Mar do Sul da China | Troca de acusações no Conselho de Segurança da ONU Hoje Macau - 11 Ago 2021 Os Estados Unidos e a China trocaram acusações no Conselho de Segurança da ONU, durante uma reunião sobre segurança marítima, devido às reivindicações de Pequim no mar do Sul da China. O representante chinês acusou Washington de se ter tornado na “maior ameaça à paz e à estabilidade” na região Na reunião promovida na segunda-feira pela Índia, país que preside ao Conselho de Segurança das Nações Unidas em Agosto, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi salientou que os oceanos e mares são património comum de todas as nações e povos e que estão a enfrentar várias ameaças. Presente na reunião virtual, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, abordou as reivindicações cada vez mais assertivas da China em algumas zonas do mar do Sul da China, apesar da decisão de um tribunal internacional as ter rejeitado há cerca de cinco anos. O governante norte-americano alertou que um conflito naquela região ou em qualquer oceano “teria graves consequências globais para a segurança e o comércio”. “No mar do Sul da China, assistimos a encontros perigosos entre navios em alto mar e a acções provocatórias para fazer avançar reivindicações marítimas ilegais”, apontou. “Os Estados Unidos deixaram claro as suas preocupações em relação às acções para intimidar outros Estados que acedam legalmente aos seus recursos marítimos”, acrescentou. No último incidente, que decorreu no mês passado, militares chineses relataram que perseguiram um navio de guerra dos EUA de uma área que reivindicam no mar do Sul da China, declaração que a Marinha norte-americana considerou falsa. As más intenções Já o vice embaixador da China, Dai Bing, respondeu a estas afirmações acusando os Estados Unidos de se tornarem “na maior ameaça à paz e à estabilidade no mar do Sul da China”, considerando que as declarações dos norte-americanos no Conselho de Segurança têm “motivação inteiramente política”. Dai Bing considerou ainda que a decisão do tribunal internacional, contra as suas pretensões e a favor das Filipinas, é “inválida e sem qualquer força vinculativa”, referindo que “existiram erros óbvios na determinação dos factos”. Segundo o embaixador chinês, a situação no mar do Sul da China é normalmente estável e Pequim está a esforçar-se para concretizar um código de conduta regional, com a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), composta por dez membros. Os países que formam o Conselho de Segurança da ONU lançaram na segunda-feira um apelo para o reforço da cooperação perante o aumento da criminalidade e insegurança nos oceanos devido à intensificação da pirataria, terrorismo ou tensões entre nações. “O Conselho de Segurança reconhece a importância de fortalecer a cooperação internacional e regional para responder às ameaças para a segurança marítima”, destacaram, em comunicado conjunto. Segundo a ONU, a situação dos oceanos tem vindo a deteriorar-se até “níveis alarmantes” como resultado de disputas por delimitações e rotas entre países, mas também devido a ataques armados por piratas ou terroristas e ainda o aumento da pesca ilegal. “Apesar da diminuição do tráfego marítimo, como resultado da pandemia de covid-19, no primeiro semestre de 2020 foi registado um aumento de quase 20 por cento de alegados actos de pirataria e assaltos armados”, salientou Maria Luiza Ribeiro Viotti, chefe de gabinete do secretário-geral da ONU, António Guterres.
Bienal de Macau | Konstantin Bessmertny desvenda representações das suas obras Andreia Sofia Silva - 11 Ago 2021 Nas três obras que tem expostas na “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau”, Konstantin Bessmertny criou representações e labirintos onde um dos elementos é o contraste das culturas portuguesa e chinesa. Com uma carreira que o destaca como um dos mais relevantes artistas locais, Bessmertny elogia a grande qualidade das obras expostas nesta bienal Impelido a descrever as suas obras, Konstantin Bessmertny hesita e acaba quase sempre a dizer que cabe a cada um tirar as suas próprias conclusões. Relativamente às três obras que tem expostas na edição deste ano da “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau”, o artista russo, radicado há décadas no território, fala de trabalhos cheios de labirintos e representações, não só das suas ideias, como do sítio que há muito o acolheu. A “Grand Finale”, exposta nas Oficinas Navais nº1, é, para Konstantin Bessmertny, “um dos trabalhos mais interessantes” que já fez. A obra retrata uma “mesa limpa depois de uma refeição de comida cantonense, com oito pessoas, mulheres e homens”. O quadro é uma alegoria, conforme afirma o próprio artista, que funciona quase como um “drama psicológico, em que vemos as caras e como se relacionam entre si”. Há ainda o quadro “The League of Journeyers to the East”, que funciona “quase como uma instalação”. “Tentei fazer um labirinto complexo de algumas descoberta e ideias”, disse ao HM. “É difícil descrever o que está na pintura, mas posso dizer que é esse labirinto complexo, com muitas mensagens. Com este quadro, desafio o observador a compreender o que está por detrás.” A obra alberga também dois “jogos famosos”, muito populares nos séculos XVIII e XIX, e o tema da geometria, além das referências a personagens históricas. Com a obra “Babel Lisboa”, Bessmertny explora o que tem servido de base à sociedade de Macau desde a sua fundação: a permanente interligação entre as culturas portuguesa e chinesa. “Uma das coisas que ao início me levou a fazer esta pintura foi tentar compreender esta palavra, ‘Lisboa’, e de como se relaciona com as pessoas que não conhecem Macau, ou que não conhecem a Lisboa em Portugal, mas também as que conhecem ambas. É como um labirinto de ideias, mas penso nas pessoas que têm uma introdução a ambas as culturas, portuguesa e chinesa.” Neste quadro, “podem reconhecer-se partes que sugerem Lisboa, como casino e hotel, com detalhes sobre as mesas de jogo, mas há também Lisboa, a capital portuguesa”. “Para mim Lisboa não é apenas sobre as pessoas de Macau, mas é também Portugal, e os casinos. Então tentei meter todos estes elementos juntos”, frisou. Trabalhos “brilhantes” Konstantin Bessmertny olha para esta edição da Bienal como “uma das iniciativas mais importantes ao nível da arte contemporânea”, sendo que os trabalhos expostos no Museu de Arte de Macau, por exemplo, são “simplesmente brilhantes” e seguem “padrões internacionais”. “Nas próximas edições da Bienal pode haver um crescimento, mas já é bom o suficiente do ponto de vista artístico. Pode, de facto, atrair para cá os verdadeiros amantes da arte”, acrescentou. Recordando que Macau já teve uma bienal de arte nos anos 90, quando nenhum território na Ásia organizava eventos culturais deste género, Konstantin Bessmertny considera que esse facto deveria ter sido relembrado pelos organizadores. O artista defende ainda que o território pode equiparar-se a Veneza, uma vez que existem vários espaços para exposições com a possibilidade de organizar percursos pedestres para quem gosta de arte. “Em meados de Maio, ou em Outubro, [os visitantes] poderiam receber um mapa, que passasse pelos casinos no Cotai e por todos os espaços de exposição que existem em Macau. Trabalho com Hong Kong e sei o quão difícil é encontrar bons espaços de exposição. Macau tem muitos mais espaços e podemos ter eventos de arte de larga escala muito facilmente. Mas não quero sugerir ou criticar. Se me perguntarem, darei uma lista de ideias”, referiu. Em relação à pandemia, Konstantin Bessmertny considera que levou todos a olhar mais para o mundo da arte, mas não só. “As pessoas de Macau não divergem das de outros locais [na sua relação com a arte]. Mas vejo que, em termos gerais, as pessoas estão presas, passam mais tempo em casa, e passam a apreciar mais a natureza, por exemplo. As pessoas que nunca prestaram atenção à arte começam a ir mais vezes ao museu. É parte de uma experiência de abertura, de fazer coisas que nunca experimentamos. Ficar muito tempo num só lugar leva-nos a inventar coisas novas, a questionar, a abrandar. Penso que isso é um benefício para a humanidade, e não apenas para Macau.”
Vacinas | Aumento de 25% de marcações “abaixo do previsto” após novo surto Pedro Arede - 11 Ago 2021 Os Serviços de Saúde consideraram que o aumento de 25 por cento de marcações diárias para a toma da vacina contra a covid-19 ficou “abaixo do previsto”, numa altura em que Pequim enviou mais 200 mil doses da Sinopharm. Ontem foi decretado o fim do estado de prevenção imediata Tai Wa Hou, membro da Direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário considerou ontem que o número de inscrições para tomar a vacina contra a covid-19 em Macau, após o plano de testagem em massa, ficou “abaixo do previsto”. Isto, explicou Tai, tendo em conta que após a reabertura dos postos de vacinação, a média diária do número de inscritos aumentou apenas 25 por cento. “Antes da testagem em massa administrávamos diariamente 3.000 doses. No entanto, nestes últimos dias, desde a retoma do plano de vacinação, vacinámos 5.000 pessoas por dia, ou seja, um aumento de 25 por cento que ficou abaixo do previsto. Achamos que as pessoas têm vontade de se vacinar, pelo que vamos continuar a apelar que o façam”, apontou ontem Tai Wa Hou, por ocasião da habitual conferência de imprensa sobre a covid-19 O também coordenador do plano de vacinação mostrou-se surpreendido com o facto de, ao contrário do que aconteceu em Guangdong, em Macau o surgimento de um novo surto de covid-19 não se traduzir num aumento assinalável da procura pela vacina e alertou para a falsa sensação de segurança deixada pela testagem em massa da população, que revelou apenas resultados negativos. “Há de facto mais vontade de aderir à vacinação, mas essa vontade está abaixo das nossas expectativas. Em Guangdong [após o surto] a vontade era de 100 por cento e as pessoas que querem tomar a vacina já estão todas vacinadas. As pessoas que não querem levar a vacina em Macau podem pensar que, depois de toda a população ter testado negativo, estão seguras. Achamos esta ideia incorrecta porque mesmo depois da testagem existem riscos. Estamos num momento crucial (…) e o mais importante é tomar vacina o mais rápido possível”, vincou. De fora do radar dos Serviços de Saúde (SSM), confirmou o responsável, continua a criação de medidas de incentivo à vacinação ou a imposição de restrições para não vacinados, prevalecendo “o princípio da voluntariedade e da escolha”. “Não ponderamos isso”, reforçou. Tai Wa Hou revelou ainda que estão a caminho de Macau 200 mil doses da vacina da Sinopharm enviadas por Pequim e que isso irá permitir reabrir todos os postos de vacinação do território e aumentar o limite diário de marcações para 10 mil. O resistente Tai Wa Hou revelou ainda que das 55 pessoas que recusaram inicialmente a fazer o teste durante o programa de testagem em massa 16 já fizeram o teste e 34 foram levadas pela polícia aos postos de testagem, só saindo de lá após a obtenção do resultado. Quanto aos restantes quatro indivíduos, os SSM não os conseguiram contactar. No entanto, dos 55, uma pessoa mostrou-se “firme” em não realizar o teste e, por isso, será submetido a uma quarentena compulsiva de 14 dias. “A pessoa disse que prefere ficar em quarentena do que fazer o teste e tanto o pessoal médico como a polícia, já explicaram as formalidades dos dois processos. Não vamos impor o teste (…) e, por isso, vai ter de fazer 14 dias de quarentena”, explicou Tai. Ontem, o Centro de Coordenação e Protecção Civil declarou o fim do estado de prevenção imediata. China | Quarentena para quem chega de Hainan e Henan Desde as 20h da passada segunda-feira, quem chegue de algumas localidades da Região Autónoma da Mongólia Interior, da Província de Hainan e da Província de Henan são submetidos a quarentena obrigatória de 14 dias. Segundo o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus nessas localidades estão incluídos a Vila de Fendou, do Distrito de Hailar, da Cidade-Prefeitura de Hulunbuire (Mongólia Interior), o Parque Industrial de Yunlong, da Zona de Desenvolvimento Industrial de Alta Tecnologia, e na Vila de Yunlong, do Distrito de Qiongshan, da Cidade de Haikou, (Hainan) e a Vila de Zhuangtou, do Distrito de Weishi, da Cidade de Kaifeng (Henan). Guangdong | Validade de testes alargada para 48 horas Desde as 06h de ontem, quem atravessar os postos fronteiriços entre a Província de Guangdong e Macau devem apresentar, um certificado de teste de ácido nucleico com resultado negativo, emitido dentro das 48 horas anteriores (em vez de 12 horas). Num comunicado divulgado na noite de segunda-feira, o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus aponta ainda que a validade dos testes noutros postos fronteiriços, permanece inalterada. Rumores | MP promete sanções “severas” O indivíduo que alegadamente espalhou o rumor de que cinco trabalhadores da equipa de combate à pandemia tinham sido infectados com covid-19 está indiciado da prática do crime contra a segurança, ordem e paz públicas em incidentes súbitos de natureza pública. Caso seja provado que cometeu efectivamente o crime arrisca uma pena de 3 anos de prisão ou 240 dias de multa. Segundo ao Ministério Público, foi aplicada ao arguido a medida de coacção de obrigação de apresentação periódica. Em comunicado publicado ontem, o MP prometeu ainda penas severas: “Como não é nada fácil alcançar um resultado positivo no combate à epidemia e a tranquilidade social de Macau depende dos esforços conjuntos envidados pelos cidadãos na implementação de medidas de prevenção da epidemia, quaisquer infracções que venham a perturbar ou prejudicar o trabalho de combate epidémico sujeitar-se-ão a sanções severas nos termos da lei”, consta no comunicado.
Droga | Dois residentes detidos por tráfico e consumo de ice Pedro Arede - 11 Ago 2021 Além de dois residentes de Macau que tinham na sua posse 0,80 gramas de ice, foi detido um indivíduo que trabalhava num jardim público. No cacifo do funcionário foram encontradas mais embalagens. No total foram apreendidos 4,0 gramas de ice no valor de 13 mil patacas A Polícia Judiciária (PJ) deteve na passada segunda-feira dois residentes de Macau e um funcionário subcontratado pelo Governo de nacionalidade estrangeira que trabalhava num jardim público, por suspeitas da prática dos crimes de tráfico e consumo de estupefacientes. A operação resultou na apreensão total de 4 gramas de ice avaliados em 13 mil patacas. De acordo com informações reveladas ontem em conferência de imprensa, o caso veio a lume após a PJ ter sido alertada para duas pessoas que alegadamente dedicavam parte do seu tempo ao tráfico de droga na zona da Avenida Almeida Ribeiro. Iniciada a investigação, a PJ descobriu que as informações diziam respeito a um homem de 44 anos e uma mulher de 52 anos, amigos e residentes de Macau, que moravam na zona do NAPE. Por volta das 22h de segunda-feira, os agentes destacados para o caso montaram uma operação junto à residência dos suspeitos, acabando por interceptá-los na rua, quando finalmente acabaram por sair de casa. Na sua posse, o homem tinha 0,44 gramas de ice armazenados numa embalagem, ao passo que a mulher trazia consigo dois pacotes com 0,36 gramas de ice no total. Seguindo as informações prestadas pelos suspeitos, a PJ conseguiu identificar e interceptar por volta das 23h30 do mesmo dia, uma terceira pessoa que terá vendido os estupefacientes aos residentes de Macau. Na posse do homem de nacionalidade estrangeira, que trabalhava como jardineiro em espaços públicos, a PJ encontrou mais 0,6 gramas de ice. No decurso da investigação, o terceiro suspeito foi levado pela polícia para um jardim localizado na zona central, que era o seu local de trabalho habitual. No jardim público, as autoridades acabaram por apreender mais quatro pacotes de ice com o peso total de 2,6 gramas armazenados no interior do cacifo do funcionário. Sem colaborar Na residência do funcionário, na zona do Templo de Kun Iam não foram encontrados estupefacientes nem materiais para consumir droga, embora tenham sido identificados sacos de plástico usados para embalar droga. Durante o interrogatório, o funcionário do jardim recusou-se a colaborar com a polícia. Os exames médicos efectuados após a detenção revelaram ser negativos para a presença de droga no corpo. Por seu turno, na casa dos residentes de Macau foram encontrados utensílios destinados ao consumo de droga e os exames médicos revelaram ser positivos para a presença de droga. Sem adiantar quantidades, os dois admitiram ainda que pagavam 3.000 patacas por cada compra feita ao dealer. Contas feitas, foram apreendidos 4,0 gramas de ice, avaliados em 13 mil patacas. O caso seguiu ontem para o Ministério Público (MP), onde o jardineiro irá responder pelo crime de tráfico ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas, pelo qual pode ser punido com pena de prisão entre 5 e 15 anos. Quanto aos dois residentes de Macau, ambos irão responder pelos crimes de tráfico e consumo ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas e ainda, detenção indevida de utensílios. Pelos crimes de consumo e posse de material, podem ser punidos, por cada um deles, com pena de prisão de 3 meses a 1 ano ou com pena de multa de 60 a 240 dias.
Número de trabalhadores não-residentes regista nova quebra João Santos Filipe - 11 Ago 2021 Entre o primeiro e o segundo trimestre, Macau perdeu 852 trabalhadores não-residentes, de acordo com os dados publicados ontem pela Direcção de Serviços e Estatística e Censos (DSEC). No segundo trimestre a população total manteve-se estável, 682,5 mil habitantes, o mesmo número declarado no final de Março. Em relação aos trabalhadores não-residentes (TNR), 14.431 tiveram a autorização de trabalho cancelada pelas autoridades, ao mesmo tempo que 13.579 viram os pedidos de trabalho aceites. A diferença entre os dois números faz com que o saldo de TNR seja negativo em 852, para os 172,3 mil TNR. Como habitual, a maioria dos TNR é proveniente do Interior da China, registando uma proporção de 65,6 por cento deste segmento demográfico. Os filipinos surgem em segundo lugar com uma proporção de 19,3 por cento, seguidos por vietnamitas, que têm uma proporção de 6,5 por cento. Se por um lado a população se manteve estável entre o primeiro trimestre do ano e o segundo, o mesmo não se pode dizer quando a comparação é feita com o período homólogo. No final de Junho de 2020, Macau tinha uma população de 685,4 mil habitantes e agora totaliza 682,5 mil, o que representa uma diferença de aproximadamente 2.500 pessoas. Apesar da redução, o número de habitantes está ainda acima dos níveis pré-pandémicos, uma vez que no final de Dezembro de 2019, o último trimestre sem impactos da covid-19, havia 679,6 mil pessoas a viver na RAEM. Celebração da vida No trimestre entre Abril e Junho deste ano, nasceram em Macau 1.299 bebés, contra 554 óbitos, o que traduz um saldo positivo de 745. Entre as mortes, os tumores foram a principal causa de mortalidade, responsáveis por 211 falecimentos. Em segundo lugar surgem as doenças do aparelho circulatório e doenças do aparelho respiratório, com 120 e 83 mortes, respectivamente. No que concerne a casamentos, durante o período em apreço 809 casais darem o nó, o que representa uma redução de 16,9 por cento face ao primeiro trimestre. Entre os 809 casais, 643 homens e 660 mulheres casaram pela primeira vez.
Demografia | 78 portugueses perderam o estatuto de residente desde 2018 João Santos Filipe - 11 Ago 2021 Entre 2018 e o passado mês de Junho, 291 portugueses obtiveram o estatuto de residência de Macau, enquanto 78 ficaram sem BIR. O “saldo positivo” que se verificava inverteu-se ligeiramente nos primeiros seis meses deste ano Desde 2018 até Junho deste ano, um total de 78 portugueses ficaram sem o estatuto de residente de Macau. A informação foi disponibilizada ao HM pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP). De acordo com as autoridades, o principal motivo que levou à perda do estatuto de residente prendeu-se com a caducidade, ou seja, foi considerado que os requisitos que tinham servido de fundamentação para autorização da residência já não estavam a ser cumpridos. Este tipo de situações inclui, por exemplo, residentes não-permanentes que ficaram sem emprego e que não conseguiram encontrar uma alternativa laboral, situação que obrigou a que tivessem de sair da RAEM. O primeiro ano da pandemia, 2020, foi quando mais portugueses perderam o estatuto de residente por caducidade desde 2018, num total de 20 pessoas. No corrente ano, e considerando apenas os primeiros seis meses, nove portugueses ficaram sem residência. A pandemia parece ter aumentado o número de situações de caducidades da residência face a 2019, quando foram 13 os portugueses a perder o estatuto. Contudo, em 2018, o número subiu outra vez para os níveis mais recentes, quando 19 portugueses foram afectados pela perda do estatuto. Além da caducidade, segundo a explicação das autoridades, houve ainda portugueses a perder a residência por se considerar que “as finalidades pretendidas com a residência na RAEM e respectiva viabilidade” estavam em causa. Neste capítulo estão inseridas as pessoas com residência não-permanente que não passaram o número de dias exigidos por ano em Macau, uma das exigências para a renovação. A viabilidade foi assim evocada oito vezes em 2020, duas vezes em 2019 e sete vezes em 2017, como motivo para revogação do estatuto. No entanto, os dados do CPSP, mostram que este ano ainda não houve qualquer processo do género. Saldo positivo Também desde 2018, segundo os dados da Direcção dos Serviços de Imigração, 291 cidadãos portugueses obtiveram residência, o que significa que em três anos e meio Macau passou a contar com mais 213 portugueses com estatuto de residente. No entanto, a encerramento das fronteiras e as medidas que restringiram a circulação afectaram a contagem demográfica de forma significativa. Antes da pandemia, nomeadamente nos anos de 2018 e 2019, registaram-se sempre subidas de 100 portugueses a tornarem-se residentes. Em 2018 foram 108 e no ano seguinte 109. Em 2020, depois do surgimento da pandemia, os processos aprovados baixaram para 68, o que representa uma redução de 37,7 por cento, face ao ano anterior. Porém, o maior impacto fez-se sentir durante o corrente ano, quando apenas 6 processos foram aprovados na primeira metade do ano. Se a tendência dos primeiros meses do ano se mantiver, um total de 12 portugueses vão obter autorização de residência, o que representa uma redução de 89 por cento face a 2019. Porém, esta é a primeira vez, desde 2018, que o número de portugueses que perderam o estatuto de residente é superior aos que obtiveram BIR, registando um saldo negativo de três pessoas.
Cartão Consumo | Coutinho pede nova ronda e mais apoio às PME Pedro Arede - 11 Ago 2021 No seguimento dos casos positivos de covid-19 encontrados em Macau, Pereira Coutinho sugeriu ao Chefe do Executivo a implementação da terceira ronda do plano de cartão de consumo, bem como o prolongamento dos prazos de devolução dos empréstimos concedidos às PMEs. Para o deputado, apesar de, até ao momento, não terem sido detectados novos casos além dos quatro confirmados na semana passada, a vida quotidiana da população foi afectada “durante a época dourada das férias de Verão”, provocando danos à economia local e o regresso de muitos aos layoffs. “Alguns dos residentes dos edifícios [afectados] são trabalhadores dos casinos e foram forçados a deixar os seus postos de trabalho por alguns meses de ‘licença sem vencimento’ após o surto da epidemia no ano passado e estão agora impossibilitados de trabalhar devido à política de prevenção da epidemia e solicitados [a tirar novamente] licenças sem vencimento. Muitos não conseguem pagar as amortizações bancárias em tempo útil e nem conseguem garantir as suas despesas básicas de vida”, afirmou o deputado por escrito, dado que a sessão presencial de perguntas e respostas com Chefe do Executivo agendada para ontem foi cancelada devido à pandemia. Dirigindo-se a Ho Iat Seng, Pereira Coutinho referiu que a atribuição de um novo cartão de consumo no valor de 5.000 patacas seria benéfica para aumentar a confiança de residentes e turistas, sobretudo nos locais agora classificados como “zonas de código vermelho”, onde os residentes estão a fazer quarentena e os comerciantes ficaram sem negócio. “A ausência de clientes obrigou ao encerramento de lojas pondo em causa a sobrevivência das PMEs locais e o emprego dos trabalhadores locais”, vincou o deputado.
Integração | Criado portal com informações para viver na Grande Baía Nunu Wu e João Santos Filipe - 11 Ago 2021 O Executivo vai criar um portal online que irá agregar toda a informação necessária para quem queira ir viver para a área da Grande Baía. Além disso, está a ser estudada a possibilidade de subsidiar quem for trabalhar para as cidades abrangidas pelo projecto de integração O Governo está a trabalhar num portal online com informações indispensáveis para residentes que queiram mudar-se para a área da Grande Baía. O projecto do Executivo foi revelado por Wong Chi Hong, director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), em resposta a interpelação escrita da deputada Song Pek Kei. Segundo Wong, o portal sobre a Grande Baía vai disponibilizar informação essencial para preparar os residentes para a mudança, como anúncios de emprego, situação das habitações e informações sobre o trânsito. Wong Chi Hong defendeu a acção do Executivo, apontado que desde 2018 foram organizadas várias actividades de intercâmbio, no sentido de levar os residentes a encontrarem oportunidades profissionais, em outros sectores menos implementados em Macau. Além disso, Wong indicou que a DSAL tem organizado várias feiras de emprego e oportunidades de estágio, nomeadamente na empresa ByteDance, responsável pela plataforma TikTok. As oportunidades de estágio foram criadas em Fevereiro deste ano. Na interpelação, Song Pek Kei queria ainda saber se o Executivo estava disponível para subsidiar empregos dos residentes de Macau em empresas sediadas na Grande Baía. Wong não se comprometeu com uma posição, mas afirmou que o Executivo vai estudar o assunto. Drones à noite Além das questões relacionadas com a Grande Baía, Song Pek Kei pretendeu também saber os planos do Governo para promover o mercado do turismo. O director da DSAL respondeu sublinhando a importância para o Executivo das actividades nocturnas, que considera importante chamariz para ajudar a prolongar a estadia dos turistas. Neste domínio, Wong revelou que está a ser equacionada a realização, até ao final do ano, de um espectáculo com drones iluminados. Por outro lado, para promover os produtos locais, e numa altura em que a pandemia da covid-19 impõe várias restrições, o director da DSAL diz que o Governo tem apostado nas plataformas móveis e aconselha as empresas a fazer o mesmo. Wong deu o exemplo da Feira Internacional de Macau (MIF), que contou com várias transmissões em directo de influencers a promoverem marcas e produtos locais. Além disso, vários influencers convidados vieram à RAEM promover Macau, como destino turístico.
Jogos Olímpicos de Inverno | Pedido fim da política de “zero casos” de covid-19 Andreia Sofia Silva - 11 Ago 2021 Com o surgimento de surtos de covid-19, vários analistas defendem que a China deve pôr termo à política de “zero casos”, olhando para exemplos de outros países que abriram fronteiras. Os Jogos Olímpicos de Inverno, que se realizam em Pequim em Fevereiro de 2022, são “um desafio”. Porém, a recente experiência de Tóquio pode ser um bom exemplo para a organização Terminados os Jogos Olímpicos (JO) de Tóquio, a China prepara-se para organizar a edição 2022 dos JO de Inverno, marcados para Fevereiro em Pequim, numa altura em que têm surgido no país, nos últimos meses, vários surtos de covid-19. Ontem foram identificados, em 24 horas, 143 casos de covid-19 nas províncias de Jiangsu, Henan, Hubei e Hunan. A província de Jiangsu, no leste do país, onde começou o actual surto que, entretanto, se alastrou a outras regiões, diagnosticou 50 casos. Henan, no centro da China, detectou 37 infecções. A China mantém a política de “zero casos” em vigor, incluindo restrições transfronteiriças, mas vários especialistas argumentaram, na última sexta-feira, que esta estratégia deve ser alterada. Num webinar promovido pela empresa Baidu, académicos da Universidade de Pequim defenderam que o Governo Central deveria começar a definir estratégias com base nas experiências de outros países quanto à abertura de fronteiras, sobretudo tendo em vista a realização dos JO de Inverno. Citado pelo South China Morning Post, Liu Guoen, director do Centro de Investigação para a Saúde Económica da Universidade de Pequim, afirmou a necessidade de uma “discussão séria e sistemática” para “ajustar e optimizar a actual estratégia”. Já Zeng Guang, chefe epidemiologista do Centro Chinês para a Prevenção e Controlo de Doenças, referiu, no mesmo webinar, que “a maior parte são casos ligeiros [no último surto na China], o que não deveria ter causado tanto pânico e pressão”. “Ficar com zero casos é absolutamente impossível. Outros países não vão esperar para ter zero casos antes de abrirem fronteiras. Deveríamos aprender com a experiência de outros países como o Reino Unido, Israel e Singapura… e entender como aconteceu o ressurgimento [das infecções], se a situação melhorou e também se a população apoiou”, acrescentou Zeng Guang. O epidemiologista prevê que os JO de Inverno serão “um desafio para a capital”, um acontecimento que requer coordenação e cuidado. “[Será também] um processo para melhorarmos as nossas ideias”, frisou o epidemiologista. Uma “maior pressão” Emanuel Júnior, investigador da Universidade de Aveiro na área do desporto e geopolítica chinesa, defendeu ao HM que a chegada dos JO de Inverno “coloca uma pressão maior sobre as autoridades chinesas, uma vez que a expectativa seria de realizar este megaevento desportivo com a possibilidade de público”. No entanto, “para que isso se realize, é preciso um controlo maior nas regras quanto ao público, permitindo-se, por exemplo, que estejam presentes pessoas que já foram vacinadas [ou apostar] na realização de testes”. Mesmo face às vozes que argumentam pelo fim da política “zero casos” no país, Emanuel Júnior defende que “a estratégia chinesa de combate à pandemia tem-se mostrado das mais eficazes em todo o mundo”. Com a predominância da altamente contagiosa variante Delta do vírus SARS-Cov-2, o investigador considera que “as medidas tomadas pelas autoridades chinesas são as mais acertadas”, dando como exemplo o confinamento decretado em regiões afectadas ou a promoção da realização de testes em massa. Ainda assim, a vacinação deve ser sempre a resposta. “Nem todos os países têm os índices de testes que a China tem. Só através da testagem possível monitorar o nível de contágio e a China tem sido exemplar nisso. Contudo, nesta altura da pandemia, sabemos que a vacinação é extremamente necessária para que casos graves e mortes sejam reduzidos.” Anabela Santiago, mestre em estudos chineses e doutoranda da Universidade de Aveiro, também na área da geopolítica chinesa, lembrou ao HM que a China não divulgou ainda a sua estratégia para organizar os JO de Inverno, pelo menos a título oficial. No entanto, “há bastante tempo que a China tem apenas surtos esporádicos de covid-19, o próprio Comité Olímpico Internacional apelou para que essas olimpíadas tenham público”. Nesse sentido, defende a investigadora, é expectável “um novo fulgor, mas com medidas de segurança muito apertadas, apesar de tudo”. Num país onde o desporto assume também um forte papel diplomático, os JO de Inverno não deverão trazer, do ponto de vista político, “uma mudança de estratégia relativamente à gestão da pandemia”, assumiu Anabela Santiago. “A mudança ocorreu logo no início. A famosa primeira fase de quase negação foi rapidamente ultrapassada. A China não quer ser parte do problema, mas sim da solução. Do ponto de vista desportivo, estas olimpíadas vão servir para projectar mais as modalidades desportivas de inverno, tanto na China como fora dela.” JO e futebol são exemplos Emanuel Júnior não tem dúvidas de que “a realização de eventos desportivos como os JO de Tóquio ou o Euro 2020 servem de lição” para Pequim na hora de organizar as olimpíadas de Inverno, com cerimónia de abertura está marcada para 4 de Fevereiro. “Em Tóquio não havia espectadores, portanto a experiência serve de exemplo a nível logístico e organizativo. Já o Euro 2020 contou com público nos estádios e realizou-se em várias cidades na Europa. Cada cidade tinha as suas regras quanto à percentagem de ocupação dos estádios. De certeza que a organização dos JO de Inverno de Pequim 2022 observou estes dois eventos e vai ter isso em consideração na sua análise, para que se possam implementar regras mais adequadas para Pequim”, referiu o investigador. Para Anabela Santiago, os JO de Tóquio “são, sem dúvida, um exemplo para Pequim”, até porque “para o bem e para o mal, aprendemos sempre pelo modelo dos outros ou por comparação”. “A China sempre se pauta em tudo o que faz pela grande capacidade de mobilização da sua população e da sua força de trabalho em torno de uma causa ou objectivo. Veja-se, por exemplo, a construção de um hospital novo em 10 dias. Os últimos JO realizados em Pequim [em 2008] foram um magnífico exemplo de capacidade organizativa, e creio que estes JO de Inverno o serão também”, concluiu a académica. Recorde-se que o Governo japonês decretou estado de emergência em Tóquio a 8 de Julho, e que vigora até ao dia 22 deste mês, precisamente na mesma altura em que se realizaram os JO, que terminaram no passado domingo. O país também decidiu prolongar este nível de alerta na região de Okinawa (sudoeste), onde já estava activo, e manter certas restrições nas autarquias de Chiba, Saitama e Kanagawa, nos arredores de Tóquio, onde também foram realizadas competições.
Testagem universal em Macau David Chan - 10 Ago 2021 A semana passada, em resposta ao surgimento de alguns casos de infecção por coronavírus em Macau, o Governo local e o Governo Zhuhai tomaram em conjunto disposições em relação ao controlo de fronteiras. A validade dos testes negativos ao ácido nucleico passou de 7 dias para 24 horas e logo de seguida para apenas 12 horas. Zhuhai fechou algumas zonas e levou a cabo uma operação de testagem universal para impedir a transmissão do vírus. Em consonância com esta medida, o Governo de Macau decidiu testar toda a população num prazo de três dias. Esta é sem dúvida a forma mais eficaz de identificar pessoas infectadas. Prevenir é melhor do que remediar e, como algumas pessoas foram infectadas, é da maior importância que o Governo de Macau tenha decidido testar toda a população. Um operação deste género implica uma decisão difícil, mas muito importante. Para efectuar uma testagem universal, o Governo necessita não só de fazer um grande investimento em recursos humanos e financeiros, mas também da cooperação de todos os residentes. Basta que uma pessoa não colabore para deitar tudo a perder. Por aqui se vê como é difícil testar toda a população. O primeiro passo implica reunir todo o material necessário e constituir equipas médicas. Com o apoio do Governo central, a Província de Guangdong enviou 300 médicos para reforçar as equipas de testagem, gesto que muito agradecemos. Estas equipas trabalharam arduamente ao longo dos três dias que durou a testagem. Tiveram de recolher amostras, levar a cabo os testes de laboratório, lidar com as questões logísticas e ainda de contactar todos os residentes de Macau, num prazo muito curto. Além disso, foram as pessoas que mais se arriscaram a contrair o vírus. Devemos prestar um tributo a este auto sacrifício. Para garantir que todos os residentes fossem testados, o Governo declarou que o código de segurança sanitária passaria a azul até ao final do processo. Depois de concluído, se o resultado for negativo, a pessoa voltará a ter o código verde. A quem não tiver feito o teste neste prazo, será atribuído o código amarelo. Infelizmente, devido a uma falha informárica, o código azul não esteve visível durante algum tempo e o código verde não podia ser gerado. Sem o código verde, os residentes não podem sair nem entrar, o que é de alguma forma inconveniente. Durante os três dias da testagem, o tempo esteve quente e chuvoso. As filas para a testagem eram muito longas, algumas pessoas sentiram-se mal, outras ficaram incomodadas por causa da chuva, pelo que alguns residentes não ficaram satisfeitos com as condições em que foi feita a testagem. Os problemas que surgiram revelaram algumas falhas nesta operação de testagem universal. Devemos fazer um esforço para compreender e aceitar estas falhas, porque foi a primeira vez que Macau implementou uma operação deste género e é inevitável que tenha havido erros e omissões. No dia em que escrevi este artigo, os resultados ainda não tinham sido divulgados. Esperemos que mais ninguém esteja infectado com o vírus, para que possamos respirar de alívio. Em qualquer dos casos, e na situação presente, se surgirem mais pessoas infectadas, todos teremos de voltar a ser testados. Esta experiência poderá servir de referência para ocasiões futuras. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/ Instituto Politécnico de Macau Blog:http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk
As Viagens de Gulliver – Quinta parte Paulo José Miranda - 10 Ago 2021 Na continuação do que acabámos de ver na semana passada, de se tornar acentuadamente claro que estas viagens de Gulliver mais do que viagens a terras exóticas são viagens ao humano, às estruturas do humano, que nós somos para nós mesmos mais desconhecidos do que as terras longínquas que descobríamos com embarcações, veja-se mais duas passagens que interligamos numa só: «É um povo sempre inquieto, que nunca goza um só minuto de tranquilidade de espírito, e a sua inquietação provém de causas que pouco afetam o resto dos mortais. As apreensões que os preocupam são criadas pelo terror que sentem pelos corpos celestes. […] Estão continuamente tão alarmados com o temor destas e de outras catástrofes semelhantes que não conseguem dormir tranquilamente nos seus leitos nem conseguem ter o menor gosto nos prazeres e diversões comuns da vida.» (155) Este estar deposto em medos infundados ou, pelo menos, que não podemos ter a certeza de que se deva ter medo, como o caso da morte, é aquilo que determina o comportamento humano. Nós não tememos os corpos celestes, mas tememos a morte, ainda que não saibamos o que isso é, a não ser que deixamos de ser, como antes de virmos à existência também não éramos. Se nas primeiras duas partes do livro Swift nos conduzia para uma apresentação da configuração da nossa apreensão, isto é, do modo como nos damos conta das coisas e de nós do ponto de vista exterior, agora começa a fazer a configuração do modo como nos vemos a nós mesmos do ponto de vista do comportamento. Quanto ao sentido comportamental e não ontológico podemos ver o modo como Swift nos mostra o desprezo com que os habitantes de Laputa olham Gulliver, por este não ter bom ouvido musical. Leia-se: «Ainda que não me seja possível dizer que me trataram mal nesta ilha, devo confessar que me sentia muito abandonado e, de certo modo, olhado com desprezo. Nem o príncipe nem o povo se mostraram curiosos em relação a qualquer tipo de conhecimento, além da matemática e da música, no que eu me encontrava muito abaixo deles, e era por isso olhado com muita indiferença.» (163) Swift mostra-nos assim algo muito comum no comportamento humano através dos habitantes de Laputa: nós tendemos a desprezar aqueles que não partilham os nossos conhecimentos ou os nossos interesses, ainda que possam até ser mais sábios do que nós. Mesmo julgar que a sabedoria é melhor do que a ignorância, pode ser visto como um modo viciado de nos vermos uns aos outros. Não digo que seja, não estou a afirmar que a ignorância seja melhor ou tão benéfica para a comunidade quanto o conhecimento, estou apenas a afirmar que pode ser visto como um modo viciado, um modo estritamente humano de ver, tal como os habitantes de Laputa em relação a Gulliver. Veja-se esta passagem maravilhosa: «Havia na corte um grande senhor, parente próximo do rei, e por essa razão tratado com muito respeito pelos demais. Era opinião universal que se tratava da pessoa mais ignorante e estúpida que ali vivia. Tinha prestado à coroa serviços eminentes, tinha grandes dotes naturais e adquiridos, realçados pela integridade e pela honra, mas tinha tão mau ouvido para a música que os seus detratores contavam que muitas vezes o haviam visto bater o compasso errado;» (163-4) A despeito do senhor ter grandes dotes naturais e adquiridos, realçados pela integridade e honra, não deixava de ser criticado e alvo de chacota devido ao seu mau ouvido para a música, que era fundamental para os habitantes de Laputa. Quantas vezes não vemos pessoas íntegras e honradas serem alvo de troça devido a não configurarem o ponto de vista da comunidade? O que está aqui em causa nesta apresentação de Swift é o modo como os preconceitos, isto é, aquilo que tomamos por certo e necessário, a despeito de nenhuma prova a favor ou contra, nos impedem de ver o outro com justeza. Mais: podem ser razão para fazer uso da troça em relação a alguém, como era o caso do senhor parente próximo do rei de Laputa. Vou contar-vos, de memória, uma passagem do primeiro volume de Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust. Uma amiga do senhor Swan, que era um homem muito culto e muito rico, tinha-se apaixonado por uma senhora muito inferior a ele, devemos ler inferior aqui, em Proust, no sentido de interessar-se apenas pelas coisas sensuais, sem qualquer interesse pela cultura. Devido a isto, uma amiga do senhor Swan tenta várias vezes que ele conheça uma amiga sua, que diz ser pessoa muito inteligente e de muita cultura. Cansado disso, e de modo a acabar de vez com a questão, o senhor Swan responde, como justificação para não a conhecer: «Não me pareça que essa senhora tenha aprofundado a Crítica da Razão Pura de Kant.» E arruma a questão. Para o senhor Swan a filosofia aparecia como não ter ouvido para os laputianos. E regressando ao livro que aqui nos traz, escreve Swift no início do capítulo VI da terceira parte, referindo-se às teses loucas que alguns pensadores de Laputa tentaram instituir, como o caso de ao invés de palavras, as pessoas mostrarem as coisas: «Resumindo: uma série de quimeras loucas e impossíveis jamais concebidas pelo cérebro humano, o que veio confirmar no meu espírito a velha observação de que nada existe de extravagante e irracional que os filósofos não tenham mantido como expressão de pura verdade.» É o modo de vermos as nossas próprias verdades como irracionais. Nós tendemos a tornar verdade tudo o que pensamos. Não é na natureza, ou pelo menos não é só na natureza que nada se perde, tudo se transforma, o pensamento tende a não desperdiçar nada, tende a transformar o que pensa em verdade. «Pensar faz com que tudo possa ser verdade», escreve o narrador do romance Vício. (Continua na próxima semana)
Quarentena | Solidão, insónias e stress pós-traumático são consequências João Santos Filipe - 10 Ago 202110 Ago 2021 Um estudo académico analisou o impacto das quarentenas de 21 dias feitas em Hong Kong, destacando vários efeitos negativos. Falta de sustentação científica é um dos pontos mais criticados por quem passou pela experiência, com alguns inquiridos a revelarem mais receio da “observação médica” do que do novo coronavírus Uma parte significativa das pessoas que fizeram quarentena em Hong Kong vivenciou um profundo sentimento de isolamento, solidão, confinamento, preocupações financeiras e, em alguns casos, stress pós-traumático. Os efeitos da quarentena foram estudados pela académica Judith Blaine e publicados no estudo “Explorando as Consequências Psicossociais da Quarentena Obrigatória durante a Pandemia da Covid-19 em Hong Kong”, da revista Psicologia e Ciências Comportamentais. Segundo as conclusões do estudo com base em 130 inquéritos, os efeitos da quarentena não foram apenas físicos, mas principalmente psicológicos. “O mais comum foram os efeitos duradouros de medo, ansiedade, raiva, exaustão, falta de energia e dificuldade na reintegração social”, é indicado. No que diz respeito a efeitos psicológicos, um dos inquiridos que cumpriu o período de “observação médica” no hospital admitiu o medo de ter de repetir o procedimento: “Na altura em que saí do hospital, estava tão psicologicamente afectado e assustado, que não queria ir a lado nenhum. Não queria ir a nenhum lugar onde pudesse haver alguém que me levasse de novo para quarentena”, é relatado. A nível dos efeitos físicos, alguns participantes queixaram-se da falta de espaço no quarto para fazer exercício e de ar da rua, o que causou problemas nas costas, dores musculares e até confusão mental. Um dos participantes confessou mesmo que “não se lembra de nada” dos primeiros 14 dias de quarentena no hotel. Quarentena punitiva Outro dos problemas relacionado com a quarentena apontados pelos participantes foi a frustração provocada pela falta de justificação científica para adoptar um período de 21 dias. Por exemplo, um dos inquiridos afirmou acreditar que a quarentena “foi desenhada para dissuadir as pessoas de viajar e castigá-las por fazê-lo”. Neste aspecto, uma das queixas frequentes dos inquiridos foi a ausência de base científica, que as autoridades da RAEHK não conseguiram apresentar. Neste grupo de participantes descontentes com a duração, contam-se também pessoas que não se mostraram contra a quarentena em si por considerarem ser necessária para proteger a comunidade. Porém, todos os entrevistados foram “unânimes” na duração excessiva e “sem qualquer racionalidade”. “Não me importo de fazer quarentena para proteger a cidade, e até acho que é uma medida eficaz, mas a terceira semana é apenas cruel e desnecessária”, respondeu um dos inquiridos. “Prendem as pessoas durante 21 dias sem qualquer fundamentação científica. É odioso e provavelmente uma violação da Lei Básica”, afirmou outro inquirido. Mais medo da quarenta Entre os 130 inquiridos, alguns confessarem que estavam com mais medo da quarentena do que ser contaminados com a covid-19. “Para muitos, o medo de fazer quarentena de 21 dias num hotel ou ser enviado para instalações do Governo ultrapassa o medo de ser contaminado com covid-19”, aponta o estudo. Depois, é citado um dos inquiridos: “Pessoalmente, estou menos preocupado com a doença do que com as consequências, se for infectado todos aqueles com que tive contacto têm de ser postos de quarentena, que é uma espécie de prisão”, foi respondido. Se para muitos ser enviado para a quarentena é uma prisão e um castigo, houve quem aproveitasse o momento para ter “tempo para si”. Contudo, praticamente todos os inquiridos admitiram que as novas tecnologias fizeram com que os 21 dias fossem menos penosos. “Considero que temos muita sorte por atravessarmos esta pandemia numa altura em que a tecnologia nos permite manter o contacto com outras pessoas”, opinou um entrevistado. O adeus ao humanismo A académica Judith Blaine entende que os resultados do estudo demonstram que quem passou pela quarentena obrigatória considerou a experiência como um processo desprovido de humanismo. “O principal sentimento de todos os inquiridos é que a abordagem das autoridades para proteger a população não foi humanista”, afirmou a académica ao jornal South China Morning Post. “Muitas pessoas dizem que a quarentena não é humana, que não tem ética. Se for abordada de um ponto de vista meramente científico, a verdade é que não existe um lado emocional”, sustentou a investigadora. “Somos criaturas sociais […] Se formos privados durante 21 dias da parte social isso contraria a natureza humana”, sublinhou. Face às conclusões do estudo, a autora defendeu a necessidade de maior transparência e justificação das medidas, não só por levar as pessoas a serem mais favoráveis ao procedimento, mas também porque tem efeitos benéficos na componente psicológica. “Se as pessoas compreenderem a razão das medidas de quarentena e aceitarem totalmente o conceito da quarentena, as consequências psicossociais são mitigadas”, indicou. Finalmente, a investigadora defendeu ainda a necessidade de o processo de quarentena ser acompanhado de uma linha telefónica de apoio psicológico.
Covid-19 | Recolhidas oito amostras ambientais positivas, depois de desinfecção João Santos Filipe - 10 Ago 2021 Na inspecção a 100 objectos e superfícies em risco de contaminação, ligados aos quatro casos de covid-19, oito deram positivas, mesmo depois de terem sido desinfectadas. As amostras contaminadas tiveram origem no carro e na merenda do pai da família de quatro infectados O Governo confirmou ter recolhido oito amostras ambientais positivas, num total de 100 locais testados. O anúncio foi feito ontem à tarde e as amostras positivas foram detectadas nos locais de trabalho do pai da família infectada, o Centro de Saúde de Seac Pai Van, nomeadamente no carro e no frigorífico, onde o homem guardava a merenda. “Foram recolhidas mais de 100 amostras e apenas 8 foram positivas. São amostras dos locais que a família frequentava, recolhidas em locais e horas diferentes”, explicou Tai Wa Hou, coordenador do plano de vacinação contra a covid-19. “As amostras positivas foram recolhidas dentro do carro conduzido pelo pai e também num frigorífico no local de trabalho, onde ele colocava a merenda para comer” acrescentou. Algumas amostras positivas foram recolhidas em locais que já tinham sido desinfectados, pelo que os casos vão ser investigados. “Nos locais em que houve amostras positivas, a desinfecção tinha sido feita de forma muito rigorosa. Mas, claro que podem haver locais e cantos de alguns objectos em que o vírus resistiu”, afirmou o médico. “A desinfecção foi feita de forma rigorosa, mas apesar disso foram encontrados resultados positivos. Talvez esteja relacionado com a variante delta, que pode ser mais forte. Vamos investigar e se for preciso actualizar os critérios para exigir duas ou três desinfecções antes de abrir os espaços”, admitiu. Apesar das amostras, o Governo informou também que além das equipas de desinfecção e das pessoas já isoladas, mais ninguém entrou em contacto com os objectos infectados. 55 recusaram testes O Governo anunciou também que 55 pessoas recusaram ser testadas. Caso não mudem de atitude até hoje, o Executivo vai pedir à polícia que as encaminhe para testes ou para quarentena. “55 pessoas recusaram fazer o teste. Se até hoje [ontem] não fizerem o teste, a polícia vai contactá-los para os levar ao hospital. Se não fizerem o teste, então vão para quarentena de 14 dias”, disse o médico. “Estas são pessoas que conseguimos contactar e que só depois percebemos que não queriam fazer o teste. Alguns disseram-nos que o teste não era útil e outros que achavam que o teste devia ser voluntário e que não concordavam que fosse obrigatório”, indicou. “Falámos com eles, tentámos convencê-los e mesmo assim recusaram. É por isso que podemos ter de tomar outras medidas”, adicionou. Sobre as cerca de 4 mil pessoas que há dois dias ficaram com o código de saúde amarelo por falha dos SSM, ou por não terem feito efectivamente o teste, foi ontem revelado que as autoridades tentaram contactar todos os indivíduos. No entanto, Tai Wa Hou disse que não foi possível entrar em contacto com, pelo menos, metade das pessoas. SSM contactos por 149 pessoas de autocarros No domingo à noite os Serviços de Saúde lançaram o alerta para quem tenha viajado nos autocarros n.º 17 e n.º 19 contactasse as autoridades, devido ao risco de contaminação. Estes autocarros foram utilizados por um dos infectados e as autoridades publicaram mesmo uma lista com o número dos cartões Macau Pass das pessoas. Tai Wa Hou explicou ainda que o contacto foi facilitado nos casos em que os passageiros utilizaram Mpay ou MacauPass com identificação, ou seja que permite saber automaticamente quem são os proprietários. SSM identificaram a maioria de contactos próximos De acordo com Alvis Lo, os Serviços de Saúde contactaram com sucesso a maior parte dos contactos próximos da família de quatro pessoas infectada com covid-19. As declarações foram prestadas ontem no programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau. Segundo as informações avançadas, 1.253 pessoas estão em isolamento por serem contactos próximos, mas o director dos SSM acredita que o número vai continuar a subir nos próximos dias. Sobre a possibilidade de qualquer pessoa ser contaminada, Alvis Lo afirmou que os SSM preferem submeter todos a quarentena do que arriscar a que uma fuga e surto na comunidade. Por outro lado, o responsável apelou aos residentes para que não facilitem, apesar de todos os testes terem apresentado resultados negativos. Segundo Alvis Lo, os próximos sete a oito dias vão ser cruciais e a população deve utilizar sempre máscara, lavar as mãos e evitar ajuntamentos no dia-a-dia. SSM | Alvis Lo atira responsabilidade para mais tarde O Director dos Serviços de Saúde considera que as responsabilidades sobre o surto que surgiu em Macau devem ser “apuradas mais tarde”. Foi desta forma que o médico reagiu às questões sobre a prestação de falsas declarações de saúde por parte da aluna escola Hou Kong, aquando da deslocação ao Interior. A escola viajou para Xian em Julho, depois de ter sido alertada pela Direcção de Educação e Desenvolvimento de Juventude para que todas as viagens não essenciais fossem adiadas ou canceladas.
Taipa | Engenheiro detido por filmar debaixo de saias em supermercado João Santos Filipe - 10 Ago 2021 Um residente de Macau foi detido por tirar fotografias por baixo da saia de uma mulher de 30 anos num supermercado na Taipa. No telemóvel do suspeito, a polícia encontrou vídeos do mesmo teor captados noutras ocasiões. Noutro caso, uma residente de Macau foi desfalcada em 277.000 HKD por um homem por quem se apaixonou online O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) deteve na passada sexta-feira um residente de Macau com 40 anos por suspeitas da prática do crime de devassa da vida privada. Em causa, está o facto de o homem, engenheiro de profissão, ter captado imagens de forma clandestina por baixo da saia de uma mulher com 30 anos, no interior de um supermercado localizado na Rua de Nam Keng, na Taipa. De acordo com informações facultadas ontem em conferência de imprensa, o caso veio a lume às 12h30 de sexta-feira, altura em que a CPSP apresentou queixa a relatar o sucedido. Segundo a mulher, enquanto percorria os corredores do supermercado começou a sentir que algo estava em contacto com as suas pernas. Voltando-se de imediato, a mulher deu de caras com um homem agachado por baixo da sua saia e com um telemóvel em riste. Logo, a vítima perguntou ao homem se tinha utilizado o dispositivo para filmar ou tirar fotografias às suas partes íntimas, pedindo-lhe igualmente para ver a galeria de imagens do telemóvel. Acedendo ao pedido, o engenheiro abriu a galeria e mostrou imagens lá alojadas a grande velocidade, não permitindo à vítima ver os conteúdos com atenção. Perante o sucedido, a mulher, também residente de Macau, disse que ia chamar a polícia. A ameaça levou o homem a iniciar uma fuga que só terminou na Rua de Bragança, local até onde se deslocou no seu próprio veículo. Após consultar as imagens captadas pelas câmaras de videovigilância, a CPSP conseguiu identificar e interceptar o homem nessa mesma rua. Durante o interrogatório, o engenheiro admitiu ter filmado por baixo das saias da vítima durante a visita ao supermercado. No entanto, ao verificar o dispositivo do suspeito, essas imagens tinham já sido removidas. Ao analisar a galeria de imagens detalhadamente, a CPSP descobriu, contudo, a existência de vídeos do mesmo teor captados noutras ocasiões. O caso seguiu no sábado para o Ministério Público (MP), onde o suspeito vai responder pela prática do crime de devassa da vida privada. A confirmar-se a acusação, o engenheiro pode ser punido com pena de prisão até 2 anos ou de multa até 240 dias. Amor dispendioso Noutro caso, a Polícia Judiciária (PJ) revelou que uma residente de Macau de 30 anos foi desfalcada em 277 mil dólares de Hong Kong (HKD), após ter conhecido um homem por quem se apaixonou numa rede social e que lhe pediu dinheiro para pagar o empréstimo da casa. Segundo a PJ, desde o dia 24 de Junho que, a pedido do homem que afirmou ser natural de Taiwan, que a mulher transferiu em três ocasiões, 84.500 HKD, 97.000 HKD e 92.000 HKD. Quando deixou de conseguir contactar o suspeito, a mulher apresentou queixa à polícia.
Gestão | Equipa de Macau vence Global Management Challenge Andreia Sofia Silva - 10 Ago 2021 A edição de 2019 do Global Management Challenge, competição internacional na área da estratégia e gestão, foi ganha por uma equipa de Macau. O evento aconteceu em Lisboa e contou com a participação de 16 países Macau deu cartas numa competição internacional nas áreas da estratégia e gestão. Segundo o semanário português Expresso, a edição de 2019 do Global Management Challenge foi ganha por uma equipa de quatro estudantes universitários de Macau. O estudante que liderou a equipa da RAEM, Zheng Bowen, afirmou que foi “uma honra participar e ser campeão do Global Management Challenge”. O aluno adiantou ainda que numa competição deste género é possível aprender estratégias de gestão, verificar os resultados das decisões e trabalhar em equipa. O líder da equipa de Macau acrescentou apenas que a Rússia foi um dos adversários mais fortes na competição, apesar de ter terminado em quarto lugar. A última vez que Macau venceu esta competição foi em 2017. O HM tentou chegar à fala com Zheng Bowen, mas até ao fecho desta edição não foi possível. Importa referir que a equipa participou no Global Management Challenge graças à parceria da Associação de Gestão de Macau. Competir desde 1980 O concurso Global Management Challenge é organizado desde 1980 e é considerado uma das maiores competições nas áreas da estratégia e gestão. A iniciativa, que leva as equipas participantes a confrontarem-se com diferentes culturas e formas de gerir empresas, é organizada pela SDG – Simuladores e Modelos de Gestão e também pelo semanário Expresso. No website da iniciativa pode ler-se que “ao longo dos anos [a competição alcançou] um enorme sucesso, tornando-se num evento de elevada notoriedade e visibilidade, prestigiando as organizações que nele participam”. O Global Management Challenge esteve agendado para Abril do ano passado, mas foi adiado devido à pandemia da covid-19. Participaram um total de 16 países, incluindo o território de Macau. Os participantes foram divididos aleatoriamente em quatro grupos, de quatro equipas cada, que disputaram uma semi-final que decorreu de 19 a 23 de Julho, também online. As duas melhores equipas de cada grupo passaram à final, que foi disputada online por Macau, República Checa, Portugal, Brasil, Polónia, Rússia, Quénia e Espanha, no dia 27 de Julho.
Jogos Olímpicos | Participação da China encorajou “paixão patriótica”, Ho Iat Seng Pedro Arede - 10 Ago 2021 O Chefe do Executivo congratulou a selecção chinesa pelos resultados “bastante impressionantes” obtidos nos Jogos Olímpicos. Ho Iat Seng agradeceu ainda à China Media Group pelos direitos de transmissão do evento em Macau, que tiveram o condão de “emocionar todos” e encorajar a “paixão patriótica” No dia seguinte ao encerramento dos XXXII Jogos Olímpicos, Tóquio 2020, o Chefe do Executivo felicitou a selecção desportiva da China pelos resultados alcançados nas várias competições ao longo do evento, que resultaram na conquista 38 medalhas de ouro, 32 medalhas de prata e 18 medalhas de bronze. Segundo Ho Iat Seng, para quem os resultados foram “bastante impressionantes” e materializaram, em algumas modalidades, momentos “históricos”, a participação da equipa nacional difundiu o espírito olímpico e desportivo da China e honrou “o nome da pátria e do seu povo”. Para o Chefe do Executivo, o desempenho exemplar dos atletas chineses permitiu aos residentes de Macau encorajar o sentimento de amor à pátria e emocionar-se com o empenho demonstrado. “Cada competição da selecção nacional está ligada ao coração de todos os compatriotas de Macau. O seu empenho, determinação e firmeza, emocionaram todos, que estão dentro ou fora da China, assim como, os espectadores espalhados pelo mundo. Esta participação encorajou ainda mais a paixão patriótica e também a confiança na nação dos chineses que estão dentro ou fora da China”, afirmou Ho Iat Seng através de uma nota divulgada ontem. Sentimento de orgulho Dirigindo-se directamente aos atletas chineses em nome dos residentes de Macau, Ho Iat Seng apontou que “os compatriotas da RAEM sentem-se orgulhosos pela vossa primazia e excelência”. Como resultado, vincou Ho, Macau está agora em melhores condições de espalhar o espírito desportivo e a determinação demonstrada ao longo do evento pelos atletas da China, encontrando-se simultaneamente mais disponível para aceitar desafios e unir-se em torno do combate à pandemia. O eco da prestação da equipa nacional nos Jogos Olímpicos de Tóquio contribui também, segundo o Chefe do Executivo, para impulsionar “a aceleração do desenvolvimento adequado e diversificado da economia”, promover o princípio “Um País, Dois Sistemas” e apoiar a grande revitalização da nação chinesa. Durante o dia de ontem, Ho Iat Seng referiu ainda que parte do entusiasmo dos eventos olímpicos deveu-se à cedência dos direitos de transmissão directa dos Jogos Olímpicos de Tóquio por parte da China Media Group. Tal, sublinhou Ho, permitiu à população “não só assistir aos eventos de alta qualidade como sentir o espírito e o empenho da equipa nacional”, gerando união e confiança no combate à situação epidémica. No total, os Jogos Olímpicos Tóquio 2020 concederam 339 títulos, com os Estados Unidos a vencer 39, contando ainda 41 pratas e 33 bronzes. No segundo lugar do medalheiro ficou a China com 38 ouros, 32 pratas e 18 bronzes. Em terceiro lugar ficou o Japão, com a conquista de 27 medalhas de ouro, 14 medalhas de prata e 17 medalhas de bronze.
Grupo Alibaba despede gestor por suspeita de agressão sexual a funcionária Hoje Macau - 10 Ago 2021 O gigante chinês do comércio eletrónico Alibaba disse hoje que despediu um gestor acusado de agressão sexual e prometeu fortalecer a política contra o assédio, depois de uma funcionária ter acusado a empresa de suprimir a sua denúncia. A funcionária, não identificada, tornou público este fim de semana a alegada agressão sexual por um gestor e um cliente durante uma viagem de negócios, de acordo com a imprensa estatal. Segundo ela, foi forçada a beber álcool e que o seu gestor a agrediu sexualmente num quarto de hotel. A funcionário contou ainda ter sido alvo de abusos por parte do cliente, mas que o gestor ignorou. A funcionária disse que a empresa não levou o assunto a sério após ter denunciado a agressão e que foi informada de que o suspeito não seria demitido da empresa, segundo o seu relato. Em comunicado, o chefe executivo do Alibaba, Daniel Zhang, disse hoje que o agressor acusado – que trabalha na unidade de negócios Retalho da Vizinhança – confessou ter tido “atos íntimos” com a funcionária enquanto ela estava embriagada. Zhang disse que o gestor foi demitido por violar gravemente a política da empresa. O seu nome não foi identificado. “Se ele cometeu violação ou atos indecentes que infringiram a lei, isto será determinado pela justiça”, disse Zhang. O presidente da unidade de negócios de Retalho da Vizinhança e o chefe do departamento de recursos humanos da unidade renunciaram também após assumirem responsabilidade pela gestão incorreta do caso. “Quando a funcionária relatou um acto horrendo, como violação, eles não tomaram decisões oportunas nem as medidas adequadas”, apontou Zhang. Zhang prometeu acelerar a formação de uma política contra o assédio sexual com “tolerância zero para a má conduta sexual”. O chefe executivo da Alibaba acrescentou que haverá formação sobre a proteção dos direitos e interesses dos funcionários, e que um canal dedicado a denúncias será estabelecido. A empresa disse no domingo que está a trabalhar com a polícia para investigar o incidente. A polícia de Jinan, a capital da província de Shandong, disse em comunicado que está a investigar um caso envolvendo a violação de uma funcionária do Alibaba. O Alibaba foi criticado pela imprensa oficial por agir apenas depois de a vítima ter tornado as acusações públicas. “O público está a perguntar por que a empresa demorou tanto para responder ao incidente ocorrido em 27 de julho”, disse em editorial o Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês. Na Bolsa de Valores de Hong Kong, o preço das ações do Alibaba fechou a cair 2,48% para os 188,70 dólares de Hong Kong. O escândalo surge poucos meses depois de os reguladores terem multado o Alibaba num valor recorde de 2,8 mil milhões de dólares por comportamento monopolista. Pequim reforçou o escrutínio sobre as firmas tecnológicas do país, após anos de rápido crescimento. O movimento global #MeToo contra o assédio sexual nos últimos anos também cresceu na China, com acusações feitas contra vários académicos, um apresentador da televisão e celebridades, embora as condenações sejam escassas.
Nagasaki apela para fim de armas nucleares nos 76 anos do bombardamento atómico Hoje Macau - 9 Ago 2021 A cidade japonesa de Nagasaki assinalou hoje o bombardeamento nuclear norte-americano que a destruiu há 76 anos, com o presidente da câmara a apelar à comunidade internacional para adoptar um novo tratado de proibição de armas nucleares. Às 11:02 de 09 de agosto de 1945, a bomba atómica lançada pelos Estados Unidos em Nagasaki matou 74.000 pessoas, três dias após o ataque nuclear que destruiu Hiroshima e fez 140.000 mortos. Na sequência dos dois bombardeamentos nucleares, o Japão rendeu-se a 15 de agosto de 1945, pondo fim à Segunda Guerra Mundial. Sobreviventes e alguns representantes estrangeiros participaram num minuto de silêncio às 11:02, a hora exacta em que a bomba atómica explodiu há 76 anos. Devido à pandemia de covid-19, o número de pessoas autorizadas a assistir à cerimónia foi restringido pelo segundo ano consecutivo. Trata-se da primeira vez que os bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki são assinalados desde a entrada em vigor do Tratado Internacional de Proibição de Armas Nucleares (ITNW, na sigla em inglês), em janeiro. No entanto, o tratado não foi assinado pelos nove países com armas nucleares: Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte. O ITNW também não foi assinado por Tóquio, um aliado de Washington e dependente do poder militar dos EUA para a sua defesa regional. “Os líderes internacionais devem comprometer-se a reduzir as armas nucleares e a construir confiança através do diálogo, e a sociedade civil deve empurrá-los nessa direção”, disse o presidente da câmara de Nagasaki, Tomihisa Taue, citado pela agência EFE. O primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, disse na cerimónia que, sendo o Japão o “único país que sofreu bombardeamentos atómicos durante a guerra”, o país tem a missão de “levar a comunidade internacional passo a passo em direção a um mundo sem armas nucleares”.
Inflação na China cresce 1% em Julho Hoje Macau - 9 Ago 2021 O índice de preços ao consumidor (IPC) da China cresceu 1%, em Julho, em termos homólogos, indicou hoje o Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) chinês. Isto representa uma queda em relação aos dados do mês anterior, quando o IPC subiu 1,1%, embora fique acima do previsto pelos analistas, que previram um avanço de cerca de 0,8% do principal indicador da inflação. Na comparação entre Junho e Julho, os preços ao consumidor subiram 0,3%, algo que o especialista do GNE Dong Lijuan atribuiu, em parte, ao efeito das enchentes e tufões em regiões importantes na produção agrícola doméstica, com o aumento dos custos de produção, armazenamento e transporte. No entanto, na comparação homóloga, os preços dos alimentos caíram 3,7%, enquanto os preços dos produtos não alimentares subiram 2,1%. O GNE também divulgou o Índice de Preços ao Produtor, um indicador da inflação nas vendas a grosso, que cresceu 9%, em termos homólogos, em Julho. Isto representou um avanço de 0,2%, em relação a Junho. Os preços industriais continuaram a ser influenciados pelo aumento do custo das matérias-primas.
Covid-19 | China pune mais de 30 funcionários por má gestão de novo surto Hoje Macau - 9 Ago 2021 Mais de 30 funcionários chineses foram demitidos ou punidos por não terem respondido adequadamente ao último surto de covid-19 no país, informou hoje a imprensa estatal. Segundo o jornal oficial Global Times, entre os funcionários governamentais punidos estão um vice-presidente da câmara, chefes de distrito e de comissões de saúde locais e funcionários da administração dos hospitais, aeroportos e departamentos de turismo. A China anunciou hoje ter identificado, nas últimas 24 horas, 94 casos por contágio local, quase todos detetados nas províncias de Henan e Jiangsu. O último surto começou há três semanas no aeroporto da cidade de Nanjing, no leste do país. A variante delta, altamente contagiosa, infetou os trabalhadores do aeroporto e, desde então, alastrou-se a diferentes províncias do país. O surto gerou novas restrições nas viagens internas, o confinamento de bairros e o isolamento de toda a cidade de Zhangjiajie, com uma população de 1,5 milhão de pessoas.
Acidente com carro descontrolado causa pânico na Travessa dos Bombeiros João Santos Filipe - 9 Ago 2021 Uma colisão entre dois veículos na Travessa dos Bombeiros causou momentos de pânico, por volta da 13h, quando um dos carros perdeu o controlo e embateu violentamente num portão. Segundo o jornal Ou Mun, o sinistro levou a que uma mulher que seguia no veículo cinzento, o que sofreu o embate mais violento, tivesse de ser transportada para o hospital, com ferimentos ligeiros. As imagens do acidente circularam pelas redes sociais e mostram que o primeiro embate foi causado no cruzamento entre a Rua Xavier Pereira e a Travessa dos Bombeiros. Na origem, terá estado o facto de um dos condutores não ter respeitado a prioridade. A colisão fez com que os dois carros saíssem disparados contra a montra de uma clínica e que uma mulher, que caminhava no passeio naquela altura, tivesse de fugir, de forma a evitar ser atingida pelo Toyota cinzento. Contudo, quando o acidente parecia terminado, deu-se a parte mais violenta e perigosa do embate. Sem que nada o fizesse prever, o Toyota cinzento perde o controlo, começa a andar de marcha atrás uns 30 metros em aceleração e embate contra uma loja, que na altura estava fechada e selada com as grades metais de protecção. Mesmo depois do segundo embate, o carro continuou a fazer marcha-atrás até finalmente se imobilizar. No hospital O segundo embate feriu uma mulher, uma das passageiras do Toyota cinzento, que teve de ser encaminhada para o hospital. A residente de 70 anos foi transportada para o Hospital Kiang Wu, com queixas na anca. Quando as autoridades chegaram ao local, fizeram o teste de despistagem do álcool ao condutor do carro descontrolado, que não acusou o consumo de substâncias alcoólicas. O condutor do carro preto também não tinha bebido à hora do acidente. Além dos danos causados nas lojas, várias barreiras de protecção dos passeios foram derrubadas. Contudo, o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) notificou o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) para que a substituição seja efectuada o mais rapidamente possível.
Os jovens não podem ter filhos André Namora - 9 Ago 2021 Muito se falou na semana passada pelo nosso Portugal no problema da natalidade. Parece mentira, mas o nosso país registou em 2020 o valor mais baixo de nascimentos desde 2015. Lisboa foi a cidade que rastreou mais recém-nascidos e Bragança o distrito com menor número de nascimentos. Digam-me lá como é que pode haver um número de nascimentos ao nível da Europa, se tudo está ligado: ao salário mínimo nacional, ao custo das rendas de casa, ao custo da aquisição de um imóvel, ao subsídio que o Estado facilita às novas mães, aos apoios que se dão a um casal que tenha um filho. Por essa Europa fora registam-se apoios de vulto por parte das autoridades governativas. Em Portugal, os jovens não podem ter filhos. Os jovens continuam a viver em casa dos pais. Os jovens não têm emprego. Os jovens não têm apoio estatal para poder residirem em casas de renda acessível. Os jovens não podem comprar casa porque além de não terem dinheiro para tal, hoje em dia ninguém quer ser fiador da compra de um imóvel. Nem os pais, a maioria deles sem possibilidades financeiras de ajudar os filhos. Uma jovem acaba o seu curso superior, tem um namorado, deseja casar ou ter um filho e desiste. Desiste porque não pode pensar em ter um filho porque não conseguirá sustentar o seu crescimento, não tem dinheiro para pagar a creche, não tem dinheiro para pagar os materiais da escola, o vestuário e quantas vezes a assistência na doença com que o filho já nasceu. Tudo isto, é o que os jovens sensatos começam a pensar e que lhes tira o sono. Como é que eu posso contribuir para o aumento da natalidade no meu país, se o meu país nada me ajuda, pensam os jovens assim que a cabeça encosta à almofada e não lhes vem o sono. Não conseguem dormir porque os seus sonhos vão todos por água abaixo. Que desgosto para um casal jovem que deseje ter um filho, ter de decidir que não é possível. É triste, chocante, desumano e traumatizante. Soube há cerca de um mês que uma jovem de 28 anos, suicidou-se quando concluiu que tinha de continuar a viver em casa dos pais e que não podia ter um filho por falta de sustento financeiro. Quando olhamos para os números de nascimentos em 2020, o coração dói, porque é um número muito baixo, apenas cerca de 80 mil bebés vieram ao mundo em Portugal, o que não acontecia há mais de cinco anos. E os números são significativos. A realidade triste é que nasceram menos 1908 bebés do que em 2019. Lisboa e os seus subúrbios foi a cidade onde se registaram mais nascimentos, mas mesmo assim, menos 1267 comparativamente a 2019. Por todo o país o número de nascimentos diminuiu e não tenhamos dúvidas que o triste fenómeno está ligado à impossibilidade de sobrevivência de um casal jovem. Conheço pessoas com 45 anos que continuam a viver em casa dos pais, porque têm sobrevivido do subsídio de desemprego e de uns biscates que vão fazendo pelas casas e garagens dos amigos. E depois verificou-se um fenómeno que deixou os especialistas surpreendidos. Para aqueles que pensavam que o confinamento devido à covid-19 iria encorajar os casais a procriar, enganaram-se redondamente. O ter ficado sentado no sofá a ver televisão o dia inteiro pode ser uma das causas de que o confinamento só prejudicou o crescimento populacional. A gravidade da pandemia provocou, inclusivamente, retraimento nos casais. Uma pesquisa sobre planos de fertilidade na Europa mostrou que 50% das pessoas na Alemanha e na França que planearam ter um filho em 2020 adiaram a decisão. Na Itália, 37% disseram em plena pandemia ter abandonado totalmente a ideia de ter filhos. Nove meses após o início da pandemia, França, Coreia, Taiwan, Estónia, Letónia e Lituânia relataram números mensais de nascimentos que foram os mais baixos em mais de 20 anos. E o caso da diminuição da natalidade é grave. No futuro, se houver menos pessoas em idade activa, haverá menos recolhimento de impostos para pagar aos reformados e os cuidados de saúde para os idosos que, por sua vez, estão vivendo mais anos. Para este problema são apontadas algumas soluções, tais como, aumentar a idade de aposentação ou encorajar a imigração, apesar de Portugal continuar a discriminar com laivos racistas todos aqueles que vêm de outros países. E temos ainda outro problema grave, o relacionado com as mulheres que estão a ter filhos já com uma idade avançada, o que por vezes, segundo os médicos especialistas, tem criado graves problemas para os recém-nascidos. E muitas mulheres já decidiram congelar os seus óvulos para terem filhos mais tarde, a fim de, segundo elas, proteger os idosos. Não sei se estão no caminho certo, o que sabemos é que o número da população jovem está a diminuir e isso é imensamente preocupante se pensarmos a longo prazo. *Texto escrito com a antiga grafia
MIECF | Mais de 400 empresas participam em edição online João Luz - 9 Ago 2021 Terminou no sábado a edição de 2021 do Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau, fortemente afectada pelo surto local revelado na semana passada. Apesar de não ter componente presencial, mais de 400 empresas expositoras participaram no evento e foram assinados 10 protocolos de cooperação A dois dias de arrancar, um surto local de covid-19 meteu uma pedra na engrenagem do Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau (MIECF). Com a cidade parada e passagens fronteiriças severamente afectadas, a MIECF passou para um plano exclusivamente online. Ainda assim, terminado o evento no sábado, a organização deu conta da realização de “247 sessões de bolsas de contactos, a assinatura online de 10 protocolos de cooperação”. No total, participaram mais de 400 empresas expositoras e foram exibidos mais de 750 produtos em plataformas online. Não obstante o cancelamento de todos os elementos presenciais, que tinham o Venetian como epicentro, a organização considera que o evento ajudou “as empresas de Macau, do Interior da China, dos Países de Língua Portuguesa aos quatro cantos do mundo, a aproveitar as oportunidades de negócio”. Com o tema “Rumo a uma nova era verde e de baixo carbono”, a MIECF procurou proporcionar às empresas participantes possibilidades de encontrar parcerias com uma maior precisão, oferecendo uma plataforma de comunicação. Trabalho de casa Ainda antes do anúncio que resumiria a MIECF ao plano cibernético, já as bolsas de contacto online promoviam parcerias comerciais. Ao longo de 14 dias, entre 25 de Julho e o sábado passado, realizaram-se 247 sessões de bolsas de contactos, “concentradas em temas como veículos eléctricos e respectivos equipamentos e instalações complementares, utensílios de mesa ecológicos, tecnologias biodegradáveis, serviços de protecção ambiental, materiais de construção ecológicos, entre outros”. Em relação às salas de exposição, em formato virtual, a edição deste ano da MIECF contou com a participação de mais de quatro centenas de empresas provenientes do Interior da China, Bélgica, Brasil, Portugal, Hong Kong e Macau, entre outros países e regiões, e exibidos produtos dirigidos ao mercado verde, assim como planos de gestão e tratamento de resíduos e projectos de centrais de incineração de resíduos.
Mau tempo | Escolas têm de arranjar actividades em caso de chuva intensa João Santos Filipe - 9 Ago 2021 Na resposta a uma interpelação de Agnes Lam, o Governo apontou que, apesar de as aulas serem suspensas com avisos de chuva, as escolas continuam a ter de assumir a responsabilidade de receber os alunos As escolas têm a obrigação de se manter abertas e receber os alunos, mesmo no caso de serem emitidos os alertas de chuva intensa ou preto. O esclarecimento foi dado à deputada Agnes Lam pelo Governo, através de Leong Weng Kun, director dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG). Segundo as queixas da deputada, é normal que os sinais de chuva intensa vermelho ou preto, que obrigam à suspensão das aulas, sejam emitidos a breves minutos do começo das aulas. Como o aviso é emitido muito em cima do começo das aulas, a deputada diz que há pais que já vão a caminho da escola ou que inclusive já deixaram os filhos nas instituições de ensino e têm de voltar para trás. A suspensão das aulas cria o desafio dos encarregados de educação terem de arranjar uma pessoa para tomar conta das crianças, enquanto se trabalha. No entanto, o Governo garante que as escolas têm instruções para aceitarem as crianças e arranjarem actividades educativas, mesmo quando as aulas estão suspensas. “Quando for emitido o sinal de chuva intensa vermelho ou preto e as aulas tiverem que ser suspensas, as escolas devem manter-se abertas durante o período normal de funcionamento, não devendo ser exigido aos estudantes que tenham chegado à escola regressar a casa ou e os que tenham permanecido no estabelecimento de ensino não devem ser aconselhados a retirar-se das instalações”, escreveu Leong Weng Kun. De acordo com a resposta, as escolas têm de “dispor de pessoal para prestar cuidados necessários e organizar actividades educativas adequadas para os estudantes”. Previsões instáveis Na interpelação ao Governo, Agnes Lam pretendia também saber a razão de haver previsões com dias de antecedência para os tufões, mas o mesmo não ser possível para as chuvas intensas. Em relação a esta questão, os SMG explicam que os tufões são fenómenos de grande escala que com um desenvolvimento e variação estáveis, num ciclo de vida de 3 a 10 dias. Porém, as chuvas intensas são fenómenos de pequena e média escala, que evoluem “rapidamente e com grande aleatoriedade”. Devido à diferente natureza dos fenómenos, os SMG reconhecem que “não é cientificamente operacional a emissão de informações de chuva intensa com algumas horas de antecedência”. A última questão de Agnes Lam visava os atrasos dos funcionários públicos devido ao mau tempo. No entanto, o Governo mostrou-se inflexível na questão e diz que já existem instruções, pelo que não sente necessidade de alterar a forma de funcionamento para permitir atrasos.