FAM | Capitão Fausto e “Os Três Irmãos” em destaque numa edição recheada de nomes de fora

Foi ontem apresentado o programa de mais uma edição do Festival de Artes de Macau. Um dos destaques é o concerto dos Capitão Fausto, um dos grandes nomes da nova música que se faz em Portugal, e ainda o espectáculo “Os Três Irmãos”, com texto de Gonçalo M. Tavares e coreografia de Victor Hugo Pontes

 

O espectáculo “Os Três Irmãos”, de Victor Hugo Pontes e com texto de Gonçalo M. Tavares, é um dos destaques do Festival de Artes de Macau (FAM), foi ontem anunciado. Com um orçamento superior ao da edição passada, a 34.ª edição do FAM traz este ano mais nomes de fora e aposta na reinterpretação de clássicos.

De Portugal, chega o espectáculo “Os Três Irmãos”, do coreógrafo Hugo Pontes e com texto original do escritor Gonçalo M. Tavares. Este projecto, que une dança e interpretação, é “uma viagem visceral” de três rapazes que se confrontam com a ausência dos pais, “tentando sobreviver à existência de cada um”, anunciou o Instituto Cultural (IC) na apresentação do programa do FAM, que este ano decorre entre 3 de Maio e 7 de Junho.

Também a banda portuguesa Capitão Fausto vai estar no território para o concerto sino-português “Semeando afectos musicais”, ao lado do “cativante David Huang, uma voz popular” de Taiwan, referiu o IC.

O FAM conta este ano com um orçamento de 24,9 milhões de patacas, mais dois milhões do que na edição passada, uma subida justificada pela presidente do IC com o fim da pandemia.

“Vivemos dificuldades que têm a ver com as medidas anti-pandémicas e não conseguimos convidar muitos grupos artísticos, mas este ano contamos com a participação de mais artistas do exterior”, frisou durante a apresentação a presidente do IC, Leong Wai Man, realçando a vinda de mais de dez grupos de fora.

Muitas inovações

Dedicada ao tema “Encontros Feéricos”, esta edição apresenta 19 programas, entre teatro, ópera chinesa, dança, música e artes virtuais, “reinterpretando clássicos de formas inovadoras”, referiu ainda Leong Wai Man.

O evento arranca a 3 de Maio no grande auditório do Centro Cultural de Macau com “O Livro da Selva reimaginado”, produção do bailarino e coreógrafo britânico Akram Khan e uma adaptação do clássico “O Livro da Selva”, da autoria do Nobel da Literatura em 1907 Rudyard Kipling.

No regresso a Macau, a companhia australiana Circa traz “Laguinho dos Patos”, uma produção de teatro circense inspirada no bailado “O Lago dos Cisnes”, de Tchaikovsky, e no conto “O Patinho Feio”, de Hans Christian Andersen.

Já o vencedor do Prémio Nacional de Dança de Espanha, Marcos Morau, em colaboração com o Ballet da Ópera de Lyon, França, apresenta uma reinterpretação de “A Bela Adormecida”, numa “releitura da icónica partitura de Tchaikovsky” transportada para os tempos de hoje, notou o IC.

Outra obra a ser homenageada na 34.ª edição do evento, é “Macbeth”, de Shakespeare, com a peça de teatro físico do Teatro Sardenha “Macbettu” a transpor o clássico “para a antiga cultura e língua sardenha”.

Em “A Fúria do que penso”, “seis actrizes excepcionais e uma sedutora bailarina exploram o mundo e as palavras” da escritora Nelly Arcan (1973-2009), num trabalho da encenadora e actriz canadiana Marie Brassard, lê-se ainda no programa do FAM. A organização convidou também o Teatro Baj, da Polónia, que traz a Macau a produção de teatro para bebés “O Livrinho”.

No que diz respeito a grupos locais, “Anamnese n.º: XXXX”, peça da Associação de Arte Teatral Dirks recriada a partir de “Equus”, obra do dramaturgo britânico Peter Shaffer, quer pôr o público a reflectir, através da integração de tecnologia de vídeo em tempo real.

Os Dóci Papiaçám di Macau, presença habitual no festival, sobem ao palco com a peça em patuá, o crioulo de Macau, “Unga Istrêla ta vem” (Chega uma estrela), que vai dar a conhecer ao público o encontro entre Délia, uma professora substituta de teatro, e Giselda, ex-promotora de jogo VIP à beira da miséria.

O FAM volta este ano com o Festival Extra, extensão da iniciativa principal, com um total de 23 programas, entre sessões com artistas, visitas aos bastidores, palestras, oficinas, exposições e projecções de espectáculos internacionais.

Mais de 20 actividades no programa do “Festival Extra”

Além do programa principal da edição deste ano do Festival de Artes de Macau, o público poderá ainda desfrutar de um extenso programa extra que inclui um total de 25 sessões relacionadas com 23 actividades agendadas. Incluem-se sessões como “Conheça o Artista”, sendo proporcionadas visitas aos bastidores dos espectáculos, palestras, workshops e projecções de espectáculos internacionais. A ideia é, segundo um comunicado do Instituto Cultural (IC), “convidar o público a apreciar a arte e a alargar os horizontes da sua imaginação artística”.

Inclui-se neste rol de actividades a possibilidade de conhecer de perto Víctor Hugo Pontes e o processo criativo enquanto coreógrafo para o espectáculo “Os Três Irmãos”. Víctor Hugo Pontes estará disponível para uma conversa com os participantes na qual “partilhará a sua experiência de mudança do seu papel como artista visual para o de coreógrafo e a forma como ele e os bailarinos conseguiram encenar a produção após superar uma série de dificuldades”.

Além disso, na categoria de “Projecções seleccionadas de espectáculos internacionais”, o IC apostou na apresentação de “A Vida de Pi”, do Teatro Nacional ao Vivo do Reino Unido, “Escrito na Água”, de Pontus Lidberg; “O Segredo de Brokeback Mountain”, do Teatro Real (Espanha); e “Quanto Mais Hip Hop Melhor”, uma peça de dança coreografada e dirigida por Kate Prince. Desta forma, permite-se que o público “desfrute de gravações de produções internacionais de topo”.

Uma espécie de diálogo

No que diz respeito aos workshops, o Festival Extra do FAM apresenta “Experiência Circense”, que inclui um “Workshop Avançado” e ainda um “Workshop para Famílias”. O primeiro será conduzido pelo director de digressões da companhia Circa, “que partilhará com o público a forma de organizar um espectáculo emocionante e as técnicas necessárias para alguém se tornar um artista de circo”. Por sua vez, no “Workshop para Famílias”, os participantes aprenderão técnicas circenses através de certas partes do espectáculo, além de movimentarem os seus corpos ao som da bela música de Jethro Woodward e Tchaikovsky.

Destaque ainda para “Livros Desdobráveis – Workshop para Famílias”, onde um instrutor profissional irá explicar os componentes básicos e as técnicas de produção dos livros desdobráveis, além de orientar as famílias na criação dos seus próprios livros.

No “Workshop de Canto: Vozes da Vida – Baladas Antigas”, os participantes vão experimentar a transmissão oral deste género artístico milenar, bem como “a voz da vida do povo Paiwan”. Já no “Workshop de Dança pelo Ballet da Ópera de Lyon” irá interpretar-se “a estreita ligação entre o corpo humano e o espaço, as formas e os volumes através da singular linguagem da dança ‘Kova'”, uma criação de Marcos Morau.

O Festival Extra do FAM inclui ainda um extenso programa de palestras e sessões de tertúlias realizadas antes dos espectáculos e sessões em que o público terá a oportunidade de conviver com os artistas. Serão ainda prestados serviços de acessibilidade às artes no espectáculo “Frankenstein/Criaturas”, permitindo aos indivíduos com deficiências visuais ou auditivas desfrutar de experiências artísticas sem barreiras.

De frisar que os bilhetes para a secção “Projecções Seleccionadas de Espectáculos Internacionais” estão à venda a partir do dia 23 de Março. Já a inscrição nas actividades extra pode ser feita na plataforma da “Conta Única de Macau” a partir do dia 25 deste mês. As vagas são limitadas e é necessário pagamento para a inscrição em algumas actividades.

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