A subida das águas Paul Chan Wai Chi - 3 Jul 2025 Não é apenas quando a água recua que se percebe quem estava a usar fato de banho e quem não estava. Quando o nível das águas sobe, quem sabe nadar salva-se e quem não sabe afoga-se. Na vizinha Hong Kong, há notícia do encerramento sucessivo de muitas companhias de seguros, padarias e cinemas. É uma cidade que afirma ser um centro financeiro internacional e procura constantemente formas de “quebrar o impasse” e de melhorar a situação actual. Se o método adoptado for correcto, vai encontrar-se naturalmente uma saída, mas se for adoptado um método incorrecto ou inapropriado, a situação piorará. Desde o início do novo mandato do Governo da RAEM, Macau não tem enfrentado menos problemas do que enfrentou durante a pandemia de COVID-19. Algumas dificuldades surgiram devido ao cenário nacional e internacional, outras já têm raiz no passado e algumas apareceram recentemente. O Citibank retirou-se de Macau, pondo fim à sua actividade na cidade, o que, apesar de tudo, envolveu uma quantidade relativamente pequena de activos, mas a partida de uma instituição financeira internacional não pode ser ignorada. O Chefe do Executivo de Macau, bem como muitos funcionários do Governo, raramente terá tido oportunidade de usar os transportes públicos. Infelizmente, apanhei recentemente um autocarro na Rua do Campo e, durante a curta viagem, uma passageira sentada perto do motorista manifestou continuamente a sua insatisfação com as políticas do Governo da RAEM, afirmando que participaria de boa vontade em manifestações de protesto se houvesse alguém que as organizasse. Por motivos de segurança, o motorista não lhe respondeu e eu fiquei de pé perto da porta e também escolhi ficar em silêncio. Dadas as actuais circunstâncias de Macau, é difícil encontrar algum grupo que organize protestos para exigir “garantias do emprego e da qualidade de vida da população”. O Governo da RAE está ciente dos problemas que existem. O secretário para a Economia e Finanças acabou de apresentar na Assembleia Legislativa a proposta de lei intitulada “Alteração à Lei do Orçamento de 2025”, a recomendar um aumento orçamental de 650 milhões de patacas para apoiar as pequenas e médias empresas e revitalizar a Zona de Aterros do Porto Exterior (ZAPE) em resposta à onda de encerramento de lojas e ao aumento do desemprego. Contudo, não houve qualquer referência ao momento em que o programa de apoio e revitalização seria iniciado. Durante os mandatos dos antigos Chefes do Executivo Ho Hau Wah e Chui Sai On, Macau ultrapassou obstáculos significativos para alcançar uma transformação económica estrutural, o que permitiu que o PIB atingisse novos máximos na Ásia e estabilizando o cenário político e social. O impacto da pandemia de COVID-19 em Macau representou um desastre imprevisto, mas as perdas causadas pelo homem são evitáveis. Confrontados com a onda de encerramento de negócios, desemprego e incertezas causadas por conflitos comerciais internacionais, de seguida, ondas de choques surgirão umas atrás das outras. Quando o nível das águas sobe, e para evitar que nos afoguemos, é necessário encontrar o verdadeiro caminho para a sobrevivência. No plano nacional de desenvolvimento do Governo Central, Macau aparece posicionado como “um centro, uma plataforma e uma base” definido pelo País. Quando se menciona que Macau é “um centro” refere-se que é o Centro Mundial de Turismo e Lazer, e não só o Centro de Turismo e Lazer da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Atrair mais turistas internacionais para Macau e encorajá-los a consumir enquanto estão na cidade é absolutamente crucial. Transformar a Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin numa plataforma de serviço comercial entre a China e os países da língua portuguesa pode ser mais prático e benéfico para Macau do que promover activamente a estratégia de desenvolvimento da diversificação adequada da economia “1 + 4”. A cultura chinesa enfatiza a harmonia e a inclusão, e só adoptando este princípio orientador se torna possível a coexistência e a diversidade, moldando assim uma sociedade saudável através do intercâmbio entre a cultura chinesa e a cultura ocidental. Poderá Macau alcançar harmonia e inclusão verdadeiras? Se remarmos em direcção aos confins do mundo, em vez de ficarmos parados na praia, não importa se o nível da água sobe ou não.
Festa da Gastronomia traz chefs Jordy Navarra e Varun Totlani à Doca dos Pescadores Hoje Macau - 3 Jul 2025 Decorre a partir da próxima semana, entre os dias 11 e 20 de Julho, a “Festa Internacional das Cidades de Gastronomia – Macau 2025”, que traz pitéus de todo o mundo e chefs bem conhecidos. O evento decorre na Praça do Coliseu Romano e no espaço “Legend Boulevard” da Doca dos Pescadores, trazendo nomes como Jordy Navarra, chef e fundador do restaurante das Filipinas Toyo Eatery; e ainda Varun Totlani, chef do restaurante da Índia Masque Restaurant. Ambos foram distinguidos nos prémios “The Best Chef Awards de 2024”, com os restaurantes que gerem a entrar para a lista dos melhores restaurantes asiáticos “Asia’s 50 Best Restaurants”. O programa desta festa inteiramente dedicada ao mundo da gastronomia, organizada pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), traz, por exemplo, no dia 14 de Julho o ciclo de conferências e debates intitulado “O Sabor da Vida: Conexões Culinárias de Macau”, que decorre das 9h às 13h, com três painéis de debate. Trata-se de uma iniciativa realizada em parceria com o jornal South China Morning Post e que irá abordar o papel das especiarias e ervas aromáticas como ingredientes essenciais nas culinárias de todo o mundo. É neste painel que participam os chefs Jordy Navarra e Varun Totlani. Pratos globais Neste ciclo de debates no dia 14, incluem-se 15 convidados oriundos de Macau, Hong Kong, Taiwan e outros países e regiões da Ásia, nomeadamente “estudiosos, cozinheiros, bartenders, influenciadores [influencers], chefs da indústria da restauração e dos resorts integrados”. Serão discutidos temas como a “História e legado das especiarias: Revista às origens da culinária de fusão”, “Sinfonia de sabores: Culinária de fusão no Macau moderno e no mundo” e ainda “Especiarias como ponte: Celebração da fusão cultural e de comunidades”. Segundo uma nota da DST, pretende-se, nestas conversas, “explorar [a história] das rotas comerciais das especiarias e ligações às culturas gastronómicas de várias regiões do mundo”, bem como “as inovações na utilização das especiarias nas culinárias tradicionais, a linhagem cultural e cozinhas de fusão asiática voltadas para a inovação”. A DST pretende, com este festival gastronómico, proporcionar “um intercâmbio internacional”, em que “os participantes explorarão juntos a essência das culturas gastronómicas e histórias que quebram barreiras geográficas e culturais”. Macau foi designada como Cidade Criativa de Gastronomia da UNESCO e, no contexto da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas, tem desenvolvido “diversas iniciativas associadas à gastronomia”. Nos anos de 2016, 2018 e 2019 realizou-se o “Fórum Internacional de Gastronomia, Macau”, tendo este evento regressado no ano passado integrado na “Festa Internacional das Cidades de Gastronomia, Macau”. Com todos estes eventos, o Governo tem procurado “potenciar ao máximo o papel de Macau como plataforma de diálogo internacional, promovendo a cultura gastronómica característica de Macau, o intercâmbio com o exterior e o desenvolvimento sustentável do sector de turismo”.
City of Dreams | A magia do mundo da moda na lente de Horst P. Horst Hoje Macau - 3 Jul 20257 Jul 2025 Os amantes da moda e da beleza podem visitar, até Setembro, uma exposição dedicada ao trabalho do fotógrafo de moda Horst P. Horst patente no City of Dreams. “Horst: Fotógrafo de Estilo” é uma exposição “icónica de fotografia de moda” realizada em conjunto com o prestigiado Victoria and Albert Museum em Londres Nasceu no tempo em que a moda era quase uma forma de arte, tendo demorado muito tempo até se democratizar e chegar às lojas e às pessoas. Esse lado mais clássico dos tecidos e das costuras ficou, decerto, eternizado na fotografia feita por Horst P. Horst, que ficou conhecido como um dos grandes fotógrafos de moda e que nasceu, em 1906, com o nome Horst Paul Albert Bohrmann. Horst, falecido em 1999, deixou muitas imagens demonstrativas de uma carreira plena a fotografar modelos, roupas e actrizes, criando imaginários de beleza que podem agora ser vistos de perto numa exposição patente no empreendimento City of Dreams (COD), no Cotai, organizada em conjunto com o Victoria and Albert Museum. A mostra chama-se “Horst: Fotógrafo de Estilo” [Horst: Photographer of Style] e foi inaugurada esta quarta-feira, revelando o trabalho deste fotógrafo ao longo de 60 anos. Citado por um comunicado do COD, Duncan Forbes, director de fotografia do Museu V&A de Londres, outro dos parceiros na organização desta exposição, falou do lado eclético do trabalho de Horst P. Horst, e que pode ser visto nesta mostra. “Desde as icónicas capas da [revista] Vogue até às impressionantes impressões a cores, o trabalho de Horst personifica uma elegância intemporal — uma celebração da beleza, da postura e da precisão artística. O City of Dreams, com a sua rica fusão de moda, design e arte contemporânea, reflete perfeitamente o espírito do trabalho de Horst. É uma honra para nós apresentar a estreia desta exposição na RAEM e partilhar o legado de Horst com um público novo e exigente”, disse. A exposição apresenta uma selecção das obras mais representativas do trabalho de Horst, divididas em cinco temas centrais: “Alta Costura”, “Surrealismo”, “Moda em Cores”, “Viver com Estilo” e “Palco e Ecrã”. Segundo o mesmo comunicado, revela-se a “elegância serena da alta costura parisiense” e as “ousadas explorações surrealistas”, sem esquecer “a fotografia a cores pioneira aos retratos vívidos de ícones do cinema”. Tudo isso cabe numa “exposição que oferece uma visão rica e multidimensional do universo artístico de Horst”. Fotografia chinesa Além disso, o público poderá ver uma secção especial intitulada “Tributo a Horst”, que apresenta obras de cinco fotógrafos chineses influentes, nomeadamente Hai Feng, Nick Yang, Trunk Xu, Wu Zeng e Yuangui Mei. Esta parte oferece “um vislumbre da fotografia de moda chinesa dos últimos trinta anos, mostrando os seus ricos diálogos culturais e avanços artísticos”, tratando-se de obras que “capturam a fascinante interação entre tradição e modernidade, estética oriental e ocidental, bem como elegância intemporal e inovação contemporânea”, destaca o COD. Segundo a mesma nota, Horst P. Horst é amplamente considerado um dos fotógrafos de moda mais influentes do século XX, famoso pelo seu uso magistral da luz e composição meticulosa. A sua carreira criativa durou mais de seis décadas, moldada por movimentos artísticos como o surrealismo e a ascensão da fotografia a cores. O seu trabalho é conhecido pela tensão dramática e profundidade artística, proporcionando uma estética incomparável que permanece inigualável. Horst também capturou algumas das figuras mais lendárias da arte, literatura e moda — incluindo Coco Chanel, Salvador Dalí, Marlene Dietrich e Andy Warhol — deixando para trás um legado de retratos inesquecíveis. Tim Kelly, presidente do COD, referiu, sobre esta exposição, que “é um passo fundamental na nossa visão de integrar a arte na vida quotidiana”. “A elegância duradoura e a criatividade inovadora da fotografia de Horst alinham-se perfeitamente com a filosofia da nossa marca. Esperamos que esta exposição se torne uma plataforma para o intercâmbio criativo, onde a arte desperta novas ideias e inaugura um novo paradigma onde a tradição e a inovação se encontram”, disse. “Horst: Photographer of Style” pode ser vista no primeiro piso do COD até ao dia 12 de Setembro deste ano, convidando-se residentes e turistas a “explorar um mundo de moda, arte e luz intemporais e a celebrar o legado de um dos maiores mestres da fotografia”.
Tarifas | Pequim avalia pacto EUA-Vietname e promete proteger os seus interesses Hoje Macau - 3 Jul 2025 O Ministério do Comércio da China manifestou ontem “firme oposição a qualquer acordo comercial alcançado à custa dos interesses da China”, reagindo ao pacto anunciado entre os Estados Unidos e o Vietname, e admitiu adoptar contramedidas. “O que Washington designa como ‘tarifas recíprocas’ sobre os seus parceiros comerciais é uma prática unilateral de intimidação, à qual a China sempre se opôs”, afirmou o porta-voz da tutela, He Yongqian, em conferência de imprensa. Segundo o responsável, Pequim “tomou nota da situação e está a avaliá-la”, sublinhando que a China encoraja as partes a resolverem as divergências económicas e comerciais “com base na igualdade e através do diálogo”, mas rejeita firmemente acordos que prejudiquem os seus interesses. “Se tal situação se confirmar, a China adoptará resolutamente contramedidas e protegerá os seus legítimos direitos e interesses”, assegurou He. Na quarta-feira, o Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nas redes sociais um acordo tarifário com o Vietname que reduz para 20 por cento as taxas alfandegárias impostas em Abril às importações provenientes daquele país do Sudeste Asiático, mas eleva para 40 por cento os encargos sobre mercadorias reexportadas por Hanói e originárias de terceiros países. Washington acusa o Vietname de funcionar como plataforma de transbordo para exportações chinesas, após a transferência de diversas fábricas da China para o país vizinho, na sequência das tarifas impostas por Trump durante o seu primeiro mandato (2017-2021).
Wang Yi exorta União Europeia a evitar a confrontação Hoje Macau - 3 Jul 2025 O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, advertiu ontem a sua homóloga europeia contra os riscos de confrontação, numa altura em que Pequim procura afirmar-se como um parceiro fiável, face à volatilidade dos Estados Unidos. Durante um encontro realizado na quarta-feira, em Bruxelas, com a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, Wang Yi defendeu que a China e a UE “não devem ser vistas como adversárias pelas suas diferenças, nem procurar o confronto devido aos seus desacordos”, de acordo com um comunicado divulgado ontem pelo seu ministério. Na véspera, Kallas defendeu que Pequim deve deixar de ameaçar a segurança europeia, apontando alegados ciberataques, interferências em processos democráticos e práticas comerciais desleais. “A Europa enfrenta vários desafios”, afirmou Wang Yi, acrescentando que nenhum deles, “no passado, presente ou futuro”, foi causado pela China. Via alternativa O chefe da diplomacia chinesa procurou apresentar o seu país como um contrapeso à Administração de Donald Trump, que ameaçou impor tarifas generalizadas sobre as importações europeias. “O caminho seguido pelos Estados Unidos não deve ser usado como espelho da China”, frisou Wang. “A China não é os Estados Unidos”, vincou. Segundo o comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, os dois lados abordaram ainda questões internacionais como a guerra na Ucrânia, o conflito israelo-palestiniano e o programa nuclear do Irão. Pequim e Bruxelas devem agir com base no “respeito mútuo”, defendeu Wang Yi, apelando a uma política europeia mais “activa e pragmática” em relação à China. Wang reuniu-se também na quarta-feira com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e com o ministro dos Negócios Estrangeiros belga, Maxime Prévot. Wang disse a ambas as partes que a China e a UE devem “defender o multilateralismo e o livre comércio” e cooperar face a desafios globais como as alterações climáticas. O diplomata chinês segue agora para a Alemanha e depois para França, onde se reunirá com o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Noël Barrot, que visitou a China em Março. Estas visitas antecedem a cimeira China – UE, que reunirá em Pequim o Presidente chinês, Xi Jinping, e vários altos responsáveis europeus.
EUA / China | Fechado acordo que prevê envio de terras raras e de ‘software’ de design de chips Hoje Macau - 3 Jul 2025 As duas nações retomaram o caminho do entendimento alcançado no mês passado em Genebra Estados Unidos e China formalizaram um entendimento comercial alcançado no mês passado em Genebra, que inclui o compromisso de Pequim de retomar as exportações de minerais de terras raras, anunciou o secretário do Comércio norte-americano, Howard Lutnick. Segundo Lutnick, o acordo foi assinado há dois dias e consagra os termos negociados entre Washington e Pequim ao longo deste ano, após sucessivas acusações mútuas de violação de acordos anteriores. “Vão entregar-nos terras raras e, quando o fizerem, levantaremos as nossas contramedidas”, declarou, em entrevista à Bloomberg. A Siemens AG, uma das principais fornecedoras mundiais de ‘software’ de design de semicondutores, foi libertada pelo Departamento do Comércio dos Estados Unidos da necessidade de solicitar licenças para operar no mercado chinês, segundo revelou a empresa alemã em comunicado. As restrições à exportação tinham sido impostas em Maio, como parte de um pacote de medidas adoptado pelos Estados Unidos em resposta às limitações chinesas à exportação de minerais de terras raras. A Siemens confirmou que restabeleceu o acesso total ao seu ‘software’ e tecnologia para os clientes chineses. As outras duas principais empresas mundiais no sector do ‘software’ de automação de design eletrónico (EDA, na sigla em inglês) – Cadence Design Systems Inc. e Synopsys Inc. – não responderam ainda a pedidos de comentário sobre se receberam comunicações semelhantes, segundo a agência de notícias Bloomberg. O Departamento do Comércio dos Estados Unidos também não comentou, acrescentou a agência. As terras raras são materiais cruciais utilizados na produção de turbinas eólicas, aviões, semicondutores e tecnologia avançada. Ao abrigo do acordo comercial alcançado na semana passada, Washington comprometeu-se a autorizar o envio para a China de ‘software’ de design de chips, etano e motores a jacto, desde que Pequim cumpra a promessa de acelerar a aprovação das exportações de minerais críticos. Um responsável da Casa Branca confirmou que os dois países concordaram com os termos necessários para aplicar o acordo de Genebra. A embaixada da China em Washington recusou comentar, enquanto o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês não respondeu de imediato. Mercados aplaudem A assinatura do acordo gerou optimismo nos mercados: os índices accionistas asiáticos e os futuros europeus avançaram, e um índice global de ações atingiu novo máximo histórico. Lutnick indicou que o Presidente norte-americano, Donald Trump, pretende concluir, até 09 de Julho, uma série de dez acordos comerciais com os principais parceiros dos EUA. “Vamos fechar os dez acordos principais, organizá-los por categorias, e os restantes países alinharão depois disso”, explicou. Embora não tenha especificado quais os países envolvidos, Trump sugeriu ontem que os EUA estão perto de um entendimento com a Índia. O principal negociador japonês, Ryosei Akazawa, também tem reuniões agendadas na capital norte-americana, tendo reiterado que o Japão “não pode aceitar” tarifas de 25 por cento sobre automóveis. Trump já afirmou que, na ausência de acordos até 09 de Julho, enviará “cartas” a cada país com os termos propostos, aplicando tarifas unilaterais – as chamadas “tarifas recíprocas”, que poderão atingir até 50 por cento. A maioria dessas medidas foi anunciada a 02 de Abril, mas suspensa por 90 dias para permitir negociações. O alcance real dos acordos permanece incerto, dado que pactos comerciais geralmente requerem anos de negociações. Um acordo anterior com o Reino Unido, por exemplo, continua com questões pendentes, incluindo tarifas sobre metais importados. De fora O acordo agora alcançado com a China não aborda temas mais sensíveis, como o tráfico de fentanil ou o acesso pleno das empresas norte-americanas ao mercado chinês. A primeira ronda de negociações, em Genebra, resultou numa redução de tarifas por ambas as partes, mas foi rapidamente seguida de acusações mútuas de incumprimento. Após novas conversações em Londres este mês, os negociadores anunciaram um entendimento, sujeito à aprovação de Trump e do Presidente chinês, Xi Jinping. Segundo Lutnick, o levantamento das contramedidas dos EUA depende da chegada efectiva das terras raras. Esta semana, o Departamento do Comércio norte-americano já autorizou o carregamento de etano com destino à China, embora o seu desembarque continue condicionado a autorização específica.
Contos tradicionais chineses recontados por Lin Yutang Hoje Macau - 3 Jul 2025 O Julgamento entre duas mães (Salomão na China) Em Yingchuan dois irmãos moravam na mesma casa e suas esposas estavam esperando filhos. A mais velha perdeu o filho logo ao nascer, mas não deixou ninguém saber do fato. Quando a mais nova deu a luz ao seu filho, a mais velha roubou-o a noite, e assim questionaram sua posse durante três anos. Quando o caso foi levado ao conhecimento de Huang Pa, Primeiro Ministro, ele ordenou que a criança fosse colocada a dez passos de distância das duas mães. A um sinal seu as duas mulheres correram para o menino e pareciam dispostas despedaçá-lo de preferência a abandoná-lo. A criança chorava desesperadamente e a mãe receou feri-la, abandonando-a então. A mulher mais velha ficou muito satisfeita ao passo que a mais nova parecia inconsolável. Nesse momento Huang Pa declarou – “A criança é filha da mais jovem”. Processou a mais velha e ela foi, de facto declarada culpada. (Do Fengshut’ung, século II) A Cinderela chinesa Certa vez, antes de Qin (222-206 a.C.) e Han havia um chefe das cavernas da montanha a quem os nativos chamavam chefe Wu. Ele se casou com duas mulheres uma das quais morreu deixando-lhe uma menina chamada Yeh Hsien. Essa menina era muito inteligente e habilidosa no bordado a ouro e o pai amava-a ternamente, mas, quando êle morreu, viu-se maltratada pela madrasta que seguidamente a forçava a cortar lenha e mandava-a a lugares perigosos para apanhar água em poços profundos. Um dia, Yeh Hsien pescou um peixe com mais de duas polegadas de comprimento e que tinha as barbatanas vermelhas e os olhos dourados. Trouxe-o para casa e o pôs numa vasilha com água. Cada dia o peixe crescia mais e tanto cresceu que, finalmente, a vasilha não lhe serviu mais e a menina o soltou numa lagoa que havia por trás de sua casa. Yeh Hsien costumava alimentá-lo com as sobras de sua comida. Quando ela chegava à lagoa, o peixe vinha até a superfície e descansava a cabeça na margem, mas se alguém se aproximasse não aparecia. Esse hábito curioso foi notado pela madrasta que esperou o peixe sem que este lhe aparecesse. Um dia, lançou mão de astúcia e disse à enteada: – “Não está cansada de trabalhar? Quero dar-lhe uma roupa nova.” Em seguida fêz Yeh Hsien tirar a roupa que vestia e mandou-a a várias centenas de li para trazer água de um poço. A velha, então, pôs o vestido de Yeh Hsien e estendeu uma faca afiada na manga da blusa; dirigiu-se para a lagoa e chamou o peixe. Quando o peixinho pôs a cabeça fora d’água, ela o matou. Por essa ocasião, o animalzinho já media mais de dez pés de comprimento e, depois de cozido, mostrou ter sabor mil vezes melhor do que qualquer outro. E a madrasta enterrou seus ossos num monturo. No dia seguinte, Yeh Hsien voltou e ao aproximar-se da lagoa verificou que o peixe desaparecera. Correu para chorar escondida no meio do mato e nisso um homem de cabelo desgrenhado e coberto de andrajos desceu dos céus e a consolou, dizendo: – “Não chore. Sua mãe matou o peixe e enterrou os ossos num monturo. Vá para casa, leve os ossos para seu quarto e os esconda. Tudo o que você quiser peça que lhe será concedido”. Yeh Hsien seguiu o conselho e pouco tempo depois tinha uma porção de ouro, de jóias e roupas de tecido tão caro que seriam capazes de deleitar o coração de qualquer donzela. Na noite de uma festa tradicional chinesa, Yeh Hsien recebeu ordens de ficar em casa para tomar conta do pomar. Quando a jovem solitária viu que a mãe já ia longe, meteu-se num vestido de seda verde e seguiu-a até o local a festa. A irmã, que a reconhecera virou-se para a mãe dizendo: – “Não acha aquela jovem estranhamente parecida com minha irmã mais velha ?” A mãe também teve a impressão de reconhecê-la. Quando Yeh Hsien percebeu que a fitavam, correu, mas com tal pressa que perdeu um dos sapatinhos, o qual foi cair nas mãos dos populares. Quando a mãe voltou para casa encontrou a filha dormindo com os braços ao redor de uma árvore; assim pôs de lado qualquer pensamento que pudesse ter sido acerca da identidade da jovem ricamente vestida. Ora, perto das cavernas, havia um reino insular chamado T’o Huan. Por intermédio de forte exército governava duas vezes doze ilhas e suas águas territoriais cobriam vários milhares de li. O povo vendeu, portanto, o sapatinho para o Reino T’o Huan, onde foi ter às mãos do rei. O rei fêz as suas mulheres experimentá-lo, mas o sapatinho era cerca de uma polegada menor dos das que tinham os menores pés. Depois fez com que o experimentassem todas as mulheres do reino sem que nenhuma conseguisse calçá-lo. O rei, então, suspeitou que o homem que o tinha levado o tivesse obtido por meios mágicos e mandou aprisioná-lo e torturá-lo. Mas o pobre infeliz nada pôde dizer sobre a procedência do sapato. Finalmente, emissários e correios foram enviados pela estrada para irem de casa em casa a fim de prenderem quem quer que tivesse o outro sapatinho. O rei estava muito intrigado. A casa foi encontrada, bem como Yeh Hsien. Fizeram-na calçar os sapatinhos e eles couberam perfeitamente. Depois ela apareceu com os sapatinhos e o vestido de seda verde tal como uma deusa. Mandaram contar o caso ao rei e o rei levou Yeh Hsien para seu palácio na ilha juntamente com os ossos do peixe. Assim que Yeh Hsien foi levada, a mãe e a irmã foram mortas a pedradas. Os populares apiedaram-se delas, sepultando-as num buraco e erigindo um túmulo a que deu o nome de “Túmulo das Arrependidas”. Passaram a reverenciá-las como espíritos casamenteiros e sempre que alguém pedia-lhes uma graça no sentido de arranjar ou ser feliz em negócios de casamento tinha certeza de que sua prece era atendida. O rei voltou à sua ilha e fêz de Yeh Hsien sua primeira espôsa. Mas durante o primeiro ano de seu casamento, ele pediu aos ossos do peixe tantos jades e coisas preciosas que eles se recusaram a conceder-lhe mais desejos. Por isso o rei pegou os ossos e enterrou-os bem perto do mar, junto com uma centena de pérolas e uma porção de ouro. Quando seus soldados se rebelaram contra ele, foi ter ao lugar em que enterrara os ossos, mas a maré os levara e nunca mais foram encontrados até hoje. Essa história me foi contada por um velho servo de minha família, Li Shih-yüan. Ele descendia de um povo chamado Yungchow e sabia de muitas historias estranhas do sul. (Do “Yuyang Tsatsu”, século IX) A Lenda de Ch’ienniang Ch’ienniang era filha de Chan Yi, um oficial em Hunan. Tinha um primo chamado Wang Chou, rapaz inteligente e bonito. Tinham sido criados juntos desde a mais tenra idade e como seu pai gostasse muito do menino tinha dito que faria de Wang Chou seu genro. Ambos ouviram essa promessa e, como a menina fosse a única filha e estivessem sempre juntos, cada dia mais se afeiçoavam um ao outro. Já agora eram dois jovens e continuavam, entretanto, a se tratar como parentes íntimos. Infelizmente o pai da jovem era o único que nada percebia. Um dia, um jovem oficial veio pedir-lhe a mão da filha e ignorando, ou esquecendo, sua promessa primitiva, ele consentiu fazendo com que Ch’ienniang, desesperada entre o amor e a piedade filial, quase morresse de dor, causando tal desgosto ao rapaz que êle resolveu sair para outras terras de preferência a ficar ali e ver sua amada tornar-se a esposa de um outro. Assim, inventou um pretexto e informou o tio de que precisava ir para a capital. Como o tio não conseguisse persuadi-lo a ficar, deu-lhe dinheiro e presentes e preparou um banquete de despedida para ele. Wang Chou, triste por ter de separar-se da amada, pensou na partida durante toda a festa dizendo a si mesmo que era melhor partir do que viver ali vendo seus, sonhos despedaçados. Assim Wang Chou saiu num barco da tarde e antes de estar a algumas milhas de distância já a noite caíra. Disse ao barqueiro que amarrasse o barco na praia e descansasse a noite. Não conseguiu dormir e, por volta da meia-noite, ouviu passos ligeiros que se aproximavam. N’alguns minutos o som pareceu bem perto do barco. Ergueu-se e perguntou – “Quem pode ser a esta hora da noite ?” – “Sou eu, Ch’ienniang,” foi a resposta. Surpreso e encantado, levou-a para o barco e ali ela lhe contou que esperara ser sua esposa. que o pai não tinha procedido bem para com ele e que ela não suportava a separação. Receava, outrossim, que ele, só e viajando por terras estranhas.. pudesse ser tentado a suicidar-se. Eis porque recaíra na censura da sociedade e na cólera dos pais e viera seguí-lo para onde quer que fosse. Assim ambos ficaram satisfeitos e continuaram a viagem juntos: para Szechuen. Passaram-se cinco anos de felicidade e ela o presenteou com dois: filhos. Porém não tinham notícias da família e diariamente ela pensava nos pais. Era essa a única coisa que lhes empanava a felicidade.. Ele: não sabia se os pais ainda viviam e quais as condições e, certa noite, começou a contar a Wang Chou como se sentia infeliz e, por ser a filha única, como se considerava culpada de grande impiedade- filial por ter deixado os velhos pais dessa maneira. – “Tem um coração cheio de amor filial e estou de acordo com você,” disse-lhe- o marido. “Já se passaram cinco anos; certamente não nos guardam rancor. Voltemos para casa.” Ch’ienniang exultou ao ouvir isso e assim fizeram todos os preparativos para voltar para casa com os dois: filhos. Quando o bote chegou à cidade natal, Wang Chou disse a Ch’ienniang – “Não sei qual o estado de ânimo de seus pais. Será melhor que eu vá para verificar.” Seu coração palpitava ao aproximar-se da casa do sogro. Ao vê-lo, Wang OIou ajoelhou-se pedindo perdão; Ao ouvir isso, Chang Yi surpreendeu-se e disse – “De quem esta falando? Ch’ienniang jaz inconsciente em sua cama nesses últimos cinco anos, desde que você nos deixou. Ela jamais abandonou o leito. – “Não estou mentindo,” disse Wang Chou. “Ela está passando bem e esperando por mim no barco”. Chan Yi não sabia o que pensar, por isso, mandou duas servas ver Ch’ienniang. Elas a viram sentada, bem vestida e feliz e até disse às servas para que falassem com seus pais o quanto os amava. Amedrontadas, as duas servas correram para casa para dar essas novas e Chang Yi ainda ficou mais intrigado. Nesse ínterim, aquela que estava na cama ouviu as novidades e parece que sua enfermidade desapareceu e os olhos brilharam. Levantou-se da cama e vestiu-se, ajeitando-se diante do espelho. Sorrindo e sem proferir uma palavra, encaminhou-se diretamente para o barco. A que estava no barco, preparava-se para tomar o caminho de casa e assim encontraram-se nas margens do rio. Quando as duas chegaram perto uma da outra seus corpos confundiram-se num só, com roupas em duplicatas, e surgiu a antiga Ch’ienniang tão jovem e encantadora como nunca. Os pais ficaram satisfeitíssimos, porém pediram aos servos que guardassem segredo e nada dissessem aos vizinhos a respeito do que acontecera, a fim de que não houvesse comentários. Eis porque ninguém, exceto os parentes mais chegados da família Chang, jamais soube desse estranho acontecimento. Wang Chou e Ch’ienniang viveram como marido e mulher durante mais de quarenta anos antes de morrerem. (Supõe-se que esta história tenha ocorrido em torno de 690 d.C.) (dinastia Tang)
Crime | Mulher burlada em 113 mil dólares de HK Hoje Macau - 3 Jul 2025 Uma mulher foi burlada em 113 mil dólares de Hong Kong, depois de ter sido convencida a fazer um investimento numa aplicação de compra e vendas de acções. O caso foi revelado pelo canal chinês da Rádio Macau, com base na informação da Polícia Judiciária (PJ). De acordo com a queixa apresentada, a vítima juntou-se a um grupo de conversação online sobre a compra e venda de acções, pelo que decidiu descarregar a aplicação promovida nesse grupo, por uma pessoa que conheceu online. Desde Maio até apresentar a queixa, a mulher transferiu 113 mil dólares de Hong Kong para a aplicação e supostamente, nesse período, estaria a obter um lucro de 30 mil yuan. No entanto, uns dias depois, a aplicação deixou de mostrar qualquer registo sobre os investimentos anteriores. Além disso, quando voltou a tentar contactar a amiga online que promoveu a aplicação, a vítima percebeu que tinha sido bloqueada. Por isso, suspeitando ter sido enganada, a mulher acabou por apresentar queixa. Troca de Dinheiro | Detido junto a casino na Taipa Um homem foi detido no dia 30 de Maio depois de ter sido interceptado pelas autoridades quando trocava dinheiro com um jogador. As trocas de dinheiro para o jogo foram criminalizadas no início do ano. De acordo com os contornos apresentados pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), o homem foi interceptado fora de um casino na Taipa, por agentes de serviço. O detido tem 36 anos e é residente do Interior. Após a detenção, afirmou às autoridades encontrar-se desempregado. Por sua vez, o jogador também é do Interior e tem cerca de 60 anos. O caso foi enviado para o Ministério Público. A pena de prisão para a troca ilegal de dinheiro para o jogo pode chegar aos cinco anos. CPSP | Preso por mostrar pornografia a estudantes Um homem foi detido depois de ter perseguido três alunas do ensino secundário a quem mostrou vídeos pornográficos. O caso foi relatado ontem pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) e citado pelo jornal Ou Mun. O homem tem 49 anos, é segurança, trabalhador não-residente do Nepal, e terá assediado as estudantes pelo menos cinco vezes, no período de manhã, entre Março e Junho. As autoridades foram alertadas para a situação na manhã de 30 de Junho e enviaram uma equipa para o local, onde detiveram o homem. O caso foi remetido para o Ministério Público e o detido está indiciado pelo crime de venda, exposição e exibição públicas de material pornográfico e obsceno, punido com uma pena de prisão de seis meses, que pode ser agravada no caso de as estudantes terem menos de 18 anos.
DST | Pop Mart Macao gerou 680 milhões de patacas João Luz - 3 Jul 2025 O projecto “Pop Mart Macao Citywalk”, que propõe passeios pela cidade por pontos onde estão instalados bonecos da marca de brinquedos chinesa, terá gerado vendas no valor de 680 milhões de patacas. Além disso, cerca de 153 mil pessoas visitaram as instalações colocadas em quatro pontos da cidade A popularidade dos brinquedos da Pop Mart foi usada pelo Governo de Macau para estimular o turismo da região. Na primeira fase do projecto “Pop Mart Macao Citywalk”, que decorreu entre 6 e 28 de Junho, “520 mil utilizadores das seis carteiras electrónicas envolvidas participaram em 520 mil sorteios automáticos, gerados por transacções comerciais num valor total de 680 milhões de patacas”, revelou ontem a Direcção dos Serviços de Turismo (DST). Entre os sorteados, foram emitidos cerca de 59 mil prémios temáticos de edição limitada da POP MART, acrescentou a DST. O “projecto de turismo cultural de grande escala” resulta de uma parceria entre a DST e a popular marca chinesa de brinquedos. Até ao dia 21 de Setembro, locais como Calçada da Igreja de São Lázaro, Praça de Luís de Camões, Largo de Santo Agostinho e Rua do Pai Kok da Taipa estarão tomadas por instalações com as populares personagens Baby Molly, Crybaby, Dimoo e Labubu. De acordo com os dados preliminares avançados ontem pela DST, nas primeiras três semanas da iniciativa as instalações situadas nos quatro bairros, e base do evento instalada no Largo do Senado, atraíram cerca de 153 mil visitas, gerando 620 mil sorteios de consumo. Prendas e redes sociais Como ditam os tempos actuais, férias e lazer que não resultem em publicações em redes sociais é como se não existissem. Durante o período em análise, as autoridades indicam que foram publicadas 11.500 partilhas nas redes sociais “em troca de postais temáticos de edição limitada nos pontos da actividade”. A DST refere mesmo que devido à elevada procura os postais frequentemente esgotaram dentro da primeira hora de atendimento de cada dia. A partilha de fotografias de turistas nos locais onde estão os bonecos da Pop Mart culminam o trabalho de promoção nas redes sociais que a DST fez antes da inauguração do projecto, para o qual contou com a participação de “influenciadores digitais” do Interior da China para criarem conteúdos, “incluindo transmissões ao vivo e publicações com imagens e vídeos curtos”. No total, foram geradas 190 publicações que ajudaram a “viralizar” o tema “Pop Mart Macao Citywalk”, alcançando até à data mais de 36 milhões visualizações online. Para concorrer aos sorteios de lembranças da marca chinesa de brinquedos, basta fazer uma compra num valor superior a 100 patacas através das carteiras electrónicas Mpay de Macau, Alipay de Macau, Alipay do Interior da China, Alipay de Hong Kong, True Money da Tailândia e Touch ‘n Go eWallet da Malásia.
PME | Associação Comercial de Macau pede flexibilidade nos apoios Hoje Macau - 3 Jul 2025 A Associação Comercial de Macau (ACM) pede maior flexibilidade nos sistemas de apoio financeiro às pequenas e médias empresas (PME) tendo em conta o fim de dois programas de apoio no ano passado. Em causa, está o fim do plano “Pagamento apenas de juros, sem amortização do capital” e “Plano de ajustamento de reembolso para as pequenas e médias empresas”, sendo que, segundo escreveu o jornal Ou Mun, alguns empresários foram informados pelos bancos de que tinham de começar a devolver os montantes emprestados. Citado pelo mesmo jornal, Vong Kok Seng, vice-presidente da ACM, afirmou que foi entregue pela associação um parecer a Sam Hou Fai, Chefe do Executivo, no passado dia 12 de Junho, em que se sugere que a Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) se coordene com a banca no sentido de reavaliar os prazos de reembolso no caso dos pagamentos de juros em que não haja amortização de capital, estendendo os prazos. Vong Kok Seng disse ainda que o parecer sugere que haja um maior equilíbrio entre o controlo de risco por parte das instituições financeiras e as necessidades de financiamento das empresas. Na quarta-feira, após questões colocadas pelo canal chinês da Rádio Macau, a AMCM explicou que a banca não pede de forma directa às PME o reembolso, a curto prazo, dos montantes de empréstimos acumulados concedidos nos últimos quatro anos.
Comércio | Fecho de supermercados é “ajuste estratégico” Andreia Sofia Silva e Nunu Wu - 3 Jul 2025 Ip Sio Man, presidente da Agência Comercial Vang Kei Hong, desdramatiza o fecho recente de alguns supermercados no território e afirma que se trata apenas de um “ajuste” na estratégia comercial, relacionado com má localização dos espaços e com a necessária redução do número de estabelecimentos O encerramento de supermercados em Macau não é sinal de uma grande crise económica, mas sim de um necessário ajustamento comercial por parte das marcas. Quem o diz é Ip Sio Man, presidente da Agência Comercial Vang Kei Hong, que ontem num evento público afirmou que o recente fecho destes espaços comerciais foi apenas um “ajuste estratégico” por parte das empresas. “Em primeiro lugar, quando falamos de encerramentos percebemos que se tratam de casos individuais. Depois, temos uma grande proporção de supermercados [por número de habitantes, em Macau]. Há redes de supermercados que se estão a ajustar porque abriram nos sítios errados e simplesmente fecharam e mudaram para outras zonas.” O responsável, que falou com os jornalistas à margem das comemorações dos 50 anos da empresa, disse que o mercado mudou e que há alguns sectores económicos que estão a reduzir o número de espaços, e não apenas os supermercados. “Macau tem cerca de 680 mil habitantes, mas cerca de 100 mil pessoas não moram habitualmente no território. O número [de supermercados] é demasiado excessivo, e a situação é semelhante nos mercados”, disse. A Vang Kei Hong fornece produtos e bens alimentares a retalhistas, restaurantes, hotéis e resorts. O seu presidente deu também o exemplo dos bancos, que estão a fechar sucursais. Na sua opinião, isso não significa um cenário de recuo económico, mas simplesmente uma mudança de estratégia, tendo em conta que há cada vez mais serviços online que os clientes podem usufruir. Bairros sofrem Questionado sobre o panorama da economia na relação com o sector social no primeiro semestre, Ip Sio Man defendeu que os resultados são variados, com o turismo a registar um avanço. Porém, adiantou que os comerciantes nos bairros comunitários, onde há menos turismo, continuam a sofrer com a falta de clientes. Por esta razão, Ip Sio Man defende que as pequenas e médias empresas (PME) têm, elas próprias, de mudar a sua estratégia comercial. O empresário acredita que, no segundo semestre deste ano, o ambiente de negócios possa melhorar, pois Hong Kong tem revelado um crescimento próspero, sendo que também Macau tem tido um maior número de turistas. Ip Sio Man indicou, portanto, que as PME têm de se focar em formas de atrair o consumo dos turistas. “Não acho que seja uma questão de os turistas não quererem gastar dinheiro. Apenas consomem os produtos que lhes garantem a melhor relação custo-benefício”, acrescentou. Um dos exemplos referidos pelo empresário é o da marca de chá amargo do Interior da China Wanglaoji, que registou um aumento de venda para Macau em cerca de 30 contentores, enquanto que nos anos anteriores as vendas eram de apenas um dígito.
Eleições | Pelo menos 32 crimes obrigam a cumprir pena de prisão João Santos Filipe - 3 Jul 2025 A Lei Eleitoral obriga à aplicação de penas de prisão efectiva que podem variar entre um mês e mais de 10 anos. Um dos casos em que os condenados precisam mesmo de passar tempo na Prisão de Coloane é o crime de incentivo público à abstenção, voto em branco ou voto nulo A lei prevê pelo menos 32 crimes que obrigam sempre ao cumprimento de uma pena de prisão. Um desses crimes é o incentivo público à abstenção, voto em branco ou voto nulo, que acarreta uma pena que varia entre um mês e três anos. De acordo com as regras gerais do Código Penal, quando alguém é condenado pela prática de um crime existe a possibilidade da pena ser suspensa durante um período de um ano a cinco anos. Para que a pena possa ser suspensa, a lei determina que a condenação não pode ser superior a três anos de prisão. Este período é também o tempo normalmente tido como referência para a definição de pequena criminalidade ou de um crime que não é grave. No entanto, a Lei Eleitoral, através do artigo 147.º, abdica do regime de suspensão das penas de prisão, o que significa que os condenados, em condições normais, vão sempre passar, pelo menos, um mês no Estabelecimento Prisional de Coloane. A lei divide a criminalidade em que se abdica da suspensão de pena em “crimes relativos à organização do processo eleitoral”, nos “crimes relativos à campanha eleitoral” e “crimes relativos ao sufrágio e ao apuramento”. A lista de crimes relativos à organização do processo eleitoral inclui seis delitos e em, pelo menos, cinco deles a aplicação de pena de prisão é obrigatória, como acontece com a pessoa que aceita ser reconhecida como candidato quando não reúne as condições legais, ou quando se recorre a coacção ou artifícios fraudulentos para condicionar a vontade de uma pessoa a participar, ou não, numa comissão de candidatura, na designação do votante no âmbito do sufrágio indirecto e ainda sobre a decisão de uma pessoa ser candidata, ou não, às eleições. Campanha eleitoral Uma das questões mais controversas nas eleições prende-se com o período de campanha eleitoral e a proibição de actividades de campanha antes do período legal, que este ano começa a 30 de Agosto e se estende até 12 de Setembro. No início desta semana, o presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), Seng Ioi Man, alertou que apesar de não terem sido recebidas queixas sobre ilícitos deste género as autoridades estão atentas a potenciais infracções. A lei prevê sete crimes relacionados com a campanha, mas a maioria, quatro em sete, admite a aplicação de pena de multa, pelo que o cumprimento de pena de prisão não será sempre aplicável. Contudo, no caso de haver desvio fraudulento correspondência da CAEAL, denúncia caluniosa sobre os crimes previstos nesta lei ou propaganda eleitoral a menos de 100 metros das assembleias de votos a punição passa sempre por pena de prisão por períodos que variam entre um mês e oito anos. Crimes mais abrangentes É na secção dos “crimes relativos ao sufrágio e ao apuramento” que a lei apresenta o maior número de situações ilícitas, com um total de 23 crimes. Entre os 23 ilícitos, em quatro é permitida a aplicação de pena de multa, além de pena de prisão, mas apenas em determinadas circunstâncias. Na maioria dos crimes previstos, 18, é sempre obrigatória a aplicação de pena de prisão que varia entre um mês e cerca de 10 anos e 8 meses, dependendo do crime praticado. Alguns destes crimes são específicos e visam as forças de segurança, como acontece com a entrada forçada nas assembleias de votos, e os funcionários das assembleias de voto para casos de fraudes na altura da contagem dos votos. Todavia, há também crimes que podem ser praticados por qualquer cidadão. É nesta categoria que se encontra o incentivo público à abstenção, voto em branco ou nulo, que acarreta uma pena que varia entre um mês e três anos de prisão. O mesmo pode acontecer quando, no âmbito do trabalho, alguém ameaça um trabalhador com uma sanção profissional para que o visado pela coacção revele o seu sentido de voto, ou vote com base nessa coacção.
Função Pública | Instituições privadas vão poder passar atestados médicos Hoje Macau - 3 Jul 2025 Com as alterações que estão a ser discutidas na Assembleia Legislativa ao Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau as instituições de saúde sem fins lucrativos vão poder passar atestados médicos para os funcionários públicos. De acordo com a Rádio Macau, este aspecto foi garantido pelo presidente da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, Chan Chak Mo, depois de uma reunião de trabalho dos deputados. Com estas alterações, instituições como a Clínica de Saúde dos Operários, ou a Clínica de Saúde da Associação de Mulheres vão poder passar os atestados, o que até agora não acontecia. No entanto, a lei não vai ao ponto de permitir que os atestados do sector privado sejam aceites, uma opção justificada com as dificuldades acrescidas de fiscalizar um sector mais extenso. “Segundo o Governo, por enquanto, por causa da fiscalização, os médicos privados são muitos, há muitas clínicas em Macau. Portanto, neste momento, só é permitido que as entidades médicas, sem fins lucrativos, que tenham aprovado acordos com o Governo, possam passar um atestado médico”, explicou o deputado. No entanto, Chan Chak Mo não afastou a possibilidade de no futuro os atestados médicos do sector privado poderem ser utilizados para justificar faltas na função pública. “No futuro, não se afasta a possibilidade de para aliviar a pressão do sector público, da saúde, se poder ver esse âmbito alargado”, sublinhou.
DSAL | Feira de emprego para jovens este mês Hoje Macau - 3 Jul 2025 A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) volta a organizar, nos dias 18 e 19 de Julho, a “Feira de emprego para jovens 2025”, uma iniciativa organizada em parceria com a Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau, Associação Geral de Estudantes Chong Wa de Macau e Macau Youth Development Service Centre. A referida feira de emprego irá decorrer na Torre de Macau, tendo como tema “Orientação na carreira, alinhamento com o futuro”, sendo disponibilizados serviços de aconselhamento profissional e apoio ao emprego. Além disso, a feira irá também contar com a presença de mais de 50 empresas locais que disponibilizam mais de mil postos de trabalho, podendo ser realizadas entrevistas de emprego no local. As vagas incluem os sectores do turismo, tecnologias de informação, banca e finanças, entre outros. As marcações prévias para o acesso à feira devem ser feitas a partir de hoje e até ao dia 16 de Julho. Nos dias 18 e 19 haverá dois horários de entrada, entre as 11h e as 13h, com a última entrada a decorrer às 12h30, e depois das 14h30 às 19h, com a última entrada a decorrer às 18h30.
Cheques | Nick Lei pede adiamento de alterações por um ano João Luz - 3 Jul 2025 O deputado ligado à comunidade de Fujian acha injusto que a imposição de ficar 183 dias em Macau para receber o cheque pecuniário tenha sido implementada em relação a 2024, não dando oportunidade a residentes que morem fora de cumprir a obrigação. Nick Lei defende que seja possível verificar os dias de permanência no território na Conta Única O deputado Nick Lei acha que as alterações aos requisitos de atribuição do Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico, conhecido como cheque pecuniário, foram aplicadas de forma precipitada, prejudicando os beneficiários. “As medidas foram implementadas de uma forma demasiado apressada e a aplicação imperfeita trouxe muitos inconvenientes e obstáculos aos residentes”, referiu o legislador numa interpelação escrita, acrescentando que quando a notícia foi divulgada “desencadeou discussões e controvérsia social”. O número dois da lista da bancada parlamentar de Fujian nas próximas legislativas de 14 de Setembro sugeriu ao Governo que “considere plenamente o impacto e inconvenientes” de medidas ou ajustes a políticas, “tendo em conta as necessidades reais dos residentes”. O deputado cita queixas de residentes que criticaram a forma precipitada como foram aplicadas as alterações, que terão em conta dos dias passados em Macau no ano passado, “o que impossibilita muitos residentes de Macau que vivem no estrangeiro de optarem por ficar em Macau de acordo com a sua vontade pessoal”. Assim sendo, Nick Lei pede ao Executivo de Sam Hou Fai que considere adiar um ano a implementação das novas medidas de atribuição do cheque pecuniário. Facilitar a vida O deputado sugere ainda ao Governo que acrescente funcionalidades à aplicação móvel Conta Única, permitindo aos residentes verificar o número de dias de permanência em Macau. Nick Lei salienta actualmente, esse registo só pode ser “processado nos postos de atendimento ou nos quiosques de auto-atendimento”. A introdução da funcionalidade na aplicação móvel não só promove a eficiência administrativa, como reduz os custos de tratamento e inconvenientes para os residentes, indica o deputado. A necessidade de requerer pessoalmente, por intermédio de terceiro ou via postal documentos para comprovar que se está numa situação de excepção para quem não tenha passado 183 dias num ano em Macau também motivou queixas de Nick Lei, que gostaria de ver todo o processo a ser tratado na Conta Única. Apesar das sugestões, o deputado ressalva que “é necessário optimizar e melhorar a política com base na manutenção da intenção original, para que os fundos públicos possam ser utilizados com precisão”.
Os cabo-verdianos que aprenderam a gerir casinos em Macau Hoje Macau - 3 Jul 2025 Um grupo de 17 cabo-verdianos foi estudar em Macau, com o objectivo de integrar a gestão de um hotel-casino em construção na Praia. Nove anos depois, a obra ficou por acabar e a maioria emigrou. Em Novembro de 2016, Belany Lopes, então com 22 anos, vestia a pele de ‘croupier’ e, atrás de uma mesa, separava e espalhava fichas de diferentes cores, de forma metódica, pelo pano verde, enquanto murmurava números. “Estava a fazer os cálculos de ‘blackjack’. No começo parece difícil, mas com a prática fica fácil! É interessante”, dizia à Lusa, meses depois de chegar à região chinesa para estudar no então Instituto Politécnico de Macau. Nove anos depois, Belany Lopes recorda que decidiu inscrever-se na licenciatura em Gestão de Empresas, variante em Gestão de Jogo e Diversões, em parte “devido à promessa de já ter um emprego garantido”. “Qualquer jovem que vem de uma família mais humilde e vai para a universidade vai pensar que o emprego é com certeza o foco principal”, disse a jovem, que tinha desistido de um curso de Bioquímica no Brasil. O empreendimento perdido Em 2015, o grupo Macau Legend tinha assinado um acordo para construir um projecto turístico no ilhéu de Santa Maria e orla marítima da Gamboa, na cidade da Praia, que incluía um casino com contrato de concessão de 25 anos. Era o maior empreendimento turístico para o país, com abertura prevista para 2019 e um investimento estimado em 250 milhões de euros – cerca de 15 por cento da economia anual de Cabo Verde. Pouco depois de chegarem, os estudantes cabo-verdianos tiveram um jantar com o líder da Macau Legend, o empresário David Chow Kam Fai. “Ele disse-nos que, ao terminarmos o curso, o hotel-casino em Cabo Verde iria estar pronto”, recorda Lânia Fernandes. “No primeiro ano, sempre foi muito reforçado que éramos importantes, que seríamos os primeiros, que havia um plano para nós”, diz Belany Lopes. Mas, em Abril de 2019, o Governo cabo-verdiano aceitou rever o acordo, com a Macau Legend a prometer investir 90 milhões de euros numa primeira fase do projecto, a abrir em 2021. Em Janeiro de 2020, a maioria dos jovens estava em Cabo Verde de férias quando Macau decidiu encerrar todos os estabelecimentos de ensino para tentar controlar o novo coronavírus. Os cabo-verdianos terminaram o curso com aulas apenas ‘online’. “Não chegámos a ter qualquer cerimónia de graduação”, lamenta Jeremias Fortes Vaz. A actual Universidade Politécnica de Macau (então Politécnico) confirmou à Lusa que a licenciatura em Gestão de Empresas, variante em Gestão de Jogo e Diversões, não voltou desde então a receber qualquer estudante de Cabo Verde. Lânia Fernandes sublinha que o pessoal do Politécnico ainda tentou ajudar os cabo-verdianos a conseguir trabalho nos casinos de Macau. “Mas, devido à covid, não chegámos a fazer isso”, lamenta a jovem. A Macau Legend sofreu novo revés em Novembro de 2020, quando o regulador financeiro de Cabo Verde rejeitou o pedido da empresa para criar o Banco Sino-Atlântico. “Eles sempre se mantiveram muito optimistas. Mas muitas pessoas sempre diziam que talvez se aquele banco não fosse aprovado, o projecto não iria andar”, recorda Jeremias Fortes Vaz. Muitas desistências O recém-graduado ainda procurou trabalho no arquipélago, mas acabou por desistir. “Eu saí do interior de Cabo Verde para ir para Macau, depois voltei, mas não tinha contactos. Falo quatro idiomas, mandei currículo para diferentes sítios, consegui uma ou duas entrevistas. Depois de um ano na mesma, pensei: ‘aqui não há nada para mim’”, explica Fortes Vaz. Lânia Fernandes esteve a estagiar no Ministério da Família, Inclusão e Desenvolvimento Social, durante dez meses, através do Instituto do Emprego e Formação Profissional. “Eu tenho sonhos, eu tenho ambições. Não posso ficar em Cabo Verde a ganhar 20 mil escudos [181 euros] por mês”, diz a jovem. Tanto Lânia como Jeremias Fortes Vaz acabaram por emigrar, em 2022, para Massachusetts, no nordeste dos Estados Unidos. Mas não se arrependem da passagem pela China. “A minha ida para Macau mudou a minha vida por completo”, garante Fortes Vaz. “Aprendi coisas que levei para a vida, diferentes culturas, a gastronomia, como é que uma cidade do primeiro mundo funciona. Então, tudo valeu a pena”, diz. Para Belany Lopes, a licenciatura em Macau levou a um mestrado na Hungria e a um trabalho numa fabricante de turbinas eólicas em Portugal. “Tudo o que eu aprendi na universidade, com as pessoas que conheci em Macau, sinto que abriram as portas para estar onde estou hoje”, diz a cabo-verdiana.
Cabo Verde | Família Évora, entre Macau e o resto do mundo Hoje Macau - 3 Jul 2025 Amanhã celebram-se 50 anos da independência de Cabo Verde, o país de onde saiu a primeira levada da família Évora na década de 40, rumo a Macau, onde ganhou raízes. Hoje em dia, apenas um membro da família permanece no território, o médico cardiologista Mário Évora Houve em tempos uma dezena de Évoras em Macau, onde chegaram na década de 40, mas apenas Mário Évora resiste, com a família a repetir as migrações que marcam tanto Cabo Verde como os macaenses. “Chegámos a ser entre oito e dez Évoras em Macau”, disse à Lusa o especialista em medicina desportiva Humberto Évora, a partir de Lisboa, onde vive desde que se reformou. Os avós maternos de Humberto (o último da família a nascer em Cabo Verde) e Mário (o primeiro a nascer em Macau) chegaram ao território no Oriente no fim da década de 40, com cinco dos seis filhos do casal. Um ano depois, a filha que tinha ficado com o marido em Cabo Verde veio para Macau, já com o bebé Humberto. O plano inicial era para dois anos, mas o casal acabou por ficar três décadas e ter mais três filhos: Mário, Rui e Maria Helena. Em 1971, foi a vez de Humberto e Mário partirem para estudar Medicina em Lisboa, mas não sem um grande susto ligado à guerra colonial que já durava há uma década. “Como fomos para a universidade podíamos adiar a inspecção militar, mas os papéis não vieram de Macau e corríamos o risco de ser considerados refractários”, recordou Humberto. A situação resolveu-se, mas Mário admitiu à Lusa o receio da mobilização. “Tínhamos essa perseguição, tínhamos de ir passando de ano para não ir dar com os costados na guerra”, explicou. “O choque” em Lisboa À chegada a Lisboa, “fomos logo acolhidos e integrados na comunidade de estudantes cabo-verdianos”, disse Humberto, numa altura de agitação estudantil e política. “Houve períodos em que era quase diário, manifestações de estudantes contra o regime, a polícia de choque entrar pela cantina dentro e dar umas cacetadas”, sublinhou Mário. Humberto admitiu que “foi um choque, para quem vinha de Macau, onde havia pouca cultura política e a guerra colonial era vista como uma luta contra terroristas”. Num Verão, o jovem, que chegou a estar integrado num grupo cabo-verdiano de música de intervenção, partiu com um amigo “à boleia pela Europa fora de guitarra às costas”. “Lembro-me sempre da primeira vez, em França, que vi na televisão a guerra colonial descrita ao contrário, a luta pela libertação de um poder colonial de ocupação”, disse Humberto. A independência Quando os dois irmãos terminaram o curso de Medicina, a independência de Cabo Verde, em 5 de Julho de 1975, levou-os a equacionar um regresso às raízes. “Havia um movimento de muitos dos nossos colegas de irem contribuir para um país novo, que começava a dar os primeiros passos”, referiu Mário, já então cardiologista formado. Até porque, recordou Humberto, alguns dos amigos de Lisboa se tinham, entretanto, tornado membros do Governo de Cabo Verde. “Houve essa possibilidade, mas o regresso a Macau, a um sítio onde tinha passado tanto tempo, foi natural”, explicou. “Nasci em Cabo Verde, passei parte da minha vida em Portugal, cresci em Macau, também sou macaense. Sou um cidadão do mundo”, defendeu Humberto. Os macaenses são uma comunidade euro-asiática, a maioria dos quais lusodescendentes, com raízes em Macau, embora muitos tenham emigrado, devido à situação económica ou ao receio criado pela transição da administração de Portugal para a China, em 1999. Dos irmãos Évora, Rui, engenheiro, partiu antes da transição para Cabo Verde, onde chegou a trabalhar no projecto do hotel-casino que o empresário de Macau David Chow construiu na Praia, mas que ficou por inaugurar. A irmã mais nova, Maria Helena, especialista em ciências documentais que chegou a trabalhar no Arquivo Histórico de Macau, está actualmente na Câmara Municipal de Oeiras. Os filhos “estão todos fora”, entre o Reino Unido, Cabo Verde e Portugal, disse Mário. “Agora o mundo é mais pequeno e é ir onde há oportunidades”, defendeu. Também Humberto encara as migrações “como um processo natural, não só para os cabo-verdianos, mas até para os macaenses”. Nada que tenha impedido os dois irmãos de manter os laços com o arquipélago. Humberto divide o tempo entre Portugal e Cabo Verde, sendo há décadas o médico oficial das delegações desportivas cabo-verdianas às principais competições internacionais. Mário foi um dos fundadores – e presidente durante dez anos – da Associação Amizade Macau-Cabo Verde. “Tivemos cá o Ildo Lobo, o Tito Paris, e a minha prima”, disse o cardiologista, antes de fazer uma pausa e acrescentar, com um sorriso: “a Cesária Évora”.
Timor-Leste | PR condecora embaixadora de Portugal Hoje Macau - 3 Jul 2025 O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, condecorou ontem com o colar da Ordem de Timor-Leste a embaixadora de Portugal em Díli, Manuela Bairos, e o embaixador da União Europeia, Marc Friedrich, que vão cessar funções no país. “O embaixador Friedrich e a embaixadora Bairos foram verdadeiros parceiros no percurso da nossa nação rumo à prosperidade e ao reconhecimento internacional”, afirmou o Presidente, citado num comunicado. O chefe de Estado salientou também o “empenho inabalável” dos embaixadores no “reforço das relações bilaterais e a sua genuína dedicação ao bem-estar do povo timorense, que representam o espírito da cooperação internacional essencial ao desenvolvimento” da democracia no país. A Ordem de Timor-Leste visa reconhecer o mérito e a dedicação de nacionais ou estrangeiros que tenham contribuído para o bem do país, dos timorenses ou da humanidade. “Para mim, para Portugal, foi uma honra receber esta distinção. Estive em Timor-Leste com muita alegria, um privilégio ter servido o meu país em Timor-Leste”, afirmou aos jornalistas no final da cerimónia a embaixadora de Portugal, que esteve envolvida no apoio português a Timor-Leste desde a crise humanitária de 1999. O embaixador da União Europeia destacou que termina o mandato com satisfação, salientando que a relação entre a organização e Timor-Leste foi reforçada.
Obras portuguesas em bienal que quer expandir contacto de Macau com arte do exterior Hoje Macau - 3 Jul 2025 Os portugueses Rui Calçada Bastos e José Drummond participam este ano na Bienal Internacional de Arte de Macau, que apresenta cerca de 30 exposições de artistas de mais de dez países, disse à Lusa ontem a organização. Rui Calçada Bastos e José Drummond, com ligação de longa data ao território, participam este ano na “Exposição Principal” da “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2025”, indicou à Lusa o Instituto Cultural (IC), após a conferência de imprensa de apresentação do evento. Contactado pela Lusa, Calçada Bastos, que não vai estar presente na mostra, disse que vai expor “uma reapresentação” da peça “I have not yet forget myself to stone”, desenvolvida em 2021 com recurso a pavimento de betão e postais. Em representação de Macau, José Drummond, a viver em Portugal, apresenta “The dream of the red chamber”, uma instalação que integra uma sala escura com frequência sonora e um néon vermelho. Também concebido em 2021, o trabalho foi buscar o nome à obra-prima da literatura chinesa de Cao Xueqin e “explora leituras do espaço entre culturas, meios e percepções do tempo, inspirando-se tanto em fontes contemporâneas como clássicas”, lê-se numa apresentação do artista. A “Exposição Principal” da bienal reúne um total de 46 artistas oriundos de 13 países e regiões, incluindo Xu Bing (China), Bart Hess (Países Baixos), Kimsooja (Coreia do Sul) e Lucy McRae (Reino Unido), e pretende reforçar “a função de conexão de Macau” com o exterior, referiu hoje em conferência de imprensa a presidente do IC. “Elevaremos a proporção de obras de arte estrangeiras para aumentar o contacto com a rede global de arte”, sublinhou Leong Wai Man, notando que este ano o orçamento é de cerca de 4,5 milhões de patacas – menos de metade do da edição de 2023. O evento centra-se no tema “Olá, o que fazes aqui?”, pergunta “comum, porém profunda” e que “desperta especialmente uma reflexão nesta era repleta de incógnitas e desafios”, continuou a responsável. “Inspirada por isso, a bienal deste ano convida artistas a explorarem temas como ciência e crença, globalização e localidade, realizando um profundo diálogo estético”, reforçou. Perto de si Além da mostra central, a bienal, que se realiza entre 19 de Julho e 19 de Outubro, apresenta a “Exposição de Arte Pública: Ondas e Caminhos”, que, de acordo com o curador principal do evento, quer reduzir a distância entre população e arte. Oito artistas expõem, em diferentes bairros do território, cinco conjuntos de obras, declarou Feng Boyi. “Este ano, não temos uma exposição de grande envergadura (…), mas serão expostas mais obras que vão ser integradas no nosso dia-a-dia, na nossa comunidade”, realçou durante a conferência de imprensa. O “Pavilhão da Cidade”, outra secção do evento artístico, apresenta o “Pavilhão da cidade de Jinan”, capital da província chinesa de Shandong (leste), com curadoria do Museu de Arte de Jinan, e onde mais de uma dezena de artistas locais exploram o património cultural regional. Também está previsto o “Pavilhão da cidade de Portugal”, com curadoria da responsabilidade do Consulado-geral de Portugal em Macau e que, segundo o programa, “expõe o espírito humanista de uma pequena cidade que combina uma longa história e uma vitalidade inovadora”. A Lusa contactou o Consulado-geral de Portugal em Macau e o Ministério dos Negócios Estrangeiros português para tentar saber mais detalhes, mas até ao momento não foi possível obter qualquer resposta. Este ano também é dado destaque aos artistas de Macau, “com mais cerca de 27 por cento” de participação local em relação ao ano transacto, de acordo com a presidente do IC. O “Projecto de Curadoria Local”, notou Leong Wai Man, “é muito maior” do que na edição anterior. “Foram quatro projectos, este ano temos seis. Esperamos aproveitar esta bienal internacional para promover os artistas locais, tanto curadores como artistas”, continuou. Envolvendo novamente as operadoras de jogo no território, a edição vai contar ainda com a secção “Exposição Especial”, que celebra, entre outros artistas, o espanhol Pablo Picasso (1881-1973), com uma mostra no hotel Gran Lisboa Palace (SJM Resorts), e que inclui 143 gravuras, cerâmicas e ilustrações provenientes do Museo Casa Natal Picasso, em Málaga. Já o GalaxyArt, da Galaxy Macau, tem expostas “mais de 300 pinturas, esboços e manuscritos de design” do cenógrafo, pintor e designer de interiores francês Bruno Moinard.
As alterações climáticas e as contradições de Lula da Silva Olavo Rasquinho - 3 Jul 2025 O facto de o Brasil ser o quinto país mais extenso1 do globo e o sétimo em termos de número de habitantes justifica que o seu Presidente, Lula da Silva, seja um político que suscita curiosidade a nível global. Foi em parte graças aos seus governos que o índice de desenvolvimento humano (IDH3) do Brasil tem progredido de maneira significativa, tendo atingido, numa lista de 193 países, a 89ª posição em 2024, segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano 2023/2024, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Eleito três vezes, Lula da Silva ocupou a presidência de 2003 a 2011 e de 2023 até à atualidade. Da sua política sobressaem os programas “Bolsa Família” e “Fome Zero”, reconhecidos pelas Nações Unidas como tendo contribuído para amenizar consideravelmente a fome no Brasil. Além da luta contra a fome, são também áreas em que houve maior desenvolvimento, a saúde e a longevidade, devido ao investimento no Sistema Único de Saúde e ao aumento de programas de vacinação. No campo da educação houve progressos significativos graças a incentivos para que mais crianças e adolescentes frequentassem o ensino primário e médio. Iniciativas como o “Programa Universidade para Todos” (ProUni) e o “Fundo de Financiamento Estudantil” (FIES) contribuíram para um maior número de universitários provenientes das camadas populacionais de baixo rendimento. É devido a este grande país que a língua portuguesa é uma das mais faladas em todo o mundo e a mais usada no hemisfério Sul. Na Internet ocupa o quinto lugar4, muito acima do russo que está em oitavo lugar na lista, segundo a empresa de traduções “Gama!”. O Brasil também é motivo de atenção principalmente pelo facto de possuir grande parte da Amazónia, a maior floresta tropical do globo5. Esta floresta, que se estende por 9 países, tem cerca de 60% da sua extensão no Brasil, daí a grande responsabilidade dos governos deste país de a preservarem, não só em seu próprio benefício, mas também de todo o planeta. No tempo do governo de Jair Bolsonaro (2019 – 2022) foram dados passos atrás no que se refere à proteção da Amazónia, nomeadamente o aumento da exploração mineira clandestina e o agronegócio, o que teve como consequência o aumento da desflorestação, da poluição de numerosos cursos de água com fortes repercussões na saúde das populações autóctones e na biodiversidade. Foi o tempo em que os “grileiros”6 tiveram novamente mais liberdade na sua atividade de falsificação de documentos que se pretendia serem comprovativos de propriedade de terras que, na realidade, foram ocupadas ilegalmente. Passados esses quatro anos de um governo de extrema-direita, o país voltou a ser dirigido por governantes que se preocupam com o papel primordial que a Amazónia tem na regulação do clima à escala global e no bem-estar das populações autóctones. A biosfera constitui uma das componentes do sistema climático que mais influência tem na regulação do clima à escala global. Grande parte dessa componente é constituída pela Amazónia, atendendo a que se trata da mais extensa floresta tropical, com quase sete milhões de quilómetros quadrados. Trata-se de um vasto sumidouro de dióxido de carbono, contribuindo para a redução da concentração dos gases de efeito de estufa na atmosfera, e de uma fonte de oxigénio. Os atentados de que tem sido alvo, motivados pela ganância humana, na forma de desflorestação para exploração agropecuária fazem com que haja a possibilidade de se transformar numa extensa savana, havendo o risco de se atingir o ponto sem retorno da capacidade de regeneração, em que a floresta passaria de sumidouro de CO₂ para uma fonte deste gás. Lula da Silva, apesar de se lhe reconhecer ser um lutador em prol da preservação da Amazónia e defensor das medidas para amenizar as alterações climáticas, é alvo de pressões no sentido de amenizar estas suas características, o que tem causado algumas tergiversações do governo na aplicação de medidas de proteção do ambiente e de luta contra as alterações climáticas. Veja-se, por exemplo, o caso do Projeto de Lei N.º 2159, de 2021, apelidado pelos críticos de Lula por “PL da devastação”. Em discussão desde há alguns anos, foi aprovado pela Câmara dos Deputados em 13 de maio do corrente ano, perante a passividade do presidente, que não deu o devido apoio a Marina Silva, sua ministra do “Meio Ambiente e Mudança do Clima”. Após algumas emendas suscetíveis de aumentarem o impacto ambiental, acabou por ser aprovado recentemente pelo Senado. Há mesmo quem afirme que os retrocessos na política ambiental implícitos neste Decreto-Lei não envergonhariam o governo de Jair Bolsonaro, explicitamente considerado antiambientalista. Perante esta situação, o caminho está aberto para a exploração petrolífera no mar, relativamente próximo da foz do rio Amazonas, o que contraria as recomendações expressas na Conferência sobre o Clima COST287, em que se estabeleceu, pela primeira vez neste tipo de conferências, o compromisso explícito relativamente à necessidade de se proceder à transição dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos de forma “justa, ordenada e equitativa” com intuito de se atingir a neutralidade carbónica até 2050. Este “Decreto da Devastação” permite a existência de “Licenças Ambientais Especiais” (LAE) para projetos classificados como estratégicos. Estes seriam sujeitos à apreciação do órgão responsável pelo licenciamento apenas durante um ano, após o qual seriam automaticamente aprovados. A escassez crónica de pessoal deste órgão, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA), permitiria frequentemente a respetiva aprovação, abrindo caminho a impactos ambientais imprevisíveis. Perante esta situação, é compreensível a acusação de passividade por parte de Lula da Silva no que se refere aos trâmites que envolvem a aprovação deste decreto. A posição do presidente do Brasil é deveras incómoda, tanto mais que a próxima Conferência das Partes a promover pela UNFCCC8, a COP30, se vai realizar em Belém, no Brasil, já no próximo mês de novembro. A aprovação do famigerado “PL da Devastação” ilustra bem a contradição entre a teoria e a prática na política conduzida pelo governo brasileiro. (Meteorologista) Distribuição dos dez maiores países em termos de extensão (em km²) segundo “dadosmundiais.com”: Federação Russa – 17.098.242; Canadá: 9.984.670; China: 9.596.961;Estados Unidos: 9.525.067; Brasil: 8.515.767; Austrália: 7.692.024; Índia: 3.287.263; Argentina: 2.780.400; Cazaquistão: 2.724.900; Argélia: 2.381.741. Os dez países com maior população (em milhões) segundo “dadosmundiais.com”: Índia 1.438,1; China 1.410,7; EUA 334,9; Indonésia 281,2; Paquistão 247,5; Nigéria 227,9; Brasil 211,1; Bangladeche 171,5; Federação Russa 143,8; México 129,7. IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, adotado pelo PNUD, consiste num número obtido estatisticamente, que vai de zero (desenvolvimento muito baixo) a um (desenvolvimento muito alto), baseado em dados que envolvem vários parâmetros, nomeadamente esperança de vida, educação e rendimento per capita. São 193 os países e territórios abrangidos por este índice. Segundo a empresa de traduções “Gama!”, é a seguinte a lista das 10 línguas mais utilizadas na Internet (em milhões): 1ª – inglês 952,1 (25,5%); 2ª – Mandarim 763,3 (20,4%); 3ª – Espanhol 293,8 (7,9%); 4ª – Árabe 173,5 (4,6%); 5ª – Português 155,0 (4,1%); 6ª – Malaio 154,7 (4,1%); 7ª Japonês – 118,5 (3,2%); 8ª – Russo – 104,5 (2,8%); 9ª Francês 100,6 (2,7%); 10ª – Alemão 83,9 (2,2%). A Amazónia estende-se por territórios de nove países, ocupando, aproximadamente, as seguintes extensões: 60% no Brasil, 13% no Peru, e os restantes 27% na Bolívia, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e Equador. Grileiros – termo usado no Brasil, para designar os detentores de títulos de posse de propriedades, falsificados com recurso a excrementos de grilos para lhes dar aspeto de documentos antigos. COP28 – 28ª Conferência das Partes (“Conference of the Parties”) realizada no Dubai, em 2023. UNFCCC – United Nations Framework Convention on Climate Change.
Timor-Leste | FMI prevê crescimento económico de 3,9% em 2025 Hoje Macau - 3 Jul 2025 As previsões do Fundo Monetário Internacional mantêm a antiga colónia portuguesa no rumo do desenvolvimento e aconselham o jovem país a investir mais nos sectores das infraestruturas, saúde e educação O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou ontem que prevê um crescimento económico de 3,9 por cento para este ano em Timor-Leste e insistiu que o Governo deve dar prioridade a despesas de qualidade nos sectores das infraestruturas, saúde e educação. “Espera-se que o crescimento se mantenha robusto, situando-se em 3,9 por cento em 2025, sustentado pela expansão fiscal e pelo forte crescimento do crédito, prevendo-se uma desaceleração para 3,3 por cento em 2026”, afirmou, em comunicado, Carrière-Swallow, que liderou a equipa do FMI, que terminou ontem uma visita ao país. A equipa chegou ao país em 19 de Junho para realizar discussões ao abrigo do Artigo IV de 2025. “A inflação, que tinha caído acentuadamente no ano passado devido à descida dos preços globais dos alimentos e da energia, deverá aumentar moderadamente com a subida dos preços internacionais dos alimentos”, disse Carrière-Swallow. O FMI prevê que a inflação se situe em 0,9 por cento este ano e aumente para 1,8 por cento em 2026. A organização financeira, que realizou encontros com as autoridades timorenses, sector privados, parceiros de desenvolvimento e sociedade civil, considera também que o Orçamento do Estado para 2026 deve dar prioridade a “despesas de qualidade nas áreas das infraestruturas físicas e de capital humano, incluindo a saúde e educação, ao mesmo tempo que controla os gastos recorrentes”. “O Governo está, com razão, centrado na identificação de medidas para conter a massa salarial do sector público, que tem crescido acentuadamente nos últimos anos, e na implementação de um Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) a partir de Janeiro de 2027”, salienta Carrière-Swallow. Reformar, é preciso O FMI recomenda reformas estruturais e orçamentais a 10 anos para permitir que o Governo timorense apoie o desenvolvimento do sector privado através da redução gradual dos défices orçamentais para preservar a sustentabilidade da dívida. “Para 2026, as reformas que propomos seriam compatíveis com um envelope de despesa de cerca de 1,85 mil milhões de dólares para o Governo central”, pode ler-se no comunicado. No comunicado, o FMI felicita o Governo pelos “progressos contínuos nas reformas do sector financeiro” ao nível da legislação, “cuja implementação apoiará o desenvolvimento do sector privado”. “Recomendamos ainda a aceleração da emissão de títulos de propriedade e o estabelecimento de um sistema nacional de identificação digital, reformas cruciais para melhorar o acesso ao crédito, diversificar o sector privado e aumentar a eficiência da despesa pública”, acrescenta o FMI. Despesa fixa O Governo timorense fixou esta semana a despesa para o Orçamento Geral do Estado de 2026 em 1,85 mil milhões de dólares, uma redução significativa em relação ao de 2025. No final do ano passado, o parlamento timorense aprovou a proposta de Orçamento Geral do Estado para 2025 no valor de 2,6 mil milhões de dólares. As previsões do Governo timorense apontam para um crescimento económico de 2,7 por cento em 2026 e de 4,3 por cento para este ano. Em relação à inflação, as previsões do Ministério das Finanças indicam que continuará a trajectória descendente em 2025, prevendo-se que atinja 1,8 por cento, e que estabilize em 2 por cento aos longo dos próximos cinco anos.
Alibaba lança ofertas de 6,5 MME para estimular consumo Hoje Macau - 3 Jul 2025 A plataforma de comércio electrónico da tecnológica chinesa Alibaba anunciou ontem que vai disponibilizar 7 mil milhões de dólares em ofertas para determinados produtos, numa tentativa de estimular o consumo interno. O Taobao, plataforma lançada pela Alibaba em 2003 e líder do comércio electrónico na China, indicou, num comunicado divulgado através da rede social WeChat, que os 50 mil milhões de yuan serão atribuídos “directamente a consumidores e comerciantes”, ao longo de um período de 12 meses, com início marcado para ontem. As medidas de incentivo, focadas sobretudo na funcionalidade de “compras relâmpago” da aplicação, incluirão “envelopes vermelhos” – versão digital dos tradicionais presentes monetários -, descontos em produtos, entregas gratuitas e reduções nas comissões cobradas aos vendedores. Segundo a empresa, as ofertas visam “proporcionar aos consumidores experiências e serviços preferenciais e mais convenientes, estimulando ainda mais a vitalidade do consumo”. Combate em curso A decisão surge num momento em que Pequim tenta contrariar as pressões deflacionistas que ameaçam travar o crescimento económico, num cenário já marcado por uma prolongada crise no sector imobiliário, queda nas exportações e consumo interno em desaceleração. Desde o ano passado, as autoridades chinesas têm implementado várias medidas para impulsionar a procura interna, incluindo cortes nas taxas de juro, estímulos ao sector imobiliário e incentivos à compra de automóveis e electrodomésticos. Os resultados, no entanto, têm sido mistos: embora as vendas a retalho – principal indicador do consumo privado – tenham registado uma aceleração em Maio, os preços de venda no sector imobiliário continuaram a cair nesse mesmo período. Na terça-feira, o Presidente chinês, Xi Jinping, apelou a esforços para “promover a construção de um mercado nacional unificado”, durante uma reunião de alto nível sobre política económica, segundo noticiou a agência noticiosa oficial Xinhua. Durante o encontro, os dirigentes chineses defenderam ainda uma melhor regulação da “concorrência desordenada baseada em preços baixos” entre empresas. “Num momento em que a economia chinesa enfrenta pressões deflacionistas e um mercado de trabalho frágil, o Governo procura responder a esses desafios pelo lado da oferta”, comentou o presidente da Pinpoint Asset Management, Zhiwei Zhang, após a reunião. “A prioridade parece ser evitar a concorrência excessiva”, acrescentou.
Li Qiang no Brasil para participar na cimeira dos BRICS Hoje Macau - 3 Jul 2025 O primeiro-ministro da China, Li Qiang, é esperado no sábado no Brasil para participar na cimeira dos BRICS, antes de realizar uma visita oficial ao Egipto, anunciou ontem o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. “Por convite, o primeiro-ministro do Conselho de Estado, Li Qiang, participará na 17.ª Cimeira dos BRICS, no Rio de Janeiro, entre 05 e 08 de Julho”, afirmou uma porta-voz da diplomacia chinesa, citada num comunicado. A mesma fonte acrescentou que Li Qiang se deslocará depois ao Egipto, onde realizará uma visita oficial entre0 9 e 10 de Julho, a convite do primeiro-ministro egípcio. Trata-se da primeira vez que o Presidente chinês, Xi Jinping, falta a uma cimeira de líderes do bloco de economias emergentes BRICS, desde que chegou ao poder, em 2013. Fontes chinesas citadas pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post referiram que o facto de Xi e o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, terem mantido encontros frequentes no último ano pesou na decisão. Os dois líderes reuniram-se durante a cimeira do G20 no Brasil, em Novembro passado, antes de uma visita de Estado de Xi a Brasília. Poucos meses depois, Lula deslocou-se a Pequim para uma reunião com países da América Latina e Caraíbas. Xi raramente visita o mesmo país dois anos consecutivos, com excepção da Rússia. A ausência de Xi poderá fragilizar os esforços de Pequim para reforçar a influência global da China através do grupo BRICS e construir uma alternativa à ordem internacional liderada pelos Estados Unidos. A crescer A cimeira poderia ainda proporcionar ao líder chinês um primeiro encontro com responsáveis do Irão desde o início da guerra com Israel, após Teerão ter aderido ao bloco em 2024. Sob a liderança chinesa, o grupo BRICS duplicou de tamanho no ano passado, passando a integrar nove membros com a entrada dos Emirados Árabes Unidos, Irão, Egipto e Etiópia, que se juntaram ao Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Lula é considerado um dos parceiros mais próximos de Xi no plano internacional, a par do Presidente russo, Vladimir Putin. Em aberto, está a possibilidade de Xi Jinping participar na conferência do clima das Nações Unidas, que se realizará no Brasil no final deste ano, embora Pequim ainda não tenha confirmado a deslocação.
Independências | China saúda Cabo Verde e destaca solidez da relação bilateral Hoje Macau - 3 Jul 2025 Pequim saudou a antiga colónia portuguesa pelo desenvolvimento alcançado nos últimos 50 anos e mostrou-se aberta a continuar a desenvolver laços de cooperação com o país africano A China saudou hoje os 50 anos da independência de Cabo Verde, destacou a solidez da relação bilateral e afirmou estar disponível para reforçar a cooperação em áreas como infraestruturas, educação e saúde. Em resposta escrita enviada à agência Lusa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês felicitou o arquipélago pelo aniversário, que se assinala sábado, e afirmou que o país africano “alcançou importantes progressos no seu desenvolvimento nacional”, desejando que continue a “avançar firmemente no caminho da revitalização”. Na nota, refere-se que as relações entre os dois países têm sido marcadas por “confiança política mútua” e resultados “frutíferos” em múltiplos domínios, numa parceria que ambos os governos consideram estratégica. “A China está disposta a trabalhar com Cabo Verde para aprofundar a cooperação pragmática e aplicar os consensos alcançados no âmbito da Cimeira de Pequim do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC)”, indicou o ministério. Nas últimas décadas, a China consolidou a sua presença em Cabo Verde através de investimentos em obras públicas, cooperação técnica e atribuição de bolsas de estudo. Entre os projectos financiados por Pequim contam-se o Estádio Nacional e a nova sede da Assembleia Nacional. Bons parceiros Em declarações anteriores ao semanário Expresso das Ilhas, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros cabo-verdiano Rui Figueiredo Soares descreveu a China como “um parceiro seguro e de primeira linha para o desenvolvimento de Cabo Verde”. A cooperação estende-se à área da educação, com mais de uma dezena de bolsas atribuídas anualmente pelo Governo chinês. Desde 2010, centenas de estudantes cabo-verdianos frequentaram instituições de ensino superior na China, em áreas como engenharia, medicina, turismo e relações internacionais. “Cheguei com 17 anos e senti-me logo em casa”, contou Hélder Fernandes, cabo-verdiano natural da ilha de Santiago, que estudou Engenharia Informática na ilha tropical de Hainan, no sul da China, onde abriu, entretanto, um restaurante. No plano diplomático, Cabo Verde tem reiterado o seu apoio ao princípio “Uma Só China”, reconhecendo Pequim como o único Governo legítimo do país, em detrimento de Taipé. Em contrapartida, Cabo Verde beneficiou de múltiplos perdões de dívida por parte da China – nomeadamente cerca de 1,18 milhões de euros em 2007 e mais 1,39 milhões de euros em 2016 – e recebeu apoio técnico nas áreas da agricultura, pescas e saúde, incluindo envio de equipas médicas e projetos nos portos de pesca. Através do FOCAC, Cabo Verde tem também procurado reforçar o acesso a financiamento e apoio técnico externo, com vista ao cumprimento dos objectivos traçados no seu Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável.