SJM com lucro de 31 milhões de dólares de Hong Kong no primeiro trimestre

A concessionária do jogo SJM Holdings anunciou um lucro de 31 milhões de dólares de Hong Kong no primeiro trimestre de 2025. Num comunicado enviado na terça-feira à bolsa de valores de Hong Kong, a empresa recordou que registou um prejuízo de 74 milhões de dólares de Hong Kong no mesmo período de 2024.

O grupo fundado pelo falecido magnata do jogo Stanley Ho Hung Sun teve um lucro de três milhões de dólares de Hong Kong durante 2024, após perdas sem precedentes durante quatro anos consecutivos. Os casinos da SJM arrecadaram 6,95 mil milhões de dólares de Hong Kong, mais 7,5 por cento do que no ano anterior, enquanto as receitas não jogo subiram 16,4 por cento, para 531 milhões de dólares de Hong Kong.

Com as receitas a subir, a empresa registou um lucro operacional de 958 milhões de dólares de Hong Kong, mais 10,9 por cento do que no mesmo período de 2024. A dívida da SJM voltou a aumentar no primeiro trimestre, atingindo 26,7 mil milhões de dólares de Hong Kong.

Recuperação do turismo

Em Janeiro, a agência de notação financeira Fitch Ratings manteve a classificação da dívida da SJM graças à recuperação do turismo em Macau. A Fitch disse que o Grand Lisboa Palace, empreendimento de jogo e hotelaria inaugurado em Julho de 2021, em plena pandemia, obrigou a SJM a acumular um nível elevado de dívida.

A empresa disse que o Grand Lisboa Palace teve um lucro operacional de 440 milhões de dólares de Hong Kong entre Janeiro e Março, uma descida de 17,8 por cento. Também as receitas do novo empreendimento da SJM caíram 3,6 por cento em comparação com o mesmo período de 2024, para 1,89 mil milhões de dólares de Hong Kong.

O mercado de massas, cujas receitas subiram 8,6 por cento, representou 82,1 por cento das receitas de todos os casinos da empresa, enquanto as receitas do jogo VIP decresceram 0,6 por cento no primeiro trimestre.

Taipa | IAM não encontra sinais de envenenamento após morte de cães

O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) afirma não ter encontrado “anomalias” no Parque Central da Taipa, depois da morte de dois cães que passearam no local e que levantaram suspeitas de envenenamento, incluindo por duas associações de protecção dos animais (Everyone Stray Dogs Macau Volunteer Group e Masdaw). Apurou-se que os cães em causa haviam passeado no Parque Central da Taipa e ao seu redor antes de apresentarem sintomas de mal-estar, tendo posteriormente falecido, após tratamento veterinário sem sucesso.

“Este Instituto está a acompanhar este caso com elevada atenção, e enviou de imediato pessoal ao local em causa, para investigação, não tendo sido, até ao momento, detectadas quaisquer anomalias. Em paralelo, o caso também foi comunicado às autoridades policiais, para efeitos de averiguações complementares”, indicou o IAM.

A equipa do IAM inteirou-se dos trabalhos de eliminação de insectos e da segurança dos parques caninos. Além disso, o instituto confirmou que os pesticidas usados “contêm piretróide e são amigos do meio ambiente, afectando apenas insectos, como mosquitos, moscas, percevejos e baratas, e não sendo tóxicos para os seres humanos e outros mamíferos, como cães”.

Também foram verificadas as caixas para apanhar ratos e não foram encontradas anomalias. O IAM indicou ainda que o raticida usado apenas contém um emético (substância indutora de vómito), que dificulta a ingestão por animais com capacidade de regurgitação, como cães e gatos.

Jogo | Receitas com subida anual de 1,7% para 18,9 mil milhões

Quando se faz a análise às receitas brutas do jogo entre Janeiro e Abril, os casinos acumularam 76,5 mil milhões de patacas, o que significa um crescimento ligeiro de 0,8 por cento

 

Em Abril, as receitas brutas do jogo registaram um crescimento anual de 1,7 por cento para aproximadamente 18,9 mil milhões de patacas, de acordo com os dados publicados ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ).

Em comparação, em Abril do ano passado as receitas do jogo tinham apresentado um crescimento de 18,5 mil milhões de patacas, o que na altura tinha significado um crescimento de 26 por cento, face às receitas de 14,7 mil milhões de patacas de Abril de 2023.

As receitas mais recentes estão ainda longe dos montantes que chegavam às mesas do território antes da pandemia da covid-19 e da campanha contra os principais promotores do jogo de Macau. Em 2019, as receitas de Abril foram de 23,6 mil milhões de patacas. Em relação aos valores actuais, a diferença para 2019 é de 4,7 mil milhões de patacas, o que representa menos 20 por cento.

No entanto, Abril não deixou de ser o terceiro mês consecutivo em que as receitas cresceram face ao período homólogo, com aumentos mensais que variaram entre 0,8 por cento e 6,8 por cento. A excepção foi Janeiro, quando se registou uma quebra em termos anuais de 5,6 por cento.

Melhor que o previsto

No entanto, o valor de Abril ficou acima do esperado pelos analistas do banco Citigrupo, que em 24 de Abril previram receitas de 18,25 mil milhões de patacas para o mês, o que teria representado uma queda homóloga de 2 por cento.

Também Vitaly Umansky, analista da empresa de consultadoria Seaport Research Partners, tinha previsto, a 1 de Abril, uma descida de 0,1 por cento nas receitas, em comparação com o mesmo mês de 2024, devido a uma recente campanha da polícia contra o câmbio ilegal de dinheiro, alegadamente no Interior de alguns casinos locais.

Quando se faz a análise às receitas brutas do jogo entre Janeiro e Abril, os casinos acumularam 76,5 mil milhões de patacas, o que significa um crescimento ligeiro de 0,8 por cento. Nestes quatro meses, o valor acumulado das receitas está abaixo da média de 20 mil milhões de patacas por mês, que foi tido em conta na elaboração do actual orçamento do Governo, aprovado durante a vigência do anterior Executivo, liderado por Ho Iat Seng.

Macau obteve em 2024 receitas totais de jogo de 226,8 mil milhões de patacas, mais 23,9 por cento do que em 2023, mas apenas 73,2 por cento do registado em 2019, antes da pandemia de covid-19.

Estudo | Imagem de maternidade eleva risco de depressão

Uma académica de Macau alertou na quarta-feira que a representação idealizada da maternidade nas redes sociais chinesas tem um efeito prejudicial nas recém-mães, aumentando o risco de depressão pós-parto.

A exposição frequente a imagens da “mãe perfeita”, em plataformas como Xiaohongshu (RedNote), TikTok e WeChat, contribui para aumentar a pressão psicológica, notou Zhang Xiaoqiong, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla em inglês), na conferência “Communication and Technology Innovation Workshop” naquela instituição de ensino superior. O estudo de Zhang envolveu cerca de 700 recém-mães, residentes em várias partes da China, com uma média de 29 anos e bebés com menos de 1 ano de idade.

Observando que as redes sociais se tornaram numa “fonte fundamental” de informação sobre a maternidade, a académica avaliou que este “idealismo perfeccionista” conduz a “comparações prejudiciais”.

“As mães na fase de adaptação pós-parto enfrentam incertezas e dúvidas sobre si próprias (…) Quando se deparam constantemente com conteúdo idealizado e bem trabalhado, elas comparam-se a padrões intangíveis, desencadeando ansiedade, culpa e sentimentos de inadequação”, indicou.

No entanto, Zhang enfatizou que o apoio do parceiro pode mitigar esses efeitos. “Um marido solidário pode proporcionar compreensão e alívio emocional, reduzindo a pressão para atender às expectativas irrealistas dos pais”, acrescentou.

Demografia | TNR com valor mais elevado desde 2020

Macau empregava no final de Março quase 183.400 trabalhadores migrantes, o valor mais elevado desde Junho de 2020, no início da pandemia de covid-19. Entre o início de 2023 e o fim do primeiro trimestre deste ano, passaram a trabalhar em Macau mais 31.500 não-residentes

 

No fim do primeiro trimestre deste ano, trabalhavam em Macau cerca de 183.400 trabalhadores não-residentes (TNR), o valor mais alto desde Junho de 2020, quando a pandemia da covid-19 começou a afectar o mundo. Segundo dados do Corpo de Polícia de Segurança Pública, divulgados pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, este número representa um crescimento de quase 3.900 trabalhadores nos últimos 12 meses.

Os trabalhadores sem estatuto de residente aumentaram em quase 31.500 desde Janeiro de 2023, quando terminou a política ‘zero covid’, que esteve em vigor em Macau e na China continental durante quase mais de três anos. Nesse mês, a mão-de-obra vinda do exterior, incluindo da China continental, tinha caído para menos de 152 mil, o número mais baixo desde Abril de 2014.

Desde o pico máximo de 196.538, atingido no final de 2019, no início da pandemia, e até Janeiro de 2023, a cidade perdeu quase 45 mil TNR, que correspondiam a 11,3 por cento da população activa.

Macau, que à semelhança da China seguia a política ‘zero covid’, reabriu as fronteiras a todos os estrangeiros, incluindo TNR, a partir de 8 de Janeiro de 2023, depois de quase três anos de rigorosas restrições.

Por partes

O sector da hotelaria e da restauração foi o que mais contratou nos últimos 12 meses, ganhando 3.792 trabalhadores sem estatuto de residente, seguido dos empregados domésticos (mais 1.688) e das actividades imobiliárias (mais 1.193). A área da hotelaria e restauração tinha sido precisamente a mais atingida pela perda de mão-de-obra durante a pandemia, tendo despedido mais de 17.600 funcionários não-residentes desde Dezembro de 2019.

Macau acolheu, no primeiro trimestre deste ano, 9,86 milhões de visitantes, mais 11,1 por cento do que no mesmo período de 2024 e o segundo valor mais elevado de sempre para um arranque de ano.

A crise económica criada pela pandemia levou a taxa de desemprego a atingir 4 por cento no terceiro trimestre de 2022, o valor mais alto desde 2006. Mas, e apesar da subida do número de TNR, a taxa de desemprego estava em 1,9 por cento nos primeiros três meses deste ano.

A economia de Macau cresceu 8,8 por cento em 2024, graças à retoma do jogo e da procura interna, de acordo com dados oficiais. O produto interno bruto (PIB) representou 86,4 por cento do valor registado em 2019, antes do início da pandemia.

Justiça | Delegação do Ministério Público visita Pequim

Uma delegação do Ministério Público (MP) chefiada pelo Procurador Dr. Chan Tsz King deslocou-se a Pequim e visitou diversos órgãos públicos, nomeadamente, o Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau junto do Conselho de Estado, a Comissão Nacional de Supervisão, a Suprema Procuradoria Popular, o Supremo Tribunal Popular, o Ministério da Segurança Pública e a Segunda Sucursal da Procuradoria Popular da Cidade de Pequim. Durante a visita, segundo um comunicado divulgado na quarta-feira pelo MP, foi estabelecido um “intercâmbio sobre o incremento da cooperação entre a RAEM e o Interior da China no âmbito das actividades jurisdicionais”.

Chan Tsz King salientou que “iria liderar o Ministério Público da RAEM no sentido de defender o princípio “Um País” e aproveitar as vantagens “Dois Sistemas”, cumprir inabalavelmente o princípio “Um País, Dois Sistemas”, e arcar com a responsabilidade pela defesa da segurança nacional, em prol da implementação do poder pleno de governação do Governo Central”.

Por sua vez, o vice-director do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau junto do Conselho de Estado, Nong Rong, apontou “a importância do discurso proferido pelo Secretário-Geral, Xi Jinping na cerimónia da celebração do 25.º Aniversário do retorno de Macau à pátria, realçando que a segurança do Estado deve ser defendida contra a interferência de forças externas”.

Função Pública | Dez fins-de-semana prolongados em 2026

No próximo ano, os trabalhadores da função pública vão ter 10 fins-de-semana com pelo menos três dias de descanso, e um outro período de três dias e meio seguidos de descanso, por altura das celebrações do Ano Novo Lunar

 

A função pública vai gozar de um total de dez fins-de-semana prolongados em 2026, entre tolerâncias de ponto, dias de descanso compensatório e feriados. O calendário de feriados e dias de descanso definidos pelo Governo para o próximo ano foi divulgado na quarta-feira, através de um despacho publicado no Boletim Oficial.

O primeiro fim-de-semana prolongado chega em Abril, entre o dia 3, uma sexta-feira, em que se assinala a Morte de Cristo, e o dia 7, uma terça-feira, utilizada para compensar o facto do feriado do Cheng Ming, coincidir com o domingo. No meio destes cinco dias também segunda-feira, dia 6, é definido como período de descanso compensatório, devido à Véspera da Ressurreição de Cristo, que se assinala no sábado, 4 de Abril.

O segundo fim-de-semana prolongado tem lugar no início de Maio, entre o dia 1, uma sexta-feira, em que se assinala o Dia do Trabalhador, e domingo dia 3 de Maio. No quinto mês do ano tem lugar um segundo fim-de-semana prolongado de três dias para a função pública, dado que o dia do Buda coincide com domingo dia 24 de Maio, pelo que o dia 25 de Maio, segunda-feira, foi declarado período de descanso compensatório.

O último descanso prolongado na primeira metade do ano tem lugar em Junho, entre 19 e 21, dado que o dia relativo ao Tung Ng (Barco-Dragão) coincide com essa sexta-feira.

Um belo pára, arranca

Entre Julho e Agosto não há qualquer feriado no próximo ano. Porém, a partir de Setembro todos os meses têm pelo menos um fim-de-semana prolongado para a função pública. O primeiro acontece em Setembro, devido ao facto de Sam Hou Fai ter definido segunda-feira, dia 28, como período de descanso compensatório, dado que o feriado do Bolo Lunar se assinala a 26 de Setembro, um sábado.

Outro período de descanso, chega com o estabelecimento da República Popular da China e com as respectivas celebrações, um novo fim-de-semana prolongado, desta feita de quatro dias. O dia da implantação assinala-se a 1 de Outubro, uma quinta-feira, e dado que o dia seguinte também é feriado, os trabalhadores podem descansar de quinta a domingo.

Ainda em Outubro, o dia do Culto dos Antepassados (Chong Yeong) coincide com o domingo dia 18, pelo que a segunda-feira seguinte foi definida como novo dia de descanso compensatório. O primeiro fim-de-semana de Novembro é igualmente prolongado, devido ao facto de o Dia de Finados coincidir com segunda-feira, dia 2.

Os últimos fim-de-semana prolongados acontecem na data de estabelecimento da RAEM. Dia 20 de Dezembro coincide com um domingo, pelo que segunda-feira, dia 21, foi definida como dia de descanso compensatório. A este dia, segue-se o feriado do Solstício de Inverno, o que contribui para um descanso de quatro dias. Depois de se trabalhar no dia 23 de Dezembro, chegam mais dois dias de feriados, 24 e 25 de Dezembro, devido ao Natal, que colam com o fim-de-semana de 26 e 27 de Dezembro, em mais um período de descanso de quatro dias.

Outros feriados

Além dos fins-de-semana prolongados, a função pública vai gozar de um período de descanso de três dias e meio, durante as celebrações do Ano Novo Lunar. Os três feriados desta festividade decorrem entre 17 e 19 de Fevereiro, mas o Governo decretou meio dia de tolerância de ponto a 16 de Fevereiro.

Como tradicionalmente acontece, o primeiro feriado é 1 de Janeiro, dia da Fraternidade Universal. Também 8 de Dezembro é dia de feriado, dia da Imaculada Conceição.

Além destes dias, o Executivo definiu ainda 31 de Dezembro como dia de tolerância de ponto da parte da tarde. No total são 20 feriados, dos quais seis resultam em dias de compensação e duas tolerâncias de ponto, da parte da tarde.

Song Pek Kei sugere construção de central eléctrica em Hengqin

A deputada Song Pek Kei defendeu na quarta-feira, na sequência do debate suscitado pelo apagão em Portugal e Espanha, a construção de uma central eléctrica na ilha de Hengqin, para garantir maior autonomia da região em termos de produção de electricidade. “Os recursos terrestres de Macau são limitados. Existem condições para o desenvolvimento de uma central eléctrica em Hengqin, para que a nossa função de geração autónoma de electricidade seja aperfeiçoada?”, questionou na Assembleia Legislativa (AL) a deputada, durante a sessão de debate das Linhas de Acção Governativa para 2025, para a pasta dos Transportes e Obras Públicas.

“É necessário considerar a integração dos recursos”, reforçou a deputada. A discussão na AL sobre o abastecimento eléctrico foi lançada pelo deputado Ho Ion Sang, ao recordar o apagão energético que afectou, na segunda-feira, Portugal e Espanha. Uma situação, considerou Ho, que “chama a atenção para a segurança do abastecimento de electricidade em Macau, onde mais de 90 por cento da electricidade é fornecida pelo Interior da China”.

O deputado recordou a “interrupção grande” na distribuição eléctrica em 2017, devido à passagem do Hato. “Há ou não um mecanismo de resposta?”, questionou o parlamentar.

Tudo nos conformes

O secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raymond Tam Vai Man, notou que “existem três cabos”, com origem no Interior da China, “para a transferência de eletricidade para Macau”, estando um quarto nos planos das autoridades. “Os cabos norte, centro e sul garantem a segurança e a estabilidade do abastecimento de electricidade de Macau, com segurança muito elevada”, notou o dirigente.

A cidade, acrescentou Tam, trabalha para “garantir que, em caso de emergência, a estabilidade da transmissão energética de Macau possa ser salvaguardada através da mobilização da Companhia da Rede Eléctrica do Sul da China”. Durante a sessão, Raymond Tam referiu que a distribuição de electricidade em Macau ainda “é insuficiente” numa área do norte da cidade. “A rede de distribuição eléctrica em Macau é suficiente (…) Há uma zona onde é insuficiente, na Areia Preta. Estamos agora a construir uma subestação de distribuição eléctrica”, indicou.

Transportes | Chui Sai Peng defende voos para Portugal e Espanha

José Chui Sai Peng defende a internacionalização do mercado da aviação civil de Macau e sugeriu ao Governo a criação de ligações aéreas entre a RAEM, Portugal e Espanha. O deputado pediu também a abertura de mais voos para países asiáticos

 

O deputado José Chui Sai Peng defendeu na quarta-feira a criação de um voo de ligação entre Macau e Portugal, mas também entre Macau e Espanha, no contexto da necessidade de aumentar a internacionalização das ligações aéreas a partir do Aeroporto de Macau. “Nas Linhas de Acção Governativa é referido que vai ser melhorada a rede aeroportuária de Macau para atrair mais visitantes internacionais. Macau já tem acordos aéreos com 50 país. Para que o território possa ser um interlocutor entre a China e o estrangeiro, quando iremos ter ligações com Portugal? Como vamos estabelecer mais ligações com a Península Ibérica, ter mais destinos na Ásia e também uma conexão com a zona do Delta do Rio das Pérolas? Como vai ser concretizado o ‘hub’ na zona do Rio das Pérolas?”, questionou o legislador.

Da parte do responsável pela Autoridade de Aviação Civil ficou a promessa de que gradualmente os planos de internacionalização de voos serão concretizados. De frisar que recentemente o próprio cônsul português em Macau e Hong Kong, Alexandre Leitão, disse ter ficado “muito irritado” com o facto de a única ligação directa de Macau para a Europa não ser feita por Lisboa ou pelo Porto. “Há dias escrevi [uma carta] para Lisboa, muito irritado, quando a Etiópia Airlines inaugurou [há duas semanas] o seu voo de carga triangular Adis Abeba-Madrid-Macau e com isso criou a primeira ligação directa de Macau para a Europa”, afirmou Alexandre Leitão, citado pelo Diário de Notícias (DN).

Obras em curso

De resto, durante o debate de quarta-feira o Governo deixou a promessa do arranque da construção, ainda este ano, de “um ‘hub’ de transporte aéreo internacional de Macau na margem oeste do Rio das Pérolas”, sendo que, neste contexto, o projecto de terminal de carga “Upstream” do Aeroporto Internacional de Macau em Hengqin já começou, afirmou o secretário Raymond Tam.

Este “hub”, que deverá estar concluído em 2027, terá “uma parte das funções aeroportuárias, como a inspecção de segurança, paletização e distribuição de carga, transferidas para Hengqin”. Assim, pretende-se fazer “uma ligação ininterrupta entre as cidades de origem de mercadorias na Grande Baía, aperfeiçoando a rede logística inter-regional”. O projecto conjuga-se com a expansão do Aeroporto Internacional de Macau, que deverá ser realidade em 2030, permitindo, segundo Raymond Tam, “aumentar significativamente a capacidade de processamento de passageiros e carga, contribuindo para o reforço da competitividade do Aeroporto Internacional de Macau enquanto ‘hub’ aéreo regional”.

Táxis | Governo diz estudar implementação de plataformas online

O secretário para os Transportes e Obras Públicas Raymond Tam referiu na quarta-feira aos deputados do hemiciclo que vai ser estudada “a viabilidade de introdução do serviço de transporte através de plataformas online”, para pedir táxis. Sobre esta matéria, o secretário adiantou que se prevê “um aumento prudente do número de táxis”.

O tema foi abordado durante o debate sobre o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) 2025 na área dos Transportes e Obras Públicas. A deputada Song Pek Kei pediu mais táxis a operar entre fronteiras, nomeadamente com Hengqin.

“O desenvolvimento não vai esperar por nós, e tudo requer uma resposta rápida. No que diz respeito ao desenvolvimento regional, dependemos do consumo do Interior da China, ou então recorremos ao consumo de Hong Kong, que tem uma população acima dos sete milhões de pessoas. Temos actualmente 40 táxis transfronteiriços, é um número reduzido, e não sei se podemos aumentar esse número no futuro. Talvez haja falta de motoristas no nosso mercado”, disse.

O secretário prometeu ponderar a questão: “Segundo os meus dados, temos 40 táxis transfronteiriços, e Hong Kong tem 60. Quanto à viabilidade do aumento do número temos de negociar com as autoridades de Guangdong a fim de encontrarmos um equilíbrio.”

LAG 2025 | Fiscalização de obras viárias não difere face a 1998, diz secretário

Vários deputados abordaram na quarta-feira, durante o debate das Linhas de Acção Governativa (LAG) para este ano, a necessidade de melhorar a coordenação das obras viárias, ainda que o Governo tenha criado um grupo de trabalho interdepartamental para o efeito.

Raymond Tam, secretário da tutela dos Transportes e Obras Públicas, disse ter experiência na matéria, pois coordenou as obras viárias na antiga Câmara Municipal do Leal Senado, e que o funcionamento da fiscalização não difere muito face ao que se fazia antes da transição.

“Em 1998, quando comecei a trabalhar no Leal Senado, coordenava as obras viárias, e organizei o trabalho com a realização de reuniões semanais em que havia a intervenção das Obras Públicas e concessionárias de utilidade pública, e eram definidas datas para a realização das obras. Se era apenas um serviço a definir datas, não havia consenso, e cabia ao Leal Senado atribuir licenças com a autorização das autoridades. O modelo de trabalho era semelhante ao de agora, mas o ambiente viário actual é mais complexo por causa da intensidade do tráfego. Surge maior necessidade de escavações, o trânsito é mais complicado e é necessária uma coordenação mais intensa, e por isso foi criado esse grupo interdepartamental.”

Raymond Tam disse ainda querer “reforçar o efeito de fiscalização”. “Por mais que eu fale talvez a população não perceba essa eficácia, e espero que depois do assentamento de redes e tubagens essa eficácia seja mais visível”, frisou.

Cada cavadela

A deputada Loi Choi In foi uma das intervenientes no debate. “As escavações nas ruas preocupam a população e com o aumento demográfico talvez haja necessidade de mais escavações para construir estacionamentos e criar mais serviços, mas isso pode trazer prejuízos. O Governo deve ter uma visão mais pró-activa para a realização de escavações, e do ponto de vista jurídico há medidas que não são vinculativas. Há também vozes a dizer que os trabalhos de escavações são feitos sem uma coordenação efectiva. Será possível o Governo adoptar uma legislação própria para regulamentar a realização das obras e dar esse dossier a um serviço próprio?”, questionou.

Sismos | Macau vai ter estação de monitorização em parceria nacional

O secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raymond Tam, apresentou na quarta-feira o relatório das Linhas de Acção Governativa 2025 para a sua tutela, e adiantou aos deputados que será criada uma estação de monitorização de sismos em parceria com autoridades do Interior da China

 

O Governo de Macau anunciou na quarta-feira a criação, em conjunto com as autoridades do Interior da China, de uma estação de monitorização sísmica, como parte dos planos das autoridades para reforçar a prevenção de desastres. “Será optimizada a rede de monitorização meteorológica e sísmica, estando prevista, em colaboração com os serviços competentes do Interior da China, a construção de uma estação de monitorização sísmica”, declarou o secretário para as Obras Públicas e Transportes, ao apresentar, na Assembleia Legislativa (AL), as Linhas de Acção Governativa (LAG) para a tutela, para 2025.

Raymond Tam Vai Man justificou a nova estação com a intenção de “aumentar a capacidade de análise e avaliação no âmbito de catástrofes naturais”. O espaço, concretizou na AL a Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), vai estar localizado em Hengqin.

“A área terrestre de Macau é pequena e a densidade populacional é muito alta, por isso é difícil encontrar espaço para a criação de estações de monitorização e agora com as políticas favoráveis com a província de Guangdong, conseguimos construir uma estação de monitorização conjunta na Zona de Cooperação [Aprofundada entre Guangdong e Macau]”, respondeu aos deputados o director dos SMG, Leong Weng Kun. O responsável notou que o espaço deverá contribuir para “aumentar a capacidade de prevenção e o conhecimento do público sobre informações meteorológicas”.

Estar de acordo

Macau e Zhuhai assinaram a 20 de Março o “Projecto de Cooperação Abrangente e Aprofundada no Âmbito de Meteorologia”, para reforçar a cooperação e partilha de equipamento de detecção meteorológica, programas informáticos e partilha de dados, de acordo com um comunicado divulgado pelos SMG nessa altura.

Com a cooperação espera-se também reforçar a “prevenção conjunta de sistemas de alerta de catástrofes meteorológicas, promover a investigação científica e tecnológica e o desenvolvimento da inteligência artificial aplicada à actividade meteorológica”.

Macau costuma ser afectado entre Maio e Novembro pela passagem de tufões, sendo Julho a Setembro o período em que se regista maior incidência de tempestades tropicais. Este ano, o território deverá ser afectado por entre cinco a oito tempestades tropicais, anunciaram em Março os SMG.

Metro Ligeiro | Secretário admite lacunas de funcionamento

O secretário para os Transportes e Obras Públicas Raymond Tam disse na quarta-feira que o Metro Ligeiro está ainda aquém das expectativas da população. “Tenho de confessar que os serviços do Metro Ligeiro, nomeadamente os serviços de pagamento electrónico, estão ainda aquém das expectativas da população de Macau”, referiu, prometendo medidas para que o meio de transporte melhore “de forma gradual”.

Ambiente | Planeamento de políticas será estudado este ano

O secretário para os Transportes e Obras Públicas Raymond Tam anunciou na quarta-feira que este ano será “iniciado o estudo para o próximo planeamento da protecção ambiental”, para sustentar novas “políticas ambientais alicerçadas numa visão científica e prospectiva”. Ainda na área do ambiente, o governante prometeu medidas para atingir o objectivo nacional da “Dupla Meta de Carbono”. Como tal, serão “impulsionadas acções concretas de redução de emissões, incluindo a elaboração legislativa para o controlo das emissões provenientes de fontes móveis de poluição não rodoviárias, o abate de veículos altamente poluentes, o aperfeiçoamento da rede de carregamento de veículos eléctricos, a exploração do potencial de aplicação de energia fotovoltaica em espaços públicos e a optimização da estrutura energética”, concluiu o relatório.

Habitação | Governo admite rever toda a política

Com a redução da procura por habitação económica, o Governo admite rever toda a política habitacional. “Estamos a rever a nossa política neste momento, tendo em conta as alterações registadas. Vamos avaliar se há necessidade de rever a política de cinco classes de habitação, mas é um assunto que está ainda a ser estudado”, disse Raymond Tam, secretário para os Transportes e Obras Públicas no debate sobre as Linhas de Acção Governativa para este ano. O governante referiu que “serão revistas e aperfeiçoadas as políticas da habitação pública, promovendo a construção de habitações social e económica e garantindo uma disponibilização racional, de modo a satisfazer as necessidades habitacionais dos residentes com diferentes níveis de rendimento”. Os lotes da Zona A dos Novos Aterros deverão estar concluídos entre 2026 e 2028.

Hong Kong | Quatro activistas libertados após cumprirem pena

Quatro ativistas pró-democracia foram ontem libertados em Hong Kong, depois de cumprirem penas de quatro anos e dois meses, por terem participado em eleições primárias não oficiais para a oposição em 2020.

Os ex-parlamentares Claudia Mo, Kwok Ka-ki, Jeremy Tam e Gary Fan foram libertados durante a madrugada de três prisões diferentes.

A operação de segurança foi significativa, com patrulhas policiais nas proximidades e restrições de acesso em várias estradas horas antes da operação. A libertação dos dissidentes ocorreu depois de o tribunal ter descontado o tempo que estiveram detidos desde o final de Fevereiro de 2021, a aguardar julgamento.

Após terem comparecido em tribunal, em Março de 2021, foi-lhes negado o pedido para saírem em liberdade sob fiança enquanto aguardavam julgamento por “conspiração para subverter o poder do Estado”, de acordo com a lei de segurança nacional.

De acordo com uma nova lei, aprovada há um ano, os reclusos condenados por crimes contra a segurança nacional têm de cumprir requisitos mais rigorosos para garantir a libertação antecipada, o que torna a sua libertação improvável.

Esta é a libertação do primeiro grupo de 45 democratas condenados no maior julgamento de segurança nacional na região semiautónoma chinesa, concluído em Novembro.

Numa decisão inicial, emitida a 30 de Maio, o Tribunal de Primeira Instância considerou os 14 culpados após um longo processo, iniciado já depois de Pequim ter imposto a Lei de Segurança Nacional em Junho de 2020.

HSBC | Lucro do HSBC cai 32% até Março

O banco HSBC, o maior da Europa, anunciou ontem lucros de 6.930 milhões de dólares no primeiro trimestre do ano, numa redução de 32 por cento em termos homólogos, quando teve ganhos extraordinários.

Segundo os resultados enviados ontem para a bolsa de Hong Kong, onde está cotado, o grupo teve um desempenho acima das previsões dos analistas, que antecipavam um resultado líquido próximo de 5.390 milhões de dólares.

A redução do lucro nos primeiros três meses é explicada pelo impacto extraordinário observado no período homólogo aquando das vendas das actividades no Canadá e na Argentina. Livre de impostos, o resultado caiu 25 por cento para 9.500 milhões de dólares, mas ficou também acima dos 7.830 milhões de dólares estimados pelos analistas.

Por sua vez, a margem financeira recuou 4,6% por cento para 8.300 milhões de dólares. Citado em comunicado, o presidente executivo do HSBC, Georges Elhedery, considerou que os resultados refletem uma “dinâmica de ganhos, a disciplina na execução da estratégia” e a “confiança na capacidade de cumprir os objectivos”.

O banco alertou ainda para o “aumento da incerteza macroeconómica” devido às tarifas comerciais aplicadas pelo executivo dos Estados Unidos da América, liderado por Donald Trump.

Tarifas | China publica vídeo intitulado “Não nos ajoelhamos”

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China publicou ontem um vídeo intitulado “No Kneeling” (“Não nos ajoelhamos”), no qual reafirma a recusa em ceder às pressões decorrentes da guerra comercial com os Estados Unidos.

No vídeo, publicado na conta oficial do ministério na rede social WeChat – semelhante ao WhatsApp –, a diplomacia chinesa argumenta que ceder ao que descreve como “hegemonia” norte-americana não conduziria à resolução das tensões, mas sim ao seu agravamento.

O ministério acusou os EUA de desencadearem uma “tempestade tarifária” global e criticou o facto de Washington não ter feito concessões à China, como a suspensão de 90 dias das tarifas decretada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, para os restantes países.

As autoridades compararam esta dinâmica ao “olho de um furacão”, alertando para o facto de a aparente calma ser, na realidade, uma “armadilha mortal” que precede novas turbulências.

“O registo histórico mostra que as concessões não garantem um desanuviamento nas disputas comerciais e, em vez disso, acabam por alimentar o aumento da pressão”, afirmou a diplomacia do país asiático. “Ceder ao agressor é como beber veneno quando se tem sede”, descreveu.

Com um fundo musical de intensidade crescente, o vídeo declara que “a China não se ajoelha” e argumenta que “lutar pela cooperação permite que a cooperação exista, enquanto procurá-la através de concessões leva ao seu desaparecimento”. O vídeo acrescenta ainda que uma atitude assertiva permitiria que os países mais pequenos fossem ouvidos, travaria potenciais abusos de poder e defenderia os princípios internacionais.

Luta continua

O vídeo também descreve os opositores a esta posição como “tigres de papel” e salienta que o comércio dos EUA representa menos de um quinto do comércio mundial, pelo que Washington poderá ficar isolado se outros países aderirem à posição da China.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, alertou ontem, no Rio de Janeiro, que “ficar em silêncio, ceder e recuar” só fará com que “o agressor queira tirar mais partido”, referindo-se aos Estados Unidos.

Durante uma reunião entre os ministros dos Negócios Estrangeiros do bloco de economias emergentes BRICS, Wang afirmou que “os Estados Unidos há muito beneficiam do comércio livre, mas agora estão a utilizar as tarifas como moeda de troca para exigir preços exorbitantes a outros países”.

Desde o início deste mês, a China e os EUA mantêm tarifas mútuas superiores a 100 por cento. Embora os responsáveis norte-americanos tenham afirmado que estão em curso negociações com os seus homólogos chineses para chegar a um acordo comercial, Pequim negou-o repetidamente.

Trump e a politização do tempo e do clima

As desavenças entre Trump e os meteorologistas não são novas. Já na primeira Administração por ele dirigida houve desentendimentos que fizeram eco na imprensa estadunidense e internacional. A sua intromissão nas previsões sobre a evolução do furacão Dorian, em 2019, fez com que a “American Meteorological Society” (AMS) e a “National Weather Association” (NWA) difundissem um comunicado conjunto desmentindo que seria provável haver danos causados pela intempérie no Estado de Alabama, como havia vaticinado o Sr. Trump.

Talvez por essa razão, o então presidente dos Estados Unidos da América poderá ter ficado a detestar os meteorologistas e, por arrastamento, os climatologistas. Note-se que ser meteorologista é diferente de se ser climatologista. O meteorologista, entre outras funções, analisa o tempo atual e prevê a sua evolução para os dias seguintes, enquanto o climatologista estuda o tempo médio característico de uma determinada região, ou mesmo à escala global e, recorrendo a modelos computacionais, prepara antevisões do que poderá acontecer a médio e longo prazo, podendo o período abrangido atingir dezenas de anos.

Enquanto para caracterizar o tempo num determinado local ou região é necessário conhecer os vários parâmetros meteorológicos (temperatura, humidade, pressão atmosférica, vento, nebulosidade, precipitação, etc.) num dado instante ou num período curto, para se caracterizar o clima há que se recorrer ao tempo predominante durante períodos relativamente longos. Segundo a Organização Meteorológica Mundial, esse período deverá ser de, pelo menos, trinta anos.

Voltando ao diferendo entre Trump e meteorologistas, a sua intromissão nas funções destes profissionais e nas instituições onde desenvolvem a sua atividade poderá ser o reflexo do seu carácter vingativo ou pelo facto de ele, como simples mortal, não poder amainar as tempestades (ou intensificá-las), ou determinar quando fenómenos como o El-Niño, La Niña, as monções, etc., deveriam ter início ou términus.

Em compensação, com a ajuda dos oligarcas que com ele conquistaram o poder nos EUA, o segundo país que mais emite gases de efeito de estufa (GEE), poderá, certamente influenciar o clima. Como? Poder-se-á perguntar. A resposta é simples. Está provado que a combustão dos combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral) é a grande responsável pelo aumento da concentração dos GEE na atmosfera, a principal causa das alterações climáticas que se verificam desde o início da era industrial. Como Trump está a reverter todas as leis, nos EUA, que preconizam a diminuição do uso de tais combustíveis, a concentração dos GEE continuará a aumentar significativamente, o que contribuirá para acentuar essas alterações.

O clima ir-se-á, provavelmente, ressentir com as medidas que estão a ser tomadas, entre as quais o corte de verbas em tudo o que se relacione com o estudo das alterações climáticas e as suas consequências. A intensificação do “drill, baby, drill”, como ele gosta de repetir, contribuirá para o desequilíbrio de que o clima está a ser alvo. As várias componentes do sistema climático, em especial a atmosfera, a biosfera, a criosfera e a hidrosfera continuarão a sofrer as consequências do não acatamento das recomendações de milhares de cientistas, através do IPCC, do Protocolo de Quioto, do Acordo de Paris, das 29 COP (Conference Of the Parties) até agora realizadas, etc. A atmosfera está cada vez mais impregnada de GEE, a biosfera está a degradar-se com os incêndios florestais relacionados com secas cada vez mais frequentes; os oceanos aumentam de salinidade causada pelas chuvas ácidas e pela absorção de dióxido de carbono; a taxa de fusão do gelo da criosfera é cada vez maior, o que tem como consequência mais gravosa o aumento do nível do mar.

O desplante com que a Administração atual dos EUA lida com os assuntos associados ao clima e ambiente é tal que consta, no “site” oficial da Casa Branca, uma “Executive Order” com o título “Reinvigorating America’s Beautiful Clean Coal Industry and Amending Executive Order 14241”, datada de 8 de abril de 2025, em que uma das indústrias mais poluentes é designada por “bela Indústria do carvão limpo”.

Megha Satyanarayana, editora-chefe da secção de opinião da revista “Scientific American”, perguntou recentemente “Why is the Trump Administration politicizing weather?”. Na sua resposta, ela associa o interesse financeiro às atitudes de Trump e da oligarquia que conquistou o poder. Segundo ela, estão a acabar com as vozes discordantes da política do lucro fácil e rápido que se baseia na exploração dos combustíveis fósseis. O despedimento em curso de cientistas que desenvolvem a sua atividade no “National Weather Service” (NWS), departamento da “National Oceanic and Atmospheric Administration” (NOAA), insere-se nesse esforço de acabar com as vozes discordantes da sua política. Centenas de funcionários foram despedidos na NOAA como consequência da aplicação do “Projeto 2025”, que não é mais do que uma série de medidas que visam reduzir o número e a dimensão das agências do Estado, de acordo com uma perspetiva conservadora.

Na sua curteza de vistas a Administração Trump não vislumbra que, pondo em prática esse projeto, está a limitar a eficiência de uma instituição que tem contribuído incontestavelmente para a salvaguarda de vidas e bens de maneira altamente eficiente. Com base nas informações das estações meteorológicas, dos satélites meteorológicos e de comunicações, dos radares, dos modelos de previsão do tempo e do clima, os serviços meteorológicos estão a contribuir para a prosperidade dos países onde operam. Milhões de vidas têm sido salvas graças aos sistemas de avisos meteorológicos, com base nos quais se preparam alertas sobre a evolução e aproximação de fenómenos altamente gravosos como, por exemplo, os ciclones tropicais e extratropicais. Um exemplo do que a ausência de informação meteorológica pode provocar, foi o que aconteceu em 8 de setembro de 1900, quando um furacão atingiu a costa sul, próximo da cidade Galveston, no Golfo do México (sorry Mr. Trump). Nessa altura estas tempestades ainda não eram designadas por nomes próprios, nem existiam sistemas sofisticados de avisos meteorológicos. Cerca de seis mil pessoas sucumbiram vítimas de ventos fortes e da maré de tempestade associada ao furacão.

Atualmente tal não aconteceria, graças ao progresso que, entretanto, os serviços meteorológicos nacionais beneficiaram. A criação da Organização Meteorológica Mundial, em 1950, o aumento do número de estações meteorológicas, o uso de radares e satélites meteorológicos, o progresso das telecomunicações e a eficiência dos modelos físico-matemáticos de previsão do tempo, fizeram com que atualmente não fossem possíveis consequências tão nefastas de fenómenos deste tipo. E tudo isto graças ao empenho, em grande parte, dos profissionais da meteorologia. E são estes mesmos profissionais que sofrem atualmente a fúria destruidora do “Projeto 2025”.

Também as universidades estão a ser vítimas do corte de verbas por parte do Estado. Entre estas sobressai a Universidade de Harvard, onde se formaram 161 Prémios Nobel, entre os quais Albert Arnold Gore Jr., o 45.º Vice-Presidente dos EUA (1993-2001), que foi galardoado com o Prémio Nobel da paz em 2007 (Juntamente com o IPCC), devido ao trabalho desenvolvido na disseminação de conhecimento sobre as alterações climáticas.

De acordo com relatórios do IPCC, há uma relação estreita entre o aumento da concentração dos gases de efeito de estufa na atmosfera e a frequência e intensidade das ondas de calor, secas e fogos florestais. A implementação do “Projeto 2025” poderá fazer com que uma espécie de efeito “boomerang” contribua para a deterioração do clima, o que implicará que o segundo país mais poluidor também sofra as consequências.

Meteorologista

Felicidade em Macau

O Chefe do Executivo Sam Hoi-fai acaba de anunciar as Linhas de Acção Governativa para 2025, que contêm vários destaques: primeiro, os cheques pecuniários de 10.000 patacas continuam a ser distribuídos. Segundo, a Pensão para Idosos vai aumentar de 3.740 patacas mensais para 3.900, o Subsídio para Idosos aumenta de 9.000 patacas anuais para 10.000, o voucher do Programa de Comparticipação nos Cuidados de Saúde sobe de 600 patacas para 700. Além disso, o subsídio de assistência na infância no valor de 1.500 patacas mensais foi pela primeira vez atríbuido. Vários apoios sociais aumentaram, mas não os listámos todos aqui.

Os apoios sociais aumentaram, permitindo que os beneficiários tenham uma vida melhor, o que deixa toda a gente feliz. O Governo procedeu ao aumento de vários subsídios apenas porque os residentes assim o exigiram? A resposta é, claro que não. Os sistemas de segurança social criaram uma rede de apoio diversificada para os residentes.

Aumentar os benefícios faz aumentar o sentimento de segurança de todos: as pensões funcionam como um cobertor quente, o sistema de saúde é um suporte sólido e o Programa de Assistência aos Desprotegidos é como um longo rio na ajuda aos mais fracos. Estes sistemas não são disposições legais desumanizadas, mas as paredes mestras da paz de espírito. Estas paredes mestras tentam garantir que todos consigam obter o essencial. A felicidade não decorre apenas do sistema de segurança social, mas também das interacções das pessoas. Este tipo de interacção garante-nos que a felicidade está à nossa espera, e que nós a podemos encontrar por nós próprios.

Em algumas casas de chá antigas, vemos muitas vezes os clientes à conversa com os donos durante horas. Os proprietários sabem que o Tio Zhang quer três partes de açúcar e que a Tia Li evita cebolas verdes picadas e preparam a comida e as bebidas a tempo, à espera dos velhos amigos. Estes proprietários preparam os alimentos com o objectivo de ganhar dinheiro? Claro que não. O que eles querem é exactamente o mesmo que os clientes. Os proprietários esperam ser felizes assim como os seus clientes. Preocupam-se todos uns com os outros.

A pequena área de Macau encurta o nosso sentido de distância. Se levarmos mais de 15 minutos a chegar de carro ao nosso destino, dizemos que vamos para longe. mas podemos pensar esta questão sob uma outra perspectiva? Precisamente porque Macau não é grande, quando saímos de casa durante um dia, o sol ainda brilha quando chegamos à praia Hac Sa. Uma viagem de carro de meia hora afasta-nos da confusão e do barulho e damos connosco numa praia tranquila. Deixamos pegadas na areia, comemos peras e sentimos o cheiro salgado do mar. À noite, podemos olhar para as estrelas e falar com a pessoa amada.

Outra vantagem de uma cidade pequena, é que está cheia de calor humano. De manhã, durante a hora de ponta nos transportes, avós que não se conhecem, sentados em diversas filas, contam histórias sobre os seus netos virando-se para a frente e para trás. Estas conversas enérgicas atravessam o barulho e chegam aos ouvidos de todos. O estudante da fila da frente vira a cabeça com aparente impaciência, mas os cantos da sua boca traem um sorriso incontido – Macau, mesmo quando há “discussões”, é uma região encantadora repleta de calor humano.

As pessoas de Macau também têm os seus serenos rituais. Um dia, vi um homem correr num estádio de Macau. Disse-me que correr sozinho, sem ninguém contra quem competir, o fazia sentir extremamente confortável e que não precisava de mais ninguém. Depois de correr, deixava que a água lhe lavasse a fadiga. Quando regressava a casa, tomava um banho e relaxava completamente.

Existem inúmeras interpretações de felicidade em Macau: é a sopa habitual que a proprietária de um restaurante prepara para clientes antigos. São as palavras doces dos amantes na praia de Hac Sa. É a súbita explosão de risos no autocarro. É alguém que toma um banho em casa. Nos anos 80, a canção “Happy” foi escrita pelo cantor Sam Hui. Coloco em baixo parte da letra:

“A felicidade está à tua espera a cada minuto, desde que saibas onde a encontrar.”

“A felicidade é procurar as estrelas no céu, a felicidade são as pegadas na areia na praia das memórias.”

“A felicidade é deixar o pó da cidade para trás. A felicidade é ir para casa e tomar um banho de imersão.”

Gosto de viajar. Além disso, quando tenho tempo, prefiro tomar uma bebida.

“A felicidade é cantarolar uma bela canção, um jornal da tarde e um copo de champanhe.”

As Linhas de Acção Governativa instituíram “o subsídio de assistência na infância”, permitindo que os pais recebam um valor de 1.500 patacas desde que o filho nasce até atingir a idade de três anos. Para criar um filho precisamos de milhões de dólares e 1.500 patacas mensais não são seguramente suficientes. No entanto, a mensagem que o subsídio de assistência na infância nos traz não é se 1.500 patacas são ou não suficientes para criar uma criança, mas sim permitir que os pais recebam apoio para criar os seus filhos, reduzindo a sua pressão financeira e permitindo que possam desfrutar da “felicidade familiar”. E não é a “felicidade familiar” uma espécie de felicidade?

“Felicidade é a disposição que a minha boa mulher me transmite e felicidade é o beijo afectuoso que o meu filho me dá. Se pudermos partilhar a nossa felicidade com os outros, teremos um “mundo feliz”, é um mundo que todos perseguem e pelo qual anseiam.

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado da Faculdade de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau
Email: cbchan@mpu.edu.mo

Horta da Mitra | Inaugurada nova escadaria com pinturas

O Instituto Cultural (IC) convidou artistas locais para pintarem uma escadaria de pedra no Bairro Horta da Mitra, mais concretamente as escadas da rua de Tomás da Rosa, bem no centro da península de Macau. As pinturas integram a obra com o nome “A Roda do Tempo do Bairro Horta da Mitra” e, segundo o IC, “enriquece a paisagem urbana local com o retrato das mudanças históricas no bairro ao longo de um século”.

Os artistas convidados são Lam Ka Hou, Jian Jun Cheng, Liang Jing Siang, Ng Ka Mei, Un Ut Keong e Ho Kon Pang, tendo este projecto sido desenvolvido em parceria com a Associação Cultural da Vila da Taipa. Além disso, esta iniciativa “recebeu o apoio de associações e representantes comunitários”.

Este mural pintado nos degraus das escadas descreve “vários símbolos culturais icónicos e traços típicos” desta zona, como o bosque de bananeiras e pássaros no passado, explicando-se ainda as origens do nome “Bairro Horta da Mitra” ou eventos e espaços culturais, como o mercado e danças do leão no Templo de Foc Tac.

O mural “aproveita o desnível dos degraus para criar um efeito tridimensional, em que cada espelho é adornado com coloridas flores e ilustrações, exibindo a vitalidade e o toque humano do Bairro Horta da Mitra”.

O IC tem desenvolvido desde 2021 vários projectos de murais em parceria com artistas locais, destacando, desta forma, “a história das origens [destes lugares] através de uma fusão de criatividade cultural e arte”. Estes murais, situados em locais como a Travessa da Assunção, o Largo do Pagode da Barra, a parede exterior dos Armazéns da Nam Kwong na Rua do Almirante Sérgio, bem como a Travessa da Boa Vista e a Escada do Coxo na Taipa, “tornaram-se pontos de fotografia famosos nas redes sociais para o turismo cultural em Macau”, refere o IC.

Studio City | 30 anos do filme “Toy Story” celebrados em exposição

O empreendimento Studio City, no Cotai, apresenta até ao dia 31 de Outubro uma exposição dedicada a celebrar os 30 anos do filme “Toy Story”, dos estúdios da Disney e da Pixar. Segundo um comunicado, o espaço da exposição transformou-se “num mundo do Toy Story, proporcionando aos visitantes de todas as idades uma aventura especial com instalações que prometem experiências interactivas e mostram objectos de colecção exclusivos”.

Logo à entrada do Studio City, destaca-se a personagem do Woody, com seis metros de altura, que “dá às boas-vindas aos visitantes com o seu sorriso característico”, seguindo-se a recriação gigante do quarto da personagem Andy, no átrio principal do empreendimento, “decorado com mobiliário e brinquedos de grandes dimensões, fazendo os visitantes sentirem-se como se tivessem encolhido para o tamanho de um brinquedo”.

A instalação “Rescuing Woody”, inspirada no filme “Toy Story 2”, leva os visitantes a participar numa busca pela personagem, enquanto o “Toy Story Carnival” apresenta “duas cabines de jogos e uma loja no formato pop-up com uma selecção de produtos exclusivos”.

Destaque ainda para o facto de a roda gigante do Studio City passar a ter cinco cabines especialmente decoradas à imagem do “Toy Story”, com as personagens Woody, Buzz Lightyear, Lotso, Aliens e Hamm. Os espaços de restauração do Studio City disponibilizam ainda menus especiais a pensar no filme de animação.

Quarta edição do “ArtBiz Asia” arranca na próxima semana

Acontece na próxima semana, dia 9, a quarta edição do “ArtBiz Asia”, no hotel Morpheus, no empreendimento City of Dreams, no Cotai. O evento, organizado pela Associação Internacional das Indústrias da Cultura e do Desporto de Macau e pela Asian IR Expo, pretende ser “uma plataforma asiática que liga arte, cultura e negócios”, além de ter por objectivo “dinamizar o papel de Macau como ‘Capital Cultural da Ásia Oriental'”, descreve-se numa nota oficial sobre o evento.

A quarta edição tem como tema “Nova Exploração nas Artes e Cultura do Leste Asiático”, e visa olhar “o impacto profundo da arte nos resorts integrados e nas demais indústrias relacionadas”, pretendendo-se proporcionar “uma plataforma para que artistas e líderes do sector troquem ideias e explorem diversos papéis e potencialidades da arte e cultura no turismo”, sem esquecer as áreas da tecnologia e desenvolvimento urbano.

Citada pela mesma nota, Patrícia Cheong, presidente da Associação Internacional das Indústrias da Cultura e do Desporto de Macau, e fundadora da “ArtBiz Asia”, falou desta quarta edição do evento, explicando que pretende “centrar-se na construção de uma plataforma de diálogo para decisores das áreas do turismo cultural, a nível regional, e resorts integrados, promovendo-se a diversificação comercial e o pensamento inovador da indústria artística”.

Oradores de luxo

O evento, que pretende olhar “como a arte e criatividade melhoram o turismo cultural”, explicou Patrícia Cheong, reúne operadores de resorts integrados, representantes de entidades artísticas e instituições de arte, bem como figuras do Governo e até de empresas de tecnologia e media. A ideia é “analisar o potencial de modelos inovadores ao nível de um turismo mais sustentável e no crescimento económico, a fim de se construir uma simbiose entre arte e empresas”, lê-se ainda.

Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, será uma das convidadas, seguindo-se o designer Alan Chan, que irá discutir “a integração da arte com a vida urbana”. Destaque ainda para a presença de Carlos Marreiros, arquitecto e artista macaense, que irá dialogar com Lam Kin Meng do

Instituto Cultural da RAEM e o popular designer coreano Teo Yang sobre a sinergia entre o património, as artes e a revitalização de bairros antigos. Por sua vez, Ai Lin, director do Museu de Arte Deji, irá partilhar ideias sobre a amplificação da influência cultural através da tecnologia, após a estreia mundial da exposição “Beeple”, em Nanjing.

FRC | Recital com estudantes da UPM decorre este sábado

Acontece este sábado, na Fundação Rui Cunha, o “Recital Conjunto de Estudantes de Música da UPM”, integrado na série de concertos “Os Sons da Praia Grande”. Trata-se de uma iniciativa realizada em parceria com a Associação Vocal de Macau que pretende mostrar o talento de sopranos locais e do que de melhor se faz na música no território

 

A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta este sábado, a partir das 17h, o “Recital Conjunto de Estudantes de Música da UPM”, integrado na série de concertos musicais “Os Sons da Praia Grande”, co-organizado pela Macau Vocal Association. A edição desta tarde de Bel Canto, um estilo de canto, irá trazer novas vozes do Curso de Música da Universidade Politécnica de Macau, sob a responsabilidade da Professora de Canto, Wang Xiao.

O programa contará com a presença das sopranos Cai Shiyi, Lei Changkun, Wu Shuangrong, You Xirui e Liao Beijia, além do tenor Yang Junbin e do barítono Zong Xiaohuan, que serão acompanhados ao piano por To Ching Yin.

A música seleccionada para a sessão inclui peças clássicas de compositores como os austríacos Wolfgang Amadeus Mozart e Franz Schubert, o alemão Johannes Brahms, o checo Gustav Mahler, o húngaro Franz Lehár, os franceses Claude Debussy e Reynaldo Hahn, os italianos Giacomo Puccini e Gioacchino Rossini, e ainda os chineses Wang Long, Qing Zhu, Huang Zi, Liu Qing e Li Yan.

O poder da voz

O estilo “Bel Canto” é considerado a expressão máxima da voz humana, destaca a FRC, em comunicado. O termo Italiano foi cunhado no século XVIII. Trata-se de uma técnica vocal que enfatiza a beleza do som e a capacidade técnica do artista, em vez da expressão dramática ou da emoção romântica, que ainda hoje é ensinada em moldes semelhantes aos do passado. As sessões “Sábados de Bel Canto” têm lugar em todos os segundos sábados do mês, com entrada gratuita.

A FRC tem colaborado nos últimos anos com vários grupos e alunos de música e canto para realizar estas sessões. A título de exemplo, em Maio de 2023 foi a vez de o Coro do Colégio Diocesano de São José 6 se apresentar na galeria da FRC sob a batuta do maestro Mars Lei, tendo sido também apresentada uma selecção de composições clássicas diversas.

Espaço | Adiado regresso de astronautas devido às condições climatéricas

A China adiou o regresso à Terra de três astronautas chineses que permanecem há seis meses na estação espacial devido às condições climatéricas, avançou ontem a imprensa local.

Os astronautas, Cai Xuzhe, Song Lingdong e Wang Haoze, deveriam ter aterrado ontem em Dongfeng, na região da Mongólia Interior, no norte da China, depois de terem estado meio ano no espaço. A aterragem foi adiada para “garantir a saúde e a segurança dos astronautas” porque as condições meteorológicas não eram as melhores, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua.

Os três foram enviados para a estação espacial chinesa Tiangong em Outubro do ano passado, e uma nova tripulação de astronautas chegou recentemente para os substituir.

Durante o seu tempo a bordo, os três astronautas chineses realizaram experiências e melhorias na estação espacial. Dois dos astronautas, Cai e Song, efectuaram uma caminhada espacial de nove horas, a mais longa de sempre, durante a sua missão, informou a agência responsável pelas missões espaciais tripuladas da China.

O país asiático construiu a sua própria estação espacial depois de ter sido excluída da Estação Espacial Internacional por preocupações com a segurança nacional dos Estados Unidos.

O programa espacial chinês tem crescido rapidamente nos últimos anos. A agência espacial chinesa já fez pousar um explorador em Marte e um robô do outro lado da lua. O seu objectivo é colocar uma pessoa na Lua antes de 2030.

No ano passado, dois astronautas norte-americanos acabaram por ficar presos no espaço durante nove meses depois de um voo de teste com a Boeing ter tido problemas e de a NASA ter determinado que era demasiado arriscado para os astronautas regressarem à Terra na mesma cápsula.

BRICS | Xi insta banco dos BRICS a assumir maior papel

Face à instabilidade global, o Presidente Chinês pediu à líder do Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff, que assumisse um papel mais determinante no apoio aos países em desenvolvimento

 

O Presidente chinês, Xi Jinping, instou ontem o banco dos BRICS a reforçar o seu apoio aos países em desenvolvimento e a assumir um papel mais importante num cenário global marcado por tensões geopolíticas e pela guerra comercial.

Xi visitou a sede do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) durante uma deslocação à metrópole oriental de Xangai, onde também se reuniu com a líder da instituição e ex-presidente brasileira, Dilma Rousseff, informou a imprensa estatal chinesa.

O Novo Banco de Desenvolvimento – fundado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – deve, segundo Xi, direccionar os seus esforços para uma nova fase de crescimento centrada na sustentabilidade, tecnologia e transição energética, sem se afastar da sua missão original de apoiar os países do Sul Global.

A instituição “deve alinhar-se com as necessidades reais de desenvolvimento e oferecer financiamento de alta qualidade e baixo custo”, disse Xi, que defendeu ainda a melhoria da gestão interna do banco e a expansão da sua presença em áreas, como as infraestruturas digitais e os projectos verdes.

O líder chinês considerou que o bloco das economias emergentes representa uma parte crescente da economia mundial e sublinhou que os países em desenvolvimento devem ter uma maior participação na reforma do sistema financeiro internacional. No entanto, evitou referir-se directamente a tensões geopolíticas específicas ou a instituições como o FMI ou o Banco Mundial.

Apoios garantidos

Dilma Rousseff garantiu que o Banco Mundial continuará a concentrar-se no apoio a projectos estratégicos nas economias emergentes e alertou contra o “unilateralismo e o proteccionismo”, que acusou de “corroer a autoridade do Direito internacional” e “minar a estabilidade das cadeias industriais e de abastecimento”.

No seu discurso, Dilma destacou ainda o papel de Pequim num contexto global “turbulento”, em que “a China defende firmemente os interesses do Sul Global” e é “um exemplo” na defesa do “multilateralismo, da equidade e da justiça internacional”.

A antiga presidente brasileira, reeleita em Março para um mandato de cinco anos à frente da organização, agradeceu o apoio dos países membros e defendeu o papel do banco como instrumento de cooperação multilateral. A sua candidatura foi proposta pela Rússia e aprovada por consenso.

O Novo Banco de Desenvolvimento, também conhecido como o banco dos BRICS, foi criado em 2014 e começou a funcionar um ano depois, com o objectivo de oferecer uma alternativa de financiamento aos países em desenvolvimento.

Nos últimos meses, alargou o número de membros com a incorporação do Egipto, Irão, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Indonésia, que formalizou a sua entrada em Março, após uma visita de Rousseff a Jacarta. A expansão do banco ocorre numa altura em que o grupo BRICS desempenha um papel mais proeminente nos fóruns multilaterais, no meio de debates sobre a reconfiguração da ordem económica mundial.

Maria Ondina China

Presa ao mito duma princesa oriental, longilínea e distante, parecia curtir um impalpável ressentimento. Metade Lispector, metade Pearl Buck, havia tomara ainda jovem o barco do império. Foi ainda mais além. Voltou depois para chá com tristeza em Benfica. Braga foi a sua primeira China, Macau a segunda, a China nenhuma.

Mas os lusos não perdoam a quem é diferente. Não tinha cara nem de Quinta do Lago, nem de Moimenta da Beira. Vestia uma cabaia ruça, com botões verdes. Lembrava uma farda da revolução cultural. Assim, como queria que se lhe identificasse classe e proveniência imediatamente? Em Braga, não haveria nenhuma outra China a vestir?

Ninguém: ; a literatura portuguesa dos 50 aos 80: desinteressantes ficções sem referência depois de desinteressantes ficções com referências. Ah, muito telúricas, com torres, casas e outros totens. Mau tempo no, a torre de, a casa de.

Entretanto, todas as lutas da mulher, o conhecimento do outro, o palpar do si – tudo já está nela, diante de nós, à espera de ser encontrado. Chegamos quase às identidades contemporâneas et alii.

Tão distante da pastelosa Agustina com sua pataratice de Entre Douro e Minho (esse Terreiro do Paço mais a norte) e tão mais perto de autores que parecem provincianos mas não o são nada, como o Pascoaes.

Entretanto, os livros de Ondina apanham pó na biblioteca. As chaves para conhecer a China ou para conhecer o mundo (quase a mesma coisa) ficam no chaveiro. E quanta pedagogia da China (um cinto, uma estrada, um arredondamento de volta do mundo que também poderíamos nós outros formar) não nos poderia dar, quanto outro mundo?

E porque não leem também Wenceslau de Moraes? Aqui não há a desculpa de ser mulher. É por falar no Japão? Seria melhor falar de Telheiras? Mas não é o Japão, ou talvez o Tibete, o verdadeiro sentido da cultura portuguesa? Para morrer o mundo? Pode ser. Para quando uma Ondina tibetana, um Wenceslau malaio?

As pessoas gostam é que se fale dos seus Terreiros do Paço mentais: o de Lisboa, ou o de Times Square. O verdadeiro, por estes dias, nunca vão querer conhecer, senão daqui a largos anos – e aí já será tarde demais. É sempre longe demais, já dizia a Xana dos Rádio Macau. Et pour cause.