Ministério da Segurança chinês divulga regulamentos contra-espionagem Hoje Macau - 26 Abr 2021 O Ministério da Segurança do Estado da China emitiu na segunda-feira regulamentos sobre o trabalho de segurança contra-espionagem, que entram em vigor após a promulgação. Segundo o ministério, “as agências de espionagem e inteligência e as forças hostis intensificaram a infiltração na China, e alargaram as suas tácticas de roubo de segredos de várias formas e em mais campos, o que constitui uma séria ameaça à segurança nacional e aos interesses da China”. “Os regulamentos são formulados para garantir o cumprimento de deveres específicos de várias autoridades e entidades na prevenção de actividades de espionagem e para reforçar a capacidade da sociedade, especialmente em áreas nucleares, em garantir a segurança do Estado”, disse um funcionário ministerial. O documento refere que os órgãos do Partido e do Estado, grupos sociais, empresas e instituições públicas devem assumir a responsabilidade principal pela prevenção de actividades de espionagem dentro das unidades. Os departamentos encarregados de indústrias específicas devem supervisionar e gerir os trabalhos de contra-espionagem dentro das indústrias correspondentes, e os órgãos de segurança do Estado devem orientar e supervisionar as actividades de contra-espionagem, de acordo com os regulamentos. Assim, os órgãos de segurança do Estado podem orientar os trabalhos de anti-espionagem de várias maneiras, incluindo a oferta de material publicitário, a emissão de directrizes e a prestação de formação, diz o documento, acrescentando que os órgãos de segurança do Estado devem instar as unidades com problemas na implementação das responsabilidades anti-espionagem a rectificá-las. Ao oferecer orientação anti-espionagem e inspeccionar o trabalho anti-espionagem, os órgãos de segurança do Estado devem respeitar estritamente a autoridade e procedimentos estatutários, respeitar e proteger os direitos humanos e proteger os direitos e interesses legítimos dos cidadãos e organizações. O documento insta os órgãos de segurança do Estado a manterem confidenciais os segredos de Estado, de trabalho e de negócios, bem como a privacidade pessoal e as informações pessoais adquiridas aquando da realização de orientações e inspecções.
Hong Kong | Gabinete de Ligação contra presidente da Ordem dos Advogados Hoje Macau - 26 Abr 2021 O Gabinete de Ligação (GL) do Governo Popular Central em Hong Kong instou a Ordem dos Advogados local a pôr termo ao mandato de Paul Harris, presidente da associação, que classifica de ” do político anti-China, uma vez que este último defendeu e glorificou a violência”. O GL advertiu a associação para não caminhar mais no caminho da politização para não correr o risco de cair num “abismo”. Numa forte declaração formulada no domingo, um porta-voz do GL em Hong Kong salientou que a Ordem dos Advogados de Hong Kong é um grupo profissional cujo presidente deveria seguir o princípio dos ‘Hong Kong governado por patriotas’ e advertiu que se a associação continuasse a ser liderada por uma figura política estrangeira sem integridade profissional, estaria a pisar “um caminho sem retorno”. Segundo o porta-voz do GL, Harris terá espalhado recentemente “rumores sobre os casos tratados por um tribunal em Hong Kong, apresentando desculpas para os infractores da lei, difamando os responsáveis pela aplicação da lei e pressionando o pessoal judicial, o que provocou indignação na sociedade de Hong Kong, especialmente no sector jurídico em Hong Kong”. Harris, que defendeu algumas figuras anti-governamentais, incluindo o magnata dos meios de comunicação social de Hong Kong Jimmy Lai, afirmou que eles estavam “a proteger a liberdade” em Hong Kong, de acordo com reportagens dos meios de comunicação social em Fevereiro. “Ao tomar o sistema judicial britânico como modelo e o governo do Reino Unido ter recentemente implementado a alteração da lei no sentido de reforçar a autoridade policial na gestão dos protestos, incluindo sentenciar os manifestantes que danificam estruturas monumentais até 10 anos de prisão, porque não criticou Harris aqueles que restringem os direitos dos protestos pacíficos’ no Reino Unido?”, perguntou o porta-voz. “Desde que Harris se tornou o presidente da associação, fez constantemente comentários impróprios, ameaçando alterar a lei de segurança nacional de Hong Kong e desafiando a autoridade do Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular, colocando em confronto o Estado de direito e a ordem constitucional de Hong Kong”, referiu o GL. “Como membro dos Democratas Liberais, Harris serve os interesses do partido político britânico, e como fundador do Hong Kong Human Rights Monitor, recebeu doações da organização não governamental norte-americana National Endowment for Democracy, noticiada anteriormente pelos meios de comunicação social”, acrescentou. “Como pode Harris, como figura política anti-China, intimamente ligada a países estrangeiros, levar a cabo princípios na declaração da associação, incluindo a salvaguarda do Estado de direito em Hong Kong, a Lei Básica e ‘um país, dois sistemas’? Se continuar a ser presidente, será definitivamente a maior ironia para a associação”, concluiu o porta-voz.
Nanjing | Governo promove território como destino de viagens seguro Hoje Macau - 26 Abr 2021 A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) vai realizar uma acção de promoção turística na cidade chinesa de Nanjing para cativar os turistas chineses, mostrando-se como “destino saudável e seguro” de covid-19. Entre os dias 13 e 16 de Maio as autoridades vão continuar com a mensagem que têm tentado passar desde o último trimestre do ano passado: “Macau é um destino saudável e seguro para visitar”, lê-se em comunicado. O objectivo passa por “promover a oferta no âmbito do ‘turismo + convenções e exposições’, ‘turismo + cultura’ e ‘turismo + desporto’ de Macau, entre outros, atraindo os visitantes do Interior da China a visitar a Macau”. Em meados do mês de Abril a directora da DST, Maria Helena de Senna Fernandes, explicou que o Governo está a planear mais seis acções de promoção turística do território na China. Acções antigas No ano passado, o Governo já havia realizado a ‘semana de Macau’ em Pequim e, em março deste ano, em Hangzhou, na costa sudeste. “Estamos a planear mais seis ‘semanas de Macau’ [acções de promoção turística] no interior da China antes dos feriados do dia nacional da China”, que se assinala em 1 de Outubro, disse Maria Helena de Senna Fernandes. “Para os turistas oriundos do Interior da China, sendo este o único mercado em que podemos trabalhar neste momento, estamos a agendar mais mega promoções, como as semanas de Macau”, adiantou a responsável. Em Março mais de 750 mil pessoas visitaram o território, confirmando o aumento gradual do número de turistas, após a reabertura gradual das fronteiras e do impacto da pandemia de covid-19 no turismo. A maioria dos visitantes (688.353) era oriunda do Interior da China. Destes, 268.302 tinham vistos individuais, cuja emissão, suspensa desde o início da pandemia, foi retomada em meados de Agosto do ano passado. No dia 16 de Abril o território registou 34.353 visitantes, o número mais elevado desde o início da pandemia, anunciou a DST. “A observação dos dados estatísticos permite verificar que o número de visitantes mostra uma tendência para um aumento gradual”, indicaram as autoridades em comunicado.
MP | Falso funcionário público proibido de sair de Macau Andreia Sofia Silva - 26 Abr 2021 Um homem que se fez passar por funcionário público para a prática de várias burlas viu ser-lhe aplicadas as medidas de coacção de apresentação periódica às autoridades e a proibição de saída do território, “a fim de evitar a sua fuga de Macau, a perturbação do decurso do inquérito e a prática de actividades criminosas da mesma natureza”, aponta uma nota do Ministério Público (MP). O caso remonta a 2019, quando o arguido “conheceu várias mulheres de Hong Kong através de uma aplicação de conversa telefónica e alegou falsamente a essas mulheres que era funcionário público de Macau, tendo-lhes enviado o cartão de funcionário e os documentos internos de uma entidade pública por si falsificados, com o objectivo de obter a confiança delas.” Além disso, a Polícia Judiciária (PJ) apurou que “o arguido fingiu ser uma mulher e burlou dois homens de Macau, através de namoro cibernético, na quantia total de 500.000 patacas”. Segundo a mesma nota, “o arguido, ao fingir ser funcionário público, falsificou documentos de identificação e outros documentos com o objectivo de praticar crimes de burla, o que prejudicou não só os interesses dos ofendidos, mas também prejudicou gravemente a credibilidade do Governo da RAEM e a imagem dos funcionários públicos”.
SJM | Ambrose So espera 400 milhões de receitas nos feriados de Maio Andreia Sofia Silva - 26 Abr 2021 As expectativas para o desempenho das receitas do jogo em Maio, devido ao feriado do Dia do Trabalhador, são elevadas. Segundo declarações de Ambrose So, vice-presidente e director-executivo da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), ao Hong Kong Economic Journal, citadas pelo portal GGRAsia, a expectativa é de que a média diária de receitas do segmento de massas possa “atingir as 400 milhões de patacas”. O empresário disse estar “confiante” nesse montante, embora um valor acima das 500 milhões de patacas “seja um pouco demasiado optimista”. Ao GGRAsia, Hoffman Ma Ho Man, director-executivo da Success Universe Group Ltd, um dos investidores do casino resort Ponte 16, que opera sob licença da SJM, também deu as mesmas estimativas em termos de média de receitas. A média diária de receitas do segmento de massas “a variar entre as 400 e as 500 milhões de patacas” seria encarado como “um sucesso”, descreveu a JP Morgan numa nota divulgada a 19 de Abril.
Covid-19 | Universidade de Macau acolhe vacinação entre hoje e quinta-feira Andreia Sofia Silva - 26 Abr 2021 O Governo quer estender o plano de vacinação a outros locais que não apenas centros de saúde e hospitais e o pontapé de saída faz-se na Universidade de Macau. Entre hoje e quinta-feira deverão ser vacinadas entre 600 e 700 pessoas com as vacinas da Sinopharm e Pfizer/BionTech. Entidades como a MUST e associação dos operários também foram contactadas O complexo desportivo da Universidade de Macau (UM) acolhe entre hoje e quinta-feira estudantes e professores que, mediante marcação prévia, queiram ser vacinados contra a covid-19. Uma equipa com 30 profissionais de saúde estará no local para administrar as vacinas da Pfizer/BionTech e Sinopharm e estima-se que cerca de 600 a 700 pessoas possam ser vacinadas nos próximos dias. Serão também disponibilizadas vagas para pessoas fora da UM que queiram ser vacinadas. Esta acção de vacinação na UM está relacionada com a vontade do Centro de Coordenação e Contingência do Novo Coronavírus de estender a vacinação a mais locais que não apenas os hospitais e centros de saúde. Na conferência de imprensa de ontem foi dito que cinco entidades já foram contactadas. “Estamos a preparar algumas actividades de administração em outros locais que podem ser escolas, grandes empresas ou casinos. As entidades também nos podem contactar para receber a administração das vacinas”, disse o médico Tai Wai Hou. Foram também contactadas entidades médicas do sector privado, sendo que neste momento apenas o hospital Kiang Wu administra vacinas contra a covid-19. “Já contactamos o hospital da Universidade de Ciências e Tecnologia (MUST) e a associação dos operários”, frisou o mesmo responsável. Nesta fase apenas 9 por cento da população de Macau foi vacinada, mas o Centro de Coordenação adiantou que os números de marcações prévias para a vacinação têm vindo a duplicar ou a triplicar. “No início da vacinação tínhamos centenas de pessoas a fazer a marcação prévia mas agora o número está a aumentar. Creio que as pessoas de Macau têm mais vontade de ser vacinadas.” Sem auto-gestão Outra medida anunciada ontem prende-se com o facto de, desde a meia noite de hoje, dia 27 de Abril, todas as pessoas que tenham estado em Hong Kong nos últimos 14 dias tenham de fazer uma quarentena de 14 dias sem necessidade de auto-gestão de saúde nos sete dias posteriores. Esta medida é também aplicada às pessoas que já estão no território, mas que ainda não concluíram a quarentena. Apesar de Hong Kong e Singapura terem estabelecido uma bolha de viagem, a funcionar em Maio, as autoridades de Macau ainda não têm esse plano. “A situação epidémica em Hong Kong está atenuada, mas ainda tem casos esporádicos, daí ser necessária a observação médica de 14 dias. Vamos continuar a acompanhar a situação para saber se são necessárias novas medidas. Macau e o Interior da China já voltaram à normalidade quanto à circulação de pessoas, mas para outros países não temos ainda planos para o estabelecimento de bolhas de viagem”, referiu Leong Iek Hou, coordenadora do Centro. Relativamente às dez pessoas que chegaram a Macau este domingo vindas do Nepal, sete delas são residentes de Macau e três são trabalhadores não residentes no Estabelecimento Prisional de Macau. Uma das pessoas oriunda do Nepal repetiu ontem o segundo teste de anticorpos, que deu negativo depois de um primeiro teste positivo. Neste momento estão duas pessoas internadas no Centro Clínico de Saúde Pública do Alto de Coloane. Uma delas diz respeito a “um caso importado que voltou a testar positivo e está no período de convalescença”, havendo também “um outro caso de convalescença do exterior, sem febre ou outros sintomas”. Hoje começa o 29º plano de fornecimento de máscaras, com duração até ao dia 26 de Maio.
Qingmao | Posto Fronteiriço previsto para o segundo semestre Salomé Fernandes - 26 Abr 2021 O secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, espera que o Posto Fronteiriço de Qingmao entre em funcionamento no segundo semestre deste ano. No entanto, ressalvou que a data vai depender da autorização do Governo Central, das obras no Interior da China, trabalhos de inspecção e ajustamento dos equipamentos, para além de testes de pressão de passagem fronteiriça com os serviços de Zhuhai. À margem de uma reunião na Assembleia Legislativa, o secretário disse que a “mão de obra já está preparada”. O posto fronteiriço conta com um total de 100 passagens automáticas e quatro de controlo manual. “Estabelecemos este posto para ajudar a aliviar a pressão das Portas do Cerco, por isso é que tem mais sistemas automáticos”, disse Wong Sio Chak. Perante a proporção de passagens automáticas, “a necessidade de recursos humanos será menor do que em outros postos fronteiriços, e o pessoal será principalmente responsável por assegurar a ordem pública e o funcionamento do sistema”, indicou um comunicado do Gabinete de Comunicação Social. No âmbito da construção de instalações logísticas na ilha artificial da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, a nota refere que já foram sugeridos projectos, que se encontram por confirmar e aprovar. Outro tema abordado foi a consulta apresentada por uma associação de funcionários públicos à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) sobre a neutralidade dos agentes das Forças de segurança. Wong Sio Chak, indicou que o dever de neutralidade dos agentes se mantém “quer estejam em serviço, folga ou depois do seu serviço”.
Lei da migração | Recolha de dados justificada com “bom funcionamento” fronteiriço Salomé Fernandes - 26 Abr 2021 Dentro da Comissão que está a discutir a proposta de lei sobre a migração houve quem questionasse a necessidade de Macau recorrer à recolha de dados da íris ou retina no controlo de fronteiras. No entanto, o Governo afirma que a vontade de regular a técnica tem em vista o “bom funcionamento” das fronteiras O Governo justificou a vontade de permitir a recolha da configuração da íris ou retina de não residentes no controlo fronteiriço para passar já a prever essa técnica e facilitar a passagem fronteiriça. “Só queria pôr essa norma na lei mas não quer dizer que iremos recolher. (…) Para que é que a polícia quer receber esses dados? Para nós não significa nada, só queremos ter um bom funcionamento na passagem fronteiriça”, disse ontem o secretário para a Segurança. Wong Sio Chak deu também a entender que é preciso prever o uso dessa medida na proposta de lei do “Regime jurídico do controlo de migração e das autorizações de permanência e de residência na RAEM” a pensar no desenvolvimento das técnicas no futuro. “Muitos dos serviços também utilizam os sistemas para verificar os olhos, por exemplo. Isso é já muito avançado em alguns escritórios em Macau”, disse. E acrescentou que sendo um procedimento “muito utilizado no mundo inteiro”, se não fosse incluído na proposta de lei e se tornasse necessário no futuro, iria implicar uma alteração à lei. Recorde-se que a proposta de lei prevê que os não residentes sejam identificados na fronteira não só através do passaporte ou documento de viagem, mas também de três tipos de dados biométricos: impressão digital, reconhecimento facial, e leitura da íris ou da retina. Isto aplica-se “sempre que necessário”, para confirmar a identidade do indivíduo. A forma de recolha de dados pessoais tem sido uma preocupação da 3ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, que está a discutir o diploma. “Quanto a dados biométricos da íris e retina, houve quem entendesse que é uma técnica demasiado moderna. Será que Macau tem de usar uma técnica tecnologicamente tão avançada? Está na vanguarda da tecnologia? O senhor secretário explicou que apesar de estar prevista essa modalidade não quer dizer que será necessariamente utilizada”, disse o presidente da Comissão, Vong Hin Fai. No caso dos residentes, o Governo esclareceu que quem não se importar de ter os dados recolhidos poderá passar pelos canais automáticos. Quem não quiser essa recolha, pode optar por passar pelo posto fronteiriço convencional e ter o documento verificado pelas autoridades. Baixar a cancela Dentro da Comissão surgiram também preocupações com a possibilidade de se recusar a entrada a não residentes se constituírem uma ameaça para a segurança interna. “Houve quem manifestasse há pouco preocupação de essa justificação de constituir ameaça para a segurança pública ser demasiado abstracta aquando da sua aplicação”, disse Vong Hin Fai. O presidente da Comissão observou que a Lei de Bases da Segurança Interna tem uma norma no mesmo sentido, mas que apesar disso se questionou “como será o meio de defesa do interessado para se poder defender de um acto por parte da administração de negar a entrada”. De acordo com Vong Hin Fai, o Governo justificou que se trata de uma medida adoptada em muitas partes do mundo e que comparativamente com os outros países e regiões a legislação de Macau “é muito mais explicita e completa quanto aos fundamentos”. Como meio de defesa do interessado, o secretário apontou que há possibilidade de reclamação e recurso contencioso.
FAOM encaminhou mais de 700 pedidos de emprego à DSAL Nunu Wu - 26 Abr 2021 A Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) reuniu-se ontem com a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), entregando informações de 765 desempregados que estão à procura de emprego. Leong Sun Iok, representante da FAOM, indicou que a maioria dos desempregados são do sector da construção, venda a retalho e guias turísticos. “Cerca de 500 desempregados têm menos de 50 anos, podemos notar que são de diferentes sectores e idades”, apontou o deputado. A FAOM também pediu ao Governo para melhorar a eficiência da conjugação de emprego e para organizar mais sessões temáticas da feira de emprego. Antecipando que os recém-licenciados vão entrar no mercado de emprego dentro de pouco tempo, Leong Sun Iok mostrou-se também atento à dificuldade dos alunos na procura de emprego. “Prevê-se que o Governo lance o plano de estágios em Junho. Pode haver mais vagas do que o ano passado e posições em empresas diferentes”, adiantou Leong Sun Iok. Além disso, apelou à adopção de medidas concretas para supervisionar se os residentes estão a ter prioridade no recrutamento para obras públicas. Chan Un Tong, subdirector da DSAL, reiterou que o Governo trabalha constantemente na substituição de Trabalhadores Não Residentes (TNR). “Até o fim de Março, registaram-se 173.113 TNR, menos cerca de 2.000 pessoas em comparação a Fevereiro. Pode-se observar que o Governo continua a proceder à substituição de TNR”, declarou Chan Un Tong. Dicas para o sucesso O subdirector apontou que os candidatos a emprego serão classificados segundo a idade, requerimento de salário, habilitações académicas e competências. O objetivo é que quem está desempregado consiga emprego até um mês depois de entregar as informações. Além de organizar pelo menos três sessões de conjugação de emprego mensais, Chan Un Tong está a planear palestras para dar a conhecer as vagas e explicar como é que os interessados podem melhorar na entrevista de emprego. Sobre o plano de experiência no local de trabalho, Chan Un Tong apontou que os alunos vão poder visitar a empresa antes de estagiarem. Por outro lado, os planos de formação subsidiada orientados “para o aumento das competências técnicas” e “para a empregabilidade” já foram alterados, podendo cada pessoa inscrever-se duas vezes. “Prevemos mais participantes devido ao aumento do limite de inscrições, por isso já houve coordenação com as instituições que lançam cursos. Agora são lançadas 800 vagas mensais de formação, que podem ser ajustadas segundo as inscrições e procura”, apontou.
Eleições | Scott Chiang é “para já” cabeça de lista da candidatura de Ng Kuok Cheong João Luz e Nunu Wu - 26 Abr 2021 Depois de participar em recolhas de assinaturas para a candidatura de Ng Kuok Cheong no fim-de-semana falou-se na possibilidade de Scott Chiang encabeçar a lista da candidatura pró-democracia à Assembleia Legislativa. O histórico deputado confirmou ao HM que Chiang é, “para já, o primeiro candidato da lista” Depois de várias publicações no Facebook, que mostraram Scott Chiang a discursar em acções de recolha de assinaturas para a candidatura de Ng Kuok Cheong à Assembleia Legislativa, a possibilidade de regresso à vida política de Chiang começou a ser levantada. O Macau Daily Times noticiou ontem que as publicações aludiam à hipótese de Scott Chiang vir mesmo a concorrer às próximas eleições legislativas. As incertezas dissiparam-se um pouco. Em declarações ao HM, Ng Kuok Cheong afirmou que “a proposta inicial é que Scott Chiang seja o primeiro candidato da lista”. Sem confirmar ou negar, o próprio Scott Chiang disse ao HM “que tem a certeza de que em breve se saberá” se é candidato, citação semelhante à publicada no Macau Daily Times. O próprio Ng Kuok Cheong ressalvou não poder garantir que o jovem será, “até ao último dia”, o primeiro da lista, mas, “para já, tem o consenso da equipa”. Depois da saída da Associação Novo Macau (após as últimas eleições legislativas em 2017) e de três anos dividido entre processos judiciais e o papel de pai a tempo inteiro, Chiang referiu que o regresso à acção política “foi a tempos surreal”. “Mesmo quando as coisas parecem tão familiares, como quando reconhecido dois polícias à paisana”, contou. De deputado a cidadão Em Setembro do ano passado, o deputado cujo primeiro mandato data de 1992 anunciava que a decisão de se candidatar dependia do estado de saúde, mas que se concorresse não seria como cabeça de lista e que pretendia encorajar mais jovens a participar activamente na vida política. Actualmente, esse papel parece destinado a Scott Chiang, que foi o número dois da lista liderada por Sulu Sou nas eleições legislativas de 2013. “Caso Scott seja eleito, espero poder ajudá-lo através da inspecção do seu trabalho, como cidadão activo”, vaticinou o legislador acrescentado o “muito potencial” que vê em Scott Chiang. O deputado confessa que durante cerca de um mês a sua equipa estudou quem poderia encabeçar e ser incluído na lista, surgindo mesmo o nome de Cloee Chao, presidente da Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo, para um possível lugar. Para já, a lista está ocupada com a missão de reunir 500 assinaturas para formalizar a candidatura. Mais de metade do caminho foi percorrido, com a recolha de 300 assinaturas, mas Ng Kuok Cheong quer jogar pelo seguro, por considerar que “este ano é especial”, porque acha que muitas assinaturas podem ser consideradas nulas pela comissão eleitoral.
Piménio Ferreira: “A retórica anti-cigana sempre funcionou em Portugal” Teresa Sobral - 26 Abr 20213 Mai 2021 Piménio Ferreira, mais conhecido por Gitelles Ferreira, militante anti-racista, 34 anos, engenheiro físico, nacional romani. É um homem com um discurso provocador, um humor corrosivo, gentil e com um sorriso que não deixa ninguém indiferente Gitelles, nós vivemos numa terra intercultural e os ciganos – em particular – vivem há cerca de cinco séculos em Portugal. O que se passa para as comunidades ciganas continuarem “à margem” da dita sociedade? Falta mudar o modelo de sociedade. Este é extremamente estratificado, colocando pessoas em lugares subalternos para privilegiar uma minoria violenta. A estrutura social branca é patriarcal e racista. O que se chama de ‘margem’ da sociedade é na verdade um lugar intrínseco à mesma, que lhe pertence. Dito de outra forma, as pessoas ciganas foram incluídas neste modelo de sociedade desde que descobriram a Europa e seus reinos. O problema é o modelo de sociedade que se mantém e o lugar para onde foram relegados e como foram relegados: com violência, em estatuto de inferioridade face aos brancos, sem direito à dignidade humana, a constituir família, a escolher a própria língua e religião, expropriados de todo e qualquer direito cultural e material. Um lugar construído e mantido até hoje por violências e perseguições genocidas e etnicidas. Em 1463, a um Vasco Gitano era-lhe aforada uma herdade. Em 1521, os gitanos, ou ciganos, eram já usados como referência para tudo o que é considerado mau no modelo de sociedade. O “contra-exemplo” face ao branco que se destacaria pela positiva. O ‘anjo’ e o ‘demónio’; o ‘outro’, o inimigo; aquele contra quem todo e qualquer ataque e perseguição é legítimo. Incluindo a proibição de se defender, de ter armas, qualquer tipo de bens, e direito de permanência. E é por lhes ser negado esse direito à permanência que ainda hoje temos comunidades ciganas nómadas dentro do país? Sim, sem dúvida. Há muitas formas de forçar o nomadismo: directamente, proibindo a permanência e expulsando com força policial ou militar; indirectamente, recusando habitação pública ou privada a pessoas ciganas, por serem ciganas; e ainda através do processo de gentrificação. Eu li o resultado de um inquérito da Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia, onde se diz que aproximadamente 80% dos ciganos inquiridos vivem abaixo do limiar de risco de pobreza do seu país; um em cada três ciganos vive numa habitação sem água canalizada; um em cada três ciganos pertence a uma família em que alguém se deitou com fome pelo menos uma vez no mês anterior; e 50% dos ciganos com idades entre os 6 e os 24 anos não frequentam a escola. Por que é que isto acontece assim? É a perseguição histórica, que continua. Não há empobrecimento que não tenha causa externa. No caso, um sistema político de expropriação total e imposto na base da violência. Já em 1648, D João IV, o Restaurador, proibia ‘dar-se ou alugar-se casas a ciganos’. O mesmo D João IV que conseguiu o reino de Portugal graças a D. Jerónimo da Costa e aos seus 250 Cavaleiros. O mesmo D. Jerónimo da Costa que morrera a defender a independência de Portugal face a Castela. Cigano, tal como sua mulher e filhos. Entre proibições de permanência, “que não entrem ciganos no reino e saiam os que nele estiverem” (D João III, 1526), com expulsões, degredos para as galés, expropriação de bens e propriedades, impostas com penas de açoites, mutilação e morte, sistematicamente realizadas até aos dias de hoje (ainda em 2011 a Câmara Municipal de Faro queria proibir ciganos no concelho). A proibição de trabalharem por conta de outrem (ninguém emprega trabalhadores ciganos, e os que aceitam fazem-no em total precariedade, para cargos mal remunerados e sem direitos e condições dignas). Não conseguem ficar dependentes de trabalho por conta própria, não conseguem meios de investimento, devido à extrema expropriação. Ficam dependentes da precariedade. Se quiserem saber como é viver em neoliberalismo puro, conheçam a vida dos ciganos. A realidade destes é paradigmática da agressão e desprotecção a que os “senhores” estão dispostos a ir, para seu proveito. Os senhores de que falas, é o poder económico e político? O grupo do poder político, social, cultural e económico. O proprietário, o colonizador. Esse grupo que está no poder desde que instituiu o sistema de dominação actual. E que só tem sentido dentro do modelo sociopolítico hierarquicamente estratificado em que vivemos. Daí a necessidade de acabar com ‘senhores’ e instituir um novo modelo de sociedade, saudável, livre, sem hierarquias nem estratos, sejam de raça, classe ou género. O modelo em que vivemos leva a comunidade cigana (e não só) à exclusão económica, afastando-a do acesso ao consumo de produtos ou excluindo-as do seu processo de produção; à exclusão política associada à falta de acesso a informação; à educação e consequentemente a exclusão social que se vê na desigualdade de acesso a áreas comunitárias de qualidade como restaurantes, bibliotecas, teatro, cinema, concertos, cuidados de saúde, etc. Como se sente uma criança cigana ao perceber que não faz parte de um todo? Crianças que nunca se vêm representadas, nem em filmes, nem em livros, nem em desenhos animados, nem sequer num anúncio a comer cereais, por exemplo? Isso é um desastre para a auto-estima, é uma condenação à priori? A questão é mesmo essa. As pessoas ciganas não estão “excluídas da sociedade”, ao contrário, estão incluídas nela. O problema é a existência do que cinicamente é chamado de ‘exclusão social’, qual termo orwelliano, e aí estarem sob coacção, as pessoas. Qual campo de concentração e extermínio. Aliás, os campos de concentração nazis são uma concretização mais visual do que se chama ‘exclusão social’ e, tal como aqui, não eram uma parte ‘excluída’ da sociedade nazi, mas antes a sua estrutura fundamental e caracterizadora. É um lugar de violência, onde as pessoas são mantidas pela violência, dedicado ao seu extermínio, e desenhado para que pouca gente consiga sair. E mesmo assim resistem. Tal como nos campos de concentração nazis. E o que elencaste como exemplo de ‘consequência’ dessa ‘exclusão’, é na verdade o meio pelo qual essa exclusão também acontece e se mantém. Pessoas ciganas estão fora dos cinemas, quer como consumidoras quer produtoras (mas vão ao cinema). Estão fora da escola, da educação e da Academia. Quer como ‘utentes’ quer como produtoras (mas vão à escola e estão na base da construção de conhecimento e de debates académicos e científicos). Até no ataque à autoconfiança da criança cigana, falamos de um mecanismo de manutenção desta situação. Mas as pessoas ciganas respondem muito bem: com o orgulho cigano. Outra resistência, a mais uma agressão. As pessoas ciganas estão assim incluídas na sociedade. Num lugar que pertence a este modelo de sociedade moderno. E resistem e contrariam o poder de dominação e fazem questão de estar na cidade, no cinema, no teatro, na Academia, em todos os espaços. Com muita luta e sempre resistindo, mas estão lá. A exclusão social, mais do que um “lugar fora da sociedade”, é parte da sua estrutura social. Queres dizer que há uma resistência colectiva? No trabalho, já num contexto de precariedade absoluta, durante a pandemia, as pessoas ciganas arregaçaram mangas e mostraram mais uma vez, proactividade e criatividade na adversidade. Aprenderam vendo fazer e fazendo. E aqui, são novamente as mulheres quem salta para a linha da frente, dão a cara, aprendem a usar as ferramentas digitais com as suas filhas ou filhos, e lançam-se na rede. E assim exploram as vendas online bem como os trabalhos por aplicativo (transporte ou estafetas). Na habitação, num contexto de pandemia em que os despejos não foram travados – como deviam e dita a própria lei – moradores não deixaram de se organizar e lutar contra despejos injustos e reclamar a dignidade na habitação; associações de moradores aliadas na sua ação a outras organizações de luta pela habitação e anti-racistas. De notar também como se reinventaram e intensificaram para angariar e distribuir bens alimentares e kits de máscaras/álcool gel para as pessoas mais expropriadas. Ciganas e não ciganas. Na luta anti-racista, novos movimentos surgiram e as suas acções intensificaram-se pelas redes sociais. Pessoas que nunca antes se tinham organizado ou militado, iniciaram os seus primeiros passos no activismo, engrossando esta via da organização e acção popular cigana e anti-racista. As pessoas esquecem, ou não querem valorizar, mas a acção cigana tem ajudado a determinar resultados na disputa política. Munícipes ciganos mobilizaram-se em grande e determinaram resultados eleitorais nas autárquicas de 2017, quer no Alentejo, quer na Área Metropolitana de Lisboa, causando inclusive terremotos eleitorais. E mesmo nas Presidenciais, o segundo lugar foi resolvido por um valor equivalente ao número estimado de eleitores ciganos. Fora os votos não ciganos que foram mobilizados pela acção de eleitores ciganos. Pessoas ciganas estão inclusive a co-construir poder nos espaços de opinião, nos media local, nas redes sociais e na disputa política partidária e institucional. E mais importante ainda, na açcão popular e em alianças com outros movimentos sociais. Nunca parámos de lutar por todos os meios e continuamos a resistir. Em contrapartida há cada vez mais discursos de ódio, da extrema direita em particular. Que tens a dizer sobre isso? Para começar esses discursos são históricos e europeus. Não sendo nem actuais e menos ainda “da extrema-direita”. Esses discursos são adoptados e proferidos há muito tempo, mesmo em ‘democracia e liberdade’, por vários representantes do centro-direita, conservadores, centro esquerda, liberais, esquerda liberal, até representantes do PCP. A retórica anti-cigana sempre funcionou em Portugal, por ser a retórica mais brancogénica [de génese branca]. Isto é, que permita criar e dar o “branco” como o superior de todos. E assim agradar ao eleitorado branco que, ao sentir-se bem, compensa com o seu voto. Mesmo que as políticas implementadas pelos seus eleitos o prejudiquem ainda mais. Para terminar gostava que falasses um pouco da tua experiência pessoal e como chegaste a activista? Estudei, lutei pelos estudos, fiz alianças, formei-me, enveredei no mercado de trabalho da “precariedade formal”. Iniciei a minha acção militante e aqui estou hoje. Nós podemos transformar esta sociedade numa melhor. Essa certeza aliada ao facto da actual ter tanto sofrimento, faz qualquer pessoa querer ter uma atitude transformista. Eu quis ser ‘inventor’ (engenheiro físico) e militante antirracista. E através do estudo (não necessariamente escolarização) e da organização com outras pessoas, por sua vez, com outros estudos, formações e visões, fui aprendendo como o mundo funciona e como pode ser mudado. Mas antes de transformar, precisamos sobreviver. Daí surgem dois tipos de acções: transformativas e de sobrevivência. A luta contra o discurso de ódio surge como sobrevivência, mas a sua derrota será uma vitória transformativa. Há muita coisa que – como pessoas que querem um mundo melhor – temos de fazer, nomeadamente trabalhar para criminalizar o discurso de ódio; condenar e proibir organizações com discursos e práticas racistas; denunciar a estrutura e lógicas institucionais racistas que organizam o Poder e gerem os recursos comunitários. E nesse sentido, têm havido vários tipos de ações, de petições, a manifestações. E precisamos de mais. Eu, além de militar no movimento SOS RACISMO, participo no Podcast “Viemos Para Ficar”, com Mamadou Ba e Joseph da Silva. E se tudo correr bem, iremos em breve iniciar um novo projecto. Com pessoas amigas, temos também o projecto “Iniciativa Cigana”, dedicado a refletir e promover movimentos transformativos. Focado essencialmente em educar contra o anti-ciganismo, denunciando o genocídio histórico e continuado e trabalhando para um novo projeto de sociedade. Também com novos projectos na calha. E por fim, há sempre as acções voluntárias, sem uma organização, onde procuro partilhar o que descobri sobre o Anti-ciganismo e a história Romani em escolas e com pessoas interessadas. Além disto, há ainda a luta pela habitação, porque os despejos não pararam durante a pandemia. Devido à precariedade habitacional e laboral, os sujeitos racializados especialmente os nacionais Roma, são os que mais vulneráveis ficaram ao Covid-19. É fundamental haver acções nesta área; de todas as lutas, esta é a mais estrutural, pois vai contra um dos principais inimigos de uma sociedade saudável: a especulação imobiliária deste sistema capitalista, que coloca o lucro e os bens acima das pessoas e sua humanização.
Hong Kong e Singapura abrem ‘bolha’ de viagem a partir de 26 de Maio Hoje Macau - 26 Abr 2021 Hong Kong e Singapura vão abrir uma ‘bolha’ de viagem a partir de 26 de Maio, permitindo que os seus habitantes se desloquem entre as duas cidades sem se submeterem à quarentena obrigatória para combater a covid-19. “Os dois governos chegaram a um consenso”, anunciou hoje o secretário para o Comércio e Desenvolvimento Económico de Hong Kong, Edward Yau, em comunicado. Os dois territórios tinham anunciado anteriormente condições especiais de viagem, em novembro último, mas os planos acabaram por não se concretizar, depois de Hong Kong ter registado um aumento de infecções. Os viajantes de Hong Kong terão de estar vacinados duas semanas antes da partida para Singapura, uma exigência que não se aplica no sentido inverso. Além disso, terão de ter passado os 14 dias anteriores numa das duas cidades, sendo obrigados a instalar a aplicação de rastreio de covid-19 do destino. Ao abrigo do acordo, a bolha de viagem será suspensa caso a média de casos locais sem identificação da origem ultrapasse os cinco, nos sete dias anteriores.
IPM | Série de animação de Angela Lao vence prémios internacionais Hoje Macau - 26 Abr 2021 A série de filmes de animação “Andrew’s Parallel Worlds”, de Angela Lao En Yu, ex-aluna do curso de licenciatura em design da Escola Superior de Artes do Instituto Politécnico de Macau (ESA-IPM), foi recentemente premiada com vários prémios internacionais, incluindo o Prémio de Ouro de Melhor Filme de Curta-metragem da Hollywood Film Competition dos EUA (2020), o Prémio de Diamante de Melhor Filme de Curta-metragem de LA Shorts Awards dos EUA (2020), o Prémio de Melhor Animação de Longa-metragem de Accord Cine Fest da Índia (2021), o Prémio de Melhor Roteiro de Animação de Goroa Awards do Brasil (2021), o Prémio de Melhor Animação de Longa-mestragem de Global Monthly Online Film Competition do Canadá (2021), e o Prémio de Melhor Animação de Pure Magic International Film Festival dos Países Baixos (2021). “Andrew’s Parallel Worlds”, criada por Angela Lao durante a epidemia, conta a história das viagens a diferentes lugares do Andrew e da sua rapariga de sonho, Cloudamanleia, após o reencontro, dez anos depois de Andrew e a rapariga por quem o se apaixonou à primeira vista se terem separado na cerimónia de graduação devido um vírus muito mau. Citada por um comunicado, Angela Lao referiu que os prémios obtidos representam uma melhor oportunidade de divulgação, permitindo às obras ganharem mais espectadores. Esta pretende, no futuro, continuar a criação da série “Andrew’s Parallel Worlds” e de outros produtos relacionados.
Óscares | “Nomadland”, de Chloé Zhao, vence na categoria de Melhor Filme Hoje Macau - 26 Abr 2021 Era a primeira mulher sino-americana nomeada para um Óscar e venceu-o: a 93ª edição dos prémios da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas deu o galardão dourado para a categoria de Melhor Filme a Chloé Zhao por “Nomadland – Sobreviver na América”, que também venceu na categoria de Melhor Realização. A actriz Frances McDormand venceu o galardão de Melhor Actriz com este filme “Nomadland – Sobreviver na América”, da cineasta sino-americana Chloé Zhao, venceu na madrugada desta segunda-feira [hora europeia] o Óscar de Melhor Filme na 93ª edição dos prémios da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas, dos Estados Unidos. Chloé era um dos nomes favoritos na corrida e também representava uma estreia no mundo de Hollywood, ao ser a primeira mulher asiática na lista dos nomeados. O filme teve como produtores Frances McDormand, Peter Spears, Mollye Asher, Dan Janvey e a própria Chloé Zhao. Protagonizado por Frances McDormand, “Nomadland” conta a história de uma mulher que viaja pela América como nómada, vivendo numa caravana, trabalhando em empregos temporários e sobrevivendo na estrada, na sequência de uma crise económica. Embora o filme seja uma ficção, assenta em testemunhos reais de norte-americanos que vivem na estrada, sempre em trânsito, numa comunidade nómada mais envelhecida e nas margens da sociedade. Chloé Zhao, sino-americana, foi a primeira mulher asiática nomeada para os Óscares e a segunda mulher a conquistá-lo, depois de Kathryn Bigelow, em 2020, por “Estado de Guerra”. Para o Óscar de Melhor Filme estavam nomeados “Mank”, “Nomadland – Sobreviver na América”, “Uma miúda com potencial”, “O Pai”, “Judas and the Black Messiah”, “Minari”, “Sound of Metal” e “Os 7 de Chicago”. Nas contas para esta edição, o filme “Mank”, de David Fincher, somou dez nomeações, enquanto “Nomadland – Sobreviver na América”, de Chloé Zhao, foi indicado para sete estatuetas, entre as quais a de Melhor Realização, conquistado pela cineasta. “Nomadland” deu também o Óscar de Melhor Actriz à sua protagonista, a actriz Frances McDormand. Este é o terceiro Óscar conseguido por Frances McDormand, em três nomeações para melhor actriz, depois de “Fargo” (1996) e “Três Cartazes à Beira da Estrada” (2018). Ao longo da carreira, McDormand teve igualmente três nomeações para melhor actriz secundária, em “Terra Fria” (2005), “Quase Famosos” (2000) e “Mississippi em Chamas” (1988). Para o Óscar de Melhor Actriz estavam nomeadas Carey Mulligan (“Uma miúda com potencial”), Frances McDormand (“Nomadland”), Viola Davis (“Ma Rainey: A mãe dos blues”), Vanessa Kirby (“Pieces of a Woman”) e Andra Day (“The United States vs. Billie Holiday”). “Sou afortunada” Chloé Zhao disse que “é fabuloso ser uma mulher em 2021”, no rescaldo da vitória. “Sou extremamente afortunada por poder fazer o que gosto. Se esta vitória ajudar mais pessoas como eu a viverem os seus sonhos, sou muito agradecida por isto”. “Um dos momentos mais felizes para mim esta noite foi quando a Frances ganhou”, contou Chloé Zhao aos jornalistas. “As pessoas podem não saber tudo o que ela fez, como produtora e como actriz, quão aberta e vulnerável foi e quanto me ajudou a fazer este filme”, afirmou. “E como ajudou os nómadas a sentirem-se confortáveis nas gravações. Ela é ‘Nomadland’”. A história baseia-se num livro de não ficção e o filme, que contou com nómadas da vida real, provocou uma alteração de perspectivas para a própria Chloé Zhao. “Há muitas coisas que mudaram para mim. Penso que preciso de menos coisas para viver, sem dúvida”, afirmou. “Podia ter apenas algumas coisas”. A realizadora, questionada várias vezes sobre a importância de ser a primeira asiática a vencer este Óscar e apenas a segunda mulher, depois de Kathryn Bigelow, não quis encaixar-se num formato específico. “Para os realizadores asiáticos, para todos os realizadores, temos de ser fiéis a quem somos e contar as histórias a que nos sentimos ligados”, disse. “Não devemos sentir que só há um certo tipo de histórias que temos para contar”. Zhao também fez menção à confiança que lhe foi incutida desde criança e que lhe permitiu sonhar alto. “Tive a sorte de ter pais que sempre me disseram que quem eu sou é suficiente, e eu sou a minha arte”, disse. “Tento sempre manter-me fiel a mim mesma e rodear-me de pessoas talentosas e que me apoiam”. O produtor Peter Spears, que partilhou o Óscar de Melhor Filme com Zhao, Frances McDormand, Mollye Asher e Dan Janvey, falou de como a pandemia alterou o curso deste projecto. “A possibilidade de terminar este filme no meio da pandemia e depois estreá-lo na pandemia foi um esforço hercúleo e algo que nunca pensámos que íamos ter de fazer”, afirmou. “Nesse processo, parece que o momento era o certo e a história que contámos tocou as pessoas – uma história sobre comunidade e a nossa humanidade partilhada”, considerou. “Teve um significado mais profundo do que se tivesse saído antes”. Silêncio na China O sucesso da realizadora chinesa Chloé Zhao, na cerimónia dos Óscares, está a ser recebido com silêncio no seu país, devido a declarações feitas há oito anos. A imprensa estatal não comemorou. A televisão estatal CCTV e a agência noticiosa oficial Xinhua, os dois principais órgãos estatais, nem sequer divulgaram a vitória de Zhao. Foi censurada uma mensagem a anunciar a conquista do prémio, pela revista de cinema Watch Movies, que tem mais de 14 milhões de seguidores na rede social Weibo, o equivalente ao Twitter na China. O ‘hashtag’ “Chloé Zhao ganha o Óscar de melhor directora” também foi censurado na plataforma, com os internautas a receber a mensagem “de acordo com as leis, regulamentos e políticas relevantes, a página não foi encontrada”. Porém, as notícias sobre a sua vitória foram rapidamente difundidas na Internet chinesa, com internautas a celebrar a vitória de Zhao. Muitos apontaram o discurso de aceitação, no qual Zhao citou um verso de um poema escrito no século XIII que, como muitas outras crianças chinesas, Zhao memorizou quando era criança, e que se traduz assim: “As pessoas nascem boas”. Chloé Zhao foi vítima de ataques em Março, quando ganhou um Globo de Ouro de melhor realização, devido a um comentário feito há oito anos. Numa entrevista, em 2013, a cineasta disse que, na China, “há mentiras por todo o lado”, referindo-se ao sistema político. O comentário foi recuperado nas redes sociais chinesas, com internautas nacionalistas a acusarem Zhao de trair o seu país, acusando-a de ter “duas caras” e de ter saído da China devido à riqueza do pai, o antigo director de uma empresa estatal chinesa.
Covid-19 | Cinco pessoas do Nepal testam positivo aos testes anticorpos Andreia Sofia Silva - 26 Abr 2021 O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus emitiu este domingo uma nota onde dá conta de que cinco de dez pessoas oriundas da cidade de Katmandu, no Nepal, testaram positivo para os testes anticorpos à covid-19. Um deles “revela a possibilidade de apresentar uma recaída”, pelo que será realizado esta segunda-feira um novo teste. Quanto às restantes quatro pessoas “foram consideradas como tendo sido infectadas anteriormente”. Quanto às restantes cinco pessoas testaram negativo à covid-19. Os 10 indivíduos foram encaminhados para o Centro Clínico de Saúde Pública no Alto de Coloane para observação e realização de testes mais aprofundados. Segundo a mesma nota, o Centro de Coordenação alerta para o facto de “a situação epidémica da covid-19 em países estrangeiros ser mais grave e existir alta propagação” de mutações do vírus SARS-Cov-2 “com elevado risco de infecção”. “Há muitos casos relatados em que o diagnóstico foi confirmado após terem sido realizados vários testes de ácido nucleico negativos, daí que de modo a reduzir o risco para a saúde pública, para a família e a comunidade, [foi tomada a decisão] de realizar a todos os indivíduos que regressam de países estrangeiros o teste de anticorpos contra a covid-19 após a chegada a Macau, de modo a determinar o seu estado geral de infecção”, explica o Centro de Coordenação.
Os ricos querem roubar a bola André Namora - 26 Abr 2021 Há séculos que se discute a luta de classes. É a luta entre os ricos e os pobres. Parece algo de natural, mas não o é e tem havido ao longo dos anos muitas mulheres e homens que têm lutado e perdido a vida pela causa do combate à discriminação entre os seres humanos. Então, não é que na semana passada não se falou em outra coisa do que em futebol? O pontapé na bola entrou na discussão internacional precisamente por causa dos mais ricos quererem atirar para o caixote do lixo os pobres do futebol. Os ricos, como esse mafioso espanhol Florentino Pérez, que tem enriquecido mais à custa da presidência do Real Madrid, está a apadrinhar uma Superliga com apenas dez clubes ricos. Os dirigentes da UEFA já ameaçaram com a expulsão desses clubes que querem fazer parte da Superliga, da actual Taça dos Campeões. E aqui o FC Porto, Benfica e Sporting poderiam ter a oportunidade de regressar a disputar a Taça dos Campeões. Os mesmos dirigentes ameaçaram que os jogadores que tomem parte na Superliga não poderão integrar as selecções nacionais dos seus países. A discussão tem sido feia e a maioria dos clubes rejeita frontalmente que os donos disto tudo no futebol europeu levem para a frente a criação da referida Superliga. A verdade, é que os ricos do futebol querem ainda ficar mais ricos. O balde de água fria que caiu sobre as hostes do futebol, de governos europeus e de federações provocou logo a maior rejeição. O seleccionador português Fernando Santos e o treinador do Sporting, Ruben Amorim, criticaram severamente a ideia, e com eles de imediato os responsáveis dos clubes ingleses e italianos, excepto os da Juventus. O presidente da La Liga de Espanha, Javier Tebas, colocou logo o dedo na ferida acusando Florentino Pérez de ”andar equivocado há algum tempo, agora vejo-o perdido. Creio que é um grande empresário da construção civil, mas um desastre como presidente do Real Madrid”, disse Javier Tebas. Igualmente os presidentes da FIFA e da UEFA tomaram posição contra a ideia da Superliga sublinhando que os clubes que participarem nessa competição sofrerão consequências. Os comentadores televisivos são unânimes em adiantar que se trata de um acto de ganância por dinheiro e como nas sociedades dos humanos, no futebol os ricos querem é ser sempre ainda mais ricos. A ideia da superliga está suspensa porque só o Real Madrid e o Barcelona é que abraçaram o projecto de Florentino Pérez. Os promotores da ideia dizem que vão repensar o projecto. Apesar do abandono dos clubes ingleses, forçados a tal decisão devido á pressão exercida pelos adeptos, tudo indica que a “bomba” será um fiasco sem pernas para andar. Os promotores da ideia já vieram dizer que “dadas as circunstâncias, vamos reconsiderar os passos a dar para remodelar o projecto”. Desconfio que ficará para as calendas. Ninguém nos dias de hoje do mundo de futebol, onde são os pequenos e pobres clubes que dinamizam a modalidade irão permitir que os Ricardos Salgados do futebol consigam levar avante um projecto ignóbil. O Manchester City, que está em primeiro lugar na liga inglesa, a caminho de ser campeão, foi o primeiro dos clubes ingleses a oficializar a saída da Superliga, seguindo-se os graúdos Arsenal, Liverpool, Manchester United, Chelsea e Tottenham. Na Itália verificou-se a saída do AC Milan e do Inter de Milão. A Juventus está a pensar. Resumindo, o fiasco está patente e só o Real Madrid e o Barcelona é que estão ao lado do empreiteiro Florentino Pérez. O absurdo deverá ir por água abaixo, até porque muitos clubes já manifestaram a sua rejeição a qualquer transmissão televisiva dessa possível Superliga. Os muito ricos do futebol pensavam que eram favas contadas e que o baú dos milhões estava atrás da porta. Enganaram-se porque, felizmente, as maiorias ainda têm uma palavra a dizer. Fernando Santos é um homem do futebol há muitos anos e quando ele referiu que não pode ser a ganância pelo dinheiro a reinar no futebol, sabia o que estava a dizer e para bem do futebol esta ideia absurda de uma Superliga deve ir por água abaixo numa das muitas catastróficas inundações que assolam presentemente o nosso globo.
Sin Fong Garden | Construtores obrigados a pagar indemnização ao Governo Andreia Sofia Silva - 26 Abr 202126 Abr 2021 O Tribunal Judicial de Base (TJB) condenou sete empresas de construção civil e técnicos ligados ao edifício Sin Fong Garden ao pagamento de indemnizações ao Governo pelas despesas feitas na manutenção e preservação do prédio em risco de ruína, bem como à restituição dos subsídios pagos pelo Instituto de Acção Social (IAS) às famílias desalojadas. Segundo o acórdão ontem divulgado, o montante da indemnização exigido é de 12.805 milhões de patacas relativas “à monitorização contínua das estruturas do edifício Sin Fong Garden e dos edifícios vizinhos Lei Cheong, Ou Va e Kwong Heng”. As empresas e entidades envolvidas neste processo são Ho Weng Pio e a Companhia de Engenharia e Construção Weng Fok, construtoras do edifício, e Joaquim Ernesto Sales, técnico responsável pela direcção de obras de estruturas e fundações deste edifício. Incluem-se ainda as empresas Tak Nang – Sociedade de Investimento e Desenvolvimento, empresa proprietária do lote de Soho, a Companhia de Construção e Engenharia Lai Si, construtora que demoliu o velho edifício industrial Pak Tai, no lote de Soho, a Companhia de Construção e Engenharia Kin Sun (Macau), responsável pela obra de estacas moldadas no lote do Soho, e Cheong Nim Tou, técnico responsável pela direcção das obras de demolição e construção no lote do Soho. O TJB condenou também a Companhia de Seguros Delta Ásia SA, que assegurou os riscos da obra de fundações no lote de Soho, ao pagamento desta indemnização, contribuindo com um valor máximo de cinco milhões de patacas. O TJB entendeu que Ho Weng Pio, Companhia de Engenharia e Construção Weng Fok e Joaquim Ernesto Sales, três dos sete réus condenados, “não realizaram o exame de recepção de betão aplicado na construção do edifício Sin Fong Garden, nem a supervisão da sua qualidade, faltando manifestamente a cumprir o dever de diligência e prudência”. Quanto ao pedido de indemnização exigido pelo Governo à Companhia de Construção e Engenharia Lai Si, o TJB concluiu que “não se provou que esta era responsável pela obra de fundações do edifício Soho”. Foi também absolvida a Companhia de Seguros da China Taiping (Macau), responsável “pelos riscos da obra de demolição no lote de Soho”, uma vez que o TJB considerou que houve “falta de fundamento suficiente para suportar qualquer nexo de causalidade entre a obra da demolição do antigo edifício industrial Pak Tai no Lote do Edifício Soho e o incidente”. Recuperar subsídios O TJB condenou também Ho Weng Pio, a Companhia de Engenharia e Construção Weng Fok e Joaquim Ernesto Sales ao pagamento de 25.396 milhões de patacas que o IAS já pagou aos moradores que ficaram desalojados com o risco de queda do Sin Fong Garden, incluindo “as quantias da mesma natureza que vierem a ser adiantados pelo IAS no futuro, entre outros”. Estes subsídios foram pagos até Julho de 2016, tratando-se de um montante que o IAS “nunca considerou como oferta atribuída conforme políticas do Governo e que pretende sempre recuperar quando se determine a pessoa do responsável pelo incidente”. Além do Governo, vários proprietários recorreram aos tribunais contra os construtores ocupados das obras no lote de Soho e os respectivos responsáveis. Também estes exigem indemnizações “pelos danos causados a seis fracções autónomas e quatro lugares de estacionamento”. De momento essa acção judicial está “pendente”, sendo que no TJB “ainda não deu entrada qualquer processo relativo às despesas com a reconstrução do edifício Sin Fong Garden”. O caso do edifício Sin Fong Garden surgiu em 2012, tendo o Governo avançado para tribunal em 2016.
500 anos da morte de Fernão de Magalhães José Simões Morais - 26 Abr 2021 A 27 de Fevereiro de 1521 morreu Fernão de Magalhães no Arquipélago de S. Lázaro (Filipinas). Até tal ocorrer, falta relatar a etapa para a qual se realizara a viagem e nunca feita por nenhum europeu, atravessar o Pacífico. Ainda no Atlântico, a armada estava em San Julián (49º 30’ Sul) a 31 de Março de 1520 e o Inverno fazia-se já sentir, com intenso frio e vento, prognosticando dificuldades logo no início do desconhecido da viagem. Três capitães castelhanos, liderados por Gaspar de Quesada e Juan de Cartagena, revoltaram-se contra a autoridade de Fernão de Magalhães e na madrugada de 2 de Abril, após prenderem o capitão Álvaro da Mesquita, tomando a nau San Antonio, exigiram ao capitão-mor o retorno a Espanha. No final do dia os amotinados estavam controlados, Mesquita libertado e além da morte às mãos do oficial da justiça de Luís de Mendonza, capitão da Victoria, foram agrilhoados os outros dois capitães e presos quase cem tripulantes. Enquanto decidia os castigos, Magalhães a 5 de Abril voltou a entregar a Mesquita o lugar de capitão da San Antonio, passou Duarte Barbosa a capitão da Victoria e Estêvão Gomes a piloto na Concepción. Sendo os principais culpados espanhóis colocados pela Coroa na armada, o Capitão-mor estava num dilema com o julgamento. De fácil condenação por ter puxado de arma e morto um piloto, Quesada foi executado a 9 de Abril, decapitado à espada pelo seu criado, que assim salvou a própria vida. Já a Juan de Cartagena, fidalgo da corte nomeado pelo Rei, e ao padre que sempre o acompanhava, não ousou castigá-los com a condenação à morte. Sentenciou abandoná-los ali com alguns mantimentos e entregues à vontade de Deus. Para poder prosseguir a viagem, Magalhães comutou as penas de traição aos amotinados tripulantes. Em prospecção para Sul, a Santiago, a mais hábil e rápida nau, capitaneada por Juan Rodriguez Serrano, explorava a costa quando naufragou perto do Rio de Santa Cruz (50º Sul) a 22 de Maio. Um homem afogou-se, conseguindo os restantes chegar à costa e enviar dois emissários a pé a avisar do ocorrido. Onze dias caminharam até San Julián, enquanto aí, os tripulantes do resto da armada se divertia com dois homens gigantes que apareceram e por amistoso inicial contacto, ganha a confiança, foram capturados afim de os levar para Espanha. Devido aos grandes pés deram-lhes o nome de Patagão e daí essas terras se chamarem Patagónia. Abandonando Cartagena e o sacerdote em San Julián, a 24 de Agosto partiam as quatro naus para Santa Cruz, onde recolheram os náufragos da afundada Santiago e o seu capitão Serrano passou a comandar a Concepción. Prosseguiam, mas um temporal obrigou a aí se resguardarem o resto do Inverno. Três dias de navegação e a 21 de Outubro de 1520 estavam no Cabo das Onze Mil Virgens (52º 22’ S). Na imensa enseada, feita a prospecção pelas costas do estuário, encontraram um estreito com águas a correr de um lado para o outro. Nessa passagem, que ficaria conhecido como Estreito de Magalhães, entrou a armada a 25 de Outubro e após percorrer 110 léguas, a 26 de Novembro atingia o Mar do Sul. Na travessia, a 8 de Novembro a armada dividiu-se, seguindo Serrano na Concepción e Álvaro da Mesquita na San Antonio em prospecção a um braço de água surgido a bombordo. Magalhães na Trinidad e a Victoria prosseguiram ao longo da costa e contornando-a, encontraram um rio de água doce e cheio de sardinha. Aproveitaram para abastecer e enviar um batel explorar mais além, para se saber onde abria o Mar do Sul e de um alto monte se visualizou a passagem a seguir. Regressaram ao ponto de encontro a 13 de Novembro, mas faltava a nau San Antonio, a maior e a mais abastecida, que procurada não apareceu. Após desembocar do estreito patagónico, ainda nessa península a 22 de Novembro reabasteciam-se no Rio das Sardinhas e perante inúmeros canais, a 26 as três naus seguiram para Norte, entre as ilhas e a costa. Atravessar o Pacífico A 28 de Novembro de 1520, deixando de ter a bombordo o Cabo Deseado (52º1/3 Sul), em mar calmo navegaram para Norte vinte dias ao longo da costa, protegidos por as montanhas dos fortes ventos. A 18 de Dezembro, aos 46º Sul viravam a Noroeste mar dentro e nos 110 dias, “quase 20 mil km do oceano aberto, não encontraram uma única tempestade. Iludidos por essa experiência única, chamaram-lhe o Pacífico”, segundo Daniel J. Boorstin em Os Descobridores, que adita, “Se Fernão de Magalhães não tivesse sido um mestre dos ventos, não teria conseguido atravessar o Pacífico. Ao sair do estreito, não rumou directamente a noroeste para chegar às suas desejadas ilhas das especiarias; navegou primeiro para norte ao longo da costa ocidental da América do Sul. O seu objectivo devia ser apanhar aí os ventos alísios nordestais predominantes que o levariam não para as Molucas, onde constava que os Portugueses dominavam, mas sim para outras ilhas de especiarias ainda livres para serem tomadas pelos Espanhóis.” Calculada a travessia do Pacífico em algumas semanas, julgou-se suficientes os víveres existentes para três meses, mas, com as distâncias subestimadas, revelaram-se muito parcos ao quarto mês. Os mantimentos escasseavam, a água estava podre e para comer colocavam a demolhar em água salgada durante dias o couro das vergas amolecido com serrim e pagou-se ouro por ratos, tal a falta de comida. As gengivas inchavam com o escorbuto e além do gigante patagónio, vinte tripulantes morreram de fome. Até cruzar a linha do Equador encontraram duas pequenas ilhas desabitadas, sem abastecimento. Com vento largo e correntes favoráveis chegaram a 6 de Março de 1521 a Guan, nas ilhas Marianas, ou dos Ladrões, onde, para parar com os roubos mataram sete indígenas e abastecidos de arroz, água e fruta, partiram. A 16 de Março de 1521 avistou-se a ilha de Samar, era o Arquipélago do Poente, a que Fernão de Magalhães deu o nome de São Lázaro, mas só no dia seguinte parou na ilha de Humunu (Homonhon). Seguindo para Sul, aportou na ilha Mazaguá (Massava) a 28 de Março e enviou Henrique como intérprete, que compreendeu a fala local pois baseada no seu malaio. Estabelecida grande amizade, foram lautamente banqueteados nessa Sexta-feira Santa e no Domingo de Páscoa, na praia montou-se um altar e realizaram as celebrações. Os nativos, repetindo os gestos, logo se quiseram converter. Magalhães, animado ao saber estar a Norte das Molucas e perante a enorme adesão dos locais, procurou para a coroa espanhola novos territórios e fiéis. De maior importância era a ilha de Cebu, onde chegou a 7 de Abril e dez dias depois, numa grandiosa cerimónia converteu-se o Rei Humabon e todo o povo. Para mostrar o poder, numa guerra que não era sua, Magalhães vai apenas com sessenta homens à ilha de Mactán obrigar o chefe local a pagar tributo ao de Cebu. Crendo-se imbatível com a armadura e poder de fogo, imprudente, subestimou o adversário e nas águas do Pacífico lacerado e cravejado de setas morria a 27 de Abril de 1521 Fernão de Magalhães.
II Guerra | Escravas sexuais recusam decisão favorável a Japão Hoje Macau - 26 Abr 2021 Associações sul-coreanas defensoras dos direitos de mulheres “escravas sexuais” das tropas invasoras do Japão durante a 2ª Guerra Mundial vão recorrer de uma decisão judicial recusando uma indemnização do governo japonês. Em sentido contrário a anterior decisão judicial relativa a um outro grupo de vítimas – conhecidas pelo eufemismo “mulheres de conforto” – esta semana o juiz Min Seong-cheol, do Tribunal Distrital Central de Seul, recusou um pedido de indemnização ao Governo do Japão, alegando que este dispõe de imunidade estatal. Em reacção, o Conselho Sul-Coreano para a Justiça e Memória das Questões de Escravidão Sexual Militar do Japão, associação defensora das vítimas, emitiu uma declaração denunciando veementemente o tribunal por rejeitar o processo iniciado por 20 queixosas, incluindo vítimas sobreviventes, algumas das quais assistiram à leitura da sentença. “Condenamos veementemente a decisão anti-direitos humanos, anti-paz e anti-histórica de Min, que será lembrada como uma grande nódoa na história mundial dos direitos humanos, bem como na história sul-coreana”, disse o grupo baseado em Seul, citado pela agência Yonhap. “A fim de restaurar os direitos humanos e a honra das vítimas, manteremos contactos com as vítimas e suas famílias para apresentarmos um recurso” da decisão judicial, disse a organização. De acordo com a Amnistia Internacional, até 200.000 meninas e mulheres, grande parte delas coreanas, foram forçadas a trabalhar em bordéis administrados pelos militares japoneses antes e durante a Segunda Guerra Mundial. No caso agora indeferido, 20 queixosas exigiam que o Governo japonês pagasse um total de 3 mil milhões de won (2,7 milhões de dólares) pelos crimes a que foram sujeitas há cerca de 70 anos. Em janeiro, um outro juiz do mesmo tribunal tinha decidido a favor de um outro grupo de mulheres, num pedido de indemnização no valor de 100 milhões de won (cerca de 85 mil euros) para cada queixosa, rejeitando o argumento de imunidade do Estado, por considerar que os direitos humanos se sobrepõem à mesma. A organização de defesa das vítimas afirma que o país ficou “chocado e decepcionado” com as diferentes decisões judiciais e prometeu continuar a bater-se para que o governo japonês reconheça os crimes e compense as vítimas. O recuo face à decisão de Janeiro foi notado pela Amnistia Internacional, que lamentou o “questionamento” de “uma vitória histórica para as sobreviventes, na sequência de uma espera excessivamente longa”. “Mais de 70 anos passaram desde o fim da Segunda Guerra Mundial, e não podemos exagerar a urgência de o governo japonês parar de privar esses sobreviventes dos seus direitos à reparação total e de fornecer uma compensação adequada durante as suas vidas”, afirmou Arnold Fang, da Amnistia. Apenas quatro das 10 sobreviventes que entraram com este caso em 2016 ainda estão vivas, de acordo com a organização defensora dos direitos humanos. Após a decisão de janeiro, o próprio presidente sul-coreano, Moon Jae-in, afirmou estar “honestamente confuso”, dado que o princípio da imunidade estatal tem prevalecido nesta e noutras decisões. O mesmo princípio é usado, nomeadamente, pelos Estados Unidos para garantir que os seus militares em missão no estrangeiro não possam ser alvo de acusações criminais.
Hong Kong | Explosivos condenam activista pró-independência a 12 anos Hoje Macau - 26 Abr 2021 Um tribunal de Hong Kong condenou na sexta-feira um membro da Frente Nacional de Hong Kong, uma organização que defende a “independência de Hong Kong”, a 12 anos de prisão por estar na posse de explosivos. Louis Lo Yat-sun foi condenado pelo Supremo Tribunal da Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK) por posse ilegal de explosivos com a intenção de pôr em perigo vidas ou bens. O homem foi preso em Julho de 2019, juntamente com duas outras pessoas, com armas e produtos químicos perigosos, incluindo 1,5 kg de TATP, cocktails Molotov, facas longas e ácidos, que foram apreendidos num armazém que alugou dentro de um edifício de Tsuen Wan. O Juiz Andrew Chan Hing-wai disse que Lo provou ser o cabecilha do caso e pretende subverter o governo da RAEHK e pregar “a independência de Hong Kong”. A polícia congratulou-se com a sentença, esperando que envie uma mensagem clara ao público de que a violência não pode ser aceite ou tolerada. Especialistas disseram que a TATP é ainda mais perigosa do que a conhecida bomba TNT, sendo assim utilizada por terroristas de todo o mundo para causar pesadas baixas. A Frente Nacional de Hong Kong foi dissolvida em 2020 antes da lei de segurança nacional na RAEHK ter entrado em vigor. Jornalista também condenada Entretanto, uma jornalista de Hong Kong foi condenada a pagar multas de 6.000 dólares de Hong Kong por aceder a dados oficiais para um documentário sobre agressões a manifestantes nos protestos pró-democracia de 2019, tendo o tribunal considerado que o fez fora do permitido na lei. A repórter Bao Choy Yuk-ling, de 37 anos, produtora independente da estação pública de televisão RTHK, foi considerada culpada de duas acusações de declarações falsas para obter os dados do proprietário de um veículo, através da base de dados oficial do governo, tendo sido condenada. De acordo com o tribunal, tais informações só podem ser pedidas por razões relacionadas com o trânsito, a compra de veículos ou motivos legais, apesar de no passado os jornalistas de Hong Kong terem acedido a este tipo de dados governamentais para realizarem trabalhos de investigação, sem enfrentarem acusações. No pedido de informação online, a jornalista assinalou que utilizaria a informação para “outros assuntos relacionados com o trânsito e o transporte”, num formulário que não oferece uma opção para investigação jornalística. Choy declarou-se inocente em relação às acusações, pelas quais arriscava até seis meses de prisão, acabando por ser condenada a pagar duas multas de 3.000 dólares de Hong Kong.
RAEHK e RAEM reunidas com vice-primeiro-ministro chinês Hoje Macau - 26 Abr 2021 O vice-primeiro-ministro chinês, Han Zheng, reuniu-se na tarde de quinta-feira com a chefe do Executivo da Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK), Carrie Lam, e com o chefe do Executivo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), Ho Iat Seng, em Cantão. Lam e Ho viajaram até Cantão, capital da província de Guangdong, para assistir a uma reunião para o desenvolvimento da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Han elogiou o trabalho das duas regiões administrativas especiais. Han pediu que a RAEHK intensifique a legislação local relacionada com a reforma eleitoral e garanta que as eleições locais em 2021 e 2022 sejam organizadas adequadamente e também pediu que a RAEM faça os máximos esforços para organizar a eleição de sua sétima Assembleia Legislativa. “Ambas as regiões administrativas especiais devem priorizar a prevenção e o controle da COVID-19 durante a reactivação das suas economias e melhorar as condições de vida da sua população”, disse Han, acrescentando que o governo central continuará a oferecer o seu “pleno apoio como sempre”. O vice-primeiro-ministro pediu esforços conjuntos para desenvolver a área da Grande Baía e manter a prosperidade e estabilidade de longo prazo da RAEHK e RAEM, impulsionando assim a prática sustentada e bem-sucedida de “um país, dois sistemas”.
Clima | Xi Jinping pede respeito por “responsabilidade diferenciada” Hoje Macau - 26 Abr 2021 O Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu que o combate às alterações climáticas deve seguir os princípios do “multilateralismo e do direito internacional” e que os países devem assumir “responsabilidades diferenciadas” conforme a sua prosperidade económica. Intervindo na cimeira climática de líderes promovida pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, Xi Jinping afirmou que a China quer “trabalhar em conjunto com a comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos”. Afirmou que o seu país está “comprometido com o multilateralismo” e defende que o trabalho de combate às alterações climáticas se deve basear “no direito internacional” e a colaboração entre os países ser feita no âmbito das Nações Unidas, seguindo a sua convenção-quadro para as alterações climáticas e o Acordo de Paris dela decorrente, bem como os objectivos de desenvolvimento sustentável definidos para 2030. Manifestou também o compromisso chinês com o princípio de “responsabilidade comum, mas diferenciada, com reconhecimento pleno da contribuição dos países em desenvolvimento, respeitando as suas dificuldades e preocupações específicas”. Os países desenvolvidos devem “aumentar as suas ambições climáticas e ajudar os países em desenvolvimento a acelerar as suas transições” para modelos económicos que não estejam assentes na exploração de combustíveis fósseis, acrescentou. Recordou que a China se comprometeu a começar a reduzir as suas emissões de gases de efeito de estufa ainda durante esta década e que pretende atingir a neutralidade carbónica antes de 2050, “num espaço de tempo muito mais reduzido do que conseguiria a maior parte dos países desenvolvidos”. Para isso, nos planos quinquenais que orientam a governação do país, estão previstas medidas como a limitação do consumo de carvão para produção de energia. Xi Jinping afirmou que “proteger o ambiente é proteger e aumentar a produtividade”.
MNE | Wang Yi avisa EUA sobre diferentes conceitos de democracia Hoje Macau - 26 Abr 202126 Abr 2021 Na noite de 23 de Abril o conselheiro de Estado e Ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, realizou uma videoconferência com o Conselho de Relações Exteriores dos Estados Unidos. Wang disse que foi traçada a direcção geral para desenvolver laços entre os dois países. No entanto, “a política dos EUA em relação à China ainda não superou seu mal-entendido sobre a China, e o país não encontrou o caminho certo para lidar com a China”, referiu Wang Yi. O MNE chinês apresentou cinco sugestões aos Estados Unidos sobre como tratar as relações China-EUA de uma perspectiva estratégica. Em primeiro lugar, os Estados Unidos devem compreender e encarar o desenvolvimento da China de forma objectiva e racional. Em segundo lugar, os Estados Unidos devem trabalhar com a China num novo caminho de coexistência pacífica e cooperação de benefício mútuo. Em terceiro lugar, os Estados Unidos devem respeitar e tolerar o caminho e o sistema que a China escolheu de forma independente. Em quarto lugar, os Estados Unidos devem praticar o multilateralismo no verdadeiro sentido da palavra. Em quinto lugar, os Estados Unidos não devem interferir nos assuntos internos da China. Para Wang, “o futuro das relações China-EUA depende da aceitação da ascensão pacífica da China por parte dos Estados Unidos e do reconhecimento de que o povo chinês tem o direito de lutar uma vida melhor”. Frisando que “a democracia não é a Coca-Cola, que promete o mesmo sabor em todo o mundo”, Wang disse que os Estados Unidos devem respeitar o caminho e o sistema escolhidos independentemente pela China. Relativamente a Taiwan, Wang enfatizou que jogar a “carta de Taiwan” é “brincar com fogo”, exortando os Estados Unidos a cumprir estritamente o princípio de uma só China e honrar seus compromissos sob os três Comunicados Conjuntos Sino-EUA. Wang descreveu o “genocídio” e os “trabalhos forçados” em Xinjiang como mentiras inventadas por motivos políticos. Em resposta aos mais recentes desenvolvimentos em Hong Kong, ele disse que os EUA devem respeitar os esforços do governo chinês para implementar o princípio de “um país, dois sistemas”. “A China nunca se envolve em coerção e opõe à coerção de outros países”, acrescentou Wang. Richard Haass, presidente do Conselho de Relações Exteriores dos Estados Unidos, foi o anfitrião da videoconferência, que reuniu quase 500 participantes nos Estados Unidos.
“Nomadland”, de Chloé Zhao, com várias nomeações para os Óscares Hoje Macau - 26 Abr 2021 A 93.ª edição dos Óscares, adiada de Fevereiro para este mês devido à pandemia, acontece no Dolby Theatre, com audiência, no edifício da estação de comboios Union Station, em Los Angeles (Califórnia), e noutros “locais internacionais via satélite”, como anunciou a academia norte-americana. A cerimónia decorreu na madrugada deste domingo [hora europeia]. Nas contas para esta edição, o filme “Mank”, de David Fincher, soma dez nomeações, mas o favoritismo – a avaliar pelo rol de prémios já conquistados – é apontado para “Nomadland – Sobreviver na América”, de Chloé Zhao, indicado para sete estatuetas, que, na passada sexta-feira, culminando o percurso de sucesso dos últimos meses, arrecadou quatro prémios Spirit, os chamados ‘óscares’ do cinema independente: melhor filme, melhor realização, melhor montagem e melhor fotografia. Protagonizado por Frances McDdormand, o filme conta a história de uma mulher que viaja pela América como nómada, vivendo numa caravana, trabalhando em empregos temporários e sobrevivendo na estrada, na sequência de uma crise económica. Embora o filme seja uma ficção, assenta em testemunhos reais de norte-americanos que vivem na estrada, sempre em trânsito, numa comunidade nómada mais envelhecida e nas margens da sociedade. Chloé Zhao, sino-americana, é a primeira mulher asiática nomeada para os Óscares, mas se vencer não deverá ser aplaudida na China. Numa entrevista em 2013, a realizadora declarou que na China “há mentiras por todo o lado”. O comentário foi recuperado recentemente nas redes sociais, com internautas nacionalistas a acusarem de traição. O lugar de “Mank” Quanto aos Óscares, “Mank”, produzido pela Netflix e ignorado nos Globos de Ouro, onde era o mais nomeado, está agora indicado em categorias como Melhor Filme, Realização, Direcção de Fotografia, Actor Principal (Gary Oldman) e Actriz Secundária (Amanda Seyfried). Para o Óscar de Melhor Realização, apenas David Fincher é repetente. Todos os outros estão nomeados nesta pela primeira vez: Thomas Vinterberg (“Mais uma rodada”), Lee Isaac Chung (“Minari”), Chloé Zhao (“Nomadland – Sobreviver na América”) e Emerald Fennell (“Uma miúda com potencial”). É a primeira vez que duas mulheres competem nesta categoria. E em mais de 90 anos de história dos Óscares, apenas cinco outras mulheres estiveram indicadas e somente uma venceu o prémio de melhor realização; Kathryn Bigelow, em 2010, com “Estado de guerra”. Para o Óscar de melhor filme estão nomeados “Mank”, “Nomadland” e “Uma miúda com potencial”, “O Pai”, “Judas and the Black Messiah”, “Minari”, “Sound of Metal” e “Os 7 de Chicago”. Para o Óscar de Melhor Actriz estão nomeadas Carey Mulligan (“Uma miúda com potencial”), Frances McDormand (“Nomadland”), Viola Davis (“Ma Rainey: A mãe dos blues”), Vanessa Kirby (“Pieces of a Woman”) e Andra Day (“The United States vs. Billie Holiday”). Na representação masculina estão indicados Chadwick Boseman (a título póstumo por “Ma Rainey: A mãe dos blues”), Riz Ahmed (“Sound of Metal”), Anthony Hopkins (“O Pai”), Gary Oldman (“Mank”) e Steven Yeun (“Minari”). Para Melhor Filme Internacional, foram seleccionados “Quo Vadis, Aida?” (Bósnia Herzegovina), “Mais uma rodada” (Dinamarca), “Better Days” (Hong Kong), “The Man Who Sold His Skin” (Tunísia) e “Collective” (Roménia). “Bora lá”, “Para além da lua”, “Soul – Uma aventura com alma”, “Wolfwalkers” e “Ovelha Choné: A quinta contra-ataca” competem pelo Óscar de Melhor Filme de Animação. No anúncio dos vencedores, está confirmada a presença de nomes como os do realizador Bong Joon Ho, premiado nos Óscares em 2020 com “Parasitas”, das actrizes Laura Dern e Zendaya e dos actores Harrison Ford, Joaquin Phoenix e Brad Pitt.