Covid-19 | Vacinação ou teste para aceder ao local de trabalho Pedro Arede - 14 Set 2021 Os trabalhadores do sector público e privado que trabalhem em espaços fechados, ou que contactem com clientes, têm de estar vacinados ou apresentar teste de ácido nucleico a cada sete dias. Segundo os Serviços de Saúde a medida é uma “directriz de princípio” que deverá ser materializada e fiscalizada pelas próprias entidades Os Serviços de Saúde anunciaram que todos os trabalhadores do sector público e privado tem de optar entre estar vacinados ou apresentar um teste negativo à covid-19 a cada sete dias para aceder ao local de trabalho. De acordo Tai Wa Hou, coordenador do programa de vacinação, a medida é uma “orientação de princípio” que visa incentivar as entidades a concretizar a vacinação dos colaboradores, possibilitando, como alternativa, a apresentação regular de resultados negativos ao teste de ácido nucleico. Abrangidos pela medida estão todos os trabalhadores do público e privado que exerçam funções em espaços fechados ou que, pelo desempenho das suas tarefas, contactem directamente com clientes ou outras pessoas. “As directrizes que emitimos hoje [ontem] aplicam-se a todos os trabalhadores e funcionários, tanto do sector público, como do privado, desde que esses trabalhadores reúnam duas condições. Ou seja, se durante o trabalho têm contacto com outras pessoas (…) ou se trabalham num espaço fechado. Quer sejam do sector público ou do privado, os trabalhadores têm de optar por receber a vacina ou fazer um teste de ácido nucleico a cada sete dias. Só assim podem entrar para o local de trabalho”, detalhou ontem o responsável por ocasião da habitual conferência de imprensa conjunta de actualização sobre a covid-19. De acordo com Tai Wa Hou, as directrizes anunciadas ontem têm como objectivo “garantir a segurança dos trabalhadores e dos locais de trabalho”, numa altura em que a situação epidémica é “mais rigorosa” e importa “reduzir o risco de transmissão” através do aumento da taxa de vacinação da população. Questionado sobre quem recai a implementação e a fiscalização das novas orientações, o médico esclareceu que ficará a cargo das próprias empresas sendo que, no limite, quem não cumprir as novas directrizes, trabalhador ou entidade, pode violar a lei. “Nós só elaborámos as directrizes. A concretização vai ser da responsabilidade das entidades. No caso de incumprimento, a entidade competente tem de executar a sua função para garantir a concretização do efeito pretendido. Quer seja o trabalhador ou a entidade, se não cumprirem a orientação, podem violar a lei”, explicou o responsável. À minha maneira Tai Wa Hou disse ainda que é a própria entidade que define a calendarização interna da aplicação das orientações e que estas são “directrizes de princípio” a implementar por cada uma das empresas “à sua maneira”. Até às 16h de ontem 291 mil pessoas foram inoculadas em Macau com duas doses da vacina contra a covid-19. Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus anunciou ainda que as entidades públicas ou financiadas pelo Governo devem ponderar o cancelamento de viagens e actividades planeadas para fora de Macau. Dentro de portas, o cumprimento das medidas de prevenção contra a covid-19 deve ser reforçado em actividades como palestras ou seminários. Quarentena para quem chega de Fujian De acordo com o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, a partir das 15h de ontem todas as pessoas que tenham estado na Cidade de Putian (toda a cidade), ou no Subdistrito de Zhonghua, do Distrito de Siming, da Cidade de Xiamen, da Província de Fujian, estão sujeitas a observação médica de 14 em local a designar.
Eleições | Maior abstenção desde 1992 é sinal de “desalento” face a desqualificações Andreia Sofia Silva - 14 Set 2021 A elevada abstenção nas eleições legislativas de domingo, a maior desde 1992, é tida pelos analistas como um sinal de descontentamento dos eleitores face à desqualificação de candidatos do campo democrata. Miguel de Senna Fernandes parabeniza Coutinho e lamenta saída de Agnes Lam Numas eleições para a Assembleia Legislativa (AL) marcada pela desqualificação de candidatos do campo democrata, a grande vitória foi para a lista liderada pelo deputado Si Ka Lon, ligada a Fujian, e para o deputado José Pereira Coutinho, que conseguiu eleger o seu número dois. No entanto, os analistas contactados pelo HM preferem destacar a elevada abstenção, de 57,62 por cento, como um sinal de descontentamento dos eleitores face à reviravolta que retirou da corrida eleitoral nomes como Sulu Sou, Ng Kuok Cheong e Au Kam San, entre outros. Este domingo apenas 42,38 por cento do eleitorado acorreu às urnas, num total de 137.279. “Era de esperar [a abstenção], porque é talvez uma manifestação de um certo desalento”, disse Miguel de Senna Fernandes. “Havia vozes contra e [o panorama político] já não excita assim tanto. A ala democrata ficou completamente arredada e os eleitores ficaram sem essa alternativa. É de prever que o Coutinho tenha arrecadado alguns votos daí, porque as pessoas também se reviam na sua voz crítica.” Para Camões Tam, a principal razão para tal abstenção prende-se com “a desqualificação dos candidatos do campo democrata”, porque, em 2017, obtiveram mais de 30 mil votos. “A maior parte desses eleitores não foram votar desta vez. Depois o tempo não esteve bom, com muito calor e cada pessoa que ia votar era verificada pelas autoridades devido à covid-19, o que causou algum incómodo, sobretudo aos mais velhos. Muitos idosos não foram votar”, justificou. Tong Hio Fong, presidente da Comissão para os Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), atribuiu à pandemia e ao mau tempo as culpas pela elevada abstenção. Parabéns ao Coutinho Miguel de Senna Fernandes destacou a vitória de Pereira Coutinho. “Estamos numa época especial, e o facto de ele conseguir eleger dois deputados é uma vitória. Podemos não concordar com todas as suas ideias, mas tem um percurso político que é de admirar. Ele estava com algum receio e tinha razões para isso, mas aproveitou o melhor possível todas as circunstâncias. É um animal político e fez o que tinha de fazer.” O presidente da Associação dos Macaenses acredita que muitos eleitores da comunidade portuguesa optaram por votar na lista Nova Esperança. “Estamos numa época especial marcada pela pandemia e há um novo contexto sociopolítico em que a comunidade vive. É muito importante ter alguém que intervenha em português na AL. Muitos dos que não votavam no Coutinho podem ter votado nele desta vez.” O advogado lamenta, contudo, a saída de Agnes Lam, que não chegou sequer aos quatro mil votos. A soma dos votos brancos e nulos [5.223] foi superior ao resultado da lista da académica. “Não é surpreendente a saída de Agnes Lam. Tenho alguma pena porque ela teria sido uma voz diferente em relação ao campo mais tradicional e dito mais radical. Situava-se no meio e era uma alternativa e uma voz que ganhava simpatias junto dos profissionais livres. Mas o projecto não vingou assim tanto, faltou a projecção [da lista]. A política em Macau faz-se de forma especial e são necessárias muitas alianças e compromissos.” Camões Tam não faz especiais comentários sobre a saída da académica da Universidade de Macau nem sobre a estreia de Ron Lam U Tou, líder da Poder de Sinergia. “Os resultados das eleições são muito influenciados pelas políticas do Governo Central e por outras circunstâncias. A maior influência para estas eleições foi a nova política de Pequim em relação a Macau.” A lista Associação dos Cidadãos Unidos por Macau, ligada à comunidade de Fujian, obteve uma vitória esmagadora e elegeu três deputados (Si Ka Lon, Song Pek Kei e Lei Leong Wong), à semelhança dos resultados das eleições de 2013. “Desde os tempos de Chan Meng Kam [empresário e ex-deputado] que a comunidade se tem consolidado. É um bloco que a política de Macau não pode ignorar. Vemos a consolidação da sua posição política e isso é para continuar, porque é uma força alternativa aos tradicionais moradores e operários”, rematou Miguel de Senna Fernandes. Para o jurista António Katchi, a desqualificação dos candidatos do campo pró-democrata levou à “redução significativa da participação eleitoral e o aumento da votação, como solução de recurso, na Nova Esperança”. Quanto à desqualificação da lista liderada por Cloee Chao, “terá provavelmente contribuído para o crescimento eleitoral da Nova Esperança” e da União para o Desenvolvimento, que levou à reeleição dos deputados Ella Lei e Leong Sun Iok. Quanto ao projecto político de Agnes Lam, “terá certamente deixado de parecer útil a uma parte dos eleitores que nele votaram em 2017”. Entretanto, o Conselho de Estado para os Assuntos de Hong Kong e Macau deu os parabéns à RAEM pela realização de eleições de forma pacífica. Segundo a Xinhua, o porta-voz deste organismo destacou o facto de os residentes terem participado “de forma activa” neste acto eleitoral, tendo exercido o direito de voto “de acordo com a lei”, o que demonstra uma boa implementação da política “Um País, Dois Sistemas” no território. O Conselho de Estado referiu ainda que as eleições decorreram de acordo com a Lei Básica e a lei eleitoral. Os resultados revelam a concretização do princípio “patriotas a governar Macau”, com uma “ampla participação de eleitores de todos os estratos e sectores da sociedade de Macau”. O processo eleitoral foi “justo, imparcial, aberto, limpo e decorreu de forma ordenada”, acrescentou o porta-voz. Na mesma nota, o Conselho de Estado diz esperar que os deputados eleitos cumpram o mandato “com a confiança dos residentes” e “apoiem de forma activa o Governo da RAEM na governação baseada na lei”. Eleições | Votos inválidos com carimbos e palavras escritas Durante a sessão de reconfirmação dos 2.082 votos nulos que resultaram das eleições de domingo, a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) revelou que entre os boletins inválidos estão alguns como selecção de múltiplas listas, rabiscos e a redacção de palavras de protesto ou o nome de candidatos excluídos das eleições por não serem fiéis à Lei Básica e a Macau. Segundo o canal chinês da TDM-Rádio Macau, após análise, cinco boletins de voto (quatro do sufrágio directo e um do sufrágio indirecto) considerados inicialmente como nulos, foram reclassificados como válidos. Recorde-se que no rescaldo das eleições que teve uma taxa de participação de 42,38 por cento e de abstenção de 57,62 por cento, registaram-se 3.141 votos em branco e 2.082 nulos, que somados representaram 3,8 por cento de todos os votos.
Coreia do Norte efectua teste com “novo míssil de cruzeiro de longo alcance” Hoje Macau - 13 Set 2021 A Coreia do Norte efectuou com sucesso um teste com um novo “míssil de cruzeiro de longo alcance” durante este fim de semana, anunciou ontem a agência oficial KCNA. Os disparos do teste, efetuado no sábado e no domingo, decorreram na presença de altos responsáveis norte-coreanos, indicou a agência, que também confirmou o sucesso dos ensaios. Os mísseis percorreram uma trajetória de 1.500 quilómetros, antes de atingirem o seu alvo, não especificado pela KCNA. Diversas resoluções do Conselho de Segurança da ONU proíbem a Coreia do Norte de prosseguir os seis programas de armamento nuclear e de mísseis balísticos. Apesar de atingido por múltiplas sanções internacionais, o país reforçou nos últimos anos as suas capacidades militares sob a direção de Kim Jong Un. A Coreia do Norte procedeu a diversos ensaios nucleares e testou com sucesso mísseis balísticos com capacidade de atingirem os Estados Unidos.
Timor-Leste decreta luto nacional durante três dias pela morte de Jorge Sampaio Hoje Macau - 13 Set 2021 O Governo timorense decretou hoje luto nacional durante três dias pela morte do antigo Presidente da República Jorge Sampaio, considerando-o uma “personalidade de excecional relevância na defesa do povo e dos valores constitucionais timorenses”. A decisão foi anunciada pelo Conselho de Ministros de Timor-Leste, que deliberou decretar o luto nacional pela morte de Jorge Sampaio “em todo o território nacional, pelo período de três dias, até às 07:59 [horas locais] do dia 16 de setembro”, após uma reunião extraordinária. Durante esse período, a bandeira nacional do país estará a meia haste “nos lugares de uso obrigatório, incluindo nas missões diplomáticas”, segundo o comunicado do Conselho de Ministros. Na nota, o Governo timorense considerou que Jorge Sampaio, falecido na sexta-feira e sepultado no domingo, com honras de Estado, em Lisboa, “foi uma personalidade de excecional relevância na defesa do povo e dos valores constitucionais timorenses”. Na sexta-feira, o primeiro-ministro timorense, Taur Matan Ruak, afirmou que Jorge Sampaio “entrou para a história” como o Presidente que “muito contribuiu” para a independência de Timor-Leste, “da qual foi testemunha como convidado de honra na cerimónia que se realizou no dia 20 de maio de 2002”. O chefe do Governo timorense recordou que foi durante os dois mandatos do antigo Presidente português (1996-2006) que “o mundo acordou para a repressão Indonésia”, e salientou que Jorge Sampaio “sempre aproveitou todos os palcos internacionais para exercer fervoroso apoio e ativismo em favor da causa timorense na sua luta pelo direito à autodeterminação e independência”. Taur Matan Ruak acrescentou que Sampaio “será lembrado no mundo como uma figura maior de causas e de liberdade e reconhecido como um Grande Amigo de Timor-Leste e dos Timorenses”. No sábado, o Presidente timorense, Francisco Guterres Lú Olo, considerou que o antigo chefe de Estado português foi um “lutador incansável pela liberdade e democracia” e um homem “íntegro e humano em todas as causas em que se empenhou”, exprimindo ainda “a gratidão e reconhecimento” por “tudo quanto Jorge Sampaio fez por Timor-Leste”. Em 2016, e após ter reconhecido a “solidariedade e o apoio ativo” de Jorge Sampaio na luta pela independência, o Estado timorense condecorou-o “com o maior galardão do Estado, o Grande Colar da Ordem de Timor-Leste”. A condecoração foi entregue pelo atual primeiro-ministro, então chefe do Estado timorense, em Lisboa. Na altura, Taur Matan Ruak manifestou “o profundo reconhecimento pelo humanismo, as inúmeras expressões de solidariedade e o apoio ativo com que, ao longo dos anos, alimentaram a luta pela liberdade, autodeterminação e independência de Timor-Leste”. Na última visita oficial a Timor-Leste, em 2006, o Parlamento Nacional atribuiu a Sampaio o título de Cidadão Honorário da República Democrática de Timor-Leste. Jorge Sampaio, antigo secretário-geral do PS (1989/1992) e Presidente da República (1996/2006), morreu na sexta-feira, aos 81 anos, no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, Oeiras, onde estava internado desde 27 de agosto, na sequência de dificuldades respiratórias. O funeral, com honras de Estado, realizou-se no domingo, antecedido por uma homenagem nacional no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
AL | Ho Iat Seng não distingue entre democratas e pró-Pequim Pedro Arede - 13 Set 2021 O Chefe do Executivo afirmou ontem não fazer distinção entre deputados democratas e pró-Pequim. Segundo a TDM- Rádio Macau, Ho Iat Seng sublinhou que cada residente tem direito de avaliar e votar livremente nos candidatos à Assembleia Legislativa e que Macau é governado por patriotas. “Já disse muitas vezes que Macau é administrado por pessoas com amor à pátria. Cada pessoa tem o direito de avaliar e pensar em qual das listas quer votar. Cada qual, de acordo com a sua vontade, deve tomar essa decisão”, disse aos jornalistas no Instituto Salesiano, em São Lourenço, onde exerceu o direito de voto durante a manhã. Depois de apelar à participação nas eleições, Ho Iat Seng acrescentou ainda que depois da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa anunciar a lista definitiva de deputados eleitos, irá verificar os sectores que não estão representados na referida lista, para nomear deputados dessas áreas, com o objectivo de todos os sectores terem uma voz no plenário. O Chefe do Executivo disse esperar ainda que os deputados da nova legislatura “dediquem mais tempo aos trabalhos da AL” e “compreendam melhor as verdadeiras necessidades da sociedade”. Questionado sobre as medidas de controlo da pandemia em Macau, Ho Iat Seng assegurou que “Macau não vai ficar fechado ao estrangeiro para sempre” e que, quanto mais vacinada estiver a população, mais rápida será a abertura do território ao exterior. “O Governo da RAEM não vai ficar fechado nem parar os seus contactos com o estrangeiro a longo prazo. Estamos a abrir gradualmente, mas não temos nenhuma medida para controlar a situação da pandemia. Lamento que apenas 50 por cento da população esteja vacinada. Se as pessoas não participarem ou contribuírem é difícil acelerar a abertura de Macau”, vincou.
Eleições | Abstenção atingiu valor recorde em noite de vitória de Fujian João Santos Filipe - 13 Set 2021 Temos de recuar a 1992 para encontrar uma taxa de participação nas legislativas abaixo dos 50 por cento. O registo foi batido ontem, nas primeiras eleições com listas excluídas da RAEM. A CAEAL justificou o recorde histórico com a covid-19. Os vencedores da noite foram as listas de Fujian, de Pereira Coutinho e a surpresa de Ron Lam Pela primeira vez desde 1992, as eleições para a Assembleia Legislativa (AL) registaram uma taxa de participação inferior a 50 por cento. Segundo os dados oficiais, entre os 323.907 eleitores inscritos, apenas 137.281 foram às urnas, o que representou uma taxa de participação de 42,38 por cento e de abstenção de 57,62 por cento. Mesmo entre participantes, contaram-se 3.141 votos em branco e 2.082 nulos, que somados representaram 3,8 por cento de todos os votos. O somatório dos nulos e brancos foi superior aos resultados de sete das 14 listas. A menor participação no sufrágio foi registada depois de a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) ter proibido, pela primeira vez, a participação de candidatos por motivos políticos. No entanto, Tong Hio Fong, presidente da CAEAL, defendeu que o principal motivo da abstenção foi a pandemia. “Segundo as informações da CAEAL, a epidemia foi o principal factor que afectou a taxa de participação nas eleições. Com as medidas epidémicas muitas pessoas que estão em Taiwan e Hong Kong não puderem voltar a Macau para votar”, afirmou Tong. “Também as tempestades que aconteceram à tarde podem ter afectado a vontade dos eleitores”, acrescentou. Apesar da participação, ao longo do dia o Chefe do Excutivo, Ho Iat Seng, e todos os secretários, assim como outros titulares de altos cargos, apelaram à população exercessem o dever cívico. Mesmo assim, Tong desvalorizou o impacto das exclusões de várias listas e candidatos. “Não foram o principal factor para a baixa afluência”, considerou. “Pode ter havido cidadãos que não votaram devido às exclusões, mas o que contribuiu para a menor taxa de participação foram as medidas epidémicas”, sublinhou. Com um total de 130.156 votantes, o número absoluto é o mais baixo desde 2009. Nesse ano, votaram 149.006 eleitores, numa taxa de participação de 59,91 por cento. Porém, em 2009 estavam registados 231.491 eleitores, menos 92.416 do que ontem. Os vencedores A baixa participação beneficiou as listas tradicionais, principalmente a Associação dos Cidadãos Unidos de Macau, que elegeu três deputados. O líder da comunidade de Fujian, Chan Meng Kam, envolveu-se na campanha e a aqui colheu os frutos com a eleição de um trio para a próxima legislatura. Com 26.583 votos, Si Ka Lon, Song Pek Kei e Lei Leong Wong vão ocupar três dos 14 lugares eleitos pela via directa, igualando a vitória de 2013. No discurso de vitória, Si Ka Lon afirmou que os temas que mais chamaram a atenção da população, e que vão ser acompanhados, são a recuperação económica, habitação, trânsito e assistência médica. Por sua vez, Song afirmou estar “emocionada e inspirada para se dedicar a servir os residentes”. Outro dos grandes destaques da noite eleitoral foi Ron Lam. O ex-membro da Federação das Associações dos Operários (FAOM) lançou-se de forma independente pela primeira vez em 2017 e falhou a eleição. A noite de ontem serviu de redenção, com o futuro deputado a obter 8.763 votos, a sétima posição, que lhe garantiu um lugar no plenário. Em segundo lugar ficou a lista União Para o Desenvolvimento, apoiada pela FAOM. Ella Lei e Leong Sun Iok renovaram os respectivos marcados. No terceiro lugar ficou a lista Nova Esperança, de José Pereira Coutinho, seguido da União Macau-Guangdong, União Promotora do Progresso e Aliança de Bom Lar, que elegeram todos dois deputados. Os derrotados Se houve várias listas com motivos para festejar, com a eleição de dois deputados, a noite também se fez de derrotas. Agnes Lam, deputada e cabeça-de-lista da Observatório Cívico, foi a grande derrotada. Em 2017, a legisladora tinha feito a estreia no hemiciclo, depois de duas tentativas falhadas, com 9.590 votos. Porém, o resultado de ontem foi de grande contraste. Agnes não foi além dos 3.729 votos, menos 5.861 do que quando foi eleita e está fora da AL. Os votos da deputada foram inferiores ao registo somado dos nulos e inválidos. Com alguns motivos de preocupação terá ficado a União-Macau Guangdong. Com Mak Soi Kun fora da lista, Zheng Anting obteve menos 406 votos. Se a quantidade de eleitores não mostra uma grande diferença para o último sufrágio, a força de Jiangmen foi relegada de primeiro para o quarto lugar, inclusive atrás de José Pereira Coutinho.
Nova Esperança | Lista de Pereira Coutinho volta a eleger dois deputados Pedro Arede - 13 Set 2021 Com mais de 18 mil votos, a lista Nova Esperança foi a terceira mais votada e assegurou os lugares de José Pereira Coutinho e Che Sai Wang na Assembleia Legislativa. Num escrutínio marcado pela fraca participação popular, Pereira Coutinho diz-se “honrado” e defende que o Governo deve apostar na educação política para que o cenário não se repita A cada confirmação de resultados, uma explosão de alegria. Foi assim do princípio ao fim da noite eleitoral na sede de campanha da lista Nova Esperança, que acabou na eleição de José Pereira Coutinho e Che Sai Wang para a próxima legislatura. No total, a lista contou com os votos de 18.232 eleitores, sendo a terceira mais votada e representando 13,81 por cento do total de votos. Além disso, o registo representa o melhor resultado de sempre desde que a Nova Esperança se apresenta às eleições legislativas. Reagindo à confirmação da eleição de dois deputados, Pereira Coutinho confessou estar “extremamente feliz” com a repetição do feito alcançado nas eleições de 2013 e pela confiança depositada pelos cidadãos num contexto tão peculiar, a mando da pandemia e da exclusão de candidatos pela Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), que terá contribuído para que a afluência às urnas tenha sido de 42,38 por cento no sufrágio directo. “Sentimo-nos extremamente felizes. Queria agradecer a todos os que votaram, acreditaram e depositaram a sua confiança em nós. Prometemos concretizar tudo o que temos no programa eleitoral, (…) garantir a confiança que nos depositaram e trabalhar, não só para quem votou em nós, mas para todos os outros cidadãos de Macau”, começou por dizer. “A abstenção era uma das nossas principais preocupações porque não sabíamos para onde os votos poderiam ir. Comprovou-se que a abstenção foi um dos elementos fulcrais para que a taxa de votação fosse inferior ao registo de há 4 anos atrás. Em todo o caso, estamos contentes porque tivemos mais votos e isso é extremamente importante para garantir o futuro da lista Nova Esperança. Em 2001 só tínhamos 4.500 votos e hoje temos mais de 15.000, o que é muito bom e uma grande responsabilidade”, acrescentou no rescaldo da confirmação da eleição, ainda sem saber que conseguiria 18.232 votos. Em bom português Coutinho deu nota ainda do esforço que será feito na promoção da língua portuguesa, “não só no aspecto da educação”, mas também na sua “difusão”. “Há muito trabalho a fazer e acredito que cada vez mais cidadãos falem português. Vamos trabalhar para que a língua tenha maior implementação em Macau e que as pessoas que aprendam português tenham futuro”, apontou. Por seu turno, o segundo candidato eleito, Che Sai Wang revelou estar “muito exaltado e feliz” com aquilo que considerou ser um “resultado inesperado”. Quando chegar à Assembleia Legislativa, Wang promete apontar baterias às lutas do funcionalismo público. Já Rita Santos, ligada à lista Nova Esperança, vincou a “surpresa positiva e agradável” da eleição de dois deputados, que “demonstra que os cidadãos de Macau querem mudança”. Rita Santos frisou ainda que a comunidade portuguesa e macaense votou “em peso” na candidatura encabeçada por Pereira Coutinho. Uma questão de contexto Evitando ligar a desqualificação de deputados à elevada taxa de abstenção, Pereira Coutinho apontou que o quadro geral e o nível de fiscalização da AL vai ser “diferente” na próxima legislatura e que importa agora investir na educação política “para que daqui a quatro anos a taxa de abstenção seja inferior”. “O Governo de Macau tem de investir mais na educação política. Os jovens de Macau estão mal preparados na área política e não compreendem a situação política que vivemos em Macau. Não podemos estar alheados das mudanças a nível regional e local, acredito que há mais jovens interessados na política”, rematou.
Agnes Lam não consegue reeleição para a AL Andreia Sofia Silva e Nunu Wu - 13 Set 2021 Eleita pela primeira vez em 2017, Agnes Lam, líder da lista Observatório Cívico, não conseguiu um segundo mandato no hemiciclo. Quando ainda faltavam apurar os votos das últimas assembleias de voto, o ambiente na sede de campanha de Agnes Lam era de tristeza generalizada Dos mais de nove mil votos obtidos há quatros anos, nas últimas eleições legislativas, Agnes Lam, líder da lista 2, Observatório Cívico, obteve 3.729, resultado que a afastou do segundo mandato na Assembleia Legislativa (AL). Ontem à noite, quando a contagem dos votos já ia bem avançada, a equipa do Observatório Cívico percebia que seria muito difícil obter sequer metade dos votos conseguidos em 2017. “Não esperávamos estes resultados, mas percebemos que seria muito difícil sermos eleitos novamente. Algumas pessoas foram afectadas pela desqualificação dos candidatos e, de forma emotiva, decidiram não votar. Tentámos puxar pelos residentes, mas talvez não tenhamos sido bem-sucedidos”, frisou a candidata e docente da Universidade de Macau. Para já, a candidata derrotada não sabe qual será o futuro da Observatório Cívico. “Vamos analisar tudo o que aconteceu. Penso que estas eleições e o número de votos obtidos vão ditar a nossa direcção no futuro. Vou ainda reunir com a minha equipa”, disse na sede de campanha. Numa entrevista concedida ao HM, o arquitecto Rui Leão, número sete da lista, confessou que seria difícil obter um mandato, num contexto de desqualificação de alguns candidatos e uma maior dispersão de votos. “Não temos certezas, porque o campo [político] está muito difícil de perceber. A prioridade é assegurar um lugar. Fazemos o apelo ao voto na lista porque preocupa-nos assegurar o lugar”, admitiu.
Eleições | Lista liderada por Si Ka Lon, ligada à província de Fujian, é a grande vencedora Andreia Sofia Silva - 13 Set 202113 Set 2021 A lista Associação dos Cidadãos Unidos de Macau, liderada pelo deputado Si Ka Lon, foi a grande vencedora da noite eleitoral, tendo conseguido eleger três deputados para a Assembleia Legislativa (AL). Além do número um da lista e de Song Pek Kei, que renovam o seu mandato, Lei Leong Wong estreia-se no hemiciclo. A Associação dos Cidadãos Unidos de Macau obteve um total de 26.593 votos. Em segundo lugar surge a lista União para o Desenvolvimento, com um total de 23.760, que conseguiu eleger dois deputados. São eles Ella Lei, Leong Sun Iok e Choi Kam Fu, ligados à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). Choi Kam Fu é uma estreia na AL, sendo actualmente secretário-geral da Associação de Empregados das Empresas de Jogo, ligada à FAOM. Segue-se a lista do deputado José Pereira Coutinho, Nova Esperança, que conseguiu 18.232 votos, o que permitiu a Coutinho levar consigo para a AL o seu número dois, Che Sai Wang, funcionário público. A lista Macau-Guangdong, liderada por Zheng Anting, outrora número dois de Mak Soi Kun, também elegeu dois deputados, ao obter um total de 16.808. Ao lado de Zheng Anting vai sentar-se uma mulher, Lo Choi In. De frisar que Mak Soi Kun não concorreu nestas eleições. As grandes novidades desta eleitoral prendem-se com a saída de Agnes Lam do hemiciclo, depois de ter sido eleita, pela primeira vez, em 2017. Desta vez, a líder da lista Observatório Cívico obteve mais de 3.500 votos, não tendo conseguido igualar, sequer, a metade dos votos obtidos em 2017. Quem se estreia na AL é Ron Lam U Tou, líder da Poder da Sinergia, que em 2017 não conseguiu ganhar um assento no hemiciclo.
Conselho Executivo | Governo promove alterações nos Serviços Correccionais João Santos Filipe - 13 Set 2021 O Conselho Executivo anunciou a criação da Divisão de Apoio aos Assuntos Prisionais na estrutura do Estabelecimento Prisional de Coloane, que vai ter como objectivo a “prestação de apoio administrativo, técnico e logístico aos trabalhos de segurança e vigilância da prisão e de reinserção social”. As alterações foram reveladas na sexta-feira, numa conferência de imprensa do Conselho Executivo. Em relação ao quadro de pessoal, a actual estrutura da carreira de guardas prisionais passa de 7 para 10 categorias, com um aumento de 17 lugares e um lugar de chefe de divisão. As autoridades afirmaram que as mudanças vão melhorar a organização e funcionamento da Direcção dos Serviços Correccionais, bem como ser conjugadas com a entrada em funcionamento da futura nova prisão. Novos regulamentos para profissionais de saúde O Conselho Executivo terminou a discussão de dois regulamentos administrativos sobre estágios e os processos disciplinares dos profissionais da saúde. De acordo com as alterações, que surgem na sequência da nova lei do sector aprovada no ano passado, vai ser o Conselho dos Profissionais de Saúde (CPS) a elaborar a lista de colocação dos estagiários nas instituições ou estabelecimentos. A Comissão de Disciplina do CPS fica com poderes para instaurar processos a qualquer profissional quando considerar que existem “factos susceptíveis de constituírem infracção disciplinar profissional”. Os dois regulamentos entram em vigor a partir do próximo mês.
Jogo | Receitas caíram quase 80 por cento em 2020 Hoje Macau - 13 Set 2021 Em 2020, as receitas globais do sector do jogo foram de 63,94 mil milhões de patacas, menos 78,4 por cento em termos anuais, de acordo com os Serviços de Estatística e Censos. Na publicação dos Resultados do Inquérito ao Sector do Jogo 2020, a redução foi justificada com a “queda significativa do número de visitantes entrados em Macau, gerada pelo impacto da pandemia da pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus”. No ano passado, as receitas provenientes do jogo (60,32 mil milhões de patacas) e do arrendamento (38,00 milhões de patacas) diminuíram 79,4 por cento e 29,1 por cento, respectivamente. Além destas, os juros recebidos foram de 2,65 mil milhões de patacas, menos 1,9 por cento.
Crime | Detido por suspeitas de homicídio e violação Hoje Macau - 13 Set 2021 Um homem de 36 anos foi detido no sábado por suspeitas de ter morto, violado e enterrado na Praia de Hác Sá uma mulher, de 29 anos, ambos do Interior da China. Antes dos alegados crimes, as partes encontraram-se num quarto de hotel para troca ilegal de dinheiro, segundo as autoridades. O encontro foi combinado através de uma rede social, após o indivíduo se ter mostrado interessado em receber 200 mil dólares de Hong Kong. No entanto, as autoridades acreditam que o suspeito nunca teve intenção no negócio e, por isso, assim que a mulher entrou no quarto foi atacada com um cinzeiro na cabeça, golpe que levou à perda dos sentidos e mais tarde se revelaria fatal. Após a morte, o homem retirou da mala da vítima um telemóvel e 200 mil dólares de Hong Kong e fugiu para o Interior da China. No outro lado da fronteira, desfez-se do telemóvel, antes de regressar a Macau. Novamente na RAEM, o suspeito colocou o corpo da vítima numa mala de viagem, apanhou um táxi para Hác Sá e enterrou a mala na areia da praia. As autoridades foram alertadas para o desaparecimento da vítima pelo seu namorado. Na sequência da investigação o corpo viria a ser encontrado no areal da Praia Hác Sá a 1,5 metros de profundidade. O caso foi reencaminhado para o Ministério Público e o indivíduo está indiciado por roubo, violação e homicídio.
Polícia condenado a 16 anos de prisão por passar informações aparece morto João Santos Filipe - 13 Set 2021 Um ex-polícia condenado por passar informações sobre operações das autoridades e alterar registos de entrada e saída na fronteira a troco de subornos, apareceu morto na Prisão de Coloane. O caso foi tratado como suspeita de suicídio, mas, de acordo com um comunicado da Direcção dos Serviços Correccionais (DSC), foi reencaminhado para a Polícia Judiciária (PJ) para investigação. Segundo a DSC, o corpo foi encontrado pendurado com as próprias roupas, às 15h50, quando “os guardas efectuavam a patrulha das celas”. No mesmo local foi encontrada uma carta, alegadamente escrita pelo recluso. Face ao alegado enforcamento foi chamado o pessoal médico da prisão e o ex-polícia de 48 anos foi levado para o Hospital Conde São Januário, onde foi declarado o óbito às 17h. O enforcamento terá acontecido, apesar das autoridades saberem que o recluso estava deprimido, devido à condenação, e ter deixado de tomar a medicação. “Recentemente, a parte da prisão descobriu que o recluso havia parado de usar medicamentos receitados por iniciativa própria, com a intenção de suicidar-se”, foi admitido. As autoridades dizem ter reforçado a inspecção ao ex-polícia, mas a medida não terá sido suficiente para evitar o desfecho. Morte aos 48 anos A decisão judicial que condenou o indivíduo de 48 anos a pena de prisão de 16 anos transitou em julgado no passado mês de Junho. O polícia foi considerado culpado pelos crimes de falsificação informática, violação de segredo, corrupção passiva para acto ilícito e acolhimento. No julgamento da primeira instância, segundo um artigo do jornal Ou Mun, o indivíduo optou por ficar em silêncio face às acusações de que havido revelado operações de fiscalização das autoridades e “espiar” as entradas e saídas de certos indivíduos, a troco de subornos ligados a salas VIP. Em tribunal, foi dado como provado que o homem terá por mais de 50 vezes passado informação confidencial. Quanto aos subornos recebidos, envolviam não só dinheiro, mas também o pagamento de serviços de saunas. Na leitura da sentença, o juiz destacou que o condenado não demonstrou arrependimento, que devia sentir vergonha dos crimes de que foi acusado e “aprender a lição”.
EUA | Xi Jinping adverte que mundo sofrerá em caso de confronto Hoje Macau - 13 Set 2021 O Presidente chinês, Xi Jinping, disse ao homólogo norte-americano, Joe Biden, numa conversa telefónica, que os dois países e o mundo “sofrerão” em caso de confronto entre a China e os Estados Unidos “Quando a China e os Estados Unidos trabalham juntos, os países e o mundo beneficiam, mas ambos os países e o mundo sofrerão se os dois países se confrontarem”, sublinhou Xi, de acordo com um comunicado difundido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da China. “A política dos EUA em relação à China tem causado sérias dificuldades ao relacionamento” entre as duas potências, acrescentou o secretário-geral do Partido Comunista Chinês. Foi a segunda conversa por telefone entre os líderes das duas maiores economias do mundo, desde que Joe Biden assumiu a presidência dos Estados Unidos, no início do ano. Em comunicado, a Casa Branca disse que os “dois líderes tiveram uma discussão ampla e estratégica, na qual abordaram áreas em que os interesses convergem e áreas em que os interesses, valores e perspectivas divergem”. Os Estados Unidos manifestaram vontade que os dois lados possam trabalhar juntos em questões de interesse mútuo, incluindo as alterações climáticas e a prevenção de uma crise nuclear na península coreana, apesar das crescentes diferenças. Antes da conversa por telefone, um responsável do executivo norte-americano, citado pela agência de notícias Associated Press (AP), disse que a Casa Branca não estava satisfeita com os contactos iniciais com Pequim. O responsável, que pediu o anonimato, disse que a Casa Branca esperava que uma conversa entre os dois líderes fosse benéfica. Acertar agulhas O comunicado emitido pela diplomacia chinesa destacou que “ambos os líderes mantiveram uma comunicação estratégica sincera, ampla e profunda, e abordaram as relações bilaterais e questões pendentes de interesse comum”. “A comunidade internacional enfrenta muitos problemas comuns. A China e os EUA devem assumir maiores responsabilidades e continuar a olhar em frente e demonstrar valor estratégico e político”, acrescentou Xi Jinping, de acordo com a mesma nota. Xi citou em particular as iniciativas chinesas para combater as alterações climáticas, dias após a visita à China do enviado especial dos Estados Unidos para o clima, John Kerry. Xi e Biden “concordaram em manter uma comunicação regular por meio de vários canais”, no âmbito das questões do clima, enquanto orientam responsáveis dos respectivos governos, em diferentes níveis e áreas, para fazerem o mesmo, destacou o comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Na semana passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, alertou John Kerry que a deterioração das relações entre os dois países pode prejudicar a cooperação na questão do clima. Wang disse a Kerry que a cooperação não pode ser separada do relacionamento mais amplo e pediu aos EUA que tomem medidas para melhorarem os laços.
Hengqin | Chefe do Executivo afirma que projecto de cooperação é inédito João Santos Filipe - 13 Set 202113 Set 2021 Ho Iat Seng afirmou que o modelo de gestão partilhada entre a RAEM e o Governo de Cantão é inovador e inspira confiança. Por outro lado, tudo indica que os residentes com nacionalidade portuguesa vão precisar de visto para irem à Ilha da Montanha Uma experiência nova que nunca foi tentada em nenhum país ou território. Foi desta forma que o Chefe do Executivo se referiu à experiência de gestão da Ilha da Montanha, em parceria com o Governo de Cantão. “Sabemos que não é uma zona de cooperação normal. É uma medida sem precedentes, não há um exemplo que se possa seguir”, começou por explicar Ho Iat Seng, questionado sobre o modelo de gestão. Será criada a Comissão de Gestão da Zona de Cooperação com elementos de Macau e de Cantão, que tem como principais responsáveis Ho Iat Seng e Ma Xingrui, Governador de Guangdong. A Comissão de Gestão vai depois escolher os membros da Comissão de Executiva, responsáveis por executar os objectivo do plano. “Partimos de um modelo com um chefe, para a cooperação entre o Chefe da Província de Cantão e o Chefe do Executivo de Macau […] É um novo capítulo e não há casos semelhantes no mundo”, reconheceu. “É uma nova tentativa e peço a compreensão”, apelou o governante. Sobre os elementos que vão constituir a equipa da comissão executiva e representar a RAEM no órgão de cooperação, Ho disse que são “jovens, capazes e familiarizados com os assuntos das duas regiões”. Contudo, os nomes não foram revelados, porque, por um lado, é necessária autorização do Governo Central e, por outro, ainda não foi tomada uma decisão final. Pouco muda para os portugueses Durante a conferência de imprensa, Ho Iat Seng foi questionado sobre a hipótese de os residentes com passaporte português irem a Hengqin sem necessidade de visto. Sem responder à questão, o Chefe do Executivo deu a entender que não há alterações à situação actual. “Na realidade, a China faz parte da Organização Mundial do Comércio e estamos abertos ao mundo. É a nova conjuntura do Estado”, limitou-se a declarar. “Qualquer pessoa vai poder investir e ter os seus interesses garantidos. Para participar nos investimentos não é necessário ter Bilhete de Identidade de Residente”, acrescentou. A gestão do território será regida por uma mistura de sistemas jurídicos. Segundo o Chefe do Executivo, o modelo de Macau vai ter primazia em todas as áreas à excepção da segurança, que é um exclusivo da província de Cantão. “Não vamos fazer um regime de copy e paste em Hengqin. Vamos fazer uma harmonização do sistema e trabalhar para aproveitar o melhor de cada região, numa lógica reformista. O melhor do nosso lado e do deles”, sustentou. No entanto, todo o ordenamento jurídico da RAEM não será aplicado directamente na zona de cooperação, mas uma selecção de leis em “matéria civil e comercial”. Em jeito de exemplo, Ho Iat Seng referiu o acesso à internet vai ser praticamente livre, “desde que os conteúdos não sejam vincadamente anti-China”. Este aspecto foi justificado com as vantagens da circulação da informação para a indústria de alta tecnologia. Importância da diversificação De acordo com o líder do Governo, a importância da diversificação económica, um dos objectivos do projecto de cooperação, ficou mais clara com a pandemia da covid-19. “Após vários anos de desenvolvimento, Macau tem sofrido, desde o ano passado, o impacto da pandemia do novo coronavírus, e toda a nossa sociedade tomou consciência da fragilidade de uma estrutura económica única”, considerou. O projecto é assim visto como essencial para “manter a estabilidade, a longo prazo”. Apesar de não te aliviado restrições fronteiriças com Hong Kong, um dos mercados mais importantes para a RAEM onde a pandemia está controlada, Ho lamentou a situação vivida pela indústria do jogo. “[A diversificação] é uma política para que a economia não seja afectada por pandemias. Os trabalhadores do jogo estão a perder o trabalho e a ter cortes salariais. Não gostávamos de ver essa situação continuar”, afirmou. Bolsa mais longe O do Chefe do Executivo não deixou dúvidas que a diversificação vai passar por áreas como os serviços financeiros, a medicina tradicional chinesa e indústrias de tecnologias de ponta. No entanto, e embora não tenha sido propriamente confirmado, a possibilidade de criar uma bolsa de valores em Macau ou na Ilha da Montanha parece estar mais longe. “Vamos seguir as exigências do Estado e implementar as medidas definidas. Esta Zona Conjunta é inovadora também para o sector financeiro e vamos focar-nos na gestão e criação de riqueza, assim como no mercado de obrigação. Se houver outros desenvolvimentos, vamos estudar as possibilidades”, contou. Valor acrescentado Outro assunto abordado prende-se oportunidades para empresas e jovens locais. No que diz respeito ao comércio, Ho Iat Seng sublinhou que não quer que as empresas locais fechem em Macau para se mudarem para Hengqin. O objectivo é uma lógica de expansão. “Até os supermercados podem ir para Hengqin vender os seus produtos e praticar os mesmos preços de Macau. Mas, não queremos que os negócios se mudem e que deixem Macau”, vincou. “Queremos que haja uma expansão e acreditamos que vai ser facilitada com a circulação total e livre”, destacou. A expansão em vez da realocação foi um dos pontos frisados várias vezes pelo Chefe do Executivo, em mais do que uma ocasião. Ao mesmo tempo, o líder do Governo vincou também que ninguém vai ser obrigado a ir viver ou trabalhar no Interior. “Há pessoas que não gostam do Interior, que não visitam as cidades e nós não podemos forçá-las a ir”, reconheceu. Ho sublinhou igualmente a necessidade de a Ilha da Montanha ser uma zona com empresas internacionais e não apenas um destino para empresas do Interior, que procuram tirar vantagem da menor taxa de impostos, que será de 15 por cento. “Não queremos que seja uma zona para onde as empresas do Interior se vão instalar. Não é uma transição das empresas de Guangzhou para a Ilha da Montanha. Queremos que sejam negócios novos, por isso não vamos aprovar que as fábricas se instalem sem critério”, disse Ho. “Este aspecto é uma indicação muito clara do plano e até já recebemos muitos pedidos para instalações. Podemos dizer que há uma base sólida”, acrescentou. Erros do passado A utilização da Ilha da Montanha para a diversificação da economia não é uma ideia nova. Ao longo da história da RAEM tem sido um tema debatido, e Ho reconheceu que os resultados ficaram muito aquém do esperado. “Passaram mais de 20 anos após o retorno e com todos os esforços obtivemos resultados positivos. Mas, francamente, sabemos que não alcançamos a diversificação económica”, admitiu. Sobre o passado, o Chefe do Executivo não teve problemas em reconhecer os erros e indicou que houve demasiado investimento focado apenas no sector do imobiliário. “Os 400 mil milhões de patacas investidos foram para o imobiliário, porque muito queriam investir nesse sector e proporção ficou assim bem maior”, reconheceu. Porém, a aposta falhada não foi inconsequente. Ho Iat Seng explicou que o investimento resultou na construção de muitas infra-estruturas como bairros habitacionais e edifícios para escritórios que vão finalmente ser aproveitados.
Óbito | As mensagens que Jorge Sampaio deixou durante as visitas oficiais a Macau Andreia Sofia Silva - 13 Set 2021 A preservação da vida das gentes locais, garantia do Estado de Direito e continuidade do bilinguismo nas instituições públicas. Estas foram algumas das ideias deixadas por Jorge Sampaio nos discursos que proferiu em várias ocasiões públicas nas duas visitas oficiais que realizou a Macau antes de 1999. A documentação dos arquivos da Presidência da República traça uma rota de memórias dos momentos antes do retorno de Macau para a China. Em Fevereiro de 1997, na cerimónia de inauguração do edifício dos tribunais de primeira instância, Sampaio destacou a importância da Declaração Conjunta, que estabeleceu “a preservação da maneira de viver [do território], servida por um largo grau de autonomia das suas instituições, nas quais se compreende o poder judicial independente”. Sampaio referia que é nos tribunais que “sempre residirá a última garantia de que Macau é um território submetido ao Estado de Direito e aos inalienáveis princípios que o integram”. Era importante “dotar os tribunais dos meios adequados para o bilinguismo ser uma realidade integral”. O Presidente da República alertava, na mesma ocasião, para a importância do respeito dos princípios consagrados “para que os tribunais de Macau possam ser, agora e no futuro, os garantes da aplicação da justiça e o lugar seguro em que sempre encontrarão protecção os direitos, liberdades e garantias dos residentes neste território”. Uma AL multicultural Também em Fevereiro de 1997, Jorge Sampaio falou numa sessão solene na Assembleia Legislativa (AL), onde lembrou que a Declaração Conjunta acarretava “a prudência de quem sabe não poder comandar todo o destino de toda a História”, mas que tinha um “inequívoco apreço pelos valores essenciais desta comunidade”. O limite temporal de 50 anos estabelecido pelo documento, assinado dez anos antes por Portugal e China, deixava “caminho aberto, transcorrido tal período, para a vontade dos homens e para as oportunidades do tempo”. A declaração, lembrou Sampaio, estabelecia um “paradigma essencial”, que era a “preservação da maneira de viver de Macau”. Dirigindo-se aos deputados, Jorge Sampaio destacou a importância de estes “trazerem ao debate político o que melhor se poderá adequar ao aperfeiçoamento das condições de exercício da actividade económica” e “à mais proficiente definição de uma política de trabalho e de segurança social”. O discurso dava conta de alguns dos problemas de que já então o território sofria, tal como a necessidade de “ultrapassagem de bloqueios do comércio imobiliário” e “da atribuição a todos de habitação condigna”, sem esquecer a “redefinição da política industrial”, a “hierarquização das prioridades sectoriais de desenvolvimento e de iniciativa cultural” e “o aperfeiçoamento da escolaridade e dos seus sistemas”. O lugar dos macaenses No contexto global do final de milénio, Jorge Sampaio dava conta do lugar que Macau poderia ocupar, tal como Hong Kong, num seminário internacional em 1997. O pequeno território representava “um singular elo de união entre os dois extremos do grande continente”, passando “a ocupar uma posição central na política internacional, onde se revelará o futuro das relações entre as duas principais entidades regionais do pós-Guerra Fria”. Já em Março de 1999, a meses da transição, Jorge Sampaio marcava presença na abertura do terceiro Encontro das Comunidades Macaenses, onde começava por alertar que a transferência do exercício da soberania que se avizinhava não podia ser vista, em caso nenhum, “como o fim de Macau e das comunidades que aqui, ou pelo mundo além, têm esta terra como sua”. “Portugal deixará em breve de administrar Macau. Mas os laços que o ligam às suas gentes e ao seu destino, vivam elas no território, ou algures no mundo, vão manter-se”, assegurava o então Presidente, destacando o lugar importante da comunidade macaense. “A plena viabilidade da autonomia convencionada para Macau depende, em larga medida, da participação, em todos os domínios, dos ‘filhos da terra’, intérpretes fiéis daquela identidade”, concluiu.
Óbito | Morreu Jorge Sampaio, o Presidente que testemunhou a transferência de Macau Andreia Sofia Silva - 13 Set 202113 Set 2021 Faleceu na sexta-feira Jorge Sampaio, Presidente da República portuguesa no momento da transferência de soberania. Várias personalidades ouvidas pelo HM destacaram a perda de “um bom amigo” de Macau, que quis assegurar “uma transição suave e tranquila” Jorge Sampaio faleceu na sexta-feira, aos 81 anos, no Hospital de Santa Cruz em Carnaxide na sequência de problemas respiratórios e cardíacos. O antigo Presidente da República portuguesa e Chefe de Estado no momento da transferência da administração de Macau para a República Popular da China, a 20 de Dezembro de 1999, é recordado como alguém que fez de tudo para que a transição decorresse sem sobressaltos e de acordo com a Declaração Conjunta, assinada em 1987. “Nessa altura, já quase tudo o que era importante estava decidido”, lembrou ao HM Vitalino Canas, membro do Partido Socialista (PS), partido de Sampaio, e à data secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros. Foi nessa qualidade que Vitalino Canas acompanhou de perto o dossier Macau. “Ele teve a vontade de assegurar uma transição suave, tranquila, cumprindo o que estava internacionalmente acordado entre o Estado português e a China. Jorge Sampaio era uma pessoa muito rigorosa e tinha muito o sentido de responsabilidade.” Fernando Lima, ex-assessor de Cavaco Silva, recorda que Jorge Sampaio “foi sempre uma pessoa muito interessada e empenhada para que tudo corresse bem, porque [Macau] era a última referência do tempo do Império português”. Nesse sentido, Jorge Sampaio “fez tudo para que Portugal saísse com a maior dignidade de Macau e para que os portugueses sentissem orgulho por tudo o que tinham feito em Macau”. Em declarações à TDM Rádio Macau, Anabela Ritchie, ex-presidente da Assembleia Legislativa, falou da perda de “um bom amigo” de Macau. “Recordo-me de ter falado muito com ele, sobretudo nos últimos anos antes da transição. Tivemos muitas ocasiões para conversar, trocar impressões sobre assuntos de Macau e sempre vi no Doutor Jorge Sampaio o mesmo empenho, o mesmo interesse, a mesma atenção aos assuntos de Macau.” Anabela Ritchie destacou também a preocupação de Sampaio com o projecto da Escola Portuguesa de Macau. “A maneira como ele lidava com as pessoas, o carinho, a amizade, é uma coisa que eu guardo de uma pessoa que deixa memórias muito especiais”, afirmou. Visão longínqua Arnaldo Gonçalves, que fez parte da Administração de Rocha Vieira, lamenta a falta de visão de Jorge Sampaio relativamente à manutenção de alguns quadros portugueses após 1999. Havia “a imposição de Lisboa de se fazer um levantamento dos quadros portugueses que estavam na Administração de Macau e pôr fim a contratos. O Presidente era contra a continuação de uma comunidade portuguesa significativa em Macau. A mim pareceu-me mau e uma falta de estratégia. Porque é que os portugueses tinham de sair de Macau, se havia o conceito de autonomia associado à continuação da presença portuguesa?”, questionou. Apesar desta “pedra no sapato”, Arnaldo Gonçalves recorda Jorge Sampaio como “uma pessoa afável, que tinha uma relação franca e simpática com a comunidade portuguesa”. A ligação de Sampaio ao processo de transição ficaria ainda marcada por tensões políticas com o Governador Rocha Vieira. Arnaldo Gonçalves disse ter sentido “alguma preocupação [do Presidente] para tentar saber tudo o que se passava e dar orientações muito concretas em aspectos relativos à transição”. Mesmo com as tensões, Rocha Vieira manteve-se, em 1996, à frente do último Governo português em Macau, decisão elogiada por Jorge Neto Valente, que preside à Associação dos Advogados de Macau. Dessa forma foi possível que “a transição fosse tranquila, efectivamente, como se fez”, disse à TDM Rádio Macau. “Teria sido muito mau para Macau e para os portugueses ter havido uma alteração” dessa natureza, destacou. Numa nota de pesar publicada nas redes sociais, a secção do PS em Macau lembrou um político que “institucionalmente sempre respeitou Macau” e “tratou sempre com alto nível de consideração todas as autoridades”. “No momento da transição de Macau para China conseguiu estabelecer uma transição harmoniosa, pacifica e respeitadora da história de Portugal, evitando uma via de afrontamento e usando uma estratégia de cooperação. Sempre atento aos problemas da comunidade, Sampaio colocou-se na linha da frente daqueles que protegiam os valores de Macau e censurou os que do território se aproveitavam”, acrescenta a mesma nota. De Lisboa para a presidência Jorge Rangel, presidente do Instituto Internacional de Macau e ex-secretário adjunto de Rocha Vieira, destacou que “o papel de Jorge Sampaio não foi determinante, nem especialmente relevante”, pois tudo já estava decidido. “Creio mesmo que ele, por tudo quanto pude ver e sentir, nem terá alguma vez compreendido Macau, nem terá acreditado no papel que o território poderia desempenhar, após a transição, como plataforma de cooperação entre a China e os países de língua portuguesa”, criticou. Formado em Direito, Jorge Sampaio foi secretário-geral do PS entre 1989 e 1992, presidente da Câmara Municipal de Lisboa entre 1990 e 1995 e depois Presidente da República, tendo cumprido dois mandatos entre 1996 e 2006. Após a passagem pela Presidência da República, Sampaio foi nomeado em 2006 pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas enviado especial para a Luta contra a Tuberculose e, entre 2007 e 2013, foi alto representante da ONU para a Aliança das Civilizações. Actualmente, presidia à Plataforma Global para os Estudantes Sírios, que fundou em 2013 com o objectivo de dar resposta à emergência académica que o conflito na Síria criara, deixando milhares de jovens sem acesso à educação. A última homenagem O funeral de Jorge Sampaio realizou-se ontem com honras de Estado. Um longo aplauso marcou a paragem do cortejo fúnebre de Jorge Sampaio junto ao Palácio de Belém, Lisboa, residência oficial do Presidente da República, cargo que ocupou entre 1996 e 2006. Também à chegada aos Jerónimos foi aplaudido por centenas de pessoas, que permanecem no exterior para assistir ao funeral através de um ecrã gigante. A urna foi retirada do antigo picadeiro real, local onde decorreu o velório do antigo Presidente da República, pelas 10h04, de Lisboa, por cadetes das Forças Armadas, e seguiu em cortejo com escolta de honra, parando minutos depois à porta do Palácio de Belém, como estava previsto no programa das cerimónias. Rosas brancas adornaram a charrete da GNR que transporta a urna, coberta pela Bandeira Nacional, e puxada por quatro cavalos brancos, num cortejo escoltado pela Guarda de Honra da GNR a cavalo. O cortejo fúnebre do antigo Presidente da República Jorge Sampaio chegou ao Mosteiro dos Jerónimos às 10h35 e foi aplaudido por centenas de pessoas, que permanecem no exterior para assistir ao funeral através de um ecrã gigante. Alexis Tam presente Numa nota divulgada ao final da noite de domingo, o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, disse “lamentar profundamente” o falecimento de Jorge Sampaio, tendo enviado uma carta de condolências ao actual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Na carta, foram enviadas “as mais sentidas condolências” à família. A RAEM destacou ainda Alexis Tam, chefe da Delegação Económica e Comercial de Macau em Lisboa, para participar nas cerimónias fúnebres.
Eleições | Ron Lam U Tou, da Poder de Sinergia, eleito pela primeira vez Andreia Sofia Silva e Nunu Wu - 13 Set 2021 Ron Lam U Tou, candidato pela lista Poder da Sinergia, conseguiu ser eleito pela primeira vez para a Assembleia Legislativa (AL), tendo obtido um total de 8.763 votos. O líder da lista agradeceu aos eleitores e apoiantes e prometeu “fazer muito trabalho na AL e da melhor forma, tal como prometido na campanha”. “Não me vou tornar mais agressivo ou conservador tendo em conta os diversos assuntos”, acrescentou. Sobre a elevada abstenção nestas eleições, Ron Lam U Tou frisou que a desqualificação de alguns candidatos e a pandemia poderão ter sido factores principais. “Apesar de ter caído a taxa de votação, nós ganhamos mais votos, o que foi um reconhecimento”, disse o candidato, que destacou o facto de ter obtido um assento na AL mesmo sem ligação às associações mais tradicionais. “Queríamos criar um novo fenómeno e um novo conceito na AL, que resultasse em mudanças concretas e visíveis para Macau”, referiu. A primeira vez que a lista Poder da Sinergia se candidatou às eleições foi há quatro anos, mas não obteve qualquer assento no sufrágio directo. Actual presidente da Associação Sinergia Macau, Ron Lam U Tou esteve ligado, durante vários anos, à tradicional Federação das Associações dos Operários de Macau, tendo saído para fundar este novo movimento político.
Os aeroportos não se entendem André Namora - 13 Set 2021 Todos nós sabemos os milhões de euros que envolvem a construção de um aeroporto e as centenas de interesses económicos que estão por trás da decisão final para a edificação de um empreendimento desta envergadura. Portugal é um país tão pequeno e nunca se ouviu falar num número tão exagerado de possíveis aeroportos, já não referindo os aeródromos que poderiam ser transformados em aeroportos. Temos o aeroporto Sá Carneiro, no Porto, cujos gestores queixam-se a toda a hora da discriminação da TAP relativamente aquela unidade aeronáutica. Em Lisboa, está o busílis da questão, se atendermos que aeroporto de Faro é destinado a uns aviõezinhos destinados aos turistas que vêm mergulhar nas águas do Algarve. Em Lisboa, o aeroporto da Portela, agora denominado Humberto Delgado, é um verdadeiro milagre, possivelmente com origem em Fátima. Custa a acreditar como é que em tantos anos ainda não aconteceu uma tragédia enorme com a queda de uma aeronave no centro da capital, o que seria uma desgraça. O aeroporto de Lisboa está esgotado, não comporta mais o registo de aumento no seu movimento. Como dizia um comandante da TAP “Isto está a rebentar pelas costuras”. Ainda me recordo da primeira vez que aterrei no aeroporto de Banguecoque, na Tailândia, e demorei de autocarro uma hora a chegar ao hotel. O aeroporto tailandês estava situado a muitos quilómetros de distância da capital. Não se concebe que tenham passado décadas e os nossos governantes nunca tenham pensado numa solução viável e alternativa à pista existente na Portela. De há uns poucos anos a esta parte é que se iniciou o reboliço sobre a construção de um novo aeroporto que servisse Lisboa. Lembram-se da Ota? Ui, o que foi aquilo. Um descalabro vergonhoso. Sem estudos realizados por grandes especialistas na matéria, começou-se a anunciar que a Ota iria ser a alternativas para Lisboa. Os amigos dos políticos governantes começaram a comprar terrenos ao redor da Ota que foi um fartar vilanagem. Compraram por 10 a pensar vender por 100. Acabaram por vender por 10 o que tinham comprado por 100. Um aeroporto na Ota veio-se a provar que não tinha viabilidade. Depois apareceu o nome de Alverca. Ah este sim, já tem uma boa pista da Força Aérea, está perto de Lisboa, já tem ligação rodoviária e ferroviária, Alverca é que será o ideal. Nem fazem ideia a especulação que se gerou de imediato no preço das vendas das casas e dos terrenos. Bem, afinal, vieram os estudos profissionais e as conclusões eram infrutíferas para que Alverca servisse de aeroporto de apoio ao de Lisboa. Mas aqui é que o gato vai às filhoses. Fala-se sempre na construção de um pequeno aeroporto de apoio ao da capital, quando Lisboa devia deixar de possuir um aeroporto no centro da urbe e com os aviões a passarem ao lado de prédios com 13 andares, como é o caso da avenida dos Estados Unidos da América e do Campo Grande. De seguida, viu-se uma luz ao fundo do túnel: o ideal será no Montijo. Já é uma base aérea e com umas modificações estruturais será ouro sobre azul. Os abutres na caça dos terrenos apareceram logo e à volta do Montijo foi tudo vendido a um preço exorbitante. Os interesses económicos de certos políticos e seus amigos empresários já esfregavam as mãos de contentes porque o Montijo seria a solução. No entanto, esqueceram-se, como sempre, da defesa do ambiente e da dimensão da pista. A fauna ao redor da base do Montijo é única e os flamingos vermelhos nunca resolveriam deixar o Montijo. Quanto à pista de aterragem termina mesmo junto às águas do rio Tejo e não tinha possibilidade de um acrescento, cujos custos situar-se-iam no absurdo. O tribunal superior já decidiu, e bem, que no Montijo nem pensar. Bem, então temos Alcochete. Já começaram a ser vendidos terrenos à volta de Alcochete que os consultores de imobiliário nem querem acreditar. Mas, o problema é que a construção de um aeroporto em Alcochete também tem muito que se lhe diga e levará pelo menos uns dez anos a edificar. O problema do aeroporto de Lisboa devia ter sido resolvido ontem e não pensar agora numa estrutura que pode levar a construir em uma década. Alcochete, dizem os entendidos, está sobre aquíferos, águas subterrâneas que podem com o seu movimento dar início ao abatimento de terras. Ora, se existe um só aquífero que seja na área onde pretendem projectar o aeroporto de Alcochete será melhor desistir já da ideia. Então, já que não existe entendimento para a construção de um aeroporto alternativo que sirva a capital lisboeta, ainda teremos algo de viável? Naturalmente que temos. Temos algo que ninguém dos corredores ministeriais quer ver, possivelmente porque não interessa aos abutres. Há muitos anos, não foi por acaso que os militares alemães construíram uma base aérea em Beja. E Beja, hoje em dia, tem um belíssimo aeroporto, onde acabou de aterrar o maior avião do mundo. Beja será o local ideal para com algumas modificações estruturais e a construção de hangares para a manutenção técnica, passar a ser o aeroporto ideal para transportar os passageiros para Lisboa. Se é para se gastar algum dinheiro, então, que se construa uma ligação ferroviária de alta velocidade directamente a Lisboa e uma ligação à autoestrada que liga Lisboa e Algarve. Ainda por cima, os governantes só andam a pensar numa terceira ponte entre Lisboa e a margem sul. Pois bem, que essa ponte seja apenas para os comboios que façam a ligação directa a Beja. Beja é um achado que existe e que tem todo o potencial de ser um grande aeroporto internacional a cerca de menos de uma hora de Lisboa. Quem discordar da alternativa Beja será porque pretende ganhar muitos milhões por baixo da mesa… *Texto escrito com a antiga grafia
O taufu da loja Ving Kei José Simões Morais - 13 Set 2021 Em 2010 procedemos a uma recolha de informações sobre antigas lojas de produtos pertencentes a um quotidiano que então começava a desaparecer substituídas por um novo estar cuja mudança de gostos as deixavam sem clientes. Passados dez anos voltamos a fazer a ronda por Macau para registar as que tinham resistido e quais as mudanças apresentadas. Daí voltarmos à loja de sopa de fitas Ving Kei na Rua da Tercena 47, onde já não encontramos a senhora Lei, que nos seus 85 anos se mostrara nessa primeira visita com uma vigorosa energia e nos relatara os primórdios da loja. “Naturais de Panyu, Lei Kwong Meng emigrara para Hong Kong e em 1950 veio para Macau quando ela aqui chegou. O marido, sem conseguir arranjar emprego, adquiria diariamente um pouco de taufu, andando pela rua a vendê-lo e depois, ainda ia ajudar a quem lhe deva a mão. Limpava e seleccionava os feijões de soja, lavava a cozinha e tudo o que havia para fazer na loja onde se fazia o taufu sem nada pedir por tal trabalho. Após um ano, o dono da loja tomou-o como aprendiz, ensinando-o a fazer queijo de soja. Foi em 1958 que começou a vender pela rua o seu próprio produto. Se no início carregava os dois baldes de madeira com dois tipos de taufu ao ombro, equilibrados na vara de bambu em cada um dos lados, em 1966 adquiriu um carrinho. Tal veio facilitar o negócio no inverno, altura em que as pessoas não consomem muito tofu e por isso, com a cozinha ambulante podia dedicar-se às sopas de fitas. A loja foi comprada em 1973 por 78 mil patacas, tendo a residência no andar superior. Ao tirar a licença para se estabelecer por conta própria, o carácter明 (Meng) do nome do marido foi por engano escrito 榮 (Ving), ficando assim a ser Lei Kwong Ving. Como o significado de Ving – próspero, florescente, glorioso, agradou, não viram necessidade de o mudar, tomando assim com agrado o novo nome.” 豆腐, tâufu A soja é originária da China e está agora espalhada por todo o mundo. Taufu tem uma história que vem desde 164 a.n.E., quando o neto do primeiro imperador Han estando a trabalhar ansiosamente no encontrar um medicamento para a imortalidade, acidentalmente juntou um palito de gesso no leite de soja que bebia. Ao meter o copo à boca, o leite encontrava-se já em pasta e provando-o gostou, tendo sido essa a origem. Serviu durante a Grande Guerra como um dos alimentos mais consumidos para colmatar a falta de víveres que nesse tempo se fazia sentir e devido a ser rico em gorduras e proteínas substituiu muito bem a escassez tanto de cereais como de carne e peixe. A soja apresenta-se em diferentes variedades, aspectos e cores e apesar de necessitar de um clima com alguma humidade dá-se em quase todo o lado. Tâufu (豆腐, em mandarim dòufu), cujo significado para tâu é grão/feijão e para fu (腐) decomposto, chegou ao Japão no tempo da dinastia Tang ficando aí conhecido por tofu, sendo em português denominado queijo de soja. Como alimento muito yin não deve ser diariamente consumido. Os chineses adoram taufu e sendo bom para a saúde encontra-se constantemente entre os vários pratos apresentados nas suas mesas. Alimento versátil pode ser cozinhado de várias maneiras, frito ou assado, sendo numa sopa com vegetais que muitas vezes aparece. Com ele também se confeccionam molhos. O taufu é feito com feijões de soja amarelos que, após demolhados durante horas para ficarem com mais sumo, são depois moídos e exprimidos para deles sair o leite de soja. Esse leite muito espesso, após se adicionar um pouco de água, leva-se ao lume brando durante dez a vinte minutos onde tem que ser constantemente mexido para não pegar ao fundo do recipiente. Fervendo vai libertando uma espuma que após a cozedura é retirada. Passado através de um pano, o leite é vazado para um recipiente alto de alumínio. Assim se obtém um leite fino, ficando no pano as borras, que não são aqui aproveitadas. Produção Após a morte da idosa senhora há sete anos, o negócio de família está actualmente sob a gestão de três dos quatro filhos, pois um emigrou para o Canadá e conta com cinco lojas, três na península de Macau e duas na Taipa. A da Rua da Tercena continua a ser a principal e é onde se produz o taufu distribuído depois pelas outras duas lojas de Macau e na Taipa, também se faz taufu na situada no prédio jardins Nansan, Estrada do Governador Albano Oliveira. Iat Wa trabalha há mais de 40 anos na loja de Macau e diariamente com a ajuda do irmão Iat Cheong às 8 da manhã iniciam a confecção dos produtos de taufu para as três lojas de Macau, processo que os ocupa até às 11 horas. Durante a manhã é por duas vezes realizado este processo, sendo usados feijões amarelos de soja provenientes do Canadá. Feito o leite é depois vazado para várias caixas rectangulares de alumínio de pequena capacidade e após refrigeradas em água corrente, são guardadas no frigorífico. Está assim confeccionado o leite de soja (tau cheong), que substitui o leite animal, sendo grande parte também guardado em enormes bilhas de alumínio para ser enviado às outras lojas. Na segunda vez e após o processo acima descrito, é retirado um pouco de leite onde se adiciona gipso (gesso), uma substância solidificadora conhecida em cantonense por sêk kou, que depois é misturado ao leite quente contido no grande recipiente de alumínio. O leite de soja rapidamente coalha e retirada a espuma que se forma por cima, é espalhado por caixas quadradas de madeira com baixas paredes e cobertas previamente com um pano fino. Preenchido o espaço pelo queijo de soja, envolve-se por um pano e por cima, a tapar a caixa coloca-se uma placa de madeira a pressionar para agregar toda aquela massa. Sobre essa tampa ainda se põe baldes cheios de água para prensar, ficando a repousar durante uma hora. Estão feitos os grandes tabuleiros de taufu, que são cortados em pequenos quadrados para serem depois servidos. Já para sobremesa, o taufu fa (豆腐 花, doufu hua=flôr) é feito com uma menor percentagem de gipso, dando-lhe um sabor mais macio. A seguir é transferido para pequenas malgas que vão para o frigorífico e antes de ser servido é-lhe adicionado um adoçante. A loja está aberta das 8 da manhã até às 20 horas e ao provar um copo de leite de soja somos tentados a experimentar o delicioso taufu e para sobremesa o taufu fa. Na parede deste pequeno estabelecimento, além de fotografias antigas a registar o casal no tempo inicial do negócio, está um retrato da visita do ex-presidente da República portuguesa Jorge Sampaio. O delicioso sabor do taufu da loja Ving Kei foi conquistado pela alquimia de quem soube retirar das dificuldades iniciais o segredo para a prosperidade com que hoje se apresenta a loja de sopa de fitas, mas tal como acontece com outros negócios, a nova geração parece já não estar predisposta a nele continuar a trabalhar.
Eleições | Chan Chak Mo lidera votos no sufrágio indirecto. Coutinho, Si Ka Lon e Ella Lei eleitos Andreia Sofia Silva - 13 Set 202113 Set 2021 Já são conhecidos os 12 deputados eleitos pelo sufrágio indirecto no âmbito das eleições para a Assembleia Legislativa. Chan Chak Mo, deputado e candidato pelo sector cultural e desportivo, foi o que mais votos recebeu, num total de 2.317 votos. Angela Leong, que deixou o sufrágio directo para concorrer, pela primeira vez, no sufrágio indirecto ao lado de Chan Chak Mo, recebeu 1158.5 votos. Ambos concorriam com a lista União Cultural e Desportiva do Sol Nascente. Ho Ion Sang, deputado ligado à União Geral das Associações de Moradores de Macau (Kaifong), recebeu um total de 1775, tendo sido eleito pelo sector dos serviços sociais e educacional, através da lista Associação de Promoção do Serviço Social e Educação. Recorde-se que também Ho Ion Sang deixou o sufrágio directo para se estrear neste sistema de eleição. Pelo sector profissional, com a lista União dos Interesses Profissionais de Macau, foram eleitos os deputados Chui Sai Cheong, com 624 votos; Vong Hin Fai, advogado, com 312 votos e Chan Iek Lap, médico, com 156 votos. Pelo sector industrial, comercial e financeiro foi eleito o actual presidente da Assembleia Legislativa, Kou Hoi In, com 969 votos; Chui Sai Peng, engenheiro civil, com 484.5 votos, Ip Sio Kai, com 242.25 votos e ainda Wang Sai Man, com 121.125. Estes candidatos integram a lista União dos Interesses Empresariais de Macau. Pelo sector do trabalho, com a lista Comissão Conjunta da Candidatura das Associações de Empregados, voltaram a ser eleitos os deputados e candidatos ligados à Federação das Associações dos Operários de Macau, Lei Chan U, com 537 votos, e Lam Lon Wai, com 1074 votos. Numa nota entretanto divulgada, a Comissão para os Assuntos Eleitorais para a Assembleia Legislativa considerou que as eleições decorreram “com sucesso e de forma ordenada, correspondendo às exigências de equidade, justiça e integridade”. Mis de 100 mil eleitores votaram nestas eleições, que tiveram a colaboração de mais de três mil funcionários públicos. A esta hora já estão contabilizados os votos de 29 assembleias de voto, sendo que Si Ka Lon, número um da lista Associação Cidadãos Unidos de Macau, ligada à província de Fujian, foi eleito 18.174 votos. Segue-se Ella Lei, número um da lista União para o Desenvolvimento, recebeu 16.623. José Pereira Coutinho, da lista Nova Esperança, já foi eleito com 13.523 votos. Zheng Anting também já tem o seu lugar na AL garantido, com 13.079 votos, bem como Leong Hong Sai, da lista União Promotora para o Progresso, com 11.210 votos.
Covid-19 | Residente de 32 anos regressa do Cambodja e tem recaída Andreia Sofia Silva - 12 Set 2021 As autoridades confirmaram na sexta-feira o diagnóstico de uma nova infecção por covid-19, tratando-se de uma recaída do exterior. Trata-se de um residente de 32 anos que entrou no território e testou positivo. O homem recebeu, a 4 de Março, uma dose da vacina Sinopharm, tendo sido confirmada a infecção por covid-19 a 20 de Agosto no Cambodja. Na última quinta-feira o homem fez um teste com resultado negativo, tendo viajado, de jacto privado, para Macau. À chegada, o teste deu positivo. O residente encontra-se a realizar quarentena pois “o anticorpo IgM é negativo e o anticorpo IgG é positivo”. Até ao momento o homem não apresenta sintomas e não foi classificado como caso importado.
Eleições | As reacções dos residentes que foram às urnas Andreia Sofia Silva e Nunu Wu - 12 Set 202113 Set 2021 O HM entrevistou esta tarde vários residentes que se deslocaram às urnas, sendo que muitos deles votaram pela primeira vez. Foi o caso da senhora Wong, com 50 anos, que foi incentivada a dar apoio aos “mais jovens que ousam falar”. “Por isso votei numa cara nova. Esta foi a primeira vez que votei, porque no passado vi muitas situações más e não tinha confiança. Desta vez quero que as novas gerações tenham boas condições [de vida] e por isso votei”, confessou. Sobre estas eleições, Wong disse achar que os residentes “não tivessem vontade de votar por causa de histórias passadas, porque podem achar que ir votar é um acto em vão ou que os deputados não fazem nada”. Lei, com 24 anos, votou nas eleições de 2017 e, desta vez, destacou a organização das assembleias de voto tendo em conta a pandemia. “Acho que há menos pessoas a votar por causa da desqualificação dos candidatos, pois estes eram do campo democrata. Acho que isso trouxe algum impacto às novas gerações.” Este eleitor disse ainda que muitos dos candidatos podem não conseguir cumprir as promessas feitas durante a campanha eleitoral. “Mas penso que a lista em que votei vai cumprir. Vi o que os deputados fizeram na Assembleia Legislativa e como votaram e isso influenciou a minha decisão.” Para o senhor Cheang, de 40 anos, votar é o cumprimento de um dever cívico. “Penso que a organização é melhor do que há quatro anos, pois é mais rápido votar. Não tenho medo da pandemia. Penso que votaram menos pessoas desta vez”, rematou.
Eleições | Dados provisórios mostram menor participação desde 1999 Hoje Macau - 12 Set 202113 Set 2021 Dados provisórios relativos às eleições legislativas que decorreram esta tarde revelam que a participação do eleitorado foi a menor desde a transição. Isto porque votaram apenas 42,38 por cento dos eleitores, num total de 137.281 pessoas. Relativamente ao sufrágio indirecto votaram sete mil pessoas, com uma taxa de afluência às urnas de 87,33 por cento. Nas últimas eleições legislativas, em 2017, votaram 174.868 mil pessoas, com uma taxa de participação de 57,2 por cento. Neste ano os números da ida às urnas bateu recorde desde 1999. No que diz respeito ao sufrágio indirecto, há quatro anos votaram 5.587 pessoas, 91,6 por cento do eleitorado. Esta tarde a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U votou na assembleia de voto do Colégio do Sagrado Coração de Jesus (Secção Chinesa) e disse à comunicação social que os últimos governos da RAEM têm mantido sempre uma boa cooperação e um diálogo com a Assembleia Legislativa. A secretária afirmou ainda que “um reforço da fiscalização pela AL será bem-vindo pelo Executivo”.