DSEPDR | Cheong Chok Man substitui Mi Jian na direcção Hoje Macau - 11 Mar 2021 O Chefe do Executivo nomeou Cheong Chok Man como director dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional (DSEPDR), em substituição de Mi Jian. Cheong Chok Man assume funções a partir da próxima segunda-feira, 15 de Março, pelo período de um ano. O novo director é licenciado em economia pela Universidade de Wuhan, e tem mestrado e doutoramento na mesma área. Cheong Chok Man entrou para o Governo em 2000, começou a trabalhar no então Conselho Económico. Seguiu-se o trabalho como técnico agregado no gabinete do secretário para a Economia e Finanças, Francis Tem, e depois com Lionel Leong. Desde 2019 que Cheong Chok Man desempenhava funções como assessor do gabinete do Chefe do Executivo. Recorde-se que Mi Jian saiu da DSEPDR em Agosto do ano passado depois de uma investigação do Comissariado contra a Corrupção sobre alegadas irregularidades na contratação de funcionários e abuso de poder, suspeitas, entretanto, afastadas. Ung Hoi Ian assumia, de forma interina, o lugar de director da DSEPDR.
Empregadas Domésticas | Agnes Lam quer correcção de “erros” legislativos João Santos Filipe - 11 Mar 2021 Após a alteração da lei de contratação de não residentes, Agnes Lam diz que os salários das empregadas domésticas subiram para 8 mil patacas e que as famílias perderam capacidade para as contratar A deputada Agnes Lam quer debater na Assembleia Legislativa as novas alterações à “Lei da Contratação de Trabalhadores Não Residentes”, para permitir que TNR desempregados em Macau possam ser contratados. A proposta é apresentada depois de em Junho do ano passado os deputados terem votado por unanimidade, entre os 30 dos 33 que exerceram este direito, proibir a contratação de trabalhadores não residentes que ficassem sem contrato na RAEM. Nos moldes das alterações à lei a contratação só pode ser feita se os trabalhadores que a lei especifica serem “não especializados” deixarem Macau. No entanto, com as restrições impostas pela pandemia e o encerramento das fronteiras a estrangeiros, passou a ser impossível recorrer a mão-de-obra oriunda as Filipinas e Indonésia, por exemplo. Face às alterações, Agnes Lam mostra-se preocupada com o aumento dos salários das empregadas domésticas, que nas condições actuais praticamente só podem ser contratadas no Interior. Segundo a legisladora o vencimento mensal passou para 8 mil patacas, quando anteriormente a DSAL aprovava salários de 3.500 patacas, acrescido de subsídio de alojamento. “Mesmo com as autoridades a aumentar as quotas para a importação de não residentes na área das empregadas domésticas, entre Janeiro e Novembro do ano passado apenas foram contratadas 50 pessoas”, afirma Agnes Lam, com base nas estatísticas oficiais. “Existe o entendimento de que o salário mensal das ajudantes domésticas quase duplicou e é actualmente de, pelo menos, 8 mil patacas. Também não há actualmente empregadas domésticas a procurar trabalho nas agências de emprego. Ao mesmo tempo, as famílias de Macau não têm rendimentos para pagar estas empregadas domésticas”, é acrescentado. Neste novo panorama, o número de empregadas domésticas teve uma quebra de 1.240 pessoas, de 30.923 para 29.683 no ano passado. Um valor que contrasta com o aumento anual de 1.600, entre 2017 e 2019. A deputada sublinha ainda que como os casais de Macau têm uma vida profissional activa, as empregadas domésticas são fundamentais e é preciso debater para ser atingido um consenso capaz de ultrapassar a situação. Agnes Lam diz que há pelo menos 1.000 famílias afectadas pelas restrições. Quanto à votação do Verão passado, Lam justifica que as medidas foram aplicadas para combater a imigração ilegal e que na altura os deputados acreditavam estar no “último quilómetro” da pandemia. “Contudo, mais de meio anos depois, a situação de pandemia no mundo continua, o que faz com que seja muito difícil permitir a entrada de estrangeiros”, lamenta.
Fukushima | As dúvidas e os problemas 10 anos depois do acidente nuclear Andreia Sofia Silva - 11 Mar 2021 Faz hoje 10 anos que o Japão enfrentou um grave acidente nuclear na cidade de Fukushima depois de um terramoto seguido de tsunami. O país encerrou entretanto muitas centrais nucleares mas depara-se com um dilema, dadas as responsabilidades que tem perante o Acordo de Paris. Há problemas que persistem enquanto a população continua a recusar a energia nuclear. Patrícia Neves, que esteve em Fukushima nessa altura e que escreveu um livro sobre o tema, recorda a experiência Há 10 anos o Japão voltou a enfrentar o fantasma do nuclear depois dos acontecimentos da II Guerra Mundial, com os bombardeamentos em Hiroshima e Nagasaki. A 11 de Março de 2011, depois de um terramoto e de um tsunami, o país não estava preparado para um terceiro embate: um acidente na central nuclear de Dai-ichi, em Fukushima. Patrícia Neves, à data jornalista da agência Lusa, foi destacada para fazer a cobertura dos desastres naturais e acabou por viver de perto o incidente nuclear. Dessa experiência resultou o livro “Império Nuclear – A era pós-Fukushima”, publicado em 2014, e um documentário. Patrícia Neves só conseguiu voar para o Japão no dia 12. Quando chegou ao aeroporto de Tóquio, os sinais de caos foram imediatos. “Havia muitas filas de trânsito, continuavam a fazer-se sentir réplicas do terramoto a toda a hora”, recordou ao HM. O objectivo era chegar a uma das zonas do país mais afectadas pelo terramoto, Tohoku, no nordeste do Japão. Patricia Neves viajou com uma equipa de jornalistas portugueses por questões de segurança. “Havia muitas pessoas desaparecidas na região e era muito difícil lá chegar. Numa situação normal essa viagem demoraria entre três a quatro horas, mas demorou cerca de 12.” As estradas estavam cortadas, faltava o combustível em todo o lado. Foi nesse momento que começam as explosões na central nuclear de Fukushima. “Numa das explosões eu estava a atravessar a província de Fukushima. Quando chegamos à região [Tohoku] deparamo-nos com a devastação que o tsunami causou, uma coisa indescritível, um cenário de guerra. Depois havia a questão do acidente nuclear e das informações contraditórias que nos chegaram de várias fontes, das autoridades e dos media estrangeiros.” O medo das radiações fez com que muitos repórteres tenham deixado o país nessa altura, mas Patrícia Neves decidiu ficar mais uns dias. “Impressionou-me o impacto do tsunami na vida das pessoas, mas também o acidente nuclear, algo que nunca tinha vivido e que foi muito forte a nível profissional e pessoal.” A ex-jornalista destaca a “resiliência” com que os japoneses voltaram a lidar com um incidente nuclear. “A forma como o povo japonês reagia ao desastre também me sensibilizou, porque tem esta forma muito particular de reagir de forma muito ordeira a catástrofes.” O incidente nuclear obrigou à deslocação de milhares de pessoas para outras zonas do Japão, tendo muitas famílias sofrido situações de discriminação. “Houve casos de bullying nas escolas, recusas de médicos em recebê-los. A população temia que a radiação fosse contagiosa, o que revelava que havia muito pouca informação sobre o nuclear. Fukushima abriu os olhos da população para o perigo do nuclear”, descreveu Patrícia Neves. O medo que persiste Aquele que foi o maior acidente nuclear da história desde Chernobyl, na Ucrânia, causou mais de 20 mil mortes e desaparecimentos. Ouvidos pela Reuters, os moradores da cidade de Iwaki, a 30 quilómetros do epicentro do tsunami, recordam, dez anos depois, os momentos em que a mãe natureza lhes pregou uma partida. “Depois do terramoto e do tsunami houve muitos projectos de construção e eu fiquei ocupado com trabalho. Mas recentemente as coisas abrandaram um pouco. A minha vida está mais parecida com aquilo que era antes do desastre”, confessou Natsuki Suzuki, trabalhador da construção civil. Persiste ainda um enorme medo em relação às radiações. Hiroharu Haga, vendedor de peixe de 49 anos de idade, disse que continua “preocupado com o que vai acontecer à indústria do peixe nos próximos dez anos”. “Há algum debate sobre o lançamento da água radioactiva tratada da central nuclear para o mar. Estou preocupado com o que vai acontecer depois disso. Há incertezas sobre o futuro.” As preocupações não são em vão. Segundo o jornal Nikkei Asia, 140 toneladas de água são contaminadas diariamente, em média, e que é usada para remover substâncias radioactivas que permanecem na zona. Esta água é depois armazenada em tanques e já existem mais de mil, cheios a 90 por cento. A capacidade máxima de armazenamento destes tanques deverá ser atingida no Outono de 2022, altura em que a água terá de ser lançada ao mar. Por entre os receios, há quem nunca tenha recuperado do choque, como é o caso de Yuko Yoshida, de 75 anos. “Não recuperamos de todo. Há ainda terras vazias, e não há nada que os turistas possam ver na prefeitura de Fukushima, apenas algumas pessoas regressaram”, contou. Para Katsumi Teshima, empregada no sector de retalho, com 53 anos, é importante mostrar optimismo. “Na altura muitas pessoas estavam deprimidas e tinham caras tristes, mas penso que é importante mostrar que os nossos sorrisos estão a voltar e que isso não acontece apenas por causa dos Jogos Olímpicos. É importante mostrar às pessoas que os nossos sorrisos estão a voltar ao que eram antes.” 300 milhões para Tohoku Mesmo com um terramoto e um tsunami, o acidente nuclear aconteceu exclusivamente por razões humanas, como disse à Reuters Kiyoshi Kurosawa, responsável pela investigação que concluiu que o incidente foi “totalmente feito pelo homem”. “Fukushima ficou marcado na história da energia nuclear”, acrescentou. Para reerguer Tohoku dos destroços, o Governo japonês gastou 300 mil milhões de dólares americanos (32.1 triliões de yen), mas há áreas em Fukushima que permanecem por recuperar, sem esquecer que hoje a população está mais desperta para os perigos da produção deste tipo de energia. Um inquérito divulgado pelo canal de televisão NHK revela que 85 por cento da população está preocupada com a energia nuclear. Outro inquérito, publicado pelo jornal February Asahi, conclui que 53 por cento dos inquiridos opõem-se à re-activação dos reactores, comparando com os 32 por cento que estão a favor. “Passaram dez anos e algumas pessoas esqueceram. O zelo desapareceu. As reactivações não estão a acontecer, então as pessoas pensam que, se esperarem, a energia nuclear vai desaparecer”, declarou Yu Uchiyama, professor de ciência política da Universidade de Tóquio. Patrícia Neves destaca o facto de hoje a energia nuclear representar apenas seis por cento do total de produção de energia do país, quando antes de 11 de Março de 2011 esse peso era de 30 por cento. As autoridades japonesas enfrentam, no entanto, um dilema, pois ao ratificar o Acordo de Paris, devem ter fontes renováveis e sustentáveis de energia. Mas o nuclear, uma energia limpa e barata, acarreta riscos. “O que os especialistas dizem é que para [o país] cumprir com as suas obrigações há que voltar a apostar no nuclear e a colocar em funcionamento os reactores. A população continua a opor-se e o Japão está perante este dilema. Existe o problema da radiação e do armazenamento do lixo radioactivo. A situação da central de Fukushima está longe de estar resolvida e há ainda muito a fazer”, apontou. Zero nuclear em 2069 Actualmente só nove dos 33 reactores nucleares obtiveram licença para voltar a operar de acordo com as regras de segurança pós-incidente, mas apenas quatro estão de facto a funcionar, e nenhum deles em Fukushima. Dados do primeiro semestre de 2020 revelam que a energia nuclear representa apenas seis por cento do total das fontes de energia. Um conselheiro do Governo para as políticas energéticas, Takeo Kikkawa, lembrou à Reuters que o objectivo é que existam apenas 18 reactores em 2050 e zero em 2069, conforme foi anunciado pelas autoridades japonesas em Outubro do ano passado. “O Japão é um país pobre em recursos e não podemos abandonar de repente a opção do nuclear. Mas, na realidade, o futuro da energia nuclear é sombrio.” Numa reportagem intitulada “10 anos de Fukushima: problemas tóxicos, poucas soluções”, o jornal Nikkei Asia relata como continuam a ser gastos milhões em matérias de segurança e de descontaminação de solos, e de como persistem as preocupações de moradores e dos que trabalham a terra. Shinjiro Koizumi, ministro do Ambiente, declarou que vai levar tempo até que o país fique totalmente livre da energia nuclear. Isto porque o actual primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, “deixou claro que as energias renováveis devem ser uma fonte primária de energia e que deve ser maximizada a sua implementação”. Depois, “deve reduzir-se a dependência da central nuclear o máximo possível”, frisou o ministro.
Casinos | Menos 86,6% de contratações no quarto trimestre de 2020 Hoje Macau - 10 Mar 2021 As operadoras de casinos contrataram menos 86,6 por cento para o sector das lotarias e outros jogos de aposta, devido ao impacto que a pandemia está a ter em Macau, foi ontem anunciado. “Durante o quarto trimestre de 2020 foram recrutados somente 174 trabalhadores, tendo-se observado uma queda de 86,6 por cento, em relação ao mesmo trimestre de 2019 (1.294 trabalhadores)”, indicou a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), em comunicado. Na mesma nota, a DSEC acrescenta que no final de 2020 existia 56.613 trabalhadores a tempo completo no sector das lotarias e outros jogos de aposta, menos 1.612 que em 2019. Em relação às remunerações, as autoridades apontam também uma diminuição face a 2019: “a remuneração média (excluindo as participações nos lucros e os prémios) dos trabalhadores a tempo completo no sector das lotarias e outros jogos de aposta cifrou-se em 23.440 patacas, menos 4,9 por cento, em termos anuais”.
Covid-19 | Lançado certificado digital de vacinação para viajar Hoje Macau - 10 Mar 2021 A China lançou ontem uma aplicação móvel que permite aos seus cidadãos mostrar além-fronteiras os certificados de vacinação anti-covid e os resultados dos testes ao novo coronavírus. Trata-se de um miniprograma que pode ser aberto por meio da aplicação móvel WeChat, usada na China como serviço de mensagens instantâneas e carteira digital. Os utilizadores devem indicar o país que pretendem visitar ou a partir de onde retornam. O programa, denominado “Código de Saúde contra a Epidemia, versão internacional”, ainda não permite a visualização dos resultados da vacinação e está restrito aos cidadãos chineses. No domingo, o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, anunciou que o país asiático vai emitir certificados de saúde para viajantes internacionais, com o objectivo de “facilitar o trânsito seguro e ordenado”. No entanto, não se sabe que países ou territórios vão aceitar este novo certificado digital ou se há alguma negociação em curso com outros governos. O epidemiologista-chefe do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da China, Wu Zunyou, disse recentemente que, caso a China não registe infecções e os Estados Unidos atinjam uma taxa de vacinação de 90 por cento, os dois países poderão retomar as viagens entre si. Caminho estreito A China praticamente fechou as suas fronteiras em 28 de Março do ano passado, mesmo para muitos estrangeiros que têm autorização de residência no país, à medida que a covid-19 se alastrou pelo mundo. Todos os estrangeiros que viajam para a China devem passar por rigorosas medidas de prevenção contra o vírus. Isto inclui um teste de detecção do coronavírus no país de origem, antes de embarcar no avião, e outro logo à chegada. O recém-chegado tem ainda de cumprir um período de quarentena de pelo menos 14 dias num local designado.
PJ apreende cocaína em acessórios informáticos João Luz e Pedro Arede - 10 Mar 2021 Quatro residentes foram detidos pelas autoridades por suspeitas de tráfico e consumo de droga. A Polícia Judiciária afirma ter recebido informações de que um cartel de tráfico de droga de Hong Kong iria enviar para Macau material informático onde viria escondida droga. Após investigação, as autoridades obtiveram informação do destino e dos destinatários das encomendas. De acordo com informação da Polícia Judiciária (PJ), na segunda-feira foi interceptada uma residente, destinatária das encomendas enviadas para uma loja de uma empresa de compras online no norte da península. A mulher foi detida em conjunto com um residente que a foi buscar de automóvel. Dentro do embrulho apanhado pelas autoridades estava um teclado de computador onde estavam escondidas 10,66 gramas de cocaína, com valor de 35 mil patacas. A PJ deteve outros três residentes na Areia Preta e na Avenida Almirante Lacerda. As autoridades apuraram que os primeiros dois detidos tinham como destino um centro comercial na Areia Preta para entregar as encomendas a outro indivíduo, que por sua vez passaria a droga a um consumidor e ao seu motorista. Os cinco residentes foram transferidos para o Ministério Público, suspeitos dos crimes de tráfico e consumo de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas.
IAM desmente cancelamento de importação de ananases de Taiwan João Santos Filipe - 10 Mar 2021 O Governo nega ter existido qualquer suspensão das importações de ananás de Taiwan, ao contrário do que circulava na imprensa da Formosa e em alguma de Hong Kong. Numa resposta enviada ao HM, o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) sublinha que trabalha sempre para reforçar as medidas de segurança alimentar, mas que não houve alterações recentes. “Nos termos da lei, todos os produtos alimentares frescos e vivos importados em Macau devem ser objecto de declaração prévia e sujeitos à inspecção sanitária. O IAM reforça sempre a inspecção sanitária dos produtos alimentares com risco de segurança”, foi, primeiramente, explicado. “As respectivas medidas [de importação de ananases de Taiwan] têm sido mantidas, sem alteração na fase actual”, foi acrescentado. O IAM confirma assim a posição do Conselho para a Agricultura que dizia desconhecer qualquer suspensão das importações para Macau, uma vez que, ao contrário da prática nestes casos, não tinha recebido qualquer aviso por parte das entidades da RAEM. Contradições No início deste mês, o Governo do Interior declarou que as importações de ananases vindas da Formosa ficavam suspensas, por alegadamente terem sido encontrados nos carregamentos deste tipo de fruta “pestes” que ameaçam a segurança alimentar do outro lado da fronteira. A justificação do Governo de Pequim foi vista como tendo por trás uma motivação política para Taiwan, cuja sociedade civil lançou um movimento para que os cidadãos aumentassem o consumo deste produto. Na sequência do litígio entre Pequim e Taipé, a publicação China Reviews News Agency, de Hong Kong, citou um director da Quinta Chen Nong, em Taiwan, a dizer que também Macau tinha suspendido as importações e que já não era possível enviar ananases para a RAEM. Porém, o Apple Daily, jornal de Hong Kong, apresentava uma versão diferente, se por um lado havia vendedores a dizer que as importações para Macau dos ananases de Taiwan estavam suspensas, pro outro, citava produtores de Taiwan a dizer que as exportações para Macau e Hong Kong decorriam dentro da normalidade. A resposta do IAM vem agora esclarecer as dúvidas existentes, No ano passado, segundo as estatísticas do Conselho para a Agricultura, a RAEM importou 27 toneladas de ananases de Taiwan.
O aquecimento global pré-COVID-19 Jorge Rodrigues Simão - 10 Mar 2021 “Before the COVID-19 pandemic of 2020, emissions of carbon dioxide were rising by about 1% per year over the previous decade, with no growth in 2019. Renewable energy production was expanding rapidly amid plummeting prices, but much of the renewable energy was being deployed alongside fossil energy and did not replace it, while emissions from surface transport continued to rise.” Nature Climate Change volume 10, pages647-653 (2020). Desde pequeno sempre me fiz perguntas que a maioria das pessoas não pensa: como é que o Universo teve origem e como vai acabar, como se formou a vida e será o futuro, até onde iremos? Tenho sido um fã da ficção científica, em particular da que imaginava viagens entre as estrelas e a descoberta de novos mundos. Sou apaixonado pelos problemas do mundo em vez do futebol ou outros desportos, e sonho com um mundo muito diferente do verdadeiro, onde não há guerras, nem fome, nem ultra-ricos o ambiente é respeitado. Ao longo dos anos, fiquei convencido de que, devido à natureza do Homem, estes poderiam estar destinados a permanecer apenas utopias. Na verdade, o Homem sempre foi egoísta e possessivo. Desde muito cedo aprende a dizer: “É meu”. A reacção mais comum das pessoas quando obtêm algo não é a satisfação, mas o desejo de ter ainda mais. E depois a resistência à mudança pois a mente é habitual por natureza e, portanto, a mudança custa energia e esforço, por isso resiste. A mudança significa a quebra de um padrão, de uma forma de ser e de funcionar, agora familiar, para passar para outro completamente novo e estranho. Estas são algumas das razões pelas quais, em vez de ter em conta que existe apenas uma Terra e de fazer investimentos para um futuro melhor, houve uma corrida ao consumismo mais desenfreado, sem considerar os danos para o ambiente e o legado prejudicial deixado às gerações futuras. Mesmo os países são governados por indivíduos que pensam em termos egoístas para o seu país e o povo apoia-os porque o nacionalismo prevalece. O homem é um animal que graças à sua adaptabilidade e capacidade de colaborar, conseguiu prevalecer sobre os outros animais e desenvolver uma inteligência tal que o tornou o senhor absoluto do planeta Terra, explorando plenamente os seus recursos naturais a fim de satisfazer as suas necessidades. Se nas épocas anteriores o impacto humano na natureza tinha sido mínimo, desde a primeira Revolução Industrial, há mais de duzentos anos, com as suas actividades e comportamentos, o Homem modificou profundamente o clima e o ambiente. Nos últimos anos tem havido um animado debate sobre o aquecimento global e as suas causas e efeitos. Actualmente, a grande maioria dos cientistas afirmam e demonstram que o aquecimento global em curso se deve a actividades humanas. Há muito poucos que o negam e que têm interesses económicos e/ou políticos significativos, como o ex-presidente americano Trump, que não desistia mesmo quando confrontado com a evidência dos efeitos nocivos sofridos pelo seu país. Há algumas décadas muito poderia ter sido feito para o evitar, mas, em vez disso, continuou-se sem medo ao longo do caminho do consumismo e do desperdício. Hoje ainda podemos fazer algo, pelo menos para limitar os danos, mas devido aos egoísmos individuais e nacionais não conseguiremos sequer abrandar o ritmo. O aquecimento global poderá tornar-se inevitável e mais acelerado do que pensamos, com as consequentes catástrofes naturais devido a fenómenos cada vez mais extremos, tais como chuvas intensas, furacões e grandes secas que provocarão inundações, destruições, desertificação, incêndios, derretimento do gelo e subida dos mares que farão desaparecer enormes superfícies cultiváveis ou habitadas, perecerão flora e fauna, tanto terrestre como marinha, até chegar a uma nova extinção em massa. Entretanto, haverá migrações de populações inteiras, guerras pela água e pela terra cultivável, mortes, doenças e sofrimento. A única esperança de parar ou pelo menos abrandar o aquecimento global é agir incisivamente “AGORA” a nível global tentando fazer com que as utopias se tornem realidade. O comboio está a partir e para não o perder temos de o apanhar à pressa. Não podemos esperar que a ciência, com os seus desenvolvimentos futuros, encontre uma solução prática para resolver o problema ou que seres extraterrestres venham e nos façam mudar radicalmente o nosso estilo de vida. Também não se pode esperar que a política resolva tudo. Se não fizermos todos um esforço para adoptar um estilo de vida diferente e assumirmos um compromisso político, mesmo apoiando partidos que defendem o Ambiente, será difícil mudar o estado das coisas. Pode-se sempre fazer algo por muito pouco que seja como instalar painéis fotovoltaicos no telhado, cultivar um pedaço de terra com uma horta e pomar, seguir uma dieta principalmente vegetariana nos passos da dieta mediterrânica dos nossos avós, tentar andar a pé ou de bicicleta o máximo possível, mas isto não é suficiente porque são muito pouco a fazer. Os cientistas dizem que ainda temos nove anos até que o processo de aquecimento global se torne irreversível. O que tem sido feito até agora é insuficiente e não será capaz de conter o aumento da temperatura média global. Só se todos remarmos em sincronia conseguiremos conduzir os nossos netos para um futuro onde possam viver em paz e harmonia com a natureza. É de fazer um apelo especial aos jovens em particular, porque são eles que mais sofrerão com as consequências das alterações climáticas. Rebelem-se tomando parte activa na política ou, em todo o caso, dando o seu apoio aos partidos que assumem a responsabilidade pelos problemas ambientais. O aquecimento global é um fenómeno climatológico que tem afectado o nosso planeta desde a segunda metade do século XX, o que implica um aumento da temperatura média da superfície do planeta, incluindo tanto a atmosfera da Terra como as águas dos oceanos, causado pelo efeito de estufa e atribuível à actividade humana. O efeito estufa, como o nome sugere, é comparável ao que acontece numa estufa ou num carro exposto ao sol com as janelas fechadas. O ar no interior é aquecido pelos raios solares enquanto as janelas do carro ou as folhas transparentes da estufa o impedem de irradiar e entrar em contacto com o ar mais frio do exterior, fazendo com que a temperatura interna suba consideravelmente. No caso da Terra, a função do vidro ou da folha transparente é realizada principalmente pelos chamados “gases com efeito de estufa”. Os mais conhecidos e mais utilizados são o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4), enquanto o mais influente é o vapor de água, que é de origem natural. Tal como numa estufa, a Terra aquece mais do que o normal. O aumento das temperaturas médias globais provoca o derretimento dos glaciares e o aumento do nível do mar. O aquecimento climático, contudo, tem efeitos diferentes de região para região e as suas influências locais são muito difíceis de prever. O que é certo, porém, é a natureza extrema dos fenómenos meteorológicos e o seu aumento de frequência. As consequências do aquecimento global são numerosas e aumentam em gravidade à medida que a temperatura média global aumenta como chuvas fortes, furacões, inundações, deslizamentos de terras, seca extrema, desertificação, fome, incêndios, derretimento do gelo, subida dos mares, extinção de espécies, migração de populações inteiras, guerras por causa da água e terras aráveis. Estas catástrofes naturais, no entanto, não atacam de forma homogénea. Um continente pode sofrer de seca extrema, enquanto outro pode sofrer chuvas fortes, inundações ou furacões. A situação actual até ao aparecimento da Covid-19 (Janeiro de 2019) quanto à temperatura atmosférica era de que os últimos quatro anos tinham sido os mais quentes desde 1880, pois a concentração de CO2 na atmosfera foi a mais elevada em oitocentos mil anos (410 partes por milhão) e está a aumentar. O aquecimento global era actualmente cerca de 1 grau acima dos níveis pré-industriais. Isto soa como um não cerebral, mas está longe disso. Mesmo a mais pequena mudança importa e pode trazer mudanças drásticas. O ano de 2018 foi o mais quente desde 1800 para a maioria dos países da Europa do Sul +1,58°C acima da média. Dos trinta anos mais quentes desde 1800, vinte e cinco foram desde 1990. Em vários estados europeus, particularmente na Alemanha, França, Suíça, Áustria, Hungria e Finlândia, 2018 foi também o mais quente registado desde que foram feitas observações, assinalando temperaturas recordes como, por exemplo, na Finlândia, onde as temperaturas de Verão excederam os 30°C. O ano de 2018 foi o ano mais quente de sempre porque, o fenómeno El Niño estava em curso, amplificando eventos climáticos extremos já exacerbados pelas alterações climáticas. Quanto a eventos extremos, 2018 tem até uma dúzia de acontecimentos excepcionais, a começar pelos Furacões Florence e Michael, que foram os mais destrutivos e dispendiosos da história dos Estados Unidos. Os incêndios na Califórnia são também considerados como os mais destrutivos e dispendiosos em termos de vidas na história do estado. No Japão, inundações e deslizamentos de lama causaram duzentos e trinta mortes e destruíram milhares de casas, seguidas por ondas de calor excepcionais, com cento e cinco mortes só em Tóquio. A China também sofreu chuvas torrenciais com mortes e danos consideráveis. Finalmente, a Austrália, Argentina e a área da Cidade do Cabo na África do Sul foram atingidas por uma seca excepcional. A situação para o gelo e glaciares não é certamente melhor pois o gelo da Gronelândia está a derreter mais rapidamente do que o esperado e o fenómeno, que começou em meados do século XIX, é o mais pronunciado em quatrocentos anos. Glaciares de todo o mundo estão a retroceder. Basta pensar no glaciar Marmolada que está a desaparecer, bem como em todos os glaciares Dolomitas e Alpinos cujo recuo não pára, apesar de uma estação de Inverno e Primavera caracterizada por uma boa pluviosidade. As más notícias também vêm de glaciares suíços vizinhos. Entre 1973 e 1985, a superfície dos glaciares suíços permaneceu praticamente inalterada, enquanto de 1985 a 2000 foi reduzida em 18 por cento. No Ticino, entre 1985 e 2009, a superfície dos glaciares foi reduzida em 70 por cento, desaparecendo abaixo de uma altitude de 2100 metros acima do nível do mar. A Antárctida detém 90 por cento das reservas de gelo do planeta e desempenha um papel fundamental no clima da Terra. É daqui que o ciclo começa, o que permite que a temperatura da superfície terrestre permaneça constante e evite o sobreaquecimento. Entre 1992 e 2017, a Antárctida perdeu três triliões de toneladas de gelo. O derretimento do gelo árctico levou a uma subida do nível do mar de cerca de dez milímetros. A emergência dos refugiados climáticos está a tornar-se cada vez mais alarmante, pois estamos a falar de mais de um milhão de pessoas forçadas a abandonar as suas casas devido à erosão e às tempestades causadas pela subida do nível do mar. Este número poderia aumentar significativamente, uma vez que muitas comunidades costeiras recorrem à migração interior como medida preventiva. Está a acontecer na Louisiana, Brasil, Nova Iorque, Austrália, Tailândia, Filipinas e Alasca. Em Veneza, por exemplo, o nível do mar está a subir a um ritmo recorde e “la Serenissima” poderia estar debaixo de água até 2100. Isto é revelado no capítulo dedicado ao clima do volumoso “Relatório Estatístico 2018” divulgado pela Região de Veneto. O nível do mar Adriático em Veneza subiu “significativamente acima da média global” e mesmo “quase o dobro do de Trieste”. A subida do nível do mar causada pelo aquecimento global está a acelerar e, no final do século e cerca de 7 por cento da população mundial poderá terminar submersa, com imensos danos e inconvenientes. O novo alarme, que reforça ainda mais os precedentes sobre o derretimento do gelo, vem de um grupo de investigadores da Universidade de Boulder, no Colorado. Estes cientistas calcularam que o nível médio do mar nos últimos vinte e cinco anos aumentou sete centímetros, e mostraram que a velocidade de crescimento deste nível não é a mesma em cada ano que o anterior (três milímetros por ano), mas é dada pelo anterior adicionando quase um milímetro para cada ano. Por isso, é como se mantivesse o pé no acelerador de um carro cuja velocidade continuaria sempre a aumentar. O texto foi desenvolvido utilizando dados fornecidos desde 1993 até 2018 por vários satélites em órbita da Terra, tais como TOPEX/Poseidon e Jason-1 a 3. O ano de 2018 é também um ano recorde para o aquecimento dos oceanos. De facto, foi o ano mais quente de que há registo, com uma acumulação recorde de calor. A investigação publicada na Nature, utilizou um método novo e mais fiável para calcular os efeitos do aquecimento global nos mares e oceanos e descobriu que os oceanos estão a aquecer muito mais rapidamente do que se pensava anteriormente. Um factor chave que está a exacerbar o aumento das temperaturas, que é o aumento constante dos níveis de vapor de água na atmosfera. A investigação mostra que os seres humanos, com as suas actividades diárias, são largamente responsáveis pela crescente “hidratação” na atmosfera superior. Nos últimos trinta anos, o nível de humidade na troposfera superior (de 4,8 a 11,2 quilómetros), tem tido uma constante tendência ascendente principalmente devido a actividades humanas. A presença de florestas desempenha um papel muito importante na manutenção do equilíbrio do ecossistema. Através do processo de fotossíntese, as plantas removem o dióxido de carbono do ar, libertando oxigénio em seu lugar. Enquanto a destruição das florestas produz enormes quantidades de CO2, o seu crescimento absorve-o, fazendo da sua protecção um dos elementos-chave na luta contra as alterações climáticas, especialmente as tropicais, cujo crescimento ocorre ao longo de todo o ano. Em vez disso, estamos infelizmente a perder treze milhões de hectares de floresta todos os anos. A este ritmo, mais de duzentos e trinta milhões de hectares desaparecerão até 2050. Apesar dos esforços para reduzir a desflorestação tropical, a taxa de perda de árvores quase duplicou ao longo dos últimos cinco anos. A desflorestação acrescentou 7,5 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono à atmosfera em 2017, de acordo com estimativas do World Resources Institute (WRI), 50 por cento mais do que as emissões produzidas pelo sector energético dos Estados Unidos. A desertificação, tal como a desflorestação, reduz a capacidade da vegetação para absorver CO2. As causas são múltiplas, devido tanto a causas naturais (aumento das temperaturas, seca, degradação do solo e transporte devido ao efeito de chuvas fortes) como antropogénicas, ou seja, causadas por actividades humanas (uso insustentável de aquíferos, remoção de solos férteis e impermeabilização do solo devido à urbanização, lavra em encostas, etc.). Globalmente, uma área com metade do tamanho da União Europeia (4,18 milhões de quilómetros quadrados) é degradada todos os anos. A África e a Ásia são os continentes mais afectados. Em menos de um século, o número de animais que vivem no nosso planeta diminuiu praticamente para metade. Actualmente, cerca de seiscentas espécies animais estão ameaçadas de extinção do que já é conhecido, como constituindo uma longa lista vermelha com noventa mil entradas. A biodiversidade é um património precioso para a vida na Terra que deve ser preservado a todo o custo. Basta pensar nas preciosas abelhas que polinizam e fertilizam as nossas árvores de fruto. Se, devido ao aquecimento global, se extinguissem, seria extremamente prejudicial para a agricultura, pois não só faltaria mel, mas também fruta, legumes e forragens para animais. Seguir-se-iam grandes fomes, pondo em risco a nossa própria sobrevivência.
Platero Amélia Vieira - 10 Mar 2021 De forma a esconjurar este ambiente triste em volta – e à volta do mundo – lembrar os seres em vias de extinção e o seu legado amoroso na vida das culturas a que pertenceram, Platero, um burro, leva-nos a revisitar o sul ibérico, Andaluzia, terra de mouros e ciganos, de laranjas e de flores, de tudo o que é bom nesta parte do mundo terra de antigos califados. Jimenez, andaluz, traz-nos a atmosfera que também podemos encontrar em Lorca para percorrer esse salão grande da memória meridional. Jimenez – Juan Ramón Jimenez – levou-a para o mundo e dele recebeu um Nobel de Literatura na qualidade de Poesia, e a Andaluzia em peso está ali plasmada como que a dizer que uma certa grandeza se alcança quando levamos o solo natal inalterável e alheio às influências que o modificam. Num tempo tão urgentemente ecológico, havia ele lembrar os conhecimentos imprescindíveis que educam a sensibilidade para que se faça em harmonia com o chão dos sonhos, mais importante que fazer neófitos que declaram sem filtro novas formas de totalitarismo. É nesta componente que a preservação se dá, não por dogma, mas por uma doçura ambiental que as ideias nunca alcançam. Não iremos encontrar aqui nenhum antropomorfismo, não é uma fábula, nem tem conteúdo moral, também o autor rejeitou que apelidassem de uma obra para crianças, e entende-se bem porquê, a entrincheirada escrita juvenil não é muito do agrado dos poetas, mas só eles sabem como fazer para que o maravilhoso fique intacto para todos, e as crianças serão as primeiras a saber desse efeito: a actual literatura infantil está ainda a abarrotar de componentes estéreis que podem estar a afectar os dons oníricos das próximas gerações. As crianças conhecem dinossauros, mas suspeitamos se conheçam burros, a velocidade a que foram rasurados os nossos amigos próximos, pode ter criado efeitos mentais não muito explícitos para que se possam já analisar. Amigos! Sim, a obra é a de uma amizade, e ela dá-se entre várias formas de vida, de espécies vivas, e porque, e sobretudo, nós os mamíferos temos um profundo sentimento de empatia uns pelos outros, esse encontro de vidas é certamente a mais viva componente de respeito por ela que aqui o poeta nos traz. Ele fala de, e, com Platero, com a narrativa limpa, o respeito intacto, e o carinho mais intenso, ele percorre então todas as rondas dos caminhos e são ainda os seus olhos de água que dão fôlego à narrativa e nos lavam a alma sujeita a tanto estilhaço de divisão colectiva. Teremos de interpretar tal obra como uma consolidação do poder narrativo do seu autor que não poderia no entanto ter feito outra coisa que prosa poética « o poema em prosa existiu desde sempre, como o conto, e o poema em verso ou o ensaio» editado pela primeira vez em 1914 a reedição de 1917 seria aumentada, esta, já com componentes de crítica social tendo cento e trinta e oito capítulos que desejou estender sem sucesso até aos cento e noventa. A primeira edição é por isso mesmo a mais indicada para a leitura das novas gerações, que no entender do poeta, as crianças deviam ler o que lêem os adultos, dependendo das escolhas, evidentemente. Ao prosseguir esta jornada damo-nos conta do impressionante efeito visual, como se lêssemos uma pintura descritiva e cheirássemos ainda aquelas rosas com que cobriu Platero ao mencionar-lhe que caiam, e esta vastidão de encanto é toda ela uma vitória dos sentidos. Não precisamos de construir a nossa própria atmosfera dentro da narrativa, entregamo-nos a ela como fazem os amantes, e tudo isto é ainda melhor que os seus desejos (componentes do outro que por excesso nos recria) é uma lembrança muito boa da maneira maravilhosa de gostar. Também há dor, Platero morre, e não há espaço livre no coração que o descreve para a esperança imediata. O luto é entendido como uma paragem recomendada no processo da separação, e de lá saem as sombras negras das mulheres viúvas que o sul tão solar sabe fazer azeviche, como se esse processo, todo ele fechado e só, fosse uma dádiva, a única liturgia para dizer adeus. Platero, tu vês-nos, não é ? Verdade que vês as crianças correndo… Levando mariposas brancas…. Sim, tu vês-me. Creio agora ouvir …. a tua voz tão minha. A alma de Platero não é mais pequena que a de qualquer um de nós, e a saudade que deixa, menos importante que uma outra saudade. Mas isso, só quem ama – esse que abarca o todo em todas as criaturas- o poderá compreender.
Nefelibata de trazer por casa João Paulo Cotrim - 10 Mar 202110 Mar 2021 Horta Seca, Lisboa, quarta, 3 Março O motorista a mirar-me no retrovisor deve ter pensado, mas nada disse. Talvez tenha aumentado a tolerância aos desvios da normalidade, desde que confinados aos comportamentos da burguesia tele-transportada, bem entendido. Lá ia indo eu de polegares e indicadores a enquadrar com imaginada câmara lambendo as paredes do percurso em longuíssimo travelling. Os olhos da alma das cidades, os acessos aos bens e ao mal, as passagens para o grande circo do gozo, as montras estão todas fechadas. Cada uma com o seu modo de assinalar a suspensão ou o encerramento: o pó, os papéis, os jornais que ainda servem para cobrir e vedar, muros a murmurar um digno volto já ou tão só o abandono do que se lixe. Devia ter continuado às voltas e nem me lembrei da câmara do telemóvel. As realizações na cabeça ficam sempre melhor. A estranheza continuará a marcar o dia assim que as mãos tocam no «Salazar, i w godzinie jego śmierci» (ed. Timof Comics). O grafismo está de tal modo semelhante que parece erro de sintonização, um piparote no cocuruto e talvez aparecesse em húngaro ou russo ou filipino. Ganhou leveza com a troca de papel, mas até prefiro o relato sem brilho. No final, acrescentam-se páginas de tradução e enquadramento de alguns dos materiais de que nos socorremos para evocar momentos concretos, sobretudo jornais, que ainda hoje servem para nos dizer de ontem. O título ganhou o «e» que o aproxima da fórmula da velha oração, ou seja, perdeu o que se pretendia com o «agora, na hora da sua morte». A biografia condensava-se no instante derradeiro que o leitor irá desvendando. Ao que se somava a ideia, optimista, bem sei, de sugerir que estava na altura de desligar a assombração permanente do ditador. Ao contrário de outras produções literárias, tardamos a mastigar e digerir a nossa História de maneiras que não sejam apenas este tão contemporâneo quanto redutor agitar de bandeiras ou implodir de estatuária. Insistem depois os editores polacos na tradicional dicotomia entre desenhador e argumentista, que o Miguel [Rocha] e eu sempre recusámos por redutora em relação à complexidade destas parcerias criativas, em que ambos escrevemos com imagens. Vai-se notando alguma evolução, mas se até custa a entender a alguns dos nossos melhores investigadores… Diverte-me aqueloutro facilitismo na apresentação da contracapa que coloca a novela «no Top 3 da banda desenhada histórica portuguesa», abrindo-me a curiosidade de saber quais seriam os outros e com que critérios se punham uns em cima dos outros para chegar ao topo. A biografia velha de décadas dá-me como jornalista e deixa-me, como de costume, melancólico, afinal a mais constante das vocações. Santa Bárbara, Lisboa, sábado, 6 Março A parada e resposta do Diário das Nuvens dura há 50 dias. Se soubesse extrair uma raiz do quadrado diria que nunca antes tinha estado tanto tempo a escrever ininterruptamente. Se me ficasse pela leitura faria melhor ao ecossistema, mas perdoe-se o mal que faz pelo bem que (ainda) sabe. Celebrámos a brincadeira com uma antologia em versão lençol que me pôs logo a sonhar com variações na pele de Lisboa: https://abysmo.pt/diario-das-nuvens-de-joao-francisco-vilhena-e-joao-paulo-cotrim/ O entusiasmo promete para já variações mais fílmicas, mas a brincadeira tornou-se caso sério. Surgem reacções comoventes, onde cada peça se revela espelho ou consolo. Além da partilha de interesses e trabalhos artísticos em torno destes fascinantes habitantes dos céus. Para celebrar a data redonda atropelei a regra e olhei por breves instantes para o miradouro (junto vai a visão correspondente do João [Francisco Vilhena]). As nuvens também se avistam umas às outras. «Pare, escute, olhe. Na passagem de nível sem guarda que se atravessa, a paragem passou a ser um sexto sentido muito. Nas camadas superiores está posto trânsito dos diabos. As raivas que se condensam em rangentes nuvens dentatas não respeitam nada. Ao passo que as robustas saudades acumulam-se pacientando pela queda do sinal verde na passadeira vermelha. Os enxames de cristais de gelo circulam indiferentes em contra-mão. Andam praí a cuspir nuvens da boca para fora. Vai daí a locução própria do nível informal atrai cada vez mais praticantes. É vê-los equipados com desvelo a velar zelosamente pela nuvem de palavras. Um toque dá acessos e conta as vezes. Atracção fatal pelo artificial, a dos fazedores de chuva. Uma gaze mais não é senão nuvem feita tecido trocando consolo pela tintura do sangue. E quem chamou nuvem turva à primeva ecografia, primeira Eva?» Santa Bárbara, Lisboa, terça, 9 Março Perto tem morrido gente, mas também alguns nascimentos se anunciam e nisso sopra leveza. Vem grávido este livro cujo lançamento será gravado hoje, mas para acontecer mais adiante no âmbito do Ronda, o festival de poesia de Leiria (o novo normal bem tenta fintar o tempo). Por estar na colecção Mão Dita, por ser poesia, além do primeiro neste «famigeradano», abre ainda janelas primaveris no coração pesadote da abysmo. «Cordão», de Ana Freitas Reis, com capa de Eugénia Mussa, diz como quem dança que o corpo «é um evento apaixonado» e que faz parte do mistério, que a mulher não abdica do seu papel principal, que ainda há lugar para o espanto e o assombro, que Deus faz parte da fauna e flora, que a investigação maior do mundo só pode ser feita pela palavra, ainda que condenada ao fracasso. Canta ainda muita música. Transbordemos portanto, que nem «Pégaso»: «Só o que gera salva / E tudo o que nasce deixa buraco,/ o fino corte da beleza.// Não seremos nunca o pássaro afinado./ Porque o corpo é água viva/ e todo o movimento/ é duelo contraditório.// O jogo é deixar transbordar/ atravessando o corpo./ O campo empírico/ tem um modo próprio de pulsar.// Sobram-nos suspiros sob a cintura./ Por instantes liberta-se/ o fardo empoleirado aos ombros/ dando um salto que não depende/ do porte do cavalo.”
Era uma vez uma sombra que fugiu da parede… Rosa Coutinho Cabral - 10 Mar 202111 Mar 2021 Aurora, Murnau -1927 “Os poetas , como os cegos, podem ver no escuro” Jorge Luis Borges Entrei numa gruta sem saber onde estava. Os gritos do imperador ecoavam de dor, enquanto os seus olhos se derramavavam nas sombras da sua concubina preferida, reminiscências daquelas que Platão aprisionara na sua caverna. Simulacros lançados na indefinida coreografia que iria reger o ocidente e o oriente, ao compasso de incertas dramaturgias entre transcendência e imanência. Deitei-me, fechei os olhos e disse para mim mesma: daqui não saio, daqui ninguém me tira. O real ensopado de mil chuvas e corroído por mil vermes ficava de fora. Eu ficava dentro, no lugar onde todo o espaço explodia e se guardava no meu olhar, qual porto onde ancorava um desejo antigo, muito antigo de cinema, antropologicamente antigo e aparelhado pelas mãos de Dédalo. Uma vontade de ver imagens correndo em continuidade e animadas pelo vento. O cinema era o Outro, deste outro tempo anterior que já não estava ao alcance da minha mão, mas do encantatório Rosebud sussurado por Orson Welles, hipnotizando o fundo do meu pathos. Fui afectada pelos ecrãs dos cinemas, viajei por muitas cidades cinematográficas desde Griffith, Lang, Ford, Mizoguchi, Renoir… foram dias felizes. Na verdade as metrópoles mais belas da carta-khôra destes meus contos, são acontecimentos, metamorfoses semânticas, rasgos no céu e no devir. Como os gregos, nada somos se não vivemos numa cidade e, diferentemente deles, o que nos atrai, contemporaneamente, é o desvio do que já aconteceu e nos conduz para mais longe, na direcção de um não acontecido – o horizonte poético da potência. As minhas cidades são erguidas pelos artífices e artesãos da arte e porta voz de uma energia urgente e inadaptada, e as cinematográficas rompem a parede onde estão as sombras, passam para o real e para o sonho de uma sombra, percorrendo a extensa região de Píndaro. Eclipsando a importância da Sagrada Família ou da Casa Milá de Gaudí, as notas em sol triste, que ecoavam num beco, atraíram-me como uma fêmea com cio para a cave escura onde Tete Monteliu improvisava ao piano. Connosco o clube ficou com 3, 4 pessoas no máximo, numa total escuridão. Embora o jazz fosse um país que conhecia há muito, e do qual podia desenhar o mapa quase de olhos fechados, lembro-me bem como fiquei emocionada. Tudo o que interessava naquele momento eram as mãos que inquietavam aquelas teclas num misteroso processo, improvisando. É esta a figura do trabalhador que habita as cidades do meu planisfério. O que contraí o síndrome de improvisar como um actor, um músico, um filósofo, e de inventar como um cientista, ensaiar como um pensador… Neste síndrome, vários sintomas sem causa e sem resposta, disparam, emergem, contaminam as sombras negras daquela cave, revelando um corte, uma inadequação, uma esperança, uma guerra. Suspeitava, claro, da violência com que tudo se arquitectava, o que confirmei nas inúmeras visitas que fiz como viajante, a Brecht, Godard, Viola, onde grandes revoluções foram projectadas. Pouco a pouco, o trabalho das sombras fez de mim testemunha de um passe de magia em que o logos foi conquistado pela imagem, soltando-a agora da black-box e expandindo o que o cinema, afinal, nunca pôde prometer. Por todo o lado, o reflexo narcísico e predador invade territorialmente o mundo, numa expansão imperial sem precedentes, na rede, na white-box dos museus, no teatro, nas instalações, nas televisões das casas, nos computadores, nos telemóveis… e, confesso, até tenho medo que a hybris tecnológica mobilizada pela imagem, se torne tão omnipresente que nos possa cegar. Voltei à gruta onde encontro Winona Ryder, imóvel durante 30 minutos, enquanto Bob Wilson ajusta as luzes até a imagem de Dias Felizes desaparecer na escuridão. Fecho os olhos e vejo o último plano de Trás os Montes de António Reis: um homem afasta-se em profundidade na paisagem como se fosse parte de um tempo sem ponteiros. Quem é o outro inventado pelo cinema quando devolve, não a coisa em si, mas a coisa constituída de inesperadas qualidades da mediação? O que muda agora, quando a sombra que se solta da parede continua presente na sua travessia, mesmo quando abandona a projecção numa sala de cinema? Já de partida, e sem resposta, sonho com Diotima que nasce do negror clássico e me traz numa caixinha de berlindes a memória de Eros. Mais do que deus da ligação, ele é aquele que é capaz de tornar visível o que não está ligado, aparelhando tecnicamente a circulação das imagens, transformando-as na mais poderosa carga de afecção do mundo actual. Como ser intermediário, Eros captura o síndrome da visibilidade irreversível, num movimento de sombras nunca visto. Identifica os sintomas num mundo agora prometido aos Maelstrom de Poe, que é preciso, se calhar, preencher com imagens que não eram previsíveis ou que estavam ocultas e desligadas no anterior regime de virtualização do mundo. Imagens que são agora o que nos securiza na grande queda da vida e se soltam e correm em todo o terreno possível. Ao contrário de Platão, que temia que a escrita matasse a memória, eu, afinal, não temo que as imagens ceguem o mundo. Sei que os corpos terão de levar para longe, muito longe, esta carga, em subtis remediações de imagens neste mundo medial. Mas nunca esqueço que Murnau ainda é a cidade onde encontro a mais bela e triste aurora…
Bibliotecas | Actividade de troca de livros prolonga-se até 11 de Abril Hoje Macau - 10 Mar 2021 O Instituto Cultural (IC) promove até ao dia 11 de Abril a actividade de troca de livros em todas as bibliotecas públicas. A actividade integra-se na “Semana da Biblioteca de Macau” e tem por objectivo “promover a leitura e de incentivar a criação de amizades, bem como partilhar os recursos entre os amantes da leitura”. Os interessados podem levar as suas colecções de livros às seguintes bibliotecas do IC: Biblioteca Central de Macau, Biblioteca no Jardim Comendador Ho Yin, Biblioteca Sir Robert Ho Tung, Biblioteca do Patane, Biblioteca do Mercado Vermelho, Biblioteca de Mong Há, Biblioteca da Ilha Verde, Biblioteca de Wong Ieng Kuan no Jardim da Areia Preta, Biblioteca de S. Lourenço, Biblioteca da Taipa, Biblioteca de Seac Pai Van ou Biblioteca de Coloane. Depois de entregarem os livros, os interessados recebem uma ficha classificativa com um carimbo. Nos dias 24 e 25 de Abril poderão, durante os dias de promoção da “Semana da Biblioteca de Macau”, trocar livros de valor equivalente no edifício do antigo tribunal. Será atribuído um ponto por cada dez patacas, sendo a pontuação dos livros de valor inferior a dez patacas arredondada. Por cada ponto atribuído será colocado um carimbo na ficha classificativa. A pontuação máxima por livro ou colecção é de 100 pontos, enquanto os livros que não têm preço assinalado serão considerados como valendo dez patacas. Não podem ser trocados livros didácticos, cadernos de exercícios, manuais escolares, revistas, publicações pornográficas, publicações religiosas, banda desenhada, livros sobre tecnologia de informação e periódicos publicados há mais de um ano, livros turísticos publicados antes de 2019, materiais audiovisuais, publicidade, livros e periódicos não originais (que violam os direitos de autor), livros danificados ou sujos, colecções incompletas e livros com inscrições no seu interior.
Exposição | “Raízes”, de Jéssica Leão, revela imagens da Índia, Butão e Sri Lanka Andreia Sofia Silva - 10 Mar 202110 Mar 2021 A Casa Garden acolhe, a partir desta sexta-feira, a exposição de fotografia “Raízes”, de Jéssica Leão. Natural de Goa, Jéssica habituou-se desde criança a viajar pelo sudeste asiático, não só na Índia mas também em países como o Butão ou o Sri Lanka. As imagens destacam sociedades repletas de contrastes e pessoas cuja força se reflecte no olhar “Raízes”, de Jéssica Leão, é a nova exposição de fotografia patente na Casa Garden até ao dia 12 de Abril. A inauguração acontece esta sexta-feira, dia 12. A mostra revela 79 fotografias que foram sendo captadas por Jéssica Leão ao longo de 30 anos em países como a Índia, Butão e Sri Lanka. Natural de Goa, Jéssica foi fotografando pessoas, animais e lugares destas regiões, onde contrastam diferentes nações e culturas. Sempre de máquina na mão, percorreu lugares mágicos “do sossego de Pondicherry à caótica cidade de Bombaim, dos desertos do Rajastão às montanhas do Ladakh, passando pelas igrejas brancas e coqueiros de Goa e descendo aos vales do Butão …”. Ao HM, Jéssica Leão confessou que estas imagens são o resultado não apenas de uma ligação familiar mas também da paixão que tem pela Índia e pelas suas gentes. “Tenho uma grande atracção pelo país, pelo Sri Lanka. Ao Butão só fui uma vez mas também me identifiquei imenso com o país.” No Butão, onde esteve em 2012, Jéssica deparou-se com um país parado no tempo. “Foi uma experiência única porque é um país lindíssimo, com gentes espectaculares. São pessoas reservadas mas calorosas. Vê-se que há ali uma vivência muito genuína, não se vê muita interferência de coisas modernas, os miúdos com telemóveis. Vêem-se as pessoas nos jogos tradicionais, nas conversas, nos campos, é ainda um país muito genuíno. Está parado em um certo tempo, e isso encantou-me.” Foi a própria Jéssica Leão que fez a selecção das imagens que integram esta mostra, não conseguindo destacar apenas uma. “Todas as imagens são especiais porque reportam a uma viagem, a um sítio, a um momento. O que sobressai mais são as pessoas, os olhares, a intensidade que as pessoas na Índia mostram nos seus olhares, naquilo que nos conseguem transmitir só com isso. É isso que me fascina na Índia, o poder do olhar. E tenho algumas fotografias que transmitem essa força e intensidade.” Ideia concretizada Jéssica Leão já tinha pensado em fazer uma exposição com as imagens que foi captando nos últimos anos, mas só quando a Fundação Oriente (FO) fez o convite é que o projecto se concretizou. Apesar de não fazer da fotografia a sua profissão, Jéssica Leão já fez vários cursos e está sempre com o olhar atrás da lente. “É uma paixão que tenho e que gosto de exercer nos meus tempos livres, sobretudo em viagem. Mas mesmo em Macau gosto de estar sempre a fotografar e estou sempre atenta a pormenores, a luzes, a enquadramentos.” Entre 1990 e 1993 Jéssica Leão frequentou cursos de fotografia na Academia das Artes Visuais de Macau e fez vários workshops. Publicou a sua primeira fotografia em 1993, na Revista Macau, integrada no Festival das Artes de Macau. Em 1995 participou na exposição colectiva “FM2”, na Galeria da Livraria Portuguesa de Macau. Também em 1995 integrou a 2.ª Bienal das Artes de Macau. Em 1996, participou na exposição colectiva “Regresso ao Futuro”, realizada no Instituto Português do Oriente. Em 1997 volta a integrar o conjunto de artistas da 3ª Bienal das Artes de Macau e, em 2000, participa na exposição “Mostra dos Artistas de Macau”, organizada pela Câmara Municipal Provisória de Macau, no Centro de Actividades Turísticas (CAT). Para aqueles que visitarem a exposição, Jéssica Leão espera que “possam sentir um pouco a paixão que tenho pelas pessoas”. “Quem já esteve na Índia vai perceber, mas para quem não foi, gostava que as minhas imagens conseguissem transmitir essa beleza e serenidade que o país transmite a quem viaja por lá. É o contraste entre a alegria e as cores com a pobreza, a tristeza. É tudo muito presente para quem vive e viaja na Índia.”
Covid-19 | Código Amarelo vale interdição de acesso a vários locais João Luz - 10 Mar 2021 O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus anunciou ontem que quem estiver a cumprir os sete dias de autogestão, obrigatórios após o período de quarentena, fica interdito de entrar em hotéis, centros comerciais, serviços públicos governamentais, edifícios de imigração, instituições médicas e restaurantes. Durante o período de autogestão, quem o cumpre fica com Código de Saúde a amarelo, o que impede o acesso aos espaços indicados. Além disso, as autoridades sanitárias denunciaram ontem que alguns estabelecimentos e instituições “não estão a aplicar de forma rigorosa as medidas anti-epidémicas, nomeadamente a verificação correcta do Código de Saúde e a medição da temperatura corporal”. Sem especificar casos de falta de rigor, o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus apelou ao rigor das medidas de controlo em “hotéis, centros comerciais, serviços públicos governamentais, edifícios de imigração, instituições médicas e restaurantes (especialmente com capacidade para 400 pessoas)”. Apesar da situação epidémica em Macau estar estável, sem transmissões comunitárias há quase um ano, as autoridades recordam que a nível mundial o cenário ainda é crítico e que nas regiões vizinhas subsistem casos locais de infecção. Como tal, e para evitar risco de focos de propagação, as autoridades reforçam a necessidade de insistir no “uso de máscaras, lavar as mãos com frequência e manter a distância de um metro”.
Direito do jogo | Livro alerta para “discriminação” em algumas profissões no sector Andreia Sofia Silva - 10 Mar 2021 José Miguel Figueiredo e Hugo Luz dos Santos são os autores do livro “Regime jurídico da concessão de crédito para jogo ou aposta em casino – anotado e comentado”, apresentado amanhã na Livraria Portuguesa. Os autores alertam para casos de preconceito com profissões como os bate-fichas ou os troca-fichas, apelando a um maior debate sobre esta área. José Miguel Figueiredo afasta a urgência da revisão da lei A Livraria Portuguesa acolhe amanhã, às 18h30, o lançamento do livro “regime jurídico da concessão de crédito para jogo ou para aposta em casino – anotado e comentado”, da autoria de José Miguel Figueiredo e Hugo Luz dos Santos. Ao HM, o jurista José Miguel Figueiredo destacou a importância do lançamento desta obra como uma forma de promover uma maior discussão sobre a matéria. “Deveria promover-se um maior debate em torno destas questões, quer da parte do Governo quer de entidades privadas. Macau tem grandes especialistas em direito do jogo e deveria apostar nas pessoas que tem”, referiu. O debate é importante, na visão do jurista, para combater também alguns “preconceitos” em relação a algumas profissões do sector, como os bate-fichas ou os troca-fichas, que trabalham com os junkets. Estas “são muitas vezes cinzeladas pelos tribunais e pela Administração de forma preconceituosa e discriminatória”, lê-se nas notas introdutórias do livro. Para José Miguel Figueiredo, “ainda que o jogo seja a realidade do dia-a-dia de Macau há sempre um certo preconceito associado”, daí ser tão importante “analisá-lo de forma crua e descomprometida”. O jurista, que actualmente é assessor no Ministério da Economia em Portugal, defende que não é urgente rever este regime. “Esta lei é muito importante para o funcionamento dos casinos e a sua sustentabilidade, mas o foco, neste momento, não deve estar nesta lei. Esta lei não dita o futuro do direito do jogo em Macau”, assegurou. “Há sempre uma abertura para fazer revisões. O que nos parece é que não é a maior exigência neste momento mexer neste regime jurídico, que funciona. Claro que é sempre passível de aperfeiçoamento, mas não me parece que não esteja a dar resposta”, acrescentou o jurista. Os autores alertam também, no livro, para “a falta de reflexão e de pensamento científico sobre o direito de Macau e, em particular, sobre o direito do jogo”. “Questionamos como pode a RAEM ter no jogo a base da sua economia e, ao mesmo tempo, dispor de uma tão ligeira e descomprometida reflexão em torno do tema”, frisam. “Grandes desafios” Questionado sobre a revisão das licenças, José Miguel Figueiredo disse apenas que “vamos assistir a grandes desafios nos próximos tempos, porque a realidade que tínhamos há um ano é diferente da actual”. “O Governo vai ter de repensar aquilo que tinha pensado há um ano, mas o importante é que tome decisões com base na lei e no interesse público”, frisou. O HM tentou chegar à fala com Hugo Luz dos Santos, que não quis prestar declarações por não ter mais nada a acrescentar às declarações do seu colega neste projecto. A sessão de apresentação começa amanhã às 18h30 e conta com a presença de Jorge Neto Valente, presidente da Associação dos Advogados de Macau.
Habitação | Preços desceram entre Novembro e Janeiro 0,4% Hoje Macau - 10 Mar 2021 A Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) afirmou ontem que, entre Novembro do ano passado e Janeiro último, o índice global de preços da habitação caiu 0,4 por cento em comparação com o período transacto entre Outubro e Dezembro de 2020. A evolução foi assimétrica entre Macau e Ilhas, com os preços na península a descerem 0,5 por cento, enquanto na Taipa e Coloane se mantiveram semelhantes. No que diz respeito às habitações já construídas, o índice de preços baixou 0,2 por cento. Neste segmento de mercado, Macau voltou a registar quebras de 0,5 por cento, enquanto na Taipa e Coloane os índices subiram 1 por cento. Tendo em consideração o ano de construção, as habitações com mais de 20 anos registaram uma diminuição de 0,8 por cento do índice de preços, enquanto o escalão entre 6 e 10 anos de construção cresceu 1,4 por cento. Os imóveis ainda em construção caíram no índice de preços de 0,2 por cento durante o período analisado pela DSEC.
Governo reduz número de grandes eventos desportivos devido a pandemia João Santos Filipe - 10 Mar 2021 O Executivo sublinha intenção de organizar o Grande Prémio de Macau, confirma negociações com a Federação Internacional do Automóvel (FIA), mas admite que há desafios relacionados com a evolução da pandemia no exterior Apesar do objectivo declarado de organizar um grande evento desportivo por mês, a pandemia obrigou a uma meta mais modesta, que vai resultar na organização de apenas cinco, em vez de doze. O cenário foi traçado ontem pelo presidente do Instituto do Desporto (ID), Pun Weng Kun, após uma reunião do Conselho do Desporto. “No final do ano passado, de acordo com as orientações recebidas para organizar mensalmente um grande evento, fizemos as nossas preparações. Mas, como no Inverno houve diferentes desenvolvimentos da pandemia, fomos forçados a reduzir em cerca de 50 por cento os grandes eventos, o que faz com que sobrem apenas cinco”, disse Pun Weng Kun. Segundo os planos actuais, no próximo mês vai decorrer a corrida de 10 quilómetros, depois, em Junho, a RAEM volta a receber a corrida de Barcos-Dragão. Posteriormente, e até ao final do ano, vão ainda decorrer a Maratona Internacional, o Grande Prémio de Macau, e o Torneio de Ténis de Mesa. “Estamos a manter conversações sobre estes eventos e esperamos que possa haver um bom contacto com as federações internacionais”, acrescentou. Grande Prémio com dúvidas Um evento que ainda levanta muitas dúvidas, apesar da vontade e confiança na organização, é o Grande Prémio de Macau. De acordo com o calendário definido pelo Conselho Mundial da FIA, a corrida de Fórmula 3 está agendada para 21 de Novembro, mas a confirmação está dependente do “contrato com o promotor”, ou seja, com o Governo local. Face a estes desenvolvimentos, Pun Weng Kun confirmou as negociações, mas admitiu que a pandemia vai ser um condicionamento. No ano passado, apesar de haver um regime especial para as equipas e participantes na prova, que permitia que os estrangeiros entrassem excepcionalmente na RAEM, a necessidade de quarentena de 14 dias manteve-se, o que levou ao cancelamento de várias provas internacionais. Desde então, o período de quarentena subiu para 21 dias. Este é um desafio para todos: “Temos mantido conversações para organizar o evento. Esperamos que tudo corra bem e que em Novembro haja maior estabilidade em termos da pandemia, para organizar de forma adequada o evento”, desejou Pun, que também liderada a Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau. Pavilhão de Mong Há no final do ano O presidente do ID acredita que o Pavilhão de Mong Há pode abrir as portas até ao final do ano. Neste momento, espera-se que as obras fiquem concluídas até Junho. Depois é necessário tratar das formalidades relacionadas com a avaliação da segurança das obras e a obtenção de licenças. Ainda de acordo com Pun Weng Kun, o espaço será dividido entre a prática desportiva do cidadão comum (70 por cento) e provas desportivas e treinos de associações de desporto (30 por cento). Ainda em relação a associações, o responsável deu conta de um corte nos subsídios de 8 a 10 por cento, para 16 milhões de patacas.
Artigo de investigador português sobre luas geladas em destaque na Nature Pedro Arede - 10 Mar 2021 O artigo sobre exploração dos oceanos das luas geladas do sistema solar, assinado pelo investigador português que lidera a equipa de astrobiologia da MUST, André Antunes, foi uma das publicações destacadas em 2020 pela revista Nature, na Área da Astronomia. Com as atenções viradas para Marte, o investigador não tem dúvidas que as luas geladas “são o próximo passo da exploração espacial” Com os holofotes apontados para as três missões a Marte que estão actualmente a decorrer em simultâneo, a diferentes velocidades, há quem prepare terreno para materializar as próximas paragens da exploração espacial. O artigo intitulado “Experimental and Simulation Efforts in the Astrobiological Exploration of Exooceans”, com co-autoria do investigador português que lidera a equipa de astrobiologia da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST), André Antunes, foi seleccionado pela revista Nature como uma das seis publicações que mais contribuíram para a área da Astronomia em 2020. Originalmente publicado na revista Space Science Reviews, o artigo traduz o trabalho desenvolvido por uma equipa multidisciplinar e internacional, que colectou estudos experimentais e de modelação de várias áreas científicas ligadas à exploração dos oceanos das luas geladas do Sistema Solar. “O foco do artigo acaba por se reflectir nos esforços de replicação em laboratório ou por via computacional, das condições que existem nestas luas e, esse tipo de trabalho, (…) é muito importante para conseguirmos planear devidamente futuras missões e interpretar os dados que iremos obter destas missões”, explicou André Antunes ao HM. Do ponto de vista científico, apontou o investigador da MUST, o trabalho destacado na publicação, assume uma importância acrescida, dado que “as luas geladas do Sistema Solar são o próximo passo da exploração espacial”, até porque são locais onde existe água em estado líquido e isso pode significar a possibilidade de encontrar vida. “Tendo em conta a experiência que temos na Terra, pois não conhecemos nenhum outro ponto do Sistema Solar ou do Universo que tenha vida, a existência da água em estado líquido é essencial. Por isso, o facto de encontrarmos sítios no nosso Sistema Solar em que há enormes quantidades de água líquida, gera grande expectativa, numa perspectiva de ser possível existir vida nestes locais”, elucidou o académico. Além disso, explica, investigar as luas geladas é uma tarefa “difícil”, pois, como estão mais afastadas da Terra, “implica toda uma série de condicionantes do ponto de vista técnico” para a sua exploração. Macau no mapa André Antunes destaca ainda a visibilidade que a distinção da Nature permite atingir a um nível maior, pois considera que a investigação, por si, “só faz sentido se, de facto, alcançar um número elevado de pessoas e investigadores e for utilizada para alguma coisa”. “Marte está na moda agora, mas são artigos como este que vão marcar o próximo passo da exploração espacial”, acrescentou, frisando que a publicação tem o condão, não só de agrupar contribuições de diferentes instituições como a NASA, a Agência Espacial Alemã e colaboradores de outras partes do mundo, como do Japão, mas também de compilar diferentes abordagens importantes para “estimular o diálogo entre disciplinas que geralmente não têm tendência a comunicar muito”. O investigador, também membro do Laboratório de Referência Estatal Chinês para as Ciências Lunares e Planetárias da Universidade Ciência e Tecnologia de Macau (MUST), vinca ainda a relevância que o artigo tem para “colocar Macau no mapa”. “Do ponto de vista da MUST e do Laboratório de Referência Estatal Chinês para as Ciências Lunares e Planetárias, este tipo de reconhecimento é muito importante, pois acaba por contribuir e validar o caminho que temos vindo a traçar, que é o de colocar Macau como ponto de referência para a área da Astrobiologia, não só na China, como a nível global”, vincou André Antunes. Questionado sobre a missão chinesa a Marte, Tianwen-1, que se encontra na órbita do planeta vermelho, o investigador referiu que “as expectativas continuam muito altas”, embora a operação esteja a ser gerida de forma “mais cautelosa”, por se tratar da primeira missão chinesa em Marte. Já sobre os moldes como está a decorrer o trabalho de investigação nas plataformas experimentais de Astrobiologia e Cosmoquímica inauguradas em Dezembro de 2020 na MUST, André Antunes revela que devido à pandemia o laboratório está “semi-funcional”. A situação deve-se ao facto de membros estrangeiros da equipa não terem hipótese de vir para Macau. “Obviamente que não baixamos os braços, continuamos a trabalhar e a dar o litro e a fazer tudo por tudo para avançar com a investigação”, rematou.
Pearl Horizon | Zheng Anting quer prazos de habitações para troca João Santos Filipe - 10 Mar 2021 Zheng Anting quer saber quando é que os proprietários de fracções do empreendimento Pearl Horizon vão poder mudar-se para as casas que estão a ser construídas pelo Governo. A questão consta de uma interpelação oral divulgada ontem e que deverá ser discutida na Assembleia Legislativa nos próximos meses, dependendo do agendamento do presidente Kou Hoi In. Na interpelação, o deputado recorda que os proprietários do empreendimento que ficou por construir passaram por “vários anos de tortura” e que em 2019 foi prometido que as obras ficariam concluídas dentro de três anos. No entanto, o legislador mostra-se preocupado porque “já se passaram dois anos desde a apresentação do projecto” e “não foi avançada qualquer obra no lote em causa”. Além da questão, o deputado ligado à comunidade de Jiangmen apela assim para que o “Governo compreenda a ansiedade e acelere a construção da habitação para troca”. Por outro lado, quer também saber quando a empresa de capitais públicas Macau Renovação Urbana vai apresentar os resultados do estudo feito em sete edifícios no Iao Hon. Este trabalho tinha como objectivo perceber as necessidades dos residentes em termos de habitações temporárias, quando for altura de renovar os prédios em questão. Anteriormente, na Assembleia Legislativa, o presidente da empresa, Peter Lam, afirmou que a maioria das casas estudadas se encontram arrendadas.
Colina da Penha | UNESCO responde à Novo Macau e promete acompanhamento Pedro Arede - 10 Mar 2021 A directora do Centro do Património Mundial da UNESCO, Mechtild Rössler assegurou que irá ter em conta as informações partilhadas pela Novo Macau para interceder junto das autoridades chinesas acerca do corredor visual da Colina da Penha Em resposta a uma carta enviada pela Associação Novo Macau (ANM) em Janeiro, a directora do Centro do Património Mundial da UNESCO, Mechtild Rössler garantiu ter “tomado as notas devidas” sobre as preocupações apresentadas relativamente ao corredor visual da Colina da Penha e que será dado seguimento às diligências junto das autoridades envolvidas. “O Centro do Património Mundial (…) irá rever o conteúdo das informações enviadas, consultando, para o efeito, as autoridades estatais da China e solicitando os seus comentários em linha com as Orientações Técnicas para Aplicação da Convenção do património Mundial”, pode ler-se na resposta da UNESCO, datada de 4 de Março. Recorde-se que o caso diz respeito à aprovação de dois projectos na Zona C do Lago Nam Van, que prevêem alturas máximas entre 34,1 e 50,8 metros para dois edifícios judiciais que, a ANM receia que possam vir a bloquear os corredores visuais entre a Colina da Penha e a zona marítima da Ponte Nobre de Carvalho, destruindo a paisagem “colina-mar-cidade” da região. De acordo com a mesma resposta, a informação providenciada pela ANM será igualmente revista pelos órgãos consultivos do Centro do Património Mundial da UNESCO e tida em conta na preparação dos documentos para a 44ª sessão do Comité do Património Mundial, que terá lugar nos próximos meses de Junho e Julho em Fuzhou, China. O documento assinado por Mechtild Rössler acrescenta ainda que a UNESCO mantém contactos próximos com a Administração Estatal de Património Cultural da China, “tendo em conta o estado de conservação da propriedade” e as decisões tomadas pelo Centro do Património Mundial. Zona de batalha Desde que o Governo mostrou intenção de construir os dois edifícios na Zona C, a Novo Macau manifestou, por diversas vezes, oposição ao plano, apontando que o Executivo não revelou o relatório de avaliação de impacto paisagístico, dados de investigação e que o mesmo carece de apoio popular. Na carta enviada à UNESCO, a associação assinalou que, as informações relativas aos planos urbanísticos e à reclamação de terras, deveriam ter sido submetidas pelo Governo antes da aprovação do Plano Director. No dia em que os dois projectos foram levados ao Conselho do Planeamento Urbanístico, o vice-presidente da Novo Macau, Rocky Chan, recordou que, das mais de 100 opiniões que o público endereçou formalmente às autoridades durante o período de consulta pública, apenas uma foi favorável. “Desde que o Governo apresentou os dois projectos (…) tentámos tudo o que estava ao nosso alcance para que o Executivo ouvisse a vontade da população”, disse na altura. A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) já emitiu, entretanto, as duas plantas de condições urbanísticas (PCU) dos projectos em questão, assinalando que, após análise, o Instituto Cultural (IC) assegurou que o plano “não altera a configuração do espaço urbano de Macau” e que, a vista da principal área do mar a partir do Miradouro da Capela de Nossa Senhora da Penha em direcção à Taipa será mantida.
Ho Iat Seng apoia alteração do sistema eleitoral de Hong Kong João Luz - 10 Mar 2021 Com Lusa O Chefe do Executivo disse que apoia as mudanças no sistema eleitoral em Hong Kong, um projecto de decisão da Assembleia Popular Nacional (APN). As declarações foram proferidas à televisão estatal CCTV no domingo, antes de regressar a Macau depois de participar nas reuniões magnas do Partido Comunista Chinês. “A alteração do sistema eleitoral em Hong Kong é muito importante, pelo que nós, enquanto Região Administrativa Especial de Macau, também emitimos imediatamente uma declaração. Apoiamos inteiramente as alterações e decisões relevantes do (…) mais alto órgão do poder estatal, que tem este poder e responsabilidade de fazer o seu trabalho para o desenvolvimento constitucional das nossas duas regiões administrativas especiais”, disse. No plano mais alargado, Ho Iat Seng defendeu que a base da educação em Macau e Hong Kong tem de ser patriota para não ser influenciada pelo estrangeiro. Por essa razão, frisou, o Governo da RAEM tem vindo a reforçar a educação do “patriotismo e amor por Macau” desde a infância. Segurar o país Já durante as sessões em Pequim, o Executivo divulgou um comunicado a declarar o apoio à medida aprovada pela APN. “Sob a liderança do Governo Central, a RAEM tem promovido, gradualmente, o desenvolvimento do sistema político democrático, de acordo com a Constituição da República Popular da China e a Lei Básica da RAEM, estabelecendo regimes eleitorais do Chefe do Executivo e da Assembleia Legislativa que correspondam às realidades de Macau, no sentido de salvaguardar (…) o exercício do direito democrático da população, facto que veio criar uma conjuntura favorável a ‘Macau governado por patriotas’, bem como garantir que a implementação do princípio ‘um país, dois sistemas’ avance sempre na trajectória correcta.” O Chefe do Executivo mencionou também o empenho na defesa da segurança nacional, algo que caracterizou ao órgão de comunicação oficial como prioridade e um dos mais importantes objectivos do Governo da RAEM. “Já estabelecemos as leis de segurança nacional relevantes desde 2009 e concluímos as nossas leis em conformidade com o Artigo 23 da Lei Básica. Isto é ‘patriotismo e amor por Macau’, defendeu.
Lei Chan U quer quotas para locais na construção civil Hoje Macau - 10 Mar 2021 O deputado Lei Chan U quer saber se o Governo vai começar a definir uma quota de trabalhadores locais para as obras de construção públicas. A pergunta é colocada numa interpelação escrita, em que o legislador da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) se mostra preocupado com o facto de no início do mês terem aparecido 400 trabalhadores locais à procura de emprego na Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL). “Será que o Governo vai estipular nos cadernos de encargos das futuras obras públicas uma proporção de trabalhadores locais, além da medida de exigir que as empresas sejam de Macau?”, pergunta Lei Chan U, num documento revelado ontem. A questão é levantada na sequência do anúncio que o Executivo vai gastar 18,5 mil milhões de patacas este ano em obras públicas, para promover a economia. Contudo, Lei Chan U está preocupado que o dinheiro não chegue aos locais, porque não há uma quota que obrigue à contratação de um determinado número de trabalhadores. Por outro lado, o deputado indica que entre as pessoas à procura de emprego, cerca de 61 por cento tem mais de 55 anos, uma idade em que as perspectivas profissionais em termos de novas oportunidades ficam mais restringidas. Por esse motivo, o deputado quer também saber que mecanismos vão ser criados para que os trabalhadores locais sem formação específica possam ser re-qualificados e assumir posições mais especializadas no sector da construção.
Galaxy | Trabalhadores lesados ao receber indemnização Hoje Macau - 10 Mar 2021 A Associação de Bem-Estar Social de Macau entregou ontem uma carta ao Chefe do Executivo onde pede que seja dado acompanhamento ao caso de 14 trabalhadores do estaleiro das obras de expansão do Galaxy que não foram correctamente indemnizados após terem sido despedidos em Julho do ano passado. De acordo com o canal chinês da TDM-Rádio Macau, os trabalhadores são todos residentes Macau, sendo que, no início da relação laboral, foram levados a assinar um contrato onde constava uma função diferente daquela que iriam desempenhar. Segundo revelou o presidente da associação, Leong Seak, tendo em conta que, o rendimento salarial diário entre dois empregos tinha uma diferença de 100 patacas, estima-se que os trabalhadores tenham sido lesados em milhares de patacas. Leong Seak sublinhou ainda que os trabalhadores em questão ainda se encontram desempregados, não tendo ainda obtido resposta da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL).
Estudo | Mais de metade dos trabalhadores com licença sem vencimento João Santos Filipe e Nunu Wu - 10 Mar 2021 Segundo um estudo da FAOM, nos últimos três meses 56 por cento da força trabalhadora de Macau esteve sujeita a licença sem vencimento. Segundo os números oficiais, o número do subemprego é de 5,4 por cento Mais de metade das pessoas empregadas em Macau nos últimos três meses, 56 por cento, esteve sujeita a licenças sem vencimento, de acordo com os resultados de um estudo revelado ontem pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). As conclusões foram feitas com base em 594 inquéritos, que tiveram como principal foco o sector do jogo, restauração, hotelaria, transportes e comunicações. Para Lam Lon Wai, deputado da associação eleito pela via indirecta, os números mostram que o prolongamento da crise, que começou em Fevereiro do ano passado, está a afectar muitos trabalhadores e revela a necessidade de intervenção do Governo. “A pandemia decorre há um ano e muitos funcionários foram afectados. No início ainda achávamos que a pandemia ia ter uma duração curta. Mas, ao fim de um ano, verificamos que foram muitos os operários que sofreram um grande impacto com as licenças sem vencimento”, disse Lam Lon Wai, ao HM. Ainda de acordo com os resultados, os 56 por cento com licenças de vencimento viram os seus rendimentos afectados entre 10 e 15 por cento, durante a pandemia. Ao mesmo tempo, 20 por cento dos afectados afirmou que devido aos cortes nos rendimentos ficaram mesmo sem capacidade para fazer face a todas as despesas mensais. “Alguns dos operários viram os seus rendimentos mensais caírem para metade ou mesmo um terço”, revelou Lam. Devido a este cenário, os deputados da FAOM, Lam Lon Wai, Ella Lei, Leong Sun Iok e Lei Chan U vão hoje à Direcção dos para os Assuntos Laborais com vários trabalhadores despedidos apresentar queixa. Mais apoios O número dos 56 por cento inclui não só as licenças sem vencimento, mas também os funcionários dos casinos que tiveram direito a um programa em que se tirassem por sua iniciativa um dia de licença sem vencimento recebiam outro dia pago, em que não precisavam de trabalhar. Por outro lado, entre os trabalhadores sujeitos a licenças sem vencimento, 35 por cento ficaram entre 8 e 15 dias por mês sem trabalhar, nem receber salário. Ao mesmo tempo, 93 dos inquiridos dizem que o regime de licenças sem vencimento deve continuar pelo menos durante os próximos três meses. Segundo os dados mais recentes do Governo, entre Setembro e Novembro de 2020 a taxa de desemprego foi de 2,9 por cento, enquanto a taxa de subemprego, onde constam os números das licenças sem vencimento, foi de 5,4 por cento. Além da situação dos trabalhadores, o inquérito abordou a possibilidade de haver mais apoios sociais do Executivo. De acordo com os resultados, 87,54 dos inquiridos querem uma terceira ronda do cartão de consumo, e 59,93 por cento esperam que o cheque pecuniário seja atribuído antecipadamente. Houve ainda 32,32 por cento a pedir que o Governo lance mais medidas para aliviar as despesas das famílias, com redução de impostos e mais programas de requalificação de carreiras subsidiados.