Rádio táxis | Inquérito revela procura alta e pouca oferta Andreia Sofia Silva e Nunu Wu - 6 Dez 2024 Lançado pela Aliança do Sustento e Economia de Macau, o inquérito sobre o serviço de rádio táxis revela que há muita procura, mas pouca oferta, com mais de metade dos inquiridos a queixarem-se da falta de veículos disponíveis. Mais de 90 por cento dos inquiridos disse preferir chamar um táxi desta forma Macau continua a sofrer com a falta de táxis. É o que revela um inquérito lançado pela associação Aliança do Sustento e Economia de Macau sobre os serviços de rádios táxis, que aponta continuar a haver muita procura para a pouca oferta existente. Se 90,79 por cento dos inquiridos demonstraram vontade de chamar este tipo de táxis para as suas deslocações, o que significa que o serviço tem bastante potencial, verifica-se a falta de oferta, os longos períodos de espera e a insatisfação com a qualidade dos serviços. Mais de metade dos inquiridos, 61,13 por cento, respondeu que não existem veículos suficientes para o serviço, enquanto 59,78 por cento dos utentes afirmou que o tempo de espera é demasiado longo ou simplesmente não conseguem pedir um condutor. Além disso, 41,94 por cento dos utentes criticam a qualidade dos serviços. A equipa responsável pelo inquérito aponta que estes dados mostram que há ainda problemas com o serviço de rádio táxis que precisam ser resolvidos para impulsionar o funcionamento e utilização deste meio de transporte. Como resolver? O inquérito questiona também os residentes sobre as políticas que devem ser adoptadas. Assim, 60,1 por cento dos entrevistados pedem a supervisão do Governo, enquanto 54,86 por cento dos entrevistados preferem que haja, simplesmente, mais oferta de veículos. Por sua vez, 48,21 por cento dos entrevistados pedem que a qualidade dos serviços seja melhorada, enquanto 38,36 por cento dos entrevistados querem uma maior oferta em termos de tarifas cobradas. A equipa responsável pelo inquérito conclui, assim, que cabe às autoridades assumir um papel activo na melhoria deste serviço, a fim de resolver os problemas e dificuldades sentidos por residentes e turistas. A mesma equipa também entende que são necessários mais táxis, para dar resposta ao futuro desenvolvimento da zona A dos novos aterros. Foram também colocadas questões sobre as razões para os entrevistados pedirem um rádio táxi, sendo que a maioria usa este serviço para sair de Macau em viagem, com 78,94 por cento dos residentes e 67,88 por cento dos turistas a optarem pelo serviço para deslocações ao aeroporto. Por sua vez, 50,78 por cento dos residentes e 49,09 dos turistas chamam um rádio táxi para deslocações aos terminais marítimos, enquanto que em relação aos postos fronteiriços, há 68,69 por cento de turistas a escolher um rádio táxi, número superior ao dos residentes, uma vez que apenas 60,9 por cento dos locais opta por pedir um táxi deste género. O inquérito realizou-se entre os dias 19 de Junho e 4 de Setembro deste ano, contando com um total de 1.564 respostas válidas, com a participação de 959 residentes de Macau, 61 trabalhadores não residentes, 495 turistas e 49 pessoas de fora destas categorias.
Português | Macau em grupo de reflexão sobre a língua Hoje Macau - 6 Dez 2024 Representantes de vários países falantes de português estão reunidos, pela primeira vez, numa sessão de dois dias que termina hoje, na Praia, Cabo Verde, para articular temas como a definição de novas palavras ou estratégias de ensino, entre outros. O Grupo Multilateral de Reflexão é uma ideia do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) e pretende “promover uma gestão mais multilateral” do Português, juntando entidades com um papel “na definição de políticas públicas para o uso, a promoção e difusão da língua portuguesa”, foi anunciado em comunicado. O IILP faz parte da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e neste encontro vão participar representantes de cinco Estados-membros: Cabo Verde, Angola, Brasil, Portugal e Timor-Leste, a par de uma delegação da Região Administrativa Especial de Macau, pela primeira vez envolvida a este nível em acções do IILP. A agenda prevê a partilha de informação sobre “o panorama do ensino do português em cada país” e análise de “possíveis mecanismos de articulação e de definição de critérios comuns” em matérias como “os processos de renovação do léxico”, ou seja, do conjunto de palavras da língua.
Idosos | IAS estende base de dados a outras instituições Hoje Macau - 6 Dez 2024 O Instituto de Acção Social (IAS) assegura que a base de dados sobre idosos que vivem sozinhos está a ser alargada a fim de abranger mais instituições de cariz social, lê-se na resposta a uma interpelação escrita do deputado Lam Lon Wai. Assim, o IAS promete “optimizar os métodos de recolha de dados” da “Base de Dados dos Utentes dos Serviços para Idosos Isolados e Famílias com Casais de Idosos”, estando “a expandir gradualmente a cobertura para outras instituições de serviço social”. Além disso, o IAS irá continuar a desenvolver o projecto “Happy Elderly Home – Projecto Piloto de Serviços de Apoio aos Cidadãos Seniores Isolados”, que numa primeira fase irá funcionar na Residência do Governo para Idosos como teste. Depois, “os serviços serão expandidos para outras zonas de Macau”, além de que, no próximo ano e através deste projecto piloto, será criado “um serviço destinado à detecção dos idosos ocultos, por forma a identificar proactivamente esses idosos na comunidade”. “As informações dos utentes dos dois serviços acima mencionados serão registadas na base de dados, no intuito de alargar ainda mais a cobertura da mesma”, lê-se na mesma resposta.
Função pública | Deputado alerta para presença de portugueses e macaenses Hoje Macau - 6 Dez 2024 O deputado Leong Sun Iok defendeu, segundo a TDM Rádio Macau, que o novo estatuto dos funcionários públicos deve ter em conta a existência de trabalhadores portugueses e macaenses, visto que as alterações prevêem a obrigatoriedade de prestação de juramento, respeito pelas decisões da Assembleia Popular Nacional e proibição de contactos com figuras ou entidades consideradas “anti-China”. Para o deputado ligado à Federação das Associações dos Operários, a proposta de lei inclui “conceitos pouco específicos” no tocante aos deveres dos trabalhadores em matéria de segurança nacional. Enquanto isso, Pang Kung Hou, presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Origem Chinesa, disse que o juramento não é a parte mais importante da revisão do Estatuto. “Todos aceitamos muito bem esta alteração na questão do juramento. Fidelidade à República Popular da China e à RAEM é essencial. Acho que é mais importante a parte de optimização do mecanismo de fiscalização de faltas devido a doença. Defendo que deve ser mais flexível”, rematou.
TUI | Song Man Lei toma hoje posse como presidente Hoje Macau - 6 Dez 2024 Song Man Lei toma hoje posse no cargo de Presidente do Tribunal de Última Instância (TUI), por um período de três anos que começou a contar na passada segunda-feira, numa cerimónia que está marcada para as 15h30 na sala de audiência n.º 1 do Edifício dos Tribunais de Segunda e Última Instâncias. A magistrada toma assim oficialmente o lugar do Chefe do Executivo eleito, Sam Hou Fai, chegando ao topo da hierarquia judicial da RAEM, atingindo mais um marco depois de, em 2012, ter sido a primeira mulher a ser nomeada para o TUI. Em 1996, foi também a primeira mulher a exercer o cargo de delegada do Procurador do Ministério Público. Nascida em 1966, Song Man Lei completou a licenciatura e mestrado em Direito na Universidade de Pequim, tendo frequentado posteriormente um curso de língua portuguesa na Universidade de Coimbra. Este ano, foi a presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo, que organizou a selecção de Sam Hou Fai como líder do próximo Governo.
DSAT | Avenidas Norte do Hipódromo e da Ponte da Amizade alargadas João Luz - 6 Dez 2024 O reordenamento da zona ribeirinha no norte da península e as obras do Metro Ligeiro vão acrescentar terreno à cidade e permitir a ampliação da Avenida Norte do Hipódromo e da Avenida da Ponte da Amizade. O Governo espera que o alargamento das vias reduza o congestionamento na Rotunda da Amizade A Avenida Norte do Hipódromo e a Avenida da Ponte da Amizade vão ser ampliadas. As duas vias que contornam a parte norte da península, passando por pontos críticos de trânsito no acesso à Ponte da Amizade e à Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, como a Rotunda da Amizade, são essenciais para a ligação da península às ilhas e ao Interior e Hong Kong. A ampliação das avenidas será possível devido ao do ordenamento de mudflat (o terreno pantanoso da beira-rio) e da construção do Metro Ligeiro e instalações complementares. A intervenção na zona irá acrescentar uma zona de lazer arborizada e “uma área com mais de 20.000 metros quadrados” que reúne as “condições para a construção de infra-estruturas, incluindo a obra de ampliação da Avenida Norte do Hipódromo e da Avenida da Ponte da Amizade”. A intenção foi revelada pelo director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Lam Hin San, em resposta a uma interpelação escrita do deputado Lei Chan U, divulgada ontem. Lam Hin San afirmou que a ampliação das avenidas irá melhorar o trânsito entre as Portas do Cerco e a Zona A, reduzindo o congestionamento na Rotunda da Amizade. Entre margens A zona da Rotunda da Amizade tem sido um dos pontos negros do trânsito de Macau, com recorrentes engarrafamentos que aumentaram desde que passou a ser possível conduzir até Zhuhai e Hong Kong através da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Os acessos e o trânsito na Ponte da Amizade representam outro ponto negro, em particular na ligação entre as Portas do Cerco e as Ilhas, especialmente com o trânsito para o Cotai. Nesse aspecto, a quarta ponte entre a península e a Taipa, que abriu a 1 de Outubro, tinha entre os objectivos desviar pelo menos 10 por cento do tráfego que circula na Ponte da Amizade. O deputado Lei Chan U, da bancada parlamentar dos Operários, perguntou se o Governo está a estudar a regulamentação sobre a circulação na Ponte Macau quando o território é afectado por tufões. O director da DSAT não especificou se e como será condicionado o trânsito na Ponte Macau uma vez que a Lei do Trânsito Rodoviário ainda está a ser analisada na especialidade pelos deputados da 1ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa.
COP29 – Outra vez a raposa no galinheiro Olavo Rasquinho - 5 Dez 20245 Dez 2024 Realizou-se em Baku, capital do Azerbaijão1, entre 11 e 22 de novembro, a 29.ª conferência da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (COP29). Estiveram representados cerca de 196 países, conjuntamente com cientistas, líderes empresariais, representantes de povos indígenas, membros da sociedade civil, etc., perfazendo um total de aproximadamente 30.000 pessoas Numa altura em que as emissões dos gases de efeito de estufa (GEE) continuam a aumentar e em que paira a ameaça de que os Estados Unidos da América, o segundo maior emissor e responsável por 12% a 15% do total das emissões à escala global, se poderão retirar pela segunda vez do Acordo de Paris, estiveram ausentes muitos dos líderes das maiores potências mundiais. Tal como os Emirados Árabes Unidos, onde se realizou a COP28, o Azerbaijão é provavelmente um dos países menos interessados em que se cumpram os compromissos anteriormente assumidos sobre as alterações climáticas, nomeadamente o Protocolo de Quioto e o Acordo de Paris. Segundo o Banco Mundial, os combustíveis fósseis perfazem entre 80 e 90% das exportações do Azerbaijão, e constituem uma parte substancial das receitas do país, apesar dos esforços do governo para diversificar a economia. Talvez por razões financeiras, uma vez que o país anfitrião cobre parte das despesas inerentes à realização das COP, as Nações Unidas insistem em realizar estas cimeiras em países que, além de serem produtores de petróleo, são também conhecidos por desrespeitarem os direitos humanos. Segundo a Amnistia Internacional, o governo do Azerbaijão restringe frequentemente as liberdades fundamentais e não é rara a detenção arbitrária de jornalistas, ativistas e defensores dos direitos humanos. Há também relatos sobre o recurso a tortura a presos políticos. Entre os participantes contava-se um número elevadíssimo, mais de 1700, de representantes de lóbis relacionados com a exploração de combustíveis fósseis, o que levantou objeções por parte de algumas delegações. Durante a conferência decorreram manifestações de ativistas contra a ineficácia, segundo o seu ponto de vista, da luta contra as alterações climáticas. Numerosos participantes manifestaram, durante os trabalhos, frustração pela falta de avanços significativos na luta contra as alterações climáticas, nomeadamente no que se refere à redução dos combustíveis fósseis e aos compromissos financeiros para a compensação dos países mais afetados. Algumas delegações chegaram mesmo a abandonar temporariamente a conferência como protesto contra o montante inicialmente proposto para o Fundo de Perdas e Danos. Foi o caso das delegações dos países da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (Alliance of Small Island States) e dos Países Menos Desenvolvidos (Least Developed Countries). Talvez por influência destes protestos foram tomadas decisões no sentido de aumentar significativamente o estabelecido na COP27. A meta anterior de US$100 mil milhões passou para US$300 mil milhões anuais até 2035. Foram também garantidos esforços no sentido de aumentar o financiamento para US$1,3 biliões de dólares por ano até 2035. Pretende-se, com este fundo, que os países mais desenvolvidos compensem os mais vulneráveis pelas perdas e danos causados pelas alterações climáticas. Espera-se que na COP30, a realizar no Brasil em novembro de 2025, o Fundo de Perdas e Danos continue a ser discutido de modo que se estabeleçam metas mais concretas e progressivas e não se limite a custear perdas e danos, mas também se aplique à adaptação às alterações climáticas e à sua mitigação nos países mais vulneráveis. Apesar de a conferência ter tido um certo êxito, o facto de se ter realizado num país fortemente dependente da exploração de combustíveis fósseis fez com que alguns observadores recorressem à metáfora da “raposa no galinheiro”, tal como acontecera na COP28, nos Emirados Árabes Unidos. * Meteorologista Nota: O Azerbaijão está situado entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, numa região agitada no que se refere conflitos, em parte devido à existência de extensas jazidas de petróleo. Entre esses conflitos sobressai o problema do Nagorno Karabakh, que constituía uma região autónoma que fazia parte da República Socialista Soviética do Azerbaijão, apesar da maioria da população ser etnicamente arménia. Com a implosão da URSS, as tensões entre azeris e arménios aumentaram, o que deu origem a confrontos que por vezes se reacendem. A Federação Russa não apoia claramente nenhum dos países envolvidos no conflito, enquanto o Ocidente manifesta mais simpatia pela posição da Arménia, em termos diplomáticos e humanitários, mas mantém laços económicos com o Azerbaijão devido ao papel importante que este país desempenha na área da exploração petrolífera.
A sensibilidade trágica perdida dos Estados Unidos (II) Jorge Rodrigues Simão - 5 Dez 2024 “American power is not what it used to be, and cannot coerce the way it used to … and that power is not coming back.” Robert D. Kaplan A cultura americana tem dificuldade em reconhecer esta verdade devido à falta de um elemento crucial da tragédia que é a capacidade de apresentar os argumentos de ambos os lados como justificados e necessários. Além disso, a tragédia ensina que a justiça só existe se nos opusermos à unilateralidade dos nossos argumentos. Esta é uma forma de notar que a justiça não é justificada. É uma maneira tão boa como qualquer outra de detectar o cansaço americano para se tornar curioso, para legitimar o ponto de vista do outro integrando-o no seu próprio raciocínio. Não para nos rendermos ao inimigo; para o compreendermos, para o derrotarmos melhor. Citando a classicista Edith Hamilton, Kaplan defende que “a tragédia é a beleza das verdades intoleráveis”. E o que é mais intolerável do que as razões do inimigo durante uma guerra? Segundo o autor, a sensibilidade trágica não é fatalismo, relativismo, cinismo ou quietismo. É discernimento. O que é senão um hino ao raciocínio geopolítico e ao seu método de dar igual peso, na análise de um conflito, aos argumentos de todos os actores? O problema, segundo Kaplan, reside na formação académica da classe dirigente. Conclui explicitamente que os clássicos da literatura são guias mais rigorosos e mais úteis do que qualquer metodologia das ciências sociais para aqueles que não tiveram uma experiência pessoal de guerra e de morte. Critica as ciências sociais e a gestão pela mesma razão, pois ambas têm a presunção de poder e dever de melhorar o mundo. A primeira acredita que teorias bem pensadas não só reflectem a realidade como podem aperfeiçoá-la através da aplicação da política correcta. A segunda concebe a missão da América como a redenção do planeta e, por conseguinte, todas as questões de política externa são solucionáveis. O entrelaçamento de poder entre estas ideias é muito mais profundo do que se possa pensar. Para o apreciar, mergulhemos na história. Politologia é império. O poder americano sempre utilizou abundantemente as ciências sociais para legitimar a sua expansão. As ciências sociais, como é sabido, surgiram no final do século XIX como uma ramificação do positivismo e do progressismo e a ideia é encontrar as leis através das quais a política e a história funcionam, a fim de melhorar constantemente a sociedade e orientá-la para um futuro melhor. Na América, porém, está ligada a outra corrente. No final do século XIX, os Estados Unidos estão em rápida ascensão. Após a Guerra Civil, transformam-se rapidamente numa potência manufactureira. Completaram a conquista do Oeste. Começam a adquirir possessões ultramarinas. Neste contexto, a crença de que a América está destinada a redimir o mundo é galopante. A política deve ser o instrumento de elevação das massas, no país e no estrangeiro. Para tornar o “Velho Mundo” mais parecido com o “Novo Mundo”. Estabelecer uma ordem internacional baseada no direito. A guerra será substituída pela arbitragem. A ameaça pela persuasão. A rivalidade pela razão. Tudo sob o olhar benigno da América. Estas ideias ganham força quando os Estados Unidos se tornam um império. Uma figura é emblemática; Elihu Root. Advogado nova-iorquino, Secretário da Guerra e Secretário de Estado entre 1899 e 1909, é um fervoroso apoiante da anexação das Filipinas e pertence ao grupo de elite dos estadistas que, com Theodore Roosevelt e Alfred Mahan, afirmam os Estados Unidos como uma grande potência mundial. Com uma particularidade em relação aos seus colegas o de acreditar firmemente que a América deve conduzir o mundo para uma nova forma de relações internacionais baseada no direito, na paz e no comércio. Concebe o direito internacional como um instrumento para erradicar a guerra e o egoísmo, para construir bons hábitos a serem alargados entre os Estados. Um esforço a que se dedicou sem descanso, com 24 casos de conflitos entre Estados terminados por tratados de arbitragem, que lhe valeram o Prémio Nobel da Paz em 1912. Longe de ser um pacifista, apoiou a mobilização geral para entrar na I Guerra Mundial. Embora com algumas reservas, apoiou o projecto falhado de Wilson para a Liga das Nações. Root é Wilson antes e durante Wilson. Há quem lhe chame, incorrectamente, o pai do imperialismo progressista. É certo que, como fundador e director do Council on Foreign Relations, de 1918 até à sua morte em 1937, e como primeiro presidente do Carnegie Endowment for International Peace, dois dos principais grupos de reflexão do país, moldou profundamente a ideia da classe dominante sobre o papel superior e moral da América no mundo. Isto mede-se no projecto, não muito distante, de criação de um governo mundial e de uma nação global, lançado noventa anos mais tarde por outro demiurgo; Strobe Talbott, antigo secretário de Estado de Clinton, director de longa data da Brookings Institution, mentor de Antony Blinken e Jake Sullivan. Estas ideias fluem para as ciências sociais, informam-nas. Permanecem protegidas dentro dos muros das academias, mesmo perante derrotas flagrantes, como a eclosão de guerras mundiais. E, depois da II Guerra Mundial, entram firmemente no governo, quando Washington saqueia as universidades em busca de teorias e de pessoal para gerir a ordem internacional do pós-guerra. É o caso de Henry Kissinger e Zbigniew Brzezinski, que ascenderam às burocracias graças às suas carreiras universitárias. No entanto, não foram as ciências sociais que determinaram o comportamento do poder. Os próprios Kissinger e Brzezinski tiveram êxito precisamente porque se afastaram daquilo que pregavam na Ivy League. (continua)
Oposição apresenta moção de destituição do Presidente da Coreia do Sul Hoje Macau - 5 Dez 2024 Seis partidos da oposição na Coreia do Sul apresentaram ontem uma moção para a destituição do Presidente Yoon Suk-yeol, depois de este ter visto revogada a lei marcial que decretou na véspera. O Partido Democrático (PD) e cinco outros partidos iniciaram assim o processo parlamentar que poderá levar à suspensão do poder do Presidente sul-coreano, cujo partido governa em minoria. Na terça-feira à noite, Yoon comunicou ao país a imposição da lei marcial para “erradicar as forças a favor da Coreia do Norte e proteger a ordem constitucional” das actividades “anti-estatais”, tendo acusado o principal bloco da oposição, o Partido Democrático (PD). Poucas horas depois, o Presidente suspendeu a lei marcial, depois de o parlamento da Coreia do Sul, a Assembleia Nacional, ter revogado a decisão, numa sessão plenária extraordinária convocada numa altura em que milhares protestavam nas ruas de Seul. A apresentação da moção de destituição foi anunciada à comunicação social na Assembleia Nacional pelos 192 deputados dos seis partidos. Os promotores indicaram que tencionam votar a proposta na sexta-feira ou no sábado, dentro do prazo legal de 72 horas para a tramitação deste tipo de iniciativas, uma vez apresentadas. Para que a proposta seja aprovada, será necessário o apoio de pelo menos 200 dos 300 lugares que compõem o parlamento da Coreia do Sul. O PD e outras forças tinham obtido 190 votos na véspera para revogar a lei marcial, o que significa que só precisariam de mais dez votos para afastar Yoon. Cerco de críticas O Partido do Poder Popular, do próprio Yoon, criticou a decisão de aplicar a lei marcial, com o líder do partido, Han Dong-hoon, a prometer trabalhar para “acabar com ela juntamente com o povo”, tendo alguns dos seus deputados votado a favor da revogação. Se a moção for aprovada, Yoon Suk-yeol será destituído das funções até que o Tribunal Constitucional delibere, durante um período máximo de 180 dias, sobre uma eventual violação da Constituição. Ministro demite-se O ministro da Defesa sul-coreano, Kim Yong-hyun, pediu ontem desculpa ao país e apresentou a demissão após a tentativa falhada do Presidente Yoon Suk-yeol de impor a lei marcial. “Peço desculpa por ter causado confusão e preocupação ao público relativamente à lei marcial”, afirmou Kim num comunicado, segundo a agência sul-coreana Yonhap. “Assumo a responsabilidade por todos os assuntos relacionados com a lei marcial e apresentei a minha demissão ao Presidente”, anunciou, também citado pela agência francesa AFP. Kim ilibou os soldados que desempenharam funções relacionadas com a lei marcial, referindo que estavam a cumprir as suas ordens como ministro da Defesa. Milhares na rua Milhares de manifestantes a manifestaram-se ontem no centro de Seul exigindo a destituição do Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, cuja tentativa de impor a lei marcial na noite de terça-feira mergulhou o país no caos político. Segurando cartazes com frases como “Yoon Suk-yeol deve-se demitir”, os manifestantes marcharam pela avenida principal da capital coreana em direcção ao parlamento para se encontrarem com outro protesto organizado pelos partidos da oposição, disseram os jornalistas da agência de notícias AFP. Os sul-coreanos saíram às ruas para demonstrar a sua insatisfação com o Yoon Suk-yeol, cuja tentativa de impor a lei marcial no país, na terça-feira, chocou os cidadãos desta jovem democracia. Ao longo do dia, as ruas da capital Seul foram atravessadas por pequenos grupos de manifestantes e polícias, enquanto os sindicatos convocavam uma greve geral e a oposição exigia a demissão do presidente, acusando-o de rebelião.
Mar do Sul | Novo confronto com embarcações filipinas Hoje Macau - 5 Dez 2024 As Filipinas afirmaram ontem que a guarda costeira chinesa utilizou canhões de água e embateu contra um navio no mar do Sul da China, enquanto Pequim disse que se limitou a “exercer controlo”. Pequim disse que os navios chineses apenas “exerceram controlo (…) em conformidade com a lei”. “No dia 4 de Dezembro, vários navios filipinos, incluindo navios da Guarda Costeira, tentaram entrar nas águas territoriais chinesas em torno da ilha de Huangyan”, declarou Liu Dejun, porta-voz da Guarda Costeira chinesa, utilizando o nome chinês do recife de Scarborough. Os navios filipinos “aproximaram-se perigosamente das patrulhas regulares da Guarda Costeira chinesa”, acrescentou. Na quinta-feira passada, o Exército chinês anunciou que ia enviar uma patrulha para perto do recife de Scarborough para “defender firmemente” a soberania, num contexto de tensões bilaterais recorrentes. Um vídeo publicado pelo Grupo de Trabalho Nacional de Manila para o Mar do Sul da China mostra uma embarcação da Guarda Costeira chinesa a embater contra um barco do Gabinete de Pescas e Recursos Aquáticos, uma agência governamental filipina. A embarcação chinesa “disparou um canhão de água contra o BRP Datu Pagbuaya [nome do navio], apontando directamente para as antenas de navegação”, afirmou, em comunicado, o porta-voz da Guarda Costeira das Filipinas para o mar do Sul da China, comodoro Jay Tarriela. A guarda costeira “embateu intencionalmente” contra o navio filipino, antes de disparar uma segunda salva de canhões de água, acrescentou Tarriela. Situado numa zona rica em recursos piscatórios, o recife é reivindicado pela China, que assumiu o controlo em 2012, e pelas Filipinas.
Justiça | Pequim quer juízes focados na resolução de conflitos Hoje Macau - 5 Dez 2024 Os últimos ataques sangrentos no país levaram um responsável político a apelar à maior consciencialização da justiça na resolução dos conflitos para evitar a escalada de casos e manter a estabilidade social A justiça chinesa deve prestar mais atenção à resolução de conflitos, em vez de se limitar a encerrar casos, afirmou ontem um responsável judicial do país, após uma série de ataques indiscriminados que fizeram dezenas de mortos. Wang Chengguo, secretário da Comissão de Assuntos Políticos e Jurídicos da província de Zhejiang, escreveu no Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista, que o sistema judicial chinês deve concentrar-se na manutenção da estabilidade social como a “principal tarefa”. A China enfrenta “um número crescente de factores incertos e imprevisíveis”, e a aplicação da lei e o trabalho judicial servem para “alcançar a justiça em casos individuais, reparar relações sociais e fazer avançar a governação social”, afirmou. Se os funcionários se concentrarem nos procedimentos judiciais e tiverem como único objectivo encerrar rapidamente os casos, ignorando a justiça individual, ou se aplicarem as leis de forma mecânica, para simplificar os casos sem resolver problemas reais, poderão “intensificar os conflitos entre as partes envolvidas”, escreveu Wang. Apelou para a resolução dos problemas e ao reforço da governação “na raiz” para evitar “a escalada de vários riscos sociais”. O comentário surgiu depois de uma série de assassínios em massa. Série de desastres A 11 de Novembro, um homem conduziu deliberadamente contra uma multidão de pessoas que faziam exercício em Zhuhai, na província de Guangdong, vizinha de Macau, causando 35 mortos e 43 feridos. A 16 de Novembro, numa escola profissional em Wuxi, na província de Jiangsu, um antigo estudante matou oito pessoas e feriu 17 num ataque com faca. Três dias depois, um homem atropelou um grupo de pais e filhos à porta de uma escola primária em Changde, na província central de Hunan. A polícia local informou que várias crianças ficaram feridas e necessitaram de tratamento hospitalar, mas não se registaram mortes. A polícia local indicou que o suspeito do ataque em Zhuhai, um homem de 62 anos, estava descontente com as decisões do tribunal relativas à divisão dos bens no âmbito do divórcio. Wang afirmou que, para promover a harmonia social no trabalho judicial, devem existir leis e regulamentos, bem como um mecanismo de resolução de conflitos para incentivar a comunicação entre as partes e procurar um compromisso que satisfaça todos os envolvidos. O responsável pediu aos voluntários das comunidades residenciais para participarem na resolução de conflitos e apelou para a utilização de grandes volumes de dados e de outras medidas técnicas para promover a eficiência. Os funcionários devem melhorar as capacidades e “actuar como uma ponte de comunicação” para equilibrar os interesses de todas as partes e resolver os problemas de forma criativa, escreveu. No mês passado, o Ministério da Justiça da China organizou uma reunião para discutir medidas específicas para a resolução de conflitos e pediu aos funcionários locais para que analisassem “questões matrimoniais, relações de vizinhança, heranças, disputas de propriedade e de terras e salários em atraso”, numa tentativa de “eliminar os problemas pela raiz”.
O jardim do Oriente em Zhenzhou (Zhenzhou Dongyuan ji) Hoje Macau - 5 Dez 2024 Por Ouyang Liu* Zhenzhou situa-se na confluência de vários rios do sudeste e controla o transporte no Grande Rio (Yangzi), no Huai, nos dois rios Zhe e no Jinghu. O Secretário Shi Zhengchen e o Censor Xu Zichun estão aí colocados, tendo como assistente o Censor Ma Zhongtu. Os três homens, satisfeitos com as suas boas relações, passaram os seus tempos livres a transformar um local militar abandonado no Jardim Oriental que visitam todos os dias. Neste outono, na oitava lua, Zichun veio em missão à capital. Trazia consigo um quadro que tinha feito do seu jardim, que me mostrou, dizendo: “Este jardim cobre uma superfície de cem mu (6,5 hectares). Um rio corta-o à frente, um lago de água pura irriga-o a oeste e um terraço alto ergue-se a norte. No terraço, temos um quiosque que se esgueira pelas nuvens para contemplar o céu longínquo; na margem do lago, um pavilhão aéreo onde nos podemos debruçar sobre a água límpida; no rio, um barco com dossel pintado para passear. No centro, abrimos um espaço onde construímos um salão para receber e tratar os nossos amigos, com um campo atrás para atirar setas. Onde antes havia um campo de silvas afogado numa névoa cinzenta e fria, a frescura dos lótus e da macer, o perfume das orquídeas e da angélica alternam com as sombras misturadas das belas árvores alinhadas ao lado destas flores requintadas. Onde antes havia um terreno baldio de muros em ruínas e valas alagadas, os telhados altos suportados por longas vigas reflectem a sua imagem na água iluminada pelo sol, dançando, mergulhando e subindo; a descontração e a calma ecoam os sons da distância e atraem um vento curativo. Onde outrora os gritos das doninhas e de outros animais selvagens se erguiam na escuridão das tempestades, os habitantes da cidade, homens e mulheres, passeiam em dias de sol ou de festa ao som de canções e de música. “Não nos poupámos a esforços. Mas o que vêem neste quadro dá apenas uma ideia ténue deste jardim. Quando subimos ao terraço para contemplar o rio e as montanhas próximas ou distantes, quando nos divertimos no rio seguindo os voos e os mergulhos dos peixes e das aves, a sedução do que anima à nossa volta, a alegria de contemplar a paisagem são sentimentos que só o caminhante conhece. Tudo o que a pintura não consegue representar, já não sou capaz de exprimir por palavras. Talvez pudesse escrever algumas palavras sobre o nosso jardim”. E acrescentou: “Zhenzhou é uma encruzilhada por onde passam viajantes dos quatro cantos do império; convidamo-los a partilhar os nossos prazeres, porque havemos de ser os únicos a desfrutá-los? O lago e o terraço são cada vez mais elegantes, as flores e as árvores são cada vez mais abundantes. Não passa um dia sem que haja visitantes de todo o lado. Não seria de partir o coração para nós os três se tivéssemos de deixar este sítio? E se não escrevermos sobre o nosso jardim, quem saberá mais tarde que é obra de nós os três? As grandes qualidades destes três homens permitiram-lhes trabalhar em conjunto e ser úteis nos seus empregos. Eles sabem o que é preciso fazer. Asseguram a prosperidade da Corte e da população do país, onde não se ouvem queixas, e só então relaxam, partilhando os seus prazeres com a boa gente de todo o império. Tudo isto é admirável e merece ser relatado.” Trad. Miguel Lenoir *Ouyang Xiu (1007-1072) foi um “funcionário letrado” exemplar, tão respeitado pela sua carreira (embora duas vezes desonrado) como pela sua obra literária, tão preocupado com o bem público como com o lazer refinado da reforma. O ideal de harmonia que apaga o conflito pode ser visto no jardim não muito longe de Nanjing, que ele provavelmente nunca viu.
Junto à lagoa (Chishang pian xu) Hoje Macau - 5 Dez 2024 Por Bai Juyi A forma do terreno, a água e a vegetação contribuem para que a parte sudeste de Luoyang 1 seja a mais bela da cidade, e o bairro mais bonito é o de Caminho des Socques, cujo canto noroeste é o mais belo. A primeira casa, junto à muralha a norte do portão oeste, é o local onde o velho Bai Letian se reformou. Tem uma superfície de dezassete mu2, dos quais um terço é ocupado pela habitação, um quinto pela água e um nono pelos bambus, com um lago, ilhas, pontes e caminhos. Quando Letian se tornou seu senhor, disse para si próprio, no meio da sua alegria: “Eu tenho um jardim com um lago, mas não se pode sobreviver lá sem um abastecimento de cereais.” Por isso, construiu um celeiro a leste do lago. Depois disse para si próprio: “Tenho discípulos, mas não tenho livros para ensinar”. E construiu uma biblioteca a norte da lagoa. Depois disse para si próprio: “Tenho visitas e amigos, mas não tenho cítara nem vinho para os entreter”. E construiu um quiosque a oeste da lagoa para tocar a cítara e servir os jarros. Quando Letian deixou o seu cargo de prefeito de Hangzhou, trouxe para Luoyang uma pedra do monte Tianzhu e dois guindastes de Huating. Foi nessa altura que construiu a ponte recta do lado oeste do lago e o passadiço à sua volta.Quando deixou o cargo de prefeito de Suzhou3 , trouxe uma pedra do Lago Taihu, lótus brancos, dois chifres de macer e um barco verde. Em seguida, construiu a ponte em arco no centro do lago que liga as três ilhas. Quando deixou o seu cargo de Vice-Ministro da Justiça, regressou a casa com cinco mil alqueires de cereais, uma carroça cheia de livros e dez pequenos músicos. Antes disso, Chen Xiaoshan, de Yingchuan, tinha-lhe dado uma receita para destilar um vinho delicioso; Cui Huishu, de Boling, tinha-lhe dado uma cítara com um som muito puro; Jiang Fa, de Shu, tinha-lhe ensinado a melodia etérea Pensamento de outono; Yang Zhen, de Hongnong, tinha-lhe dado três pedras de granito polido e uniforme onde se sentar ou deitar. No verão do terceiro ano da era Dahe (829), Letian foi nomeado Conselheiro do Príncipe Herdeiro; este cargo, sem responsabilidades, permitia-lhe ficar em Luoyang e descansar junto ao lago. Tudo o que adquiri durante as três funções importantes que exerci, tudo o que estes quatro amigos me deram, todas estas coisas preciosas caíram nas mãos do meu eu inepto, como se fossem para o fundo do lago. Quer a água seja enrugada pelo vento na primavera ou reflicta a lua no outono, quer de manhã exale o perfume dos lótus que se abrem, quer à noite os grous estalem sob o orvalho puro, acaricio as pedras de Yang, bebo o vinho de Chen, pego na cítara de Cui para tocar a ária de Jiang, tão tomado de felicidade que esqueço tudo o resto. Bêbado, largo a cítara e peço aos pequenos músicos para irem ao coreto da ilha do meio tocar a ária O vestido arco-íris; a melodia flutua, levada pelo vento, ora concentrada, ora dispersa, e sobe e desce entre os bambus envoltos em névoa e a água enluarada. A canção ainda não tinha acabado quando Bai Letian, felizmente embriagado, adormece numa pedra. E quando um dia acordou, improvisou algo que rimava e não rimava, que Agui, o seu sobrinho, transcreveu com o seu pincel. Quando viu este grande pedaço de escrita, chamou-lhe À beira da lagoa : Uma casa de dez mu, um jardim de cinco, um lago, mil bambus. Não digam que é pequena, longe de tudo. É suficiente para dormir e descansar. Há várias salas, um quiosque, uma ponte, um barco, livros, vinho, comida, canções e uma cítara. E, no meio, um velho de barbas brancas que sabe apreciar o que tem sem procurar algo melhor lá fora, como um pássaro que escolhe galhos para o seu ninho, como uma rã no fundo de um poço que desconhece o vasto mar. Grous maravilhosos, pedras raras, lótus brancos, tudo o que amo está ali diante dos meus olhos. Por vezes, levanto a minha chávena ou recito um poema. A minha mulher e os meus filhos alegram-se, os galos e os cães estão calmos. Sinto-me tão bem, é aqui que quero envelhecer! Trad. Miguel Lenoir 1. Anteriormente conhecida como a capital “oriental”, a capital Tang era Chang’an (Xian). As cidades estavam divididas em bairros rectangulares separados por muralhas. 2. O mu, que tem variado ao longo dos tempos, equivale a cerca de um décimo quinto de um hectare. Dezassete mu são, portanto, pouco mais de um hectare. 3. Suzhou continua a ser famosa pelos seus jardins. As pedras do lago Taihu, situado nas proximidades, eram as mais procuradas em todo o lado.
Literatura | Maria Teresa Horta na lista da BBC das 100 mulheres mais influentes Hoje Macau - 5 Dez 20245 Dez 2024 A escritora portuguesa Maria Teresa Horta foi incluída numa lista elaborada pela estação pública britânica BBC de 100 mulheres mais influentes e inspiradoras de todo o mundo, que inclui artistas, activistas, advogadas ou cientistas. A escritora e jornalista portuguesa é descrita como “uma das feministas mais proeminentes de Portugal e autora de muitos livros premiados” destacando as “Novas Cartas Portuguesas”, escrito em co-autoria com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa. O livro no qual as autoras denunciavam as opressões a que as mulheres eram sujeitas, no contexto da ditadura, da violência fascista, da guerra colonial, da emigração e da pobreza que dominava o país, foi banido e censurado pelo regime. A proibição daquela obra pelo governo autoritário no ano da publicação, em 1972, e o julgamento do processo conhecido por “Três Marias”, por alegada ofensa à moral pública, segundo os padrões da censura, “fez manchetes e inspirou protestos em todo o mundo”, escreve a BBC. O impacto internacional da obra deu-se logo pouco depois da sua divulgação em França pela escritora Simone de Beauvoir, e pelo conhecimento público do processo de que as “Três Marias” estavam a ser alvo, com a cobertura do julgamento feita por meios de comunicação internacionais (entre os quais Le Monde, Time, The New York Times, Nouvel Observateur e televisões norte-americanas), manifestações feministas em várias embaixadas de Portugal no estrangeiro e a defesa pública da obra e das autoras por várias personalidades internacionais, como Marguerite Duras, Doris Lessing, Iris Murdoch e Delphine Seyrig. Estas acções fizeram com que o caso fosse votado, em Junho de 1973, numa conferência da National Organization for Women (NOW), em Boston, como a primeira causa feminista internacional. O caso foi simbólico na queda do regime pela Revolução de 25 de Abril de 1974, a qual celebrou este ano o 50.º aniversário, recorda a BBC. A lista “BBC 100 Women” deste ano inclui nomes de pessoas mais conhecidas, como a actriz norte-americana Sharon Stone, a artista britânica Tracey Emin, a sobrevivente do caso de violação em França Gisèle Pelicot e a iraquiana Nadia Murad, vencedora do Prémio Nobel da Paz. As brasileiras Lourdes Barreto, activista pelos direitos das prostitutas, e a ginasta Rebeca Andrade e a bióloga Silvana Santos também estão na lista, que teve em conta a imparcialidade e a representação regional. Percurso de peso Nascida em Lisboa em 1937, Maria Teresa Horta frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi dirigente do ABC Cine-Clube, militante activa nos movimentos de emancipação feminina, jornalista do jornal A Capital e dirigente da revista Mulheres. Como escritora, estreou-se no campo da poesia em 1960, mas construiu um percurso literário composto também por romance e conto. Com livros editados no Brasil, em França e Itália, Maria Teresa Horta foi a primeira mulher a exercer funções dirigentes no cineclubismo em Portugal e é considerada um dos expoentes do feminismo da lusofonia.
Nova edição de Festival Internacional da Creative até terça-feira Hoje Macau - 5 Dez 2024 Decorre até à próxima terça-feira, 10, a nova edição do Festival Internacional de Curtas-metragens de Macau, um evento organizado pela Creative Macau e que mostra o que de melhor se faz no género curta, documentário ou animação a nível mundial. Mais uma vez, as sessões decorrem no Teatro Capitol, bem no centro da cidade. Destaque para a sessão de hoje que começa às 14h com a secção “Shorts Fiction”, com a exibição de “Son”, de Saman Hosseinpuor, da Suíça e Irão, e “Spiritum”, do México, do realizador Adolfo Margullis. Da China chegam-nos as produções “One More Chance”, de Wu Hanmo; “Growing Pains”, de Shengwen Ruan; ou ainda “Where Does the Bird Fly”, de Dorji Gyaltsen. Destaque ainda para a secção deste festival dedicada às produções cinematográficas da Grande Baía. Hoje exibe-se “Wena”, inserida na secção “Expanded Cinema – Greater Bay Area – Fiction”, da autoria de Natalie Kung, de Hong Kong. De Macau apresentam-se, nestes dias, películas como “A Long Journey to Farewell”, de Chen Meng Hang Yangpei; “One Night Legends”, de Jenny Wan; “Change”, de Sherwin Hng ou ainda “Finding You Ying in…What is it?”, da aclamada realizadora local Tracy Choi e Xu Wei. Em nome de Portugal Esta sexta-feira será a vez de exibir uma película portuguesa. “O Estado de Alma”, de Sara Naves, é uma curta-metragem de animação que conta a história de Alma, uma menina que “acorda todos os dias com uma nova condição, sofrendo as mais variadas transformações físicas que reflectem os seus sentimentos de inadequação e a impedem de seguir uma rotina diária normal”. Neste filme, Alma sente-se, a cada dia que passa, “gradualmente mais só e afastada de todos”. Ainda nas curtas de ficção apresenta-se “Sonido: Ivans & Tobis”, de Diogo Baldaia; ou ainda “As Gaivotas Cortam o Céu”, de Mariana Bártolo e Guillermo García López. Destaque também para a realização de algumas masterclasses, nomeadamente no sábado. Uma delas, que começa às 17h, intitula-se “Narrative Odyssey: A Journey Through Storytelling Mediums” e conta com Soumitra Ranade como oradora. Às 19h é a vez de Lúcia Lemos, ex-directora da Creative Macau, fazer um balanço dos filmes de ficção mais poderosos que passaram pelo festival entre os anos de 2015 e 2023. Na segunda-feira, serão ainda exibidos mais documentários a partir das 14h, nomeadamente “Chri$stine”, de Christine Seow, de Singapura; ou “O que nos espera”, de Chico Bahia e Bruxo Xavier, do Brasil. O festival encerra com uma gala de atribuição de prémios e concertos a partir das 17h30. A organização sublinhou que recebeu “um número final impressionante de 5.836 candidaturas de mais de 130 países de regiões”. Na edição de 2023, a primeira com a presença de realizadores estrangeiros após a pandemia de covid-19, o festival tinha recebido 4.051 trabalhos para a selecção oficial, sendo que a lista de finalistas incluiu obras oriundas de 51 países. O vencedor do festival pode receber um prémio de até 20 mil patacas. A audiência poderá votar nos favoritos nas categorias de Ficção, Documentário e Animação, podendo participar também na escolha do Melhor Filme do Público. “O cinema é um entretenimento para narrar acontecimentos, documentários, comédia e histórias. Este é particularmente o caso das tecnologias actuais que servem para proporcionar um pódio para os cineastas transportarem as suas histórias para o público”, afirmou a directora do festival, Margarida Cheung Vieira. O evento vai ainda acolher três masterclasses ministradas por profissionais e cineastas sobre como “chamar a atenção em festivais de cinema, explorar personagens para actores e transformar a inspiração em material cinematográfico cativante”, indicou a organização. Lançado em 2010, o Festival Internacional de Curtas Metragens de Macau apresenta produções independentes de reduzido orçamento.
Graffiti | Festival “!Outloud” com mais de 30 artistas na rua Andreia Sofia Silva - 5 Dez 2024 Está aí mais uma edição do festival exclusivamente dedicado ao graffiti. O “!Outloud – Festival Internacional de Arte de Rua” decorre até domingo com uma série de pinturas feitas ao vivo por artistas convidados de vários países da área do graffiti, música e dança. Destaque para a presença da dupla de artistas locais AAFK Os amantes de graffiti dispõem, até domingo, de um festival inteiramente dedicado a este género artístico de rua que só nos últimos anos ganhou maior notoriedade e, sobretudo, reconhecimento. O “!Outloud – Festival Internacional de Arte de Rua” decorre até ao dia 8 em vários pontos da cidade, sendo organizado por diversas entidades, nomeadamente a Sociedade de Artes Visuais da Cidade de Macau ou a Associação Juvenil de Dança de Rua de Macau, entre outras. As pinturas serão feitas ao vivo junto ao Hotel S, junto à Praça Ponte e Horta. Segundo um comunicado, este festival pretende “promover o intercâmbio cultural através da arte de rua, fomentar o desenvolvimento artístico da comunidade, melhorar a atmosfera artística do bairro e insuflar energia” nos bairros comunitários onde acontecem estas pinturas. O público pode ver trabalhos de 33 artistas de países como Japão ou Coreia do Sul, sem esquecer nomes de regiões como Taiwan ou Hong Kong, prevendo-se que a área total das paredes cobertas de graffiti irá ultrapassar os 1.000 metros quadrados, “tornando-se no maior evento de arte de rua da história de Macau”. AAFK é o nome da dupla de artistas locais convidada para este festival. Os AAFK são Anny, de Macau, e Felipe, natural da Costa Rica. Ambos têm um passado ligado ao design gráfico, ilustração, publicidade e indústria de brinquedos. Fazem graffiti desde 2015, tendo já exposto as suas pinturas murais na China, Europa e Costa Rica. A edição deste ano tem como tema principal a ideia de “City Pop”, ou “Cidade Pop”, combinando “elementos de música e arte pop com cultura de rua num evento artístico de grande escala”. Para demonstrar a conexão da cultura pop que existe em Macau com o festival, foram convidados “conhecidos artistas de graffiti do Japão e da Coreia do Sul para criar pinturas ao vivo”. Será ainda organizado um concurso de dança na rua para apoio social, com artistas como Yoon Ji, da Coreia do Sul, ou Madoka, do Japão. Todas as taxas pagas pelo público serão entregues, após o pagamento dos custos do evento, para causas locais de beneficência. Dez anos de pintura Destaque ainda para o verdadeiro significado de “Outloud”, em cantonense “響朵 – Heong Duo”, que se refere à ideia de “fazer um nome para si próprio”. Segundo a organização do festival, é uma ideia associada “a um sentimento de autoconfiança inabalável” ou a uma “declaração ousada de um determinado estatuto no mundo”. Neste caso, de quem pinta e expressa, através do graffiti, aquilo que quer dizer. A organização do “!Outloud” recorda o momento em que, há dez anos, surgiu em Macau “um parque de graffiti no coração de Macau”, o que levou ao nascimento desta iniciativa “numa cidade conhecida pela sua diversidade artística, com arquitectura moderna e, ao mesmo tempo, tradicional, e com um cenário turístico vibrante”. O “!Outloud” orgulha-se, assim, de seleccionar “cuidadosamente os locais com significado histórico e que tenham uma história por detrás, injectando, nessas áreas, uma nova energia através da arte do graffiti e da dança de rua, da criação musical e da cultura”.
Turistas | Previstos números acima dos 33 milhões Hoje Macau - 5 Dez 2024 Cheng Wai Tong, subdirector dos Serviços de Turismo, declarou que Macau pode receber mais turistas até ao final do ano do que os 33 milhões de visitantes esperados. Segundo a TDM Rádio Macau, o responsável falou na possibilidade de Macau receber 34 milhões, tratando-se de um número importante no pós-pandemia, tendo em conta que, em 2019, o território recebeu 39,4 milhões de turistas. Cheng Wai Tong declarou que “ainda não há dados sobre as reservas hoteleiras relativas às férias de Natal”, mas disse que “os dados são optimistas” quanto às metas para os números de turistas. Para o subdirector da DST, os meses de Agosto e Dezembro são os que mais turistas geram, daí que as expectativas para este ano possam ser 1 milhão de visitantes acima dos 33 milhões de visitantes inicialmente previstos.
Burla | Detido por dar a penhorar relógio falso Hoje Macau - 5 Dez 2024 Um cidadão chinês foi detido na terça-feira no Posto Fronteiriço de Hengqin suspeito de burlar uma mulher em 100 mil dólares de Hong Kong ao emprestar-lhe, para penhora, um falso relógio de luxo. Segundo o jornal Ou Mun, no passado dia 16 de Novembro os dois intervenientes conheceram-se num casino. No dia seguinte, o homem pediu à mulher 50 mil dólares de Hong Kong para apostar. Depois de perder o dinheiro ao jogo, entregou um relógio à mulher com o intuito de que esta o penhorasse, alegando que valia 100 mil dólares de Hong Kong. A partir daqui homem ficou incontactável, enquanto a mulher foi a uma casa de penhores onde foi informada que o relógio não valeria mais do que algumas centenas de dólares de Hong Kong. Sentindo-se defraudada, a mulher denunciou então o caso às autoridades. O caso já está no Ministério Público, sendo que o homem é suspeito da prática do crime de burla de valor elevado.
Seul | DST emite alerta a pedir precauções a turistas de Macau João Luz - 5 Dez 2024 A turbulência política vivida na Coreia do Sul nos últimos dias, levou a Direcção dos Serviços de Turismo a emitir um alerta para os cerca de 1.500 residentes da RAEM que estão ou vão para o país. Até às 15h de ontem, o Governo da RAEM não tinha recebido pedidos de auxílio de residentes Na sequência da declaração de lei marcial na Coreia do Sul, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) lançou um alerta aos residentes de Macau que se encontram na Coreia do Sul, ou que planeiam viajar em breve para o país, para se “manterem atentos e prestarem atenção às informações mais recentes” das autoridades sul-coreanas. A lei marcial foi decretada na terça-feira à noite na Coreia do Sul pela primeira vez em mais de 45 anos, depois de ter sido imposta em 1979, após o assassinato do presidente Park Chung-hee. Numa comunicação de surpresa ao país, o Presidente Yoon Suk-yeol declarou a lei marcial para “erradicar as forças pró-norte-coreanas e proteger a ordem constitucional”. A lei marcial foi levantada algumas horas depois, mas a instabilidade política e o futuro da liderança do país continua a ser uma incógnita (ver página 11). A situação levou vários países a emitir alertas de viagem para o país. Ontem de madrugada, a DST enviou avisos a cerca de 1.500 residentes que estão na Coreia do Sul, ou que estavam prestes a viajar para o país. Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, o subdirector da DST, Cheng Wai Tong, apelou à vigilância dos residentes e afirmou que o Governo da RAEM está a observar a situação, sem haver decisão sobre a necessidade de emitir alerta a desaconselhar viagens para o país asiático. O responsável adiantou ainda que, até às 15h de ontem, a linha aberta da DST não tinha recebido pedidos e ajuda ou consultas de residentes na Coreia do Sul. Limitar passeios Apesar do levantamento da lei marcial, a DST afirmou que devido à situação política, os residentes devem reduzir saídas ao mínimo essencial e obedecer às autoridades locais. O organismo liderado por Helena de Senna Fernandes acrescentou que se os residentes necessitarem de assistência podem ligar para a linha hotline de turismo, disponível 24 horas por dia, ou contactar a embaixada chinesa na Coreia do Sul. Por seu turno, o presidente da Associação de Indústria Turística de Macau, Andy Wu, indicou ter sido informado pelas agências de viagem locais da inexistência de excursões de Macau na Coreia do Sul neste momento. No entanto, o representante realçou que Seul é uma cidade popular para turistas não-excursionistas de Macau. Para esses residentes, Andy Wu fez eco, em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, das recomendações da DST.
Escarlatina | Lançado alerta face a aumento do número de casos Hoje Macau - 5 Dez 2024 Os Serviços de Saúde de Macau emitiram ontem um comunicado onde dão conta que “a situação da escarlatina está mais activa”, fazendo um apelo a encarregados de educação, creches e escolas para “estarem alerta”. Nos últimos dias, e conforme os dados de monitorização de doenças infecciosas de declaração obrigatória, “o número de casos declarados [de escarlatina] subiu de cinco na primeira semana de Outubro para 22 casos detectados na semana passada”. Para os SS, “este é o número mais alto registado em comparação com Outubro, dando uma média de dez casos por semana”, e também maior face ao período homólogo do ano passado. Até terça-feira desta semana, foram registados 1.654 casos de escarlatina no território, sendo que 93 por cento dos casos ocorreu em crianças com idades compreendidas entre 1 e 9 anos de idade. Os SS esclarecem ainda que “54 casos necessitaram de internamento hospitalar, tendo tido alta após recuperação”, não tendo sido registados casos graves ou mortais. Este ano foram registados, até ao momento, dois casos colectivos de escarlatina. A escarlatina é uma doença respiratória aguda transmissível causada pelo estreptococo beta hemolítico do grupo A (Streptococcus pyogenes).
MacauPass / MPay | Cartão usado em mais de 300 cidades João Luz e Nunu Wu - 5 Dez 2024 O Governo da RAEM e o Ministério dos Transportes chinês acordaram a possibilidade usar um cartão emitido pela MacauPass, em formato físico ou no MPay, para pagar tarifas de transportes urbanos em mais de 300 cidades chinesas. Por outro lado, visitantes chineses podem usar o cartão China T-union nos autocarros de Macau A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) acordou com o Ministério dos Transportes a adesão da MacauPass ao programa China T-union, o sistema usado para pagar transportes urbanos no Interior da China, mas também para fazer compras. Assim sendo, passou a ser possível desde ontem pedir um cartão especial da MacauPass, em formato físico ou digital através da aplicação MPay. O novo cartão custa 68 patacas e se for comprado através do MPay aceita os pontos de desconto MCoins até um valor de 10 patacas. O MacauPass – China T-union pode ser usado para pagar tarifas de transportes públicos em mais de 300 cidades chinesas e mais de 1.700 aglomerados populacionais de menor dimensão. O cartão pode também ser utilizado em cerca de 280 ligações ferroviárias urbanas. Na aplicação MPay, o cartão digital da China T-union é criado numa carteira separada onde são depositados montantes em patacas que depois são convertidos em renminbis para pagar transportes no Interior da China. Para saber se o cartão é admitido num transporte público basta procurar o logótipo da “China T-union”. Ligações estreitas Num comunicado emitido ontem, a DSAT explica que o objectivo passa por apoiar “a utilização dos transportes públicos locais e os benefícios de tarifas, mas também facilitar o acesso aos principais meios de transportes nas principais cidades do país”. O Governo acrescenta que a medida pretende responder ao aumento da procura de emprego e de viagens para o Interior da China por parte dos residentes de Macau, “estreitando cada vez mais o intercâmbio de pessoas entre os dois lados”. O mesmo irá acontecer no sentido inverso. Os visitantes do Interior da China e de Hong Kong podem desde ontem usar os seus cartões da China T-union para pagar as tarifas dos autocarros públicos de Macau. Importa referir que o cartão Ocpotus da RAEHK passou a emitir desde meados de Setembro o Octopus China T-union, que poderá ser utilizado na RAEM. A DSAT salienta que os cartões que não são emitidos em Macau “não beneficiam de desconto nas tarifas. Os visitantes podem também usar o cartão para pagar contas em restaurantes, bilhetes para espectáculos e compras em lojas. Para quem preferir a versão física do cartão, pode requerer a sua emissão, que custa 68 patacas, em três centros dos serviços de MacauPass, no Nape na Rua de Paris, nº10, na Estrada Marginal da Areia Preta, nº 183 e na Taipa na Avenida de Kwong Tung, nº 79. Se os titulares perderem o MacauPass – China T-union não podem reclamar a perda de dinheiro porque o cartão não tem a inscrição da identidade do titular.
EPM | Concessão vitalícia de terreno passa a 25 anos João Luz - 5 Dez 2024 O Governo extinguiu o arrendamento vitalício do terreno onde está a Escola Portuguesa de Macau, que vigorava há mais de seis décadas. O novo contrato passa a ter o prazo de 25 anos, mas continua a ser gratuito. O despacho assinado por Raimundo do Rosário pretende regularizar a situação do terreno e do edifício da escola O Executivo declarou a extinção do arrendamento vitalício do terreno onde está situada a Escola Portuguesa de Macau (EPM), através de um despacho assinado pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, publicado ontem no Boletim Oficial. O contrato passa a vigorar por 25 anos, o prazo máximo das concessões por arrendamento estabelecido na Lei de Terras, e continua a ser gratuito. A alteração tem como objectivo “regularizar a situação desse terreno e a do edifício nele existente”. O prazo da concessão pode ser sucessivamente renovado, desde que a Associação Promotora de Instrução dos Macaenses (APIM) apresente requerimento de renovação “no período entre nove meses a seis meses antes do fim do prazo da concessão ou das sucessivas renovações”. O arrendamento vitalício e gratuito fora concedido à APIM em Junho de 1963 para a construção do edifício Escola Comercial Pedro Nolasco. O estabelecimento de ensino que ocupou o terreno na Avenida de D. João IV, “foi construído com verbas concedidas pelo Governo da então Província de Macau” e ficou isento de isento de rendas e taxas, desde que a APIM respeitasse a “exclusiva finalidade de manter em funcionamento a referida escola”. Já perto da implementação da RAEM, em 1998, foi aprovado um projecto de arquitectura de obra de ampliação do edifício da Escola Comercial, para adaptação à Escola Portuguesa de Macau. “Apesar da obra de ampliação ter sido executada, a respectiva licença de utilização nunca foi emitida”, lê-se no contrato assinado entre o Governo e a APIM. Pela educação O contrato publicado no Boletim Oficial refere ainda que no dia 25 de Setembro deste ano, a APIM apresentou um requerimento para esclarecer dúvidas quanto à natureza do direito que a APIM detém sobre o terreno e o edifício nele construído, onde agora funciona a EPM e solicitou a regularização para “manter as construções já aí existentes, bem como ampliar as mesmas”. É ainda estabelecido que a APIM deve manter os edifícios escolares e instalações de apoio existentes no terreno, e que “a eventual alteração do aproveitamento do terreno, designadamente por ampliação dos edifícios” carece de autorização do Governo. Porém, a finalidade da concessão do terreno (o ensino regular) não pode ser alterada, da mesma forma que a concessão gratuita não pode ser convertida numa concessão que implique pagamento de renda.
Ensino | Macau com bons resultados a Ciências e Matemática no TIMSS 2023 Andreia Sofia Silva - 5 Dez 2024 Os alunos de Macau registaram um bom desempenho nas áreas da Matemática e Ciências na estreia do território na avaliação do Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências, em inglês “Trends in International Mathematics and Science Study” (TIMSS), relativo a 2023. Assim, de entre mais de 60 países e regiões, Macau registou, em média, 582 pontos a Matemática e 536 pontos em Ciências, “sendo ambos significativamente mais elevados do que as médias internacionais (503 pontos em Matemática e 494 pontos em Ciências)”. Assim, segundo uma nota da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), Macau ficou em 6.º lugar a Matemática e 12.º lugar em Ciências no TIMSS 2023, ranking onde participou pela primeira vez. O TIMSS realiza-se desde 1995 a cada quatro anos. Para a participação de Macau nesta edição do ranking a DSEDJ organizou a participação de mais de 5.500 alunos do 4.º ano do ensino primário, de 59 escolas locais. A DSEDJ acrescenta ainda, sobre os resultados, que “as diferenças de pontuações em Matemática e em Ciências dos dois grupos de alunos de Macau provenientes de contextos socioeconomicamente altos e baixos (59 pontos tanto em Matemática como em Ciências) foram inferiores às médias internacionais (85 e 91 em Matemática e em Ciências, respectivamente), sendo também as mais reduzidas entre os países ou regiões com desempenho elevado”. Equidade em alta Para as autoridades, estes dados mostram que “Macau mantém um sistema educativo de qualidade e equitativo”, além de que “as proporções dos alunos de Macau que alcançaram os quatro pontos de referência internacionais são significativamente mais elevadas do que as medianas internacionais”, sendo que 68 por cento dos alunos locais “atingiram o nível avançado ou elevado no desempenho a Matemática e 45 por cento atingiu o nível avançado ou elevado no desempenho a Ciências”, com ambas a serem “mais elevadas do que as medianas internacionais, as quais foram de 42 e 38 por cento”, respectivamente. O TIMSS é um ranking desenvolvido pela Associação Internacional para a Avaliação do Desempenho Educacional, analisando o desempenho nestas duas disciplinas por parte de alunos de vários países e regiões.
DSEDT | Mais de 30 empresas locais certificadas Hoje Macau - 5 Dez 2024 Já existem 33 empresas locais certificadas pela Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT), certificação essa atribuída no contexto do “Programa de Certificação de Empresas Tecnológicas”, criado no ano passado. Segundo uma nota, tratam-se de empresas nos ramos das tecnologias de informação, inteligência intelectual e medicina tradicional chinesa, empregando 1.300 trabalhadores com receitais anuais de cerca de 3 mil milhões de patacas. Uma das novidades passa pela inclusão de empresas com ligação a Hengqin a este programa de certificação, sendo que o Governo está a lançar “medidas complementares de apoio específico, incluindo plano de apoio financeiro, bolsas de contacto e articulação com as políticas e medidas do Interior da China, no sentido de fomentar o crescimento das respectivas empresas”. Em 2021, por exemplo, foi criado o plano de actualização digital destinada às PME que apoiou mais de 1.600 empresas.