Editora portuguesa Relógio d’Água vai publicar últimos poemas de Leonard Cohen Hoje Macau - 11 Jan 2019 [dropcap]O[/dropcap]s últimos poemas escritos por Leonard Cohen, o romance considerado o melhor Prémio Man Booker de sempre e um livro de crónicas e ensaios de Djaimilia Pereira de Almeida são algumas das novidades da Relógio d’Água para este ano. Dois anos após a morte do músico canadiano Leonard Cohen, a Relógio d’Água publica neste mês “A Chama”, livro que reúne os seus últimos poemas, letras de canções, desenhos e versos dispersos em cadernos de apontamentos e guardanapos de bares, revela o editor Francisco Vale, acrescentando que esta obra foi preparada para publicação pelo próprio Leonard Cohen e está traduzida pela poeta Inês Dias. O mês de Janeiro reserva ainda a publicação de “Léxico Familiar”, de Natalia Ginzburg, um clássico da literatura italiana contemporânea, cuja narrativa acompanha a vida dos Levi, que viveram em Turim no período da ascensão do fascismo, da Segunda Guerra Mundial e do que se lhe seguiu. O livro “No Verão”, de Karl Ove Knausgård, que encerra o quarteto de ensaios com títulos das estações do ano do escritor norueguês, sairá também no mês de Janeiro. Ainda este mês, a Relógio d’Água planeia publicar “Tchékhov na Vida”, a biografia do escritor russo, escrita por Ígor Sukhikh, através das suas cartas, diários, livros e conferências, assim como “Na América, disse Jonathan”, de Gonçalo M. Tavares, no qual o autor viaja pelos EUA na companhia de Kafka, e a nova edição de “O Susto”, de Agustina Bessa-Luís, com prefácio de António M. Feijó. “O doente inglês” na agenda Em Fevereiro, chega “O doente inglês”, de Michael Ondaatje, romance de 1992, lançado em Portugal pela D. Quixote em 1996, e que em 2018 foi premiado com um “Booker Dourado”, uma distinção especial que a organização do Prémio Literário Man Booker decidiu atribuir ao livro que fosse escolhido como o melhor das 51 edições já realizadas. A publicação deste romance pela Relógio d’Água segue-se à de “A luz da guerra”, editado em Dezembro do ano passado, o mais recente romance do escritor canadiano e que esteve na lista dos nomeados para o Prémio Man Booker 2018. Fevereiro é também mês de publicar “História da Sexualidade IV, As Confissões da Carne”, de Michel Foucault, volume que completa os três livros da História da Sexualidade. Outra novidade é a publicação de “Tess dos D’Urbervilles”, um dos principais romances de Thomas Hardy, há muito esgotado em Portugal, que pôs em causa as convenções sociais do seu tempo e chocou os leitores da sua época, quando foi publicado em 1891. “As Novas Rotas da Seda”, de Peter Frankopan, “Todos Nós Temos Medo do Vermelho, Amarelo e Azul”, um livro de contos de Alexandre Andrade sobre a intensa perturbação que é possível sentir perante certas cores nalguns locais, e “O Abismo de Fogo: A Destruição de Lisboa”, do historiador norte-americano Mark Molesky, sobre o terramoto de Lisboa de 1755 são outras das novidades para este mês. Em Março chega mais um livro de Agustina Bessa-Luís – de quem a Relógio d’Água tem estado a publicar a obra -, intitulado “As Pessoas Felizes”, com prefácio de António Barreto, que assina também um livro intitulado “Fotomaton — Retratos de Salazar, Cunhal e Soares”, reunião das biografias desses três políticos, a ser editado no mesmo mês. “Pintado com o Pé”, de Djaimilia Pereira de Almeida, autora de “Luanda, Lisboa, Paraíso” (publicado na Companhia das Letras) é um livro de crónicas e breves ensaios, completado com dois ensaios, “Amadores” e “Inseparabilidade”, que vai chegar às livrarias pela mão da Relógio d’Água. “Bom Entretenimento”, do filósofo germano-coreano Byung-Chul Han, “A Mulher de Trinta Anos” – um dos episódios de A Comédia Humana – do romancista francês do século XIX Honoré de Balzac, “Vento, Areia e Amoras Bravas”, de Agustina Bessa-Luís, e “Sabes Que Queres Isto”, de Kristen Roupenian, livro de contos que inclui “Cat Person”, o conto mais lido, tanto ‘online’ como em papel, da The New Yorker, são os restantes livros anunciados por Francisco Vale. Na colecção de viagens, será editado “Açores — O Canto das Ilhas”, de Carlos Pessoa. No mês de Abril, a editora vai publicar “Movimento das Ideias”, de José Gil, e “Normal People”, de Sally Rooney, romance apontado pelo The Guardian como um futuro clássico, que foi finalista do Prémio Man Booker e venceu o Prémio Costa 2018 na categoria de romance. Outra das apostas da editora é o mais recente romance da canadiana Rachel Cusk, “Kudos”, que encerra a trilogia iniciada com “A contraluz” e continuada com “Trânsito”, ambos editados pela Quetzal. “Correspondências + Minhas Queridas”, de Clarice Lispector, a antologia “Provocações”, de Camille Paglia, conhecida pelo seu feminismo viril e heterodoxo, e “O Estendal e Outros Contos”, de Jaime Rocha, são as outras novidades. Para o mês de Maio, está reservado o livro “Álvaro Siza: Conversas com Estudantes de Arquitectura”, organizado por Manuel Graça Dias, “A Balada do Medo”, de Norberto Morais, “Pensamentos”, de Blaise Pascal, com prefácio de T. S. Eliot, e “Pensar sem Corrimão”, uma antologia de ensaios de Hannah Arendt.
Dakar 2019 | Paulo Gonçalves sobe mais uma posição nas motas em dia de nova mudança de líder Hoje Macau - 11 Jan 2019 [dropcap]P[/dropcap]aulo Gonçalves (Honda) subiu ontem ao oitavo lugar na classificação das motas no rali Dakar de todo-o-terreno, após o sexto lugar conquistado na quarta etapa, disputada ontem entre Arequipa e Moquegua, no Peru. O piloto português gastou 3:54.06 horas para cumprir os 405 quilómetros cronometrados de um total de 511 quilómetros, terminando a 13.36 minutos do vencedor da tirada, o norte-americano Ricky Brabec, seu companheiro de equipa na Honda. Com a vitória de hoje, Brabec é o novo líder nas motas, aproveitando os 20 minutos de atraso do anterior líder, o chileno Pablo Quintanilha (Husqvarna), que teve de abrir a pista. Para Paulo Gonçalves, cumpriu-se “o objectivo”: “Hoje foi uma especial com 400 quilómetros, em que mudou muito o cenário. Só tivemos os primeiros cenários com dunas, tudo o resto eram pistas. Nos últimos 50 quilómetros, apanhámos um rio com muita pedra, que era muito perigoso. O meu objectivo era chegar a esta primeira parte da etapa maratona sem problemas, para não ter de trabalhar na mecânica e poder recuperar o físico. O piloto de Esposende espera “terminar sem problemas” a quinta etapa, que vai ligar Monquegua a Arequipa, com um total de 776 quilómetros e uma especial cronometrada de 345 quilómetros, “para poder chegar ao dia de descanso e recuperar fisicamente”. O português está na oitava posição, a 20.45 minutos do companheiro de equipa. Mário Patrão (KTM) repetiu o 23.º lugar da véspera, a 28.58 minutos do vencedor da tirada. “Realizei a minha etapa num timbre mais cauteloso, para evitar desgastes que esta sexta-feira podem ser cruciais nos 800 quilómetros que nos esperam”, explicou o piloto de Seia, que perdeu uma posição, caindo para 21.º. Sebastian Bühler (Yamaha) foi o 27.º, com Joaquim Rodrigues Jr. (Hero) em 30.º e António Maio (Yamaha) em 33.º. David Megre (KTM) foi 54.º e Miguel Caetano 87.º. Fausto Mota (Husqvarna) teve uma avaria no chassis da sua mota a meio da especial e perdeu muito tempo para a reparar, terminando na 100.ª posição, já a 3:16.08 horas do vencedor. Na geral, Quim Rodrigues Jr. é 31.º, Bühler 33.º e Maio 34.º. Nos automóveis, a vitória sorriu ao catari Nasser Al-Attiyah (Toyota), que alargou, assim, a vantagem sobre o segundo, o francês Stéphane Peterhansel (MINI) em 1.52 minutos. O piloto gaulês foi também o segundo na etapa de hoje e está já a 8.55 minutos do piloto catari. A 41.ª edição do rali Dakar de todo-o-terreno disputa-se até 17 de Janeiro integralmente em solo peruano.
Presidente de Taiwan nomeia novo primeiro-ministro após renúncia do Governo Hoje Macau - 11 Jan 2019 [dropcap]A[/dropcap] Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, nomeou hoje Su Tseng-chang como o novo primeiro-ministro da ilha, após a renúncia esperada de todos os membros do Governo, motivada pela derrota eleitoral do partido em Novembro. A governante oficializou a nomeação numa conferência de imprensa, na qual estiveram presentes o primeiro-ministro cessante, Lai Ching-te, e o primeiro-ministro eleito, que já havia ocupado o cargo entre 2006 e 2007. Lai Ching-te anunciou a demissão na noite de quinta-feira, após um Conselho de Ministros extraordinário no qual todo o Governo também se demitiu. A decisão era esperada em Taiwan, onde os primeiros-ministros normalmente renunciam após uma derrota eleitoral do seu partido. O Partido Progressista Democrático (PPD) sofreu uma derrota clara nas eleições locais de 24 de Novembro, o que desencadeou disputas internas e críticas de sectores radicais pró-independência face à possível candidatura presidencial de Tsai em 2020. Tsai Ing-Wen, eleita em 2016, tinha apresentado as eleições como um referendo à vontade da sua administração em manter a independência da ilha face a Pequim. O vice-primeiro-ministro deverá ser Chen Chi-mai, candidato derrotado à autarquia da cidade de Kaohsiung, no sul de Taiwan, de acordo com o jornal da ilha Ziyou Shibao.
Vendas de automóveis na China recuam em 2018 pela primeira vez desde 1990 Hoje Macau - 11 Jan 2019 [dropcap]A[/dropcap]s vendas de automóveis na China caíram 5,8%, em 2018, para 22,35 milhões de veículos, no primeiro declínio anual desde 1990, segundo dados difundidos ontem pela imprensa estatal, coincidindo com outros indicadores negativos da economia chinesa. Em Dezembro passado, as vendas registaram uma queda homóloga de 19,3%, para 2,22 milhões de unidades, no sétimo mês consecutivo de queda homóloga, segundo o jornal oficial em língua inglesa China Daily. “A situação é mais grave do que imaginávamos”, afirmou o presidente da Associação da China para Automóveis de Passageiros, Cui Dongshu, citado pelo jornal. Cui considerou que a desaceleração do ritmo de crescimento da economia chinesa, o aumento dos preços da habitação e as perdas nas praças financeiras do país “minaram a confiança dos clientes”. Entre as marcas mais afectadas constam a General Motors (queda homóloga de 9,9%) ou do maior fabricante de automóveis da China, o SAIC Motor (um aumento homólogo de 1,75%, depois de ter crescido 6,8%, em 2017). A construtora chinesa Geely aumentou as suas vendas em 20%, face a 2017, ficando 5% aquém da sua meta oficial. Mas Cui Dongshu acredita que o mercado, depois de “bater no fundo”, vai voltar a crescer, este ano, graças à redução das taxas alfandegárias sobre veículos importados dos Estados Unidos e os esforços dos fabricantes chineses para reduzir inventário, a partir do segundo semestre do ano passado. “Haverá um crescimento positivo, de pelo menos 1%, em 2019”, considerou o responsável, afirmando que “o Governo está a estudar oferecer novos incentivos à compra de veículos”. No terceiro trimestre de 2018, a economia chinesa, a segunda maior do mundo, cresceu 6,5%, o ritmo mais baixo dos últimos dez anos. E, no mês passado, a actividade da indústria manufactureira da China contraiu-se pela primeira vez em 19 meses, enquanto em Novembro, os lucros da indústria na China registaram a primeira queda homóloga, de 1,8%, desde dezembro de 2015, e as vendas a retalho, o principal indicador do consumo privado, recuaram para 8,1%, o ritmo mais lento desde maio de 2003.
Seul | Co-fundadora de ‘site’ pornográfico condenada a quatro anos de prisão Hoje Macau - 11 Jan 2019 [dropcap]A[/dropcap] co-fundadora do maior ‘site’ pornográfico da Coreia do Sul foi condenada ontem a quatro anos de prisão, num contexto de indignação sul-coreana contra a “pornografia com câmara espia”. Dezenas de milhares de sul-coreanos participaram nos últimos meses de protestos contra esse fenómeno, chamado de “molka”, cujos vídeos sem autorização mostravam imagens de mulheres na casa de banho, escola, nos transportes e vestiários. O ‘site’ Soranet, fundado em 1999, oferecia dezenas de milhares de vídeos pornográficos, incluindo filmes de “vingança pornográfica” ou mesmo as tais imagens de mulheres em locais públicos. A produção ou distribuição de pornografia é ilegal na Coreia do Sul. O Soranet foi encerrado em 2016 após reclamações de grupos de defesa dos direitos das mulheres. A sua proprietária, de 45 anos, identificada pelo seu nome de família, Song, foi sentenciada a quatro anos de prisão e ao pagamento de uma multa de 1,4 mil milhões de won (um milhão de euros) por ajuda e cumplicidade na distribuição de material obsceno. Song foi condenada por “violar gravemente a dignidade universal dos outros”, de acordo com um comunicado do tribunal, no qual se sublinha que esta obteve um lucro “enorme”. A mulher agora condenada viveu durante anos, em fuga, na Nova Zelândia antes de ser detida em Junho passado, depois de ter sido forçada a regressar quando as autoridades sul-coreanas cancelaram o seu passaporte. O seu marido e outro casal, também co-proprietários do ‘site’, todos cidadãos australianos ou com autorização de residência permanente, encontram-se fora da Coreia do Sul.
Motorista da Transmac suspenso após conduzir a falar ao telemóvel na Ponte da Amizade Diana do Mar - 11 Jan 2019 [dropcap]U[/dropcap]m motorista da Transmac foi suspenso por ter sido apanhado a conduzir enquanto falava ao telemóvel, informou a empresa em comunicado. O incidente ocorreu na manhã de ontem no autocarro 51A, que estabelece a ligação entre o complexo habitacional The Praia, no Fai Chi Kei, e a Avenida do Vale das Borboletas. Imagens de um vídeo amador, colocado a circular pouco tempo depois nas redes sociais, mostram o condutor, com o corpo debruçado sobre o volante que segura com os cotovelos, enquanto mexe activamente no telemóvel colocado em cima do tabliê, durante a travessia da Ponte da Amizade. Em comunicado, a empresa indica que, após investigação, concluiu que, de facto, o motorista estava a utilizar o telemóvel enquanto conduzia. Dado que o incidente constituiu uma violação das regras, a transportadora decidiu aplicar um “castigo severo”, renovando os apelos a todos os motoristas para que prestem atenção à condução segura. A Transmac pede desculpa ao público, garantindo que vai continuar a reforçar a formação dos motoristas. Dados facultados pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) ao HM indicam que, entre Janeiro e Novembro do ano passado, foram registados 1.442 acidentes envolvendo autocarros, ou seja, sensivelmente 130 por mês. Isto apesar de ter havido uma diminuição de 3,5 por cento em comparação com os primeiros 11 meses de 2017. Do total, 778 casos foram imputados à responsabilidade das operadoras, isto é, 53,9 por cento. Mudança de via de forma negligente, circulação sem a devida distância em relação ao veículo precedente, excesso de velocidade e travagem súbita, levando à queda ou desequilíbrio de passageiros, figuram como as principais causas dos acidentes de viação envolvendo autocarros, de acordo com a DSAT.
Instituto para os Assuntos Municipais Paul Chan Wai Chi - 11 Jan 2019 [dropcap]U[/dropcap]ma das primeiras tarefas que o Governo da RAEM enfrenta em 2019, é a constituição do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), um corpo estatutário que deveria ter sido criado em 2002, para substituir a Câmara Municipal de Macau Provisória. Após um adiamento de mais de uma década, o Governo finalmente adicionou à Lei Básica a fundação do IAM. No que respeita à escolha dos membros do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais do IAM, existem muitas opiniões favoráveis à eleição de alguns deles por sufrágio directo, uma prática de longa data, à semelhança do processo em vigor no Conselho Consultivo do IACM. No entanto, o Governo tem agido de forma a ignorar esta prática esperando que os 25 membros do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais venham a ser escolhidos por nomeação do Chefe do Executivo. Quanto aos candidatos por auto-recomendação, a maioria é representativa do campo pró-governamental. Quando o Governo anunciou publicamente que o mecanismo de auto-recomendação era aplicável aos candidatos a membros do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais, encoragei os membros do campo pró-democracia a apresentar candidaturas e ofereci-me para lhes obter cartas de recomendação. Espero que o Chefe do Executivo escolha, a partir das listas entregues, pessoas talentosas e competentes, de forma a que os membros do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais possoam incluir representantes dos diversos sectores da sociedade e, assim, poder existir uma participação equilibrada entre os diferentes interesses da sociedade de Macau. Mas, por vezes, as boas intenções são estilhaçadas pela realidade política. O actual Governo mostrou, durante o último mandato, ser incapaz de quebrar o ciclo vicioso da escolha de representantes dentro dos pequenos círculos das elites político-económicas. Contas feitas, o Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais é basicamente formado por mandatários do campo pró-governamental e por membros transitórios do Conselho Consultivo do IACM. Se não se quebrar este ciclo, haverá um défice de participação da sociedade na admnistração governamental. A composição do recém-fundado Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais revela-se um caso de consanguinidade política, que carece de credibilidade. Este cenário indicia que este orgão virá a constituir uma parafernália política. Recentemente estive em Taiwan, durante as últimas eleições. Nessa altura tive oportunidade de falar com algumas pessoas e de tentar perceber a sua opinião sobre o conceito de “Um País, Dois Sistemas” e percebi que muitas delas o rejeitam. A estrondosa derrota do Partido Democrático Progressista (PDP) nestas eleições, foi um castigo infligido pelo povo pela atitude arrogante deste partido, pelo desrespeito da opinão popular e por defender, sobretudo, os seus próprios interesses. O conceito “Um País, Dois Sistemas” foi uma jogada de tudo-por-tudo de Deng Xiaoping para lidar com os problemas levantados por Hong Kong, Macau e Taiwan. Não havia precedentes que servissem de modelo para esta nova situação e a ideia destinava-se a resolver os problemas. Se o incidente de 4 de Junho de 1989 nunca tivesse ocorrido, acredito que a China estaria mais aberta ao mundo e teria avançado mais. Se os meus leitores tiverem boa memória, hão-de lembrar-se que a China declarou, à data, que Hong Kong permaneceria como estava por mais 50 anos, que não haveria tropas aquarteladas em Macau e que Taiwan poderia ter o seu próprio exército. É lamentável que Deng Xiaoping tenha falecido antes da transferência de soberania de Hong Kong. O conceito original de “Um País, Dois Sistemas” foi perdendo gradualmente flexibilidade durante o processo de implementação e, hoje em dia, é caracterizado por lutas ideológicas e desconfianças. No caso de Hong Kong, a ideia original da escolha do Chefe do Executivo por sufrágio universal passou a ser uma miragem e o fracasso da evolução constitucional provocou dissenções sociais. A parte dos “Dois Sistemas” acabou por se tornar um mero apêndice de “Um País”. Macau, continua a depender da indústria do jogo e da política de “Vistos Individuais” dos turistas continentais para manter a prosperidade e a estabilidade. Embora a economia continue em alta, ainda persistem muitos problemas sociais. O atraso desta ecologia política impediu que fossem revelados os méritos do conceito “Um País, Dois Sistemas”. A forma como os membros do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais do IAM vão ser escolhidos é o exemplo máximo desse atraso. Por isso, como é que o povo de Taiwan pode confiar no conceito “Um País, dois Sistemas” quando vê a forma como funciona em Hong Kong e em Macau? Este ano assinala-se na China o 100º aniversário do Movimento 4 de Maio, um movimento que exaltou ideias ocidentais, particularmente a ciência e a democracia. Mas, hoje em dia, “ciência e democracia” continuam a não passar de um slogan na China, onde a tecnologia substituiu a Ciência e a indigitação substituiu a eleição democrática. Se esta situação não se alterar, o futuro da China não será auspicioso e o princípio “Um País, Dois Sistemas” conhecerá novas crises.
Sujeitos indeterminados José Navarro de Andrade - 11 Jan 2019 [dropcap]C[/dropcap]om tanto ardor se arrepelam os assuntos alçados à ordem do dia que ganham estes proporção cósmica, como se deles dependesse a fortuna e a regularidade do mundo. Mas logo que no cata-vento sopram outras excitações tudo se dissipa sem seguimento, efeito ou desfecho. Voltar atrás tempos depois – mesmo que tão só um par de semanas – ao que foi dito e vigorosamente discutido é como ir a um passado remoto onde as coisas se apresentam tão esdruxulas e embaraçosas como as calças à boca-de-sino dos anos 70 se as vestíssemos hoje. Exumar tais assuntos é capaz de valer a pena se for tido que as larvas da memória deixam a limpo o que tanto corrupio não degradou. No dia 1 de Janeiro lá houve então mais uma Mensagem de Ano Novo de Sua Excelência o Presidente da República, despendida pelo actual incumbente. Televisivamente é uma tradição encetada por Américo Tomaz, que a comunicava com monocórdica dicção de mestre-escola e fixado nos papéis, apontando para a câmara a cabeça de sáurio. Figurão manhoso e grotesco em partes iguais, tão nulo que a história o descurou, na última alocução que proferiu – mal sabia ele… – no primeiro dia de 1974, este Almirante de secretária estadeou com plenitude a sua vacuidade em frases como: “todos nós devemos ser profundamente humanos e, ao mesmo tempo, profundamente portugueses” ou “a Pátria tem o direito de a todos pedir que se unam cada vez mais.” Adágios que da Miss Alabama 2018 a um qualquer vereador autárquico, ninguém desdenharia. Confirma-se, portanto, que apesar de vivermos tempos bem mais desenvoltos que os do antigamente, a tradição de rotundidade da Mensagem de Ano Novo mantém-se inalterável. Serve sobretudo o discurso para azafamar as editorias políticas das redações, sempre ávidas de páginas chamativas, pondo em marcha um carrocel de declarações derivativas e subsequentes que passam optimamente por informação noticiosa. O que resolve a contento o quebra-cabeças que é fechar um jornal num dia em que estando todos, do povo aos responsáveis por ele, a jiboiar os excessos da quadra, nada acontece além dos folgazões e gélidos primeiros banhos de praia do ano. Aos canais televisivos a mensagem presidencial fornece a antena de pelo menos 48 horas de debate e comentário, com comentadores (passe a redundância), um inclinado à esquerda, outro ao centro e eventualmente um terceiro apresentado como académico, infundindo assim um aroma de neutralidade e ciência (da social, não da autêntica) à cavaqueira. Nas famigeradas redes sociais, onde um fósforo a arder equivale ao incêndio de Roma, a prédica presidencial é combustível óptimo para as apocalípticas altercações do costume. Por ali o mundo acaba todos os dias. Os partidos também lá reagiram como lhes cumpre. Os partidos gostam muito de reagir porque lhes dá prova de vida e lhes permite exibirem, com “convicção”, “responsabilidade” e “sentido de Estado”, a determinação e a contundência que têm como múnus. Com o tremendismo em que excele o actual inquilino de Belém, depois de em 13 parágrafos se aliviar do rol de chavões inerentes à credibilidade do cargo, entrou a alarmar as portuguesas e os portugueses interpelando-os com uma exigência. Afinal era tão só para lhes pedir que votassem nas eleições que irão pontuar o ano. Talvez não fosse momento para grandes explicações, mas decerto que o rogo seria menos inócuo se minimamente trouxesse luz ao perturbante facto de cada vez menos portuguesas e portugueses, e cada vez com menos crença, exercerem um direito inigualável e fundamental que os devia deixar orgulhosos por dele poderem fazer uso. Guardado estava o bocado… Após algumas recomendações paternais, eis que o Supremo Magistrado da Nação solta a frase que concitou as atenções gerais: “Podemos e devemos ter a ambição de dar mais credibilidade, mais transparência, mais verdade às nossas instituições políticas.” Sem deixar os seus créditos por mãos alheias, os reactivos partidos retorquiram que sim senhor, que era mesmo isso, que tinha toda a razão. De igual modo a caravana de comentadores que segue estes dizeres, queimou toda a lenha da sua retórica para lançar sinais de fumo, com muitos rodeios e especulações, a propósito da sentença. A todos faltou contudo, esclarecer um pormenorzinho. Estando subentendido o sujeito da oração e fugindo todos os intervenientes de calçarem esses sapatos, a quem afinal foi dirigida a invectiva? “Nós” quem? Ninguém se acusando é de supor que aos deuses ou à estratosfera. No jogo de sombras em que protagonistas e figurantes actuam na ordem política vigente, este sujeito subentendido a que se referia O Senhor Presidente da República é a entidade mais enigmática e procurada pelo comum cidadão-eleitor. “Eles” deviam dar um prémio a quem o encontrasse.
Eterna aprendizagem Valério Romão - 11 Jan 201912 Jan 2019 [dropcap]A[/dropcap] minha mãe tinha um hábito que eu, em criança, detestava. Quando me levava a uma consulta médica ou a um bailarico de imigrantes – ocasiões nas quais nos era exigido um aprumo suplementar – humedecia a ponta dos dedos com a língua e alinhava-me as grossas – e perpetuamente desarrumadas – sobrancelhas. Era tanto um gesto de cuidado como um tique incontrolável. Anos mais tarde, ao levar o meu filho à escola – ele que herdou de ambos lados da família umas sobrancelhas de nível florestal – dou por mim a mimetizar o gesto materno: antes de ele entrar na aula, componho-lhe as calças, ajeito-lhe o cabelo e alinho-lhe as sobrancelhas com um dedo húmido de saliva. Como numa das mais belas canções da Elis Regina: “Minha dor é perceber / Que apesar de termos feito tudo o que fizemos / Ainda somos os mesmos e vivemos / Ainda somos os mesmos e vivemos / Como os nossos pais…” Não foi só esse gesto que herdei da minha mãe; devo-lhe igualmente a teimosia, uma boa porção de sarcasmo, a capacidade de me rir de mim próprio e, tentando futilmente pôr de parte a inevitável lamechice que vem à tona sempre que falo da minha mãe, provavelmente as melhores partes de mim. Do meu pai recebi a propensão a não saber quando estar calado, o gosto pela caça, pelo tabaco e pelo álcool e uma tendência a não acabar algumas das tarefas que me disponho a fazer, sobretudo se implicarem construir ou arranjar qualquer coisa. Só percebi verdadeiramente os meus pais quando eu próprio fui pai. Sobretudo de todas as vezes em que falho ser pai, em que sou demasiado pequeno ou demasiado fraco para a tarefa incessante de educar e de cuidar de alguém. Nessas alturas lembro-me dos rostos fechados deles, tolhidos pela vergonha de não estarem à altura e pelo medo de nunca o conseguir estar. Conheço agora por dentro esses rostos. Essa declinação visual da impotência que todos os pais e mães desde sempre conheceram e exprimiram. A vivência da paternidade reperspectiva a condição de filho; de repente estamos do outro lado da fronteira, mal preparados, como quase em tudo na vida, e vivemos finalmente o interior dos gestos e das decisões de que víamos apenas, e mal, a casca. De repente percebemos as limitações, a angústia, o cansaço e, sobretudo e de uma forma completa e vertiginosa, o amor e a sua urgência complexa. A minha mãe nunca percebeu porque é que eu quis tirar filosofia ou escrever. Não aprovou muitas das minhas escolhas na vida, nomeadamente as que implicavam uma relação de custo-benefício no mínimo duvidosa. Mas nunca fez mais do que opor-se-lhes verbalmente. Nunca fez por me condicionar a escolha do caminho ou por me cercear a liberdade. Essa é a majestade suprema do amor materno: amar aquilo que não compreendemos, amar mesmo aquilo que exprime o que não gostamos. Enquanto pai, sei que nunca vou estar à altura da tarefa que me coube. Nunca ninguém está. Como escreve Philip Larkin, no poema This Be The Verse: “They fuck you up, your mum and dad / They may not mean to, but they do.” A minha módica esperança é a de nunca achar-me na posse da ilusão do conhecimento suficiente para ser pai. De achar-me sempre aquém, em falta e em dívida – sem que estas me esmaguem – para querer ser sempre melhor pai do que o sou hoje. Porque esse é o tributo maior que posso prestar ao meu pai e à minha mãe. Esse é talvez o único tributo possível.
Cinestesias I António de Castro Caeiro - 11 Jan 2019 [dropcap]É[/dropcap] dos conceitos mais fascinantes da fenomenologia de Husserl. Hoje, fala-se também de propriocepção, uma percepção do próprio ou na formulação clássica de Kant: percepção. A palavra latina dizia: animadversio: viragem para a alma ou para o espírito. A cinestesia em Husserl é uma percepção do movimento e da mudança. Ao olhar através da janela de um veículo pelo qual somos transportados, vemos tudo parado no seu interior, quando o exterior, todo ele, está em movimento. As árvores, os candeeiros, os objectos inamovíveis parecem estar em movimento, os carros na faixa contrária passam por nós a uma velocidade extraordinária. O juízo não crítico seria: nós estamos parados e tudo o mais está em movimento. Mas percebemos que somos nós que estamos a ser deslocados, nós estamos em movimento, e o movimento da nossa deslocação efectiva produz um movimento aparente dos objectos que estão parados. O nosso ponto de vista, aponta a alvos que podem parecer estar em movimento e estão parados e vice versa há objectos que parecem estar parados e estão a mover-se. A nossa perspectiva está continuamente a alterar-se, a ser ganha e a ser perdida, a transformar-se. Pegamos nela para ter um horizonte. Deixamo-la cair. Voltamos a ganhar perspectiva noutros tempos e noutras circunstâncias. A nossa experiência está continuamente a sintetizar descontinuidades temporais e descontiguidades espaciais. Todos os objectos da carruagem do comboio estão parados aparentemente. E, contudo, é o comboio e as suas carruagens que estão em movimento. Mas não só. Se olhar para uma mosca a voar, percebo os espaços que se constituem em segmentações paralelas atrás da mosca até à parede e entre a mosca e o meu nariz. Ela voa rapidamente da direita para a esquerda e da esquerda para a direita, de cima para baixo e de baixo para cima, aproxima-se e distancia-se. Mas onde ela aparece é um ponto absolutamente descontíguo. É o contínuo temporal que liga a mosca ao longe, em direcção do canto superior esquerdo do tecto com a mosca perto, à minha frente, sem eu perceber as linhas que esboçou até estar de novo próxima de mim. Ao mesmo tempo, toda a sala se metamorfoseia catastroficamente. A parede lá ao fundo desloca-se no seu todo, toda ela, da direita para a esquerda, quando a mosca voa da esquerda para a direita. Desfoca-se e duplica quando fixo a mosca. Volta a ficar focada quando fito a parede e a mosca duplica-se, porque eu entorto os olhos. É também assim que provocamos uma alteração nos conteúdos percepcionados: ao olhar para qualquer lado incutimos na cena perceptiva uma alteração. O mesmo se passa quando viramos a cabeça, nos viramos para a esquerda e para a direita, nos levantamos e sentamos, deitamos e pomos de pé, quando andamos, corremos, paramos. Há uma composição contínua entre o que é um produto da imaginação ou da fantasia e o que é efectivamente realidade. O que é efectivamente realidade é composto, colmatado nas suas lacunas, com uma composição irreal. Movimento e inércia, transformação e inalteração estão continuamente a dar-se. Mesmo o que aparentemente é o mesmo está em mutação contínua. Percebemos o romper do dia e o cair da noite com uma alteração das condições de luminosidade: clarear e escurecer, mas também esfriar e aquecer. O dia seguinte dá-nos a secretária como a deixamos no dia anterior. O escritório é encontrado como sempre o temos encontrado, o mesmo se passa com praias, sítios onde não vamos há muito tempo ou só lá fomos uma única vez. A última vez da apresentação de um sítio é ligada com a primeira vez que voltamos a ver essa apresentação: alguém, uma coisa, uma paisagem, nós no espelho. Tudo pode estar no mesmo sítio e não apresentar indícios da sua alteração. E, contudo, são momentos diferentes do tempo que estão a ligados entre si e com essa ligação também o meu quarto de ontem é percebido como o meu quarto hoje, alguém na semana passada é percebido como alguém nesta semana, mas a outra pessoa da semana passada, de ontem ou de hoje de manhã não é dada agora neste instante do mesmo modo nem da mesma maneira. Eu agora não sou o mesmo de há pouco. Nem os outros nem as outras coisas. E a ligação faz-se não se sabe bem como. A cinestesia compõe a realidade. Liga movimento ao repouso, temos diferentes no mesmo sítio e sítios diferentes no mesmo sítio. E a propriocepção, a percepção de si? Estou sempre eu a acompanhar todos os sítios onde vou? Quando durmo acompanho-me? Quando perco os sentidos, quando me distraio, quando perco a atenção, quando não estou “lá” e estou “longe”, o meu eu acompanha todas as minhas representações, como diria Kant? E os estados de espírito com que vivi momentos da minha vida, fiz experiências, tive começos e fins, será que os acompanho? Ser eu é diferente agora e na infância ou juventude. Sermos nós é diferente ao longo das horas do dia, dos dias da semana, dos meses do ano, dos anos e das épocas da vida. Temos a sensação de que somos os mesmos e de que tudo pode mudar. A mudança não é a deslocação no espaço ou o movimento motor. É outra coisa. Não temos bem a percepção de ter mudado, de como a mudança altera a nossa maneira de vermos quem somos e de vermos os outros. Pensamos ou podemos pensar que tal como as árvores e os candeeiros parados dão a sensação de que estão a mover-se e nós é que estamos parados, podemos pensar que é tudo o resto que muda, todos os outros que são diferentes, e nós próprios somos os mesmos, não mudamos. E pode ser o contrário: podemos achar que mudamos, que sofremos experiências que nos alteraram o âmago do nosso ser, que tudo é agora diferente do que foi e não sabemos muito bem já quem somos, no que nos tornamos. Mas os outros não são bem quem foram. Outros há que são o mesmo e relativamente a eles somos também os mesmos. Mas que identidade é essa na mutação, no movimento, na alteração, na mudança? Qual é o próprio de si para cada um daqueles que conhecemos? Como temos uma apercepção do próprio que é cada um de nós na relação com todos os outros, conhecidos e desconhecidos?
Festival Fringe | “Phubber Drama” alerta para dependência das redes sociais Sofia Margarida Mota - 11 Jan 2019 Uma performance interactiva e inesperada, com o objectivo de alertar as pessoas para a sua dependência do telemóvel é o que vai acontecer nos próximos dias 19 e 21 de Janeiro com “Phubber Drama”, uma iniciativa criada por Cherrie Leong. A performance vai ter lugar junto do edifício da administração pública e do templo de Kun Iam para deixar um recado: “é preciso o convívio pessoal” [dropcap]“A[/dropcap]s pessoas já não estão umas com as outras”, começa por dizer ao HM a responsável por “Phubber Drama”, a performance interactiva que pretende alertar o público para o uso excessivo do telemóvel. Aliás, o termo “phubbing” está agora “na moda” e define este fenómeno de ligação virtual permanente das pessoas, acrescenta Leong. Mas até que ponto estas ligações estão a privar as pessoas de estarem umas com as outras? Esta foi a questão que levou a artista local a criar“Phubber Drama”. “Actualmente quando nos juntamos com amigos e família, estamos sempre a utilizar o telefone em vez de comunicarmos uns com os outros, directamente e cara a cara”, começa por explicar. O fenómeno é visível em todo o lado, quer quando as pessoas estão em grupo, ou sozinhas enquanto andam nos transportes e pela rua. “As pessoas estão permanentemente ligadas”, sublinha Cherrie Leong. Perante esta alienação, Cherrie Leong decidiu intervir, avançar para o público na rua, e fazer, com ele, uma performance. O objectivo é conseguir promover uma reflexão capaz de “encorajar uma mudança nas pessoas e nas suas atitudes para que deixem de usar tanto o telefone”. Tempo de parar A ideia não é deixar de utilizar este dispositivo que já faz parte da vida de todos, mas sim que parem e que tenham em conta o tempo que passam efectivamente com a família e com os amigos e a forma como comunicam nestas situações. Por outro lado, a responsável tem notado que a dependência da sociedade actual no número de gostos no facebook ou de seguidores noutras plataformas começou ser preocupante, sendo que “todas as pessoas centram a sua existência nas plataformas sociais e fazem delas a sua vida”. Todo este mundo, que não existe na realidade, está a alterar a forma como as pessoas estão umas com as outras e “está na altura de repensar o lugar dos amigos e da família real”, refere, sendo que, “as relações humanas estão cada vez mais esquecidas”. No fundo, Cherrie Leong pretende com “Phubber Drama” a busca de um equilíbrio entre o virtual e o real que considera perdido. Situação surpresa A iniciativa integra o cartaz da edição este ano do festival Fringe que tem hoje início oficial e o evento vai ter lugar nos dias 19 em frente ao edifício da administração pública e no dia 21 em frente ao templo de Kun Iam, sempre junto da paragem de autocarros. A performance vai ser feita “inesperadamente e os artistas vão aparecer do nada, e da mesma forma vão desaparecer”. Apesar de ter uma duração de apenas cinco minutos, “haverá tempo para interagir”. “Tentamos fazer alguma coisa diferente porque queremos que as pessoas se juntem a nós. Vamos claro, aproximarmo-nos de quem estiver a utilizar o telefone”, aponta Leong.
Porto Interior | Obra da estação elevatória de águas pluviais vai custar mais de 90 milhões Victor Ng - 11 Jan 2019 [dropcap]A[/dropcap] obra de construção de ‘box-culvert’ da estação elevatória de águas pluviais do norte do Porto Interior deve custar mais de 90 milhões de patacas. A estimativa foi facultada pelo Governo que adiantou que a empreitada deve arrancar ainda no primeiro trimestre. Segundo o jornal Exmoo News, o montante foi avançado na quarta-feira durante uma reunião do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Central, convocada para a apresentação do ponto de situação dos trabalhos contra inundações no Porto Interior. Após o encontro, os membros do conselho consultivo indicaram ainda que a obra tem a duração prevista de 718 dias, ou seja, de aproximadamente dois anos. Choi Tat Meng, membro do conselho consultivo, referiu que o Governo teve como referência as experiências de cidades como Guangzhou e Shenzhen, e concluiu, com base na altura máxima das marés, que muretes com três metros de altura podem impedir entrada de águas durante a passagem de tufões como o Hato e o Mangkhut. O mesmo responsável explicou ainda que se forem mais altos podem afectar a segurança estrutural nos edifícios e nas fundações de estradas à volta. Relativamente às comportas para prevenção de inundações, Choi Tat Meng referiu que, no ano passado, já teve resposta do Governo Central sobre a concepção geral e que o Executivo já apresentou um estudo sobre a viabilidade da obra para ouvir opiniões das autoridades chinesas, devendo a empreitada arrancar depois de elaborada a concepção pormenorizada.
Tecto falso no New Yaohan soltou-se e causou três feridos João Santos Filipe e Victor Ng - 11 Jan 2019 Ao contrário do habitual, a Polícia de Segurança Pública não anunciou o caso aos jornalistas, mas nega que tenha havido tentativa de “esconder” o acontecimento. Uma das pessoas feridas está internada e tem pela frente uma recuperação de dois meses [dropcap]T[/dropcap]rês pessoas ficaram feridas no centro comercial New Yaohan, depois de um tecto falso ter caído, no sétimo andar. O caso aconteceu no domingo, e a PSP, ao contrário do habitual, não reportou aos jornalistas a ocorrência. Apenas ontem, após a informação ter começado a circular nas redes sociais, e ter sido publicada no Ou Mun Iat Pou, é que as autoridades revelaram o caso. Segundo a informação disponibilizada pela PSP ao HM, o acidente aconteceu por volta das 15h00 e entre os feridos estão uma mãe, com cerca de 40 anos, e filha, com cerca de 12 anos. A mãe encontra-se na situação mais complicada, uma vez que ainda está internada com ferimentos na cintura e cabeça. A PSP não avançou mais pormenores sobre a condição física da mulher, e os Serviços de Saúde, apesar de contactados para o efeito, também não disponibilizaram a informação. Contudo, segundo a publicação Oriental Daily, de Hong Kong, a mulher tem uma recuperação pela frente de cerca de dois meses. Alguns comentários das redes sociais apontavam ainda para o facto da mulher não conseguir mexer-se da cintura para baixo, quando foi transportada para o hospital. Em relação à filha, a PSP avançou que a criança sofreu lesões na cintura, mas que já teve alta. De acordo com os comentários à notícia, os responsáveis pelo centro comercial, que está sob a alçada da Sociedade de Diversões e Turismo de Macau, teriam “lavado as mãos” da ocorrência. Porém, segundo o Ou Mun Iat Pou, este não terá sido o caso. Em declarações ao jornal, os responsáveis pelo centro comercial lamentaram o incidente e afirmaram estarem disponíveis para pagarem todas as despesa hospitalares dos feridos. O acidente aconteceu no sétimo andar do New Yaohan, onde estavam a ser realizados trabalhos de renovação. Tudo às claras Numa conferência de imprensa, realizada ontem, a PSP negou que tenha havido intenção de encobrir o acidente. Ao mesmo tempo, responsabilizou o centro comercial por nunca ter revelado o que aconteceu, quando telefonou para os bombeiros a pedir o auxílio das ambulâncias. A mesma situação foi explicada ao HM: “Quando nos foi dado o alerta só foi dito que havia feridos, não nos foi explicado que tinham sido causados pela queda de um tecto”, contou fonte da PSP. Também na conferência de imprensa foi revelado que por dia acontecem, em média, entre 70 e 80 ocorrências e que apenas algumas são comunicadas aos órgãos de comunicação social, normalmente as consideradas mais mediáticas e com maior impacto para a sociedade.
Professor da Universidade de Macau candidato a reitor da Universidade de Coimbra Diana do Mar - 11 Jan 2019 [dropcap]Y[/dropcap]ang Chen, professor de Matemática na Universidade de Macau, figura como um dos dois estrangeiros candidatos ao cargo de reitor da Universidade de Coimbra (UC). O anúncio foi feito pela instituição de ensino superior que deu conta de que há cinco interessados em suceder a João Gabriel Silva, que cumpre, este ano, o seu segundo mandato. Investigador nascido em Singapura, doutorado em Física pela Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, Yang Chen lecciona actualmente Matemática na Universidade de Macau. A segunda candidata estrangeira é Duília Fernandes de Mello, doutorada em astronomia pela Universidade de São Paulo e professora catedrática da Universidade Católica da América. Segundo o ‘site’ da associação Mulher das Estrelas, criada pela própria, Duília de Mello publicou mais de 100 artigos científicos, colabora com o Goddard Space Flight Center, da NASA, tendo sido escolhida, em 2014, pela revista brasileira Época, como uma das 100 pessoas mais influentes do Brasil. A comissão eleitoral informou, na noite de quarta-feira, em nota de imprensa, que foram aceites cinco candidaturas, tendo sido também excluídos cinco processos, “por não-cumprimento dos requisitos formais estipulados”. O actual vice-reitor Amílcar Falcão, professor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, o docente e investigador na área da inteligência artificial Ernesto Costa e o director da Faculdade de Letras, José Pedro Paiva, são os outros nomes, tendo já anunciado as suas candidaturas no ano passado. As eleições para reitor da Universidade de Coimbra para o mandato 2019-2023 vão decorrer numa reunião plenária do Conselho Geral, a 11 de Fevereiro, havendo a 4 do mesmo mês uma audição pública dos candidatos e uma segunda sessão, apenas para membros do Conselho Geral, no dia seguinte. O Conselho Geral da Universidade de Coimbra é constituído por 18 representantes dos professores e investigadores, cinco estudantes, dois trabalhadores não docentes e não investigadores e dez elementos externos à instituição.
Ensino | Macau e Portugal preparam-se para ter mais cinco escolas geminadas Diana do Mar - 11 Jan 2019 [dropcap]M[/dropcap]acau e Portugal vão ter, em breve, mais cinco escolas geminadas. Representantes de escolas do território deslocam-se ao Porto, no próximo mês, por ocasião do Ano Novo Chinês, com o reforço da cooperação na agenda. Escola Hou Kong, Escola da Ilha Verde, Escola dos Moradores, Escola Gonzaga Gomes e Colégio de São José pretendem geminar-se com a Escola Secundária Carlos Amarante (Braga), a Escola Secundária Augusto Gomes (Matosinhos), a Escola Secundária Oliveira Júnior (São João da Madeira), a Escola Secundária Eng.º Calazans Duarte (Marinha Grande), e a Escola Secundária D. Duarte (Coimbra). Actualmente, existem duas escolas de Macau geminadas com estabelecimentos de ensino de Portugal (Escola Oficial Zheng Guanying e Pui Ching). A informação foi revelada ontem pelo director dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), Lou Pak Sang, num encontro com jornalistas, em que explicou que os representantes das cinco escolas integram uma delegação de Macau, composta por aproximadamente 80 alunos e professores, que vai deslocar-se ao Porto. Esta visita, durante a qual vão ter lugar espectáculos protagonizados por estudantes, figura como uma das actividades delineadas pelos 40 anos do restabelecimento das relações diplomáticas entre Portugal e a China.
Obras de reparação do Centro de Ciência vão custar 100 milhões Andreia Sofia Silva e Victor Ng - 11 Jan 2019 O representante máximo dos accionistas do Centro de Ciência, Liu Chak Wan, adiantou que as obras de reparação da estrutura principal vão custar 100 milhões de patacas, um valor que se aproxima do custo de construção do edifício. O empresário justificou o elevado custo com a inflação [dropcap]A[/dropcap]s obras de reparação do edifício que alberga o Centro de Ciência de Macau vão custar cerca de 100 milhões de patacas. O valor foi ontem anunciado pelo empresário Liu Chak Wan, responsável máximo pelo grupo de accionistas da empresa gestora do edifício, a Centro de Ciência S.A. Nas palavras de Liu Chak Wan, é necessária uma nova concepção e instalações, sendo que o novo edifício ficará semelhante ao actual. De acordo com o Jornal do Cidadão, o também membro do conselho de curadores da Fundação Macau, explicou que, devido à passagem do tufão Mangkhut pelo território, houve várias placas de alumínio que ficaram deslocadas, além de que muitas já estavam envelhecidas. A inflação foi a principal razão apontada por Liu Chak Wan para o custo elevado da obra. “É preciso ter em conta que o edifício foi feito há mais de dez anos. Nessa altura pagava-se 600 patacas por cada pé quadrado de construção, mas agora paga-se duas mil patacas, pelo que o preço aumentou quatro vezes.” A obra vai demorar mais de um ano a ficar concluída, um prazo que Liu Chak Wan justifica com o facto de ser necessário pensar numa só proposta que seja boa e que resolva todos os problemas. De frisar que, além dos estragos causados pela passagem do tufão Hato, o Centro de Ciência sofreu um incêndio em 2015, incidentes que provocaram o fecho temporário do espaço e a realização de trabalhos de reparação. Milhões e milhões O valor de 100 milhões aproxima-se do que, em 2006, foi pago pelo projecto de construção do edifício, levado a cabo pela Companhia de Construção e Obras de Engenharia Tong Lei, Limitada. O despacho, assinado pelo ainda Chefe do Executivo Edmund Ho, mostra que a obra de construção teve um custo de 337 milhões de patacas. No caso do projecto de arquitectura, entregue à empresa Ieoh Ming Pei e Pei Partnership, Architects, custou aos cofres públicos mais de três milhões de patacas, pagas entre 2002 e 2003. Lau Si Io, ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas é, desde 2015, presidente do conselho de administração da Centro de Ciência S.A.
Alexis Tam garante que problemas de gestão do IC estão resolvidos Andreia Sofia Silva - 11 Jan 2019 [dropcap]O[/dropcap] secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, comentou ontem a escolha do director do Museu de Arte de Macau para o cargo de vice-presidente do Instituto Cultural (IC), tendo dito que, com a nova equipa, estão ultrapassados os problemas de gestão do IC. “Não estou preocupado porque a presidente do IC [Mok Ian Ian] está a trabalhar bem e a tratar bem do problema de gestão. O IC tem cada vez mais trabalho e é reconhecido pela população, no futuro vamos continuar a ter mais atividades na área cultural e eu estou satisfeito com o trabalho do IC”, apontou. Quanto ao nome que irá substituir Chan Kai Chon na direcção do MAM, ainda não está decidido.
Gripe | Governo vai adquirir mais 20 mil vacinas Andreia Sofia Silva - 11 Jan 201911 Jan 2019 [dropcap]A[/dropcap]lexis Tam, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, assegurou ontem que serão adquiridas pelos Serviços de Saúde de Macau (SSM) mais 20 mil vacinas, o que perfaz um total de 170 mil disponíveis para serem administradas de forma gratuita aos residentes permanentes. Para Alexis Tam, este número “é suficiente para toda a população”, sendo que mais de 80 por cento das crianças já foram vacinadas, bem como os idosos nos lares. O Governo está também a preparar um plano de incentivo à vacinação junto dos estudantes do ensino superior. Relativamente aos trabalhadores não residentes, Lei Chin Ion, director dos SSM, defendeu que estes têm de suportar a factura das vacinas no serviço de saúde privado, uma vez que “a prioridade é para os residentes permanentes”. Desde Setembro que foram registados 14 casos de gripe, mas o secretário revelou estar satisfeito com os trabalhos de prevenção e acompanhamento por parte do serviço público de saúde. Quanto ao caso da criança de quatro anos diagnosticada com encefalite devido à gripe, está a ser acompanhado no São Januário, não existindo novidades sobre o seu estado de saúde. Alexis Tam falou aos jornalistas à margem de uma visita ao centro de saúde do Tap Seac e do serviço de urgência pediátrica e para adultos do hospital São Januário, onde falou com alguns doentes e acompanhou o processo de diagnóstico e tratamento dos casos de gripe.
Firmados três protocolos de cooperação com Shenzhen Diana do Mar - 11 Jan 2019 Macau e Shenzhen assinaram ontem três protocolos, abrindo o âmbito da cooperação ao domínio jurídico, ao emprego para jovens e ao ramo das indústrias culturais e criativas [dropcap]A[/dropcap] área jurídica figura como um dos três novos domínios em que Macau e Shenzhen vão cooperar. O acordo, firmado ontem após uma reunião conjunta, tem como objectivo “incentivar a colaboração entre operadores de Direito das duas regiões em matéria legislativa, arbitragem e resolução de litígios”. Já o segundo memorando prevê o reforço dos laços com vista ao desenvolvimento de indústrias culturais de “alta qualidade”, enquanto o terceiro traduz uma aposta na juventude, consagrando oportunidades de intercâmbio, estágio e emprego para jovens de Macau em empresas de renome de Shenzhen. Este último surge, aliás, em articulação com a Grande Baía, visando, entre outros, elevar a competitividade regional. Em causa o projecto de integração económica que aspira transformar Macau, Hong Kong e nove cidades da província de Guangdong (incluindo Shenzhen), numa metrópole de nível mundial. O acordo-quadro para o desenvolvimento da estratégia da Grande Baía foi firmado em 1 de Julho de 2017, em Hong Kong, num acto testemunhado pelo Presidente da China, Xi Jinping, mas desde então pouco foi materializado, estando a faltar as políticas concretas, cujo anúncio, por parte de Pequim, se espera que tenha lugar em breve. Ano de efemérides Os três acordos firmados na reunião conjunta – que juntou dezenas de dirigentes de ambas as partes – cobrem “novas áreas”, sublinhou o secretário para a Economia e Finanças, no final do encontro, dando particular relevo ao facto de serem celebrados num ano “bastante importante”, tanto por causa da Grande Baía, dado que devem ser anunciadas as políticas em concreto, como por efemérides de peso. Lionel Leong recordou que, em 2019, não só se assinalam os 70 anos da implementação da República Popular da China, como também os 40 anos da criação de Shenzhen e os 20 anos de vida da RAEM. “Agora, estamos numa nova era e à luz do projecto de construção da Grande Baía temos de abrir mais âmbitos de cooperação, pelo que estes três protocolos são bastante importantes para estreitar laços”, apontou, por seu turno, o presidente do município de Shenzhen, Chen Rugui.
AMCM sem poder decisório sobre licenças de sociedades de locação financeira João Santos Filipe - 11 Jan 2019 [dropcap]A[/dropcap]pesar de emitir pareceres sobre a emissão e revogação de licenças às empresas de locação financeira, a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) não vai ter poder de decisão sobre estas matérias. A questão ficou definida ontem na comissão que está a analisar a proposta da lei na Assembleia Legislativa. Ainda de acordo com Chan Chak Mo, a última palavra vai depender sempre do Chefe do Executivo, à imagem do que já acontece com as instituições bancárias do território.
Arbitragem | Recurso a tribunais limitado João Santos Filipe - 11 Jan 2019 [dropcap]A[/dropcap]s pessoas que recorrerem aos mecanismos de arbitragem só vão poder anular as decisões nos tribunais nos casos que fiquem expressamente definidos na lei. A revelação foi feita por Ho Ion Sang, deputado que preside à comissão que está com o diploma em mãos. De acordo com o deputado dos Kaifong, esta é uma medida para reforçar o carácter das decisões dos centros de arbitragem. Por outro lado, a última palavra sobre a aplicação das decisões dos centros de arbitragem fora de Macau vai ficar com os tribunais da RAEM.
Metro Ligeiro | Pedida clarificação de “matérias confidenciais” nos relatórios de acidentes João Santos Filipe - 11 Jan 2019 Um artigo elaborado pelo Governo permite excluir “matérias confidenciais” dos relatórios técnicos da investigação de acidentes com o Metro Ligeiro. No entanto, as matérias abrangidas não estão definidas. Deputados exigem explicações [dropcap]A[/dropcap] 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa quer que o Governo deixe muito claro que tipo de matérias vai ser deixado de fora dos relatórios públicos, no caso das investigações técnicas sobre acidentes com o Metro Ligeiro. Em causa está o artigo da proposta de lei que define que o relatório público deve excluir as partes confidenciais, apesar da investigação apenas focar as razões do acidente, sem indicar responsabilidades criminais. O documento que está a ser analisado pelos deputados não indica quais são as matérias confidenciais. “Perguntámos o que se considera como ‘matérias confidenciais’ que vão ser excluídas. O Governo disse-nos que vai estudar o assunto e definir bem o âmbito deste artigo e depois responder aos deputados”, informou o presidente da comissão, Vong Hin Fai, no final do encontro. “O Governo não nos deu nenhum exemplo de matérias confidenciais, apesar de termos perguntado. Como estamos a falar de uma investigação de natureza técnica, que não apura responsabilidades criminais, apenas não compreendemos a confidencialidade”, apontou o deputado. “Não estamos a falar de uma investigação que foque propriamente dados pessoais, dados das vítimas ou outras questões que envolvam sigilo. O Governo diz que vai responder e, pelo menos, explicar as instruções”, acrescentou. Prazos mais curtos Além desta questão, os deputados querem ainda que o Governo antecipe o prazo em que está legalmente obrigado a apresentar ao público as conclusões dos relatórios finais das investigações técnicas. Segundo a primeira proposta, o prazo apresentado foi de um ano e tem como inspiração o caso dos acidentes de aviação. Porém, é considerado excessivo pelos deputados. “A comissão considera que um ano é um prazo muito longo. O resultado deve ser apurado o mais rapidamente possível e deve ser igualmente disponibilizado ao público tão brevemente quanto possível”, afirmou Vong. Também o prazo para a aplicação das recomendações levantou controvérsia. O documento define 90 dias para as alterações. Os deputados entendem que é muito tempo e que devem ser aplicadas com urgência. No entanto, o Governo diz que um prazo inferior a 90 dias é difícil de cumprir, caso seja necessário comprar equipamentos no exterior. Por sua vez, Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Pública, que participou na reunião, fez um balanço positiva da mesma. “Foi muito bom, altamente eficaz e eficiente. Acabámos a primeira ronda [de análise do documento] e agora vamos fazer o nosso trabalho”, resumiu. “Não há consenso sobre todos os artigos, mas vamos rever a lei e apresentar uma versão revista, para aproximar as posições”, concluiu.
Pensões ilegais | Matéria para resolver este ano, diz Sónia Chan Andreia Sofia Silva e João Santos Filipe - 11 Jan 2019 [dropcap]S[/dropcap]ónia Chan promete fazer tudo para que uma eventual criminalização das pensões ilegais entre na Assembleia Legislativa antes de Dezembro, altura em que termina o seu actual mandato. A promessa foi feita, ontem, em declarações aos jornalistas, à margem de uma reunião de uma comissão sobre arbitragem. “Vamos fazer todos os nossos esforços”, afirmou a secretária para a Administração e Justiça. Ao mesmo tempo garantiu que se houver alteração à lei, que haverá uma consulta pública: “é um dos procedimentos exigíveis”, indicou. Sobre o andamento do grupo de trabalhos para estudar se as pensões ilegais devem ser criminalizadas, Sónia Chan explicou que o grupo foi constituído há pouco tempo e que na próxima semana vai ser realizado o primeiro encontro. Por este motivo ainda não há data para a tomada de uma decisão: “Ainda precisamos de tempo”, explicou. Ontem, à margem de uma visita ao Centro Hospitalar Conde de São Januário, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, voltou a defender a criminalização das pensões ilegais ao ser questionado sobre o recente caso de uma mulher morte numa habitação ilegal.
Administração | Sónia Chan nega discriminação em curso de mestrado João Santos Filipe - 11 Jan 2019 A secretária compara a exigência do domínio do chinês para frequentar curso de mestrado da Administração Pública aos cursos em que magistrados também têm de provar que falam português [dropcap]A[/dropcap] secretária para a Administração e Justiça recusa haver discriminação devido ao facto dos funcionários públicos que apenas dominam o português ficarem automaticamente afastados do Curso de Mestrado da Administração Pública. Este é um mestrado que vai ser leccionado em mandarim no Interior da China, e que vai permitir promoções dentro da Função Pública. A organização está a cargo do Instituto Nacional de Administração da China e do Instituto Politécnico de Macau. “Este curso é organizado em cooperação com uma instituição do Interior da China. Cada curso tem os requisitos próprios”, começou por explicar Sónia Chan. Depois comparou a situação com os cursos para os magistrados formados na RAEM: “Por exemplo, no curso dos magistrados, se os candidatos não forem capazes de dominar o português também não podem entrar”, apontou. “Não podemos dizer que há discriminação. Se uma pessoa quiser fazer um curso tem de ver as condições e cada curso tem os seus requisitos”, completou. Apesar do exemplo da secretária, as situações não são idênticas. Ao contrário do mestrado para a função pública, os cursos para a formação de magistrados exigem que os candidatos dominem as duas línguas oficiais do território. Assim, no caso de uma pessoa que tem como língua materna o português, esta tem de conseguir dominar o chinês. O cenário oposto também acontece, uma pessoa que tenha como língua materna o chinês, precisa de dominar o português. Sónia Chan foi igualmente confrontada com o cenário do curso se realizar numa instituição do Interior da China, em vez de decorrer em Macau. Em relação a esta questão, a secretária admitiu que não estava na posse de toda a informação sobre o contrato assinado para o curso. Queixas de funcionários O novo mestrado em Administração Pública causou polémica junto dos funcionários do Governo devido a três aspectos. Por um lado, só está disponível para falantes de chinês e, por outro, para que as propinas sejam assumidas pelo Governo é necessária uma carta de recomendação de um dos chefes. Também aos candidatos é exigida uma licenciatura em Administração Pública do Interior da China. O caso levou inclusive o deputado José Pereira Coutinho, ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, a escrever uma interpelação ao Executivo: “Muitos trabalhadores ao terem conhecimento do respectivo Regulamento e interessados em participar no respectivo mestrado ficaram muito tristes e descontentes e vieram queixar-se ao nosso Gabinete de Atendimento aos Cidadãos alegando, por exemplo, que estão a ser discriminados por não dominarem uma das línguas oficiais”, escreveu o legislador. José Pereira Coutinho questionou também o Executivo sobre os critérios para as cartas de recomendações, uma vez que se teme que o sistema seja utilizado para favorecer determinadas pessoas, e perguntou qual a razão de ser exigida uma licenciatura do Interior da China, em vez de um grau académico local.