TDM | AIPIM preocupada com livre exercício do jornalismo Hoje Macau - 15 Mar 2021 A Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau mostrou-se preocupada com o livre exercício do jornalismo na TDM, devido às novas orientações editoriais que proíbem jornalistas de português e inglês de divulgarem opiniões contrárias às da China. O Sindicato dos Jornalistas de Portugal também manifestou “enorme preocupação” e “solidariedade” A Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) “manifesta enorme preocupação pela gravidade das implicações de alguns aspectos referidos (…) no que diz respeito ao livre exercício do jornalismo e às condições dos jornalistas para exercerem a sua actividade com profissionalismo e dignidade”, apontou a associação em comunicado, reagindo à notícia das novas orientações editoriais da Teledifusão de Macau (TDM). Entre os vários pontos transmitidos às redacções portuguesa e inglesa na reunião da passada quarta-feira onde foram comunicadas as novas directivas, a AIPIM demonstrou muita preocupação com “uma indicação de impossibilidade do pessoal da TDM de ‘divulgar informação ou opiniões contrárias às políticas do Governo Central da RPC’” e ainda o apoio às medidas adoptadas por Macau. “O ponto em questão é particularmente preocupante na medida em que colide com o pluralismo informativo e a busca do contraditório – princípios basilares da actividade profissional dos jornalistas”, para além de gerar “um clima de incerteza e receio, o qual tem um impacto muito negativo no trabalho do jornalista”. Demonstrando respeito pela autonomia da linha editorial dos órgãos de comunicação social, a AIPIM considera também que o ponto em questão pode entrar em colisão com parte do Manual Editorial da TDM: “A ‘regra das duas fontes’ deve ser aplicada rigorosamente pelos [nossos] jornalistas quando transmitem uma notícia ou informação importante”, citou a associação. Um jornalista da TDM, que pediu para não ser identificado, disse na quinta-feira à Lusa que pelo menos um editor já colocou o lugar à disposição. O não cumprimento das novas directrizes dá despedimento por justa causa, adiantou. “Confirmando-se uma abordagem deste género, julgamos ser algo de injustificável e inaceitável”, denunciou na mesma nota a AIPIM. Na reunião com a direcção de informação, foi dito aos cerca de 40 jornalistas de língua portuguesa e inglesa directrizes como: A TDM divulga e promove o patriotismo, o respeito e o amor à pátria e a Macau; A TDM é um órgão de divulgação da informação do Governo Central da República Popular da China e de Macau; O pessoal da TDM não divulga informação ou opiniões contrárias às políticas do Governo Central da China e apoia as medidas adoptadas por Macau. A AIPIM pediu esclarecimentos à TDM “por forma a garantir o pleno exercício da profissão” e demonstrou ainda toda “a solidariedade com os (…) colegas profissionais dos serviços em português e inglês da TDM, que merecem respeito, consideração e apoio”. Mensagem de Lisboa A emissora pública de televisão e rádio de Macau assumiu em comunicado que vai manter a actual política editorial alinhada com o “princípio do patriotismo e do amor por Macau”. “A Teledifusão de Macau (TDM) não irá alterar a sua política actual em matéria de cobertura noticiosa”, indicou a emissora, num comunicado em chinês, sem nunca se referir à reunião de quarta-feira onde foi lida uma directiva que proibia os jornalistas de português e inglês de divulgarem informações e opiniões contrárias às políticas da China, confirmada à Lusa por vários jornalistas da empresa e veiculada pelos ‘media’ locais. “Enquanto organismo público de radiodifusão, a TDM continuará a cumprir a sua responsabilidade social nos meios de comunicação social e a aderir ao princípio do patriotismo e do amor por Macau”, lê-se na mesma nota. O Sindicato dos Jornalistas (SJ) de Portugal manifestou também “enorme preocupação” e “solidariedade” com os jornalistas em língua portuguesa e inglesa da Teledifusão de Macau (TDM. Na nota enviada à Lusa, o Sindicato dos Jornalistas de Portugal alertou “para as implicações de tais orientações para o livre exercício do jornalismo em Macau, onde trabalha um número significativo de profissionais portugueses”. De acordo com a nota, a presidente da Direcção do SJ, Sofia Branco, “já falou ao telefone com o presidente da AIPIM”, José Carlos Matias, “tendo este assegurado que existem canais de diálogo internos para tentar resolver a situação reportada”. O SJ expressou igualmente “a sua solidariedade com os profissionais dos serviços em português e inglês da TDM”, através da AIPIM. O HM contactou João Francisco Pinto, director de informação e programas dos canais portugueses da TDM, e Gilberto Lopes, director-adjunto de informação e programação portuguesa da TDM – Rádio Macau, que não comentaram a situação. TDM | “Acredito que não vai haver mudanças”, Coutinho O deputado e conselheiro das comunidades portuguesas na Ásia, José Pereira Coutinho, considera que “não vai haver grandes mudanças” na TDM depois do aviso que terá sido feito aos jornalistas e produtores dos canais portugueses e ingleses da emissora. Contudo, o deputado mostra-se também preocupado. “Não sei quem é que disse aquilo, não consigo perceber de onde veio [a informação], mas a situação é preocupante. No entanto, acredito que não vai haver mudanças. Como conselheiro das comunidades portuguesas, acredito nas autoridades locais, acredito na Lei Básica e no princípio “um país, dois sistemas” e as coisas estão a funcionar. Veja-se que eu, como deputado, nunca sofri qualquer pressão para falar ou para fazer tudo o que é necessário, porque estamos a trabalhar para o bem da população de Macau”, explicou o deputado à margem de uma reunião na DSAL.
Hong Kong | Zheng Anting concorda com mudanças na lei eleitoral Andreia Sofia Silva e Nunu Wu - 15 Mar 2021 O deputado Zheng Anting disse concordar com as alterações feitas à lei eleitoral de Hong Kong por parte da Assembleia Popular Nacional (APN). Segundo o jornal Ou Mun, Zheng Anting defendeu que esta alteração está de acordo com a situação real e as necessidades de Hong Kong e tem como base “opiniões públicas poderosas e profundas”. Para o também deputado à Assembleia Legislativa, esta alteração ao diploma assegura que o alto grau de autonomia de Hong Kong será garantido por patriotas e promove a estabilidade e o desenvolvimento do território. Zheng Anting adiantou que há forças estrangeiras que interferem nos assuntos de Hong Kong e que há deputados do campo pró-democracia que afectaram o funcionamento do Conselho Legislativo (LegCo) graças a actos de violência. Para o legislador de Macau, estes deputados “destruíram a estabilidade social de Hong Kong e prejudicaram a segurança nacional”. No que diz respeito à RAEM, Zheng Anting frisou que é necessário reforçar o patriotismo e que são necessários mais meios para formar “quadros qualificados patriotas”, tendo em conta a integração de Macau no projecto da Grande Baía, o princípio “um país, dois sistemas” e “Macau governada por patriotas”.
Covid-19 | China garante imunidade de grupo até meados de 2022 Hoje Macau - 15 Mar 2021 A China prevê vacinar contra a covid-19 70 a 80% da população até ao fim de 2021 ou meados de 2022, atingindo a imunidade de grupo, afirmou o responsável pelo Centro para o Controlo de Doenças chinês. Com quatro vacinas aprovadas, a China irá vacinar 900 milhões a mil milhões de pessoas, disse Gao Fu, durante uma entrevista à televisão oficial chinesa CGTN. “Esperamos que a China possa liderar a imunidade de grupo no mundo”, afirmou. A China administrou 52,5 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 até ao fim de fevereiro. No entanto, especialistas em saúde do Governo já reconheceram que a China tem sido mais lenta no processo de vacinação do que muitos outros países, incluindo os Estados Unidos, tendo distribuído cerca de 10 vezes mais doses de vacina por outros países do que as que distribuiu internamente. As autoridades chinesas aprovaram quatro vacinas contra a covid-19 de fabrico nacional, duas da empresa detida pelo Estado Sinopharm, uma da Sinovac e outra da CanSino, embora para nenhuma delas tenham sido publicamente divulgados os dados sobre a quarta fase de desenvolvimento. O país tem actualmente 17 vacinas candidatas a ensaios clínicos.
Hong Kong | Pequim promete medidas contra a “interferência do Ocidente” na reforma eleitoral Hoje Macau - 15 Mar 2021 Os dirigentes chineses disseram este fim de semana que não existe “espaço para recuar” em relação às medidas anunciadas para a reforma do sistema eleitoral de Hong Kong. Isto apesar das críticas e ameaças de sanções de países ocidentais. Para eles, as sanções são medalhas e prometem responder à letra Altos funcionários chineses declararam “a sua determinação inabalável de reparar as brechas na cidade chinesa que foram exploradas pelas forças anti-China, e lutar resolutamente com contra-medidas, se esses países ocidentais continuarem a intrometer-se nos assuntos internos da China”. Na questão de Hong Kong, “o governo chinês não tem espaço para recuar, já que os problemas de Hong Kong não são uma questão de democracia, mas sim de subversão e tomada do poder”, disse Zhang Xiaoming, vice-director do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau. ” Nos últimos anos, forças anti-China exploraram brechas e falhas no actual sistema eleitoral de Hong Kong para colocar em risco a soberania da China, a segurança nacional e os interesses do desenvolvimento, prejudicando gravemente a ordem constitucional e a governação efectiva. Portanto, o governo central deve tomar as medidas necessárias para melhorar o sistema. Tal não apenas cabe à Assembleia Nacional Popular (APN), como é a sua responsabilidade”, referiu Zhang Yong, vice-chefe da Comissão para Assuntos Legislativos do Comité Permanente da APN, em conferência de imprensa na sexta-feira. Pelosi e as mãos negras A China chega mesmo a nomear alguns políticos ocidentais que acusa de serem “mão negras” por detrás “da turbulência social” que agitou a cidade. Países como os Estados Unidos, Austrália e Reino Unido, que têm criticado a China na questão de Hong Kong, apoiam abertamente algumas figuras políticas anti-China na instigação de um movimento antigovernamental e anti-China em Hong Kong, e fazem parte das “mãos negras” por trás da turbulência social que arrastou a cidade da prosperidade e estabilidade à beira do colapso. “Algumas forças estrangeiras participaram da turbulência social e do tumulto que durou meses em Hong Kong em 2019, incluindo a política democrata Nancy Pelosi, que elogiou abertamente os distúrbios como uma “visão linda”, e o líder da maioria no Senado Mitch McConnell e o senador republicano Marco Rubio, que deu apoio aos desordeiros anti-China. Quando a violência no Capitólio estourou em Washington, esses políticos classificaram-na como ‘terrorismo’, o que mostrou a típica duplicidade dos seus padrões, e eu não entendo como têm moral para apontar o dedo aos assuntos de Hong Kong”, Zhang Xiaoming disse. O MNE britânico Dominic Raab e a australiana Marise Payne foram também criticados. Também Rita Fan Hsu Lai-tai, ex-presidente do Conselho Legislativo de Hong Kong (LegCo), afirmou que “os países ocidentais, liderados pelos EUA, muitas vezes falam sobre a situação de Hong Kong fora do contexto”. “Por exemplo, quando a Lei de Segurança Nacional entrou em vigor no ano passado, alguns políticos britânicos disseram que violava a Declaração Conjunta. No entanto, está claramente afirmado na Declaração Conjunta que a defesa nacional e a diplomacia são direito e responsabilidade da China”, disse Fan, sublinhando que a defesa nacional inclui questões de segurança nacional. Para Rita Fan, “os países ocidentais e as forças independentistas de Taiwan são os beneficiários de minar a estabilidade de Hong Kong”. As sanções aplicadas a alguns funcionários chineses pelos EUA parecem ser medalhas, nas palavras de Zhang Xiaoming. “Estamos profundamente orgulhosos de termos sido sancionados pelos EUA”, disse Zhang Xiaoming, ao mesmo tempo que prometia contra-sanções. O governo chinês está a preparar legislação para responder a estas sanções. Por exemplo, ” se Washington tomar mais medidas, a China pode exigir uma redução do Consulado Geral dos EUA em Hong Kong impondo restrições às suas actividades.” Rita Fan vai mais longe e pergunta: “Para alguns grupos políticos de Hong Kong que não entendem isto e clamam por uma democracia definida pelo Ocidente, quero que se sentem e pensem, vale a pena sacrificarem-se pela hegemonia ocidental?”. Londres condena “clara violação” da Declaração Conjunta O Reino Unido disse que a decisão da China de impor “mudanças radicais” para restringir a participação no sistema eleitoral de Hong Kong é uma nova “clara violação” da Declaração Conjunta Sino-Britânica. O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Dominic Raab, lamentou a decisão da China de impor “mudanças radicais” que reduzem o papel dos cidadãos na escolha dos seus líderes territoriais, em vez de dar a uma comissão pró-Pequim o poder de nomear mais legisladores. Segundo o ministro britânico, a decisão da China é parte “de um padrão concebido para assediar e suprimir todas as vozes críticas das políticas da China”. Raab acrescentou que a posição chinesa “marca uma terceira violação, em menos de nove meses, da Declaração Conjunta juridicamente vinculativa”. “A decisão de Pequim de impor mudanças radicais para restringir a participação no sistema eleitoral de Hong Kong é uma clara violação da Declaração Conjunta Sino-Britânica, juridicamente vinculativa”, disse o ministro. “O Reino Unido continuará a defender a população de Hong Kong. A China deve agir de acordo com as suas obrigações legais e respeitar os direitos e liberdades fundamentais em Hong Kong”, acrescentou o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico. Contudo, durante a época colonial, Londres nada fez para dar voz ao povo de Hong Kong, no sentido de escolherem os seus governantes.
Joe Biden | Ofensiva anti-China em cimeira no Pacífico, que altera estilo de Trump Hoje Macau - 15 Mar 2021 O Presidente dos EUA, Joe Biden lançou, durante uma cimeira virtual com os primeiros-ministros da Austrália, Índia e Japão, uma iniciativa conjunta para travar “as ambições expansionistas da China no Pacífico”. Trata-se da primeira vez que esta aliança informal dos quatro países, nascida nos anos 2000 para contrabalançar as ambições expansionistas da China, se reúne ao mais alto nível. “Esta é a primeira cimeira multilateral que tenho a oportunidade de organizar, na qualidade de Presidente”, lembrou Joe Biden na abertura da videoconferência com os primeiros-ministros do Japão, Yoshihide Suga, da Índia, Narendra Modi, e da Austrália, Scott Morrison. “Os Estados Unidos estão determinados a trabalhar com todos os nossos aliados regionais para garantir a estabilidade”, acrescentou Biden. Num outro sinal da prioridade dada à Ásia pelos EUA, o primeiro-ministro japonês será, em abril, o primeiro líder estrangeiro a ser recebido pessoalmente nos Estados Unidos pelo novo Presidente, anunciaram os dois países, esclarecendo que as alterações climáticas e o combate à pandemia de covid-19 estarão no topo da agenda da reunião. “Estamos a lançar uma nova parceria ambiciosa para impulsionar a produção de vacinas para o benefício de todos, em particular da região do Indo-Pacífico”, explicou o Presidente norte-americano. Biden disse que a aliança dos quatro países está empenhada em responder “às graves carências do sudeste asiático, através de veículos financeiros complexos que permitirão um aumento muito importante, francamente drástico, das capacidades de produção de vacinas, até mil milhões de doses em 2022”. Esse esforço será baseado principalmente na produção de vacinas na Índia e na produção aumentada da vacina norte-americana de dose única Johnson & Johnson. Com esta iniciativa, o Presidente dos EUA tenta mostrar que está preocupado com o combate à pandemia, não apenas dentro de fronteiras, mas também através de projetos de cooperação internacional. Ao mesmo tempo, Washington pretende deixar um sinal de multilateralismo no esforço de contenção das ambições expansionistas da China no sudeste asiático. Nenhum dos quatro líderes referiu explicitamente a China, mas, no jargão diplomático, a insistência em expressões como “segurança marítima” e manutenção de uma região “livre e aberta” sugerem o compromisso em contrariar estratégias de controlo por parte de Pequim. “Renovamos o nosso compromisso de garantir que a região seja regida pelo direito internacional, mantenha os valores universais e esteja livre de qualquer coerção”, disse Joe Biden, numa clara alusão a Pequim. Scott Morrison considerou que o encontro destas quatro democracias simboliza “a alvorada de uma nova era” para a região, enquanto Narendra Modi assegurou que este grupo de países continuará a ser “um pilar importante para a estabilidade”. Na próxima semana, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o ministro da Defesa, Lloyd Austin, viajarão ao Japão e à Coreia do Sul, na sua primeira viagem ao estrangeiro. O chefe do Pentágono também viajará para a Índia, enquanto Antony Blinken prepara a primeira reunião com os chefes da diplomacia chinesa, Yang Jiechi e Wang Yi, marcada para o Alasca, no dia 19 de Março.
Era uma vez uma sombra que fugiu da parede… Rosa Coutinho Cabral - 13 Mar 202113 Mar 2021 “Os poetas , como os cegos, podem ver no escuro” Jorge Luis Borges Entrei numa gruta sem saber onde estava. Os gritos do imperador ecoavam de dor, enquanto os seus olhos se derramavavam nas sombras da sua concubina preferida, reminiscências daquelas que Platão aprisionara na sua caverna. Simulacros lançados na indifinida coreografia que iria reger o ocidente e o oriente, ao compasso de incertas dramaturgias entre transcendência e imanência. Deitei-me, fechei os olhos e disse para mim mesma: daqui não saio, daqui ninguém me tira. O real ensopado de mil chuvas e corroído por mil vermes ficava de fora. Eu ficava dentro, no lugar onde todo o espaço explodia e se guardava no meu olhar, qual porto onde ancorava um desejo antigo, muito antigo de cinema, antropologicamente antigo e aparelhado pelas mãos de Dédalo. Uma vontade de ver imagens correndo em continuidade e animadas pelo vento. O cinema era o Outro, deste outro tempo anterior que já não estava ao alcance da minha mão, mas do encantatório Rosebud sussurado por Orson Welles, hipnotizando o fundo do meu pathos. Fui afectada pelos ecrãs dos cinemas, viajei por muitas cidades cinematográficas desde Griffith, Lang, Ford, Mizoguchi, Renoir… foram dias felizes. Na verdade as metrópoles mais belas da carta-khôra destes meus contos, são acontecimentos, metamorfoses semânticas, rasgos no céu e no devir. Como os gregos, nada somos se não vivemos numa cidade e, diferentemente deles, o que nos atrai, contemporaneamente, é o desvio do que já aconteceu e nos conduz para mais longe, na direcção de um não acontecido – o horizonte poético da potência. As minhas cidades são erguidas pelos artífices e artesãos da arte e porta voz de uma energia urgente e inadaptada, e as cinematográficas rompem a parede onde estão as sombras, passam para o real e para o sonho de uma sombra, percorrendo a extensa região de Píndaro. Eclipsando a importância da Sagrada Família ou da Casa Milá de Gaudi, as notas em sol triste, que ecoavam num beco, atrairam-me como uma fêmea com cio para a cave escura onde Tete Monteliu improvisava ao piano. Connosco o clube ficou com 3, 4 pessoas no máximo, numa total escuridão. Embora o jazz fosse um país que conhecia há muito, e do qual podia desenhar o mapa quase de olhos fechados, lembro-me bem como fiquei emocionada. Tudo o que interessava naquele momento eram as mãos que inquietavam aquelas teclas num misteroso processo, improvisando. É esta a figura do trabalhador que habita as cidades do meu planisfério. O que contraí o síndrome de improvisar como um actor, um músico, um filósofo, e de inventar como um cientista, ensaiar como um pensador… Neste síndrome, vários sintomas sem causa e sem resposta, disparam, emergem, contaminam as sombras negras daquela cave, revelando um corte, uma inadequação, uma esperança, uma guerra. Suspeitava, claro, da violência com que tudo se arquitectava, o que confirmei nas inúmeras visitas que fiz como viajante, a Brecht, Godard, Viola, onde grandes revoluções foram projectadas. Pouco a pouco, o trabalho das sombras fez de mim testemunha de um passe de magia em que o logos foi conquistado pela imagem, soltando-a agora da black-box e expandindo o que o cinema, afinal, nunca pôde prometer. Por todo o lado, o reflexo narcísico e predador invade territorialmente o mundo, numa expansão imperial sem precedentes, na rede, na white-box dos museus, no teatro, nas instalações, nas televisões das casas, nos computadores, nos telemóveis… e, confesso, até tenho medo que a hybris tecnológica mobilizada pela imagem, se torne tão omnipresente que nos possa cegar. Voltei à gruta onde encontro Winona Ryder, imóvel durante 30 minutos, enquanto Bob Wilson ajusta as luzes até a imagem de Dias Felizes desaparecer na escuridão. Fecho os olhos e vejo o último plano de Trás os Montes de António Reis: um homem afasta-se em profundidade na paisagem como se fosse parte de um tempo sem ponteiros. Quem é o outro inventado pelo cinema quando devolve, não a coisa em si, mas a coisa constituída de inesperadas qualidades da mediação? O que muda agora, quando a sombra que se solta da parede continua presente na sua travessia, mesmo quando abandona a projecção numa sala de cinema? Já de partida, e sem resposta, sonho com Diotima que nasce do negror clássico e me traz numa caixinha de berlindes a memória de Eros. Mais do que deus da ligação, ele é aquele que é capaz de tornar visível o que não está ligado, aparelhando tecnicamente a circulação das imagens, transformando-as na mais poderosa carga de afecção do mundo actual. Como ser intermediário, Eros captura o síndrome da visibilidade irreversível, num movimento de sombras nunca visto. Identifica os sintomas num mundo agora prometido ao Maelstrom de Poe, que é preciso, se calhar, preencher com imagens que não eram previsíveis ou que estavam ocultas e desligadas no anterior regime de virtualização do mundo. Imagens que são agora o que nos securiza na grande queda da vida e se soltam e correm em todo o terreno possível. Ao contrário de Platão, que temia que a escrita matasse a memória, eu, afinal, não temo que as imagens ceguem o mundo. Sei que os corpos terão de levar para longe, muito longe, esta carga, em subtis remediações de imagens neste mundo medial. Mas nunca esqueço que Murnau ainda é a cidade onde encontro a mais bela e triste aurora…
Reunião na DSAL acaba em manifestação e corte de via pública Hoje Macau - 13 Mar 202113 Mar 2021 Uma reunião com a DSAL para acompanhar os pedidos de apoio a 517 trabalhadores da construção civil que estão desempregados, acabou numa demonstração de descontentamento, que levou ao corte da Avenida Dr. Francisco Vieira Machado. O deputado José Pereira Coutinho aponta o dedo ao secretário para a Economia e Finanças por permitir o trabalho de TNR quando há desemprego entre residentes e diz que é “normal” os ânimos exaltarem-se quando é difícil sustentar a família. Saiba mais na próxima edição do Hoje Macau. https://streamable.com/gte57k
Covid-19 | Qatar vai vacinar toda a caravana de Moto GP Hoje Macau - 12 Mar 202112 Mar 2021 O Estado do Qatar vai vacinar toda a caravana do Mundial de Moto GP antes do arranque do campeonato, em 28 de março, anunciou o promotor da competição. “Tendo implementado de forma acelerada o seu processo de vacinação, o Estado do Qatar está em condições de oferecer a todos os membros do ‘paddock’ o acesso à vacina contra a covid-19”, lê-se no comunicado da Dorna, empresa promotora do Campeonato do Mundo de velocidade. No mesmo comunicado, a Dorna recorda que a parceria com o Qatar remonta a 2004 e que o país recebe duas rondas do campeonato mais os treinos de pré-temporada, que decorrem até domingo. “Para assegurar a saúde e a segurança de toda a caravana enquanto estão no Qatar e nas suas contínuas viagens pelo mundo esta temporada, o Governo do Estado do Qatar ofereceu acesso às vacinas da covid-19”, explicita ainda o mesmo documento. O Mundial de MotoGP arranca em 28 de março, precisamente naquele Estado dos Emirados Árabes Unidos.
Covid-19 | Produtos frescos começam a escassear nos mercados de Díli Hoje Macau - 12 Mar 2021 Reportagem de António Sampaio, da agência Lusa Vários produtos agrícolas, bens alimentares essenciais, estão a começar a escassear nos mercados da capital timorense por dificuldades de fornecimento dada cerca sanitária imposta devido à covid-19, assunto que as autoridades já estão a resolver, segundo um responsável. Vendedores no mercado de Taibessi, um dos maiores da cidade, explicaram à Lusa que há vários produtos, incluindo fruta, alface, tomate e outras verduras e legumes, que já esgotaram ou estão praticamente a esgotar. “Temos poucas coisas para vender e não sabemos quando chegará mais produto”, comentou à Lusa uma das vendedoras em Taibessi, mercado onde já estão em vigor medidas sanitárias adicionais para reforço da segurança de vendedores e compradores. “Quase não está a chegar nada a Díli”, comentou outro vendedor. A imposição da cerca sanitária para conter a propagação da pandemia de covid-19 está a condicionar o funcionamento dos mercados, especialmente de produtos agrícolas, a quase totalidade dos quais são ‘importados’ de outros municípios. Alguns fornecedores ouvidos pela Lusa explicaram que decidiram parar a distribuição, outros estão a ter dificuldade em chegar a Díli com produtos frescos – em parte por causa de dúvidas sobre como solicitar autorização para o fazer, ou as condições em que podem depois regressar aos seus municípios. Pedro Klamar Fuik, vice-responsável da Sala de Situação do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC), explicou à Lusa que as autoridades têm conhecimento do problema e aprovaram novas regras para permitir que os produtos cheguem, que implicam, na prática, mudança de condutores nas entradas. “Independentemente do cerco que é necessário para prevenir as saídas de prováveis ou possíveis contagiados, já discutimos corredores de abastecimento para Díli de produtos frescos essenciais e autorizados”, disse. “O que decidimos fazer é que os motoristas chegam com os produtos até ao limite da cerca, saem e deixam que outro condutor, que está dentro da cerca, transporte os produtos ao mercado e depois regresse com a viatura descarregada novamente ao limite da cerca”, referiu. Esta medida evita a necessidade de obter autorizações para entrada e saída e garante um fluxo mais regular de produtos frescos, explicou, notando que as autoridades verificarão se, de facto, a carga é essencial. “Algumas pessoas gostam de criar situações e depois trazem uma ou outra coisa essencial, a ‘tapar’ carga que não é essencial. Isso não vai ser permitido”, referiu. “Não basta vir com um molho de hortaliça para que possam passar. Mas os bens frescos são essenciais e estes corredores vão funcionar.” Oficialmente, no mercado de Taibessi, como noutros mercados da cidade, deviam estar a ser aplicadas desde terça-feira um conjunto de medidas e limitações definidas num despacho do ministro da Administração Estatal, Miguel Pereira de Carvalho. Circular no interior dos mercados, por exemplo, exige higienização prévia de mãos, uso de máscara e distanciamento social, algo que hoje estava a ser implementado por efetivos da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL). Ficam igualmente proibidos ajuntamentos de mais de cinco pessoas em qualquer zona dos mercados, incluindo estacionamento e passeios. A realidade, porém, é outra e sem a presença policial, a vida é quase normal, com muita gente sem máscara, aglomerações de muitas pessoas e pouca gente a higienizar as mãos, quer vendedores quer compradores. As diretrizes implicam igualmente uma limitação no horário de funcionamento – que passa a ser entre as 06:30 e as 18:30 – sendo que fora de horas não é permitida a permanência de ninguém no mercado, à exceção de pessoal de segurança. A imposição da segunda parte da medida cria dificuldades para alguns dos vendedores, numa cidade onde a mistura entre local de venda e ‘casa’ é, em vários casos, muito comum. Alguns vendedores construíram ‘barracas’ improvisadas de madeira e chapa onde dormem e outros chegam mesmo a dormir ao lado da fruta e verduras que vendem. Tradicionalmente o mercado nunca está vazio. Além disto, o despacho de Miguel Pereira de Carvalho determina que as regras de segurança sanitária também se aplicam no terminal de ‘microlets’ (autocarros públicos) de Taibessi. Timor-Leste tem atualmente 51 casos activos da covid-19, 24 dos quais foram serem confirmados nos últimos dias em vários focos em Díli. O município de Díli está sob cerca sanitária e em confinamento obrigatório pelo menos até 15 de março, período que pode ser alargado por mais uma semana, segundo a resolução do Governo.
China confirma diálogo estratégico com os Estados Unidos na próxima semana Hoje Macau - 12 Mar 2021 A China confirmou que vai manter o “diálogo estratégico de alto nível” com os Estados Unidos, num encontro no Alasca, na próxima semana, entre os representantes máximos da política externa de ambos os países. Em comunicado, o porta-voz Zhao Lijian explicou que o encontro, que arranca no dia 18 de março, vai decorrer a “convite dos Estados Unidos”. Trata-se da primeira reunião oficial entre as duas potências desde que o Presidente dos EUA, Joe Biden, assumiu o poder, em janeiro passado. Apesar do interesse da China em redirecionar as relações entre as duas maiores economias do mundo, que se deterioram durante a presidência de Donald Trump, a China não mudou as suas premissas em relação a Washington. Zhao exigiu que os EUA tratem o seu país de forma “objectiva e racional”, que “abandonem a mentalidade da Guerra Fria” e “parem de interferir nos seus assuntos internos”. A reunião vai contar com a presença do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e do conselheiro de Segurança Nacional norte-americano, Jake Sullivan. Da parte de Pequim, vão estar presentes o chefe do Partido Comunista da China (PCC) para as Relações Internacionais, Yang Jiechi, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi. O encontro no Alasca decorre após uma viagem que Blinken realizará no início da próxima semana pelo Japão e Coreia do Sul, os seus dois principais aliados no leste da Ásia. Os detalhes sobre a agenda da reunião não foram anunciados.
Autora transgénero pela primeira vez entre candidatas ao Women’s Prize for Fiction Hoje Macau - 12 Mar 2021 Uma escritora transgénero, Torrey Peters, figura pela primeira vez na lista de candidatas ao Women’s Prize for Fiction, ao lado da já premiada escritora escocesa Ali Smith e da comediante britânica Dawn French. A ‘longlist’ do prémio literário que anualmente distingue ficção escrita por mulheres em todo o mundo foi anunciada pela organização e revela a presença, pela primeira vez entre as finalistas, de uma autora transgénero. Torrey Peters concorre com “Detransition, Baby”, o seu romance de estreia, que segue uma mulher ‘trans’, Reese, a sua antiga parceira Amy, agora Ames, que fez um processo de destransição, e uma mulher ‘cis’, Katrina, com quem Ames tem tido um caso, e que está grávida. “Uma comédia moderna de costumes”, como o descreveu Elizabeth Day, um dos membros do júri, segundo o jornal The Guardian. A nomeação de Torrey Peters surge depois de os organizadores terem esclarecido em 2020 que o prémio era aberto a todas as mulheres, sejam elas “mulheres cis [que se identificam com o género de nascença], mulheres transgénero ou qualquer pessoa que seja legalmente definida como mulher ou do sexo feminino”. “É um prémio para as mulheres, e as mulheres ‘trans’ são mulheres, portanto …”, esclareceu a presidente do júri, a escritora Bernardine Evaristo. A necessidade deste esclarecimento deveu-se ao facto de Akwaeke Emezi, que se identifica como pessoa não binária, e que foi nomeada para o Women’s Prize em 2019, ter afirmado que não iria submeter os seus futuros livros ao prémio, porque os organizadores pediram informações sobre o seu sexo, tal como definido “por lei”. Torrey Peters concorre com autoras já consagradas como Ali Smith, candidata com o último volume da tetralogia sobre as estações, “Summer”, e com a comediante tornada romancista Dawn French, e o seu livro “Because of you”, que lança um olhar sobre a maternidade. “Piranesi”, primeiro romance de Susanna Clarke desde “Jonathan Strange e Mr. Norrell”, também faz parte da lista, assim como “The Golden Rule”, de Amanda Craig, que abre com duas mulheres a conspirar para matar os maridos uma da outra. O tema dos gémeos também está presente na edição deste ano, em que concorrem “The vanishing half”, de Brit Bennett, em que uma de duas irmãs idênticas oriundas de uma comunidade negra constrói uma nova identidade como pessoa branca, “Unsettled Ground”, de Claire Fuller, que segue um par de gémeos de 51 anos que ainda vivem com a mãe, e “Consent”, de Annabel Lyon, em que uma mulher estudiosa põe a sua vida em suspenso quando a sua irmã gémea é ferida num acidente. Da ‘longlist’ constam outros cinco romances de estreia: a autora irlandesa Naoise Dolan, com “Exciting Times”, no qual uma jovem irlandesa vai para Hong Kong e se apaixona por um homem e uma mulher, Avni Doshi, com “Burnt Sugar”, livro que foi finalista do Prémio Booker 2020, Patricia Lockwood, com “No One Is Talking About This”, sobre o cruzamento entre as vidas real e ‘online’ de uma mulher, Raven Leilani, com “Luster”, sobre a relação de uma mulher negra de 23 anos com um homem branco de meia-idade casado, e Cherie Jones, com “How the One-Armed Sister Sweeps Her House”, um conto de homicídio, abuso e violência, em Barbados. Os três candidatos que completam a lista de finalistas são “Small Pleasures”, de Clare Chambers, sobre uma jornalista que cobre a história de um aparente nascimento virgem na década de 1950, “Transcendent Kingdom”, de Yaa Gyasi, que segue uma mulher que conhece a sua história familiar depois de a dependência de opiáceos destruir a vida do seu irmão, e “Nothing But Blue Sky”, de Kathleen McMahon, no qual um homem reflete sobre os seus 20 anos de casamento, após a morte súbita da mulher. A organização do prémio destaca que a lista deste ano homenageia uma gama de géneros e temas que vão da família à maternidade, passando pela pobreza rural e isolamento, a dependência, a identidade e pertença, raça e classe, dor e felicidade, velhice e vida posterior. Os romances abrangem também uma série de cenários globais diferentes, do Sul de Londres ao Sul profundo, Gana, Hong Kong, Barbados, Brooklyn e um reino de fantasia. Seis dos finalistas são de autoras britânicas, cinco são norte-americanas, duas são irlandeses, uma canadiana, outra barbadiana e uma ganense-americana. “Lemos tantos romances brilhantes para o prémio deste ano e tivemos uma sessão de julgamento enérgica onde discutimos as nossas paixões, opiniões e preferências. Infelizmente, tivemos de deixar ir alguns livros muito meritórios, mas estamos confiantes de que escolhemos dezasseis romances de destaque que representam uma gama verdadeiramente vasta e variada de ficção feminina que reflete múltiplas perspetivas, estilos narrativos e preocupações”, disse Bernardine Evaristo. A presidente do júri, autora de “Rapariga, Mulher, Outra”, com que ganhou o prémio Booker, acrescentou: “Estes romances fascinaram, comoveram, inspiraram e desafiaram-nos”. Do painel de jurados fazem ainda parte a escritora e jornalista Elizabeth Day, a apresentadora de televisão e rádio Vick Hope, a colunista Nesrine Malik e a apresentadora Sarah-Jane Mee. No ano passado, o prémio foi atribuído ao romance “Hamnet”, da irlandesa Maggie O’Farrell. A lista de finalistas deste prémio, composta por seis obras, será conhecida no dia 28 de Abril, e a vencedora será anunciada a 7 de julho. Dirigido pela romancista Kate Mosse, o Women’s Prize for Fiction tem por objetivo reconhecer a ficção escrita por mulheres em todo o mundo. Criado em 1992, em Londres, capital britânica, por um grupo de homens e mulheres jornalistas, críticos, agentes, editores, bibliotecários e livreiros, o prémio foi uma resposta ao facto de, no ano anterior, a lista de finalistas do prestigiado prémio literário Booker não ter incluído uma única mulher. Aliás, em 1992, apenas dez por cento das finalistas ao Booker Prize tinham sido mulheres. A residência ou o país de origem não são critérios de elegibilidade para o Women’s Prize for Fiction, que celebra a criatividade feminina. A vencedora recebe um prémio monetário no valor de 30 mil libras.
Residentes estrangeiros podem pedir vistos para a China a partir de segunda-feira Hoje Macau - 12 Mar 2021 Os residentes estrangeiros de Macau, permanentes e não permanentes, podem requerer, a partir de segunda-feira, todas as categorias de vistos para o continente chinês, foi ontem anunciado. A medida pretende “continuar a apoiar a recuperação do intercâmbio de pessoas e o desenvolvimento da economia e sociedade” da região especial chinesa, de acordo com um comunicado divulgado no ‘site’ do Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China em Macau. Por outro lado, os estrangeiros residentes em Macau que tenham recebido a vacina chinesa contra a covid-19 e com certificados de vacinação válidos podem pedir vistos no âmbito de reunião familiar, trabalho ou actividades comerciais, de acordo com os requisitos anteriores à pandemia da covid-19. De um modo geral, o visto emitido será para “uma entrada de três meses de validade e 30 dias de estadia”, referiu o comunicado. Os requerentes devem apresentar, além do bilhete de identidade de residente de Macau, uma prova de permanência no território de pelo menos dois meses consecutivos antes da data do pedido, acrescentou.
Myanmar | Tailândia pronta a receber requerentes de asilo e refugiados Hoje Macau - 12 Mar 2021 O Governo tailandês disse ontem que está preparado para acolher os requerentes de asilo e refugiados que possam chegar ao país em fuga dos militares de Myanmar (antiga Birmânia). A declaração surge após acusações de que estaria a recusar a entrada dos birmaneses que tentam atravessar a fronteira. Numa conferência de imprensa, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros tailandês Tanee Sangrat afirmou que as autoridades provinciais e as agências de segurança na fronteira têm experiência em acolher requerentes de asilo de Myanmar e de outros países vizinhos. “Tomaram medidas para terem infraestruturas ao longo da fronteira. Mas até agora ninguém atravessou a fronteira para procurar asilo na Tailândia”, disse Tanee, insistindo que, no passado, a Tailândia acolheu birmaneses em fuga do conflito por razões humanitárias. A organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) instou na quarta-feira as autoridades tailandesas a deixarem de bloquear a entrada de suspeitos de requerentes de asilo após os meios de comunicação locais terem noticiado que um grupo de pessoas, incluindo dois monges e duas mulheres, foram alegadamente deportadas após passarem a fronteira no domingo. Mais de 60 pessoas foram mortas na repressão militar e policial contra manifestantes em protestos pacíficos em Myanmar contra a junta militar, formada após um golpe de estado a 1 de Fevereiro.
Biblioteca Central | Atelier Mecanoo repudia acusações de plágio Andreia Sofia Silva - 12 Mar 202112 Mar 2021 Nuno Fontarra, arquitecto responsável pelo projecto vencedor para a nova Biblioteca Central, a erguer no espaço do antigo Hotel Estoril, afasta as acusações de plágio feitas por um residente, de forma anónima, com base em dois projectos elaborados pela Mecanoo para Shenzhen. Nuno Fontarra diz que são esboços totalmente diferentes e que nem sequer se aplica o plágio, por se tratar do mesmo atelier a apresentar os projectos O atelier Mecanoo, autor do projecto da futura Biblioteca Central, está a ser acusado de plágio por um residente que, de forma anónima, assina uma carta na qualidade de “cidadão entusiasta nas questões de arquitectura”, e que foi enviada aos meios de comunicação social. No documento é comparado o projecto da Biblioteca Central, pensado para o espaço ocupado pelo edifício do antigo Hotel Estoril, na praça do Tap Siac, com dois projectos também desenvolvidos pela Mecanoo para Shenzhen, a Biblioteca e Museu Longhua AA e o Centro Cultural e Cívico de Futian. “Onde está a singularidade e originalidade? Como se reflecte o projecto na identidade urbana de Macau? Como símbolo cultural da cidade, a Biblioteca Central irá obrigar a gasto de tempo e dinheiro público, então porque é que o projecto transmite às pessoas a ideia de plágio?” Contactado pelo HM, Nuno Fontarra, arquitecto e principal responsável pelo projecto da Biblioteca Central, afasta as críticas. “Não pode haver plágio de um projecto próprio. [Só vamos responder] se o Governo solicitar alguma resposta da nossa parte. Só seria grave a acusação de plágio mas tudo o resto é relativo, são sugestões. A acusação vai contra a definição de plágio.” O arquitecto explica ainda que estão em causa projectos completamente diferentes. “Um dos projectos tem uma torre, o que não tem nada a ver, é comparar umas calças com um casaco. E o outro tem prateleiras, é uma biblioteca, mas só por ter livros não quer dizer que seja igual. O edifício por fora não tem nada a ver, por fora tem tijolo. Além de que estes projectos não vão ser construídos, porque não ganhámos os concursos. Tem algum vocabulário nosso, como é óbvio, porque é o mesmo escritório.” Qualidade sem Pritzker Na carta enviada às redacções, o autor critica os elevados custos de manutenção do edifício e a disposição do mural, da autoria de Oseo Acconci, lembrando que em três projectos a concurso, dois deles dos ateliers Herzog&Meuron e Grafton Architects, se mantém o mural cá fora, bem como a entrada original. “Três das quatro propostas mantêm o mural no seu local original. Porque é que o Governo optou pela proposta da Mecanoo, que aponta para uma total demolição do edifício? O antigo Hotel Estoril será, no final, completamente demolido. Porque é que não se escolheu integrar, o máximo possível, o antigo com o novo?”, questionou. Nuno Fontarra adiantou que o projecto vencedor tem apenas um ano e que deverá ainda ser alvo de ajustes, pelo que nada está fechado. “Temos o projecto do Herzog&Meuron que tem várias opções para o mural, e nós também temos. O projecto não acabou agora e achamos melhor naquela fase colocar o mural dentro do edifício. Mas ainda não tivemos tempo para fazer estudos de engenharia para saber se movemos ou não o mural, se fica danificado ou não.” “A essência do edifício não mudará mas alguns detalhes serão reajustados”, acrescentou ainda. A carta questiona a excelência do trabalho da Mecanoo e o facto de não ter ganho nenhum prémio Pritzker, ao contrário do Herzog&Meuron. Mas Nuno Fontarra recorda que “houve uma altura em que não tinham o Pritzker [os ateliers] e também foram escolhidos para concursos. Que são escritórios que fazem um excelente trabalho isso é inegável, e eu próprio sou fã do Herzog&Meuron. Não se podem avaliar os arquitectos só pelos prémios que recebem”, concluiu.
História por contar João Romão - 12 Mar 2021 Não faz parte das minhas leituras técnicas necessárias e habituais mas chamou-me a atenção – num momento em que estas discussões têm ganho tanta visibilidade pública – a publicação de um artigo científico, na área da história, com uma análise detalhada da produção de café com base em trabalho escravo durante o século 18, com a decorrente identificação da importância dessa actividade para a centralidade da Holanda nas cadeias globais de produção que caracterizam as economias contemporâneas. Não é assunto, a escravatura que caracterizou o período colonial que se seguiu à Idade Média, sobre o qual encontre com muita frequência produção científica, pelo que segui a pista aberta pela autora – conhecida dos meus tempos na belíssima Amesterdão – que divulgou o trabalho numa popular “rede social” dos universos digitais em que nos movemos. A pista que segui tinha vários elementos de interesse: desde logo a revista onde o artigo era publicado, com o título “Slavery & Abolition”, editada desde 1980 e propriedade de uma das mais reputadas corporações do multimilionário negócio das publicações académicas. Não se trata então de uma publicação obscura e marginal, antes pelo contrário: é uma revista devidamente instituída nos meios académicos internacionais e com bastante razoáveis pergaminhos históricos. Outro elemento de notório interesse foi o volume especial da revista em que o artigo era publicado, exclusivamente dedicado ao papel da Europa nas redes globais de escravatura e o seu impacto no desenvolvimento económico do continente entre 1500 e 1850: desde o início dos chamados “Descobrimentos” até à consolidação da Revolução Industrial, só possível graças à acumulação gerada pelos fluxos comerciais globais que a antecederam e que viria a abrir caminho à hegemonia da Europa na economia global. O interesse do tema e a relativa profusão de trabalhos de investigação publicados internacionalmente contrasta com a escassa atenção que ainda hoje á dada pela sociedade portuguesa a um assunto que, se não constitui tabu absoluto, é certamente remetido para uma certa marginalidade para a qual se olha com desconfiança. Não deixa de ser curioso que neste volume especial haja um artigo produzido por uma investigadora portuguesa, mas que trabalha numa instituição holandesa. De resto, percorrendo as publicações dos últimos 40 anos na tal revista “Slavery & Abolition”, são muito poucos os trabalhos com origem em universidades portuguesas, apesar da manifesta importância histórica que o colonialismo português teve na criação, consolidação e exploração de redes de escravatura. São certamente muitos os documentos, temas e perspectivas possíveis para olhar para o assunto a partir da experiência histórica portuguesa. O mesmo se passa nos Países Baixos, aliás: com um papel extremamente activo nas navegações e no comércio internacional do período que se seguiu à Idade Média, também foram protagonistas centrais da exploração de trabalho escravo. Mas, apesar de tudo, há na sociedade actual uma abordagem mais frontal e transparente do que isso representou e das implicações que teve – quer dos manifestos benefícios que a Holanda conseguiu, quer do papel subalterno e dependente que as economias dos países colonizados foram assumindo na chamada “divisão internacional do trabalho” ou nos processos de especialização no quadro da economia global contemporânea. Essa frontalidade também se reflecte na museologia, outro tema recorrente e permanente adiado na sociedade e na opinião pública em Portugal: devem os museus de História reflectir aspectos como a escravatura quando documentam e mostram o chamado período dos “Descobrimentos”? Parece haver sempre um generalizado consenso, mais ou menos interrompido por manifestações esporádicas de desacordo, em relação a uma suposta necessidade de preservar uma certa boa imagem do país, atirando para baixo do tapete as poeiras que possam conspurcar a gloriosa aura da nação, fechando as janelas a olhares críticos sobre a história e parte das suas consequências sobre a contemporaneidade – a exploração que se mantém em modos diferentes e pós-coloniais alicerçada em posições de controle e dependência ou o racismo sistemático e estrutural que ciclicamente se torna mais evidente, quando as crises e a falta de emprego apertam. Também nisso encontrei uma diferença nos meus tempos de vida na Holanda, em que ocasionalmente visitava o Museu dos Trópicos, designação eventualmente pouco feliz para o belo edifício que em tempos foi o “Museu das Colónias”. O nome e os conteúdos programáticos do museu viriam a ser alterados, passando à actual designação, ainda que o termo “trópicos” não tenha um sentido geográfico demasiado estrito. Na realidade, o museu está aberto a diferentes formas de arte popular não europeias. Na última vez que o visitei, tinha duas belas exposições temporárias: uma sobre a moda em África e outra sobre a cultura da manga no Japão. Já a exposição permanente sobre o papel da Holanda nos circuitos globais da escravatura entre os séculos 15 e 19 continuava, informativa, detalhada, inalterada e inquestionada, no mesmo sítio onde sempre a vi. É verdade que nem a produção científica nem o museu resolvem os problemas actuais de dependência económica, exploração sistémica e sistemática, ou racismo omnipresente e estrutural. Na realidade, movimentos políticos abertamente racistas e neo-fascistas até emergiram no século 21 holandês bastante antes do que aconteceu em Portugal. Mas há apesar de tudo, uma liberdade diferente para se falar destes assuntos nos espaços públicos, que se traduz, também, em decisões políticas com impacto óbvio no quotidiano. Por exemplo, na imprensa holandesa é proibido referir a nacionalidade das pessoas quando se noticiam crimes. Não se trata de um apelo à cidadania nem de ética profissional, mais ou menos reflectida numa qualquer carreira profissional: é uma lei que tem que ser cumprida para se protegerem as comunidades dos estigmas que este tipo de notícia pode criar. Não resolve tudo, certamente, mas desconfio que em Portugal não se consegue sequer discutir a criação de uma lei deste género.
Coisas de tempo e de lua Valério Romão - 12 Mar 202112 Mar 2021 Os meus avós viveram toda a vida num sítio chamado Vale de Ebros, um ermo no interior algarvio, sempre a subir para quem vem de Cacela Velha, a estrada serpenteando naquela cacofonia de montes e vales onde pequenas courelas competiam por sol e água, a certa altura o alcatrão desaparecia, desapareciam também os postes por onde telefone e luz circulavam e tínhamos de fechar as janelas do carro, mesmo em pleno Verão num carro sem ar condicionado, e se eu me esquecia porque ia a ler (não leias no carro, que ficas cego antes de tempo!), o meu pai virava-se para trás e fulminava-me com um olhar que a memória tratou de adocicar até dele só restarem saudades. A distância que ia da nossa casa em Tavira até à casa dos meus avós era medida em tempo: o tempo que se levava a chegar lá e o tempo a que se recuava na chegada. Lamparinas de petróleo, água de cântaro, uma fogueira generosa para nos receber na cozinha, o meu avô, já tremelico de mãos, a servir-nos uma malga de cozido (couves, carne de porco, o melhor chouriço que já comi na vida) e a minha avó a varrer o soalho de pedra com uma vassoura de palha. De repente, o passado. Para um miúdo que crescera em França, bastião de primeiro mundo orgulhosamente tecnológico, a casa dos meus avós tinha tanto de fascinante como de assustador; faltavam-lhe interruptores, televisão e demais impulsos digitais tranquilizadores. Quando ia dormir, soterrado por camadas infindáveis de mantas ásperas (dias de infernal calor, quarenta graus de um sol capaz de chamuscar a orla do inferno, noites gélidas em que a geada, mesmo no Verão, queimava as folhas mais frágeis), a minha avó vinha apagar a lamparina e aconchegar-me no seu algarvio indisfarçável «drome filho, drome». Eu passava imenso tempo a tentar perceber de onde vinham os ruídos que me acompanhariam noite fora e que, na minha cabeça, pertenciam a criaturas muito mais fantásticas do que os mochos e insectos de onde me afiançavam originar. Certa noite mais amena, estava eu e o meu avô no alpendre, a olhar para aquele céu estrelado que acontece somente nos sítios onde a civilização rareia, comentei, apontando para a lua «já viste, avô, é incrível já termos ido lá, não é?», ao que o meu avó me respondeu, como se eu fosse meio atrasado «lá onde, filho?», «à lua, avô, Neil Armstrong e os outros dois, uma das maiores aventuras da história dos homens», e o meu avô, cada vez mais convencido de que eu tinha um problema qualquer, «ó filho, mas tu acreditas em tudo o que te dizem», prosseguiu, entre o paternalista e o preocupado, «já viste o tamanho da lua, como é que achas que alguém podia ir para lá? E fazer o quê?», «é maior do que parece daqui», comentei, «na verdade é grande o suficiente para construir cidades. Um dia até poderemos viver lá. Nós não, mas no futuro…», «ó filho», continuou ele, desanimado, «tens de ter cuidado com o que te dizem. Há gente muito má por aí. E tu és novo. Cautela.» Nunca consegui convencer o meu avô de que a lua era maior do que ele a via ou de que havia pessoas tão reais como ele que tinham caminhado sobre o seu solo, também este tão real como uma porção de terra ressequida por onde se passa entre sítios. Entretanto, os meus avós morreram. O Vale de Ebros é ele próprio uma espécie de paisagem lunar; deserto, destroços do quotidiano espalhados aqui e ali, um carro enferrujado deixado ao abandono, um cenário pós-apocalíptico pouco condizente com a vida síncrona com as estações que há apenas vinte anos se avistava da estrada a caminho. O telhado da casa dos meus avós desabou. É um mundo que finda, uma porção de passado à qual deixa de ser possível regressar, um continente que se afasta. Sob o olhar atento da lua.
APN | Novo Plano Quinquenal voltado para o consumo interno e indústrias de ponta Hoje Macau - 12 Mar 2021 O órgão máximo legislativo da China, a Assembleia Popular Nacional (APN) aprovou ontem o novo Plano Quinquenal que determina as directrizes políticas e económicas para os próximos cinco anos, focando-se desta vez no desenvolvimento das indústrias de alto valor agregado. O documento visa a autonomia da tecnologia doméstica, para evitar que mudanças geopolíticas afectem as cadeias de abastecimento, numa altura em que enfrenta uma prolongada guerra comercial e tecnológica contra os Estados Unidos. O Plano Quinquenal determina como áreas-chave para o desenvolvimento do país a robótica, veículos eléctricos, equipamento médico, máquinas agrícolas, construção naval, o sistema de navegação global por satélite Beidou ou terras raras – matérias-primas essenciais para o fabrico de telemóveis, computadores e baterias eléctricas. Isto surge numa altura em que a China enfrenta tentativas de conter o seu salto tecnológico, à medida os Estados Unidos bloqueiam exportações de alta tecnologia para o país, incluindo ‘chips’ processadores e outros componentes necessários no fabrico de tecnologia. As sanções norte-americanas visam importantes grupos tecnológicos chineses, como a gigante global das telecomunicações Huawei Technologies Ltd ou o fabricante de semicondutores Semiconductor Manufacturing International Corp. Virar para dentro O plano preconiza também um modelo económico assente no consumo interno, em detrimento das exportações. De acordo com a proposta, o investimento em pesquisa e desenvolvimento vai aumentar 7 por cento, em média, todos os anos, até 2025. Embora o Governo chinês tenha definido uma meta de crescimento económico “superior a 6 por cento” para este ano, o plano quinquenal não estabelece nenhuma meta específica para o período até 2025, referindo apenas que o crescimento deve manter-se numa “faixa razoável”. Uma das diferenças em relação ao plano quinquenal anterior é o foco no desenvolvimento da economia digital, cujo peso no PIB (Produto Interno Bruto) deve passar de 7,8 por cento, em 2020, para 10 por cento, em 2025. Isto implica o desenvolvimento de políticas sobre gestão e segurança de dados, segundo o documento. O plano quinquenal enfatiza a necessidade de intensificar as campanhas anti-monopólio, que nos últimos meses afectaram gigantes do sector como o Alibaba. Sobre o investimento no exterior, embora não tenham sido anunciados detalhes, especialistas consideram que Pequim vai voltar a permitir que as empresas chinesas realizem aquisições além-fronteiras, após ter dificultado a saída de capital nos últimos anos. O plano determina também metas para a redução do consumo de energia por unidade do PIB, em 13,5 por cento, e para as emissões de dióxido de carbono, em 18 por cento, ao longo dos próximos cinco anos. Para 2025, a China quer que 20 por cento do consumo de energia seja oriundo de fontes limpas. O documento foi aprovado por ampla maioria pelos delegados da APN. Com cerca de 3.000 delegados, a APN é, constitucionalmente, o “supremo órgão do poder de Estado” na China.
APN | Os nove artigos que alteram o sistema eleitoral de Hong Kong Hoje Macau - 12 Mar 202112 Mar 2021 Motins, interferência estrangeira e os pedidos de “independência” dos últimos anos levaram Pequim a alterar o sistema eleitoral de Hong Kong. Uma comissão de revisão de candidaturas vai apreciar cada um dos candidatos às eleições e decidir se apresentam as qualidades necessárias para concorrerem, quer para o Chefe do Executivo quer para o LegCo. O sufrágio universal não foi sequer referido A Assembleia Popular Nacional (APN) adoptou ontem, quinta-feira, uma decisão sobre o “melhoramento do sistema eleitoral da Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK)”, informou a Xinhua. A decisão, aprovada por uma maioria esmagadora de votos na quarta sessão da 13ª APN, contém nove artigos: – Melhorar o sistema eleitoral da RAEHK implica implementar plena e fielmente o princípio “um país, dois sistemas”, segundo o qual o povo de Hong Kong administra Hong Kong com um alto grau de autonomia, manter a ordem constitucional conforme estabelecido pela Constituição e a Lei Básica, garantir a administração de Hong Kong por pessoas de Hong Kong com patriotas nos seus órgãos principais de governo, melhorar efectivamente a eficácia da governação e salvaguardar o direito de voto e o direito de se candidatar a residentes permanentes da RAEHK. – A RAEHK deve estabelecer uma Comissão Eleitoral que seja amplamente representativa, adequada às realidades e representativa dos interesses gerais de sua sociedade. A Comissão Eleitoral será responsável pela eleição do Chefe do Executivo designado e parte dos membros do LegCo. A Comissão Eleitoral também será responsável pela nomeação de candidatos para o Chefe do Executivo e membros do LegCo, bem como por outros assuntos. A Comissão Eleitoral será composta por 1500 membros, dos seguintes cinco sectores: industrial, comercial e financeiro; profissionais; populares; trabalhadores, religiosos e outros; membros do LegCo e representantes de organizações distritais; deputados de Hong Kong na APN, membros de Hong Kong do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e representantes de membros de Hong Kong de organizações nacionais relacionadas. – O Chefe do Executivo será eleito pela Comissão Eleitoral e nomeado pelo Governo Popular Central. Os candidatos ao cargo de Chefe do Executivo serão nomeados conjuntamente por pelo menos 188 membros da Comissão Eleitoral, entre os quais o número de membros de cada sector não deve ser inferior a 15. A Comissão Eleitoral elegerá o Chefe do Executivo designado em votação secreta, na base de uma pessoa, um voto. A eleição do Chefe do Executivo designado exige a maioria simples dos votos de todos os membros da Comissão Eleitoral. – O LegCo será composto por 90 membros em cada mandato. Os membros do LegCo incluirão os membros nomeados pelo Comité de Eleição, os designados pelas constituintes funcionais e os eleitos directamente por zonas geográficas. – As candidaturas serão apreciadas por uma comissão de revisão da qualificação do candidato. A comissão será responsável por rever e confirmar as qualificações dos candidatos a membros da Comissão Eleitoral, do Chefe do Executivo e dos membros do LegCo. A RAEHK deve melhorar o sistema e os mecanismos relacionados com a revisão de qualificação, para garantir que as qualificações dos candidatos estão em conformidade com a Lei Básica, a Lei de Segurança Nacional, a interpretação do Comité Permanente da APN do Artigo 104 da Lei Básica , a decisão do Comité Permanente da APN sobre a qualificação dos membros do LegCo e as disposições das leis locais relevantes. – O Comité Permanente da APN está autorizado a, de acordo com a decisão sobre a melhoria do sistema eleitoral da RAEHK, alterar o Anexo I da Lei Básica. Segundo a agência Xinhua, “a decisão é mais um grande passo dado pelo Estado para melhorar os sistemas jurídicos e políticos da RAEHK, desde que a Lei de Segurança Nacional foi adoptada”. Ao deliberar um rascunho da decisão, a sessão da APN foi de opinião que “o retorno de Hong Kong à pátria colocou a região sob o sistema de governação geral do país, e que a Constituição e a Lei Básica formam conjuntamente a base constitucional da RAEHK”. O sistema eleitoral da RAEHK, que inclui os métodos de selecção do Chefe do Executivo e de constituição do Conselho Legislativo (LegCo), é “uma parte importante da estrutura política da RAEHK”, de acordo com a APN. Assim, “o sistema eleitoral deve estar em conformidade com o princípio ‘um país, dois sistemas’, atender às realidades da RAEHK e servir para garantir que Hong Kong seja administrado por pessoas que amam o país e Hong Kong”. Por isso, entende a APN que o sistema eleitoral deve ser “favorável à salvaguarda da soberania nacional da China, segurança e interesses de desenvolvimento e ajudar a manter a prosperidade e estabilidade de longo prazo de Hong Kong”.
Trabalho de alunos da UM em Congjiang pode ser visto a partir de terça-feira Hoje Macau - 12 Mar 2021 O Colégio Chao Kuang Piu, da Universidade de Macau (UM) promove, a partir da próxima terça-feira, dia 16, uma exposição que revela o trabalho voluntário que alunos da UM têm desenvolvido com alunos do ensino primário em Congjiang, província de Guizhou, na China. A exposição, patente até ao dia 28 no Pavilhão de Exposições e Espectáculos Artísticos para Jovens, revela o voluntariado que tem vindo a ser feito desde Dezembro de 2018 numa província onde muitas das vidas dependem ainda da agricultura e onde a pobreza é uma realidade. Os alunos da UM deram aulas na escola primária Gantuan nos meses de Verão e Inverno e a exposição irá revelar fotografias, cartas e trabalhos artísticos desenvolvidos em conjunto com a equipa. Os alunos da UM dividiram-se em grupos de quatro nas deslocações a Congjiang. Segundo um comunicado, esta mostra tem como objectivo levar o público “a ter uma melhor compreensão dos modos de vida das crianças que crescem nas montanhas, bem como comunicar o compromisso das equipas com a mudança da vida das crianças através da educação”. Guizhou na agenda O combate à pobreza em Congjiang tem estado na agenda do Governo de Macau nos últimos anos. Prova disso foi um encontro ocorrido em 2018 entre o então Chefe do Executivo, Chui Sai On, e Chan Son Wui, presidente da Associação Amizade Guizhou de Macau. Nessa reunião, foram discutidas medidas de cooperação no combate à pobreza nesta região. Chui Sai On prometeu então lançar uma série de trabalhos com vários sectores de Macau, defendendo que “ambas as regiões podem pôr em prática um contributo à política nacional de combate à pobreza”. Chan Son Wui disse que estavam a ser financiados novos projectos educativos pensados para o distrito de Guian, também em Guizhou. A exposição pode ser visitada até ao dia 28 deste mês de terça-feira a domingo, com entrada livre no Pavilhão de Exposições e Espectáculos Artísticos para Jovens, ligado à Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude. O pavilhão pretende providenciar espaços de exibição e performance para os mais jovens, dando o apoio necessário no fomento do processo criativo.
FAM 2021 | Edição traz peça de teatro Huangmei, património cultural intangível da China Hoje Macau - 12 Mar 2021 A 31ª edição do Festival de Artes de Macau regressa em Maio e já são conhecidos três espectáculos que fazem parte do cartaz. O programa inclui a peça de teatro “O Sonho da Câmara Vermelha”, pelo Teatro de Ópera Huangmei de Anhui. Este género teatral está classificado como património cultural intangível da China O Instituto Cultural (IC) divulgou ontem três espectáculos que farão parte do cartaz da 31ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM), prometido para o mês de Maio. Um dos espectáculos é “O Sonho da Câmara Vermelha”, protagonizado pelo Teatro de Ópera Huangmei de Anhui. Este género teatral é considerado património cultural intangível nacional. Esta é uma nova produção desta peça que é um clássico e que foi protagonizada, nos anos 90, Ma Lan, contando com Yu Qiuyu e Chen Xiting como o núcleo da equipa criativa. A peça será agora representada pela nova geração de actores da ópera de Huangmei, “transmitindo a tradição e a inovação”, aponta o IC. Outra das iniciativas previstas para esta edição do FAM, que contará apenas com artistas locais, é a mostra “Imagens e Espaço: Exposição de Cenografia de Ren Dongsheng”. Ren Dongsheng é tido como um cenógrafo de “primeira classe a nível nacional” e “conhecido pelo seu estilo próprio”. “O seu cariz grandioso é complementado por detalhes criativos e perspicazes, dando origem a um intercâmbio e a um diálogo entre tradições simples e tecnologias de ponta por meio das suas interpretações visuais subtis e poéticas dos temas das obras representadas”, descreve o IC. Nesta exposição, “o cenógrafo levará o público a transcender as dimensões espaciais e a experienciar o encanto da cenografia”. Ren Dongsheng foi designer de iluminação geral ou director artístico de quase 100 produções chinesas e internacionais. Os seus trabalhos mais representativos incluem os teatros dança Balada da Paisagem, Nanjing 1937 e Huang Daopo, entre outros. Bilhetes à venda dia 28 O cartaz provisório do FAM encerra-se com a peça “Tirando Licença”, uma produção adaptada pelo Teatro Nacional da China da peça homónima do dramaturgo contemporâneo americano Nagle Jackson. Na peça, o encenador Wang Xiaoying, que já foi considerado o mais vanguardista encenador de teatro experimental e também uma figura icónica do teatro mainstream na década de 1990 na China, irá liderar um elenco de actores veteranos para apresentar uma interpretação mais profunda da fragilidade e da eternidade da vida e a omnipresença do amor. Esta semana Mok Ian Ian, presidente do IC, anunciou o regresso do FAM em Maio, mas apenas com produções locais, tendo em conta as restrições de viagens e de circulação nas fronteiras impostas pela pandemia. O IC promete anunciar o cartaz completo do FAM numa data posterior. Os bilhetes começam a ser vendidos a partir do dia 28 de Março.
Leong Sun Iok exige melhores condições para a prática de jogging Hoje Macau - 12 Mar 2021 O deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) Leong Sun Iok interpelou o Executivo para que sejam dadas melhores condições aos desportistas que gostam de correr. O legislador dá conta de queixas de atletas que elegem a zona da Barra e dos lagos para as suas corridas, devido às más condições do terreno, e de pessoas que conduzem para o Parque de Ciência, “percorrendo metade de Macau”, para correr à beira do rio. Na zona do Lago Sai Van, Leong Sun Iok argumenta que as raízes das árvores plantadas ao longo do passeio limitam a progressão num corredor estreito e acidentando, que pode resultar em lesões. Para solucionar o problema, o deputado sugere que o terreno seja aplanado, para suavizar a superfície, nas bermas da estrada para alargar o espaço para quem ali corre. Leong Sun Iok destaca também a falta de equipamentos, como fontes de água, no Campo 28 de Maio, no antigo Canídromo, outro lugar de eleição para quem corre. O deputado afecto à FAOM destaca na interpelação escrita que o Executivo tem ao longo dos tempos incentivado a prática de desporto e exercício físico, destacando os benefícios para a saúde. Assim sendo, precisa acompanhar esses esforços providenciando condições e infra-estruturas que respondam à crescente popularidade da prática desportiva, em particular de quem gosta de correr.
Homem burlado em 16 milhões com promessa de empreitada Pedro Arede - 12 Mar 2021 A Polícia Judiciária deteve um empresário de 48 anos por suspeitas de falsificar contratos de construção de uma suposta obra prevista para o Canal dos Patos. Um homem que foi convencido a investir em troca de uma percentagem dos lucros foi lesado em 16 milhões de dólares de Hong Kong A Polícia Judiciária (PJ) deteve um empresário local por suspeitas da prática dos crimes de burla, emissão de cheque sem provisão e falsificação de documentos. Em causa, está a realização de uma suposta obra prevista para o Canal dos Patos, que terá servido de base para convencer um outro homem a investir no projecto, acabando por perder 16 milhões de dólares de Hong Kong. Segundo revelou ontem a PJ em conferência de imprensa, tudo começou em Junho de 2017, quando os dois homens se conheceram por motivos de trabalho. Na altura, o empresário terá avançado que a companhia que gere iria ficar responsável por uma obra de grande envergadura junto do Canal dos Patos, prometendo à vítima lucros de 16 por cento sobre o valor total da obra que, alegadamente, seria de 100 milhões de renminbis. No desenrolar das conversações, o suspeito terá ainda dito à vítima que seriam necessários 50 milhões de renminbis para que a obra pudesse avançar, pedindo-lhe para procurar investidores. Adicionalmente, caso angariasse os ditos investidores, ganharia uma comissão de 2 por cento sobre o lucro total da obra. Para provar a veracidade do negócio, durante os encontros que mantiveram, o empresário terá apresentado documentos comprovativos do contrato da empreitada e da participação de outros investidores no projecto. Convencida, a vítima decidiu avançar e, entre Janeiro e Novembro de 2018, entregou em numerário e por via de transferência bancária, o montante total de 20 milhões de dólares de Hong Kong, fruto do trabalho de angariação que fez junto de investidores. O bico ao prego De acordo com a PJ, a partir do momento em que o montante ficou do lado do empresário, este terá usado diversos pretextos para atrasar a obra, nomeadamente que faltaria a autorização do Governo para o projecto avançar. Apesar de a situação estar num impasse, a vítima apercebeu-se de que as obras no local já teriam começado e que a companhia que estava a cargo da empreitada não era a detida pelo empresário. Perante os factos, a vítima pediu ao suspeito que lhe restituísse os 20 milhões de dólares de Hong Kong. O empresário acedeu, tendo devolvido 4 milhões de patacas no imediato e emitido um cheque com os outros 16 milhões. Contudo, quando a vítima tentou depositar o cheque, o mesmo não tinha cobertura, levando o homem a apresentar queixa na PJ. No decorrer da investigação, a polícia conseguiu apurar que o empresário não era o empreiteiro do projecto em questão, e que os documentos eram todos falsos. Além disso, o suspeito fugira, entretanto, para o Interior da China na tarde do dia 25 de Março de 2020. Na passada terça-feira, as autoridades de segurança pública da China anunciaram a detenção do suspeito, que viria a ser entregue à PJ. Durante o interrogatório, o homem admitiu o crime e que nunca concorreu ao concurso de adjudicação da obra em questão. O caso seguiu ontem para o Ministério Público (MP), onde o suspeito irá responder pela prática dos crimes de burla, emissão de cheque sem provisão e falsificação de documentos. Caso se venha a confirmar a acusação, o suspeito pode ser punido, respectivamente, com penas de 2 a 10 anos, até 5 anos e até 3 anos, por cada uma das infracções.
Turismo | Docente alerta para falta de protecção de direitos fundamentais dos TNR Andreia Sofia Silva - 12 Mar 2021 Carlos Noronha, docente da Universidade de Macau, defendeu numa palestra online destinada a alunos do Instituto de Formação Turística que, à luz do Código de Ética da Organização Mundial de Turismo, os direitos dos trabalhadores não residentes não estão devidamente protegidos e dá como exemplo o caso do pedido de manifestação sobre Myanmar Os trabalhadores não residentes (TNR) não estão a ver os seus direitos fundamentais plenamente reconhecidos em Macau à luz do Código de Ética adoptado pela Organização Mundial do Turismo (OIT) das Nações Unidas. A ideia foi defendida por Carlos Noronha, docente da Universidade de Macau (UM) e um dos fundadores do Instituto para a Responsabilidade Social das Organizações na Grande China em Macau. Carlos Noronha foi convidado a comentar o assunto numa palestra online destinada a alunos do Instituto de Formação Turística (IFT), à qual o HM teve acesso, tendo referido um dos artigos do Código de Ética, relativo aos direitos dos trabalhadores do turismo. “Aqui falamos de direitos fundamentais e, em Macau, temos, na maioria, trabalhadores do exterior. Os trabalhadores locais, às vezes, formam associações laborais e têm alguma voz na sociedade. Mas e os TNR? Parece que não estão protegidos.” Carlos Noronha deu o exemplo da posição assumida pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) relativamente ao direito de reunião e manifestação por parte dos TNR. Recorde-se que, a propósito de um pedido de reunião contra o golpe de estado no Myanmar, o CPSP defendeu que os TNR não têm direito a manifestar-se por não serem residentes. “Esta é uma acção que mostra um direito fundamental de patriotismo, mas o Governo diz que não têm o direito de reunião ou de manifestação. Então o que fazem? Apenas podem trabalhar, nada mais. Não têm direitos básicos para participar na sociedade e mesmo demonstrar sentimentos em relação a assuntos políticos ou sociais”, disse no mesmo vídeo. Ao HM, Carlos Noronha reiterou esta posição. “Segundo o Código de Ética os trabalhadores do turismo devem ter direitos fundamentais. Imagine-se um estudante do exterior, com visto, será que está proibido de aderir a determinado protesto? O mesmo se aplica aos TNR.” O Código de Ética, de aplicação voluntária, deve ser reforçado e implementado pela Direcção dos Serviços de Turismo, CPSP, serviços de emigração e pelo próprio sector, defendeu o docente. “Quando se está num negócio de turismo é preciso ter em atenção questões como a sustentabilidade e as condições de trabalho que são dadas aos funcionários. Pensar no respeito pela cultura e nos benefícios mútuos, não é apenas deixar que as pessoas venham, ganhem o seu salário e vão embora.” Garantir o equilíbrio Jenny Guan, docente do IFT, pretende promover junto dos alunos um maior conhecimento do Código de Ética da OMT, que tem um carácter voluntário e que, como tal, não tem uma lei de base que obrigue à sua implementação. Ao HM, diz acreditar que “a indústria e algumas entidades [em Macau] estão a tentar ter um desempenho de acordo com os padrões internacionais.” No que diz respeito aos TNR, Jenny Guan defende que é preciso olhar com objectividade para aquilo que empresas e concessionárias fizeram durante a pandemia. “As empresas fizeram o seu melhor para manter os trabalhadores locais quando, durante um período de tempo, não houve receitas. Temos de pensar que precisam de garantir um equilíbrio entre a responsabilidade social e as responsabilidades perante os accionistas”, disse ao HM. “Acredito que o objectivo nunca foi o despedimento desses trabalhadores e que providenciaram indemnizações ou outros apoios financeiros”, rematou. Tendo em conta o Código de Ética, Jenny Guan alerta também para a necessidade de “educar turistas, estudantes e residentes para terem um melhor comportamento, para que possamos melhorar a imagem internacional de Macau como uma cidade de turismo”.
Governo apoia aperfeiçoamento do sistema eleitoral de Hong Kong Pedro Arede - 12 Mar 2021 O Governo de Macau expressou ontem, em comunicado, que “defende e apoia firmemente” a decisão do Governo Central saída ontem da APN, sobre o aperfeiçoamento do sistema eleitoral da Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK). “O regime eleitoral é parte integrante e importante do sistema político. E o aperfeiçoamento dos sistemas eleitorais das Regiões Administrativas Especiais (RAE) é efectuado com base na Constituição da República Popular da China, sendo muito significativo para o Governo Central exercer de forma eficaz o poder pleno da governação”, pode ler-se no comunicado divulgado ontem pelo Gabinete de Comunicação Social. Na mesma nota, é sublinhado ainda que a APN, como órgão máximo do poder estatal decidiu aperfeiçoar o sistema eleitoral de Hong Kong “de acordo com a lei e a situação real” do território e com o objectivo de “defender a soberania, segurança e interesses de desenvolvimento do país”, insistindo “convictamente” no aperfeiçoamento do princípio “um país, dois sistemas”, uma acção “indispensável para garantir a sua concretização estável e duradoura”. Reagindo à decisão, o Executivo de Macau afirma ainda que o conceito se reveste de “grande significado” e tem um enorme impacto para a manutenção a longo prazo “da prosperidade e estabilidade de Hong Kong, bem como do bem-estar de toda a sua população”. Manter a estabilidade No mesmo comunicado, o Governo da RAEM frisa também que, desde a transição, tem concretizado “plena e correctamente” os princípios de “um país, dois sistemas” e “Macau governado pelas suas gentes” com alto grau de autonomia, sem descurar o princípio fundamental de “Macau governado por patriotas”. “Vem-se defendendo, de forma resoluta, a ordem constitucional da RAEM, em conformidade com o estabelecido pela Constituição e pela Lei Básica, abrindo-se caminho a uma implementação bem-sucedida do princípio ‘um país, dois sistemas’ com características próprias de Macau”. Para o futuro fica a garantia de “unir os diversos sectores da sociedade” e manter a estabilidade de Macau a longo prazo, “escrevendo um novo capítulo na implementação com sucesso” desse conceito. “A RAEM irá unir os diversos sectores da sociedade, continuar a promover a boa tradição do amor à pátria e a Macau, defender firmemente a soberania nacional, bem como a segurança do país e seus interesses de desenvolvimento, e manter a prosperidade e estabilidade de Macau a longo prazo”, consta do comunicado.