Fotografia | Novo livro de Gonçalo Lobo Pinheiro lançado sábado

Gonçalo Lobo Pinheiro, fotojornalista português há muito radicado em Macau, lança este sábado um novo livro de fotografia. Trata-se de “Poética Urbana”, com uma centena de imagens captadas no dia-a-dia de Macau, revelando-se o lado contemporâneo e urbano da cidade. A sessão de lançamento, que começa às 18h30, decorre na Livraria Portuguesa

 

O fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau há 14 anos, prepara-se para lançar o seu mais recente livro, intitulado “Poética Urbana”, no próximo dia 7, sábado, pelas 18h30, na Livraria Portuguesa.

Segundo um comunicado, trata-se de um livro que é resultado de um projecto iniciado há cinco anos, “três dos quais em plena pandemia”, em que o fotógrafo divagou pelas ruas de Macau e descobriu o lado mais urbano do território.

“De manhã à noite, com sol ou com chuva, com mais ou menos luz, estas 100 fotografias representam a escolha final da minha visão do quotidiano contemporâneo citadino do território que me acolheu há mais de 14 anos”, disse Gonçalo Lobo Pinheiro, citado na mesma nota.

Com design de Marta Gregório, a obra contém a centena de imagens que “revelam o olhar sensível e artístico do autor sobre a vida urbana do território chinês”, além de que o prefácio do livro, da autoria da reconhecida fotojornalista norte-americana Andrea Star Reese, descreve o trabalho de Gonçalo Lobo Pinheiro como “uma exploração poética do quotidiano”.

“O Gonçalo Lobo Pinheiro é um homem incondicionalmente apaixonado pelas ruas que percorre e pelas pessoas que descobre. Todos os fotojornalistas contam histórias, mas alguns fotografam com uma graça lírica. Gonçalo Lobo Pinheiro é um poeta visual. Em ‘Poética Urbana’, ele leva-nos a um lugar que guarda pedaços de vidas que nos lembram de nós mesmos, de outros que vimos ou conhecemos, de sentimentos que temos, tivemos, desejamos ter ou esquecemos”, escreveu.

Em simultâneo ao lançamento, será inaugurada uma exposição fotográfica com 20 imagens seleccionadas do livro, também na galeria da Livraria Portuguesa. A exposição estará patente ao público até ao dia 29 de Dezembro de 2024.

Lançamento em Lisboa

O fotojornalista destaca ainda que “Poética Urbana” é um livro que reúne “momentos diversos, maioritariamente vividos e captados nos bairros antigos do território, onde ainda se consegue sentir aquele pulsar especial de uma Macau que pouco ou quase nada existe, mas que, ainda assim, teima, e bem, em desaparecer por completo”.

Numa altura em que a RAEM celebra 25 anos de existência, Gonçalo Lobo Pinheiro descreve que esta obra é também um sinal do seu “amor pelo território”.

Após o lançamento em Macau, o livro e a exposição terão também expressão em Portugal, com um evento agendado para Fevereiro do próximo ano, na Galeria Malangatana do ISPA – Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida, Lisboa.

“Poética Urbana” representa uma “celebração do instante capturado na rua, do quotidiano transformado em arte e do diálogo entre a fotografia e a emoção”, sendo que o seu autor convida “o público a descobrir a beleza inesperada da vida urbana através da sua lente”.

Gonçalo Lobo Pinheiro tem uma carreira na área do fotojornalismo há mais de 20 anos, colaborando actualmente com a agência de notícias Lusa, tendo trabalhado inclusivamente com a imprensa desportiva portuguesa.

Festival de Gastronomia | Negócios caíram apesar de descontos

O Festival de Gastronomia, que acabou no domingo, gerou menos 10 por cento do volume de negócios em comparação com o ano passado. Preços mais baratos e alguns dias de chuva foram explicações avançadas por Chan Chak Mo para a redução dos negócios

 

Em fase de digestão do 24.º Festival de Gastronomia, o deputado e presidente da comissão organizadora do evento, Chan Chak Mo, apontou que o volume de negócios dos restaurantes presentes no festival este ano caíram cerca de 10 por cento em comparação o festival de 2023.

Segundo o jornal Ou Mun, Chan Chak Mo indicou as possíveis razões que levaram à quebra. “Em primeiro lugar, tivemos alguns dias com chuva. Em segundo lugar, apelámos aos comerciantes para baixarem os preços este ano. Portanto, apesar de por vezes as filas de espera serem grandes, os preços mais em conta podem ter levado à descida do volume dos negócios”, avançou o deputado e empresário.

Face à questão se a redução dos negócios poderia ter sido afectada pelo declínio da capacidade de consumo dos visitantes, Chan Chak Mo afastou esse cenário, indicando não ter sentido diferente na vontade de consumir.

Coincidências de calendário

Este ano, o Festival de Gastronomia não contou com restaurantes de fora da Macau, circunstância que Chan Chak Mo justificou com os elevados custos para participar e a falta de espaço. O deputado salientou também que se tivessem vindo restaurantes de fora, os locais iriam perder oportunidades.

O deputado salientou ainda que Festival de Gastronomia coincidiu com o Grande Prémio de Macau, situação que beneficiou os negócios.

Outro aspecto positivo, foram os shuttles providenciados pelas concessionárias de jogo que passaram pela Torre de Macau, trazendo visitantes para o festival. Chan Chak Mo considera que estas ligações de autocarro são uma opção de transportes a explorar melhor na edição de 2025 do Festival de Gastronomia.

Sobre a possibilidade de realizar o evento no novo recinto para espectáculos de grande envergadura no Cotai, Chan Chak Mo não se mostrou motivado, indicando que para tal seria necessário aperfeiçoar o trânsito na zona e fazer um novo planeamento do festival, apesar de permitir o convite a mais comerciantes.

Economia | Emperor com perdas de 225 milhões

Nos últimos seis meses que terminaram em Setembro, o grupo Emperor Entertainment Hotel registou um aumento de receitas para 407 milhões de dólares de Hong Kong (HKD), face aos 371 milhões de HKD no mesmo período de 2023.

Porém, feitas as contas às despesas e receitas, os resultados não auditados apresentados pelo grupo à Bolsa de Valores de Hong Kong revelam um prejuízo líquido de 225 milhões de HKD durante o período em análise, contra um lucro de 12 milhões HKD no ano anterior.

A empresa afirmou que a subida de 9,7 por cento nas receitas foi apoiada pelo “aumento contínuo do número de visitantes”. Apesar do aumento de 17,3 por cento das receitas de jogo, a perda de valor em propriedade de investimento de 263,9 milhões de HKD foi citada pelo grupo na nota enviada à bolsa de valores como uma das razões para o registo de prejuízos líquidos, que resultaram na queda de 0,15 HKD por acção.

Inquérito | Cerca de 80% pede mais apoios económicos

A Federação das Associações dos Operários de Macau apresentou ontem os resultados de um inquérito onde se revela que mais de 60 por cento dos inquiridos considera que a recuperação económica não chegou à sua família. Problemas financeiros relacionados com despesas correntes, hipotecas e filhos são factores que levam a maior stress

 

O stress financeiro é uma realidade transversal às famílias de Macau, que motiva a necessidade de alargamento dos apoios do Governo, é o que revela um estudo apresentado ontem pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

Os resultados do inquérito, expostos por representantes da FAOM, incluindo o deputado Leong Sun Iok, revela que mais de 60 por cento dos inquiridos afirmaram que as suas famílias não foram beneficiadas pela recuperação económica. Para quase 62 por cento, os factores económicos foram as maiores fontes de stress. As despesas do dia-a-dia foram indicadas como o fardo mais pesado na economia familiar de quase 67 por cento dos inquiridos. O pagamento de empréstimos hipotecários foi destacado por quase 46 por cento, enquanto as despesas e dificuldades para educar os filhos foram apontados por 43 por cento dos entrevistados como factor motivador de stress na família.

Face a este panorama, não surpreende que quase 80 por cento dos inquiridos “apelem fortemente” ao Governo para introduzir mais medidas de apoio económico, como subsídios, para aliviar as pressões do quotidiano.

Fruto com bicho

A falta de igualdade na distribuição dos “frutos da recuperação económica” tem sido um chavão muito ouvido no discurso político em Macau. Leong Sun Iok apelou à implementação de políticas que favoreçam um maior equilíbrio. “A estrutura económica tem de ser melhorada, para garantir o desenvolvimento equilibrado de todos os sectores. Além disso, é preciso investir em educação e formações tecnológicas de forma a reforçar a adaptabilidade de trabalhadores no mercado”, afirmou Leong Sun Iok.

O deputado apelou ainda ao lançamento de mais medidas de apoio económico, como subsídios para cobrir “as despesas do dia-a-dia, como cartões do consumo, apoios à habitação e saúde”.

Além das questões directamente económicas, mais de 70 por cento dos entrevistados revelaram sentir stress devido à necessidade de cuidar de menores e idosos. A vice-presidente da FAOM, Leong Meng Ian, sugeriu o limite do horário de trabalho semanal para 48 horas, a unificação dos dias de licença de maternidade entre os sectores privado e público, bem como aumentar a licença de paternidade. A responsável apelou ainda à criação de uma licença para acompanhamento médico de familiar e licença para actividades entre pais e filhos. O inquérito foi realizado entre Junho e Novembro deste ano e teve respostas de 1.100 pessoas.

Sinergia de Macau | Ex-candidato à AL pede fim de monopólios

Johnson Ian, antigo candidato às eleições e presidente da Associação de Sinergia de Macau, pede que haja, com o novo Executivo de Sam Hou Fai, o fim de alguns monopólios em Macau que criam obstáculos a empresas e população.

Num artigo de opinião publicado no jornal Sou Pou, Johnson Ian deu o exemplo verificado na área das telecomunicações com a Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM), que antes da transição já era a única concessionária do sector.

O responsável, que já foi jornalista, refere que mesmo que a RAEM tenha aberto o mercado a outras operadoras, a verdade é que os activos das concessões se mantêm sobre domínio da CTM, cujo contrato tem sido renovado de forma consecutiva pelo Governo, enquanto outras operadoras dependem do arrendamento das linhas da CTM. Johnson Ian destacou ainda o exemplo da Livraria Eslite, de Taiwan; ou Vincent Lo Hong-sui, criador do projecto imobiliário “XinTianDi·Shanghai”, que desistiram de investir no mercado local.

O líder da Sinergia de Macau recordou que, quando era jornalista, entrevistou os responsáveis da Eslite que tentaram abrir em Macau a primeira sucursal do projecto, que já existe em Hong Kong, tendo estes referido que o ambiente de negócios em Macau não permitiu o investimento, tendo optado pela abertura de uma livraria em Suzhou, interior da China. Johnson Ian entrevistou ainda Vincent Lo, com o empresário a admitir que não quis trazer o seu projecto imobiliário para Macau por desconhecer as melhores formas de dar andamento ao investimento.

Song Man Lei nomeada presidente do Tribunal de Última Instância

Após vários meses a desempenhar a função como substituta, Song tornou-se a segunda pessoa durante os quase 25 anos da RAEM a desempenhar o cargo de presidente do Tribunal de Última Instância, sucedendo a Sam Hou Fai

 

A juíza Song Man Lei foi nomeada presidente do Tribunal de Última Instância (TUI) de Macau, tornando-se na primeira mulher a ocupar o cargo, substituindo Sam Hou Fai. Num despacho publicado ontem no Boletim Oficial, Ho Iat Seng, nomeou Song Man Lei para um mandato com a duração de três anos, que se prolonga quase até ao final de 2027.

Este é mais um marco para a juíza, que em 2012 foi a primeira mulher a ser nomeada para o TUI, depois de também ter sido a primeira mulher a exercer o cargo de delegada do Procurador do Ministério Público, em 1996.

Durante grande parte da carreira, Song fez parte dos quadros do MP, subindo na hierarquia até chegar a Procuradora-Adjunta, a segunda posição mais alta da hierarquia do órgão judiciário.

Nascida em 1966, Song completou a licenciatura e mestrado em Direito na Universidade de Pequim, tendo frequentado posteriormente um curso de língua portuguesa na Universidade de Coimbra.

Este ano, Song foi a presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo, que organizou a selecção do novo líder de Macau, que será precisamente o anterior presidente do TUI Sam Hou Fai.

Ho Iat Seng tinha escolhido a juíza como presidente substituta do TUI depois de Sam Hou Fai se ter demitido, em 26 de Setembro, para concorrer ao cargo de chefe do Executivo.

De acordo com a Lei Básica de Macau, o presidente do TUI tem de ser escolhido entre os juízes do tribunal.

Ip Son Sang à vista?

Com a saída de Sam Hou Fai, o TUI ficou apenas com dois juízes: Song Man Lei e José Maria Dias Azedo. No entanto, a Lei de Bases da Organização Judiciária de Bases (LBOJ) prevê que o TUI tem na sua composição três juízes.

Esta exigência decorre também de necessidades práticas, dado que as decisões do TUI decorrem na maior parte das vezes de um colectivo de juízes, pelo que existe a necessidade de ter um número ímpar por motivos de “desempate”, quando as opiniões estão divididas.

Nas decisões tomadas na semana passada, além dos pareceres de Song Man Lei e José Maria Dias Azedo, os casos do TUI foram igualmente decididos por Vasco Fong, juiz que integra o Tribunal de Segunda Instância (TSI).

A nomeação de Chan Tsz King para Procurador da RAEM criou vários rumores de que Ip Son Sang pode ser nomeado juiz do TUI nos próximos dias. Isto porque no caso de se manter no MP, o actual Procurador enfrenta uma situação de despromoção. Contudo, a nomeação coloca vários problemas, dado que Ip lidera desde 2014 o MP, estando ligado a vários dos casos sobre os quais se pode ter de pronunciar. O ainda Procurador pode assim encontrar-se na posição em que vai decidir os casos sobre os quais se pronunciou no passado, ou sobre os quais os seus subordinados se pronunciaram, o que pode levantar dúvidas sobre a sua independência na hora de decidir.

Em alternativa, Ip pode pedir escusa dos vários processos, para evitar polémicas. No entanto, estas escusas podem arrastar-se durante anos. A transferência de membros do MP directamente para o TUI não é nova, aconteceu em 2012 com Song Man Lei, porém, na altura, a nova presidente do TUI não ocupava a posição mais alta da hierarquia do MP. Com Lusa

Educação | Governo coopera com Interior para ensinar história

De forma a ensinar a história da China os alunos de Macau, as autoridades estão a cooperar com as congéneres do Interior. A informação foi adiantada ontem pela secretária Elsie Ao Ieong U na Assembleia Legislativa, que defendeu que a promoção da cultura local faz parte do objectivo de tornar Macau numa “base”.

“O Governo da RAEM tem organizado, em colaboração com o Interior da China e a RAEHK, diversos projectos juvenis e desenvolvido recursos pedagógicos sobre a história de Macau, permitindo que os estudantes e jovens aprofundem os seus conhecimentos sobre a história e cultura chinesas, semeando assim as bases para a transmissão do património cultural”, afirmou.

“O Governo da RAEM, através da promoção da transformação e do aproveitamento dos recursos históricos e culturais e da criação de projectos de exposições e espectáculos emblemáticos, tem aumentado a influência dos festivais artísticos e culturais para construir uma plataforma de desenvolvimento diversificado para o sector cultural de Macau”, afirmou a governante perante os deputados.

Desporto | Grandes eventos custam 620 milhões

Os três grandes eventos desportivos que irão realizar-se em Macau no próximo ano terão um custo global de 620 milhões de patacas. Os eventos em questão são os Jogos Nacionais de 2025, a 12ª edição dos Jogos Nacionais para Pessoas com Deficiência, também organizados por Hong Kong e Guangdong, e ainda os 9º Jogos Olímpicos Especiais.

A informação foi avançada pelos deputados Lam Lon Wai e Chan Chak Mo, da segunda comissão permanente da Assembleia Legislativa, que está a analisar na especialidade o Orçamento de 2025. Os Jogos Nacionais, organizados a cada 4 anos desde 1959, decorrem entre 9 e 21 de Novembro do próximo ano, coincidindo com o Grande Prémio de Macau. Prevê-se que sejam recrutados cerca de 6.000 ajudantes para os três eventos desportivos, com uma dotação de 123 milhões de patacas.

O alojamento em hotéis poderá custar 70 milhões de patacas e os transportes 29 milhões de patacas. Os deputados adiantaram também que a venda de bilhetes poderá gerar uma receita de cerca de cinco milhões de patacas.

Novo Governo | Sam Hou Fai confiante no futuro

O Chefe do Executivo eleito, Sam Hou Fai, disse à CCTV que está confiante no desenvolvimento de Macau no futuro com a nova equipa de secretários.

Em entrevista ao canal nacional, o governante assegurou que vai fazer todos os esforços para servir a população, tendo referido que o Chefe do Executivo é responsável por liderar todo o território da RAEM e não apenas decidir políticas do foro económico.

Para Sam Hou Fai, para liderar o Governo da RAEM é preciso ter uma perspectiva macro e compreender todos os âmbitos sociais, políticos e económicos de Macau.

O Chefe do Executivo eleito, que tomará posse no dia 20 de Dezembro, descreveu que, na área da justiça, o Código do Procedimento Administrativo está em vigor há 30 anos e deveria ser alterado. Caso contrário, poderá impedir o desenvolvimento da sociedade.

Turismo | Governo não sabe efeitos de mais visitantes na economia

Apesar dos “mais de 750 espectáculos” nas zonas históricas, Elsie Ao Ieong U não revelou aos deputados o montante investido pelo Governo e concessionárias, assim como o impacto económico nas zonas revitalizadas. A secretária atirou as explicações para o futuro Governo

 

Apesar de o Governo e as concessionárias do jogo terem organizado “mais de 750 espectáculos artísticos e culturais” que terão resultado em “mais de 1,7 milhões de visitas” nas zonas históricas, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, não conseguiu responder às perguntas sobre o impacto económico no consumo naquelas zonas, nem sobre os gastos realizados nos projectos.

A secretária foi ontem à Assembleia Legislativa para responder às questões dos deputados, e Ella Lei pediu-lhe um balanço sobre o programa de revitalização das seis zonas históricas, que incluem a Barra (investimento da MGM China), Rua da Felicidade (Wynn Macau), Avenida de Almeida Ribeiro e Ponte-Cais n.º 16 (SJM), Zona das Pontes-cais nº 23 e 25 (Melco), Rua das Estalagens, zona da Fábrica de Panchões Iec Long e Casas da Taipa (Sands China) e Estaleiros Navais de Lai Chi Vun (Galaxy).

Num primeiro momento, com base na resposta preparada de antemão, Elsie Ao Ieong U afirmou que os “mais de 750” espectáculos atraíram “mais de 1,7 milhões de visitas” de “forma bem-sucedida”.

Os problemas para a secretária começaram quando foi questionada por Lo Choi In, deputada ligada à comunidade de Jiangmen, sobre o impacto económico dos espectáculos no consumo, os planos futuros para a revitalização das zonas ou a criação de autocarros entre os casinos e os bairros comunitários. Ao contrário das perguntas da deputada Ella Lei, que tinham sido enviadas de antemão à secretária, estas não foram, e não tiveram resposta.

Também Ron Lam pediu ao Governo para revelar os custos dos investimentos feitos na revitalização das zonas históricas e afirmou que sem se saber os montantes gastos e o impacto económico não era possível fazer um balanço sobre as iniciativas.

Sem guião não dá

Sem respostas, a secretária considerou que as perguntas dos deputados eram “opiniões”, e ainda acrescentou que deveriam ser respondidas pelo futuro Governo, que toma posse a 20 de Dezembro. “Espero que o Governo futuro estude as suas opiniões”, limitou-se a responder, ignorando todos os assuntos levantados pelos deputados.

Apesar das limitações da exposição dos projectos, Elsie Ao Ieong U afirmou que os espectáculos “contribuíram para um aumento significativo do fluxo de pessoas nos bairros comunitários, atraindo, de forma bem-sucedida, mais residentes e visitantes a experienciarem a diversidade cultural e aumentando assim a vitalidade do turismo cultural dos bairros comunitários”.

Ben Lee, analista de jogo, sobre as novas concessões: “Precisamos de algo grandioso”

O analista de jogo e consultor Ben Lee acredita que é preciso fazer muito mais para diversificar a economia de Macau para lá do jogo, sobretudo tendo em conta o tipo de eventos organizados ao abrigo das novas concessões. O analista acha que Macau poderia olhar para dois resorts no Vietname como exemplos a seguir para atrair turistas internacionais

 

Que balanço faz dos dois anos de novas concessões de jogo?

Ainda há muito trabalho a fazer. Pelo que pudemos ver até agora, as concessionárias concentraram-se em projectos mais ligeiros, como galerias de arte locais, eventos culturais, a realização de concertos e pequenas reabilitações de bairros culturais. Os grandes projectos, como o parque de diversões de alta tecnologia, o Conservatório ou novos hotéis ainda não foram vistos. Uma vez que já passaram dois dos dez anos [de concessão], e tendo em conta que a construção de alguns destes projectos deverá demorar vários anos, parece que será necessário adiá-los. As receitas do segmento não-jogo, em percentagem de receita bruta obtida pelas concessionárias, parecem ser superiores às de 2019, mas diminuíram nos últimos dois anos. É possível que voltem nos próximos dois anos a situar-se entre os 10,5 e 11 por cento verificados em 2019.

Recentemente, Ho Iat Seng agradeceu às concessionárias o cumprimento dos contratos e a colaboração no desenvolvimento do segmento não-jogo, reiterando que conseguiram obter alguns lucros durante a pandemia. Acha que foi justo nas suas palavras?

Os casinos estão a fazer esforços para desenvolver o segmento não-jogo, mas, mais uma vez, a maior parte desses esforços estão focados em eventos mais ligeiros, de menor nível. Não vemos grandes ideias como a esfera de investimentos de 2,3 mil milhões de dólares que vemos em Las Vegas, por exemplo. Se tal acontecesse, iria enquadrar-se facilmente nos compromissos de 15 mil milhões de dólares prometidos pelas concessionárias [aquando da assinatura dos novos contratos]. Poderíamos falar também da ideia de fazer uma competição de Fórmula 1 na rua, como se viu em Singapura e recentemente também em Las Vegas.

Como analisa a recuperação das operadoras em termos de receitas do jogo nos últimos meses?

A recuperação do jogo em Macau tem sido extremamente boa, prevendo-se que o sector recupere para cerca de 78 ou 79 por cento dos níveis registados em 2019.

A Sociedade de Jogos de Macau (SJM), por exemplo, foi uma das operadoras de jogo com maiores dificuldades em termos de cash flow durante a pandemia. Considera que a sua recuperação, em comparação com os outros cinco, foi positiva?

A SJM teve dificuldades no início, mas parece estar, finalmente, a fazer alguns progressos. Mas ainda terão alguns desafios para reposicionar o seu “hardware” [instalações e demais empreendimentos] no futuro.

O que podemos esperar do novo Governo de Sam Hou Fai para a área do jogo?

O Chefe do Executivo eleito parece estar a tentar garantir que as operadoras honrem os seus compromissos. Os seus dois mandatos irão, provavelmente, cobrir os próximos oito anos das novas concessões. Penso que, em última análise, tudo se vai resumir a saber se ele consegue motivar os vários aparelhos governamentais a executar a sua visão e missão.

No âmbito dos novos contratos, como vê a evolução global do sector do jogo?

Em 2019, a percentagem das receitas do segmento não-jogo em comparação com as receitas do jogo atingiu 10,5 por cento. Essa percentagem subiu para 22 por cento durante a covid-19, e desde então tem caído gradualmente para 13,5 por cento, segundo dados do terceiro trimestre deste ano. Essa percentagem vai continuar a diminuir à medida que as receitas de jogo continuarem a crescer. Nos últimos tempos, temos visto os residentes de Macau e Hong Kong a dirigirem-se para o norte [China] para pouparem dinheiro. A questão que se coloca é porque é que os habitantes do continente iriam descer e fazer o inverso? A solução, tal como prevista pelas autoridades, é que Macau precisa de diversificar o mercado [de turistas e jogadores] que vem do continente. Isso faz todo o sentido em termos de lógica, mas a realidade é que os nossos esforços parecem estar a regredir. Os visitantes provenientes de fora da grande China representavam 7,8 por cento do total de visitantes de Macau, mas diminuíram para 6,5 por cento até final de Setembro deste ano. Isto remete para os eventos de cariz ligeiro que têm sido organizados que, de longe e em grande parte, são realmente orientados para os chineses que, afinal, constituem a maior parte da nossa fonte de receitas.

Como se pode dar a volta a esse panorama?

Voltando ao início, penso que precisamos realmente de algo grande, icónico, semelhante à esfera que se vê em Las Vegas ou até mesmo algo parecido com o projecto da “Ponte Dourada” em Da Nang, digna de aparecer no Instagram, ou a “Ponte do Beijo”, em Phu Quoc, ambos no Vietname. O facto de estes projectos terem sido construídos por um grupo local ligado ao sector hoteleiro, sem qualquer ligação aos lucros provenientes do jogo, demonstra criatividade e perspectiva de longo prazo em termos de planeamento.

Luta de classes

Ben Lee alertar para o perigo de mercado de massas “fugir” de Macau

A conversa com Ben Lee surge no contexto de uma palestra que protagonizou, recentemente, sobre os dois anos das novas concessões de jogo. Promovida pela Câmara de Comércio França-Macau, a sessão teve como nome “Macau New Gaming Landscape: Two years into concessions, what now?”, tendo o analista e sócio-gerente da IGamiX Management & Consulting defendido, segundo o portal Asian Gaming Brief (AGBrief), que o jogo VIP não terminou por completo, estando assim a ser alvo de uma nova classificação.

Segundo o AGBrief, citando palavras de Ben Lee, “o jogo de massas incorporou o mesmo escalão [de jogadores] que foi tão abertamente criticado pelo Governo”, mas que as operadoras “estão a mudar o seu foco para o acomodar”.

O analista realçou o “recente foco na transformação de quartos de hotel mais antigos e pequenos em opções de luxo, com todas as operadoras a compreender a necessidade de obter qualidade em vez de quantidade”.

Porém, defendeu que “o foco no segmento de luxo continua a criar um impasse”, pois “há muito que Macau se concentra em aumentar o número de visitantes para poder aumentar as receitas”, mas o modelo de negócio “vai contra a necessidade de aumentar as despesas por pessoa”.

Ben Lee alertou também para o facto de muitos turistas poderem, de facto, começar a optar por outros destinos com preços mais em conta. O analista defendeu que os jogadores de massas “não podem ser ignorados”, pois continuam a ser “o principal motor” do sector. “Os preços exorbitantes dos quartos de hotel podem constituir uma ‘barragem’ para o aumento de visitantes”, pois, conforme sugeriu, “os apostadores podem ir para outros locais de férias, como a Tailândia, se o preço não for bom”. Este país asiático “está a crescer e espera-se que ultrapasse Singapura em termos de receitas brutas”, numa altura em que os tailandeses trabalham na nova legislação sobre o jogo.

“Esperam aprovar a sua lei do jogo em Maio do próximo ano. Partindo do princípio que isso acontece, há três a cinco anos para construir um resort integrado ou empreendimento. Poderão estar a funcionar consideravelmente antes da abertura do Japão”, indicou Ben Lee.

Ainda em relação ao mercado de jogo na Ásia, o analista destacou que os apostadores asiáticos irão concentrar-se nos futuros mercados de jogo da Tailândia e Japão “enquanto aproveitam as actuais ofertas em Macau, Singapura e Filipinas”, escreveu o AGBrief.

Patuá | Antigo crioulo de Macau sobrevive em grupo de teatro que recusa contos de fadas

Proibido nas escolas pela administração portuguesa e confinado às casas macaenses, o patuá, crioulo de Macau, sobrevive hoje no palco, pelas mãos dos Dóçi Papiaçam. Contam histórias de escárnio, para fazer rir, e recusam contos de fadas.

Ainda José Carion Jr. era um miúdo, e o avô, vizinho no Largo da Companhia, centro de Macau, assomava à porta e gritava: “Vôs hóji ui-di janota, undi tá vai? Iou pensâ qui vôs tá vai caçâ a-mui” – numa tradução livre: “Estás muito janota, onde é que vais? Acho que vais à procura de namoradas”.

O patuá, crioulo de Macau, era então língua corrente na casa dos Carion, como acontecia, aliás, no lar de muitas famílias macaenses, nome dado a esta comunidade euro-asiática, com raízes em Macau, sendo a maioria dos membros lusodescendentes.

“O meu avô falava português, mas comunicava muitas vezes em patuá”, conta José, que veste uma ‘t-shirt’ da Liga dos Combatentes e tem ao pescoço um fio com uma “moeda comemorativa dos Descobrimentos”, comprada e mandada cortar em Lisboa, no Castelo de São Jorge. Ao lado, estão sentados o neto Hélio e a filha Paula.

No caso desta família, o patuá era utilizado também pela avó de José, chinesa que não falava português e que no crioulo encontrava manifestações da língua materna – ‘a-mui’, por exemplo, significa ‘menina’ em cantonês.

O patuá, estabelecido ao longo dos últimos 400 anos em Macau e derivado sobretudo da língua portuguesa – embora com outras influências, incluindo o concanim (Índia) ou o malaio – entrou em declínio devido à obrigação de aprendizagem do português nas escolas do território.

“Houve a adoção do português padrão como meio de comunicação entre as províncias ultramarinas. Nas escolas, proibia-se o patuá, porque era sinónimo de falar mal português, e isto pegou, ninguém gostaria de ser sujeito à chacota, estávamos num mundo em que falar bem português era sinal de estatuto”, lembra à Lusa Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses.

O patuá foi sobrevivendo entre quatro paredes e ainda hoje se fala à mesa dos Carion. Mas mais por casmurrice, confessam. Outras línguas cruzam os dias desta família: português, cantonês e inglês.

Agora é a vez de Paula Carion ‘botâ faladura’ (fazer uso da palavra): “Tento falar às vezes com o meu filho. Somos uma das famílias que tenta preservar o patuá, utilizando-o diariamente”, diz.

O único lugar onde esta língua suplanta todas as outras é mesmo no palco. Paula e José fazem parte do grupo de teatro Dóçi Papiaçam di Macau (doce linguajar de Macau), que através da sátira conta histórias da terra.

Os Dóçi nasceram em 1993, ano da morte do poeta e acérrimo defensor do patuá José dos Santos Ferreira. Senna Fernandes, hoje à frente do projeto, integrou o grupo desde o primeiro momento, quando subiu ao palco “Olâ Pisidénte” (Ver o Presidente), onde apresentaram a Mário Soares, de visita a Macau, as preocupações da comunidade macaense.

Passaram 31 anos, a maioria dos quais, 25, já após a criação da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), na sequência da transferência de administração do território para a China, em 1999.

“Com a RAEM, a língua fixou-se no palco, pelo facto de não ser utilizada como meio de comunicação normal”, nota Senna Fernandes, admitindo não saber quantas pessoas falam o crioulo, que atravessa atualmente um “estado mais dormente”.

O dramaturgo lembra as conquistas: as peças dos Dóçi começaram a integrar o cartaz do Festival de Artes de Macau em 1997 e, passados dez anos, subiram ao grande auditório do Centro Cultural, “de onde nunca mais saíram”. Em 2021, o teatro em patuá foi classificado património cultural imaterial pela China. E “o teatro não significa nada sem a língua”, diz, considerando esta uma homenagem ao próprio crioulo.

Mas o grupo foi apanhado de surpresa quando, este ano, pela primeira vez, as autoridades locais pediram o guião da peça antes desta estrear, dando a justificação, conta Senna Fernandes, de que é necessário para fazer a classificação etária do espetáculo.

“A alma do patuá é a capacidade de fazer rir”, frisa o macaense sobre o trabalho dos Dóçi que, ao longo dos anos, tocaram em temas como o sistema eleitoral – não existe sufrágio direto em Macau – ou a política restritiva durante a pandemia da covid-19.

Senna Fernandes espera que esta “não seja uma forma desvirtuada de exercer qualquer tipo de pressão”: “A partir do momento que começam a tirar isto ou aquilo, acabou. O que seria? Um teatro de contos de fadas? É o que se pretende? Pelo amor de Deus, eu não estaria aí para isto”, garante.

Já quanto ao futuro lugar do patuá, o macaense diz que não tem pretensões de fazer ressuscitar esta “estranha e bonita língua”. Antes fazê-la renascer e ser encarada pela juventude como “uma nova língua” a aprender, “despida do contexto sociocultural do passado”, ainda que parte inalienável da identidade macaense.

“É uma língua suscetível de abarcar a realidade moderna, (…) em que não existe uma lógica só de uma língua, mas uma lógica linguística que abarca outros elementos linguísticos. Isto tem muito a ver com os crioulos”, reflete.

Paula Carion admite que a produção de manuais e até a criação de cursos, nos níveis secundário ou superior, poderiam ser apostas locais.

“Iou já falâ, governo têm qui apoiâ. Nôm têm apoio, patuá já morê [“Já disse, o governo deve apoiar. Sem apoio, o patuá morre]”, sugere José. Paula responde que “apoio tamêm nôm sâm somente sapeca [não é apenas dinheiro]”, mas que são precisas mais pessoas a aprenderem a língua.

Há que trazer as novas gerações para o palco, todos concordam. Os Dóçi contaram este ano com novas apostas jovens e, além disso, também um teatro para crianças nasceu pelas mãos do encenador macaense Delfino Gabriel.

E Hélio, com quatro anos, mostra que o patuá pode mesmo ser para todos, ao cantar parte de uma música dos Dóçi, que também têm um coro: ‘”Sino-sino lôgo rapicâ/ Sâm Natal, Sâm Natal, Sâm Natal (Os sinos tocam/ É Natal, É Natal, É Natal).

Vistos | Residentes de Zhuhai com entradas facilitadas

O Conselho de Estado aprovou alargou as autorizações de entrada em Macau para residentes de Zhuhai que, a partir de 1 de Janeiro, podem visitar a RAEM uma vez por semana, com a duração da estadia até sete dias. Não serão impostos limites anuais ao número de vezes que o visto pode ser solicitado pelos moradores de Zhuhai.

Os objectivos da medida passam por consolidar a integração entre as regiões e o posicionamento de Macau como Centro Mundial de Turismo e Lazer. Também os titulares do registo de residência em Hengqin, ou de cartão de residência na zona, vão poder solicitar um visto sem limite semanal.

Minimaratona | Rosa Mota volta a ganhar em Macau

A portuguesa Rosa Mota repetiu ontem a vitória na minimaratona de Macau, aos 66 anos, no quarto triunfo da ex-campeã olímpica na distância. Rosa Mota já tinha vencido em 2018, 2019 e 2023 a minimaratona, de 6,3 quilómetros, prova que integra a Maratona Internacional de Macau.

O etíope Debele Fikadu Kebebe também repetiu a vitória do ano passado na maratona, com 02:12:16. Na prova feminina, a vitória foi da russa Alexandra Morozova, com 02:24:32.

Mandarim estimulado no ensino e cantonês com futuro incerto em Macau

O mandarim, falado pela maioria da população chinesa, é opção crescente do ensino em Macau. Não é só o futuro do cantonês, língua dominante no território, que está em causa, mas a cultura local, adverte uma linguista.

À hora do almoço, na Universidade Politécnica de Macau, ouvem-se grupos de estudantes a falar mandarim. Três alunos de doutoramento do interior da China dizem à Lusa que não estariam aqui hoje se o percurso académico fosse feito em cantonês, língua dominante em Macau.

“Seria um desafio, porque não entendo cantonês”, complementa Liu Tiantao, da província de Zhejiang, no leste chinês.

Actualmente, 70 por cento (39.080) dos estudantes a frequentarem o ensino superior local vêm do interior da China, apontam dados da Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ).

Nos “anos mais recentes”, tem chegado também “um número elevado” de professores do outro lado da fronteira, para leccionar nas universidades do território, indica a académica e presidente da Associação do Dialeto Yue (ou cantonês) de Macau, Tong Choi Lan.

E o mesmo acontece no ensino básico e secundário: “Na escola secundária [Hou] Kong, fala-se realmente mandarim, além de que há muitos alunos transfronteiriços [vivem no interior da China e atravessam a fronteira diariamente]. Quando passo pela escola ao meio-dia, ouço as crianças a comunicar em mandarim”, conta sobre a instituição de tradição patriótica.

Notando que as autoridades da Educação têm vindo a incentivar as escolas a usarem o mandarim para ensinar a disciplina de chinês desde cerca de 2011, a linguista refere que a maioria acabou por fazê-lo. Algumas, diz, optaram mesmo por adoptar o mandarim como língua veicular de ensino.

À Lusa, Chen Yiwen, professora de chinês na secundária de Talentos Anexa à Escola Hou Kong nota que o estabelecimento “utiliza o mandarim como meio de instrução”.

A lei da língua

Questionada pela Lusa sobre o assunto, a DSEDJ não respondeu quantas escolas leccionam actualmente a disciplina de chinês em mandarim, nem quantos professores do interior da China foram contratados pelos estabelecimentos educativos.

Os únicos dados disponíveis dizem respeito ao ano lectivo 2016/2017: 22 por cento das aulas de chinês no ensino primário e 26 por cento no ensino secundário eram dadas em mandarim, declararam as autoridades competentes em 2017, num programa da rádio chinesa da Teledifusão de Macau.

A ideia, referiu nesse mesmo ano a então directora da Educação, Leong Lai, é que “a taxa possa ser aumentada de forma estável”.

“As escolas de Macau podem escolher diferentes línguas de ensino, de acordo com as suas características escolares. A DSEDJ não obriga as escolas a utilizar o mandarim como meio de ensino da língua chinesa ou de outras disciplinas”, respondeu à Lusa aquela direcção.

A opção pelo mandarim no ensino, alerta Tong Choi Lan, pode vir a ter um forte impacto no próprio cantonês. “Se todas as escolas falarem mandarim, o cantonês vai alterar-se numa geração. Isto é do conhecimento geral da sociolinguística”, assume.

Leilão de candidatos presidenciais

A política é sem dúvida o refúgio de quem deseja ser poder, de quem pretende seguir uma carreira rentável, de quem aproveita o oportunismo e a ganância por dinheiro, de quem sobrevive com a corrupção, de quem afirma servir o povo sem sequer se preocupar com as suas dificuldades, de quem sonha em ser governante nacional, regional, deputado, eurodeputado e Presidente da República. É sobre este cargo que durante a semana passada não se falou em outra coisa nos canais televisivos e alguns jornais. De que modo? Falando de putativos candidatos ao cargo de Chefe do Estado.

Isto, quando teremos eleições presidenciais em Portugal só em 2026. A data é longínqua, mas os políticos com a enorme antecipação resolveram já iniciar toda a sua influência magistral nas mentes dos possíveis eleitores sobre o melhor candidato a suceder a Marcelo Rebelo de Sousa. Mais uma vez, assistimos a uma luta política, mais psicológica que prática, na tentativa de influenciar uma decisão futura do eleitorado.

Vejamos o inacreditável posicionamento das mais variadas fontes de informação sobre a matéria. Até ao momento, o cenário é quase caótico quanto aos nomes de possíveis candidatos ao cargo de Presidente da República. Para a praça pública já foram “atirados” os mais diversos nomes de personalidades conhecidas do eleitorado. António Guterres, Luís Marques Mendes, Rui Rio, Leonor Beleza, Pedro Passos Coelho, Rui Moreira, Pedro Santana Lopes, Carlos Moedas, Paulo Portas, José Pedro Aguiar-Branco, José Manuel Durão Barroso, António José Seguro, Mário Centeno, Carlos César, Augusto Santos Silva, Ana Gomes, António Filipe, António Vitorino, Marisa Martins, Henrique Gouveia e Melo e até André Ventura.

Afinal, o que leva a política a enveredar pelo lançamento de tantos nomes como candidatos a ocupantes do Palácio de Belém, se em análise profunda, se pode concluir que alguns dos nomes lançados não passam de políticos que se limitaram a desprezar o povo? Recordamos, por exemplo, o nome de Pedro Passos Coelho, que foi primeiro-ministro e que retirou benefícios aos pensionistas, que terminou com o subsídio de férias e de Natal e que levou a cabo uma política que desgostou a maioria dos portugueses. O que é que este senhor podia fazer no cargo de Presidente da República? Quanto a nós, nada. Ou simplesmente apoiar incondicionalmente um governo do Partido Social Democrata.

O que seria eleger Marques Mendes, um porta-voz de Cavaco Silva e de Luís Montenegro, que se tem limitado a exercer comentários na televisão mais díspares e disparatados com um único vector político, o da cor de quem ocupa actualmente o poder executivo. Para que serviria um Presidente chamado Mário Centeno, se teve a pouca vergonha de passar directamente de ministro das Finanças para o maior “tacho” que existe no nosso país, que é o cargo de Governador do Banco de Portugal.

Para quê lançar o nome de Carlos César, se no Partido Socialista existe uma facção quase maioritária preconceituosa relativamente a quem não é “doutor”. E nesse particular, justiça seja feita a Carlos César que sempre teve a humildade de esclarecer toda a gente que não é “doutor”. A que propósito Pedro Santana Lopes já admitiu que poderia vir a posicionar-se para eleições presidenciais? Se Pedro Santana Lopes foi o pior primeiro-ministro da história governamental em democracia e a sua passagem pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa está repleta de interrogações de índole obscura? Surpreendente é a nova vontade de Marcelo Rebelo de Sousa em indirectamente ter lançado o apoio a Carlos Moedas, depois de ter concedido apoio esporádico a Marques Mendes para andar na berlinda das presidenciais.

Carlos Moedas? Um engenheiro que na Câmara Municipal de Lisboa apenas tem degradado a cidade em vários aspectos e que nem sequer ainda apresentou – publica e juntamente com outros intervenientes, ditos investidores – as contas globais gastas no Encontro Internacional da Juventude, com a presença do Papa Francisco. Como é que alguém tem a ideia descabida de propor certos nomes para chefiarem a Nação e as Forças Armadas, num tempo muito especial, em que ainda é uma incógnita se a guerra na Ucrânia se estende à Europa.

Amigos leitores, o que apetece escrever é que se realize um leilão… é verdade, juntavam-se todos estes nomes numa taça de prata e leiloavam-se os candidatos e quem desse mais dinheiro pela escolha de um nome entre os nomes avançados, teria direito a anunciar o novo Presidente da República, mas, o dinheiro recolhido teria de ser entregue a uma instituição de caridade.

Obviamente que os leitores dirão que isto não passa de algo absurdo. Obviamente. Contudo, com a caricata atitude de certos fazedores da opinião pública em lançar para o ar os mais variados nomes de possíveis candidatos a Presidente da República, só nos resta fazer humor… Rir com tudo isto, para não chorarmos pelo ponto degradado a que chegou a política portuguesa.

Nova edição do “Salão de Outono” decorre a partir de dia 14

O “AFA Salão de Outono 2024” abre portas no próximo dia 14 de Dezembro, revelando uma série de obras de arte seleccionadas de artistas locais. A exposição ficará patente no The Parisian, sendo que no dia 14 serão também anunciados os vencedores do “Prémio de Arte da Fundação Oriente”.

Há 15 anos que a AFA – Art for All Society organiza o “Salão de Outono”, que tem como objectivos “criar uma plataforma entre os artistas de Macau e o público”, tendo sido recebidas mais de 250 submissões de peças individuais ou conjuntos de obras. Assim, com o apoio da Fundação Oriente e Sands China, esta edição do “Salão de Outuno” apresenta trabalhos de 113 artistas que irão exibir mais de 200 peças ou conjuntos, “mais do dobro em relação ao número das edições anteriores”.

Participam artistas como Carlos Sena Caires, também académico da Universidade de São José; David Luke Hartung; o arquitecto e fotógrafo Francisco Ricarte; Gui Jesus Carvalho; Lúcia Lemos, ex-directora da Creative Macau, Nyoman Suarnata, Yolanda Kog, Allen Wong, Wong Hio Chit, Si Tou Chak Sam, Nuno Calçada Bastos, António dos Santos Duarte Mil-Homens ou Joey Ho, entre tantos outros nomes bem conhecidos do mundo das artes locais.

Estes trabalhos são expostos em oito salas, representando-se diferentes meios artísticos, como a pintura a óleo, a aguarela, a pintura a tinta, a cerâmica e a escultura. Algumas salas apresentarão trabalhos em formato digital, como a fotografia, a modelação 3D, o vídeo ou a instalação, sendo que haverá salas com maior foco no estilo “Pop Art” e ilustrações digitais da autoria de artistas mais jovens, “dando-se início a um diálogo artístico entre gerações”.

Prémios e convidados

Destaque para o facto de, na lista dos artistas presentes, alguns deles terem sido convidados pela AFA para expor, nomeadamente Lok Kei, o arquitecto Carlos Marreiros; Ung Vai Meng, antigo presidente do Instituto Cultural; o designer Víctor Marreiros e ainda a escultora Cristina Rocha Leiria, conhecida pelo seu trabalho na estátua do Centro Ecuménico Kun Iam.

No que diz respeito ao “Prémio de Arte da Fundação Oriente”, no valor de 50 mil patacas, é aberto a artistas de qualquer nacionalidade com idades compreendidas entre os 18 e os 35 anos. O vencedor irá beneficiar de uma residência artística a realizar em Portugal durante um mês, “permitindo ao beneficiário criar, trocar ideias ou receber formação em instituições de arte públicas ou privadas”.

O vencedor do “Prémio de Arte da Fundação Oriente” do ano passado, o artista Wong Sio Heng, será apresentado no “Salão de Outono” deste ano na “Exposição em Exposição”.

Teatro D. Pedro V | Concerto com Zé Eduardo em quadra natalícia

O músico português Zé Eduardo, profundamente ligado ao jazz, será a figura de destaque numa série de espectáculos apresentados pelo Teatro D. Pedro V nos dias 21, 22, 24 e 25 de Dezembro, juntamente com o grupo “Jazz Mission Big Band”. A iniciativa é organizada pelo Instituto Cultural

 

O natal celebra-se este ano no Teatro D. Pedro V com a série de espectáculos intitulada “Jazz Up para o Natal no Teatro Dom Pedro V”, que decorrem nos dias 21, 22, 24 e 25 de Dezembro. Os protagonistas destes espectáculos são o músico Zé Eduardo, uma das maiores referências do jazz português, e o grupo “Jazz Mission Big Band”.

Segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), que promove os eventos, o público poderá desfrutar de noites que combinam “jazz, gastronomia e cultura portuguesa”, celebrando “o Natal no teatro e tendo uma experiência em ambiente cultural, artístico e festivo”.

Tanto Zé Eduardo como o grupo “Jazz Mission Big Band” irão partilhar o palco com as cantoras Marta Garrett e Sofia Rodrigues, apresentando-se “uma série de peças clássicas de jazz e canções de Natal”. O grupo é composto por “grandes artistas de jazz de Portugal e outros países europeus”, apresentando-se, nestes concertos, o “vigor majestoso da banda e o arranjo único das peças de Zé Eduardo”.

Senhor professor

O instrumentista e compositor Zé Eduardo é conhecido pela sua dedicação e pelo seu notável contributo para a educação e promoção da música jazz, tanto em Portugal como em Macau, onde tem colaborado com associações e grupos locais nos últimos anos.

O IC descreve que o artista orientou muitos dos principais músicos de jazz europeus, incluindo o premiado saxofonista Perico Sambeat, o qual também fará parte deste concerto. Zé Eduardo possui fortes laços com Macau, tendo participado no primeiro Festival Internacional de Jazz de Macau em 1979. Desde então, tem-se deslocado frequentemente a Macau para realizar iniciativas de promoção e educação na área do jazz, formando muitos músicos.

Os concertos no Teatro D. Pedro V serão ainda complementados por actuações das cantoras locais Amanda e Elisa Chan, bem como os instrumentistas Lam Chak Seng, Chan Hon Chong e Gregory Wong.

“Para além de evidenciar o elo cultural profundo entre Macau e os Países de Língua Portuguesa, este concerto propõe também mostrar os resultados do contributo de longo prazo de Zé Eduardo para a promoção do desenvolvimento da música jazz em Macau”, descreve a mesma nota.

Além da música, haverá lugar à promoção e descoberta da gastronomia portuguesa, pois antes de cada concerto, nas arcadas do teatro, será realizada uma recepção por um chefe de cozinha local especializado em gastronomia portuguesa, podendo o público, mediante apresentação de bilhete, saborear vários petiscos e bebidas tradicionais de Portugal e de Natal neste edifício neoclássico classificado Património Mundial. Os bilhetes para esta série de concertos estão à venda desde ontem e custam 250 patacas.

EUA | Pedida libertação imediata e incondicional de jornalista veterano condenado

Os Estados Unidos pediram no sábado a libertação imediata e incondicional do jornalista Dong Yuyu, condenado na China a sete anos de prisão por acusações de espionagem. “Apoiamos Dong e a sua família e pedimos a sua libertação imediata e incondicional”, destacou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em comunicado.

Um tribunal de Pequim condenou no sábado o veterano jornalista de 62 anos a sete anos de prisão sob a acusação de espionagem, segundo um comunicado da sua família citado pela agência Efe. Dong, antigo editor do jornal Guangming Daily, afiliado do Partido Comunista da China (PCC), foi detido em Fevereiro de 2022 após um encontro com um diplomata japonês na capital chinesa.

Miller elogiou o trabalho de Dong como jornalista e editor com vasta experiência, bem como as suas contribuições para os laços EUA-China. Segundo a família de Dong, não estiveram presentes durante a leitura da decisão, nem os seus advogados. Também não receberam nenhuma cópia da sentença.

Através de um comunicado, a presidente do Clube Nacional de Imprensa dos Estados Unidos, Emily Wilkins, afirmou que o tipo de actividades de que Dong Yuyu é acusado inclui falar com diplomatas da Embaixada do Japão em Pequim e almoçar com eles em locais públicos.

“Estas são actividades normais para os jornalistas e Dong interagiu com diplomatas ocidentais durante muitos anos sem se queixar”, frisou. Por esta razão, Wilkins instou o Governo do Japão a refutar imediatamente estas “acusações infundadas contra os seus diplomatas e a Embaixada onde trabalham”.

“Este caso parece ter todas as características de uma detenção arbitrária. Estamos a explorar a possibilidade de abrir um processo junto do Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre Detenção Arbitrária em nome de Dong Yuyu”, acrescentou.

Havai | Pequim “condena firmemente” escala de líder taiwanês

A China declarou ontem que “condena firmemente” a autorização concedida pelos EUA ao líder taiwanês, Lai Ching-te, para fazer escala no Havai, antes de uma digressão por ilhas do Pacífico.

Esta foi a primeira paragem da viagem que vai levar o líder taiwanês a países insulares do Pacífico que mantêm relações diplomáticas com Taipé e que William Lai apresentou como sendo a entrada numa “nova era democrática”, mas que suscitou a ira chinesa. Pequim considera Taiwan, governada autonomamente desde 1949, uma província chinesa.

“A China condena firmemente a organização pelos Estados Unidos do ‘trânsito’ de Lai Ching-te e apresentou um protesto solene junto dos Estados Unidos”, declarou um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês em comunicado.

“A China vai acompanhar de perto a evolução da situação e adoptar medidas resolutas e eficazes para salvaguardar a soberania nacional e a integridade territorial”, sublinhou. No Havai, Lai Ching-te foi recebido pelo governador estadual, Josh Green, e por Ingrid Larson, directora em Washington da representação norte-americana em Taipé.

O líder taiwanês deverá visitar as Ilhas Marshall, Tuvalu e Palau, as únicas nações da região entre os 12 aliados que reconhecem Taiwan.

Pequim disposta a cooperar na investigação a cargueiro suspeito de romper cabos

A China afirmou ontem estar disposta a cooperar na investigação sobre o potencial papel de um cargueiro chinês na ruptura de cabos submarinos no Mar Báltico, na sequência do pedido de cooperação feito pela Suécia.

A ruptura de dois cabos submarinos no Mar Báltico, a 17 e 18 de Novembro, é considerada como um possível acto de sabotagem. O navio chinês Yi Peng 3 está retido em águas internacionais perto da costa dinamarquesa, por suspeita de ser responsável pelo acto de sabotagem, que está a ser investigado pela Suécia.

Estocolmo quer que o graneleiro regresse às suas águas territoriais para ajudar na investigação. “A China está disposta a cooperar com os países envolvidos para apurar os factos e garantir que a verdade é revelada”, afirmou Mao Ning, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

“A China e a Suécia estão em estreita comunicação sobre esta questão”, sublinhou a porta-voz, durante uma conferência de imprensa regular.

Suspeito principal

Na quinta-feira, a Suécia enviou à China um pedido oficial de cooperação para “esclarecer” o papel do cargueiro chinês ancorado ao largo da sua costa.

“Ainda não se trata de uma acusação, mas há um desejo muito claro da parte da Suécia” de compreender exactamente o que aconteceu, disse o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, numa conferência de imprensa, na quinta-feira.

O Yi Peng 3, um navio graneleiro construído em 2001, navegava na zona dos cabos na altura em que estes foram cortados, de acordo com os portais de localização de navios, sem que nada o incriminasse até ao momento.

A marinha dinamarquesa e a guarda costeira sueca têm estado a vigiar o cargueiro, que está preso desde 19 de Novembro no estreito de Kattegat, entre a Suécia e a Dinamarca. Ao mesmo tempo, a Finlândia abriu um inquérito por “danos criminais agravados” e “interferência agravada nas telecomunicações” relativamente aos danos causados ao cabo germano -finlandês.

A Lituânia anunciou na quarta-feira a criação de uma equipa de investigação conjunta com a Suécia e a Finlândia, coordenada pela Eurojust, a agência de cooperação judiciária da União Europeia.

Actividade industrial aumenta pelo segundo mês consecutivo na China

Os resultados do sector da indústria transformadora são os melhores desde Abril e transmitem bons indicadores sobre o ambiente empresarial

 

A actividade da indústria transformadora da China aumentou em Novembro pelo segundo mês consecutivo, de acordo com o Índice de Gerentes de Compras (PMI) divulgado no sábado.

O PMI situou-se em 50,3 pontos em Novembro, contra 50,1 no mês anterior, e de acordo com as expectativas dos analistas, indicou o Gabinete Nacional de Estatística (NBS) chinês, referindo que é também o melhor valor desde Abril deste ano, quando atingiu 50,4.

Entre Maio e Setembro, o indicador não ultrapassou os 50 pontos: um valor acima desse montante representa um crescimento da actividade no sector, em comparação com o mês anterior, enquanto um valor abaixo desse limiar representa uma contracção.

Dos cinco subíndices que compõem o PMI da indústria transformadora, em Novembro, registaram-se aumentos na produção (52,4), nas encomendas (50,4) – esta é a principal medida da procura – e nos prazos de entrega (50,2).

As reservas de matérias-primas e o emprego situaram-se abaixo de 50 pontos. O funcionário estatístico da NBS, Zhao Qinghe, atribuiu a recuperação do PMI da indústria transformadora à “recuperação tanto da oferta como da procura” e à “melhoria do ambiente empresarial nas pequenas e médias empresas”.

“As expectativas do mercado são positivas. A maioria das empresas da indústria transformadora aumentou a confiança no mercado a longo prazo e está optimista quanto ao desenvolvimento da indústria”, afirmou.

Pequeno tropeção

O gabinete também divulgou no sábado o PMI do sector não transformador, que mede a actividade nos sectores dos serviços e da construção, e que se situou em 50 pontos, contra 50,2 em Outubro. A construção caiu de 50,4 para 49,7, enquanto o sector dos serviços manteve o mesmo valor do mês anterior (50,1).

O PMI composto, que inclui as indústrias transformadoras e não transformadoras, situou-se em 50,8 pontos, o mesmo valor de Outubro.

O Exílio Criativo de Mi Wanzhong

Wei Zhongxian (1588-1627), o famigerado eunuco da corte que dirigiu os destinos do Império durante o breve reino do diminuído imperador Tianqi (1620-27), tomou uma quantidade de decisões arbitrárias de consolidação do seu poder pessoal e ilegítimo que afectariam a vida de inúmeros súbditos.

Entre as centenas de prejudicados durante esse período de deterioração do poder Ming pelas acções de Wei Zhongxian, encontrou-se um funcionário oriundo de Pequim que estava destacado como inspector judicial na administração de Nanquim. Mi Wanzhong (1570-1628) viu-se obrigado a regressar à sua quinta nos arredores de Pequim.

Mas esse exílio obrigado tornar-se-ia uma oportunidade de estudo e reencontro com as raízes das artes do pincel, a caligrafia, a pintura e a poesia. Assumindo a antiga posição social do eremita retirado, que não era necessariamente um corte de relações interpessoais indo viver para as montanhas mas um estado de espírito, uma perspectiva sobre a sociedade, preservando a integridade moral e a vida simples fora das cidades.

Essa fértil via do eremita contou ao longo da História com diversos e notáveis exemplos como Sun Deng (activo entre 230-260) que desenvolveu o changxiao, o «assobio transcendental» e que era um diligente tocador do qin, o instrumento dos letrados, de onde «retirava oito notas a partir de um única corda», ou o poeta Tao Yuanming (365-427) que descreveu a utopia da Nascente das flores de pessegueiro. Assuntos, entre outros, que podiam ser debatidos em encontros desses literatos livres de compromissos oficiais, nas chamadas qingtan, as «puras conversações».

Mas para Mi Wanzhong esse reencontro fez-se logo a partir do seu próprio nome, Mi, em que reclamava uma ligação de parentesco com o egrégio pintor, poeta e calígrafo dos Song do Norte, Mi Fu (1051-1107). Tê-lo-ia em mente ao escolher Youshi, o «amigo das pedras» como um dos seus nomes de pincel.

Mi Wanzhong concebeu um desses desejados lugares de acolhimento de literatos no rolo horizontal Moradas de eremitas nas montanhas de Outono (tinta e cor sobre papel, 23,5 x 186,4 cm, no Instituto de Arte de Chicago). Na arte da caligrafia onde se pode perceber o carácter do autor, desenvolveu o seu estilo na complementaridade dos estilos de Yan Zhenqing (709-785) com a firmeza do traço que se aprecia nos textos gravados em pedras e ravinas, moya shike

. Num poema que escreveu alude à vida descontraída de um amigo que morava no Jardim para celebrar a falta de jeito, uma virtude para os eremitas eruditos que se queriam simples e não sofisticados. «Preguiçosamente deixa crescer ervas e trepadeiras no caminho para o seu portão,/ E não permite que rodas ou cascos estraguem o musgo antigo./ Porquê então esses pássaros escondidos tão agitados?/ Em cadências, através do bosque, ecoam os seus gritos: acaba de chegar um amigo para beber.»

Receitas do jogo caem 11,3% em Novembro

As receitas do jogo caíram 11,3 por cento em Novembro, face ao mês anterior, mas subiram 14,9 por cento em termos anuais, foi anunciado ontem. Os casinos arrecadaram 18,438 mil milhões de patacas em Novembro contra 20,787 mil milhões de patacas em Outubro, de acordo com dados da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ).

O valor em Outubro foi o mais alto registado desde Janeiro de 2020, quando as receitas dos casinos totalizaram 22,13 mil milhões de patacas. Desde o final de Janeiro de 2020 que a pandemia da covid-19 teve um impacto sem precedentes no sector dos casinos, motor da economia de Macau, com os impostos sobre as receitas desta indústria a financiarem a maioria do orçamento governamental.

Já em Novembro de 2023, os casinos registaram receitas de 16,043 mil milhões de patacas.

Em termos de receita bruta acumulada, os primeiros onze meses deste ano registaram um aumento de 26,8 por cento em relação ao ano anterior, com um total de 208,580 mil milhões de patacas contra 164,492 mil milhões de patacas entre Janeiro e Novembro de 2023.

Macau fechou o ano passado com receitas totais de 183,059 mil milhões de patacas, quatro vezes mais do que em 2022, depois de em Janeiro ter levantado todas as restrições à entrada de turistas, que vigoraram durante quase três anos, devido à covid-19.