História | “De Portugal a Macau – A viagem do Pátria” com edição bilingue Andreia Sofia Silva - 26 Out 202126 Out 2021 “De Portugal a Macau – A viagem do Pátria”, livro do aviador Sarmento de Beires sobre a primeira viagem de avião entre Portugal e Macau, em 1924, é agora reeditado e traduzido para mandarim. Poeta e personalidade ligada ao grupo Seara Nova, crítico do regime da Ditadura Militar, Sarmento de Beires é hoje um herói da aviação caído em esquecimento Acaba de ser reeditado em Portugal “De Portugal a Macau – A viagem do Pátria”, livro da autoria do aviador José Manuel Sarmento de Beires sobre a primeira travessia aérea entre Portugal e Macau, em 1924, na companhia de Brito Paes e Manuel Gouveia. O projecto tem a chancela da Edições Afrontamento e do CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar “Cultura, Espaço e Memória”, da Universidade do Porto. As coordenadoras da obra juntaram esforços numa série de felizes acasos, uma vez que Rita Pina Brito já tinha as ilustrações e a tradução para mandarim da autoria de Yu Yong, enquanto que a académica Isabel Morujão tinha o projecto em mente. Ao HM, Rita Pina Brito explica “a longa viagem” para a reedição deste livro, iniciada em 2014 e 2015. “A Isabel [Morujão] tem uma ligação familiar a Sarmento de Beires, e queria traduzir o livro de português para inglês, que será agora o próximo passo, já estamos a trabalhar nisso. Mas depois alguém sugeriu a tradução para mandarim. E nós já tínhamos a tradução feita. O meu pai foi há muitos anos ao Oriente e foi ele que me disse que este livro tinha de ser traduzido para mandarim.” Esta não é uma mera reedição dos escritos de Sarmento de Beires, mas um livro de viagens com ilustrações. “Desde o início queríamos fazer um livro que não fosse tão sério. Sempre disse que eu levaria [para este projecto] as traduções e ilustrações, e a Isabel levou os textos académicos para dar contexto. Ela é uma estudiosa do Sarmento de Beires e faz uma análise do apoio que o país lhe deu e que o Estado acabou por não dar. Há, por exemplo, registos do apoio da imprensa.” Rita Pina Brito tem também ligações familiares com Sarmento de Beires, que chegou a enviar uma carta ao seu avô. “O primeiro contacto que tive [com a história de Sarmento Beires] foi através do meu pai. Já todos ouvimos falar do Gago Coutinho e Sacadura Cabral, que são heróis nacionais, mas o meu pai falou-me de Sarmento de Beires e Brito Paes. Há ainda um grande desconhecimento, quase ninguém conhece estes aviadores.” Realizado em 1924, a primeira viagem de avião Portugal-Macau aconteceu graças a uma intensa campanha de recolha de fundos num país prestes a abraçar uma Ditadura Militar, a que se seguiria o Estado Novo, a partir de 1933. São anos em que o Estado decide não apoiar financeiramente esta viagem, sendo ela feita com apoios da sociedade e de jornais da época, que muito publicitaram o feito de Sarmento de Beires e Brito Paes. Um crítico do regime Sarmento de Beires foi mais do que um aviador. Foi poeta e membro da revista Seara Nova, fundada em 1921, uma publicação que foi uma arma crítica contra a ditadura. “Esteve muito associado a esse grupo e chegou a pertencer ao corpo directivo da revista. Pretendia um Portugal com opinião, era um cidadão consciente e esclarecido das suas decisões e com capacidade de intervenção”, recordou Isabel Morujão. A primeira edição do livro de Sarmento de Beires foi publicada em 1925, seguindo-se a segunda edição em 1953 e a terceira em 1968, já uma edição de autor. Para Isabel Morujão, esta reedição, feita em pleno período do Estado Novo, prova que a viagem entre Portugal e Macau já tinha caído no esquecimento. “[Sarmento de Beires] teve a necessidade de corrigir algumas informações e dedicar o livro a Brito Paes. Esta dedicatória mostra, em 1968, que esta viagem estava apagada da memória dos portugueses pelo facto de Sarmento de Beires ter sido um opositor ao regime. Esteve exilado na década de 30, viveu no Brasil e França. Teve de viver das traduções que fazia e passou mal economicamente.” Aquando da terceira reedição, já Brito Paes havia falecido em 1934, e Manuel Gouveia, em 1966. Sarmento de Beires morreria no ano da Revolução dos Cravos 1974. A travessia aérea entre Portugal e Macau “foi uma tentativa de preparar uma volta ao mundo de avião”, recorda Isabel Morujão. “Gago Coutinho, sendo um homem do regime de Salazar, manteve sempre imparcialidade muito digna em relação a estes aviadores, tendo dito sempre que eles fizeram metade da volta ao mundo em quilómetros.” Nas primeiras décadas do século XX não se vivia apenas um intenso período político marcado pela instabilidade da primeira República. Porém, finda a I Guerra Mundial, em 1918, a aviação estava ao serviço da paz. “Nestes primeiros 30 anos da aviação mundial, a aviação tinha um desígnio de paz e isso vem muito referido na obra de Sarmento de Beires.” No Oriente, com a recente instauração da República e queda do poder imperial na China, em 1911, também se viviam tempos conturbados e de profunda mudança. “Esta viagem tem um contexto especial, de efervescência dos anos pós-República. Na China existia um certo turbilhão, e o local onde o avião aterra era um terreno incrustado numa zona que tinha sido recentemente conquistada pelo exército de Sun Yat-sen”, recorda Isabel Morujão. Rita Pina Brito não tem dúvidas. Sarmento de Beires foi, acima de tudo, “um homem corajoso”, cuja audácia não se mede apenas pela viagem que realizou. “Alguém que não se encaixa nos moldes que a sociedade dita naquele momento é uma pessoa corajosa. Como se incompatibilizou com o regime, foi esquecido”, rematou. Apesar do esquecimento, restaram em Portugal pedaços desta memória, tal como um monumento em Vila Nova de Milfontes, onde teve início a viagem, e a exibição de vários objectos testemunha da travessia no Museu do Ar.
Fronteiras | Casos na China podem levar a ajuste de medidas Pedro Arede - 26 Out 2021 Com o agravamento da pandemia no Interior da China, os Serviços de Saúde não afastam a possibilidade de introduzir novas medidas nas fronteiras. Medida que obriga infectados a esperar dois meses antes da entrada em Macau foi tomada para evitar o risco de recaída durante esse período. Estrangeiros vão continuar arredados Os Serviços de Saúde admitiram ontem ajustar as medidas de passagem fronteiriça com as regiões vizinhas, no seguimento do agravamento da situação epidémica no Interior da China. Para a coordenadora do núcleo de prevenção e doenças infecciosas e vigilância da doença, Leong Iek Hou, os locais de alto risco já estão identificados, obrigam à realização de quarentena para entrar em Macau e será feita monitorização contínua ao desenvolvimento da situação. “Estamos a acompanhar de perto a situação da China e não afastamos a possibilidade de ajustar as políticas fronteiriças. Os locais onde houve surtos já foram incluídos na nossa lista de alto risco”, explicou durante a conferência de imprensa sobre a covid-19. Questionada sobre a possibilidade de alargar o prazo do teste de ácido nucleico, de 48 horas para sete dias, como requisito para cruzar as fronteiras entre Macau e Zhuhai, Leong Iek Hou apontou que tem sido mantida uma comunicação estreita e “com uma atitude cautelosa” junto das autoridades de Zhuhai e que, para já, “não há novidades”. Caso se verifique um novo surto de covid-19 em Macau, os Serviços de Saúde admitiram também cancelar os eventos de grande envergadura que se avizinham, como o Grande Prémio de Macau e o Festival de Gastronomia. Sempre à cautela Leong Iek Hou explicou ainda as razões que levaram as autoridades a obrigar todas as pessoas diagnosticadas com covid-19, a esperar dois meses antes de embarcar em voos comerciais que tenham Macau como destino. Isto, quando, à chegada, estão ainda obrigadas a passar por uma quarentena de 14 dias ou 21 dias. Segundo a responsável, a medida serve, essencialmente, para precaver casos de recaída da doença. “Segundo a experiência de Macau, um paciente infectado com covid-19 leva dois meses ou mais até voltar a testar negativo. Durante este período podem surgir situações instáveis e de recaída. Assim, para evitar (…) este risco, determinámos esta regra (…), permitindo que as pessoas só possam regressar a Macau quando estiverem mais estáveis a nível de saúde”, justificou. Questionada sobre as razões que continuam a impedir a entrada de estrangeiros em Macau, apesar do reforço das medidas anti-epidémicas, Leong Iek Hou respondeu com o “impacto” que eventuais novos casos poderiam ter no sistema de saúde público e lembrou que existem mecanismos de avaliação que permitem a entrada dessas pessoas. “A razão é muito simples. Como a situação epidémica no Interior da China está sempre a mudar e está muito grave, se não aplicarmos esta medida [aos estrangeiros] pode aumentar o risco de termos mais casos confirmados em Macau, o que vai trazer mais impacto ao sistema de saúde público”, disse. A responsável admitiu ainda que, no futuro, poderá haver uma nova organização dos hotéis destinados a quarentenas, segundo “o risco de cada lugar” de proveniência.
Grande Prémio | Organizadores anunciam orçamento de 170 milhões João Santos Filipe - 26 Out 2021 O Grande Prémio de Macau deste ano vai custar menos 100 milhões de patacas em relação aos orçamentos antes da pandemia. A edição deste ano terá seis provas, mais uma que em 2020. As concessionárias do jogo vão ser as principais patrocinadoras do evento que marca o calendário asiático do desporto motorizado A 68ª edição do Grande Prémio de Macau, marcada para os dias 19 e 21 de Novembro, tem um orçamento que ronda os 170 milhões de patacas, ou seja, menos 100 milhões em relação à última edição pré-covid-19. A novidade orçamental foi revelada ontem, em conferência de imprensa, por Pun Weng Kun, coordenador da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau e presidente do Instituto do Desporto. A redução orçamental teve por base a contabilidade da edição do ano passado, que não contou com a participação de equipas estrangeiras. Apesar de inicialmente ter sido indicado um orçamento próximo de 270 milhões de patacas, as contas foram fechadas com gastos de 170 milhões de patacas. “Em comparação com o orçamento inicial da edição do ano passado, estamos a falar de um montante inferior. Mas, este ano tivemos como referência o orçamento final do ano passado”, explicou Pun Weng Kun, sobre a diferença de 100 milhões de patacas. Ao nível das receitas publicitárias foram ontem apresentados seis contratos de publicidade com as concessionárias do jogo, no valor de 28,5 milhões de patacas. Sociedade de Jogos de Macau, Sands China, Galaxy vão pagar 6,5 milhões de patacas cada para serem os patrocinadores das corridas de Fórmula 4, Macau GT Cup e Corrida da Guia, respectivamente. Melco, MGM e Wynn vão pagar 3 milhões de patacas cada como patrocinadores da Taça de Carros de Turismo de Macau, Taça GT Grande Baía e Taça Porsche Carrera, respectivamente. A principal diferença face ao programa do ano passado é a realização da Taça Porsche Carrera, que se junta à Fórmula 4, Macau GT Cup, Corrida da Guia, Taça de Carros de Turismo de Macau e Taça da Grande Baía. Sem estrangeiros Apesar da confirmação das seis corridas, a comissão que organiza o Grande Prémio não divulgou o programa das provas nem as listas de participantes. No entanto, segundo Pun Weng Kun a lista de pilotos irá exceder uma centena na competição do Circuito da Guia, sem a presença de estrangeiros. “Muitos pilotos estrangeiros mostraram interesse na prova e disponibilidade para fazer quarentena, mas achámos que este ano não seria adequado virem. Dissemos-lhes que em 2022 a situação pode estar melhor”, afirmou o presidente do ID. Sobre a extensão do programa de cinco para seis corridas, quando no ano passado houve provas a decorrer durante a noite, Pun Weng Kun sublinhou que mostra a capacidade de executar dos organizadores. “No ano passado, o programa foi de três dias com cinco corridas, este ano vão ser seis provas. O tempo vai ser mais apertado, mas mostra que a Comissão Organizadora e as subcomissões são muito profissionais”, atirou. “Fizemos uma estimativa quanto ao tempo e temos confiança nos trabalhadores e pilotos. Vamos acabar as seis corridas nos três dias”, sublinhou. Este ano o preço dos ingressos varia entre 50 patacas e 600 patacas, dependendo dos dias e das sessões da prova. Quem comprar dois ou mais bilhetes para a mesma bancada terá direito a desconto de 30 por cento. Desporto | Governo promete segurança em eventos Até ao final do ano, o Governo vai organizar três grandes eventos desportivos, o Grande Prémio de Macau, o torneio de basquetebol de três e a Maratona Internacional de Macau. As autoridades dizem que a segurança e as medidas de controlo pandémico vão ser rigorosamente seguidas. A promessa partiu do presidente do Instituto do Desporto (ID), Pun Weng Kun, em resposta a uma interpelação do deputado Leong Sun Iok. O responsável do ID acredita que os três eventos são importantes para promover o desenvolvimento do desporto e do turismo e podem ser realizados em segurança. Contudo, caso haja novos casos de covid-19, as autoridades também não afastam o adiamento ou cancelamento.
LAG | Operários querem certificar vigilantes de crianças Andreia Sofia Silva e Nunu Wu - 26 Out 2021 A presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau, Ho Sut Heng, reuniu com a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U e transmitiu a necessidade de criar um regime de certificação de trabalhadores com a função de vigiar crianças em escolas e instituições. Segundo o jornal Ou Mun, o encontro aconteceu a propósito da preparação do relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano e a FAOM defendeu a construção de mais lares de idosos e a melhoria dos apoios concedidos a atletas. Ho Sut Heng falou também da necessidade de diálogo com associações de cariz social sobre saúde pública, para que a população compreenda as medidas de prevenção da pandemia. A FAOM apelou também ao intercâmbio entre escolas locais e do Interior da China, tendo exigido também a divulgação do plano para as escolas da zona A dos novos aterros. No encontro com a secretária foi ainda pedido cooperação entre empresas e ensino técnico-profissional, para que os cursos correspondam às necessidades do mercado.
Pornografia infantil | Ella Lei pede medidas após aumento de casos Pedro Arede e Nunu Wu - 26 Out 2021 Face ao aumento dos casos de pornografia de menores em quase mais de dez vezes face ao ano passado, Ella Lei quer saber a estratégia do Governo para proteger a saúde física e mental dos mais novos e prevenir a ocorrência de abusos sexuais A deputada Ella Lei está preocupada com o aumento do número de casos de pornografia infantil relativamente ao ano passado, que surgiram a par do prolongamento das medidas de prevenção da pandemia de covid-19 e da maior dependência da utilização da internet. Nomeadamente, aponta a deputada, o cancelamento de várias actividades planeadas no decorrer do ano e, mais recentemente, o encerramento das escolas, levou a que muitos jovens passassem a estar dependentes apenas da internet e das redes sociais para comunicar, fazendo com que acabassem, muitas vezes, por ser atraídos para armadilhas online. “Ao longo do último ano, muitas actividades sociais foram afectadas pelas medidas de prevenção da pandemia e o encerramento das escolas. Como as crianças e os jovens passaram a depender fortemente da internet para continuar a comunicar, podem cair facilmente em armadilhas relacionadas com jogos online ou plataformas de encontros. Desta forma, acabam por ser enganados e levados, por exemplo, a enviar fotografias ou vídeos em que estão nus, em poses indecentes ou mesmo a praticar actos ilegais”, aponta a deputada em interpelação escrita. Para fundamentar a análise, Ella Lei baseou-se nos dados apresentados pelo Procurador Ip Son Sang durante a abertura do ano judiciário, onde foi revelado que foram processados 198 crimes de pornografia de menor, quase mais dez vezes face aos 19 registados no período homólogo do ano judiciário anterior. Ip Son Sang referiu que o aumento do número de casos “lança novamente um alerta para a sociedade”, reforçando também que “os menores com imaturidade a nível físico e mental” são facilmente aliciados, acabando por ser ofendidos pelos criminosos, devido à generalização do uso da internet. “O Ministério Público vai continuar a envidar esforços para combater (…) as actividades criminosas de abuso sexual de menores e manter as acções conjuntas com todos os sectores sociais, procurando apoiá-los no aumento do nível de consciência e capacidade de autoprotecção”, acrescentou o procurador sobre o assunto. Responsabilidade de todos Sublinhando que as estatísticas reflectem a necessidade de a comunidade levar o problema “a sério”, Ella Lei defende que este é um combate onde é fundamental promover a cooperação entre as famílias, as escolas e as autoridades de segurança. Além disso, dada a tendência crescente do número de casos de pornografia infantil, a deputada quer saber que estratégias têm sido adoptadas pela polícia e de que forma a ocorrência deste tipo de crimes pode ser prevenida. “De que forma irá a Polícia intensificar a consciencialização dos menores sobre a sua autoprotecção? Haverá medidas para reforçar a cooperação entre pais, escolas e associações, com o objectivo de evitar o aumento do número de crimes relacionados com “materiais pornográficos de menores”?, questiona Ella Lei.
AL | Au Kam San prendado com livros sobre Portugal Andreia Sofia Silva - 26 Out 2021 O ex-deputado Au Kam San recebeu de um assessor jurídico da Assembleia Legislativa (AL) dois livros com fotografias de paisagens de Portugal, lembrança que marca a sua saída do hemiciclo. A informação foi divulgada pelo próprio Au Kam San no Facebook. “Depois de deixar o meu lugar de deputado um assessor jurídico da AL enviou-me dois livros a agradecer o meu apoio e respeito pelo trabalho ao longo dos anos.” Au Kam San destacou a importância do trabalho dos assessores na clarificação das propostas de lei enviadas para o hemiciclo. “Quando os deputados recebem as propostas de lei, o texto jurídico parece sempre ser semelhante e é difícil encontrar problemas. Mas a equipa de assessores jurídicos consegue sempre tornar claros os problemas de cada proposta de lei, dando-nos conselhos muito úteis. Tudo isto demonstra o profissionalismo dos assessores e a sua contribuição para o trabalho legislativo da AL”, escreveu.
Hengqin | Mais de 500 projectos de Macau até Maio Pedro Arede - 26 Out 2021 Até Maio, a Ilha da Montanha (Hengqin) acolheu 537 projectos de Macau, estando outros 121 em processo de incubação. De acordo com um comunicado divulgado ontem pelo Gabinete de Comunicação Social, os projectos estão ligados às áreas das mensagens electrónicas, da indústria cultural e criativa, da indústria manufactureira avançada e da biomedicina. De acordo com o Governo, nos últimos anos têm sido implementados uma série de benefícios “para apoiar os jovens de Macau a desenvolver actividades em Hengqin”, como a atribuição de subsídios, o estabelecimento de plataformas, o incentivo a quadros qualificados e o aperfeiçoamento do ambiente para a criação de negócios. Perante o desenvolvimento da zona de cooperação entre Macau e Guangdong em Hengqin, o Executivo compromete-se ainda a aperfeiçoar as medidas de apoio ao empreendedorismo juvenil e ao estabelecimento de incubadoras de “alto nível” destinadas à inovação científica e tecnológica. “Com o desenvolvimento aprofundado da Zona de Cooperação (…) as limitações de espaço e de recursos serão superadas e poder-se-á proporcionar um palco mais vasto para os jovens de Macau desenvolverem as suas competências, ajudando-os a aproveitar as oportunidades de desenvolvimento na Grande Baía, em prol de uma integração mais aprofundada no desenvolvimento nacional”, pode ler-se na mesma nota.
Terras | William Kuan pede revisão da lei e prioridade a ex-concessionárias João Santos Filipe - 26 Out 2021 O empresário William Kuan considera que se as ex-concessionárias voltassem a ficar com as terras recuperadas pelo Governo haveria maior união entre população e governantes William Kuan, empresário e presidente da Associação de Gestão Estratégica das Terras, considera que a nova Assembleia Legislativa deve rever a Lei de Terras. A opinião foi publicada num artigo do Jornal do Cidadão, em resposta ao discurso de Sam Hou Fai, presidente do Tribunal de Última Instância, na abertura do ano judicial. De acordo com Sam Hou Fai, actualmente estão a decorrer nos tribunais 23 pedidos de indemnização, devido às declarações de caducidade de concessões de terras, que envolvem 27 terrenos e 83 mil milhões de patacas. William Kuan comentou os números e indicou que é difícil fazer previsões sobre os pedidos de indemnização que ainda vão entrar nos tribunais. Contudo, o empresário acredita que o número de processos vai continuar a aumentar nos próximos tempos. Nesse contexto, Kuan voltou a defender que o Governo deve propor alterações à Lei de Terras, para renovar as concessões das empresas afectadas. Segundo Kuan, “houve muitos factores que fizeram com que os terrenos não fossem aproveitados [nos prazos de concessão]”, mas atirou as responsabilidades para a “à lentidão governativa na aprovação [das licenças]”. O presidente da Associação de Gestão Estratégica das Terras sugere assim que se aproveite a nova Legislatura para fazer as alterações necessárias. “Como grupo de concessionários que viram os terrenos retirados, esperamos que o Governo decida avançar tão brevemente quanto possível com as alterações à lei e que responda às exigências da população”, escreveu. Prioridade às ex-concessionárias William Kuan considerou igualmente que a reforma do regime legal que regula as terras é uma oportunidade para corrigir as lacunas e as deficiências do diploma aprovado em 2013. No entanto, caso o Governo não altere a lei, o empresário propõe um sistema alternativo em que as ex-concessionárias teriam direito de preferência sobre futuros terrenos atribuídos através de leilões públicos. Para Kuan, essa seria uma forma de “resolver o nó górdio”, que se prolonga há dez anos. William Kuan justifica a sua posição também com o período complicado que a RAEM atravessa, devido à pandemia, afirmando que a revisão da lei traria maior união entre população e Governo.
Covid-19 | China começa a vacinar crianças dos 3 aos 11 anos Hoje Macau - 25 Out 2021 Crianças dos 3 aos 11 anos vão começar a receber vacinas contra a covid-19 na China, onde 76% da população foi já totalmente vacinada e as autoridades mantêm uma política de tolerância zero em relação ao coronavírus. Os governos locais, de nível municipal e provincial, em pelo menos cinco províncias, anunciaram recentemente que crianças dos 3 aos 11 anos vão ser chamadas para receber as vacinas. A expansão da campanha de vacinação ocorre numa altura em que várias regiões da China voltam a adotar medidas de prevenção, para tentar extinguir pequenos surtos. Gansu, uma província no noroeste cuja economia depende fortemente do turismo, encerrou todos os locais turísticos, após diagnosticar quatro novos casos de covid-19. Outros 19 casos foram detetados na região autónoma da Mongólia Interior. Residentes em algumas áreas foram obrigados a ficar em casa. No total, a Comissão de Saúde do país asiático informou hoje ter diagnosticado 35 novos casos de transmissão local nas últimas 24 horas. A China mantém uma política de tolerância zero em relação à pandemia, caracterizada por bloqueios, quarentenas e testes obrigatórios para o vírus. O país vacinou já 1,07 mil milhões de pessoas, entre uma população de 1,4 mil milhões. O governo está particularmente preocupado com a disseminação da variante delta, mais contagiosa, e quer ter um público amplamente vacinado antes das Olimpíadas de Pequim, em fevereiro. Os espectadores estrangeiros já estão proibidos e os participantes terão que permanecer numa ‘bolha’ que os separa das pessoas de fora. As províncias de Hubei, Fujian e Hainan emitiram avisos de nível provincial sobre novos requisitos de vacinação, enquanto cidades na província de Zhejiang e na província de Hunan também emitiram anúncios semelhantes. Em junho, a China aprovou duas vacinas – Sinopharm do Instituto de Produtos Biológicos de Pequim e Sinovac – para crianças com idades entre os 3 e 17 anos. Em agosto, os reguladores aprovaram outra vacina da Sinopharm, desenvolvida pelo Instituto de Produtos Biológicos de Wuhan. O Camboja usa já injeções da Sinovac e Sinopharm para crianças entre 6 e 11 anos. Os reguladores no Chile aprovaram a Sinovac para crianças a partir dos 6 anos. Na Argentina, os reguladores aprovaram a vacina da Sinopharm para crianças a partir dos 3 anos.
Lucro do HSBC mais que triplica até setembro para mais de 10 milhões de dólares Hoje Macau - 25 Out 2021 O banco HSBC revelou hoje que o lucro mais que triplicou até setembro, para 10.819 milhões de dólares e anunciou a recompra de 2.000 milhões de dólares de ações próprias. Apesar de o lucro ter crescido 223% até setembro, para 10.819 milhões de dólares, as receitas do grupo financeiro caíram 2,9% para 37.563 milhões de dólares, salientou o banco num comunicado enviado à bolsa de Hong Kong. O banco atribuiu a queda das receitas à redução nas taxas de juros e à quebra das receitas nos negócios de mercado e valores, se bem que destaca que conseguiu contrabalançar com os negócios noutros setores, nomeadamente nos seguros de vida. O presidente executivo do HSBC, Noel Quinn, afirmou, entretanto, que a estratégia da empresa “continua no caminho certo”. Numa videoconferência com analistas, Quinn realçou que o banco “está satisfeito” com os “bons resultados” em todas as regiões em que opera, adiantando que a recompra de ações, no valor de 2.000 milhões de dólares, começará “em breve”. “Embora sejamos cautelosos devido à envolvente de risco externo, acreditamos que o mínimo (referindo-se ao lucro) dos últimos trimestres terá ficado para trás”, disse o gestor, numa alusão ao impacto que a pandemia teve nos negócios. Estes resultados do banco marcam uma “forte melhoria” face à sua situação no ano passado, quando o lucro caiu devido à desaceleração do comércio mundial e ao impacto dos bloqueios para responder à pandemia da covid-19, lê-se no comunicado. Em termos de solvabilidade, o rácio Tier 1 – que corresponde aos fundos próprios de base, isto é, ao capital social e às reservas acumuladas (soma dos lucros não distribuídos), situou-se em 15,9%, mais 0,3 pontos percentuais que em junho, devido à redução dos ativos ponderados pelo risco. Entretanto, no terceiro trimestre, o lucro do HSBC aumentou 160,7% na comparação com igual período do ano passado, enquanto as receitas subiram 0,7% em termos homólogos. Quanto aos dividendos, o banco já antecipou que não os pagará de forma trimestral durante este ano e vai decidir se voltará a fazê-lo antes de apresentar os resultados deste ano fiscal, em fevereiro do próximo ano.
Xi Jinping defende “coexistência pacifica” no aniversário da adesão à ONU Hoje Macau - 25 Out 2021 O Presidente chinês insistiu hoje na “coexistência pacífica” e defendeu que “ninguém deve ditar a ordem internacional”, numa crítica velada aos Estados Unidos, no discurso que assinalou o 50º aniversário desde que o país aderiu à ONU. “As regras internacionais devem ser desenvolvidas em conjunto pelos 193 membros da ONU. Nenhum poder ou bloco deve ditar a ordem internacional”, apontou Xi Jinping, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua. O líder chinês acrescentou que o que o mundo precisa é de “mais cooperação regional e mecanismos multilaterais mais eficazes” para enfrentar os “desafios existentes”, entre os quais citou o terrorismo, as alterações climáticas e a cibersegurança. Ele também afirmou que a “China vai continuar comprometida com a paz” e que “respeitará a autoridade” das Nações Unidas. Xi pediu que “diferentes sistemas políticos” possam coexistir “pacificamente”, um dos mantras mais repetidos por políticos do país asiático, quando se referem às disputas com os Estados Unidos. Em 25 de outubro de 1971, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a resolução 2.758 – com 76 votos a favor, 35 contra e 17 abstenções, além de 3 ausências – para reconhecer a República Popular da China como “o único representante legítimo da China nas Nações Unidas”. Desta forma, foram expulsos os nacionalistas do Kuomintang (KMT), que se estabeleceram em Taiwan, em 1949, após perderem a guerra civil contra os comunistas. Taiwan passou então a ter a designação oficial de República da China. Na década de 1990 o território realizou a transição para a democracia. A China insiste em “reunificar” a República Popular com a ilha e não descartou o uso da força para esse efeito. Taiwan, desde então, ficou de fora da ONU e de outras organizações sob pressão da China, com poucas exceções, como a Organização Mundial da Saúde, da qual participou como observador sob o nome de Taipé Chinês. No domingo, o Departamento de Estado dos EUA disse em comunicado que os seus representantes mantiveram conversas com o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan para “expandir a participação de Taiwan” nas Nações Unidas e em outros fóruns internacionais. O ex-embaixador chinês nos Estados Unidos Cui Tankai disse hoje que Pequim “nunca permitirá” que Taiwan participe da ONU e que “isso simplesmente vai contra a tendência da História”. Taiwan é uma das principais fontes de conflito entre Washington e Pequim, visto que os EUA são o principal fornecedor de armas da ilha e seriam o seu maior aliado militar em caso de uma guerra com a China.
Autorizado curso de Língua, Literatura e Cultura Chinesa na Universidade de Cabo Verde Hoje Macau - 25 Out 2021 A Agência Reguladora do Ensino Superior (ARES) cabo-verdiano autorizou a Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) a ministrar a primeira licenciatura em Língua, Literatura e Cultura Chinesa, conforme despacho publicado hoje. No despacho, com data de 21 de outubro, a ARES “reconhece estarem reunidas as condições para o registo e funcionamento” do ciclo de estudos, de cinco anos (6.620 horas), da licenciatura em Línguas, Literaturas e Culturas – Estudos Chineses. O curso funcionará “a partir do ano académico 2021/2022”, já iniciado, e será ministrado na Faculdade de Ciências Sociais, Humanas e Artes (FCSHA), na cidade da Praia, já no novo campus da Uni-CV, precisamente construído e financiado em 5.600 milhões de escudos (50,7 milhões de euros) pela China, que o entregou ao Governo cabo-verdiano em julho passado. Naquela cerimónia, realizada em 23 de julho, o embaixador da China na Praia, Du Xiaocong, referiu que este novo campus, construído ao longo de quatro anos, é o “maior projeto” financiado por Pequim em Cabo Verde, com capacidade para mais de 5.000 alunos e professores. O diplomata anunciou que o campus da universidade estatal cabo-verdiana vai receber também o Instituto Confúcio – que já está instalado em Cabo Verde desde 2015 e que promove a extensão universitária, através da língua e da cultura da China – e “albergar” desta forma um curso de língua chinesa. Du Xiaocong afirmou na altura tratar-se de “um grande progresso no ensino da língua chinesa em Cabo Verde”. Recordou que Cabo Verde e a China assinalam em 2021 os 45 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países (25 de abril de 1976) e elogiou a “política de amizade com a China” do atual Governo, liderado por Ulisses Correia e Silva, garantindo que Pequim “não poupou esforços” em projetos para melhorar a vida do arquipélago. Segundo informação do Governo cabo-verdiano, o novo campus ocupa uma área de 28.000 metros quadrados na zona do Palmarejo Grande, arredores da capital, com um total de 18 edifícios e 61 salas de aula, 16 laboratórios informáticos, 34 laboratórios e biblioteca com oito salas de estudo, para receber 4.890 estudantes e 476 docentes. Uma obra que está “à altura da ambição” cabo-verdiana para o ensino superior no arquipélago, destacou Ulisses Correia e Silva durante a cerimónia de entrega da obra, sublinhando que representa ainda o “ponto alto” nas relações entre Cabo Verde e a China, pelo volume do investimento e “qualidade da obra”, mas também pelo impacto que representará para o futuro da educação no país, em todo os níveis de escolaridade e gerações. O novo campus da universidade pública cabo-verdiana, cuja primeira pedra da obra foi lançada oficialmente em 20 de junho de 2017, conta ainda com uma residência de estudantes com 142 quartos e cinco auditórios com capacidade para 150 lugares. Integra igualmente um salão multiusos com 654 lugares, edifícios de administração, edifícios pedagógicos, centro de serviços, incluindo refeitórios, e campos desportivos. A obra vai ainda transformar a área envolvente numa zona de expansão onde se situa ainda a Universidade Jean Piaget, a Escola de Hotelaria e Turismo, o Centro de Energias Renováveis e Manutenção Energética, estando previstas outras infra-estruturas. Com 14 anos de existência, a Universidade de Cabo Verde tem três polos de ensino, nomeadamente na Praia e em Assomada, todos na ilha de Santiago, e um na ilha de São Vicente, com mais de 4.000 estudantes, em cursos profissionalizantes, licenciaturas, especializações, mestrados e doutoramentos.
China quer limitar o uso de combustíveis fósseis a menos de 20% até 2060 Hoje Macau - 25 Out 2021 A China quer limitar o uso de combustíveis fósseis a menos de 20% até 2060, de acordo com o plano publicado este domingo e que estabelece os objetivos para atingir a neutralidade carbónica no país. O documento faz parte do objetivo expresso pelo Presidente chinês, Xi Jinping, de começar a reduzir as emissões poluentes até 2030, prevendo alcançar a neutralidade carbónica 30 anos depois. Os combustíveis não fósseis deverão representar cerca de 25% do consumo total de energia na China até 2030, de acordo com as metas agora divulgadas, uma semana antes do início da conferência internacional do clima (COP26), que vai decorrer em Glasgow, Reino Unido, de 31 de outubro a 12 de novembro. O Reino Unido é o anfitrião e preside, em parceria com a Itália, à 26.ª Conferência das Partes (COP) das Nações Unidas, que vai procurar por em prática as compromissos do Acordo de Paris, alcançado em 2015, de limitar o aquecimento global abaixo dos dois graus centígrados, de preferência a 1,5 graus centígrados. Em abril, o Presidente Xi Jinping referiu que o país controlaria os seus projetos de centrais termoelétricas, reduzindo gradualmente o seu consumo de carvão, uma fonte de energia particularmente poluente e que é responsável por cerca de 60% da produção de eletricidade. O Chefe de Estado chinês também garantiu, na Assembleia-Geral da ONU, em setembro, que o país iria cessar a construção de centrais de carvão no exterior. Porém, face à escassez de eletricidade que penaliza a recuperação, devido aos altos preços do carvão, do qual o país depende ainda maioritariamente para abastecer as suas centrais, a China caminha para aumentar sua produção de carvão em 6%. No início desta semana, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC) adiantou que 153 minas foram autorizadas desde o mês passado para aumentar sua capacidade de produção em 220 milhões de toneladas por ano.
Explosão em universidade na China faz dois mortos Hoje Macau - 25 Out 2021 Duas pessoas morreram e pelo menos outras nove ficaram feridas na sequência de uma explosão num laboratório da Universidade de Aeronáutica e Astronáutica de Nanjing, no leste da China, anunciou hoje a imprensa estatal. O incidente ocorreu na tarde de domingo. Os funcionários estão a investigar a causa da explosão, ocorrida na Escola de Ciência e Tecnologia de Materiais da universidade, informou a emissora estatal CCTV. Nanjing é um importante centro de ensino superior, que atrai também estudantes estrangeiros. As identidades das vítimas não foram divulgadas. Segundo o portal oficial da universidade, mais de mil alunos estrangeiros frequentam cursos nas faculdades de engenharia, negócios e língua chinesa. Não é claro quantos permaneceram depois de a China ter imposto restrições nas entradas no país, como medida preventiva contra a covid-19. A China quer ser um ator importante na aviação global e na indústria aeroespacial, mas os seus esforços para produzir jatos comerciais ainda não tiveram um impacto significativo.
Afeganistão | MNE chinês viaja para o Qatar para se reunir com talibãs Hoje Macau - 25 Out 2021 O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, vai reunir-se com representantes dos talibãs, no Qatar, até terça-feira, informou hoje a televisão estatal CGTN, numa altura em que os fundamentalistas afegãos procuram reconhecimento internacional. No final de setembro, os principais membros do governo interino dos talibãs reuniram-se com enviados especiais da Rússia, China e Paquistão, na primeira reunião deste tipo, desde que o grupo anunciou cargos executivos importantes, em 7 de setembro, após assumir o controlo de Cabul em meados de agosto. Pequim mantém a sua embaixada no Afeganistão operacional, enquanto espera que os talibãs formem um governo “islâmico, mas aberto e inclusivo”, segundo porta-vozes do Governo chinês, sugerindo que a China vai avaliar o comportamento dos fundamentalistas antes de reconhecer o seu governo. Wang Yi garantiu anteriormente que trabalharia com os países da região “para ajudar o Afeganistão a reconstruir a sua economia e sociedade”, bem como para combater grupos terroristas e o comércio ilegal de drogas. No final de julho, o ministro chinês já tinha recebido uma delegação dos talibãs na cidade de Tianjin, no nordeste da China. Wang disse, na altura, que os talibãs são uma “força militar e política crucial” no Afeganistão, e expressou esperança de que desempenhem um “papel importante no processo de paz”. A China também anunciou a doação de 31 milhões de dólares em cereais e vacinas contra a covid-19 para o país. Pequim aproveitou também a situação para atacar a política externa de Washington, embora também procure proteger os seus projetos de investimento na Ásia Central e prevenir a propagação do terrorismo na região. A prioridade da China é evitar ser afetada pelas hostilidades no Afeganistão, país com o qual compartilha cerca de 60 quilómetros de fronteira, na região noroeste de Xinjiang, uma área habitada sobretudo por membros da etnia de origem muçulmana uigur onde ocorreram vários ataques nas últimas décadas. Pequim quer também eliminar qualquer ameaça ao Corredor Económico China -Paquistão (CPEC), uma rota comercial que ligará a cidade de Kasghar, em Xinjiang, ao porto paquistanês de Gwadar.
Maratona de Pequim adiada indefinidamente após China detectar novos surtos de covid-19 Hoje Macau - 25 Out 2021 A maratona de Pequim, originalmente marcada para o próximo domingo, foi adiada, indefinidamente, para evitar qualquer risco de transmissão pela covid-19, cem dias antes da capital chinesa receber as Olimpíadas, anunciou hoje a organização. A China registou hoje 39 novos casos de covid-19, testando a sua política de “tolerância zero” em relação ao coronavírus. A Maratona de Pequim foi adiada “para evitar o risco de transmissão epidémica [e] para proteger efetivamente a saúde e a segurança dos corredores, funcionários e residentes”, disseram os organizadores, em comunicado. Cerca de 30.000 corredores deveriam participar do evento. A maratona de Wuhan, que iria contar com 26 mil participantes, e originalmente marcada para o último domingo, também foi cancelada pelos mesmos motivos. Pequim vai marcar os 100 dias que antecedem as Olimpíadas de Inverno na quarta-feira. Os organizadores admitiram no início deste mês que “enfrentam grande pressão” devido à covid-19. As autoridades estão a trabalhar para conter o contágio, através de medidas de confinamento localizadas e testes em massa entre os residentes das zonas afetadas. As autoridades anunciaram a suspensão de viagens organizadas nas cinco regiões onde foram detetados casos, incluindo Pequim. Algumas cidades também suspenderam os serviços de autocarro e táxi.
Equipa de filme de Baldwin queixou-se de falta de segurança antes de acidente Hoje Macau - 25 Out 2021 Sete pessoas que trabalhavam num filme protagonizado por Alec Baldwin, que matou acidentalmente uma pessoa durante a rodagem, demitiram-se antes deste incidente invocando, entre outras, questões de segurança, noticiou a agência de notícias Associated Press. Também os jornais norte-americanos Los Angeles Times e The New York Times noticiaram, citando membros da equipa do filme não identificados, que dias antes do incidente fatal, Baldwin já tinha feito dois disparos com balas reais, acidentalmente, por ter usado uma arma que lhe tinham dito que não estava carregada com munições. Protestos e conflitos surgiram no seio da equipa do filme “Rust”, um ‘western’ protagonizado e coproduzido pelo actor Alec Baldwin, quase desde o início das filmagens, no começo deste mês, em Santa Fé, no Novo México, EUA, revelou a AP no sábado, citando uma das sete pessoas que se demitiu. A última pessoa a demitir-se, segundo o relato da agência de notícias, foi um operador de câmara, em protesto contra as condições de trabalho, incluindo as de segurança, horas antes de Alex Baldwin ter matado, na quinta-feira passada, a directora de fotografia do filme, Halyna Hutchins, e de ter ferido o realizador, Joel Souza, por ter disparado uma arma carregada com balas reais, ao contrário da indicação que lhe tinham dado, segundo os relatos conhecidos até agora. Fontes citadas pela AP revelaram que os protestos na equipa que trabalha no filme iam desde condições de alojamento até aos procedimentos de segurança. Gatilho frio Segundo a agência de notícias, são usadas por vezes armas reais nos filmes, que podem estar carregas com balas ou cartuchos de pólvora com o objectivo de produzirem um efeito mais real, existindo protocolos de segurança para a sua utilização. Uma das pessoas que se demitiu afirmou à AP que nunca recebeu ou assistiu à transmissão de orientações sobre a utilização das armas nas filmagens, como normalmente acontece. Na quinta-feira, segundo os registos da investigação a que a AP teve acesso, no momento em que equipa de filmagem se preparava para ensaiar uma cena, o assistente de realização Dave Halls foi buscar uma arma de adereço que entregou a Alec Baldwin gritando a expressão ‘cold gun’, o que significa que era seguro usar a arma, por não estar carregada com munições verdadeiras. Quando Baldwin premiu o gatilho atingiu fatalmente a directora de fotografia e feriu o realizador. A arma disparada era uma de três colocadas num carrinho de adereços, de onde foi retirada por Halls, que a entregou a Baldwin sem saber que estava carregada com cartuchos verdadeiros, segundo os registos da investigação. Não há ainda certezas sobre quantos cartuchos foram disparados e um invólucro foi retirado da arma depois do acidente pela responsável pelo armeiro no local de rodagem, Hannah Gutierrez. A arma foi entregue à polícia quando chegou ao local. A agência de notícias AFP escreveu hoje que a investigação está centrada no papel de Hannah Gutierrez, a quem coube preparar as armas para serem usadas no filme, e em Dave Halls. Não foi feita qualquer detenção ou acusação, disse um porta-voz policial citado pela AFP.
Forma urbana (II) – Dos ventos e das brisas urbanas Hoje Macau - 25 Out 2021 Por Mário Duarte Duque Enquanto os ventos constituem o transporte de ar de uma circulação mais geral e são geralmente constantes ou predominantes numa região. As brisas geram-se localmente a partir de características locais. A forma urbana permite tanto defendermo-nos dos ventos gerais, como deles tirar partido, mas também permite gerar localmente correntes de ar desejáveis, a que se chamam brisas. Nas cidades não velejamos e muitas vezes sequer gostamos do vento. Mas precisamos e gostamos das brisas. As brisas urbanas geram-se localmente por convecção do ar no espaço urbano. Têm como motor a capacidade da terra e dos seres vivos de transformarem autonomamente a luz do sol em energia. Para tanto as cidades dependem da orientação solar, do tipo de cobertura da superfície, da distribuição da massa construída, dos materiais e das cores, e muito da presença de corpos de água. Do criterioso posicionamento de todos estes elementos obtemos as brisas urbanas que precisamos para a higiene e o conforto das cidades. Em verdade, todos sabemos que, se tivermos em casa janelas para fachadas opostas, em que uma fachada é soalheira e outra é umbria, temos correntes de ar. E que essa corrente até pode ser forte ao ponto de as cortinas voarem e as portas baterem. Como sabemos que quando estamos numa frente de água, o ar desloca-se entre a água e a terra em sentidos diferentes, a diferentes horas do dia. O fenómeno não é mais que o resultado da distribuição das temperaturas no espaço próximo. É conhecido que as cidades são mais quentes que as periferias não edificadas. A razão é que os materiais que predominam nas cidades são mais eficazes na conversão da luz do sol em calor. Disso resulta que, no efeito de “ilha de calor” que se atribui às cidades, reside um motor com capacidade de ventilar e renovar o ar, bastando que a forma urbana esteja para isso vocacionada. É também conhecido que diferentes materiais precisam de quantidades diferentes de energia para alterar a sua temperatura. De entre esses materiais a água e os cobertos vegetais são os que precisam de mais energia e que mais dificilmente alteram a sua temperatura. Enquanto o asfalto, o betão e os metais precisam de pouca energia e, mais facilmente alteram a sua temperatura. Quer isso dizer que é exactamente o pico do calor atmosférico o momento de formação de maiores diferenciais térmicos e de brisas urbanas, contando que exista água ou verde por perto, e a forma urbana esteja para isso adaptada. É numa situação extrema de calor atmosférico, onde reside maior capacidade de a cidade ventilar e de o ar arrefecer, por via da própria energia em presença. São exactamente esses os tipos de mecanismos que importam identificar e facilitar para devolver equilíbrio, sempre que os indicadores ambientais se desenvolvem em sentido que colocam em causa os sistemas de suporte à vida. E falamos apenas de brisas, as quais sequer têm a mesma capacidade de mover ar como os ventos gerais de circulação, mas que são a única possibilidade de mover ar em determinadas zonas do mundo, em determinadas alturas do ano. A chamada zona de convergência intertropical é a zona do globo onde os ventos circulação geral de norte e sul se encontram e se anulam mutuamente. Essa faixa equatorial também se aproxima e se afasta de cada trópico por ocasião do solstício do respectivo hemisfério. Ao efeito que disso resulta chama-se “marasmo”. Remete aos tempos da navegação exclusivamente feita à vela, e representa as situações em que os navios ficavam estacionados no mar porque o ar simplesmente não mexe. Nas cidades das zonas do mundo afectadas por esse fenómeno, onde Macau se inscreve, as bisas urbanas, geradas localmente, são a única possibilidade de movimentar ar. Mas brisas geram-se também por forças de arrasto que actuam lateralmente e em sentido oposto a um corpo em movimento. Em verdade, todos sabemos que os chapéus se soltam em sentido oposto à passagem de um comboio no cais de uma estação e quando tomamos banho de duche, as cortinas são sugadas logo que ligamos o chuveiro, seja a água quente ou fria. São as mesmas brisas que se levantam em sentido oposto à queda de água numa cascata. São as mesmas brisas que, quando chove, levantam o ar poluído das cidades, para que possa ser levado pelos ventos altos de circulação. São as mesmas brisas que permitem a ventilação dos lotes e dos prédios, se colocarmos em comunicação criteriosa as arcadas, as artérias e os pátios dos edifícios. E era disso de que dependia a higiene e a salubridade das colmeias habitacionais das grandes cidades que resultaram da revolução industrial, organizadas em galerias e pátios sucessivos nos interiores de grandes lotes. Nas cidades que são atormentadas, tanto por calor, como por chuva, aí reside exactamente grande capacidade para essas cidades poderem ventilar e arrefecer, contando que se tire partido da morfologia natural e se aperfeiçoe essa morfologia na forma urbana. Demonstração disso é o que se constata em cidades diferentes e se percepciona a respeito do seu clima urbano. Das cidades antigas que disso são bom exemplo, pode não ser claro se o que presidiu foi resultado de conhecimento empírico, intuição ou mero aproveitamento morfologia geográfica inicialmente identificada. Mas sabe-se hoje o que contribui para o aperfeiçoamento e para a degradação do clima das cidades, como também se pode representar e ensaiar isso em modelos numéricos. A mudança de paradigma é que as cidades modificam o clima local, mas não têm necessariamente que o degradar, antes pelo contrário, contando que a modificação seja informada e avisada. Outra mudança de paradigma é que as cidades não mais dependem de uma morfologia geográfica natural. Presentemente os recursos da técnica permitem que a forma urbana possa representar e equivaler em magnitude qualquer morfologia geográfica natural. E sempre se dirá que a infra-estrutura mais primordial de uma cidade é a sua forma urbana.
A Fábrica de Vinho Chinês Tai Cheong José Simões Morais - 25 Out 2021 Quando em 2010 pretendemos escrever sobre a loja de vinho chinês Tai Cheong, situada ao fundo da Estrada do Repouso, pouca informação obtivemos do funcionário que aí trabalhava e apesar de por três vezes a visitarmos, nem o nome lhe conseguimos saber e tão pouco quem era o patrão. Ao centro do acanhado compartimento da loja encontrávamos sempre uma mesa com pessoas idosas a jogar majong e na parede do fundo, um conjunto de antiguidades colocadas entre o altar a Kuan Tai e por cima, a tabuleta com o nome do estabelecimento. Já numa das laterais paredes, prateleiras cheias de garrafas, entre elas de cerveja Tsingtao cujo rótulo referia ser vinho de arroz glutinoso de original fermentação, tendo os caracteres em baixo a dizer “Tai Cheong antiga fábrica de vinho”. A última prateleira fazia de balcão e escondia enormes potes antigos gravados com dragões a armazenar o vinho, acessíveis por buracos no tampo de madeira fechados por rolhas. Aberta ao passeio, daí fomos assistindo em silêncio ao ritual da venda quando os clientes entravam na loja para comprar vinho e o funcionário abria a caixa de metal que guardava as várias medidas e só depois o vendia já engarrafado ou, mediante o pedido, escolhia uma das quatro conchas de alumínio nela existente com diferentes capacidades e mergulhando-a num dos potes, vertia o líquido com a ajuda de um funil para o vasilhame trazido pelo cliente. Finda a transacção, voltava a fechar a tampa da caixa e recebia o dinheiro. Duzentas patacas era o imposto que a loja pagava por ano para vender vinho, como aparecia num papel exposto na parede. Para facilitar um início de conversa compramos uma garrafa, perguntando se o vinho era feito em Macau e a resposta foi ser produzido em Panyu, província de Guangdong. Aproveitando então o degelo na comunicação, questionamos sobre a pequena fotografia exposta na parede a mostrar um jovem a andar de bicicleta, referindo o funcionário com um ligeiro orgulho ser ele o protagonista, já lá iam mais de 50 anos. Em superficiais pesquisas, percebemos ser esta a última das lojas de vinho de arroz que em Macau permanecia aberta, após o encerramento em 2010 da Cheóng Ón na Rua de S. Paulo. Em 1950, Macau só em lojas de venda a retalho de vinho de arroz tinha 118 e fábricas havia 44. Com a lista de 1981, que registava 27 fábricas, deambulamos pela cidade na esperança de ainda existir alguma. Sem nada encontrar, voltamos à loja Tai Cheong para tentar conseguir mais informações. Em 2021 regressamos à loja, mas fechara em 2019, sendo-nos revelado ter sido esta fábrica de vinho chinês uma das mais importantes de Macau. Com vontade de conhecer a sua História soubemos poder encontrar na cidade um dos filhos do fundador, dono da loja de chá Va Lun, na Rua 5 de Outubro. Assim, durante uma manhã aí escutamos do Sr. Chang Chi Fai, amável e interessante personagem, as informações que até então nos falhavam sobre a fábrica Tai Cheong. História da fábrica O seu pai, Chang Hin Meng era natural de Jiujiang, Nanhai província de Guangdong, e quando em 1939 esta província foi invadida pelos japoneses fugiu com a família para Hong Kong. Enquanto aí vivia, abriu em Macau uma fábrica de palitos, Dai Wa e outra de châu peng (fermento para fazer vinho de arroz), criando assim empregos aos seus conterrâneos. Em 1941 veio para Macau e nessa década de 40 fundou a Fábrica de Vinho de Arroz “Tai Cheong”, na Estrada do Repouso n.º 129, onde se situava a loja e atrás desta encontrava-se a fábrica a ocupar a área traseira de sete espaços comerciais, tendo no outro lado da rua mais três lojas para armazenar o arroz. A tomar conta da fábrica ficou o irmão Chang Chan Wa, que era o segundo filho. O vinho na altura era produzido num recipiente de estanho com capacidade de 15 kg onde o arroz cozia durante uma hora, sendo depois submetido à fermentação. Na primeira cozedura a vapor fazia-se o vinho para cozinhar de pouco teor alcoólico e só após uma segunda cozedura este atingia os 31,5º. Com essa dupla destilação (seóng chêng) o vinho transparente era colocado em garrafas de meio litro pois os habitantes de Guangdong gostavam de o beber a acompanhar as refeições. No entanto, o estanho dos recipientes deixava resíduos de chumbo levando o governo de Singapura a proibir a importação do vinho de arroz de Macau. Em 1954, Chang Chi Fai após complementar o curso secundário com 18 anos foi trabalhar para a fábrica. Como a produção continuava a usar o antigo método decidiu desenhar e fazer de aço inoxidável a panela alambique para substituir a de estanho, aumentando-lhe a capacidade a fim de poder cozer 45 kg de arroz. Sendo preciso grande quantidade de água abriu-se um poço e para a conseguir fria foi-se buscar mais fundo pois necessária para cortar rapidamente o levedar com o novo bolo de vinho, que desenvolveu através do arroz glutinoso importado da Tailândia. Este era triturado até ficar em pó, depois colocado em água e após seco dividido em bolinhas. Tai Cheong era a única fábrica a produzir desta maneira o vinho e em 1957 começou a vender esse châu pêng às outras de Macau. A juntar aos já bons resultados, inovou com a técnica de esterilização durante a fermentação usando luz ultravioleta para eliminar possíveis contaminações bacterianas e para purificar o vinho mandou vir de UK um filtro especial. Se até então, com meio quilo de arroz se produzia quatro leong (1kg = 32 leong) de vinho, agora com a mesma quantidade de arroz conseguia-se 24 leong (¾ kg = 750ml de vinho). A qualidade também aumentou pois a fermentação era completa e assim conseguiu baixar o preço da produção. Na década de 60 a fábrica precisava por dia entre uma a duas toneladas de arroz e por isso começou a importá-lo directamente da China, tornando-se o maior agente em Macau de todos os produtos necessários para a feitura do vinho de arroz. Tinha mais de 300 enormes potes, armazenando cada um 400 litros, havendo ainda um recipiente feito de aço inoxidável com a capacidade de 1750 litros. Assim em três anos a fábrica de média tamanho tornou-se a maior e a número um de Macau. Em 1965 Chang Chi Fai deixou a fábrica e virou-se para o negócio do chá. O vinho produzido em Hong Kong pagava 0,9 HK$ por cada meio litro, enquanto o importado tinha uma taxa de 1,1 HK$, mas mesmo assim o preço do vinho de Macau continuava aí a ser mais barato. Nessa altura, Macau exportava 80% do seu vinho de arroz cozido duas vezes para o Sudeste Asiático, Canadá e USA. Na década de 80, alguns negociantes de HK usando álcool industrial e tornando-o transparente venderam-no como vinho de arroz, provocando a cegueira e morte a quem o consumiu. Tal levou à queda da confiança dos consumidores, que optaram por cerveja e uísque, dando-se assim o declínio do vinho de arroz. Com a enorme diminuição de consumo, a fábrica fechou por volta do ano de 1987 e o último patrão, Chang Chan Wa, antes de deixar Macau vendeu a loja ao antigo empregado Tang Gan, o nosso primeiro co-locutor.
Exposição | “Voyage”, de Konstantin Bessmertny, patente no Clube Militar Andreia Sofia Silva - 25 Out 2021 O Clube Militar abre hoje portas a uma nova exposição individual de Konstantin Bessmertny. “Voyage” é o somatório de 17 quadros e uma escultura, quase todos trabalhos inéditos, que remetem para viagens imaginárias a partir de um só lugar. As obras que compõem “Voyage” materializam artisticamente a crítica humorada ditada pelos tempos actuais Konstantin Bessmertny, artista há muito radicado em Macau, nunca teve por hábito expor com frequência em nome próprio. No entanto, as restrições de viagem impostas pelas autoridades devido à pandemia mudaram esse panorama. A prova disso é que abre hoje portas, no Clube Militar, uma nova exposição de Bessmertny, composta quase na totalidade por quadros novos, alguns iniciados este ano, outros terminados agora. Além dos quadros, a mostra conta também com uma escultura em madeira, intitulada “Naked Yoga on the Beach”. A exposição pode ser vista até 6 de Novembro. Em “Voyage” o artista lançou-se em viagens imaginárias e, ao mesmo tempo, exercícios de viagens no tempo. É assim com os quadros “Battle of Macau. 1622”, que remete para a Batalha de Macau, travada a 24 de Junho de 1622, e que celebrou a vitória dos portugueses sobre os holandeses. Este exercício de história através do pincel é também feito no quadro “The View of Praia Grande before arrival of Jorge Álvares in 1513”, que espelha a visão do artista sobre o momento da chegada dos portugueses ao território. “Há a ideia de que não estamos a viajar, mas podemos continuar a fazê-lo de forma imaginária ou virtualmente”, contou ao HM. “Na maior parte dos trabalhos desta exposição construí a imagem de que podemos viajar para qualquer lado, permanecendo num lugar. Acabo por também fazer humor, mas tem muito a ver com a forma como as coisas estão a acontecer à nossa volta”, acrescentou. Questionado se estes quadros contêm também críticas às restrições em vigor, Konstantin Bessmertny assume que sim, mas que são também “uma análise à situação que temos”. “Não podemos criticar porque vivemos com erros, tentativas. Escolhemos o caminho de saída, cometemos erros e ninguém está livre de os cometer. Mas há países mais avançados que outros ao nível da vacinação. Macau, de certa forma, está atrás comparando com a Europa e outros países em matéria de vacinação, mas aprendemos com os tempos. Quanto mais depressa nos vacinarmos mais depressa podemos passar para a fase seguinte. Apenas espero que Macau possa acelerar esse processo.” Metáforas e questões Konstantin Bessmertny não tem viajado porque é claustrofóbico e não quer fazer mais de 14 dias de quarentena num quarto de hotel. Assim sendo, permaneceu em Macau nos últimos meses, facto que naturalmente influenciou a sua produção artística. Para esta mostra pegou em quadros que começaram a ser pintados há muitos anos, alguns na década de 90. Konstantin Bessmertny recuperou-os e terminou-os, quando há muito se tinha esquecido dos seus detalhes. “Não estamos a viajar fisicamente, mas viajamos numa outra dimensão. Tento mostrar outras formas de viajar, diferentes formas de ver terras longínquas.” Em “Voyage” há paisagens tropicais, explicadas pelo facto de, no ano passado, o artista ter ficado confinado dois meses na Tailândia. “Comecei a pintar a natureza pois tinha um estúdio no meio da selva. Então surgem labirintos, imagens tropicais, algo completamente diferente.” O artista explica que esta exposição também olha para o futuro. Konstantin fala da metáfora da sala escura com uma porta que todos desejamos abrir. A pandemia fê-lo criar mais narrativas nos seus quadros, mais interrogações, inclusivamente sobre o que se passa no mundo e no seu país, a Rússia. “Ando a ler mais do que nunca, tenho mais tempo para me concentrar nos livros que sempre estiveram empilhados no meu estúdio. Há mais narrativas no que estou a fazer. O meu país está a passar por um período complicado. Quando é que a Rússia se vai tornar num país democrático? Quando termina esta autocracia, a ideia louca de pessoas a concentrarem o poder? É uma fase diferente da União Soviética.” Ler tornou-se, nos últimos tempos, um elixir inspirador para pintar. “Poderia dizer que me sinto mais criativo devido à pandemia. Não tenho experiências a viajar, não vou a museus, não visito amigos. A minha fonte de inspiração vem da literatura.” Outra das obras que o público pode rever nesta exposição é o quadro “Yam Cha. Grand Finale”, já presente numa das mostras da Bienal de Macau. “Gosto de fazer coisas que nunca fiz antes, por isso tenho tantas séries de quadros. Não acredito que um artista tenha um só estilo, de propósito, porque é chato pintar sempre da mesma maneira. Quero desafiar-me a mim próprio, fazer algo que nunca fiz”, contou. Uma espécie de exercício Fazer “Voyage” foi, para Konstantin Bessmertny, o resultado de uma espécie de exercício físico. “Escolhi salas digitais, feiras de arte e galerias online, mas não é a mesma coisa. Continuo a ter de fazer [exposições presenciais], como uma espécie de exercício físico. Macau é um local muito pequeno, e penso que ter uma exposição a cada cinco anos, ou três, é mais do que suficiente, mas agora faço uma exposição por ano.” Konstantin Bessmertny dá também aulas e também aí teve de se adaptar à nova realidade. Os quadros de “Voyage” são, portanto, o espelho das constantes adaptações que o mundo teve de fazer perante a pandemia. “Dar aulas através do Zoom é quase como se fosse realidade virtual. Como podemos ensinar a misturar cores através do Zoom? Estamos a enfrentar uma situação absurda na maior das vezes e temos de aprender a viver com isso”, conclui.
Licenças de jogo | Davis Fong diz que tensão com EUA deve ser considerada Andreia Sofia Silva e Nunu Wu - 25 Out 202125 Out 2021 O ex-deputado nomeado Davis Fong entende que a RAEM deve ter em conta as tensões diplomáticas entre Washington e Pequim na avaliação das licenças de jogo. O académico recordou que, nos últimos anos, a China e os Estados Unidos têm uma relação diplomática tensa e que, actualmente, as operadoras de jogo norte-americana detém duas licenças de jogo [Sands China e Wynn]. Nesse contexto, defende, que Macau deve respeitar e seguir as direcções nacionais. O responsável falou no âmbito de um fórum sobre a revisão da lei do jogo organizado pelo Centro de Política da Sabedoria Colectiva. O académico defendeu ainda que a revisão da lei do jogo, actualmente em consulta pública, não deve implementar mais do que seis concessões de jogo. O actual director do Instituto de Estudos sobre a Indústria do Jogo da Universidade de Macau explicou, em declarações ao jornal Ou Mun, que ao definir já a atribuição de uma a seis concessões, no máximo, o Governo pode revelar flexibilidade e reduzir medos e anseios da população sobre o futuro do sector. Para Davis Fong, se forem atribuídas mais de seis licenças de jogo isso não corresponde ao consenso da sociedade no que diz respeito à diversificação económica. Pelo contrário, se for reduzido o número de licenças, o aumento do desemprego no sector do jogo pode causar instabilidade social.
Covid-19 | Infectados só podem voltar a Macau dois meses depois Pedro Arede - 25 Out 2021 Quem for diagnosticado no exterior com covid-19 terá de aguardar dois meses antes de voltar a Macau, sem prejuízo de outras medidas em vigor como a quarentena de 21 dias. Pequim põe fim a quarentenas para quem chega de Macau Numa altura em que tudo indicava que o caminho a seguir passaria pela progressiva abertura ao exterior, os sinais que chegam são de reforço de medidas antiepidémicas para quem vem do estrangeiro. Desde a 00h de hoje, todas as pessoas que tiverem sido diagnosticadas com covid-19 no estrangeiro só poderão embarcar em aviões comerciais que tenham Macau como destino, no mínimo, dois meses após a manifestação da doença. “Os indivíduos que tiveram covid-19 apenas podem embarcar em aviões civis com destino a Macau, no mínimo, dois meses após a manifestação da doença ou o primeiro teste da covid-19 com resultado positivo, e devem obrigatoriamente apresentar o certificado de recuperação da covid-19”, pode ler-se numa nota divulgada no sábado pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. A nova medida, esclarece o Centro de Coordenação, “não prejudica outras exigências antiepidémicas”, tais como a apresentação do resultado negativo de um teste de ácido nucleico efectuado nas últimas 48 horas ou a obrigatoriedade de realizar uma quarentena de 21 dias à chegada a Macau. Em sentido contrário, no mesmo dia, devido à estabilização da situação epidémica no território, foi anunciado o cancelamento da obrigatoriedade de realizar quarentena de 14 dias para quem entre em Pequim proveniente de Macau. Desta feita, para entrar na capital, bastará, antes do embarque, apresentar certificado de teste de ácido nucleico com resultado negativo realizado nas últimas 48 horas. Proibidos de entrar em Pequim de forma imediata, continuam aqueles que tiveram contacto próximo com casos confirmados de covid-19 e os moradores das zonas de código de saúde vermelho e amarelo. Já o pessoal que desempenha funções de risco elevado só poderá entrar na capital 14 dias após deixar de exercer os respectivos cargos. Também não é permitida a entrada em Pequim a pessoas oriundas de Hong Kong que tenham permanecido menos de 21 dias em Macau. Vacinação aconselhada À luz da actual situação epidémica e do plano de vacinação do território, o Centro de Coordenação aconselhou as mulheres que planeiam engravidar a ser inoculadas contra a covid-19. Em causa, para além da segurança do fármaco, está o facto de a infecção durante a gravidez “poder aumentar a probabilidade de aborto ou de doenças graves”. “Sugere-se às pessoas que estão a planear a gravidez que se vacinem, o mais rapidamente possível e antes da concepção, acrescentando que após a vacina não precisam adiar o plano de gravidez ou tomar medidas contraceptivas”, pode ler-se em comunicado. Sobre o tópico, as autoridades sanitárias acrescentam ainda que a vacina não constituiu qualquer risco para a amamentação e que contribuiu para reduzir o risco de transmissão do novo tipo de coronavírus ao bebé.
IAM | Retiradas oito toneladas de lixo do Edifício San Mei On Hoje Macau - 25 Out 2021 O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) anunciou ter retirado oito toneladas de lixo e ferro velho do Edifício San Mei On entre segunda e quarta-feira, da semana passada. Este edifício foi classificado como zona vermelha recentemente, na sequência da descoberta do surto relacionado com os trabalhadores de obras de remodelação, que moram no San Mei On. Posteriormente, os moradores foram levados para hotéis de quarentena e o Governo tratou de limpar e desinfectar o edifício. De acordo com o relato das autoridades, o Bloco Um do San Mei On tinha nos lugares comuns vários artigos velhos, ferramentas para obras de decoração, entulho, mobílias, electrodomésticos abandonados e outros materiais. Os objectos foram removidos, com a concordância dos residentes, num total de oito toneladas. O IAM reconhece que ainda há uma parte menor do entulho por remover, uma vez que os supostos donos não se mostraram disponíveis para cooperar com a limpeza dos espaços comuns. Em comunicado, o IAM afirmou ainda ter feito uma acção de promoção entre os residentes das práticas de higiene e de saúde pública, tendo explicado como as condições degradas do edifício criaram grandes dificuldade no isolamento e controlo da pandemia.
Obras | Song Pek Kei preocupada com monopólio de empresas de fora João Santos Filipe - 25 Out 2021 A deputada ligada à comunidade de Fujian está preocupada com as poucas oportunidades dadas a empresas e mão-de-obra local no sector da construção Song Pek Kei sugeriu ao Executivo que tome medidas para acabar com o que diz ser a situação de “quase monopólio” das construtoras do exterior nas grandes obras realizadas em Macau. A opinião faz parte de uma interpelação escrita pela legisladora divulgada na sexta-feira. De acordo com Song Pek Kei, nos últimos anos o Governo tem aumentado a oferta de formações remuneradas e a proporção de obras públicas, para apoiar o sector durante a crise provocada pela pandemia e gerar emprego. As medidas são vistas como um paliativo de curto prazo e no caso das grandes obras, a deputada considera que as empresas verdadeiramente beneficiadas não são de Macau. “Apesar de as obras de construção serem distribuídas através de concursos públicos, os projectos estão a ser todos concentrados em uma ou duas empresas de fora, o que levanta várias questões no sector”, indicou a deputada. Face a este cenário, Song Pek Kei quer saber como se pode garantir maior justiça nos concursos públicos. “Anteriormente as autoridades afirmaram que o factor humano ia ser reduzido ao máximo nos concursos públicos, para garantir a justiça da avaliação das propostas”, recordou. “Porém, devido a orientações técnicas pouco claras, uma reduzida eficácia administrativa e legislação atrasada, o mercado é demasiado competitivo. Algumas empresas locais nunca conseguem obter os contratos principais das grandes obras e só lhe resta receber obras de segunda, terceira ou quarta categorias”, alertou. Neste sentido, a deputada ligada à comunidade de Fujian espera que o Governo reveja a legislação para criar melhores condições para as empresas locais e quer saber quando vão ser revistas as regras dos concursos. Mão-de-obra desempregada Outra das preocupações demonstrada pela legisladora incide sobre o desemprego e layoffs neste sector. Por isso, a deputada quer que o Governo cumpra a promessa de definir uma proporção de trabalhadores locais que as empresas precisam de apresentar nas obras públicas. “Apesar do compromisso, o número de pessoas na situação de subemprego continua a subir, e a construção é uma das zonas que mais reflecte esse aumento, o que vem mostrar que os impactos do aumento de obras são reduzidas”, apontou. “Será que as autoridades vão aumentar o número de critérios obrigatórios nos concursos públicos, e definir um número mínimo de empregados locais?”, perguntou.