Taiwan | China avisa EUA para “não brincarem com o fogo”

A China avisou domingo os Estados Unidos para “não brincarem com o fogo” em relação a Taiwan, depois de o responsável pela Defesa norte-americano ter acusado Pequim de estar a preparar a invasão da ilha.

“A questão de Taiwan é puramente interna à China. Nenhum país estrangeiro tem o direito de interferir”, declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês num comunicado, citado pela agência de notícias espanhola EFE.

Pequim manifestou a “firme oposição” e “profunda insatisfação” face ao que considerou ser um discurso “cheio de provocações e incitamento” de Pete Hegseth, no sábado, durante o fórum de defesa Diálogo Shangri-La, que terminou domingo em Singapura.

Hegseth avisou que os militares chineses “ensaiam diariamente” uma possível invasão de Taiwan e aludiu a uma alegada intenção de o fazer antes de 2027.

“Deixem-me ser claro: qualquer tentativa do Partido Comunista [chinês] de conquistar Taiwan pela força terá consequências devastadoras para o Indo-Pacífico e para o mundo. (…) A ameaça da China é real. E pode ser iminente”, afirmou.

Embora nos últimos anos o ministro da Defesa chinês tenha participado no Diálogo de Shangri-La, onde deveria ter proferido domingo um discurso em que podia responder a Hegseth, Pequim decidiu não enviar Dong Jun este ano, sem explicação, e foi a diplomacia que reagiu.

No comunicado, o ministério advertiu os Estados Unidos de que “não devem ter ilusões quanto à utilização da questão de Taiwan como moeda de troca para conter a China”. Anunciou também que apresentou um protesto formal a Washington.

Espalhar conflitos

Pequim acusou ainda a administração do Presidente Donald Trump de fomentar o confronto entre blocos e de transformar a região da Ásia-Pacífico “num barril de pólvora”. Também acusou Washington de colocar armas ofensivas no Mar do Sul da China, rico em recursos naturais, uma zona chave para o comércio mundial que Pequim reivindica na sua quase totalidade.

Segundo o ministério, não há problemas de liberdade de navegação nas águas do Mar do Sul da China, onde Pequim tem disputas territoriais com países vizinhos como as Filipinas, a Malásia e o Vietname. A China “gere as suas diferenças através do diálogo e em conformidade com a lei”, acrescentou o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

A representação chinesa no Diálogo Shangri-La foi liderada pelo contra-almirante Hu Gangfeng, membro da Universidade de Defesa Nacional, que acusou os Estados Unidos de lançarem “acusações infundadas” para “semear problemas”.

Os bambus acompanhados de Tan Zhirui

Guan Daosheng (1262-1319), a pintora e poeta da dinastia Yuan, esposa do não menos célebre pintor Zhao Mengfu (1254-1322), chegou a fazer pinturas murais em paredes de templos budistas porém não seriam essas figuras desenhadas em fortes pedras que resistiriam à passagem do tempo mas aquelas que fez sobre frágeis folhas de papel ou seda que, enrolados e atados com uma fita de cetim foram passados de mão em mão.

E com uma mão, desenrolados, frequentemente no formato intímo como um segredo designado shoujuan, o «rolo horizontal», em que uma pintura ou uma caligrafia se destina ao olhar de um único observador. Dessa maneira subtil contribuiu para a criação e fiel transmisão da preciosa cultura literária e visual acarinhada durante séculos pelo uso do pincel.

A sua mais comentada pintura «Floresta de bambus entre chuva e nevoeiro» (rolo horizontal, tinta sobre papel, 23,1 x 113,7 cm, no Museu do Palácio Nacional, em Taipé) em que se vê um bosque de bambus na margem de um rio, devido a uma alusão à lenda das fiéis viúvas do lendário rei-sábio Shun que se afogaram no rio Xiang, depois de ele aí ter morrido, manchando os bambus das margens com as suas lágrimas de sangue, viria a ser entendida como uma figuração de uma outra fidelidade, a do amor conjugal.

E no modo único como pintava grupos de bambus inseridos na paisagem, um tema recorrente nas suas obras, houve quem reparasse na análoga motivação que pareciam ter os de um singular pintor chamado Tan Zhirui (c. de 1275- activo entre o fim do século XIII, início do XIV), não inscrito em registos tradicionais de pintores mas que no Japão seria percebido como um mestre genuíno da centenária arte do pincel.

Esse reconhecimento seria atestado através das palavras inscritas nas suas pinturas pelo prestigiado mestre do budismo Chan, conhecido pelo seu nome monástico Yishan Yining (1247-1317) que pode ser traduzido como «De preferência, uma montanha».

Tan Zhirui é o autor de uma invulgar pequena pintura que mostra Bambus na neve (tinta sobre papel, 31,5 x 20,6 cm, no Smithonian) em que Yishan Yining escreveu o poema:

«Na neve gelada, escassamente espalhados,

Uma míriade de jades verticais e compactos.

Durante todo o período do Inverno,

O bosque denso brilha, cintilante.»

Ao contrário da clássica representação de bambus isolados crescendo agarrados a rochas, uma fórmula que se refere à recta personalidade do junzi, o «homem justo», aqui os bambus referir-se-ão à anelada vida em comum em mosteiros.

Guan Daosheng evocaria os seus próprios filhos ao escrever, junto de uma sua pintura: «No dia em que foste embora, bambus tinham acabado de ser plantados,/ Os bambus crescendo tornaram-se num bosque, tu ainda não voltaste./ A minha face de jade desvanecendo dificilmente poderá ser restaurada,/ Ao contrário das flores que caem para de novo florescer.»

Jogo | Receitas com o valor mais alto desde a pandemia

Maio é um mês de época alta, devido à Semana Dourada, e este ano não foi diferente com as receitas a crescerem 5 por cento face ao ano passado. O facto de haver mais um dia de fim-de-semana também terá contribuído para os números acima do esperado

 

Os casinos registaram receitas brutas do jogo de 21,19 mil milhões de patacas em Maio, o valor mais elevado desde a pandemia. Os dados foram anunciados no domingo pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ).

Em Janeiro de 2020, antes da pandemia, as receitas foram de 22,13 mil milhões de patacas. Depois desse período, o recorde anterior foi estabelecido em Outubro do ano passado, quando as receitas se fixaram nos 20,79 mil milhões de patacas.

O valor mais recente de 21,19 mil milhões de patacas significa um aumento de 5 por cento em relação a Maio do ano passado, quando as receitas atingiram 20,19 mil milhões de patacas. Em termos mensais, o crescimento das receitas de jogo foi de 12,4 por cento, dado que em Abril as receitas foram contabilizadas 18,86 mil milhões de patacas.

Em termos de receita acumulada, nos primeiros cinco meses deste ano registou-se um aumento de 1,7 por cento em relação ao ano anterior, com um total de 97,71 mil milhões de patacas face aos 96,06 mil milhões de patacas registados entre Janeiro e Maio do ano passado. No entanto, o valor ainda está muito longe de 2019, o período pré-pandemia e antes da campanha contra os junkets, quando as receitas entre Janeiro e Maio foram de 125,69 mil milhões de patacas.

Melhor do que o esperado

Após serem conhecidos os resultados, o banco de investimento JP Morgan Securities (Asia Pacific) considerou que o valor de 21,19 mil milhões de patacas ultrapassou “confortavelmente” a generalidade das previsões dos analistas, que previam um crescimento de 2 por cento face a Maio do ano passado.

“Recorde-se que a fasquia não era baixa, ou seja, as expectativas dos analistas já tinham sido ajustadas em alta – de um valor inicial de menos 1 por cento em termos anuais para mais 2 por cento – para reflectir a forte Semana Dourada e este crescimento é impressionante, tendo em conta as adversidades em curso”, escreveram os analistas DS Kim e Selina Li, da JP Morgan Securities (Asia Pacific), citados pelo portal GGR Asia. “Este resultado traduz-se numa taxa de recuperação de 82 por cento em relação ao período pré-Covid, a melhor taxa desde o fim das restrições pandémicas”, foi acrescentado.

Por sua vez, Vitaly Umansky, analista na Seaport Research Partners, explicou que este aumento se deve ao facto do mês ter tido mais um dia de fim-de-semana, face ao ano anterior ou seja, dias em que existe tendência para as receitas serem mais elevadas. De acordo com o relatório da Seaport Research Partners, citado pelo portal GGR Asia, Umansky explicou que “em comparação com os dias da semana”, os dias do fim-de-semana geram receitas 20 por cento mais elevadas. “O Festival dos Barcos-Dragão foi mais cedo este ano, começou a 31 de Maio, em vez de acontecer em meados de Junho, como no ano passado”, acrescentou.

Plástico | Cotonetes e outros objectos na lista de restrições

O Governo está a planear alargar as restrições à importação de produtos de plástico no próximo ano, incluindo na lista de produtos cotonetes, varetas de plástico para balões e bastões insufláveis de plástico (usados em concertos).

A medida foi anunciada pelo director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), Ip Kuong Lam, que acrescentou que o Executivo está a trabalhar no regulamento administrativo que irá alargar as restrições ao uso de plástico em Macau, com o objectivo de que entre em vigor no início de 2026.

O director da DSPA revelou que todos os anos são importados para Macau 2,4 milhões de pacotes de cotonetes com haste de plástico, 100 mil varetas de plástico para balões e 500 mil bastões insufláveis, de acordo com Canal Macau da TDM.

Ip Kuong Lam falou à margem do “Festival para comemorar o Dia Mundial do Ambiente 2025 entre a Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, que se realizou no sábado na Praça da Amizade.

O responsável salientou ainda os resultados das restrições à importação e uso de outros produtos de plástico. Recorde-se que em 2019, o Executivo implementou a cobrança de uma pataca por cada saco de plástico. Entre 2021 e 2024, a lista negra de produtos com importação restringida passou a incluir caixas e recipientes de esferovite, palhinhas, agitadores de bebidas e talheres de plástico.

As medidas resultaram na redução anual do uso de 23 milhões de recipientes e embalagens de esferovite, redução de 40 milhões de talheres de plástico e menos 300 mil copos de plástico.

Infiltrações | Pedidas melhorias no sistema de arbitragem

O deputado Ma Io Fong quer saber como é que o Governo vai lidar com os casos em que os proprietários das habitações não cumprem as decisões arbitrais sobre infiltrações de águas. A questão consta de uma interpelação escrita, divulgada no fim-de-semana.

Entre Janeiro e Maio mais de oito por cento dos proprietários deixaram por cumprir as decisões dos tribunais arbitrais, de acordos com os dados do Centro Interserviços para Tratamento de Infiltrações de Água nos Edifícios, citados pelo deputado da Associação das Mulheres.

Perante o cenário de incumprimento das decisões, o deputado espera que o Governo possa prestar mais apoio aos afectados, para que as situações possam ser resolvidas.

Ma Io Fong criticou ainda o facto de actualmente ser preciso esperar muito tempo para que o Laboratório de Engenharia Civil de Macau efectue as análises aos casos de infiltração de água. Por isso, o deputado sugere que o Governo comece a subsidiar a realização de testes por entidades privadas, de forma a aliviar o volume de trabalho do LECM e acelerar a obtenção dos resultados.

IIICF | Fórum divulga índice de infra-estruturas na lusofonia

Um fórum internacional, que irá decorrer em Macau entre 10 e 12 de Junho, vai divulgar o Índice de Desenvolvimento de Infra-estruturas nos Países de Língua Portuguesa. No ano passado, foram realçadas as reformas implementadas por Portugal para melhorar o ambiente de negócios

 

Vem aí mais uma edição do Fórum e Exposição Internacional sobre o Investimento e Construção de Infraestruturas (IIICF, na sigla em inglês), que se realiza entre 10 e 12 de Junho na Cotai Expo do The Venetian Macao, de acordo com um comunicado do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM). Durante o evento será divulgado, pelo terceiro ano consecutivo, a versão integral do Índice de Desenvolvimento de Infra-estruturas nos Países de Língua Portuguesa.

Em 2024, o Brasil e Angola foram os países de língua portuguesa com a cotação mais alta no índice, que avalia o ambiente, a procura, a receptividade e os custos para o desenvolvimento de infra-estruturas.

Quanto mais alta for a pontuação, melhor será a perspectiva da indústria de infra-estruturas de um país e maior será o grau de atractividade para as empresas se empenharem no investimento, construção e operações nesta área naqueles territórios.

Portugal e Guiné Equatorial foram em 2024, entre os países lusófonos, na perspectiva do relatório chinês, aqueles com a melhor pontuação no subíndice de desenvolvimento relacionado com os custos operacionais e de financiamento.

O documento destacou “a série de reformas implementadas pelo Governo português para melhorar o ambiente de negócios” e a aprovação, em Dezembro de 2023, do Programa Nacional de Investimentos até 2030 como factores que deram “um novo impulso” às infra-estruturas.

Estradas do futuro

O Brasil foi o país que mais se destacou nos subíndices da procura, que junta factores como procura e mercado potencial, e da receptividade local e entusiasmo de curto prazo no investimento de infra-estruturas, calculado, por exemplo, com base no valor dos novos contratos.

Já Moçambique, liderou entre os lusófonos no subíndice associado ao ambiente, que agrega factores políticos, económicos, soberania, factores de impacto no mercado, bem como os cenários empresariais e industriais.

O relatório de 2024 assinalou “uma subida moderada” nos custos de construção nos mercados de língua portuguesa e alertou para os “consideráveis obstáculos” que os países enfrentam no “desenvolvimento sustentável de infra-estruturas de elevada qualidade”.

A última edição do IIICF terminou com a assinatura de 38 acordos, os maiores dos quais envolveram projectos em Angola e Brasil.

O ministro das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação de Angola, Carlos dos Santos, disse na altura à Lusa que chegou a acordo com a empresa estatal chinesa China Road and Bridge Corporation para construir a primeira autoestrada do país, com as obras estimadas em 2,5 mil milhões de dólares (2,2 mil milhões de euros).

Também no IIICF de 2024, o grupo brasileiro de concessão de infra-estrutura, transportes e serviços CCR assinou um acordo com uma empresa chinesa para o projecto de engenharia da extensão de uma linha de caminhos-de-ferro em São Paulo, no sudeste do Brasil, avaliado em cinco mil milhões de yuan (611 milhões de euros).

Trabalho | Governo analisa “tendências” para ajustar mercado laboral

O secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, quer uma análise “aprofundada, precisa e científica à situação do mercado laboral local, avaliando de forma científica as tendências dos recursos humanos”.

A investigação será usada para “proceder atempadamente a ajustes e optimizações políticas face às mudanças no mercado de trabalho”. A posição foi defendida na primeira reunião do Grupo de Trabalho para a Coordenação da Promoção do Emprego, que se realizou na sexta-feira, onde o governante atribuiu ao grupo a missão de analisar as tendências do mercado de trabalho.

A proposta do secretário foi justificada com a “promoção do emprego”, que “constitui actualmente uma tarefa prioritária no âmbito da economia de Macau”.

O governante indicou que para facilitar o acesso dos residentes ao emprego, os “diversos serviços” públicos, devem partilhar informações sobre a oferta e procura no mercado de trabalho de Macau, compilar dados sobre vagas disponíveis e dar início ao emparelhamento profissional.

De acordo com um comunicado do gabinete de Tai Kin Ip, o secretário afirmou também que “nos processos de contratação pública, as diversas áreas governativas e serviços deverão incluir nos documentos do concurso a exigência de contratação prioritária de trabalhadores locais, de modo a reforçar o acesso dos residentes ao emprego”.

Desemprego | Taxa de residentes em 2,5 por cento entre Fevereiro e Abril

A taxa de desemprego geral manteve-se em 1,9 por cento entre Fevereiro e Abril. No entanto, tanto para residentes como não-residentes, a taxa de desemprego manteve em níveis idênticos ao período anterior

 

Entre Fevereiro e Abril, a taxa de desemprego de residentes foi de 2,5 por cento, de acordo com os dados publicados na sexta-feira pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Segundo a DSEC, o valor do desemprego de residentes manteve-se num nível idêntico em comparação com o período de Janeiro a Março, apesar de haver mais residentes empregados.

“O grupo dos residentes desempregados era composto por 7.400 pessoas. Entre os residentes desempregados à procura de novo emprego, a maioria trabalhou anteriormente no ramo de actividade económica das lotarias e outros jogos de aposta, no ramo da construção e no ramo do comércio a retalho”, escreveu a DSEC, num comunicado divulgado dna sexta-feira. “Além destes, o número de residentes desempregados à procura do primeiro emprego permaneceu nos 10,2 por cento dos residentes desempregados, face ao período precedente”, foi acrescentado.

Ao mesmo tempo, a taxa global de desemprego, que inclui também os não-residentes, foi de 1,9 por cento, mantendo um nível idêntico ao período entre Janeiro e Março.

Entre Fevereiro e Abril, a população activa em Macau era de 380,6 mil pessoas, um crescimento de 1.500 pessoas face ao período anterior, e a população empregada de 373,2 mil, um aumento de 1.400 pessoas. “Destaca-se que o número de residentes empregados (281.900) subiu 1.700 pessoas”, escreveu a DSEC.

Para estes números contribuiu o facto de as áreas do imobiliário, comércio por grosso e a retalho terem contratado mais trabalhadores, apesar do jogo ter menos trabalhadores.

Subemprego a subir

Em relação ao subemprego, ou seja, pessoas que trabalham menos horas pagas do que pretendiam, o cenário ficou pior nos últimos meses, não só para residentes, como para não-residentes.

“A taxa de subemprego global (1,4 por cento) e a taxa de subemprego dos residentes (1,8 por cento) aumentaram ambas 0,2 pontos percentuais, em relação ao período anterior” indicou a DSEC. “O número de residentes subempregados (5.200) subiu 700 pessoas, face ao período anterior”, foi adicionado.

A DSEC indica também que “a maior parte dos residentes subempregados pertencia ao ramo de actividade económica da construção e ao ramo do comércio a retalho”.

“Em comparação com o período de Fevereiro a Abril de 2024, a taxa de actividade dos residentes (61,4 por cento) decresceu 0,9 pontos percentuais, enquanto a taxa de desemprego dos residentes (2,5 por cento) e a taxa de subemprego dos residentes (1,8 por cento) se mantiveram”, foi completado.

CAEAL | Pedidos para comissões de candidatura até sexta-feira

Termina na sexta-feira o prazo de apresentação do pedido de reconhecimento da constituição da comissão de candidatura para as próximas eleições legislativas, que irão eleger os deputados para a VIII Assembleia Legislativa.

Segundo a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), os interessados em constituir uma comissão de candidatura devem apresentar o pedido de reconhecimento da mesma caso tenham o apoio de mais de 300 eleitores e as respectivas assinaturas. De acordo com a Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa, caso o pedido de reconhecimento não satisfaça as exigências, a CAEAL irá enviar uma notificação até domingo, 8 de Junho, para que o mandatário da candidatura possa “suprir, no prazo de cinco dias” essas lacunas. Depois não será possível proceder a alterações.

Além disso, “a CAEAL irá decidir, o mais tardar até 15 de Junho, sobre a certificação ou recusa de certificação da existência legal da comissão de candidatura e notificar o respectivo mandatário no dia seguinte”. Além disso, “o mandatário pode, no dia 17 de Junho, recorrer ao Tribunal de Última Instância da decisão de recusa de certificação da existência legal da comissão de candidatura”.

Economia | Tradicionais apoiam alterações às regras dos cheques pecuniários

As associações tradicionais demonstraram apoio às alterações às regras de atribuição do cheque pecuniário.

O deputado e dirigente da associação dos Moradores Ngan Iek Hang aplaudiu o facto de o cheque pecuniário continuar no mesmo formato, sem passar pelo menos uma parte da quantia atribuída convertida em cartão do consumo. Apesar de não haver consulta pública sobre as alterações, o deputado afirmou que “a sociedade e a população apresentaram diferentes opiniões” e espera que o Governo ouça a população em “futuras optimizações” ao apoio.

Ngan Iek Hang salientou que as alterações demonstram que “o Governo quer utilizar melhor o erário público”, e que no futuro as autoridades devem ser mais precisas na atribuição de apoios sociais, incidindo mais nas comunidades vulneráveis ou pessoas com rendimentos mais baixos.

Por seu lado, a deputada Song Pek Kei defendeu que o dinheiro “poupado” com à mudança às regras do cheque pecuniário deve ser canalizado para aumentar o valor do subsídio para idosos e para apoiar outros grupos vulneráveis, como pessoas portadoras de deficiência.

Além disso, em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, a deputada ligada à comunidade de Fujian defendeu uma nova ronda de cartões de consumo, especialmente para as pessoas portadoras de deficiência que têm dificuldades na utilização da tecnologia em iniciativas como o Grande Prémio para o Consumo.

Também o vice-presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau Choi Kam Fung aplaudiu as alterações ao cheque pecuniário e indicou que têm em conta o desenvolvimento económico de Macau. O dirigente dos Operários defendeu também que as verbas poupadas com as alterações devem servir para apoiar a população, em especial os grupos mais necessitados.

Apoio pecuniário | Pereira Coutinho diz que alterações violam Lei Básica

As alterações aos requisitos de atribuição do cheque pecuniário, anunciadas na semana passada pelo Governo, podem constituir violações à Lei Básica, de acordo com Pereira Coutinho. Em declarações ao Canal Macau da TDM, o deputado afirmou que as novas regras violam o artigo 25.º da Lei Básica, que garante a igualdade dos residentes de Macau perante a lei e proíbem discriminações.

O artigo indicado pelo deputado estabelece que “os residentes de Macau são iguais perante a lei, sem discriminação em razão de nacionalidade, ascendência, raça, sexo, língua, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução e situação económica ou condição social”.

Na sequência da análise às restrições ao apoio, Coutinho revelou estar a preparar um documento com opiniões sobre às mudanças ao cheque pecuniário para entregar ao Chefe do Executivo.

Além disso, o deputado considera existirem contradições legais nas alterações às regras como, por exemplo, o limite máximo de 22 anos para dispensar filhos de beneficiários do requisito de permanência máximo no território de 183 dias por ano, em contraposição com os 24 anos estabelecidos para a atribuição de subsídios a filhos de funcionários públicos.

Sinergia | Governo acusado de ter critérios distintos da população

A Associação Sinergia de Macau considera que as alterações Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico não estão em linha com as pretensões da população, e definiu como “simulações” as sessões do Governo para ouvir as opiniões das associações

 

A Associação Sinergia de Macau atacou o Governo por aplicar critérios que não vão ao encontro das pretensões da população nas restrições do Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico. As opiniões foram defendidas pelo deputado Ron Lam, da associação, e o presidente Johnson Ian.

Ao portal HK01, Ron Lam argumentou que as novas limitações no acesso ao cheque apresentam uma grande diferença face ao que são as opiniões da população. O deputado recordou que no passado as opiniões expressas pretendiam que o Governo tornasse o programa mais eficaz, ao alterar aspectos como o facto de nos últimos três anos cerca de 79 milhões de patacas deste plano terem ficado por levantar. Este aspecto, deve-se ao facto de haver cidadãos a viver no exterior que muitas vezes morrem sem que esses óbitos sejam comunicados às autoridades locais, muitas vezes porque se perderam as ligações com o território. Lam entende que este era um dos aspectos que a população queria ver alterado, e não a restrição adoptada.

Ron Lam ainda criticou o Executivo por ter aplicado as mudanças “à pressa” o que só veio causar mais polémica: “O Governo estava com pressa e aplicou uma medida brusca, sem fazer qualquer consulta pública, havendo apenas movimentações de bastidores o que leva a população a questionar a Governação”, atirou. “As consultas com as associações locais foram simuladas, o que apenas gerou mais críticas e provocou mais polémicas desnecessárias”, acrescentou.

O deputado atacou igualmente o facto de vários residentes a trabalharem em Hong Kong deixarem de receber o cheque. Lam compreende que a mudança visa poupar recursos, mas afirmou ser incompreensível que pessoas que mantêm “ligações estreitas” com Macau sejam afectadas desta forma. O legislador afirmou que o Governo precisa de explicar muito bem esta exclusão.

Maior participação

Por seu turno, Johnson Ian também apontou que as alterações ao plano deviam ter sido realizadas através de meios de consulta à globalidade da população.

Numa opinião publicada no jornal Son Pou, Ian defendeu que a falta de uma consulta pública levou a que várias opiniões não fossem ouvidas, principalmente sobre o facto de o cheque ser entendido por grande parte da população como uma medida relacionada com o bem-estar geral.

Johnson Ian indicou ainda que o Governo deve tomar uma posição clara quanto ao futuro do Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico, uma vez que o Executivo está sempre a destacar que é uma medida provisória e não permanente.

Além disso, Johnson Ian criticou o facto de o Governo não ter revelado dados sobre quantas pessoas vão ser afectadas pelas novas limitações e quanto dinheiro pode ser poupado. Para o presidente da associação faltam dados para analisar o impacto das novas limitações.

DSAL | Número de acidentes laborais sofre quebra ligeira em termos anuais

Os dados relativos aos acidentes de trabalho ocorridos no ano passado revelam estabilidade em relação a 2023: cerca de cinco mil pessoas, 5.095, sofreram acidentes no trabalho, número ligeiramente inferior às 5.293 vítimas de 2023, enquanto o número de vítimas mortais decorrentes desses incidentes se manteve numa dezena

Foto: Gonçalo Lobo Pinheiro

Dados divulgados na sexta-feira pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) mostram como no espaço de um ano, entre 2023 e 2024, o panorama dos acidentes de trabalho se manteve estável, verificando-se até uma quebra ligeira no número de ocorrências e o mesmo número de mortos.

Segundo o relatório relativo a 2024, um total de 5.095 trabalhadores sofreram acidente de trabalho, sendo que a principal causa foi a “queda de pessoas”, que representou a fasquia de 25,4 por cento do total de incidentes, seguindo-se o “entalamento num ou entre objectos”, que representou 19,3 por cento de todos os incidentes, e ainda a “marcha ou choque em objectos”, com 16,1 por cento.

Segundo o relatório da DSAL divulgado no ano passado, houve 5.293 vítimas de acidentes de trabalho em 2023, sendo que quase todas as ocorrências (5.253) resultaram em incapacidade temporária de trabalho. Apenas 30 casos resultaram em incapacidade permanente da pessoa, sendo que 10 pessoas faleceram. No ano passado, a DSAL registou também o mesmo número de mortes por acidentes de trabalho, sendo que um caso está associado a uma alegada “infracção à legislação sobre segurança e saúde ocupacional”.

“Todos os casos mortais foram remetidos aos órgãos judiciais para devido tratamento, e, posteriormente, a DSAL fará o ajustamento dos dados de acordo com as sentenças proferidas”, lê-se no relatório relativo a 2024.

A DSAL diz proceder a investigações a todos os incidentes laborais ocorridos, tendo aplicado, no ano passado, multas a duas entidades por “infracções à legislação relativa à segurança e saúde ocupacional”, em casos que envolveram dois trabalhadores. Além disso, foram aplicadas multas a 43 pessoas por infracções ao Regime Jurídico da Reparação por Danos Emergentes de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais, envolvendo 303 trabalhadores no total.

Mais homens que mulheres

O relatório apresenta também dados mais específicos sobre os acidentes de trabalho ocorridos no ano passado. Assim, dos 5.095 casos, 5.063 resultaram em incapacidade temporária, sendo que 557 trabalhadores conseguiram voltar ao serviço no mesmo dia da ocorrência do acidente destaca a DSAL. Porém, um total de 22 pessoas acabaram mesmo por ficar com incapacidade permanente. Destaca-se o número de pessoas que foram atingidas nas mãos (1.336), seguindo-se os acidentes na zona dos pés com 894 ocorrências, várias partes do corpo com 831 casos, e acidentes na zona do tronco com 743 casos.

Os dados estatísticos mostram ainda que os homens dominam no tocante às vítimas: assim, houve, em 2024, 255 vítimas com idade compreendidas entre os 16 e os 24 anos. Nesta faixa etária, 165 homens sofreram acidentes de trabalho por oposição a 90 mulheres. Os números sobem nas pessoas com idades compreendidas entre os 25 e 44 anos, em que houve 2.719 ocorrências, atingindo 1.568 homens e 1.151 mulheres.

Dos 45 aos 64 anos houve 1.908 ocorrências, tendo, desta vez, atingido mais mulheres do que homens: 1.188 face a 720 trabalhadores do sexo masculino. Destaque para a ocorrência de 213 casos de acidentes de trabalho envolvendo pessoas em idade de reforma, ou seja, com 65 anos ou mais, em que 120 mulheres foram afectadas em contraste com 93 homens.

Os dados de 2024 olham também para o tipo de profissão em que ocorreram mais acidentes: dominam os “empregados administrativos”, com 1.318 casos, seguindo-se o “pessoal dos serviços, vendedores e trabalhos similares”, com 1.207 casos, e ainda os “trabalhadores não qualificados” com 1.219 ocorrências. Houve ainda 413 ocorrências no grupo de “trabalhadores da produção industrial e artesãos” e ainda 196 em “operadores de instalações de máquinas, condutores e montadores”. Na categoria de “técnicos e profissionais de nível intermédio” foram registados 420 incidentes de trabalho.

Vamos por partes

Se olharmos para os números de acidentes de trabalho tendo em conta o ramo de actividade económica, observa-se que dominam as “actividades culturais e recreativas, lotarias e outros serviços”, com relação, portanto, ao sector do jogo e entretenimento, com 1.512 casos ocorridos no ano passado. Segue-se acidentes nos “Hotéis, restaurantes e similares”, com 1.293 casos, e ainda 414 incidentes na área dos “transportes, armazenagens e comunicações”. No sector da construção civil, verificaram-se 374 acidentes.

De frisar que os dados de 2023 são também semelhantes no que diz respeito à actividade económica onde ocorreram mais acidentes de trabalho e em termos do género dos trabalhadores, com 52 por cento de homens e 48 por cento de mulheres afectados. Houve, em 2023, uma maior incidência de acidentes de trabalho em idades compreendidas entre os 25 e os 44 anos, representando 53,6 por cento, enquanto que nas idades compreendidas entre os 45 e 64 anos, a percentagem de acidentes baixou para 37,2 por cento.

O relatório da DSAL relativo a 2023 mostrava ainda que as “actividades culturais e recreativas, lotarias e outros serviços” (29,5 por cento), os “Hotéis, restaurantes e similares” (23,2 por cento) e “Transportes, armazenagem e comunicações” (10,8 por cento) ocupavam as três primeiras posições relativamente ao número total de vítimas de acidentes de trabalho.

No que se refere às profissões, os “Trabalhadores não qualificados” (26 por cento), o “Pessoal dos serviços, vendedores e trabalhadores similares” (24 por cento) e os “Empregados administrativos” (22,9 por cento) ocuparam as três primeiras posições em relação ao total de vítimas de acidentes de trabalho.

Acção e reacção

O relatório da DSAL relativo aos acidentes de trabalho de 2024 revela ainda que foram realizadas 3.550 visitas de inspecção a diferentes locais de trabalho, como estaleiros de construção, estabelecimentos industriais e comerciais, que resultaram em 395 recomendações de melhoria e na aplicação de multas em 10 situações devido à falta de segurança.

No ano passado, foram ordenadas quatro suspensões do funcionamento de estaleiros no contexto da verificação do estado de segurança e saúde ocupacional, a consequência mais grave depois da aplicação de multas ou acções de sensibilização.

A DSAL salienta também que, no ano passado, foram realizados 404 seminários para diferentes sectores e tipos de trabalho, que contaram com a participação de 17.148 pessoas. No tocante a cursos sobre a segurança e saúde ocupacional, foram realizadas formações para a obtenção do cartão de segurança ocupacional na construção, com 26.590 participantes, e que resultou na emissão de 25.069 cartões. Já os “cursos de formação sobre segurança em trabalhos específicos na construção civil” tiveram 3.167 participantes, tendo sido emitidos 2.895 certificados.

Noutra área importante para a economia local, a hotelaria e restauração, participaram 25.965 participantes nos “cursos de formação para obtenção do cartão de segurança ocupacional na hotelaria e restauração”, com a emissão de 25.020 cartões.

Hong Kong inaugura centro mundial de mediação “ao nível do Tribunal de Haia”

Hong Kong inaugura sexta-feira a primeira sede não ocidental de um importante organismo jurídico mundial, a Organização Internacional para a Mediação (IOMed), numa altura em que Pequim procura impor-se como centro de resolução de disputas internacionais.

O chefe do Governo de Hong Kong, John Lee, indicou, na terça-feira, que a instituição vai ter um estatuto “equivalente ao do Tribunal Internacional de Justiça” em Haia, o que “vai reforçar a posição internacional da cidade, atrair benefícios económicos e melhorar o Estado de direito”, escreveu ontem a agência de notícias Efe.

O líder da região afirmou que o centro vai facilitar a cooperação comercial e económica de Hong Kong com parceiros internacionais, especialmente os países do projecto chinês de infraestruturas conhecido como Nova Rota da Seda, “criando mais oportunidades de negócios”.

Numa reacção à criação do IOMed, o principal representante diplomático da China na região vizinha de Macau sublinhou ontem que será o primeiro centro “especializado na resolução de disputas internacionais”.

O Comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China em Macau, Liu Xianfa, que falava na abertura de um fórum sino-lusófono na Universidade de Macau, disse que a inauguração reflecte o desejo de Pequim de ser “uma força positiva para o desenvolvimento pacífico da humanidade”.

A cerimónia de inauguração do IOMed vai contar com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, e altos representantes de cerca de 60 países, bem como delegados de cerca de duas dezenas de organizações internacionais, incluindo as Nações Unidas.

A criação da IOMed foi proposta em 2022 pela China e cerca de 20 nações e, após intensas negociações, foi decidido que a sede estaria localizada em Hong Kong.

O organismo vai ser a primeira entidade internacional intergovernamental dedicada exclusivamente à resolução de disputas internacionais através da mediação, defendendo os princípios da Carta das Nações Unidas num contexto de crescentes tensões globais e desafios aos sistemas tradicionais de resolução de conflitos.

Jogada de mestre

A nova instituição nasce num contexto em que mecanismos como o sistema de resolução de diferendos da Organização Mundial do Comércio e a arbitragem internacional em investimentos enfrentam críticas pelos longos procedimentos, altos custos e resultados inconsistentes.

Sebastián Contin Trillo-Figueroa, analista das relações Ásia-Europa, disse à agência Efe que a criação da IOMed “é uma jogada magistral da China, consolidando a sua estratégia de ‘soft power’ [poder diplomático e cultural] sem gerar resistências abertas”.

O especialista destacou que “este movimento demonstra a capacidade da China de identificar e ocupar nichos no sistema internacional, evidenciando uma construção institucional semelhante ao Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas, que reflete uma abordagem estratégica para expandir a sua influência global”.

“Geopoliticamente, a ausência de rejeição por parte dos países ocidentais reforça a percepção de que a China executou uma operação diplomática eficaz. A aparente passividade dos EUA perante a liderança chinesa nas instituições internacionais sugere uma oportunidade perdida para contrariar o discurso chinês como potência moral e civilizacional”, acrescentou.

Trillo-Figueroa notou que, “num mundo de tensões crescentes”, a mediação “pode ser mais significativa do que várias iniciativas das Nações Unidas, que enfrentam limitações ideológicas e burocráticas, consolidando assim o papel da China como actor central na diplomacia global”.

Atlântida

Debruçados agora na luz de Maio, o Verão parece chegar sempre mais cedo na vertigem aquática, e nessa ânsia de seguirmos a sua bonança não nos damos conta daquilo que o mar nos conta nos confins da sua enigmática natureza. O mar é o movimento líquido que a terra expulsou dos seus domínios, e com ele vamos como que deslumbrados na primeira alvorada dos dias bons.

Milhões de pés se estendem na sua direção como um pêndulo por onde se deve seguir, que efectivamente ninguém lhe vira a cabeça. Poder-se-ia pensar que um banho de sol nos troca-se as voltas e mudássemos de posição, só que seria inconcebível uma imagem assim.

Sabemos hoje que qualquer distopia é de efeito continental, mas a utopia sempre engloba a ilha, no primeiro caso abrasa-se de soberba, no segundo, o mundo tende para uma fraterna igualdade «… aquela terra de suavidade que da orla esquerda do mundo se olvida…é a que ansiamos…» e o que é certo é que esta legenda cabe em nós como um distintivo e comanda de certa forma a orla de alguns em seus estranhos passos. Existem verossimilhanças que nos dão conta da lenda, como o Dilúvio, que Platão identifica mais tarde como sendo o impacto de uma destruição. Talvez se tivesse baseado numa longa tradição oral que partiu do Egipto e fora mais tarde adaptada em forma de poema inacabado, soltando-se uma data que intriga: doze mil anos, que coloca o Dilúvio no tempo onde hipoteticamente a Atlântida se afundou. Seja como for, o senhor do mito da Caverna esteve muito atento aos longínquos movimentos de uma consciência que nunca saiu das nossas quimeras. O facto de ser perdida, preenche o espaço das coisas que poderiam ter sido possíveis e deixámos perder, ou somente foram levadas, e que ao desaparecerem nos coloca num cosmos onde tudo é sonho, desabamento e lembrança.

Há uma estrela chamada Scheat que fica na constelação de Pégaso e que se encontra hoje na finalização de Peixes onde Saturno se lhe juntou, e não raro os mitos ligados aos mares afloram com intensa percepção neste ciclo neptuniano com uma longa memória comum diluviana, em certos momentos a altura das marés está entre as nuvens, e somos um grave efeito de uma lembrança que foge como aqueles vislumbres muito refinados que nem a vista alcança.

Neste plano muito cósmico, civilizador e quase inefável, o indivíduo é um elemento inexistente, não há ninguém que nos fale de um só dos seus habitantes nem das hierarquias, mas fala-se desses atlantes como de uma dimensão quase paralela que habitou a Terra e onde alguns afirmam terem sido salvos do desastre – que todos no mundo procuram as marcas de um quebranto marítimo, e todas as suas descrições são válidas, e toda a busca uma estrada em que andamos de pé sobre as águas. Este filtro onde a ânsia da verdade se esconde é um estímulo que deixámos partir e que chamamos utopia. Ela será um elemento imprescindível para capturar a rede de união ao redor do mundo e enfraquecer os atributos geofísicos dos quintais de alguns que se acham distantes de outros e de cada um.

Desde os Pilares de Hércules a uma imigração para a Gália, para a América, até às ruínas Maias, esta legenda participativa está em todo o terreno onde a humanidade adere a uma estranha raiz comum e dela cria o mito mais longevo. Certifiquemo-nos ainda do impacto literário e vejamos como o domínio criativo foi o que menos se absteve de o lembrar: o Império Russo retoma o tema em dois de seus poetas no fim do século dezanove, Frederick Tennyson, poeta inglês, na música, Manuel de Falla, e a ainda a pintura de Léon Bakst, e seria um trabalho de Posídon enumerar todo o espectro artístico deste legado que muitos creem ser mais hiperbóreo… talvez, afinal são os povos do Norte os que sempre seguram a Atlântida por brumas inimagináveis, mas será sempre Fernando Pessoa que estará nas profecias do mito dando-lhe contornos que ninguém viu. É um poema que começa assim:/ Não sei se é sonho, se realidade, se uma mistura de sonho e vida/ aquela terra de suavidade que da orla esquerda do sul se olvida/ É a que ansiamos/ Ali, ali/ a vida é jovem e o amor sorri. (…) Felizes, nós? Ali, talvez, talvez/ Naquela terra, daquela vez/

A liberdade cria-se e recria-se na grande marcha do tempo, e se a desejarmos como a uma água límpida devemos ir sempre mais longe e mais fundo, que ela é catástrofe redentora. Talvez que esta ânsia de ver o mar e estar com ele não passe de um desejo baptismal para os corpos sadios dos escravizados, e essa Atlântida desconhecida um fragmento perdido que nunca imaginaram.

Doci Papiaçam | Teatro em patuá regressa este fim-de-semana

Decorre hoje e amanhã mais um espectáculo dos Doci Papiaçam di Macau, que tal como é habitual acontece em patuá, dialecto macaense em vias de extinção e cuja peça é já um dos últimos exemplos vivos do uso desta língua. “Cuza Tá Renâ? (Que se Passa?)” é o nome desta peça escrita e encenada por Miguel de Senna Fernandes, e que hoje sobe ao palco a partir das 20h e amanhã às 15h, no grande auditório do Centro Cultural de Macau. O espectáculo integra-se na edição deste ano do Festival de Artes de Macau.

Segundo a sinopse do espectáculo, este será o momento em que a “sátira reencontra o riso no regresso do patuá ao palco”, tratando-se de uma “comédia vibrante que mergulha nas transformações urbanas e nas peculiaridades do quotidiano local, prometendo fazer a plateia rebentar de tanto rir”.

O teatro em patuá, uma arte performativa única apresentada pela comunidade macaense, foi inscrito na Lista do Património Cultural Imaterial da China em 2021.

É um crioulo de Macau com origem na língua portuguesa antiga, combinada com malaio, cantonense, inglês e espanhol, reflectindo “o cosmopolitismo da cidade, onde o Oriente se cruza com o Ocidente numa vivaz coexistência cultural”, explica o IC. A peça dura 2h30 e será inteiramente interpretada em patuá, tendo legendas em chinês, português e inglês.

Wes Anderson explica o seu novo filme, “O Esquema Fenício”

O realizador Wes Anderson inspirou-se no sogro para escrever o protagonista do seu novo filme, “O Esquema Fenício”, que será exibido na Cinemateca Paixão este sábado e depois na próxima terça-feira, sexta e domingo, 8 de Junho. O filme conta com um elenco de estrelas, incluindo Benicio del Toro, Tom Hanks e Scarlett Johansson.

“Tinha a ideia de um magnata europeu, alguém que teria entrado num filme de [Michelangelo] Antonioni”, disse Anderson numa conferência de imprensa ‘online’, em que a Lusa participou. “Com o tempo, comecei a misturá-lo com o meu sogro Fouad, que era um engenheiro e empresário com muitos projectos diferentes”.

Fouad Malouf, explicou o realizador, era um homem com muitos projetos em diversos lugares e uma pessoa afável, mas intimidante. Mantinha os planos dos vários negócios em caixas de sapatos e um dia mostrou-os à filha, para que ela os pudesse prosseguir no caso de lhe acontecer algo. A sua reação foi igual à da filha ficcional no filme, Liesl, interpretada por Mia Threapleton: “Isto é de loucos”.

A transposição deste homem de negócios da vida real para o cinema começou a formar-se na mesma altura em que Wes Anderson mostrou “Crónicas de França do Liberty, Kansas Evening Sun” em Cannes, em 2021, com Benicio del Toro.

“Falei ao Benicio da ideia de um magnata europeu, alguém que poderia ter entrado num filme do Antonioni”, revelou Wes Anderson. “Tinha a ideia de alguém em aflição física, a imagem de um tipo com um relógio muito caro que não se conseguia matar”.

A história de Zsa Zsa Korda

É esse homem que Benicio del Toro encarna em “O Esquema Fenício” – Zsa-Zsa Korda, um dos homens mais ricos da Europa que, no início do filme, sofre a sua sexta queda de avião e decide escolher a filha mais velha para herdeira da sua fortuna e do seu império. “É escrito em camadas e cheio de contradições, o que se torna muito saboroso para um actor lhe dar vida”, disse del Toro.

Algumas cenas, como a dos créditos de abertura, tiveram de ser filmadas repetidamente — entre 25 e 30 vezes, disse o actor, lembrando que ficou com a pele engelhada por estar dentro de uma banheira.

“Há um elemento do meu personagem que espera uma segunda oportunidade para reparar uma relação quebrada”, detalhou del Toro. “Para isso ele tem de mudar e muda. Gosto de pensar que as pessoas podem mudar”.

Essa relação é com a filha, a quem Zsa-zsa Korda quer deixar as caixas de sapatos com os ambiciosos planos para a perdida civilização Fenícia. Mas Liesl está prestes a tornar-se uma freira católica e ressente-se do pai pela sua ausência de anos.

Para se preparar para o papel, Mia Threapleton estudou a Bíblia, foi até Roma para uma prova de roupa e conversou com um diácono. Estudou a fundo durante três meses e criou pequenos detalhes para a personagem. As filmagens decorreram perto de Berlim, no estúdio Babelsberg e arredores, com um pequeno papel para Scarlett Johansson como Prima Hilda.

CCCM acolhe sexta edição de concurso e exposição “See&Share”

O Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) acolhe, a partir de amanhã, uma exposição de arte infantil com trabalhos de jovens chineses expatriados. Será também realizada a cerimónia de entrega de prémios da iniciativa “Global Youth Art Contest”, que dá origem à mostra.

A exposição, que tem o nome “See&Share 2025”, é promovida por Helena Dong, cidadã chinesa a viver em Lisboa e que, depois de criar a CLAN – Commonweal of Liberal Arts em Nanjing, de onde é oriunda, estabeleceu um projecto semelhante na capital portuguesa, a CLAN para Inovação Cultural e Educacional Juvenil.

“Há seis anos vivíamos na China e já aí pensava na próxima geração, sobretudo nas crianças chinesas. É muito importante que elas saibam o que é a arte real, verdadeira e tradicional. Tenho dois filhos e penso que é importante também que eles saibam isso. Como sempre tive muitos contactos com os profissionais mais tradicionais, comecei a convidá-los para a realização de workshops com crianças, sobretudo as famílias locais. Em 2019 a nossa família veio para Lisboa e queríamos manter isso, estabelecer conexões com os locais e com as crianças locais. Queríamos que a nossa família conhecesse a história e a arte locais”, contou ao HM.

O primeiro ano da exposição “See&Share” decorreu em Lisboa em 2020, ainda nos tempos de pandemia, tendo sido recolhidos “300 trabalhos feitos por crianças de todo o mundo”, ligadas a comunidades chinesas espalhadas em vários países. Foi realizada uma exposição online, mas à medida que o mundo abriu após a pandemia, também esta mostra passou a ser vista directamente pelo público.

“Todos os anos temos temas diferentes. No ano passado o tema principal foi a humanidade e o futuro. Em cada ano tentamo-nos focar na visão das crianças sobre aquilo que pensam em relação ao mundo, à humanidade e natureza. Temos também trabalhos sobre os valores ESG (Environmental, Social, and Governance), a importância da preservação do ambiente a nível mundial”, disse Helena Dong.

Juntar culturas

A sexta edição do concurso é agora apresentada no CCCM e Helena Dong espera ajudar a construir ainda mais “uma ponte entre as crianças portuguesas e chinesas e outras famílias internacionais que vivem em Lisboa”.

Segundo a responsável, “a participação [no concurso e nas actividades da CLAN] é, sobretudo de famílias chinesas a residir no estrangeiro, da Europa, Ásia e América”. “Queremos também criar laços mais profundos com as famílias locais, tentando construir uma ponte entre a comunidade chinesa e a comunidade local [de portugueses]”, disse.

“Podemos juntar-nos e falar uns com os outros, para que nos possamos conhecer melhor. É essa a nossa grande expectativa. Em todos os anos, na cerimónia de abertura, fazemos workshops sobre cultura tradicional chinesa, é uma boa oportunidade para que a comunidade se possa expandir sobre aquilo que nós fazemos e o que gostamos”, acrescentou.

Orquestra de Macau | Mahler em destaque em concerto no CCM

Está marcado para o dia 7 de Junho o espectáculo “Mahler: A Infinidade do Titã”, protagonizado pela Orquestra de Macau no Centro Cultural de Macau. Neste concerto, o maestro da Orquestra, Lio Kuokman, promete “brilhar” também como pianista

 

O grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) acolhe, a partir das 20h do dia 7 de Junho, mais um espectáculo integrado na temporada 2024-2025 da Orquestra de Macau (OM). Trata-se de “Mahler: A Infinidade do Titã”, dedicado ao compositor e maestro checo Gustav Mahler, em que o próprio director musical e maestro principal da OM, Lio Kuokman, irá também fazer solos de piano neste espectáculo.

Segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), serão interpretadas “obras-primas de Ravel e Mahler”, o que irá conduzir “o público pelo universo musical destes dois gigantes da música”. Natural de Macau, Lio Kuokman é “um dos maestros chineses mais proeminentes no panorama internacional”, refere o IC, tendo este sido aclamado pela publicação “Philadelphia Inquirer” como um “talento de regência surpreendente”.

Em 2014, Lio Kuokman conquistou três prémios no Concurso Internacional de Regência Svetlanov, em Paris, tendo posteriormente sido o primeiro maestro assistente chinês da Orquestra de Filadélfia. Foi também o primeiro maestro chinês a dirigir a Orquestra Sinfónica de Viena num concerto da temporada regular, nos 121 anos de história da orquestra, testemunhando o seu percurso musical de excelência.

Grandes composições

Neste concerto, Lio Kuokman actuará como maestro e solista de piano na interpretação do “Concerto para Piano e Orquestra em Sol Maior” de Maurice Ravel, compositor e pianista francês. Trata-se, segundo a mesma nota do IC, de uma “obra marcada por influências de jazz e blues, cujos ritmos inovadores, técnicas polifónicas elaboradas e orquestração com percussão dinâmica proporcionam uma experiência electrizante — desde o enérgico primeiro andamento até ao deslumbrante ‘finale'”.

Por sua vez, a segunda parte do concerto será pautada pela “Sinfonia nº 1 em Ré Maior”, conhecida pelo nome de “Titã” de Mahler, naquela que foi a sua primeira grande composição, de finais do século XIX. O público poderá assistir a “uma actuação majestosa com cerca de cem músicos no palco, ilustrando um poema sinfónico sobre a fusão da humanidade com a natureza”.

O concerto durará aproximadamente 1 hora e 45 minutos, com um intervalo. Os bilhetes já estão disponíveis a preços que vão das 150 às 300 patacas.

Automobilismo | Surge projecto para nova pista em Zhuhai

Com uma nuvem muito negra a pairar sobre o futuro do Circuito Internacional de Zhuhai, eis que surge uma potencial boa notícia para os adeptos do automobilismo da Grande Baía: um projecto para um novo circuito permanente na cidade chinesa adjacente à RAEM.

Segundo o jornal Ta Kung Pao, de Hong Kong, o Governo Provincial de Guangdong publicou recentemente o documento “Medidas para Promover o Desenvolvimento de Turismo de Alta Qualidade e Acelerar a Construção de uma Província Turística Forte”, que propõe, pela primeira vez, a criação de um “Círculo Industrial de Cultura e Turismo da Grande Baía”, oferecendo apoio político ao desenvolvimento integrado da cultura e do turismo na região. Com isto, poderá vir a surgir o primeiro complexo industrial e turístico temático de desporto motorizado na Grande Baía.

O projecto do Circuito Internacional Zhuhai Chaoyue foi recentemente apresentado no Ocean Spring Resort de Zhuhai, situado em Doumen, não muito longe do aeroporto da cidade, com um investimento inicial de 250 milhões de renminbis.

De acordo com as primeiras informações, o projecto deste circuito prevê acolher provas como a Fórmula 3 e fomentar o desenvolvimento colaborativo entre os sectores do desporto motorizado, eventos culturais e indústria de exposições. O plano inclui a realização de várias provas internacionais por ano e prevê a colaboração com Hong Kong e Macau para ligar cidades como Jiangmen e Zhongshan, promovendo o “turismo de múltiplas paragens” e impulsionando o desenvolvimento inovador da “economia de eventos + turismo cultural”.

Segundo Zhou Jian, Diretor-Geral Executivo da China Travel Service (Zhuhai) Ocean Spring Resort Co., o circuito – com certificação de Grau 3 da FIA – incluirá ainda uma pista de karting, pista de drift e um espaço interior de 2.400 m² para exposições e eventos relacionados com o setor automóvel. Com mais de 50 eventos internacionais projetados anualmente, o objetivo é tornar-se um “super IP” que una corridas, lazer e turismo sob um mesmo conceito.

A primeira fase do projecto do Circuito Internacional Zhuhai Chaoyue incluirá infraestruturas de corrida profissionais com certificação internacional, bem como instalações de apoio. Este projecto ambiciona não só preencher “uma lacuna no sector de desporto motorizado de alta gama em Zhuhai, como também promoverá a modernização das indústrias culturais, desportivas e turísticas da Grande Baía através da realização de corridas internacionais e eventos culturais temáticos ligados ao automobilismo.”

Incertezas no ar

No Verão passado, a empresa malaia LBS Bina Group Bhd anunciou que vendeu a sua participação no Circuito Internacional de Zhuhai (ZIC) – o primeiro circuito permanente construído no Interior da China – por 124,7 milhões de ringgits (cerca de 214,15 milhões de patacas). Numa declaração apresentada à Bursa Malaysia Securities Bhd, o grupo informou que a sua subsidiária, Dragon Hill Corporation Ltd, vendeu a totalidade da sua participação na Lamdeal Investments Ltd (LIL) à Huafa Urban Operation (HK) Ltd, um conhecido operador imobiliário. A LIL detinha 60 por cento da Zhuhai International Circuit Limited (ZICL), operadora do circuito.

Erguido em 1996 com o intuito de receber o primeiro Grande Prémio da China de Fórmula 1 — algo que nunca se concretizou — o ZIC foi, ainda assim, o motor inicial do automobilismo do país e uma referência no automobilismo asiático. Desde a sua abertura, acolheu várias provas internacionais, como o FIA GT, A1 GP ou o Intercontinental Le Mans Series. Nos últimos anos, a administração da pista optou por organizar os seus próprios eventos, abdicando das mais custosas provas internacionais.

Apesar de ter recebido, no passado, competições automobilísticas da RAEM, o ZIC tem vindo a perder protagonismo no desporto motorizado local, devido aos preços elevados, à disponibilidade limitada e à redução da actividade desportiva em prol das mais lucrativas actividades comerciais. O futuro do circuito permanece incerto: sabe-se apenas que os contratos de arrendamento entre as equipas residentes e o circuito foram congelados e não estão a ser renovados. A homologação da pista também estará prestes a expirar, sendo necessária uma nova certificação para que continue a receber competições no futuro.

No entanto, no fim de semana de 14 e 15 de Junho, o ainda único circuito de Zhuhai irá acolher a terceira prova da temporada do Campeonato da China de Fórmula 4.

EUA | China critica “acção discriminatória” contra estudantes chineses

A China acusou ontem os Estados Unidos de adoptarem uma “acção discriminatória e politicamente motivada”, após terem anulado os vistos de estudantes chineses, o que, segundo Pequim, constitui uma violação dos seus direitos e um ataque aos intercâmbios académicos.

“O lado americano, sob o pretexto da ideologia e da segurança nacional, cancelou injustificadamente os vistos dos estudantes chineses”, declarou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning, numa conferência de imprensa.

Pequim apresentou um protesto formal a Washington e expressou a sua “firme oposição” a uma medida que “prejudica seriamente os direitos e interesses legítimos” dos seus cidadãos e “impede os intercâmbios educativos e culturais normais”, segundo a porta-voz.

“A medida expõe a falsidade da chamada liberdade e abertura que os EUA afirmam defender e só irá prejudicar ainda mais a sua imagem e credibilidade internacional”, disse Mao.

O Secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, anunciou esta semana a revogação de vistos para estudantes chineses, especialmente aqueles com alegadas ligações ao Partido Comunista ou matriculados em “áreas-chave”, sem entrar em pormenores. Na quarta-feira, Trump considerou excessivo que o número de estudantes estrangeiros em Harvard ultrapasse um quarto do total e considerou adequado limitar esta quota a 15 por cento.

Harvard, uma das universidades mais prestigiadas do mundo, acolhe actualmente 10.158 estudantes internacionais de 150 países, incluindo 2.126 da China, segundo dados relativos ao ano lectivo 2024/2025 publicados no portal do gabinete internacional da organização.

Restrições à exportação de terras raras podem paralisar fábricas europeias

A Câmara de Comércio da União Europeia na China alertou ontem que as restrições impostas por Pequim às exportações de minerais de terras raras podem levar à paralisação da produção dos fabricantes europeus em poucos dias.

No início de Abril, a China impôs restrições à exportação de sete elementos de terras raras utilizados numa vasta gama de produtos industriais, incluindo veículos eléctricos e armamento, pouco depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado tarifas contra os produtos chineses.

“Temos um problema que está a ocorrer na Europa”, disse Jens Eskelund, presidente da câmara, aos jornalistas, em Pequim, apontando que algumas empresas estão prestes a ficar sem materiais para sustentar a sua produção. “Esta é uma questão que precisa de ser resolvida muito, muito em breve”, acrescentou. O facto de não se encontrar uma solução conduzirá a um “custo muito significativo [para] os fabricantes europeus”, afirmou.

Pequim suspendeu algumas medidas não tarifárias desde que os EUA e a China concordaram, no início deste mês, em suspender a maioria das taxas adicionais impostas sobre os produtos um do outro. No entanto, os requisitos de licenciamento para a exportação de terras raras continuam em vigor. Eskelund afirmou que parece haver um “atraso significativo” no processamento dos pedidos.

Paris na agenda

O alarme surge numa altura em que os principais responsáveis pelo comércio da China e da Europa se preparam para reunir em Paris. Os dirigentes europeus deverão também deslocar-se a Pequim para uma cimeira em Julho.

O secretário-geral da câmara, Adam Dunnett, afirmou que a questão do controlo das exportações foi levantada durante uma mesa redonda, na terça-feira, entre empresas de semicondutores da União Europeia e da China.

Os funcionários do Ministério do Comércio da China que participaram na reunião explicaram que estão a trabalhar arduamente para dar resposta à crescente procura por licenças, segundo Dunnett. A China afirmou que “tem como objectivo proporcionar um ambiente político justo, estável, transparente e previsível para as empresas”, de acordo com uma declaração do Ministério do Comércio após a reunião de terça-feira.

Turismo | Excursões da Coreia aumentam 24%

Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) relativos ao número de turistas e excursões nos primeiros quatro meses deste ano mostram como Macau recebeu 38 mil excursionistas da Coreia do Sul, um aumento anual de 24,6 por cento face aos primeiros quatro meses de 2024.

Em termos gerais, Macau recebeu 757 mil excursionistas em quatro meses, mais 10,2 por cento em termos anuais, com os turistas do Interior da China a dominar: 662.000 eram de visitantes, um aumento de 8,9 por cento. Por sua vez, 76 mil eram excursionistas internacionais, um aumento de 9,3 por cento.

Nos quatro primeiros meses deste ano, a taxa de ocupação média dos quartos de hóspedes dos estabelecimentos hoteleiros foi de 89,6 por cento, mais 5,1 pontos percentuais, em termos anuais. Os estabelecimentos hoteleiros hospedaram 4.779.000 indivíduos, menos 3,2 por cento, face a idêntico período de 2024 e o período médio de permanência dos hóspedes manteve-se em 1,7 noites.

DSAT | Carreira para Praia de Hac Sá aos fins-de-semana

A Direcção dos Serviço para os Assuntos de Tráfego (DSAT) anunciou ontem o ajuste de carreiras de autocarro para disponibilizar mais frequências com destino à Praia de Hac Sá. A partir de domingo, e até 31 de Agosto, a carreira nocturna N3 terá o seu percurso estendido até à Praia de Hac Sá e, entre 14 de Junho e 24 de Agosto, aos sábados e domingos, entrará em funcionamento a carreira sazonal 26AT.

Apesar de a DSAT não ter especificado o trajecto da carreira, em anos anteriores o autocarro 26AT ligava a Bacia Norte do Patane à Praia de Hac Sá. Por outro lado, considerando que a Universidade de Macau (UM) estará em período de férias de Verão desde o início de Junho até ao início de Agosto, prevê-se uma redução no fluxo de passageiros com destino à UM.

Como tal, e tendo em conta o uso racional dos recursos públicos, as carreiras 71 e 72 vão passar a ter intervalos ajustados para 15 a 20 minutos entre 9 de Junho e 3 de Agosto. Durante o mesmo período, a carreira 701XS será temporariamente suspensa.