Fitch baixa rating de Sands, MGM e SJM devido a incerteza do mercado Hoje Macau - 14 Dez 2021 A confirmar a máxima que diz que os mercados não gostam de instabilidade, a agência de rating Fitch baixou a classificação de risco de crédito das operadoras de casinos SJM Holdings Limitada, Las Vegas Sands (que detém a Sands China) e MGM Resorts International (que controla a MGM China Holdings Limitada). Entre as razões para a despromoção de rating, a agência apontou a incerteza regulamentar do mercado do jogo. Além de entender que é expectável que o Executivo de Ho Iat Seng actue com pragmatismo no processo de renovação das concessões de jogo, a Fitch acrescenta que as três operadoras devem continuar no mercado de Macau numa perspectiva temporal de longo prazo. A agência considera que a decisão reflecte que tanto “o falhanço em assegurar uma nova licença de jogo, ou uma mais onerosa do ponto de vista económico”, pode produzir “um impacto material negativo no crédito”, de acordo com o portal GGRAsia. A mesma fonte indica que a Las Vegas Sands está classificada actualmente como BBB-, o nível mais baixo dentro da “categoria de investimento”, o que se traduz na possibilidade de os negócios do grupo e o seu perfil financeiro se tornarem inconsistentes. A MGM Resorts, que mantém o mesmo rating, recuperou praticamente todo o volume de operações no mercado norte-americano, com a Fitch a especificar que a indústria na RAEM contribuiu com uma pequena percentagem do encaixe financeiro do grupo, cerca de 20 por cento. Em relação à SJM Holding é referido que está no bom caminho para refinanciar os empréstimos bancários que contraiu, que vencem em Fevereiro de 2022, com uma liquidez robusta. Olhos nas portas A retoma do sector do turismo, na sua globalidade, enquanto factor de recuperação da indústria do jogo para níveis antes da pandemia tem sido uma das questões mais analisadas por especialistas, instituições públicas e pelo próprio sector. A agência de rating presume que só em 2023 as receitas dos casinos atinjam os 90 por cento dos níveis de 2019, “dependendo fortemente do regresso à normalidade no volume de visitantes”. A nota da agência de rating não fez qualquer referência à detenção de Alvin Chau ou à potencial derrocada do mercado VIP.
Índice mínimo de subsistência (II) David Chan - 14 Dez 2021 A semana passada, analisámos a questão da protecção à terceira idade e o índice mínimo de subsistência (IMS). O Governo assegura uma pensão aos residentes de Macau com mais de 65 anos. Há três níveis principais no sistema de reformas. O primeiro consiste numa pensão de 3.740 patacas mensais. O segundo é a parte do Fundo de Previdência Não Obrigatório que recebe verbas do Governo. O terceiro consiste na contribuição mensal dos empregadores e trabalhadores canalizada para o Fundo de Previdência Não Obrigatório. Os três níveis da segurança na terceira idade acima mencionados têm aspectos que merecem ser assinalados. A pensão carece de um mecanismo de ajuste razoável. Os idosos não sabem quando é que a pensão que recebem vai aumentar e quanto irá aumentar. O Fundo de Previdência Não Obrigatório é injectado por verbas governamentais e está dependente da situação financeira do Executivo. Nos últimos tempos, devido à epidemia, o Governo entrou em o défice orçamental o que torna impossível a injecção de capital. Os idosos deixaram de ter acesso às verbas do Fundo de Previdência Não Obrigatório, que também deixará de receber as contribuições dos empregadores e dos trabalhadores. Actualmente, o IMS per capita é de 4.350 patacas, superior à pensão mensal de 3.740 patacas, por isso há quem defenda que as pensões deveriam estar ajustadas ao IMS. Na verdade, o IMS também é insuficiente. Será que 4.350 patacas cobrem as despesas mensais de uma pessoa? Há quem defenda a indexação do IMS ao rendimento médio per capita, valor que se baseia no “rendimento mensal do trabalho”. “A média é usada como padrão para garantir a segurança mínima dos residentes. As estatísticas mostram que o “rendimento mensal do trabalho” médio em 2020 era de 15 mil patacas. O Artigo 7 Parágrafo 1 da Lei No. 4/2010, estipula que o Fundo de Segurança Social é a base deste sistema. Desta forma, em Macau, todos os benefícios são pagos pelo Fundo de Segurança Social, nos quais se inclui a pensão de reforma. O 2º parágrafo do Artigo 4 estipula que o Fundo de Segurança Social deverá manter o equilíbrio entre receitas e despesas para garantir a sua operacionalidade De acordo com estas duas secções, o Fundo de Segurança Social deve ter rendimentos suficientes para fazer face às várias despesas de segurança social, a fim de alcançar um equilíbrio entre rendimentos e despesas e cumprir a lei. As receitas do Fundo de Segurança Social são maioritariamente provenientes das contribuições dos residentes, de investimentos e de doações do Governo. Devido ao envelhecimento da população, o volume das contribuições dos residentes não é comparável às despesas que o Governo tem com o sector da Segurança Social e o retorno dos investimentos é limitado. Assim sendo, a principal fonte de financiamento do Fundo de Segurança Social continua a ser as verbas injectadas pelo Governo. Em 2020, este Fundo recebeu dos excedentes fiscais do Governo cerca de 1.6 mil milhões de patacas. Em 2021, a partir dos excedentes fiscais foram injectadas cerca de 1.5 mil milhões de patacas. O Governo propôs-se alocar 6.45 mil milhões de patacas para o Fundo de Segurança Social em 2022. Se houver financiamento, a segurança social não será afectada, mas a epidemia teve impactos negativos na economia e nas receitas do Governo. De futuro, nos planos financeiros de longo prazo, o Governo terá de reconsiderar onde alocar fundos e quais os montantes a que podem ascender. O Governo emitiu um documento de consulta pública sobre o “Segundo Plano Quinquenal para o Desenvolvimento Económico e Social da Região Administrativa Especial de Macau (2021-2025)”, que menciona o aperfeiçoamento do sistema de segurança social. O Artigo 2 da Lei No. 4/2010 estipula que o objectivo do Sistema de Segurança Social é proporcionar aos residentes os serviços básicos nesta área, especialmente a protecção à terceira idade, e a melhoria da qualidade de vida dos residentes. A determinação do Governo de garantir protecção aos idosos é inquestionável. Os cuidados aos idosos são uma questão de bem-estar social, que passa pela protecção das reformas e que requer o esforço conjunto do Governo e dos cidadãos. De momento, a sociedade aguarda o resultado do “mecanismo de ajuste permanente das prestações do sistema de segurança social” antes de passar à discussão dos aumentos das pensões. O Governo publicou o “Relatório sobre a Revisão do Fundo de Previdência Não Obrigatório”, onde se recomenda que em 2026 seja implementado o Fundo de Previdência Obrigatório. Esta implementação vai estar dependente da situação económica nessa altura. Mas é certo que o Fundo de Previdência Obrigatório vai permitir que os trabalhadores tenham uma reforma melhor, mas a pensão única será sempre gasta. Os idosos têm os gastos sempre contados. A pressão psicológica a que ficam sujeitos é evidente. Para minimizar este problema, acredita-se que o Sistema de Anuidades possa ser uma das soluções. Hong Kong já implementou um Plano de Anuidades. Quem o subscrever com o montante de 3 milhões de Hong Kong dólares, pode receber uma mensalidade fixa e vitalícia de 18.000 HK dólares. Ao mesmo tempo que consideramos a implementação do Fundo de Previdência Obrigatório, deveríamos também considerar a criação de um plano de anuidades semelhante ao de Hong Kong, mas com os devidos ajustes à situação actual de Macau, para que todos possam vir a ter um reforço vitalício das suas pensões? A segurança na terceira idade é garantida pela segurança social e a pensão garante a segurança pessoal. Quanto mais cedo fizermos um plano de reforma e explorarmos várias fontes de rendimento para esse período da vida, maior será a nossa proteção. Quanto mais cedo equacionarmos todas as despesas que iremos ter após a reforma, mais responsáveis seremos por nós próprios. Só assim poderemos usufruir de uma vida despreocupada durante a reforma. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/ Instituto Politécnico de Macau Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk
Ângelo de Lima e a nossa loucura moral Duarte Drumond Braga - 14 Dez 2021 Nos vinte anos passados em Rilhafoles nunca terá habitado o famoso panóptico, destinado aos loucos furiosos ou agitados, como se dizia à época. O psiquiatra Miguel Bombarda impusera-lhe no diagnóstico um vago “loucura moral”, que é como quem diz “loucura social”. Alguns anos antes, é lá que Fernando Pessoa, não se sabe acompanhado de quem, vai buscar um punhado de poemas para publicar no segundo número de Orpheu, assim respondendo a quem considerava loucos aqueles novistas, atirando-lhes como resposta um louco consumado e contumaz. Ângelo de Lima, poeta e artista plástico, nascera no Porto em 1872. Ingressa muito novo no Colégio Militar em Lisboa, do qual é expulso em 1888. Regressado ao Porto, aí frequenta a Academia de Belas-Artes. Reconhecido desenhador, chega mesmo a substituir o pintor (e também poeta) António Carneiro na direção artística de uma das muitas revistas artísticas que pululavam na capital do Norte, A Geração Nova (1894-95). Continuará ainda a desenhar nas instituições psiquiátricas que o acolheram, mas a sua obra gráfica, tocada de óbvio academicismo, não se compara à importância da sua poesia. Como militar, oferece-se para seguir em 1891 na expedição a Moçambique que apresou o Gungunhana e está também envolvido na gorada conspiração republicana do Porto, no mesmo ano, e de que tem notícias ao chegar a Adem. Depois de complicações várias, incluindo um presumível incesto e um desacato público, em 1901 é internado em Rilhafoles, hospital em que mais tempo passará, até à sua morte em 1921. A loucura domina assim como um signo fatal sobre o poeta e sua obra, não só comprometendo-lhe a receção, mas toldando ou até apagando o entendimento dela. Mais do que isso, toda a crítica – nem de propósito, Essa Crítica Louca é um título de E. Melo e Castro – está, na verdade, refém desta questão, na loucura moral de não ver o óbvio. Cem ou mais anos para ver o óbvio: Ângelo de Lima nunca foi louco, foi feito dele um louco. Bastaria olhar a métrica perfeita e a articulada desagregação gráfica dos poemas. São textos enlouquecidos de um poeta que nunca foi louco, e apenas na aparência desarticulados: “– Mia Soave… – Ave?!… – Alméa?!…/ – Maripoza Azual… – Transe!…/ Que d’Alado Lidar, Canse… / – Dorta em Paz… – Transpasse Idéa!…” Já não é esse o caso da prosa, a maior parte da qual muito possivelmente escrita mais tarde, como a carta em que disserta acerca da feia bandeira do novo regime, apesar do seu republicanismo inflamado. É já uma carta de alguém de quem foi feito um louco. Mas há que começar a ler Ângelo para além da sua (falsa) loucura. O seu caso é um de lenta patologização de comportamentos desviantes, como as obscenidades que terá proferido num teatro (“porra!”) ao ser comprimido pelo público e um incesto com uma suposta meia-irmã. É hoje em dia extremamente perturbador, e significativo do grau de controle e alienação de uma sociedade que não só encarcera alguém que diz “porra!” no lobby de um teatro, mas que ainda o patologiza com base nisso e num suposto incesto, nunca comprovado e sempre desmentido pelo poeta. Do teatro vai direto para a penitenciária, e daí para Rilhafoles, num processo de criminalização da miséria amplamente documentado por João Gonçalves, no elucidativo A Penitenciária perante a Loucura, obra de 1908. Ratoneiros, latoeiros, lavradores analfabetos é que formam a brandoniana enxurrada humana que escoa em Rilhafoles. Seria essa uma das causas da patologização de Ângelo, empobrecido e alcoólico por anos de errância? Não sou eu quem o diz, antes de mais o poeta: “Eu não sou doudo, tenho sido manejado como um puro manequim”, frase repetida por João de Deus nas Recordações da casa amarela e que, quanto a mim, deve ser lida à letra. Nas últimas linhas da sua autobiografia diz ainda: “E agora aqui estou, resultado final, sob concorrente exótica – a determinação tão arbitrária dêsse acobertado com a autoridade legal – resultado final até aqui, dêste viver aqui neste papel descrito.” É outro texto que, pela sua desarticulação, já mimetiza, pelo menos na sintaxe, as vesânias que lhe atribuem. Posto isto, falta só uma coisa, que é ler os seus poemas, lê-los realmente, e parar de os apresentar como exemplo de loucura em literatura. Parar de o tomar como exemplo de o que quer que seja. E então estaremos prontos para encontrar, por exemplo, o Oriente metafísico da sua poesia, ao qual não escapou a China, e que vai muito além dos livros de jade de uma Judith Gaultier: “– E a Mãe do Rei do Reino Sul-Occaso/ Disse a Mu-Ang – Alguma Vez, Accaso…/ – Olha a Nuvem no Ceu… e como Corre!…/ – Assim as Horas da Ventura Minha… / – Quem Tem Filhos na Terra – Esse Não Morre!…/– Despozae – Se Sois Rei – uma Rainha/– Que É Tanto como Vós Pela Grandeza…/– E… Depois… de Espozardes a Belleza /Podeis Seguir Então Vossa Encaminha!…” E é assim que, nesta reta íngreme em direção ao olvido na qual sempre vamos distraídos, ninguém se deu conta dos cem anos passados sobre a morte de Ângelo de Lima, em ano que se encontra agora perto do fim. Talvez este seja o único texto publicado na imprensa de língua portuguesa que se lhe dedica. Em Macau, o que é significativo. Esperemos que não, embora muita coisa naquele país distante seja possível, o Grande Reino do Mar de Ocidente, como lhe chamavam os missionários que chegaram à corte imperial de Pequim. Posto assim, nominalizado e substancializado pelas maiúsculas, quase que essa inglória tradução da língua chinesa parece um poema de Ângelo de Lima.
Jornalista Catarina Gomes vence Prémio Agustina Bessa-Luís Hoje Macau - 14 Dez 2021 O romance “Terrinhas”, de Catarina Gomes, venceu por unanimidade o Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís 2021, no valor pecuniário de 10.000 euros, garantindo a sua publicação, anunciou a Estoril Sol, que o promove em parceria com a Editorial Gradiva. Sobre “Terrinhas”, o júri, ao qual presidiu o ex-ministro Guilherme d’Oliveira Martins, considerou tratar-se de “um romance que, a partir do ponto de vista de uma mulher tipicamente citadina, coloca em confronto o mundo rural e o mundo urbano”. “A memória dos pais, que quase religiosamente vão à terra para trazer batatas, as quais invadem a cozinha e o imaginário da narradora, fornece a visão irónica e, por vezes, mesmo hilariante, com que esta avalia a infância e enfrenta dores e dramas da idade adulta. A alegria e a comovente ternura na avaliação da vida e da morte, associadas a uma escrita fluida e elegante, dão a este romance, um indiscutível alcance literário, que importa valorizar e divulgar”, realçou o júri. Em nota enviada à agência Lusa, a Estoril Sol cita a sinopse do romance: “O que raio é uma bouça? Um lameiro? Um corgo? Quantos nomes pode ter uma terra, além de terreno ou lote de terreno?”. Catarina Gomes é autora de outras obras já publicadas, designadamente “Pai, Tiveste Medo” (2014), sobre a experiência da guerra colonial, a que se seguiu “Furriel não é Nome de Pai” (2018). No ano passado publicou “Coisas de Loucos – O que eles deixaram no Manicómio”, que “teve origem na descoberta acidental de uma caixa de cartão cheia de objectos de antigos doentes no primeiro hospital psiquiátrico português, o Miguel Bombarda”. Bilhete de identidade Catarina Gomes nasceu em Lisboa, em 1975, é jornalista no jornal Público, tendo recebido o Prémio Gazeta (multimédia) e o Prémio Internacional de Jornalismo Rei de Espanha em 2016, pela reportagem “Quem é o filho que António deixou na Guerra”, publicada em 2015. Guilherme d’Oliveira Martins presidiu ao júri que foi também constituído por José Manuel Mendes, pela Associação Portuguesa de Escritores, Maria Carlos Gil Loureiro, pela Direcção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, Manuel Frias Martins, pela Associação Portuguesa dos Críticos Literários, e, ainda, por Maria Alzira Seixo, José Carlos de Vasconcelos e Liberto Cruz, convidados a título individual e Dinis de Abreu, em representação da Estoril Sol. O Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís foi instituído em 2008 e já premiou oito romances inéditos.
Cinemateca Paixão | Obra de Apichatpong Weerashethakul em destaque até 7 de Janeiro Pedro Arede - 14 Dez 2021 A partir de hoje e até 7 de Janeiro, a Cinemateca Paixão exibe curtas e longas metragens do aclamado realizador tailandês Apichatpong Weerashethakul. Da mostra, fazem parte a sua mais recente produção “Memoria” e “The Year of Everlasting Storm”, película exibida recentemente em Cannes e na qual participam outros seis realizadores Começa hoje na Cinemateca Paixão, o festival “Drifting Through the Long and Short Apichatpong Weerashethakul’s World”, mostra dedicada à obra do aclamado realizador tailandês que inclui 27 curtas-metragens nunca antes exibidas em Macau, bem como as películas “Memoria” e “The Year of Everlasting Storm”. O festival, que estará a decorrer até ao próximo dia 7 de Janeiro, inclui ainda uma sessão de interacção online entre espectadores e Apichatpong Weerashethakul, agendada para o dia 18 de Dezembro. O realizador, no ramo cinematográfico há mais de 30 anos, tem-se destacado ao longo do tempo pelo rol de produções independentes aclamadas pela crítica e aplaudidas pelo público, que primam, recorrentemente, pela tónica metafísica e, de certa forma, fantasmagórica. Exemplo disso são as obras “Tropical Malady (Prémio do Júri – Cannes 2004) e “Uncle Boonmee Who Can Recall His Past Lives” (vencedor da Palma de Ouro em 2010). A abertura do festival ficará a cargo de “Memoria”, obra protagonizada por Tilda Swinton (galardoada com o Óscar de melhor actriz secundária em 2008). O filme, que acompanha as atribulações de uma mulher que descobre ser a única capaz de ouvir determinadas frequências sonoras, assume-se como uma exploração dos cruzamentos entre a memória, os sonhos e a História, partindo em busca de uma explicação lógica, para uma condição misteriosa. Além da sessão de hoje, entretanto esgotada, “Memoria” será exibido na Travessa da Paixão nos dias 16, 18, 22, 23, 26 e 30 de Dezembro e ainda no dia 1 de Janeiro de 2022. Já em “The Year of Everlasting Storm” que, para além de Apichatpong Weerashethakul, conta com a participação de outros seis realizadores, reúne imagens captadas nos Estados Unidos da América, Irão, China e Tailândia para contar histórias e retratar pontos de vista de um ano que deixou o mundo irreconhecível, devido à pandemia de covid-19. A obra, exibida pela primeira vez em Cannes (Julho de 2021), estreia-se agora em Macau, expondo peculiaridades de quarentenas, separações, nascimentos e vivências da autoria de realizadores como David Lowery (EUA), Dominga Sotomayor (Chile), Malik Vitthal (EUA), Antony Chen (China) e Jafar Panahi (Irão). “The Year of Everlasting Storm” pode ser visto na Cinemateca Paixão nos dias 22 e 30 de Dezembro e ainda no dia 7 de Janeiro. Escolhidas a dedo Do programa do festival, faz ainda parte a exibição de 27 curtas-metragens de Apichatpong Weerashethakul, organizadas pelo próprio em quatro blocos que incluem obras produzidas entre 1997 e 2020. A primeira série de curtas-metragens pode ser vista na Cinemateca Paixão nos dias 15 e 24 de Dezembro e ainda a 2 de Janeiro de 2022 e inclui nove obras do autor como “The Anthem”, “La Punta”, “Cactus River”, “Mobile Men” e “Footprints”. Na segunda compilação de curtas, será possível a assistir a quatro obras de Apichatpong Weerashethakul. “Trailer for CinDi”, “Ashes”, “Vampire” e “Haunted Houses” podem ser vistas na Cinemateca Paixão nos dias 16 e 26 de Dezembro e ainda no dia 4 de Dezembro. Já nos dias 17 e 28 de Dezembro e no dia 7 de Janeiro, o público poderá assistir à sessão de curtas que inclui “Thirdworld”, “Empire”, “My Mother’s Garden”, “Ghost of Asia”, “Monsoon”, “Luminous People”, “Nimit, Blue” e “A Letter to Uncle Boonmee”. Por fim, nos dias 18 e 29 de Dezembro e no dia 5 de Janeiro será exibida a quarta selecção de curtas realizadas por Apichatpong Weerashethakul. Da lista de obras, fazem parte “This and a Million More Lights”, “Malee and the Boy”, “Nokia Short”, “Ablaze” e “Mekong Hotel”.
Grupo Suncity | Despedimentos sem impacto no mercado de trabalho, diz Jeremy Lei Andreia Sofia Silva e Nunu Wu - 14 Dez 202114 Dez 2021 A Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo não acredita que a saída de trabalhadores do grupo Suncity, em virtude de a empresa ter anunciado o encerramento das suas actividades de promoção de jogo, possa causar um grande impacto ao mercado laboral. “A pandemia dura há dois anos e a legislação para combater o jogo transfronteiriço entrou em vigor na China em Março deste ano. Quando as salas VIP começaram a ser alvo de reformas, grande parte dos trabalhadores já tinha saído”, adiantou. Jeremy Lei explicou também que, nos últimos dois anos, “as salas VIP não têm tido muitos clientes e quem tinha capacidade para mudar de carreira já o fez”. “Essencialmente o impacto [no mercado de trabalho] já foi digerido”, frisou. Pouca procura Recorde-se que ontem foi o primeiro dia de funcionamento do balcão de atendimento exclusivo para os funcionários do grupo Suncity por parte da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL). Mas Jeremy Lei confessou que este apoio tem muitas limitações. “Claro que tem algum efeito, mas há uma grande discrepância face à realidade. Tendo em conta o actual cenário de pandemia, parece não ser realista a ideia de que os funcionários podem encontrar facilmente trabalho”, adiantou. Jeremy Lei diz que foram poucos os funcionários que, até ao momento, se dirigiram à associação a pedir ajuda. Muitos dos pedidos dizem respeito ao receio do não pagamento dos salários de Novembro ou das indemnizações por despedimento. Jeremy Lei falou ainda do exemplo de um funcionário que não receia o desemprego, por ter a oportunidade de ser contratado pela concessionária de jogo com a qual o grupo Suncity tinha ligações. “Era relações públicas e disse-nos que foi contactado pelo departamento de recursos humanos da empresa. Penso que essa intenção de contratação se deve ao facto de ele conhecer muitos clientes”, referiu. Suncity | DSAL recebeu 73 pedidos de ajuda até às 17h A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) recebeu ontem, até às 17h, 73 pedidos de ajuda de funcionários do grupo Suncity no balcão especial que abriu ontem para o efeito. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, 48 foram reclamações e 25 consultas, sendo que as principais reclamações dos funcionários foram relativas a pagamento de salários, indemnizações por despedimento e férias. A DSAL ajudou ainda 22 trabalhadores a registarem-se na busca de emprego e a pedir subsídio de desemprego.
Economia e Finanças | Secretário diz que caso Suncity pode afectar desemprego Pedro Arede - 14 Dez 2021 O secretário para a Economia e Finanças admitiu que a situação é “muito difícil” e que a taxa de desemprego do próximo trimestre pode vir a ser afectada pelo encerramento das salas VIP do grupo Suncity e de outros promotores de jogo. Lei Wai Nong disse ainda que o Governo está a dar o seu “melhor” para apoiar os trabalhadores despedidos e que, aos junkets, cabe garantir os seus direitos laborais Questionado sobre o impacto do caso Suncity, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, admitiu ontem que o sector do jogo está numa situação “muito difícil” e que o encerramento das salas VIP ligadas aos promotores de jogo, irá afectar directamente a taxa de desemprego de Macau no próximo trimestre. Para o secretário, tanto a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) como a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) estão a fazer tudo o que está ao seu alcance para apoiar os trabalhadores afectados e que, aos promotores de jogo, cabe agora garantir os seus direitos laborais. “Em Setembro e Outubro, a taxa de desemprego foi de 3,8 por cento, mas tenho a certeza que o encerramento destes junkets vai afectar a taxa de desemprego. Vamos empenhar-nos e fazer tudo para ultrapassarmos estas dificuldades. Durante esta fase vamos dar o nosso melhor e, através da DSAL e da DICJ, vamos dar apoio a estes trabalhadores”, começou por apontar Lei Wai Nong à margem de uma reunião plenária do Conselho Permanente de Concertação Social. O secretário frisou ainda que, os trabalhadores das salas VIP que fazem parte dos quadros das concessionárias como croupiers, seguranças e supervisores “não vão ser afectados”, pois têm “garantias” dessas operadoras. No entanto, para o caso dos trabalhadores contratados directamente pelas promotoras de jogo que ficaram agora sem trabalho, Lei Wai Nong disse esperar que os próprios junkets assumam as suas responsabilidades e “garantam os direitos e interesses” dos funcionários afectados, tais como motoristas, relações públicas e pessoal de caixa. Situação difícil Sobre as perspectivas de evolução do sector do jogo para o próximo ano, o secretário sublinhou que a actual situação “é muito difícil”, mas que isso em nada altera o trabalho em curso, tanto para rever a actual lei do jogo, diploma que esteve recentemente em consulta pública, como sobre a renovação das licenças de jogo. Quanto a datas, Lei Wai Nong não se quis comprometer. “Estamos a fazer a revisão da lei do jogo e o objectivo é desenvolver o sector de forma sustentável e saudável. Agora, estamos numa situação muito difícil, o que é normal nesta altura. Se não confiarem em nós, como podemos fazer o nosso melhor?”, começou por dizer. “O relatório da consulta pública [da nova lei do jogo] vai ser publicado em breve e vamos ouvir as opiniões de todas as partes. Vai ser em breve. Precisamos ainda de algum tempo”, acrescentou. Quanto à recuperação económica do território, Lei Wai Nong vincou que o objectivo passa no curto prazo por assegurar os postos de trabalho dos residentes através da construção de infra-estruturas e continuar a melhorar o “ambiente turístico de Macau”. “Acho que estamos a fazer o que devemos, a aumentar e a garantir que os projectos e obras das infra-estruturas possam avançar. Ao mesmo tempo, queremos dar garantias aos visitantes. Este ano vimos que o tempo de permanência dos visitantes passou para 3,3 dias, por isso, se os visitantes ficarem mais tempo, isso será melhor para a economia de Macau”, rematou.
FSS introduz índices para prestações e cria mecanismo de revisão regular Andreia Sofia Silva e Pedro Arede - 14 Dez 2021 Está em curso uma alteração no modelo de prestações ao Fundo de Segurança Social (FSS), através da criação de índices, os quais serão revistos anualmente em Setembro. Cada alteração dos montantes das prestações será analisada no seio do Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS), cabendo ao Chefe do Executivo a aprovação do ajustamento, que entrará em vigor em Janeiro do ano seguinte. Em paralelo, será feita uma revisão deste mecanismo a cada cinco anos. Esta medida foi ontem apresentada por Un Choi Cheng, ligada à comissão executiva do FSS, junto do CPCS. “O objectivo deste mecanismo é introduzir índices para que possa haver um ajustamento das prestações, [tendo em conta] a inflação acumulada, as receitas do FSS e a esperança média de vida das pessoas”, adiantou à saída da reunião. A ideia é criar “regras para um ajustamento” regular dos pagamentos à segurança social, para que o FSS funcione “de forma mais científica e sistemática, para que o desenvolvimento [do sistema] de segurança social possa ser sustentável”. Na prática, os montantes das pensões podem ficar como estão, mas pode também ocorrer um aumento. Como exemplo, no caso de a taxa de inflação acumulada ser igual ou superior a três por cento, o FSS irá manter o montante das prestações, com base na esperança média de vida dos últimos cinco anos e no montante das receitas globais médias do FSS. “Independentemente das duas situações acima descritas, o Governo vai rever o nível de protecção básica na velhice e efectuar um ajustamento” através da adopção de várias políticas. Tudo para que “a pensão para idosos, mais o subsídio para idosos, não sejam inferiores ao valor de risco social”, explica o FSS, em comunicado. Jogo de equilíbrios Este novo mecanismo foi desenvolvido com base num estudo elaborado pela Universidade de Macau. “Vamos lançar em breve este mecanismo e em Setembro do próximo ano iremos fazer uma revisão”, adiantou a responsável da comissão executiva do FSS. Dados relativos até Outubro revelam que o FSS possui receitas no valor de 3,51 mil milhões de patacas. “Com o lançamento deste mecanismo queremos garantir que a população tem uma protecção após a aposentação, para que haja um equilíbrio com o desenvolvimento da sociedade”, referiu Un Choi Cheng.
Círculo Fora da Europa | Maló de Abreu substitui José Cesário na lista do PSD Andreia Sofia Silva - 14 Dez 2021 José Cesário está de saída da Assembleia da República onde era deputado pelo Círculo Fora da Europa, sendo agora substituído por Maló de Abreu na liderança da lista para as eleições legislativas de 30 de Janeiro. Este, caso seja eleito, promete visitar Macau a curto prazo Antigo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário está de saída da Assembleia da República (AR), uma vez que não integra qualquer lista do Partido Social Democrata (PSD) para as próximas eleições legislativas do país, marcadas para 30 de Janeiro. Na sua página de Facebook, José Cesário anunciou o nome de Maló de Abreu como substituto na liderança da lista pelo Círculo Fora da Europa. Questionado se esta saída tem a ver com um eventual apoio a Paulo Rangel, que concorria à liderança do PSD contra Rui Rio, reeleito líder, José Cesário prefere não comentar. “Essa é a dedução possível, mas apenas o líder do partido poderá responder a isso. Estou de saída porque o partido escolheu outros nomes para candidatos. Estava disponível para continuar”, assumiu. Recorde-se que Rui Rio disse que não houve qualquer “limpeza étnica” por parte do PSD na hora de definir listas de deputados, mas que houve apenas “um esforço de renovação, particularmente em deputados que possam estar há muitos anos no Parlamento”. Por sua vez, Maló de Abreu, actual deputado, mostra-se expectante sobre este novo desafio político. “Temos uma campanha [eleitoral] pela frente. Sabemos que as comunidades portuguesas são muito importantes e que têm de ser valorizadas”, confessou. Na agenda, caso seja eleito, está a realização de uma viagem a Macau a curto prazo. “Terei oportunidade de visitar Macau mal haja condições objectivas para isso”, disse, apontando para os problemas existentes no funcionamento do Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong. “A eficiência e rapidez do consulado de Macau impõe-se na resposta às necessidades dos portugueses que vivem lá fora. É uma das grandes preocupações neste momento. Para nós a comunidade de Macau é muito importante e merece uma atenção especial.” Maló de Abreu revela também estar atento a matérias ligadas ao ensino de língua portuguesa e à manutenção “da portugalidade junto dos nossos concidadãos e descendentes”. “Queremos aumentar a capacidade que Portugal tem do ensino do português junto das comunidades”, referiu o responsável, que também pretende reforçar o papel da secção do PSD em Macau. Tudo para que haja “uma troca de informações mais rápida em matéria interna do partido”. EPM além-fronteiras Convidado a fazer um balanço de todos estes anos na política, na qualidade de secretário de Estado e de deputado, José Cesário destaca a nova lei da nacionalidade e a luta para que os consulados portugueses fizessem um serviço itinerante. Relativamente a Macau, José Cesário destaca “o grave problema no consulado” ligado aos baixos salários dos funcionários, o que “reduz a capacidade de contratação por parte do consulado, o que afecta o serviço”. Sobre a Escola Portuguesa de Macau (EPM), Cesário adiantou que “as instalações poderiam ser maiores e melhores”, sendo também “desejável que se assuma mais como uma escola internacional, melhorando a componente do ensino em chinês e inglês, além do português.” Para José Cesário, a EPM “tem de ter uma lógica regional e que se articule mais com o IPOR [Instituto Português do Oriente]”. “O IPOR tem de reforçar a lógica regional e ultrapassar claramente as fronteiras de Macau”, rematou.
João Paulo Borges Coelho, escritor: “A principal doença é o esquecimento” Andreia Sofia Silva - 14 Dez 2021 O novo livro de João Paulo Borges Coelho, “O Museu da Revolução”, lança um olhar sobre algumas das problemáticas actuais de Moçambique. O escritor moçambicano diz não usar a literatura para transmitir mensagens e considera que, num país onde se nasce muito e se morre cedo, a população fez as pazes com a colonização portuguesa O seu novo livro chama-se “O Museu da Revolução”. Que obra é esta e que mensagem traz aos leitores? É um livro longo, que levou algum tempo a ser vivido. Não tem uma mensagem. Sou avesso a mensagens. É uma exploração de vários temas, acho que o leitor depois constrói a sua própria mensagem ou simplesmente diverte-se, ou fecha o livro a meio se não lhe agradar. Mas é sempre o mesmo tema. Moçambique. É Moçambique, as ligações… não concebo um livro como uma história que é contada. Uso esta imagem de abrir uma caixa e ir tirando de lá coisas e ver como é que elas se comportam umas com as outras. [O livro] tem alguns temas que parecem centrais, mas no fundo todos eles são centrais. Tem talvez um acontecimento de fundo, uma viagem, com diferentes pessoas, para eu poder experimentar o interior e as acções de cada uma delas. Através dessa viagem, levantam-se muitas outras questões, como a violência ou as guerras. As pessoas pensam as guerras como coisas arrumadas no tempo, mas elas, mesmo as que são diferentes, coexistem. Então há uma certa exploração da guerra colonial e da guerra civil, como se existissem as duas ao mesmo tempo. Elas existem dentro das pessoas e são elas que, de alguma maneira, nos informam do estado dos personagens. Que outros temas destaca neste livro? Um outro tema é o museu da Revolução [em Maputo], que dá o nome ao livro. O museu é sempre uma coisa complexa, uma tentativa de arrumar a história através de vestígios e testemunhos concretos. É um tema muito complexo, que passa pelas memórias, evidências, a questão da verdade e do poder. Os museus são a forma como se organiza o passado. No nosso caso, há mais elementos de complexidade, porque este museu foi privatizado, o que é, de alguma forma, espantoso. Era um museu da luta de libertação, de uma luta levada a cabo por uma frente que se transformou em partido, e o museu foi privatizado por esse partido, mas que depois encerrou. Há todo um questionamento da carga simbólica que isto tem. Foi alimento para a ficção. Digamos que o livro se situa mais ou menos em 2010. Tem outro tipo de questões, como a paisagem, a natureza. Há um personagem central que desenvolve as acções e, ao mesmo tempo, nos dá uma outra estruturação do passado recente, através do seu próprio percurso. Há também a questão da cidade e do campo. Portanto, cruzam-se muitas linhas. Há uma diferença muito grande entre ter uma história na cabeça, e não é isso que me interessa, porque depois tudo o resto é desinteressante, e o trabalho entediante de escrever. Interessa-lhe mais pensar as coisas? [Interessa-me] o embate, e ver as coisas que provocam outras. Por isso não gosta de partir para um novo livro com base numa história, prefere pensar problemáticas. Sim. Vou seguindo os problemas em que me apetece pensar nesse momento. As estátuas… todas as estátuas coloniais desapareceram, e hoje essa questão aparece por toda a parte. Há um caso enigmático a explorar de um monumento em Maputo, que resistiu, sobre a grande aventura dos sul-africanos, da grande migração para norte, e que à época terminou em Lourenço Marques. Esse monumento permanece até hoje e foi motivo para explorar o mistério de ele ter sobrevivido intacto, em paralelo com outras questões. Como por exemplo? A influência coreana dos monumentos novos. Ainda há dias na televisão vi a figura do Agostinho Neto, que é praticamente igual à do Samora Machel. Houve empreitadas de construção de monumentos como se tudo fosse planeado de cima para baixo, e não surgissem como produtos das vicissitudes da história, mas de um plano centralizado. Temos grandes monumentos das figuras públicas nas capitais [principais], médios nas capitais provinciais e pequenos nas capitais distritais. Pegando no desaparecimento de estátuas, e na privatização do museu, acha que a história do seu país está a ser mal contada ou reescrita pelos seus dirigentes? Não. Não concebo a história como algo que se escreve, mas sim como um campo de discussão. Existem sempre várias versões, o que aconteceu deixou de acontecer quando desapareceu. Há muita literatura sobre a memória colectiva. Reescrever a história era quase uma exundação do período socialista. Neste momento, não somos diferentes do resto do mundo, a principal doença é o esquecimento, não haver qualquer interesse na história. Não há debate? Não há. E de facto uma versão da história associada ao poder, e isto é um fenómeno mundial, vai deixar de ser fundamental. Hoje há uma espécie de hiperinflação do espaço do presente. Não há utopias nem passados, mas estas luzes que brilham, e nós vamos como que navegando à vista. Mas há futuro? Não há futuro. Quer dizer, há um grande algoritmo final, está tudo pensado, ou então a catástrofe. Eventualmente as duas coisas estão associadas. Não há o futuro enquanto ideia do caminho a seguir, o debate. Isso é preocupante. Moçambique já fez as pazes com a antiga metrópole? A questão das relações com Portugal não é importante para a geopolítica local. Existem outras forças e dinâmicas mais fundamentais para a existência do país, nomeadamente a África do Sul, que tem muito mais importância a nível geopolítica e das relações bilaterais. Há muito que as relações estão pacificadas com Portugal, o que não quer dizer que esse passado não exista fantasmagoricamente. Como uma sombra. Sim. A questão é complexa porque temos de distinguir a percepção dessas relações ao nível do Estado e comunitário ou da memória das pessoas. Referia-me à memória das pessoas. É também complexo de dizer, porque ali morre-se muito cedo e nasce-se muito. A esmagadora maioria da população não nasceu no fim do colonialismo, mas já depois da assinatura dos acordos de paz. A ideia de Portugal como entidade próxima é quase escolar. Essa ideia era trabalhada por pessoas que já não estão no poder. Há também a questão da afirmação, porque o fim do colonialismo foi visto de um ângulo diferente do meu e do seu, e foi muito mais importante se considerarmos que não se era pessoa, mas uma espécie de subalterno. O fim dessa relação colonial significou uma coisa muito mais profunda do que ousaríamos descrever. Surpreende-me que esse passado não tenha sido mais trabalhado. A nível académico estudei a questão da memória e do passado e, colocando de uma forma mais simples, a saga da libertação. Há também questões de humilhação, da escravatura, no servir do colono. O espírito de independência era de afirmação, mais vigoroso. Daí essas diferenças. O rancor foi perdendo força para uma coisa mais nublada. As nossas prioridades são outras. Tais como? A fome, a violência. São questões mais urgentes para resolver do que essa ideia que ficou do êxodo dos colonos. Foi importante, mas fez-se uma espécie de purga. A literatura serve para resolver essas questões, para pensá-las? Seria mais cauteloso. Mais modestamente, a literatura é o que me ocupa parte dos dias, é um ofício, e vale por si só. Não sei se esse será o papel. A literatura tem um papel de alegrar a leitura, e que já em si é um propósito nobre. Mas em relação ao papel da literatura na resolução desses problemas, não creio, até porque ela tem um impacto muito modesto e limitado. Literatura também pode ser alienação. Ali as pessoas leem pouco. Edita-se e escreve-se pouco. Deve-se falar da literatura moçambicana com alguma modéstia e comedimento, mas é importante levantar questões. Paulina Chiziane venceu o Prémio Camões deste ano. Ela tem uma voz. Tem, e até arriscaria dizer que tem uma voz mais forte fora de Moçambique. Fico contente que seja uma mulher [a vencer o prémio]. A literatura não é, de todo, uma profissão normal em Moçambique, e no feminino é ainda mais anormal. Nesse sentido, mexe com as coisas. As mulheres, naquelas zonas do mundo, têm um duplo fardo.
Putin e Xi Jinping reúnem-se na quarta-feira para discutir questões bilaterais Hoje Macau - 13 Dez 2021 O Presidente chinês, Xi Jinping, e o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, vão reunir-se esta quarta-feira, por meios virtuais, para discutirem relações bilaterais e questões internacionais, incluindo as tensões entre Moscovo e o Ocidente. Nas últimas semanas agravou-se a situação política e diplomática entre Moscovo e o Ocidente devido à presença de milhares de tropas russas junto à fronteira entre a Rússia e a Ucrânia. Wang Wenbin, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China, referiu-se à cimeira, mas não detalhou os tópicos da reunião marcada para quarta-feira. “Os dois chefes de Estado vão abordar as relações entre a China e a Rússia, este ano, e a cooperação em várias áreas”, disse Wang Wenbin numa conferência de imprensa em Pequim. Wang acrescentou que os dois líderes vão “determinar, ao mais alto nível, os desenvolvimentos para as relações bilaterais no próximo ano”. O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertou Vladimir Putin, numa reunião realizada na semana passada, que a Rússia pode vir a enfrentar pesadas sanções, com efeitos na economia, se Moscovo invadir a Ucrânia. De acordo com declarações de Yuri Ushakov, conselheiro do Kremlim, Putin respondeu que “as tropas russas estão no próprio território e que não ameaçam ninguém”. Nos últimos anos, a República Popular da China e a Rússia incrementaram medidas relativas à política externa para enfrentarem o domínio internacional (político e económico) dos Estados Unidos. Moscovo e Pequim enfrentam sanções devido à política interna. No caso da República Popular da China, as medidas sancionatórias estão relacionadas com os abusos cometidos contra as minorias étnicas e religiosas, sobretudo na província de Xinjiang (noroeste), e a repressão conduzida pelo regime comunista contra os ativistas pró-democracia na região administrativa especial de Hong Kong. Pequim e Washington mantêm divisões nas áreas das relações comerciais e tecnologia, bem como sobre Taiwan, ilha autónoma que os Estados Unidos não reconhecem como um país independente, mas que encaram como um modelo democrático face à China. Wang concluiu que o encontro bilateral entre Xi Jinping e Vladimir Putin prevê fortalecer os laços de confiança mútua entre os dois países.
Rai | Vem aí nova tempestade tropical, mas o seu percurso é ainda incerto Andreia Sofia Silva - 13 Dez 2021 Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) anunciaram ontem que uma nova tempestade tropical, de nome “Rai”, poderá atingir Macau na próxima semana, existindo ainda “uma grande incerteza quanto ao seu percurso e desenvolvimento”. Nesta fase o “Rai” está a mais de três mil quilómetros de Macau, devendo chegar às Filipinas e depois no mar do sul da China até ao final desta semana. O “Rai” deverá mover-se depois para oeste, aproximando-se das águas da parte sul do Vietname. No entanto, os SMG explicam que “há ainda 20 a 40 por cento de possibilidade de virar para nordeste e deslocar-se para a parte norte do mar do sul da China”. Relativamente ao dia 20, data do aniversário da transição, “há incertezas sobre a previsão do tempo”, existindo três cenários possíveis. Um dos cenários põe a hipótese de o território não ser afectado com o “Rai”, uma vez que este pode atravessar a parte central do mar do sul da China e “enfraquecer progressivamente”. Os SMG adiantam ainda que desde 1974 que não se verificava a ocorrência de uma tempestade tropical no período de inverno.
Covid-19 | Residente vinda de Portugal testou fraco positivo Hoje Macau - 13 Dez 2021 Uma residente vinda de Portugal testou fraco positivo num teste de ácido nucleico realizado no sábado à chegada a Macau, avançou ontem o centro de contingência. Depois de submetida a mais dois testes ontem, foi considerada um caso importado assintomático. As autoridades adiantaram que a residente, de 47 anos, não apresenta sintomas e os resultados de testes aos anticorpos mostraram elevada resposta imunitária. Depois de cerca de 20 dias na Europa, a residente embarcou em Lisboa no dia 10 de Dezembro em direcção a Macau. Nessa altura, antes do embarque, testou negativo à covid-19, fez escala em Munique e Singapura e chegou a Macau no sábado. Na sequência do teste fraco positivo, foi enviada para o Centro Clínico de Saúde Pública, no Alto de Coloane. A residente foi inoculada em Macau com duas doses da BioNTech nos dias 15 de Junho e 16 de Julho.
Ex-aluna violada apresenta queixa na PJ. UM monitoriza incidente Pedro Arede - 13 Dez 2021 A Universidade de Macau (UM) está a averiguar a denúncia do alegado caso de violação de uma ex-aluna por parte de um doutorando, disse a instituição em resposta ao HM. Na mesma nota, a UM revela ainda que a vítima terá denunciado o caso à Polícia Judiciária (PJ). Contudo, as autoridades admitem que o caso pode ser arquivado porque a denunciante não está em Macau. “A universidade está a monitorizar o incidente e sabemos que foi feita uma denúncia junto da polícia. Para proteger a privacidade pessoal dos envolvidos, não estamos em condições de comentar o incidente”, pode ler-se na resposta da UM. Recorde-se que na passada quarta-feira, Emon Yongyi Zhou, a ex-aluna, enviou uma carta aberta à UM, onde revela ter sido vítima de maus tratos físicos e psicológicos por parte de um estudante de doutoramento ao abrigo do Laboratório de Referência do Estado de Internet das Coisas da Cidade Inteligente. Além disso, alega continuar a ser assediada sexualmente via online pela mesma pessoa e que, inclusivamente, amigos próximos foram também eles abordados pelo doutorando, com quem teve uma relação. Contactada pela agência Lusa, a Polícia Judiciária (PJ) confirmou ter recebido o relatório da denunciante mas, porque se trata de uma acusação de violação e a queixosa não se encontra em Macau, não vai abrir o processo. “De acordo com a lei, se for acusação de violação, a pessoa em causa deve dirigir-se à esquadra da polícia para denunciar pessoalmente o crime”, apontou a PJ, acrescentando que “se a identidade não puder ser confirmada, o caso será arquivado”. Emon Zhou encontra-se actualmente a estudar na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos da América. Fazer mais Na carta enviada à UM, para além de pedir o início de uma investigação sobre o caso, a ex-aluna apelou ainda à instituição que introduza novas medidas destinadas a prevenir o assédio sexual, maus-tratos emocionais e a reforçar a protecção dos estudantes que frequentam o campus universitário. Zhou foi mais longe e aponta que a UM “não disponibiliza orientações ou informações destinadas aos estudantes ou aos funcionários da universidade”. “Outras universidades (…) exigem aos seus trabalhadores e estudantes que respeitem códigos de conduta, participem em acções de formação sobre assédio sexual e assinem termos de responsabilidade enquanto membros da instituição. Gostaríamos de apelar à UM para que implemente medidas semelhantes”, pode ler-se na carta.
Crianças na berlinda André Namora - 13 Dez 2021 Agora Portugal está a discutir, sem que haja entendimento, a vacinação às crianças com idade entre os cinco e os 11 anos. A Direcção-Geral de Saúde decidiu que as crianças devem ser vacinadas. A partir desta posição tem sido o descalabro com a divergência total entre médicos, especialmente pediatras, e os especialistas que têm estado inseridos no processo de vacinação nacional. E os pais? Pior ainda. Há pais que concordam em absoluto que os seus filhos tomem a vacina contra o coronavírus alegando que na sua menoridade também levaram várias vacinas e nunca houve qualquer discussão de discordância nem quaisquer tipos de reacções maléficas para a as crianças. E o que se tem passado? Por um lado, têm-se registado vários casos de crianças infectadas e foram divulgados casos em que uma criança de quatro anos de idade ficou infectada há mais de um ano e tem vivido muito mal e sem melhorar: não come, não tem forças para correr, está sempre triste, não consegue dormir e já disse aos pais que quer morrer. Uma directora do departamento médico que exerce o tratamento da covid-19 de um hospital do Porto, afirmou na rádio que deviam ser divulgados os casos tenebrosos que lhe têm passado pelas mãos. A médica afirmou que o número de crianças infectadas está a aumentar e que algumas têm ficado afectadas ao nível do foro mental. Por outro lado, temos clínicos que discordam da vacinação alegando que o risco é mínimo e que ao serem vacinadas adquirem doenças muito graves. Os médicos também se pronunciaram contra a medida de nas escolas quando aparece alguma criança infectada serem enviadas para casa todas as crianças. Discordam em absoluto e adiantam que o vírus não vai desaparecer e a prova é que muitas pessoas que foram vacinadas com duas doses, vieram a adquirir o vírus, foram hospitalizados nos cuidados intensivos e alguns morreram. Os cientistas afirmam que a criança tem as mesmas características fisiológicas de um adulto e que os vírus e as suas variantes tanto podem atacar adultos como crianças e que estas devem também ser vacinadas. O debate tem sido imenso nas televisões e rádios. Toda a gente dá a sua opinião, dizem o contrário absoluto do seu interlocutor, chegam a insultar um médico que acabe de se pronunciar contra a vacina em crianças e logo de seguida ouve-se outro clínico a rebater o colega e a provar a importância de as crianças serem vacinadas. O imbróglio está a ser enorme, deixando a maioria das famílias sem saber o que decidir. Obviamente, que todos querem o melhor para os seus filhos, mas ao tomarem conhecimento médico de que tem havido imensas crianças com reacções graves após a vacinação, os pais pensam duas vezes no cumprimento da directriz do Ministério da Saúde. A situação gerada não é de fácil solução. Os próprios pediatras, por exemplo, um deles no Alentejo, aconselhou todos os pais a não vacinarem os filhos com idade entre os cinco e os 11 anos. O pediatra foi alvo de ataques verbais de outros médicos e de muitos pais que concordam com a vacinação. Muitas têm sido as autoridades associativas que têm tomado posição, incluindo a Ordem dos Médicos, cujas afirmações de um seu dirigente tem sido das mais críticas. A vacinação de crianças entre os cinco e 11 anos é “desproporcionada” e “desnecessária” e não aconteceria em “nenhuma outra doença” com “um terço da população já protegida”, disse o presidente do Colégio da especialidade de Pediatria. Jorge Amil Dias recordou alguns indicadores usados pelo próprio grupo de trabalho que recomendou a vacinação de crianças para sustentar o seu raciocínio. E acrescentou: “cerca de 70 mil crianças” que já terão sido expostas ao vírus – número que, segundo os estudos existentes, deverá ser o dobro ou o triplo, pois acredita-se que “por cada caso positivo identificado haverá dois ou três não identificados”. Portanto, concluiu o pediatra, “cerca de 200 mil crianças já contactaram com o vírus, já adquiriram anticorpos contra o vírus, porque o contacto com a infecção causa imunidade natural”. “Sabendo-se que existem 600 mil crianças entre os cinco e os 11 anos (segundo dados do Governo), pelo menos um terço das crianças desta faixa etária já estão naturalmente imunizadas”, assinalou, realçando que essas crianças “não ficaram doentes, nem morreram e só excepcionalmente, em quatro casos, precisaram de ser internadas em cuidados intensivos”. “Outros indicadores referem que cerca de quatro mil crianças estão a ser inoculadas naturalmente pelo vírus em cada mês e não ficam doentes, concluiu. Palavras de um especialista mas que ainda não convenceram milhares de pais. O importante é que as crianças estão na berlinda e muitas delas sem fazerem a mínima ideia do que se passa. A vacinação às crianças ainda irá fazer correr muita água por baixo da ponte, mas o rio já transborda… *Texto escrito com a antiga grafia
Turismo | Trip.com quer levar turistas de ‘alta gama’ para Portugal Hoje Macau - 13 Dez 2021 O gigante de viagens chinês espera que a pandemia esteja mais controlada em 2022, com cerca de 90 por cento da população chinesa vacinada, para atacar o mercado europeu e investir em Portugal A directora executiva da Trip.com Group, uma das maiores agências de viagens do mundo, afirmou à Lusa que assim que a pandemia estabilizar pretende enviar ‘clientes de alta gama’ para Portugal e que tenciona investir no país. “Estamos muito avançados na preparação da recuperação [da pandemia] para enviar clientes para a Europa e Portugal” disse Jane Jie Sun, em entrevista à Lusa à margem de um evento realizado em Macau. A responsável do grupo proprietário de empresas de viagens online como a Skyscanner, Trip.com, MakeMyTrip, Qunar, Ctrip.com, entre outras, explicou ainda que “a maioria dos países europeus quer muito atrair turistas chineses porque o poder de compra é muito forte”. Apesar de toda esta confiança, existe um entrave que está a atrasar a chegada de visitantes chineses à Europa: as quarentenas no regresso a ‘casa’. A China permanece praticamente isolada na política de casos zero covid-19 e impõe fortes restrições fronteiriças e elevadas quarentenas a quem queira regressar ao país. Ainda assim, Jane Jie Sun mostrou-se relativamente confiante de que esta situação poderá ser alterada em 2022, mas que “tudo depende do controlo do vírus”. “Se conseguirmos [China] chegar ou ultrapassar 85 por cento ou 90 por cento [de vacinados], se a terceira dose for eficaz e se a taxa de mortalidade estiver sob controlo, há possibilidades”, frisou. Até lá, garantiu, a empresa tem uma equipa de pesquisa a explorar locais e ‘resorts’ para a chegada de clientes da China. “A Europa tem muitas boutiques hotéis e resorts lindos e nós queremos garantir que todos estes hotéis e resorts estejam disponíveis aos nossos clientes na China”, sublinhou. Em campanha Em Portugal essa pesquisa também está a ser feita, e quando questionada pela Lusa sobre se o grupo estava a pensar investir em Portugal, a resposta foi pronta: ‘Claro’. A prova deste compromisso por parte do grupo com Portugal ficou patente com o lançamento, este mês, de uma campanha conjunta com Turismo de Portugal. Em resposta à Lusa, o Turismo de Portugal explicou que a campanha “vocacionada inteiramente para o segmento digital, em particular para os dispositivos móveis” tem como foco “essencialmente para ‘millennials’ e ‘genZ’ chineses e, geograficamente, privilegiando as principais cidades chinesas emissoras de turistas, nomeadamente Pequim, Xangai, Cantão, Chengdu, Chongqing, entre outras”. O objectivo, detalhou o Turismo de Portugal, passa por “manter Portugal como ‘top of mind’ dos consumidores chineses para quando as viagens forem possíveis novamente”. Segundo dados oficiais disponibilizados à Lusa, “em 2020, fruto do contexto pandémico, a China foi o 13.º maior mercado externo em hóspedes e o 17.º em dormidas para Portugal, com quotas de, respectivamente, 1,5 por cento e 0,8 por cento. “Em relação às receitas turísticas, a China ocupou o 18.º lugar com 57,8 milhões de euros, que representaram 0,7 por cento face ao total e um decréscimo, face a 2019, de 74,3 por cento”, acrescentaram. Enquanto se espera que a pandemia esteja controlada, a aposta da empresa tem sido o turismo doméstico na China continental e Macau. As reservas de hotéis domésticos e de bilhetes de avião na China continental registaram um crescimento de dois dígitos no segundo trimestre de 2021 em comparação com o mesmo período em 2019, lê-se num comunicado da empresa. “No Trip.com, do Grupo Trip.com, as reservas globais de hotéis domésticos aumentaram mais de 160 por cento no terceiro trimestre de 2021 em comparação com o terceiro trimestre de 2019”, acrescentou o grupo.
Hengqin | Circulação de residentes estrangeiros e promoção de negócios com PLP na mira Pedro Arede - 13 Dez 2021 Durante uma visita a Hengqin destinada à imprensa em língua portuguesa e inglesa de Macau, a articulação dos sistemas legais do Interior da China, Macau e Hong Kong esteve no centro da equação. O estudo de políticas de livre circulação de residentes de Macau estrangeiros, os negócios com os países de língua portuguesa e o desenvolvimento da indústria da medicina tradicional chinesa estão entre os principais desafios apontados para o futuro próximo da zona de cooperação É um exercício de antecipação que, no terreno, fica mais fácil de imaginar. Desde que foi anunciado pelo Comité Central do Partido Comunista da China e o Conselho de Estado, o “Projecto geral de construção da zona de cooperação aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin” tem sido alvo de grande atenção institucional e mediática, tendo a inauguração das organizações administrativas da zona de cooperação marcado o “pleno início” da sua concretização, tal como afirmou no final de Setembro, o Chefe do Executivo de Macau, Ho Iat Seng. Durante uma visita a Hengqin organizada pelo Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, membros dos meios de comunicação social em língua portuguesa e inglesa de Macau tiveram a oportunidade de ver de perto, o progresso e os detalhes de algumas das iniciativas consideradas fulcrais para a concretização da zona de cooperação em Hengqin (Ilha da Montanha). O enquadramento e articulação dos sistemas legais do Interior da China, Macau e Hong Kong, o desenvolvimento da indústria da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), a transformação de projectos científicos em resultados e a promoção de negócios com os Países de Língua Portuguesa (PLP) estiveram entre os principais tópicos dados a conhecer. Trabalho em curso Atravessar os condicionalismos fronteiriços, especialmente numa altura em que a pandemia de covid-19 obriga a restrições adicionais, não é, para já, uma tarefa simples, sobretudo para residentes de Macau portadores de passaporte estrangeiro e dependentes da emissão de vistos para entrar na Ilha da Montanha. No entanto, o cenário pode vir a mudar no futuro, permitindo assim que, também os residentes estrangeiros possam contribuir, quotidianamente, para o desenvolvimento da zona de cooperação em Hengqin. Exemplo disso mesmo é a ZLF Law Office, aquela que, desde 2016, é a primeira “joint-venture” da região da Grande Baía, entre escritórios de advocacia da China Continental, Hong Kong e Macau. De acordo com a directora e senior partner da ZLF, Chen Yi, a empresa sediada em Hengqin conta actualmente com 32 advogados no total. Destes, 11 são de Macau, 17 de Hong Kong e quatro do Interior da China. A responsável da empresa sediada em Hengqin lamentou o facto de muitos advogados de Macau, de nacionalidade portuguesa e pertencentes aos quadros da empresa, não conseguirem actualmente participar com regularidade nos trabalhos da ZLF, de forma presencial. Contudo, assegura, as políticas para que tal possa acontecer estão a ser estudadas. “Estamos a estudar políticas que permitam aos residentes de Macau com nacionalidade estrangeira, quer seja portuguesa ou brasileira, por exemplo, ter mais liberdade [de circulação] em Hengqin, no futuro”, começou por apontar Chen Yi. “Há questões técnicas de enquadramento jurídico por resolver. Macau é uma região muito especial, porque tem residentes permanentes e não permanentes com diferentes nacionalidades. Talvez no futuro, se possa deixar cair as restrições na primeira linha [fronteira entre Macau e Hengqin], permitindo que todos os residentes possam vir [facilmente] a Hegqin. A segunda linha [fronteira entre Hengqin e o Interior da China] será sempre mais restrita”, acrescentou. Recorde-se que o próprio secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, admitiu recentemente que a política de emissão de vistos para estrangeiros pode vir a ser alterada, caso o Governo Central assim o decida, facilitando a entrada na zona de cooperação. Sobre a ZLF, Chen Yi vincou ainda a importância de a empresa ser capaz de atrair advogados com conhecimento sobre a legislação de Macau, Hong Kong e internacional que, ao mesmo tempo, tenham obtido aprovação no exame nacional da Ordem dos Advogados da China. O objectivo, explica, é “resolver problemas de investimento transfronteiriço”, sobretudo para aqueles que “querem investir nos PLP”. Os serviços podem ser prestados em chinês, português, inglês, francês e italiano. Outro dos tópicos apontados pela responsável reside na “exploração de possibilidades que os residentes de Hengqin terão de optar pela lei de Macau ou do Interior da China” para resolver litígios na zona de cooperação. Bálsamos com história Do roteiro da visita, fez também parte o “Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa para a Cooperação entre Guangdong–Macau”. Contando com uma área de ocupação de 500 mil metros quadrados e uma área de desenvolvimento de 1,4 milhões de metros quadrados, o parque de MTC inclui, desde 2018, uma área de incubação que acolhe 216 empresas, sendo que destas, 52 são de Macau. Além da medicina tradicional chinesa propriamente dita, as empresas do parque concentram-se também no desenvolvimento de outros produtos de saúde, equipamentos e serviços médicos e biomedicina. Uma dessas empresas é a Guangdong Authenmole Biotech. Detentora de dezenas de patentes a nível nacional e internacional, a instituição tem um centro de pesquisa e uma fábrica na Ilha da Montanha destinados à criação de produtos de medicina tradicional chinesa solúveis, distribuídos por cinco categorias e feitos a partir de ervas medicinais, frutos, vegetais, fungos e outros componentes naturais livres de pesticidas. Na fábrica, é utilizada uma tecnologia apelidada de PLEESIT, que consiste na extracção, a baixas temperaturas, de ingredientes activos das matérias primas naturais e na remoção de substâncias químicas como os pesticidas. O processo é totalmente automatizado, e processado diariamente do parque de medicina tradicional chinesa de Hengqin. Com o objectivo de incentivar a aplicação e transformação de produtos de MTC, o parque integra ainda três projectos destinados ao desenvolvimento da chamada indústria do “Big Health”. São eles o o Ruilian (Hengqin) Wellness Resort, o Museu de Tecnologia e Criatividade de Medicina Tradicional Chinesa e a Rua Temática da Cultura de Medicina Tradicional Chinesa “Olá Lótus”. Chimelong | Das profundezas do oceano ao palco do circo Localizado na Nova Área de Hengqin em Zhuhai, o Chimelong Ocean Kingdom assume-se como um dos maiores parques temáticos do mundo, incluindo o maior aquário e oceanário do globo. Os três tubarões-baleia são as estrelas da companhia, num recinto onde não faltam pinguins imperadores, ursos-polares, raias e outras tantas espécies que não se vêem todos os dias. Inaugurado em 2014, o Chimelong Ocean Kingdom acolhe ainda atracções como montanhas russas, espectáculos de orcas, carrosséis, zonas de restauração, comerciais e outras. Não muito longe, o resort do Chimelong Hengqin Bay Hotel inclui o Chimelong International Circus, onde é possível assistir a uma série de números exóticos e peculiares. Ciência | Centro de pesquisa cria cimento de baixa densidade O Instituto de Pesquisa Tecnológica e Científica da Universidade de Macau em Zhuhai (ZUMRI na sigla inglesa), criou, através do Instituto de Física Aplicada e Engenharia de Materiais, um projecto dedicado ao desenvolvimento de cimento de baixa densidade. A ideia é tornar a produção deste material, responsável por 8,0 por cento das emissões de carbono da China, mais sustentável, leve e absorvente, diminuindo assim a pegada ecológica. Isto, quando anualmente são produzidas quatro toneladas de cimento por cada habitante do país. Além do Instituto de Física Aplicada e Engenharia de Materiais, o ZUMRI encontra-se a desenvolver projectos nas áreas da cidade inteligente, da medicina tradicional chinesa, electrónica e saúde, com o objectivo de transformar projectos científicos em resultados e tirar partido da cooperação e sinergias oferecidas pela sua ligação à UM. Fundado pelo Governo Central, o centro de pesquisa localizado em Hengqin acolhe 66 projectos de relacionados com ciência e tecnologia, incluindo cinco iniciativas do Ministério da Ciência e Tecnologia da China, 48 afectos à Fundação Nacional de Ciências Naturais da China (NFSC) e ainda 13 projectos da responsabilidade das autoridades municipais e provinciais.
Festival Fringe | 21.ª edição leva a arte performativa às ruas da cidade Hoje Macau - 13 Dez 2021 Mais de três dezenas de espectáculos e eventos culturais vão “invadir” Macau, entre 12 e 23 de Janeiro, na 21.ª edição do Festival Fringe. A festa da arte performativa irá convidar o público a quebrar barreiras de distância, trazendo a arte de espaços convencionais para as ruas e vidas dos residentes Marquem nos calendários. Entre 12 e 23 de Janeiro, a 21.ª edição do Festival Fringe irá inundar Macau com uma série de espectáculos, projecções, sessões de partilha, workshops, exposições, seminários, sessões de intercâmbio e experiências comunitárias de interacção imersiva. Com organização do Instituto Cultural (IC) e sob o tema “Quebra da Margem”, o cartaz do Fringe apresenta espectáculos e eventos culturais que têm como objectivo não apenas agregar pessoas, mas também “levar o público a quebrar as barreiras da distância”. A organização pretende ainda “levar a arte de espaços convencionais e integrá-la na nossa vida quotidiana”. Numa categoria que se tornou num clássico do evento, a série “Crème de la Fringe” divide-se em dois sub-temas, “Iao Hon”, pela companhia Ao Ieong Pui San, e “Todos Fest!”, de autoria da Associação de Arte e Cultura Comuna de Pedra. São três os espectáculos inseridos no sub-tema “Iao Hon”, nomeadamente “Inquilino”, “Imigrante Ilegal” e “Transeunte”, bem como três “actividades de extensão” que terão o bairro do Iao Hon como pano de fundo. Com “Rota de Sobrevivência”, “Não é Correio Electrónico Lixo” e “Loja Pop-up do Iao Hon”, os participantes podem, “através de uma rota turística pouco convencional”, de uma barraca de vendilhões de produtos em segunda mão e de uma iniciativa de coleccionar postais, explorar e conhecer mais este bairro, bem como conhecer pessoas, lugares e histórias esquecidos. No sub-tema “Todos Fest!” estão também incluídos três espectáculos intitulados “A Tarefa Interminável da Luxúria pelo Fracasso para Estudantes do Ensino Secundário”, “Veias Dançantes” e “Corpo-específico!”. Está também programada a realização de dois workshops, duas sessões de projecção e uma sessão de partilha. A ideia é “levar a arte à vida dos indivíduos de diversas classes sociais, mostrando diferentes aspectos da vida através da dança, do teatro, da música e de espectáculos improvisados”. Em relação às actividades de extensão, serão realizadas sessões de projecção e de partilha, tal como um debate sobre o desenvolvimento das artes inclusivas, intitulado “Como fazer Curadoria de Arte Inclusiva”. Acontece também o “Workshop de Dança Simbiótica” e o “Workshop Corporal para Idosos”, que procuram ambos “inspirar a criatividade e a capacidade artística dos idosos e indivíduos portadores de deficiências físicas e mentais, bem como redefinir os parâmetros estéticos do público”. Uma estreia na Ásia Em destaque no cartaz deste ano, importa realçar a estreia asiática do grupo inglês AΦE, que apresenta 0AR (zero AR), um espectáculo que combina dança com tecnologia de realidade aumentada. Os Edinburgh Fringe Showcase apresentam o teatro de som “Regresso a Casa”, um espectáculo no qual o público é convidado a actuar como personagens e narradores de histórias. O PO Art Studio apresenta “Lift Left Life Live”, uma “viagem artística”, enquanto que a Associação de Música Contemporânea de Macau apresenta “Sonatas e Interlúdios de John Cage com as Oito Rasas”, uma performance que mistura música, video mapping e linguagem corporal dos dançarinos que se misturam para vivenciar as oito rasas da estética indiana. O público poderá ainda ver a exposição “A Loucura Pós-Pandémica”, com curadoria de Heidi Ng, Somen Sou e Kathy Ng. A mostra combina multimédia, teatro e tecnologia e reflecte sobre a relação entre o homem e a natureza na era pós-pandemia. Cynthia Sio traz o espectáculo híbrido “Por Dentro”, onde os espectadores “serão conduzidos a um espaço vazio e criarão uma obra de arte à vontade, enquanto bailarinos de Macau e da Coreia do Sul colaboram online”. Tal irá permitir que os participantes “olhem para a vida de maneira diferente através da criação da arte interactiva”. Sendo este um festival que pretende reduzir barreiras entre pessoas, a ideia é que a arte chegue a todas as comunidades, com espectáculos de rua. Prova disso é a actividade “Época de Descobertas”, de Cindy Ng, que combina “dados meteorológicos de Macau em tempo real com arte a tinta, criando-se um ambiente virtual e realista”. O The Dancer Studio Macao apresenta, no Largo de São Domingos, “Duelo de Dança de Miúdos”, onde jovens bailarinos competem no estilo de dança com que estão familiarizados, seja dança de rua, dança latina ou dança chinesa. Uma viagem em Coloane Aline da Silva Mendes apresenta “O Vendedor de Bonecos de Arroz”, uma marioneta de bambu de três metros de altura é feita para relembrar a memória dos tempos. Por sua vez, Cheng Ka Man traz “Fragmento”, uma peça de teatro sobre fantasias e moda, sob o tema da forjadura de ferro. O programa do Fringe apresenta também “Cinema de Magia de Macau”, da autoria de Sou Tai San, Sun Chan San e Wong Kai Ian, tratando-se de “uma viagem maravilhosa de descoberta que será lançada por magia”. Em “Acolhe esse Miúdo”, Kawo Cheang apresenta cinco exercícios artísticos, a partir dos quais se iniciará um diálogo com base nas suas obras. Os Rolling Puppet Alternative Theatre trazem a esta edição do Fringe “Um Espaço de Novo e Antigo”, uma viagem ao passado e ao presente em Coloane, local onde a companhia de teatro está instalada. Ainda no conjunto de actividades de extensão do Fringe o público poderá visitar a “Exposição de Arte para Todos”, além de participar no “Workshop sobre piano preparado”. Será ainda organizada a “Instalação de Pintura de Flores — Exposição de Arte de Jenny Lei”, bem como o “Workshop de Pintura de Flores”. Desde ontem que o público pode inscrever-se nas actividades de extensão ou adquirir os bilhetes para os espectáculos.
Desporto | Regata Internacional de Macau entre 13 e 16 de Janeiro Hoje Macau - 13 Dez 2021 A realização da Regata Internacional de Macau acontece entre os dias 13 e 16 de Janeiro. A prova é organizada pelo Instituto do Desporto e pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água, além da ter a colaboração de outras entidades, como o patrocínio da MGM. Nesta nova edição, participam em três competições um total de 37 equipas provenientes da China e de outros países. A MGM Regata Internacional de Macau 2022 inclui a Regata da Taça Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau (IRC), a Regata Internacional Taça de Macau de Beneteau First 40.7 e a Regata Internacional de Catamarã por Convites Hobie 16. Serão convidadas 22 equipas provenientes da China e outros países. A Regata Internacional de Catamarã por Convites Hobie 16 contará com a participação de 15 equipas, comas provas a realizarem-se nas áreas marítimas em frente ao Centro de Ciência de Macau, a sul do canal de acesso ao Porto Interior. No dia 16, haverá ainda um passeio na orla marítima que irá permitir apreciar o desfile de veleiros e a Regata Internacional de Catamarã por Convites no mesmo lugar.
DSAL | Abre hoje balcão exclusivo para funcionários da Suncity João Luz - 13 Dez 2021 Na sequência do anúncio do fim das actividades da empresa de promoção de jogo do Suncity Group, o Governo declarou que vai abrir hoje um balcão exclusivo para os trabalhadores afectados. Entretanto, uma empresa de Alvin Chau foi notificada do vencimento de um empréstimo de mais de 300 milhões de dólares de Hong Kong (HKD) que pode mudar o destino do grupo Abre hoje, às 09h, um balcão exclusivo de apoio “aos trabalhadores influenciados pelo incidente do Suncity Group” no “Centro de Formação Profissional (Istmo de Ferreira do Amaral, n.os 101 a 105A, Edifício Industrial Tai Peng, 1.ª Fase, rés-do-chão)”, informou a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL). Num comunicado conjunto com a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), a DSAL afirmou ontem que o balcão pretende “disponibilizar serviços de apoio sobre consulta dos direitos e interesses laborais e de registo aos trabalhadores em causa”, além do auxílio à “procura de emprego e de prestação de informações sobre formação profissional”. Com funcionamento entre as 09h e as 18h30, os serviços requerem o registo dos trabalhadores, que precisam entregar “original e cópia do bilhete de identidade e cópias dos eventuais contratos, recibos de vencimento ou demais documentos relevantes”. É também possível fazer o registo on-line, através da leitura de um código QR. Quem queira apresentar queixa pode fazê-lo na sede da DSAL. Ambas as direcções sublinharam que “têm mantido contacto estreito com os responsáveis do Suncity, tomaram conhecimento sobre os pormenores do caso e procederam ao acompanhamento da situação”. Céu nublado Na sexta-feira, o Suncity Group Holdings Ltd enviou um comunicado à bolsa de valores de Hong Kong a afirmar ter recebido uma carta a alegar o vencimento de um empréstimo e o pagamento integral de 313,6 milhões de dólares de Hong Kong (HKD). O empréstimo terá sido contraído pela Star Soul, empresa detida por Alvin Chau, à Wooco Secretarial Services Ltd, uma empresa sediada em Hong Kong que executa dívidas. A identidade dos credores não foi, contudo, revelada. A nota enviada à bolsa de Hong Kong identifica Manuel Assis da Silva como um dos directores executivos da Suncity Group Holdings Limited, depois de ter sido responsável pelo departamento de inspecção da DICJ entre 2003 e 2016. O alegado credor deu cinco dias úteis à Suncity, a contar da passada quarta-feira, para saldar a dúvida, o que pode levar à transacção de acções do grupo para os credores, alterando o controlo do grupo fundado por Alvin Chau. Entretanto, a Sun City Gaming Promotion Company Limited, a empresa de promoção de jogo registada em Macau, encerrou oficialmente as suas operações. A notícia foi avançada em comunicado da empresa divulgado na sexta-feira, dirigido aos funcionários: “Depois de sermos notificados da suspensão de colaborações com concessionárias, e com o processo judicial a decorrer, a empresa não consegue operar. Devido a estes factores de força maior, lamentamos declarar que, a partir de hoje, damos por terminados os negócios da empresa.”
Comissão Segurança do Estado | Aprovada entrada do Gabinete de Ligação João Luz - 13 Dez 2021 A entrada de quatro membros do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau na Comissão de Defesa da Segurança do Estado foi oficializada com a alteração do regulamento do organismo. André Cheong justificou a medida com mudanças na conjuntura internacional e regional e ameaças não especificadas O director do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, Fu Ziying, vai supervisionar, orientar e coordenar os trabalhos do Executivo na área da segurança nacional enquanto assessor da Comissão de Defesa da Segurança do Estado. As mudanças à composição do organismo criado em 2018, foram efectivadas com a revisão do regulamento administrativo da comissão, que deverá entrar em vigor esta semana, depois de ter sido concluída a discussão no Conselho Executivo. Além de Fu Ziying para a estrutura, mais três membros do Gabinete de Ligação entram na Comissão de Defesa da Segurança do Estado na qualidade de assessores técnicos. As mudanças no organismo passaram pela entrega de uma proposta ao Governo Central. “À medida que a conjuntura da defesa da segurança do Estado se torna cada vez mais complexa, a RAEM necessita aperfeiçoar os respectivos regimes jurídicos e mecanismos de execução. O Chefe do Executivo apresentou um relatório ao Governo Popular Central propondo a criação, pelo mesmo, dos lugares de assessor para os assuntos de segurança nacional e de assessores técnicos para os assuntos de segurança nacional na Comissão de Defesa da Segurança do Estado da RAEM, tendo obtido recentemente a resposta oficial de consentimento”, afirmou o Conselho Executivo em comunicado na sexta-feira. Perigos difusos Na conferência de imprensa de apresentação das alterações à Comissão de Defesa da Segurança do Estado, o porta-voz do Conselho Executivo e secretário para Administração e Justiça, André Cheong, justificou a medida com as alterações ao enquadramento internacional e regional. Apesar de admitir que “a conjuntura geral relativa à defesa da segurança do Estado é boa”, questionado sobre o tipo de ameaças à defesa nacional o secretário respondeu de forma vaga. “Devido à complexidade da defesa da segurança do Estado, à mudança do enquadramento internacional, entre outras situações que estão a mudar nas regiões vizinhas, bem como o desenvolvimento socioeconómico de Macau, precisamos aperfeiçoar este mecanismo de defesa da segurança do Estado”, afirmou, citado pelo Canal Macau da TDM. Além das mexidas na comissão, o secretário reiterou que a própria lei de salvaguarda da segurança do Estado será revista em 2022.
Lusofonia | Cancelados concertos da banda Concrete/Lotus Hoje Macau - 10 Dez 2021 Lusofonia | Cancelados concertos da banda Concrete/Lotus Segundo uma nota publicada pelos membros da banda nas redes sociais, o cancelamento deve-se ao facto de a vocalista, Joana de Freitas, “ter sido, a partir de agora, impedida de participar em qualquer actividade musical (ou de outra qualquer área artística) pela empresa onde trabalha, que considera que esta participação denigre a imagem da empresa”. De frisar que, além de actuar na banda Concrete/Lotus, Joana de Freitas é jornalista do Canal Macau da TDM. Na mesma nota, o grupo pede desculpa ao público e aos fãs, bem como “ao Instituto Cultural, pelo seu contínuo apoio aos artistas locais”, sem esquecer a equipa de produção do festival. “Os Concrete/Lotus esperam voltar em breve no mesmo formato”, lê-se ainda. O festival da Lusofonia começa hoje e acontece até domingo na zona das Casas-museu da Taipa.
Universidade de Macau averigua denúncia de alegada violação por parte de doutorando Hoje Macau - 10 Dez 2021 A Universidade de Macau (UM) está a averiguar uma denúncia de um alegado caso de violação de uma ex-aluna por parte de um doutorando, disse à agência Lusa fonte da instituição. A UM garantiu estar “a monitorizar o incidente” e que a denuncia já foi entregue à polícia. Contudo, também em resposta à Lusa, a Polícia Judiciária (PJ) confirmou que recebeu o relatório da denunciante, mas porque se trata de acusação de violação e a queixosa não se encontra em Macau, não vai abrir o processo. “De acordo com a lei, se for acusação de violação, a pessoa em causa deve dirigir-se à esquadra da polícia para denunciar pessoalmente o crime”, apontou a PJ, acrescentando que “se a identidade não puder ser confirmada, o caso será arquivado”. Uma ex-aluna da universidade, que se encontra a estudar na Universidade de Chicago, Estados Unidos, denunciou, numa carta aberta à UM, ter sido violada enquanto aluna em Macau e que continua a receber assédio sexual via online por parte de um doutorando da faculdade de Ciências e Tecnologia da instituição. Esta carta aberta conta com 30 cossignatários e a denunciante disse à Lusa que já tem mais de 280 pedidos para assinar a carta.
Laboratório sino-português junta-se à iniciativa chinesa Uma Faixa, Uma Rota Hoje Macau - 10 Dez 2021 O Ministério da Ciência e Tecnologia da China anunciou que um laboratório sino-português, dedicado ao desenvolvimento de tecnologia para vigiar a saúde dos oceanos, passou a fazer parte da iniciativa chinesa Uma Faixa, Uma Rota. De acordo com um comunicado divulgado na quarta-feira, o Laboratório Conjunto Sino-Português de Tecnologia Espacial e Marítima (STARLab) recebeu a distinção, através de videoconferência. O STARLab é um projeto conjunto da Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal e da Academia para a Inovação em Microssatélites da Academia Chinesa de Ciências (IAMCAS, na sigla em inglês). O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal referiu à Lusa que o laboratório partiu de um acordo de cooperação científica e tecnológica assinado durante a visita do líder chinês, Xi Jinping, a Lisboa, em 2018. Segundo o Xinmin Evening News, Zhang Yonghe, diretor da IAMCAS, disse que o laboratório está a estudar as mudanças climáticas, as correntes no oceano profundo e a saúde dos ecossistemas marinhos. O objetivo do STARLab é criar tecnologia que permita não apenas monitorizar e proteger os oceanos, mas também promover o desenvolvimento sustentável da economia marítima, acrescentou o académico. O laboratório tem servido de plataforma para a cooperação com universidades e instituições de investigação de Portugal, disse o vice-diretor principal da IAMCAS, Lin Baojun, citado pelo diário estatal chinês. Quase 40 representantes de universidades e instituições de investigação científica da China e Portugal participaram no seminário de terça-feira, disse o ministério da Ciência e Tecnologia chinês. O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior português, Manuel Heitor, e o seu congénere chinês, Wang Zhigang, encontraram-se também na terça-feira, de forma virtual. Durante a reunião de trabalho, Manuel Heitor apelou a um maior intercâmbio de estudantes e investigadores científicos entre Portugal e a China. Já Wang Zhigang defendeu que, desde 2018, tem havido “progresso substancial” na cooperação bilateral em áreas como as mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável e proteção do património cultural. Ambos os ministros apelaram a um reforço do papel de Macau na cooperação científica e tecnológica entre Portugal e China. O polo do STARLab em Portugal foi inaugurado nas Caldas da Rainha em julho de 2019, numa parceria público-privada que do lado português incluía a empresa aeroespacial Tekever e o CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto. O projeto previa o lançamento para o espaço do microssatélite português “Infante”, para recolher dados marítimos e da superfície terrestre, até ao final de 2021. Em abril de 2021, fonte da Tekever disse à Lusa que o “Infante” deveria ficar pronto em outubro, mas que deixou de ter data para ser enviado para o espaço.