Novas Rotas da Seda dominam cimeira de hoje entre China e 16 países da Europa central e do leste Hoje Macau - 12 Abr 201915 Abr 2019 [dropcap]A[/dropcap] s novas “Rotas da Seda” são o tema central da cimeira “16+1” que hoje decorre em Dubrovnik, sul da Croácia, que reúne a China e 16 países do centro e leste europeu. Pequim tem anunciado elevados investimentos para projectos de construção em diversos países desta região da Europa, que incluem os Balcãs, com um total de 12 mil milhões de euros disponibilizados entre 2007 e 2017. A oitava conferência de chefes de governos dos 16 países da Europa central e de leste e a China (‘16+1’) foi inaugurada formalmente na noite de quinta-feira com um jantar em Dubrovnik, mas será hoje que terão lugar as principais reuniões, onde se inclui um fórum de negócios. Pequim está representado pelo primeiro-ministro Li Keqiang, que na quarta-feira iniciou uma visita oficial de dois dias à Croácia, Estado-membro da União desde 2013 e que também está na mira de Pequim. O dirigente chinês visitou na quinta-feira as obras da ponte de Peljesac, uma estrutura de 2.400 metros de comprimento sobre o Mar Adriático, que está a ser construída por uma empresa chinesa com participação de fundos comunitários. “Esta ponte é um projecto piloto, tanto da cooperação ‘16+1’ como da cooperação entre a China e a União Europeia, já que esta companhia chinesa que a constrói obteve este projecto através de um concurso público, em competição aberta”, referiu Li Keqiang na ocasião.
Presidente chinês felicita líder norte-coreano por reeleição Hoje Macau - 12 Abr 2019 [dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, felicitou hoje o líder norte-coreano, Kim Jong-un, pela sua reeleição como Presidente do mais alto órgão de tomada de decisão da Coreia do Norte, informou a agência noticiosa oficial Xinhua. Xi transmitiu a Kim as “mais calorosas felicitações” e os “melhores desejos”, afirmando que esta decisão “reflecte a confiança e apoio” que o “partido e o povo” norte-coreanos têm nele. O líder chinês valorizou ainda “muito” a amizade entre a China e a Coreia do Norte, que ele espera que se continue a desenvolver, para “beneficiar os povos dos dois países”, destacou a mesma nota. “Desde o ano passado, encontrei-me com o camarada Kim por quatro vezes e, juntos, chegámos a vários consensos importantes, que abriram um novo capítulo nas relações bilaterais”, disse Xi. O líder chinês lembrou ainda que, este ano, se celebra o 70.º aniversário deste o estabelecimento das relações entre os dois países “vizinhos e amigos, ligados por rios e montanhas”. Apesar do distanciamento dos últimos anos, Pequim continua a ser o principal aliado diplomático e maior parceiro comercial do regime de Kim Jong-un. Nos anos 1950, os dois países lutaram juntos contra os Estados Unidos. No entanto, volvidas quase três décadas, o Partido Comunista Chinês desistiu de “aprofundar a luta de classes” e escolheu o desenvolvimento económico como “tarefa central”. Pequim e Pyongyang voltaram a aproximar-se após Kim ter suspendido os testes nucleares e com mísseis balísticos e embarcado numa iniciativa diplomática, que incluiu visitas à China e cimeiras com os EUA e Coreia do Sul. Kim foi reeleito como presidente da Comissão de Assuntos do Estado, durante a sessão de abertura da Assembleia Popular Suprema, realizada na quinta-feira, segundo a imprensa norte-coreana. Kim Jong-un foi eleito presidente desta comissão em Junho de 2016, quando o órgão foi criado. Por sua vez, Kim Jae-ryong, um alto funcionário do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte, foi nomeado primeiro-ministro, substituindo Pak Pong-ju. Choe Ryong-hae, que durante os primeiros anos de mandato de Kim Jong-un chegou a ser considerado o ‘número dois’ do regime, substituiu o veterano Kim Yong-nam, de 91 anos, como presidente honorário. O principal encarregado por negociar um acordo nuclear com os Estados Unidos, e um dos responsáveis máximos pelos serviços secretos norte-coreanos, Kim Yong-chol, manteve a sua posição na Comissão dos Assuntos do Estado. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Ri Yong-ho, outra figura chave nas negociações, manteve também a posição.
Fotografia do ano do World Press Photo 2019 é do norte-americano John Moore Hoje Macau - 12 Abr 2019 [dropcap]A[/dropcap] fotografia do ano do World Press Photo 2019 é da autoria do norte-americano John Moore, anunciou ontem a organização dos prémios em Amesterdão, na Holanda. A foto, captada em 12 de Junho de 2018, mostra uma menina hondurenha a chorar quando a mãe é revistada e detida próximo da fronteira dos Estados Unidos com o México, em McAllen, no Texas. A imagem, que valeu ao fotógrafo norte-americano um prémio de 10 mil euros, foi capa da revista Time e gerou a contestação ao programa do Presidente norte-americano, Donald Trump, de separação das famílias de imigrantes. Em declarações posteriores ao jornal britânico Daily Mail, o pai da menina disse que a filha não foi retirada à mãe e que ambas foram detidas juntas. Para John Moore, a “imagem tocou os corações de muitas pessoas”, como o seu, porque “humaniza uma história maior”. Segundo um dos membros do júri da competição, a fotojornalista brasileira Alice Martins, a fotografia de Moore mostra “uma violência diferente, que é psicológica”. Ao World Press Photo 2019 concorreram 78.801 trabalhos de 4.738 fotógrafos. O fotojornalista português Mário Cruz, que trabalha na agência Lusa mas que concorreu com um trabalho independente, ficou em terceiro lugar na categoria Ambiente, em imagem ‘single’, com a fotografia de uma criança num colchão rodeado de lixo a flutuar num rio filipino.
Fotografia tirada nas Filipinas dá a Mário Cruz o terceiro lugar no World Press Photo Hoje Macau - 12 Abr 2019 [dropcap]O[/dropcap] fotojornalista português Mário Cruz ficou em terceiro lugar na categoria Ambiente, em imagem ‘single’, no World Press Photo 2019, com a fotografia de uma criança num colchão rodeado de lixo, a flutuar num rio filipino, foi ontem anunciado. Os vencedores do World Press Photo deste ano foram anunciados numa cerimónia em Amesterdão, na Holanda. Na mesma categoria de Ambiente, em imagem ‘single’, o primeiro lugar foi atribuído ao fotógrafo sul-africano Brent Stirton, com uma foto do treino no Zimbabué de uma mulher que pertence ao Akashinga, grupo formado por mulheres que luta contra a caça ilegal nas reservas naturais. No segundo lugar ficou o fotógrafo norte-americano Wally Skalij, do jornal Los Angeles Times, com a fotografia de dois cavalos amarrados a um poste e que foram salvos das chamas num violento incêndio que atingiu em Novembro a Califórnia, nos Estados Unidos. A imagem premiada de Mário Cruz mostra uma criança a recolher materiais recicláveis, para obter algum tipo de rendimento que lhe permita ajudar a família, deitada num colchão rodeado de lixo, que flutua no rio Pasig, que já foi declarado biologicamente morto na década de 1990. Para o fotojornalista, esta imagem “é um apelo que merece reacção rápida”. “Nós vemos imagens de praias com lixo no areal e ficamos incomodados, mas estas pessoas em Manila [capital das Filipinas] estão rodeadas de lixo diariamente, já há muitos anos, e isto merece a nossa reacção rápida”, afirmou Mário Cruz em declarações à Lusa, aquando do anúncio da nomeação para o World Press Photo. A fotografia vencedora foi captada nesse sentido: “No fundo é um apelo para que não se ignore o que não pode ser ignorado”, disse. Os habitantes daquelas comunidades tentaram, sem sucesso, ir viver para a capital das Filipinas e acabaram por criar construções ilegais junto ao rio, onde vivem, sem saneamento, e muitos deles da reciclagem do lixo que é atirado fora. “É um problema que se arrastou, e está a agravar-se tomando dimensões preocupantes”, alertou o fotojornalista, acrescentando que viu estuários, criados para impedir as cheias, cheios de lixo. “Neste momento só se vê lixo. É dramático olhar para um canal de água e não ver a água, só plástico, e isso merece sem dúvida uma reacção”, reiterou Mário Cruz, que é fotojornalista da agência Lusa, mas desenvolveu este projecto a título pessoal. Além de Mário Cruz, outros dois fotógrafos foram premiados na categoria Ambiente em imagem ‘single’: o sul africano Brent Stirton (que ficou em primeiro lugar) e o norte-americano Wally Skalij (em segundo). A fotografia premiada faz parte de um trabalho que Mário Cruz desenvolveu nas Filipnas, baptizado “Living Among What’s Left Behind” (“Vivendo entre o que é deixado para trás”, em português), que reúne imagens que o fotojornalista captou durante um mês nas Filipinas, onde visitou comunidades que vivem ao longo do rio Pasig, testemunhando uma situação extrema de poluição ambiental que os habitantes enfrentam há décadas. Esse trabalho deu origem a uma exposição, patente até 26 de maio no Palácio Anjos em Algés, concelho de Oeiras, onde é possível ver-se 40 imagens, das milhares captadas pelo fotógrafo nas Filipinas. No dia da inauguração da mostra, no passado sábado, foi apresentado um livro, editado pela Nomad e desenvolvido pelo Estúdio Degrau, com “70 fotografias, entre o preto e branco e as cores, que retratam, de forma crua, a realidade que Mário Cruz encontrou em Manila”, de acordo com a equipa editorial da Nomad. A capa do livro foi produzida “através do processamento de 160 quilogramas de resíduos industriais e desperdícios de uso doméstico”, sendo cada uma “criada individualmente e à mão, resultando em exemplares com capas únicas, que simbolizam a abundância de lixo deixado para trás”. Esta é a segunda vez que Mário Cruz, de 31 anos, é premiado no World Press Photo. Em 2016, o fotojornalista português conquistou o primeiro lugar na categoria Temas Contemporâneos do World Press Photo, com um trabalho sobre a escravatura de crianças – dos meninos Talibés – no Senegal (“Talibés – Modern Days Slaves”), que deu origem a um livro, depois de publicado na Newsweek, e que constituiu um alerta global. No Senegal, foram distribuídos panfletos com fotografias feitas por si, tendo sido resgatadas centenas de crianças.
Igreja do Japão prepara-se para investigar alegados abusos sexuais Hoje Macau - 12 Abr 2019 [dropcap]A[/dropcap] igreja católica no Japão está preparar uma investigação sobre alegados abusos sexuais contra menores cometidos por padres, incluindo acusações de há 20 anos, foi ontem anunciado. A Conferência dos Bispos Católicos no Japão disse que criou um grupo em cada diocese para receber denuncias relacionadas com abusos sexuais, mas não adiantou mais detalhes sobre a investigação. A conferência, sediada em Tóquio, informou que pesquisas anteriores encontraram dois casos notificados em 2002 e cinco em 2012, que não foram verificados. Esses casos serão investigados, incluindo se os supostos abusadores foram punidos, que punição receberam e qual a resposta que os bispos deram às vítimas, disse conferência. A decisão surge depois da cimeira sobre abusos realizada em Fevereiro por decisão do papa Francisco em resposta aos escândalos que envolvem o clero. O papa Francisco deve visitar o Japão em Novembro, na primeira visita papal ao país desde João Paulo II em 1981. A Conferência de Bispos Católicos do Japão disse ainda que numa pesquisa sobre assédio sexual em 2004 encontrou 17 casos de “contactos físicos coercivos” sendo algumas das vítimas crianças. Um japonês de 62 anos denunciou recentemente que foi abusado sexualmente por um padre há décadas, quando frequentava uma escola católica no oeste de Tóquio tendo ainda a conferência conhecimento de outras denúncias de abusos em diferentes escolas católicas, mas a extensão do problema permanece desconhecida. A comunidade católica do Japão é de cerca de 440.000 pessoas.
Obras de Leonardo da Vinci e outros mestres renascentistas expostas em Macau Hoje Macau - 12 Abr 2019 [dropcap]D[/dropcap]esenhos de Leonardo da Vinci, Michelangelo e outros mestres renascentistas italianos estão a partir de ontem patentes no Museu de Arte de Macau (MAM), numa exposição que assinala a primeira colaboração com o British Museum. No ano em que se cumprem os 500 anos da morte de Da Vinci, o Museu de Arte de Macau, com 20 anos de existência, concretizou por fim o “desejo antigo” de trabalhar com o “primeiro museu público do mundo”, disse à agência Lusa a curadora do MAM, Margarida Saraiva. “Era um desejo antigo trabalharmos com o British Museu, que tem uma das maiores colecções de arte do mundo. Nesta ocasião juntou-se a celebração do 20.º aniversário do MAM e os 500 anos da morte” do autor de Mona Lisa, explicou à margem da inauguração. A mostra apresenta 52 desenhos originais de 42 mestres da Renascença italiana – entre da Vinci, Michelangelo, Ticiano, Rafael, Rosso Fiorentino, Mantegna e Correggio – e explora a importância do desenho no processo criativo dos artistas entre 1470 e 1580. Em Macau, uma terra que “sempre foi uma plataforma de arte” e onde o missionário renascentista italiano Matteo Ricci esteve “durante alguns anos”, a exposição serve também para falar deste antigo enclave português como “um lugar de encontros”, sublinhou a curadora. “O papel, a base de qualquer desenho, é uma invenção chinesa. É a grande disponibilidade de desenho de papel na Itália da Renascença que faz com que o desenho tenha a importância que tem”, recordou. Mas se Itália deve à China o papel, a China deve aos italianos a “perspectiva”, introduzida na corte chinesa por Matteo Ricci em 1601, através de um mapa-mundo que já descrevia “todas as descobertas geográficas que acompanham o período da Renascença”. Impresso na China um ano depois, o mapa fez com que a perspectiva passasse a ter, desde então, um “impacto na arte produzida na China”, salientou. A exposição, intitulada “Desenhos da Renascença Italiana do British Museum” e que pretende ser inclusiva – foram usadas técnicas de impressão 3D para criar experiências tácteis de algumas das obras de arte apresentadas -, está patente no MAM até 30 de Junho.
Universidades de Coimbra e Pequim criam centro de estudos para estreitar relações Hoje Macau - 12 Abr 2019 [dropcap]A[/dropcap] Universidade de Coimbra (UC) e Universidade de Estudos Internacionais de Pequim (BFSU) formalizaram ontem a criação do Centro de Estudos sobre a China e os Países de Língua Portuguesa, para reforçar a cooperação. “Vai potenciar a capacidade de se ter uma relação mais forte com a China e de fazermos uma triangulação entre China, Portugal e países de língua portuguesa. É uma grande universidade que nos escolheu a nós como parceiro para esta estratégia da China para dialogar” com o mundo lusófono, salientou o reitor da UC, Amílcar Falcão, que falava em Coimbra, aos jornalistas, após a assinatura do acordo. Para o responsável, as duas áreas principais de actuação deste centro de estudos serão o Direito e as Letras. No caso do Direito, a escolha deve-se quer à relação com Macau, quer com os países Língua Portuguesa, em que “Portugal teve um papel muito relevante ao nível das suas constituições”. Na Faculdade de Letras, a cooperação irá centrar-se “na componente da Língua”, sendo que a UC já tem cursos em mandarim “e a ideia será aumentar a oferta e diversificá-la, dependendo do tipo de oportunidades que possam surgir”, esclareceu Amílcar Falcão. O vice-reitor da BFSU, Yan Guohua, salientou que já há uma relação “de longa data com a Universidade de Coimbra”, sendo que este centro de estudos permite reforçar a cooperação entre instituições e países, “expandido as áreas de colaboração, como estudos culturais, intercâmbios e a investigação da História dos dois países”. Durante a sessão, o vice-reitor da UC para as relações externas, João Nuno Calvão da Silva, realçou o compromisso da República Popular da China com o direito internacional público, destacando o “respeito com o Acordo de Paris sobre as alterações climáticas” ou sobre os acordos de transição de Hong Kong e Macau. “Nos domínios da energia, financeiro, portuário ou da saúde a ligação entre ambos os países é fortíssima”, notou, acreditando que poderá ser potenciada com o projecto chinês da “nova rota da seda”. A BFSU foi a primeira universidade chinesa a leccionar a língua portuguesa, sendo também “a escola por excelência” de formação dos diplomatas da China, salientou o vice-reitor.
Aeroporto | Perito internacional revê normas de segurança Hoje Macau - 12 Abr 2019 [dropcap]A[/dropcap] Autoridade de Aviação Civil de Macau (AACM) convidou um perito para uma visita ao território a fim de rever as normas de segurança e emitir recomendações sobre as bagagens que circulam no aeroporto internacional de Macau. De acordo com um comunicado oficial, a visita aconteceu entre os dias 8 e 11 deste mês e contou com a presença de Kyal Barter, do Programa de Cooperação para a Segurança na Aviação para a zona da Ásia-Pacífico (CASP-AP, na sigla inglesa), da Autoridade Internacional para a Aviação Civil. Kyal Barter reuniu com representantes da Companhia do Aeroporto de Macau (CAM) e de outras concessionárias que diariamente providenciam serviços de bagagem no aeroporto. De acordo com um comunicado emitido pela AACM, o perito “vai trabalhar na elaboração de um relatório e submetê-lo mais tarde à AACM, que está a prestar atenção às recomendações feitas em prol de uma melhoria”, lê-se. Esta visita acontece depois de três mulheres terem conseguido ultrapassar o sistema de segurança do aeroporto e aceder a áreas de acesso restrito. Duas das visitantes tinham passaporte do Interior da China e foram encontradas na área de entrega de bagagem à procura de uma mala que alegadamente estaria perdida.
Ho Ion Sang pede maior responsabilização dos governantes Hoje Macau - 12 Abr 2019 [dropcap]O[/dropcap] deputado Ho Ion Sang quer saber que medidas vão ser tomadas para fazer com que os governantes passem a assumir maiores responsabilidades perante crimes e infracções. Esta é a reacção do deputado ligado à União Geral de Moradores de Macau ao relatório anual do Comissariado Contra a Corrupção (CCAC), em que foram divulgados vários casos de infracções e abuso de poder por funcionários públicos. “O principal problema, que se junta à falta de transparência governativa, é o facto das pessoas não verem os governantes a serem responsabilizados pelos comportamentos incorrectos e pelos erros”, escreve Ho Ion Sang. “O Governo da RAEM precisa de melhorar o sistema administrativo de responsabilização e depois promover estas melhorias”, considerou. Por este motivo, Ho questiona quando é que vai ser feita a reforma do sistema em vigor e implementada uma maior responsabilização dos funcionários públicos envolvidos em ilegalidades. Por outro lado, o deputado dos Moradores quer saber que medidas vão ser tomadas para garantir que os relatórios do CCAC e do Comissariado de Auditoria são seguidos e as recomendações implementadas. Finalmente, Ho recorda que nas LAG para este ano o Executivo afirmava ir tomar medidas para aumentar os padrões da função pública. O deputado quer saber o que já foi feito nesse sentido.
Corrupção com rédea solta Paul Chan Wai Chi - 12 Abr 2019 [dropcap]R[/dropcap]ecentemente, o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) publicou o “Relatório de Actividades de 2018 do Comissariado contra a Corrupção de Macau”, cujos conteúdos não deixaram de surpreender os habitantes da cidade. Aparentemente, depois do caso de Ao Man Long e de Ho Chio Meng, existem ainda muitos funcionários do Governo que continuam a transgredir a lei. Pergunto-me quanto tempo será ainda necessário para que o Executivo da RAEM se liberte definitivamente deste problema. A corrupção existe devido a práticas inquinadas dos sistemas político e económico, bem como a procedimentos perversos, culturalmente enraizados. Alguns empresários afirmam que “pagar luvas” é a melhor forma de tornar eficientes os serviços administrativos, como se pode verificar em certos países e regiões. Em Macau, no tempo da administração portuguesa, e na fase inicial da abertura da China ao processo de reformas, as pessoas consideravam o dinheiro aplicado em “presentes” como um custo normal de produção. Mas, com o passar do tempo e com as inevitáveis mudanças que acarreta, esta pseudo forma de aumentar a eficiência da administração pública deixou de ser tolerável. No relatório do CCAC, são referidas as declarações da secretária para a Administração e Justiça sobre o ingresso de familiares de funcionários administrativos nos quadros públicos. A secretária afirma que esse ingresso não viola a lei e que, como tal, não pode ser considerado crime, mas desaconselha o procedimento considerando-o impróprio. Familiares de funcionários do Governo estão colocados em diversos departamentos públicos, como é o caso do Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau e de muitos outros serviços. Se a corrupção e as más práticas não forem erradicadas de vez de todas as instituições, os subordinados continuarão a seguir o exemplo dos seus superiores. A corrupção continua a medrar neste viveiro, e mesmo depois do novo Chefe do Executivo tomar posse, não nos conseguiremos livrar destas práticas malsãs. Uma das causas primordiais da corrupção reside no abuso do poder, especialmente quando falta supervisão de procedimentos. Aliás, o sistema de verificação e de avaliação de desempenhos, ao nível da actuação do Governo local, tem sido uma preocupação de longa data da China, especialmente quando estão envolvidos muitos interesses e muitos accionistas. É muito difícil conseguir um aperfeiçoamento do sistema, quando faltam pessoas com ideais e quando o sistema jurídico não é suficientemente sólido. As leis são uma das principais ferramentas para governar um país, e a implementação de uma boa aplicação da lei é uma salvaguarda do progresso social. Embora Macau já tenha regressado ao seio da China mãe há duas décadas, o seu atraso na legislação dura desde essa altura. O primarismo dos legisladores e o fraco exercício do estado de direito fizeram com que Macau ficasse entregue ao “estado das coisas”. Se a Polícia conseguisse utilizar o reconhecimento facial para identificar os peões que não respeitam os semáforos, de forma a poder multá-los, aposto que a fila para pagar as multas ia ser tão longa que ia dar a volta a metade da Península de Macau. O princípio do estado de direito é a implementação da justiça, da imparcialidade, da transparência e da igualdade de todos os cidadãos aos olhos da lei. Todas as organizações e todos os indivíduos devem respeitar a autoridade da lei e agir dentro dos limites por ela definidos. Não podem existir privilégios nem excepções perante a lei. Olhando para o que se tem passado em Macau nos últimos anos, quem poderá afirmar que a nossa sociedade se rege pela obediência à lei? O relatório do CCAC traça um quadro geral do problema da corrupção ao nível dos serviços administrativos. O caso “da permuta de terrenos da Fábrica de Panchões Iec Long” e o “projecto de construção do Alto de Coloane” ainda estão para ser avaliados nos próximos dias. Já saber se a atribuição das concessões para exploração de jogos de fortuna ou azar em casinos através de concurso público, se irá realizar de forma justa, imparcial e transparente, só o tempo o poderá dizer. Esta questão será sem dúvida um dos grandes desafios do Governo da RAEM. Para tornar límpidas as águas do Rio Amarelo, não vale a pena aplicar grandes esforços para filtrar as areias e a lama ao longo das margens, devemos sim concentrarmo-nos na consolidação dos aterros, de forma a evitar que as areias e a lama continuem a ser levadas rio adentro. O relatório do CCAC “mexeu com as águas turvas”, mas ainda é cedo para saber o que vai acontecer aos que foram identificados no relatório.
WTCR | Macau deverá manter a quota de seis pilotos para a Corrida da Guia Sérgio Fonseca - 12 Abr 2019 [dropcap]O[/dropcap]s interesses dos pilotos locais deverão estar salvaguardados no que respeita à sua participação na prova da Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR) do 66º Grande Prémio de Macau. O número da representação de Macau na prova deverá manter-se inalterado este ano. O Eurosport Events, a entidade organizadora da competição rainha de carros de Turismo sob a égide da FIA, irá continuar a disponibilizar entradas para pilotos convidados nas dez provas do campeonato que arrancou no passado fim-de-semana em Marrocos. O ano passado esta regra estipulava que apenas dois convidados do país organizador da prova do WTCR poderiam participar na mesma. Contudo, a Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) terá colocado pressão sobre o Eurosport Events, conseguindo a entrada de seis pilotos locais na prova do Circuito da Guia. Para evitar este regime de excepção da prova da RAEM e que não terá sido do agrado de outros promotores, a organização do WTCR redigiu uma nova regulamentação para os “wildcards”. Fonte oficial da Taça do Mundo explicou ao HM que “o máximo de inscritos é de 32 carros (por prova) e há 26 inscritos na temporada completa. O número máximo de ‘wildcards’ será de seis, mas o número total de inscrições de ‘wildcards’ está sujeito a aprovação para todos os eventos. Além isso, nem todas as pistas podem acomodar inscritos ‘wildcards’ devido às restrições no pitlane.” Com esta regra, se assim a AAMC entender, Macau poderá ter novamente seis pilotos na prova do WTCR em Novembro. Isto, se o currículo e valor dos pilotos da terra não suscitar dúvidas aos olhos da FIA e do Eurosport Events. Interesse local André Couto, Rui Valente, Filipe Souza, Lam Ka San, Billy Lo Kai Fung e Kevin Tse foram os seis representantes da RAEM na estreia do sucessor do WTCC no Circuito da Guia. Dada a distância temporal para o evento do mês de Novembro é impossível medir hoje a intensidade do interesse dos pilotos locais nesta prova. Contudo, há quem não feche a porta a repetir a experiência. Filipe Souza, que foi o melhor piloto de Macau na primeira das três corridas do WTCR no Circuito da Guia, diz que um regresso “é uma possibilidade, mas não está confirmada”. Já o português Rui Valente, que falhou a qualificação na edição passada, já tinha dito ao HM que “gostaria de voltar a correr no WTCR, mas para tal, teria que ser com outras condições”. Só deverá ser possível ter uma ideia mais concreta sobre o que poderá ser a “embaixada” de Macau na Corrida da Guia após as provas de apuramento dos pilotos de carros de Turismo locais que se iniciam no próximo mês, em Zhaoqing, no Interior da China.
Palradores José Navarro de Andrade - 12 Abr 201912 Abr 2019 [dropcap]H[/dropcap]á muito tempo, quer dizer há mais de um mês, o foco assestou num juiz que ornamentava os acórdãos com considerandos excêntricos a uma interpretação canónica da lei, pois servia-se de conceitos juridicamente inválidos e espúrios. Imperdoável foi que estas torções se inclinavam para o lado contrário ao do senso comum, atenuando penas que este queria ver agravadas. Como não podia deixar de ser, o banzé social entretanto alevantado alarmou o instinto gregário e corporativo da magistratura e dela vieram as poucas vozes que intercederam pelo Meritíssimo. Evocaram como garante da sua independência e soberania a inalienável subjectividade de um juiz e, evitando tocar no dilema filosófico da inclinação propriamente dita – se fosse para o lado “certo” talvez não tivesse havido clamor público –, mais abonaram a justeza técnica e a boa conformidade do acórdão. Foi nesta linha que um advogado conterrâneo do juiz, e tão prestigiado quanto ele, acorreu em sua defesa numa coluna de jornal. Dado que a questão já submergiu nas águas de bacalhau do costume e deixou de andar nas bocas do mundo ninguém mais se importando com ela, é a idiossincrasia e a exemplaridade deste textinho e não o assunto arrefecido que vale a pena indagar. Transparece na prosa do causídico uma euforia da linguagem, desembainhada como quem exclama num duelo “vais ver como elas te mordem!”. Claro que no seu douto dizer a coisa foi expendida sob a forma de uma preocupação pelos “conteúdos putativamente informativos ou de opinião pouco esclarecidos.” É que à boa maneira da advocacia quanto mais prosaicos são os sentimentos, mais experto é o léxico e mais especiosos são os enunciados. Por conseguinte o jargão ressuma por todos os poros, pretendendo-se ostensivamente impenetrável a leigos. Rebolam-lhe na língua frases cabalísticas: “em sede de aplicação de pena acessória, a qual poderia ter sido imposta no âmbito da pena principal e, consequentemente, com a suspensão da execução da pena” ou “avaliar se o quantum das penas aplicadas fora acertadamente valorado.” Explora a potencialidade de um sintagma verbal pela sua repetição exaustiva: “seria correspetivo da pena acessória de proibição de contactos” ou “desaplicar a fiscalização da pena acessória de proibição de contactos.” Note-se também a tecnicalidade de certos vocábulos pitorescos como “correspetivo” e “desaplicar” – isto é coisa séria, pessoal. Lá para o fim, depois de sovado o português e o entendimento do leitor, o jogo é todo posto na mesa. Confessa ele: “O ‘juridiquês’ não ‘vende’, é encriptado, prolixo e dificulta o clickbait. Mas em honra da verdade há que tê-lo em devida conta para que possamos apreciar de igual forma o que é igual e de forma diferente o que é diferente.” No fundo era isto que ele tinha para dizer – ou falas assim tão bem como eu ou mete a viola no saco. E é esta declaração que torna o artigo sintomático, além de transparente e pueril. Há uma forma de palrar em público que é tipicamente portuguesa. Quando os meios de comunicação convidam um especialista para esclarecer o leitor ou o espectador acerca de determinada matéria, quem nos salta ao caminho acaba por ser um “xpexialista.” Ou seja, um fabiano sobretudo empenhado em demonstrar a sua superioridade sobre nós, o populacho, exibindo uma pretensa perícia no linguajar do ofício. A rapaziada da bola é particularmente flagrante, com as “transições ofensivas”, o “posicionamento no espaço entre linhas” ou a “qualidade de jogo.” Mas também não há médico que sendo entrevistado não prescinda de mencionar a “patologia” em vez da corriqueira “doença” ou “paciente” em vez do pobre “doente.” Eles, na verdade, não se dirigem a nós mas aos pares profissionais, falam para que eles os oiçam e lhes confiram a credibilidade que junto deles querem afirmar. Temem que se forem desafectados os possam julgar superficiais ou, pior, simplórios. Tudo decorre, por conseguinte, num circuito comunicacional fechado e viciado. Poucas coisas revelam mais o nosso atraso intelectual do que estes complexos.
Ainda o turismo Valério Romão - 12 Abr 201912 Abr 2019 [dropcap]A[/dropcap]ndar por Lisboa nestes dias é assistir a aparentemente imparável depredação de tudo quanto Lisboa tinha de típico, para utilizar uma palavra cara aos marketeers turísticos, em prol da sua destituição por lojas de smoothies, espaços entre o rustico e o industrial que vendem cafés caros e saladas de abacate com granola entre o intragável e o comer para sobreviver e todo o tipo de falcatruas exóticas que se esforçam para adoptar com urgência a última moda do rebanho da hipsteraliada em que cada um dos seus membros vive na ilusão de não pertencer a rebanho algum – ou, pelo menos, nega-lo tão veementemente como um vegan o consumo de carne. Assim nascem as padarias típicas alsacianas que já nem na Alsácia existem, as lojas de patos de borracha amarelos cujo propósito se situará sempre além das fronteiras do que pode ser, para mim, uma «inteligibilidade da volição do consumidor» e todos o tipo de concept stores que transformam Lisboa numa espécie de site de pornografia gourmet no qual a minúcia da subcategorização é levado ao paroxismo. A par disso, o miradouro do Adamastor continua vedado, existe algures «plano» para que o vulgo possa novamente usufruir dele – antevejo as cláusulas draconianas do «plano», não vá o vulgo decidir comportar-se de forma minimamente natural perante os clientes do Hotel Verride que entretanto transformaram o largo do Adamastor num estacionamento privativo para automóveis de vidros fumados custando o equivalente a um T1 nas Olaias. Ninguém sabe – publicamente – o que será do miradouro mas não é difícil desconfiar de que a clientela do Hotel terá sempre direito de preferência sobre o uso a dar ao espaço – de preferência continuaria fechado, já que dos quartos do hotel se tem uma vista pelo menos equivalente do Tejo e da ponte 25 de Abril, símbolo cada vez mais deprimente do bordel financeiro que sob a máscara do dinheiro e do progresso tomou conta de Lisboa, dos seus habitantes e ruas. Culpados havê-lo-ás em abundância, da esquerda à direita; mas o maior deles partilha sem dúvida da cupidez associada ao deslumbramento de se descobrir que das ruinas se podia fazer ouro. A tacanhez do pensamento político português – perdoe-se o oximoro – é precisamente a de querer transformar tudo num produto passível de ser agitado como uma bandeirola destinada a servir de isco para os impacientes euros nas carteiras dos turistas. Não lhes passa pela cabeça, à classe política em geral, que a inutilidade turística de determinadas lojas e espaços é precisamente o factor que faz a diferença entre um turista se sentir fascinado e defraudado, entre se sentir num sítio que continua a ter uma parte que não lhe é dedicada, uma parte misteriosa, a espaços incompreensível, mas que atesta um modo de vida corrente ou quase desaparecido, um modo precioso precisamente por ser inútil do ponto de vista turístico e resistir à imposição de um exotismo artificial. A classe política continua a achar que participou decisivamente na escolha de Lisboa como destino turístico internacional, quando na verdade apenas colheu os frutos de um quase completo desconhecimento de Portugal enquanto território de múltiplas possibilidades e de uma tempestade perfeita do ponto de vista do turismo mundial. Mas como qualquer tacanho que se preze, o político acha-se na obrigação de seguir e impor o mantra da produtividade, eliminando todo e qualquer espaço que não insista ou se revele incapaz de produzir a maior quantidade de lucro (e de impostos) possível. Lisboa transforma-se paulatinamente num parque de diversões votado a ser cada vez menos habitado pelos cada vez menos lisboetas e segue alegremente o caminho de Albufeira e de boa parte do Algarve: tudo quanto existe é pensado em função daqueles que se despreza cupidamente. Um dia existiremos para o turista, em modo de função permanente. Se a isso se pode chamar existir.
Para lá do que aqui há António de Castro Caeiro - 12 Abr 201912 Abr 2019 [dropcap]O[/dropcap] tempo de um acontecimento não coincide com a duração que demora a dar-se. Acontecer pode não fazer notar-se. Acontecer pode existir depois de ter ocorrido. Acontecer pode ser antecipado. O acontecimento na realidade da sua ocorrência tem limites temporais. Quando começa, enquanto dura, quando termina. Pode ser medido com o relógio. Mas antes de se dar início a um acontecimento: uma aula, um treino, um espectáculo, um encontro, um passeio, uma viagem, um fim de semana, umas férias, ele está já a acontecer. Quando termina uma aula, um treino, um espectáculo, um encontro, um passeio, uma viagem, um fim de semana, umas férias, há uma persistência nas nossas vidas, não, apenas, na memória. De manhã à noite, da noite para o dia, do princípio para o fim, há uma data de acontecimentos com as mais diversas fases, durações, formas de inscrição nas nossas vidas, impressões que causam em nós, estados em que nos deixam. Pode também acontecer que não cheguem à superfície das nossas consciências, é como se não acontecessem, é como se não tivessem sido, é como se não fossem. Um acontecimento é uma sucessão de fases, um sucesso, no sentido histórico do termo. Podemos assim perceber que há uma sucessão de acontecimentos que coexistem entre si numa sequência persistente. A permanência de sucessões coexistentes define o mundo e a nossa vida, o mundo exterior e a vida interior, mundo e vida são também coincidentes ou podem ser coincidentes, nas linhas de sucessão que, coexistindo, podem ser sincronizadas ou terem as suas vidas próprias. Acontece lembrar-me de algo ou de alguém, de uma circunstância, situação ou conjuntura. O conteúdo lembrado ocorre-me na mente, mas deixa-me num determinado estado conforme a impressão que causa em mim. Acontece no mundo, hoje, que a meteorologia dá conta de alterações de temperatura. É no mundo, aqui, hoje, que essas alterações ocorrem e não apenas na minha mente, embora as condições climatéricas possam contrariar-me ou não. O modo como eu me encontro pode neutralizar a meteorologia ou pode amplificá-la. A meteorologia pode entrar por mim adentro ou, antes, pode absorver-me, como se fosse eu líquido, e tingir-me, colorir-me. Até, desbotar-me. Se for verdade que temos dezenas de milhares de pensamentos, franjas de tecido temporal com conteúdos distribuídos por si, pensamentos que são sentimentos, representações, vontades, aspirações, desejos, também há coisas que ocorrem no mundo. O que ocorre na realidade transita para um reino da alma ou para o interior da mente. Assim o que me ocorre, aquilo para que me deu e dá, as vontades e desejos que vejo nascer em mim, são transportes para zonas do mundo que existem e não existem, para pessoas que estão vivas e outras mortas, formas de acesso que se projectam sobre o mundo, põe-no sob foco, sublinham a sua importância, localizam-se pelo GPS existencial, no sítio próprio onde terão lugar. É onde vamos para nos encontramos com alguém, para executar tarefas, desempenhar funções, exercer cargos. No princípio do dia o que está para acontecer é tão mental como o que aconteceu no fim do dia. No princípio do dia o que está para acontecer são possibilidades. As possibilidades realizar-se-ão. Outras, não. No fim do dia algumas coisas que aconteceram serão lembradas outras, não. Mas no princípio do dia está a possiblidade de não chegarmos ao fim o dia como todas as possibilidades que poderão acontecer estão ainda “à experiência”, são provisórias, poderão não acontecer, são isso mesmo: possibilidades, à condição. No fim do dia o que quer que tenha sido pensado, viagens feitas ao passado, realmente acontecido ou só em ficção, todas as nossas fantasias, todas as cenas da nossa cabeça, fantasias, estados que se cristalizam e outros que se desfazem, vibrações disposicionais, do mesmo modo, aulas dadas e recebidas, treinos feitos, espectáculos a que assistimos, conversas tidas, enfim: coisas efectivamente feitas, tudo passa para um reino de realidade improvável. Não passa apenas para a memória ou para o cérebro ou para o interior do cérebro. Qualquer conteúdo lembrado está tão fora de mim e eu tão no seu interior como a ponte 25 de Abril que eu não percepciono agora, mas vejo erguer-se como um dinossauro à minha frente por artes mágicas da mente ou do espírito. Eu estou a deslocar-me a sul ou para norte ou, então, corro em direcção a Alcântara ou Belém, passando por baixo dela. A ponte e as margens do rio, o rio, da nascente à foz, tudo está fora no espaço e dentro do espírito? Todos os acontecimentos interiores, psicológicos, e exteriores, no mundo, tudo está numa extensão temporal que se distende, que me serve de plano de fundo, de onde tudo acha origem e para onde tudo regressa. Os limites: princípio, meio e fim, são abstrações no meu princípio antes de eu ter nascido, no meu durante num agora distendido. Depois do meu fim, subsistirão de algum modo? A supressão de uma vida cria impacto de algum modo, como se houvesse uma estranha transcendência da vida suprimida na vida dos outros e nos vestígios que ainda persistem.
Coreia do Sul | Tribunal declara inconstitucional lei que proíbe o aborto Hoje Macau - 12 Abr 2019 Centenas de pessoas festejaram no centro de Seul a decisão do Tribunal Constitucional que veio acabar com as penas de prisão para as mulheres que praticassem a interrupção voluntária da gravidez e para os médicos envolvidos no processo. A Coreia do Sul era um dos poucos países desenvolvidos onde o aborto ainda era proibido [dropcap]O[/dropcap] Tribunal Constitucional da Coreia do Sul declarou inconstitucional a proibição do aborto, noticiou ontem a agência de notícias sul-coreana Yonhap. Os juízes do Tribunal Constitucional concluíram que processar mulheres que fizeram abortos e os médicos responsáveis por esse procedimento é “inconstitucional”. Uma decisão histórica celebrada pelas associações que defendem a legalização da interrupção voluntária da gravidez. A Coreia do Sul era uma das últimas economias desenvolvidas do mundo onde o aborto continuava a ser ilegal, excepto em casos de violação, incesto ou se a gravidez pusesse em risco a saúde da mãe. Se o aborto fosse feito sem ser por uma destas razões, as mulheres ficavam sujeitas a ser presas durante um ano e a pagar uma multa, enquanto os médicos enfrentavam dois anos de prisão. O Tribunal Constitucional aprovou, por sete votos contra dois, que a lei adoptada em 1953 para proteger a vida e os valores tradicionais é “contrária à Constituição” e decidiu ser necessário uma “evolução legislativa” até ao final do próximo ano. “A proibição do aborto limita o direito das mulheres a realizar o seu próprio destino e viola o seu direito à saúde ao restringir o seu acesso a procedimentos seguros e no tempo devido”, indicou o tribunal em comunicado ontem divulgado. “Os embriões dependem completamente, para a sua sobrevivência e desenvolvimento, do corpo da mãe, o que leva a concluir que não são seres vivos separados e independentes com direito à vida”, refere o tribunal. Festa em Seul O anúncio da decisão foi acolhido com gritos de alegria e abraços de centenas de mulheres reunidas frente ao Tribunal Constitucional, no centro de Seul. Os apelos à legalização do aborto multiplicaram-se nos últimos anos, mas a proibição também tem muitos apoiantes, numa sociedade muito conservadora e onde as igrejas evangélicas continuam a ter muita influência. A última vez que o tribunal se debruçou sobre esta questão foi em 2012, mas na altura considerou que o aborto acabaria por se generalizar caso não fosse punido. Sete anos depois, uma sondagem divulgada na quarta-feira mostrava que 58 por cento da população é favorável ao fim da proibição.
“Photometragens” de João Miguel Barros é inaugurada hoje nas Oficinas Navais, nº1 Sofia Margarida Mota - 12 Abr 201912 Abr 2019 “Photometragens” traz a partir de hoje, pelas 18h30, aos Estaleiros Navais nº 1, doze histórias independentes e aleatórias de João Miguel Barros. As narrativas são contadas através de mais de 100 fotografias, acompanhadas por palavras, como se de um “livro de contos” se tratasse [dropcap]V[/dropcap]inha da direita, seguro do caminho a seguir, mas foi forçado a parar. Estava, sem dúvida, numa encruzilhada e obrigado a fazer opções. E logo agora, de novo, depois de um processo doloroso que o obrigara a fazer escolhas próprias de quem não tem escolha…”. Este é um excerto do texto que acompanha a história do primeiro capítulo de “Photometragens”, a exposição do João Miguel Barros que tem inauguração marcada para hoje, pelas 18h30, nos Estaleiros Navais, nº1. Na parede da nova estrutura situada na Barra, está uma instalação com 30 imagens que mostram fragmentos desordenados de um viaduto. “A composição desta instalação é a mistura dos muitos sentidos possíveis que uma pessoa pode escolher. É um bocadinho caótico, mas o título acaba por ser ‘Sentido único’”, explica o fotógrafo ao HM. Este é o primeiro dos doze capítulos da mostra onde o artista junta palavras à imagem para conseguir “uma síntese de uma reflexão sobre aquilo que se vê e se sente”. “Nós olhamos muito mas vemos pouco e isto é uma tentativa de cristalizar em imagens muito simples”, revela. Por outro lado, trata-se de uma exposição para ser vista como quem “lê um livro de contos porque são narrativas independentes entre si em que não existe uma unicidade temática”. Ao “Sentido único”, seguem-se as “As árvores”, um segundo capítulo que “acaba por ser um bocadinho a síntese de dois mundos”, aponta, referindo-se ao oriente e ocidente, regiões entre as quais o autor se move. Aqui, e do lado esquerdo da parede está uma imagem que apresenta árvores de bambu. A história continua com outras espécies e termina com duas fotografias de oliveiras “uma coisa muito portuguesa”. No texto que acompanha a narrativa lê-se: “A vida levou-o a outras paragens. Ficou sem a imensidão desses descampados, mas conseguiu conquistar o direito a ter meia dúzia de oliveiras no seu quintal, que admirava pela sua eterna juventude”. É com as fotografias das oliveiras como referência que João Miguel Barros fala da sua predilecção pela imagem a preto e branco como sendo uma opção pessoal para “recriar a realidade”. “As cores são normalmente o que se vê. Quanto queremos recriar temos que partir para outras formas de representar a realidade”, refere. Mar em movimento “Ainda miúdo perguntava ao avô, no meio de muitas histórias de bravos marinheiros e gigantes marinhos por descobrir: ‘quantas marés cabem neste mar?’. E recordava que invariavelmente ele lhe respondia: ‘todas as que conseguires contar’”, é com base neste excerto que João Miguel Barros convida o público para um capítulo interactivo, o das “Marés vivas”. Neste terceiro momento, as imagens além das palavras, vão ser acompanhadas por um vídeo em que as pessoas são convidadas a sentar-se e olhar para o mar em movimento. “Na experiência que tive quando este vídeo passou no Museu Berardo as pessoas sentavam-se e começavam a contar as marés. O mar tem este sentido hipnótico”, diz o fotógrafo. Para João Miguel Barros trata-se da série “mais completa, apresentando ainda um conjunto de nove fotografias que mostram a evolução da água que vai avançando na areia ao longo de maré”. “Visões Nocturnas III” marca o quarto capítulo de “Photometragens” e reflecte o fascínio do fotógrafo pela imagem nocturna. “Esta é uma das séries das ‘Visões Nocturnas’ que são centradas na noite ou nas escuridões”, aponta. Esta obscuridade permite várias interpretações. Ao passar por esta parte da mostra o autor comenta que “a maioria destes capítulos são contemplativos, mas em todos eles há uma preocupação fundamental que tem que ver com o contar uma história”. A ideia torna-se tão mais importante quando se vive uma altura em que a fotografia está acessível a todos. “Toda a gente faz fotografais fantásticas com um telemóvel mas o que distingue o nível a seguir da fotografia é a história e a capacidade de a contar, e aquilo que ainda está acima disso é a capacidade de contar histórias com uma dimensão humana. Ainda não estou nesse patamar”, sublinha. À noite sucede-se “O precipício” que nasceu “de uma experiência em que há um corpo que se tenta equilibrar em cima de uma corda”. Aqui o fotógrafo tenta captar o movimento em contra luz. Mais uma vez João Miguel Barros destaca o seu gosto especial pelos pretos e brancos e explica agora que as edições que faz não vão além de meros ajustes. “Nunca coloco numa imagem o que não existe nem tiro o que lá está. Não faço manipulação de imagens nesse sentido. O que é feito é apenas um ajustamento àquilo que é o padrão estético escolhido para o trabalho em causa”, aponta. O mar regressa na série que integra o sexto capítulo, “Salgados II”. A história resulta das idas do autor à praia homónima que frequenta todos os anos, conhecida não só pela sua beleza, mas também enquanto ponto privilegiado de observação de pássaros. É o contacto com a natureza e com quem nela habita que João Miguel Barros traz nesta série feita numa madrugada. Factor surpresa “Entre o olhar e a alucinação” já é um trabalho conhecido no território. As três imagens de “Photometragens” foram expostas em 2017 fazendo parte da primeira exposição individual do autor. A série traz ao público “a ambiguidade daquilo que vemos à nossa frente quando não há nada, aquilo que realmente estamos a ver e o que de repente pode acontecer sem sabermos o que vamos ver”, explica o fotógrafo. Uma característica que sobressai em grande parte desta mostra é a presença de imagens em grande formato . A ideia é que as imagens comuniquem com quem as vê numa escala semelhante. “As fotografias em grande formato falam para o público por igual, ou seja , a dimensão da fotografia faz com que a imagem fale com as pessoas à mesma escala. Quando quisermos comunicar de forma intimista podemos escolher uma fotografia de pequeno formato. Têm que se escolher fotografias pequenas até para obrigar à aproximação necessária”, explica o fotógrafo. Depois da alucinação, o público é convidado a ver o “Teatro Vazio”. Este capítulo composto por duas imagens, as mais antigas de todo o projecto, registadas em 2013, é uma homenagem às pessoas invisuais, adianta João Miguel Barros. Trata-se de uma história “um bocadinho emocional”, de uma bailarina que tinha tido naquele palco os seus momentos de glória e que agora ali regressa para recordar o que já não existe. É uma homenagem secreta aos invisuais, às pessoas que não conseguem ver”, revela. Nas palavras que acompanham as imagens o autor destaca o excerto: “Com o bastão a varrer o espaço à sua frente, caminhando amparada pela linha contínua das bordas das cadeiras da coxia, saiu dali, de um lugar onde tantas vezes fora feliz, mas onde sempre voltava nos momentos em que queria perturbar o silêncio castigador”. Homenagem reconhecida “Com o tempo, e sem tempo, passou a viver enclausurado nas cordas do ringue. Batendo. Levando. Chorando. Rangendo os dentes protegidos. E ocasionalmente sorrindo de raiva. Sim, sorrindo. No seu último combate perdeu os sonhos da sua vida. Mas saiu inteiro, pelo seu pé, continuando a sorrir” é um excerto do texto que acompanha o capítulo nono, “Homenagem”, talvez o trabalho mais conhecido do artista e reúne uma selecção de imagens do projecto premiado internacionalmente que documenta um combate de boxe em Macau, em 2017. “Não gosto de boxe, aliás nem percebo as regras do boxe e confesso que quando o combate acabou pensei que o pugilista ganês tinha ganho mas afinal o outro é que levantou o braço”, recorda. Este projecto não ficou por ali e depois do combate João Miguel Barros continuou a seguir o pugilista do Gana. Aliás, este projecto chama-se “Homenagem” justamente por causa do pugilista Emmanuel Danso. Daqui vai surgir um novo projecto, “Blood, sweat and tears”, que já reúne cerca de 150 imagens e que pretende prestar reconhecimento ao atleta. Regresso nocturno A noite regressa com “Visões nocturnas I” em que João Miguel Barros se aventurou a invadir as traseiras das lojas de luxo de Hong Kong, por onde se estendem pequenas ruelas, escuras e quase proibidas. “As ruelas têm um mundo de clandestinidade e de gente a viver numa escravatura que é absolutamente estranha”, recorda. “Acaba também por ser uma homenagem às pessoas que na sua invisibilidade dão força àquela economia pujante que é Hong Kong” acrescenta. Depois da noite, a ponte velha de Macau torna-se mágica. O penúltimo capítulo de “Photometragens” traz a ponte de Macau envolta em neblina. “Naquele dia caía na cidade uma neblina branca que escondia as margens do rio de todos os olhares. Naquele dia a ponte tinha algo de mágico”, conta. Segundo o autor, é o nevoeiro que “paira sempre sobre Macau ainda que às vezes esteja sol”. A fechar este “livro de contos” está uma imagem isolada, “A caminho do outro lado”. “Acaba por ser um fechar de ciclo e o texto acaba por ser uma ironia porque a perspectiva que dei à fotografia dá a entender que se trata de uma construção a caminho do céu. No texto que a acompanha digo: ‘foi por isso que o novo chefe da cidade, querendo a paz com os deuses, mandou construir aquela estrada gigantesca, para lhe permitir sussurrar à porta divina os seus desejos de eternidade’”, remata.
Goa | ONG organiza concurso escolar com Macau e Moçambique Hoje Macau - 12 Abr 201912 Abr 2019 [dropcap]U[/dropcap]ma organização não-governamental (ONG) de Goa está a organizar para 2020 um concurso escolar entre alunos do território indiano, de Macau e de Moçambique, disse ontem à agência Lusa a directora. “A ideia é organizar no próximo ano um evento que junte alunos de Goa, de Macau e de Moçambique, para depois, todos os anos, acrescentarmos um país lusófono”, explicou Nalini Elvino de Sousa, responsável da ONG Communicare Trust. “Já estabelecemos contacto com a Escola Portuguesa de Moçambique”, adiantou. O objectivo é garantir um encontro intercultural entre estudantes de língua portuguesa que, para já, tem reunido estudantes goeses e macaenses, sublinhou. A 30 de Março teve lugar em Macau a última edição deste concurso de língua portuguesa denominado de Caleidoscópio, mais uma vez apoiado pelo Camões-Instituto da Cooperação e da Língua e a Fundação Oriente de Goa. Na IX edição do evento, que decorreu na Escola Portuguesa de Macau, a gastronomia goesa e macaense, bem como as grandes oportunidades de emprego na Índia e no território administrado pela China foram os temas em destaque. A competição incluiu também várias perguntas de conhecimento geral, desporto e gramática. Entre as diversas actividades da ONG, a Communicare Trust “procura, através da língua, que Goa comunique com outros países”, afirmou Nalini de Sousa. “Em Goa, organizamos vários cursos dirigidos para crianças, sendo que, no próximo ano, com a ajuda da Fundação Oriente vamos promover um curso de português através do teatro e da música, por exemplo”, informou a responsável.
Função Pública | Dez queixas entre trabalhadores Hoje Macau - 12 Abr 201912 Abr 2019 [dropcap]N[/dropcap]o ano passado a Comissão de Gestão do Tratamento de Queixas Apresentadas por Trabalhadores dos Serviços Públicos recebeu um total de 10 queixas, das quais oito foram registadas e confirmadas, ou seja duas acabaram por não ser analisadas. A informação foi divulgada ontem pela Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública, depois do relatório dos trabalhos ter sido entregue à secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan. Entre as queixas recebidas, quatro foram feitas à comissão e outras quatro aos serviços públicos onde os trabalhadores se integram. De acordo com a informação divulgada, por cada queixa foram feitos em média cerca de 20 contactos com serviços públicos e trabalhadores. Após ter ouvido o relatório, de acordo com o comunicado, Sónia Chan declarou que o regime em vigor é eficaz e bom, permite “resolver as queixas apresentadas” e espera que crie um “bom ambiente de trabalho”, através do reforço da relação entre trabalhadores e superior hierárquicos. Por sua vez, Lei Pui Lam, presidente da comissão, destacou a colaboração entre os serviços públicos e o facto das queixas terem sido tratadas com eficácia. Segundo Lei, os serviços públicos reconhecem que este mecanismo permite resolver os conflitos entre os trabalhadores e que as pessoas sentem que é imparcial.
MIFF | Mike Goodridge confirmado como director artístico Sofia Margarida Mota - 12 Abr 201912 Abr 2019 Em equipa que ganha não se mexe. O britânico Mike Goodridge vai continuar, pelo terceiro ano consecutivo, a liderar o evento que pretende colocar Macau no roteiro internacional da sétima arte [dropcap]O[/dropcap] britânico Mike Goodridge vai continuar à frente do Festival Internacional de Cinema de Macau (MIFF) na edição deste ano “e os trabalhos de preparação do festival já estão em andamento”, revelou a presidente da Direcção dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, ao HM. Mike Goodridge assumiu funções na edição de 2017, assinando um contrato de dois anos que terminou após o evento no ano passado. O cargo de director artístico no festival local marcou a estreia de Goodridge apesar de ter estado ligado durante 27 anos à indústria cinematográfica, na qual desempenhou diferentes papéis, desde jornalista a crítico, a apresentador ou produtor. Assumir a direcção artística de um festival de cinema internacional era um “desafio irresistível” e o “próximo passo” na sua carreira, que incluiu programar, ao longo dos últimos sete anos, a secção Kinoscope do Festival de Cinema de Sarajevo, admitiu na altura aos jornalistas. Marca da casa Destaca-se no seu trabalho em Macau a criação de uma secção dedicada aos filmes em língua chinesa, criada no ano passado. A razão, apontou, tem que ver com a qualidade dos filmes que actualmente existem e que utilizam a língua ou dialectos chineses. Recorde-se que as duas últimas edições do certame apresentaram em primeira mão no território alguns dos filmes mais premiados dos Óscares, “A Forma da Água” de Guilhermo del Toro, exibido em Macau em 2017 e que no ano seguinte arrecadou a estatueta nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direcção artística e Melhor Banda Sonora. No ano passado, o filme de abertura do festival “Green Book”, de Peter Farrelly foi galardoado com o Melhor filme pela Academia de Hollywood este ano tendo também arrecadado o Óscar para melhor argumento original. Já “Roma”, do mexicano Alfonso Coaron e “The Favorite”, de Yorgos Lanthimos foram também películas distinguidas por Hollywood e que constaram da programação do Festival Internacional de Cinema de Macau.
Turismo | IFT quer menos de 110 mil pessoas por dia no território Hoje Macau - 12 Abr 201912 Abr 2019 [dropcap]O[/dropcap] Instituto de Formação Turística (IFT) emitiu ontem um comunicado onde esclarece as suas visões para a capacidade turística do território, depois de Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, ter feito declarações sobre o número de visitantes. “Recentemente os media noticiaram que, de acordo com a investigação levada a cabo por este instituto, a capacidade máxima de turistas do território situa-se em menos de 110 mil pessoas por dia ou menos de 40,1 milhões de pessoas por ano. Contudo, a maioria apenas prestou atenção ao número de 40 milhões, ignorando o ênfase dado pelo IFT no facto de que o limite máximo satisfatório deveria estar abaixo das 110 mil pessoas por dia”, lê-se no comunicado. Helena de Senna Fernandes disse, citada pela Lusa, de que os números correspondentes à entrada de turistas no território varia de acordo com as épocas do ano, tal como o IFT ilustrou, citando um estudo já realizado. “Nos 104 dias de inquérito, o número de visitantes em 21 excedeu os 110 mil, enquanto que nos restantes 83 dias o número de turistas foi inferior a 110 mil”, exemplifica. O mesmo estudo do IFT recomendou ainda que deve ser aplicada a tecnologia inteligente para que os turistas se movam para outras zonas do território, bem como criar eventos em locais menos frequentados pelos visitantes. O IFT sugeriu também o desenvolvimento de “rotas multi-destinos com cidades vizinhas para atrair turistas ligados aos negócios e à cultura, algo que pode optimizar a composição do grupo de visitantes”.
Habitação | Empréstimos sofrem queda superior a 50 por cento Hoje Macau - 12 Abr 201912 Abr 2019 [dropcap]A[/dropcap] Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) divulgou ontem dados relativos aos empréstimos hipotecários do mês de Fevereiro. Nesse mês, os empréstimos destinados à habitação e a actividades ligadas ao imobiliário registaram um decréscimo em relação ao mês anterior. De acordo com um comunicado oficial, os novos empréstimos à habitação aprovados pelos bancos decresceram 58,8 por cento em relação ao mês transacto, até ao valor de 1,82 mil milhões de patacas. Neste âmbito, registou-se uma quebra superior a 50 por cento dos empréstimos atribuídos aos residentes, que representaram 97,8 por cento do total. Outra conclusão revelada pelas estatísticas da AMCM prende-se com o facto de, até finais de Fevereiro, o saldo bruto dos empréstimos à habitação “permaneceu praticamente inalterado”, tendo-se mantido nos 218 mil milhões de patacas, um crescimento de 14,9 por cento face ao período homólogo. Também aqui os residentes ficaram em maioria, ao representaram 92,8 por cento dos empréstimos concedidos pelos bancos. Já o rácio das dívidas não pagas aos bancos, ao nível dos empréstimos à habitação, aumentou apenas 0,01 por cento em relação a Janeiro, tendo-se situado nos 0,17 por cento.
FMI | Previsão de crescimento económico de Macau revista em baixa João Luz - 12 Abr 201912 Abr 2019 Depois da previsão de Fevereiro apontar para um crescimento da economia de Macau para 2019 em 5,3 por cento, o Fundo Monetário Internacional vem agora rever a estimativa para 4,3 por cento. A instituição prevê ainda que o crescimento abrande este ano em cerca de 70 por cento das economias mundiais, o pior resultado desde a crise global de 2008 [dropcap]M[/dropcap]enos um ponto percentual. Este é o acerto que o Fundo Monetário Internacional (FMI) faz ao crescimento económico de Macau para 2019. Há dois meses, a instituição previa 5,3 por cento para o ano corrente, número que o relatório “Previsão Económica Mundial”, publicado esta semana, revê para 4,3 pontos percentuais. Importa recordar que no ano passado, aquando da passagem dos técnicos da FMI pelo território, ficou estabelecido que o crescimento económico de 2018 se fixou em 5,6 por cento. De acordo com o portal Macauhub, as projecções do FMI para 2020 voltam a demonstrar um declínio na expansão da economia de Macau para 4,2 pontos percentuais. A mesma fonte indica ainda que, segundo o relatório anual, a taxa de inflação deverá fixar-se entre os 2,5 e os 2,7 por cento em 2020, com uma taxa de desemprego de 1,8 por cento durante este e o próximo ano. Ainda assim, no contexto internacional, o crescimento económico de Macau fica acima da média. As projecções globais do relatório “Previsão Económica Mundial” são as mais pessimistas desde a crise financeira mundial que rebentou em Wall Street em 2007/2008, dão um retrato cinzento das economias mais avançadas e mostram os efeitos do aumento de tarifas no comércio externo. Como tal, o FMI revê em baixa a estimativa, anunciada em Janeiro, de crescimento económico mundial de 3,5 para 3,3 por cento. Esta taxa de crescimento é a mais fraca desde 2009, quando a economia global encolheu, e a terceira vez que a instituição revê em baixa os índices de crescimento nos últimos seis meses. “Este é um momento delicado” para a economia global, disse a economista chefe do FMI, Gita Gopinath, em conferência de imprensa em Washington, acrescentado que a possibilidade de retoma no próximo ano é precária. Preço da guerra As estimativas do FMI apontam ainda para um crescimento de 3,4 por cento do volume de bens e serviços comercializados este ano, o que representa uma descida comparado com os 3,8 por cento registados em 2018, e uma quebra ainda mais acentuada se tivermos em conta que em Janeiro a instituição previa taxas de crescimento na ordem dos 4 por cento. O fundo, sediado em Washington, estima que o segundo semestre de 2019 traga uma leve recuperação da economia mundial na ordem dos 3,6 por cento. No entanto, o FMI deixa alertas para o risco de as dificuldades se agravarem devido a um conjunto de ameaças à economia global que incluem o possível colapso das negociações entre Estados Unidos e China para por fim à guerra comercial, ou à eventualidade cada vez mais real de um Brexit sem acordo entre a União Europeia e o Reino Unido. Contrariando a tendência global, o FMI reviu em alta o crescimento previsto para a China em 2019, citando o esforço de Pequim para apoiar a sua economia e para melhorar as perspectivas de crescimento face à guerra de tarifas com Washington. Como tal, o relatório do FMI estima que a economia chinesa cresça 6,3 por cento em 2019, face às projecções anteriores de 6,2 por cento. A segunda maior economia do mundo cresceu 6,6 por cento em 2018, o que ainda assim representou a sua pior performance em 28 anos.
Cooperação | Lionel Leong reuniu com MNE da China Hoje Macau - 12 Abr 201912 Abr 2019 [dropcap]O[/dropcap] secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, reuniu esta quarta-feira com o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Le Yucheng. De acordo com um comunicado oficial, o encontro serviu para ambas as partes trocarem opiniões sobre a “concretização dos trabalhos respeitantes à construção de Macau como uma Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, função esta que se encontra preconizada nas Linhas Gerais do Planeamento para o Desenvolvimento da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”. Lionel Leong destacou “uma série de acções” que têm vindo a ser desenvolvidas pelo Executivo na RAEM neste âmbito, sendo que, nos próximos meses, “serão redobrados esforços, particularmente aproveitadas as três vias de cooperação económica e comercial com o exterior, nomeadamente com a América Latina através do Brasil, a União Europeia através de Portugal e a África através de Angola e Moçambique”. Le Yucheng “admitiu que Macau deve maximizar continuamente as suas próprias vantagens, tirando pleno proveito das oportunidades encontradas e diligenciando pró-activamente no sentido de integrar-se no grande contexto de desenvolvimento nacional”, aponta o mesmo comunicado.
Deputados discutiram entrada em vigor de alterações ao ordenado mínimo João Santos Filipe - 12 Abr 201912 Abr 2019 [dropcap]O[/dropcap] Governo e os membros da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa discutiram ontem o período para a entrada em vigor do aumento do ordenado mínimo para os trabalhadores de limpeza e de segurança na actividade de administração predial. O Executivo defende que as alterações só devem entrar em vigor 180 dias, ou seis meses, depois de serem aprovadas. Os membros da comissão gostariam de ver o tempo encurtado. “Consideramos que o prazo de 180 dias é razoável. Mas pedimos ao Governo para reduzir o prazo”, disse Chan Chak Mo, presidente da comissão. “Não apresentamos um período alternativo [aos 180 dias], mas queremos que as alterações entrem em vigor o quanto antes”, sublinhou. Contudo, o deputado mostrou compreensão perante o tempo pedido pelo Executivo, atendendo ao impacto que a medida pode ter “para a sociedade como todo”, uma vez que poderá exigir ajustamentos no preço dos condomínios ou que se oiça o Conselho Permanente de Concertação Social e os operadores do sector. De acordo com a proposta que está em discussão na comissão, quando calculado à hora, o salário mínimo sobe 2 patacas, de 30 para 32 patacas. Nos casos em que é calculado ao dia, sobe 16 patacas, de 240 para 256 patacas e, quando é tido em conta o mês, a subida é de 416 patacas, de 6.240 patacas para 6.656 patacas. FAOM levou nega A proposta dos deputados ligados à Federação das Associações dos Operários de Macau que pretendia que as horas-extra não pudessem ser pagas abaixo do valor do ordenado mínimo acabou por ser recusada. Ao contrário da lei do ordenado mínimo, o pagamento das horas-extra é calculado através do salário de base, ou seja, o valor do salário sem contar com qualquer tipo de subsídio, como o de família ou de alimentação. Já a lei do ordenado mínimo define a remuneração base, ou seja, o salário acrescido dos subsídios. É por esta razão que o pagamento das horas-extra pode ser inferior ao pagamento do ordenado mínimo. No entanto, o Governo considerou que eventuais alterações a este aspecto devem ser feitas quando houver uma actualização da Lei das Relações de Trabalho, diploma que define o pagamento das horas-extra. Segundo Chan Chak Mo, existe a intenção de rever o diploma, mas sem data prevista.