Economia | Lucros da Lenovo disparam 108% Hoje Macau - 15 Ago 2025 A tecnológica chinesa Lenovo, maior fabricante mundial de computadores pessoais, registou um lucro líquido de 505 milhões de dólares no primeiro trimestre fiscal (abril-junho), uma subida homóloga de 108%, foi ontem anunciado. Em comunicado enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong, onde está cotada, a empresa indicou que a faturação ascendeu a 18.830 milhões de dólares, mais 22% em termos homólogos. Todas as principais áreas de negócio – dispositivos inteligentes (IDG), soluções de infraestruturas (ISG) e soluções e serviços (SSG) – registaram aumentos de dois dígitos nas receitas. A divisão de computadores pessoais e produtos relacionados cresceu 18% em termos homólogos, atingindo uma quota de mercado global de 24,6%, a mais elevada da sua história, enquanto as actividades não relacionadas com computadores representaram 47% da facturação total, o mesmo nível de há um ano. No segmento de infraestruturas, as receitas aumentaram 36%, enquanto a área de soluções e serviços registou uma subida de 20%. A empresa destacou que a sua estratégia de “Inteligência Artificial híbrida” – que combina capacidades em dispositivos, infraestruturas e serviços – está a impulsionar o crescimento e que o investimento em investigação e desenvolvimento (I&D) aumentou 10% no trimestre, para 524 milhões de dólares (447 milhões de euros). O aumento dos lucros e das receitas coincidiu com a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, em abril, que chegaram a equivaler a um embargo comercial ‘de facto’ entre as duas potências, antes de ser alcançada uma trégua que se mantém até agora. A Lenovo afirmou que “continuará a enfrentar a volatilidade do mercado com a sua agilidade operacional e vasta experiência”. Após a divulgação dos resultados, as acções da Lenovo em Hong Kong caíram 3,3%. Desde o início do ano, acumularam uma valorização de 13,89%.
Taiwan | Líder de apela ao “não” em referendo sobre nuclear Hoje Macau - 15 Ago 2025 O líder de Taiwan, William Lai, apelou aos taiwaneses para que, no referendo de 23 de agosto, votem contra a reactivação da última central nuclear na ilha, localizada no condado de Pingtung (sul), noticiou o Taipei Times. Lai assegurou que a realização do referendo antes de o Governo poder efectuar avaliações de segurança é “uma negação” do direito da população a tomar “decisões informadas”. “Irei às urnas no sábado da próxima semana para votar ‘não’, como todos nós devemos fazer”, disse o dirigente na quarta-feira. O referendo, promovido pelos dois principais partidos da oposição, o Kuomintang (KMT) e o Partido Popular de Taiwan (TPP), coloca a seguinte questão: “Concorda que a central nuclear de Maanshan continue a funcionar após a aprovação pela autoridade competente e confirmação de que não existem problemas de segurança?” De acordo com a lei taiwanesa relativa aos referendos, a proposta de reactivação da central é aprovada se os votos a favor superarem os contra e representarem, pelo menos, um quarto de todos os eleitores elegíveis. O encerramento do reactor número 2 da central de Maanshan, em Maio, marcou o fim da energia nuclear em Taiwan, após o desmantelamento progressivo dos reactores das centrais de Chinshan e Kuosheng – ambas localizadas no distrito norte de Nova Taipé – entre 2018 e 2023.
Governo chinês lança políticas de subsídios a juros de empréstimos para estimular o consumo Hoje Macau - 15 Ago 2025 Os planos de subsídios a juros de empréstimos para consumo individual e empresas de serviços devem impulsionar o consumo, que é um motor fundamental para a economia chinesa, afirmou um funcionário do Ministério do Comércio na passada quarta-feira. Na sua mais recente iniciativa para estimular o consumo, a China revelou na terça-feira planos para oferecer subsídios a juros para empréstimos qualificados para consumo pessoal e empréstimos comerciais qualificados no sector de serviços. “As políticas adoptam uma abordagem dupla, tanto do lado da procura quanto da oferta, coordenando esforços para fortalecer a capacidade de consumo e expandir a oferta efectiva”, disse Wang Bo, funcionário do Ministério do Comércio. Em comparação com os subsídios fiscais directos anteriores, as duas políticas de subsídios a juros de empréstimos visam alavancar mais recursos financeiros para o sector de consumo real, disse o vice-ministro das Finanças, Liao Min. Com uma taxa de subsídio a juros de empréstimos de 1%, cada 1 yuan de fundos de subsídio de juros provavelmente direcionará 100 yuans de fundos de empréstimos para o consumo dos residentes ou para a prestação de serviços no setor de consumo, de acordo com Liao. “As políticas terão um impacto positivo no estímulo ao consumo, particularmente na expansão do consumo de serviços”, observou Wang. Os principais bancos chineses anunciaram no mesmo dia que promoverão de forma constante a implementação das políticas. Dados oficiais mostram que as vendas de bens de consumo aumentaram 5% em relação ao ano anterior no primeiro semestre de 2025, e as vendas de serviços subiram 5,3%, proporcionando forte suporte ao crescimento sustentado da economia chinesa. Olhando para o futuro, a vitalidade e o potencial do supergrande mercado da China serão ainda mais estimulados à medida que várias políticas para expandir o consumo continuarem em vigor, disse Wang.
Palestina | China aumenta ajuda à agência da ONU para refugiados Hoje Macau - 15 Ago 2025 A China assinou na quarta-feira um acordo para contribuir com a agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA) e pediu apoio internacional contínuo ao órgão, que afirma enfrentar uma «crise existencial» devido à guerra em Gaza e a um grave défice de financiamento. O acordo de contribuição, parte da doação anual de Pequim, foi assinado na capital jordaniana por Zeng Jixin, chefe do escritório da China no Estado da Palestina, e Karim Amer, director da UNRWA. Zeng elogiou o que chamou de papel «indispensável» da UNRWA na prestação de assistência humanitária a milhões de refugiados palestinianos. Ele disse que a China aumentou a sua doação anual e forneceu suprimentos médicos e outros tipos de ajuda desde o início do conflito em Gaza. «A China apela à comunidade internacional para que continue a apoiar a UNRWA», disse Zeng, acrescentando que Pequim está pronta para trabalhar no sentido de pôr fim aos combates e alcançar uma solução justa e duradoura com base num quadro de dois Estados. A UNRWA enfrenta uma grave crise de financiamento depois de vários países doadores importantes terem suspendido as suas contribuições, na sequência de acusações israelitas de que uma dúzia de funcionários da agência participaram nos ataques liderados pelo Hamas em 7 de Outubro. Embora muitos doadores tenham retomado o financiamento desde então, a agência afirma que ainda enfrenta «enormes» desafios financeiros. Juliette Touma, directora de comunicação da UNRWA, disse que a agência também está a passar por uma «crise existencial» no meio do conflito devastador em Gaza, onde pelo menos 340 dos seus funcionários foram mortos desde o início da guerra. «A China tem sido uma amiga querida dos refugiados palestinianos, uma amiga querida da UNRWA. As suas contribuições são sempre bem-vindas», disse Touma, expressando gratidão pelo apoio de Pequim.
Ópio e Hegemonia – O imperialismo britânico na China contemporânea Sara F. Costa - 15 Ago 2025 Habituados a observar potências europeias a escravizar e colonizar diversos espaços pelo globo, a China da dinastia Qing não estava interessada em negociações com os países ocidentais. Para além de querer manter distância em termos diplomáticos e relacionais, não sentia necessidade de importar nenhuma manufactura ocidental, ou seja, não dependia de nenhuma importação. Vários países europeus, contudo, faziam comércio com a China pois tinham interesse em produtos chineses, principalmente no chá, porcelana e seda. Estes produtos eram particularmente apreciados pelos britânicos. A atitude chinesa não era bem vista por parte da Grã-Bretanha que se exibia perante a Europa como potência hegemónica dominante. Uma vez que a Grã-Bretanha importava da China grandes quantidades de chá, seda e porcelana, via a sua balança comercial bastante desequilibrada com vantagem para os chineses. Isto aconteceu até se aperceberem de um produto altamente lucrativo plantado na sua colónia Índia que podia vir a interessar aos chineses: o ópio. Para além de lucrativo, este produto tinha também o poder de enfraquecer em larga escala este país-continente que se afigurava tão interessante enquanto mercado para as potências europeias. Com a introdução e rápida propagação do ópio na sociedade chinesa, o governo de Pequim decidiu proibir a comercialização do narcótico que estava a ser devastador e a constituir um dos mais graves problemas de saúde pública da história do país. Esta decisão é vista pelo governo britânico como uma afronta às suas liberdades comerciais. Após a introdução, comercialização e disseminação do ópio na China em 1839 a Grã-Bretanha declara a Primeira Guerra do Ópio. A sua narrativa oficial recai na importância da abertura das portas da China ao comércio internacional, por uma questão de ordem, estabilidade e paz. Este ensaio pretende refutar a tese da paz pelo comércio aludindo a este contexto histórico. Quando analisada objectivamente a situação económica internacional da época, o interesse comercial da Grã-Bretanha na China era mais do que evidente. Constituía um grande mercado e, se enfraquecido e dominado, mais uma colónia com muita mão-de-obra a explorar. Ou seja, por detrás de uma narrativa que desejava apenas uma ordem dita moderna, mundial e que, acima de tudo, conduzia à paz, existia um acentuado interesse material no mercado chinês que não fosse prejudicial como o era para os britânicos até à data. Para além do interesse material, o interesse soberano também estava presente, não estivesse ele representado naquela que viria a ser a colónia britânica de Hong Kong. O Mandato do Céu e o Sistema de Cantão O isolamento do governo de Pequim constituía um modelo económico paralelo ao modelo ocidental e não se coadunava com a crença generalizada na Europa do séc. XIX de que a integração numa ordem internacional de direito e de comércio era a única possibilidade de um estado soberano ser reconhecido como civilizado e, consequentemente, como pacífico – já que se tornaria transparente, previsível e, segundo Palmerston, moderno (Palmerston, 1840). Contudo, o Império de Qing não partilhava esta crença. Por esta altura O Mandato do Céu[i] (天命, em Pinyin: Tianming)[ii] era ainda o modelo de governação seguido. De acordo com este modelo, a diplomacia e o comércio internacional eram formas de reconhecimento da proeminência chinesa. O mandato não implicava obrigatoriamente uma relação bélica com os povos vizinhos. Tal como os Estados Unidos, a China achava ter um papel especial na ordem universal e todos eram livres de usufruir dos privilégios que transmitia o contacto com a sua cultura. Contudo, em antítese aos Estados Unidos, nunca manifestou desejo de disseminar os seus valores pelo mundo: limitava-se a conseguir que os estados estrangeiros se considerassem Estados Tributários da China. O comércio internacional entre os chineses e os estrangeiros formou o primeiro local de encontro Sino-ocidental da era moderna. Ainda que o porto Xiamen em Fujian, tenha constituído a principal porta de trocas comerciais com o Sudeste Asiático e a costa chinesa, após 1759 Guangzhou tornara-se porta oficial para os encontros com europeus. O “Sistema de Cantão” como ficou conhecido no ocidente, foi organizado a partir de linhas tipicamente chinesas: o governo comissionava uma das famílias chinesas de mercadores para actuarem como controladores das trocas comerciais com o estrangeiro. Estes mercadores formavam uma associação conhecida por Cohong, que respondia ao comando de um oficial especialista no comércio de Guandong, normalmente um manchu enviado da corte imperial em Pequim, conhecido pelos estrangeiros como o Hoppo. Os Cohong e o Hoppo tinham a tarefa de taxar as importações dos estrangeiros e especialmente as exportações de chá e seda. Até 1834, quando a Companhia Britânica das Índias perdeu o apoio real para monopolizar as trocas comerciais com a China, a Companhia tinha-se adaptado a este particular Sistema de Cantão. Durante as épocas de trocas, o conselho de diretores da Companhia Britânica das Índias em Londres vivia na “British Factory” (centro de comércio e residência), nos bancos do rio, fora da grande capital de Guangzhou, de Outubro a Março. Na época sem trocas de Abril a Setembro, eles retiravam-se para o único espaço chinês concessionado a europeus, a cidade portuguesa de Macau. Para os chineses, a acumulação de interesse europeu na costa sudeste exigia um método eficiente para lidar com os “bárbaros do mar ocidental” como eram oficialmente designados. Habituados a observar potências europeias a escravizar e colonizar diversos espaços pelo globo, a atitude totalitária de Qing não estava interessada em grandes negociações com os “mercadores bárbaros”. Não era autorizada a concessão de um espaço de representação estrangeira na capital – embaixadas[iii] – e raramente eram admitidos à corte em Pequim representantes estrangeiros. Quando tal acontecia, era expectável que estivessem familiarizados com o ritual de prostração perante o imperador[iv]. Este ritual de prostração é um importante detalhe na missão britânica liderada por George Macartney em 1793 a Pequim para conhecer o imperador Qianglong. O seu objetivo era pedir que o império Qing respeitasse aqueles que eram na altura os direitos internacionais mínimos dos quais a Europa gozava em quase todo o resto do mundo: comércio livre, embaixadas permanentes e igualdade de soberania. Até então os europeus não tiveram outra opção a não ser reduzirem-se ao papel de suplicantes na ordem tributária chinesa – o comércio com os bárbaros era considerado não mais do que um tributo ao grande Império do Meio. A Missão Macartney foi um fracasso a vários níveis, uma vez que apelando e tentando demonstrar a superioridade técnica e científica do ocidente, não conseguiu levar a cabo nenhuma das negociações que lhe tinham sido encomendadas. Esta atitude chinesa era particularmente ofensiva para a Grã-Bretanha mas o PIB da China era ainda mais ou menos sete vezes o da Grã-Bretanha e daí o imperador considerar que era Londres que precisava de ajuda e não o contrário (Maddison, 2006). As potências ocidentais em ascensão não tolerariam por muito mais tempo um mecanismo diplomático que se referisse a eles como “bárbaros” que pagavam tributo ou um comércio sazonal apertadamente regulado num único porto. Depois da missão Macartney a Grã-Bretanha do topo civilizacional do ocidente, ficara particularmente ofendida. Uma única ordem mundial – Do comércio para a paz Com a balança comercial desequilibrada face ao desinteresse chinês pelas manufacturas britânicas, a insistência na importação sem restrições de ópio para a China foi a solução encontrada por estes para conquistarem finalmente o mercado chinês. O ópio foi introduzido de forma ilícita e com o propósito claro de viciar a população chinesa no único produto que poderia apresentar lucros para a Grã-Bretanha. Quando o ópio começou a circular no país, Pequim fez uma tentativa de regulação e venda do produto. Contudo, a destruição progressiva das populações e os problemas de saúde pública que rapidamente se tornaram visíveis um pouco por todo o país, levaram a corte a proibir a sua comercialização. Para uma Grã-Bretanha que começava a proibir a globalização da escravatura (da qual tinha sido, paradoxalmente, percursora) de forma a afirmar a sua superioridade moral perante o resto da Europa, a comercialização do ópio provocava aos ocidentais uma certa sensação de embaraço. Mas não era só do ponto de vista ocidental que a comercialização do ópio era vista como um embaraço. O mandatário oficial para erradicação do ópio na China, Lin Ze Xu, chegou a pedir à rainha Vitória que esta se encarregasse de suprimir o comércio do ópio não só na China como nos territórios indianos da Grã-Bretanha de onde os relatos de degradação profunda provocada pela massificação do uso da droga se faziam já ouvir um pouco por todo o mundo (Tse-hsu, 1839). Lin faz um ultimato à Grã-Bretanha em que ameaçava acabar com a exportação dos produtos chineses caso os britânicos não acabassem com a comercialização do ópio. Certo de que o grande império chinês não poderia sofrer retaliações de maior, a corte chinesa subestimou as capacidades militares estrangeiras já bem mais desenvolvidas que as chinesas – que nunca teve que travar grandes batalhas depois da unificação do império devido a formas mais requintadas de ligar com a guerra, como as que podem ser estudadas no clássico Arte da Guerra de Sun Tzu. Séculos de supremacia tinham distorcido o sentido da realidade da Corte Celestial. A pretensão de superioridade só acentuava a humilhação inevitável (Kissinger, 2011). O comissário britânico Palmerston escreve de volta para a corte chinesa e defende claramente o seu ponto de vista: os sistemas legais chineses tinham, de acordo com os princípios jurídicos ocidentais, caducado há muito tempo e, por isso, o próximo passo do Governo Britânico era o de enviar de imediato uma armada para bloquear os principais portos chineses, tomar «todos os navios chineses que possa encontrar» e tomar «uma parte conveniente do território chinês» até Londres obter satisfação. (Palmerston, 1840). [v] Os resultados da interação entre a esmagadora força ocidental e a gestão psicológica típica da China, resultou em dois tratados: o Tratado de Nanjing e o Tratado de Bogue. A China tinha que pagar à Grã-Bretanha seis milhões de dólares de indeminização, ceder Hong Kong e abrir cinco portos costeiros em que seria permitida residência e comércio ocidentais (Guangzhou, Ningbo, Shanghai, Xiamen e Fuzhou). Chegara ao fim o “Sistema de Cantão”. Os britânicos obtiveram ainda o direito de fazer comércio directo que não passasse por Pequim e o poder de exercer jurisdição sobre os seus nacionais residentes nos portos chineses do tratado. Isto significava que os comerciantes de ópio estrangeiros estariam sujeitos às leis dos seus próprios países e não da China. Este princípio de «extraterritorialidade» acabou por representar o declínio do poder imperial. A seguir às concessões permitidas à Grã-Bretanha, muitas outras potências ocidentais quiseram vir reclamar o seu pedaço. O Mandato de Céu terminara e fora substituído pelo conceito ocidental de Soberania. A tese da paz pelo comércio A tese da paz pelo comércio defende que este reduz a probabilidade de conflitos armados entre estados numa lógica de interdependência em que o liberalismo comercial assume um papel central na condução à paz, ultrapassando desta forma a lógica conflitual defendida pelos teóricos realistas. A organização do comércio internacional (WTO) apresenta vários argumentos que fundamentam o facto de que o comércio entre estados soberanos conduz à paz, nomeadamente defende que os comerciantes têm menos tendência para gerar conflitos com os seus clientes (World Trade Organization, 2003: 2); o segundo argumento é o de que as disputas são tratadas de forma construtiva nos procedimentos das instituições e organizações. Os adeptos da paz liberal argumentam que a interdependência reduz o conflito porque o conflito reduz as trocas comerciais. Interdependência económica promove a paz porque o conflito é inconsistente com laços económicos que promovam o benefício mútuo (Polachek & Xiang, 2008). A tese foi, contudo, ao longo do tempo mudando de base empírica. Num primeiro tempo em que o conceito operativo essencial se chama “vantagens comparativas”. É o tempo da vida económica internacional que ficou conceptualizado nas teorias tradicionais do comércio internacional. Cada Estado explora as vantagens competitivas que tem no sistema internacional. Onde dantes tínhamos unidades políticas, temos agora unidades económicas. A partir dos anos 80 esta passa a ser uma malha de relações bilaterais sendo assim a globalização a perda desta referência nacional. A guerra anglo-chinesa foi apresentada pelo governo britânico como um processo necessário em que os fins justificavam os meios. Apesar do universalmente reconhecido fracasso ético e moral da disseminação ilícita de um narcótico com vista à abertura forçada de um estado às legislações do comércio internacional, o pedido de desculpas oficiais pelo Reino Unido nunca foi formalizado, nem mesmo aquando da recuperação da soberania de Hong Kong pela República Popular da China em 1997. A imposição de uma única ordem mundial do comércio defendia um mundo mais pacífico mas neste episódio histórico podemos observar que após a abertura ao comércio livre, as invasões e tentativas de colonização por parte das potências ocidentais continuaram a fomentar a guerra na China numa lógica de expansão de poder e de soberania. 完 Notas [i] O Mandato do Céu tem as suas origens no pensamento confuciano desenvolvido por Mencius (372 – 289 a.C.) e foi seguido desde então como forma de justificar a legitimidade dos imperadores. [ii] Pinym e Wade-Giles são os dois sistemas de romanização da língua chinesa utilizados neste trabalho. [iii] Exceção feita à Rússia, já que os seus avanços no leste representavam uma ameaça iminente para a China. Em 1715 os Qing concederam a possibilidade da instalação de uma missão ortodoxa russa em Pequim. [iv] Conhecido como Cautau, o ato de prostração perante o imperador era uma forma de saudação ou de veneração ao imperador que implicava tocar com a testa no chão três vezes. [v] «Lord Palmerston to the Minister of the Emperor of China» (Londres, 20 de fevereiro de 1840) Consultado emhttp://www.chinaforeignrelations.net/node/247 [19 de Novembro de 2012]
“Memória de Macau” | FM aceita imagens antigas até final do ano Hoje Macau - 15 Ago 202515 Ago 2025 O website cultural e histórico “Memória de Macau”, criado pela Fundação Macau, faz seis anos de existência e a pensar nessa efeméride está a ser pedido ao público a doação de imagens antigas de Macau. Assim, e até ao dia 31 de Dezembro deste ano, decorre o “Programa de Partilha de Imagens ‘Minh Memória de Macau'”, visando “incentivar os residentes a capturar momentos preciosos da vida, instantes subtis e comoventes, integrando as suas experiências pessoais na memória coletiva da cidade, tornando-se, assim, parte importante da memória cultural de Macau”. O referido programa está aberto a todos os residentes de Macau interessados, sejam fotógrafos profissionais ou amadores. O conteúdo das imagens submetidas deve ser referente a Macau, podendo incluir paisagens urbanas, arte e cultura, costumes populares, desenvolvimento histórico, entre outros, sem restrições quanto a local ou data de captura. A FM diz que, com este projecto, “espera incentivar mais residentes a prestar atenção a detalhes à sua volta, a explorar e partilhar momentos e memórias históricos da vida, transformando histórias individuais num arquivo comum de Macau e a alcançar o objetivo de participação colectiva”. Este ano serão seleccionadas até um máximo de 250 imagens, sendo que cada uma será premiada com a atribuição de 300 patacas. Para participar basta o registo no website “Memória de Macau”, podendo cada pessoa enviar até um máximo de 50 imagens. “Memória de Macau” é uma grande base de dados históricos e culturais criada pela Fundação Macau, onde são partilhadas, regularmente, informações sobre a história e a cultura de Macau através de plataformas sociais.
IC | Filha de músico cazaque faz doação de materiais de Xian Xinghai Hoje Macau - 15 Ago 2025 O Instituto Cultural (IC) formalizou esta quarta-feira a recepção da doação de materiais históricos de Xian Xinghai feita por Baldyrgan Baikadamova, filha do músico cazaque Bakhytzhan Baikadamov. Estes materiais, que ficam agora à guarda do Museu Memorial de Xian Xinghai, em Macau, foram deixados no Cazaquistão, incluindo-se documentos, partituras e fotografias. Segundo o IC, esta doação, bem como os próprios materiais, “são uma testemunha da amizade que transcendeu o tempo e o espaço entre a China e o Cazaquistão, enriquecendo o acervo do Museu Memorial de Xian Xinghai e os recursos da educação patriótica de Macau”. Xian Xinghai nasceu em Macau a 13 de Junho de 1905 e é aclamado como o “músico do povo”. As suas obras mais famosas incluem “Cantata do Rio Amarelo”, “A Marcha do Exército e do Povo” e “Cantata da Produção”. Nos anos 40 do século XX, Xian Xinghai ficou retido na União Soviética devido à guerra e foi acolhido pela família do músico Bakhytzhan Baikadamov em Almaty, no Cazaquistão, com quem estabeleceu uma profunda amizade. Durante esse período, compôs obras musicais famosas como “Sinfonia da Libertação Popular”, “A Guerra Santa”, “Man Jiang Hong” e ainda “Sinfonia Amangeldy”. O Museu Memorial de Xian Xinghai foi inaugurado em Macau em 2019 a fim de “homenagear as suas grandes realizações musicais, honrar a sua contribuição para o país e divulgar a sua vida marcada por lutas e sacrifício pela nação”.
Albergue SCM | Obras de Susana Gaudêncio e Carla Castiajo em exposição Andreia Sofia Silva - 15 Ago 202525 Ago 2025 “Aqueles Que Nos Querem Falar” é o nome da nova mostra do Albergue da Santa Casa da Misericórdia (SCM) protagonizada pela artista portuguesa Susana Gaudêncio, que se junta a Carla Castiajo. Ambas apresentam uma mostra com diversas expressões artísticas, que vão do vídeo à instalação, para nos mostrar mensagens e perspectivas de pensamento em silêncio E se falássemos sem, de facto, falar? E se recorrêssemos a outros modos de comunicar onde não se usa a palavra ou o gesto, mas sim a ferramenta, a estrutura, para transmitir diversos pensamentos e ideias? Esta pode ser a ideia por detrás da exposição “Aqueles Que Nos Querem Falar”, da autoria das artistas Susana Gaudêncio e Carla Castiajo, e que se apresenta na próxima semana, dia 20, no Albergue SCM – Santa Casa da Misericórdia. A inauguração decorre a partir das 18h30, sendo que a exposição fica patente até ao dia 30 de Setembro na Galeria A2 do Albergue. A curadoria está a cargo de Mafalda Santos e aqui se verifica o trabalho destas duas artistas que recorrem “ao vídeo, animação, escultura e instalação como meios de expressão, continuando uma narrativa onde a linguagem se cala, permitindo que o cintilar das imagens, o peso das pedras e a textura do cabelo se tornem novas letras”, refere o comunicado do Albergue SCM sobre a nova mostra. Nestas criações, transmitem-se, assim, “pensamentos e perspectivas no silêncio, interpretando-se camadas e ressonâncias do ‘não verbal'”, acrescenta-se. Mafalda Santos descreve, no texto de curadoria que acompanha a exposição, que se trata aqui de uma junção de trabalhos artísticos “em que o gesto e a matéria se entrelaçam para invocar forças invisíveis, discursos não-ditos e dispositivos de sedução e resistência”. Diversas práticas Para Mafalda Santos, “as práticas de Susana Gaudêncio e Carla Castiajo desenvolvem-se a partir de investigações artísticas que cruzam pensamento crítico, gesto simbólico e experimentação material”, sendo que Susana Gaudêncio, que também é docente de arte na Universidade do Minho, “explora o legado histórico de conceitos como utopia, heterotopia e cidade, activando imagens e narrativas com forte carga política e poética”. Por sua vez, Carla Castiajo “foca-se na potência simbólica dos materiais — em especial o cabelo humano — para construir objectos que evocam o corpo, a memória e o desejo, num território entre o ritual e o íntimo”. Esta artista opta por “partir do corpo para criar objectos de forte carga sensorial e simbólica”, nomeadamente cabelo humano, que é usado como “matéria, veículo de identidade, desejo e tabu”, construindo, dessa forma, “peças que oscilam entre a joalharia expandida e a escultura”. São uma espécie de “objectos íntimos e inquietantes, dotados de uma presença ambígua, que nos podem remeter para os objectos rituais africanos, fetiches, utilizados para propósitos como protecção, cura, adivinhação e comunicação com o mundo espiritual”. Uma das peças presentes nesta mostra do Albergue SCM intitula-se “Abracadabra”, onde Susana Gaudêncio “explora a tensão entre a expressão política e a sua dimensão encenada, revelando o potencial encantatório da linguagem e da imagem como instrumentos de persuasão”. Esta é uma peça que varia entre a escultura e a vídeo-animação, evocando-se “o gesto como inscrição e inscrição como encantamento”, com “discursos políticos são apropriados, redesenhados e devolvidos ao espectador como imagens que oscilam entre o real e o ritual”. Há depois a instalação “Duelo-Dilema”, que é composta por 65 esculturas em gesso, com ligação “às letras do poema mágico ‘Abracadabra'”, onde se reencena “a escrita como acto performativo, uma coreografia de formas que evocam símbolos arcaicos, seres orgânicos e signos perdidos”. Para Mafalda Santos, o conjunto das obras das duas artistas “propõem formas de escuta e manifestação, um espaço de comunicação sensível, lugar de fronteira entre o visível e o oculto, entre o gesto e a presença, entre a evocação a e interpelação”. Susana Gaudêncio licenciou-se em Pintura na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, sendo também mestre em Belas Artes pelo Hunter College – City University of New York. É ainda doutorada em Belas Artes, ramo multimédia e audiovisuais, tendo como áreas de interesse, para criar, as “máquinas de imaginar” ou os conceitos de utopia, heterotopia e distopia. Carla Castiajo tem também formação académica na área das artes, tendo feito o doutoramento em 2016 na Estonian Academy of Arts, onde desenvolveu um projecto artístico e de investigação intitulado “Purity or Promiscuity? Exploring Hair as Raw Material in Jewellery and Art”, onde explora, precisamente, a possibilidade de o cabelo humano ser usado como material artístico e a sua interconexão com as áreas da arte e da joalharia. Carla Castiajo estudou ainda na Suécia e licenciou-se em Arte e Design na Escola Superior de Arte e Design de Matosinhos, Portugal.
Podul | Chuvadas causam inundações um pouco por toda a cidade e ruas cortadas João Luz - 15 Ago 2025 As fortes chuvadas que se abateram ontem sobre Macau deixaram muitas zonas completamente inundadas, um cenário que não se via há muito tempo na cidade. Poucos minutos depois da emissão do sinal de chuva intensa, já muitas estradas tinham sido cortadas, com veículos apanhados pelas cheias e houve até deslizamento de terra e pedras em Coloane Estradas cortadas, aulas canceladas, veículos presos em autênticas piscinas de água castanha, deslizamento de terra e pedras e um total pandemónio na cidade. Assim foi o dia de ontem em Macau, com chuvas fortes o dia inteiro e o sinal mais elevado de chuva intensa (sinal preto) emitido durante várias horas. A partir do início da tarde, começaram a circular nas redes sociais vídeos e fotografias de inundações e os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) actualizavam, às 15h50, o aviso sobre a precipitação acumulada. “Devido à influência de chuva forte, a precipitação máxima acumulada, em algumas áreas da Taipa e Coloane atingiu os 110 mm por hora. Com base nos dados mais recentes, prevê-se que a precipitação se mantenha, uma vez que, a região vai continuar a ser afectada por uma área de chuva durante algum tempo”, indicaram os SMG, aconselhando a “população a abrigar-se num lugar seguro e coberto”. Cerca de 24 horas antes, os mesmos serviços previam que “no que diz respeito ao ‘storm surge’, uma vez que os próximos dois dias (ontem e hoje) não são de maré alta astronómica, a probabilidade de inundações provocadas por “storm surge”, é baixa. No entanto, podem ocorrer inundações em zonas baixas devido à chuva intensa de curta duração”. A partir do início da tarde, o Corpo de Polícia de Segurança Pública começou a cortar ruas devido às inundações, pouco mais de 10 minutos depois de os SMG terem emitido o sinal mais grave chuvas intensas. Às 14h11 foram encerrados os passeios subterrâneos e passagem inferior para viaturas da Praça de Ferreira do Amaral. Às 14h35, foram encerradas a Rua do Porto na Taipa, a Rua de Chiu Chau, a Rua de Fernão Mendes Pinto e a Rotunda da Central Térmica de Coloane. Às 15h05, foi a vez da Avenida Wai Long da Taipa e a Rotunda Ouvidor Arriaga. Os cortes prosseguiram, às 15h58 na Avenida de Cinco de Outubro em Coloane, na Estrada do Altinho de Ká Hó perto do reservatório em Coloane, na Estrada do Istmo perto do campo de golfe no Cotai, no Caminho das Hortas na Taipa, no Largo dos Bombeiros na Taipa, no Túnel subfluvial do Campus da Universidade de Macau. Às 16h17, as autoridades cortaram o trânsito na Avenida das Virtudes, Avenida do Transporte e Avenida Do Progresso, nas imediações da Universidade de Macau. Até às 17h30, o Corpo de Bombeiros recebeu 25 pedidos de assistência, incluindo suspeitas de pessoas presas, remoção de objectos caídos, acumulação de água, deslizamentos de terra e árvores caídas. Até ao fecho desta edição não havia registo de feridos, nem um balanço dos danos causados. Adeus, Podul Assim que foi accionado o sinal mais elevado de chuvas intensas, o Centro de Operações de Protecção Civil lançou um alerta, afirmando que eram expectáveis inundações nas zonas baixas da cidade. Foram também divulgadas medidas de precaução, numa altura em que já havia inundações e estradas cortadas. O Centro de Operações de Protecção Civil pediu a “cidadãos e turistas” para ficarem em zonas abrigadas, longe de “zonas baixas e áreas inundadas, evitando parques de estacionamento subterrâneos e caves sem saídas de emergência, num comunicado divulgado apenas em chinês. As autoridades aconselharam também não permanecer perto de encostas, colinas e paredes de retenção e pediram atenção para a possibilidade de deslizamento de terras e queda de árvores. Foi também pedido aos condutores a redução da velocidade, atenção redobrada e que evitassem zonas inundadas. Cerca de 20 minutos antes do alerta de chuva, a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) emitiu um aviso de suspensão das aulas e pediu aos pais para ires buscar os seus filhos, meia horas antes das primeiras estradas serem cortadas ao trânsito. “Devido à emissão do sinal de chuva intensa, de acordo com o disposto, as aulas dos ensinos infantil, primário, secundário e especial ficam suspensas na parte da tarde. As escolas devem organizar pessoal para acolher os alunos que cheguem às escolas até que o seu regresso a casa se possa fazer em segurança”, indicou a DSEDJ. Às 17h50, os SMG baixavam o sinal de chuva intensa do preto para o amarelo, o mais baixo de três alertas. Dez minutos depois, os mesmos serviços cancelavam todos os sinais de tempestade tropical, mantendo a previsão de chuvas fortes e trovoadas frequentes com rajadas de vento fortes para hoje, assim como inundações nas zonas baixas devido a chuva intensa de curta duração.
Canídromo | 17 propostas para construção de parque desportivo Hoje Macau - 15 Ago 2025 A Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP) recebeu um total de 17 propostas no âmbito do concurso público para a construção do parque desportivo a funcionar no terreno anteriormente destinado ao Canídromo, entretanto encerrado. Prevê-se que as obras do novo parque arranquem no primeiro trimestre do próximo ano, tendo a duração de 1.014 dias, ou seja, cerca de três anos. O terreno em causa, com 40.425 metros quadrados, será utilizado para duas zonas do parque desportivo, sendo que nas obras para a primeira zona serão demolidos os edifícios existentes, sendo construídos dois pavilhões e um parque de estacionamento subterrâneo, sem esquecer uma passagem pedonal com ligação ao bairro do Iao Hon. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o responsável da DSOP explicou que foi reservado, no terreno, um espaço para os acessos a uma futura estação do metro ligeiro, nomeadamente junto a um dos pavilhões. No total, o futuro Parque Desportivo terá três pavilhões multiusos, um pavilhão para uso dos mais novos, uma pista para a prática de diversas modalidades de atletismo ao ar livre e um parque de estacionamento subterrâneo. Haverá ainda uma piscina, zona de skate, muro para escalada e áreas para a prática de diversas modalidades desportivas.
DSAL | Reconhecida falta de mecanismo para verificar aquisição de seguro João Luz - 15 Ago 2025 O Governo não tem um mecanismo para verificar a aquisição de seguros de acidente de trabalho. A DSAL refere que a exigência legal é verificada em inspecções, apesar do volume elevado de infracções aplicadas a empregadores por falta de seguro. Construção civil, hotelaria, restauração, e comércio a grosso e retalho são os sectores mais afectados Os seguros de acidente de trabalho são uma obrigação legal que procuram cobertura e segurança dos trabalhadores, mas o Governo não tem “um mecanismo de comunicação, comparação e verificação de aquisição do seguro de acidentes de trabalho por parte do empregador”, admite o director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), Chan Un Tong. Em resposta a interpelação escrita do deputado Lam Lon Wai, o director da DSAL indica que “a exigência legal é indagada nas vistorias de inspecção de trabalho executadas” pela DSAL, e reforçada através de “trabalhos de divulgação e formação”. Porém, as campanhas de sensibilização e mesmo as vistorias de inspecção não têm surtido efeito, de acordo com as estatísticas oficiais. O deputado dos Operários sublinhou que, de acordo com a análise estatística relativa a acidentes de trabalho do ano passado, “5.095 trabalhadores ficaram feridos em acidentes de trabalho, dos quais 22 sofreram incapacidade permanente e 10 perderam, infelizmente, a sua vida preciosa, o que leva a elevadíssimos custos sociais e é lamentável”. Lam Lon Wai refere ainda que desde 2020, tem-se verificado um aumento de casos de violações e incumprimento da obrigação de aquisição de seguro de acidentes de trabalho, “em 2023, os trabalhadores envolvidos e o montante de sanções aplicadas aumentaram 147,1 por cento face ao ano anterior”. O deputado dos Operários realça que, apesar de no ano passado o número de pessoas sancionadas e trabalhadores envolvidos terem diminuído, “continua superior a 300” e a sanções “têm-se mantido num nível elevado nos últimos anos”. Confiança e tranquilidade Apesar de falhas e repetidas infracções devido à falta de seguros, em especial nos sectores da construção civil, hotelaria, restauração, e comércio a grosso e retalho, o director da DSAL salienta o trabalho feito no terreno. “No primeiro semestre do corrente ano, para além de ter efectuado 1.744 inspecções a 852 estabelecimentos de trabalho, foram também organizadas 924 formações e palestras aos sectores hoteleiro, da construção civil e aos demais sectores de actividade, tendo contado com a participação de 27.065 operacionais”.
SS | Mais de 120 mil inspecções a álcool e tabaco em seis meses Andreia Sofia Silva - 15 Ago 2025 Os inspectores dos Serviços de Saúde (SS) realizaram, em seis meses, ou seja, entre Janeiro e Junho deste ano, um total de 123.085 inspecções a estabelecimentos nocturnos a fim de verificar o cumprimento da lei nos consumos de álcool e tabaco. Os dados estatísticos ontem divulgados mostram que foram detectados 2.748 casos infractores. No combate ao tabaco foram detectados 2.529 situações de fumo ilegal, 127 casos de transporte de cigarros electrónicos entre fronteiras, bem como 81 casos suspeitos de violação do Regime de Prevenção e Controlo do Tabagismo. No que concerne ao tipo de estabelecimento com maior número de casos de pessoas a fumar em locais proibidos, os casinos foram os que registaram, no total, 480 casos, representando uma fatia de 19 por cento, seguindo-se os estabelecimentos de restauração, 368 casos, 14,6 por cento dos casos. Os casos ocorridos em jardins ou zonas de lazer surgem em terceiro lugar, com 229 casos ocorridos, 9,1 por cento. A Direcção dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos, em colaboração com os SS, realizaram 429 inspecções em casinos, tendo detectado 480 casos de pessoas a fumar em locais proibidos. Quanto ao controlo do consumo de bebidas alcoólicas, entre Janeiro e Junho de 2025, registaram-se 11 casos suspeitos de violação do Regime de Prevenção e Controlo do Consumo de Bebidas Alcoólicas por Menores, sendo que três desses casos envolveram a venda ou a disponibilização de bebidas alcoólicas a menores.
Ron Lam | Último episódio do podcast destacou falta de respostas do Governo Andreia Sofia Silva e Nunu Wu - 15 Ago 2025 O último episódio do podcast realizado pela Associação Sinergia de Macau, dirigida pelo ainda deputado Ron Lam, foi gravado esta quarta-feira à noite e destacou a ausência de respostas do Executivo para com a população. O projecto, que durou oito anos, chegou ao fim, com Ron Lam a admitir cansaço Há oito anos que a Associação Sinergia de Macau, cujo vice-presidente é o deputado Ron Lam, divulgava ideias políticas através de um podcast semanal. Porém, isso acabou, tendo sido gravado esta quarta-feira o último episódio. Uma das ideias deixadas por Ron Lam foi, precisamente, a ausência de respostas do Governo para com a população, temendo-se que se continuem a ignorar as vozes da sociedade. O responsável frisou que a Sinergia de Macau fez várias propostas ao longo dos anos para diversos problemas do território, mas que o Governo nunca aceitou ou ouviu essas ideias. “Fizemos todos os esforços para apresentar sugestões concretas e algumas são esperadas pela população. Porque é que os jovens estão confusos em relação ao futuro? Porque é que as percepções da sociedade estão em baixa? Estes assuntos têm de ser enfrentados pelo Governo, para que os possa resolver”, disse Ron Lam. Um dos casos descritos no último episódio do podcast diz respeito ao urbanismo, nomeadamente o projecto do viaduto entre Zona A e Zona B dos Novos Aterros Urbanos. “Em meados do ano passado começámos a falar sobre isso, a colocar questões sobre o viaduto, mas o Governo sempre disse que o viaduto não ia ser como um edifício. Depois, o projecto acabou por ser suspenso por exigência da UNESCO”, acrescentou. Sem regresso Johnson Ian, ex-jornalista e presidente da associação, recordou que, olhando em perspectiva, muitos dos problemas apontados em oito anos de podcast não foram resolvidos. “Os temas foram sempre discutidos, nomeadamente as questões da habitação. O segundo tema mais discutido foi o metro ligeiro. Há oito anos discutimos, e agora continuamos a fazê-lo”, frisou. Os intervenientes disseram que o podcast surgiu como uma forma de explicar as políticas do Governo e demais notícias de forma detalhada aos ouvintes, além de ter sido uma ferramenta para preparar as eleições à Assembleia Legislativa (AL) de 2017. No último episódio Ron Lam foi ainda questionado por um ouvinte sobre um possível regresso à política através da Federação das Associações dos Operários de Macau, a que pertenceu antes de criar a Associação Sinergia de Macau, para recuperar a qualificação como candidato. Mas este afastou essa possibilidade. “Não vou pensar numa candidatura à AL nos próximos tempos. Para mim, o papel do deputado é uma ferramenta em prol da mudança, e quando esta ferramenta não pode ser usada, deixa de ser um objectivo.” Ron Lam disse ainda que estabeleceu para si o limite máximo de três legislaturas no trabalho como deputado, recordando que está na política desde 2010. Agora parece ser altura de deixar o palco. “Estou cansado e preciso do tempo para respirar,” revelou.
1ª Feira de comércio em Díli atrai investimentos de Macau e China Andreia Sofia Silva - 15 Ago 2025 Díli, capital de Timor-Leste, prepara-se para receber a primeira edição da Feira Internacional de Comércio de Díli, que contará com 19 empresários de Macau. A informação consta numa nota divulgada pelo Fórum Macau, assinada por António Ramos da Silva, delegado do país junto do secretariado permanente do Fórum Macau. O evento, que acontece entre os dias 28 de Agosto e 1 de Setembro, é o primeiro desta natureza a decorrer no país e “pretende atrair mais investidores da Grande Baía (Guangdong-Hong Kong- Macau) e empresários de todos os sectores, desde comércio, prestação de serviços, instituições financeiras e banca”. Macau participa com uma delegação de 19 empresários, organizada pelo Instituto de Promoção do Investimento e Comércio (IPIM), enquanto a China envia uma delegação de 14 empresários de diversas regiões, organizada pela Associação da Indústria Aroma Natural China Macau. Café e companhia Segundo a mesma nota, “durante o evento as empresas de Macau e Guangdong vão assinar protocolos de cooperação e contratos de compra e venda com empresas de Timor-Leste” em áreas como a produção de café e mariscos ou a construção civil, entre outras. Um dos exemplos destacados é o contrato entre a Macau Coffee, Companhia Limitada e a Timor Global, empresa distribuidora de café em Timor-Leste, que terá o valor global de 808,800.00 dólares americanos. Já a empresa Água Nova de Timor (Macau) vai assinar um acordo com o Ministério da Educação de Timor-Leste “para instalação de máquinas de água potável nas escolas públicas” do país, lê-se ainda. Outro destaque é o acordo assinado neste evento entre o grupo de construção civil TOP Builder, Macau e o Huafa Group, de Zhuhai, “para participar no desenvolvimento das infraestruturas em Timor-Leste”. António Ramos da Silva destaca também que da zona da Grande Baía são esperados investimentos em Timor-Leste, nomeadamente o investimento do Caizi Group em parceria com Leong Iu Kau, do grupo Zhuhai Deguang Electronic Products Factory Co,Ltd. A mesma nota dá conta que em Janeiro deste ano o Caizi Group “assinou um pré-acordo de investimento com o delegado de Timor-Leste [do Fórum Macau] num montante total de investimento de cerca de mil milhões de dólares americanos, e que se divide em várias fases”. Pretende construir “resorts integrados, fábricas de manufacturas para a construção civil e outras indústrias”, é referido.
Direitos humanos | Governo manifesta “firme oposição” a relatório americano João Luz - 15 Ago 2025 O Executivo de Sam Hou Fai reagiu com “forte insatisfação e uma firme oposição” ao “Relatório sobre Direitos Humanos 2024″ do Departamento de Estado norte-americano. O relatório acusa Macau de restringir as liberdades de expressão e de imprensa, e de permitir o tráfico de pessoas. O Governo aponta a “interferência violenta” nos assuntos internos da China e da RAEM “O ‘Relatório sobre Práticas de Direitos Humanos por País relativo ao ano de 2024’, publicado recentemente pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos da América, contem acusações infundadas sobre a situação dos direitos humanos em Macau que não correspondem aos factos e estão repletas de preconceito, às quais o Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) manifesta uma forte insatisfação e uma firme oposição”, foi desta forma que o Governo da RAEM reagiu na noite de quarta-feira ao documento emitido na terça-feira pelo organismo liderado por Marco Rubio. O Executivo de Sam Hou Fai começa por elencar os “êxitos notáveis” alcançados pela RAEM “desde o regresso à pátria”, como o desenvolvimento económico, a estabilidade e harmonia social, a qualidade de vida da população, assim como “progressos abrangentes na área dos direitos humanos”. A resposta prossegue com o elogio à solidez do sistema jurídico local e ao reforço da independência judicial tem sido reforçada. “Os residentes gozam, nos termos da lei, de amplos direitos e liberdade de expressão, de imprensa, de reunião e de desfile, entre outras, sendo igualmente os direitos laborais garantidos por lei”, acrescenta o Governo da RAEM O Executivo defende ainda a lei relativa à defesa da segurança do Estado, por garantir “eficazmente a segurança do Estado e a prosperidade e estabilidade da RAEM”, e que a salvaguarda da soberania, segurança e interesses do desenvolvimento do país, são “deveres constitucionais” dos residentes de Macau. Interferência violenta O Governo de Sam Hou Fai acusa os Estados Unidos de violarem os princípios do direito internacional e as normas básicas das relações internacionais, nomeadamente através da publicação “ano após ano dos chamados relatórios para comentar irresponsavelmente a situação dos direitos humanos na RAEM, o que constitui uma interferência violenta nos assuntos internos da China e nos assuntos da RAEM”. Como tal, o Executivo da RAEM reitera que os Estados Unidos devem atentar com imparcialidade os “enormes êxitos alcançados por Macau sob o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’, respeitem os factos e parem de difamar e criticar maliciosamente a situação dos direitos humanos na RAEM”. O documento do Departamento de Estado norte-americano voltou a acusar Macau de restringir a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa, através da censura, e de permitir o tráfico de pessoas. O organismo da Administração Trump reitera, como o fez o ano passado, que não houve “mudanças significativas” na situação de Macau. No documento frisa-se que “a lei prevê liberdade de expressão, incluindo para membros da imprensa e outros meios de comunicação, mas o Governo restringiu este direito”. A “RAEM impôs restrições à liberdade de imprensa e incentivou os meios de comunicação a alinharem-se com as posições governamentais. Houve relatos de autocensura por parte de órgãos e jornalistas”, pode ler-se no mesmo documento.
Coreia do Sul | Ex-primeira-dama detida por suspeitas de fraude e corrupção Hoje Macau - 14 Ago 2025 A ex-primeira-dama sul-coreana Kim Keon-hee, mulher do detido ex-presidente, foi presa preventivamente, no âmbito de casos que envolvem fraude, corrupção e violação das leis eleitorais, disseram as autoridades. A detenção de Kim Keon-hee, na terça-feira, ocorreu horas depois de os procuradores anunciarem a emissão de um mandado de detenção contra a mulher do ex-presidente Yoon Suk-yeol. O mandado foi emitido devido ao risco de destruição de provas, de acordo com a agência de notícia sul-coreana Yonhap. Kim, de 52 anos, é acusada de inflacionar artificialmente o valor das acções de uma empresa de comércio automóvel entre 2009 e 2012 e de aceitar presentes de luxo enquanto era primeira-dama, em violação das leis anticorrupção. Na semana passada, Kim Keon-hee foi interrogada pelos procuradores, tendo apresentado desculpas e prometido cooperar totalmente com a investigação. A ex-primeira-dama é ainda acusada de violar as leis eleitorais ao interferir no processo de nomeação de parlamentares do antigo partido do marido, o Partido do Poder Popular (PPP). A prisão preventiva significa que ambos os membros do anterior casal presidencial estão agora detidos, uma situação inédita na Coreia do Sul. O ex-presidente conservador Yoon Suk-yeol, impugnado em Abril, está detido por ter imposto brevemente a lei marcial em Dezembro e mergulhar o país num prolongado caos político. Acusado de insurreição, foi substituído em Junho pelo rival de centro-esquerda, Lee Jae-myung.
Pequim acusa Taipé de entregar activos estratégicos aos EUA Hoje Macau - 14 Ago 2025 Pequim acusou ontem Taiwan de ceder aos EUA e entregar activos estratégicos como a TSMC, após Washington sugerir um investimento de 300 mil milhões de dólares no Arizona, onde a empresa já tem fábrica. A porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado, Zhu Fenglian, afirmou que uma operação desta dimensão “afectaria gravemente” a economia taiwanesa e reduziria a “capacidade de desenvolvimento autónomo” da ilha. “Quando a TSMC foi forçada a anunciar um investimento adicional de 100 mil milhões de dólares nos Estados Unidos, já provocou inquietação no sector e mal-estar na população da ilha. Se se concretizar a cifra de 300 mil milhões, o impacto será enorme”, disse Zhu, em conferência de imprensa. A responsável acusou Washington de “esvaziar” a indústria taiwanesa e o Partido Democrático Progressista (PDP, no poder na ilha) de ser “o principal cúmplice” pelo papel nas negociações comerciais e na política industrial. Segundo Zhu, as autoridades taiwanesas “não só cederam antes de negociar em matéria pautal, como entregaram voluntariamente ativos estratégicos de Taiwan como a TSMC”. A porta-voz instou o PDP a “rectificar” e a pôr fim à sua estratégia “traidora”.
MNE da China em Macau critica relatório de Direitos Humanos dos EUA Andreia Sofia Silva - 14 Ago 2025 O Gabinete do Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) da China em Macau emitiu ontem uma nota onde deixa duras críticas ao Relatório dos Direitos Humanos dos EUA relativo a 2024, e que foi lançado esta terça-feira. “Opomo-nos firmemente à interferência dos EUA nos assuntos de Macau”, começa por dizer a nota, que refere ainda que as autoridades norte-americanas “ignoram factos, criam problemas onde não existem e atacam o panorama dos direitos humanos em Macau, interferindo nos assuntos de Macau e nos assuntos internos da China”, pelo que expressam uma “forte insatisfação e uma resoluta oposição” ao conteúdo do referido relatório. O relatório em questão deixa vários alertas sobre o que considera ser uma redução da liberdade de imprensa e de expressão no território. “Não houve alterações significativas na situação dos direitos humanos em Macau durante o ano. As questões de direitos humanos mais significativas dizem respeito a relatos credíveis de restrições sérias à liberdade de expressão e de informação, incluindo censura”, pode ler-se. São citadas críticas públicas feitos pela Associação de Jornalistas de Macau e o episódio ocorrido em Junho do ano passado, quando o ex-deputado Au Kam San deixou de escrever opinião para um jornal local ao fim de 35 anos de actividade como cronista. Um bom princípio Na nota emitida pelo MNE chinês, defende-se que Macau tem constituído um bom exemplo da aplicação do princípio de “um país, dois sistemas”, o qual “alcançou conquistas reconhecidas” tendo sido “melhorado o sistema democrático”, enquanto que “o desenvolvimento económico [do território] deu um salto histórico”. Desta forma, Pequim considera que, nestes 25 anos em que vigora este princípio na RAEM, “a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa, bem como os direitos laborais, foram totalmente protegidos por lei, sendo a sociedade harmoniosa e estável”. O mesmo comunicado do MNE defende a importância da Lei de Segurança Nacional de Macau, que deverá proporcionar, na sua visão, “garantias mais sólidas para a implementação bem-sucedida” do referido princípio, garantindo ainda “a prosperidade e estabilidade de Macau a longo prazo”. Pequim volta assim, a pedir aos EUA que “respeite factos objectivos e que pare imediatamente de caluniar e difamar a situação dos direitos humanos em Macau”.
O Papa Americano (III) Jorge Rodrigues Simão - 14 Ago 2025 “To all of you, brothers and sisters of Rome, of Italy, of the whole world, we want to be a synodal Church, a Church that walks, a Church that always seeks peace, that always seeks charity.” Pope Leo XIV Em vez disso, todos os Estados totalitários são incompatíveis com o Evangelho, porque negam a natureza do poder». Transferido para os dias de hoje, «o compromisso do cristão no Estado é o de dessacralizar o poder político para superar a era constantiniana que havia sacralizado o poder». Aqui estamos, precipitados na actualidade. Porque se medirão a continuidade e a descontinuidade entre Francisco e Leão XIV, o jesuíta e o agostiniano, na abordagem da geopolítica eclesiástica e no compromisso da Santa Sé, parte do drama dialéctico entre as potências. E entre os sem poder. Tudo gira em torno de Constantino. O imperador que legitima os crentes em Jesus preside em Niceia o primeiro concílio ecuménico (325), do qual brota o Credo Niceno-Constantinopolitano que provisoriamente apazigua as disputas em torno da natureza do Filho. Não que o vencedor da Ponte Mílvia, sob o signo de Cristo, cultive interesses teológicos. As disputas sobre a divindade aborrecem-no. Bagatelas, mas que devem ser acalmadas em nome da unidade do império e da Igreja, seu instrumentum regni, reunidos sob o seu comando. Constantino morre cristão no seu último suspiro, quando um sacerdote ariano o baptiza segundo o rito repudiado pelo moribundo. Para várias Igrejas ortodoxas e de rito oriental, esse imperador é santo. Não para a católica, onde ainda há uma divisão entre aqueles que o veneram quase como santo (como é o caso de Paulo VI e Bento XVI) e aqueles que o consideram um mau exemplo de culto ao poder, um pecado grave. As duas escolas enfrentam-se no Concílio Vaticano II. Uma forte corrente teológica e episcopal abala, mas não quebra o tabu constantiniano. Ou seja, a união entre a sacralização da política e a politização da teologia representada no mosaico de Santa Pudência. O “Deus Pantocrator” que abençoa o Império Romano cristão inaugura a linhagem do cesaropapismo, com o soberano que controla a autoridade religiosa, e do seu gémeo inverso, o papocesarismo ou teocracia, onde o tempo clericalizado governa o espírito mundano. Será necessário mais de um século para abalar, não dissolver, o primado do clero neoconstantiniano, assustado pela Revolução Francesa a ponto de reagir com encíclicas antiliberais e exquisitamente reaccionárias, como a Encíclicas “Mirari vos” (1832) de Gregório XVI e “Quanta cura com o anexo Syllabus Errorum” de Pio IX (1864), condenação da opinião de que «a Igreja deve ser separada do Estado e o Estado da Igreja» (§ 55). Quase como se fosse o Conde de Cavour a comunicar. Desta vez ex cathedra por licença do Vaticano I, que em 18 de Julho de 1870, com os italianos às portas, dogmatiza e circunscreve a infalibilidade do pontífice romano. Será preciso Francisco para abalar a árvore do constantinismo, sem poder arrancá-la. A distinção radical entre Estado e Igreja por ele proposta tem um alvo imediato, a América do primeiro Trump, rebaptizada de «novo Constantino». Segundo os seus exegetas mais íntimos, Bergoglio «rejeita radicalmente a ideia da implementação do Reino de Deus na terra, que tinha sido a base do Sacro Império Romano». Esta história tem a sua ironia. Constantino, moderador supremo das disputas teológicas e de poder entre os antigos patriarcados e os efervescentes doutores da Igreja, qualifica-se como episkopos ton ektos, ou seja, «bispo dos que estão de fora»; aqueles que não pertencem ao clero católico. E por que mais Francisco será lembrado senão pela tentativa de abrir as portas da Igreja aos «de fora», aos leigos e aos marginalizados das periferias geográficas e espirituais? A disputa entre «missionários» e «institucionais» de origem constantiniana continua a ser travada em torno da delimitação do «dentro» e do «fora», tanto na organização eclesiástica como na sua projecção externa, a começar pela relação com as outras Igrejas cristãs, especialmente as orientais. Enquanto se espera que um émulo de Alexandre VI Borgia que em 1494 pela Encíclica bula “Inter caetera” dividiu as esferas coloniais de Portugal e Espanha com um traço longitudinal de lápis sagrado no meio do Atlântico, cartografe estes dois supostos conjuntos, é de salientar um paradoxo. Trata-se do título papal de patriarca do Ocidente. O primeiro pontífice baptizado com esse título foi Leão I. Por iniciativa do imperador oriental Teodósio II, para distinguir as principais sedes apostólicas sob sua jurisdição directa como Constantinopla, Antioquia, Alexandria, Jerusalém e de Roma caput do catolicismo latino. Título retomado pelo papa Teodoro I em 642, por sua própria iniciativa. Antecipação do futuro Grande Cisma de 1054 entre a Igreja de Roma e as Igrejas ortodoxas, nunca mais sanado. Surge hoje a necessidade de redefinir o termo «Ocidente», questão fundamental da geopolítica católica. Objecto de uma sofisticada troca entre Bento XVI e Francisco, sob o signo do paradoxo. Ratzinger renunciou em 2006 ao seu título de patriarca do Ocidente por considerar que diminuía o mandato universal. No entanto, ele mascara essa intenção com o seu oposto. Ele argumenta que a renúncia pode beneficiar o diálogo ecuménico. Tese que não convence de forma alguma os ortodoxos, desconfiados das reivindicações romanas em relação a eles. E eis que o menos ocidental dos papas modernos, Francisco, restaura esse título. Ele, que pela sua mentalidade latino-americana e especificamente peronista sente o cheiro de enxofre a norte do Rio Bravo (Grande), nem se apaixona pelo Velho Continente, proclama-se patriarca do Ocidente, no sentido comum de América e Europa. E fá-lo pelas razões declaradas, mas não muito sentidas por Ratzinger que é dialogar como bispo de Roma com o Oriente cristão. Quem sabe se Leão XIV desejará fechar o círculo, ele que é americano de nascimento e, portanto, ocidental, reapropriando-se do título patriarcal. Encontramos aqui um exemplo da maldição semântica que às vezes corrompe a análise geopolítica. O achatamento da comunicação «global» descolora os significados das palavras. O mesmo termo assume sentidos opostos ou diferentes, dependendo de quem o pronuncia e dos seus fins. Festival do «para onde vais? Levo peixe». Os seus fastos também infestam a «língua» do clero, entendida como Babel, especialmente quando cruza termos desgastados pelo uso múltiplo dos meios de comunicação em âmbitos seculares. Brincamos com palavras vazias ou demasiado cheias de significados. Como, por exemplo, Ocidente. Ou seja, Europa, seu antecedente e causa no jargão estratégico actual. Drama intelectual cantado há quase um milénio por Bernardo de Cluny nos hexâmetros satíricos do “De Contemptu Mundi”, que inspiraram Umberto Eco em “O Nome da Rosa”. Bernardo proclama que «Stat rosa pristina nomine, nomina nuda tenemus» (I, 952) – “A rosa primitiva subsiste apenas no nome, nós possuímos apenas nomes simples». Alguns manuscritos trazem «Roma» em vez de «rosa». A rosa não é uma coisa. Roma ainda é. Ou não? E se também a Europa de filiação romano-germânica, matriz do Ocidente, fosse reduzida apenas ao nome? O antigo jardim do cristianismo está a tornar-se um deserto. Isso é gritado pelos números nus que anunciam o colapso da prática religiosa, o declínio não apenas quantitativo das vocações de quantos seminaristas aspiram ao sacerdócio como a qualquer outra carreira, um emprego mal remunerado, mas seguro, o quase esgotamento dos missionários, para não falar da qualidade do clero. Daí a reduzida influência do mundo católico no estilo de vida, na política e na alta cultura ou difundida do Velho Continente. A cristandade ocidental europeia é baptizada em 15 de Abril de 800, quando Leão III coroa imperador Carlos Magno, para irritação dos bizantinos. O estigma carolíngio é o ícone do europeísmo contemporâneo. Mas o que resta da koiné eurodemocristã da qual, após a II Guerra Mundial, originou a União Europeia nas suas primeiras vestes comunitárias, sob o patrocínio do novo hegemónico do Ocidente, os Estados Unidos da América? (Continua)
China / UE | Anunciadas medidas contra dois bancos europeus em resposta às sanções Hoje Macau - 14 Ago 2025 A China anunciou ontem restrições contra dois bancos da União Europeia, em resposta a sanções comunitárias pela guerra na Ucrânia que, no mês passado, visaram pela primeira vez duas pequenas instituições financeiras chinesas próximas da fronteira com a Rússia. A medida entra em vigor de imediato e aplica-se ao UAB Urbo Bankas e ao AB Mano Bankas, ambos com sede na Lituânia. Num comunicado, o Ministério do Comércio chinês explicou que a decisão surge após a inclusão, em 18 de Julho, de duas instituições financeiras chinesas na lista de sanções do 18.º pacote de medidas restritivas adotado pela UE no contexto do conflito na Ucrânia. Segundo a mesma nota, Pequim considera que as sanções europeias “violam gravemente” o direito internacional e os princípios básicos das relações internacionais e “prejudicam” os direitos e interesses legítimos de empresas chinesas. As contramedidas incluem a proibição a organizações e particulares em território chinês de realizar transações, cooperação ou outras actividades relacionadas com os dois bancos europeus visados. Em Julho, a UE aprovou um novo pacote de sanções no âmbito da guerra na Ucrânia que, entre outras disposições, incluiu pela primeira vez na lista de medidas restritivas dois bancos chineses de pequena dimensão: o Banco Rural Comercial de Suifenhe e o Banco Rural Comercial de Heihe, ambos situados em zonas próximas da fronteira com a Rússia. Bruxelas justificou então a decisão alegando que estas entidades teriam frustrado o objectivo das sanções europeias contra Moscovo.
Imobiliário | Evergrande excluída da bolsa de HK a 25 de Agosto Hoje Macau - 14 Ago 2025 A gigante imobiliária chinesa China Evergrande anunciou terça-feira que será excluída da bolsa de Hong Kong no próximo dia 25 de Agosto, com o dia 22 marcado como último dia de negociação. A Evergrande recebeu em 08 de Agosto uma carta do operador da bolsa informando-a de que, por não cumprir nenhum dos requisitos para retomar a cotação e após permanecer suspensa depois de 28 de Julho, o Comité de Cotação decidiu cancelar seu ‘status’ de acordo com uma norma do mercado, segundo um comunicado, citado pela Efe. As acções da Evergrande estão suspensas desde 29 de Janeiro de 2024, altura em que um tribunal de Hong Kong ordenou a sua liquidação, sendo que a empresa não solicitou a revisão da decisão de exclusão. O grupo avisou os accionistas e investidores de que, embora os títulos continuem válidos, deixarão de ser listados e negociados em Hong Kong e não estarão mais sujeitos às regras de cotação. Antes de a exclusão entrar em vigor, os liquidatários planeiam entregar aos credores um relatório com o progresso da liquidação entre 29 de Janeiro de 2024 e 31 de Julho de 2025. A Evergrande, que acumulou um passivo de quase 330 mil milhões de dólares antes do seu colapso em 2021, enfrenta actualmente 187 reclamações de dívida no valor de cerca de 350 mil milhões de dólares de Hong Kong, de acordo com os seus liquidatários.
Corrupção | Condenado antigo responsável de empresa estatal de tabaco a 15 anos de prisão Hoje Macau - 14 Ago 2025 Um tribunal da cidade de Anyang, no centro da China, condenou ontem a 15 anos de prisão Xu Ying, ex-vice-diretor da Administração Estatal do Monopólio do Tabaco, por crimes de aceitação de subornos. A sentença inclui ainda uma multa de cinco milhões de yuan e a transferência para o tesouro estatal dos bens obtidos ilegalmente e respectivos juros, informou a agência de notícias oficial Xinhua. De acordo com o tribunal, entre 2010 e 2024, Xu utilizou os cargos que ocupou para beneficiar empresas e particulares em operações administrativas e comerciais e na contratação de funcionários, recebendo em troca subornos no valor de mais de 65 milhões de yuan. Em Maio passado, outro tribunal condenou a 16 anos de prisão Ling Chengxing, ex-director da Administração Estatal do Monopólio do Tabaco, por aceitar subornos e abuso de poder. Ling foi expulso do Partido Comunista Chinês (PCC) em 2024, após investigações por corrupção, no âmbito das quais Xu também começou a ser investigado. Desde que chegou ao poder, em 2012, o Presidente chinês, Xi Jinping, lançou uma campanha anticorrupção que já levou à condenação de dezenas de altos quadros por aceitar subornos milionários. Em Janeiro, o chefe de Estado apelou novamente para “ganhar de forma resoluta a dura e prolongada batalha contra a corrupção”, que classificou como “a maior ameaça” para o PCC.
Mar do Sul | Expulso contratorpedeiro dos EUA por invadir águas disputadas Hoje Macau - 14 Ago 2025 A entrada ilegal de um navio norte-americano em águas territoriais da China levou à resposta das forças militares chinesas que, após vários avisos, expulsaram o contratorpedeiro da área adjacente à ilha de Huangyan O Exército chinês afirmou ontem que o contratorpedeiro norte-americano USS Higgins “penetrou ilegalmente” nas águas disputadas adjacentes à ilha de Huangyan, no mar do Sul da China, tendo sido “expulso de acordo com a lei”. Em comunicado divulgado na rede social chinesa Wechat, o Comando do Teatro do Sul do Exército de Libertação Popular (ELP) indicou que o navio entrou naquelas águas “sem autorização do Governo chinês”, tendo sido “seguido, advertido e expulso”. Huangyan é a designação chinesa para o atol Scarborough (Bajo de Mansiloc), situado no mar do Sul da China e cuja soberania Pequim disputa com as Filipinas. Segundo o porta-voz He Tiecheng, as acções do navio norte-americano “violaram gravemente a soberania e a segurança da China, prejudicaram seriamente a paz e a estabilidade no mar do Sul da China e infringiram o direito internacional e as normas básicas que regem as relações internacionais”. O porta-voz acrescentou que as tropas do Comando “mantêm-se em alerta máximo em todos os momentos para defender firmemente a soberania e a segurança” da China, bem como a “paz e estabilidade regionais”. A área tem registado frequentemente incidentes entre navios chineses e filipinos. Na segunda-feira, a guarda costeira chinesa afirmou que várias embarcações filipinas “entraram” em águas adjacentes a Huangyan, tendo sido “expulsas”. A guarda costeira filipina acusou navios chineses de realizarem “manobras perigosas” na zona, que provocaram o embate entre um navio da guarda costeira chinesa e um da Marinha do ELP, enquanto perseguiam uma embarcação filipina. Manila acusou ainda as embarcações chinesas de bloquearem o acesso e usarem canhões de água contra os seus guardas costeiros. Questões em disputa China e Filipinas mantêm uma disputa prolongada pela soberania de várias ilhas e recifes numa região estratégica, por onde transita cerca de 30 por cento do comércio marítimo mundial, que alberga 12 por cento dos pesqueiros globais e potenciais reservas de petróleo e gás. Pequim, que possui a maior frota marítima do mundo, reivindica quase a totalidade destas águas por motivos históricos, em conflito com as posições de outros países da região, como Filipinas, Malásia, Vietname ou Brunei. As tensões intensificaram-se desde a chegada ao poder, em 2022, do Presidente filipino, Ferdinand Marcos Jr., cujo Governo reforçou a aliança com os Estados Unidos e adoptou uma postura mais firme face às reivindicações chinesas.
Lai Chi Vun | Banhos e diversão em “Mr. Bubbles Summer Splash Bazaar” Hoje Macau - 14 Ago 2025 De antiga povoação com uma indústria de construção naval a lugar de entretenimento para miúdos e graúdos: esta é a nova fase de Lai Chi Vun, em Coloane, que recebe agora o evento “Mr.Bubbles Summer Splash Bazaar”. Trata-se de um bazar que junta as brincadeiras de Verão na piscina com a realização de mercados e actividades culturais, organizado pelo grupo Galaxy. Os eventos decorrem em torno do tema “Família Mr. Bubbles” entre os dias 16 de Agosto e 28 de Setembro, sempre aos sábados e domingos, para que as famílias possam aproveitar, da melhor forma, os fins de semana. Segundo um comunicado da Galaxy sobre esta iniciativa, “as crianças podem brincar e refrescar-se na piscina, deslizar em escorregas e participar em desafios com pistolas de água”, sendo que a área do mercado apresenta “marcas criativas locais com oferta de produtos temáticos, artesanato e refrescos, a fim de celebrar a diversidade e a vitalidade das indústrias culturais e criativas de Macau”. Haverá ainda espaço para “instalações fotográficas de grande dimensão e actuações ao vivo para completar o ambiente festivo, criando-se momentos memoráveis para visitantes de todas as idades”. O grupo Galaxy diz querer “levar marcas originais locais para esta comunidade, apoiar o crescimento dos sectores culturais e criativos de Macau e revitalizar os Estaleiros de Lai Chi Vun como um lugar dinâmico e acolhedor para famílias”. A operadora de jogo disponibiliza um shuttle-bus gratuito a cada 40 minutos para os estaleiros de Lai Chi Vun a partir do empreendimento Galaxy Macau.