Macau | Aliança Democrática bate socialistas em noite de vitória nacional João Santos Filipe - 20 Mai 2025 A AD venceu as eleições presenciais em Macau, com 43,5 por cento dos votos, e vai manter-se como a principal força política na Assembleia da República. Seguiu-se o PS, com 28,5 por cento dos votos e o Chega, que somou 10,4 por cento A Aliança Democrática (AD) venceu o voto presencial no Consulado de Portugal em Macau, no âmbito das eleições Legislativa de 2025, para escolher a nova constituição da Assembleia da República de Portugal. Com 133 dos 233 inscritos no consulado a votarem presencialmente, a eleição teve uma taxa de participação de 57,1 por cento, o que resultou numa taxa de abstenção de 42,9 por cento. A lista liderada pelo Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, reuniu um total de 58 votos, entre os 133 votantes, o que representou uma proporção de 43,5 por cento dos votantes. No segundo lugar ficou o Partido Socialista (PS) com 38 votos, o que significou uma proporção de 28,5 por cento, seguido pelo Chega (CH), com 14 votos, uma proporção de 10,4 por cento. No quarto lugar, com seis votos, ficou a lista do Livre (L), de Rui Tavares, com uma proporção de 4,5 por cento dos votos, seguida pelas listas da Iniciativa Liberal (IL) e Coligação Democrática Unitária (CDU), cada uma com cinco votos, equivalentes a proporções de 3,8 por cento para cada lista. Entre as forças que também reuniram votos constam o Bloco de Esquerda (BE), com dois votos (1,5 por cento), e o Reagir Incluir Reciclar (RIR), com um voto (0,8 por cento). Além dos votos nos partidos houve ainda quatro votos em branco, uma proporção de 3 por cento. Os votos presenciais têm ainda de ser somados com os restantes votos da emigração do círculo fora da Europa, e vão resultar na eleição de dois deputados. Dentro de portas A nível nacional, e numa altura em que faltam apurar os resultados dos círculos da emigração, a AD foi a vencedora da noite eleitoral, ao eleger 89 deputados e obter uma proporção de 32,7 por cento dos votos. O segundo lugar foi ocupado pelo PS, com 58 deputados eleitos, uma proporção de 23,4 por cento dos votos, em igualdade com o Chega, que elegeu o mesmo número de deputados, mas com uma proporção de votos mais baixa (22,6 por cento). No quarto lugar ficou a Iniciativa Liberal, com nove deputados eleitos (5,5 por cento dos votos), seguida pelo Livre, com seis deputados (4,2 por cento dos votos) e a CDU, que conseguiu três mandatos (3,0 por cento). Além destes grupos parlamentares, elegeram ainda um deputado as listas do Bloco de Esquerda (2,0 por cento), Pessoas-Animais Natureza (1,4 por cento) e Juntos Pelo Povo (0,3 por cento). Emigrantes vão decidir O apuramento dos resultados nacionais faz com que os votos da emigração possam ser decisivos para determinar a segunda maior força política na Assembleia da República. Nas Legislativas do ano passado, a AD venceu os votos da emigração Fora da Europa, onde são contabilizados os votos de Macau, ao eleger um deputado. O segundo lugar neste círculo foi ocupado pelo CH, que elegeu o outro deputado. No círculo dentro da Europa, o CH foi o partido mais votado, tendo o PS elegido o outro deputado. Se estes resultados se repetiram, o CH ultrapassa o PS como a segunda força mais representada no parlamento. No entanto, estes resultados só deverão ser conhecidos dentro de aproximadamente 10 dias, uma vez que é necessário contar os votos por correspondência. Tabela Resultados 2024 Lista Votos Percentagem 1 Aliança Democrática 59 41,8% 2 Partido Socialista 43 30,5% 3 Chega 14 9,9% 4 Bloco de Esquerda 7 5% 5 Iniciativa Liberal 7 5% 6 Livre 4 2,8% 7 CDU 3 2,1% 8 Alternativa Democrática Nacional 2 1,4% Votos em Branco 1 0,75% Votos Nulos 1 0,75% Número de recenseados 213 Número de votantes 141 Taxa de abstenção 33,8% 2025 Lista Votos Percentagem 1 Aliança Democrática 58 43,5% 2 Partido Socialista 38 28,5% 3 Chega 14 10,4% 4 Livre 6 4,5% 5 Iniciativa Liberal 5 3,8% 6 CDU 5 3,8% 7 Bloco de Esquerda 2 1,5% 8 Reagir Incluir Reciclar 1 0,8% Votos em Branco 4 3,0% Votos Nulos 0 0,0% Número de recenseados 233 Número de votantes 133 Taxa de abstenção 42,9%
Xia Baolong | Deputados comentam visita e formulam desejos Andreia Sofia Silva - 20 Mai 2025 A recente visita de Xia Baolong, director do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado, entre 8 e 13 deste mês, foi comentada pelos deputados na sessão parlamentar de ontem. Os legisladores exigiram mudanças no panorama económico, entre eles Leong Sun Iok. “O director Xia atribuiu grande importância ao progresso da diversificação adequada da economia de Macau. Com mudanças económicas e influências externas, o sector do jogo enfrenta certos desafios e há que impulsionar a referida diversificação económica. Mas deparamo-nos, na prática, com muitas dificuldades”, disse, destacando “os recursos limitados” e estruturas insuficientes tendo em conta “o desenvolvimento da indústria”. Por sua vez, o deputado Lei Chan U lembrou que Xia Baolong “afirmou ser necessário unir esforços para acelerar o desenvolvimento da diversificação adequada da economia, promover a construção da Zona de Cooperação Aprofundada e tratar o desenvolvimento de Hengqin como um assunto próprio de Macau”. Lei Chan U espera que à medida “que se aumenta a resiliência económica de Macau, poderão ser proporcionadas aos residentes mais oportunidades de emprego com perspectivas de desenvolvimento, promovendo-se um emprego de alta qualidade para a população”. Já Wu Chou Kit defendeu um maior “desenvolvimento coordenado” entre Macau e Hengqin sobretudo ao nível da “articulação das regras do regime de exploração comercial” e também no caso da construção de obras e infra-estruturas.
Saúde mental | Ron Lam pede fim da “política de avestruz” Andreia Sofia Silva - 20 Mai 2025 Ron Lam acusa o Governo de seguir uma “política de avestruz” e de pouco ou nada fazer para travar a tendência crescente de suicídios dos últimos anos. O deputado defendeu ontem na Assembleia Legislativa mais transparência na divulgação de dados e medidas de prevenção na área da saúde mental No período de intervenções antes da ordem do dia da sessão plenária de ontem da Assembleia Legislativa (AL), Ron Lam acusou o Governo de seguir uma “política de avestruz” em relação à saúde mental, fazendo referência a um tipo de política que esconde os verdadeiros problemas. “Solicito ao Governo que abandone a actual política de avestruz e crie, proactivamente, mecanismos específicos e objectivos, para divulgar à comunicação social as informações essenciais sobre os casos de suicídio”, defendeu o deputado. Na mesma interpelação, o deputado sugeriu que o Executivo “continue a fornecer dados brutos em publicações e estudos estatísticos, para que a sociedade e os sectores em causa tomem conhecimento e prestem atenção à saúde mental e ao suicídio”, defendendo ser necessário “definir objectivos claros para reduzir o número de suicídios”. No tocante à resposta governamental, o deputado apontou que “os serviços responsáveis pela sua execução, através da colaboração interdepartamental e do reforço do investimento, devem assegurar que as pessoas tenham acesso a apoio suficiente, por forma a travar, efectivamente, o agravamento do suicídio”. O deputado não deixou de fazer críticas concretas à actual actuação, defendendo que “as informações divulgadas actualmente pelo Governo são limitadas”. “Por exemplo, os números das mortes por suicídio divulgados pelos Serviços de Saúde (SS) são trimestrais e através de notas de imprensa, com dados classificados segundo o sexo, residência de Macau e idades. Como esses dados não são completos, não é possível efectuar uma análise e comparação, e a sociedade também não consegue discutir mais aprofundada e racionalmente este tema”, frisou. As críticas vão também para a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), pois “nunca responde às questões relacionadas com o suicídio de um aluno, ou seja, simplesmente não as divulga”. Além disso, “segundo algumas pessoas da área da psicologia, nos anteriores relatórios dos SS sobre o ‘Inquérito sobre o Comportamento da Saúde dos Alunos do Ensino Secundário de Macau’, foram incluídos os dados relativos a actos de automutilação dos alunos do ensino secundário, mas no recente relatório esses dados foram eliminados”, indicou o legislador. A culpa é da economia Durante o debate dedicado à votação, na especialidade, da alteração ao quadro geral dos docentes de escolas privadas, Ron Lam apresentou os mais recentes dados estatísticos que demonstram a tendência crescente de mortes por suicídio nos últimos anos, destacando que “segundo algumas vozes, se a economia e a sociedade continuarem numa sociedade adversa, é provável que o problema do suicídio passe a ser mais grave”. Na interpelação oral, são citados dados já avançados por Wong Sio Chak, secretário para a Segurança, quanto à ocorrência de 91 mortes por suicídio no ano passado, “com a taxa a atingir 13,6 por cada 100 mil pessoas, um valor significativamente superior à média internacional de cerca de 9 a 10 pessoas”. Ainda segundo o deputado, “a taxa de suicídio em Macau aumentou 44 por cento no espaço de 10 anos, em comparação com os 9,4 casos registados em 2015”, sendo que “a situação dos jovens também merece atenção”. Em 2024, “registaram-se 4 casos de suicídio entre os 5 e os 14 anos, mais do que um caso pela primeira vez nos últimos 10 anos, e 9 casos entre os 15 e os 24 anos, sendo este o maior número verificado nos últimos 10 anos”. “Isto demonstra que é premente dar atenção e lidar com o problema do suicídio em Macau”, rematou.
Lei das escolas privadas aprovada com unanimidade e críticas Andreia Sofia Silva - 20 Mai 2025 Foram ontem aprovadas por unanimidade, na especialidade, as alterações ao quadro geral do pessoal docente das escolas particulares do ensino não superior, uma lei de 2012, para passar a abranger as escolas criadas na Zona de Cooperação de Macau e Guangdong em Hengqin e legislar regalias e direitos dos docentes e funcionários dessas escolas. Porém, alguns deputados deixaram críticas ao novo regime, nomeadamente Ron Lam, que falou de uma consulta pública pouco abrangente. “Votei a favor, mas peço que no futuro a nossa produção legislativa seja feita de melhor forma. A proposta não teve uma consulta alargada, deveria ter sido feita uma consulta pública mais ampla”, indicou. O deputado demonstrou ter dúvidas quanto à aplicação no Interior da China de uma lei aprovada na RAEM. “Está nas mãos do Governo assumir a função fiscalizadora para que todas as regalias e benefícios do pessoal docente sejam asseguradas”, defendeu. Em causa está o facto de poderem ser usadas duas legislações em matéria laboral na hora de recrutar funcionários para as escolas. “Para a criação de uma escola na Zona de Cooperação há vários trabalhos que têm de ser feitos pela entidade tutelar, e um deles é assinar, segundo a lei de relações laborais [de Macau], o contrato, a não ser que o trabalhador de Macau opte pelo regime do Interior da China. Isso está claro, há esse direito de escolha”, apontou a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam. Segundo a versão da proposta de lei apresentada no passado dia 8 de Maio, a nova legislação aplica-se a docentes com residência da RAEM “que tenham celebrado contrato de trabalho com a entidade tutelar” nos termos da lei das relações de trabalho da RAEM. Para os docentes não-residentes, aplica-se a legislação do interior da China. As escolas, para se estabelecerem em Hengqin, devem ter ligação prévia a Macau. Preferência residencial Os deputados apelaram ainda à garantia de vagas de trabalho para residentes de Macau. “Esta proposta de lei tem de dar prioridade aos residentes, pois em Macau há professores que podem querer dar aulas ali. Espero que não se trate apenas de uma preferência [na lei, mas algo definido]. Espero que haja mais espaço de desenvolvimento para os professores”, disse Ron Lam U Tou. Também a deputada Ella Lei pediu “mais postos de trabalho”, lembrando que, com escolas na Zona de Cooperação, “os residentes têm mais escolhas”. “O Governo tem de criar mais postos de trabalho, pois muitos terminam a licenciatura na área da docência e não conseguem encontrar trabalho. É uma boa forma para que os residentes possam trabalhar nas escolas da Zona de Cooperação”, acrescentou. A secretária frisou que “haverá uma diversidade de trabalhos, com docentes de Macau, do Interior da China e até do exterior, para a criação destas escolas. A nossa postura é que os residentes tenham preferência em termos de contratação”, rematou. Os deputados Loi Choi In e Zheng Anting assinaram juntos uma declaração de voto, pedindo ao Governo para “encurtar estas diferenças [entre escolas públicas e privadas] para fortalecer o sector da educação, pois vai ter de investir mais e aumentar os salários”.
O escritor André Namora - 19 Mai 202519 Mai 2025 Estava sentado numa esplanada do centro histórico de Santarém. Tinha pedido uma bifana e uma imperial. Pensava nas pessoas que ia vendo passar. Na diferença com que os humanos exteriorizam os seus hábitos nas mais diversas formas de se apresentarem. Passavam raparigas e rapazes com a nova moda de auscultadores nas orelhas, algo que, segundo vários clínicos, vais deixar a nova geração completamente surda aos 60 anos de idade, porque ouvem a música no máximo de decibéis; passavam reformadas com a sua bengala; passavam mães com os seus carrinhos transportando os bebés. É uma satisfação constatar que a natalidade não pára, mas é triste saber que muitas jovens não podem e não querem ter filhos por falta de condições financeiras para os criar e porque a situação das urgências hospitalares para grávidas está um caos; passavam apressadamente homens de pasta e fato e gravata, possivelmente advogados ou funcionários superiores da municipalidade; passavam crianças aparentando 12 ou 13 anos com a mochila às costas de tal forma pesadas que em nada beneficia o futuro das suas colunas vertebrais; passavam idosos com demência com uma senhora africana de braço dado. Ai, se não fossem os imigrantes… não sei quem é que trabalhava nas instituições de cuidados continuados, nos lares, nos milhares de casas de portugueses das classes média e alta como empregadas domésticas, nos restaurantes e cafés, na agricultura e nas obras de construção civil. E ainda temos políticos que querem os imigrantes fora de Portugal, quando nós fomos sempre um país que obrigou à factualidade de termos milhões emigrados pelos quatro cantos do mundo; passavam vendedores disto e daquilo. Penso que disse umas seis vezes que não estava interessado em relógios, carteiras, óculos, chapéus ou isqueiros; passavam polícias na conversa e sem boné na cabeça. Ainda me recordo quando os agentes policiais percorriam as ruas garbosamente fardados e faziam continência quando passava um militar superior fardado. Hoje, não ligam a ninguém e até parece que somos nós que temos a culpa dos seus baixos salários. A dado momento, chegou-se junto a mim um cidadão com o cabelo grisalho mal arranjado, a barba por fazer, com a roupa velha ou pouco limpa e disse-me qualquer coisa que não percebi. Respondi que não tinha trocado porque pagava a conta com o cartão multibanco. O indivíduo balbuciou mais umas palavras e eu pedi para repetir. Ele disse-me que não estava a pedir dinheiro. Desejava que eu lhe pagasse um bolo porque tinha fome. Respondi-lhe afirmativamente e acto contínuo perguntei o que fazia. Respondeu-me, surpreendentemente, que era escritor. Escritor? Mandei-o sentar na mesa e perguntei-lhe se queria uma bifana e uma imperial. Respondeu-me com um sorriso. – Então, você é escritor e tem fome, certamente por falta de dinheiro, não? – É assim. – Mas, não tem dinheiro porquê? – Porque tenho uma reforma de 700 euros, pago 450 pela renda, tenho de comprar alguns medicamentos não comparticipados, pago a electricidade, o gás, a água e fico com muito pouco dinheiro para a alimentação. Não compro roupa ou sapatos há cinco anos. – E a Segurança Social não lhe dá apoio? – Já tentei três vezes e ainda não consegui nada. – Oiça, meu caro, o que escreve? – Já escrevi dois livros sobre o capitão Salgueiro Maia e um sobre o que foi o Movimento das Forças Armadas? – E onde posso comprar os seus livros? – Esgotaram. – E a editora não lhe pagou as comissões das vendas? – Não, porque acordámos que eu não pagaria nada pela produção das obras mas também não receberia nada pelas vendas. Chegou a bifana e a imperial para o meu interlocutor e de um golo bebeu o líquido alcoólico e de quase uma dentada a bifana. A fome era grande e as lágrimas emudeceram-me os olhos. – Ó amigo, coma mais uma bifana… – Se o senhor puder, agradeço muito. – Não me trate por senhor, chame-me André e dê-me a sua morada para eu lhe enviar qualquer coisa que me diga que precisa e o número da sua conta bancária para quando eu puder enviar-lhe uns euritos. O escritor, que me pediu para não mencionar o seu nome, depois de lhe dizer que eu escrevia na blogosfera e que iria abordar aquele encontro. Agradeceu-me sensibilizado e ao retirar-se apenas me disse que eu tinha “caído do céu”. – Porque é que diz isso? – Porque nos dias de hoje há muita pouca gente que ajude o próximo. O escritor foi à sua vida e deixou-me a meditar na pobreza escondida que grassa pelo nosso Portugal. Uma pobreza que se intensifica de ano para ano e que os políticos assobiam para o lado. A pobreza em Portugal é uma realidade que afecta quase dois milhões de pessoas, representando 16,4 por cento da população em risco de pobreza ou exclusão social, de acordo com dados recentes. Embora a taxa de risco de pobreza tenha diminuído em 2023, a desigualdade de rendimentos e a pobreza continuam a ser desafios significativos para o país, com crianças, jovens e famílias monoparentais sendo os grupos mais vulneráveis. Em Portugal, uma em cada cinco pessoas vive em risco de pobreza ou exclusão social. Os pobres estão mais pobres em Portugal. A evolução dos principais indicadores de desigualdade, pobreza e exclusão social divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a partir do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, realizado em 2024, evidencia alguns sinais contraditórios, que devem ser lidos com um cuidado adicional. Uma parte desses sinais contraditórios resulta dos diferentes períodos de observação das suas principais variáveis. Enquanto os indicadores de nível de rendimento, de desigualdade e de pobreza reflectem a realidade de 2023, os indicadores de privação material e social e de exclusão social traduzem a realidade existente na data do inquérito, isto é, de Março a Junho de 2024. Contudo, o mais importante é que existe muita pobeza escondida no nosso país e há “escritores” com fome e que têm a dignidade e a coragem de pedir pelas ruas que alguém lhes mate a fome e, isso, é o mais triste de uma realidade que a classe política não demonstra ter preocupação, especialmente em manter reformados com pecúlios mensais de 200, 300 ou 400 euros.
Favorito às presidenciais sul-coreanas defende segundo mandato Hoje Macau - 19 Mai 2025 O principal candidato à presidência da Coreia do Sul, Lee Jae-myung, propôs uma alteração à Constituição para encurtar o mandato presidencial para quatro anos, mas acrescentando um segundo mandato, considerando-a uma medida para equilibrar o poder. A proposta, divulgada ontem por Lee na rede social Facebook, surge quando os sul-coreanos estão a duas semanas escolher nas urnas o seu Presidente para um mandato único de cinco anos, numa votação desencadeada pela destituição do antigo Presidente Yoon Suk Yeol. As últimas sondagens mostram que Lee, o candidato do Partido Democrático, da oposição, lidera a corrida às eleições agendadas para 03 de Junho com uma taxa de apoio de 51 por cento. “Vamos tornar o presidente mais responsável e descentralizar o poder”, disse Lee numa publicação no Facebook. “Uma presidência de quatro anos e dois mandatos permitiria avaliações intercalares da administração, o que aumentaria a sua responsabilidade”. Posteriormente, em resposta aos jornalistas num evento em Gwangju, Lee sublinhou que a Constituição sul-coreana não permite que uma revisão do mandato presidencial seja aplicada ao líder em funções, noticiou a Yonhap News. Outras mudanças Lee propôs igualmente uma série de medidas destinadas a conferir mais poderes ao Parlamento, tais como a limitação do direito de veto do Presidente e a exigência de aprovação parlamentar para a declaração da lei marcial. “Se as discussões progredirem suficientemente depressa, poderemos perguntar o que as pessoas querem nas eleições locais de 2026 ou nas eleições gerais de 2028, mesmo que atrasadas”, escreveu Lee no Facebook. A eleição do próximo presidente da Coreia do Sul assume-se como um passo crucial para recolocar a potência exportadora no caminho da estabilidade política, depois de o decreto de lei marcial de Yoon, em Dezembro, ter desencadeado a pior crise constitucional do país em décadas. No sábado, Yoon abandonou o Partido do Poder Popular, abrindo caminho para que os conservadores atraiam mais eleitores indecisos, quando o fracasso da lei marcial ainda projecta uma sombra densa sobre o seu candidato, Kim Moon-soo. Kim, antigo ministro do Trabalho de Yoon, foi elogiado pelos conservadores por se ter oposto à destituição de Yoon e por se ter recusado a pedir desculpa pelo decreto da lei marcial.
Xangai | Nvidia pretende abrir centro de I&D apesar da queda de vendas Hoje Macau - 19 Mai 2025 A norte-americana Nvidia pretende abrir um centro de Investigação e Desenvolvimento (I&D) em Xangai como parte do renovado compromisso com o mercado chinês, apesar da queda de vendas resultante das restrições de exportação impostas por Wahsington. A informação é avançada pelo diário britânico Financial Times (FT), que adianta que o novo centro tem como objectivo desenvolver soluções adaptadas às necessidades técnicas dos clientes chineses, ao mesmo tempo que assegura o cumprimento das leis norte-americanas. A Nvidia esclareceu, de acordo com o FT, que não enviará projectos de unidades de processamento gráfico (GPU) para a China nem permitirá modificações locais para evitar sanções pela transferência indevida de propriedade intelectual. O plano foi discutido em Abril entre o CEO da Nvidia, Jensen Huang, e o presidente da câmara de Xangai, Gong Zheng. O novo centro também estará envolvido em projectos globais, como verificação de design de ‘chips’, otimização de produtos existentes e áreas aplicadas como a condução autónoma. O governo local terá expressado apoio preliminar à iniciativa, que ainda precisa de ‘luz verde’ dos EUA. A pressão regulatória tem sido severa, já que o H20 — unidade de processamento gráfico (GPU) que a Nvidia começou a vender na China em 2024 e foi projectada especificamente para atender às regulamentações da era Biden — também está sujeito a controlos de Washington, apesar de ter sido criado em resposta a restrições anteriores em ‘chips’ mais avançados. Washington alerta que o uso de ‘chips’ de IA produzidos pela Huawei pode levar a consequências legais para empresas norte-americanas ou estrangeiras. Em resposta, a Nvidia ofereceu aos seus clientes chineses o chip L20 de menor potência, que não possui memória de alta velocidade.
Hong Kong | Português condenado por subversão recorre para última instância Hoje Macau - 19 Mai 2025 O português Joseph John recorreu para a última instância de Hong Kong, após um tribunal intermédio ter rejeitado um pedido para reduzir a pena de cinco anos de prisão pelo crime de incitação à subversão. Segundo o portal na Internet do Tribunal de Última Instância da região chinesa, o pedido foi recebido mas ainda não foi marcada a data para a audiência do tribunal, que conta entre os seus juízes com o lusodescendente Roberto Ribeiro. O pedido de recurso foi apresentado na quinta-feira pela defesa de Joseph John, também conhecido como Wong Kin Chung, de acordo com o portal de notícias Hong Kong Free Press. Em Abril de 2024, a Justiça de Hong Kong condenou Joseph John a cinco anos de prisão pelo crime de incitação à subversão, no primeiro caso de segurança nacional a envolver um arguido com dupla nacionalidade. Mais tarde, o advogado do português, Randy Shek Shu Ming, pediu ao Tribunal de Recurso que reduzisse a pena para quatro anos e quatro meses, sublinhando que Joseph John se tinha declarado culpado. Mas em Abril passado, o Tribunal de Recurso recusou o pedido da defesa do português, concluindo que qualquer crime ligado à segurança nacional que seja classificado como “sério” implica uma pena mínima de cinco anos. Joseph John, funcionário do Royal College of Music, no Reino Unido, está detido desde o final de Outubro de 2022 e, caso a pena se mantenha inalterada, poderá sair em liberdade no final de 2027.
Ucrânia | China mantém esperança de se alcançar paz justa Hoje Macau - 19 Mai 2025 As primeiras negociações entre delegações da Rússia e da Ucrânia desde 2022 aconteceram sexta-feira na Turquia sem, no entanto, contarem com a presença de Putin ou Zelensky. Acordada, ficou a troca de prisioneiros entre ambas as partes A China disse sexta-feira esperar um acordo de paz justo e duradouro entre a Rússia e a Ucrânia, quando Moscovo e Kiev se preparavam para realizar as suas primeiras negociações directas desde 2022 em Istambul, na Turquia. Ucranianos e russos sentaram-se pela primeira à mesa das negociações desde a Primavera de 2022, mas a ausência do Presidente russo, Vladimir Putin, no encontro mitigou as esperanças sobre eventuais progressos no sentido da assinatura de um acordo de paz. Do encontro, apenas saiu um acordo para a troca de prisioneiros entre as duas nações, mil de cada um dos lados. “Esperamos que todas as partes envolvidas continuem as conversações e as negociações com vista a chegar a um acordo de paz justo, duradouro e vinculativo, aceitável para todas as partes, de forma a alcançar uma solução política para a crise ucraniana”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Lin Jean, numa conferência de imprensa. Pequim, acrescentou, espera que uma “solução política” para a “crise na Ucrânia” possa ser alcançada em breve. Papel activo A China tem afirmado repetidamente que quer desempenhar um papel construtivo para alcançar a paz e sublinhou que a Europa deve ter uma palavra a dizer nas negociações de paz. Desde o início da guerra, Pequim tem mantido uma posição ambígua sobre o conflito, apelando ao respeito pela “integridade territorial de todos os países”, incluindo a Ucrânia, e à atenção às “preocupações legítimas de todos” os estados, referindo-se à Rússia. Assim, opôs-se às sanções unilaterais contra Moscovo, embora o Ocidente tenha acusado a China de apoiar a campanha militar da Rússia, algo que sempre negou, e de fornecer a Vladimir Putin componentes essenciais para produzir armas. Os países europeus têm apelado repetidamente ao líder chinês Xi Jinping para usar a sua influência sobre o seu homólogo russo, Vladimir Putin, para travar o conflito. Entretanto, o porta-voz Lin anunciou sexta-feira que o vice-primeiro-ministro Zhang Guoqing visitará a Rússia de hoje até dia 22 de Maio para uma reunião dos presidentes do Comité Intergovernamental de Cooperação entre o Nordeste da China e o Extremo Oriente na Rússia. Comentando a visita, Lin recordou que Xi e Putin concordaram durante a última visita do líder chinês a Moscovo em “continuar a sua cooperação” e explorar formas de a promover “com maior vitalidade e vigor”.
Troca de livros | Nova actividade no próximo fim-de-semana Hoje Macau - 19 Mai 2025 O Instituto Cultural (IC) promove, no próximo fim-de-semana, concretamente sábado e domingo, mais uma actividade “Trocar um Livro por Outro”, com o objectivo de incentivar a leitura nos bairros comunitários da península de Macau e ilha da Taipa. As rondas do próximo fim-de-semana decorrem no Parque Urbano da Areia Preta, entre as 12h e 18, sendo que a primeira iniciativa, decorreu este sábado e domingo, na Zona de Lazer da Praça das Orquídeas. A ideia é “aumentar a circulação e partilha de recursos de leitura na comunidade através da construção de uma plataforma de troca de livros, para que mais residentes possam participar e sentir a diversão e o valor da leitura”. Os participantes precisam apenas de levar os seus livros que cumpram as regras de troca ao pessoal no local, seleccionando os livros preferidos e trocando-os por um número igual ao dos seus próprios livros. Cada um poderá trocar no máximo de 20 livros durante o evento. Não podem ser trocados revistas, panfletos, guias para entrar numa escola de grau superior, livros didácticos, catálogos de eventos, livros de pano infantis, anuários publicados não localmente, livros jurídicos, guias de exames ou livros de ciência e engenharia publicados há mais de cinco anos, entre outros critérios. Esta actividade integra-se no “Mês de Leitura Conjunta em Toda a Cidade de Macau 2025”, que “visa aprofundar o hábito de leitura dos residentes, permitir que a leitura se enraíze na comunidade e criar um ambiente livresco por toda parte da cidade”, descreve o IC.
Novas candidaturas de filmes a subsídios do FDC até Julho Hoje Macau - 19 Mai 2025 O Instituto Cultural (IC) aceita candidaturas para atribuição de subsídios a longas-metragens no âmbito do Fundo de Desenvolvimento da Cultura (FDC) até 18 de Julho, sendo que o período de candidaturas arranca hoje. Esta nova edição de apoios diz respeito ao “6.º Plano de Apoio à Produção Cinematográfica de Longas Metragens” e visa “prestar apoio financeiro e aconselhamento profissional aos criadores cinematográficos locais, com vista a reforçar a capacidade de produção profissional da indústria cinematográfica e televisiva de Macau”. Serão aceites projectos de filmes de residentes permanentes de Macau com 18 ou mais anos, devendo o candidato ser o realizador ou produtor do filme, sendo que o processo deve ser entregue a título individual. O candidato deve ter realizado ou produzido uma longa-metragem de ficção com duração mínima de 80 minutos ou duas curtas-metragens, também do género ficção e com duração superior a 20 minutos cada. Um dos critérios é que ambas tenham sido exibidas ao público. Por partes Haverá duas fases de selecção, sendo que na primeira a Comissão de Avaliação de Actividades e Projectos do FDC realiza uma avaliação documental e classificação do projecto segundo cinco critérios de avaliação, nomeadamente a “especialização, competência técnica e experiências anteriores do candidato e da equipa principal e de execução; conteúdo e a criatividade do guião; viabilidade do plano de produção cinematográfica; racionalidade do orçamento; efeito do projecto na formação da imagem de marca cinematográfica e televisiva de Macau”. Serão admitidos dez projectos para passar à segunda selecção que também serão analisados consoante cinco critérios mais “a integridade do guião e viabilidade do plano de divulgação e promoção do filme”. Os subsídios terão a duração de 36 meses e são atribuídos a um máximo de quatro projectos seleccionados, sendo que o valor financiado máximo é de 70 a 90 por cento das despesas orçamentais do projecto candidato, até dois milhões de patacas. Este montante, destina-se a pagar custos de produção e publicidade das longas-metragens. No dia 23 de Maio, decorre uma sessão de esclarecimento no auditório do FDC no sétimo andar do Edifício Centro Comercial Cheng Feng, às 15h, para os interessados.
IC | Workshops em Junho para celebrar património da China Hoje Macau - 19 Mai 2025 A partir do dia 14 de Junho, o Instituto Cultural (IC) organiza uma série de workshops com vista a celebrar o Dia do Património Cultural e Natural da China. Estas celebrações incluem entradas gratuitas em vários espaços museológicos, nomeadamente na exposição de realidade virtual nas Ruínas de São Paulo ou no Farol da Guia A fim de celebrar o “Dia do Património Cultural e Natural da China”, instituído para o segundo sábado do mês de Junho e que se comemora desde 2006, o Instituto Cultural (IC) lança, no próximo mês, uma série de iniciativas que visam a participação da população, nomeadamente através da realização de diversos workshops e actividades temáticas que visam mostrar a história do país. As inscrições para todas as actividades já começaram a podem ser feitas na plataforma da Conta Única de Macau. O programa arranca a 14 de Junho e traz “actividades emocionantes inspiradas na cultura tradicional chinesa”, descreve o IC, além de estarem incluídas entradas gratuitas no Farol da Guia, nos dias 14 e 15 de Junho, e na exposição “Visitando as Ruínas de S. Paulo no Espaço e no Tempo – Exposição de Realidade Virtual nas Ruínas de S. Paulo”, com sessões gratuitas de 1 a 29 de Junho. Assim, a partir de dia 14, diversos espaços museológicos de Macau, como a Casa da Literatura ou a Casa do Mandarim acolhem estes workshops. Mais concretamente, o “Workshop de Caligrafia em Leques Chineses” na Casa da Literatura de Macau; as sessões sobre a “Pirografia de Shandan” e a “Escultura em Ovos de Hezhou” no Museu Memorial de Zheng Guanying; o “Workshop de Pintura em Cerâmica” na Casa do Mandarim, o “Workshop de Pintura em Laca com Madrepérola” no Centro de Preservação e Transmissão do Património Cultural do Museu do Palácio de Macau e o “Workshop de Experiência de Restauro de Livros Antigos” na Biblioteca Sir Robert Ho Tung, que estão disponíveis algumas sessões para idosos. O programa inclui também workshops mais virados para crianças e as respectivas famílias, como é o caso da sessão sobre as “Cabaças Esculpidas de Lanzhou” e “Quadro em Pintura de Palha”, que decorrem no Museu Memorial de Zheng Guanying e Museu Memorial de Xian Xinghai, respectivamente. Já o “Workshop de Suculentas na Mini Casa de Lou Kau” acontece na Casa de Lou Kau e o “Workshop de Experiência de Artesanato de Argila de Prata” está agendado para a Fortaleza da Guia. Encontro com livros Integrada neste cartaz está a iniciativa “Visita Guiada à Biblioteca do Senado”, cujas inscrições podem ser feitas, na mesma plataforma da Conta Única, a partir do dia 28 de Maio. O IC destaca ainda outros eventos que exibem também a cultura chinesa em Macau, como a exposição “Preciosidades de Fornos: Colecção de Cerâmica de Shiwan do Museu de Arte de Macau”, patente no Museu de Arte de Macau até 7 de Outubro. Por sua vez, a mostra “Génese e Espírito – Mostra de Património Cultural Intangível de Gansu” terá lugar entre 14 de Junho e 13 de Julho, no Museu de Macau, enquanto o evento “Génese e Espírito – Actuação de Património Cultural Intangível de Gansu” decorre nos dias 15 e 16 de Junho no Largo do Senado e no Jardim do Mercado de Iao Hon, respectivamente. A partir de 2017, o “Dia do Património Cultural” passou a ser designado “Dia do Património Cultural e Natural”, pretendendo “reforçar a consciência social sobre a importância do património cultural e natural e da preservação do mesmo”.
Hello Kitty | Autocarro passa por bairros residenciais Hoje Macau - 19 Mai 2025 Começou a operar este fim-de-semana o autocarro temático da Hello Kitty que transporta gratuitamente residentes e turistas pelos bairros comunitários da zona norte da península. O autocarro tem como pontos de partida os postos fronteiriços de Qingmao e Portas do Cerco e tem seis paragens no percurso: Rua da Hortense (perto do das Portas do Cerco), Pérola Oriental da Areia Preta, Jardim do Mercado de Iao Hon, Yat Yuen, The Waterfront Duet Macau do Fai Chi Kei e Qingmao. Apesar de ser grátis, para apanhar o autocarro é preciso pode reservar data e horário da viagem numa página electrónica exclusiva da actividade. Paralelamente, foi lançado um Mapa Gastronómico da Zona Norte, com recomendações de lojas e restaurantes perto das paragens de autocarro, para incentivar residentes e turistas “a explorarem profundamente os bairros comunitários e a divertirem-se e consumirem nesta zona”.
Hipertensão | Um quarto da população afectada Hoje Macau - 19 Mai 2025 Complicações ligadas à hipertensão resultaram na morte de 1.170 pessoas em Macau entre 2019 e 2023. Os dados foram revelados pelas autoridades de saúde na sexta-feira, numa conferência de imprensa para assinalar o “Dia Mundial da Hipertensão”. A hipertensão é a segunda doença crónica mais comum no território, depois da diabetes. A médica assistente de saúde pública da Divisão de Promoção da Saúde do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças dos Serviços de Saúde, Ng Nga Teng, afirmou que entre os doentes com hipertensão, 70 por cento tem conhecimento de que sofre da doença. As autoridades salientaram que no ano passado a taxa de controlo da pressão arterial atingiu 62,6 por cento, “uma melhoria de 14,1 por cento em relação ao ano anterior, permitindo que 11.590 novos doentes alcançassem um nível estável de pressão arterial controlada”. Em relação aos doentes diabéticos, as taxas de cumprimento dos três parâmetros: glicemia, pressão arterial e lípidos foram de 60,1, 71,2 e 60 por cento, respectivamente, elevando a taxa global de cumprimento para 29,3 por cento, mais 9,1 por cento face a 2023.
Suicídio | Mortes no primeiro trimestre desceram para 18 casos João Luz - 19 Mai 2025 Apesar da descida das mortes por suicídio nos primeiros três meses do ano, os vários casos registados nos últimos dias levaram o Governo a procurar reforçar a prevenção na comunidade. Na sexta-feira, as autoridades reuniram com associações e instituições comunitárias para descentralizar o apoio a grupos vulneráveis Depois de no ano passado o registo de mortes por suicídio ter batidos recordes, as estatísticas relativas aos primeiros três meses de 2025 trouxeram algum alívio. No primeiro trimestre deste ano, 18 pessoas tomaram a sua própria vida, menos quatro em termos homólogos, representando uma descida de 18,2 por cento. De acordo com os dados oficiais, também as tentativas de suicídio caíram de 99 para 84 no período em análise, um decréscimo de 15,1 por cento. Entre as pessoas que se suicidaram, 13 eram homens e cinco mulheres, com idades compreendidas entre os 29 e 72 anos. Das 18 mortes registadas nos primeiros três meses do ano, 16 eram residentes de Macau. Porém, “foram registados bastantes casos de suicídios nos últimos dias”, salientou na sexta-feira o presidente do Instituto de Acção Social (IAS), Hon Wai, num seminário para trocar impressões com as associações e instituições relacionadas relativas à promoção da saúde mental e à prevenção do suicídio. “O Governo acha que existe a necessidade e a urgência de se associar às forças da comunidade para enfrentar o problema”, acrescentou Hon Wai, citado pelo Canal Macau da TDM. Manter o alerta O presidente do IAS revelou que o Executivo está preocupado com a situação e que a aposta passa por reforçar a prevenção comunitária para identificar e acompanhar grupos mais vulneráveis. A posição foi adoptada no seminário dedicado a promover o conceito de “guardião da vida” e a apoiar “cuidadores de pessoas”. O objectivo do evento foi “promover a mensagem de que todos somos ‘guardiões da vida’ e incentivar a população a estar atenta à própria saúde mental e dos seus familiares e amigos, bem como recorrer aos serviços de apoio do governo e privados quando necessário”. Segundos as autoridades, as principais causas do suicídio continuam a ser problemas emocionais, financeiros ou relacionados com o jogo e doenças mentais. Em termos de acompanhamento da situação, o presidente do IAS garantiu que “o Governo, além de continuar a intensificar a cooperação multi-departamental, vai também tentar descentralizar recursos para a comunidade e promover a participação de mais instituições de serviços sociais”. Hon Wai voltou a alertar para a contenção na partilha de informações demasiado detalhadas por casos particulares de suicídio, “porque a disseminação das notícias pode ter impacto em algumas pessoas, até porque é sabido que são actos que podem ser imitados”. Quem se sentir emocionalmente angustiado ou estiver numa situação de desespero deve ligar para a Linha Aberta “Esperança de vida da Caritas” através do telefone 28525222 de forma a obter serviços de aconselhamento emocional.
Comércio | Pagamentos electrónicos em queda Hoje Macau - 19 Mai 2025 No primeiro trimestre do ano, o volume de transacções com pagamentos electrónicos no comércio a retalho teve uma queda de 17,4 por cento, em comparação com o período homólogo. O montante pago com recurso às aplicações móveis caiu para 13,12 mil milhões de patacas, de acordo com os dados publicados na sexta-feira pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Neste período, as transacções de mercadorias e quinquilharias apresentaram uma redução de 26,6 por cento face ao período homólogo, enquanto a venda de couro registou uma diminuição de 25,9 por cento. O volume de transacções de relógios e joalharia diminuiu 17 por cento, enquanto nos produtos cosméticos e de higiene a diminuição foi de 15,4 por cento. Em termos de saúde, nas farmácias houve um crescimento de 2,1 por cento no volume, contra a tendência, enquanto nos supermercados o crescimento foi de 1,4 por cento. No que diz respeito ao ramo da restauração, o terceiro trimestre trouxe um aumento do volume de negócios com pagamentos electrónicos de 2,2 por cento para 3,52 mil milhões de patacas. O maior crescimento das transacções aconteceu ao nível dos restaurantes de comida rápida, com uma subida 10,3 por cento. O volume de transacções dos restaurantes ocidentais e o dos estabelecimentos de comidas e lojas de sopas de fitas e canjas também cresceu 6,4 por cento e 5,2 por cento, respectivamente. Em relação ao primeiro trimestre de 2024, contudo, o volume de transacções com pagamentos electrónicos dos restaurantes chineses registou uma redução de 1,9 por cento.
Turismo | Visitantes gastaram menos no primeiro trimestre Hoje Macau - 19 Mai 2025 São mais, mas gastam cada vez menos. Entre Janeiro e Março, o consumo médio de cada visitante teve uma quebra de 13,2 por cento, valor que exclui os gastos nos casinos O consumo médio de cada visitante, excluindo os gastos nos casinos, caiu 13,2 por cento no primeiro trimestre do ano, em comparação com o mesmo período de 2024, foi anunciado na sexta-feira. Segundo a Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC), a despesa per capita dos turistas não relacionada com o jogo foi de 1.989 patacas entre Janeiro e Março. Os dados oficiais mostram que a principal razão para a descida foi um aumento do peso dos visitantes que chegaram em excursões organizadas e passaram menos de um dia em Macau. Nos primeiros três meses do ano, estes excursionistas representaram cerca de 59 por cento de todos os turistas que entraram na cidade, em comparação com menos de 54 por cento no mesmo período de 2024. Enquanto este tipo de visitante gastou per capita apenas 729 patacas, menos 10,8 por cento do que entre Janeiro e Março do ano passado, a despesa dos turistas que dormiram pelo menos uma noite em Macau atingiu 3.807 patacas, menos 5,4 por cento. Ainda assim, a diminuição da despesa total dos visitantes não relacionada com o jogo foi menor, 3,6 por cento, para 19,6 mil milhões de patacas, porque o aumento do número de turistas “atenuou parte do decréscimo”, disse a DSEC. Mais entradas Macau recebeu entre Janeiro e Março 9,86 milhões de visitantes, mais 11,1 por cento do que no mesmo período de 2024 e o segundo valor mais elevado de sempre para um arranque de ano. “Temos cada vez mais turistas, mas o nível de consumo está a baixar”, alertou, na terça-feira, o líder do Governo de Macau, Sam Hou Fai. O Chefe do Executivo apontou para “uma mudança no modelo de consumo, a forma de visita”, uma vez que “os jovens visitantes têm a sua própria maneira de fazer turismo, a experiência vai ser diferente”. Também a DSEC já tinha, em 2 de Maio, apontado a “alteração do padrão de consumo dos visitantes” como uma das principais razões para a queda de 1,3 por cento da economia de Macau entre Janeiro e Março. Foi a primeira vez que o Produto Interno Bruto do território encolheu, em termos homólogos, desde o final de 2022, quando a região começou a levantar as restrições devido à pandemia de covid-19. O benefício económico dos serviços turísticos – o sector que domina a economia de Macau – caiu 3,8 por cento no primeiro trimestre do ano. Em meados de Abril, Sam Hou Fai lembrou que “as poupanças aumentaram” no Interior – de longe a principal fonte de turistas para Macau – apesar de o país estar em deflação há três meses consecutivos. O líder do Governo defendeu que estes dados mostram que a população chinesa tem também “um sentimento de risco”, que já vinha antes de os Estados Unidos iniciarem uma guerra comercial com a China. Sam Hou Fai admitiu que as tarifas poderão levar os visitantes a gastarem menos, sobretudo em caso de desvalorização do renminbi.
CC | Portugueses apoiados em reclamações ligadas à China Hoje Macau - 19 Mai 2025 O Conselho de Consumidores (CC) de Macau anunciou na sexta-feira que vai ajudar a reencaminhar para a China reclamações enviadas por instituições de protecção de consumidores de Portugal. De acordo com um comunicado, o CC foi designado como plataforma de encaminhamento de conflitos de consumo para mediação e arbitragem transfronteiriça entre a China e Portugal. A presidente do CC, Leong Pek San, disse esperar que a iniciativa fosse concretizada com sucesso, para “trazer maior confiança aos turistas para fazer consumo em Macau”. De acordo com dados oficiais, Macau recebeu 2.332 visitantes vindos de Portugal nos primeiros três meses do ano. O CC disse ainda esperar que no futuro seja possível alargar o encaminhamento de queixas entre as organizações de defesa de consumidores na China e em Portugal. Na nota, destaca-se que a decisão surgiu de reuniões, decorridas em Macau, na terça e quarta-feira, entre o CC e dirigentes da Direcção-Geral do Consumidor (DGC) de Portugal, incluindo a directora-geral, Carla Barata. A DGC ajudou ainda o CC a criar um mecanismo de mediação e arbitragem transfronteiriça entre Macau e o Centro de Arbitragem de Conflitos de Consumo de Lisboa. O CC já tinha assinado um protocolo de cooperação semelhante com a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO), em 2018. O CC também chegou a acordo com a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), em 2019, e a Associação de Defesa dos Consumidores de Timor-Leste e a Associação para o Estudo e Defesa do Consumidor de Moçambique, ambas em 2021.
AMCM | Dívidas por pagar sobem 2,1 pontos percentuais Hoje Macau - 19 Mai 2025 O rácio das dívidas não pagas nos empréstimos comerciais para actividades imobiliárias teve um crescimento de 2,1 pontos percentuais em Março, face ao período homólogo, de acordo com as estatísticas da Autoridade Monetária de Macau (AMCM). O rácio das dívidas não pagas nos empréstimos para investimentos em imobiliário está agora em 5,4 por cento, quando há um ano rondava os 3,3 por cento. Em relação ao mês anterior, o aumento das dívidas não pagas foi de 0,1 pontos percentuais. No que diz respeito ao rácio das dívidas não pagas dos empréstimos hipotecários para habitação, houve um aumento anual em Março de 0,2 pontos percentuais, para 3,6 por cento. Este foi um valor que se manteve estável, quando comparado com o mês anterior. Em termos anuais, o volume dos novos empréstimos hipotecários para habitação apresentou uma redução de 14,1 por cento, para 776,5 milhões de patacas, o que significa que houve menos pessoas a endividar-se para comprar habitação. Em comparação com o mês anterior, registou-se um aumento de 7,2 por cento. No que diz respeito aos novos empréstimos comerciais para actividades imobiliárias, em Março, o valor cifrou-se em 1,94 mil milhões de patacas, um aumento anual de 172,5 por cento. Em comparação com o mês anterior, este montante significa um aumento de 27,4 por cento.
Ilha Ecológica | Ron Lam defende suspensão do projecto João Santos Filipe e Nunu Wu - 19 Mai 2025 O deputado considera que com vários terrenos disponíveis e a necessidade de proteger o ambiente marítimo, não se justifica avançar para o mega aterro-lixeira Ron Lam sugere ao Governo que suspenda o projecto de construção da Ilha Ecológica, uma ilha para servir de lixeira, que está planeada para a zona marítima a sul de Coloane, perto da Praia de Hac Sá. Segundo o deputado, o projecto deve ser suspenso, devido à necessidade de o país de proteger o ambiente marítimo e a paisagem de Coloane. Ouvido pelo jornal do Cidadão, o também vice-presidente da Associação de Sinergia de Macau duvida que o projecto ainda seja necessário, principalmente depois da visita do director do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau junto do Conselho de Estado, Xia Baolong. Ron Lam explicou que durante esta deslocação de seis dias, o dirigente do Interior destacou que a zona marítima do Rio das Pérolas não pode ser mais danificada. O deputado de Macau recordou igualmente as palavras do Presidente Xi Jinping, que quando visitou o território, em 2009, na condição de vice-presidente, destacou a necessidade de proteger Coloane, considerado como o pulmão de Macau. Tendo em conta estes dois momentos, Ron Lam considera que toda a gente sabe que o país deve proteger as zonas marítimas, e que o Governo local deve seguir esse caminho, dado que tem vários terrenos actualmente disponíveis e que nada justifica a construção da Ilha Ecológica. Ao mesmo tempo, o legislador admitiu recear que com a Ilha Ecológica se crie um precedente que vai levar a que todo o território passe a estar rodeado por aterros. Sem confiança Por outro lado, o deputado apontou que os residentes não têm confiança nos aterros do Governo nem são favoráveis à ideia, porque existe um historial de casos de desperdício de terrenos desocupados. Ron Lam apontou que muitos residentes não sabiam da intenção de aterrar a Zona C dos Novos Aterros Urbanos, e que após a conclusão do projecto se mostraram contra. Antes de lançar este projecto, o Governo lançou várias sessões de consulta e de apresentação dos futuros aterros. Para resolver o problema do lixo, Ron Lam considera que é mais apropriado é reduzir os resíduos na fonte. Além disso, o membro da Assembleia Legislativa indicou como outro caminho possível uma maior cooperação regional. O legislador considera igualmente que a reclamação da Zona D do Novos Aterros Urbanos, que deverá estar concluída em 2029, pode também absorver uma parte de resíduos criados. Além destes argumentos, destacou que como o Governo Central atribuiu a Macau a jurisdição sobre 85 quilómetros quadrados de área marítima, o objectivo ao gerir esta zona deve passar por preservar o mar, em vez de aterrar grande parte desta área. A opção por mais aterros, afirma o deputado, seria uma violação da intenção original do Governo Central, quando atribuiu a jurisdição sobre estas águas. Ron Lam sugeriu ainda ao Governo que equacione emitir licenças para iates, para que os turistas e os residentes possam recorrer mais a esta forma de turismo. O deputado defende que se imite o exemplo de Hong Kong. Actualmente, as pessoas só podem participar em passeios marítimos organizados por empresas de navegação.
Cheque Pecuniário | Executivo ouve grupo restrito de associações e académicos João Santos Filipe - 19 Mai 2025 As duas sessões foram realizadas à porta fechada, e as opiniões de associações e académicos partilhadas em comunicado fazem eco das ponderações e hipóteses avançadas por Sam Hou Fai nas Linhas de Acção Governativa Com o objectivo de alterar o plano de comparticipação pecuniária no desenvolvimento económico, também conhecido como ‘cheque pecuniário’, o Governo realizou, à porta fechada, duas sessões para ouvir algumas associações e académicos. Entre as opiniões, não identificadas, citadas pelo comunicado dos gabinetes do secretário para a Economia e Finanças e da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, foi defendida a necessidade de instaurar um sistema de dias mínimos de permanência no território, mas com excepções, a pensar em quem vive no Interior da China. A definição do número mínimo de dias em Macau para ter acesso ao cheque foi a primeira a ser destacada pelo Governo no comunicado conjunto, sendo ainda acrescentado que se deve seguir o modelo do regime de previdência central. Esta opinião não é diferente da possibilidade avançada anteriormente por Sam Hou Fai, durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa deste ano, quando abordou a opção de rever todo o programa. O número sugerido passou por uma permanência em Macau durante 183 dias. Estas “opiniões” também indicam que a contagem do número de dias deve permitir uma certa flexibilidade, a pensar nas pessoas a “estudar no exterior” ou a passar a velhice ou trabalhar no Interior da China”. No comunicado, não é indicada a possibilidade de as pessoas passarem a velhice em Hong Kong, ou noutros locais, como em Portugal. Poupança de recursos Houve ainda quem defendesse que as alterações ao cheque poderiam resultar na poupança de “recursos”, que poderiam ser “utilizados para ajudar os grupos mais vulneráveis”, o que mais uma vez fez eco das ponderações anteriores do líder do Governo. A primeira reunião foi realizada a 15 de Maio, pela secretaria para a Economia e Finanças, na sala de conferências da Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT), e foi presidida pelo secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip. O dirigente da DSEDT afirmou que o Governo propõe a “optimização” do plano, no entanto, os moldes dessas alterações não foram divulgados. A segunda sessão de consulta a associações e académicos, convidados pelo próprio Governo, aconteceu no dia seguinte, tendo sido liderada pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultural, O Lam. De acordo com as declarações citadas pelo comunicado, a alteração ao modelo do cheque pecuniário é “uma das prioridades” das LAG da tutela dos assuntos sociais e cultura.
Macau e Hong Kong interessadas em colaborar com portos portugueses Hoje Macau - 19 Mai 2025 A directora-geral de Política do Mar, Marisa Lameiras da Silva, disse na sexta-feira que as autoridades de Macau e de Hong Kong expressaram interesse em explorar potenciais colaborações com portos em Portugal. A dirigente encontrou-se na sexta-feira com a directora dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA), Susana Wong Soi Man, e o director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), Ip Kuong Lam. Na quinta-feira, Lameiras da Silva já tinha sido recebida, na vizinha cidade de Hong Kong, pela nova secretária para os Transportes e Logística, Mable Chan, que tomou posse em Dezembro. Encontros em que a directora-geral apresentou a Estratégia Nacional para o Mar até 2030 e “os últimos investimentos” que Portugal tem feito no transporte marítimo, portos, energias renováveis oceânicas, biotecnologia e bio-economia azul. Lameiras da Silva disse que as autoridades dos dois territórios “realmente demonstraram interesse nestas matérias, nomeadamente no que Portugal tem feito na área dos portos”. Não foi firmado qualquer acordo em concreto, até “porque esta é uma missão quase relâmpago, de três dias”, mas há “interesse em continuarmos a conversar”, referiu a dirigente. Pensar em oportunidades Lameiras da Silva sublinhou a importância de “perceber onde há sinergias e onde há oportunidades de colaboração e parcerias”, não apenas com instituições públicas, mas também com empresas privadas. Na sexta-feira, a directora-geral falou igualmente sobre economia azul sustentável no Instituto Internacional de Macau e durante o jantar de gala anual da Câmara de Comércio Europeia em Macau. Lameiras da Silva, também presidente do Conselho de Gestão Estratégica da Rede Hub Azul, falava aos jornalistas após um diálogo com alunos da Escola Portuguesa de Macau sobre o futuro dos oceanos. O objectivo foi “trazer um pouco de consciência para a camada mais jovem, para a comunidade escolar, da importância do mar na nossa vida, bem como do impacto que nós temos no nosso dia-a-dia perante o oceano”, explicou. Referindo-se às eleições legislativas de ontem em Portugal, antes de se conhecerem quaisquer resultados, Marisa Lameiras da Silva disse que seja qual for o novo Governo, tem esperança de que a aposta no mar continue a ser uma aposta transversal à política portuguesa. “Acho que é mais do que óbvio que o desígnio de Portugal também passa pelo mar e, portanto, há claramente a intenção de continuarmos aqui a trabalhar para a economia azul, respeitando sempre o que é a sustentabilidade ambiental e o crescimento económico”, referiu a directora-geral.
Dona do primeiro modelo IA da China focado no português prepara entrada em bolsa Hoje Macau - 19 Mai 2025 A empresa que desenvolveu o primeiro modelo linguístico da China que usa inteligência artificial (IA) para o português está a planear listar-se em bolsa e expandir-se nos mercados lusófonos, disse o fundador à Lusa. Lin Yuchu disse que a Deeptranx, com sede em Zhuhai, tem planos para entrar na bolsa de valores de Hong Kong ou na vizinha metrópole de Shenzhen. Mais de dez empresas de Portugal e do Brasil já investiram três milhões de yuan (mais de 371 mil euros) para poderem usar o DeeCo-model, um modelo linguístico de grande dimensão especializado em conteúdos em língua portuguesa. Mas o presidente-executivo da Deeptranx sublinhou que a empresa quer ir mais longe. “No futuro, vamos aproveitar Macau como porta de entrada através da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’ para nos expandirmos para os mercados lusófonos”, referiu Lin. Lin começou a trabalhar na tradução automática entre chinês, português e inglês em 2012, quando ainda era estudante na Universidade de Macau. Já após fundar a Deeptranx, em 2018, o empresário identificou oportunidades no mercado lusófono e criou o primeiro grande modelo de IA da China focado no português, “uma vez que os sectores de IA em chinês e inglês já estavam saturados”. “Em 2022, axtualizámos para um modelo linguístico completo e de grande dimensão após avanços nos algoritmos de IA”, acrescentou. O DeeCo-model suporta processamento de texto, imagem, áudio e vídeo, abrangendo 17 sectores, incluindo finanças, tecnologia e cultura. “É mais especializado e profissional do que outros modelos tradicionais para conteúdos locais”, sublinhou Lin, dando como exemplo “consultas sobre as leis de Macau ou a história e cultura lusófonas”. O sistema também consegue diferenciar entre o português europeu e o português brasileiro, identificando variações gramaticais, lexicais e fonéticas. É a falar A Deeptranx emprega 40 trabalhadores a tempo inteiro e 3.800 linguistas em regime ‘freelance’, especializados em variantes do português e 100 mil colaboradores de dados multilingues em todo o mundo. “Até à data, obtivemos 30 milhões de yuan [3,7 milhões de euros] em financiamento”, disse Lin. O investimento veio de empresas como as gigantes tecnológicas chinesas Tencent e Baidu e a dona da maior plataforma chinesa de literatura na Internet, China Literature Ltd, “além de pequenas e médias empresas em Zhuhai”, acrescentou o líder da Deeptranx. O interesse pela língua portuguesa na China cresceu de forma acelerada nos últimos 25 anos, alimentado pela evolução das trocas comerciais entre a China e a lusofonia, que só em 2024 ultrapassaram 225 mil milhões de dólares.
Estudo | Alunos de línguas estrangeiras usam cada vez mais a IA Andreia Sofia Silva - 19 Mai 2025 Um estudo de académicos da Universidade Politécnica de Macau conclui que 80 por cento de uma amostra de 25 alunos de português “usa regularmente” a inteligência artificial como ferramenta de estudo. Os autores do estudo alertam para a necessidade de conjugação com métodos tradicionais de ensino e de formação de docentes Até que ponto a inteligência artificial (IA) está a ser usada por alunos chineses para aprender idiomas estrangeiros, e de que forma é feita esse uso? Um estudo desenvolvido pelos académicos e docentes da Universidade Politécnica de Macau (UPM) Vanessa Amaro e Manuel Pires conclui que o uso é crescente. O trabalho, intitulado “Artificial e Natural: Interligências e Equilíbrios em PLE”, publicado na revista científica “Millenium – Journal of Education, Technologies and Health”, conclui que, de uma amostra de 25 estudantes da licenciatura em português da UPM, “80 por cento utiliza regularmente à IA. Os restantes recorrem a estas ferramentas de forma pontual, como para preparar apresentações ou na pesquisa de informações culturais sobre países lusófonos”. Os estudantes em causa frequentam o terceiro e quarto ano do curso e foram escolhidos por possuírem “um nível mais avançado de domínio da língua portuguesa e maior experiência com diferentes abordagens pedagógicas, incluindo o uso de tecnologias no ensino”. Além disso, “a maioria dos participantes tinha idades compreendidas entre 21 e 24 anos, oriunda de diversas províncias do Interior da China (cerca de 70 por cento) e de Macau”, sendo que “possuíam experiência prévia no uso de ferramentas de IA para a aprendizagem linguística”. Em termos gerais, o trabalho destaca que a IA é cada vez mais importante “na aprendizagem de PLE [português como língua estrangeira]”, e que “a análise das interacções dos estudantes com a IA para a aprendizagem de línguas estrangeira é fundamental para garantir que as soluções tecnológicas sejam trabalhadas com base nas suas necessidades e expectativas”. Refere-se ainda que os 25 alunos entrevistados assumem “uma atitude positiva em relação à integração da IA na aprendizagem do português, reconhecendo tanto as suas vantagens significativas quanto as suas limitações”. “Um tema recorrente foi a necessidade de manter o equilíbrio entre a utilização da IA e a interacção humana, destacando-se a vontade de um ensino de línguas aberto às novas tecnologias, mas sem comprometer os benefícios das relações interpessoais”, apontam os autores. Dar à língua Se 80 por cento dos alunos recorre frequentemente à IA, quais as finalidades desse uso? O estudo destaca que a IA consegue dar apoio “ao treino da pronúncia, especialmente no contexto da aprendizagem autónoma”. “Muitos destacaram a neutralidade das vozes geradas, que evita influências regionais, como um recurso eficaz para desenvolver hábitos correctos na produção oral.” Um estudante referiu aos autores do estudo que “a voz da IA é ajustada, não tem sotaque de qualquer região e, por isso, é bom para os alunos treinarem a compreensão oral com diversos tipos de textos para além dos materiais dados pelo professor na aula”. Além do treino da pronúncia, as ferramentas de IA são também bastante utilizadas para a pesquisa de informações sobre os países de língua portuguesa. “Os estudantes reconheceram que estas ferramentas poupam tempo e permitem um acesso mais directo a conteúdos relevantes”, refere o trabalho, que destaca a resposta de um aluno: “ajuda-me a buscar informações sobre as tendências actuais no Brasil ou em Portugal, porque os livros e informações na internet estão dispersas e requerem várias buscas e muito mais tempo dispensado.” Porém, é salientado, com base na experiência dos dois docentes, “que o uso excessivo de ferramentas de IA tem contribuído para a redução significativa no desenvolvimento de competências críticas entre os estudantes”. “Cada vez mais trabalhos, tanto escritos como orais, carecem de profundidade analítica, apresentando estruturas lexicais e gramaticais avançadas que não correspondem ao nível real de proficiência dos alunos. Este desfasamento sugere uma relação superficial com os materiais de estudo, onde o esforço reflexivo e o pensamento autónomo são frequentemente substituídos pelas respostas geradas automaticamente pela IA”, conclui-se. Complementaridade precisa-se Segundo Vanessa Amaro e Manuel Pires, o estudo permite concluir que “a integração da IA no ensino de línguas estrangeiras é uma tendência irreversível, mas que requer uma abordagem pedagógica estruturada e cuidadosa”. “A maioria dos estudantes [entrevistados] reconheceu a importância de adaptar o ensino de línguas à realidade tecnológica actual, salientando a necessidade de incorporar a IA de forma planeada nos currículos. O equilíbrio entre os métodos tradicionais e o uso das novas tecnologias é fundamental para garantir uma aprendizagem eficaz”, é concluído. Um dos alunos defendeu mesmo ser “necessário haver um equilíbrio entre a IA e os métodos tradicionais”, pois “a aprendizagem de línguas pode ser melhor e mais interessante através da IA, mas falta-lhe a capacidade de criar ideias e imaginação, além dos aspectos interculturais da aprendizagem de línguas”. Assim, para os alunos inquiridos, “a presença do professor, enquanto mediador do conhecimento, é vista como essencial, sobretudo no contexto específico de Macau, onde não ocorre uma imersão linguística durante o processo de aprendizagem do português”. Por interacção humana entende-se, além da “transmissão de conteúdos linguísticos, a capacidade de interpretar aspectos culturais, sociais e emocionais, algo que a IA, apesar da sua eficiência técnica, não consegue replicar”. Vanessa Amaro e Manuel Pires destacam ainda o facto de “os desafios éticos e pedagógicos da IA no ensino serem complexos e multifacetados”. Isto porque “a privacidade dos dados é uma preocupação central, pois muitas ferramentas de IA coleccionam informações pessoais que poderão ser utilizadas para fins que os usuários desconhecem”. Além disso, “o risco de viés algorítmico pode ser uma questão pertinente, pois se os algoritmos produzirem resultados que são sistematicamente incorrectos, tendenciosos ou injustos, tal pode acentuar dificuldades e desigualdades na aprendizagem e requerer redobrados cuidados na sua utilização e regulação”, é indicado. Os autores consideram ainda que “a dependência excessiva da IA pode comprometer a interação humana, essencial para o desenvolvimento de competências sociais e culturais presentes nos processos educativos”. Tendo em conta que “no ensino de línguas estrangeiras parecem existir diversas velocidades na integração da IA, havendo instituições de ensino superior que o fazem mais paulatinamente e ainda com bastantes reservas, assim como as que são mais desenvoltas e proactivas na forma como abraçam estas tecnologias”, cabe “fomentar o diálogo e a cooperação entre os diversos agentes de ensino para compreender o potencial da IA”.