Grande Baía | Sam Hou Fai termina périplo em Foshan

O Chefe do Executivo regressou a Macau na terça-feira à noite depois de um périplo de três dias por cidades da Grande Baía. Na última paragem, em Foshan, Sam Hou Fai sugeriu articulação entre a indústria de medicina tradicional chinesa de Foshan e as universidades de Macau, assim como a cooperação na chamada “economia prateada”

 

O líder do Governo regressou na terça-feira à noite a Macau depois de uma visita de três dia a cidades da Grande Baía, que culminou em Foshan, cidade vizinha da capital de província, onde reuniu com ao secretário do Comité Municipal de Foshan do Partido Comunista da China (PCC), Tang Yifeng.

Sam Hou Fai salientou as vantagens de combinar a “indústria da medicina tradicional chinesa de Foshan, em articulação “com os quadros qualificados de instituições de ensino superior de Macau e as capacidades em investigação científica”. Este nível de cooperação pode “elevar ainda mais a competitividade nuclear das respectivas indústrias dos dois territórios”, apontou.

Também ao nível dos cuidados para idosos, as duas cidades devem estabelecer pontes, na óptica do Chefe do Executivo. “Tendo em conta a procura dos idosos de Macau para passarem a velhice no Interior da China, podem-se potenciar as vantagens dos serviços integrados dos cuidados a idosos com os cuidados de saúde de Foshan”. As semelhanças de costumes e afinidade cultural entre as duas cidades foram também trunfos elencados pelo governante para a promoção da “economia prateada”.

A “forte indústria manufactureira” de Foshan é outro factor que Sam Hou Fai gostaria de aproveitar, tanto ao nível da cooperação indústria-universidade-investigação, unindo empresas da cidade chinesa a universidades de Macau, como aproveitando o papel de plataforma da RAEM para promover os produtos de Foshan nos países de língua portuguesa.

Sete estrelas

Antes da visita a Foshan, o Chefe do Executivo passou pela cidade mais a ocidente das que integram o projecto da Grande Baía: Zhaoqing. Aí, Sam Hou Fai agradeceu aos líderes políticos “o empenho na protecção, a longo prazo, da qualidade da água do Rio Xijiang, garantindo, de forma eficaz, a segurança da água potável para a população de Macau”.

O líder do Governo da RAEM destacou também o papel de Zhaoqing enquanto a “única ‘cidade-porta’ da Grande Baía que liga as regiões sudoeste e também um dos elos importantes para impulsionar o intercâmbio das culturas chinesa e do ocidente. Importa referir que Zhaoqing faz fronteira com a província de Guangxi.

Sam Hou Fai referiu que a cidade tem uma “rica tradição cultural” ligada à medicina tradicional chinesa, que Macau poderia ajudar a chegar aos mercados da União Europeia e países lusófonos.

O património ecológico e natural de Zhaoqing foi outro aspecto destacado pelo Chefe do Executivo como oportunidade para forma uma “sinergia de vantagens e desenvolver, em conjunto, rotas ‘premium’ de ‘uma viagem com vários destinos’”.

China-Portugal | Pavilhão em Chengdu mostra produtos portugueses

No empreendimento Euro-Asia National Commodity Pavillion, em Chengdu, estão instalados pavilhões destinados a países e empresários estrangeiros que querem estabelecer negócios na China. Portugal também lá está, representado pelo Pavilhão de Portugal, mas segundo o gestor Ângelo Sousa, faltam apoios do Governo português e força para combater a concorrência

 

“Para nós não há barreiras entre Portugal e a China. Estamos 365 dias cá e lá.” É desta forma que são apresentados os objectivos da equipa que está por detrás do Pavilhão de Portugal presente no Euro-Asia National Commodity Pavillion, em Chengdu, e que é gerido por dois sócios: Yinhui Tui e Ângelo Freitas de Sousa.

Os dois perceberam que a zona de Xangai tinha atingido um ponto de saturação no comércio de produtos e que era necessário ir mais para o interior do país tentar vender coisas tão portuguesas como o vinho, bacalhau ou azeite.

O HM conversou com Yinhui Tui sobre este projecto à margem de um almoço promovido, em Lisboa, pela Associação dos Amigos da Nova Rota da Seda, presidida por Fernanda Ilhéu. O evento serviu, precisamente, para Yinhui Tui apresentar os objectivos do Pavilhão de Portugal e tentar captar interesses empresariais.

“Trata-se de um mercado muito importante para os produtos portugueses. Na China separamos o país [em termos comerciais] em quatro mercados. Temos a região de Pequim e Xangai, que chamamos de ‘Yangtze River Economic Zone’, e a ‘Pearl River Economic Zone’. A quarta zona é composta pelas cidades de Chengdu e Chongqing e que se trata de uma nova área económica estabelecida em 2020. Os produtos portugueses têm bastante potencial nestes mercados”, referiu.

O empresário lembra que o marketing dos produtos portugueses está ainda aquém daquele que é feito por empresários franceses, espanhóis ou de outros países, mas que quando o comprador chinês descobre o vinho ou o azeite, fica surpreendido.

“Em Xangai, por exemplo, alguns clientes já têm a sua opinião formada sobre os produtos franceses ou australianos. Mas muitos acham que os produtos portugueses têm mais qualidade”, disse Yinhui Tui, referindo que na zona em que o Pavilhão de Portugal opera, na província de Sichuan, “as pessoas são um pouco mais conservadoras e preferem experimentar, provar e sentir antes de comprar”.

“O nosso pavilhão está junto ao pavilhão francês e muitas vezes vemos clientes a optar pelo vinho francês. Mas quando passam pelo nosso pavilhão, veem as nossas marcas e perguntam o que é que nós temos. Quando percebem que temos vinho mais barato em relação ao francês, ficam surpreendidos e dizem que é melhor, e aí compram.”

Este responsável explica que a população na quarta zona económica é de 130 milhões de pessoas, bem mais do que o número de pessoas a viver na Península Ibérica. “Daí achar que é um mercado com muito potencial”, frisou.

O papel da Lusosino

Yinhui Tui e Ângelo Freitas de Sousa criaram a Lusosino que funciona como a entidade gestora do pavilhão, que nasceu “com a intenção de promover os produtos portugueses no grande mercado da China”. Assim, existe um “showroom” de produtos bem portugueses, representando-se algumas marcas conhecidas como é o caso das bolachas Vieira, vinho Esporão, o sal Marnoto, as compotas Prisca ou a Vista Alegre, entre outras. É neste pavilhão que “os expositores exibem os melhores produtos, os compradores descobrem tendências e onde ambos encontram as condições para concretizar negócios”. De resto, a Lusosino, através deste pavilhão, ajuda empresários portugueses nas campanhas de marketing e na melhor forma de contactar potenciais clientes chineses.

Concretamente, a Lusosino promete realizar “registos de produtor e marcas, representação comercial, análise do mercado, apoio e preparação de viagens ao mercado, entre outros serviços”, lê-se no website.

Porém, e segundo contou Ângelo Freitas de Sousa ao HM, há muitos obstáculos para colocar produtos portugueses na China. “[A zona de Chengdu e Chongqing] tem a vantagem de ser um mercado em crescimento e que não está sobrecarregado de exportadores e não tem vícios como acontece na zona de Xangai. É um mercado com uma área muito grande e em que existem muitos produtores.” Por vícios, o empresário refere a “concorrência” de outros países e hábitos de compra dos clientes chineses, que mais depressa procuram produtos de outras nacionalidades do que de Portugal. “Há hábitos de certas marcas que estão implementadas e as pessoas já nem olham para outras, nem as experimentam.”

O projecto do Pavilhão de Portugal começou por uma ideia de Ângelo Ferreira de Sousa, que tem uma esposa chinesa que o ajuda no negócio. “Conheci o Yinhui Tui, ele gostava de produtos portugueses, ficámos amigos e depois acabámos por juntar energias”, referiu, explicando que o interior do país está ainda a conhecer os produtos estrangeiros, e não apenas portugueses.

“A zona de Xangai já não tem por onde crescer mais e esta é uma zona económica em crescimento. Há muitas fábricas que se estão a deslocar para Chengdu, pelo que haverá mais desenvolvimento”, adiantou.

Ausência de marketing

O empresário português lamenta que as autoridades portuguesas tenham dado pouco apoio ao projecto, à excepção de algum acompanhamento por parte da AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal.

“Todo o investimento foi feito por nós e não temos tido muito apoio. Tivemos alguma ajuda da AICEP, mas nada de especial. Nós é que fazemos feiras, os ‘showrooms’, para dar a provar e a conhecer os nossos produtos nas principais cidades”, disse Ângelo Ferreira de Sousa.

O empresário lamenta também que, apesar da relação de centenas de anos entre Portugal e a China, haja ainda falhas na estratégia comercial para a exportação de produtos portugueses no país. “Os espanhóis estão muito mais à frente do que nós”, exemplificou.

Relativamente ao papel de Macau como plataforma, o empresário diz que é igualmente difícil trazer produtos de Portugal para a China ou de Macau para a China, devido à falta de acordos aduaneiros e pouca flexibilidade.

“Não é por termos a ligação a Macau que eu consigo, por exemplo, colocar enchidos, bacalhau ou as conservas na China, ou ainda outros produtos portugueses. Para passar de Portugal para Macau é fácil, mas já não é tão fácil levar depois produtos portugueses de Macau para a China. Não temos conseguido fazer muita coisa através de Macau, mas também não temos procurado muito”, disse.

Na apresentação em Lisboa, Yinhui Tui adiantou alguns números que estão por detrás da construção do Euro-Asia National Commodity Pavillion, e que ajudam a compreender a sua dimensão: cerca de 70 mil milhões de euros de investimento e um espaço de 300 mil metros cúbicos. O Pavilhão de Portugal não faz apenas sessões de contactos ou feiras: se um empresário quiser lá deixar armazenadas toneladas de produtos, pode fazê-lo. Depois, o Pavilhão fica encarregue da distribuição por várias zonas da China. “No mercado do Sul, mais perto de Macau, já existe muita competição em algumas zonas, pelo que se deve apostar no Interior da China”, frisou Yinhui Tui, referindo-se ao potencial e ao factor novidade que existe em algumas zonas do país no tocante ao comércio.

Diálogos sobre autismo e deficiência até sexta-feira

Decorre esta semana, e até sexta-feira, uma nova edição do festival “INCLUSION”, que pretende alertar os participantes para as necessidades de pessoas com espectro do autismo, portadoras de deficiência e necessidades educativas especiais.

O evento arrancou segunda-feira com uma série de palestras proferidas por académicos e especialistas, sendo que hoje e amanhã decorre, entre as 12h e as 18h, a competição “Macau Golf Masters”, considerado o “maior torneio de golfe do mundo para pessoas em cenários de neurodiversidade”, que se realiza desde 2017. Esta prova já contou com a participação de 400 atletas com necessidades educativas especiais de 36 países.

Por fim, na sexta-feira o festival “INCLUSION” traz o evento “Let’s Go for Another Movie Together”, no empreendimento Studio City, entre as 15h e as 17h, em que os participantes irão assistir a filmes que recentemente foram sucessos de bilheteira no Studio City, com condições especialmente concebidas para pessoas com autismo e outras “sensibilidades sensoriais”.

Minorias com direitos

O grande objectivo do festival “INCLUSION” é ajudar a compreender espectros de comportamento como o autismo ou vários tipos de deficiência ou de doença mental, a fim de melhor incluir estas minorias na sociedade. O evento é organizado pela Associação de Beneficência dos Leitores da Revista Macau Business, em parceria com diversas entidades locais, e inclui a realização de um concurso internacional no campo das artes intitulado “Creating Something Out of Nothing” [Criando Algo do Nada], que já vai na sua décima edição.

José Carlos Matias, jornalista, vice-presidente da associação e director da revista Macau Business, afirmou, citado por uma nota oficial, que sente “orgulho” por “poderem criar plataformas que dão voz à criatividade e destacam os talentos extraordinários de indivíduos neurodiversos”.

Desassossego

Ninguém suporta o chilrear das aves matutinas quando a alba vem para começar o dia, que o dia acontece sempre, só a noite nos parece a primeira das nossas vidas, e estas que agora transpomos, de tão diminutas, até parecem traições.

Estamos no Solstício do Verão, e nós, os que envelhecemos, somos catapultados por uma energia exuberante que não sabemos seguir com o mesmo fulgor de outrora, que a abundância deste fluxo em vez de ressurreição provoca prostração. De facto, não existe ameaça maior do que tudo isto que se levanta em som, sensação, sentido e volúpia- nada se cala, esvazia, acalma, fenece – antes pelo contrário, tudo imite som, reproduz, replica, multiplica, e para os que aguardam a saída, tal exuberância pode ser demolidora.

«Viver é ser outro» in- Desassossego: mas que outro nos abastece daquilo que fôramos para sermos doravante? A isto ninguém responde. Somos outros sem dar conta que as coisas outrora amadas se esvaziam de sentido, e que temos ainda de atravessar o tempo carregados de outros que nos finitam até não sermos nada. Ao Verão e aos que virão, devemos olhá-los como luz do mundo, interpretar suas abundâncias, e não sucumbir ao domínio da esvaziante permanência.

– Ninguém se lembra de ter estado morto, mas lembramos bem o que foi estar vivo- Nós ficamos calcinados com o Livro do Desassossego, encantados e arrepiados até à alma, que todos nos reconhecemos naquele aluvião de coisas de extrema lucidez e absurdo, e há quem mergulhe ainda na dissolução final como naqueles filmes de Woody Allen quando parava a meio da ponte na corrida matinal com a frustrante sensação que mesmo em grande forma iria morrer. Para que serve então correr ou estar parado? É possível que somente um grande neurasténico saiba como produzir desistência e reflexão, e que tudo o mais seja uma realidade tão paralela quanto paralisante a ver pelos efeitos produzidos.

A impermanência do viver leva a longas reflexões que somente os mais permanentes ousam fazer, mas eles não são testemunhos da gregária existência da labuta para ultrapassar os estados abúlicos dos demais, que sem uma reserva de subtil escravatura nada saberiam transpor, e vamos desaguar na elaboração do que é necessário para se ser humano no meio desta perfilação- um estonteante grau de pensamento- que uma humanidade que se arrasta para manter viva a carcaça da sua existência, pilhando e sabotando tudo ao redor num primitivo receio de morrer de fome, essa, nunca experimentará tais deleites.

A fome tem sentidos vários, que a sua condição mais obscura se prepara para a fase canibal onde desassossegadamente já se vêem os Ogres do mundo abocanhando pedaços humanos para deitar nas lixeiras do desassombro todos aqueles que hão-de tragar. Mas tudo isto parece de uma finitude que estarrece, e o que assistimos é a uma euforia para acabar de vez com esferas de trepidação onde se irão extinguir todos os amanhãs que cantam. Este mal comum é tão paralisante que está em rota de colisão até com a necessidade.

«O coração, se pudesse pensar, pararia», eis Desassossego; e que mais? Se o cérebro pudesse sentir, pensaria; eis uma grata tarefa para órgãos desencontrados. Se pudéssemos adivinhar com o corpo seríamos captativos e premonitórios na linha de sucessão das fontes felizes, mas nem isso a vida nos deu para que possamos nos pacificar em solução e arte. Andamos constrangidos com o frenesim tribal e competimos como loucos por um lugar ao sol que se há-de apagar no grande inverno nuclear, e quando estivermos nas cavernas da História assistindo ao fim há muito programado de uma espécie apaixonante e louca, talvez aí, as lágrimas venham em nosso socorro. Agora somos apenas loucos, loucos a frio, a forma mais tenebrosa que consegue em sua pujança produzir monstros. É desarmante que tivéssemos construído este viveiro de trepidação com tanto desprezo formal perante as leis do amor, mas foi isto que fizemos. Uma amálgama de vidas que são delírio tremule, que dormem com os olhos abertos, têm deleites sarcásticos e feridos, e forjam martírios de que desconhecem as consequências.

A sustentabilidade é uma área muito vasta, e nenhum recurso ou fonte nos devolve a harmonia algures sonhada, e virá ainda um Sossego tão estarrecedor como foi o Desassossego desta inventada alegria.

Médio Oriente | Factos demonstram que via militar não traz paz

O Governo chinês afirmou ONTEM que “os factos demonstram que a via militar não traz a paz” ao Médio Oriente, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter anunciado um cessar-fogo e pedido às partes que o respeitem.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Guo Jiakun transmitiu ontem em conferência de imprensa a sua esperança de que “a paz seja alcançada o mais rápido possível” e afirmou que “o diálogo pacífico é o caminho correcto para resolver os problemas”.

“Exortamos as partes envolvidas a retomarem o caminho certo para uma solução política o mais rápido possível”, acrescentou o porta-voz, assegurando que a China “está disposta a colaborar com a comunidade internacional para envidar esforços para manter a paz e a estabilidade no Médio Oriente” e “não deseja que as tensões se intensifiquem”.

O Governo israelita, liderado pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, afirmou ontem num comunicado ter aceitado a proposta de Trump para um “cessar-fogo bilateral” com o Irão após alcançar os seus objectivos em 12 dias de guerra, mas alertou que Israel responderá “com firmeza” a qualquer violação deste acordo.

“Israel agradece ao Presidente Trump e aos Estados Unidos pelo seu apoio na defesa e pela sua participação na eliminação da ameaça nuclear iraniana”, lê-se no comunicado, em referência aos bombardeamentos norte-americanos perpetrados no domingo contra três instalações nucleares iranianas em Fordo, Natanz e Isfahan.

Ainda não está claro se a operação, criticada por Pequim, frustrou o programa de enriquecimento de urânio do Irão e a sua capacidade de construir armas nucleares.

Visita | Xi defende reforço da cooperação com Singapura

O Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu ontem o “fortalecimento da comunicação estratégica” com Singapura, durante um encontro com o primeiro-ministro da nação insular, Lawrence Wong, em Pequim.

Xi, que felicitou Wong pela vitória nas eleições parlamentares do mês passado, indicou que, “perante a actual situação internacional de mudanças interligadas e caos, a China está disposta a fortalecer a comunicação estratégica com Singapura”, de acordo com um comunicado difundido pela televisão estatal CCTV.

O líder chinês exortou ambas as partes a “estreitar os laços de cooperação, trabalhar em conjunto para enfrentar os desafios e gerar maiores benefícios para os povos de ambos os países”. Wong disse que “a importância das relações entre a China e Singapura é maior do que nunca numa situação mundial turbulenta”, de acordo com a CCTV.

“Podemos trabalhar juntos para construir relações bilaterais mais estreitas e fortalecer a cooperação no âmbito regional e multilateral, de forma a fortalecer o multilateralismo, proteger as normas e a ordem internacionais e beneficiar todos os países do mundo”, disse Wong, que escolheu a China como sua primeira viagem oficial internacional fora do Sudeste Asiático após as eleições de Maio.

Vitória incontestável

Wong ascendeu ao cargo de primeiro-ministro de Singapura em maio de 2024, quando o antecessor, Lee Hsien Loong, deixou o cargo após quase duas décadas no poder.

Nas eleições de Maio, o seu partido, o Partido de Acção Popular (PAP), que está no poder em Singapura há seis décadas, conseguiu travar a queda e travar a ascensão de uma oposição ainda reduzida, conquistando 87 dos 97 assentos no Parlamento.

A China mantém relações próximas com Singapura, para onde se estima que centenas de empresas chinesas se tenham mudado nos últimos anos, numa tentativa de evitar o impacto das tensões geopolíticas e comerciais entre Washington e Pequim. Singapura, que conta com um forte sistema regulatório e baixos impostos corporativos, revelou-se também a alternativa ideal a Hong Kong.

Academia anuncia candidaturas a apoios para cinema até 20 de Julho

Decorrem até ao dia 20 de Julho as candidaturas e submissão de projectos para a iniciativa “Acampamento Internacional de Cinema” (IFC, na sigla inglesa), promovida pela Academia Asiática de Prémios de Cinema e apoiada pela Sands China.

Segundo um comunicado, este “acampamento” pretende “formar a nova geração de cineastas asiáticos”, contando com apoios das autoridades locais e de Hong Kong, tendo o Shaw Studios como parceiro oficial de pós-produção.

O IFC decorre entre os dias 11 e 15 de Setembro e pretende ser “uma plataforma para jovens cineastas de Macau, Hong Kong e outras regiões asiáticas trocarem ideias e passarem a ter os conhecimentos e competências necessárias para criar longas-metragens e desenvolver carreiras na indústria cinematográfica”.

Em troca, o IFC promete trazer “profissionais veteranos do cinema asiático para dar orientação individualizada aos participantes”, sendo que através da realização de diversas masterclasses e debates, será realizado um diálogo sobre “criatividade e aspectos comerciais da indústria”.

Destaque para a presença, este ano, de John Chong, um conhecido cineasta de Hong Kong, que será o mentor principal deste “acampamento”, e que já realizou mais de 100 filmes, incluindo “Cloud Atlas”, “Don’t Go Breaking My Heart”, “Initial D” e a série “Infernal Affairs”.

16 finalistas

Para participar neste “acampamento”, os candidatos devem enviar um argumento original com o tema “O meu melhor amigo”, sendo estas submissões avaliadas por um painel liderado por John Chong. Desta fase irão sair 16 finalistas que participam depois num programa intensivo de cinco dias em Macau.

Neste “acampamento” inclui-se uma sessão de mentoria individual “com profissionais consagrados da indústria”, a participação em masterclasses e a apresentação do projecto. No final só haverá oito vencedores, que vão receber 300 mil dólares de Hong Kong em financiamento para o seu filme, podendo desta forma “concretizar a sua visão criativa e ter a oportunidade de exibir as suas curtas-metragens em festivais de cinema em todo o mundo”.

No ano passado, o IFC atraiu mais de 500 inscrições de toda a Ásia. Dos 16 participantes saíram oito vencedores, sendo que duas produções de Hong Kong financiadas no âmbito do IFC, de nome “Sweet, Sour and Bitter…” e “Once upon a time there was a Mountain”, tiveram a sua estreia mundial em Abril deste ano no 27.º Far East Film Festival em Udine, Itália.

Citado por uma nota de imprensa, Grant Chun, director-executivo da Sands China, declarou que “os filmes são o melhor meio para contar a história de uma cidade e a forma mais directa para promover o turismo cultural”. Pretende-se, com o IFC, tornar “Macau num epicentro para produções cinematográficas”, sendo que com a Academia Asiática de Prémios de Cinema [Asian Film Awards Academy] pretende-se aproveitar “a indústria cinematográfica de renome internacional de Hong Kong e a forte base e força dos talentos cinematográficos”, ajudando “a diversificar a economia de Macau e proporcionar um terreno fértil para o desenvolvimento da indústria cinematográfica de Macau”.

FRC | Vítor Carmona apresenta hoje “Demónios Portugueses”

A Fundação Rui Cunha volta hoje a acolher a apresentação de um livro de Vítor Carmona. Trata-se de “Demónios Portugueses – Catalunha 1794”, e que se segue à obra “A Campanha – Rossilhão 1793”, também apresentada em Macau. O livro de ficção, lançado em Portugal em Outubro do ano passado, aborda a verídica epopeia espanhola e portuguesa nos Pirenéus

 

Vítor Carmona, autor, está de novo em Macau para apresentar o seu mais recente livro, “Demónios Portugueses – Catalunha 1794”, com a chancela da Saída da Emergência, de Portugal. O evento de lançamento é acolhido pela Fundação Rui Cunha (FRC) e acontece hoje às 18h30.

A obra integra-se na saga sobre a “A Guerra dos Pirenéus”, também conhecida como a “Campanha do Rossilhão”, e que decorreu nos Pirenéus entre 1893 e 1795. Tratou-se de uma campanha militar em que Portugal se juntou a Espanha e ao Reino Unido contra a França. Assim, com mais um livro de ficção histórica, Vítor Carmona “recupera a memória histórica desta epopeia inspirada em factos reais”. Segundo a sinopse da obra, “a campanha de 1793 terminou com a chegada do Inverno aos Pirenéus Orientais”, sendo que “o Exército Auxiliar à Coroa Espanhola acantonou-se no inóspito Vallespir, tendo por companhia a fome, o frio e a doença”.

Era uma época em que os hospitais estavam “sobrelotados com centenas de soldados doentes e malnutridos”, sendo que as ordens eram “para aguentar, a todo o custo, a frágil e permeável linha de defesa, no flanco esquerdo do exército aliado, contra as incursões constantes dos temíveis ‘miquelets’, as tropas irregulares francesas”.

Depois, “a desunião e os conflitos no alto comando português agudizam-se com a continuação da campanha”, ocorrendo divisões no seio dos regimentos. O autor conta, em “Demónios Portugueses”, “a rivalidade entre os capitães Diogo Saraiva e António de Monte Cruz, que se acentua e dá início a uma guerra pessoal entre protagonistas, talvez mais mortal do que as armas inimigas”. Além disso, “uma jovem apaixonada por Diogo, e que o seguiu até à Catalunha, quer vingar-se dele”.

Lutas e paixões

O que os leitores podem encontrar em “Demónios Portugueses” é uma “trama rocambolesca” que vai sendo “tecida à margem do campo de batalha”, onde “os franceses procuram aniquilar o exército luso-espanhol” e “apenas os demónios portugueses (como lhes chamam os franceses) parecem ter a coragem e a determinação para os enfrentar”.

Vítor Carmona nasceu em 1973, em Lisboa. Licenciou-se em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada de Lisboa. Apaixonado por História, especialmente pelo período que vai da Revolução Francesa à epopeia napoleónica, criou, há dez anos, a Sociedade Napoleónica Portuguesa, um espaço de divulgação e discussão do universo napoleónico. Este é o seu segundo romance histórico, apresentado pelo próprio autor que se encontra de visita a Macau, depois de ter trazido o primeiro volume à Galeria da Fundação Rui Cunha em Agosto de 2024.

UPM | Empresa de investigação com prejuízo de 47 mil patacas

No ano de início de actividade, a Inovação Tecnológica da Universidade Politécnica de Macau (UPM) registou um prejuízo de 47,2 mil patacas. Contudo, a administração prevê lucros no corrente ano, devido a um contrato que pode atingir o valor de 640 mil patacas

 

Nos primeiros dois meses de operação, a Inovação Tecnológica da Universidade Politécnica de Macau (UPM) teve um prejuízo de 47,2 mil patacas. Os resultados da empresa de investigação da UPM de 2024 foram divulgados ontem, através do portal da Direcção dos Serviços da Supervisão e da Gestão dos Activos Públicos (DSSGAP).

Segundo o relatório anual de actividades, em dois meses de 2024 a empresa registou receitas de 10.522 patacas, sendo que a despesa atingiu 57.771 patacas, o que levou a um prejuízo final de 47.249 patacas.

A principal despesa, no valor de 55 mil patacas, prendeu-se com gastos com a contratação de “serviços profissionais. Além disso, houve despesas administrativas relacionadas com o pessoal da empresa de 2.771 patacas. “Uma vez que a empresa ainda se encontra na fase inicial de operações, as despesas prenderam-se essencialmente com as despesas para estabelecer e iniciar as operações”, foi explicado sobre os montantes gastos.

Apesar das perdas, Marcus Im Sio Kei, presidente do conselho de Administração da empresa e reitor da UPM, mostra-se confiante em relação ao futuro. “O ano de 2024 foi o de fundação da empresa. Apesar dos desafios iniciais, foram lançadas fundações sólidas para o desenvolvimento futuro”, justificou Im.

Perspectivas optimistas

O relatório deixa ainda uma mensagem optimista para o futuro, uma vez que no final de 2024 a empresa assinou um contrato de cooperação que se espera que possa gerar receitas de 640 mil patacas.

O documento não adianta pormenores sobre este contrato, como partes envolvidas, nem as condições variáveis que podem afectar as receitas. Contudo, o conselho de administração acredita que o novo projecto vai garantir que a empresa consegue obter lucros no final deste ano.

Em termos dos objectivos da empresa para o ano em curso, Marcus Im Sio Kei definiu o contributo para o desenvolvimento económico e social do território e a diversificação da economia. “Em 2025, a empresa vai desempenhar a sua actividade com base nos recursos académicos e a força inovadora da Universidade Politécnica de Macau e focar-se no desenvolvimento tecnológico para alcançar os dois objectivos de contribuir para o desenvolvimento económico e social e injectar uma nova vitalidade à diversificação económica de Macau”, é apontado.

A Inovação Tecnológica da Universidade Politécnica de Macau (UPM) é detida a 100 por cento pela UPM e tem um capital social de 200 mil patacas.

A empresa foi criada no final do ano passado para desenvolver “actividades nas áreas de investigação profissional, serviços profissionais, inovação tecnológica, científica e educação contínua”. Os serviços disponibilizados incluem ainda actividades de “consultoria, aconselhamento, transferência de tecnologia e assistência”, “gestão de financiamento comercial em outras empresas, testes de engenharia” e “disponibilização de cursos de formação”.

Estreito de Ormuz | Encerramento pode fazer disparar inflação

O presidente da Associação da União dos Fornecedores de Macau, Ip Sio Man, avisa que em caso de bloqueio o impacto deve começar a ser sentido dentro de dois a três meses. Alguns preços podem subir até 10 por cento

 

A possibilidade de o Irão avançar com o encerramento do Estreito de Ormuz pode fazer disparar a inflação em Macau. O cenário foi traçado pelo presidente da Associação da União dos Fornecedores de Macau, Ip Sio Man, em declarações ao jornal Ou Mun.

Após os bombardeamentos norte-americanos e israelitas contra o Irão foi adiantada a possibilidade de o país encerrar o Estreito de Ormuz. Ip Sio Man reconheceu que os efeitos negativos do encerramento vão afectar a RAEM ao nível dos preços dos bens de consumo e que deverão começar a sentir-se mais intensamente cerca de dois a três meses após o bloqueio.

O presidente da associação estimou que o encerramento vai levar ao “aumento inevitável dos preços” de cerca de 5 a 10 por cento. O crescimento dos preços vai demorar cerca de dois a três meses a fazer-se sentir, porque muitos dos importadores e distribuidores têm reservas dos produtos que podem vir a ser afectados, pelo que podem ser vendido aos preços actuais. No entanto, quando forem importados novos produtos mais caros, os preços em Macau também vão reflectir esse aumento.

Ip Sio Man também indicou que depois do início da guerra entre Israel, os EUA e o Irão, o custo dos seguros para o transporte marítimo aumentou 50 por cento. Os preços do petróleo subiram cerca de seis por cento.

O presidente da associação indicou ainda que com o bloqueio do Estreito de Ormuz, o transporte marítimo que actualmente demora três meses vai passar a demorar quatro a cinco meses. Face a esse cenário, Ip acredita que o impacto a nível do transporte de mercadorias entre e Ásia e a Europa vai ser semelhante ao que aconteceu durante a pandemia.

China mais protegida

Apesar do panorama negativo, Ip Sio Man destacou ainda que a China está mais bem preparada para enfrentar o impacto do que regiões como o Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Macau ou outras do Sudeste Asiático.

O presidente destacou que o transporte ferroviário entre a China e a Europa pode ser uma alternativa para o transporte de alguns produtos e que actualmente já é utilizado para bens mais consumidos pela classe média-alta, como vinhos, licores, produtos lácteos, doces, chocolates e bolachas.

Uma área em que Macau deverá sofrer pouco impacto é ao nível dos bens de primeira necessidade, como cereais, óleo alimentar e outros alimentos, dado que estes produtos têm como origem o Interior da China e os países do Sudeste Asiático.

O artigo do jornal Ou Mun cita também um fornecedor anónimo que indica que a Europa não é uma fonte de importações em Macau e que por isso o impacto não deve ser muito sentido. A mesma fonte anónima indicou que desde a pandemia, Macau começou a diversificar o destino de origem das importações, procurando alternativas no sudeste Asiático.

Este fornecedor indicou ainda esperar um impacto moderado a nível da inflação, porque o consumo no Interior da China está em retracção, devido à crise do emprego no outro lado da fronteira.

GP Consumo | Receitas de mais de mil milhões

O Governo indicou ontem que a última edição do “Grande prémio para o consumo nas zonas comunitárias 2025” gerou receitas de 1,04 mil milhões de patacas para os cerca de 20 mil comerciantes participantes na iniciativa.

No total, durante o evento foram gerados cupões de desconto no valor de 290 milhões de patacas, dos quais perto de 250 milhões de patacas foram efectivamente gastos.

Os números foram avançados ontem durante a cerimónia de encerramento e o sorteio final do grande prémio para o consumo. A novidade desta ronda foi o desconto directo de 300 patacas em cartões Macau Pass para idosos, que terá gerado um consumo associado de cerca de 62 milhões de patacas.

Segundo a Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico, as empresas beneficiárias da medida abrangeram diferentes sectores, como o sector retalhista (que representou cerca de 61 por cento), o sector da restauração (29 por cento) e o sector dos serviços e outros sectores (cerca de 10 por cento).

Celebrado novo acordo para mandar matérias inertes para o Interior

O Governo de Macau e Ministério da Ecologia e Meio Ambiente do Interior assinaram um acordo para a RAEM enviar para o outro lado da fronteira os materiais inertes que resultam das obras de construção. Os detalhes do acordo, como a duração e os eventuais pagamentos da RAEM, não foram revelados no comunicado de ontem do Gabinete do secretário para os Transportes e Obras Públicas, que também não indicou a data em que foi assinado o acordo.

O documento assinado pelas duas partes tem como nome “Acordo de Cooperação para os Trabalhos de Gestão da Disposição de Materiais Inertes Resultantes de Demolições e Construções de Macau nas áreas marítimas do Interior da China” e foi justificado com “as necessidades urgentes de tratamento de materiais inertes resultantes de demolições e construções de Macau”.

Embora não se conheçam detalhes, foi indicado que o acordo resultou num “mecanismo eficiente de longo prazo para a disposição de materiais inertes resultantes de demolições e construções da RAEM nas áreas marítimas do Interior da China”. É ainda indicado que o envio de materiais inertes tem de respeitar “as normas nacionais”.

Limites atingidos

O acordo foi justificado com as obras de construção da Linha Leste do Metro Ligeiro, e a utilização de máquinas perfuradoras que vão atingir profundidades superiores a 40 metros abaixo da superfície do mar.

“Considerando que os solos a escavar com este tipo de perfuradora provêm das profundezas do subsolo e têm uma composição relativamente simples, e tendo também em conta que o único Aterro para Resíduos de Materiais de Construção existente em Macau já se encontra saturado, surge o problema do destino a dar aos solos resultantes das escavações”, foi indicado.

“Se este problema não for resolvido o mais rapidamente possível, terá um impacto sério no progresso dos principais projectos de infra-estruturas de subsistência de Macau”, foi explicado.

“Assim, os materiais inertes resultantes de demolições e construções de Macau que satisfaçam os requisitos nacionais (incluindo os solos produzidos por máquina perfuradora de túneis e os solos moles) serão tratados nas áreas marítimas do Interior da China”, foi acrescentado.

Eleicões | Wong Wai Man definitivamente excluído

O presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa confirmou ontem o afastamento definitivo da lista de Wong Wai Man, após o activista, conhecido como ‘capitão Macau’, não ter recorrido da exclusão

 

“Não recebemos até agora qualquer recurso ou informação sobre qualquer recurso”, disse ontem numa conferência de imprensa o juiz Seng Ioi Man, que preside à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL).

De acordo com a cronologia do processo eleitoral, Wong Wai Man tinha apenas um dia para recorrer, para o Tribunal de Última Instância (TUI), da rejeição da candidatura, decisão anunciada pela CAEAL em 16 de Junho. O TUI teria depois cinco dias, até domingo passado, para tomar uma “decisão definitiva” sobre a exclusão.

Em 10 de Junho, a CAEAL deu a Wong Wai Man dois dias para recolher pelo menos 78 assinaturas em apoio à sua candidatura. Isto depois da comissão decidir que, das 395 assinaturas submetidas pelo activista, apenas 222 eram válidas. As candidaturas à AL devem ser apresentadas com o apoio mínimo de 300 eleitores. “A maior parte das assinaturas não era de eleitores que reúnem as condições, também há repetição de subscritores e assinaturas que não correspondem à do documento de identidade”, disse Seng Ioi Man em 16 de Junho, notando ainda problemas com o logótipo da lista Ajuda Mútua Grassroots.

No dia seguinte, Wong Wai Man, também presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço, acusou as autoridades de perseguição política, disse que esteve detido entre 11 e 16 de Junho e rejeitou as acusações de corrupção eleitoral e exploração ilícita de jogo.

Espaço reduzido

A 14 de Junho, o Juízo de Instrução Criminal aplicou medidas de coação a cinco indivíduos, alegadamente por terem pagado subornos para obter o apoio a listas candidatas à Assembleia Legislativas ou por terem falsificado assinaturas.

Wong Wai Man, também conhecido como “Soldado de Mao” por aparecer frequentemente com um uniforme verde e uma mala com o rosto do antigo líder chinês Mao Zedong, garantiu não ter dinheiro para pagar subornos.

O presidente da CAEAL, Seng Ioi Man, disse ontem que não pediu nem irá solicitar informações ao Comissariado Contra a Corrupção, porque a investigação ainda está “sob segredo de justiça”. Estas serão as primeiras eleições após a exclusão, em 2021, de cinco listas e 21 candidatos, 15 dos quais pró-democracia, por “não defenderem a Lei Básica” e não serem “fiéis à RAEM “.

A comissão eleitoral validou oito pedidos de candidatura por sufrágio directo à AL, menos do que os 19 registados inicialmente nas anteriores eleições, em 2021. Trinta e três deputados integram a AL, sendo que 14 são eleitos por sufrágio directo, 12 por sufrágio indirecto, através de associações, e sete são nomeados pelo Chefe do Executivo.

Hengqin | Sam Hou Fai quer complementaridade com Nansha

O Chefe do Executivo espera que Guangzhou e Macau possam fortificar o desenvolvimento conjunto de Nansha e Hengqin, complementando-se mutuamente e, usando as suas vantagens próprias, desempenhar bem as funções de cidades centrais do projecto da Grande Baía.

O desejo de Sam Hou Fai foi expresso em mais um périplo do governante pelas cidades da Grande Baía, desta feita na capital da província, Guangzhou. Nansha é um distrito da capital de Guangdong onde se situa o principal porto da cidade, uma zona industrial e de desenvolvimento tecnológico.

Sem mencionar como se articularia a complementaridade entre a zona de cooperação aprofundada na Ilha da Montanha e Nansha, Sam Hou Fai relembrou que “o Governo da RAEM está a implementar e concretizar o espírito do importante discurso do Presidente Xi Jinping, proferido aquando da visita a Macau, incluindo executar bem e concretizar o projecto de construção da Ilha Hengqin”.

Num encontro na segunda-feira à tarde com o secretário do Comité Municipal do Partido Comunista da China de Guangzhou, Guo Yonghang, o Chefe do Executivo defendeu que as duas cidades devem colaborar mais na área do desporto, aproveitando a oportunidade de Guangdong, Hong Kong e Macau co-organizarem a 15.ª edição dos Jogos Nacionais.

Esta é a segunda ronda de visitas de comitivas governamentais da RAEM, lideradas por Sam Hou Fai, a cidades da Grande Baía em menos de dois meses.

Economia | Académico defende mudança estrutural

Samuel Tong, presidente do Instituto de Gestão de Macau, defendeu, num artigo de opinião publicado no jornal Ou Mun, que deveria haver uma mudança estrutural na economia, tendo em conta a lenta recuperação do sector.

Na sua opinião, todos os sectores económicos têm de ser flexíveis, no sentido de se poderem adaptar a novos cenários e tendências. No referido artigo, Samuel Tong lembrou que a elevada dependência económica do jogo e do turismo mostrou as vulnerabilidades da economia, sendo que o ajuste nos casinos-satélite, com o seu encerramento, pode trazer um desenvolvimento mais sustentável ao sector do jogo, elevando a concorrência na área do turismo.

Relativamente ao futuro da zona do ZAPE, cujo comércio poderá sofrer um grande impacto com o fecho dos casinos-satélite, Samuel Tong disse existirem condições para criar uma zona pedonal como existe em tantos outros países e regiões, incluindo China, Taiwan, Japão e Coreia do Sul.

Por esta razão, Samuel Tong sugere que os comerciantes que trabalham no ZAPE devem abraçar esta fase de mudança em prol de uma transformação tendo em conta a liderança e políticas adoptadas pelo Governo.

Função Pública | Pedida revisão de controlo da assiduidade

Nick Lei sugeriu ao Governo a instalação de sistemas de reconhecimento de identidade para reforçar o registo de assiduidade e faltas de funcionários públicos. O deputado pediu o aumento da fiscalização na sequência de um relatório do CCAC relativo ao ano passado, onde foram identificados casos de falsificação de presenças

 

O último relatório da Comissariado Contra a Corrupção (CCAC), relativo ao ano passado, revelou o aumento de queixas em relação a 2023, casos de abuso do sistema de registo de assiduidade e faltas entre funcionários da administração, com particular destaque para os casos mais gritantes envolvendo o Corpo de Polícia de Segurança Pública e os Serviços de Alfândega.

As conclusões do CCAC foram alvo de uma interpelação escrita de Nick Lei, divulgada ontem, que vincou uma posição de maior controlo dos serviços públicos nos mecanismos de registo de assiduidade e faltas. O deputado ligado à comunidade de Fujian pergunta ao Governo se vai fazer “uma análise exaustiva dos actuais métodos de registo de assiduidade dos vários serviços públicos”. Além disso, sugere a actualização do equipamento de registo de assiduidade, através de sistemas de reconhecimento de identidade, para eliminar irregularidades.

O deputado argumenta que o CCAC demonstrou que entre as forças de segurança há quem se “aproveite das suas posições”, “saindo frequentemente durante o serviço e mesmo abandonando o território”. Nick Lei não esqueceu também o papel de médicos na obtenção de justificações falsas para longas ausências do serviço, ou as situações em que “alguns funcionários públicos marcavam o ponto uns pelos outros”.

O legislador argumenta que “estas violações não só prejudicam o Estado de Direito em Macau, como também afectam a confiança da sociedade na governação do Executivo”.

Diabo nos detalhes

Nick Lei lembra que o relatório do CCAC realçou o trabalho realizado para aumentar a consciência da população e funcionários públicos em relação à promoção de condutas integras e honestas. No ano passado, foram realizadas 622 palestras, seminários, workshops de formação e actividades de vários tipos, com 41.901 participantes, entre funcionários públicos, instituições públicas e privadas e estudantes.

No entanto, o CCAC revelou o aumento das infracções à disciplina e à lei cometidas por funcionários públicos. Como tal, o deputado pergunta se o Governo irá avaliar a eficácia destas acções.

Outra área em que Nick Lei gostaria de ver melhorias, é nos próprios relatórios do CCAC. O deputado indica que o organismo deixou de especificar, a partir de 2018, estatísticas pormenorizadas sobre os serviços públicos alvos de queixas. O deputado sugeriu que o CCAC volte a detalhar os serviços públicos alvos de queixas “para que o público possa conhecer os problemas de cada área funcional e facilitar a fiscalização conjunta da sociedade”.

Coloane | Filipe Afonso lança obra que destaca importância de casas de palafitas

O mais recente livro de Filipe Afonso, coordenador do curso de arquitectura da Universidade de São José, olha para um modelo habitacional em risco de desaparecer, mas que pode ser visto em Coloane, ou em antigas zonas piscatórias de Hong Kong. “Coloane Grammar” apresenta soluções alternativas para o reaproveitamento destas casas e a sua classificação como património

 

Pegando na ideia de gramática que dá nome ao livro, quais os principais termos ou conceitos em torno de Coloane, da sua tradição e preservação, que pode enumerar?

A “gramática” do livro introduz o conceito de arquitectura vernacular, que reflecte o conhecimento da construção informal, local, e a identidade marítima desta comunidade de Coloane. Aborda o património em risco, ao propor um método de catalogação das casas existentes, método esse digital, que estabelece um diálogo entre tradição e modernidade para preservar esta paisagem cultural.

Que propostas concretas são sugeridas no livro para a protecção e preservação das palafitas de Coloane?

O livro propõe (indirectamente) a classificação das palafitas como património para lhes conferir protecção legal. Ao catalogar as palafitas existentes, o livro contribui para preservar a memória deste tipo de arquitectura e para uma discussão mais vasta sobre a sua possível protecção.

Como se poderiam reaproveitar as palafitas tendo em conta esses modos de vida específicos e a diversificação económica que o Governo quer atingir?

As palafitas poderiam ser reaproveitadas para turismo de experiência, ou centros de interpretação cultural, valorizando a história local. Podem ser transformadas em espaços criativos e artísticos ou na realidade propor novas construções em madeira ao longo da linha de água, com diversos usos e que possam gerar valor para a comunidade de Coloane, contribuindo para a diversificação cultural e económica de Macau.

Porquê abordar Coloane e as palafitas? Como surgiu este projecto?

Coloane e as palafitas foram abordadas pela sua singularidade arquitectónica e cultural, representando uma memória e identidade ameaçada de Macau. Este património em risco tem um potencial de valorização significativo. O projecto surgiu também da lacuna de conhecimento científico sobre estas estruturas e da necessidade urgente de as documentar, consolidando-se como uma investigação académico-científica.

No contexto asiático ou do Sudeste Asiático, as palafitas de Coloane são ou não caso único em termos arquitectónicos?

As construções sobre a água são comuns em vários países Asiáticos, as palafitas de Coloane não são um caso único em termos de existência. Veja-se o exemplo, em Hong Kong, da conhecida aldeia de Tai O, mas são singulares no seu contexto específico. A sua arquitectura é o reflexo de influências regionais e materiais locais, adaptada à história da evolução da comunidade piscatória de Coloane e ao desenvolvimento de Macau. O seu valor reside na sua linguagem arquitectónica particular e na sua persistência num ambiente urbano em rápida transformação.

Qual a história por detrás do surgimento das palafitas? Está associada aos relatos de pirataria em Coloane, por exemplo, que remetem até ao início do século XX?

As palafitas surgiram como uma solução prática e funcional para o modo de vida relacionado com o mar, permitindo acesso ao mar, protecção contra as marés e uso eficiente do espaço em áreas costeiras. Os relatos de pirataria em Coloane não foram a causa directa do seu surgimento. As palafitas são, essencialmente, a resposta de uma arquitectura informal das comunidades locais em se adaptar ao ambiente marítimo.

Ideia de museu sobre as palafitas de Coloane parada desde 2017

A necessidade de preservação das palafitas de Coloane não é uma ideia recente. Entre 2017 e 2018, a Direcção dos Serviços de Turismo propôs a criação de um museu inteiramente dedicado a contar a histórias destas habitações dispostas na Rua dos Navegantes, mas o projecto foi sendo adiado por questões legais.

Em 2018, o Jornal Tribuna de Macau (JTM) publicou um artigo onde se referia, precisamente, a ausência de “fundamentos legais” para a construção de novas infra-estruturas na área marítima de Macau, algo que mudou, entretanto, tendo em conta que a RAEM passou, a partir de 2018, a incluir na sua jurisdição a gestão de 85 quilómetros quadrados de zonas marítimas.

Só no ano passado terminou o processo de consulta pública relativo aos planos do Executivo para a criação de um “Zoneamento Marítimo Funcional”, “Plano das Áreas Marítimas” e demais leis conexas, não existindo ainda uma decisão concreta sobre aquilo que será feito sobre as palafitas. Tanto o zoneamento como o plano serão definidos para um período temporal até 2040.

Um dos objectivos do Executivo é a preservação ambiental e ecológica, bem como de certas vivências da população. Um dos pontos do relatório da consulta pública fala em “optimizar as modalidades de exploração oceânica de acordo com as necessidades de desenvolvimento de Macau; coordenar o uso do mar no âmbito de produção, vida quotidiana da população e ecologia” e realizar “usos do mar intensivos e economizadores para concretizar a alocação racional dos recursos das áreas marítimas”.

Em 2018, segundo o JTM, a DST garantiu que seria necessário “aguardar pela divulgação da Lei de Bases da Área Marítima e do Regulamento Administrativo sobre a Administração da Utilização das Zonas Marítimas” e só depois se poderia pensar na planificação do museu. O HM questionou a DST sobre esta matéria, não tendo, até ao fecho desta edição, obtido novos esclarecimentos.

Um desenvolvimento gradual

Numa dissertação de mestrado em Arquitectura, defendida em 2023 na Universidade de Coimbra, Ana Rita Rodrigues fez o estudo da “Evolução do Território de Macau – Aterros e Desenho Urbano nas Ilhas de Taipa e Coloane”, tendo concluído que “a ocupação portuguesa nas ilhas de Taipa e Coloane trouxe melhorias na infra-estrutura, segurança e organização das vilas”. No final do século XIX, “já existiam, nas ilhas, escolas, hospitais e infra-estruturas básicas, promovendo o crescimento económico da região”.

Referindo a existência das palafitas “usadas para a construção de barcos de pesca e habitação para os pescadores, naturalmente viradas para o rio”, numa zona de Coloane composta “por habitações precárias de um ou dois andares, ao contrário do tipo de habitação comum encontrada em Taipa ou Macau, que era mais voltada para o desenvolvimento em altura”.

A autora destaca ainda que o “desenvolvimento foi mais lento” em Coloane, bem como a ausência, em ambas as ilhas, de “um plano geral unificado e a necessidade de melhor planeamento urbano para garantir um ambiente coeso e sustentável”.

NATO / Defesa | EUA insistem no aumento de 5% para todos os aliados

Os Estados Unidos insistiram ontem que o compromisso de aumentar para 5% os gastos com Defesa diz respeito a todos os países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), reunidos em cimeira em Haia.

“Graças à liderança do Presidente [norte-americano] Donald Trump, a NATO está a caminho de alcançar um compromisso histórico, em que cada aliado se compromete a gastar pelo menos 5 por cento do seu PIB em defesa”, afirmou o embaixador dos Estados Unidos junto da Aliança Atlântica, Matthew Whitaker, frisando que “todos” terão de mostrar “progressos significativos” nos seus orçamentos para o sector.

Sobre os prazos para atingir a meta, Whitaker evitou avançar uma data, embora tenha reiterado que “não há um prazo ilimitado”, pelo que espera um “crescimento significativo e incrível dos aliados e dos seus orçamentos de defesa ano após ano”.

Nesse sentido, acrescentou que isso é determinado pelas ameaças à segurança que o bloco militar enfrenta e não pelas exigências de Trump ou do secretário-geral da NATO, Mark Rutte. “Os nossos adversários não vão esperar que estejamos preparados”, advertiu.

Desta forma, Whitaker reiterou que o Presidente norte-americano pede “um plano claro e credível” para atingir 5 por cento de investimento em defesa para “toda” a NATO. Para Whitaker, a situação de segurança exige que os parceiros europeus dêem passos em frente para reforçar o laço transatlântico, pelo que reiterou que a questão das despesas continuará na agenda de Washington.

“Esperaria que os aliados se mostrassem ainda mais vigilantes na hora de exigir responsabilidades uns aos outros pelos progressos realizados ano após ano”, referiu Whitaker, sem nunca mencionar o acordo alcançado domingo pelo presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez, e por Rutte, para dar mais flexibilidade a Madrid na sua trajectória de gastos.

Nobel da Paz | Paquistão critica Trump por atacar Irão

O Paquistão condenou o Presidente norte-americano, Donald Trump, por bombardear o Irão, menos de 24 horas depois de ter dito que merecia o Nobel da Paz por ter resolvido a recente crise com a Índia.

As relações entre os dois países do sul da Ásia agravaram-se após um massacre de turistas na Caxemira indiana, em Abril, com os dois países a atacarem-se até negociações lideradas por Washington terem resultado numa trégua atribuída a Trump.

Foi a “intervenção diplomática decisiva e liderança fulcral” de Trump que o Paquistão elogiou numa mensagem efusiva no sábado à noite, quando anunciou a recomendação formal para que recebesse o Prémio Nobel da Paz,

Menos de 24 horas depois, porém, condenou os Estados Unidos por terem atacado o Irão, afirmando que os ataques “constituíam uma grave violação do direito internacional” e dos estatutos da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA).

O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, num telefonema no domingo com o Presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, manifestou a preocupação por os bombardeamentos terem visado instalações que estavam sob a salvaguarda da AIEA.

O Paquistão, que possui armas nucleares tal como a Índia, tem laços estreitos com o Irão e apoia os ataques contra Israel com o argumento de que Teerão tem o direito a defender-se, segundo a agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP).

Israel/Irão | Conflito complica ligações aéreas entre Europa e Ásia

Os voos entre o leste asiático e a Europa estão cada vez mais longos, caros e imprevisíveis, apontam analistas, à medida que o conflito entre Irão e Israel se junta ao encerramento do espaço aéreo russo às companhias europeias.

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em Fevereiro de 2022, as transportadoras aéreas da União Europeia estão proibidas de sobrevoar o território russo, o que levou ao cancelamento de dezenas de rotas e obrigou as companhias a desviarem-se por corredores mais a sul ou pelo Ártico.

No caso das ligações com o leste da Ásia, como China, Japão ou Coreia do Sul, o impacto traduz-se em acréscimos de até quatro horas de voo, consumo extra de combustível e, consequentemente, aumento nos custos operacionais e nos preços dos bilhetes.

Nos últimos dias, a intensificação do conflito entre Israel e o Irão, com apoio militar dos Estados Unidos, agravou a situação, levando à suspensão de voos sobre o Irão, Iraque, Síria e Israel. Várias companhias, incluindo Qatar Airways, Lufthansa e Singapore Airlines, ajustaram as rotas ou cancelaram ligações para a região, citando razões de segurança.

Uma fonte de uma grande companhia aérea europeia citada pelo jornal britânico Financial Times sob anonimato disse que, embora as empresas estivessem acostumadas a lidar com encerramentos periódicos do espaço aéreo, a situação actual é “mais grave”, porque as companhias passaram a ter um “corredor realmente pequeno” para voar.

Com os principais corredores aéreos bloqueados a norte e a sul, os voos entre cidades como Pequim, Xangai, Seul ou Tóquio e destinos na Europa passam agora por vias mais estreitas, sobrevoando países da Ásia Central, Turquia ou a Península Arábica. A dependência desses corredores aumenta a pressão sobre os controlos de tráfego aéreo e torna qualquer perturbação local numa ameaça ao fluxo global.

Ganhos e perdas

Companhias aéreas chinesas, como a Air China e a China Eastern, que continuam autorizadas a utilizar o espaço aéreo russo, ganharam, porém, vantagem competitiva. Os seus voos são mais curtos e baratos, permitindo-lhes oferecer tarifas até 35 por cento inferiores às praticadas por operadores europeus nas mesmas rotas, segundo uma estimativa do Financial Times.

Além do impacto no transporte de passageiros, o setor logístico também regista dificuldades, com atrasos na entrega de mercadorias e aumento dos custos de frete.

O especialista Rosen Röhlig apontou num relatório como “o encerramento do espaço aéreo russo às companhias europeias afecta envios de carga aérea na rota Ásia Europa”, levando a “retrocessos em centros globais e aumento dos custos e atrasos”.

“A tendência geral é de um aperto adicional na capacidade das transportadoras. Como resultado (…), rotações de tripulação mais longas e aumento nos custos de combustível podem levar a tarifas mais elevadas e alterações nos horários”, destacou.

Também um estudo da OCDE demonstrou como “o encerramento do espaço aéreo russo a transportadoras de 36 países provocou aumentos significativos do tempo de viagem para passageiros em cerca de 80 por cento das rotas que ligam a Ásia à Europa”.

A mesma análise sublinhou que os corredores alternativos “não conseguem absorver totalmente estes fluxos”, originando atrasos na entrega de mercadorias e aumento dos custos de frete, com impacto directo nas cadeias de abastecimento globais.

A Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA), que mantém actualizações regulares sobre zonas de exclusão aérea, alertou que a situação permanece volátil, com o risco de novos encerramentos ou incidentes inesperados.

Michael Hui (III)

Nas passadas duas semanas, analisámos os factores do sucesso dos filmes do Doutor Honoris Causa Michael Koon-Man. Michael é uma estrela do cinema e da televisão dos últimos 50 anos. Uma pessoa que dedica 50 anos a uma carreira tem de ter dedicação e paixão pelo seu trabalho.

Com um tacto apurado, distingue claramente as diferenças entre o pensamento da geração mais antiga e o da mais recente e usa muito bem essas diferenças para divertir as audiências. Michael sabe que muita gente vai ao cinema e que os filmes têm um profundo impacto no público e que por isso têm responsabilidade social. Para que um filme tenha sucesso, tem de ser inovador e a inovação é importante em todos os sectores de actividade. Se uma empresa não se inovar e os seus competidores o fizerem, acaba por ficar para trás. Hoje, faremos uma última análise dos factores de sucesso dos filmes de Michael Koon-Man.

A reflexão sobre o trabalho é um de muitos factores que determinam o sucesso de um filme. “The Last Dance” inspirou Michael e fê-lo compreender que só temos uma vida. Na jornada que fazemos, todos devemos aprender a apreciar as dádivas que recebemos ao longo do caminho. Estas dádivas incluem as pessoas que amamos, os nossos amigos e mesmo os nossos inimigos. Apreciar as pessoas que amamos e os nossos amigos significa que temos de aprender a dar-nos bem com eles. Quando somos defrontados com os nossos inimigos, vencê-los e destruí-los não é a única possibilidade. Também podemos aprender a aceitá-los, perdoá-los, esquecê-los, etc.; seja qual for a decisão tomada, ela vai mudar-nos e também aos outros. Só reflectindo sobre o trabalho podemos investir, progredir e melhorar no futuro.

Muitas pessoas vivem apenas no presente e acham que se viverem bem agora isso é suficiente. Mas a visão de Michael vai claramente além da atitude de “viver apenas no presente”, porque viver no presente implica que não aceitamos os nossos inimigos. Não se trata apenas de nos mudarmos a nós próprios, mas trata-se também de podermos mudar os nossos inimigos. Passar do confronto a fazer as pazes e ao aperto de mão, ou até mesmo a fazer amizade, não é algo que duas pessoas que estão zangadas façam facilmente. Se chegarmos ao fim da vida sem inimigos, significa que tivemos uma vida feliz.

Aqui chegados, podemos compreender que as conquistas de Michael no mundo do cinema foram criando sucessivamente mitos porque ele é um observador nato, um trabalhador esforçado, tem um espírito voltado para o futuro e põe em cada filme todo o seu entusiasmo. Estes factores devem estar sempre presentes em todos os trabalhos que fazemos, sejam eles quais forem. No processo criativo, é preciso inovar e lutar pela mudança. E devemos compreender que os filmes têm uma responsabilidade social. A inovação e a responsabilidade social são elementos indispensáveis nas empresas modernas. Combinar estes elementos pessoais com elementos empresariais, independentemente do que venhamos a fazer no futuro, só pode resultar num final feliz.

Quando Michael compareceu à cerimónia de atribuição do seu doutoramento honoris, ia acompanhado pela mulher e pelo neto. Um homem de 82 anos pôde assistir a mais um momento glorioso da sua vida acompanhado pela família. O que mais pode alguém pedir? É realmente apropriado afirmar que Michael tem uma vida familiar realizada, fama, fortuna e muita felicidade. Os factores que determinaram o seu sucesso na indústria cinematográfica merecem ser considerados para a nossa aprendizagem e devem ser divulgados.

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado da Faculdade de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau
Email: cbchan@mpu.edu.mo

FDC | Candidaturas para apoios à moda até ao dia 1 de Agosto

O Fundo de Desenvolvimento da Cultura (FDC) aceita, a partir de hoje e até ao dia 1 de Agosto, candidaturas a apoios financeiros na área da moda. Trata-se do “13.º Plano de Subsídio à Criação de Amostras de Design de Moda”, que tem como objectivo “apoiar a produção de amostras e a promoção de colecções de moda originais de designers locais, impulsionando continuadamente o desenvolvimento da indústria do design de moda em Macau”.

Os candidatos devem ser residentes da RAEM, com idade igual ou superior a 18 anos, e podem candidatar-se a título individual ou em grupo. As obras devem ser colecções de moda originais que não tenham sido exibidas ao público, produzidas ou fabricadas em amostras anteriormente, com um mínimo de 8 modelos, devendo ainda participar pelo menos numa actividade de moda durante o período de apoio financeiro.

A avaliação será feita em duas fases, sendo que na primeira selecção a Comissão de Avaliação de Actividades e Projectos do FDC vai analisar as propostas “com base nos critérios de criatividade e originalidade, qualidade, efeitos visuais globais”, bem como o “potencial de mercado, viabilidade e grau de perfeição do plano de participação em exposições e do plano de marketing e racionalidade orçamental”. Nessa primeira fase são escolhidos 15 projectos, que passam depois à segunda fase, quando será efectuada uma reunião de avaliação. Este encontro serve para o candidato “mostrar um modelo de amostra por um modelo contratado, fazer uma apresentação e responder às questões colocadas pelos membros da Comissão de Avaliação, os quais atribuirão pontuações”.

O período do apoio financeiro é de 12 meses e a quota de apoio financeiro contempla até oito beneficiários. O valor financiado máximo é de 180 mil patacas, destinado a financiar as despesas de produção de amostras, produção de materiais promocionais, participação em exposições, transporte e logística de toda a colecção da obra seleccionada.

Exposição | “Universo em Milímetros”, de Chan Hin Chi na Fundação Rui Cunha

Descreve-se a si próprio “natural de um país estrangeiro”, mas com raízes em Macau. A visão que tem do mundo conta-a em desenhos feitos com caneta e tinta que expressam também as suas idas e vindas entre a China continental e o território. Tudo isto pode ser descoberto na mostra “Universo em Milímetros”, que inaugura hoje na Fundação Rui Cunha

 

A Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe na sua galeria, a partir de hoje, mais uma exposição. Trata-se de “Universo em Milímetros”, uma imensa colecção de 245 peças, com 56 desenhos de tamanho médio e 189 pequenos esboços de Chan Hin Chi, artista local cuja vida sempre se pautou por deslocações a várias cidades da China, mas também a diversos países como Japão, Alemanha, Suíça, França ou Portugal, entre outros. Segundo uma nota do autor, este descreve-se como sendo “natural de um país estrangeiro que se mudou para Macau, para fixar residência, na década de 60 do século passado, quando era pequeno”.

Chan Hin Chi não faz da arte a sua profissão a tempo inteiro, sendo jurista. Mas é nos desenhos a caneta e tinta que se expressa plenamente. Segundo a mesma nota, dedica-se aos desenhos, ou esboços, desde criança, e “com o curso do tempo foi-se especializando em fazer desenhos com delicadeza e paciência”, características ganhas “nos estudos de Direito e linguística”, conjugando todos estes elementos “com a exigência de equilíbrio entre a dureza e suavidade de movimentos na prática da arte marcial chinesa Taijiquan”.

Desta forma, os desenhos presentes nesta exposição apresentam um certo “sentido de nostalgia”, procurando o autor recorrer a “papéis específicos de dimensão não superior a um cartão postal, onde se traça o mundo visual com um sentido tridimensional”, para que se possa “ver grande através do pequeno”.

Existem, nestes esboços, “um universo ilimitado e criado pela riqueza das linhas e cores”, que poderão inspirar o público. “É por causa disto que a exposição e retrospectiva de desenhos se intitula ‘Universo em Milímetros'”, é destacado.

Mais do que uma partilha

“Universo em Milímetros” acarreta em si uma mão cheia de intenções por parte do seu autor, que vão além da simples partilha de um trabalho artístico com o público. Chan Hin Chi quer também expressar “alguns entendimentos obtidos ao longo de uma vida de 64 anos, em particular ao nível da vida profissional, que se relaciona com trabalhos feitos nas áreas da assessoria jurídica, gestão pública e tradução”.

A sua vida pessoal, com residência em Macau desde os anos 60, deu-lhe “uma visão muito abrangente e compreensão do mundo sob diversas ópticas”, nomeadamente a nível histórico, administrativo, jurídico ou político”, frisou.

Tal expressa-se nos desenhos que faz, e que apresenta na Galeria da FRC a partir de hoje. O autor “considera que a compreensão do que se passa no mundo não se pode fazer de uma forma fragmentada, pois todas as coisas se interligam. Essa visão constitui o essencial desta exposição, que articula duas actividades que, aparentemente, não têm ligação: o exercício de funções jurídicas e o desenho, sendo que a primeira se faz de forma racional e lógica, e na segunda predomina a subjectividade, a emoção e a paixão”, explicou.

Para o autor e artista, na prática de todas as actividades existe uma certa inclusão e “complementariedade”, bem como “a combinação e coexistência, o que faz com uma pessoa interessada, como o autor, possa ter uma visão mais alargada e aprofundada” de um certo mundo.

Conjunto de emoções

Chan Hin Chi refere ainda que desenhar nasce de uma espécie de “desilusão pela configuração da vida”, em que a composição de um desenho se faz “de forma parecida à complexidade da trajectória de vida, que depende necessariamente do controlo de nós próprios, com ligação ao ego, e factores incontroláveis, que muitas vezes nos são externos”.

“Cada desenho é um desenho para si próprio, sendo algo extremamente semelhante ao que se passa na prática jurídica e nos estudos linguísticos, concluindo-se que cada desafio pode ser uma meditação sobre a vida”, frisou. Desta forma, o autor considera que a “prática do desenho e a prática do Direito são actividades emocionais e racionais, mas que se combinam”.

Por isso, os trabalhos que podem ser vistos nesta exposição “foram produzidas nos intervalos entre as duas actividades”, tratando-se de desenhos que têm “amadurecido e purificado no fundo do coração do autor”, permitindo a este “permanecer entre o passado e a actualidade”.

Para Chan Hin Chi, uma das conclusões que se pode tirar do seu duplo trabalho de jurista e artista é a formação de uma relação com a imagem, as letras e o texto num todo. “Hoje em dia, com o desenvolvimento acelerado das áreas da ciência e tecnologia, a informação é dominada pelo texto, avultado como vastos oceanos, e é por vezes intimidatório para quem quer dominar isso. Perante este efeito secundário da civilização, muitas pessoas tendem, inconscientemente, evitar o texto e fazer uma aproximação às imagens para fundamentar o seu conhecimento da realidade. Mas este fenómeno deve-se ao facto de o texto poder, meramente, descrever a realidade com símbolos, enquanto as imagens demonstram-na como ela é, apresentando-se tendencialmente os objectos reais, tornando estas últimas mais aceitáveis e acessíveis”, descreveu.

A FRC descreve ainda, sobre esta mostra, que se trata de uma colecção que “representa as marcas de tinta deixados pelo autor ao longo dos anos, cuidadosamente seleccionadas de entre mais de duas centenas de pequenas obras, com o objectivo de as partilhar com os apreciadores de desenho, e aperfeiçoar a sua arte através da interacção e da troca de experiências”. A inauguração acontece a partir das 18h30.

Médio Oriente | Maioria dos cidadãos chineses saem do Irão

A embaixada chinesa em Teerão indicou ontem que a “grande maioria” dos cidadãos chineses já foi retirada do Irão, face ao agravamento do conflito com Israel, intensificado por ataques israelitas e bombardeamentos norte-americanos contra instalações nucleares.

De acordo com o ministro conselheiro da missão diplomática chinesa, Fu Lihua, a embaixada coordenou a retirada em estreita colaboração com o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês e com as representações diplomáticas da China na Turquia, Arménia, Azerbaijão, Turquemenistão e Iraque.

As operações foram realizadas por via rodoviária desde Teerão e outras áreas de risco até às fronteiras terrestres com países vizinhos, como o Azerbaijão e o Turquemenistão, avançou no domingo a agência de notícias oficial chinesa Xinhua. Nos postos fronteiriços, como Astara ou Bajgiran, foram destacadas equipas de apoio para facilitar os procedimentos de saída e garantir a segurança dos cidadãos chineses, explicou Fu.

Segundo dados oficiais, residem actualmente cerca de 4.000 cidadãos chineses no Irão. A embaixada chinesa precisou que os poucos cidadãos chineses que permanecem no Irão já foram transferidos para zonas consideradas mais seguras.

A China realizou também operações de retirada em Israel, de onde cerca de 300 cidadãos chineses, maioritariamente estudantes, foram transportados por via terrestre através das fronteiras com o Egipto e a Jordânia, face ao risco de agravamento do conflito com o Irão. Pequim instou os cidadãos chineses que ainda permanecem em Israel a registarem-se para futuras operações.

Desde o início da recente escalada entre Israel e o Irão, a China manifestou “profunda preocupação” com a situação e apelou repetidamente ao “cessar imediato das hostilidades”, tendo condenado ainda os recentes ataques dos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas, que considera contribuírem para “exacerbar as tensões” no Médio Oriente.