Ásia é destino de 84 por cento do petróleo que passa pelo Estreito de Ormuz

Cerca de 84 por cento do petróleo que atravessa o Estreito de Ormuz destina-se à Ásia, incluindo China, Índia, Coreia do Sul e Japão, economias muito vulneráveis a restrições ao tráfego marítimo em caso de escalada do conflito no Médio Oriente.

Cerca de 14,2 milhões de barris por dia de petróleo bruto e 5,9 milhões de barris por dia de outros produtos petrolíferos, ou seja, cerca de 20 por cento da produção mundial, passaram pelo corredor estratégico do Estreito de Ormuz, ao largo do Irão, no primeiro trimestre, segundo a Agência de Informação sobre Energia dos Estados Unidos (EIA).

É a rota praticamente única de exportação do crude da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos, do Iraque, do Kuwait, do Qatar e do Irão.

Eis os principais países asiáticos a que se destina este petróleo:

China

Os peritos estimam que mais de metade do petróleo importado pela Ásia Oriental passa pelo Estreito. É o caso da China: segundo a EIA, no primeiro trimestre importou 5,4 milhões de barris por dia de petróleo bruto através de Ormuz.

A Arábia Saudita foi o seu segundo maior fornecedor de ‘ouro negro’ no ano passado, com 1,6 milhões de barris por dia, ou seja, 15 por cento do total das suas importações, segundo a EIA. O próprio Irão tornou-se uma fonte importante de hidrocarbonetos: em Abril, exportou 1,3 milhões de barris por dia para a China.

A maior parte é comprada por pequenas refinarias chinesas (conhecidas como “teapots”) que operam independentemente das companhias petrolíferas estatais – uma forma de evitar as sanções dos EUA. A China absorve mais de 90 por cento das exportações de petróleo do Irão.

Índia

A Índia importou 2,1 milhões de barris por dia de crude através do Estreito no primeiro trimestre, segundo a EIA.

A Índia está fortemente dependente do Estreito, com o Médio Oriente a fornecer cerca de 53 por cento das suas importações de petróleo no início de 2025, de acordo com a imprensa financeira local, nomeadamente do Iraque e da Arábia Saudita.

Isto é suficiente para deixar Nova Deli nervosa face à escalada das tensões, apesar de o país ter aumentado as suas compras de hidrocarbonetos russos nos últimos três anos. “Tomaremos todas as medidas necessárias para assegurar um abastecimento estável de combustível aos nossos cidadãos”, insistiu o ministro do Petróleo indiano, Hardeep Singh Puri, na X.

“Diversificámos os nossos fornecimentos nos últimos anos (…) Os nossos distribuidores dispõem de reservas para várias semanas e continuam a ser abastecidos através de vários canais”, declarou, sem dar mais pormenores.

Coreia do Sul

De acordo com os dados da indústria petrolífera do país, cerca de 68 por cento das importações de petróleo bruto da Coreia do Sul passam pelo Estreito de Ormuz – um volume de 1,7 milhões de barris por dia, segundo a EIA.

O país é particularmente dependente da Arábia Saudita, que no ano passado foi responsável por um terço das suas importações de petróleo, tornando-se o principal fornecedor do país.

“Até à data, não se registaram perturbações nas importações de petróleo bruto e de GNL (gás natural liquefeito) da Coreia do Sul, mas poderá surgir uma crise de abastecimento em função da evolução da situação”, reconhece o ministério da Energia sul-coreano em comunicado.

“O Governo e os intervenientes da indústria prepararam-se para situações de emergência, mantendo uma reserva estratégica de petróleo equivalente a cerca de 200 dias de abastecimento e reservas suficientes de GNL”, insistiu.

Japão

O Japão importa 1,6 milhões de barris por dia de petróleo bruto através do Estreito de Ormuz, segundo a EIA. E, segundo os dados aduaneiros japoneses, 95 por cento do petróleo bruto importado pelo arquipélago no ano passado veio do Médio Oriente.

As empresas de transporte de energia do país começaram a adaptar-se: “Estamos atualmente a tomar medidas para reduzir ao máximo o tempo de permanência dos nossos navios no Golfo”, declarou à AFP a Mitsui OSK.

O resto da Ásia (dois milhões de barris por dia), nomeadamente a Tailândia e as Filipinas, mas também a Europa (0,5 milhões) e os Estados Unidos (0,4 milhões) foram outros destinos do petróleo bruto que passou pelo Estreito de Ormuz no primeiro trimestre.

Alternativas limitadas

Os países asiáticos poderiam tentar diversificar as suas fontes de abastecimento – nomeadamente reforçando as suas compras de hidrocarbonetos americanos – mas seria impossível substituir os grandes volumes provenientes do Médio Oriente.

A curto prazo, “as elevadas reservas mundiais de petróleo, a capacidade de reserva da OPEP [Organização de Países Exportadores de Petróleo] e a produção de gás de xisto nos Estados Unidos poderão proporcionar uma certa protecção”, consideram especialistas do MUFG citados pela Afp.

A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos dispõem de infraestruturas que lhes permitem contornar o Estreito de Ormuz, o que poderia atenuar um pouco qualquer perturbação, mas a sua capacidade de trânsito, estimada pela EIA em cerca de 2,6 milhões de barris por dia, continua a ser muito limitada.

E o oleoduto Goreh-Jask, criado pelo Irão para exportar através do Golfo de Omã, que está inactivo desde o ano passado, só tem uma capacidade máxima de 300.000 barris por dia, também segundo a EIA.

Israel/Irão | China pede esforços para evitar fecho de Estreito de Ormuz

O fecho do Estreito de Ormuz pode afectar seriamente não só a economia chinesa, mas todo o comércio internacional

 

A China pediu ontem esforços internacionais para “evitar um impacto no desenvolvimento económico mundial”, após o parlamento do Irão ter proposto o encerramento do Estreito de Ormuz, por onde transita cerca de 20 por cento do petróleo e gás mundial.

“O Golfo Pérsico e as suas águas circundantes são canais importantes para o comércio internacional de bens e energia”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Guo Jiakun, numa conferência de imprensa em Pequim.

Guo sublinhou que “manter a segurança e a estabilidade na região está no interesse comum da comunidade internacional” e defendeu que “os esforços para promover a distensão dos conflitos devem ser intensificados”.

O porta-voz reagia à proposta apresentada no domingo pelo parlamento iraniano, na sequência do ataque dos Estados Unidos a instalações nucleares no Irão, para que o Estreito de Ormuz seja encerrado ao tráfego marítimo – uma medida com impacto global no comércio de hidrocarbonetos e que terá ainda de ser aprovada pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional iraniano.

Guo reiterou que a operação militar de Washington “exacerba as tensões no Médio Oriente” e revelou que a China, juntamente com a Rússia e o Paquistão, apresentou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas um projecto de resolução que apela a “um cessar-fogo imediato e incondicional” entre Irão, Israel e Estados Unidos.

“Atacar instalações nucleares sob as salvaguardas do Organismo Internacional de Energia Atómica constitui uma violação grave dos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional”, declarou o porta-voz, pedindo “a todas as partes” que evitem uma escalada e defendendo o regresso ao “caminho da solução política”.

Sem comentários

Guo não comentou directamente as declarações do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, que exortou a China a interceder junto do Irão para evitar o encerramento do estreito.

“Apelo ao Governo chinês, em Pequim, para que contacte Teerão sobre esta matéria, pois dependem fortemente do Estreito de Ormuz para o fornecimento de petróleo”, afirmou Rubio numa entrevista à estação televisiva norte-americana Fox News. O eventual encerramento do Estreito de Ormuz afectaria o comércio global e, em particular, a China – o maior importador de petróleo iraniano e parceiro estratégico de Teerão.

Qing 情 como fundamento da ética naturalista de Xun Zi (3)

Por Li Chenyang

(continuação do número XXXXX)

Graham não nega que qing possa referir-se a sentimentos ou paixões no Xunzi. Insiste, no entanto, que nunca significa sentimentos ou paixões (Graham 1986: 64). De acordo com Graham, quando Xunzi usa “qing” para se referir a sentimentos, Xunzi quer dizer que esses sentimentos são genuínos; a afirmação de Xunzi de que “o gosto, o desgosto, o prazer, a raiva, a tristeza e a alegria de xing são chamados qing” significa que estes são chamados “o genuíno em nós” (Graham 1986: 65). No entanto, Graham comete um erro na sua descrição, porque qing pode significar sentimentos, emoções ou paixões na literatura pré-Han, e significa de facto estas coisas em vários locais do Xunzi. Em primeiro lugar, não é simplesmente verdade que qing nunca significa paixões ou coisas do género na literatura pré-Han. Por exemplo, o texto “Xìng Zì Mìng Chū” das Tiras de Bambu de Guodian contém a afirmação “zhì lè bì bēi, kū yì bēi, jiē zhì qí qíng yě 至樂必悲, 哭亦悲, 皆至其情也” (Liu 2003: 98). Diz que “quando a felicidade vai ao extremo, transforma-se em tristeza, e chorar também é tristeza; ambos são estados máximos de qing.” Esta afirmação corresponde a outra afirmação “yòng qíng zhī zhì zhě, āi lè wéi shèn 用情之至者, 哀樂為甚” no mesmo texto (Liu 2003: 101), que diz que as formas máximas de qing são exemplificado na tristeza e na felicidade. Nestas afirmações, qing não pode significar “actualidade” ou “genuíno”, como Graham afirma (4).Podemos certamente dizer que a tristeza ou a felicidade de uma pessoa é genuína. Mas “genuíno” aqui descreve como é e não o que é. A tristeza e a felicidade são emoções humanas. A tristeza e a felicidade são emoções humanas. Se são formas de qing, devem significar algum tipo de estado afetivo de consciência. Ligando os pontos entre estes usos de qing e a afirmação de Xunzi de que “o gostar, o não gostar, o prazer, a raiva, a tristeza e a alegria de xing são chamados qing”, só faz sentido se lermos qing de forma semelhante como estados afectivos de consciência.

Além disso, no capítulo 2, Xiushen, Xunzi diz:

“Se o vosso comportamento for respeitoso e reverente, se o vosso coração for leal e fiel, se usardes apenas os métodos sancionados pela propriedade ritual e pela moralidade, e se o vosso qing é de amor e humanidade, então, apesar de viajares por todo o império, e apesar de te encontrares a viver em tribos remotas e incivilizadas nas quatro direcções, todos te considerariam uma pessoa honrada.”

As quatro frases com “se” em chinês são paralelas em termos de estrutura, em que “coração” (xīn 心) corresponde a “qing”: enquanto o coração é leal e fiel, o qing é amoroso e humano. Qing aponta aqui inequivocamente para os sentimentos e não para a “actualidade” ou o “genuíno”, como afirmou Graham.

Os termos em inglês para o tipo de estados afectivos aqui abordados incluem “feeling”, “emotion” e “passion”. A emoção refere-se a sentimentos mentais, implicando frequentemente a presença de excitação ou agitação. Paixão é geralmente sinónimo de emoções intensas e convincentes.5 Talvez possamos dizer que gostar e não gostar são apenas sentimentos, enquanto que prazer, raiva, tristeza e alegria podem ser chamados de emoções. Por uma questão de sim- plicidade, usarei “sentimento” para qing neste sentido, uma vez que, quando usado de forma geral, abrange “emoção” e “paixão”. No Xunzi, podemos encontrar usos abundantes de qing nestes sentidos de sentimento, como mostraremos de seguida.

Qing como sentimentos humanos está directamente relacionado com a teoria ética de Xunzi. Em relação à moralidade, o qing é frequentemente visto como contrário à propriedade ritual. De acordo com Xunzi, antes da transformação da sua tendência natural inata e do desenvolvimento das suas capacidades morais adquiridas, os qing dos seres humanos são inatamente apaixonados por grandes sons, intensos cores e aromas ricos. Qing, neste sentido, é normalmente emparelhado com xing 性 como qing-xing 情性, especialmente quando Xunzi está a expor os seus pontos de vista sobre a tendência natural dos seres humanos ser má.

No capítulo 23, Xing-e, Xunzi confirma que “é a tendência natural inata na humanidade que, quando tem fome, deseja algo para comer, que, quando tem frio, deseja roupas quentes e que, quando está cansado, deseja descansar – esses são os seus sentimentos inatos (qing) e a sua tendência natural”. Portanto:

“Os seus sentimentos inatos (qing) e a sua tendência natural não são mostrar cortesia ou deferir aos outros. Mostrar cortesia e deferir aos outros contradiz os seus sentimentos inatos (qing) e a sua tendência natural.”

Xunzi defende que o amor pelo lucro e o desejo de o obter pertencem aos sentimentos inatos do ser humano (qing). Estes sentimentos levam as pessoas a lutar pelas coisas desejadas se não forem reguladas pelas normas sociais. “Assim, seguir os sentimentos inatos e a tendência natural de cada um conduzirá a conflitos mesmo entre irmãos e, quando estes forem transformados por um ritual de correção e moralidade, os irmãos cederão a sua pretensão a outros do seu próprio país”. Nesta perspetiva, qing (sentimentos inatos) e xing (tendência natural humana) estão intimamente ligados. Como disse Xunzi:

“Quando cada pessoa segue a sua tendência natural e se entrega aos seus sentimentos inatos, a agressividade e a ganância é certo que se desenvolverão. Isto é acompanhado pela violação das distinções de classe social e lança a ordem social racional na anarquia, resultando numa tirania cruel” .

Com base na sua análise do qing-xing 情性, Xunzi ficcionalizou a seguinte conversa A relação entre os reis-sábios Yao e Shun, no capítulo 23, Xing’e:

Yao perguntou a Shun: “Como são os sentimentos naturais (qing) da humanidade?”

Shun respondeu: “Os seus sentimentos naturais são coisas muito pouco amáveis. Mas porque precisas de perguntar sobre eles? Quando um homem tem mulher e filhos, as obrigações filiais que observa para com os seus pais diminuem. Quando ele satisfaz os seus desejos e obtém as coisas de que gosta, a sua boa fé para com os seus amigos diminui. Quando ele satisfaz plenamente seu desejo de ter um alto cargo e um bom salário, sua lealdade ao seu senhor diminui. Oh, os sentimentos naturais dos seres humanos! Os sentimentos naturais dos seres humanos – como são tão pouco amáveis! Por que é que é preciso perguntar por eles!”

De acordo com Xunzi, o qing humano inato estava num estado não amável, e qualquer tentativa de seguir o fluxo do qing não levaria a nada além do caos. Uma vez que esta é a verdade indiscutível, porque é que havemos de perguntar sobre eles?

É de salientar que a conotação negativa de qing é comummente aceite na leitura do Xunzi. No entanto, não esgota todo o significado de qing como sentimento. Por exemplo, no capítulo 19, Lilun, o Xunzi refere:

“Tentar superar-se mutuamente, aparentando estar desolado e emaciado, é o caminho dos homens maus. Não é a forma cultivada de correção ritual e moralidade, nem é o sentimento (qing) de um filho filial .”

Aqui, “o sentimento de um filho filial” refere-se ao tipo de sentimento próprio de um filho filial; é, portanto, um bom sentimento. Mesmo esses bons sentimentos, no entanto, têm de ser bem medidos. No capítulo Lilun, por exemplo, Xunzi sugere que o funeral de um pai falecido não se deve prolongar indefinidamente, mesmo que o filho enlutado se sinta assim. Para Xunzi, os sentimentos humanos enquadrados no sentido positivo não são inerentes à humanidade, como ele afirma, “os sentimentos [apropriados] são o que eu não possuo [à nascença], mas posso, no entanto, criar” (Knoblock 1990: 81, modificado). De acordo com o comentário do académico Tang Yang Liang, o que Xunzi diz aqui é que os sentimentos humanos positivos não são inatos aos seres humanos, mas os sentimentos inatos podem, no entanto, ser direcionados para o caminho certo com a ajuda de influências externas (Wang 1988: 144). Outro exemplo pode ser encontrado no capítulo 21, Jiebi:

O sábio segue (zòng 縱) os seus desejos e satisfaz (jiān 兼) os seus sentimentos, mas tendo-os regulado, ele está de acordo com os princípios racionais da ordem. Na verdade, que necessidade tem ele de força de vontade, de resistência ou de circunspeção?

O comentador Wang Xianqian, da dinastia Qing, entendeu a palavra zong 縱 aqui como cóng 從, que significa “seguir”. Yang Liang definiu jian 兼 como jin 盡, que significa “cumprir” (Wang 1988: 404). Em suma, Xunzi defende que o sábio pode seguir os seus desejos e satisfazer os seus sentimentos. Obviamente, esses desejos e sentimentos não são maus. Tal como Confúcio, aos 70 anos, quando alegadamente foi capaz de seguir os seus desejos sem transgressão, o sábio pode satisfazer completamente os seus sentimentos sem transgressão, porque os sentimentos, neste contexto, são bons.

Para além dos sentidos negativo e positivo de qing, Xunzi também o utiliza num sentido neutro, num sentido que não é nem bom nem mau. Por exemplo, no capítulo 20, Yuelun, Xunzi diz,

“A música é alegria. Sendo uma parte essencial dos sentimentos das pessoas, a expressão da alegria é, por necessidade, inescapável.”

No capítulo 3, Bugou, Xunzi escreve:

“Quem acabou de lavar o corpo sacode as vestes e quem acabou de lavar o cabelo tira o pó do gorro. Isto deve-se aos sentimentos naturais das pessoas.”

A primeira citação sugere que as pessoas não podem passar sem alegria porque a expressão da alegria é, por necessidade, inescapável. Por um lado, os sentimentos humanos aqui expressos não podem ser entendidos no sentido negativo; caso contrário, não há forma de explicar a necessidade e o valor da alegria. Por outro lado, não há nenhuma indicação de Xunzi de que eles tenham que ser entendidos no sentido positivo também. De acordo com a posição de Xunzi, as coisas boas têm de passar por um processo de cultivo e transformação, tal como “os sentimentos próprios do filho filial”, mas os sentimentos humanos discutidos nas duas passagens citadas são considerados inerentes à humanidade. Na segunda citação, diz-se que uma pessoa sacode instintivamente a roupa e tira o pó do boné depois de lavar o corpo e o cabelo. Os sentimentos humanos apresentados são claramente respostas emocionais naturais da pessoa média na vida quotidiana e devem ser entendidos num sentido neutro.

Em resumo, qing tem muitas conotações diferentes em Xunzi. Um grupo de significados inclui atualidade, qualidades essenciais e autenticidade; o outro grupo de significados abrange os sentimentos humanos. Quando qing é entendido como sentimentos humanos, pode ainda ser classificado em sentido negativo, positivo ou neutro.

Do ponto de vista de que seguir os sentimentos humanos inatos sem restrições levará a conflitos, caos e impotência, os sentimentos humanos são problemáticos ou maus. Mas a tendência natural dos seres humanos pode ser transformada, e as habilidades adquiridas no exercício adequado dos sentimentos podem ser desenvolvidas; assim, os sentimentos humanos podem tornar-se bons. Os estados positivos e negativos dos sentimentos são manifestações variadas de estados psicofisiológicos humanos brutos.

Na medida em que os sentimentos humanos existem ontologicamente antes de seguirem a sua tendência natural para se tornarem maus ou para se tornarem bons através da propriedade ritual, pode dizer-se que são neutros.

Táxis | Infracções quase triplicam entre Janeiro e Maio

Entre Janeiro e Maio de 2025, foram registadas mais irregularidades praticadas por taxistas do que em todo o ano passado. O número de acidentes diminuiu, excepto os que envolveram peões. Foram bloqueados mais veículos em vias públicas, mas o valor total das multas de trânsito diminuiu ligeiramente

 

Nos primeiros cinco meses deste ano, o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) registou 993 irregularidades cometidas por taxistas, volume que suplantou as 870 irregularidades detectadas em todo o ano passado, e mais 162,7 por cento face ao mesmo período de 2024.

Entre as infracções mais praticadas por taxistas, salta à vista nos dados estatísticos do trânsito a “recusa de transporte”, que aumentou anualmente 63 por cento no período em análise. Mas o lugar cimeiro deste tipo de infracções é “não aguardar por ordem de chegada pelos clientes em praças de táxis”, que mais do sextiplicou com um aumento meteórico de 515 por cento em termos anuais.

De um total de quase mil infracções detectadas, 229 foram entregues à Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego para acompanhamento, menos de um quarto, mas que ainda assim representou uma subida de quase 75 por cento.

No cômputo geral, os dados estatísticos do trânsito revelam estabilidade, com um ligeiro aumento de 0,37 por cento das infracções às regras rodoviárias para um total de 306.304, com uma larga fatia a dizer respeito a estacionamento ilegal (quase 270 mil infracções nos primeiros cinco meses de 2025).

Cavalos e peões

Nos primeiros cinco meses de 2025, as autoridades deram conta de 6.069 acidentes de viação, menos 5,3 por cento face ao mesmo período do ano passado, sem registo de mortes e com o número de feridos a cair 7,4 por cento para 2.159. A nível dos acidentes, a estatística mais preocupante foi a referente a acidentes a envolver peões, que aumentaram 27,3 por cento para um total de 261.

No período em análise, as autoridades passaram multas num valor superior a 81,2 milhões de patacas, menos 1,1 por cento em termos anuais. Um dos factores responsáveis por grande parte das multas passadas, foi o estacionamento ilegal, que apesar da ligeira quebra de 0,65 por cento, acumulou quase 270 mil infracções. Apesar da descida dos estacionamentos ilegais, as autoridades revelam que nos primeiros cinco meses do ano o bloqueamento de veículos em vias públicas aumentou 29 por cento, com um total de 1.100 veículos bloqueados, a larga maioria automóveis.

Outro tipo de infracções que passou a ter destaque nos últimos anos, diz respeito a peões que atravessam as vias sem cumprirem regras de trânsito, capítulo onde foram detectadas 3.949 irregularidades, total que representou uma descida de 3,2 por cento. Já os casos de não cedência de prioridade a peões em passadeiras, aumentou 17,1 por cento para 253 casos.

Também os casos de excesso de velocidade aumentaram 13,7 por cento, para um total de 6.158. Neste capítulo, destaque para o excesso de velocidade grave que aumentou 61 por cento, para 135 casos.

CAEL | Programa político de Tim Wong realça emprego

A Macau Creative People’s Livelihood Force apresentou ontem à Comissão dos Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) a sua lista para as próximas eleições legislativas, liderada por Tim Wong, assim como o programa político.

O cabeça de lista apontou as questões económicas como prioridades no seu programa político, com destaque particular para o impacto do encerramento dos casinos-satélite, que Wong entende poder resultar numa grave crise financeira.

Ontem, em declarações à imprensa após a entrega da lista e programa à CAEL, Tim Wong defendeu a criação de um subsídio para ajudar à sobrevivência do comércio nas imediações dos casinos-satélite que vão fechar portas.

Outra das prioridades da lista da Macau Creative People’s Livelihood Force, constituída por sete candidatos, é a defesa do emprego dos residentes, razão pela qual sugere o corte de 15 por cento de trabalhadores não-residentes na restauração, hotelaria e construção civil. Tim Wong defende ainda o aumento do salário mínimo e a diminuição das rendas das Residências do Governo para Idosos.

Eleições | Ma Io Fong fora da lista da Aliança do Bom Lar

O deputado Ma Io Fong não faz parte da lista da Aliança do Bom Lar apresentada as próximas eleições legislativas, e que é liderada por Wong Kit Cheng, actualmente deputada no hemiciclo. Em segundo lugar, fica Loi I Weng, vice-presidente da Associação Geral das Mulheres de Macau.

Segundo um comunicado da Aliança do Bom Lar, a equipa mantém os objectivos políticos iniciais, não obstante a saída de Ma Io Fong, com foco na defesa dos direitos das mulheres e crianças.

Na mesma nota, Wong Kit Cheng referiu que os principais objectivos da candidatura são o aumento do subsídio de nascimento para 20 mil patacas, o aumento do período de licença de maternidade para 90 dias e de paternidade para 10 dias. Por sua vez, defende o aumento da idade limite de 3 para 6 anos no tocante ao novo subsídio para a infância.

Já Loi I Weng, defendeu ser necessária uma mudança na habitação económica, para que as famílias mais jovens tenham acesso a casas maiores. Loi I Weng defendeu também a simplificação da burocracia administrativa nas escolas para reduzir a carga laboral dos professores.

ZAPE / Casinos-satélite | Comerciantes querem adiar fecho

Mais de 70 responsáveis de negócios no ZAPE assinaram uma petição a pedir ao Governo que adie o fecho dos casinos-satélite e que as concessionárias cumpram as suas responsabilidades sociais. Os comerciantes temem a pior crise a afectar os seus negócios dos últimos 20 anos

 

As visitas de representantes de vários serviços do Governo a restaurantes e lojas do ZAPE não acalmaram as preocupações dos comerciantes, que temem uma vaga de encerramentos a acompanhar o fecho dos casinos-satélite da zona. Como tal, mais de 20 proprietários e representantes de negócios da zona tiveram uma reunião no domingo a apelar aos operadores de jogo para adiarem o fecho dos casinos e cumprirem as suas responsabilidades sociais. Segundo o portal noticioso, dedicado ao jogo, All In Media, um comerciante estabelecido no ZAPE há muito tempo argumentou que o Governo está a subestimar severamente o impacto económico do encerramento dos casinos-satélite.

A mesma fonte avança que mais de 70 comerciantes do ZAPE assinaram uma petição a pedir a intervenção do Executivo em face daquilo que descreveram como a mais grave das crises que vão enfrentar em mais de duas décadas.

Com o encerramento da Real, Fortuna, Kam Pek, Landmark, Legend Palace e Waldo, os donos de restaurantes e lojas que dependem da clientela que circula nas imediações dos casinos-satélite temem que também os seus negócios deixem de existir.

Chegar à frente

De acordo com o All In Media, um dos comerciantes, Chris Wong Sai Fat, que é também vice-presidente da Associação do Sector Imobiliário de Macau, apelou à intervenção do Governo junto da SJM no sentido de permitir a continuação das operações dos casinos-satélite sob a sua licença. O empresário argumentou que uma das principais prioridades estabelecidas nas novas concessões de jogo, renovadas por uma década em 2023, é a responsabilidade social das concessionárias em apoiar a economia e as empresas locais, condição que o Governo deveria negociar com a SJM.

Caso a SJM recusasse assumir a propriedade destes casinos, o Governo deveria abordar as restantes concessionárias para tentar manter os espaços de jogo abertos.

Recorde-se que desde o anúncio do fecho dos casinos-satélite, pessoal da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) e Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) visitaram o ZAPE para falar com comerciantes.

Representantes da DST sugeriram o lançamento de iniciativas como o Pop-Mart, com instalações de bonecos de grandes dimensões na zona para atrair turistas (ver página 4), assim como “a extensão de benefícios económicos dos concertos, o aproveitamento adequado de espaços para a realização de actividades e a optimização do ambiente da zona”.

Já a equipa da DSEDT, divulgou os vários planos de apoio às pequenas e médias empresas (PME). Entre eles, o Plano de Apoio a PME, o Plano de Bonificação de Juros de Créditos Bancários, os Planos de Garantia de Créditos Bancários e os Serviços de Apoio à Digitalização de PME.

Grande Baía | Sam Hou Fai em visita de três dias

Macau vai ter um “parque industrial de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico” e a construção do projecto pode ter em conta o modelo de Shenzhen adoptado em Qianhai e Hetao. As declarações foram prestadas por Sam Hou Fai durante uma visita a Shenzhen, onde foi recebido por Meng Fanli, secretário do Comité Provincial de Guangdong do Partido Comunista Chinês (PCC) e secretário do Comité Municipal de Shenzhen do Partido Comunista Chinês.

O Chefe do Executivo está numa visita oficial à Grande Baía desde domingo, que termina hoje, para promover Macau como uma plataforma para as vendas das empresas tecnológicas de Shenzhen para o exterior, através do território enquanto “ponto ligação entre a China e os países da língua portuguesa”.

Em relação à promoção cultural e do turismo, Sam pediu às autoridades de Shenzhen que ponderem um reforço da cooperação, sob a política ‘uma exposição nas duas cidades’, para que Macau possa beneficiar com o desenvolvimento da cidade chinesa a nível das exposições e convenções.

O roteiro de domingo de Sam Hou Fai incluiu também a passagem por Huizhou, onde foi recebido por Liu Ji, secretário do Comité Municipal de Huizhou do PCC e presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular de Huizhou. Nesta cidade, Sam Hou Fai apelou aos responsáveis do Interior por uma maior cooperação a nível do turismo.

Economia | Ron Lam questiona gastos com Pop Mart e Sanrio

O legislador considera que os contratos para promover a cidade com o recurso às personagens Hello Kity, Kuromi, Cinnamoroll ou o brinquedo Labubu só estão a beneficiar as duas grandes marcas, com mais publicidade, e que os comerciantes das zonas das campanhas não sentem o impacto esperado

 

Ron Lam pretende que o Governo explique os gastos de quase 27 milhões de patacas na utilização dos direitos de autor das empresas Sanrio, responsável pelo desenho animado Hello Kitty, Kuromi ou Cinnamoroll, e Pop Mart, ligada aos brinquedos Labubu, Molly ou Crybaby. Estas despesas resultam das acções promocionais Flora Fête with Sanrio Characters e Caminhada pela Cidade Pop Mart Macau, com a utilização das personagens das marcas nas ruas da cidade, que prometiam ajudar as Pequenas e Médias Empresas ao levar os turistas para os bairros residenciais.

Numa interpelação escrita, o deputado alerta que as acções promocionais apenas estão a beneficiar as duas grandes empresas com publicidade paga pelo Governo, enquanto os comerciantes nos locais onde decorrem as campanhas não estão a sentir qualquer impacto positivo. Por isso, o deputado considera que “é duvidoso” que as acções de promoção “possam vir a dar um impulso directo à economia residencial e à actividade das pequenas e médias empresas (PME)” ou até a serem “rentáveis”.

No caso da campanha Caminhada pela Cidade Pop Mart Macau, as pessoas que utilizarem a carteira electrónica criada para este evento e gastarem mais de 100 patacas no comércio local habilitam-se a participar num sorteio, com a distribuição de brindes que pertencem a uma edição especial da marca. No entanto, tirando o momento de consumo no valor de 100 patacas no comércio local, os brindes não têm qualquer relação com as lojas locais, o que deixou os comerciantes frustrados. “Além da distribuição das carteiras electrónicas e dos sorteios, que são efectivamente publicidade para as empresas detentoras dos direitos de autor, não há qualquer publicidade para os comerciantes, nem quaisquer despesas acrescidas ou promoções para gastar no comércio local”, descreveu o deputado.

Em relação ao evento Flora Fête with Sanrio Characters, que decorre no Iao Hon, com a instalação de estátuas dos bonecos, espaços de fotografias e distribuição de brindes, os comerciantes também admitiram a Ron Lam sentirem-se frustrados. Em causa, esteve a ideia de que o comércio local ia ter a possibilidade de desenvolver os seus produtos com recurso a estas personagens. “Alguns comerciantes contaram-me que no início pensavam que os projectos iriam ser realizados em cooperação com o comércio local, permitindo, por exemplo, que as lojas lançassem produtos de edição limitada destas marcas […] Mas, na realidade, isso não aconteceu e os comerciantes só podem utilizar as marcas e os desenhos animados se negociarem directamente com a empresa”, explicou o deputado.

Critérios em causa

Segundo Ron Lam, as acções promocionais foram realizadas por ajuste directo, com a campanha da Sanrio, a custar 16,8 milhões de patacas, aos quais foram acrescidos 2,07 milhões de patacas em acções de publicidade. A campanha com a Pop Mart teve um custo 8 milhões de patacas. As duas acções promocionais totalizaram um custo de 26,87 milhões de patacas.

Face a estas adjudicações, o deputado pretende que o Governo explique os critérios adoptados para a escolha destas empresas em prol de outras que pudessem estar interessadas em participar em campanhas do género.

Por outro lado, o legislador lamentou o facto de o Governo não ter feito quaisquer previsões sobre o impacto destes projectos e as metas que esperava alcançar ao nível económico.

Ron Lam destaca que face aos encerramentos dos casinos-satélite na ZAPE o Governo afirmou ponderar apostar em mais campanhas com direitos de autor de empresas famosas para compensar a esperada perda do negócio. Contudo, o deputado quer que o Executivo explique qual o público-alvo das campanhas e como este vai compensar a perda dos negócios.

ATFPM | Lista adia apresentação de candidatos

A Nova Esperança, lista apoiada pela Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau, adiou ontem a apresentação do nome dos seus candidatos e do programa político. A apresentação era para ter acontecido ontem por volta das 15h, mas foi adiada para a mesma hora de amanhã, sem qualquer explicação oficial.

José Pereira Coutinho, deputado e cabeça-de-lista nas eleições anteriores, revelou anteriormente que Rita Santos, presidente da mesa da Assembleia Legislativa da ATFPM iria integrar a lista “num local elegível”.

No entanto, esta informação foi partilhada antes de o Ministério Público de Macau ter anunciado que tinha interrogado Rita Santos a pedido do “órgão judicial da República Portuguesa” sobre um “crime contra a Lei Eleitoral de Portugal em Macau”. Em 2021, a Lista Nova Esperança foi a terceira mais votada, ao recolher a preferência de 18.232 eleitores. Além de Coutinho, a lista elegeu Che Sai Wang.

Sufrágio Indirecto | Chan Chak Mo trocado por Ma Chi Seng

Os empresários Ma Chi Seng e Ângela Leong On Kei vão ser os deputados dos sectores cultural e desportivo. A constituição da única lista que concorre neste sector foi apresentada ontem, tendo como novidade a saída de Chan Chak Mo, deputado desde 1996, e a entrada de Ma, que até agora era deputado nomeado pelo Chefe do Executivo.

Na apresentação da lista, Ângela Leong comprometeu-se a contribuir para o desenvolvimento do desporto, que considerou ser actualmente um dos pontos estratégicos do desenvolvimento do território. De acordo com as declarações citadas pelo jornal Ou Mun, a empresária e ex-mulher do magnata Stanley Ho destacou ainda que o desporto é um elo de ligação fundamental entre Macau e o mundo exterior, que deve ser alargado.

Por sua vez, Ma Chi Seng destacou que vai trabalhar para promover a cultura do amor pelo país e por Macau, apoiar a “governação compreensiva” do Governo Central e a governação do Executivo local.

Ma Chi Seng afirmou ainda que vai levar a voz dos sectores culturais e do desporto para a Assembleia Legislativa, esperando contribuir para o desenvolvimento destas indústrias e representá-las junto do Executivo.

Na apresentação da lista estiveram presentes o ainda deputado Chan Chak Mo, numa espécie de passagem de testemunho, e também Gabriel Tong, académico e ex-deputado nomeado pelo Chefe do Executivo.

Eleições | Ron Lam teme ser prejudicado por elevada abstenção

O deputado admite que o ambiente eleitoral é pouco animado, ao contrário de outros anos, e reconhece que pode perder o lugar na Assembleia Legislativa se a abstenção atingir níveis elevados. Sobre a falta de interesse nas eleições, apontou como motivo o desapontamento da população

 

A baixa participação eleitoral foi o principal desafio identificado por Ron Lam, deputado que encabeça a lista Poder da Sinergia, para as eleições de 14 de Setembro. Os nomes constantes na lista Poder da Sinergia foram entregues ontem, por volta do meio-dia, à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL).

“Podemos ver que o número de listas candidatas às eleições é o mais baixo da história pós-retorno de Macau. Também sentimos que a atmosfera eleitoral é pouco animada, e para os candidatos sem grandes recursos, como é o nosso caso, este é um desafio muito difícil”, afirmou Ron Lam, à margem da entrega da lista de candidatos e do programa político do Poder da Sinergia.

Numa altura em que a CAEAL e a Comissão de Defesa da Segurança do Estado ainda têm de aprovar os nomes dos candidatos que podem participar nas eleições, há um total de oito listas para preencher 14 lugares do sufrágio directo no hemiciclo. Até esta edição das eleições, a menor participação tinha acontecido em 2001, as primeiras eleições após o estabelecimento da RAEM, quando houve um total de 15 listas concorrentes.

Quando questionado sobre o motivo que o leva a considerar que o ambiente eleitoral é pouco animado em comparação com os anos anteriores, Ron Lam reconheceu que a população está “desapontada”. O deputado contou também que apesar de muitos residentes o procurarem para lhe pedirem apoio para lidar com diferentes assuntos, muitos não prestam atenção às eleições nem sabem quando vão decorrer.

Meios desiguais

Em declarações aos jornalistas, Ron Lam lamentou ainda ter de concorrer contra listas que têm apoios de associações que recebem grandes quantidades de dinheiro em subsídios do Governo.

O deputado explicou que em 2021, quando foi eleito pela primeira vez, todas as outras listas que também elegeram deputados tinham orçamentos que eram pelo menos três vezes superiores ao da sua lista. E, em alguns casos, os gastos das outras listas com a campanha foram 10 vezes superiores. “Somos o único grupo que não recebe qualquer subsídio do Governo”, lamentou.

Face a estas dificuldades, Lam não afastou o cenário de perder o lugar na Assembleia Legislativa: “Caso as pessoas mantenham uma atitude de desinteresse e não votem nas eleições, posso perder o meu lugar de deputado”, reconheceu. Esta perspectiva preocupa o legislador, que teme que parte da população deixe de estar representada no hemiciclo: “Se eu perder o meu lugar, como é que a Assembleia Legislativa vai ouvir a população e reflectir as suas opiniões? Mas se as vozes não forem ouvidas, como se vai mudar a sociedade?”, questionou.

TNR e transparência

Quanto ao programa político, Ron Lam pede a substituição de trabalhadores não-residentes, sobretudo a redução da proporção destes trabalhadores nas empresas do jogo e de grande dimensão. Ron Lam destacou que deve haver um equilíbrio entre a garantia do emprego e a subsistência das pequenas e médias empresas.

O outro destaque da lista Poder da Sinergia é o aumento da transparência do orçamento financeiro e a sustentabilidade das políticas públicas, como o investimento nos elementos não-jogo.

Johnson Ian, segundo candidato da lista, recordou que durante a pandemia, o Governo gastou muito dinheiro em nome da revitalização da economia. Contudo, o candidato criticou a falta de transparência desses gastos e apontou que o mesmo está novamente a acontecer.

Quanto à visita recente do Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, aos bairros comunitários, Johnson Ian argumentou que estas visitas devem ser frequentes e não apenas por “capricho”. “Esperamos que as visitas dos governantes aos bairros residenciais sejam frequentes, que façam parte dos seus trabalhos, em vez de acontecimentos pontuais”, afirmou Ian.

Além de Ron Lam e Johnson Ian, a grande novidade da lista é a participação de Joe Chan, ambientalista local.

Ensino | IA entrou nas escolas locais, mas recursos são escassos

O Governo tem apostado na introdução da inteligência artificial nas escolas do território, mas com poucas horas no currículo. Além disso, as escolas queixam-se de poucos recursos para cumprir as metas governamentais

 

As escolas de Macau integraram ferramentas de inteligência artificial (IA) nas salas de aula, como quadros inteligentes e modelos linguísticos, mas alguns professores alertam que a maioria não está preparada para cumprir política delineada para o sector.

Depois das aulas, alunos da escola secundária Pui Va permanecem na sala de aula, distraídos a explorar um quadro inteligente. Estes quadros – explica Ruan Zhan Teng, professor de informática da escola – funcionam como projectores interactivos e são utilizados logo desde o primeiro ano, para escrever, ver vídeos ou participar em aulas com ‘media’ digitais.

“No terceiro ano, os alunos começam a aprender a identificar a inteligência artificial na vida quotidiana, programação básica e fotos e vídeos gerados por IA”, acrescentou à Lusa o professor de informática.

A mudança ocorreu em 2024 e está estipulada na lei: a IA deve ser incluída no ensino primário (com uma carga horária de 17 horas e 20 minutos por ano letivo), do 7.º ao 9.º ano (19 horas e 20 minutos) e do 10.º ao 12.º (18 horas e 40 minutos).

Apesar da exigência, Andy Chun Wai Fan, professor e director do Centro de Tecnologia de Informação e Comunicação na Educação, da Universidade de Macau, nota que as escolas enfrentam dois entraves: falta de recursos e formação do corpo docente.

“Algumas escolas têm apenas um professor de Tecnologia de Informação”, sublinhou Fan, referindo ainda que, em geral, as instituições têm aulas de informática apenas uma vez por semana.

Não actualizar

Pedro Lobo, professor nesta área, com 30 anos de experiência no território, incluindo na Escola Portuguesa de Macau, está preocupado com a falta de formação. “A maior parte dos professores já tem uma certa idade, não cresceram com esta nova tecnologia (…) por isso, a mentalidade ainda está aquém de toda esta evolução, e a mudança está a ser tão rápida que dificilmente se consegue acompanhar”, explicou o português.

As autoridades de Educação exigem aos professores 30 horas de formação anual em IA, no entanto, Pedro Lobo considera não ser suficiente. Apesar de este ano já ter estudado quase 40 horas, o professor diz-se “pouco preparado”.

Sobre esta política governamental, Andy Chun Wai Fan lembra ainda que é exigido às escolas que abordem ética, inovação e colaboração no domínio da IA, embora caiba às instituições a criação dos próprios manuais. “Não temos um manual sobre o que ensinar (…), cada escola tem ideias próprias sobre o que fazer com os seus alunos”, reagiu Lobo, explicando que ensina a “transferir a IA para o trabalho escolar”, seja através da geração de imagens, desenvolvimento de pequenos jogos, abordagem da ética da IA e questões de direitos de autor.

Desde 2021 na Pui Va

Num registo diferente, a escola secundária de Pui Va, que introduziu a IA em 2021, assume estar “bem preparada” para “a mudança”. A instituição gasta cerca de dois milhões de patacas por ano em ferramentas de IA, emprega sete professores de Tecnologias de Informação (TI) e contratou um professor universitário de Pequim para dar apoio. “Queremos que os alunos sejam capazes de utilizar a inteligência artificial para identificar problemas e resolver problemas da vida real”, notou o director do gabinete de TI do estabelecimento de ensino chinês, Chong Wai Yin.

Aqui, os alunos trabalham, por exemplo, com linguagens de programação (Python, Tencent, iFlytek), e modelos de IA como o DeepSeek e o ChatGPT, envolvendo-se em projectos de cidades inteligentes, no primeiro ciclo, e na criação de aplicações, num estágio posterior, disse Zhao Qichao, antigo professor da Universidade de Aeronáutica e Astronáutica de Pequim, que lecciona na Pui Va.

“No primeiro ciclo, desenvolvemos cidades inteligentes, casas automatizadas e sistemas de estacionamento alimentados por IA (…). No segundo ciclo, os alunos criam aplicações móveis e projectos tecnológicos sustentáveis”, explicou.

Em Abril, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, anunciou que as reformas educativas de Macau para 2025 vão centrar-se na IA e incluem planos para uma sala de aula inteligente em todas as escolas.

O Governo de Macau atribuiu à rede de escolas sob a alçada da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) 15 milhões de patacas para software de IA para este ano lectivo.

Num email enviado à Lusa, a DSEDJ afirmou que o Governo “atribui grande importância” ao ensino de Tecnologias de Informação. “O Plano de Médio e Longo Prazo para o Ensino Não Superior (2021-2030) identificou o ‘reforço da criatividade e da educação tecnológica’ como uma das principais direções de desenvolvimento”, explica-se na nota.

No entanto, Pedro Lobo questiona a pressão sobre os jovens estudantes: “Estamos a ver crianças com 8, 9, 10 anos a desenvolver aplicações? Talvez 1 por cento seja capaz. O resto faz o melhor que pode. Têm aulas e trabalhos de casa que nunca mais acabam”.

Deputados preocupados

No último debate da Assembleia Legislativa, na passada quinta-feira, dois deputados, Iau Teng Pio e Kou Kam Fai, ligados ao ensino, defenderam a necessidade de “desenvolvimento de alta qualidade da educação em Macau”, nomeadamente com a aposta na IA.

Uma das sugestões, referidas no período de intervenções antes da ordem do dia, foi o reforço do “mecanismo de desenvolvimento coordenado entre a educação, a inovação científica e tecnológica e os talentos”, com o aumento de “recursos em STEM [Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática] e inteligência artificial ao nível do ensino básico, enraizando a base da literacia científica”.

No debate do dia 11 deste mês, coube ao deputado Ma Io Fong apelar à regulamentação sobre a IA para evitar burlas, mas também para aumentar a consciencialização da sociedade em relação a esta nova realidade.

“Com o rápido desenvolvimento da tecnologia nos dias de hoje, a utilização das funções da IA está a tornar-se gradualmente uma ajuda importante para a sociedade e os residentes na vida quotidiana e no trabalho. Porém, a IA pode dar origem a actos ilícitos, em especial, o agravamento de ataques cibernéticos e a difusão de informações falsas.”

Também no período de intervenções antes da ordem do dia, o deputado pediu ao Executivo para “reforçar a sensibilização e educação sobre a prevenção de fraude na IA, sensibilizar os idosos e os jovens, enfatizando que a divulgação de vídeos falsos gerados por IA pode constituir uma infracção legal com consequências graves”.

Nesse contexto, foi pedida a integração sistemática “dos conhecimentos de segurança da IA nos currículos escolares e a realização de diferentes actividades de sensibilização e educação com as associações comunitárias, para aumentar os conhecimentos do público sobre a tecnologia da IA e o risco derivado pelo seu abuso”.

“Deve-se ainda, através da cooperação entre o Governo, a sociedade, as escolas e a família, reforçar a capacidade de resposta à informação e ao discurso na Internet, permitindo reagir, esclarecer e dar seguimento aos trabalhos em tempo útil, quando o público enfrenta informações que podem causar influências negativas ou ser enganosas”, apontou Ma Io Fong no debate do dia 11.

MNE iraniano diz que primeiro israelitas e agora EUA “fizeram explodir a diplomacia”

O ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros reagiu aos apelos da União Europeia e Londres para voltar ao diálogo afirmando que os Estados Unidos e Israel “decidiram fazer explodir” a diplomacia ao bombardearem o Irão.

“Estávamos a negociar (sobre o programa nuclear iraniano) com os Estados Unidos quando Israel decidiu fazer explodir essa diplomacia”, afirmou Abbas Araghchi, através da plataforma X e depois em declarações em Istambul, acrescentando que, depois, quando estavam em diálogo com países da União Europeia – referindo-se às negociações em Genebra esta semana -, “os Estados Unidos decidiram, por sua vez, reverter esta diplomacia”.

“Que conclusões se podem tirar disto?”, respondeu Araqchi aos apelos feitos ontem pela chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, e pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.

A alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, apelou para que “todas as partes” dêem “um passo atrás”, regressem à mesa de negociações e evitem uma nova escalada”, depois do bombardeamento, na passada madrugada, dos EUA contra as principais instalações nucleares do Irão.

O primeiro-ministro britânico, por seu turno, apelou para que o Irão “regresse à mesa das negociações”, sublinhando que “a estabilidade na região é uma prioridade”. Na resposta dura a estes apelos para voltar à mesa de negociações, o chefe da diplomacia iraniano sustentou ainda: “Como poderia o Irão voltar a algo que nunca abandonou, e muito menos destruiu?”.

Ao ataque

O Presidente norte-americano, Donald Trump, confirmou na passada madrugada que as forças armadas dos Estados Unidos atacaram três centros nucleares no Irão, incluindo Fordo, juntando-se directamente a Israel para travar o programa nuclear do país.

“Concluímos o nosso bem-sucedido ataque às três instalações nucleares no Irão, incluindo Fordo, Natanz e Esfahan”, disse Trump numa publicação nas redes sociais. A guerra começou na madrugada de dia 13 de Junho, com Israel a lançar uma vasta ofensiva militar contra o país persa, alegadamente para impedir o avanço do programa nuclear iraniano para fins militares.

Os ataques dizimaram infraestruturas militares e nucleares do Irão, que tem respondido com vagas de mísseis sobre as principais cidades israelitas, incluindo Tel Aviv e Jerusalém, assim como várias instalações militares espalhadas pelo país.

Neonazis iam matar o Presidente da República, António Costa e Gouveia e Melo

Adivinhava-se. O aumento de acções violentas de grupos neonazis em Portugal e o discurso contínuo de incitamento ao ódio nas redes sociais está a preocupar as populações e as autoridades judiciais de modo a fazer rebentar uma bomba de espanto e preocupação informativa. A Polícia Judiciária estava a controlar desde 2020 certos grupos neonazis e na semana passada detiveram vários elementos de um grupo que contava com mais de 900 elementos. Os detidos são suspeitos de integrar o denominado Movimento Armilar Lusitano (MAL), o qual já possui uma milícia armada.

Após buscas de surpresa a certos imóveis suspeitos de pertencerem a este grupo neonazi foram encontradas diversas armas, algumas de guerra de sistema 3D, bem como soqueiras, facas de grande dimensão, propaganda nazi e documentação gravíssima que indica que o referido grupo se preparava para matar o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, o ex-primeiro-ministro António Costa e o candidato presidencial Almirante Gouveia e Melo e invadir a Assembleia da República com violência armada. Foram já detidos oito membros do grupo neonazi incluindo um chefe da PSP que funcionava na Polícia Municipal de Lisboa e vários agentes da PSP e militares da GNR, os quais pertenciam ao grupo e angariavam jovens para o grupo. Entre os muitos membros do grupo, está o pai da deputada do Chega, Rita Matias. Os factos são gravíssimos. O próprio Direito Constitucional está em causa porque falamos de crime e de terrorismo, e não, de uma simples posição política.

Os Serviços Secretos e a Polícia Judiciária já detectaram 11 organizações neonazis em Portugal. Nada disto aparece por acaso. Nas redes sociais, nomeadamente na rede Telegram, assiste-se a um discurso de ódio e de xenofobia por parte de elementos do Chega e neonazis, o que tem dado força a que movimentos mais radicais de extrema direita possam levar a efeito actos de violência essencialmente contra imigrantes africanos e asiáticos. Desta feita, a Polícia Judiciária já possui elementos gravíssimos de acções terroristas que estavam planeadas para breve. O neonazismo é uma triste realidade em Portugal que está a chegar a planos de alta violência criminosa. E nada se passa por acaso. Quando assistimos ao político radical, xenófobo e racista André Ventura a incutir na opinião pública um discurso contra as comunidades ciganas e contra os imigrantes, obviamente que os neonazis sentem que esse discurso lhes é favorável para a acção terrorista.

No dia 10 de Junto, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, a ilustre e premiada nacional e internacionalmente escritora Lídia Jorge, na sua qualidade de coordenadora das cerimónias, proferiu um discurso de grande profundidade e realismo relativamente à nossa história de séculos, tal como o Presidente da República deve ter proferido o seu melhor discurso dos seus dois mandatos, tendo salientado que todos somos portugueses, numa referência clara contra a discriminação que alguns defendem contra os imigrantes.

E o que aconteceu de seguida? André Ventura veio a público com afirmações absolutamente ofensivas a Lídia Jorge e a Marcelo Rebelo de Sousa, e não só. O líder do Chega afirmou que “Lídia Jorge e o Presidente da República traíram o nome de Portugal”. E mais: “José Luís Carneiro dá dó quando aparece na televisão. Apetece entrar ali e dizer ao homem: ‘Oiça, amigo. O país não é o mesmo de há 40 ou de há 30 anos”. E ainda mais: “Se a revisão Constitucional não avançar mostra-me que o primeiro-ministro está refém, está sequestrado, está preso aos mesmos interesses e ao mesmo conluio que o PS sempre esteve”.

Ora, quem chama traidor ao Presidente da República não está a reflectir um discurso de ódio perante quem o ouve? Não está a incutir forças a grupos mais radicais? Quando Ventura fala que o país hoje não é como há 40 ou há 30 anos, claro que não, hoje temos em Portugal, pelo menos, 11 organizações neonazis terroristas, das quais fazem parte elementos da PSP, GNR e familiares de deputados do partido de André Ventura. Os crimes de incitamento ao ódio e violência aumentaram mais de 200 por cento nos últimos cinco anos.

A situação referente a estes grupos neonazis é grave. Os democratas estão preocupados. A lista que a Polícia Judiciária apreendeu onde constam individualidades a matar não é pequena. Só a intenção de se proporem a matar personalidades que tudo têm dado ao seu país, incluindo a liberdade em 25 de Abril de 1974, já é muito grave. E por que falamos em liberdade? Porque na lista referida também fazem parte capitães de Abril.

As autoridades judiciais não podem ter mais contemplação por organizações deste tipo e por afirmações gravosas proferidas por certos políticos que apenas visam aumentar a vontade aos neonazis para saírem da toca, como em muitos casos violentos já o fizeram. A tão badalada reforma da Justiça tem também que incluir a edificação de estabelecimentos prisionais especiais onde possam ser colocados os fascistas que sejam condenados por actividade criminosa ou terrorista.

Aceites submissões para 2º Festival de Curtas-Metragens

O Instituto Cultural (IC) e o Galaxy Entertainment Group (GEG) aceitam submissões de filmes de residentes para a realização do “2.º Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau do Galaxy Entertainment Group”, nomeadamente para a categoria “Curtas de Macau”.

Segundo um comunicado de imprensa, pretende-se, com esta iniciativa, “incentivar talentos da produção cinematográfica local, construir uma base de curtas-metragens locais e expandir as oportunidades de intercâmbio e colaboração internacional”.

As submissões devem ser feitas até ao dia 21 de Julho, sendo que os vencedores do “Prémio de Macau” e “Prémio de Menção Especial do Júri” podem receber um troféu e um prémio monetário de até 45.000 patacas.

A segunda edição deste festival decorre em Setembro nos Cinemas Galaxy, no Auditório Galaxy do Centro Internacional de Convenções e no Andaz Hotel no Galaxy Macau, bem como na Cinemateca Paixão.

Irá apresentar-se “um amplo programa de eventos, incluindo uma cerimónia de abertura e projecções, a secção ‘Director em Destaque’ e palestras dadas por especialistas, sessões de cinema, workshops temáticos, um fórum da indústria, bem como uma cerimónia de encerramento e entrega de prémios e um evento de passadeira vermelha”.

Por partes

O festival inclui um total de cinco categorias, sendo que, além das “Curtas de Macau”, o público poderá ver filmes integrados nas secções “Novas Vozes do Horizonte”, “Diretor em Destaque”, “Visão da Ásia Oriental” e “Sessões Especiais”. A mesma nota dá conta que foram convidados “cineastas experientes” para integrar o júri. No caso das “Curtas de Macau”, a escolha será feita pelo Comité Consultivo Internacional do “GEG Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau”.

O regulamento do evento e os formulários de inscrição podem ser descarregados na página electrónica do Instituto Cultural ou das Indústrias Culturais e Criativas de Macau. Os candidatos podem entregar o formulário de inscrição, devidamente preenchido, juntamente com os materiais necessários, pessoalmente, no Edifício do Instituto Cultural.

FRC | Debate em torno do Tribunal Arbitral da ICC decorre hoje

Integrada no ciclo “Reflexões ao Cair da Tarde”, a conversa de hoje na Fundação Rui Cunha gira em torno do Tribunal Arbitral da Câmara de Comércio Internacional e a ligação à comunidade jurídica local, contando com quatro intervenientes: Winnie Wat, Ana Coimbra Trigo, Mariana Afonso Esteves e Fátima Dermawan

 

A Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe hoje, a partir das 18h30, a conferência “Tribunal Arbitral da ICC: Ligando-se à Comunidade Jurídica de Macau”, dedicada a discutir a Corte Internacional de Arbitragem, na qualidade de “instituição arbitral líder mundial” e a sua conexão com a realidade local.

Segundo uma nota de imprensa, “desde 1923 [que esta entidade] tem ajudado a resolver disputas em litígios comerciais e de investimento internacionais”, sendo que a Corte administra “arbitragens exercendo supervisão judicial dos procedimentos arbitrais, garantindo a aplicação adequada das Regras de Arbitragem de 2021 e auxiliando as partes e os árbitros”.

“Esses esforços são apoiados pelo Secretariado da Corte, composto por mais de 100 advogados e funcionários, operando em escritórios em Paris, Nova Iorque, São Paulo, Singapura, Abu Dhabi e Hong Kong”, destaca-se, sendo que o painel de hoje “visa apresentar à comunidade jurídica de Macau o funcionamento do Tribunal Internacional de Arbitragem da ICC [Câmara de Comércio Internacional], apresentando o seu funcionamento e estatísticas relevantes, além de explicar o papel do Secretariado e do Tribunal nos seus serviços de Arbitragem e ADR.

O debate visa ainda apresentar “uma visão geral do quadro jurídico da arbitragem em Macau e os seus desenvolvimentos mais recentes”, além de que serve o interesse de “empresas, advogados internos e externos, funcionários governamentais, juízes, professores e estudantes que estejam interessados em aprender sobre a ICC ou em participar em arbitragens da ICC no futuro, como advogados, peritos ou árbitros”.

As vozes da razão

Nestas “Reflexões ao Cair da Tarde” participam Winnie Wat, vice-conselheira do Secretariado da Câmara de Comércio Internacional de Arbitragem. É credenciada como membro do Chartered Institute of Arbitrators (FCIArb) desde 2021 e mediadora do Centro de Resolução de Litígios (CEDR).

Destaca-se ainda a participação de Ana Coimbra Trigo, associada sénior na área de Resolução de Litígios da sociedade de advogados portuguesa PLMJ Law Firm.

Com 10 anos de experiência, participa regularmente como advogada e secretária do tribunal em arbitragens internacionais e nacionais e processos judiciais relacionados, bem como em outros litígios civis e comerciais, incluindo questões pós-fusões e aquisições, telecomunicações, energia, aviação e imobiliário.

Além disso, é membro do Tribunal Internacional de Arbitragem da ICC para Macau e docente universitária.

Mariana Afonso Esteves, outra das oradoras, é advogada sénior associada da C&C Advogados & Notários desde 2009. As suas áreas de actuação abrangem Contencioso e Resolução de Litígios, Mediação e Arbitragem, Direito do Jogo, Direito dos Seguros, Sucessões, Direito da Família, bem como Direito Administrativo e Público.

Fátima Dermawan é assessora jurídica adjunta na operadora de jogo Sands China, onde supervisiona o departamento de contencioso da empresa. Fátima é licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa e mestre pela Faculdade de Direito de Harvard, exercendo advocacia em Portugal desde 2013, em Macau desde 2016 e no Estado de Nova Iorque desde 2020.

GP | FIA afina regras da Fórmula Regional

A Federação Internacional do Automóvel (FIA) aproveitou a realização, em Macau, das Assembleias Gerais Extraordinárias e da sua conferência anual para publicar o regulamento do Grande Prémio de Macau – Taça do Mundo de Fórmula Regional da FIA de 2025. Não são muitas as alterações em relação a 2024, mas as mudanças introduzidas visam colmatar lacunas da primeira edição desta competição em Macau

As doze bandeiras vermelhas durante a sessão de qualificação do ano passado colocaram em causa o nível dos pilotos presentes no Circuito da Guia, naquela que foi a estreia da Taça do Mundo de Fórmula Regional da FIA em Macau. Isto aconteceu após a controversa decisão da FIA de considerar que a Fórmula 3 já não era adequada ao traçado citadino de Macau.

Sem surpresa, o regulamento desportivo deixa agora claro que, para competir na Taça do Mundo de Fórmula Regional da FIA, “todos os pilotos devem ter participado num mínimo de 3 competições com um monolugar que tenha sido projectado e/ou construído para atingir uma relação peso/potência superior a 3,0 kg/cv.”

Emanuele Pirro, ex-piloto de F1, vencedor da Corrida da Guia e presidente da Comissão de Monolugares da FIA, afirmou ainda durante o fim de semana da 71.ª edição que, no futuro, a FIA será mais exigente quanto à disciplina em pista. Assim, a partir de agora, “qualquer piloto que, na opinião dos Comissários Desportivos, seja o único responsável pela exibição de uma bandeira vermelha durante a sessão de treinos de qualificação, não poderá continuar a participar nessa sessão e o seu melhor tempo de volta poderá ser anulado.” O novo regulamento também determina que “se uma sessão de treinos de qualificação for interrompida com menos de quatro minutos restantes, não será reiniciada.”

Por outro lado, a FIA mantém o limite na participação de pilotos mais experientes, sendo excepção apenas os “pilotos que tenham participado num máximo de 3 competições do Campeonato FIA F2 de 2025.” Esta medida vai um pouco contra o espírito e história do Grande Prémio, que sempre reuniu pilotos oriundos de categorias superiores na sua prova principal. Aliás, esta foi uma questão debatida fervorosamente entre Macau e a federação internacional em duas ocasiões anteriores.

Em 1985, Alfredo César Torres, então responsável pelo automobilismo português, convenceu Jean-Marie Balestre, contra a sua vontade, a permitir a participação de pilotos da F1 na Taça Intercontinental FIA de F3, em nome da viabilidade económica da prova. Em 2016, a polémica voltou com o veto da FIA à participação de Nelsinho Piquet, decisão mal recebida pelas equipas e pelo então co-coordenador Barry Bland, que acabaria por abandonar a co-organização da prova um ano mais tarde.

Aposta na continuidade

Em termos desportivos, as inscrições para esta segunda edição da Taça do Mundo de Fórmula Regional da FIA permanecerão abertas até 30 de Julho. A grelha poderá incluir um máximo de 27 monolugares Tatuus Formula Regional, todos equipados com motores Alfa Romeo construídos pela italiana Autotecnica. A Pirelli será, uma vez mais, a fornecedora oficial de pneus.

As identidades das equipas convidadas ainda não foram reveladas, mas são esperadas algumas novidades neste campo em relação a 2024. Para evitar eventuais disputas nos bastidores, ficou já definido que “a posição na via das boxes para as equipas que participam no Grande Prémio de Macau será baseada na classificação do ano anterior” e, por sua vez, “a posição na via das boxes para novas equipas será atribuída com base na ordem de finalização da candidatura.”

Prémios iguais e publicidade mais restrita

Os valores dos prémios monetários mantêm-se inalterados este ano, com um total de 68.500 dólares americanos a distribuir, o equivalente a pouco mais de 550 mil patacas, à taxa de câmbio atual. O vencedor da corrida receberá 12 mil dólares americanos, valor que, ainda assim, está longe de cobrir os custos de participação numa prova desta natureza.

Por outro lado, o regulamento desportivo introduz duas novas proibições em matéria de publicidade nos monolugares. Para além da já existente proibição de publicidade a jogos de fortuna ou azar, tabaco ou pornografia, passa também a ser interdita a promoção de cigarros eletrónicos e bebidas alcoólicas – uma medida que segue a legislação em vigor no território.

O 72.º Grande Prémio de Macau, o maior evento desportivo internacional da RAEM, terá lugar entre os dias 13 e 16 de novembro de 2025.

Chuvas | Inundações deixam dezenas de milhares de desalojados

As intensas chuvas que assolaram várias regiões do sul e centro da China desde o início da semana passada afectaram pelo menos 300.000 pessoas e obrigaram à retirada de dezenas de milhares de residentes, sobretudo na província de Guangdong.

Na vila de Huaiji, uma das zonas mais afectadas, as chuvas provocaram inundações de até três metros de profundidade, deixando metade das estradas locais intransitáveis.

Imagens divulgadas pela televisão estatal mostram ruas cobertas de lama e vizinhos e voluntários a trabalhar na sua limpeza. A situação também é crítica em outras províncias do centro e leste do país, como Hunan, onde o rio Lishui registou a sua maior cheia desde 1998.

Na vila de Longshan, quatro pessoas continuam desaparecidas depois de ficarem presas numa garagem subterrânea inundada. Na província vizinha de Hubei, as autoridades retiraram centenas de pessoas em municípios como Hefeng e Laifeng.

Neste último, uma creche ficou completamente inundada e foi necessário transportar 500 crianças em jangadas, informou o jornal The Paper. O Ministério dos Recursos Hídricos enviou equipas técnicas para zonas de alto risco e pediu aos governos locais que reforçassem a vigilância e a evacuação preventiva de áreas vulneráveis.

Especialistas locais têm alertado nos últimos anos que as alterações climáticas podem aumentar a frequência de fenómenos meteorológicos extremos no país asiático.

Visita | China e Nova Zelândia apostam na cooperação

Apesar do recente diferendo em torno das Ilhas Cook, os dois países reafirmam o compromisso de aprofundar as históricas relações bilaterais

 

O Presidente chinês, Xi Jinping, e o primeiro-ministro neozelandês, Christopher Luxon, destacaram sexta-feira, em Pequim, a solidez das relações bilaterais e apostaram no aprofundamento da cooperação, apesar das divergências em relação à aproximação entre Pequim e as Ilhas Cook.

Durante o encontro, realizado no Grande Palácio do Povo, junto à Praça Tiananmen, Xi destacou que a China e a Nova Zelândia “avançam de mãos dadas” há meio século, numa relação que “esteve na vanguarda” dos laços de Pequim com os países desenvolvidos.

O líder chinês afirmou que ambas as partes devem “aprofundar a cooperação económica e comercial”, explorar novos espaços em áreas como a inovação tecnológica e a luta contra as alterações climáticas, e “gerir adequadamente as diferenças”, preservando o princípio do “respeito mútuo” e a “busca de consensos”.

Xi também observou que as duas nações “não têm conflitos históricos nem interesses fundamentais em disputa”, o que, acrescentou, “deve facilitar uma relação construtiva e estável”.

Segundo a televisão estatal CCTV, Luxon reiterou que o seu país “mantém o compromisso com a política de ‘uma só China’” e expressou a sua intenção de “reforçar o diálogo de alto nível”, ao mesmo tempo que defendeu a ampliação da cooperação em sectores como a agricultura, os laticínios e o turismo.

“O mundo atravessa um período de incerteza, e espera-se que a China desempenhe um papel relevante”, afirmou o primeiro-ministro neozelandês, que se mostrou disposto a colaborar com Pequim na defesa do sistema multilateral de comércio e na preparação da cimeira do Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC) que a China acolherá em 2026.

Pontos de vista

A visita ocorre num contexto de tensões diplomáticas entre a Nova Zelândia e as Ilhas Cook, após a assinatura de um acordo entre o país insular do Pacífico Sul e a China, que levou Wellington a congelar parte da sua ajuda ao desenvolvimento.

Pequim rejeitou as críticas de Wellington e sublinhou que a sua cooperação com as Ilhas Cook “não é dirigida contra terceiros nem deve ser interferida ou restringida por terceiros”.

A China defendeu que os seus acordos com o arquipélago se baseiam na “igualdade e respeito mútuo” e têm como objectivo “impulsionar o desenvolvimento económico e melhorar as condições de vida” nesses territórios do Pacífico.

O Perfume da Mão do Buda e as Borboletas de Ma Quan

Aisin-Gioro Xuanye (1654-1722), o imperador Kangxi, possuía uma imensa curiosidade que o conduzia a conhecer de forma sistemática as mais diferentes possibilidades de expressão do espírito e à observação directa das incontáveis maravilhas que possuía o reino que lhe coube governar.

O que o levou, de forma inédita, a transpor os muros da sua Cidade Proíbida e não apenas nas suas «Viagens de inspecção ao Sul», para sentir pessoalmente os efeitos causados na memória pela presença física num ambiente distinto do seu viver habitual.

Entre as várias catalogações de prodígios observados mereceram-lhe particular atenção as flores, nas suas diferentes formas e beleza fugídia e de modo especial as flores odoríferas que por sinestesia possuíam a capacidade de ligar a memória de um momento e um lugar ao olfacto.

Assim, mandou compilar uma Memória de todas as flores fragrantes e caligrafou poemas num álbum de doze páginas duplas de Pinturas e poemas de incontáveis flores fragrantes, pintadas pelo pintor da corte Jiang Tingxi (1669-1732) que o acompanhava nas suas deslocações de exploração da beleza natural.

Um surpreendente exemplo da flora que descobriu é referido no título de uma pintura datada de 1715, Citrino mão de Buda pintado do natural (rolo vertical, tinta e cor sobre seda, 95,9 x 81,9 cm, no Museu do Palácio Nacional em Taipé). No poema que a acompanha, Kangxi explica que a estranha planta que tem um fruto odorífero «mão de buda» (citrus medica), que na classificação em grego sarcodactylis, «dedos de carne», aponta a sua forma semelhante a dedos humanos, lhe foi oferecida por habitantes da distante Bamin (Fujian) e replantada no seu jardim imperial.

Ampliando o poder evocador da planta, a sua designação na língua dos Han, foshou, resulta numa homofonia ligando duas palavras fo, «boa sorte» e shou, «longa vida». Deitada na horizontal também se assemelha ao dhyana mudra, um gesto que no budismo transmite a ideia da meditação. A planta inspirou uma pintora de Changshu que estava fora da cidade imperial e que adoptara como nome de pincel a expressão Jiangxiang, «Rio perfumado».

Ma Quan (1669-1722) vinha de uma família de pintores, como foram o seu avô ou o seu pai MaYuanyu (c.1669-1722), reconhecidos mestres na pintura de pássaros e flores que adoptavam a técnica mogu, «sem ossos», ou seja executada com cores e sem uma estrutura linear, derivada da renovação do género outorgada a Yun Shouping (1633-90).

No rolo horizontal atribuído a Ma Quan, Flores e borboletas (tinta e cor sobre papel, 27,9 x 248,9 cm, no Metmuseum) estão figuradas em grupos, flores rodeadas de grandes borboletas numa gradação de tinta preta, por sua vez rodeadas de outras mais pequenas e claras. Entre as flores apenas um fruto, a mão do Buda. Com o seu intenso perfume cumprindo a sua vocação para a surpresa.

Gestão de auto-silos | Aceites 9 de 12 propostas entregues

A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) aceitou, esta sexta-feira, 9 de 12 propostas submetidas a concurso público organizado para a gestão de vários parques de estacionamento públicos, nomeadamente o Auto-Silo do Edifício da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, do Auto-Silo do Edifício Fai Fu, do Auto-Silo do Lido, do Auto-Silo do Terminal Marítimo de Passageiros da Taipa, do Auto-Silo do Edifício do Lago e do Estacionamento Público da Residência para Idosos da Avenida do Nordeste.

Segundo um comunicado da DSAT, foram apresentadas propostas de retribuição de base trimestral entre 1,088 milhão de patacas e 2,038 milhões de patacas, sendo que as três sociedades foram excluídas por terem desistido voluntariamente do concurso, é explicado.

O prazo de concessão para a gestão é de seis anos e abrange 2188 lugares de estacionamento para automóveis ligeiros e 1858 para motociclos e ciclomotores. A DSAT explica que a entidade concessionária será responsável “não apenas pela gestão e exploração quotidiana dos auto-silos, mas também pela optimização do sistema de pagamento electrónico e sem contacto dos auto-silos, pelo reforço dos sistemas de vigilância de segurança” e “implementação de equipamentos ecológicos e energeticamente eficiente, e pela melhoria das instalações existentes”.

Água | Garrafões de Miriam Grupo com níveis elevados de bactérias

É o terceiro caso, desde o início do ano, de águas distribuídas em Macau sem cumprirem os padrões de qualidade. Os garrafões foram fornecidos a serviços públicos, como os Serviços de Saúde. Em reacção ao caso, o Miriam Grupo acusa “alguns clientes” de contaminarem propositadamente os garrafões utilizados

 

O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) anunciou que vários garrafões de água fornecidos a serviços públicos da marca O Sun chumbaram nos testes de qualidade, apresentando níveis elevados de bactérias coliformes e bactérias pseudomonas aeruginosa. As coliforme são um tipo de bactérias, como a e.coli, que habitam no intestino de mamíferos, enquanto as bactérias pseudomonas aeruginosa podem ser encontradas nas águas e nos solos e podem levar a infecções graves nos pulmões, na pele ou no tracto urinário.

O problema com a água O Sun, do Miriam Grupo Limitada, foi identificado em lotes produzidos a 7 e 21 de Maio deste ano, e comunicados na sexta-feira. No entanto, a informação disponibilizada pelo IAM e pelos SS não revelaram a altura em que os problemas foram detectados pelas entidades.

Desde o início do ano, esta é a terceira marca de águas de Macau a apresentar problemas ao nível da qualidade e segurança. O primeiro caso, aconteceu a 9 de Março com a marca Iceblue, da fábrica Oi Kou Pou. Mais recentemente, também em Maio, as autoridades detectaram problemas com a água da marca Ieong Iat Tat (tradução fonética).

A água O Sun terá sido fornecida a serviços públicos locais, entre os quais os Serviços de Saúde (SS). Todavia, foi negado que a água contaminada tivesse entrado no comércio a retalho, hospitais ou escolas. “Os dois lotes de água destilada não entraram no mercado de venda a retalho, sendo principalmente fornecidos a serviços do Governo e sociedades comerciais. Os lotes também não foram fornecidos a escolas nem hospitais”, foi comunicado pelos SS.

Após a divulgação da informação, os SS anunciaram o cancelamento do fornecimento de água daquela marca: “Após verificação, os lotes em causa não foram fornecidos aos Serviços de Saúde. No entanto, por razões de segurança, os Serviços de Saúde pararam de utilizar as águas potáveis daquela marca, e passaram a utilizar as águas engarrafadas de outra marca qualificada, a fim de assegurar o fornecimento de água potável”, foi justificado. O comunicado não identifica se há um novo fornecedor de água ou se apenas foi trocada a marca de água do Miriam Grupo Limitada.

Ataque de “alguns clientes”

Após a detecção deste caso, o IAM comunicou ter pedido ao grupo para “aplicar medidas de prevenção, nomeadamente a recolha dos lotes das águas destiladas envolvidos, bem como implementar a limpeza e desinfecção da linha de produção” de água.

O Miriam Grupo Limitada também respondeu ao caso ao indicar que desde 1 de Junho que tinha emitido um aviso a alertar para a recolha dos lotes contaminados e que desde 30 de Maio a produção de água foi suspensa, para limpeza e aplicar as rectificações necessárias. A mesma informação indicou que em relação ao lote de 7 de Maio foram recolhidos 196 dos 367 garrafões de água produzidos e face ao lote de 21 de Maio foram recolhidos 121 dos 432 garrafões de água distribuídos. “Sob a testemunha e organização do IAM, os lotes dos garrafões de água anormais foram eliminados. Entre 30 de Maio e 1 de Junho, uma empresa de limpeza independente também procedeu à limpeza da fábrica e os equipamentos de produção. Cerca de 9.000 garrafões de água dos lotes em Maio foram eliminados,” foi divulgado pelo grupo.

No comunicado, o grupo queixou-se ainda da cobertura mediática, e desmentiu que o lote de 7 de Maio tivesse apresentados resultados positivos de contaminação de bactérias coliformes, não desmentido a contaminação com bactérias pseudomonas aeruginosa.

O Miriam Grupo Limitada acusou ainda alguns clientes de contaminarem os garrafões usados, que depois são devolvidos, para prejudicar a empresa.

Economia | Inflação desacelerou para 0,19% em Maio

A inflação em Macau desacelerou em Maio, foi anunciado na sexta-feira, mas a região escapou à queda dos preços no consumidor, algo que se verificou pelo quarto mês consecutivo no Interior da China.

O Índice de Preços no Consumidor (IPC) em Macau subiu 0,19 por cento em Maio, em termos homólogos, mais lento do que o valor registado em Abril (0,23 por cento), de acordo com dados oficiais divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

Apesar do IPC ter descido 0,05 por cento em comparação com Abril, o território escapou pelo terceiro mês consecutivo à deflação (queda anual nos preços no consumidor).

A deflacção reflecte debilidade no consumo doméstico e no investimento e é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos activos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.

A China, de longe o maior parceiro comercial de Macau, está há quatro meses consecutivos em deflacção após o IPC ter recuado 0,1 por cento em Maio, o mesmo valor registado em Abril e Março.

De acordo com os dados da DSEC de Macau, a desaceleração da inflação em Maio deve-se ao custo das refeições adquiridas fora de casa, que subiu apenas 1,39 por cento, enquanto os gastos com hipotecas dos apartamentos aumentaram somente 0,42 por cento.

O índice dos preços da habitação caiu 11,7 por cento no ano passado, não obstante a Autoridade Monetária de Macau ter aprovado três descidas da taxa de juro nos últimos três meses de 2024. Apesar do aumento do número de visitantes, a região registou uma queda de 2,5 por cento no preço do vestuário e calçado.