Crime | Detido por difamar Alvis Lo e director da DSEDJ nas redes sociais Pedro Arede e Nunu Wu - 12 Out 2021 Depois de o Governo negar que ligações familiares do director dos Serviços de Saúde estiveram na base da decisão de não isolar o Edifício Bayview, a Polícia Judiciária deteve um residente de 37 anos por suspeitas de divulgar informações falsas no WeChat. A direcção dos serviços de Educação também faz parte dos queixosos A Polícia Judiciária (PJ) deteve um residente de 37 anos por suspeitas de difamar e disseminar informações falsas no WeChat sobre o director dos Serviços de Saúde (SSM), Alvis Lo Iek Long, e o director dos Serviços de Educação (DSEDJ), Lou Pak Sang. Em causa está o facto de o suspeito, morador no Edifício Bayview, ter alegado que as ligações familiares de Alvis Lo ao complexo habitacional estiveram origem da decisão que evitou que o edifício Bayview fosse isolado e os seus moradores classificados com código de saúde amarelo ou vermelho. Mais concretamente, circulou online que os sogros de Alvis Lo viviam no prédio. Recorde-se que a polémica surgiu depois de ter sido identificado o 77.º caso de covid-19 em Macau, relativo a uma mulher vietnamita que trabalhava como empregada doméstica no Bloco 3 do Edifício Bayview. Em comunicado divulgado ontem, a PJ revelou ter recebido no domingo queixas provenientes dos SSM e da DSEDJ a reportar a circulação de informação falsa nas redes sociais, onde se podia ler que “os sogros do director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo Iek Long vive no 28º andar” do Bloco 3 do Edifício Bayview e que “o director dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude vive no 7º andar” do mesmo empreendimento. A acompanhar a publicação estava uma fotografia do complexo habitacional. A PJ partilhou ainda que os SSM apontaram que o conteúdo da publicação é “falso” e que “afectou a percepção da população sobre o trabalho de prevenção da pandemia”. Por seu turno, a DSEDJ reiterou que Lou Pak Sang nunca viveu no Edifício Bayview. Dentro de portas De acordo com a PJ, a publicação em causa foi partilhada originalmente no domingo num grupo de WeChat por um utilizador identificado como “Bobo”. Levado para interrogatório, o suspeito, vendedor de profissão, justificou a partilha, após ter visto, num outro grupo de WeChat de proprietários do Bayview, que os sogros de Alvis Lo e Lou Pak Sang viviam no mesmo edifício. No mesmo dia, após ter sido interrogado por um antigo colega de escola sobre a sua situação enquanto morador do Bayview, o suspeito alegou que, na resposta, se limitou a resumir e partilhar a informação que tinha lido. Admitiu também ter partilhado a mesma informação noutros grupos de WeChat em que está inserido. Segundo a PJ, o suspeito acrescentou ainda que, dado que morava no Bloco 3, “estava a salvo” porque lá também viviam “pessoas importantes”. Adicionalmente, a polícia revelou que o suspeito vive no 7.º andar do Bloco 3 do Bayview há cerca de 10 anos e que, por isso, “não tem razões para desconhecer quem são os vizinhos”. O caso seguiu ontem para o Ministério Público, onde o homem irá responder pelos crimes de “difamação”, “publicidade e calúnia” e “ofensa a pessoa colectiva que exerça autoridade pública”. A confirmar-se as acusações, pode ser punido com pena de prisão até 6 meses ou com pena de multa até 240 dias (difamação), pena de prisão até 2 anos ou com pena de multa não inferior a 120 dias (publicidade e calúnia) e pena de prisão até 6 meses ou com pena de multa até 240 dias.
Revolução de 1911 | Ho Iat Seng destaca a eficácia de “Um País, Dois Sistemas” João Luz - 12 Out 202112 Out 2021 Por ocasião do 110.º aniversário da Revolução de 1911, o Chefe do Executivo afirmou que a RAEM apoia “firmemente” a reunificação pacífica do país, e opõe-se “com resolução” à independência de Taiwan. Ho Iat Seng apontou “Um País, Dois Sistemas” como caminho a seguir pela Formosa, salientando que o princípio resolveu os “problemas históricos” de Macau e Hong Kong Há 110 anos a China fechava um capítulo histórico com o derrube da Dinastia Qing e a queda da monarquia e entrava numa nova Era republicana com o advento da Revolução de 1911. A data foi assinalada pelo Presidente chinês, que num discurso focado na questão de Taiwan sublinhou que “a reunificação completa” do país “pode e será alcançada, mencionando o princípio “Um País, Dois Sistemas” como caminho a trilhar. “A reunificação nacional por meios pacíficos é do interesse geral da nação chinesa, incluindo os nossos compatriotas de Taiwan”, disse o Presidente chinês num discurso que teve eco na classe política de Macau. O Chefe do Executivo publicou ontem um artigo no jornal Ou Mun declarando que “a RAEM apoia firmemente a reunificação pacífica do país, e opõe-se com resolução à independência de Taiwan” e à intervenção de forças externas nos assuntos internos da China. A receita a seguir será aplicar à Formosa o princípio “Um País, Dois Sistemas”, fórmula que serviu para solucionar “os problemas herdados da história de Hong Kong e Macau, assim como a forma para Macau manter a prosperidade e estabilidade a longo prazo”. Desde a fundação da RAEM, o líder do Executivo argumenta que o sistema de governação foi melhorado, facto que se reflectiu na qualidade de vida dos residentes. “Acreditamos firmemente que ‘Um País’ é o pré-requisito, a fundação, a raiz. Só com raízes profundas podemos ter folhas deslumbrantes, só com raízes sólidas os ramos podem ser prósperos”, afirmou Ho Iat Seng. O Chefe do Executivo destacou também a criação da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin como o próximo passo e a “nova demonstração do enriquecimento prático de “Um País, Dois Sistemas”. Na história da revolução Ho Iat Seng não esqueceu o legado de Sun Yat Sen, um dos pais da Revolução de 1911, em particular a sua ligação ao território. “Macau foi uma das primeiras paragens da carreira revolucionária do Dr. Sun Yat Sen” no caminho para a modernização da China. “As gloriosas pegadas da revolução do Dr. Sun Yat Sen estão profundamente gravadas na terra de Macau. O seu pensamento, espírito e o carácter moral fazem parte da preciosa riqueza espiritual do povo chinês e influência profunda em gerações de residentes de Macau.” A memória do revolucionário foi evocada também pelo desígnio nacional da “revitalização da China”, de sua autoria, princípio que continua a orientar as macropolíticas do Governo Central. Sun Yat Sen é uma figura incontornável da história moderna da China, mas também um vulto político e social em Macau e Hong Kong. Em 1892, foi convidado pela direcção do Hospital Kiang Wu para fundar o departamento de medicina ocidental, onde acabaria por trabalhar a título de voluntário como médico, diagnosticando pacientes gratuitamente. Sun Yat Sen foi o primeiro médico a praticar medicina ocidental em Macau. Abriu uma clínica na Rua das Estalagens e ganhou a admiração das gentes da terra.
“Kompasu” | Içado sinal 1 de tempestade tropical Hoje Macau - 12 Out 2021 Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) içaram hoje o sinal 1 de tempestade tropical devido à passagem pelo território do ciclone tropical “Kompasu”. Segundo um comunicado, na manhã desta terça-feira os SMG “vão considerar” içar o sinal 3. Em relação ao sinal 8, poderá ser içado entre a noite desta terça-feira e o início da manhã de quarta-feira, sendo essa possibilidade “relativamente alta”. Às 23h o “Kompasu” estava a cerca de 870 quilómetros a lés-sueste de Macau, com direcção à Ilha de Hainan. Nas pontes, o vento pode atingir, ocasionalmente, o nível forte com rajadas. O vento deverá intensificar-se nas próximas horas, sobretudo a partir da noite de terça-feira. Nesse período o tempo “vai ser instável, havendo aguaceiros ocasionais e trovoadas”.
SJM | Casino Oceanus reabriu portas no sábado Hoje Macau - 11 Out 2021 O casino Oceanus, da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), voltou a abrir portas no sábado após ter sido detectado o 72º caso de infecção associado a este local. Segundo um comunicado, a SJM assegura que foi realizada a limpeza e desinfecção dos espaços mediante inspecção dos Serviços de Saúde de Macau. O casino Oceanus fechou portas no passado dia 5, depois de as autoridades terem registado o percurso do homem, que jogou neste casino nos dias 28 e 30 de setembro, bem como no dia 2 de Outubro.
“Kompasu” | SMG prevêem tempestade mais forte do que “Lionrock” Andreia Sofia Silva - 11 Out 2021 Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) garantem que a próxima tempestade a passar pelo território, de nome “Kompasu”, deverá ter uma intensidade “mais forte” do que o “Lionrock”, “existindo a hipótese de poder atingir o nível de tufão”. Tal deve-se, em parte, à passagem de uma monção nordeste que se irá intensificar nos próximos dias. Neste contexto, “nos próximos dias o tempo na região irá tornar-se instável, havendo aguaceiros e trovoadas”, com uma intensificação do vento. A partir da meia noite de terça-feira que o “Kompasu” deverá encontrar-se a menos de 800 quilómetros de Macau, tendo uma trajectória “relativamente consistente e estável”. Os SMG prevêem que possa “atravessar rapidamente o Mar do Sul da China nos próximos dias”. Até esta quarta-feira o “Kompasu” vai passar a sul de Macau, a cerca de 400 quilómetros, deslocando-se depois para Hainan. Segundo a mesma nota, “não se descarta a possibilidade de se emitir o sinal de ventos fortes de monção” numa primeira fase. Só depois é que os SMG planeiam emitir o sinal de tempestade “de acordo com a situação”. Nos próximos dias há ainda possibilidade de ocorrer inundações nas zonas baixas do território. Entretanto o Instituto Cultural (IC) realizou hoje uma inspecção ao estado do património após a passagem do ciclone tropical “Lionrock”, sendo que o estado geral dos bens imóveis classificados de Macau “está basicamente intacto”. O IC descreve que ocorreram apenas algumas infiltrações de água no telhado de alguns edifícios, além de que o templo de Sin Fong ficou “inundado por um curto período” de tempo, devido ao facto de estar localizado numa zona baixa da cidade. Quanto à chegada do “Kompasu”, o IC apela aos responsáveis dos edifícios classificados para se “manterem vigilantes” e tomarem medidas atempadas para garantir a sua segurança.
Covid-19 | Anunciadas medidas para garantir emprego e sobrevivência do comércio Hoje Macau - 11 Out 2021 O Governo anunciou hoje “oito medidas destinadas a manter a sobrevivência dos estabelecimentos comerciais e assegurar o emprego”, em resposta à crise provocada pela pandemia de covid-19. A bonificação de juros de créditos bancários para as pequenas e médias empresas (PME), alterações às condições de pedido de empréstimos sem juros para as PME e o ajustamento do reembolso de empréstimos sem juros são três das decisões tomadas pelas autoridades. O Governo prometeu também incentivar a abanca a ajudar as empresas no reembolso dos empréstimos e as instituições financeiras a oferecerem benefícios nas taxas cobradas. As autoridades anunciaram também a isenção do pagamento de rendas e retribuições dos bens imóveis pertencentes ao Governo, por um período de três meses, o incentivo aos proprietários de estabelecimentos comerciais na redução das rendas e a prestação de apoio aos operadores e às pessoas empregadas. Neste último caso, os residentes de Macau contribuintes do imposto profissional com rendimentos de trabalho não superiores a 144 mil patacas e alguns profissionais liberais vão receber um apoio extraordinário de dez mil patacas. Já os contribuintes do imposto complementar de rendimentos e do segundo grupo do imposto profissional que não tenham obtido lucros operacionais em 2020 vão receber entre dez mil e 200 mil patacas.
Economia | Clube de negócios luso-chinês inaugura sede em Cantão Hoje Macau - 11 Out 2021 Um grupo de empresários portugueses e chineses inaugurou ontem um clube de negócios em Cantão, visando impulsionar o comércio e o investimento, numa altura em que as viagens para aquele país estão praticamente suspensas. “Fazemos tudo o que faz uma câmara de comércio e mais o que eles não fazem”, explicou à agência Lusa Dário Silva, empresário natural do Porto, radicado na China há mais de dez anos, e um dos fundadores do clube de negócios, designado PorCham. O projecto conta com 50 associados, que representam um total de volume de negócios de 2,5 mil milhões de euros, maioritariamente empresas chinesas com interesses em Portugal, segundo a mesma fonte. “O objectivo da PorCham é transformar-se na primeira Câmara de Comércio China–Portugal com sede na China, o que não existe e nunca existiu”, explicou Dário Silva. “Há já alguns projectos de investimento em estudo que passam pela criação de dois fundos de investimento, um vocacionado para o sector imobiliário e outro para o sector empresarial e industrial, bem como dois possíveis investimentos industriais, um no sector da saúde e outro no sector dos compósitos”, revelou. O clube vai também servir para fazer “mediação” de negócios e representar produtos portugueses em feiras comerciais na China, numa altura em que as entradas no país são restringidas pelas medidas de prevenção contra a covid-19. A emissão de autorizações de residência ou vistos de negócios foi reduzida durante o período da pandemia. “Muitos [dos empresários] não podem vir, mas já houve casos em que os empresários enviam o produto e nós representamos”, disse Dário Silva.
Tufão | Lionrock “massacrou” território com cheias e ventos fortes João Santos Filipe - 11 Out 2021 A passagem do tufão Lionrock causou seis feridos ligeiros e inundou a cidade, com maior incidência no Cotai e Taipa. As autoridades intervieram em 35 ocorrências, entre queda de janelas, reboco e retirada de pessoas presas em veículos [dropcap]O[/dropcap] Tufão Lionrock, que passou por Macau no fim-de-semana, causou seis feridos ligeiros e obrigou as autoridades a intervirem em 35 ocorrências. Com o sinal de tufão número 8 a ser içado pela primeira vez este ano na madrugada de sábado, aos ventos fortes seguiram-se cheias, que atingiram o território com maior incidência, numa altura em que o sinal tinha sido reduzido para o número 3. “O Centro de Operações de Protecção Civil (COPC) registou um total de 30 incidentes, nomeadamente 22 casos de queda de reboco, reclamos, janelas, toldos ou outros objectos e remoção de objectos com risco de queda”, foi revelado, num primeiro balanço, antes das cheias. “Foram também registados 6 casos de residentes com ferimentos ligeiros causados pela tempestade tropical”, acrescentaram as autoridades. No balanço das operações de resposta ao Tufão foi igualmente indicado que não houve feridos graves nem mortes. Contudo, devido aos ventos fortes e cheias 21 pessoas precisaram de utilizar os quatro centros de acolhimento do Instituto de Acção Social, o centro da Ilha Verde, do Campo dos Operários, do Centro de Acção Social da Taipa e Coloane e da Escola Superior das Forças de Segurança de Macau. No âmbito das operações de combate às infracções durante tufões, o Corpo de Polícia de Segurança Pública detectou ainda quatro casos de taxistas que negociaram preços com clientes e um que se recusou a prestar o serviço. Rotunda do Lótus inundada Após o sinal de tufão ter baixado para número três, às 02h de ontem, abateram-se sobre Macau fortes chuvadas, que levaram ao registo de mais cinco ocorrências. A intensidade da chuva fez-se sentir um pouco por todo o território levando a várias ocorrências, como carros presos na estrada e deslizamentos de terra. Segundo os números oficiais, citados pelo canal chinês da TDM, os bombeiros foram chamados para cinco ocorrências nas Ilhas, sem que tenha havido feridos. No entanto, entre as pessoas resgatadas constam dois passageiros de um veículo que ficou preso na Rotundo Flor de Lótus, no Cotai, devido às cheias. A operação de salvamento decorreu por volta das 10h. Além do casal, mais três homens também ficaram presos nas viaturas e tiveram de ser retirados e colocados num lugar seguro pelo Corpo de Bombeiros. As ilhas foram ainda afectadas por deslizamentos de terras e pedras nas traseiras do Edifício Greenville, na Rotunda Leonel de Sousa e na paragem de autocarro Piscina de Cheoc Van-1. Nestes acidentes não houve registo de feridos.
Equipa de avaliação instruída a juntar Sands e Galaxy Pedro Arede - 11 Out 2021 David Green revelou que membros da empresa responsável por avaliar concorrentes às licenças de jogo em 2001 foram instruídos a juntar a Sands e a Galaxy, em detrimento da Asian American Entertainment Corporation. A testemunha assegurou que a pontuação final foi alterada face à dada pela empresa que fez a avaliação Chamado a depor no caso que opõe a Asian American Entertainment Corporation e a Las Vegas Sands sobre o processo de candidatura das licenças de jogo de 2001, David Green, o líder de equipa da Arthur Andersen, empresa responsável por avaliar a experiência dos concorrentes, revelou que a Comissão de Jogo terá dado instruções para colocar a Galaxy como parceira da Las Vegas Sands, em vez da Asian American Entertainment Corporation (AAEC). Segundo a TDM-Canal Macau, David Green disse na sexta-feira em tribunal que a proposta da AAEC foi alterada à última hora quando, já depois da meia-noite e a escassos dias de terminarem as avaliações, foi instruído para retirar a Las Vegas Sands da proposta da empresa do taiwanês Marshall Hao. “Foi uma instrução verbal de Jorge Costa Oliveira e de Manuel Neves. Estávamos autorizados pelo secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam, a receber instruções verbais”, referiu David Green segundo a mesma fonte. Além disso, a Comissão de Jogo terá ainda alterado a pontuação atribuída aos candidatos, facto que, segundo Green, é algo que a comissão pode fazer. “Ficava inteiramente à discrição da Comissão de Jogo aceitar ou não a avaliação da Arthur Andersen. Não foi surpreendente que ajustassem a pontuação. Havia outros critérios que eles tinham de ter em conta e que nós não tínhamos, nomeadamente o que cada um se comprometia a fazer em Macau”, afirmou Green em tribunal. Recorde-se que a Las Vegas Sands e a AAEC submeteram um pedido para licença de jogo em 2001, mas a Sands decidiu mudar de parceiro para se aliar à Galaxy Entertainment, acabando por obter a concessão em 2002. Sobe e desce Para a testemunha, não fosse a mudança de planos e a AAEC do taiwanês Marshall Hao, que se queixa de ter perdido a licença devido à violação do acordo pela Las Vegas Sands, teria tido outra pontuação caso a pareceria tivesse ficado de pé. Green foi mais longe e disse mesmo que, devido à experiência da Las Vegas Sands no sector do jogo, a AAEC teria uma pontuação semelhante à pontuação recebida pela Galaxy no final e que esta, por sua vez, teria caído não fosse a proximidade com a Sands. Citado pela TDM-Canal Macau, David Green apontou ainda que a Arthur Andersen via a Galaxy como “inexperiente” no sector do jogo e que existiam inconsistências em relação ao relatório individual de um dos directores da empresa. Recorde-se que o proprietário da AAEC, Marshall Hao, reclama mais de 96 mil milhões de patacas por considerar que teria conseguido a licença de jogo, caso a Sands não tivesse violado o acordo para se juntar à Galaxy.
Por que não fugiu Monty? António Cabrita - 11 Out 2021 Como lhe sugere o pai, por que não foge Monty? Cumprirá sete anos por narcotráfico, consciente de que tendo rejeitado continuar no “esquema” mafioso dentro da cadeia ou tornar-se informador da polícia ficará mais desprotegido e sujeito à violência e à arbitrariedade. Contudo, Monty escolhe a “via recta” num labirinto de solicitações e de emboscadas – e a sua escolha insólita eleva-o a um plano ético insustentável, embora, dada a dificuldade, digníssimo. Falo de “A 25ªHora”, de Spike Lee, que revi agora porque preparo um pequeno ciclo do cineasta. Aos sete anos, Monty tem pouca esperança de sobreviver. A narrativa segue as suas últimas horas de soltura (fora alguns flash-backs de contextualização); vemo-lo abrir mão dos privilégios que conquistou como traficante: uma boa casa, a entrada VIP em boates, a fama e a prosperidade económica. E despede-se do pai, um comerciante alcoólatra a quem o filho foi safando as dívidas, da sua namorada Naturelle (Rosario Dawson), que o ama apesar das desconfianças dele, e dos seus melhores amigos de infância, Jacob (Philip Seymour Hoffman), um tímido professor do liceu apaixonado por uma aluna, e Slaughtery (Barry Pepper), um corrector de sucesso em Walt Street. Os quatro passam a última noite livre de Monty, enquanto se adensa a questão de saber quem o terá denunciado à polícia (- terá sido Naturelle?). Monty extrai as devidas consequências dos seus actos e aceita estoicamente a ida para a prisão. Monty não é um rebelde sem causa, alguém a quem o instinto da liberdade, à visão do castigo, faz espernear; vibra nele uma espécie de diapasão que lhe tempera o tom certo a cada momento da sua vida. Houve necessidade, para resolver certas coisas, de entrar nos negócios ilícitos, e fê-lo convictamente, com eficácia, desfrutando o que pôde da situação. Depois conheceu o amor e entregou-se-lhe, sem reservas nem cinismo – sinal de que o seu carácter não fora corrompido. Com a mesma naturalidade e a mesma lucidez face às circunstâncias, aceita o custo da redenção. O carácter de Monty clarifica-se logo de início quando, contra a opinião de Kostya (o ucraniano que o denunciará), resolve salvar o cão que encontraram abandonado e ferido, em vez de matá-lo num “gesto de misericórdia”. É um homem decente que face a certas circunstâncias teve necessidade de enveredar por más escolhas. A sua índole conhece um contraste em Slaughtery, o corrector. Que vive duma actividade lícita onde só a lógica entra, arredia à natureza do escrúpulo. Jacob vai a casa de Slaughtery, definido num ápice pelo que há sobre a mesa de trabalho – o Financial Times, revistas de gajas nuas, garrafas de vinho: é um hedonista empedernido. As janelas do apartamento dão para o Ground Zero, o espaço vago das Twin Towers (o filme é de 2002). Dá-se aí uma conversa desconcertante, sintomática. Jacob refere que segundo as informações o “ar daquela zona é irrespirável” e pergunta-lhe se não pensa em mudar. Slaughtery insinua-lhe que ainda espera ganhar muito com a inflação imobiliária e por isso, mesmo que tivesse como vizinho o Bin Laden, não tenciona mudar de poiso. Slaughtery não tirou as devidas consequências do desastre de 11 de Setembro, a que pôde assistir “nas primeiras filas”; para ele quando se vive na selva há que seguir as regras e aproveitar as oportunidades: é um puro caçador-colector. Monty/ Edward Norton é de outra índole, mesmo que pleno de contradições. Fez o que havia a fazer na sua oportunidade, agora tem necessidade de redimir-se e rejeita as possibilidades flagrantes de fuga, preferindo uma “reparação” quase irrespirável. Apesar das tentações que o pai enumera pelo caminho, o filme termina sem mercê (- sendo incerto que Monty resista ao inferno da prisão). A dado momento, Monty, que almoça com o pai, vai à casa de banho do restaurante e um “Fuck You” que alguém escreveu a marcador no espelho atira-o para uma longa diatribe sobre os tipos humanos e étnicos que compõem a cidade, uma massa diversa de comportamentos anómicos que segundo o discurso transformam a urbe numa pauta de irresgatáveis dilaceramentos morais; como se se confessasse filho de um determinismo inescapável. E nada fica de fora desse discurso, da manhosa “inocência” das minorias e do assistencialismo a que se encostam à cupidez dos judeus ou à torpeza dos que impõem a lei. É um segmento que parece desgarrado no filme, uma espécie de manifesto. Que, contudo, se integra e se elucida na sequência final quando no percurso para a cadeia, o rosto condoído e desfigurado de Monty dentro do carro vê como aqueles de quem ele disse mal lhe acenam dos transportes públicos, num gesto de empatia, que lhe antecipa o perdão. “25th Hour”, que só ganhou com o tempo, feito ainda no rescaldo do 11 de Setembro, é um magnífico manifesto sobre a necessidade do perdão. O segmento do filme com o Ground Zero, que Spike Lee acrescentou ao romance adaptado, deu uma outra densidade à narrativa e um segundo nível de leitura que o tempo trouxe à tona. O perdão teria de começar por um “encarceramento” interno, especular, da América, que a fizesse reflectir e reconhecer os seus crimes, antes de se estender de forma incondicional, gratuita, infinita aos terroristas. Só a força da “resposta paradoxal” introduz mudanças radicais nos comportamentos culturais: foi assim com o oferecimento da outra face, em Cristo, com a inesperada inflexão para a reconciliação de Mandela, que salvou a África do Sul de um banho de sangue, com o pacifismo de Ghandi face ao imperialismo britânico. Spike Lee intuiu-o, mas a América não esteve à altura da sua lucidez nem teve a grandeza de o seguir. E escolhendo depois a mentira como modo-de-uso imperial a América pôs-se de costas voltadas para o mundo. Começou então o regime de um mundo pós-verdade.
Lá atrás Valério Romão - 11 Out 2021 Quando entrei na faculdade, em filosofia, estava tudo menos preparado. Não só para a faculdade como para a idade adulta, se assim o podemos chamar. Tinha vinte anos, era mais velho do que os meus colegas de primeiro ano e, ainda assim, não estava preparado. A vida é toda ela um pouco isso, cenário destas divergências entre a idade legal ou socialmente idealizada para fazer uma coisa – beber, tirar a carta, casar, abrir um negócio – e a idade em que um sujeito se sente capacitado para tal. Há muitas pessoas que poderiam perfeitamente ter tirado a carta aos dezasseis, ou até antes, e há pessoas – que vemos todos os dias na estrada – que nunca o deveriam ter feito. Há pessoas que acertam praticamente sempre na altura de tomar decisões – seja vender a casa, ir de viagem ou apenas o caminho a tomar naquele dia. E há pessoas que falham quase sempre. Somos tempo e é por ele que medimos o acerto e o fracasso. Eu vinha de Albufeira e fui morar para uma casa típica perto de Santa Apolónia. Quatro quartos – começámos com três, mas pobretanas como éramos, rapidamente prescindimos da sala para dar espaço a outra pessoa –, uma cozinha, uma casa de banho. Vínhamos todos do Algarve. Lisboa era apetecivelmente enorme e havia tudo o que não havia em Albufeira: teatros, cinemas, livrarias, alfarrabistas, a noite com todos os seus espaços e possibilidades, um sem-fim de raparigas bonitas, de amigos por descobrir, de gente com quem traçar tangentes a caminho do trabalho final de curso. Filosofia. Depois do final do curso, não se adivinhava uma saída profissional que não o ensino ou a árida e insegura carreira académica. Felizmente, nessa altura era-se demasiado tonto para equacionar devidamente as consequências. Há coisas que, felizmente, só fazemos porque não sabemos mais. A casa estava quase sempre desarrumada, a loiça quase sempre por lavar. Cada um retirava com basto nojinho o prato, a faca e o garfo que ia utilizar, lavando-os tão bem quanto sabia para no final da refeição os deixar no lava-loiça, novamente sujos, novamente à espera do desespero do próximo esfomeado. Era uma baderna masculina sem qualquer tipo de romantismo salvífico. A coisa boa dessa impreparação para a convivência, para a idade adulta e para as coisas dos adultos, fruto também da forma como cada um tinha crescido e sido educado, era a possibilidade de, longe e com medo, cada um se reinventar sem ninguém fosse capaz de fazer luz sobre a inconsistência da criatura face ao seu passado. De repente, tudo quanto eu via reflectido no espelho da minha interioridade – e não gostava – era passível de ser mudado (claro que não o era, mas muita coisa é-o e não o fazemos por conveniência ou medo). A minha aprendizagem, fora do espaço das aulas, foi sobretudo essa: despir-me, vestir-me, olhar-me ao espelho e tentar perceber a pessoa em que me estava a tornar e a pessoa que, desesperadamente, não queria ser. O que eu queria ser era apenas ideal: um tipo mais ou menos correcto, mais ou menos capaz de encontrar o amor, mais ou menos fiel a uma voz interior a que na altura prestava pouca atenção. Quando sai da faculdade, cinco anos depois e uma tentativa de doutoramento frustrada pelo meio, era outra pessoa. Ganhara a segurança que é a valiosa poeira que as refregas vão soltando cada vez que eclodem, tinha alguns preceitos morais – fruto da tentativa e erro – e tinha a certeza de que o amor, mesmo que raro e esquivo, podia ser encontrado.
Os 60 anos da casa de chá Long Wa José Simões Morais - 11 Out 2021 Para saborear a atmosfera das antigas casas de chá de Cantão, aí já inexistentes, há ainda em Macau a possibilidade de usufruir esse estar na casa de chá Long Wa, situada no primeiro andar do n.º 3 da Rua Norte do Mercado Almirante Lacerda, aberta todos os dias das sete da manhã às duas da tarde. O prédio amarelo de dois andares, por detrás do Mercado Vermelho, chama a atenção do exterior pelos bonzais colocados ao longo da varanda a circundá-lo e nas suas sempre abertas janelas encontram-se nostalgicamente dependuradas algumas gaiolas já sem pássaros. Subindo as escadas para o primeiro andar, um mundo completamente fora do espectável. De frente, o balcão sem caixa registadora, mas onde repousa um ábaco e lateralmente abrem-se duas amplas salas, agora completamente atafulhadas de antiguidades, esculturas e mobílias, tendo nos últimos tempos aparecido, a substituir as cadeiras de madeira, inúmeras de plástico azul cerúleo a desfazer o ambiente. Nas paredes, entre as verdes janelas, relógios, quadros de caligrafia e pinturas, e o poster com o retrato de Mao Zedong. Desde a nossa última visita passaram quase dez anos pois, devido à fama alcançada não conseguimos em várias tentativas arranjar mesa para sentar. Sentíamos falta da saborosa comida, da qualidade do chá e daquele ambiente, que ao longo da nossa estadia em Macau foi desaparecendo com o fecho da maior parte das casas de chá então existentes, devido a irem paulatinamente fechando umas atrás das outras, deixando a cidade sem inúmeras das que nos anos 70 tinham aparecido. Abrira em 1962 com capital de Hong Kong, sendo o prédio construído de raiz para ser uma casa de chá e teve como gerente Ho Fong, nativo de Deqing, Guangdong, que viera da então colónia britânica para Macau em 1952. O negócio era florescente, chegando a ter mais de 60 empregados a trabalhar nas salas dos dois andares, ocupando a cozinha a metade do segundo andar, fora da vista dos clientes, onde num fogão a lenha se preparavam as iguarias da casa, a massa frita, carne de porco assada e pato à Cantão, sem faltar o famoso dim sam. Na década de 70, o gerente Ho Fong comprou-a ao seu patrão e Ho Meng Te, que estudara em Inglaterra, em 1976 veio trabalhar para ajudar o pai no negócio. CONVÍVIO COM OS PÁSSAROS Conhecia-a ao seguir um homem transportando três gaiolas e curioso, quis ver onde ia. Já nessa altura era só usado o primeiro andar para casa de chá, com uma virtual separação das duas distintas e airosas salas, recheadas de arte chinesa. As janelas estavam sempre abertas, pois nunca teve ar-condicionado, e por baixo delas as mesas dispostas ao longo das paredes com bancos corridos para duas pessoas em cada um dos lados. Junto ao local da água a ferver, uma estante guardava, além de chá, livros e catálogos, inúmeros diferentes bules e chávenas, parecendo pertença dos clientes que aqui quotidianamente passavam as manhãs num uníssono convívio com os seus pássaros, cujo tagarelar entre eles se juntava ao dos comensais, dando grande animação à sala. Nesse embriagante ambiente de um todo envolvente, o volume de som sustentava-se harmonioso e ia aumentando acompanhado pelo chilrear dos pássaros que na sua sensibilidade se ligava ao som das vozes até atingirem um clímax. Ao se dar pelo barulho da sala, repentinamente tudo se calava e o ruído suspenso perdia pé, imperando um monumental silêncio. Aos poucos uma voz animada se elevava e outra e mais outra, acompanhadas por um piar e mais um e outro e o avolumar da sala voltava a entrar em ebulição até ao momento de se atingir a atenção e então quebrava. Era o respirar da casa. Na fictícia divisão das salas, junto às escadas para o segundo andar da cozinha, num carrinho coziam a vapor as iguarias do dim sam, confeccionadas nos cestos redondos de bambu, com bolas de carne e de peixe, pão chinês não fermentado, carne de porco e o bolo de canela cantonense. Numa panela ao lado aquecia a sopa de arroz, o canji. As salas estavam divididas; a reservada para comer e conversar num convívio com o chá, sem a presença de pássaros, contava com os peixes dourados da boa sorte num enorme aquário. Na outra, dependuradas nas janelas as gaiolas dos pequenos chivit (de pelugem verde e um bico longo para o tamanho desta ave) que exibiam constantemente os seus atributos, tanto no canto como em voos com cambalhotas. Já nas mesas do centro da sala, dispostas de uma maneira desordenada, repousavam as gaiolas com os wa men, chamados também de olhos de long-ngán, com uma pelugem preta e junto aos olhos um traço branco, eram constantemente mudadas para obterem os lugares de privilégio mediante o movimento do ar. Durante os meses de Março, Abril e Maio realizavam-se frequentes combates entre estes pássaros. De um momento para o outro notava-se uma movimentação estranha na sala, deslocando-se as mesas para dar lugar no chão a duas gaiolas, cada uma com um macho, cobertas com um pano branco. Uma em frente à outra e ao lado de ambas era colocada a gaiola com uma fêmea. Em redor, a tensão dos espectadores em silêncio era transmitida aos machos que vendados sentiam a presença da fêmea. Aos poucos, já com os machos assanhados, era retirada a gaiola da donzela e os panos a envolver-lhes as gaiolas. Ainda separados pelas grades tentavam com bicadas atingir-se e abertas as portas, o mais assanhado atacava, entrando para a gaiola do adversário. Durante alguns minutos as bicadas sucediam-se e com as patas se agarravam entre eles, até que por fim, um fugia e o combate terminava. NOVOS TEMPOS Em 2003, na sala de chá foram os pássaros proibidos de entrar pois tornaram-se potenciais transmissores do H5N1 e assim muitos dos habituais clientes matinais com as suas aves deixaram de aparecer. A sala de chá Long Wa passou a ser então local de encontro de fotógrafos e onde se realizaram exposições de fotografia, não fosse o dono Ho Meng Te um apaixonado por arte. Com a abertura dos novos casinos apareceram clientes de todos os cantos do mundo e sobretudo da Malásia e Singapura, em busca das memórias antigas que já não encontravam nos seus países. O ambiente encantava e amplamente divulgado por artigos de jornal e programas de televisões em 2010 chegaram os turistas chineses do continente, sendo o filme Du cheng feng yün (O Mestre dos Jogos, ou From Vegas to Macau) de 2014 do realizador Wong Jing a catapultar a fama que atraiu para aqui verdadeiras multidões. Hoje, apenas um lado da sala é usada e os quatro trabalhadores e o jovem patrão dão conta do recado, garantindo à casa uma maior estabilidade, já que sem grandes encargos, mesmo neste período difícil como o que passa desde 2020, consegue manter-se aberta. Findo o dia de trabalho e após a sala limpa, às duas e meia, três da tarde, Ho Meng Te senta-se à roda da mesa com os seus empregados e tomam a refeição em conjunto. A casa de chá Long Wa guarda ainda as características e um ambiente das existentes antigamente e conseguiu sobreviver sem perder o charme.
TNR nepaleses e vietnamitas obrigados a fazer testes João Santos Filipe - 11 Out 202111 Out 2021 As autoridades detectaram dois casos positivos de covid-19 relativos a trabalhadores não-residentes do Interior da China e Vietname, e declararam nepaleses e vietnamitas como grupos de alto risco de infecção O Executivo definiu todos os vietnamitas e nepaleses não-residentes em Macau como grupos de alto risco de infecção de covid-19. A decisão de testar as pessoas com base na nacionalidade foi anunciada no sábado, após de terem sido identificado os casos 76.º e 77.º, com nacionalidades chinesa e vietnamita. Além de vietnamitas e nepaleses, também as classes profissionais de trabalhadores de obras de remodelação, pessoal de lavandarias e seguranças foram classificados como de grupos de riscos. A classificação implica que estes grupos sejam sujeitos a quatro testes de ácido nucleico, intercalados por um dia. O Executivo espera que o procedimento fique concluído até à próxima semana. “Esta medida não é de todo discriminatória, tem por base uma avaliação dos riscos, tendo em conta que os casos recentes ocorreram com pessoas de nacionalidades nepalesa e vietnamita”, defendeu Leong Iek Hou, médica. Ontem, os Serviços de Saúde (SSM) ainda não sabiam a dimensão dos grupos de alto risco. “Ainda estamos a fazer as estatísticas, mas com base na marcação, houve 11 mil marcações hoje [ontem] e amanhã [hoje] há mais de 4 mil, o que faz com que haja um total de mais de 15 mil agendamentos”, afirmou Tai Wa Hou. “Este é o cálculo que temos até agora”, acrescentou. Novas infecções No sábado foram identificados mais dois casos de infecção em pessoas que receberam as duas doses da vacina da Sinopharm. O primeiro caso é relativo a um trabalhador não-residente do Interior, com 53 anos. O homem vivia na mesma casa que o 75.º caso, e também era pedreiro. O segundo caso envolve uma empregada doméstica vietnamita, com 49 anos, que trabalhava no edifício Bayview, na Areia Preta. A empregada foi colocada de quarentena, mas antes esteve com o empregador, um homem que trabalhou no centro de testes em massa do Hospital Kiang Wu. O contacto levantou questões sobre o possível contágio num dos maiores centros de testagem do território, mas os SSM dizem que o risco é baixo. “Durante o procedimento ele estava equipado com o fato de protecção. Durante o descanso, tirou a máscara e falou com presentes. Todas essas pessoas estão classificadas como contacto próximo de segunda via, mas não houve contacto directo com o público”, afirmou Tai Wa Hou, médico e coordenador do programa de vacinação. “Segundo a nossa avaliação, o risco de transmissão é baixo”, considerou. Transferência com tufão O fim-de-semana ficou também marcado pela transferência das pessoas que estavam em quarentena no Edifício San Mei On, onde habitava o caso 75.º, 76.º e 77.º, para o Hotel Tesouro. A mudança ocorreu durante a passagem do tufão Lionrock, quando estava içado o sinal número três, e depois de se concluir que o edifício que estava classificado com código vermelho não tinha condições necessárias para garantir que não haveria mais casos. Segundo Alvis Lo, director dos SSM, a decisão teve por base as “dificuldades no apoio à sobrevivência e à realização de testes de ácido nucleico” durante a passagem do tufão. A transferência foi realizada numa lógica de circuito fechado, sem contacto com a comunidade, e envolveu mais de 800 pessoas e um total de 400 quartos. A organização das pessoas pelos espaços ficou a cargo da Direcção de Serviços de Turismo. Regresso a Zhuhai O Governo anunciou ontem um mecanismo para que os alunos com menos de 14 anos que vivem em Zhuhai possam regressar a casa, a partir de amanhã. A medida envolve 500 estudantes e cada um pode fazer-se acompanhar de um adulto. Antes de partirem para Zhuhai os alunos têm de fazer um teste e depois quarentena em casa. A medida não está disponível para todos os alunos retidos, apenas para os que cumpre os critérios negociados entre Macau e Zhuhai, que não foram revelados.
Alimentação | Pequim tenta reduzir desperdício face a clima extremo Andreia Sofia Silva - 11 Out 2021 O clima extremo que afecta importantes regiões agrícolas da China constitui um desafio para a segurança alimentar do país mais populoso do mundo, apontam especialistas, numa altura em que Pequim tenta reduzir o desperdício alimentar [dropcap]O[/dropcap]s efeitos das alterações climáticas na agricultura levaram à acção das autoridades, em particular no combate ao desperdício alimentar. “Certamente tem impacto na produção e armazenamento de grãos”, explicou à agência Lusa Cao Yang, alto quadro das reservas de grãos da China. “O futuro das alterações climáticas é muito imprevisível e, por isso, devemos atribuir-lhe grande importância. É um teste para todo o mundo”, realçou o também professor da Universidade de Agricultura e Silvicultura da Universidade de Zhejiang, no leste da China. Níveis recorde de precipitação registados este Verão em Henan, província líder na produção agrícola da China, causaram mais de 300 mortos e obrigaram à retirada de 1,5 milhão de pessoas. As perdas económicas directas ascenderam a 14.269 milhões de yuans. Fenómenos semelhantes ocorreram na Alemanha e Bélgica no mesmo período. O país asiático alimenta quase 19 por cento da população mundial com apenas 8,5 por cento das terras aráveis do mundo. Em comparação, o Brasil, por exemplo, tem quase 7 por cento das terras aráveis para 2,7 por cento da população mundial. Estes números tornam a segurança alimentar ou a gestão das reservas de grãos ou proteína animal em questões de alto interesse para Pequim, explicou Li Peiwu, o director do laboratório nacional da China para experiências agrícolas, à agência Lusa. “Esta tem sido uma questão para a China desde os tempos antigos”, apontou. “O Governo chinês sempre atribuiu grande importância à segurança alimentar. O secretário-geral [do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping], costuma dizer que os chineses devem segurar firmemente as tigelas de arroz com as suas próprias mãos”, descreveu. Encher a barriga Este ano, o país asiático promulgou uma ampla lei, destinada a reduzir o desperdício de alimentos. Ao comer fora, os anfitriões chineses tradicionalmente pedem comida em excesso, como forma de demonstrar hospitalidade aos convidados, mas os restaurantes podem agora cobrar uma taxa extra aos clientes que desperdiçam grande quantidade de comida. Os estabelecimentos que encorajam pedidos excessivos recebem, primeiro, um aviso e, de seguida, uma multa de até 10.000 yuans por reincidência. Segundo estimativas oficiais, a restauração é responsável pelo desperdício de cerca de 18 milhões de toneladas de alimentos por ano no país asiático, o suficiente para alimentar até 50 milhões de pessoas, de acordo com a Academia de Ciências Sociais da China. Mas o retalho representa apenas metade do problema. Uma quantidade equivalente é desperdiçada durante a fase de produção, ou colheita, fixando o total das perdas em cerca de 35 milhões de toneladas. “Para reduzir as perdas de grãos, devemos contar com o progresso científico e tecnológico (…) no processo produtivo, através da semeadura de precisão, melhoria do nível de mecanização da colheita, e aplicação de conceitos de agricultura inteligente e aprimoramento da capacidade e funcionalidade das instalações de armazenamento”, explicou Li Peiwu. A campanha contra o desperdício atingiu também figuras que se tornaram célebres nas redes sociais pelos seus vídeos a devorar grandes quantidades de comida.
Kou Kam Fai diz que vacinas podem impedir encerramentos de alunos Pedro Arede - 11 Out 202111 Out 2021 O deputado nomeado Kou Kam Fai considera que a vacinação de alunos é a chave para impedir que as escolas fechem portas perante novos casos de covid-19. Para o também director da Escola Pui Ching é necessária uma maior adaptação ao ensino online e a adopção de manuais escolares mais próximos dos usados no Interior da China O deputado nomeado Kou Kam Fai defendeu na passada sexta-feira que a vacinação dos alunos de Macau contra a covid-19 é a melhor solução para que as escolas do território não tenham de encerrar sempre que se registem surtos comunitários. Durante o programa “Fórum Macau” do canal chinês da TDM-Rádio Macau, o também presidente da Escola Pui Ching vincou que, apesar de não ser ideal, o ensino online é a melhor ferramenta à disposição de docentes e alunos para fazer face ao encerramento das escolas e prosseguir o plano de estudos. Contudo, o responsável aponta que é necessário maior acompanhamento ao nível do processo. “Acredito que as aulas online têm um certo impacto nos alunos. É claro que as aulas presenciais são melhores, mas, para garantir que a aprendizagem continua enquanto as aulas físicas estão suspensas, não temos outras soluções, só podemos providenciar aulas online. Os Serviços de Educação já lançaram orientações claras a indicar que as aulas online devem ser realizadas de forma adequada e é preciso acompanhar o processo para que os alunos se adaptem a este modo de ensino. Espero que todos os professores, pais e alunos possam comunicar quando precisarem”, referiu Kou Kam Fai, citado pela TDM-Rádio Macau. Após agradecer a confiança do Chefe do Executivo pela nomeação para a próxima legislatura enquanto deputado, Kou Kam Fai apontou durante a emissão que, das suas frentes de combate farão parte, o desenvolvimento do sector da educação de Macau e a integração na zona da Grande Baía. Seguir o livro Sobre este último tema, o deputado nomeado defendeu que, dado o previsível aumento de estudantes de Macau a rumar ao Interior da China para estudar, deviam ser adoptados manuais escolares mais próximos dos utilizados do outro lado da fronteira. “Neste momento, cerca de 30 por cento dos estudantes de Macau dão continuidade aos seus estudos no Interior da China. Acredito que esta será uma tendência que vai aumentar no futuro. Muitos dos manuais escolares têm como referência os manuais utilizados no sistema de ensino do Interior da China. [Ao todo], quase 50 por cento dos estudantes ficam em Macau e cerca de 10 por cento dos estudantes vão estudar para o estrangeiro. Deviam ser fornecidos manuais escolares mais próximo do sistema de educação do Interior da China para os alunos que querem prosseguir os estudos na China”, partilhou Kou Kam Fai, segundo a TDM-Rádio Macau. O director da Escola Pui Ching foi ainda confrontado com o facto de os alunos de Macau serem “menos trabalhadores” que os estudantes do Interior da China e que por isso deviam ser submetidos a uma educação “mais rígida”. Segundo o portal Macau Concealers, Kou Kam Fai concordou com o argumento que os estudantes de Macau “não são tão competitivos”, mas que, em contrapartida, “são mais felizes”.
Inundações na RAEM (III) Mário Duarte - 11 Out 2021 Da reconstrução da matriz morfológica da RAEM A primordial preexistência de um tecido urbano é a sua morfologia geográfica. É isso que determina a preferência de determinado local em relação a outros para a formação urbana, como também determina o modo da ocupação urbana desse local. Dessas características ressaltam condições favoráveis para a formação urbana, como resultam moldes de ocupação, desenvolvidos por engenho e por arte, que tiram melhor partido dessas condições iniciais favoráveis. A segurança (que em português tanto significa security como safety) é igualmente critério por que se pauta a escolha dos locais e os moldes da ocupação. A génese da formação urbana na península de Macau pautou-se pelas vantagens da configuração do litoral, mas também se pautou pela segurança que as colinas conferem, face à contingência da presença da hidrologia. Assim, a cidade caracterizou-se por dois anfiteatros, um orientado para a Praia Grande e outro para o Porto Interior, inicialmente distintos, social e funcionalmente, mas unidos pela cumeeira comum e contínua da Colina da Penha. Era esse o perfil geográfico mais seguro em caso de inundação, a que correspondia, e que ainda corresponde, grande parte da Rua Central. Na Rua Central localizaram-se igrejas principais desde a Sé a S. Lourenço, o comércio ocidental, passando pelo centro administrativo, o Largo do Senado, ao qual se acedia pelas rampas que hoje correspondem às travessas do Roquete, da Misericórdia e de S. Domingos. Com a mesma Rua Central comunicavam privilegiadamente os tardozes dos palácios da Praia Grande, assim como as mansões chinesas viradas ao Porto Interior. Do que já vinha infra-estruturando e caracterizando a fábrica da cidade por aplicação de modelos urbanos ocidentais, chegaram também a Macau os modelos ocidentais de apetrechamento e de actualização das mesmas tradições urbanísticas ocidentais. Na Europa foi a abertura dos territórios nacionais pelo caminho de ferro, e a abertura das cidades a esses territórios através de estações, e ao mundo através de portos, que espoletou o movimento de pessoas, assim como o movimento de bens e de serviços, e que determinou mudanças radicais nos centros das cidades, na maior parte ainda de matriz medieval. Todas estas transformações tinham em vista a abertura do espaço urbano para uma melhor circulação e qualidade ambiental, introduzindo o novo modelo de vias a que se chamou boulevard. Teve como modelo mais paradigmático as transformações efectuadas na cidade de Paris pelo Barão Haussmann (1809 – 1891), enquanto conduziu a prefeitura do Sena (1853-1870), que se pautaram pelas aspirações de uma classe média que passou a predominar nos centros das cidades, como se pautaram pelos mesmos fundamentos intelectuais que tinham aberto caminho ao liberalismo económico e puseram termo ao “ancien regime”. Em Macau o mesmo modelo, movido pelos mesmos pressupostos, formou a iniciativa da abertura da Av. de Almeida Ribeiro, conhecida por San Ma Lou em chinês, ou tão simplesmente, a “avenida nova”. Comando que se atribui a Carlos da Maia (1878-1921), enquanto Governador de Macau (1914-1916). Macau passou assim a ser dotado de uma nova via principal, moderna, arejada por duas frentes marítimas, ligando os dois anfiteatros urbanos, social e funcionalmente distintos até então, integrando uma nova acessibilidade, criando um polo com funções onde predominou a classe média, e colocando a cidade em comunicação verdadeiramente cosmopolita com outras regiões e com o mundo, através de um porto. Por tudo isso, essa só pode ter sido uma intervenção esclarecida, pois nela se reflectem muitos dos fundamentos intelectuais por que o modelo se pautou. Para essa realização foi necessário rasgar parte da cumeeira geográfica a que correspondia a Rua Central. É essa a razão por que se desce por escada da Sé à Av. Almeida Ribeiro, e por rampa, mais inclinada que outrora, da Rua Central à Av. Almeida Ribeiro. Disso resultou que a morfologia da colina da Penha se isolou do resto da cidade, ou seja, interrompeu-se a continuidade da circulação segura que servia toda a cidade no caso de inundação das zonas baixas. Em grande medida é isso que hoje também reduz a fruição da continuidade do Centro Histórico de Macau, tal como está hoje definido, agravada pela forma como se encontram definidos os atravessamentos pedonais da Av. Almeida Ribeiro. Chegados aqui, importa dizer que as estratégias por se pauta a infra-estruturação das cidades são sempre aquelas que resultam do que anima e preocupa o momento histórico. Efectivamente, à data, o delta do Rio das Pérolas não estava ocupado como se encontra hoje, nem a maré precisava de se espraiar pela cidade por já não ter espaço no estuário. À data, a cidade apenas estava histórica, funcional e intelectualmente desactualizada e estiveram disponíveis os instrumentos para uma actualização necessária. Presentemente a inundação das zonas baixas da Península de Macau é preocupação e importa conhecer quais são as zonas que podem ficar geograficamente isoladas. Importa conhecer se toda a Colina da Penha pode ficar isolada da Península de Macau, de onde depende da quase totalidade dos dispositivos da protecção civil, no dia em que toda a Av. Almeida Ribeiro passar a ser considerada zona de inundação. Como importa avaliar da autonomia dessa colina, no que respeita a serviços de apoio, pois os locais de refúgio do Poto Interior, no caso de inundação, são parte na Colina do Monte, mas outra parte na Colina da Penha. A segurança contra inundações pauta-se por critérios que, em grande medida, é possível retirar da segurança contra incêndios, com adaptações óbvias. Os espaços dos edifícios são igualmente seccionados por compartimentação de segurança, todas essas áreas são dotadas de escapatórias própria e alternativas, os caminhos de evacuação devem ser convenientemente enclausurados. No caso do risco de incêndio, as portas devem ter adequada resistência ao fogo, mas no caso do risco de inundação, as portas deverão ter adequada estanqueidade. Neste caso falamos principalmente de caves. Os espaços urbanos devem ser na generalidade e alternativamente acessíveis por vias que acomodem a circulação e a manobra dos veículos de emergência, de resgate e de combate a incêndios. No caso de segurança contra inundações os mesmos locais já têm que ser acessíveis por vias acima do nível da inundação. Por isso, e alternativamente importaria avaliar da possibilidade de a Rua Central ser infra-estruturada com uma passagem desnivelada, que de novo a ligasse à Rua da Sé, sobrevoando a Av. de Almeida Ribeiro, e que fosse acessível a peões e a veículos, nomeadamente a veículos de emergência e de resgate, recuperando a continuidade da mesma cumeeira que no passado serviu a cidade. Um tipo de intervenção que reclama engenho e arte. Importa ainda clarificar que esta zona integra o Centro Histórico de Macau, inscrito na lista do património mundial classificado pela UNESCO, e relevar que o que justifica a inscrição de monumentos e lugares na lista do Património Mundial da UNESCO, não é a antiguidade mas “o valor universal excepcional” dessas realizações. Exactamente aquilo que se alcançou por engenho e por arte e que habilita as realizações de hoje a inscrições na lista desse património no futuro. Classificação que se pauta por 10 critérios onde importa “o desenvolvimento de formas de relevo ou características geomórficas significativas” (vd. critério 8); Falamos de infra-estruturas urbanas que se caracterizam por disposições construtivas fundamentais e necessárias para estabelecimento e suporte da vida urbana. Avaliam-se por uma análise S.W.O.T., nomeadamente no sentido de aferir oportunidades e de tirar o maior partido do esforço da iniciativa (vd. Plano Director IX – Oportunidade para uma análise S.W.O.T., em Hoje Macau – 11 Jun 2021) Inscrevem-se em legítima espectativa dos habitantes da cidade junto dos seus administradores. São dispositivos em permanente actualização face ao acréscimo de complexidade por que a vida urbana evolve. Por vezes caracterizam-se na sua concepção por qualidades semelhantes aos humanos e às organizações, nomeadamente por resiliência. I.e., a capacidade de se manterem funcionais na perturbação. Têm a capacidade de colocar os habitantes em paz com as suas instituições. Nunca será demais lembrar Thomas Heatherwick, pelo seu manifesto de 2013 “I don’t like design, at all”, onde clamou que “o que define o carácter de uma cidade é sua infra-estrutura, não é um edifício extraordinário”. “É a infra-estrutura da cidade que a diferencia, mais do que um museu ou a casa chique de alguém”. Sempre se dirá que a infra estrutura mais primordial de uma cidade é a forma urbana.
Governo nega que ligações familiares de Alvis Lo tenham evitado isolamento João Santos Filipe - 11 Out 2021 Os Serviços de Saúde (SSM) recusaram que as ligações familiares do director, Alvis Lo, tenham estado na origem da decisão que evitou que o edifício Bayview fosse isolado e os moradores classificados com código de saúde amarelo ou vermelho. A polémica surgiu depois de identificado o 77.º caso de covid-19, relativo a uma mulher vietnamita que trabalhava como empregada doméstica no Bloco 3 do Edifício Bayview. Contudo, ao contrário do que tem sido habitual nestas situações, o edifício não foi classificado com código de saúde amarelo ou vermelho, levando a que os moradores ficassem restringidos nas deslocações. Em último caso, até poderiam ser obrigados a cumprir quarentena. Após a decisão, surgiram rumores que no Bloco 3 do edifício habitavam familiares de Alvis Lo, director dos SSM, e do subdirector dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude, Kong Chi Meng. Além disso, foi também referido nas redes sociais que no mesmo edifício vivem membros da família Ma, uma das mais influentes do território. O assunto foi abordado na conferência de imprensa de sábado, com a médica Leong Iek Hou a recusar qualquer tratamento preferencial. Após surgirem rumores, Leong entrou em contacto com Alvis Lo, que terá garantido que nenhum dos seus familiares vivia no Bloco 3 do edifício. A médica afirmou também que o mesmo acontecia com Kong, que não morava no edifício em causa. A situação dos familiares do desaparecido Ma Man Kei nunca foi abordada. Todos negativos Apesar de não ter sido classificado como zona amarela ou vermelha, o Governo decidiu controlar as entradas no Bayview e não permitiu que ninguém saísse, até que todos os moradores e ocupantes fossem testados. Os testes terminaram no sábado, com todos os moradores autorizados a circular normalmente entre a comunidade. “A amostragem, que começou às 08h e terminou às 14h30, revelou que os resultados de teste de ácido nucleico dos 771 moradores e das 102 amostras ambientais dos espaços públicos deram todos negativos”, foi anunciado, em comunicado. Sobre os critérios para situações semelhantes no passado, Leong Iek Hou justificou que a fonte de contágio tinha sido identificada no contacto com o caso 75.º, que não trabalhava no mesmo edifício. Além disso, foi indicado que a trabalhadora doméstica nunca tinha tido qualquer teste positivo até 8 de Outubro e que estava em quarentena desde o dia 5 de Outubro.
Crianças com mais de 12 anos vão poder receber vacina da Sinopharm João Santos Filipe - 10 Out 2021 Macau vai seguir o Interior e começar a administrar a vacina a menores. Tai Wa Hou afirmou já estar demonstrado que a vacinação é segura mesmo em crianças As crianças com mais de 12 anos podem ser inoculadas com a vacina da Sinopharm. O anúncio foi feito ontem durante a conferência de imprensa dos Serviços de Saúde, com o programa de vacinação a ser retomado hoje, depois da pausa forçada para os testes em massa. “Quanto ao plano de vacinação, para as crianças com idades entre os 12 e 17 anos, as vacinas Sinopharm e Sinovac têm-se mostrado seguras e eficazes”, começou por explicar Tai Wa Hou, médico responsável pelo programa de vacinação. “Vamos ter como referência a forma de tratamento do Interior, para ver se podemos ajudar na situação de Macau”, acrescentou. A medida foi anunciada no mesmo dia em que a vacinação passou a ser obrigatória para quem vem do estrangeiro e pretende entrar em Macau por via aérea. Sobre a questão da obrigatoriedade, foi explicado que tem como objectivo reduzir os casos locais relacionados com casos importados. “Todos os indivíduos que viajam para Macau do estrangeiro têm de estar vacinados. Só depois de 14 dias após terem recebido a segunda dose da vacina podem vir para Macau pela via aérea”, explicou Leong Iek Hou, médica. “A medida tem como finalidade reduzir a hipótese de surgirem casos importados em Macau e evitar casos relacionados na comunidade”, acrescentou. Política de casos zero mantida No entanto, a mudança nos registos está longe de garantir que as pessoas vão ser dispensadas de quarentenas de 21 dias, mesmo vacinadas. Leong Iek Hou recusou igualmente haver mudanças na política de entrada, por considerar que a actual taxa não vai proteger os idosos. “Para adoptarmos uma política de convivência com o vírus [como em outros países] temos de garantir que não há infecções graves. Mas, só podemos garantir a convivência quando é assegurado que o número de casos de covid-19 é reduzido, porque não queremos que haja mortalidade entre a população idosa”, explicou Leong. “Para adoptarmos o modelo de convivência temos de ter altas taxas de inoculação, acima de 80 por cento da população, principalmente entre a população idosa”, completou. Vietnamitas investigados Também ontem, foi anunciado que os pacientes identificados como casos números 74 e 75, um homem e uma mulher vietnamitas, estão a ser investigados por trabalho ilegal. A revelação foi feita por Ma Chio Hong, chefe de Divisão de Operações e Comunicações: “O trabalhador vietnamita está a ser investigado porque estaria a transgredir [trabalhar numa área diferente da autorização]. No caso número 75, a trabalhadora nem tinha título de Trabalhador Não-Residente”, revelou. “Só vamos avançar com as investigações quando os dois terminarem o período de quarentena”, explicou. Até ontem às 9h tinham sido feitos 681.579 testes de ácido nucleico, todos com resultados negativos. Entre estes, dois terços, ou seja, dois testes em cada três, tinham sido feitos pela via oral. Os restantes foram realizados pelo nariz. O programa de testes terminou ontem às 21h.
Literatura | Prémio Nobel para o tanzaniano Abdulrazak Gurnah Hoje Macau - 10 Out 2021 A Academia Sueca distinguiu com o Nobel da Literatura o escritor tanzaniano Abdulrazak Gurnah “pela sua penetração compassiva e intransigente dos efeitos do colonialismo e do destino dos refugiados no fosso entre culturas e continentes”. Hoje é conhecido o Nobel da Paz, depois de já terem sido revelados os prémios da Química, Física e Medicina [dropcap]O[/dropcap] Comité do Nobel da Literatura anunciou ontem que o prémio deste ano foi para o escritor tanzaniano Abdulrazak Gurnah, autor de “Paradise” e “Desertion” e de obras que reflectem as consequências do colonialismo e a condição dos refugiados. Nascido em 1948 na ilha de Zanzibar, na Tanzânia, Abdulrazak Gurnah mudou-se para o Reino Unido nos anos 60 com o estatuto de refugiado. Apesar do Swahili ser a sua primeira língua, Gurnah cedo começou a escrever em inglês, fazendo desta a sua ferramenta literária. Esta foi a primeira vez desde 2012 que o Nobel é atribuído a um escritor não europeu ou americano: nesse ano foi Mo Yan, escritor chinês, a receber o prémio. O autor, nascido na Tanzânia, foi assim distinguido este ano com o prémio literário, depois de este ter sido atribuído em 2020 à poetisa Louise Glück, em 2019 ao romancista, poeta e dramaturgo Peter Handke e em 2018 à romancista e contista Olga Tokarczuk. De acordo com a Academia Sueca, o grosso da obra de Gurnah — consistente em 10 romances e vários contos — debruça-se sobre a condição do refugiado, da dificuldade entre manter a identidade que se carrega e a que é preciso criar numa nova terra. Abdulrazak Gurnah não tem actual obra traduzida disponível em Portugal. O seu único título trazido para o mercado nacional é “Junto ao Mar”, editado pela defunta Difel, em 2003. Tal como ocorreu em 2020, o Comité do Nobel da Literatura anunciou que os vencedores das diferentes categorias do Nobel não tomarão parte no tradicional jantar que ocorre em Dezembro em Estocolmo devido à situação pandémica. Por isso mesmo, a cerimónia de entrega e os discursos dos vencedores são transmitidos. Ciências da natureza Na quarta-feira foi a vez do prémio Nobel da Química, entregue ao alemão Benjamin List e ao escocês David MacMillan “pelo desenvolvimento de organocatálises assimétricas”. Os dois cientistas, apesar de manterem investigações em separado, chegaram a uma maneira de desenvolver moléculas de forma mais rápida e que possibilita maiores avanços no ramo farmacêutico. Segundo a Academia Sueca, os dois laureados desenvolveram “uma nova e engenhosa ferramenta para o fabrico de moléculas” através de “organocatálise”, o que permite a “investigação de novos fármacos e já permitiu começar a tornar o ramo da química mais verde”. A descoberta consiste no facto de que, à data, se acreditar que apenas metais e enzimas fossem capazes de catalisar a formação de moléculas. No entanto, o seu processo de “organocatálise assimétrica” permite que se criem “pequenas moléculas orgânicas”, o que facilita avanços em múltiplas indústrias. A criação molecular é uma parte fundamental da química, o que, por sua vez, alimenta muitos dos avanços científicos já realizados e ainda por realizar. Até agora, a formação de moléculas estava a cargo de enzimas, isoladas pelos cientistas e sujeitas a experiências para provocar reações químicas. Agora, porém, houve avanços. Se List conseguiu catalisar a criação de moléculas não através de uma enzima, mas de um aminoácido chamado prolina, já MacMillan chegou à conclusão que os catalisadores metálicos se destruíam através da mistura e que talvez fosse necessário criar um tipo de catalisador mais duradouro. O estudo do caos O Nobel da Física deste ano foi atribuído a Syukuro Manabe, Klaus Hasselmann e Giorgio Parisi “pelas suas contribuições para a nossa compreensão de sistemas físicos complexos”. A Real Academia Sueca de Ciências explica que os três laureados foram distinguidos “pelos seus estudos de fenómenos caóticos e aparentemente aleatórios. Syukuro Manabe e Klaus Hasselmann estabeleceram a base de nosso conhecimento sobre o clima da Terra e como a humanidade o influencia. Giorgio Parisi é distinguido pelo seu contributo revolucionário para a teoria de materiais desordenados e processos aleatórios”. O primeiro prémio do ano a ser conhecido foi o Nobel da Medicina, atribuído conjuntamente a David Julius e Ardem Patapoutian pelas “descobertas de receptores de temperatura e tacto”. As suas descobertas explicam como o calor, o frio e o tacto enviam sinais ao sistema nervoso. “A nossa capacidade de sentir calor, frio e o tacto são essenciais para a sobrevivência e para a interação com o mundo à nossa volta. No nosso dia-a-dia tomamos essas sensações como garantidas, mas como é que os impulsos nervosos são iniciados, para que a temperatura e a pressão sejam percepcionados? Esta foi a resposta que os laureados pelo Nobel [da Medicina de 2021] encontraram”, explica o comité Nobel. David Julius utilizou a capsaicina, um composto químico e o componente activo das pimentas que induz uma sensação de ardor para identificar um sensor nas terminações nervosas da pele que respondem ao calor. Já Ardem Patapoutian utilizou células sensíveis à pressão para descobrir um novo tipo de sensores que respondem ao estímulo mecânico na pele e nos órgãos internos. Como resultado destas descobertas, passou a ser possível compreender melhor como o calor, o frio e o toque são processados pelo sistema nervoso, sendo que os canais iónicos identificados são importantes para muitos processos fisiológicos e situações de doença. O conhecimento adquirido está já a ser utilizado no desenvolvimento de tratamentos para uma série de patologias, incluindo dor crónica. “Os laureados identificaram os elos essenciais que faltavam à nossa compreensão sobre a complexa interacção entre os nossos sentidos e o meio ambiente”, conclui o comité Nobel. Até às descobertas alcançadas por David Julius e Ardem Patapoutian, a compreensão do funcionamento do sistema nervoso e a interpretação do ambiente à sua volta desconhecia ainda como é que a temperatura e os estímulos mecânicos eram convertidos em impulsos eléctricos no sistema nervoso. David Julius nasceu em Nova Iorque, em 1955, e é atualmente professor na Universidade da Califórnia. Ardem Patapoutian nasceu em Beirute, no Líbano, em 1967, mas mudou-se durante a juventude para os Estados Unidos e é agora cientista no instituto Scripps Research, em La Jolla, na Califórnia.
Centro de acolhimento da Cáritas com pico de migrantes desalojados Pedro Arede - 10 Out 2021 Paul Pun revelou que o centro de acolhimento da Cáritas recebeu na quarta-feira, o maior número de pedidos de ajuda desde 25 de Setembro, por parte de trabalhadores migrantes desalojados em Macau. Para o responsável, a população deve “trabalhar em conjunto” para promover a abertura das fronteiras O secretário-geral da Cáritas, Paul Pun revelou que, desde que o centro de acolhimento destinado a abrigar trabalhadores migrantes desalojados em Macau começou a operar, foi registado um pico de pedidos de ajuda na passada quarta-feira. “Ontem [quarta-feira] foi o dia com maior procura por abrigos desde o dia 25 de Setembro. O número de pessoas que recorre ao serviço é variável, dado que a situação continua a prolongar-se e mais pessoas começaram a tomar conhecimento do serviço que está a ser prestado pela Cáritas e acabam por ficar no abrigo temporário”, partilhou o responsável ao HM, acrescentando que um número exacto será divulgado mais tarde pelo Governo. Recorde-se que a Cáritas Macau começou a disponibilizar abrigos aos trabalhadores não residentes (TNR), na sequência de ter sido identificado a 25 de Setembro, um primeiro surto depois de uma residente de Macau oriunda da Turquia e outros seis casos conexos terem sido diagnosticados com covid-19. A situação agravou-se dias depois, quando, após diagnosticados novos casos a 2 de Outubro, as autoridades de Zhuhai terem decidido decretar quarentena obrigatória de 14 dias para todos os que se deslocam de Macau para o território vizinho. Segundo Paul Pun, as pessoas que tem recorrido ao abrigo “estão satisfeitas e agradecidas” por utilizar os serviços prestados pela Cáritas sob a alçada do Instituto de Acção Social (IAS), sendo que 90 por cento dos utilizadores dizem respeito a TNR e os outros 10 por cento são residentes locais. Questionado sobre o impacto que os sucessivos surtos de covid-19 e o prolongamento das restrições fronteiriças estão a ter na população, o secretário-geral da Cáritas não tem dúvida que os residentes de Macau enfrentam actualmente “muitas incertezas” e que há “quem não vislumbre qualquer futuro”. “De uma maneira geral, os residentes de Macau estão debaixo de grande pressão e encaram muitas incertezas, pois não sabem quanto tempo mais é que esta situação vai durar. Outras pessoas não veem qualquer futuro neste momento”, partilhou. Unir esforços Contudo, Paul Pun defende que as “mudanças dramáticas” que a população tem vivenciado nos últimos tempos têm contribuído, de certa forma, para ensinar os residentes a “enfrentar dificuldades” e a “preocupar-se mais uns com os outros”. “Temos visto cada vez mais voluntários a oferecer-se para nos ajudar”, vincou. “A Cáritas serve para preencher as lacunas existentes. Não temos poder nem recursos, mas com a ajuda dos voluntários conseguimos resolver alguns problemas”, referiu Paul Pun. Sobre o progressivo retorno à normalidade, que passará pela reabertura de fronteiras ao exterior, o responsável sublinhou que tal só será uma realidade se a população for capaz de trabalhar em conjunto e aderir à vacinação. “Acho que ninguém pode tomar a decisão de abrir as fronteiras. Essa mudança deve ser feita por toda a sociedade, não apenas pelo Governo. Quando os cidadãos de Macau trabalharem em conjunto, as mudanças vão acontecer. Isto quer dizer que nos devemos proteger [através da vacinação], cumprir todas as medidas de prevenção epidémica e ajudar-nos uns aos outros”, apontou Paul Pun.
Suíça | Pequim classifica como “construtivo” encontro com EUA Hoje Macau - 10 Out 202110 Out 2021 A reunião entre altos cargos das duas nações em território neutro pôs alguma água na fervura e fez descer as tensões acumuladas nos últimos tempos. Um encontro virtual entre Joe Biden e Xi Jinping, até ao fim deste ano, continua a ser uma carta em cima da mesa [dropcap]A[/dropcap] China descreveu ontem como “construtivo” o encontro entre o conselheiro de Segurança Nacional do Presidente dos Estados Unidos, Jake Sullivan, e o chefe da diplomacia chinesa, Yang Jiechi, na cidade suíça de Zurique. “A reunião foi construtiva e propícia para melhorar o entendimento”, apontou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, em comunicado. “Foi acordado fortalecer a comunicação, lidar adequadamente com as diferenças, evitar conflitos e trabalhar para que as relações bilaterais retornem ao caminho certo”, lê-se na mesma nota. A relação entre as duas maiores economias do mundo deteriorou-se, nos últimos anos, abalada por atritos no comércio, tecnologia, Direitos Humanos ou segurança. O comunicado chinês não refere se o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, realizarão um encontro virtual, antes do final deste ano, conforme afirmou na quarta-feira o alto funcionário dos EUA. A mesma fonte sublinhou que Washington deseja “estabilidade”, para “poder competir de forma intensa, mas responsável”, embora Pequim tenha salientado ontem que se opõe ao uso da palavra “competição”, para definir as relações entre os dois países. Yang disse que a China quer uma “coexistência pacífica”, enquanto Sullivan enfatizou que os EUA vão “continuar a investir na sua própria força nacional” e a “trabalhar com os seus aliados e parceiros”, de acordo com o comunicado da Casa Branca. Caminho do respeito Segundo o comunicado chinês, Yang disse ao seu interlocutor que espera que os EUA adoptem “políticas racionais e pragmáticas” e não usem “questões de soberania e segurança” para “interferirem” nos assuntos internos da China. O comunicado chinês também refere que os Estados Unidos “aderiram” ao acordo, segundo o qual Washington reconhece Pequim como o único Governo de toda a China. Taiwan é um dos principais motivos de conflito entre as duas potências, especialmente porque Washington é o principal fornecedor de armas da ilha e seria o seu maior aliado militar, caso a China tente a reunificação através da força. Ambas as partes concordaram que a conversa ocorreu num tom “respeitoso”, em contraste com a cimeira de Março, na qual os representantes de ambas as potências protagonizaram uma acesa troca de acusações.
Associações de Táxis pedem orientações para desinfectar viaturas João Santos Filipe - 10 Out 2021 Além de referirem que os profissionais do sector têm uma elevada taxa de vacinação e fazem uso escrupuloso da máscara, as associações de taxistas querem indicações claras sobre como devem desinfectar as viaturas O sector dos táxis está preocupado com a falta de orientações dos Serviços de Saúde (SSM) sobre como deve ser feita a desinfecção das viaturas, principalmente numa altura em que se vive novo surto. As declarações foram prestadas por representantes da Associação Geral de Condutores de Táxi de Macau e Associação dos Comerciantes e Operários de Automóveis de Macau, ao Jornal do Cidadão. De acordo com Leng Veng Sai, presidente da Associação dos Comerciantes e Operários de Automóveis de Macau, há um medo generalizado, que levou muitos condutores a não trabalharem nos últimos dias. Por um lado, Leng sublinhou que o sector é dos que tem maior taxa de vacinação, devido ao entendimento entre taxistas que a profissão exige contacto próximo com o público. Por outro, admitiu que o novo surto levou a que muitos optassem por deixar as viaturas paradas, por medo de serem contagiados. Neste sentido, o dirigente associativo pediu aos SSM orientações sobre a melhor forma de desinfectar viaturas, incluindo os produtos mais aconselhados. Este cenário de “terror” foi igualmente partilhado por Kuok Leong Son, presidente da Associação Geral de Condutores de Táxi de Macau. De acordo com Kuok muitos motoristas deixaram de aceitar o pagamento com dinheiro vivo, por considerarem que é perigoso. Como alternativa, pediram aos clientes o pagamento através de meios de pagamentos electrónicos. Adeus ao ouro A questão do vírus está longe de ser a única preocupação do sector nesta altura. O relato dos representantes associativos mostra também uma indústria em colapso, sem clientes. Segundo as palavras de Kuok Leong Son, o expoente da crise foi a Semana Dourada. Ao contrário do habitual, em que este período costumavam ser uma época alta, o surto veio mudar tudo. Kuok explicou que as receitas, sem contar com as despesas, caíram para 200 patacas por dia, quando no ano passado tinham sido de 800 patacas. “Os taxistas achavam que o 1.º de Outubro ia ser uma oportunidade para terem mais clientes, mas foi tudo muito desapontante, os rendimentos ficaram muito aquém” reconheceu o presidente da Associação Geral de Condutores de Táxi de Macau. Kuok revelou também que neste “novo normal” muitos taxistas começaram a distribuir comida take-away, profissão onde ganham mais dinheiro. Leng Veng Sai traçou um cenário semelhante, apontado que um profissional que actualmente trabalhe entre as 8h e as 13h limita-se a ter rendimentos de 200 patacas por dia. Por isso, Leng explicou que grande parte dos táxis preferem deixar os carros parados, nos locais disponibilizados pelo Governo, onde não têm de pagar renda, porque se estiverem a trabalhar no sector estão a perder dinheiro.
A escuridão que precede a alvorada Paul Chan Wai Chi - 10 Out 2021 O declínio de uma região reflecte-se no estado da sua comunicação social. Quanto maior é a liberdade de imprensa, maior a tolerância do Governo em relação às diferentes opiniões e mais desenvolvida é a sociedade. No passado, Hong Kong tinha uma actividade jornalística fluorescente, regida pela lei da oferta e da procura e a competição obrigava os accionistas a uma constante luta pelo aperfeiçoamento. Mas a partir do momento em que esta actividade passou a estar sujeita à intervenção dos políticos e a ser regulada por autoridades públicas, ficou reduzida a um mero instrumento de propaganda e só sobrevive quem segue as regras à risca. Para além do fecho do jornal Apple Daily, vários colunistas importantes deixaram de escrever, como é o caso de Lam Shan Muk (colunista do Economic Journal de Hong Kong) e de Simon Shen (analista político e colunista). O escritor e apresentador de rádio Chip Tsao, conhecido pelo pseudónimo de To Kit, emigrou para Inglaterra. Em Macau, Li Jiang, editor chefe do Jornal Informação (Son Pou), anunciou na sua coluna que ia deixar de escrever. Quando a crítica desaparece, os problemas sociais também parecem desaparecer. Da mesma forma, com os deputados da Assembleia Legislativa a seguirem escrupulosamente o princípio “Macau governado por patriotas”, as divergências desaparecem. A escuridão que precede a madrugada é particularmente gritante! Alguém que tenha lido a obra de Mao Tsé Tung não pode cair no erro básico de dicomitizar a sociedade chinesa em “patriotas” e “não-patriotas”. Quem estiver familiarizado com o processo de redacção da Lei Básica de Hong Kong e de Macau, não vai seguramente interpretar as ideias contidas nos princípios “Um País, Dois Sistemas”, “Hong Kong Governado por Hongkongers”, “Macau Governado pelas Suas Gentes” e “alto grau de autonomia”, propostos por Deng Xiaoping, como “Hong Kong Governado por Patriotas”, “Macau Governado por Patriotas”, ou como “O Governo Central ter total jurisdição sobre as RAEs”. O derradeiro objectivo do princípio “Um País, Dois Sistemas”, idealizado por Deng Xiaoping, é a resolução pacífica da questão de Taiwan. Como é que a proposta de “Taiwan governada por patriotas” pode ajudar a uma reunificação pacífica? A “politica da meritocracia” elogiada por muitos especialistas e académicos não passa de um sinónimo de “politica de obediência civil”. Quando um carro não tem buzina, reduz a emissão de barulho; quando o corpo tem deficiência de glóbulos brancos, a pessoa não se sente bem, e quando uma cidade fica sem electricidade, não se pode incendiar. Mas depois do carro sem buzina ter um acidente, a pessoa com deficiência de glóbulos brancos adoecer, a vida fica melhor se vivermos às escuras? Relativamente ao desenvolvimento de Macau, o Governo levou a cabo uma consulta pública sobre o “Segundo Plano Quinquenal de Desenvolvimento Socioeconómico da Região Administrativa Especial de Macau (2021-2025)”. No entanto, no documento de consulta, apenas quatro linhas são dedicadas ao Primeiro Plano Quinquenal. É essencial que as reformas sejam efectuadas durante o Primeiro Plano Quinquenal. A forma como o Plano e a consulta foram delineados, faz com que as pessoas se interroguem sobre a sua eficácia. O “Projecto Geral de Construção da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin” é outra iniciativa particularmente importante para Macau. Aí, são mencionados os quatro sectores industriais para a promoção da diversificação adequada da economia de Macau, incluindo a investigação e desenvolvimento científico e tecnológico e a manufactura topo de gama, a indústria de marcas de Macau, nomeadamente a medicina tradicional chinesa, as indústrias cultural e turística, de convenções e exposições e do comércio, bem como as finanças modernas. Mas Macau não é forte em nenhuma destas áreas. Quando o desenvolvimento de Macau se encontra numa fase embrionária, o “Projecto Geral de Construção da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin” não passa de uma boa prospectiva para o futuro. Tomemos como exemplo os recentes surtos de covid-19 em Macau, seguranças que trabalham em hóteis, usados como locais de quarentena, foram infectados. Em resposta às perguntas dos jornalistas sobre o surto, dirigentes da RAEM atribuíram-no ao uso incorrecto das medidas anti-epidémicas por parte dos seguranças. Mas como é que é que possível que os departamentos relevantes não tenham sido parcialmente responsabilizados? É pena que hoje em dia não haja pessoas a fazer perguntas na RAEM. Ninguém grita do lado de fora da Fortaleza, e os que estão lá dentro podem dormir um sono tranquilo sem que sejam perturbados, até virem a morrer sufocados. Mas será a tranquilidade que precede a morte algo de desejável? Para sobreviver à escuridão que precede a alvorada, não podemos contar apenas com o Governo da RAE e com os deputados da Assembleia Legislativa recentemente eleitos. Precisamos de agir, é isso que verdadeiramente importa.
Mak Soi Kun defende formação de talentos a pensar em Hengqin Pedro Arede - 10 Out 2021 À luz da crise económica gerada pela pandemia de covid-19, o ainda deputado Mak Soi Kun, defende que o Governo deve apostar na formação de talentos em áreas específicas afectas ao desenvolvimento da zona de cooperação entre Macau e Guangdong em Hengqin. Através do impulsionamento das áreas da ciência e tecnologia, finanças, medicina tradicional chinesa e ainda turismo, convenções e exposições, o objectivo é aproveitar as oportunidades previstas pelo plano de cooperação aprofundada na Ilha da Montanha. Além disso, aponta o deputado, para concretizar o desígnio da diversificação económica e do desenvolvimento de Hengqin é preciso elevar a qualidade dos jovens e atrair a vinda outros quadros qualificados para as empresas locais. “Já que o rumo de desenvolvimento das indústrias está definido, o Governo deve lançar planos e medidas para a formação de talentos, para elevar a qualidade dos recursos humanos de Macau, sobretudo a competitividade dos jovens, e definir políticas para atrair a vinda para Macau dos talentos que as empresas locais procuram, favorecendo assim o desenvolvimento e o reforço das empresas locais, com vista à articulação conjunta com o desenvolvimento da cooperação entre Hengqin e Macau. O Governo vai fazê-lo?”, pode ler-se numa interpelação escrita redigida por Mak Soi Kun. Preparar o que aí vem Apesar de existir muita expectativa em relação à zona de cooperação, o deputado não está certo de que os residentes de Macau, especialmente os jovens, estão preparados para aproveitar as vantagens de Hengqin. “Os diversos sectores da sociedade depositam muitas expectativas na cooperação entre Hengqin e Macau. Porém, merece a nossa consideração o facto de se tratar de uma oportunidade, mas cheia de desafios, para os residentes de Macau, especialmente para os jovens, que vivem há muito tempo nesta pequena cidade. Será que estão todos preparados? Qual é a opinião do Governo sobre isto?”, questiona Mak Soi Kun.