FAM | IC aceita propostas para espectáculos

O Instituto Cultural (IC) aceita, até ao dia 28 de Agosto, propostas para espectáculos e comissões locais para a 34ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM).

Assim, esperam-se ideias para espectáculos, actividades e projectos da parte de associações artísticas e culturais sem fins criativos que estejam devidamente registadas na Direcção dos Serviços de Identificação. A ideia é “incentivar a inovação na criação artística”, bem como “explorar a criatividade que combina a história local com a cultura contemporânea”, além de se pretender “ampliar o espaço de desenvolvimento dos profissionais das artes”.

Destaque para a categoria “Programas Individuais”, aberta a “novos trabalhos que não sejam recriações nem nunca tenham sido apresentados publicamente em Macau”. O FAM está aberto a todo o género de espectáculos, como teatro, ópera cantonense, dança, espectáculos infantis, artes performativas multimédia, entre outros.

Segundo o IC, a prioridade será dada a trabalhos que integram tecnologias electrónicas ou digitais e aos que são apresentados em locais de Macau incluídos na lista do Património Mundial. Todas as propostas seleccionadas serão subsidiadas.

De salientar que a categoria “Mostra de Espectáculos ao Ar Livre” irá acolher propostas de espectáculos familiares, sem restrições a nível do seu formato de actuação, sendo dada prioridade a espectáculos que interajam de forma dinâmica com o público ou que reflictam as características étnicas.

31 Jul 2023

FAM | Teatro, bailado, workshops e espectáculos ao ar-livre este fim-de-semana

O Festival de Artes de Macau continua a marcar a agenda cultural da cidade. As propostas para este fim-de-semana incluem alucinações teatrais, diálogos em bailado, espectáculos ao ar-livre no Mercado do Iao Hon e workshops de iniciação à música e ópera cantonense

 

No penúltimo fim-de-semana da 33.ª edição do Festival de Artes de Macau, o cartaz de espectáculos e eventos apresenta uma série eclética de propostas.

“Xiao Ke conta a sua história de dança” é um dos destaques dos próximos dias. O bailado autobiográfico e experimental tem como epicentro Xiao Ke, uma bailarina e coreógrafa de 44 anos, actualmente radicada em Xangai. A peça que sobe ao palco do Teatro Caixa Preta do Edifício do Antigo Tribunal amanhã e no domingo, às 20h, resulta da colaboração da artista chinesa com o coreógrafo francês Jérôme Bel.

Concebido durante os momentos de clausura que marcaram a pandemia da covid-19, o espectáculo propõe um diálogo intercultural.

“Sem possibilidade de viajar internacionalmente e experimentando novas práticas de produção e divulgação, a abordagem de Bel combina a preocupação com o meio ambiente com a questão da criação e transmissão. Apesar da ausência de Bel, na narrativa autobiográfica de Xiao Ke, os movimentos corporais e a música no palco sugerem um diálogo transcultural com ele, reflectindo a evolução da dança e da cultura na China nos últimos 40 anos”, aponta o Instituto Cultural (IC).

A obra que será apresentada este fim-de-semana em Macau foi comissionada pelo Centre Pompidou x West Bund Museum Project a Xiao Ke, estreada em 2020 com grande aclamação da crítica. Os bilhetes para o espectáculo ainda estão à venda e custam 220 patacas.

Fragmentos e psicadélicos

Uma das propostas mais originais do cartaz é a peça “O Vestido Fica-lhe Bem”, que será apresentada no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM), no sábado e domingo às 19h45. Em chinês, a obra é denominada como “Neptuno”, devido à forte componente astrológica que está na génese da obra, através de representações simbólicas de alucinação, redenção, desordem e ansiedade num imaginário irreal e ambíguo.

A peça é composta por cerca de 60 segmentos ou fragmentos de histórias, dispersos por diferentes pontos no tempo e no espaço e entre diferentes personagens e géneros.

Com encenação da Dream Theater Association e de Cheong Kin I e dramaturgia de Chen Hung-Yang, “O Vestido Fica-lhe Bem” é inspirado em experiências pessoais, integrando entrevistas com indivíduos psicóticos. A psicose é o tema central da peça, destacando experiências sensoriais de uma encenadora de teatro que “descobre o mundo dos indivíduos psicóticos através de entrevistas com o seu parceiro e a sua mãe psicótica” e, a partir daí, “tenta criar uma produção teatral” onde as dúvidas em muito suplantam as certezas.

O espectáculo que subirá ao palco do pequeno auditório do CCM entrelaça realidade e ilusão num caleidoscópio teatral de estímulos auditivos, mentais e visuais. Os bilhetes para “O Vestido Fica-lhe Bem” custam 180 patacas.

Festa no Iao Hon

Numa perspectiva mais comunitária, o Jardim do Mercado do Iao Hon recebe hoje, sábado e domingo, a partir das 18h, aquilo que o IC designa como “Mostra de Espectáculos ao Ar Livre”.

Durante três noites consecutivas, o centro nevrálgico do Iao Hon irá vibrar com teatro de marionetas de luva, canções folclóricas, ópera de Hainão e espectáculos de grupos locais, inclusive de música portuguesa.

O IC especifica que “o teatro de marionetas de luva da cidade de Jinjiang, um item representativo inscrito na Lista Nacional de Itens Representativos do Património Cultural Intangível da China, é um género teatral raro que apresenta fantoches de luva realistas”. Enquanto que as “canções folclóricas do grupo étnico Li e ópera de Hainão constituem igualmente itens representativos” que vão dar a conhecer os costumes populares próprios da Província de Hainão.

Mas estas não são as únicas propostas para o Jardim do Mercado do Iao Hon, com o palco a ser partilhado por várias companhias artísticas locais, com música tradicional e pop portuguesa, “pequenos actores musicais cantarão sobre os seus sonhos e jovens actores de ópera cantonense interpretarão trechos clássicos”.

Os grupos participantes na festa são a Associação Juvenil de Cultura e Desenvolvimento Artístico da Ópera Cantonense, a Casa de Portugal em Macau, o Centro de Protecção e Transmissão da Arte das Marionetas de Jinjiang, Departamento de Turismo, Cultura, Rádio, Televisão e Desporto da Província de Hainan, o Espaço para Agir e o Grupo de Teatro Infantil Miúdos Ratões. Estes espectáculos têm entrada livre.

Loja de trabalho

No domingo, o cartaz do Festival de Artes de Macau oferece um vasto leque de workshops, todos em cantonense. O Centro de Actividades do Iao Hon acolhe no domingo, entre as 10h30 e 12h30, o Workshop Musical Familiar, uma actividade que convida pais e filhos “a embarcarem numa extraordinária viagem de dança e canto, através da experiência colectiva do teatro, da música e da dança, bem como da expressão de emoções através de jogos lúdicos, role-playing e canto”. O workshop será conduzido por Mabina Choi, instrutora de teatro e Ho Pak Wang, instrutor de música e as inscrições já fecharam, com a única hipótese de participação a depender de desistências.

Também na manhã de domingo, entre as 11h e as 13h, a sala de conferências do CCM irá receber o “Workshop de Criação de Chapéus de Ópera de Papel para Famílias”. “Delicadamente confeccionados, os chapéus de ópera apresentam uma grande variedade de estilos e indicam a identidade e o estatuto da personagem que os usa. Durante este workshop de duas horas, os participantes poderão criar modelos de chapéus em papel e, simultaneamente, adquirir alguns conhecimentos sobre a ópera tradicional”, indica a IC.

Finalmente, no domingo, entre 15h e 17h, a sala de ensaios polivalente do CCM acolhe o Workshop de Movimentos de Ópera Cantonense: Movimentos de Guerreiro.

19 Mai 2023

FAM | Teatro grego e outras histórias sobem ao palco do CCM

“Electra”, peça originalmente escrita pelo grego Sófocles e que terá sido representada, pela primeira vez, nos anos 420 ou 410 a.c., sobe este fim-de-semana ao palco do grande auditório do Centro Cultural de Macau pela mão do Centro de Artes Dramáticas de Xangai. O cartaz do Festival de Artes de Macau traz ainda Stella e Artistas x TOTAL BRUTAL e um espectáculo de marionetas em papel

 

Tida como uma das grandes peças do teatro grego clássico, com mensagens que continuam a fazer sentido no mundo contemporâneo, a peça “Electra”, de Sófocles, terá sido representada, pela primeira, na Grécia Antiga nos anos de 420 ou 410 a.c. Sófocles foi, aliás, um dos grandes dramaturgos desta importante civilização que tanto marcou os períodos que se seguiram na Europa.

Inserida no cartaz do Festival de Artes de Macau (FAM), “Electra” sobe este fim-de-semana, sábado e domingo, às 20h, ao palco do grande auditório do Centro Cultural de Macau, com encenação original de Michail Marmarinos e composição de Dimitris Kamarotos. Fan Yilin é a actriz principal da peça encenada depois por Huang Fangling.

“Electra”, de Sófocles, é uma tragédia sobre vingança e justiça. O texto inclui como personagens, além da própria Electra, Chrysothemis, Egisto, Orestes, Agamemnon e Clytemnestra. Na mitologia grega, “Electra” era filha de Agamemnon e Clytemnestra, irmã de Orestes, Crisótemis e Ifigénia. Nela se revela uma história de impulsividade e morte entre uma só família, com Electra a estar no centro da trama, ao induzir o irmão Orestes a matar a mãe para vingar a morte do pai.

Desde 2018 que esta peça tem sido premiada, contando com a importante presença do coro que dá uma roupagem importante à tragédia em palco. O compositor grego Dimitris Kamarotos convidou especialistas para reproduzir os antigos aulos duplos gregos, um instrumento musical com mais de dois mil anos, para cruzá-lo com o Sheng, um antigo instrumento chinês de sopro de palheta livre.

Luo Tong é a responsável pela tradução do texto para chinês, sendo investigadora na área da literatura e teatro da Grécia Antiga, pertencendo também a uma família que há muito está ligada a este universo profissionalmente,

Stella e companhia

O cartaz do FAM traz ainda, hoje e amanhã, às 19h45 no pequeno auditório do CCM o espectáculo “Clube Solidão” dos artistas locais Stella e Artistas x TOTAL BRUTAL. Stella e Artistas é o nome de uma companhia de dança local que, desta vez, se une ao conceituado coreógrafo Nir de Volff para criar um espectáculo com bailarinos de Macau e Berlim que dançam em torno das temáticas da busca do amor e da solidão como uma das grandes doenças e questões do mundo contemporâneo.

Nascido e criado em Israel, o coreógrafo Nir de Volff fundou a companhia de dança TOTAL BRUTAL em 2007, residindo actualmente em Berlim. Actuou como bailarino convidado na digressão de Pina Bausch em Israel e co-produziu obras com vários artistas, incluindo Falk Richter, um dramaturgo proeminente e ex-director residente do Schaubühne am Lehniner Platz em Berlim.

Destaque ainda para um espectáculo do Teatro de Marionetas em Papel – Paperbelle virado para os mais pequenos e as famílias apresentado no sábado e domingo, às 10h e 15h, no teatro “Caixa Preta” no edifício do antigo tribunal. O espectáculo, criado no Reino Unido e que já teve mais de cem actuações no Interior da China, é protagonizado pelo artista Robert Stanley Pattison, contando com música de Li Lixiang e coordenação técnica de Jin Zaixiang.

Revela-se aqui a história de uma enigmática rapariga de papel que convida todos os pequenos hóspedes da cidade para a sua sala de estar para descobrirem num cenário minimalista uma forma de arte que não é tão simples como parece.

11 Mai 2023

FAM | Bailado português e teatro para ver esta semana

O cartaz desta semana do Festival de Artes de Macau apresenta um espectáculo da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporânea. Esta sexta-feira é apresentado, no Sands Theatre, “Na Substância do Tempo”, em homenagem à poetisa Sophia de Mello Breyner. O cartaz compõe-se ainda com a peça de teatro “Eu sou uma lua”, da companhia Teatro da Torre do Tambor do Oeste

 

Os amantes de bailado ou simplesmente apaixonados pelos poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen podem, esta semana, assistir ao espectáculo da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo que integra o cartaz do Festival de Artes de Macau (FAM). “Na Substância do Tempo” sobe ao palco do Sands Theatre esta sexta-feira, às 20h, apresentando-se um “programa triplo que entrelaça as imagens em movimento” saídas dos poemas de Sophia que faz uma ligação com “as leis da gravitação interna dos passos de dança”.

Intituladas “Em redor da suspensão”, “Outono para Graça” e “Requiem”, as três peças “criam o momento em que o discurso coreográfico se assume como uma metáfora”. Assim, os bailarinos e coreógrafos “ecoam a poesia de Sophia e mergulham no mundo visível da dança”.

Este espectáculo tem como coreógrafos Vasco Wellenkamp e Miguel Ramalho, contando com um total de 11 bailarinos. A Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo foi fundada por Vasco Wellenkamp, coreógrafo que já conta com diversos prémios no currículo, em 1997, tendo conquistado ao longo dos anos uma reputação internacional.

Teatro lunar

O cartaz do FAM traz ainda, esta sexta-feira e sábado, a peça de teatro “Eu sou uma lua”, do Teatro da Torre do Tambor do Oeste. O espectáculo acontece no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) às 19h45.

Conforme escreveu o Diário da Juventude de Pequim, esta é uma “história sobre a lua e a dor, cruel, mas terna”. Revelam-se histórias de seis pessoas, que têm uma ligação entre si, contadas em forma de prosa e poesia, nomeadamente a do astronauta que está numa missão à lua ou um assalariado que perdeu a actriz que admirava, ou ainda o caso de uma estudante de matemática que engorda quando chega à puberdade, ou uma estrela de rock que não tem sorte no amor. Cada vez que uma destas personagens olha para a lua, pensa nas suas preocupações e angústias. A lua funciona, aqui, como um mecanismo para a auto-reflexão e conhecimento. Trata-se de uma “peça que combina o sentimento solitário e poético, exclusivo da literatura chinesa, e ainda o humor negro auto-depreciativo americano”.

O espectáculo divide-se em duas partes: a viagem à lua de um astronauta isolado e as histórias das restantes cinco pessoas que buscam respostas ao olhar para a lua. O texto desta peça foi escrito pela dramaturga Zhu Yi, tendo o espectáculo estreado em Nova Iorque em 2011. A encenação ficou a cargo de Ding Yiteng, tido como um dos grandes encenadores chineses da sua geração. O espectáculo tem uma hora e cinquenta minutos e é interpretado em mandarim, com tradução para inglês.

Destaque ainda para os restantes espectáculos que decorrem este fim-de-semana integrantes do FAM, nomeadamente “Os milagres dos armazéns Namiya”, do grupo “Cultura Supersky”, apresentado no grande auditório do CCM este sábado e domingo às 20h. Trata-se de uma adaptação do romance, com o mesmo nome, do japonês Keigo Higashino, sobre a história de três ladrões que se escondem numa loja deserta, numa cidade remota, perdida no meio do nada. O Teatro Caixa Preta, no edifício do antigo tribunal, recebe o espectáculo “m@rc0 p0!0 endg@me 2.0”, dos grupos locais Associação de Arte Teatral Dirks x Estúdio Paprika. O evento é apresentado de sexta-feira a domingo às 20h e no sábado e domingo às 15h.

O cartaz do FAM apresenta ainda um espectáculo de teatro com marionetas “Neste Lado de Macau – Em Busca da Verónica” com o artista Bernardo Amorim e a colaboração de Elisa Vilaça, artista residente da Casa de Portugal em Macau, José Nyogeri e Nelma Silvestre. A iniciativa acontece no sábado, em versão cantonense, às 15h e 20h, e domingo, em português, no mesmo horário, no Centro de Arte Contemporânea de Macau – Oficinas Navais N.º 2. Esta é uma nova versão do espectáculo “No Outro Lado de Macau – Uma Aventura Mágica” apresentado na 31ª edição do festival. Bernardo Amorim promete “levar crianças e adultos numa fantástica jornada” pela descoberta das aventuras de Verónica.

2 Mai 2023

FAM | Bilhetes à venda a partir de domingo

Os bilhetes para a 33.ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM), que se realiza entre os dias 28 de Abril e 28 de Maio, começam a estar à venda no próximo domingo. O público poderá, assim, adquirir ingressos para um programa composto por 20 espectáculos que abrangem áreas como o teatro, ópera chinesa, dança, música e artes visuais, entre outros meios de expressão artística.

A edição deste ano do festival começa com o espectáculo “A Sagração da Primavera”, uma produção da bailarina chinesa Yang Liping que procura inspiração na combinação de elementos ocidentais e orientais, para descobrir novos caminhos artísticos e liderar a sensibilidade estética.

Em “Na Substância do Tempo”, da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo, por exemplo, os bailarinos “farão a vida cintilar através dos seus corpos e movimentos”, descreve o Instituto Cultural, em comunicado.

Por sua vez, o encenador de teatro chinês Liu Fangqi, conhecido pelas suas peças de grande sucesso, levará à cena a sua comovente adaptação teatral de uma das três obras-primas de Higashino Keigo: “Os Milagres dos Armazéns Namiya”.

O leque variado de programas conta ainda com “Eu Sou uma Lua”, uma peça escrita pela jovem dramaturga Zhu Yi que narra os desejos e os segredos de citadinos.

No ano em que comemora o seu 30.º aniversário, o Grupo de Teatro Dóci Papiaçám di Macau encerrará o Festival deste ano com a peça de teatro em patuá “Chachau-Lalau di Carnaval” (Oh, Que Arraial!), convidando o público a observar, a partir de múltiplas perspectivas, a vitalidade desta manifestação do património cultural intangível nacional, na nova era.

Entre as demais produções locais desta edição do festival, destacam-se a Ópera Cantonense Multimédia Completa Ligações de Hato; o concerto “Cordas Embriagadas”, da Orquestra de Macau; o teatro de dança “Clube Solidão” e uma série de peças de teatro diversificadas, nomeadamente “m@rc0 p0!0 endg@me 2.0”, “Lift Left Life Live” e “O Vestido Fica-lhe Bem”.

23 Mar 2023

31.º Festival de Artes de Macau arranca amanhã depois de pausa de um ano

Vinte programas de teatro, dança, música e artes visuais integram o programa do 31.º Festival de Artes de Macau (FAM), que arranca amanhã, depois de uma pausa de um ano, devido à pandemia da covid-19. Com o tema “Reiniciar” e até 29 de Maio, o festival também vai apresentar cerca de 100 actuações e actividades do Festival Extra, uma extensão da iniciativa principal, através do qual se procura levar a arte à comunidade, dividindo-se em 18 atividades em 24 sessões.

Para o Instituto Cultural (IC), que organiza o evento, o objectivo do FAM é “construir uma plataforma de intercâmbio artístico internacional e para os artistas locais apresentarem as suas obras, oferecendo uma variedade de programas locais e estrangeiros”.

No entanto, o actual momento pandémico obrigou a organização a “privilegiar as produções do interior da China e de Macau”, disse a presidente do IC, Mok Ian Ian, em Março, na apresentação da 31.ª edição do FAM.

A abertura “Cobra Branca” está a cargo do Estúdio de Teatro Lin Zhaohua, de Pequim, com um espectáculo que redesenha os personagens “do popular conto chinês ‘A Lenda da Cobra Branca’ de forma artística e imaginativa, combinando teatro, música, dança e arte multimédia”, indicou o IC.

O espectáculo de encerramento “Tirando Licença” é uma produção adaptada da peça homónima do dramaturgo norte-americano Nagle Jackson, apresentada pelo Teatro Nacional da China e encenada por Wang Xiaoying, e conta “a história de um experiente actor, outrora aclamado pelas interpretações do Rei Lear, que se aproxima do fim da sua vida, vagueando frequentemente entre o mundo real e o delírio, a fim de testemunhar com o público a fragilidade e a eternidade da vida”.

Prata da casa

O programa inclui o Teatro de Ópera Huangmei da província chinesa de Anhui (leste), que apresenta uma nova produção da peça clássica “O Sonho da Câmara Vermelha”, representada “pela nova geração de actores (…), transmitindo tradição e inovação”. A ópera Huangmei faz parte do Património Cultural Intangível Nacional chinês.

Do Grupo de Dança e Teatro Jin Xing de Xangai, “uma das principais companhias de dança moderna da China”, às crianças da Escola de Teatro do Conservatório de Macau e jovens alunos do curso de Representação de Ópera Cantonense, a fusão das artes que integram o festival oferece ainda ao público espetáculos como “a singular produção de teatro em patuá”, uma língua crioula de base portuguesa, pela mão do grupo de Teatro Dóci Papiaaçám di Macau.

Plataforma de desenvolvimento profissional de vários grupos artísticos locais, o FAM apresenta, entre outros, a Dança do Dragão Embriagado, pelo grupo Four Dimension Spatial na forma de um teatro de dança que alia uma actividade tradicional do festival à dança contemporânea, enquanto o teatro documentário “Vejo-te através de Memórias da Associação de Workshops de Arte Experimental Soda-City” explora o passado e o presente deste bairro intimamente ligado ao mar, passando também em revista as transformações da cidade. A maioria das actividades do FAM, que conta um orçamento de 21 milhões de patacas, são gratuitas.

29 Abr 2021

FAM | Exposição fotográfica de Baptiste Rabichon inaugurada na sexta-feira

Até 27 de Junho, a Galeria do Tap Siac irá acolher a exposição fotográfica “Um Quarto com Vista”, do artista contemporâneo francês Baptiste Rabichon. Ao todo serão expostas 41 obras, que prometem servir de ensaio aos limites do analógico e do digital, com um cunho simultaneamente “realista” e “alucinatório”

 

Integrada na programação do 31.º Festival de Artes de Macau (FAM), a exposição “Um Quarto com Vista” da autoria do fotógrafo contemporâneo francês Baptiste Rabichon abre portas ao público a partir da próxima sexta-feira na Galeria do Tap Siac. A mostra pode ser vista até vista até 27 de Junho, gratuitamente.

Partindo em busca de explorar a utilização de novas e velhas técnicas fotográficas na criação do seu trabalho, em “Um Quarto com Vista”, Baptiste Rabichon propõe-se a apresentar, de acordo com um comunicado oficial, “um contexto realista, alucinatório e incrível” que pretende abrir portas para os visitantes procurarem também eles novas possibilidades no universo da criação artística e que algumas barreiras da fotografia sejam quebradas.

Na exposição será possível contactar com 41 peças e trabalhos fotográficos contemporâneos divididos em cinco séries: “Álbuns”, “Camisas do Pai”, “Árvores dos Jardins de Lodi”, “Varandas” e “Desenhos de Manhattan”. Todas elas, resultantes do jogo experimental do artista que, de um ponto de vista realista, combina elementos convencionais e inovadores, misturando fotografia analógica, imagens digitais e a projecção de objectos do quotidiano, para criar sensações e impressões, a partir de imagens, onde transparece a ideia da reconciliação e união entre seres vivos, objectos, plantas e jogos de luz e sombras.

“A exposição irá apresentar as expressões contemporâneas da fotografia e convidar os visitantes a explorar outras possibilidades na criação artística, uma autêntica festa de gastronomia molecular aos olhos do círculo fotográfico, dos aficcionados da arte e do público em geral de Macau”, pode ler-se na nota de imprensa divulgada pelo Instituto Cultural (IC) sobre a exposição.

Em ascensão

Nascido em Paris no ano de 1987, Baptiste Rabichon tem vindo a ganhar destaque através da participação em inúmeras exposições, não só em França, mas também na China.

Estudou em várias escolas de arte francesas e formou-se no Le Fresnoy – Studio National des Arts Contemporains em 2017, tendo ganho a Residência BMW e o prémio Moly-Sabata/Salon de Montrouge em 2017 e 2018, respectivamente, e foi seleccionado como artista residente da Cité internationale des arts em 2019 e 2020.

A exposição “Um Quarto com Vista – Exposição de Fotografia de Baptiste Rabichon” pode ser visitada na Galeria Tap Siac até 27 de Junho, entre as 10h00 e as 19h00 diariamente, incluindo dias feriados. A entrada é livre, sendo que todos os visitantes devem cumprir as medidas de controlo epidémico, como a apresentação do código de saúde e a utilização de máscaras faciais.

Recorde-se que, depois de um ano de interregno devido à pandemia, O Festival de Artes de Macau está de volta entre 30 de Abril e 29 de Maio, e propõe-se, sob o tema “Reiniciar”, a levar aos mais diversos palcos e espaços da cidade, mais de 100 actuações e actividades, onde não faltam espectáculos de teatro, dança, música, artes visuais, ópera cantonense e ainda workshops e exibições de fotografia e cenografia.

14 Abr 2021

FAM 2021 | Edição traz peça de teatro Huangmei, património cultural intangível da China

A 31ª edição do Festival de Artes de Macau regressa em Maio e já são conhecidos três espectáculos que fazem parte do cartaz. O programa inclui a peça de teatro “O Sonho da Câmara Vermelha”, pelo Teatro de Ópera Huangmei de Anhui. Este género teatral está classificado como património cultural intangível da China

 

O Instituto Cultural (IC) divulgou ontem três espectáculos que farão parte do cartaz da 31ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM), prometido para o mês de Maio. Um dos espectáculos é “O Sonho da Câmara Vermelha”, protagonizado pelo Teatro de Ópera Huangmei de Anhui. Este género teatral é considerado património cultural intangível nacional.

Esta é uma nova produção desta peça que é um clássico e que foi protagonizada, nos anos 90, Ma Lan, contando com Yu Qiuyu e Chen Xiting como o núcleo da equipa criativa. A peça será agora representada pela nova geração de actores da ópera de Huangmei, “transmitindo a tradição e a inovação”, aponta o IC.

Outra das iniciativas previstas para esta edição do FAM, que contará apenas com artistas locais, é a mostra “Imagens e Espaço: Exposição de Cenografia de Ren Dongsheng”. Ren Dongsheng é tido como um cenógrafo de “primeira classe a nível nacional” e “conhecido pelo seu estilo próprio”. “O seu cariz grandioso é complementado por detalhes criativos e perspicazes, dando origem a um intercâmbio e a um diálogo entre tradições simples e tecnologias de ponta por meio das suas interpretações visuais subtis e poéticas dos temas das obras representadas”, descreve o IC. Nesta exposição, “o cenógrafo levará o público a transcender as dimensões espaciais e a experienciar o encanto da cenografia”.

Ren Dongsheng foi designer de iluminação geral ou director artístico de quase 100 produções chinesas e internacionais. Os seus trabalhos mais representativos incluem os teatros dança Balada da Paisagem, Nanjing 1937 e Huang Daopo, entre outros.

Bilhetes à venda dia 28

O cartaz provisório do FAM encerra-se com a peça “Tirando Licença”, uma produção adaptada pelo Teatro Nacional da China da peça homónima do dramaturgo contemporâneo americano Nagle Jackson. Na peça, o encenador Wang Xiaoying, que já foi considerado o mais vanguardista encenador de teatro experimental e também uma figura icónica do teatro mainstream na década de 1990 na China, irá liderar um elenco de actores veteranos para apresentar uma interpretação mais profunda da fragilidade e da eternidade da vida e a omnipresença do amor.

Esta semana Mok Ian Ian, presidente do IC, anunciou o regresso do FAM em Maio, mas apenas com produções locais, tendo em conta as restrições de viagens e de circulação nas fronteiras impostas pela pandemia. O IC promete anunciar o cartaz completo do FAM numa data posterior. Os bilhetes começam a ser vendidos a partir do dia 28 de Março.

12 Mar 2021

FAM | Metade do programa da 30ª edição com produções locais

Foi ontem apresentado o programa completo da 30ª edição do Festival de Artes de Macau, que decorre este ano entre 3 de Maio e 2 de Junho e conta com um orçamento reforçado em dois milhões de patacas face ao ano passado. De um total de 22 espectáculos, metade são de Macau, com destaque para a nova produção falada em patuá, “Tirâ Pai na Putau (Tirar o Pai da Forca)”

 

[dropcap]V[/dropcap]em aí mais uma edição do Festival de Artes de Macau (FAM), que este ano comemora 30 anos de existência. O programa completo foi ontem apresentado e conta com um extenso leque de produções de Macau, onde se inclui mais uma peça do Grupo de Teatro Dóci Papiaçám di Macau.

Entre os dias 18 e 19 de Maio o público poderá assistir ao espectáculo “Tirâ Pai na Putau (Tirar o Pai da Forca)”, uma peça encenada e escrita por Miguel de Senna Fernandes.

A história gira à volta de Emília, que viaja para Macau para trabalhar como terapeuta ocupacional no Departamento de Psiquiatria do recém-inaugurado Hospital do Cotai. Ela sempre quis trabalhar em Macau, para assim concretizar o sonho de reencontrar o seu pai biológico, com quem perdeu o contacto. Por um acaso, Emília descobre que um dos pacientes da ala psiquiátrica do hospital é o seu pai. Agora, nada detém Emília, que tudo fará para o proteger, nem mesmo os planos urdidos pela sua mulher.

Aos jornalistas, Miguel de Senna Fernandes disse que a peça é composta de “histórias muito simples”, mas sempre cheias de críticas em relação à actualidade do território, mais especificamente ao projecto do novo hospital que irá nascer no Cotai.

“É mais uma rábula que tem como pano de fundo algo que faz parte da curiosidade de toda a gente, neste caso a história do novo hospital. É a segunda vez que abordamos esta questão, mas desta vez ainda com mais premência porque toda a gente fala do hospital do Cotai e nada se vê.

Já nos falaram deste hospital vezes sem conta, mas é claro que ninguém vai explorar as razões de nada acontecer. É uma questão recorrente e vamos falar dele à boa maneira da comédia.”

Teatro em destaque

Além do teatro falado em patuá, o cartaz do 30º FAM dá grande destaque às produções levadas a cabo por companhias teatrais de Macau. Entre os dias 3 e 8 de Maio a companhia “Cai Fora” apresenta “A Viagem de Curry Bone 2019”, cuja história se baseia num guia turístico com o mesmo nome. Este compila as experiências de Curry Bone na Terra dos Anões, que também tem uma aplicação para telemóvel. O percurso pode ser feito por todos.

Com “Pronto-a-Vestir”, a Associação de Desenvolvimento Comunitário Artistry of Wind Box apresenta, no espaço Armazém do Boi, uma história sobre o passado da indústria têxtil em Macau. “Este espectáculo, em formato de teatro documentário, apresenta o quotidiano das costureiras e explora a vida e a cidade de hoje através da memória desta geração”, descreve o IC.

Por sua vez, o grupo de dança Four Dimension Spatial apresenta, a 18 de Maio, o espectáculo “Mau Tan, Kat Cheong”, no edifício do antigo tribunal. Trata-se de uma história sobre os imigrantes ilegais que chegaram a Macau nos anos 80, quando esta era considerada a “terra dos sonhos”. Estas pessoas acabaram por ficar a residir em bairros como a Areia Preta ou o Iao Hon, e foi nesta zona que o grupo visitou e entrevistou pessoas na vizinhança dos edifícios Mau Tan e Kat Cheong para compreender a migração em Macau e reflectir sobre as transformações sociais nos últimos 30 anos.

“Caleidoscópio”, da Associação de Representação Teatral Hiu Koc, apresenta-se ao público no Centro Cultural de Macau entre os dias 1 e 2 de Junho e revela-se como algo “diferente do teatro narrativo”, apresentando “momentos de vida interligados no palco através de música, luz, espaço e ritmos respiratórios dos actores”.

“Wonderland”, da Associação de Dança Ieng Chi x Concept Pulse Studio, é mais uma das onze produções locais que acontece entre os dias 4 e 5 de Junho. “WonderLand” é o resultado da incubação de Rosas Artificiais. O trabalho original foi lançado no Festival BOK, em 2017, e continuou a sua experimentação como dança-teatro e instalação no Festival Fringe Cidade de Macau, em 2018.

A 30ª edição do FAM conta ainda com quatro espectáculos destinados a um público mais novo, além de produções internacionais, onde se inclui uma peça de teatro da companhia teatral portuguesa O Eléctrico.

O orçamento do FAM é de 22 milhões de patacas, um valor superior face a 2018 em dois milhões de patacas. O IC justifica o aumento com a inflação e aumento dos custos associados às produções.

27 Mar 2019

FAM | Mísia e Pedro Moutinho actuam com Orquestra Chinesa de Macau

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s fadistas Mísia e Pedro Moutinho vão actuar com a Orquestra Chinesa de Macau num concerto integrado nesta edição do Festival de Artes de Macau (FAM). O espectáculo, intitulado “Concerto de Fado”, acontece a 31 de Maio no grande auditório do Centro Cultural de Macau.

O programa deste concerto inclui temas como “Fado Adivinha”, “Fogo Preso”, “Lágrima”, “Tive um Coração, Perdi-o”, “Garras dos Sentidos”, “Ao Deus Dará”, “Veio a Saudade”, “Alfama”, entre outros. De acordo com o Instituto Cultural, “está apenas disponível um número limitado de bilhetes para este concerto”, já estando disponíveis para venda.

10 Mai 2018

Cartaz | Apresentado o programa do Festival de Artes de Macau

Macau está em ebulição com eventos culturais a preencher o calendário do público. Foi ontem apresentado o cartaz do 28.º Festival de Artes de Macau, que começa a 28 de Abril, e que encherá a cidade de espectáculos até 31 de Maio

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Festival de Artes de Macau (FAM) já mexe. Foi ontem apresentada a programação do evento que terá mais de 100 actividades, da música à dança contemporânea, passando por diversas variantes de teatro.

A edição deste ano tem um orçamento mais modesto: são 23 milhões de patacas. “Fizemos o planeamento mais cedo, alguns dos projectos são financiados pelo Governo e por isso pudemos reduzir o orçamento”, revelou Leung Hio Ming, presidente do Instituto Cultural (IC). O investimento no festival teve uma poupança de cerca de quatro milhões de patacas em relação ao ano passado. De acordo com Leung Hio Ming, tal redução de orçamento “não vai afectar a qualidade dos espectáculos”.

O tema transversal à programação do FAM é a “Heterotopia”, uma ideia baseada na heterogeneidade do espaço que se reflecte num caleidoscópio de textos, imagens, histórias e música.

O festival abre com o espectáculo “Play and Play: An Evening of Movement and Music”, que é uma reinterpretação de clássicos de Schubert e Ravel pela internacionalmente aclamada companhia de dança moderna norte-americana Bill T. Jones/Arnie Zane. A mesma companhia apresenta ainda a representação de “A letter to my nephew”. Escrito pelo coreógrafo Bill T. Jones, o espectáculo é baseado numa carta imaginada ao sobrinho enquanto este repousa numa cama de hospital. Esta história é contada através de misturas delirantes de música pop e canções de embalar que dão a paisagem ao bailado. Em ambos os espectáculos, a dança contemporânea é acompanhada por dois quartetos de cordas que emprestam som ao menu de movimentos aleatórios dos bailarinos.

Em cena

A encerrar o festival, o público terá um clássico do teatro russo: “A Gaivota”, de Anton Chekhov, encenado pela companhia islandesa Teatro da Cidade de Reiquejavique.

A celebrar os 110 do teatro chinês, o Teatro de Arte Popular de Shaanxi apresenta ao público de Macau uma produção realista do afamado clássico “Feudos nas Terras do Oeste”. A peça é um épico de guerra que retrata uma acérrima luta por território entre duas famílias, com um amor proibido pelo meio, um pouco ao estilo de Romeu e Julieta.

Ainda na área do teatro, destaque para a produção da local Associação de Arte e Cultura Comuna de Pedra, que levará a cena a peça “Canções de Migrantes”, que dará a conhecer memórias de migrantes locais. Este espectáculo aborda uma questão fulcral na história de Macau e é o primeiro de uma trilogia de espectáculos com direcção de Jenny Mok.

Fazendo uma incursão pela cultura portuguesa, o FAM deste ano conta com um bailado do emergente coreógrafo Marco da Silva Ferreira. O português traz a Macau os espectáculos “Hu(r)mano”, onde propõe uma aventura através da expressão corporal que representa a relação entre o indivíduo e a urbe. Neste espectáculo sobem ao palco quatro bailarinos, que interagem de forma a reflectir a realidade urbana moderna. Como já tinha sido tornado público, também o artista Vhils, Alexandre Farto, vai fazer parte do cartaz, com uma exposição que vai além das intervenções que, por norma, faz em espaços públicos.

Também dentro da dança moderna, o FAM propõe a ousada obra “Aneckxander: uma autobiografia trágica do corpo”, do coreógrafo Alexander Vantournhout. O espectáculo a solo equilibra-se entre a comédia e a tragédia, misturando acrobacia, linguagem corporal, num reexame da fisicalidade e do corpo humano.

Arte em família

O programa do FAM alarga-se numa multitude de espaços de imaginação artística com “palestras, masterclasses, workshops, conversas com artistas, sessões para estudantes, crítica artística e projecção de filmes”, revela Leung Hio Ming.

O espectáculo “Rusty Nails e outros heróis” é dirigido a um público de todas as idades. Fazendo uso de diferentes materiais e meios de expressão, a peça de teatro da companhia holandesa TAMTAM objektenteather apresenta uma história sem usar palavras. O espectáculo vive da interacção de objectos de dia-a-dia com a música, numa mistura que promete mergulhar o público num mundo de fantasia.

Durante a Mostra de Espectáculos ao Ar Livre, destaque para um musical infantil intitulado “Metamorfose sobre a noite estrelada, uma adaptação da Associação de Artes Pequena Montanha. A peça pensada para deslumbrar a pequenada é um teatro de marionetas onde contracenam uma lagarta e uma couve.

Com uma abordagem mais tradicionalista, a programação do FAM oferece aos público a possibilidade de assistir à ópera tradicional chinesa “A lenda da senhora general”. O espectáculo é interpretado pelo Grupo Juvenil de Ópera Cantonense dos Kaifong de Macau. Na mesma onda da ópera tradicional chinesa, chega-nos a adaptação abreviada do clássico “Senhora Anguo”, interpretada pela companhia de Teatro Nacional de Ópera de Pequim.

Variedade é uma das tónicas da edição 2017 do FAM. “Esta edição engloba 25 espectáculos e exposições de arte extraordinárias, aliados ainda a um programa de extensão que inclui, não só, produções de renome internacional, grandes obras do Interior da China e produções locais de alta qualidade”, explicou o presidente do IC na apresentação do programa.

Aos interessados que queiram beneficiar de um desconto de 30 por cento aconselha-se que estejam atentos. A partir de domingo, até dia 19 de Março, o público pode comprar bilhetes a preços reduzidos. E assim arranca mais um evento cultural de alto fôlego em Macau.


Dóci Papiáçam di Macau volta ao FAM

“Sórti na téra di tufám” é o título da peça que a companhia de teatro que usa o dialecto tradicional patuá como veículo traz aos palcos do Festival de Artes de Macau (FAM). A narrativa, entre a sorte e o azar, gira em torno de Bernardo, um afortunado azarado. A personagem ganha uma lotaria de Hong Kong, mas fica impedido de levantar o prémio por um tufão que o separa da riqueza.

Independentemente da catástrofe natural, o público pode contar com a habitual oportunidade para gargalhada oferecida pelo grupo de teatro. “Muito humor, muito sarcasmo e crítica social”, promete Miguel de Senna Fernandes, encenador e autor da peça. Num contexto de comédia, as peças do grupo de teatro apresentam o estilo de vida de Macau, numa postura de reflexão social em tom jocoso.

A peça estará patente, apenas, no FAM nos dias 19 e 20 de Maio no grande auditório do Centro Cultural de Macau. Isto “porque não há condições para outras alternativas, tudo o que seja fora do âmbito do festival implica aluguer de recinto, custos elevados”, diz o encenador.

Miguel de Senna Fernandes promete levar ao palco um espectáculo com as características a que o público está habituado. Como tal, há lugar também para a exibição dos habituais vídeos que a companhia apresenta, plenos de crítica social, “para entreter o pessoal”. Para o encenador, este ano estão reunidas as condições para as gargalhadas se espalharem pela plateia. Nesse capítulo, o encenador sabe que o público é o último juiz da qualidade da peça, do trabalho feito pela companhia, sendo que o riso é o reflexo honesto da receptividade ao espectáculo.

Para tornar a peça inteligível, uma vez que é interpretada numa língua pouco usada, o encenador revela que suavizou um bocado a língua. Neste caso, Senna Fernandes apoia-se na linguagem universal da comédia. “Usamos muita linguagem corporal e usamos as pausas para colmatar a falta de conhecimento do patuá”, releva. Mas não há razões para preocupações em falhar os punchlines, uma vez que a peça será, como é norma, legendada.

A presença do Grupo de Teatro Dóci Papiaçám di Macau é uma presença habitual no FAM. “A minha sina é escrever e encenar uma peça por ano, para o festival”, brinca Miguel de Senna Fernandes. Além de ser uma afirmação da cultura local, esta é uma questão de sobrevivência de uma língua em vias de extinção, mas que não desiste. A mensagem é: “Estamos aqui, estamos vivos e estamos a fazer pessoas rir”.

7 Mar 2017

CCM | Festival de Artes de Macau ainda mexe

A entrar na recta final, o FAM ainda tem muito para dar nestas quase duas semanas que faltam para o encerramento: desde dança contemporânea japonesa a experimentações sonoras com sons do Antárctico, passando por espectáculos de rua. Mas há mais

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]27.ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM) está prestes a terminar mas nem por isso o seu interesse. Fomos à procura no programa do que ainda está para vir e descobrimos, já nesta sexta-feira, uma “Obssessão”.
Assim se chama a famosa obra do coreógrafo japonês Saburo Teshigawara, inspirada na curta-metragem surreal “Un Chien Andalou” de Luis Buñuel. Estreou-se em 2009 no Festival Rock Arte de Saint Brieuc (França) e desde então
tem estado em vários festivais internacionais.
Teshigawara formou o KARAS, o grupo que apresenta a peça, com Kei Miyata em 1985 com o objectivo de procurar uma “nova forma de beleza” e assim desenvolveu uma nova linguagem artística, uma nova orientação para a dança contemporânea japonesa. Na interacção dos diversos elementos artísticos – música, movimento, belas-artes e filme, os KARAS criam espaços poéticos, em composições de grande sensibilidade escultural. Desejos impossíveis que se tornam realidade apenas através do amor irracional.

De Beckett à Antárctida

Sentado sozinho no seu pequeno quarto no dia do seu septuagésimo aniversário, um homem prepara-se para fazer uma gravação sobre o seu último ano de vida, um hábito de juventude. Mas antes ouve a cassete gravada há 30 anos, provavelmente o ano mais feliz da sua vida.
Assim está dado o mote para “A Última Gravação de Krapp”, a famosa obra de teatro do absurdo de Samuel Beckett e que surge em Macau encenada pelo mundialmente célebre Robert Wilson.
Na breve hora que dura esta obra, Wilson apresenta o trabalho de Beckett em meia dúzia de traços simples que pintam uma visão do mundo muito particular e, ao mesmo tempo, universal.
E se gravássemos uns sons da Antárctida? E se os combinássemos com música electrónica? E se inventássemos uns instrumentos para que a coisa saísse mais a preceito? Foi precisamente o que Álvaro Barbosa, professor da Universidade de São José, junto com o desenhador de instrumentos musicais Victor Gama fizeram, dando origem a “Viagem à Última Fronteira”.
Embarcados numa expedição de dez dias ao Antárctico num antigo barco oceanográfico dos anos 70 vaguearam pelas ilhas da Península e coligiram gravações áudio e vídeo. Barbosa ainda capturou a beleza natural dos gelos eternos em fotografia que deu origem a um livro. Depois saiu o concerto.
O espectáculo apresenta peças musicais tocadas em conjunto por músicos locais e pelo Hong Kong New Music Ensemble, que incluem composições electrónicas originais de Gama tocadas em instrumentos musicais desenhados por ele próprio e no dispositivo de som interactivo (Espanta Espíritos de Cordas Radiais) inventado por Barbosa. Podem também ouvir-se sons gravados na Península Antárctica, colocados para “transportar” o público para a magia natural daquele território.

Ar livre ou violino?

Para quem gosta de espectáculos de rua, o FAM inclui o que o que a organização designa por uma “caleidoscópica mostra de espectáculos”. Diversidade e emoção são as propostas para a Praça do Iao Hon, com uma série de espectáculos onde se incluem malabaristas, danças tradicionais tailandesas, música ao vivo, teatro infantil e marionetas, durante as três noites do próximo fim-de-semana.
Mas a opção também pode ser teatro infantil e aí tem a possibilidade de entrar em “Círculos”, uma produção de Taiwan de Cheang Tong onde a Fundação de Educação dos Oceanos Kuroshio, do mesmo país, surge como consultora.
Tudo começa um belo dia quando na biblioteca da zona surge um livro chamado “O Animal Mais Popular”. Assim começa a aventura. A vaca acha que é ela mas afinal são o panda e o golfinho. Curiosa, a vaca decide conhecê-los encetando um périplo à procura do “animal mais popular”.
“Círculos” é uma peça criada para inspirar uma reflexão sobre a forma como a humanidade vive, usando o teatro de marionetas, a poesia infantil, livros a três dimensões, música ao vivo, uma exposição interactiva e visitas guiadas. Uma viagem educativa para pais e filhos.
Para momentos mais clássicos, não dá para perder Shostakovich segundo o violino da lendária violinista russa Viktoria Mullova. Os concertos de Shostakovich, obras que revelam a influência do pós-romantismo e do neoclassicismo, estão permeados de elementos de discordância e cromatismo do séc. XX e podem ser considerados como uma experiencia singular.
Convidada a actuar neste concerto, a Mullova valeu-lhe o título de “Rainha do Gelo” da música. Esta será a sua primeira colaboração com a Orquestra de Macau.
Está dado o mote para um evento com diversos horários e bilhetes a preços diversos. Bom fim-de-semana.

18 Mai 2016