Cooperação | Reunião com 50 representantes consulares João Luz - 26 Mai 202526 Mai 2025 O Chefe do Executivo jantou na sexta-feira com representantes de consulados de cerca de 50 países e organizações internacionais a quem salientou a missão de estabelecer uma plataforma de cooperação internacional. Sam Hou Fai sublinhou a importância de estreitar laços económicos, comerciais e culturais O Governo da RAEM organizou na sexta-feira uma recepção e jantar que contou com a com a presença de representantes de consulados-gerais de cerca de 50 países e organizações internacionais. No discurso na recepção aos representantes, Sam Hou Fai referiu que “Macau está empenhado em construir uma plataforma de cooperação internacional”, e uma “plataforma de abertura ao exterior de alta qualidade”. O líder da RAEM indicou que o objectivo é tornar Macau “numa janela importante para o intercâmbio e aprendizagem mútuos entre a civilização chinesa e a civilização ocidental”. Dirigindo-se aos convidados internacionais, Sam Hou Fai apontou à cooperação económica e comercial, ao intercâmbio cultural e à conexão de pessoas entre Macau e aqueles países, e garantiu que o seu Executivo irá articular com a estratégia de desenvolvimento nacional, “tendo como força motriz a inovação de regimes jurídicos e a optimização de políticas”. O objectivo passa por “promover de forma coordenada o progresso comum do Governo e do mercado, de Macau e do mundo, em prol da construção de uma plataforma de intercâmbio internacional, mais inclusiva, mais conveniente, e mais eficaz”. Sam Hou Fai vincou também o empenho do seu Executivo na “reforma da administração pública, na elevação constante da eficiência da governação, na inovação do conceito de servir”, e na criação de “um ambiente que facilita ainda mais a vida das pessoas e das empresas”. O governante indicou ainda que todos os países e regiões são bem-vindos para aproveitar o papel de Macau enquanto plataforma de cooperação internacional, e convidou “empresas e turistas de todos os países” a “experimentarem a vitalidade do desenvolvimento de Macau e da China”. Alargar o círculo O Chefe do Executivo mencionou também alguns dos conceitos políticos típicos da RAEM, como a ideia de que o princípio “Um País, Dois Sistemas” “demonstra êxitos mundialmente notáveis”. Depois de salientar a imperiosa necessidade de assegurar a soberania e segurança nacional, Sam Hou Fai destacou a importância de garantir “plenamente um alto grau de autonomia de Macau, manter inalterados por um longo tempo o sistema capitalista e a respectiva maneira de viver, o seu estatuto de porto franco internacional e de zona aduaneira autónoma, e o sistema de direito europeu continental em Macau”. O Chefe do Executivou vincou que “Macau está disposta a partilhar as oportunidades de desenvolvimento com todos os países e regiões, alargando o ‘círculo de amigos’ internacional para alcançar uma cooperação cada vez mais abrangente”.
Nanfang Media | Grupo de Guangdong cria plataforma com Portugal Andreia Sofia Silva - 26 Mai 2025 Na sexta-feira, foi lançada uma plataforma de cooperação na área dos media, promovida pelo grupo Nanfang Media, com sede em Guangdong e escritórios em Macau. A “Plataforma Chinesa-Portuguesa de Conteúdos de Media para a Grande Baía” pretende “reformar a cooperação de media e facilitar a troca de notícias e conteúdos culturais entre a China e os países de língua portuguesa” Acaba de ser criada uma nova plataforma para troca de conteúdos noticiosos e culturais entre a China e os países de língua portuguesa. O projecto é do Nanfang Media Group, com sede na província de Guangdong e escritórios em Macau, e intitula-se “Greater Bay Area Chinese-Portuguese Media Content Platform”. Trata-se de um projecto integrado na internacionalização e expansão do grupo chinês e que foi lançado na última sexta-feira, em Lisboa, integrado no Festival da Cultura Chinesa-Portuguesa “Chinese Styles, Portuguese Flavors” [Estilos Chineses, Sabores Portugueses], que decorreu na sede da Quinta da Marmeleira, em Lisboa. O Nanfang Media Group, que detém títulos como o GD Today, em língua inglesa, quer agora chegar ao universo da língua portuguesa e a uma “audiência global de cerca de 300 milhões de falantes de português”, escreveu essa publicação. Também aí se descreve que o grande objectivo desta nova plataforma é “reforçar a cooperação de media e facilitar a troca de notícias e conteúdos culturais entre a China e os países de língua portuguesa”. No seu discurso, Zhao Yang, chefe de redacção do portal “International SOUTH”, ligado ao grupo Nanfang, apresentou os objectivos principais desta plataforma, nomeadamente “estreitar a colaboração com meios de comunicação portugueses, ‘Think Tanks’ e outras instituições e apresentar, de forma mais acessível, histórias sobre o ambiente de negócios da China, Grande Baía e Guangdong”. É ainda objectivo mostrar a modernização económica e social que a China tem conhecido nos últimos anos, bem como mostrar “a cooperação pragmática sino-portuguesa e a amizade entre os dois povos”. Assim, esta plataforma de contacto visa ainda “aproveitar as potencialidades da inteligência artificial, a fim de promover os nossos meios de comunicação social na era digital”. “Espero que esta iniciativa possa contribuir, com a força dos media, para o diálogo entre civilizações e aprofundamento de uma cooperação abrangente entre a China e Portugal”, disse Zhao Yang. O responsável explicou ainda que “nos últimos dois anos, e através do aproveitamento das vantagens jornalísticas em Macau, a SOUTH tem reforçado a colaboração com a plataforma sino-portuguesa, a Agência Lusa ou outros órgãos de comunicação em língua portuguesa, divulgando de forma ampla histórias sobre portugueses a viver e trabalhar no grande país [China], Hong Kong e sobre a cooperação económica entre Guangdong e Portugal”. De frisar que o grupo Nanfang, presidido por Liu Qiyu, detém actualmente a rádio portuguesa Iris FM, com sede em Samora Correia e Lisboa. Palavras de presidente Liu Qiyu, presidente do Nanfang Media Group, destacou o facto de esta plataforma ser lançada numa altura em que se celebram os 500 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e a Europa, bem como “o 20º aniversário do estabelecimento de uma parceria estratégica abrangente entre a China e Portugal”. Referindo-se ao grupo que lidera, que tem “ampla influência nacional e internacional e que está enraizado na principal província económica da China, em Guangdong”, Liu Qiyu falou da ideia de internacionalizar o grupo, “empenhando-se na construção de pontes a nível internacional e na promoção do diálogo entre civilizações”. “Queremos reforçar a cooperação com os meios de comunicação social de todo o mundo, a fim de promover uma compreensão global entre povos”, referiu. O responsável afirmou esperar que a nova plataforma “possa reunir a sabedoria e a força dos meios de comunicação social de ambos os países para se contarem histórias do mundo lusófono e as histórias de Guangdong, da Grande Baía e da China, e também para que se possam levar histórias de Portugal e da Europa para a China, em especial para Guangdong”. O presidente do grupo Nanfang não esqueceu o papel de Macau na ligação à zona de Hengqin, numa altura em que se consolida “o papel da região como plataforma de serviços a nível económico e comercial entre a China e países da língua portuguesa”. Camões e Ronaldo Zhao Bentang, embaixador da China em Lisboa, marcou presença no evento, destacando que “as civilizações chinesa e portuguesa valorizam-se, aprendem e coexistem de forma harmoniosa, o que beneficia os povos de ambos os lados, fazendo também contribuições importantes para a paz e desenvolvimento mundial”. “A cooperação linguística e cultural entre a China e Portugal tem sofrido um processo rápido”, destacou ainda, referindo que, nos últimos anos, a cultura chinesa tem tido cada vez mais popularidade fora do país, enquanto que Portugal “foi um dos primeiros países europeus a comunicar com a China”. Trata-se de uma história “com mais de 500 anos”, tendo-se criado “uma base sólida para o desenvolvimento comum” e um maior intercâmbio cultural, disse. Zhao Bentang não esqueceu o destaque que o futebol e a literatura em português têm tido na China. “Cristiano Ronaldo é um nome bem conhecido na China, e as excelentes obras de escritores portugueses como Camões, Fernando Pessoa ou José Saramago podem ser encontradas em todas as livrarias chinesas”, lembrou. O festival cultural sino-português onde se integrou o lançamento desta nova plataforma de media contou com gastronomia chinesa e também pratos macaenses e portugueses, com assinatura de Michael Franco, macaense de Hong Kong que abriu recentemente um novo restaurante em Lisboa, o Dragon Inn. De resto, o evento, apoiado por diversas entidades, como a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC), teve provas de vinhos e demonstrações da cultura chinesa, com sessões de caligrafia e uso de vestes tradicionais. Bernardo Mendia, secretário-geral da CCILC, destacou que a China criou, há 71 anos, a ideia de “respeito mútuo e da coexistência pacífica entre as nações, os célebres Cinco Princípios de Coexistência Pacífica, que não são mais que uma manifestação de respeito pela cultura de terceiros, sem a pretensão de alterações ou imposições, como se umas culturas fossem superiores a outras”. O responsável salientou que, nas ligações económicas, “a cultura é um elemento essencial e até anterior como forma de potenciar o bom relacionamento bilateral e a concretização de negócios mutuamente benéficos”. Neste sentido, acrescentou Bernardo Mendia, “o respeito pela cultura é inegociável”, por se tratar de “um bem intangível, porque é composta por valores, crenças, costumes e tradições, transmitidos de geração em geração através de práticas, rituais e expressões que resultam na própria identidade de um Povo ou comunidade”. Segundo o GD Today, Bernardo Mendia referiu “que os media podem ajudar-nos a quebrar barreiras e a facilitar a comunicação”, sendo que a nova plataforma poderá ter “um enorme significado na conexão entre Portugal e a China”. Fazendo referência ao debate que existe actualmente em Portugal, sobre o fim das touradas, Bernardo Mendia destacou que “as corridas de toiros à portuguesa” são parte da cultura, algo “anterior ao poder do próprio Estado, poder esse que se legitima pelo respeito da cultura do seu Povo e comunidades”. Assim, neste contexto, o secretário-geral da CCILC lamentou que o Estado tente “impor uma cultura – fenómeno denominado de ‘cultura de Estado'”. Nesses casos, “instala-se o caos, conforme presenciámos recentemente no mundo ocidental com a tentativa de imposição da cultura woke por parte de alguns Estados”, rematou.
Timor-Leste | Admitida proibição permanente artes marciais Hoje Macau - 23 Mai 2025 O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, admitiu ontem a possibilidade de proibir de forma permanente a prática de artes marciais no país, por considerar que continuam a dividir os jovens timorenses. “Esta tudo a correr bem, apesar de ainda haver problemas em alguns locais. Por isso, é que hoje (ontem) propus que, no Conselho de Ministros, analisemos o melhor caminho, que talvez seja mesmo acabar com isso, porque essa questão está a dividir os jovens”, disse Xanana Gusmão. “Nós os dois somos primos irmãos [primos diretos], mas, só porque pertencemos a grupos de artes marciais diferentes, temos de nos afastar e já não nos damos bem”, lamentou o primeiro-ministro. O chefe do Governo timorense falava aos jornalistas após um encontro com o Presidente José Ramos-Horta no Palácio da Presidência, em Díli, antes da reunião do Conselho de Ministros. Xanana Gusmão mostrou também preocupação com o comportamento dos jovens, salientando que os relatórios de segurança indicam que continuam a ocorrer problemas, incluindo agressões físicas, e defendeu que, por isso, é preciso tomar uma decisão. Na terça-feira, durante a cerimónia de içar da bandeira nacional, no âmbito das celebrações do 23.º aniversário da restauração da independência, confrontos entre jovens provocaram um morto no posto administrativo de Cailaco, no município de Bobonaro. Segundo a Polícia Nacional de Timor-Leste, os jovens envolvidos nos confrontos pertenciam a dois grupos de artes marciais, que desde segunda-feira estavam em conflito, tendo também atacado a casa de um veterano. No início de Abril, o Governo de Timor-Leste decidiu prolongar a suspensão do ensino, aprendizagem e prática de artes marciais até ao final de 2025 para continuar a consolidar a paz social e assegurar que no futuro a prática das artes marciais decorra exclusivamente no âmbito desportivo.
Seul | Pyongyang disparou mísseis de cruzeiro para o mar Hoje Macau - 23 Mai 2025 O exército da Coreia do Sul disse que a Coreia do Norte disparou ontem mísseis de cruzeiro não identificados para o mar, horas depois de Pyongyang ter admitido um “grave acidente” com um novo navio de guerra. O Estado-Maior Conjunto sul-coreano afirmou ter detectado os mísseis perto da província de Hamgyong do Sul, no leste da Coreia do Norte, que foram disparados em direcção ao mar do Japão. O lançamento aconteceu horas depois da imprensa oficial da Coreia do Norte ter avançado com um “grave acidente” que ocorreu durante a cerimónia de lançamento de um navio de guerra. Durante a cerimónia de lançamento de um contratorpedeiro de cinco mil toneladas na cidade portuária de Chongjin, “ocorreu um acidente grave”, informou a agência de notícias oficial norte-coreana KCNA. O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, estava presente na cerimónia, realizada na quarta-feira, no nordeste do país, e disse que foi um “acto criminoso causado por negligência absoluta” que “não podia ser tolerado”, referiu a KCNA. Apontando para a “inexperiência do comando e negligência operacional” durante o lançamento, a agência disse que “algumas secções do fundo do navio de guerra foram esmagadas” e que o acidente “destruiu o equilíbrio do navio de guerra”. Kim disse que os “erros irresponsáveis” dos culpados seriam “abordados na reunião plenária do Comité Central do Partido, a realizar no próximo mês”. O nome do barco não foi especificado. Em Abril, Pyongyang divulgou imagens de um navio contratorpedeiro de cinco mil toneladas, chamado Choe Hyon. Na altura, os meios de comunicação estatais transmitiram imagens de Kim a participar numa cerimónia com a filha, Kim Ju-ae, que muitos especialistas acreditam que será a sucessora no poder. A Coreia do Norte alegou que o navio estava equipado com as “armas mais poderosas” e que “entraria ao serviço no início do próximo ano”.
Filipinas | Presidente exige demissão do Governo Hoje Macau - 23 Mai 2025 O Presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., exigiu ontem a demissão de todos os membros do Governo, depois de ter obtido um resultado pior do que o esperado nas eleições intercalares de 12 de Maio. Marcos Jr. “solicitou a demissão por cortesia de todos os secretários de gabinete”, disse o palácio presidencial em comunicado, uma medida que visa dar ao Presidente “a margem de manobra necessária para avaliar o desempenho de cada departamento e determinar quem continuará a servir”. A ordem foi tomada depois de os candidatos apoiados por Marcos Jr. ao Senado, a câmara alta do parlamento das Filipinas, terem obtido menos lugares do que o esperado nas eleições intercalares realizadas a 12 de Maio. “O povo falou e espera resultados, não manobras políticas ou desculpas. Nós ouvimo-los e vamos agir”, disse o Presidente. As eleições ficaram marcadas pela disputa entre os candidatos de Marcos Jr. e os apoiados pela vice-presidente e ex-aliada Sara Duterte. A votação aconteceu meses depois de o pai, o ex-Presidente Rodrigo Duterte (2016-2022), ter sido extraditado para ser julgado por crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional devido à guerra contra as drogas. Apesar de estar detido em Haia, Rodrigo Duterte foi reeleito como presidente da câmara de Davao, em Mindanao, no sul das Filipinas, cargo que ocupou antes de concorrer a chefe de Estado. A Presidência declarou ontem que os serviços governamentais “continuarão ininterruptos” durante a transição, durante a qual avaliará o desempenho dos actuais secretários antes de decidir se serão ou não substituídos. Em queda O filho do falecido ditador Ferdinand Marcos (1917-1989) tem três anos até ao final do mandato e, de acordo com o comunicado, a renovação ministerial representa “uma nova fase totalmente focada nas necessidades mais urgentes da população”. Até ao momento, mais de uma dúzia dos 23 secretários do Executivo demitiram-se ou anunciaram a intenção de abandonar o cargo, juntamente com líderes de agências sob o controlo do Presidente, como a Autoridade de Desenvolvimento Metropolitano de Manila. Entre eles estava o secretário das Finanças, Ralph G. Recto, que, em comunicado, elogiou a “decisão ousada” tomada “com o desejo de dar prioridade às pessoas e ao país”. O secretário da Energia, Raphael Lotilla, observou que a ordem de demissão é “uma excelente oportunidade para fazer um balanço e revigorar o Governo”. A medida foi tomada depois de o Presidente ter reconhecido na segunda-feira que os maus resultados das eleições se deveram à decepção dos filipinos com o desempenho do Governo. A taxa de aprovação de Marcos Jr. caiu para 25 por cento, de acordo com uma sondagem realizada em Março, uma queda acentuada face à taxa de 42 por cento em Fevereiro. Os entrevistados apontaram a falha do Governo em controlar a inflação, a corrupção desenfreada no país e a falta de medidas para combater a pobreza.
Como é que Macau se pode salvar? Paul Chan Wai Chi - 23 Mai 2025 Os mortos não têm voz, mas o acto de suicídio fala sobre infortúnio. Não podemos tapar os ouvidos e fingir que não ouvimos, nem tapar os olhos e fingir que não vemos. A vida de cada pessoa é preciosa e única e um só caso de suicídio já é demais. Em resposta aos recentes casos de suicídio e à descoberta dos cadáveres, o Instituto de Acção Social (IAS) da RAEM, em conjunto com os departamentos governamentais competentes e as organizações de serviços sociais, realizou a “Reunião de Intercâmbio – Vamos juntos desempenhar o papel de guardião da vida, acarinhando às pessoas ao nosso redor”. Nessa reunião, o presidente do IAS informou que tinham ocorrido 18 casos de suicídio no primeiro trimestre de 2025, um decréscimo de quatro comparado com o mesmo período do ano anterior. Sem um decréscimo de casos de suicídio, o IAS não se teria apressado a realizar esta reunião. A estatística não explica tudo, mas é na realidade que se encontra a melhor explicação. Para contar uma história bonita sobre Macau basta ter alguma perícia, mas ser capaz de identificar os problemas e encontrar uma solução é o que verdadeiramente importa. Se o Governo da RAE não tomar medidas práticas para melhorar as condições de vida dos cidadãos e assim restaurar a sua confiança no futuro, as tragédias vão continuar a acontecer. Mesmo que a cobertura dos suicídios feita pela comunicação social seja um eco das directrizes “Seis Coisas para Fazer e Oito para Evitar” do IAS, ou mesmo que nada seja mencionado, acredita-se que os casos de mortes não naturais continuem a aumentar. Polir a imagem dourada de Macau e libertar a cidade do infortúnio não é tarefa difícil. Basta ter a mesma consideração pela vida dos residentes que se tem pelos membros da nossa família, encarar as suas preocupações como se fossem nossas e trabalhar conscientemente e com responsabilidade para proteger a subsistência do povo, promovendo o emprego. Nessa altura, todos os problemas serão resolvidos. Só quando as condições sociais e de sobrevivência forem garantidas é que o país pode estar seguro. A economia de Macau está actualmente afectada por vários factores e a situação não é favorável. Entre eles, existem vários problemas sociais que não foram eficazmente comunicados ou resolvidos através dos meios adequados. Manter a estabilidade através do uso de tácticas de alta pressão e de uma prosperidade quimérica são meras ilusões. Quando caem por terra, as ilusões levam naturalmente a um beco sem saída. Na verdade, desde que o Governo da RAE mostre determinação e tome as medidas necessárias, Macau pode salvar-se. Como as receitas do jogo ficaram aquém das expectativas e estão em andamento diversos projectos de construção de larga escala, é verdade que o Governo da RAE está a enfrentar alguma pressão financeira; caso contrário, este ano os funcionários públicos não teriam tido os salários congelados. Mas com as reservas financeiras acumuladas ao longo dos anos, o Governo da RAE pode concentrar o investimento de capital no desenvolvimento de vários projectos. E com o efeito de sinergia, os problemas económicos de Macau podem ser resolvidos. Quando a situação económica e as condições de vida melhorarem, os residentes de Macau irão naturalmente prosperar e encontrar alegria nas suas vidas. A fim de melhorar as condições de subsistência das pessoas e criar mais oportunidades de trabalho para os residentes, lanço as seguintes sugestões. Por exemplo, transformar o espaço do antigo Jockey Club no “Jockey Club Fun Land”, aproveitar o terreno do “Parque Oceanis” na Taipa, deixado ao abandono, para uma “Casa de Chá Ocean” ou para um “Mercado Nocturno Ocean” com elementos típicos chineses e portugueses, criar um “centro de actividades integradas” no Parque de Seac Pai Van e nos seus arredores, com prestação de serviços diurnos. Também, interligar as escolas da Zona A dos Novos Aterros Urbanos para criar uma “Cidade Escolar”, agilizar a transformação do local do canídromo da Companhia de Corridas de Galgos de Macau (Yat Yuen) num “Jardim Desportivo para os Cidadãos”, introduzir um programa de subsídios com duração de um ano destinado a jovens residentes e encorajar instituições e escolas da rede de ensino gratuito e departamentos governamentais a providenciarem oportunidades de trabalho para os mais novos. Se o Governo de Macau se preocupar com os seus cidadãos, e respeitar escrupulosamente o princípio de que os trabalhadores estrangeiros só deverão ser acolhidos para suprir a falta de mão de obra, reforçar a promoção do jogo responsável e minimizar todos os factores negativos que afectam a saúde mental dos cidadãos, passará a ser o melhor “guardião da vida”.
FRC | Debate sobre uso de tecnologia na próxima quarta-feira Hoje Macau - 23 Mai 2025 Decorre na próxima quarta-feira, na Fundação Rui Cunha (FRC), a sessão “Geração dos ecrãs: navegar sem limites” [Blue wave generations: surfing without limits]. O evento pretende discutir o impacto da navegação, sem limitações, nos ecrãs digitais, principalmente nos telemóveis e das novas tecnologias. A sessão, uma organização conjunta da Associação dos Jovens Macaenses (AJM), Universidade de São José (USJ) e a Fundação Rui Cunha, vai focar-se na forma como o tempo excessivo nos ecrãs digitais afecta a saúde e o bem-estar, em especial a geração mais jovem, e como pode afectar o sistema educativo em Macau, bem como será ainda abordado o que pode ser feito para equilibrar e gerir o tempo (com ou sem ecrãs), incluindo a introdução da Inteligência Artificial no nosso futuro próximo. Jacky Ho, director da Faculdade de Ciências da Saúde e do “Macao Observatory for Social Development” da USJ, é o orador convidado deste evento, que apresentará o tema nesta sessão, moderada por Jerusa Antunes, vice-presidente da AJM. A palestra, com início às 18h30 horas, é aberta ao público e será conduzida em inglês.
HK / Alliance Française | Sessão sobre novo livro de Mark O’Neill Hoje Macau - 23 Mai 2025 A Alliance Française de Hong Kong apresenta, na próxima quarta-feira, às 18h30, o evento dedicado a falar do mais recente livro do escritor e jornalista Mark O’Neill, intitulado “Europeans in Hong Kong” [Europeus em Hong Kong]. A sessão, com o nome “Rencontre avec Mark O’Neill: ‘Europeans in Hong Kong'”. Segundo a apresentação oficial do evento, irá falar-se de como as comunidades de nacionalidades europeias, incluindo de membros da comunidade macaense, moldaram a sociedade local e desenvolveram várias iniciativas comunitárias e de apoio social. “Na Hong Kong do século XIX as pressões sociais conduziram ao abandono de muitas mulheres, as vulneráveis. A congregação Les Soeurs de Saint-Paul, chegada a Hong Kong em 1848, ofereceram refúgio [a pessoas pobres]”, sendo que entre 1848 e 1897 deram apoio a mais de 34.000 crianças, na sua maioria chinesas e meninas. “Este acto de compaixão representa uma das contribuições europeias mais significativas para Hong Kong”, descreve-se. Mark O’Neill nasceu em Londres, Reino Unido, e está há muitos anos radicado em Hong Kong. Foi jornalista e desde 2006 que se dedica a escrever a tempo inteiro, tendo já lançado 12 livros sobre questões sociais e culturais da região e da China, incluindo obras biográficas.
FAM | Teatro chinês e sons coreanos para ver e ouvir no CCM Hoje Macau - 23 Mai 2025 O cartaz da 35.ª edição do Festival de Artes de Macau prossegue este fim-de-semana e traz diversidade artística para dar resposta a todos os gostos: hoje e amanhã sobe ao palco do Centro Cultural de Macau a peça “Deling e Cixi”, tida como um clássico dentro do género, seguindo-se as sonoridades mais fortes dos TAGO, em “A Batida do Xamã”, amanhã e domingo O fim-de-semana está preenchido para os lados do Centro Cultural de Macau (CCM) com dois espectáculos integrados no cartaz da 35.ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM), para os quais ainda há bilhetes disponíveis. Desta forma, quem gosta mais de cultura tradicional chinesa pode ver, hoje e amanhã, a peça “Deling e Cixi”, que é “o regresso de um clássico” do teatro chinês, com dramaturgia e direcção de produção de He Jiping e encenação de Roy Szeto. No palco do grande auditório do CCM poderá ver-se “um elenco de estrelas, figurinos requintados e cenários luxuosos, transportando o público de volta à opulência da Cidade Proibida”. “Espreitando a intimidade da corte durante o final da dinastia Qing, a peça conta a história de Deling, uma jovem aristocrata educada no Ocidente que é chamada ao palácio. À medida que a sua personalidade vibrante trespassa a frieza palaciana, Deling depara-se com Cixi, a autoritária Imperatriz Viúva, e o constrangido Imperador Guangxu. Aproximando-se de ambos com inteligência e sinceridade, a jovem tece uma história extraordinária, plena de risos e lágrimas. Apesar das suas diferenças, as duas mulheres desenvolvem uma ligação especial por entre o turbulento espírito da época”, revela a sinopse do espectáculo. A primeira estreia desta peça aconteceu em 1998, no Teatro Repertório de Hong Kong, e ficou sempre em palco tendo em conta o sucesso do projecto. Agora, para o FAM, reúne-se “uma equipa criativa e um elenco de alto nível, que retrata de forma viva a majestade e a ternura oculta de Cixi, a juventude e a coragem de Deling e as frustrações de Guangxu”. Trata-se de uma “história cativante a ilustrar um momento crucial da história da China”, lê-se na mesma sinopse. Da Coreia para o mundo O FAM traz ainda para o pequeno auditório do CCM, amanhã e domingo, um espectáculo da Coreia do Sul. Trata-se do grupo TAGO que apresenta “A Batida do Xamã”, num espectáculo que é “uma brisa fresca e jovem de ritmos tradicionais”, num afastamento “da música pop” que tanto tem marcado a actualidade musical coreana. O público de Macau pode, assim, assistir a uma “magistral demonstração de precisão e movimento, uma representação de rituais antigos com um apelativo toque contemporâneo”. Segundo a sinopse do espectáculo, utiliza-se “um conjunto de instrumentos de percussão, entre gigantescos e pequenos tambores, temperados com movimentos de artes marciais”, com os “músicos experientes a reinventar uma herança milenar com uma irresistível garra”. Haverá, portanto, em palco, “impecável ritmo, uma estética suave e um estilizado sentido cénico”, sendo este um “espectáculo enérgico, polivalente e rítmico, que nos mergulha num turbilhão de emoções com salpicos de comédia física, expressos através de uma coreografia cool e apurada”. “A Batida do Xamã” tem “feito furor em festivais e salas de espectáculos na Europa, África, América do Sul e Austrália”, apresentando-se agora em Macau com coreografia e direcção de Soo-Ho Kook. Amanhã e domingo haverá dança e ritmos explosivos durante 1h15.
OMC | China sugere “calma” face às taxas alfandegárias de Trump Hoje Macau - 23 Mai 2025 A China sugeriu aos Estados membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) que respondam com “calma” às perturbações causadas pelas taxas alfandegárias de Donald Trump no comércio internacional e apelou à preservação das trocas não afectadas. “Temos de estabilizar as nossas relações comerciais para garantir que os outros 87 por cento do comércio internacional continua a funcionar conforme as normas da OMC”, afirmou a representação chinesa, durante a sessão do Conselho Geral realizada em 20 e 21 de Maio. Uma semana depois de ter começado a vigorar a “trégua” comercial acordada por EUA e China, a delegação desta realçou na OMC que, “se bem que a negociação bilateral possa ser um meio para atenuar ou resolver fricções comerciais”, deve-se continuar a operar segundo as regras do organismo internacional. Acrescentou que, “perante as acções de unilateralismo e intimidação, a China adoptou e continuará a adoptar medidas enérgicas”, para proteger os seus direitos e interesses legítimos, mas também para “defender as normas comerciais mundiais e a equidade e justiça internacionais”. A delegação dos EUA na OMC realçou que “o sistema de comércio unilateral existente não foi capaz de enfrentar os graves desafios com que se confronta”, entre os quais os crescentes desequilíbrios comerciais ou “práticas contrárias aos princípios” da organização internacional. “Uma reforma adequada necessitará da participação de outros membros, incluindo os que aproveitaram a incapacidade da OMC para alcançar os seus objectivos”, acrescentou.
Automóveis | Changan entra oficialmente no mercado de Portugal Hoje Macau - 23 Mai 2025 Mais uma marca chinesa de automóveis anunciou recentemente sua entrada oficial no mercado de Portugal. No final de Abril, o Grupo Auto-Industrial, pioneiro português no sector automóvel, chegou a um acordo de cooperação com a Changan Automobile, responsável pela importação e distribuição dos modelos da fabricante chinesa, indica o Diário do Povo. A Changan, um dos quatro principais grupos automóveis da China, tem 40 anos de experiência de manufactura de carros e possui 14 bases de fabricação e 34 fábricas em todo o mundo. Actualmente, a Changan Automobile tem marcas próprias como CHANGAN UNI, CHANGAN NEVO, CHANGAN LCV, DEEPAL, AVATR, e marcas joint venture incluindo CHANGAN Ford, CHANGAN Mazda, e JMC. Pelo cronograma, a Changan deve introduzir nove modelos novos de carros para o mercado europeu nos próximos três anos. Entre eles, destacam-se o DEEPAL S07. O modelo de SUV eléctrico, com um comprimento de 4,75 metros, é desenhado pelo Centro de Design Europeu da Changan em Turim, Itália. Distingue-se pelo desenho estético em conformidade com os gostos europeus, com elementos de janelas sem moldura, puxadores de portas retrácteis e tetco panorâmico, apresentando robustez nas suas linhas e cheio de detalhes. A Changan Automobile, bem como o DEEPAL S07, estão programados a ser divulgados ao público português no ECAR SHOW — Salão do Automóvel Híbrido e Eléctrico, que será realizado de 23 a 25 de Maio de 2025, na Feira Internacional de Lisboa.
Jenin | Exigida investigação a Israel após tiros contra diplomatas Hoje Macau - 23 Mai 2025 As acções das autoridades israelitas continuam a chocar o mundo. Além do cerco imposto à população em Gaza, replicando práticas medievais, os soldados israelitas dispararam quarta-feira, em Jenin, contra uma delegação de diplomatas de vários países, incluindo Portugal. Pequim exige uma investigação de Israel A China exigiu ontem uma investigação completa sobre o incidente em que soldados israelitas dispararam contra uma delegação diplomática na cidade de Jenin, na Cisjordânia, e pediu medidas para evitar que uma situação semelhante se repita. “Estamos atentos ao incidente. Opomo-nos firmemente a qualquer acção que ponha em perigo a segurança do pessoal diplomático e exigimos uma investigação completa para evitar a repetição destes acontecimentos”, disse ontem a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning. Em conferência de imprensa, Mao apelou a todas as partes, e em especial a Israel, para que “evitem quaisquer acções que possam provocar uma escalada das tensões” na região. “A situação na Jordânia e na Cisjordânia tem sido tensa desde há algum tempo”, afirmou. Meio mundo A declaração de Pequim surge um dia depois do exército israelita ter disparado tiros de aviso contra uma delegação diplomática composta por representantes de 24 países. De acordo com uma lista noticiada pela agência de notícias EFE, a delegação incluía representantes do Gabinete da União Europeia e de 14 países da UE: Portugal, Áustria, Irlanda, Espanha, Lituânia, Polónia, Roménia, França, Holanda, Finlândia, Itália, Alemanha, Dinamarca e Bélgica. Representantes do Canadá, Reino Unido, México e Uruguai, bem como Jordânia, Marrocos, Turquia e Egipto, também terão feito parte da delegação. Somam-se diplomatas da China e do Japão. Representantes do Programa Mundial de Alimentos (PMA) e da agência da ONU para refugiados palestinos, UNRWA, também participaram da visita. O grupo diplomático, convocado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Palestina, estava a realizar uma visita para “observar as condições humanitárias e os crimes e violações cometidos pelas forças de ocupação na área”, informou fonte palestiniana. Vídeos do incidente, partilhados por diplomatas palestinianos, mostram soldados israelitas a apontar armas e a atirar na direcção do grupo. O exército israelita acusou a delegação diplomática de “desviar-se da rota aprovada”, razão pela qual, dizem, decidiram disparar tiros de “advertência”. “As IDF [Forças de Defesa de Israel] lamentam o inconveniente causado”, disseram as forças israelitas em comunicado, sublinhando que ninguém ficou ferido no incidente, que ocorreu em uma “zona de combate activa”.
Saúde | Número de médicos e enfermeiros por habitante sem aumentos Andreia Sofia Silva - 23 Mai 2025 Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) divulgados pelos Serviços de Saúde (SS) demonstram que entre 2023 e 2024 não houve aumento do número de profissionais de saúde no território em termos da média de médicos ou enfermeiros por número de habitantes. Desta forma, no final do ano passado existia uma média de 3 médicos (2,9) por cada mil habitantes; 1 médico (1,1) de medicina tradicional chinesa (MTC) por cada mil pessoas; menos de um médico dentista ou odontologista (0,4) por cada mil pessoas e ainda cerca de 4 enfermeiros por cada mil habitantes (4,44). Tratam-se de “dados semelhantes aos de 2023”, aponta a DSEC. Ainda assim, e em termos globais, Macau registou mais 50 médicos inscritos em termos anuais, num total de 2.030; mais 732 médicos de medicina tradicional chinesa ou mestres de medicina tradicional chinesa inscritos, um aumento de apenas quatro, em termos anuais; e uma redução de dois médicos dentistas inscritos, num total de 304. Por sua vez, o território ganhou mais 78 enfermeiros no espaço de um ano, com 3.058 inscritos no final de 2024. Em termos do número de camas havia, no final do ano passado, 1.779 camas nos cinco hospitais locais, uma redução de 103 em termos anuais “devido principalmente à transferência de camas para doentes”. As camas para internamento aumentaram em 96 unidades face a 2023, mas a taxa de utilização destas, de 71,5 por cento, registou um decréscimo homólogo de 2,3 pontos percentuais. Destaque, nestas estatísticas, para uma subida ligeira de 0,5 por cento, entre 2023 e 2024, dos atendimentos nos serviços de urgência de todos os hospitais, no total de 463 mil.
ZAPE | Apreendidos 651 maços de tabaco em lojas de conveniência Hoje Macau - 23 Mai 2025 Na sequência de uma denúncia, o Gabinete para a Prevenção e o Controlo do Tabagismo e do Alcoolismo dos Serviços de Saúde apreendeu 651 maços de cigarros em duas lojas de conveniência na zona do ZAPE. Segundo um comunicado divulgado ontem pelos Serviços der Saúde, foi verificado que as lojas tinham uma grande quantidade de cigarros cuja rotulagem não estava em conformidade com as disposições legais de Macau. Numa delas, foram encontrados 159 maços (no total de 3180 cigarros) e o noutra 492 maços (no total de 9840 cigarros). Os responsáveis pelas lojas de conveniência em causa não mostraram os documentos de importação. O tabaco foi apreendido pelos Serviços de Alfândega e os Serviços de Saúde vão acompanhar o caso e, se for confirmada a infracção, os responsáveis pelas lojas podem ser punidos com multa até 200 mil patacas. Os Serviços de Saúde reiteraram que, “para assegurar a saúde dos residentes, a lei de Macau regula rigorosamente a circulação dos produtos de tabaco, apelando aos comerciantes para não arriscarem a sorte nem desafiarem a lei, sob pena de serem severamente punidos”.
Tufão | ID pressionado a devolver dinheiro de cancelamento João Santos Filipe - 23 Mai 2025 Um cidadão cancelou uma marcação para utilizar um campo de futebol, porque não queria regressar para casa com o sinal número 8 de tufão içado. No entanto, só conseguiu ser reembolsado pelo ID, depois de ter apresentado queixa junto do CCAC Um cidadão cancelou uma marcação para utilizar um campo de futebol público, devido à passagem de um tufão, mas só foi reembolsado pelo Instituto do Desporto (ID) depois de ter apresentado queixa no Comissariado contra a Corrupção (CCAC). O caso aconteceu em 2024 e foi divulgado ontem pelo organismo liderado por Ao Ieong Seong. De acordo com os contornos apresentados pelo CCAC, o queixoso tinha uma marcação para utilizar o campo de futebol ao ar livre do Centro Desportivo Olímpico às 20h num dia de Verão. Contudo, nesse dia, a Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (DSMG) anunciou, ainda à tarde, que iria içar o sinal número 8 de tempestade tropical a partir das 22h. Como consequência do aviso, o cidadão cancelou a marcação, por considerar que depois de utilizar o espaço, e com o aproximar do sinal número 8, ia correr riscos desnecessários quando tivesse de regressar a casa. No entanto, quando tentou pedir o reembolso, este foi recusado pelo ID, que considerou que não estavam reunidas as condições para haver devolução do dinheiro. O cidadão acabou por fazer queixa ao CCAC, que foi investigar o caso, verificando as horas em que foram içados os sinais e pedido esclarecimentos ao ID. Por sua vez, o ID explicou que o regulamento sobre a compra de bilhetes para acesso às instalações desportivas prevê que só há reembolso quando se verificam “condições escorregadias na superfície do pavimento”. No entanto, o ID considerou que apesar do cancelamento, a superfície estava “em estado normal para abertura ao público”, o que fazia com que não fossem preenchidos os requisitos para devolver o dinheiro. Pedidos de boa-fé As explicações do ID não convenceram o CCAC. Na óptica deste organismo, dado que “a DSMG tinha anunciado expressamente que iria içar o sinal número 8 de tempestade tropical a determinada hora” que havia “riscos de segurança durante o percurso de ida e volta” para o queixoso. Por este motivo, o CCAC considerou que o ID devia ter dado “uma resposta mais adequada, de acordo com os princípios da boa fé, da desburocratização e da eficiência, às solicitações razoáveis dos cidadãos, no sentido de assegurar a qualidade e a eficácia dos trabalhos da Administração Pública”. Face às críticas, o ID concordou com o CCAC e avançou para o reembolso. Além disso, foi feita uma revisão do regulamento sobre a compra de bilhetes para acesso às instalações desportivas, para passar a prever este tipo de situações.
PJ | Três detidos por burla com notas falsas Hoje Macau - 23 Mai 2025 Três homens do Interior foram detidos pelos crimes de burla e troca ilegal de dinheiro para o jogo, depois de terem entregue a um jogador notas falsas. O caso foi apresentado ontem pela Polícia Judiciária (PJ) e citado pelo Jornal Ou Mun. A situação foi descoberta depois do jogador ter utilizado as notas recebidas dos burlões no casino para obter fichas de jogo. Nessa altura, os trabalhadores do casino verificaram que as notas apresentavam anormalidades, tinham inclusive a palavra “copy” pelo que denunciaram o sucedido às autoridades. Após a investigação, a PJ descobriu que os suspeitos estão envolvidos em outros quatro casos semelhantes que aconteceram nos dias 2 e 20 deste mês. No quarto do hotel na ZAPE onde os suspeitos estavam hospedados, os agentes da PJ encontraram outros 70 mil dólares de Hong Kong em notas falsas de 1.000 dólares de Hong Kong. Contudo, a impressão foi considerada de baixa qualidade. Os suspeitos recusaram cooperar com a PJ. O caso foi encaminhado ao Ministério Público pelos crimes de associação, de burla e de exploração de câmbio ilícito para jogo.
Jogos Nacionais | Criticado atraso na selecção de atletas locais João Luz - 23 Mai 2025 Ron Lam considera que a moral e preparação física dos atletas de Macau para participarem nos Jogos Nacionais foram prejudicadas pelo atraso na selecção dos atletas que vão competir. O deputado defende que as autoridades deveriam dar prioridade à participação e relativizar medalhas e sucesso desportivo Esta semana, o director do Instituto do Desporto, Luís Gomes, negou rumores e relatos de atletas locais de que estariam afastados de competir nos Jogos Nacionais, e foi revelado que não só o evento desportivo contará com a participação de atletas da RAEM, como a comitiva de Macau será a maior de sempre, com 350 atletas, segundo o Jornal Tribuna de Macau. Apesar da notícia, Ron Lam publicou no Facebook uma opinião a criticar o atraso no processo de selecção dos participantes locais na competição organizada conjuntamente pela província de Guangdong, Hong Kong e Macau, e que começa a 9 de Novembro. No início da semana, Luís Gomes adiantou ao jornal Ou Mun que ainda estavam a ser acertados detalhes sobre a participação de atletas locais com associações desportivas, e que as autoridades iriam analisar regulamentos e exigências que as provas requerem. Tendo em conta que se conhece a dimensão da comitiva da RAEM, mas que ainda não haverá uma lista concreta com o nome dos atletas, Ron Lam criticou a lentidão com que as autoridades têm gerido o processo. “O processo de selecção de atletas de Hong Kong começou em Janeiro. Por exemplo, a Associação Chinesa de Badminton anunciou a lista de participantes no mês passado, incluindo 1.599 do Interior da China, 49 de Hong Kong, 10 de Taiwan, mas zero de Macau. É inacreditável”, comentou o deputado. Alegria de competir O deputado criticou a garantia tardia do Governo em relação à participação de atletas locais e os comentários sobre o nível de competitividade que as provas exigem, e defende a organização de provas desportivas abertas para apurar os atletas que irão integrar a delegação da RAEM. “Os atletas de Macau demonstraram sempre um grande orgulho em representar o território, algo que encaram como a mais elevada meta e competir nos Jogos Nacionais é um sonho para os atletas locais”, afirmou. Ron Lam defende ainda que Macau deveria enviar pelo menos uma equipa para cada modalidade, mesmo sacrificando requisitos mínimos de participação como padrões de desempenho e aptidão física. O deputado reconhece que os Jogos Nacionais representam uma “oportunidade rara” para os atletas locais competirem ao mais alto nível. Porém, sem acção por parte das autoridades ou anúncio da lista de participantes locais, “a moral e os planos de preparação dos atletas de Macau foram afectados”. “A oportunidade de competir é mais importante do que as medalhas. O espírito e participação desportiva são conceitos fundamentais dos Jogos Nacionais”.
Restauração | Lei que regula licenciamento será revista Andreia Sofia Silva - 23 Mai 2025 O Governo pretende rever vários diplomas legais na área do comércio e negócios, sendo que a revisão da lei de 1996, relativa ao licenciamento dos estabelecimentos de comidas e bebidas e bares, será uma das primeiras a ser revista, juntamente com a lei de 1998 que “regula o condicionamento administrativo de determinadas actividades económicas”. Além disso, será também revista a lei de salvaguarda do património cultural, de 2013, a fim de “garantir os interesses dos consumidores, os valores do património cultural, a segurança na construção e a segurança contra incêndios”. A informação consta numa resposta à interpelação escrita do deputado Ngan Iek Hang assinada pela directora dos Serviços para os Assuntos de Justiça, Leong Weng In. A directora refere que a revisão destes diplomas visa “reduzir os impactos negativos que a legislação relevante possa causar ao ambiente empresarial, designadamente no que diz respeito ao início de actividade de empresas”. O Executivo quer ainda apostar na electronização de serviços para empresas, nomeadamente a “constituição de sociedades comerciais”, “certidão de admissibilidade de firma” e “registo inicial de empresário comercial e pessoa singular”. Este sistema está na fase de teste e deverá ser lançado “gradualmente na Plataforma para Empresas e Associações [na Conta Única] no segundo e terceiro trimestre do corrente ano”.
Trabalho | Sector dos seguros com salários mais altos e vagas Andreia Sofia Silva - 23 Mai 2025 Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) confirmam que o sector das seguradoras está em alta, quer em número de vagas, quer na média salarial dos trabalhadores. No final do primeiro trimestre deste ano, havia um total de 821 trabalhadores nas empresas de seguros, mais 1,1 por cento face a igual período do ano passado, sendo que em Março a remuneração média foi de 34.480 patacas, mais 3,3 por cento. O aumento da remuneração média, dentro do sector financeiro, foi maior para as actividades de intermediação financeira, na ordem dos 5,5 por cento. Assim, em Março, um trabalhador deste segmento ganhava uma média de 30.270 patacas. Em termos globais, a remuneração média dos trabalhadores a tempo completo do sector das actividades financeiras foi de 32.020 Patacas, mais 2,7 por cento, em termos anuais. No fim do primeiro trimestre houve uma quebra de 0,7 por cento no número de trabalhadores na banca, que tinha um total de 7.193 funcionários. Trata-se de uma redução de 53 pessoas. Em termos do número de vagas disponíveis nos bancos, eram 202, menos oito em termos anuais. Porém, no segmento dos seguros, o número de vagas aumentou em sete, no total de 41.
UM | Empresa de investimento no Interior paga 3 milhões por estudo João Santos Filipe e Nunu Wu - 23 Mai 2025 O braço de investimento da Universidade de Macau vai construir o novo campus na Ilha de Montanha e antes de obter a licença para utilizar o terreno tem de realizar estudos do solo. O preço deste contrato é de 3,3 milhões de patacas A empresa Guangdong Hengqin UM Higher Education Development vai pagar 2,95 milhões de renminbis (3,3 milhões de patacas) pelos estudos do solo para poder construir o futuro campus na Ilha da Montanha. Este valor soma-se aos 946 milhões de renminbis pagos anteriormente às autoridades de Zhuhai, pela concessão do terreno. De acordo com a informação partilhada pela subsidiária da Universidade de Macau (UM) no portal da Direcção dos Serviços da Supervisão e da Gestão dos Activos Públicos (DSSGAP), a realização dos estudos é uma exigência para receber a licença permanente de utilização do terreno na Ilha da Montanha. Só depois de serem finalizados estes trabalhos será possível avançar com as obras que deverão ter um custo na ordem dos milhares de milhões de renminbis. O estudo em causa foi encomendado à representação de Zhuhai da empresa China Nonferrous Metal Industry Changsha Reconnaissance Design & Research Institute, uma multinacional da China, que tem igualmente actividade em países como Estados Unidos, Japão ou Alemanha. Entre os 2,95 milhões de renminbis, a empresa da UM admite que foi feito um primeiro pagamento de 2,17 milhões e que o restante montante, na ordem dos 780 mil renminbis será pago “quando as condições estiverem reunidas”. No relatório, o valor declarado com investimento em terrenos e construção de activos é de 976 milhões de renminbis, embora estes gastos não seja discriminados, pelo que podem ter em conta outra custos, além dos 946 milhões de renminbis que foram anteriormente anunciados, através do jornal Ou Mun. Em termos dos gastos operacionais, a empresa gastou 359 mil renminbis em imposto de selo, no Interior da China, e pagou 84 mil renminbis de imposto de utilização de terrenos, num total de 443,2 mil renminbis. Aos custos anteriores juntam-se 80 mil renminbis pagos a intermediários, definidos como despesas de gestão, além do pagamento de financiamento de 576 mil renminbis. Ao nível das despesas reconhecidas pela Guangdong Hengqin UM Higher Education Development constam ainda donativos de 100 mil renminbis, embora o destinatário não seja indicado. Cerca de 10 mil alunos De acordo com os planos anunciados anteriormente pela UM, o terreno do futuro campus está dividido em nove lotes, dos quais seis vão ser utilizados para construir laboratórios, faculdades, e outras instalações universitárias. A UM tem como missão construir um campus internacional na Ilha da Montanha, com a chancela do Governo da RAEM, virado para o ensino e investigação nas áreas da ciência, engenharia, agricultura e medicina. São esperados pelo menos 10.000 alunos no campus que deverá ficar concluído até 2028, ano em que iniciará as operações com 8.000 alunos, entre os quais 4.000 a frequentarem licenciaturas. Espera-se também que o campus necessite de cerca de 500 funcionários para operar, não sendo ainda claro se a UM vai optar por residentes locais ou dar prioridade os residentes chineses.
IPIM | Macau e Hengqin procuram investimento em Harbin Hoje Macau - 23 Mai 2025 Uma comitiva de oficiais de Macau e Hengqin foi à capital da província Heilongjiang procurar investimento e intercâmbio com empresas da região do nordeste chinês na 34.ª Feira Internacional de Economia e Comércio de Harbin. A comitiva local que se deslocou a Harbin nos dias 14 e 15 de Maio, foi constituída pelos representantes do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM), da Direcção dos Serviços de Desenvolvimento Económico da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin e da Associação de Bancos de Macau. Segundo um comunicado divulgado ontem pelo IPIM, foi organizada uma sessão de bolsa de contactos para oportunidades de negócio e investimento em Macau, que contou com a participação entusiástica de 53 empresas da província de Heilongjiang”. As empresas participantes operam em sectores tão diversos como alimentação, big health, indústria, “abrangendo empresas cotadas de renome e integrantes da lista das 500 maiores empresas do mundo”. As delegações de Macau e de Hengqin foram ainda convidadas a visitar uma empresa estatal líder no sector agrícola, uma empresa farmacêutica de renome e uma associação da indústria biomédica.
Associação pede combate intenso à contratação de trabalhadores ilegais Hoje Macau - 23 Mai 2025 A Associação Geral dos Empregados do Ramo de Transporte de Macau visitou a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) e apelou para que se intensifiquem as acções contra a contratação de trabalhadores ilegais. Num comunicado, o presidente da associação, Cheang Wa Cheong considerou que a contratação de trabalhadores ilegais nos transportes é cada vez mais grave, com alguns trabalhadores não residentes a desempenharem as funções de motoristas sem autorização. Assim sendo, Cheang afirmou que faltam cada vez mais oportunidades de emprego para os motoristas locais. Por outro lado, Cheang Wa Cheong reconheceu que é difícil descobrir os trabalhadores ilegais e que muitas vezes os casos só são conhecidos porque estes acabam por se envolver em acidentes de viação. Por isso, o dirigente associativo pediu ao Governo para reforçar a realização de operações stop e que crie um mecanismo de denúncia eficaz, mas que também proteja a identidade dos denunciantes. Deputada presente Por sua vez, Ella Lei, deputada e vice-presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau, Ella Lei, que acompanhou a visita, apontou que os trabalhadores de transportes não têm um local de trabalho fixo, o que dificulta a identificação destes casos. Por isso, a legisladora deixou o desejo de que as autoridades reforcem a cooperação interdepartamental para tratar das queixas, bem como aumentem a frequência das inspecções. A deputada recordou igualmente que o sector dos transportes acompanha de perto o combate à contratação de trabalhadores ilegais pelo que existe a expectativa de que o Governo altere e melhore as leis e o regime de sanções, como forma de desencorajar a contratação sem autorização. Ella Lei aproveitou a visita para pedir uma revisão das leis, para tornar as sanções mais pesadas para qualquer trabalhador não residente que desempenhe funções fora do âmbito da autorização de trabalho. Em resposta, o subdirector da DSAL, Chan Chon U, garantiu que a DSAL presta muita atenção ao combate contra a contratação dos trabalhadores ilegais e que envia regularmente agentes para fiscalizações e cooperarem com outros departamentos. Chan Chon U recordou que no ano passado, a DSAL realizou mais de 500 inspecções. O responsável espera que o sector faça mais denúncias com mais detalhes concretos, como o número da matrícula, localização e hora dos veículos envolvidos.
Saúde | Chan Iek Lap diz que vales não beneficiam médicos jovens João Luz e Nunu Wu - 23 Mai 2025 O deputado e médico Chan Iek Lap considera que o apoio dos vales de saúde é inútil para as clínicas privadas, devido à boa oferta do sistema público, mas também para os jovens médicos que trabalham no privado. O legislador está prestes a abandonar o cargo Com a carreira de deputado a chegar ao fim nesta legislatura, Chan Iek Lap criticou a comparticipação de vales de saúde, cuja actualização para 700 patacas foi oficializada esta semana pelo Conselho Executivo. Ao fim de quase uma década e meia do início do apoio à saúde, destinado a ser usado em clínicas privadas, o legislador e médico salientou ao jornal Exmoo alguns dos vários problemas do programa, mas principalmente da fraca utilidade no impulso à carreira de jovens médicos. Em primeiro lugar, Chan Iek Lap refere que quando chega a hora dos residentes escolherem onde vão usar os vales de saúde, acabam por optar por cuidados prestados por clínicos veteranos. “Quando os residentes vão ao médico com vales de saúde, procuram sempre médicos com muitos anos de experiência. Como tal, a ‘fatia’ do apoio que chega aos médicos mais novos é muito reduzida”, argumentou. O deputado recorreu aos dados oficiais para demonstrar eficácia insípida do programa de comparticipação, sublinhando que todos os anos cerca de um terço dos vales de saúde não chegam a ser utilizados. Mais grave ainda, é o facto de as verbas alocadas para o apoio regressarem aos cofres públicos quando não são usadas, acabando por não beneficiar o sector privado. Assim sendo, Chan Iek Lap gostaria de ver no futuro estas verbas não utilizadas a reverterem para médicos que tenham começado a praticar há menos de três anos. Por outro lado O legislador salienta também o peso dos benefícios de assistência médica gratuita do sistema de saúde de Macau, e a sua qualidade, factores que não tornam tão atraente a utilização de um vale de saúde com valores na casa das centenas de patacas. “O apoio não provoca um grande efeito. O utente acaba por recorrer poucas vezes a clínicas privadas, principalmente tendo em conta que as consultas nos centros de saúde são gratuitas, assim como as consultas de especialidade do Centro Hospitalar Conde de São Januário”, argumentou. Depois do anúncio durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa, o Conselho Executivo deu na terça-feira parecer positivo à proposta para aumentar os vales de saúde para 700 patacas. Tendo em conta o aumento de 100 patacas e o número de beneficiárias do programa prevê-se um gasto do orçamento da RAEM de 519,7 milhões de patacas com este apoio social.
CCCM | Lançada edição bilingue de livro sobre Ciência Humana Andreia Sofia Silva - 23 Mai 2025 A Ciência Humana, que visa “integrar todas as áreas do conhecimento humano”, foi tema de um livro de Maria Burguete e Lui Lam lançado em 2015. Agora chegou a edição bilingue de “Science Matters – Ciência Humana, Uma Perspectiva Unificada nas Humanidades e nas Ciências”, editada com apoio da Universidade de Macau. A obra foi apresentada na quarta-feira no Centro Científico e Cultural de Macau Houve um tempo em que a filosofia era a base do conhecimento antes de surgirem outras áreas do saber. Porém, actualmente separam-se as ciências exactas das ciências humanas, a arte da filosofia, como áreas completamente distintas. Maria Burguete, cientista e presidente da Associação Science Matters, estabelecida em Portugal, lançou na quarta-feira o livro bilingue “Science Matters – Ciência Humana, Uma Perspectiva Unificada nas Humanidades e nas Ciências”, escrito com o cientista chinês Lui Lam. A obra procura demonstrar como todas as áreas do saber podem viver e conviver em conjunto, numa espécie de complementaridade, sem esquecer a filosofia. O livro foi apresentado no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) e contou com o apoio de várias entidades, nomeadamente a Universidade de Macau e o Instituto Rocha Cabral. Lançada pela primeira vez em 2015, a obra é agora editada numa versão bilingue, em português e chinês, a fim de juntar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido por Maria Burguete, doutorada em Histórias das Ciências na Alemanha e com formação de base em Bioquímica, e o cientista Lui Lam. É na Associação Science Matters, a que está ligado, desde 2018, o Centro Science Matters, em Cascais, que Maria Burguete dá cursos sobre o conceito de “Ciência Humana”, enquanto Lui Lam se dedica ao mesmo trabalho na China. Na sessão de quarta-feira, Maria Burguete explicou que Ciência Humana, tradução para português do conceito “Science Matters”, pretende “integrar todas as áreas do conhecimento humano, incluindo ciências naturais, sociais e humanas, sob o paradigma científico”. Assim, “a ideia é que todos os aspectos relacionados com os seres humanos podem ser estudados cientificamente, rompendo com as tradicionais divisões entre as ciências naturais e humanas”, promovendo-se “a unificação de todo o conhecimento produzido pela espécie humana numa única multidisciplina”. Englobam-se, portanto, as áreas das humanidades e das artes com as ciências sociais, ou ainda as humanidades com as ciências médicas. Segundo a autora, a Ciência Humana traz uma “visão unificadora do conhecimento”, sendo “uma nova multidisciplina que é como uma nova filosofia do século XXI”. Trata-se de uma “nova abordagem ao conhecimento, onde se reconhecem padrões comuns” a todas as áreas, explicou ainda. Maria Burguete diz ter tido contacto com o conceito a partir das ideias do físico nuclear inglês Charles Percy Snow, que numa palestra em Cambridge, em 1959, apresentou a ideia das “duas culturas”, ou seja, uma separação entre as ciências exactas e as humanidades, como dois pólos opostos. “A minha formação de base é em bioquímica e engenharia química. Portanto, estou muito ligada às ciências naturais. E houve uma altura em que C.P. Snow, quando era professor em Cambridge, deu uma conferência em que falou da existência de duas culturas. Isso foi um escândalo na altura, porque parecia que havia a cultura científica e as outras, e todos os que não estavam dentro dessa cultura científica sentiram-se atingidos. Ainda hoje há pessoas que dividem a área das letras das restantes, e isso tem de acabar.” Para Maria Burguete, “não faz sentido criar barreiras”, porque “todas as áreas se complementam”. “Todas as áreas, de uma forma ou de outra, estão sujeitas a um paradigma muito semelhante de conhecimento. Como se forma, de onde vêm e para onde vão? Todas passam por estas etapas. Claro que as abordagens são diferentes, conforme se trate de literatura, artes ou química, mas continuam a ser áreas de desenvolvimento do saber”, acrescentou. O papel da filosofia O contacto de Maria Burguete com Lui Lam deu-se por altura do 20º Congresso Mundial da História da Ciência, que decorreu em Pequim em 2005. “Aí apresentei uma nova epistemologia, e o meu colega, que é físico, ficou encantado e veio ter comigo, propondo-me uma nova multidisciplina, porque disse acreditar, como eu, que o saber é transversal”, frisou ao HM. De resto, esta obra bilingue nasce de um projecto editorial de seis volumes, sendo que esta edição é apenas o primeiro volume. As conferências promovidas por Maria Burguete e Lui Lam relacionadas com o tema da Ciência Humana arrancaram em 2007 e decorreram várias edições nos anos de 2009, 2011, 2013, 2015, 2017 e 2019. O que foi falado nessas conferências foi compilado em inglês, editando-se agora, no livro apresentado na quarta-feira. A académica acredita que “tudo surgiu com a filosofia”, remetendo para o período da Antiguidade Clássica. “A filosofia foi o marco principal do conhecimento, e só depois as áreas do conhecimento começaram a divergir.” Álvaro Rosa, macaense e docente do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, deixou no ar alguns dos temas que podem ser encontrados na obra, nomeadamente a história da ciência na China. “Para quem está interessado nos problemas da China, este livro ajuda-nos a compreender como a China encara e vê a história das ciências, e como é feita a comunicação da ciência” no país, disse. “A China não é exactamente igual ao Ocidente, tem as suas características, e este livro ajuda-nos a compreender como a China vê essa e outras questões. É um livro que vale a pena ler, feito para mentes abertas, para que se possa discutir o conhecimento sem que haja um vocabulário ou abordagem demasiado técnicas”, acrescentou Álvaro Rosa. Álvaro Rosa lançou o repto à audiência do CCCM com o exemplo de como é encarada a beleza ou a fealdade de algo. “Muitas vezes dizemos que gostos não se discutem. O cientista começa por classificar quais as coisas que são bonitas e feias e depois realiza um inquérito, começando a observar se há ou não fealdade, colocando tudo em categorias. Há uma abordagem completamente diferente daquela que é feita pelo humanista. Portanto, a ideia da Maria Burguete é abranger todos os temas relacionados com a humanidade dentro daquilo a que chamamos ciência, no sentido de como é que conseguimos colocar, dentro do mesmo chapéu, o estudo de todos os temas e a sua interpretação. Acho isso muito interessante”, apontou Álvaro Rosa. “Uma perspectiva integrada” Ana Cristina Alves, coordenadora do serviço educativo do CCCM e formada na área da filosofia chinesa e da cultura, defendeu que o livro de Maria Burguete e Lui Lam apresenta “uma perspectiva holística e integrada” do conhecimento. “A filosofia ocidental olha para a filosofia chinesa como não sendo filosofia, encarando-a como pouco científica, porque não começa e não acaba na lógica”, disse, falando do exemplo da integração de conhecimentos existente na medicina tradicional chinesa. “A medicina tradicional chinesa é toda apoiada na filosofia, o seu substracto é a filosofia. Quando não se tem essa perspectiva filosófica integrada e holística, o que se faz na medicina é receber os pacientes em cinco minutos e pronto. E o que é importante para um bom diagnóstico é perceber os males que afligem o paciente. Isso só é possível de uma perspectiva integrada”, apontou. Neste sentido, Maria Burguete defendeu que um médico não deveria terminar a sua formação sem “ter pelo menos três anos de filosofia, porque tratar das pessoas não é apenas tratar o corpo fisicamente, mas também perceber a pessoa que está à sua frente”.