Dia de São Valentim na República Checa

Em Macau, muitas pessoas sabem que o 1.º de Maio é o Dia do Trabalhador e é um feriado oficial. O mesmo se passa na China continental, marcando o 1.º de Maio o início de um longo feriado. No entanto, poucos sabem que na República Checa o 1º de Maio é o “Dia de São Valentim”.

No Dia de São Valentim, os amantes checos seguem a tradição e beijam-se sob as cerejeiras, entoando cânticos ao amor. E o beijo porquê?

De acordo com o folclore checo, se uma rapariga não for beijada sob uma cerejeira no Dia de São Valentim, irá “murchar” no próximo ano, perdendo “a juventude e o encanto.” Por isso, um beijo significa “protecção e bênçãos”.

E o que é a “protecção no amor”? Em meados de 2015, Sean Lau, o vencedor do Prémio de Melhor Actor do Festival de Cinema de Hong Kong, pelo seu trabalho no filme “Overheard 3”, apresentou a “teoria da nave espacial”. Usou uma frase simples para mostrar como a sua mulher Amy Kwok o protegia:

“Quando entro numa nave espacial e viajo para qualquer lugar no Universo, tu encontras sempre uma maneira de me trazer de volta à Terra em segurança.”

O significado desta frase é simples e claro. Esteja eu onde estiver, enfrente o que enfrentar, tu trazes-me sempre de volta em segurança. Estás sempre ao meu lado, fazendo-me sentir amado, quente, feliz e em paz.

Para além da “teoria da nave espacial”, existe outra frase de Sean Lau que faz parte das “Citações Apaixonadas para a Minha Mulher”:

“Um dia, já não vais querer um amor apaixonado, queres apenas alguém que não te abandone.”

Será que o verdadeiro amor requer que duas pessoas fiquem juntas? Em Março de 2025, foi divulgada uma notícia em Taiwan, China, dizendo que uma mulher tinha publicado um artigo online, onde contava que tinha um namorado há seis anos, mas acabou por descobrir que ele se ia casar com outra. E isto aconteceu porque o namorado a amava demais e não queria que ela passasse pelo sofrimento causado pela relação com a sogra, por isso decidiu casar-se com uma mulher de quem os pais gostavam, mas que ele não gostava e assegurou à namorada que a sua “relação” não seria afectada. Depois de se casar com outra mulher, namoraria para sempre com a sua amada.

O amor implica “protecção e bênçãos”. É a favor da “teoria da nave espacial” ou da “teoria da relação nora/sogra”?

O que são “bênçãos”? Em Taiwan, China, a apresentadora do programa de televisão “Yu Meiren”, (Yu Yunjie) não teve contacto com os sogros durante muito tempo. Certa vez foi a tribunal devido a um desentendimento entre a mãe e o marido. Por fim, o juiz declarou que o seu casamento de 16 anos, tinha chegado ao fim. Posteriormente, Yu Meiren perdeu muito peso, mas agora está mais bonita do que antes e a sua disposição mudou. Ela declarou:

“Os franceses acreditam que no amor ‘devemos aceitar os que vêm e não devemos reter os que querem partir’. Quando o amor acontece, devemos ser nós próprios, seguir o nosso coração e agir sem esquemas. Quando o amor acaba, devemos respeitar o outro e não tentar prendê-lo ou forçá-lo, o que significa que “deixar partir é a melhor das bênçãos”.”

Concorda com a frase “Deixar partir é a melhor das bênçãos, a bênção é o melhor alívio”? A estrela do cinema de Hong Kong Cecilia Cheung expressou certa vez alguma desilusão depois do divórcio:

“No amor só há uma coisa que nos pode magoar, é a falta de vontade. Quando não conseguimos viver connosco próprios, infligimo-nos dor.”

Talvez que “protecção e bênçãos” tenham significados diferentes para cada pessoa, mas para mim,

“Tenho de dizer isto apenas uma vez. Depois de todos estes anos, ainda te amo.”

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado da Faculdade de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau
Email: cbchan@mpu.edu.mo

Bienal de Macau | IC aceita submissão de propostas até ao dia 23

O Instituto Cultural (IC) aceita, até ao dia 23 de Maio, propostas para a edição deste ano da “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2025”, que irá realizar-se entre os dias 19 de Julho e 12 de Outubro deste ano, destaca um comunicado do IC.

Assim, podem participar “indivíduos e organizações locais ligados às artes através da apresentação de propostas de exposição, com o intuito de promover conjuntamente o campo da arte contemporânea, bem como construir uma plataforma de intercâmbio de arte internacional, aberta e diversificada”. A ideia é evidenciar “os resultados alcançados na formação artística local e a energia criativa de Macau”.

A selecção das propostas caberá a Feng Boyi, curador principal da “Arte Macau 2025”, tendo em conta critérios como “o conceito curatorial da proposta de exposição, a qualidade das obras, o grau de adequação ao tema, as qualificações da equipa, a exequibilidade da proposta e o local da exposição”.

A “Arte Macau 2025” terá seis secções, intituladas “Exposição Principal, Exposição de Arte Pública, Pavilhão da Cidade, Exposição Especial, Projecto de Curadoria Local e Exposição Colateral”, sendo este ano dedicado ao tema “Olá, o que fazes aqui?”.

A ideia é criar “uma festa artística e cultural internacional, para promover o desenvolvimento das artes locais”, proporcionando “uma plataforma aberta e diversificada de intercâmbio” que serve para “cultivar talentos curatoriais locais e mostrar os resultados das criações artísticas contemporâneas”.

Vila da Taipa | Exposição de Frank Lei em exibição a partir de amanhã

A Associação Cultural Vila da Taipa apresenta amanhã “Frank Lei: Cuba 92”, uma exposição de fotografia dedicada ao artista radicado em Macau e falecido em 2022. Eis a oportunidade de ver imagens de Cuba de 1992, nunca antes mostradas, no que constitui uma homenagem a Frank Lei

 

Nasceu em Pequim e desde os dez anos que vivia em Macau. Frank Lei, homem dedicado às artes e à fotografia, faleceu em 2022 vítima de doença prolongada, mas tem agora direito a uma homenagem através da exibição do seu trabalho. Trata-se da exposição “Frank Lei: Cuba 92”, patente a partir de amanhã, e até 9 de Julho, na Associação Cultural Vila da Taipa, com imagens inéditas captadas por Lei em Cuba, no ano de 1992.

Segundo um comunicado da organização, Frank Lei faleceu deixando “um vasto conjunto de obras fotográficas que permanece pouco conhecido do público em geral”. Desta forma, esta mostra nasceu do esforço conjunto de familiares, amigos e, sobretudo, de Alan Ieong Chon Weng, um dos fundadores do grupo Dialect, dedicado à fotografia.

“Em 1992, Frank Lei viajou pela primeira vez para Cuba, visitando não só a capital, Havana, mas também Santiago de Cuba, na parte mais oriental da ilha, demonstrando a sua profunda atenção e exploração da cultura e comunidade cubanas”, destaca a organização, referindo que dez anos mais tarde o artista lançou não só uma exposição, mas também um livro com essas imagens, com o nome “Cuba Cuba”.

Desse projecto fizeram parte “obras seleccionadas, filmadas em diapositivos a cores”, constituindo “o núcleo de uma narrativa que apresentava uma impressão vibrante e viva da nação insular”. Além disso, os arquivos de Frank Lei sobre Cuba “incluem um conjunto de fotografias a preto e branco inéditas, imagens monocromáticas que captam a vida quotidiana e as emoções do povo cubano de uma perspectiva mais subtil e contida”.

Agora, com esta nova exposição, a exibição destas imagens a preto e branco nunca reveladas ao público “oferece uma nova janela no tempo e no espaço, permitindo ao espectador conhecer a paisagem da ilha que tanto cativou a alma de Frank e que constitui o lado invisível da sua viagem a Cuba”.

“A iniciativa de trazer à luz estas obras é um reconhecimento da relevância da fotografia para documentar as realidades humanas e as circunstâncias da vida das pessoas. Os espectadores têm a oportunidade de revisitar não só as obras de Frank, mas também de abraçar as emoções que elas evocam sobre a sobrevivência de uma sociedade e de um país como Cuba”, destaca ainda a organização.

Citado pela mesma nota, João Ó, arquitecto e presidente da Associação Cultural Vila da Taipa, disse ser “uma honra colaborar com a Dialect para apresentar esta colecção inédita de fotografias a preto e branco da viagem de Frank a Cuba”.

“A selecção de fotografias presta homenagem à dedicação singular de Frank às indústrias criativas artísticas e culturais ao longo dos anos e mostra a paixão pela cultura cubana que impregnava o seu coração e alma”, acrescenta.

Um homem de Macau

Nascido em Pequim, Frank veio para Macau com dez anos de idade. Formou-se em jornalismo e trabalhou como repórter no jornal Ou Mun após a licenciatura. Depois apaixonou-se pelo cinema francês da chamada “Nova Vaga”, tendo ido para Paris estudar cinema e vídeo na Universidade de Sorbonne em 1991. No mesmo ano, foi admitido na École Nationale Supérieure des Arts Décoratifs de Paris, onde estudou fotografia, tendo também ganho o primeiro prémio no concurso internacional de fotografia “Life on the Street”, organizado pelo Musée de la Photographie em Paris.

Frank Lei expôs as suas imagens no Grand Palais de Paris, fazendo parte da colecção permanente do Musée de la Photographie. Em 1992, Frank viajou para Cuba para trabalhar em projectos artísticos e chegou a acenar ao presidente Fidel Castro, destaca a organização da exposição.

Regressou depois a Macau, onde deu aulas na Escola Superior de Artes do Instituto Politécnico de Macau, hoje Universidade Politécnica de Macau.

“O cinema, a fotografia, a música e a literatura foram as paixões de Frank durante toda a sua vida e, logo após o seu regresso a Macau, abraçou o budismo, levando um estilo de vida simples e vegetariano”, destaca-se.

Frank Lei foi expondo o seu trabalho em França, Macau e Hong Kong. Em 1995, funda o grupo artístico Comuna de Pedra de Macau. Em 2004, dois anos depois da sua primeira exposição sobre Cuba, descobriu-se que Frank sofria de cancro no cérebro. Após o tratamento, voltou a leccionar no então Instituto Politécnico de Macau, continuou a trabalhar no Armazém do Boi e começou a desenhar extensivamente durante a sua recuperação.

Em 2006, publicou a antologia fotográfica “Andar e Observar” com a Pin-to Livros. Continuou a fotografar e a criar pinturas, organizando exposições individuais e pequenas exposições de pintura, e viajou para Nova Iorque, Coreia do Sul e França para intercâmbios e mostras fotográficas.

No início de 2017, Frank foi convidado para o Strasbourg Art Photography, um festival permanente de fotografia em França, para uma exposição fotográfica e um intercâmbio. Após o agravamento da doença, Frank Lei faleceu a 18 de Maio de 2022.

Esports | Primeira Taça FIA Girls on Track Esports decidida em Macau

No próximo mês de Junho, pela primeira vez na sua história, Macau vai acolher as Assembleias Gerais Extraordinárias e a Conferência da Federação Internacional do Automóvel (FIA). Este evento, que terá lugar no Galaxy International Convention Centre, de 10 a 13 de Junho, será complementado com uma actividade extra: a primeira edição da “Taça FIA Girls on Track Esports”

 

O organismo mundial que rege o desporto motorizado anunciou esta nova competição de sim racing, que está a ser organizada em parceria com o fabricante de cockpits de simulação de corridas Advanced SimRacing e com o popular jogo de sim racing iRacing, será dirigida a elementos do sexo feminino com 16 ou mais anos, independentemente da experiência prévia em esports. Para se inscreverem, as participantes deverão registar-se no site oficial da FIA. Além disso, é necessário ter uma conta activa no iRacing para competir.

As qualificações online para a competição, cujas finais serão realizadas na RAEM, já começaram oficialmente. A primeira fase consiste em as participantes tentarem registar a volta mais rápida no Time Attack do iRacing. Esta fase de qualificação online termina a 6 de Maio. Após esta primeira etapa, as 10 melhores classificadas serão convidadas a participar na grande final, que decorrerá na semana das Assembleias Gerais Extraordinárias e da Conferência da FIA 2025, agendada entre os dias 10 a 13 de Junho. Em Macau, as participantes disputarão uma final presencial de vários dias, onde será coroada a primeira campeã da “Taça FIA Girls on Track Esports”.

“Sabemos que os Esports são o futuro, mas para que esta disciplina cresça e se desenvolva verdadeiramente, precisamos de incentivar mais raparigas e mulheres a envolverem-se”, destacou o cingalês Niroshan Pereira, o actual Presidente da Comissão de Esports da FIA. “Esperamos que esta competição sirva de catalisador, encorajando aspirantes a piloto a experimentar a nossa disciplina e a considerar uma carreira no desporto motorizado.”

De acordo com a FIA, as 10 finalistas também terão acesso a um programa de formação sobre como lidar com a comunicação social e oportunidades de networking, ganhando uma visão valiosa sobre a indústria do desporto motorizado.

Crescer em todas as frentes

Esta é a primeira vez que a iniciativa FIA Girls on Track se envolve numa competição de esports. O seu projeto mais conhecido foi provavelmente o programa FIA Girls on Track – Rising Stars, uma iniciativa que visou promover o desporto automóvel junto do público feminino com idades compreendidas entre os 13 e os 18 anos, e que apoiou jovens pilotos femininas entre 2020 e 2023. Recorde-se que apenas 1,5 por cento do total de licenças desportivas a nível mundial são de mulheres.

Burcu Çetinkaya, a presidente da Comissão FIA Women in Motorsport, afirmou que “A FIA está empenhada em duplicar a participação no desporto motorizado e em criar mais oportunidades para mulheres e raparigas. Os desportos electrónicos permitem-nos alcançar públicos mais vastos e mais jovens — especialmente aqueles com talento por descobrir ou com acesso limitado às vias tradicionais do desporto motorizado. Estou ansiosa por conhecer as nossas finalistas – e por distinguir a vencedora – no evento em Macau.”

A decisão da FIA de lançar uma competição de esports exclusivamente para mulheres reforça também a aposta do organismo no panorama digital. Os desportos eletrónicos são uma parte cada vez mais importante do programa de desenvolvimento de base da FIA.

No ano passado, a Federação acrescentou um Apêndice de Esports (Apêndice E) ao Código Desportivo Internacional, permitindo às Autoridades Desportivas Nacionais regulamentar e gerir competições nacionais e internacionais. A FIA também apoiou numerosos eventos regionais de Esports, recebeu um número recorde de 117 participantes em Esports nos FIA Motorsport Games e incentivou ainda mais a adesão ao oferecer subscrições de 12 meses do iRacing aos Clubes Membros.

China e Japão trocam acusações sobre ilhas Diaoyu

A China e o Japão acusaram-se domingo mutuamente de uma intrusão no sábado no espaço aéreo de ilhas disputadas pelos dois países no Mar da China Oriental.

As ilhas desabitadas, conhecidas como Diaoyu na China e Senkaku no Japão, são administradas por Tóquio mas reivindicadas por Pequim, sendo um ponto de tensão regular entre os dois países. A diplomacia chinesa anunciou domingo que apresentou um protesto formal à embaixada do Japão em Pequim, argumentando que “um avião civil entrou ilegalmente no espaço aéreo em torno das ilhas Diaoyu”.

“As ilhas Diaoyu e as ilhas afiliadas são um território pertencente à China, e instamos o Japão a cessar imediatamente todas as atividades ilegais”, afirmou o porta-voz da guarda costeira chinesa, Liu Dejun. Liu disse que “um helicóptero baseado num navio” foi mobilizado para avisar e expulsar o avião japonês, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros japonês, Takehiro Funakoshi, por sua vez, apresentou um “protesto vigoroso” ao embaixador chinês em Tóquio. Citou a “intrusão de quatro navios da guarda costeira chinesa nas águas territoriais japonesas em torno das ilhas Senkaku e a violação do espaço aéreo japonês por um helicóptero”.

De acordo com o Ministério da Defesa do Japão, o helicóptero chinês invadiu o espaço aéreo japonês durante cerca de 15 minutos.

“As forças de autodefesa [japonesas] reagiram enviando caças”, disse o ministério, também citado pela AFP. Segundo a emissora pública japonesa NHK e outros meios de comunicação social locais, é a primeira vez que um helicóptero das autoridades chinesas viola o espaço aéreo japonês sobre as ilhas em disputa.

Escolher lados

As tensões entre a China e outros países que reivindicam territórios no Mar da China levaram o Japão a desenvolver laços com as Filipinas e os Estados Unidos. O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, e o Presidente filipino, Ferdinand Marcos, concordaram na terça-feira em aprofundar os laços de segurança entre os dois países.

Concordaram também em opor-se a “tentativas de alterar o ‘status quo’ no Mar da China Oriental e no Mar da China Meridional pela força ou pela coerção”, numa referência à China.

Rússia | Xi Jinping de visita ao país de quarta-feira a sábado

A visita do Presidente chinês, juntamente com outros líderes mundiais como Lula da Silva, insere-se na celebração do Dia da Vitória sobre a Alemanha nazi na II Guerra Mundial. Ucrânia e a situação internacional deverão estar na agenda do encontro de Xi com Putin

 

A Rússia anunciou domingo que o Presidente chinês, Xi Jinping, vai visitar o país de quarta-feira a sábado no âmbito dos 80 anos da vitória na II Guerra Mundial contra a Alemanha nazi, abordando também o conflito ucraniano.

De acordo com um comunicado divulgado domingo pelo Kremlin e citado pela agência France-Presse (AFP), Xi Jinping participará ainda em discussões bilaterais sobre “o desenvolvimento de relações de parceria mundiais e interação estratégica” e sobre “problemas actuais na ordem do dia internacional e regional”.

“Está previsto que uma série de documentos bilaterais, entre os governos e os ministérios, sejam assinados”, acrescentou o Kremlin. A visita acontece numa altura de confronto comercial entre Pequim e Washington, reafirmando a aliança entre a Rússia e a China.

Além de Xi Jinping, dirigentes de cerca de 20 países deverão assistir à parada militar de 09 de Maio na Praça Vermelha, entre os quais o Presidente brasileiro Lula da Silva e outros tradicionais aliados internacionais de Moscovo.

Um dos quais é o Presidente cubano Miguel Díaz-Canel, que chegou domingo a São Petersburgo, onde foi recebido pelo governador local Alexandr Beglov.

Troca de ameaças

No sábado, o Kremlin acusou o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de ameaçar as comemorações da Segunda Guerra Mundial, em 09 de Maio, depois de ter afirmado que Kiev não podia garantir a segurança dos líderes internacionais em Moscovo.

Volodymyr Zelensky “fez uma ameaça inequívoca aos líderes mundiais” que vão participar na cerimónia, disse a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, nas redes sociais, segundo a agência de notícias russa TASS.

Zakharova comentava declarações feitas na sexta-feira à noite por Zelensky sobre as comemorações dos 80 anos da vitória sobre a Alemanha nazi, presididas por Vladimir Putin. Zelensky disse que Kiev não poderá garantir a segurança dos líderes internacionais presentes, sugerindo que Moscovo poderá fazer alguma coisa para culpar a Ucrânia.

“Não sabemos o que a Rússia vai fazer nessa data. Poderá tomar várias medidas, como incêndios ou explosões, e depois acusar-nos”, disse o Presidente ucraniano.

Fang Cong e o que está dentro e fora do portão

Bai Juyi (772-846), o poeta da dinastia Tang atento às mais pequenas alterações da vida quotidiana, no poema em que celebra a renovação da casa que acabara de comprar, na Primavera, termina com os versos:

«Se há uma coisa que convém ao meu espírito,

São dez mil complicações parecerem esquecidas.

Supondo que para lá do portão da minha residência,

Algo acontece – nada saberei sobre isso.»

E esse portão de uma casa ou de um mosteiro, muitas vezes enclaustrando um jardim, um espaço mentalmente ordenado, mais do que um limite fisíco marcava uma fronteira espiritual.

Ao longo dos séculos do regime imperial esse ideal de sentir-se longe estando perto, perduraria na vida de literatos que gostariam de viver livres como eremitas, mas que não se podiam retirar das cidades devido às suas obrigações com o governo imperial.

Foi esse também o caso do seu contemporâneo Pei Du (765-839), que escreveu num poema;:

«No caminho para o meu portão

avista-se um rio límpido,

Velhas árvores crescem uniformes

em redor dos beirais de telhados de colmo.

A poeira vermelha voa

mas não chega tão longe,

E de vez em quando escuta-se

o chilrear de um passarinho.»

O eminente pintor e teórico Dong Qichang (1555-1636), citou muitos anos depois os versos de Pei Du no rolo vertical Paisagem (tinta sobre papel, 130,5 x 39,2 cm, no Smithonian) feito para um amigo que o visitou em Xangai, pouco depois do Ano novo de 1617.

Nele, não se vê nem um portão nem qualquer pessoa mas nas margens do rio que domina a representação, em primeiro plano, um salgueiro-chorão assinala a presença de uma ausência. Esse mesmo salgueiro que se encontrará mais tarde em várias pinturas de um dos pintores da corte de Qianlong.

Como na Paisagem de 1770 (tinta sobre papel, 26,3 x 33,3 cm, no Museu Cernuschi) em que o uso do pincel com pouca tinta e uma habitação vazia evocam a aparente simplicidade da pintura de Dong Qichang, executada porém com uma calculada disposição geométrica dos vários planos.

Fang Cong (c.1749-1790) de Zhejiang chegara à corte em 1736 com outros pintores que se destacariam como Zhang Zhongchang ou Ding Guanpeng e mereceria a aprovação de Qianlong, notada em poemas que o imperador escreveu sobre as suas pinturas.

Sobre uma sua Paisagem de neve, feita numa folha de álbum (tinta e cor sobre papel, 26 x 32,8 cm, no Museu Cernuschi) percebe-se a vantagem de estar abrigado atrás do portão mas a beleza do cenário branco provoca uma inquietante indecisão.

Tal como o salgueiro-chorão designado liu, que era usado em despedidas, dada a homofonia com uma palavra que significa «fica», embora a pessoa vá partir. Mesmo protegidos dentro de casas, por vezes enclausurando um pátio pelos quatro lados (siheyuan), por trás do portão o espírito voa pressentindo que há algo lá fora que é importante e não deve ser perdido.

Zona A | Trabalhador e escavadora caiem ao mar

O consórcio das empresas Top Builders e da estatal China Road And Bridge Corporation é responsável pelas obras de ligação à península, pelas quais vai receber 608,8 milhões de patacas. A proposta destas empresas excedia em 80 milhões outra das participantes no concurso

 

Foto: DR

Um trabalhador e uma escavadora de grandes dimensões caíram ao mar, na sexta-feira de manhã, depois do colapso de uma ponte provisória para a construção da ligação A3 entre a Zona A dos Novos Aterros Urbanos e a Península de Macau. O acidente foi captado em imagens, que acabaram partilhadas nas redes sociais.

O sinistro aconteceu em menos de 20 segundos. O homem foi atirado ao mar porque se encontrava no interior da máquina escavadora que terá feito com que a estrutura temporária não aguentasse. Acabou por ser salvo com ajuda dos colegas, que lhe atiraram uma bóia, já depois de ter conseguido sair da máquina, ainda dentro do mar.

Horas mais tarde, em comunicado, a Direcção dos Serviços de Obras Pública (DSOP), a Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA) e a Direcção para os Serviços Laborais (DSAL) confirmaram o acidente e a existência de lesões, ligeiras.

“No estaleiro da empreitada de concepção e construção da via de acesso (A3) entre a Zona A dos Novos Aterros Urbanos e a Península de Macau, ocorreu um incidente em que uma máquina de construção e o seu operador caíram no mar, devido ao desmoronamento parcial da ponte de cavalete provisória, e o operador saiu do mar por si próprio e foi transportado para o hospital pelo empreiteiro”, foi reconhecido. “Sabe-se de forma preliminar que, o operador envolvido ficou ligeiramente ferido e estava consciente após o incidente, e vai ser submetido a uma inspecção médica detalhada”, foi acrescentado.

As autoridades consideraram ainda que o incidente teve “grande importância” e pediram uma suspensão total dos trabalhos.

Por sua vez, a DSAL garantiu ir ajudar o trabalhador a pedir uma indemnização pelo sucedido, dado que sofreu ferimentos ligeiros, enquanto a DSOP terá exigido ao “empreiteiro e à entidade fiscalizadora que colaborassem plenamente com a Administração na investigação das causas do incidente”. Foram ainda prometidas sanções, no caso de se considerar que houve responsabilidade das duas partes.

Obra de milhões

A construção da ligação A3 entre a Zona A dos Novos Aterros Urbanos e a Península de Macau tem como empreiteiro o consórcio constituído pelas empresas Top Builders e a estatal China Road And Bridge Corporation.

Estas venceram o concurso público para a construção da obra por 608,8 milhões de patacas, prometendo realizar os trabalhos em 855 dias. A proposta foi a quarta mais barata das 10 apresentadas, e todas tinham um tempo de realização dos trabalhos de 855 dias. No entanto, pelo menos uma das propostas, apresentada pelo consórcio constituído pelas Companhia de Construção e Investimento Predial Ming Shun e Sociedade de Construção e Engenharia Long Chon prometia realizar o mesmo trabalho por 528,0 milhões de patacas, uma diferença superior a 80 milhões de patacas.

Turismo | Mais de 750 mil visitantes em quatro dias

Entre os dias 1 e 4 de Maio, entraram em Macau 757.429 turistas, de acordo com dados do Corpo de Polícia de Segurança Pública, superando as expectativas do Governo que apontavam para um volume entre 630.000 e 700.000 visitantes durante os cinco dias da mini-semana dourada do Dia do Trabalhador.

Na sexta-feira, os dados das autoridades revelam o maior volume de turistas num só dia desde Fevereiro de 2019, antes da pandemia começar, com um total de quase 222.000 entradas. No sábado, o registo quebrou ligeiramente para pouco mais de 204.000 e no domingo diminuiu mais para um total de 154.462 turistas, ainda assim acima da média diária projectada pelo Governo entre 127.000 e 140.000 entradas.

Hotelaria | Governo satisfeito com ocupação

A directora dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, mostrou-se satisfeita com o volume de turistas que visitaram Macau durantes os primeiros dias da mini-semana dourada do Dia do Trabalhador. A responsável destacou a taxa de ocupação hoteleira registada, superior a 95 por cento.

“Estamos muito contentes com esta situação, porque mostra que os turistas têm vontade de ficar em Macau e prolongar a sua estadia. (…) Para todos os visitantes esperamos que possam ter boas experiências e isso é a coisa mais importante para nós”, afirmou a directora da DST, citada pelo Canal Macau da TDM. Entretanto, foram divulgados nas redes sociais vídeos onde se podem ver algumas dezenas de pessoas à noite a dormir nos relvados dos jardins do Wynn Palace, no Cotai.

Banca | Lucros disparam 44,8% no primeiro trimestre

Os bancos obtiveram lucros de 3,76 mil milhões de patacas no primeiro trimestre, de acordo com os dados oficiais da Autoridade Monetária de Macau (AMCM)

 

Os bancos obtiveram lucros de 3,76 mil milhões de patacas no primeiro trimestre, mais 44,8 por cento do que no mesmo período de 2024. De acordo com dados oficiais da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), a principal razão para a subida foram os serviços e operações bancárias, cujas receitas aumentaram 42,1 por cento para 2,76 mil milhões de patacas.

Os dados, divulgados na sexta-feira, revelam ainda que as aplicações financeiras renderam aos bancos do território 528,6 milhões de patacas, três vezes mais do que nos primeiros três meses do ano passado.

Na direcção contrária, a banca de Macau registou uma queda de 3,1 por cento, para 3,75 mil milhões de patacas, na margem de juros, a diferença entre as receitas dos empréstimos e as despesas com depósitos.

Isto depois da AMCM ter aprovado três descidas da principal taxa de juro de referência nos últimos três meses de 2024, a última das quais um corte de 0,25 pontos percentuais, introduzida em 19 de Dezembro, seguindo a Reserva Federal norte-americana.

Os bancos de Macau obtiveram um lucro de 4,01 mil milhões de patacas em 2024, uma queda de 21,3 por cento e o valor mais baixo desde 2010, sobretudo devido à queda da margem de juros. Os empréstimos, a principal fonte de receitas da banca a nível mundial, diminuíram 4,7 por cento nos últimos 12 meses, fixando-se em 1,02 biliões de patacas no final de Março.

Malparado a cair

Pelo contrário, os depósitos junto dos bancos de Macau aumentaram 10,3 por cento, para 1,36 biliões de patacas, disse a AMCM. O crédito malparado na banca de Macau caiu 2,7 por cento em Março, para 56,1 mil milhões de patacas, depois de em Fevereiro ter atingido o valor mais elevado desde que a AMCM começou a compilar estes dados, em 1990.

Em Março, os empréstimos vencidos representavam 5,5 por cento dos empréstimos dos bancos de Macau, mais 1,3 pontos percentuais do que no mesmo mês de 2023. Uma percentagem que atinge 6,7 por cento no caso do crédito a instituições ou indivíduos fora da região chinesa.

A Autoridade Bancária Europeia, a agência reguladora da UE, por exemplo, considera que os bancos com pelo menos 5 por cento dos empréstimos malparados têm “elevada exposição” ao risco e devem estabelecer uma estratégia para resolver o problema.

Ainda assim, a percentagem de crédito bancário vencido em Macau está longe do recorde de 25,3 por cento alcançado em meados de 2001, em plena crise económica mundial causada pelo rebentar da bolha especulativa das empresas ligadas à Internet.

AMCM | Depósitos cresceram 1,3 por cento em Março

Os depósitos de residentes cresceram 1,3 por cento em Março, em comparação com o mês anterior, e atingiram 789 mil milhões de patacas, segundo dados divulgados pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM).

Em relação aos não-residentes, os depósitos tiveram um crescimento de 9,1 por cento, para o valor de 360,1 mil milhões de patacas. Ao mesmo tempo, os depósitos do sector público na actividade bancária decresceram ligeiramente para 211,1 mil milhões de patacas.

Como resultado, o total dos depósitos da actividade bancária registou um crescimento de 3,1 por cento quando comparado com o mês anterior, atingindo 1.360,2 mil milhões de patacas. Em termos dos depósitos, a maioria, 47,2 por cento, dizia respeito a dinheiro em dólares de Hong Kong, 24 por cento em dólares americanos, 19,1 por cento em patacas, e 2,8 por cento renminbis.

A nível do crédito, os empréstimos internos ao sector privado decresceram 0,4 por cento em comparação com Fevereiro, para 511,3 mil milhões de patacas.

No primeiro trimestre de 2025, os empréstimos bancários relacionados com transporte, armazenagem e comunicações e restaurantes, hotéis e similares aumentaram 3,0 por cento e 0,3 por cento, respectivamente, quando comparado com o trimestre anterior. Os empréstimos concedidos ao sector do comércio por grosso e a retalho e da construção apresentaram quebras de 3,4 por cento e 1,7 por cento.

MGM China | Lucros do primeiro trimestre caíram 5,2 por cento

A operadora de jogo em Macau MGM China anunciou uma queda de 5,2 por cento nos lucros líquidos no primeiro trimestre, em comparação com o mesmo período de 2024, no qual tinha registado “resultados recorde”.

A empresa teve lucros antes de juros, impostos, depreciação, amortização e custos de reestruturação ou de arrendamento (EBITDAR, na sigla em inglês) de 2,37 mil milhões de dólares de Hong Kong entre Janeiro e Março.

Em igual período do ano passado, a MGM China tinha registado lucros líquidos de 2,5 mil milhões de dólares de Hong Kong, o valor mais elevado para um primeiro trimestre. A operadora tinha terminado 2023 com um lucro recorde de 7,24 mil milhões de dólares de Hong Kong, após três anos consecutivos de prejuízos devido à pandemia de covid-19. A queda nos lucros nos primeiros três meses de 2025 deveu-se a uma descida de 2,7 por cento nas receitas, para 7,99 mil milhões de dólares de Hong Kong, dos dois hotéis-casinos operados pela MGM China em Macau.

Num comunicado, a empresa-mãe da MGM China, a norte-americana MGM Resorts International, apontou como razão principal a diminuição nas apostas feitas no chamado segmento de massas, para pequenos apostadores que não pedem crédito.

Os casinos MGM Macau e MGM Cotai registaram receitas de 7,11 mil milhões de dólares de Hong Kong no mercado de massas, enquanto o chamado jogo bacará VIP atingiu 1,15 mil milhões de dólares de Hong Kong.

Os casinos da região começaram 2025 com receitas totais de quase 57,7 mil milhões de patacas, mais 0,6 por cento do que no mesmo período de 2024 e 75,7 por cento do acumulado nos primeiros três meses de 2019.

PIB | Macau com a primeira redução desde finais de 2022

O aumento de turistas no território não se reflectiu no consumo nos primeiros três meses do ano. A queda do Produto Interno Bruto face ao período homólogo ainda não tem em conta os potenciais efeitos da guerra comercial

 

A economia de Macau encolheu 1,3 por cento em termos homólogos no primeiro trimestre deste ano, a primeira queda desde o final de 2022, quando a região começou a levantar as restrições devido à pandemia, foi anunciado na sexta-feira. Entre Janeiro e Março, o Produto Interno Bruto (PIB) de Macau atingiu 99,78 mil milhões de patacas, adiantou a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

Num comunicado divulgado na sexta-feira, a DSEC apontou como razões para o decréscimo a “base de comparação relativamente elevada” do primeiro trimestre de 2024 e a “alteração do padrão de consumo dos visitantes”.

O benefício económico dos serviços turísticos – o sector que domina a economia de Macau – caiu 3,8 por cento, apesar de o primeiro trimestre ter sido o segundo melhor de sempre no que toca ao número de visitantes.

De acordo com dados oficiais, Macau recebeu até Março 9,86 milhões de turistas, mais 11,1 por cento do que no mesmo período de 2024, mas os visitantes têm gastado menos na cidade. Os dados mais recentes apontam para uma queda de 14,6 por cento na despesa per capita dos turistas durante o ano passado.

A economia de Macau cresceu 23 por cento no primeiro trimestre de 2024 e terminou o ano a subir 8,8 por cento.

A última vez em que o PIB da região encolheu foi no final de 2022. A China continental – de longe a principal fonte de visitantes de Macau – começou a gradualmente levantar todas as restrições devido à pandemia de covid-19 em meados de Dezembro de 2022.

“Procura estável”

Apesar da redução do PIB, a DSEC sublinhou que a procura interna esteve “relativamente estável”, com o investimento privado a subir 7,8 por cento, as despesas do Governo a aumentar 1 por cento e o consumo privado a crescer 0,6 por cento.

Em 10 de Abril, a Universidade de Macau (UM) reviu em baixa a previsão para o crescimento económico da região, em parte devido ao potencial impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos da América na confiança dos turistas chineses.

O Centro de Estudos de Macau e o Departamento de Economia da UM prevêem que o PIB do território suba 6,8 por cento, menos 1,1 pontos percentuais do que na anterior previsão, feita em Janeiro. O coordenador do projecto e economista Kwan Fung disse que a revisão em baixa se deve ao declínio no consumo dos visitantes e às “tarifas norte-americanas sobre o mundo”, algo que “tem impacto indirecto na economia de Macau”. O professor do Departamento de Economia da UM disse que as tarifas vão “afectar o crescimento de todas as economias, especialmente o consumo dos turistas do Interior da China”.

No início de Março, a agência de notação financeira Fitch previu que o crescimento da economia de Macau irá desacelerar para 6,9 por cento este ano, devido a uma recuperação “mais lenta” do turismo e do jogo.

“No entanto, uma desaceleração acentuada da economia chinesa, como os aumentos substanciais das tarifas dos EUA, e uma forte desvalorização do yuan representam riscos negativos para as perspectivas de Macau”, referiu a Fitch.

Táxis | Pedida mais oferta para quem tem dificuldades

Wong Kit Cheng defende a necessidade de haver uma maior oferta de táxis preparados para transportar pessoas com dificuldades motoras, de acordo com uma interpelação recente da deputada ligada à Associação das Mulheres. No documento, Wong indica que apenas um por cento do total de táxis disponíveis tem condições para transportar pessoas com necessidades especiais.

Em comparação, Wong indicou que em Hong Kong há uma proporção de 25,9 por cento de táxis com capacidade para transportarem pessoas com necessidades especiais. Contudo, mesmo no cenário de Hong Kong, Wong indicou que o Governo traçou como meta aumentar esta proporção.

Ainda em relação aos transportes, a deputada local criticou o serviço de táxis chamados por telefone. Segundo a legisladora, a larga maioria das pessoas que tenta chamar um táxi não chega a ser atendida ou então vê o serviço recusado por falta de veículos. A deputada apelou ao Governo para corrigir este aspecto, num futuro concurso público.

Dia do Trabalhador | Detido em primeiro protesto em seis anos

A polícia deteve no Dia do Trabalhador um homem que protestava contra o número de trabalhadores migrantes em Macau, invocando violação da lei do Direito de Reunião e Manifestação. Também a Associação Poder do Povo cancelou uma manifestação, depois de as autoridades terem sugerido não quererem estrear a aplicação da Lei relativa à Segurança do Estado

 

No dia 1 de Maio, Dia do Trabalhador, um homem foi detido por agentes do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) quando se manifestava contra a importação de trabalhadores não-residentes.

Fonte do CPSP disse à Lusa que o homem exibiu ‘slogans’ (palavras de ordem) e entoou cânticos a exigir a redução de trabalhadores migrantes, à porta da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, no que se tratou do primeiro protesto público no Dia do Trabalhador desde 1 de Maio de 2019, antes da pandemia da covid-19.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o homem a colocar oito folhas de papel no chão com a mensagem “Governo, corte nos trabalhadores migrantes! Animem-se!” ao lado das bandeiras de Macau e da China.

A RAEM empregava no final de Março quase 183.400 mil trabalhadores migrantes, ainda longe do pico máximo de 196.538, atingido no final de 2019, no início da pandemia. Segundo o CPSP, os agentes fizeram repetidas advertências por violações da lei do Direito de Reunião e Manifestação, mas o homem recusou-se a obedecer e foi levado para a esquadra, para ser identificado.

Durante a pandemia, as forças de segurança recusaram-se a aprovar o percurso de qualquer protesto, invocando razões de “ordem e segurança” ou de saúde pública. As autoridades levantaram as restrições anti-pandémicas no final de 2023, mas os protestos não voltaram às ruas da cidade.

Estas proibições chegaram ao Comité dos Direitos Humanos da ONU que, em 2022, avaliou “um crescente número de informações de restrições indevidas ao exercício da liberdade de manifestações pacíficas”.

Seria uma pena

A Associação Poder do Povo, que também exige a redução do número de trabalhadores migrantes, cancelou uma manifestação planeada para o Dia do Trabalhador devido à “pressão da polícia”, noticiou na quinta-feira o jornal All About Macau.

A associação afirmou que esperava 20 mil participantes, mas cancelou o evento depois de a polícia ter alegado que poderia violar a lei de Segurança Nacional.

O presidente do grupo, Lam Weng Ioi, afirmou que apresentou um pedido formal de manifestação em Abril, mas foi convocado para repetidas reuniões da polícia para “analisar a situação” e “evitar circunstâncias incontroláveis”. Lam alegou que as autoridades levantaram questões sobre a “responsabilidade conjunta dos organizadores” e o aviso de quebra da “segurança nacional”, o que levou o grupo a apresentar um recurso por escrito.

Em declarações ao Canal Macau da TDM, o dirigente associativo contou que as autoridades adiantaram várias possibilidades como a intervenção de “pessoas com más intenções” que poderiam aproveitar as actividades para criar confusão, ou de participantes que poderiam comprometer a ordem pública, e que a associação seria responsável por qualquer distúrbio ou irregularidade. “Dissemos que íamos ter uma equipa especial para manter a ordem. No entanto, os agentes policiais duvidaram da nossa capacidade de controlar a ordem do local”, afirmou Lam Weng Ioi à televisão pública.

As autoridades sugeriram ainda que a manifestação do Dia do Trabalhador poderia infringir as leis de segurança nacional. “Foi mencionada, indirectamente, (a violação da) Lei relativa à Defesa da Segurança do Estado. Disseram-me que não houve nenhuma detenção, anteriormente, com base nessa lei e que não queriam que nós fossemos o primeiro caso de aplicação da Lei relativa à Defesa da Segurança do Estado”, contou o presidente da Associação Poder do Povo.

A PSP confirmou ter recebido uma notificação de manifestação para o dia 1 de Maio, mas afirmou que o organizador a retirou voluntariamente.

Au Kam San discorda

Na sequência do caso do indivíduo detido por protestar a importação de trabalhadores não-residentes para Macau, às portas da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, no Dia do Trabalhador, o ex-deputado Au Kam San defendeu que o acto em causa não era uma manifestação. Como tal, a actuação dos agentes do Corpo de Polícia de Segurança Pública não foi correcta.

Numa publicação no Facebook, o ex-deputado discordou do argumento da polícia de que o sujeito não havia feito um aviso prévio à manifestação por se tratar apenas de um indivíduo e de um protesto de pequena escala e que o conceito de manifestação depende do número de pessoas envolvidas. Mesmo assim, salientou não ser necessária autorização para aviso prévio de manifestação, um direito fundamental previsto na Lei Básica da RAEM.

PME | Eventos promovidos pela Melco geraram 1 milhão de dólares

A Melco Resorts afirma ter gerado cerca de 1 milhão de dólares para pequenas e médias empresas locais através de eventos promovidos no ano passado. No relatório de sustentabilidade de 2024, a operadora de jogo destaca ainda os resultados em termos de gestão de resíduos e gastos de energia

 

Acaba de ser publicado o relatório de sustentabilidade da Melco Resorts & Entertainment relativo ao ano passado que dá destaque aos ganhos obtidos por pequenas e médias empresas (PME) locais com os eventos promovidos pela operadora. No que diz respeito à parte “Engajamento e investimento na comunidade”, lê-se que foram gerados “mais de 1,02 milhões de dólares para empresas locais e [ONG] organizações não governamentais em Macau através de 21 eventos para PME, com 603 PME e ONG participantes”. Além disso, na área do voluntariado, a Melco destaca que “cerca de 3.600 participantes ofereceram o seu tempo e esforço em mais de 359 iniciativas de voluntariado”, tendo sido obtidos “mais de 17,42 milhões de dólares que foram doados para causas dignas nas nossas comunidades”.

Citado pelo relatório, Lawrence Ho, presidente e director-executivo da Melco, refere que “21 iniciativas ‘Heart of House’ e eventos comunitários geraram mais de 1 milhão de dólares americanos para as empresas locais em Macau, proporcionando a 603 PME e ONG oportunidades para se ligarem, expandirem e crescerem”. Segundo o responsável, no ano passado foram “aprofundadas as parcerias com PME e ONG”.

No que diz respeito ao relacionamento com as PME locais, a Melco destaca ainda a ligação com a cadeia de fornecimento, pois “86 por cento das aquisições surgiram de empresas locais em Macau”, sendo que, desse total, “59 por cento foram aquisições de PME locais”. Cenário semelhante ocorreu nas restantes operadoras que a Melco detém no Chipre e Manila, com aquisições locais a rondar os 40 e 76 por cento, respectivamente.

No tocante às acções de formação na empresa, a Melco diz ter investido, em média, “582 dólares americanos por trabalhador a tempo inteiro em actividades de aprendizagem e desenvolvimento, o que equivale a uma média de 38 horas de formação”. Neste contexto, “100 por cento dos colegas participaram em acções de formação”, pode ler-se. Além disso, “mais de 758 mil participantes assistiram a mais de 1.400 cursos oferecidos pela ‘Melco Learning Academy’, o que equivale a mais de 870.000 horas de aprendizagem ministradas”. Destaque ainda para o facto de, em todos os empreendimentos da Melco, “as mulheres representarem 23 por cento dos conselhos de administração e 32 por cento dos quadros superiores”.

O relatório dá também conta que “63 por cento das posições ao nível da vice-presidência, ou acima desse posto, foram preenchidas a partir de comunidades locais, aumentando para 70 por cento em Macau”, pode ler-se.

Tudo pelo ambiente

Outra das áreas destacadas no relatório de sustentabilidade da Melco diz respeito às políticas amigas do ambiente. Uma das áreas que está “em progresso” é o consumo de energia, no sentido de se obter mais razoabilidade de consumo. “Em 2024, apesar de um aumento de 39 por cento em termos do número de visitantes e da subida de 19 por cento na taxa de ocupação dos quartos de hotel, juntamente com a adição de uma propriedade e um novo resort integrado ao nosso portefólio, a intensidade energética aumentou 10 por cento em relação a 2023, mas foi 19 por cento inferior ao nosso ano de referência de 2019”.

Um dos objectivos “alcançados” prende-se com as medidas de eficiência energética, que “desde 2018 resultaram numa poupança anualizada de mais de 62,5 milhões de kWh, um aumento de 9 por cento em relação a 2023”. Outra meta “alcançada” diz respeito à instalação de “mais de 25.000 painéis fotovoltaicos em todas as propriedades em Macau, Manila e Chipre, gerando cerca de 10.000 kWh anualmente”. Assim, nas propriedades da Melco “o consumo de electricidade proveniente de fontes renováveis aumentou 72 por cento em relação a 2023”.

No tocante aos meios de transporte do grupo, “os autocarros, veículos eléctricos e híbridos representam 55 por cento da nossa frota combinada, com estações de carregamento, um aumento de 25 por cento em relação a 2023”.

Em termos de gestão de materiais e resíduos, a Melco diz ter evitado o gasto de plástico na ordem de 13,2 milhões de garrafas, graças à instalação “do sistema de filtragem de água NORDAQ que serve quase todos os quartos de hotel nos resorts integrados da Melco”.

Além disso, é apresentado o exemplo do empreendimento City of Dreams, em Manila, onde foi estabelecido “um sistema de economia circular em que os resíduos alimentares são decompostos no local, e o excesso doado a uma quinta local para cultivar alguns dos vegetais servidos aos hóspedes”.

Em termos de consumo de água, o relatório indica que “apesar do aumento do número de visitantes e da taxa de ocupação hoteleira”, o “consumo total de água e a intensidade da água aumentaram apenas 6 e 2 por cento em comparação com 2023, respectivamente, e foram 6 e 30 por cento inferiores, respectivamente, ao ano de referência de 2019”. Contudo, esta é uma meta que, segundo a empresa, está ainda “em progresso”.

Outro objectivo realçado no relatório foi a “economia anual de mais de 510.820 metros cúbicos de água por meio de medidas de eficiência hídrica, um aumento de 10 por cento em relação a 2023″.

“Tal como investimos nas pessoas e nas comunidades, continuamos a desenvolver esforços ambientais com a mesma determinação. (…) A intensidade do consumo de energia e água, bem como as emissões de gases com efeitos de estufa, permaneceram de forma significativa abaixo da nossa linha base de 2019, mesmo adicionando uma nova propriedade e um resort integrado”, salienta Lawrence Ho.

O empresário referiu também o aumento “da quantidade de materiais valiosos desviados através da reciclagem e compostagem nas operações globais – 58 por cento em relação ao ano passado”. “Nos nossos espaços de restauração também combatemos o desperdício alimentar, com o ‘Desafio do Prato Limpo’ a contribuir para uma redução de 9 por cento do desperdício nas áreas de restauração de Macau e Manila”.

“Mudança de mentalidade”

Para Lawrence Ho, maior sustentabilidade na Melco requer “uma mudança de mentalidade” verificada em “pequenas acções que, em escala, podem ter um impacto significativo”.

Em relação à cadeia de fornecimento dos hotéis e resorts integrados do grupo, destacam-se também bons resultados. “Embora os números nem sempre mostrem saltos exponenciais, o nosso foco no fornecimento responsável permanece inabalável, com 18 por cento de todos os frutos do mar comprados por peso a serem de fontes sustentáveis, e 100 por cento dos nossos pontos de venda de alimentos e bebidas em Macau e Manila servirem ovos de galinhas criadas ao ar livre”, lê-se.

Há, assim, “um esforço que reflecte uma ambição mais profunda de incorporar a sustentabilidade nas aquisições”, disse Lawrence Ho, que acrescentou que “mais do que um serviço, a hospitalidade tem a ver com a experiência que cria, com as pessoas que apoia e com o impacto que deixa”.

“Todos os anos, a Melco desafia-se a ir mais longe, acreditando que o luxo e a responsabilidade não são forças opostas, mas sim parceiros no progresso, o que se reflecte na forma como defendemos uma governação forte, gerimos o nosso impacto ambiental, apoiamos as nossas pessoas e comunidades e lideramos o jogo responsável. Esse compromisso com o progresso moldou nossa abordagem em 2024, como um ano de recalibração no qual continuamos a fortalecer as operações, reacender o ímpeto e garantir que nossos resorts integrados permaneçam na vanguarda da excelência”, concluiu.

Alfândega | Dois barcos de salvamento entraram em funcionamento

Na quarta-feira, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, acompanhado pelo Comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários, Leong Man Cheong, e do Director-geral dos Serviços de Alfândega (SA), Adriano Marques Ho, realizaram a tradicional cerimónia de bênção de duas novas embarcações de salvamento.

As embarcações apresentam um casco catamarã do tipo wave-piercing, com a estrutura totalmente em alumínio soldado, medindo 32 metros de comprimento e 10 metros de largura, com um deslocamento máximo de 173 toneladas, velocidade máxima de 30 nós e calado máximo de 1,55 metros.

Em termos de capacidade de salvamento, as embarcações estão equipadas com quatro canhões de água (dois principais com alcance de 115 metros e dois secundários com 75 metros) e quatro bombas de incêndio, totalizando uma vazão combinada de 2.200 metros cúbicos por hora. Os barcos “podem transportar 60 pessoas resgatadas no seu compartimento designado, enquanto a popa está equipada com quatro balsas salva-vidas autoendireitáveis com capacidade total para 200 pessoas”, referem os SA.

1.º de Maio | Trump em destaque nos protestos na Ásia

Trabalhadores por toda a Ásia assinalaram ontem o 1.º de Maio com marchas e protestos que evidenciaram o crescente desconforto com o governo do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o receio de instabilidade económica global.

O feriado, também conhecido como Dia Internacional dos Trabalhadores ou Dia do Trabalho, homenageia as lutas e conquistas dos trabalhadores e do movimento trabalhista. Em vários países e regiões asiáticas, a agenda de Trump foi citada como uma fonte de preocupação.

Em Taiwan, o líder do governo, Lai Ching-te, referiu-se às novas tarifas impostas por Trump ao promover uma proposta de lei de despesas destinada a estabilizar o mercado de trabalho e a apoiar os meios de subsistência.

Nas Filipinas, o líder do protesto, Mong Palatino, avisou que “as guerras tarifárias e as políticas de Trump” ameaçavam as indústrias locais. No Japão, houve quem dissesse que as políticas de Trump pairavam sobre o dia como uma sombra, segundo a agência de notícias norte-americana Associated Press (AP). Um camião da marcha de Tóquio ostentava um boneco parecido com o Presidente dos Estados Unidos.

As exigências dos participantes nas marchas no Japão iam desde salários mais altos e igualdade de género a cuidados de saúde, ajuda em caso de catástrofe, um cessar-fogo em Gaza e o fim da invasão russa na Ucrânia.

“Para que os nossos filhos possam viver com esperança, os direitos dos trabalhadores têm de ser reconhecidos”, disse Junko Kuramochi, membro de um grupo de mães em Tóquio. Tadashi Ito, um trabalhador sindicalizado da construção civil, disse estar preocupado com o aumento dos preços das matérias-primas importadas.

“Toda a gente está a lutar por trabalho e, por isso, os contratos tendem a ir para onde os salários são mais baratos”, afirmou, citado pela AP. “Pensamos que a paz está em primeiro lugar. E esperamos que Trump erradique os conflitos e as desigualdades”, acrescentou.

Trabalho em risco

Sob um céu nublado, cerca de 2.500 sindicalistas marcharam em Taipé, representando sectores que vão das pescas às telecomunicações. Os manifestantes alertaram que as tarifas de Trump podem custar postos de trabalho em Taiwan.

“É por isso que esperamos que o governo possa propor planos para proteger os direitos dos trabalhadores”, disse o líder sindical Carlos Wang. Um sindicato de trabalhadores do sector automóvel exibiu um carro recortado com uma fotografia de Trump.

Em Manila, milhares de trabalhadores filipinos marcharam perto do palácio presidencial, onde a polícia bloqueou o acesso com barricadas. Os manifestantes exigiram salários mais elevados e uma maior proteção dos empregos e das empresas locais.

Na Indonésia, o Presidente Prabowo Subianto saudou milhares de trabalhadores que o aplaudiram no Parque do Monumento Nacional de Jacarta. “O governo que lidero vai trabalhar para eliminar a pobreza da Indonésia”, disse Subianto à multidão.

De acordo com o presidente da Confederação dos Sindicatos Indonésios, Said Iqbal, cerca de 200.000 trabalhadores terão participado nas marchas do 1.º de Maio na maior economia do Sudeste Asiático.

Na Turquia, a data serviu não só para os direitos laborais, mas também para apelos mais alargados à defesa dos valores democráticos, uma vez que os manifestantes planeavam protestar contra a prisão do presidente da câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu.

A prisão do opositor do regime, em Março, desencadeou os maiores protestos do país em mais de uma década, e o feriado de ontem ofereceu a perspectiva de novas manifestações contra o governo.

As autoridades bloquearam o acesso ao centro de Istambul e fecharam as vias de trânsito. Uma associação de advogados afirmou que mais de 200 manifestantes foram detidos perto da Praça Taksim, um ponto de encontro simbólico há muito vedado às concentrações do 1.º de Maio.

Comércio com o inimigo

– É este o título de um conto de José Rodrigues Miguéis a que deve homenagem a língua que falamos, mas atenção, que não seja contemplado entre as prerrogativas da selva dos escreventes actuais demasiado ufanos no contar de suas histórias que não nos interessam para nada. Os escriturários acham que são coisas fenomenais dado que sentem muito, gesticulam bastante, e só não choram dado que o dom das lágrimas lhes foi subtraído, e é por causa dessas coisas risonhamente emplastradas que as belas Oblatas, pequenos grandes poemas, irrompem como plano de fuga quando queremos dissociar-nos destas dores secas, mentais e constrangidas. Esta gente já não chora, tem problemas psicológicos, dramas imaginários, e uma longa e torrencial chatice com os emplumados egos. Mas, e o que nos traz este comércio com o inimigo no tempo da taxação?

– José Rodrigues Miguéis era filho de galego, e sabemos da expressão trabalhista que está associada a esse território, ainda hoje em português há aquele velho ditado: -trabalha como um galego!- Ora, nesse velho tempo, os portugueses também trabalhavam imenso, mas devido a práticas esmorecentes pareciam estar parados. Começa este conto no Solar dos Machados com um quase quimérico grupo literário em uma não menos quimérica literatura de viagem onde parece encontrarmo-nos com Garrett no outro lado do vitral aconchegando as tranças de Joaninha, onde ainda pensavam ainda estar em Ática. Ele descreve com inigualável dimensão social o abastardamento dos agricultores e fidalguia decadente nas paisagens abundantemente ricas onde todos não passavam afinal de um viveiro de pobres.

– Se acharmos que estamos a ser sancionados, esqueçamos: «a grande riqueza de outrora_ que pagava às garridas lavradeiras, essa, desapareceu, esbulhada dos mercados. Tudo agora, é pitoresco de fachada para turistas, e nostalgia de melhores tempos… Que ninguém já se lembra de ter conhecido». Nem taxados nem sancionados, que nós estamos no Solar dos Machados à espera de um ouro qualquer que sempre há-de vir, que a nossa produtividade é má e os galegos nos ajudam a interpretar a incapacitante realidade, e que Trump também não faz farinha nos moinhos de vento da Ibéria.

– Nós não sabemos efectivamente por quais fissuras nasceram tantos fascismos, mas isso agora não interessa. Nasceram por aqui onde já tinham habitado, e bastou uma revoada de preceitos intempestivos para os trazer de novo muito «Hugo Boss» para os atavios ridículos e grande ausência de esperança. O que os espera no novo diletantismo é qualquer coisa que devemos observar enquanto prática sociológica, e nunca esquecer o beijar da mão cadavérica de uma Inês de Castro. É claro que Miguéis não ficou por cá, um curto-circuito com o Estado Novo levou-o exactamente aos Estados Unidos, e bem interessante é agora pensar que alguma singular premonição o atirou neste instante para um domínio que o realismo burocrático não soube adivinhar.

– Vamos ter que nos entender com o inimigo. Grandes assombros são oportunidades que rectificam o que deixámos de validar por não nos termos esforçado na direção de um bem comum, que isso é comércio, essa coisa que precisa de muitos mapeamentos mas que bizarramente alguém toma e embrulha. Miguéis pode ser-nos muito vantajoso neste conto emblemático escondido no tempo, que ao aderir ao Partido Comunista Português pouco antes de partir para a América, talvez nos insufle de legado premonitório.

– A querida Europa, essa, também achava que a guerra tinha acabado, seria então só futebol, finanças e comércio, mas eis senão quando anda agora para aí toda espavorida com “kits de emergência” numa ininterrupta hora do chá que diz serem cimeiras.

A querida Europa, essa, também achava que a guerra tinha acabado, seria então só futebol, finanças e comércio, mas eis senão quando anda agora para aí toda espavorida com “kits de emergência” numa ininterrupta hora do chá que diz serem cimeiras.

Grande Prémio | Museu com entrada livre no dia 18

O Museu do Grande Prémio terá entrada gratuita no próximo dia 18, por ocasião da celebração da efeméride do Dia Internacional dos Museus, que este ano tem como tema “O Futuro dos Museus em Comunidades em Constante Evolução”.

No mesmo dia de entrada gratuita, serão organizados alguns eventos comemorativos, às 11h, 14h e 16h30, nomeadamente o “Workshop Educacional da Academia de Corrida e Impressão”, com o tema “Triumph TR2”, ou seja, o nome do carro vencedor da primeira edição do Grande Prémio de Macau (GPM).

Neste workshop far-se-á “uma explicação profissional sobre o carro em exposição, interligando a história, contexto cultural e tecnologia do GPM”, é descrito numa nota oficial. Além disso, os participantes do workshop podem “experimentar os encantos do GPM com as suas próprias mãos”, com a participação de crianças dos seis aos 12 anos e encarregados de educação.

As inscrições gratuitas para o workshop decorrem até ao dia 7 de Maio, existindo 15 vagas para pares de pais e filhos (um pai, um filho). Os resultados do sorteio das inscrições serão divulgados no dia 13 de Maio no website do Museu do Grande Prémio de Macau. Os sorteados receberão uma notificação por email.

Bienal de Veneza | RAEM apresenta “Mundos Paralelos” com curadoria de Wang Shu e Lu Wenyu

Será inaugurada no próximo sábado, dia 10, a 19.ª edição da Bienal de Arquitectura de Veneza. Macau faz-se representar com o projecto “Mundos Paralelos”, patente no “Evento Colateral de Macau, China”, com curadoria do prémio Pritzker, Wang Shu e de Lu Wenyu. As imagens exibidas são de Iwan Baan em conjugação com projectos de arquitectura locais

 

Veneza prepara-se para acolher mais uma edição da bienal dedicada à arquitectura, desta feita a 19ª. Na Exposição Internacional de Arquitectura – Bienal de Veneza Macau faz-se representar com o projecto “Mundos Paralelos”, com fotografia e instalação, integrado com a participação da China. Trata-se do “Evento Colateral de Macau, China”, a ser inaugurado no próximo sábado, 10 de Maio, e patente para visita do público até 23 de Novembro deste ano na cidade italiana de Veneza.

O projecto tem curadoria do último Pritzker, o mais importante galardão na área da arquitectura, Wang Shu e também de Lu Wenyu, vencedora do Prémio Schelling de Arquitectura. “Mundos Paralelos” promete, assim, mostrar “a transformação das múltiplas faces de Macau numa narrativa poética na linguagem da arquitectura através das fotografias e instalações”, descreve uma nota do Instituto Cultural (IC). Interpreta-se ainda, neste projecto, “o estilo urbano diversificado de Macau”, onde “as culturas chinesa e ocidental, os estilos novo e antigo coexistem há mais de 400 anos”.

A mostra conta com a participação de Iwan Baan, fotógrafo de arquitectura vencedor de um “Leão de Ouro” numa das edições da Bienal. Segundo a mesma nota do IC, Iwan Baan “captura pedaços de memórias e a vitalidade contemporânea dos espaços urbanos de Macau através das suas imagens altamente narrativas”. Neste espaço de Macau na Bienal, as suas imagens prometem “dialogar com os modelos arquitectónicos e instalações ao ar livre criados pelos professores e alunos da Faculdade de Arquitectura da Academia de Artes da China e da Faculdade de Arquitectura e Design da Universidade de São José de Macau”. Desta forma, permite-se que o público possa “sentir o encanto único de Macau em meio à mistura da história e modernidade”.

Trabalho de equipa

A 19.ª edição da Exposição Internacional de Arquitectura – Bienal de Veneza tem como tema “Inteligente, Natural, Artificial, Colectiva”, reflectindo, assim, “sobre o papel da arquitectura no processo de globalização”.

Os curadores Wang Shu e Lu Wenyu são arquitectos e educadores que trabalham no campo de arquitectura chinesa contemporânea há mais de vinte anos. Co-fundaram a Faculdade de Arquitectura da Academia de Artes da China em 2003, estando “empenhados em reconstruir o estudo e a prática da arquitectura contemporânea da China”.

Wang Shu é actualmente director da Faculdade de Arquiectura da Academia de Artes da China, tendo surpreendido o mundo da arquitectura com a obra “Jardim de Telhas”, exibida no primeiro Pavilhão da China na Bienal de Arquitectura de Veneza. Já Lu Wenyu foi membro do júri do Prémio Ásia-Pacífico da UNESCO para a Conservação do Património Cultural, tendo recebido o prémio honorário da Bienal de Veneza.

No tocante aos nomes participantes neste projecto, Iwan Baan é um fotógrafo holandês “conhecido pela sua captação de imagens da vida e da interacção no interior de edifícios”, trabalhando, desta vez, com professores e alunos das faculdades de arquitectura de Macau e China. A ideia foi “formar uma equipa criativa interdisciplinar”, apresentando “uma interpretação fantástica da integração multicultural” do território, mostrando ao mundo “a inclusão cultural de Macau através da sua linguagem arquitectónica”.

A exposição “Mundos Paralelos” estará disponível no espaço “Arsenalle”, em Campo della Tana, Castello, na cidade de Veneza.

GPM | Carlos Lemos apresenta Volume II do seu livro em Outubro

Depois do sucesso do Volume I, o macaense Carlos Lemos, a residir em Toronto desde 1974, prepara-se para lançar, em Outubro, o Grande Prémio de Macau – Colecção Pessoal de Victor H. de Lemos, 1954-1978, Volume II (1967-1978), a segunda parte de um livro que pretende homenagear o seu pai, Victor Hugo Lemos – um entusiasta do Grande Prémio de Macau que, em vida, coleccionou um vasto número de fotografias e tudo o que se relacionava com as corridas de automóveis em Macau desde 1954, data da realização da primeira edição do evento.

Sobre a segunda parte da obra, Carlos Lemos explicou ao HM que esta será “muito semelhante ao Volume I, mas contém mais recortes de jornais em inglês e chinês de cada ano, assim como alguns relatórios financeiros do Grande Prémio. Inclui ainda um cartaz do Ano Jubilar, do qual fiz três cópias limitadas e rubricadas em canvas, oferecendo uma à Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC) e outra ao Club Lusitano, em sinal de agradecimento pelo apoio prestado.”

Documentados com fotografias da época e artigos de jornais, estão alguns dos períodos mais emblemáticos do evento da RAEM, como a evolução do Circuito da Guia, a primeira vítima (Arsenio Laurel, em 1967), o nascimento do Grande Prémio de Motos e da Corrida da Guia, a chegada das primeiras equipas de fábrica e dos primeiros patrocinadores, a primeira transmissão televisiva em directo, e a tentativa de Hong Kong em criar o seu próprio Grande Prémio. Acresce ainda um novo capítulo, com “dez páginas de outra colecção do meu pai, chamada Motor Racing World, com alguns exemplares de 1900, fotografias autografadas de pilotos, dirigentes e personalidades do automobilismo mundial”.

Após ter lançado o Volume I em 2023, a apresentação do Volume II está agendada para o dia 15 de Outubro em Macau e para o dia 17 de Outubro na vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong.

Mais e maior

A verdade é que as vendas do primeiro volume excederam as expectativas. “Foi realmente um sucesso”, reconhece o autor, pois “restam apenas duas dúzias de exemplares, que guardei para mim próprio, para ofertas e reservas, no caso de alguém fora de Macau estar interessado”. Contudo, para Carlos Lemos, “o maior sucesso foi conseguir angariar mais de 41.000 patacas para caridade”, destinadas à instituição Macau IC2 [I Can Too], que apoia pessoas com autismo ou deficiência.

Para este segundo volume, com conteúdos mais recentes, o número de exemplares produzidos aumentará ligeiramente. “A impressão do Volume I foi de 500 exemplares, e achei um pouco ‘apertado’, no sentido de conseguir um número satisfatório para oferecer a amigos e a certas personalidades e entidades ligadas ao Grande Prémio. Por isso, mandei imprimir desta vez 550 exemplares”.

Carlos Lemos sublinha ainda que “a APOMAC e o Club Lusitano de Hong Kong prometeram dar o mesmo apoio ao lançamento do Volume II, o que é muito importante”. O livro terá mais páginas – cerca de cem a mais – e o autor confirma: “Já recebi várias reservas!”

Missão (quase) cumprida

Com a publicação do segundo volume, o primeiro grande objectivo de Carlos Lemos ficará cumprido, pois “a minha missão de homenagear o meu pai fica completa no que respeita à colecção do Grande Prémio de Macau, embora não totalmente, porque o maior sonho do meu pai era ter o seu nome no Guinness World Records”.

Esta é também uma história curiosa, pois Victor H. Lemos candidatou-se por três vezes ao Guinness World Records, sem sucesso. “Se Deus quiser e tudo correr bem, vou tentar mais uma vez, em nome dele, apresentar nova candidatura ao Guinness Book of Records e talvez também ao FIVA Hall of Fame”. A FIVA (Federação Internacional de Veículos Antigos) é uma organização mundial sem fins lucrativos dedicada à protecção, preservação e promoção do património automóvel histórico.

“Desta vez, para o Guinness World Records, vou submeter a candidatura com documentos de apoio, como vídeos e fotografias da colecção e dos livros”, explica o antigo presidente da Casa de Macau em Toronto. “O meu pai escreveu apenas uma carta, sem anexar qualquer documento, porque naqueles tempos não havia a facilidade que temos hoje”.

Para além do automobilismo, Carlos Lemos revela ainda que gostaria “de publicar um livro sobre a colecção de rótulos de caixas de fósforos fabricadas em Macau. O meu pai coleccionava rótulos de caixas de fósforos de todo o mundo – tem de Portugal, Espanha, vários países da Europa, etc. Esse projecto depende do tempo disponível e do interesse das pessoas”. E ficamos por aqui quanto a colecções? Talvez não: “Também tenho centenas, talvez milhares de moedas antigas – são tantas que é complicado… portanto não vou mexer (risos)”.

PE | China levanta sanções a cinco eurodeputados

A China retirou as sanções que tinha aplicado a cinco eurodeputados em Março de 2021, anunciou quarta-feira o Parlamento Europeu.

A 22 de Março de 2021, a China impôs sanções a dez indivíduos e a quatro entidades relacionadas com a União Europeia (UE), incluindo cinco eurodeputados e o subcomité dos Direitos Humanos do Parlamento Europeu. As sanções, que proibiam os visados de entrar em território chinês, levaram o Parlamento Europeu a suspender todo o diálogo oficial com a China.

Em comunicado, a instituição europeia anunciou quarta-feira que os cinco eurodeputados, que em 2021 pertenciam ao subcomité sancionado, já não estão abrangidos pelo regime de sanções de Pequim.

Citada na nota informativa divulgada, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, considerou que os eurodeputados devem poder exercer as suas funções, incluindo “discutir os interesses europeus” com a China “sem medo de quaisquer repercussões”. “A nossa relação com a China continua a ser complexa e multifacetada. A melhor maneira de abordá-la é através do diálogo”, frisou a líder do hemiciclo europeu.

O anúncio do levantamento das sanções foi feito à Conferência de Presidentes, que inclui não só Roberta Metsola, mas também os presidentes dos grupos políticos representados nos hemiciclos de Bruxelas e Estrasburgo.

Salão Automóvel de Xangai | Fabricantes focados no mercado internacional

As construtoras automóveis chinesas, alemãs e japonesas estiveram esta semana no Salão Automóvel de Xangai, indicando que o sector mantém o foco no mercado global mais amplo e menos afectado pelas pesadas tarifas impostas pelos Estados Unidos.

Há indícios de que os 25 por cento de tarifas sobre importações automóveis, decretados pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, estão a levar as empresas a reavaliar as suas estratégias — e, em alguns casos, a descobrir novas oportunidades.

“Quando os governos lá em cima entram em conflito, isso acaba por afectar os negócios cá em baixo”, afirmou Ma Lihua, directora-geral da Soling, uma fabricante chinesa de unidades de controlo e outros sistemas electrónicos usados em componentes como câmaras de marcha-atrás.

Sediada em Xangai, a Soling conta com a Ford, a Toyota e outras grandes marcas globais e chinesas entre os seus clientes. Está também a estabelecer uma base de produção no Vietname, onde a fabricante local de veículos eléctricos VinFast ambiciona tornar-se líder automóvel do Sudeste Asiático.

Muitas das dezenas de empresas de peças e componentes automóveis presentes no salão mantêm operações que cruzam tanto o mercado chinês como os mercados internacionais. A Gestamp, produtora de componentes metálicos como chassis e caixas de baterias, tem sentido os efeitos de uma desaceleração nos mercados dos EUA e da Europa Ocidental, mas está a expandir-se na Ásia, América Latina e Europa de Leste.

As tarifas norte-americanas tornaram-se agora mais um obstáculo, numa altura em que os fabricantes automóveis seguem de perto os desenvolvimentos. “No passado, as cadeias de abastecimento funcionavam como um relógio suíço. Agora é exatamente o contrário”, comentou Ernesto Barcelo, director da Gestamp, sobre a incerteza que actualmente domina o mercado.

Riscos equacionados

A estabilidade política é um critério fundamental para investir em qualquer mercado, afirmou Wei Jianjun, presidente da GWM (Great Wall Motor Co.), aos jornalistas, quando questionado sobre os planos da empresa para expandir a produção no estrangeiro. Isso aplica-se tanto a países como a Hungria — onde ainda não foi tomada uma decisão sobre a construção de uma fábrica — como também aos EUA sob a presidência de Donald Trump. “Se um país não é politicamente estável, o risco é elevado”, disse Wei.

Com tarifas tão elevadas nos EUA, a GWM está a concentrar-se noutros mercados, como o comércio entre a China e a Europa, que deverá crescer, afirmou. Não comentou, no entanto, as tarifas de até 45,3 por cento que a União Europeia impôs sobre veículos eléctricos fabricados na China.

Tianshu Xin, CEO da Leapmotor International — uma ‘joint-venture’ entre a Stellantis e a chinesa Leapmotor — afirmou que o mercado norte-americano não é, neste momento, a sua prioridade. “Queremos acompanhar o ambiente regulatório e, além disso, as preferências dos consumidores são um pouco diferentes em relação a outros mercados”, referiu Xin.

Novos investimentos

A japonesa Nissan planeia lançar 10 novos modelos eléctricos na China até 2027, dos quais nove serão da marca própria, e prevê investir mais 1,4 mil milhões de dólares até ao final de 2026 para reforçar a sua presença no país. Nos EUA, poderá usar capacidade produtiva excedente para compensar a redução das importações causada pelas tarifas.

“Algumas portas fecharam-se, mas outras abriram-se”, disse Ma. “Mas qualquer plano que se faça, será rapidamente alterado. O mercado muda muito depressa”, notou. Alguns dos participantes do salão acreditam que Trump acabará por moderar a sua posição.

“Trump é um homem de negócios e pretende impulsionar a economia americana através de tarifas sobre outros países, mas acredito que essas medidas são temporárias”, afirmou Yang Jingdi, assistente do CEO da LvXiang Automobile Parts Co., que fabrica componentes eletrónicos como espelhos retrovisores e bombas.

“A China tem cadeias de abastecimento completas e abundantes — e são os EUA que não vão aguentar se as tarifas se mantiverem dos dois lados”, descreveu.