Covid-19 | Deputados reconhecem esforços do Governo e população João Santos Filipe - 17 Mar 2020 O Covid-19 foi o grande assunto da primeira sessão da Assembleia Legislativa, após a pausa imposta pelas medidas de controlo da pandemia. Os deputados apelaram ao Executivo que aposte na diversificação da economia e em medidas de protecção do emprego [dropcap]A[/dropcap] Assembleia Legislativa aprovou ontem por unanimidade um voto de saudação aos esforços do Governo e da população, no âmbito da resposta à pandemia do Covid-19. O voto foi proposto pelos deputados Ho Ion Sang, dos Moradores, Wong Kit Cheng, da Associação das Mulheres, e Leong Sun Iok, do Operários, naquela que foi a primeira reunião após o Ano Novo Chinês, altura em que se entrou na fase de prevenção e combate à pandemia. “A situação epidémica foi eficazmente controlada […] Mas, o surto registado desde o ano passado ameaçou gravemente a saúde pública. Nesta resposta, o Governo desenvolveu um grande trabalho, com o apoio de todos os sectores e da população. Também o pessoal da linha da frente manteve-se firme no seu trabalho, sem qualquer recuo”, recordou Leong Sun Iok. “Propomos um voto de saudação para expressar o nosso agradecimento a todos os que combateram a epidemia[…] e que agora vão fazer todos os esforços para recuperar a sociedade. Desejo a todos boa saúde”, acrescentou. A iniciativa foi aprovada com o apoio dos 31 deputados votantes. Apenas Angela Leong, que na altura da votação não estava no hemiciclo, e o presidente Kou Hoi In, que não votou, não deram aval à proposta. O deputado Pereira Coutinho, que também preside à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau, foi mais longe e pediu apoios para os funcionários públicos. “Que haja apoio a estes funcionários, que trabalham com todo o empenho e dedicação. Alerto, aqui, o Governo para que não esqueça estes trabalhadores e tenha em conta os seus interesses”, afirmou. Song Pek Kei propôs medalhas entregues pelo Chefe do Executivo para os trabalhadores da linha da frente e sugeriu a atribuição de um subsídio único para os profissionais de saúde. Desemprego Na tarde de ontem, o Covid-19 dominou as intervenções dos deputados antes da ordem do dia. Apesar de durante a madrugada ter sido anunciado um novo caso importado de Portugal, facto que não foi ignorado, a agenda focou a necessidade de lançar medidas para relançar a economia. No que diz respeito à protecção dos trabalhadores, Ella Lei, ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), traçou um cenário negro das indústrias que dependem do turismo. “Algumas empresas, nomeadamente dos sectores do turismo, da hotelaria e do comércio, já exigiram aos seus trabalhadores o gozo de licenças sem vencimento, suspenderam o trabalho, reduziram salários ou pagaram apenas a remuneração de base. Portanto, os seus rendimentos sofreram reduções”, atirou Ella Lei. “Mais, muitos trabalhadores por conta própria estão sem emprego, e se param de trabalhar deixam de comer”, revelou. Também a deputada Wong Kit Cheng e Zheng Anting, ligado à comunidade de Jiangmen, alertaram que o desemprego é uma consequência da pandemia. Zheng justificou que as Pequenas e Médias Empresas, sem receitas, vão ter de despedir para sobreviver. “Com a queda do número de turistas decorrente da epidemia, algumas PME estão a atravessar um período difícil, e o despedimento e o desemprego são inevitáveis. Espero que o Governo preste atenção ao desemprego e que as empresas sejam solidárias para com os trabalhadores”, alertou. Diversificação A diversificação da economia, que depende principalmente do jogo, foi outro dos pedidos dos deputados. O empresário Wang Sai Man apontou que o forte impacto do Covid-19, sentido na queda do número de visitantes vindos do Interior, deixou a ferida aberta. “Proponho ao Governo que estude o apoio às indústrias com potencialidades de desenvolvimento e forte capacidade de resistência a adversidades, como as de fabrico de produtos alimentares e medicamentos”, sugeriu. Neste caminho, a Ilha da Montanha é vista como estratégica: “O desenvolvimento das indústrias já não pode ficar limitado aos actuais 33 km2 de terrenos. O Governo deve estudar como é que a Ilha de Hengqin pode ser uma plataforma para a diversificação adequada da economia”, indicou. Por sua vez Ip Sio Kai, representante do sector financeiro e Vice-Director-Geral da sucursal de Macau do Banco da China, defendeu maiores incentivos à indústria financeira. Segundo o legislador, este sector já é responsável por um terço do Produto Interno Bruto de Macau e deve continuar a ser a aposta. Por fazer Apesar do tom das intervenções ser de elogio aos trabalhadores, à população e ao Governo, José Pereira Coutinho não deixou de fazer um reparo à governação dos últimos 10 anos. Em causa esteve o facto de o Hospital das Ilhas e do Centro de Doenças Infectocontagiosas não estarem concluídos, apesar de serem projectos que se arrastam há anos. “O Codvid-19 expôs, uma vez mais, as graves falhas no âmbito da prevenção e protecção da saúde pública. A começar nos estranhos atrasos na construção do Edifício de Doenças Infecciosas e o Complexo Hospital das Ilhas, este último previsto para ser inaugurado em 2015”, atirou o legislador. O deputado frisou ainda que apesar dos atrasos “ninguém vai ter de assumir as devidas responsabilidades”. Por outro lado, Pereira Coutinho propôs um maior número de apoios financeiros e apontou que apesar de vários sectores terem entregue petições na sede do Governo, até ontem não tinha havido resposta às mesmas.
Covid-19 | Deputados reconhecem esforços do Governo e população João Santos Filipe - 17 Mar 2020 O Covid-19 foi o grande assunto da primeira sessão da Assembleia Legislativa, após a pausa imposta pelas medidas de controlo da pandemia. Os deputados apelaram ao Executivo que aposte na diversificação da economia e em medidas de protecção do emprego [dropcap]A[/dropcap] Assembleia Legislativa aprovou ontem por unanimidade um voto de saudação aos esforços do Governo e da população, no âmbito da resposta à pandemia do Covid-19. O voto foi proposto pelos deputados Ho Ion Sang, dos Moradores, Wong Kit Cheng, da Associação das Mulheres, e Leong Sun Iok, do Operários, naquela que foi a primeira reunião após o Ano Novo Chinês, altura em que se entrou na fase de prevenção e combate à pandemia. “A situação epidémica foi eficazmente controlada […] Mas, o surto registado desde o ano passado ameaçou gravemente a saúde pública. Nesta resposta, o Governo desenvolveu um grande trabalho, com o apoio de todos os sectores e da população. Também o pessoal da linha da frente manteve-se firme no seu trabalho, sem qualquer recuo”, recordou Leong Sun Iok. “Propomos um voto de saudação para expressar o nosso agradecimento a todos os que combateram a epidemia[…] e que agora vão fazer todos os esforços para recuperar a sociedade. Desejo a todos boa saúde”, acrescentou. A iniciativa foi aprovada com o apoio dos 31 deputados votantes. Apenas Angela Leong, que na altura da votação não estava no hemiciclo, e o presidente Kou Hoi In, que não votou, não deram aval à proposta. O deputado Pereira Coutinho, que também preside à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau, foi mais longe e pediu apoios para os funcionários públicos. “Que haja apoio a estes funcionários, que trabalham com todo o empenho e dedicação. Alerto, aqui, o Governo para que não esqueça estes trabalhadores e tenha em conta os seus interesses”, afirmou. Song Pek Kei propôs medalhas entregues pelo Chefe do Executivo para os trabalhadores da linha da frente e sugeriu a atribuição de um subsídio único para os profissionais de saúde. Desemprego Na tarde de ontem, o Covid-19 dominou as intervenções dos deputados antes da ordem do dia. Apesar de durante a madrugada ter sido anunciado um novo caso importado de Portugal, facto que não foi ignorado, a agenda focou a necessidade de lançar medidas para relançar a economia. No que diz respeito à protecção dos trabalhadores, Ella Lei, ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), traçou um cenário negro das indústrias que dependem do turismo. “Algumas empresas, nomeadamente dos sectores do turismo, da hotelaria e do comércio, já exigiram aos seus trabalhadores o gozo de licenças sem vencimento, suspenderam o trabalho, reduziram salários ou pagaram apenas a remuneração de base. Portanto, os seus rendimentos sofreram reduções”, atirou Ella Lei. “Mais, muitos trabalhadores por conta própria estão sem emprego, e se param de trabalhar deixam de comer”, revelou. Também a deputada Wong Kit Cheng e Zheng Anting, ligado à comunidade de Jiangmen, alertaram que o desemprego é uma consequência da pandemia. Zheng justificou que as Pequenas e Médias Empresas, sem receitas, vão ter de despedir para sobreviver. “Com a queda do número de turistas decorrente da epidemia, algumas PME estão a atravessar um período difícil, e o despedimento e o desemprego são inevitáveis. Espero que o Governo preste atenção ao desemprego e que as empresas sejam solidárias para com os trabalhadores”, alertou. Diversificação A diversificação da economia, que depende principalmente do jogo, foi outro dos pedidos dos deputados. O empresário Wang Sai Man apontou que o forte impacto do Covid-19, sentido na queda do número de visitantes vindos do Interior, deixou a ferida aberta. “Proponho ao Governo que estude o apoio às indústrias com potencialidades de desenvolvimento e forte capacidade de resistência a adversidades, como as de fabrico de produtos alimentares e medicamentos”, sugeriu. Neste caminho, a Ilha da Montanha é vista como estratégica: “O desenvolvimento das indústrias já não pode ficar limitado aos actuais 33 km2 de terrenos. O Governo deve estudar como é que a Ilha de Hengqin pode ser uma plataforma para a diversificação adequada da economia”, indicou. Por sua vez Ip Sio Kai, representante do sector financeiro e Vice-Director-Geral da sucursal de Macau do Banco da China, defendeu maiores incentivos à indústria financeira. Segundo o legislador, este sector já é responsável por um terço do Produto Interno Bruto de Macau e deve continuar a ser a aposta. Por fazer Apesar do tom das intervenções ser de elogio aos trabalhadores, à população e ao Governo, José Pereira Coutinho não deixou de fazer um reparo à governação dos últimos 10 anos. Em causa esteve o facto de o Hospital das Ilhas e do Centro de Doenças Infectocontagiosas não estarem concluídos, apesar de serem projectos que se arrastam há anos. “O Codvid-19 expôs, uma vez mais, as graves falhas no âmbito da prevenção e protecção da saúde pública. A começar nos estranhos atrasos na construção do Edifício de Doenças Infecciosas e o Complexo Hospital das Ilhas, este último previsto para ser inaugurado em 2015”, atirou o legislador. O deputado frisou ainda que apesar dos atrasos “ninguém vai ter de assumir as devidas responsabilidades”. Por outro lado, Pereira Coutinho propôs um maior número de apoios financeiros e apontou que apesar de vários sectores terem entregue petições na sede do Governo, até ontem não tinha havido resposta às mesmas.
Covid-19 | Deputados reconhecem esforços do Governo e população João Santos Filipe - 17 Mar 2020 O Covid-19 foi o grande assunto da primeira sessão da Assembleia Legislativa, após a pausa imposta pelas medidas de controlo da pandemia. Os deputados apelaram ao Executivo que aposte na diversificação da economia e em medidas de protecção do emprego [dropcap]A[/dropcap] Assembleia Legislativa aprovou ontem por unanimidade um voto de saudação aos esforços do Governo e da população, no âmbito da resposta à pandemia do Covid-19. O voto foi proposto pelos deputados Ho Ion Sang, dos Moradores, Wong Kit Cheng, da Associação das Mulheres, e Leong Sun Iok, do Operários, naquela que foi a primeira reunião após o Ano Novo Chinês, altura em que se entrou na fase de prevenção e combate à pandemia. “A situação epidémica foi eficazmente controlada […] Mas, o surto registado desde o ano passado ameaçou gravemente a saúde pública. Nesta resposta, o Governo desenvolveu um grande trabalho, com o apoio de todos os sectores e da população. Também o pessoal da linha da frente manteve-se firme no seu trabalho, sem qualquer recuo”, recordou Leong Sun Iok. “Propomos um voto de saudação para expressar o nosso agradecimento a todos os que combateram a epidemia[…] e que agora vão fazer todos os esforços para recuperar a sociedade. Desejo a todos boa saúde”, acrescentou. A iniciativa foi aprovada com o apoio dos 31 deputados votantes. Apenas Angela Leong, que na altura da votação não estava no hemiciclo, e o presidente Kou Hoi In, que não votou, não deram aval à proposta. O deputado Pereira Coutinho, que também preside à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau, foi mais longe e pediu apoios para os funcionários públicos. “Que haja apoio a estes funcionários, que trabalham com todo o empenho e dedicação. Alerto, aqui, o Governo para que não esqueça estes trabalhadores e tenha em conta os seus interesses”, afirmou. Song Pek Kei propôs medalhas entregues pelo Chefe do Executivo para os trabalhadores da linha da frente e sugeriu a atribuição de um subsídio único para os profissionais de saúde. Desemprego Na tarde de ontem, o Covid-19 dominou as intervenções dos deputados antes da ordem do dia. Apesar de durante a madrugada ter sido anunciado um novo caso importado de Portugal, facto que não foi ignorado, a agenda focou a necessidade de lançar medidas para relançar a economia. No que diz respeito à protecção dos trabalhadores, Ella Lei, ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), traçou um cenário negro das indústrias que dependem do turismo. “Algumas empresas, nomeadamente dos sectores do turismo, da hotelaria e do comércio, já exigiram aos seus trabalhadores o gozo de licenças sem vencimento, suspenderam o trabalho, reduziram salários ou pagaram apenas a remuneração de base. Portanto, os seus rendimentos sofreram reduções”, atirou Ella Lei. “Mais, muitos trabalhadores por conta própria estão sem emprego, e se param de trabalhar deixam de comer”, revelou. Também a deputada Wong Kit Cheng e Zheng Anting, ligado à comunidade de Jiangmen, alertaram que o desemprego é uma consequência da pandemia. Zheng justificou que as Pequenas e Médias Empresas, sem receitas, vão ter de despedir para sobreviver. “Com a queda do número de turistas decorrente da epidemia, algumas PME estão a atravessar um período difícil, e o despedimento e o desemprego são inevitáveis. Espero que o Governo preste atenção ao desemprego e que as empresas sejam solidárias para com os trabalhadores”, alertou. Diversificação A diversificação da economia, que depende principalmente do jogo, foi outro dos pedidos dos deputados. O empresário Wang Sai Man apontou que o forte impacto do Covid-19, sentido na queda do número de visitantes vindos do Interior, deixou a ferida aberta. “Proponho ao Governo que estude o apoio às indústrias com potencialidades de desenvolvimento e forte capacidade de resistência a adversidades, como as de fabrico de produtos alimentares e medicamentos”, sugeriu. Neste caminho, a Ilha da Montanha é vista como estratégica: “O desenvolvimento das indústrias já não pode ficar limitado aos actuais 33 km2 de terrenos. O Governo deve estudar como é que a Ilha de Hengqin pode ser uma plataforma para a diversificação adequada da economia”, indicou. Por sua vez Ip Sio Kai, representante do sector financeiro e Vice-Director-Geral da sucursal de Macau do Banco da China, defendeu maiores incentivos à indústria financeira. Segundo o legislador, este sector já é responsável por um terço do Produto Interno Bruto de Macau e deve continuar a ser a aposta. Por fazer Apesar do tom das intervenções ser de elogio aos trabalhadores, à população e ao Governo, José Pereira Coutinho não deixou de fazer um reparo à governação dos últimos 10 anos. Em causa esteve o facto de o Hospital das Ilhas e do Centro de Doenças Infectocontagiosas não estarem concluídos, apesar de serem projectos que se arrastam há anos. “O Codvid-19 expôs, uma vez mais, as graves falhas no âmbito da prevenção e protecção da saúde pública. A começar nos estranhos atrasos na construção do Edifício de Doenças Infecciosas e o Complexo Hospital das Ilhas, este último previsto para ser inaugurado em 2015”, atirou o legislador. O deputado frisou ainda que apesar dos atrasos “ninguém vai ter de assumir as devidas responsabilidades”. Por outro lado, Pereira Coutinho propôs um maior número de apoios financeiros e apontou que apesar de vários sectores terem entregue petições na sede do Governo, até ontem não tinha havido resposta às mesmas.
Altamiro da Costa Pereira, director da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto: “Negação em nada ajuda” Andreia Sofia Silva - 17 Mar 2020 Horas antes do Conselho Nacional de Saúde reunir, em Portugal, e dias antes das escolas encerrarem por todo o país devido à pandemia da Covid-19, o director da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto escreveu uma carta a destacar o bom exemplo de Macau. Em entrevista, diz que o território “tomou medidas que se vieram a verificar correctas” e que o sistema de saúde público português não está preparado para este surto [dropcap]A[/dropcap] Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto do novo coronavírus uma pandemia. É uma declaração que peca por tardia? Acho que sim. Na verdade, há muito que existiam critérios técnicos para essa declaração, mas talvez a OMS tenha preferido adiar esta designação por critérios de natureza política, de modo a minorar o impacto público dessa declaração. Na carta que enviou ao Conselho Nacional de Saúde, destacou o facto de, à altura, Macau já não ter doentes ou novas infecções com a Covid-19. É um exemplo que as autoridades portuguesas deveriam ter seguido desde o início? Cada território tem as suas particularidades. Sejam elas geográficas, culturais ou políticas. E é muito difícil fazer julgamentos quando não estamos na pele de quem tem o poder, a legitimidade e a obrigação de tomar este tipo de decisões. Mas os factos falam hoje por si. E sim, acho que Macau tomou todo um conjunto de decisões e de medidas que se vieram a revelar correctas. E, contra os factos já conhecidos em Macau não há argumentos. O Governo português não viu os sinais de alerta a tempo, quando teve meses para se preparar desde os primeiros casos, em Dezembro? Repito o que já disse. É muito difícil fazer julgamentos quando não estamos na pele de quem tem a legitimidade e a obrigação de tomar este tipo de decisões. Na verdade, desconheço as razões porque o não fizeram, mas tenho também a certeza de que haverá muitas variáveis que, por não estar nessa pele, desconheço. Mas sim, neste momento acho que estaremos todos de acordo que se deveria ter feito mais. E que ainda falta fazer mais! Não só em Portugal, mas em muitos outros países. O que mais o preocupa na capacidade de resposta do sistema de saúde em Portugal? A eventual falta de sensibilização ou de reconhecimento, tanto por parte dos responsáveis da saúde como da população em geral, relativamente ao grave risco que a pandemia de Covid-19 representa para as pessoas e a sustentabilidade do sistema nacional de saúde. Na verdade, nem o nosso Serviço Nacional de Saúde nem qualquer outro sistema está preparado para uma sobrecarga destas. Mas o estado de negação em nada ajuda a nos preparar para o pior. Na carta que escreveu menciona “os graus de liberdade inerentes às democracias”. Considera que as medidas restritivas impostas pela China foram as mais adequadas e necessárias. Há aqui uma politização da questão? Não creio. Sou um fervoroso adepto da liberdade e da democracia. E não defendo por isso mesmo qualquer ditadura ou sequer democracias musculadas. Mas, em alguns casos, os “graus de liberdade inerentes às democracias” e até poderia acrescentar “ocidentais” podem não ajudar a uma tomada de decisão firme e atempada. Mas isso dependerá, sobretudo, do tal grau de reconhecimento do risco por parte de um dado governo. E, nalguns casos, dependerá ainda muito de quem num dado momento influencia as decisões desses governos ou autoridades de saúde. Como devemos olhar para este novo coronavírus em termos de metodologias terapêuticas e formas de abordar esta pandemia? Penso que ninguém terá dúvidas acerca do desconhecimento deste vírus. Mas, penso também que enquanto não existirem medicamentos mais específicos e inovadores, a utilização de métodos de tratamento convencionais, e já provados como eficazes, será uma medida adequada. A carta de alerta Em busca de “medidas mais restritivas” Foi no passado dia 11 de Março, quando Portugal ainda não tinha chegado a uma centena de casos de infecção pelo vírus SARS-CoV-2 e quando as escolas estavam a dias de fechar portas, que Altamiro da Costa Pereira disse de sua justiça numa carta enviada ao Conselho Nacional de Saúde. O especialista em Epidemiologia e Saúde Pública alertou para a necessidade se tomarem, “com urgência, medidas mais restritivas que possam ainda vir a conter esta grave pandemia” em Portugal. O director da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto frisou o caso bem-sucedido de Macau no combate ao novo coronavírus. “Na China, uma vez reconhecida a magnitude do problema, rapidamente foram colocadas em prática medidas de quarentena cuja efectividade é hoje por demais notória. De facto, Wuhan começa a voltar à normalidade, Macau já não tem novos casos há mais de um mês, e em território chinês teme-se agora os casos importados! Já a Itália demorou mais tempo a tomar medidas mais restritivas, agindo maioritariamente de forma reactiva à medida que o número de novos casos disparava (e com os graus de liberdade inerentes às democracias)”, aponta. De frisar que Macau teve, entretanto, um caso importado, precisamente, da cidade do Porto, depois de ter estado 40 dias sem novas infecções. Uma questão de “timing” Na mesma carta, Altamiro da Costa Pereira defende que “o ‘timing’ para adopção das inevitáveis medidas mais restritivas em Portugal poderá ter importantes consequências. Na verdade, é possível fazê-lo agora e prevenir ao máximo o número de novos casos de infecção, ou é possível manter a atitude que tem sido adoptada de apenas actuar quando surgem novos casos”. “Por mais problemas sociais ou prejuízos económicos que venham a existir, no imediato – face às eventuais medidas de contenção que urge serem tomadas –, estes serão certamente bem menores do que aqueles que poderão advir dentro de duas a quatro semanas quando enfrentarmos o pico da epidemia, já com um SNS exaurido e uma população desamparada e desiludida”. Neste seu contributo no âmbito da pandemia de Covid-19, em Portugal, Altamiro da Costa Pereira afirma que a sua “principal preocupação tem que ver com a limitada capacidade de resposta do SNS para enfrentar uma sobrecarga de procura”. “Se as dificuldades do SNS já eram evidentes antes da pandemia por Covid-19 (algo que se verifica, por exemplo, na dificuldade de manter urgências abertas e funcionais de alguns serviços hospitalares) e se a Linha de Saúde SNS24 já não consegue dar resposta a todas as chamadas neste preciso momento, é de esperar o pior – ou seja, uma situação mais próxima do colapso – com o passar do tempo e subsequente aumento exponencial do número de casos de infecção Covid-19”, sustentou. Actuar de forma rápida Considerando que a voz do Conselho Nacional de Saúde Pública será muito importante para o aconselhamento das autoridades de saúde e do Governo português, Altamiro da Costa Pereira defende que “actuar rapidamente de forma preventiva e efectiva parece-me ser uma absoluta necessidade nesta fase de evolução da epidemia”. “De facto, embora o enfrentamento de uma epidemia destas proporções e num mundo de tal forma globalizado seja algo inédito para todos nós, o facto de os primeiros casos de infecção Covid-19 em Portugal terem sido diagnosticados mais tardiamente que na maioria dos restantes países europeus abre-nos uma janela de oportunidade para implementarmos medidas efectivas de forma preventiva”, considerou o director da Faculdade de Medicina do Porto. Em seu entender, “é ilusório pensar que os próximos dias/semanas não trarão consigo muitos mais novos casos de infecção Covid-19. Nesse sentido, vale a pena olhar para os dois países com um maior número de casos confirmados de infecção e para o modo como foram capazes de responder à mesma”. No final, sublinha o especialista, Itália acabou por ter de decretar quarentena, mas quando o fez já mais de 9000 pessoas tinham sido infectadas e mais de 400 tinham morrido. Acresce que nos hospitais italianos, já há relatos da necessidade de fazer opções relativamente a quem tratar, e o descontrolo italiano foi parte da causa da rápida disseminação da infecção a outros países europeus. “A Itália mostra-nos que este último caminho pode revelar-se demasiadamente perigoso, tanto em termos humanos como em termos socioeconómicos”, frisa.
Covid-19 | Governo britânico pede isolamento social e prevê grande aumento de casos Hoje Macau - 17 Mar 2020 [dropcap]O[/dropcap] governo britânico apelou a todos os britânicos para que cessem todo o tipo de contacto social não essencial, prevendo um aumento muito grande de casos com o novo coronavírus nos próximos dias, em especial em Londres. “Agora é a altura de todos pararem o contacto não essencial com outras pessoas e pararem todas as viagens desnecessárias. Precisamos que as pessoas comecem a trabalhar em casa, sempre que possível, e devem evitar bares, discotecas, teatros e outros locais sociais”, apelou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson. Consciente de que este é um apelo difícil e que vai perturbar as vidas das pessoas, vincou considerar ser “o momento certo” e “mais eficaz” para diminuir a propagação da doença, reduzindo o número de vítimas e mortes, sobretudo em pessoas idosas ou com problemas de saúde. “A razão para fazer isto agora, e não mais cedo ou mais tarde, é que esta medida será muito perturbadora para as pessoas que têm esses problemas. Mas acredito que agora é necessário. Queremos garantir que este período de proteção máxima coincide com o pico da doença”, acrescentou. As autoridades britânicas estimam que vai registar-se um grande aumento de casos e que vai verificar-se mais rápido em algumas partes do país, com Londres “algumas semanas à frente”, pelo que esta limitação à circulação é mais urgente na capital britânica, acrescentou o primeiro-ministro. O Reino Unido registou até agora 1.543 casos positivos e 36 mortes entre 44.105 pessoas testadas ao novo coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19. As críticas ao governo britânico têm vindo a crescer de tom desde sexta-feira devido à abordagem menos severa para conter a pandemia de Covid-19 no Reino Unido, levando muitos especialistas a criticar a ideia de “imunidade em grupo”, alertando para a incerteza sobre se a imunidade pós-vírus é real e permanece a longo prazo. O ministro da Saúde, Matt Hancock, deu várias entrevistas no domingo tentando desmistificar a ideia de que o governo não está a impor medidas de distanciamento social para deixar o novo coronavírus circular e imunizar a população. “Temos um plano, baseado na experiência de cientistas líderes mundiais. A imunidade em grupo não faz parte disso. Esse é um conceito científico, não um objetivo ou uma estratégia”, garantiu, num texto publicado no Sunday Telegraph.
Covid-19 | Governo britânico pede isolamento social e prevê grande aumento de casos Hoje Macau - 17 Mar 2020 [dropcap]O[/dropcap] governo britânico apelou a todos os britânicos para que cessem todo o tipo de contacto social não essencial, prevendo um aumento muito grande de casos com o novo coronavírus nos próximos dias, em especial em Londres. “Agora é a altura de todos pararem o contacto não essencial com outras pessoas e pararem todas as viagens desnecessárias. Precisamos que as pessoas comecem a trabalhar em casa, sempre que possível, e devem evitar bares, discotecas, teatros e outros locais sociais”, apelou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson. Consciente de que este é um apelo difícil e que vai perturbar as vidas das pessoas, vincou considerar ser “o momento certo” e “mais eficaz” para diminuir a propagação da doença, reduzindo o número de vítimas e mortes, sobretudo em pessoas idosas ou com problemas de saúde. “A razão para fazer isto agora, e não mais cedo ou mais tarde, é que esta medida será muito perturbadora para as pessoas que têm esses problemas. Mas acredito que agora é necessário. Queremos garantir que este período de proteção máxima coincide com o pico da doença”, acrescentou. As autoridades britânicas estimam que vai registar-se um grande aumento de casos e que vai verificar-se mais rápido em algumas partes do país, com Londres “algumas semanas à frente”, pelo que esta limitação à circulação é mais urgente na capital britânica, acrescentou o primeiro-ministro. O Reino Unido registou até agora 1.543 casos positivos e 36 mortes entre 44.105 pessoas testadas ao novo coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19. As críticas ao governo britânico têm vindo a crescer de tom desde sexta-feira devido à abordagem menos severa para conter a pandemia de Covid-19 no Reino Unido, levando muitos especialistas a criticar a ideia de “imunidade em grupo”, alertando para a incerteza sobre se a imunidade pós-vírus é real e permanece a longo prazo. O ministro da Saúde, Matt Hancock, deu várias entrevistas no domingo tentando desmistificar a ideia de que o governo não está a impor medidas de distanciamento social para deixar o novo coronavírus circular e imunizar a população. “Temos um plano, baseado na experiência de cientistas líderes mundiais. A imunidade em grupo não faz parte disso. Esse é um conceito científico, não um objetivo ou uma estratégia”, garantiu, num texto publicado no Sunday Telegraph.
MNE português apela a que portugueses evitem viagens não essenciais ao estrangeiro Hoje Macau - 17 Mar 2020 [dropcap]O[/dropcap] ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, apelou aos portugueses para que evitem viagens não essenciais ao estrangeiro, pedindo também a quem já está fora de Portugal para que tente antecipar o regresso. “Os portugueses que estavam a preparar-se para realizar viagens não essenciais a um país estrangeiro, devem abster-se de fazê-lo. Neste momento, tudo o que seja viagem não essencial deve ser evitado”, disse Augusto Santos Silva, em declarações à agência Lusa, esta segunda-feira. “É o que estou a fazer como ministro dos Negócios Estrangeiros e isso aplica-se a todos. Se temos planeada uma viagem de turismo a um país, adiemo-la até passar o pico desta crise”, acrescentou. O chefe da diplomacia portuguesa justificou o alerta com o facto de estarem a “suceder-se as decisões de países terceiros que resultam em dificuldade para regressar”. Cancelamento de voos, ligações cortadas, imposições de controlos fronteiriços ou mesmo fecho de fronteiras são, segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), situações com que os portugueses se podem deparar e que podem dificultar ou mesmo impedir o regresso a Portugal. Por outro lado, Augusto Santos Silva apelou aos portugueses que já se encontram no estrangeiro para “anteciparem, sempre que possível, os planos de regresso”. O governante pediu ainda aos portugueses residentes no estrangeiro para que cumpram “rigorosamente” as recomendações e determinações das autoridades dos países onde vivem. “É muito importante que os portugueses residentes no estrangeiro cumpram as recomendações e as ordens das autoridades de saúde desses países”, disse. O ministro disse ainda que foi dada uma orientação geral à rede de embaixadas e consulados de Portugal para “concentrarem a atividade na resposta a esta crise do Covid-19”. “Essa é a prioridade essencial. Vários consulados estão a suspender as marcações para assuntos como documentos de identificação ou registo civil”, disse, apontando que todos os recursos estão concentrados na resposta à crise da covid-19. Lembrou, neste contexto, que o Governo já garantiu, através de decreto-lei, que a validade dos documentos indispensáveis, que esteja a terminar por estes dias, será alargada. Santos Silva disse ainda que os consulados respeitam as indicações dos países onde estão instalados, tendo alguns já proibido formalmente a abertura de serviços públicos. Por isso, acrescentou, há consulados que estão fechados, existindo outros que estão a funcionar em regime de trabalho à distância. “Estejam encerrados a atendimento público presencial ou estejam com a sua capacidade diminuída porque alguns funcionários estão em regime de confinamento, os consulados estão a trabalhar na resposta às necessidades mais prementes das nossas comunidades no estrangeiro”, assegurou. Nesse sentido, apelou para que as pessoas evitem ir presencialmente aos consulados e que utilizem, sempre que possível, o telefone ou o correio electrónico.
Covid-19 | Controlo das fronteiras terrestres entre Portugal e Espanha desde as 23h segunda-feira Hoje Macau - 17 Mar 2020 O controlo das fronteiras terrestres entre Portugal e Espanha passou a ser feito a partir das 23h desta segunda-feira, tendo sido também suspensas as ligações aéreas, ferroviárias e fluviais entre os dois países. Em conferência de imprensa em Lisboa, ontem, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, adiantou que estas medidas vão vigorar até 15 de Abril e inserem-se no combate à pandemia do Covid-19. “As fronteiras terrestres entre Portugal e Espanha serão a partir das 23:00 de hoje e 24:00 de Espanha expostas aos controlos” e apenas nove pontos de fronteira vão estar em funcionamento, disse o ministro. Eduardo Cabrita ressalvou que todas as deslocações que não sejam de mercadorias ou de trabalhos vão estar impedias a partir desta noite entre Portugal e Espanha. Portugal, que tem 331 pessoas infectadas até à data e um morto confirmado, está em estado de alerta desde sexta-feira e o Governo colocou os meios de protecção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão. Entre as medidas para conter a pandemia, o Governo suspendeu as actividades lectivas presenciais em todas as escolas a partir de hoje, e impôs restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.
Covid-19 | Controlo das fronteiras terrestres entre Portugal e Espanha desde as 23h segunda-feira Hoje Macau - 17 Mar 2020 O controlo das fronteiras terrestres entre Portugal e Espanha passou a ser feito a partir das 23h desta segunda-feira, tendo sido também suspensas as ligações aéreas, ferroviárias e fluviais entre os dois países. Em conferência de imprensa em Lisboa, ontem, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, adiantou que estas medidas vão vigorar até 15 de Abril e inserem-se no combate à pandemia do Covid-19. “As fronteiras terrestres entre Portugal e Espanha serão a partir das 23:00 de hoje e 24:00 de Espanha expostas aos controlos” e apenas nove pontos de fronteira vão estar em funcionamento, disse o ministro. Eduardo Cabrita ressalvou que todas as deslocações que não sejam de mercadorias ou de trabalhos vão estar impedias a partir desta noite entre Portugal e Espanha. Portugal, que tem 331 pessoas infectadas até à data e um morto confirmado, está em estado de alerta desde sexta-feira e o Governo colocou os meios de protecção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão. Entre as medidas para conter a pandemia, o Governo suspendeu as actividades lectivas presenciais em todas as escolas a partir de hoje, e impôs restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.
Covid-19 | Portugal regista primeira morte de pessoa infectada Hoje Macau - 17 Mar 202017 Mar 2020 [dropcap]P[/dropcap]ortugal registou esta segunda-feira a primeira morte de uma pessoa infectada com o novo coronavírus, anunciou a ministra da Saúde, Marta Temido. Trata-se de um homem de 80 anos, que tinha “várias patologias associadas” e estava internado há vários dias, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, disse a ministra, que transmitiu as condolências à família e amigos. Em Portugal, 331 pessoas foram infectadas até hoje com o vírus da pandemia Covid-19, segundo o boletim diário da Direcção-Geral da Saúde. “Ao mesmo tempo que apresentamos as nossas condolências à família e amigos do falecido, queremos também sublinhar e agradecer o empenho dos profissionais do Centro Hospitalar Lisboa Norte, e mais concretamente do Hospital Santa Maria, no tratamento, na prestação de cuidados e no apoio a este doente”, disse Marta Temido. A Ministra da Saúde agradeceu ainda a todos os profissionais de saúde pelo “enorme esforço que continuam a realizar todos os dias para garantir que o Serviço Nacional de Saúde continua a funcionar para os doentes com Covid-19, mas também os outros, que continuam a merecer cuidados de saúde adequados ao seu estado e à sua situação”. “Atendendo a esta circunstância”, Marta Temido pediu que a conferência de imprensa de hoje fosse mais “curta” e “focada”. “É um momento de pesar, de reflexão, e onde, mais do que nunca, precisamos de nos concentrar no muito que há para fazer. Temos de continuar a trabalhar”, disse. Disciplina como em Wuhan A Ministra da Saúde fala ainda “num momento de disciplina e de comportamentos cívicos”, dando como exemplo o caso dos cidadãos portugueses que regressaram de Wuhan, na China, e que aceitaram ficar em isolamento profilático, e dos “muitos e muitas que optaram por aderir às recomendações da Direcção Geral de Saúde”. A governante falou ainda dos riscos que todos corremos, entre eles o “risco da nossa sociedade se desestruturar”. “Estamos num momento que é como se fosse uma guerra, e numa guerra temos de ter disciplina”, acrescentou. “Não podemos interromper a nossa vida social, porque não podemos ficar sem pão, sem água, sem energia, sem recolhas de resíduos”, acrescentou, sublinhando “temos de manter comportamentos apropriados ao momento em que vivemos”. Confrontada, pela pergunta de um jornalista, com a nova indicação da Organização Mundial de Saúde de testar o mais possível as populações, a Ministra da Saúde garantiu que “estamos a adaptar as nossa práticas”. “Estamos a garantir que temos testes para poder testar sempre que há suspeitas (…) Nos testes no equipamento de proteção individual temos de ser criteriosos”, disse. Respondendo a outra pergunta, esta sobre quais os actos médicos a serem cancelados, Marta Temido respondeu que “todas as consultas externas que não sejam prioritárias, ou muito prioritárias, deverão ser remarcadas”. Também os meios de diagnóstico complementares que não sejam imprescindíveis e as cirurgias não prioritárias devem ser adiadas. 18 pessoas internadas Aos jornalistas, Graça Freitas, Directora Geral de Saúde, também presente na conferência de imprensa, confirmou que continuam internadas nos cuidados intensivos 18 pessoas. A responsável sublinhou ainda que a taxa de letalidade do vírus “é superior a 2% em todos o mundo”. “Teremos nos próximos dias, semanas e meses mais pessoas pessoas a falecerem. Faz parte da história da doença”, disse acrescentando que o “SNS tudo fará para reduzir ao mínimo o número de pessoas que tenham este desfecho ou que fique com sequelas da doença”. O primeiro-ministro, António Costa, manifestou “consternação e pesar” pela morte da primeira vítima de Covid-19 em Portugal, considerando que este “momento de respeito” deve servir para reforçar a consciência colectiva dos riscos. “Foi com consternação e pesar que recebi a notícia do falecimento da primeira vítima de Covid-19 em Portugal. Este, que é um momento de respeito, deve servir também para reforçarmos a consciência coletiva dos riscos que corremos. Façamos tudo o que depende de nós, enquanto comunidade, para contermos esta pandemia”, pode ler-se numa publicação na página oficial de António Costa no Twitter. Também Marcelo Rebelo de Sousa já lamentou a morte da primeira vítima em Portugal e apresentou, numa mensagem publicada no site da Presidência, os “sentidos pêsames” à família. “O Presidente da República apresenta os seus sentidos pêsames à família da primeira vítima mortal da pandemia do Covid-19 em Portugal, cujo falecimento acaba de ser confirmado pelas autoridades de Saúde”. Entretanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a pandemia de Covid-19 é “a maior crise sanitária global do nosso tempo” e apelou para que sejam realizados testes a todos os casos suspeitos. Em conferência de imprensa em Genebra, o director-geral da OMS indicou que há agora “mais casos e mortes no resto do mundo do que na China”. O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infectou cerca de 170 mil pessoas, das quais 6.500 morreram.
Covid-19 | Portugal regista primeira morte de pessoa infectada Hoje Macau - 17 Mar 2020 [dropcap]P[/dropcap]ortugal registou esta segunda-feira a primeira morte de uma pessoa infectada com o novo coronavírus, anunciou a ministra da Saúde, Marta Temido. Trata-se de um homem de 80 anos, que tinha “várias patologias associadas” e estava internado há vários dias, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, disse a ministra, que transmitiu as condolências à família e amigos. Em Portugal, 331 pessoas foram infectadas até hoje com o vírus da pandemia Covid-19, segundo o boletim diário da Direcção-Geral da Saúde. “Ao mesmo tempo que apresentamos as nossas condolências à família e amigos do falecido, queremos também sublinhar e agradecer o empenho dos profissionais do Centro Hospitalar Lisboa Norte, e mais concretamente do Hospital Santa Maria, no tratamento, na prestação de cuidados e no apoio a este doente”, disse Marta Temido. A Ministra da Saúde agradeceu ainda a todos os profissionais de saúde pelo “enorme esforço que continuam a realizar todos os dias para garantir que o Serviço Nacional de Saúde continua a funcionar para os doentes com Covid-19, mas também os outros, que continuam a merecer cuidados de saúde adequados ao seu estado e à sua situação”. “Atendendo a esta circunstância”, Marta Temido pediu que a conferência de imprensa de hoje fosse mais “curta” e “focada”. “É um momento de pesar, de reflexão, e onde, mais do que nunca, precisamos de nos concentrar no muito que há para fazer. Temos de continuar a trabalhar”, disse. Disciplina como em Wuhan A Ministra da Saúde fala ainda “num momento de disciplina e de comportamentos cívicos”, dando como exemplo o caso dos cidadãos portugueses que regressaram de Wuhan, na China, e que aceitaram ficar em isolamento profilático, e dos “muitos e muitas que optaram por aderir às recomendações da Direcção Geral de Saúde”. A governante falou ainda dos riscos que todos corremos, entre eles o “risco da nossa sociedade se desestruturar”. “Estamos num momento que é como se fosse uma guerra, e numa guerra temos de ter disciplina”, acrescentou. “Não podemos interromper a nossa vida social, porque não podemos ficar sem pão, sem água, sem energia, sem recolhas de resíduos”, acrescentou, sublinhando “temos de manter comportamentos apropriados ao momento em que vivemos”. Confrontada, pela pergunta de um jornalista, com a nova indicação da Organização Mundial de Saúde de testar o mais possível as populações, a Ministra da Saúde garantiu que “estamos a adaptar as nossa práticas”. “Estamos a garantir que temos testes para poder testar sempre que há suspeitas (…) Nos testes no equipamento de proteção individual temos de ser criteriosos”, disse. Respondendo a outra pergunta, esta sobre quais os actos médicos a serem cancelados, Marta Temido respondeu que “todas as consultas externas que não sejam prioritárias, ou muito prioritárias, deverão ser remarcadas”. Também os meios de diagnóstico complementares que não sejam imprescindíveis e as cirurgias não prioritárias devem ser adiadas. 18 pessoas internadas Aos jornalistas, Graça Freitas, Directora Geral de Saúde, também presente na conferência de imprensa, confirmou que continuam internadas nos cuidados intensivos 18 pessoas. A responsável sublinhou ainda que a taxa de letalidade do vírus “é superior a 2% em todos o mundo”. “Teremos nos próximos dias, semanas e meses mais pessoas pessoas a falecerem. Faz parte da história da doença”, disse acrescentando que o “SNS tudo fará para reduzir ao mínimo o número de pessoas que tenham este desfecho ou que fique com sequelas da doença”. O primeiro-ministro, António Costa, manifestou “consternação e pesar” pela morte da primeira vítima de Covid-19 em Portugal, considerando que este “momento de respeito” deve servir para reforçar a consciência colectiva dos riscos. “Foi com consternação e pesar que recebi a notícia do falecimento da primeira vítima de Covid-19 em Portugal. Este, que é um momento de respeito, deve servir também para reforçarmos a consciência coletiva dos riscos que corremos. Façamos tudo o que depende de nós, enquanto comunidade, para contermos esta pandemia”, pode ler-se numa publicação na página oficial de António Costa no Twitter. Também Marcelo Rebelo de Sousa já lamentou a morte da primeira vítima em Portugal e apresentou, numa mensagem publicada no site da Presidência, os “sentidos pêsames” à família. “O Presidente da República apresenta os seus sentidos pêsames à família da primeira vítima mortal da pandemia do Covid-19 em Portugal, cujo falecimento acaba de ser confirmado pelas autoridades de Saúde”. Entretanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a pandemia de Covid-19 é “a maior crise sanitária global do nosso tempo” e apelou para que sejam realizados testes a todos os casos suspeitos. Em conferência de imprensa em Genebra, o director-geral da OMS indicou que há agora “mais casos e mortes no resto do mundo do que na China”. O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infectou cerca de 170 mil pessoas, das quais 6.500 morreram.
Covid-19 | Espanha com quase 300 mortos e mais de 8.500 casos Hoje Macau - 16 Mar 2020 [dropcap]O[/dropcap] Governo espanhol actualizou hoje para 297 o número de mortos com o novo coronavírus (mais nove do que no domingo), e para 8.794 pessoas as pessoas infectadas pela doença (mais 1.041), havendo 3.215 hospitalizados. Estão em unidades de cuidados intensivos 410 pessoas e entre 60 a 70% destes casos mais graves estão em hospitais da Comunidade de Madrid. O director do Centro de Emergência e Alerta de Saúde espanhol, Fernando Simón, disse numa conferência de imprensa que mais de metade do total de casos positivos, 4.695, estão em Madrid. Simón sublinhou que 521 pacientes já superaram a doença e já tiveram alta. O novo coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19 foi detectado em Dezembro, na China, e já provocou mais de 6.400 mortos em todo o mundo. O número de infectados ronda as 164 mil pessoas, com casos registados em pelo menos 141 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 245 casos confirmados. Do total de infectados, mais de 75 mil recuperaram.
Covid-19 | Espanha com quase 300 mortos e mais de 8.500 casos Hoje Macau - 16 Mar 2020 [dropcap]O[/dropcap] Governo espanhol actualizou hoje para 297 o número de mortos com o novo coronavírus (mais nove do que no domingo), e para 8.794 pessoas as pessoas infectadas pela doença (mais 1.041), havendo 3.215 hospitalizados. Estão em unidades de cuidados intensivos 410 pessoas e entre 60 a 70% destes casos mais graves estão em hospitais da Comunidade de Madrid. O director do Centro de Emergência e Alerta de Saúde espanhol, Fernando Simón, disse numa conferência de imprensa que mais de metade do total de casos positivos, 4.695, estão em Madrid. Simón sublinhou que 521 pacientes já superaram a doença e já tiveram alta. O novo coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19 foi detectado em Dezembro, na China, e já provocou mais de 6.400 mortos em todo o mundo. O número de infectados ronda as 164 mil pessoas, com casos registados em pelo menos 141 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 245 casos confirmados. Do total de infectados, mais de 75 mil recuperaram.
Covid-19 | Número de infectados em Portugal aumenta para 331, diz DGS Hoje Macau - 16 Mar 2020 [dropcap]O[/dropcap] número de infectados pelo novo coronavírus subiu para 331, mais 86 do que os contabilizados no domingo, anunciou hoje a Direcção-Geral da Saúde (DGS). De acordo com o boletim sobre a situação epidemiológica em Portugal, divulgado hoje às 12:30, há 2.908 casos suspeitos, dos quais 374 aguardam resultado laboratorial. Segundo a DGS, há três casos recuperados. O novo coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19 foi detectado em Dezembro, na China, e já provocou mais de 6.400 mortos em todo o mundo. O número de infectados ronda as 164 mil pessoas, com casos registados em pelo menos 141 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 245 casos confirmados. Do total de infectados, mais de 75 mil recuperaram.
Covid-19 | Número de infectados em Portugal aumenta para 331, diz DGS Hoje Macau - 16 Mar 2020 [dropcap]O[/dropcap] número de infectados pelo novo coronavírus subiu para 331, mais 86 do que os contabilizados no domingo, anunciou hoje a Direcção-Geral da Saúde (DGS). De acordo com o boletim sobre a situação epidemiológica em Portugal, divulgado hoje às 12:30, há 2.908 casos suspeitos, dos quais 374 aguardam resultado laboratorial. Segundo a DGS, há três casos recuperados. O novo coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19 foi detectado em Dezembro, na China, e já provocou mais de 6.400 mortos em todo o mundo. O número de infectados ronda as 164 mil pessoas, com casos registados em pelo menos 141 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 245 casos confirmados. Do total de infectados, mais de 75 mil recuperaram.
Autor confesso do massacre de 19 deficientes condenado à morte no Japão Hoje Macau - 16 Mar 2020 [dropcap]O[/dropcap] autor confesso do maior massacre no Japão nos últimos 75 anos, o de 19 pessoas deficientes, foi condenado hoje à morte e durante o julgamento insistiu que a felicidade das suas vítimas foi a sua motivação para os crimes. O Tribunal Distrital de Yokohama condenou Satoshi Uematsu, de 30 anos, à pena de morte pelo assassínio de 19 moradores de um centro para deficientes em Sagamihara, a cerca de 50 quilómetros a oeste de Tóquio. Uematsu entrou na madrugada de 26 de julho de 2016 num centro dedicado a pessoas com problemas mentais e, depois de imobilizar a equipa de funcionários que estava no local, esfaqueou os residentes enquanto estes dormiam. O ataque durou cerca de 50 minutos, durante os quais matou 19 pessoas com idades entre 19 e 70 anos e feriu outras 24, de um total de 149 pessoas com deficiências que residiam nas instalações. O japonês também foi acusado de causar ferimentos a dois dos cinco funcionários do centro a quem amarrou antes do ataque. O autor do crime, que tinha trabalhado no centro três anos e meio e morava a apenas 500 metros, escolheu como vítimas alguns dos pacientes com maior grau de deficiência, segundo o seu próprio relato. Uematsu entregou-se numa esquadra perto da sua residência carregando três das facas usadas no ataque. Em declarações à polícia e no julgamento, insistiu que sua motivação era “salvar” as suas vítimas e torná-las “felizes”. Na decisão, o juiz do Tribunal Distrital de Yokohama, que presidiu o julgamento, Kiyoshi Aonuma, disse que, embora pudesse “entender o sentimento” que motivou o ataque, a decisão leva em consideração “a enorme crueldade” do crime e a sua “grave” consequência”, de acordo com trechos do texto difundidos pelo canal público de televisão NHK. “A sua maneira de pensar sobre várias pessoas com deficiência baseia-se na sua experiência de trabalho. Não podemos dizer que seja um pensamento patológico”, disse Aonuma, referindo-se à responsabilidade criminal do acusado, cujas capacidades mentais foram avaliadas pela sua defesa durante o processo. Uematsu não se arrependeu do assassínio depois de se render nem durante o julgamento e em audiências nos últimos meses, garantindo, antes que a decisão fosse conhecida, que ele não recorreria. Quando o juiz Aonuma estava a preparar-se para encerrar a sessão, o condenado pediu para dizer algumas palavras, mas não lhe foi permitido. O caso de Sagamihara é o maior massacre cometido no Japão desde o final da Segunda Guerra Mundial e chocou e indignou o país, onde alguns acreditavam que a tragédia poderia ter sido evitada. Meses antes do evento, em fevereiro, Uematsu enviou uma carta que chegou à polícia, detalhando o seu plano e dizendo que o seu objetivo era “alcançar um mundo em que pessoas com múltiplas deficiências pudessem ser sacrificadas”, já que enfrentavam uma vida “extremamente difícil”. Uematsu também comunicou os seus planos a colegas de trabalho e conhecidos, pelo que foi investigado pela polícia e temporariamente internado num centro psiquiátrico. O homem foi libertado após doze dias, depois de os psiquiatras concluírem que a sua condição mental havia melhorado. Isso, juntamente com o facto de Uematsu começar a usar drogas como haxixe naquela altura, levou a defesa de Uematsu a alegar distúrbios mentais que o impediriam de responder criminalmente, mas o argumento foi rejeitado pelo tribunal. Uematsu junta-se ao smais de cem presos que aguardam no corredor da morte que a sua sentença seja executada no Japão.
Covid-19 | Aumenta para 853 o balanço de vítimas mortais da pandemia no Irão Hoje Macau - 16 Mar 2020 [dropcap]O[/dropcap] Ministério da Saúde do Irão anunciou hoje que aumentou em 129 o número de vítimas da pandemia do novo coronavirus (Covid-19) aumentando o balanço de mortos para 853 no país. “Apelamos a todos para que levem o vírus a sério e não viajem”, declarou o porta-voz do Ministério da Saúde, Kinouche Jahanpour, numa conferência de imprensa em Teerão que foi transmitida pela televisão. Anteriormente, fontes oficiais noticiaram a morte de um destacado membro da conservadora Assembleia de Peritos do Irão, o ‘ayatollah’ Hashem Bathai Golpayengani, vítima da pandemia Covid-19. O ‘ayatollah’, 78 anos, foi internado no sábado na unidade de cuidados intensivos do hospital Shahid Behesthi, na cidade santa de Qom onde se concentra o maior número de casos de coronavirus no Irão. Na sexta-feira morreu da mesma doença um dos altos comandantes do Corpo de Guardas da Revolução, Naser Shabani, que ocupou o cargo durante 37 anos. Entre os políticos que estão contagiados destacam-se a vice-presidente para os Assuntos das Mulheres, Masumeh Ebtekar; o assessor do Guia Supremo para assuntos internacionais, Ali Akbar Velayati e o vice-ministro da Saúde, Iraj Harirtchi, que se encontram de quarentena. De acordo com o último balanço, mais de 13 mil pessoas estão contagiadas no Irão. O novo coronavírus já infectou desde Dezembro 168.250 e o número de mortes – a nível mundial – subiu para 6.501, segundo um balanço da Agência France-Press (AFP) às 09:00 de hoje. A AFP refere que, no total, foram registadas em 142 países e territórios mais de 168.250 contaminações. Desde o último balanço às 17:00 de domingo, foram registadas 81 novas mortes e 4.317 casos registados em todo o mundo. A China (excluindo os territórios de Hong Kong e Macau), onde a epidemia eclodiu no final de dezembro, totalizou 80.860 casos, incluindo 3.213 mortes e 67.490 curados. Foram registados 16 novos casos e 14 novas mortes entre domingo e segunda-feira. Em outras partes do mundo, foram registadas até às 09:00 um total de 3.288 mortes (67 novas) para 87.396 casos (4.301 novas). Os países mais afectados depois da China são a Itália, com 1.809 mortes em 24.747 casos, Irão com 724 mortes (13.983 casos), Espanha com 288 mortes (7.753 casos) e França com 127 mortes (5.423 casos).
Covid-19 | Aumenta para 853 o balanço de vítimas mortais da pandemia no Irão Hoje Macau - 16 Mar 2020 [dropcap]O[/dropcap] Ministério da Saúde do Irão anunciou hoje que aumentou em 129 o número de vítimas da pandemia do novo coronavirus (Covid-19) aumentando o balanço de mortos para 853 no país. “Apelamos a todos para que levem o vírus a sério e não viajem”, declarou o porta-voz do Ministério da Saúde, Kinouche Jahanpour, numa conferência de imprensa em Teerão que foi transmitida pela televisão. Anteriormente, fontes oficiais noticiaram a morte de um destacado membro da conservadora Assembleia de Peritos do Irão, o ‘ayatollah’ Hashem Bathai Golpayengani, vítima da pandemia Covid-19. O ‘ayatollah’, 78 anos, foi internado no sábado na unidade de cuidados intensivos do hospital Shahid Behesthi, na cidade santa de Qom onde se concentra o maior número de casos de coronavirus no Irão. Na sexta-feira morreu da mesma doença um dos altos comandantes do Corpo de Guardas da Revolução, Naser Shabani, que ocupou o cargo durante 37 anos. Entre os políticos que estão contagiados destacam-se a vice-presidente para os Assuntos das Mulheres, Masumeh Ebtekar; o assessor do Guia Supremo para assuntos internacionais, Ali Akbar Velayati e o vice-ministro da Saúde, Iraj Harirtchi, que se encontram de quarentena. De acordo com o último balanço, mais de 13 mil pessoas estão contagiadas no Irão. O novo coronavírus já infectou desde Dezembro 168.250 e o número de mortes – a nível mundial – subiu para 6.501, segundo um balanço da Agência France-Press (AFP) às 09:00 de hoje. A AFP refere que, no total, foram registadas em 142 países e territórios mais de 168.250 contaminações. Desde o último balanço às 17:00 de domingo, foram registadas 81 novas mortes e 4.317 casos registados em todo o mundo. A China (excluindo os territórios de Hong Kong e Macau), onde a epidemia eclodiu no final de dezembro, totalizou 80.860 casos, incluindo 3.213 mortes e 67.490 curados. Foram registados 16 novos casos e 14 novas mortes entre domingo e segunda-feira. Em outras partes do mundo, foram registadas até às 09:00 um total de 3.288 mortes (67 novas) para 87.396 casos (4.301 novas). Os países mais afectados depois da China são a Itália, com 1.809 mortes em 24.747 casos, Irão com 724 mortes (13.983 casos), Espanha com 288 mortes (7.753 casos) e França com 127 mortes (5.423 casos).
Covid-19 | África do Sul declara desastre nacional perante subida de infecções para 61 Hoje Macau - 16 Mar 2020 [dropcap]O[/dropcap] Presidente da República da África do Sul, Cyril Rampahosa, declarou no domingo estado de desastre nacional no país, perante a subida de infecções no país de 51 para 61 casos de Covid-19 nas últimas horas. “Inicialmente eram pessoas que viajaram para o estrangeiro, nomeadamente Itália, que testaram positivo a infeção do vírus, mas é agora preocupante o facto de estarmos a lidar com a transmissão a nível interno e o número de infecções confirmadas ascende agora a 61 casos”, disse o chefe de Estado sul-africano numa comunicação à nação esta noite. “O Conselho de Ministros reuniu-se hoje extraordinariamente (…) e decidimos tomar medidas urgentes para gerir a pandemia, proteger os cidadãos do nosso país e reduzir o impacto do vírus na nossa sociedade e na nossa economia”, afirmou. O Governo declarou o estado de desastre nacional, afirmou o chefe de Estado na comunicação ao país. Nesse sentido, o Governo sul-africano anunciou a proibição de viagens para cidadãos estrangeiros oriundos de países considerados de alto risco, a partir de 18 de Março. O chefe de Estado disse que os países afectados são Itália, Irão, Coreia do Sul, Espanha, Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido e China. “Cancelamos a partir de hoje os vistos para visitantes desses países”, declarou. Os cidadãos sul-africanos devem evitar imediatamente qualquer forma de transporte, para ou através da União Europeia, Estados Unidos, Reino Unido e de outros países identificados como sendo de alto risco de infeção de Covid-19, como China, Irão e Coreia do Sul, instou o presidente Cyril Ramaphosa. O chefe de Estado anunciou que o país irá negar a concessão de vistos de entrada a todos os cidadãos estrangeiros que visitaram países de alto risco nos últimos 21 dias. Cidadãos sul-africanos de regresso de países infectados pela pandemia Covid-19 serão submetidos a análises clínicas e auto-isolamento ou quarentena. “Visitantes de países de médio risco, como Portugal, Hong Kong e Singapura, vão estar sujeitos a um elevado nível de segurança e testes de saúde altamente rigorosos à chegada ao país, anunciou Ramaphosa. Todas as pessoas que entraram na África do Sul oriundas de países de alto risco desde o passado mês de Fevereiro são obrigadas a fazerem os testes de saúde. Vamos reforçar as medidas de segurança e de saúde nos aeroportos internacionais de OR Tambo, em Joanesburgo, Cape Town International, na Cidade do Cabo, e King Shaka International, em Durban, anunciou. O Presidente da República sul-africano anunciou também que a África do Sul vai encerrar a partir da próxima segunda-feira, 16 de março, 35 dos 52 postos de fronteira terrestres, de um total de 72 portos de entrada e saída do país. “Dois dos portos marítimos vão ser encerrados a cruzeiros e navios de passageiros”, adiantou sem precisar mais detalhes. O chefe de Estado sul-africano anunciou também a proibição imediata de viagens “não essenciais” ao estrangeiro a todos os membros do Governo, quer nacional como provincial e local. “Desencorajamos todas as viagens internas, que não sejam prioritárias, por avião, comboio e autocarro”, declarou. O Presidente apelou aos sul-africanos para restringirem também o contacto social, por forma a reduzir a propagação e contágio de Covid-19 no país. Nesse sentido, o chefe de Estado disse que o Governo proibiu a realização de eventos públicos com mais de uma centena de pessoas e que a celebração de feriados públicos e outros eventos governamentais serão cancelados. “As escolas vão encerrar a partir de quarta-feira, 18 de março, até depois do fim de semana da Páscoa”, adiantou. Ramaphosa disse também que o Governo está a reforçar as condições de higiene e medidas de saúde nas universidades e instituições do ensino superior, ministérios, estabelecimentos prisionais, polícia e quartéis militares. O Governo proibiu desde ontem todas as visitas a estabelecimentos prisionais por trinta dias, declarou, apelando às empresas, comércio, centros comerciais e setor privado em geral para reforçarem as medidas de higiene. Ramaphosa anunciou que as autoridades vão instalar centros de isolamento e quarentena em cada distrito e área metropolitana do país, reforçar a capacidade nos hospitais identificados e um conselho de comando na Presidência para coordenar a resposta de emergência nacional, sem precisar mais detalhes. “Este é um momento nacional que exige uma concertação de esforços comum, esta pandemia irá passar, mas cabe-nos a nós decidir até quando ficará entre nós e o tempo que levará a recuperar a nossa economia e o nosso país”, concluiu o chefe de Estado sul-africano. Até hoje, não havia ainda mortes relacionadas com Covid-19 a registar pelas autoridades de Saúde da África do Sul.
Covid-19 | África do Sul declara desastre nacional perante subida de infecções para 61 Hoje Macau - 16 Mar 2020 [dropcap]O[/dropcap] Presidente da República da África do Sul, Cyril Rampahosa, declarou no domingo estado de desastre nacional no país, perante a subida de infecções no país de 51 para 61 casos de Covid-19 nas últimas horas. “Inicialmente eram pessoas que viajaram para o estrangeiro, nomeadamente Itália, que testaram positivo a infeção do vírus, mas é agora preocupante o facto de estarmos a lidar com a transmissão a nível interno e o número de infecções confirmadas ascende agora a 61 casos”, disse o chefe de Estado sul-africano numa comunicação à nação esta noite. “O Conselho de Ministros reuniu-se hoje extraordinariamente (…) e decidimos tomar medidas urgentes para gerir a pandemia, proteger os cidadãos do nosso país e reduzir o impacto do vírus na nossa sociedade e na nossa economia”, afirmou. O Governo declarou o estado de desastre nacional, afirmou o chefe de Estado na comunicação ao país. Nesse sentido, o Governo sul-africano anunciou a proibição de viagens para cidadãos estrangeiros oriundos de países considerados de alto risco, a partir de 18 de Março. O chefe de Estado disse que os países afectados são Itália, Irão, Coreia do Sul, Espanha, Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido e China. “Cancelamos a partir de hoje os vistos para visitantes desses países”, declarou. Os cidadãos sul-africanos devem evitar imediatamente qualquer forma de transporte, para ou através da União Europeia, Estados Unidos, Reino Unido e de outros países identificados como sendo de alto risco de infeção de Covid-19, como China, Irão e Coreia do Sul, instou o presidente Cyril Ramaphosa. O chefe de Estado anunciou que o país irá negar a concessão de vistos de entrada a todos os cidadãos estrangeiros que visitaram países de alto risco nos últimos 21 dias. Cidadãos sul-africanos de regresso de países infectados pela pandemia Covid-19 serão submetidos a análises clínicas e auto-isolamento ou quarentena. “Visitantes de países de médio risco, como Portugal, Hong Kong e Singapura, vão estar sujeitos a um elevado nível de segurança e testes de saúde altamente rigorosos à chegada ao país, anunciou Ramaphosa. Todas as pessoas que entraram na África do Sul oriundas de países de alto risco desde o passado mês de Fevereiro são obrigadas a fazerem os testes de saúde. Vamos reforçar as medidas de segurança e de saúde nos aeroportos internacionais de OR Tambo, em Joanesburgo, Cape Town International, na Cidade do Cabo, e King Shaka International, em Durban, anunciou. O Presidente da República sul-africano anunciou também que a África do Sul vai encerrar a partir da próxima segunda-feira, 16 de março, 35 dos 52 postos de fronteira terrestres, de um total de 72 portos de entrada e saída do país. “Dois dos portos marítimos vão ser encerrados a cruzeiros e navios de passageiros”, adiantou sem precisar mais detalhes. O chefe de Estado sul-africano anunciou também a proibição imediata de viagens “não essenciais” ao estrangeiro a todos os membros do Governo, quer nacional como provincial e local. “Desencorajamos todas as viagens internas, que não sejam prioritárias, por avião, comboio e autocarro”, declarou. O Presidente apelou aos sul-africanos para restringirem também o contacto social, por forma a reduzir a propagação e contágio de Covid-19 no país. Nesse sentido, o chefe de Estado disse que o Governo proibiu a realização de eventos públicos com mais de uma centena de pessoas e que a celebração de feriados públicos e outros eventos governamentais serão cancelados. “As escolas vão encerrar a partir de quarta-feira, 18 de março, até depois do fim de semana da Páscoa”, adiantou. Ramaphosa disse também que o Governo está a reforçar as condições de higiene e medidas de saúde nas universidades e instituições do ensino superior, ministérios, estabelecimentos prisionais, polícia e quartéis militares. O Governo proibiu desde ontem todas as visitas a estabelecimentos prisionais por trinta dias, declarou, apelando às empresas, comércio, centros comerciais e setor privado em geral para reforçarem as medidas de higiene. Ramaphosa anunciou que as autoridades vão instalar centros de isolamento e quarentena em cada distrito e área metropolitana do país, reforçar a capacidade nos hospitais identificados e um conselho de comando na Presidência para coordenar a resposta de emergência nacional, sem precisar mais detalhes. “Este é um momento nacional que exige uma concertação de esforços comum, esta pandemia irá passar, mas cabe-nos a nós decidir até quando ficará entre nós e o tempo que levará a recuperar a nossa economia e o nosso país”, concluiu o chefe de Estado sul-africano. Até hoje, não havia ainda mortes relacionadas com Covid-19 a registar pelas autoridades de Saúde da África do Sul.
Covid-19 | Vírus já matou 6.420 pessoas e há quase 164.000 infectados Hoje Macau - 16 Mar 2020 [dropcap]O[/dropcap] novo coronavírus matou pelo menos 6.420 pessoas em todo o mundo desde o seu surgimento em dezembro, de acordo com uma avaliação da AFP às 17:00 de domingo, a partir de fontes oficiais. Quase 164.000 casos de infeção foram registados em 141 países e territórios desde o início da epidemia, que se tornou, entretanto, numa pandemia. Este número de casos diagnosticados, no entanto, reflete a realidade apenas de maneira imperfeita, pois os países têm políticas e critérios de contabilidade mais ou menos restritivos, alerta a AFP. Desde a contagem de sábado às 17:00, ocorreram 653 novas mortes e foram contabilizados 12.153 novos casos em todo o mundo. Os países que registaram maior número de novas mortes em 24 horas foram Itália (368), Irão (113) e Espanha (105). A China (excluindo os territórios de Hong Kong e Macau), onde a epidemia eclodiu no final de Dezembro, registou um total de 80.844 casos, dos quais 3.199 morreram e 66.911 recuperaram. Na China, foram anunciados 20 novos casos e 10 novas mortes entre sábado e domingo. Em outras partes do mundo, registaram-se 3.221 mortes (643 novas) até às 17:00 de hoje, num total de 83.094 casos, mais 12.133 do que no sábado. Os países mais afectados depois da China são a Itália, com 1.809 mortos e 24.747 casos, o Irão, com 724 mortos (13.938 casos), Espanha, com 288 mortos (7.753 casos), e a França, com 91 mortos (4.499 casos). Desde as 17:00 de sábado, a República Centro-Africana, as Seichelles, o Congo e o Uzbequistão anunciaram os primeiros casos de infeção com o novo coronavírus nos seus territórios. A Ásia totalizava até às 17:00 de hoje 91.973 casos (3.320 mortes), a Europa 52.407 casos (2.291 mortes), o Médio Oriente 15.291 casos (738 mortes), Estados Unidos e Canadá em conjunto 3.201 casos (52 mortes), a América Latina e Caribe 448 casos (seis mortes), África 315 casos (oito mortes) e Oceânia 303 casos (cinco mortes). Esta avaliação foi realizada usando dados compilados pelos escritórios da AFP das autoridades nacionais competentes e informações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em Portugal, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) actualizou hoje o número de infectados para 245, mais 76 do que no sábado.
Covid-19 | Vírus já matou 6.420 pessoas e há quase 164.000 infectados Hoje Macau - 16 Mar 2020 [dropcap]O[/dropcap] novo coronavírus matou pelo menos 6.420 pessoas em todo o mundo desde o seu surgimento em dezembro, de acordo com uma avaliação da AFP às 17:00 de domingo, a partir de fontes oficiais. Quase 164.000 casos de infeção foram registados em 141 países e territórios desde o início da epidemia, que se tornou, entretanto, numa pandemia. Este número de casos diagnosticados, no entanto, reflete a realidade apenas de maneira imperfeita, pois os países têm políticas e critérios de contabilidade mais ou menos restritivos, alerta a AFP. Desde a contagem de sábado às 17:00, ocorreram 653 novas mortes e foram contabilizados 12.153 novos casos em todo o mundo. Os países que registaram maior número de novas mortes em 24 horas foram Itália (368), Irão (113) e Espanha (105). A China (excluindo os territórios de Hong Kong e Macau), onde a epidemia eclodiu no final de Dezembro, registou um total de 80.844 casos, dos quais 3.199 morreram e 66.911 recuperaram. Na China, foram anunciados 20 novos casos e 10 novas mortes entre sábado e domingo. Em outras partes do mundo, registaram-se 3.221 mortes (643 novas) até às 17:00 de hoje, num total de 83.094 casos, mais 12.133 do que no sábado. Os países mais afectados depois da China são a Itália, com 1.809 mortos e 24.747 casos, o Irão, com 724 mortos (13.938 casos), Espanha, com 288 mortos (7.753 casos), e a França, com 91 mortos (4.499 casos). Desde as 17:00 de sábado, a República Centro-Africana, as Seichelles, o Congo e o Uzbequistão anunciaram os primeiros casos de infeção com o novo coronavírus nos seus territórios. A Ásia totalizava até às 17:00 de hoje 91.973 casos (3.320 mortes), a Europa 52.407 casos (2.291 mortes), o Médio Oriente 15.291 casos (738 mortes), Estados Unidos e Canadá em conjunto 3.201 casos (52 mortes), a América Latina e Caribe 448 casos (seis mortes), África 315 casos (oito mortes) e Oceânia 303 casos (cinco mortes). Esta avaliação foi realizada usando dados compilados pelos escritórios da AFP das autoridades nacionais competentes e informações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em Portugal, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) actualizou hoje o número de infectados para 245, mais 76 do que no sábado.
Casa dos Expostos José Simões Morais - 16 Mar 2020 [dropcap]P[/dropcap]ara os recém-nascidos não serem deixados em plena rua abandonados, foi em 1838 atribuído às Câmaras Municipais o encargo de os acarearem e promover a sua criação e à Mesa dos Enjeitados, também conhecida por Mesa dos Santos Inocentes, recolher as verbas para as despesas, mercê, principalmente, de esmolas. A Santa Casa da Misericórdia de Macau, pelo menos desde o início do século XVII, tivera a seu cargo a Casa dos Expostos, chamada também dos Enjeitados, encontrando-se o hospício instalado na parte posterior do Cartório, bloco comum à Igreja, e de vistas para o claustro. Com fraca vigilância e sem acções de fiscalização exteriores durante o século XVIII, parecia abandonada, apesar de ter recebido cifra a atingir os três contos de réis, isto é, 3000 taéis, segundo uma representação de 1789 à Rainha. “Os poucos dados conseguidos mostram, naqueles anos, a existência média à roda de 120 crianças; às amas pagavam 2 máses (7 gramas) de prata e 30 catis (um pouco mais de 18 kg) de arroz, por mês. As amas gozavam ainda a regalia de mestre curandeiro chinês, que, por avença para pela Casa, as ia tratar quando necessário. As recebiam 1 a 2 taéis (1 tael = 37,799 g) de prata por mês, sem direito a arroz, mas parece ter sido corrente tomarem à sua conta, mais de um exposto, com a paga equivalente. Para despesa total, já em pleno período de restrições (início do século XIX), apura-se ser ainda entre 1600 a 1800 taéis por ano, mais ou menos de acordo com a média do 1% indicada pelo Ouvidor Arriaga para a cobrança na alfândega, verba, porém, reputada insuficiente. Em todo o caso é de frisar quanto tal despesa era, ao tempo, ligeiramente superior à do hospital dos enfermos”, segundo o médico José Caetano Soares (JCS), cujas suas informações nos socorrem neste artigo. Em Portugal, no alvará de 18 de Outubro de 1806, tornado extensivo ao Ultramar, o assunto dos expostos merecera atenção especial: «Determino que em todas as Misericórdias, nas eleições anuais se eleja um Irmão para Mordomo dos ditos Expostos. Para que esse piedoso estabelecimento (Casa dos Expostos) não venha a ofender os bons costumes, que as justiças obriguem as mulheres solteiras, que se souber andam pejadas, a darem conta do parto, a pagarem a criação e tomarem conta dos seus filhos. Quando, porém, aconteça haver um parto secreto e se recorra ao Provedor da Misericórdia ou ao Mordomo dos Expostos, serão eles obrigados a prestar o socorro pedido, procurando-lhe uma mulher morigerada (de bons costumes) que em segredo assista ao parto, fazendo conduzir o exposto à roda, ou entregando-o a uma ama, que o crie… sem que se indague a qualidade da pessoa, nem se faça acto algum judicial, de que se possa seguir a difamação.» Arquivo das Missões. “O uso em que estão os moradores, ou mais suas mulheres, de comprarem raparigas que os chineses vendem com facilidade, principalmente, havendo carestia de arroz e mandar lançá-las na roda, não tendo o problema nada de peculiar em Macau, era preciso pôr um termo a isso. De causas diversas, desde as de natureza económica, até às de ordem moral, mais ou menos ligadas à frouxidão de costumes ou à libertinagem, esse aspecto da ilegitimidade dos filhos levaria a admitir o desumano conceito de tolerar o abandono dos recém-nascidos, mormente pela mãe”, segundo o JCS. Em 1811, mereceu atenção do Desembargador Miguel de Arriaga que comunicaria, também, à Secretaria de Estado: Há na Misericórdia a administração deste pio Instituto (Casa dos Expostos) socorrido pelos réditos dos legados deixados pelos benfeitores com essa aplicação, a que acresce a anual consignação de 2% (?) tirados da alfândega sobre as fazendas grossas. A Portaria-Circular de 1834 mandava pedir: Exposição circunstanciada do estado em que existem os estabelecimentos dos Expostos, com indicação do número que anualmente recebem, vencimentos das amas, quanto tempo dura a criação de cada um, que destino recebem ultimados da sua criação, se há edifícios em que estejam todos reunidos e quanto se deve às amas… A Portaria foi recebida em Macau, mas se teve resposta da mesa, não foi encontrada. Manifesto contra a Roda “Pelos elevadíssimos índices de mortalidade, dessas Casas de Expostos, a que outras razões, tanto morais, como até materiais, traziam extraordinário agravo, passou a tornar-se mais opressivo o mal-estar e o geral descontentamento, até que em 1853 o Dr. Tomaz de Carvalho, professor ilustre da Escola Médica de Lisboa, rompeu na com a memorável campanha – . A grande autoridade do seu nome, bem apoiada nos elementos colhidos na maternidade do Hospital de S. José, a pouco e pouco transformada em antecâmara da Roda e, acima de tudo, o desassombro de quem se sente forte na luta por uma causa justa. Não obstante o apoio, logo recebido, tanto da Imprensa, como mesmo das instâncias governamentais, só em 1866, ainda parcialmente, e, por fim, em 1876 foi possível abolir de maneira definitiva o sistema da Roda”, segundo escreve José Caetano Soares.
O fio da navalha Anabela Canas - 16 Mar 2020 [dropcap]O[/dropcap]u o fio de Ariane. É tempo de voltar á minha rua. Ficar em casa. Aquele fio que me ficou para pensar. Desenrolar e contar. Em metros. Ou, daquele momento antes, mais de quatro mil quilómetros em linha recta. Longitude para oeste de Alagoas. Desenrolo o novelo deste fio em que se poderia voltar atrás. Mas do Perú as lindas açucenas que manipuladas por emigrantes holandeses e levadas para o Brasil, deram estes híbridos a provar que o homem inventa a natureza e o espanto. Estes bolbos vivem comigo há anos. Não há erro para rever e refazer invertendo os passos. Esta tentação melancólica sempre à espreita em cada pequeno salto na geografia desenhada sobre a mesa. O que fica para pensar e tem que ser. Irreprimível. A sorte foi lançada. Alea jacta est. Diz-se quando aquilo que determinará um resultado já foi definido e só resta esperar que se revele. Os dados estão lançados. Uma sorte ou um destino. Ou recuando no fio, uma predestinação. É o que podemos dizer todos os dias, feitas as contas ao feito e não feito. E que o destino é mais forte do que o livre arbítrio. Que concluir em alívio ou desesperança? Porque é assim que fica o mundo todas as noites em que nos deitamos para dormir. E depois, logo se vê. Fio a fio, cores, pontos e padrões nessa tapeçaria em que se misturam os tempos, que se tece sem saber, mas depois num todo. Para onde foram os dados. Não há abismos sem deles ou de onde o desenho. Para isso nos demoramos a pensar na complexidade de tudo. Pomos um pé de um lado, outro do outro, colocamo-nos de um lado ou do outro, ou voamos em círculos alargados a perscrutar o horizonte em amplitude e profundidade, de uma distância segura mas com a liberdade infantil de correr o risco se isso nos tomar a alma. O fio em volta. Ou o fio da navalha. Aquilo que corta a realidade em duas, a todo o momento. Aquilo que poderia ter-se tornado e sido, e aquilo que afinal foi, é. E como saber se a primeira hipótese, mera hipótese, alguma vez teve alguma possibilidade de ser? Aí nos perdemos em conjectura inglória presa ao que era sonho, mais do que ao que de facto algum dia podia ter sido desenhado, ou temos um instante de lucidez mediúnica, prevendo o potencial futuro de um passado que se arrumou noutro rumo. Ao ponto de se dizer: foi sem querer. O mundo a que chegámos. E mais do que isso, sem ter sabido o contrário no fazer. A pensar no fio de Ariane, mas é sempre o fio da navalha o que surge e o corta sem remédio. Caminho de risco de ferida grave. A verdade cortante e não emendável. Aqueles que não acreditam num destino. Como eu. Mas mesmo se não existir, é um fado subterrâneo o que fia a linha da vida. Que nos faz ser estoicos ou desistentes, adiar e entregar a deus, como se deus existisse também. Aqueles que não acreditam em Deus. Como eu. Mas se chegam a sentir num abandono, que só pode ser uma distracção deste, uma ignorância, um desviar os olhos para outros desígnios. Todas as vezes que acreditamos na inevitabilidade, todas as vezes que esperamos ou desistimos de esperar, mas nos sentamos para ver o que vier. Como se algo trouxesse, consistente como um plano, aquilo que não se avista mas podemos pensar algures e por chegar. Todas as vezes que se baixa os braços como se nada em nada contribuísse para nada. E aquelas em que pressentimos ou intuímos procurando ver mais longe. O futuro não existe a menos que o inventemos, ou em cada peça de uma construção, que colocamos sobre outra. Em cada traço, em cada palavra e em cada escolha numa montra infindável. Uma potencialidade a desenhar um palimpsesto. Um fio condutor. Como um destino. Ou fado. Lanço os dedos à terra. Essa matéria real onde ficam pegadas. Disponho os bolbos já inquietos na terra. Em alguns, o verde já a despontar como uma esperança ou uma pressa no inevitável. E penso se é a altura, se será tarde e estarão zangados, alguns. Na memória das flores luxuriantes do ano passado, vejo as deste ano. Como se escondidas à espera de voltar e as mesmas. Que não existem, que podem muito bem não chegar a nascer de todos eles. Ou de nenhum. Rego. A possibilidade daquele estonteante vermelho futuro. Sedoso e cheio. Aquela quase incandescente qualidade de cor quando abrem enormes, mas menos do que o repetido espanto quando os contemplo incrédula. Quando abrem e se abrem. Mas algo me faz hesitar. Se alguma coisa está certa neste gesto é o absurdo rigor inevitável naquilo que vai acontecer. Uma coisa ou o seu contrário. E ambas se chamam com o mesmo nome. Amarílis inevitável. No nascer, ou ficar por nascer. Onde se pode ler esse destino, por agora secreto como todos? Nunca no fio de Ariane – a vida, fora do labirinto. Fibra de uma fiação sempre a tempo. De fazer e desfazer. Desenrolar e depois voltar atrás por outro caminho. Até acertar. Um destino meticuloso de tentativa e erro. Apagados até a obra final. É, apenas o fio da navalha. Este, sem a possibilidade de voltar atrás, ao início de tudo pelo mesmo caminho, e aí, escolher por tentativa e erro outra possibilidade. Até ao destino querido e escolhido. Um fio, esse, afiado com o tempo. Ou rombo e inócuo. Inútil. Cada escolha a cortar o destino em dois em cada momento. O que se torna possível e o que se torna impossível. E a vida, sempre em frente. Qualquer que se demonstre vir a ser. A vida tem uma forma encriptada de produzir perguntas. Por isso tantas vezes falhamos nas respostas. E não é o que somos, o que desejamos, sequer, mas cruzamentos de linhas que se tocam por momentos, indecifráveis e continuam o seu caminho muitas vezes divergente. Uma oportunidade desconhecida. E perdida sem culpa nem perdão. Fossemos tão dependentes das falhas, da beleza, da luz, e quantas mortes não teríamos em crédito para morrer. Olho para as mãos (o que fazer?). Acamo cuidadosamente mais um punhado de terra fofa em torno dos bolbos. E depois, olho para longe.