaganda do comité central do Partido Comunista Chinês, ao presidente e editor-chefe do China Media Group, Shen Haixiong, e ao subdirector do Gabinete de Ligação do Governo Central, Zhang Rongshun, para assistir ao início da rodagem do documentário “Aerial China Macau”, o primeiro projecto de cooperação previsto na iniciativa.

Afirmando que Macau é, muito provavelmente, o lugar com a área mais reduzida a ser filmado, desde que a série “Aerial China” começou, Ho lembrou as palavras de Xi Jingping, quando afirmou que Macau “tem alcançado grandes conquistas nos últimos vinte anos, desde o seu retorno à pátria, sem que a sua área geográfica reduzida tenha impedido de tornar-se próspera, possante, sadia e bonita”.

O Chefe do Executivo sublinhou ainda esperar que a gravação do documentário contribua para “a divulgação ao mundo da imagem distintiva de Macau enquanto cidade ‘pequena mas bonita’, permitindo que mais pessoas conheçam o seu elevado grau de abertura ao exterior e de inclusão”, assim como a “vitalidade” do princípio “Um País, Dois Sistemas”.

Em termos de gastronomia, Ho Iat Seng acrescentou que Macau é a terceira Cidade Criativa da UNESCO em toda a China e que o programa “O Sabor de Macau”, “poderá destacar as características de Macau, decorrentes da coexistência de diversas culturas do mundo no seu território”.

Ao jornal Ou Mun, Kevin Ho, empresário, e accionista do grupo português Global Media é também da opinião que a materialização das iniciativas previstas no acordo vão contribuir para “aumentar a atractividade e a boa imagem de Macau” e lembrou que, no ano passado, como prenda de aniversário pelo 20.º aniversário da RAEM, foi lançado o canal desportivo da CCTV no território. Segundo o empresário, esse facto reflecte a “postura positiva” da China em relação a Macau.

A todo o gás

Também no sábado, Ho Iat Seng e Shen Haixiong assistiram à cerimónia de lançamento da lista de competições que o Executivo e o China Media Group vão organizar em 2021, bem como o início da segunda temporada do Top Speed China, cuja derradeira prova acontece no território.

Sobre a competição automobilística, que combina desporto, tecnologia informática, cultura e criatividade, o Chefe do Executivo frisou que o Governo continuará a colaborar com o China Media Group para “aumentar os canais de desporto” e apoiar a diversificação económica de Macau.