Hong Kong | Envio de encomendas para os Estados Unidos suspenso Hoje Macau - 17 Abr 2025 Os correios de Hong Kong anunciaram ontem a suspensão do envio de encomendas para os Estados Unidos, em resposta à imposição, “de forma abusiva”, de tarifas pelas autoridades norte-americanas. Envios postais apenas com documentos, sem mercadorias, não vão ser afectados “O Hongkong Post não vai definitivamente cobrar quaisquer tarifas aduaneiras em nome dos EUA e vai suspender a aceitação de envios postais que contenham bens destinados aos EUA”, refere um comunicado dos correios. Para as encomendas via marítima e terrestre, a decisão tem efeito imediato “devido ao maior tempo de envio”, e para o correio aéreo, entra em vigor a 27 de Abril, indica a nota. No caso de “correio de superfície com bens que ainda não tenham sido expedidos para os EUA”, o Hongkong Post vai organizar a devolução e o reembolso dos portes a partir de 22 de Abril. Os Estados Unidos “não estão a ser razoáveis, estão a intimidar e a impor direitos aduaneiros de forma abusiva”, refere o comunicado. Donald Trump assinou uma ordem executiva, na semana passada, que põe fim às isenções de direitos aduaneiros sobre pequenas encomendas da China, como as enviadas pelos gigantes do comércio eletrónico Shein e Temu. A China e os Estados Unidos entraram numa escalada no que diz respeito às tarifas: Washington impôs sobretaxas de 145 por cento aos produtos chineses que entram em território norte-americano, além das que existiam antes do regresso de Donald Trump à Casa Branca. Pequim retaliou com uma taxa que alcança agora os 125 por cento. Um decreto presidencial emitido por Donald Trump, em 2020, eliminou o tratamento preferencial concedido a Hong Kong. A antiga colónia britânica é, por isso, igualmente afetada pela sobretaxa de 145 por cento imposta à China. “Para o envio de artigos para os EUA, o público de Hong Kong deve estar preparado para pagar taxas exorbitantes e irrazoáveis devido aos actos irrazoáveis e agressivos dos EUA. Os outros envios postais que contenham apenas documentos, sem mercadorias, não vão ser afectados”, concluiu o Hongkong Post. Resposta à letra O principal responsável do Partido Comunista Chinês para os assuntos de Hong Kong e Macau e os líderes dos governos das duas regiões acusaram na terça-feira os Estados Unidos de impor tarifas para sabotar a China. “Os EUA têm alvo as nossas tarifas, eles têm como alvo a nossa própria sobrevivência”, disse Xia Baolong, director do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau, sob a tutela do Conselho de Estado. “Apesar de Hong Kong ser a maior fonte de excedente comercial dos EUA, os Estados Unidos ainda impuseram tarifas elevadas. Isto é extremamente arrogante e descarado”, disse Xia. Os EUA, continuou o dirigente, “não podem tolerar a prosperidade e a estabilidade de Hong Kong e são o maior manipulador sinistro que mina os direitos humanos, a liberdade, o Estado de direito, a prosperidade e a estabilidade em Hong Kong”. Já o líder do Governo da região administrativa chinesa, John Lee Ka-chiu, acusou os Estados Unidos de, numa “lógica perversa”, impor tarifas para proteger a sua “hegemonia sem escrúpulos”. “Os Estados Unidos opõem-se ao comércio livre, interrompem o comércio global e as cadeias de abastecimento (…), prejudicando gravemente o sistema de comércio multilateral e o processo de globalização”, lamentou John Lee. Também o líder do Executivo de Macau criticou, no mesmo dia, os Estados Unidos pela “imposição abusiva de impostos aduaneiros a todos os seus parceiros comerciais”, incluindo a China, “sob vários pretextos”. Durante a inauguração de uma exposição a propósito do Dia da Educação da Segurança Nacional, Sam Hou Fai disse que Washington “devastou severamente o sistema de comércio multilateral (…) e prejudicou a estabilidade da ordem económica mundial”. A Lusa perguntou aos Correios de Macau se a empresa vai seguir os mesmos passos da sua congénere de Hong Kong, mas o departamento postal não respondeu em tempo útil.
A Nova Rota da Seda e o Princípio da Conectividade (segunda parte) Ana Cristina Alves - 17 Abr 2025 Ana Cristina Alves, Investigadora Auxiliar e Coordenadora do Serviço Educativo do CCCM 15 de abril de 2025 Na sequência do artigo do início de abril de 2025, recorde-se que a Nova Rota da Seda nasce em 2013 por iniciativa do atual presidente chinês, Xi Jinping, tendo sido anunciada no Cazaquistão, inicialmente com os seis corredores terrestres, mais tarde com uma Rota da Seda Marítima e muito recentemente com uma outra via marítima, a Rota da Seda Polar, com o propósito de conectar a Europa, a África e a Ásia e, afinal, também o resto do mundo. Lembremos ainda que segundo especialistas em relações internacionais e geopolítica, como o Professor Carlos Gaspar, o surgimento da Nova Rota da Seda, com o seu imenso poder de conexão além-fronteiras, faz parte de um percurso claro da China, que vai ascendendo paulatinamente a grande potência, primeiro a nível estatal, depois em termos económicos e, ultimamente, no domínio internacional. O poder de conectividade chinês parece plenamente assumido e confirmado pelo vice-presidente do Instituto de Relações Internacionais Contemporâneas, Yuan Peng, na teoria dos Três anéis ou círculos concêntricos, que constituem a esfera relacional da China: o anel interior dos 14 países vizinhos; o anel intermédio que se estende do Pacífico ao Índico e se embrenha na Ásia Central e o anel exterior que engloba a África, a Europa, a América e os dois polos. Coloca-se a questão de saber, na sequência das palavras do Professor Carlos Gaspar, se a detetada conectividade política, cultural, económica e tecnológica não pressupõe a existência no pensamento filosófico chinês de um princípio da conectividade e, em caso afirmativo, em que filosofias estará mais ativo, ou se atua nos mesmos níveis em todas as correntes filosóficas. Concluiu-se a primeira parte do artigo, referindo a importância da filosofia confucionista na Nova Rota da Seda, já que este é o softpower filosófico que acompanha o crescimento da rede comercial chinesa. As ligações dos chineses com o resto do mundo estabelecem-se na base de princípios confucionistas solidamente ancorados na tradição chinesa, que remonta ao século segundo a.C, quando o Confucionismo se transformou na ideologia oficial do Império Chinês pela mão de Dong Zhongshu (董仲舒,179-104 a.C) , sustentando e justificando uma meritocracia não apenas no interior da China, mas também por todo o mundo a que os chineses chegaram e chegam. Assim, são as Cinco Virtudes Constantes (五常Wǔcháng): Humanidade (仁 Rén) , Justiça (义 Yì), Ritos(礼Lǐ), Sabedoria(智Zhì) e Confiança (信 Xìn), que permitem ancorar, por um lado, a política diretamente na ética, viabilizando um bom governo para todos os chineses na base de virtudes constantes, por outro, os próprios contactos sociais, dentro e fora da China, são guiados pelas virtudes confucionistas em nome de um futuro harmoniosamente compartilhado. Na filosofia confucionista, está-se, portanto, ao nível de uma conectividade ético-moral, que viabiliza relações sociais harmoniosas, sendo a face visível do princípio da conectividade. O princípio em apreço poderá assumir outras facetas se a ótica se dirigir para filosofias proporcionando explicações cosmológicas e ontológicas da existência, como é o caso da filosofia taoista. Aqui o princípio da conectividade desloca-se da sociedade para a ontologia e cosmologia. Todos os seres sem exceção estão ligados a uma mesma raiz donde emanam, nunca perdendo a capacidade, quer de se diferenciarem, quer de transformarem uns nos outros, ou de se unificarem com a fonte donde brotam, como somos informados pelo alegado patriarca do Taoismo, Laozi (老子), no capítulo VI do Livro da Via e da Virtude, cujo texto em chinês se pode encontrar na tradução da obra realizada por António Graça de Abreu (2013:38): 谷神不死 是谓玄牝 玄牝之门 是谓天地根 棉棉若存 用之不勤 Que gostaria de traduzir do seguinte modo: O Espírito do Vale nunca morre, Ao qual se chama fêmea misteriosa, As aberturas desta fêmea misteriosa Chamam-se a raiz do Céu e da Terra, Existindo ininterruptamente, Sem nunca se esgotarem. Todos os seres vivos estão ligados a uma mesma raiz, donde brotam incessantemente através do Céu e da Terra. Emergem, diferenciam-se, aproximam-se uns dos outros e podem regressar à origem, caso se esvaziem do “ter” para iniciarem o movimento de regresso que poderá conduzir à reunião total, como nos é explicado no capítulo XL (Abreu, 2013, 106): 反者道之动 弱者道之用 天下万物1生于有 有生于无 Que traduzo do seguinte modo: O regresso é o movimento do Tao, O Tao pratica-se pela flexibilidade, Tudo o que existe nasce do ter, O ter nasce do não ser. É então pelo esvaziamento, pelo “não ter” que se regressa à origem, mas enquanto se tem, também se é, e se vai mantendo relações, tanto mais próximas do Tao quanto mais flexíveis forem. Coexistimos em inter-relação num entendimento que escapa à linguagem, sendo absolutamente intuitivo, só ele pode explicar que os seres saiam ilesos de determinados relacionamentos, à partida muito negativos, porque se mantêm flexíveis e tão vazios quanto possível. Saber viver, na base desta interligação constante, é uma virtude em si que obtém como recompensa o prolongamento da energia da vida, como se percebe pelo seguinte excerto do capítulo L do Livro da Via e da Virtude (Abreu, 2013, 126): 盖闻善摄生者 陆行不遇兕虎 人军不被甲兵 兕无所投其角 虎无所措其爪 兵无所容其刃 夫何故 以其无死地 Segue-se a tradução concordante com a de Graça de Abreu (2013,127) Ouvi dizer da pessoa que sabe viver, Ao viajar por terras distantes Não se cruza com tigres nem rinocerontes, Não será ferido por militares, Os rinocerontes não lhe conseguem espetar o corno, Os tigres não lhe conseguem espetar as garras, Nem os soldados têm capacidade para lhe espetar as espadas. Por que é esta pessoa assim? Porque não tem espaço para morrer. Na verdade, aquele que cultiva a vida é, de acordo com a filosofia taoista, simples, leve humilde, bastante vazio, flexível, pelo que não oferece nem espaço nem resistência aos outros, o que normalmente sucede com feitios complicados, pesados, cheios de si, rígidos. Então essa pessoa está na situação ideal para criar boas relações não apenas com as outras pessoas, à maneira confucionista, como ainda com toda a natureza, ao jeito taoista. Os outros animais, por mais ferozes que sejam, reconhecem-lhe a santidade, e os outros humanos, ainda que estejam bem preparados para a guerra, como é o caso dos militares, não têm vontade de o fazer, porque não encontram qualquer ponta de agressividade ou resistência nesse ser. Estas ontologia e cosmologia inteligentes e comunicantes estendem-se a toda a natureza, em rede, através do exercício e cultivo das virtudes corretas, que no caso do Taoismo são a compaixão, a frugalidade e a simplicidade, como nos é comunicado no capítulo LXVII do Clássico da Via e da Virtude (Abreu, 2013, 161), tendo sido amplamente desenvolvidas por Zhuangzi (庄子)2 e Huainanzi (淮南子) 3 . Em Zhuangzi, além dos exemplos mais conhecidos como “Zhuang Zhou4 sonhou que era uma borboleta” (庄周梦蝶)ou a “alegria dos peixes” (鱼之乐), há outros como o “barco vazio” (虚船), que indicam a maneira correta de se estar em rede na existência, como um barco sem ninguém ao leme, a fim de que quando outro barqueiro vem na nossa direção em rota de colisão, não haja resposta possível, mesmo que se seja insultado (a) por o nosso barco ter ido inadvertidamente contra o dele (Zhuangzi, 1999, 322-323), ou “quando o sapato se adapta”, e é certo que o melhor sapato é sempre aquele mais velho e confortável, quando o pé já deixou de sentir a resistência do material rijo e novo, que incomoda e por vezes deixa bolhas e até o pé esfolado e em carne viva. Acompanhe-se a emblemática história de Zhuangzi, aqui traduzida por mim (1999.313): 工倕旋而盖规矩,指与物化而不以心稽,故其灵台一而不桎。忘足,履之适也;忘腰,带之适也;知忘是非,心知适也;不内变,不外从,事会之适也。始乎适而未尝不适者,忘适之适也。 O artesão Chui era melhor a desenhar círculos do que os que usavam régua e esquadro, os seus dedos transformavam, sem que ele prestasse atenção, movendo-os com grande agilidade e à-vontade, tal como se esquece o pé quando o sapato se adapta; se esquece a cintura, quando o cinto se adapta e se esquece o certo e o errado quando o coração se adapta. Quando nos adaptamos ao mundo exterior não há transformação interna, nem obrigatoriedade externa. Estar-se adaptado, sem o sentir, esquecendo-se mesmo de o estar, é a verdadeira adaptação. A pessoa virtuosa taoista é supremamente bondosa, tal como o água, que é a imagem do bem supremo nesta filosofia, como se sabe pelo capítulo VIII do Livro da Via e da virtude (Abreu, 2013, 43). A água é descrita como dando vida a tudo o que existe, correndo livre por toda a parte, dado o seu excelente poder de adaptação. Pode-se dizer que se está perante um “darwinismo existencial” avant la lettre, que é cultivado com simplicidade e afabilidade, virtudes constitutivas da pessoa chinesa tradicional, à qual se juntam, na dimensão social, todas as outras virtudes confucionistas, a começar pela Humanidade e Justiça, passando pelos Ritos e Sabedoria que culminam na Confiança. Uma pessoa que cultivou o seu carácter, para os taoistas de um modo quase inconsciente, para os confucionistas de uma maneira deliberada e concentrada, obtém como recompensa uma ligação essencial à vida, colocando-se na rede existencial na posição certa para ativar a Ressonância Universal (感应gǎnyìng), que nos vem do Taoismo, nomeadamente de Huainanzi (淮南子), cuja dimensão espiritual é muito forte e será complementada pela filosofia budista que religa todos os seres através da imagem da teia de Indra, a divindade das forças naturais que protege e nutre a vida, tendo pendurado no seu palácio no monte Meru uma teia de fios de seda que nos une a todos à semelhança de uma teia de aranha, estendendo-se ao infinito e conectando em todas as direções. Cada um de nós é uma joia preciosa que reflete e é refletida, entrando em contacto com todas as outras por reflexão. E Buda acrescenta para o seu discípulo que estando todos interligados, há que cuidar muito bem uns dos outros. Taoistas e budistas concordam nesta ligação ontológica misteriosa, baseada numa comunicação a um nível intuitivo, quase inconsciente, diretamente ligado ao coração-mente, no caso dos budistas, que facilitará por certo as relações sociais, sobretudo quando são justas, já que esta mesma ligação pode punir fortemente aqueles que exercem o seu poder pela força, por exemplo, na obra dos primórdios da dinastia Han, intitulada Huainanzi (《淮南子》Huáinánzǐ), tendo sido o sexto capítulo traduzido pelo sinólogo canadiano Charles Le Blanc, sob o título Huainanzi 淮南子 Philosophical Synthesis in Early Han Thought, com subtítulo The Idea of Resonance (Kan-Ying 感應) with a Translation and Analysis of Chapter six. Na primeira seção do capítulo VI, no episódio da rapariga do povo que se queixa aos Céus dos abusos do Duque Jing5 (京), despoletando esta queixa uma resposta natural devastadora que conduz à morte desse Senhor soterrado, após um tremor terra, nos escombros do seu pavilhão (Blanc, 1985, 103). A Ressonância Universal enigmática viabiliza, se pensarmos em termos da teia budista equivalente ao Tao, Espírito do Vale, uma Ressonância Mútua (相应xiāngyìng), que para os taoistas como Huainanzi, depende da espontaneidade, também denominada por este filósofo “Pura Sinceridade” (精诚 Jīngchéng) (Blanc, 1985, 107). A ressonância pode ser relativa e mútua ou absoluta e universal quando se consegue alcançar uma resposta do próprio Tao, que, ao ser visto como um instrumento musical, é a nota que governa todas as outras (Blanc, 1985, 138). A pessoa chinesa, que vem para o resto do mundo através dos vários corredores terrestres e marítimos da Nova Rota da Seda (新丝绸之路xīn sīchóu zhī lù) conectante do todo numa vasta rede, mais não faz do que reproduzir antigas metáforas e imagens advindas das diversas filosofias chinesas. Os chineses de hoje procuram as relações num mundo que postularam interdependente e ligado desde que iniciaram os seus esforços filosóficos, com registos físicos que remontam à mais alta antiguidade chinesa, mas que começam a ser organizados por volta do século VI a.C na escola do Mestre Confúcio [孔子(Kǒngzǐ), 551-479 a.C], sendo esta seguida de muito perto por outras escolas como a taoista e já na nossa era pelos diversos tipos de Budismo assimilados, acreditando muitos deles ainda nos nossos dias que o karma, as ações praticadas, serão determinantes na teia de Indra não só para o presente, como na teia das reencarnações futuras. E não esqueçamos que as ações são sempre em função de alguém ou de algo, sendo, portanto, a conexão essencial para a progressão na futura escala do ser, que conta em igual medida com as vidas passadas e a presente. Por fim, os chineses, mesmo que não confessadamente religiosos, cruzadores de terras e navegadores de mares, à semelhança dos nossos compatriotas do século XVI, vêm negociar carregando uma herança cultural específica, que é preciso conhecer para não temer e que assenta no princípio da conectividade aos mais diversos níveis: cultural e filosófico, político e social, económico e comercial. Referências bibliográficas Abreu, António Graça de. 2013.《 道德经》 Laozi. Tao Te Ching. Lisboa. Blanc, Charles Le (Org. e Trad). 1985. Huainanzi 淮南子 Philosophical Synthesis in Early Han Thought. The Idea of Resonance (Kan-Ying 感應) with a Translation and Analysis of Chapter six. Hong Kong: Hong Kong University Press. Cutanda, Grian A. (Adapt.) 2018. “A Rede de indra. Budismo Indiano”. Histórias da Terra. Avalon Project. Disponível em: https://theearthstoriescollection.org/pt/a-rede-de-indra/, acedido a 15 de abril de 2025. Gaspar, Carlos (2020) em O Mundo de Amanhã: Geopolítica Contemporânea. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos. Merton, Thomas. 1999. A Via de Chuang Tzu. Petrópolis: Editora Vozes. Qin Xuqing (秦旭卿), Sun Yongchang (孙雍长) (Trad Chinês Contemporâneo),Wang Rongpei() (汪榕培Trad. Inglês). 1999. Zhuangzi 庄子. Vol I e II. Hunan, Beijing, Hunan People´s Publishing House, Foreign Languages Press. 天下万物 (tiānxià wànwù) numa tradução literal é “as dez mil coisas debaixo do Céu”. Zhuangzi [庄子 (Zhuāngzǐ), c. 369-298 a. C]. O Príncipe de Huainan, Liu An [劉(刘)安Liú’ān, 179?-122 a.C] Zhou (周) é o nome próprio do filósofo Zhuangzi. Duque Ching no texto, já que Charles Blanc não segue o alfabeto fonético chinês Pinyin, mas o sistema Wade-Giles.
Albergue SCM | Arte multimédia de cinco artistas em exposição Hoje Macau - 17 Abr 2025 “Verses of Rain in Late Spring – New Media Art Exhibition” abriu portas ontem na galeria do Albergue SCM. A mostra exibe trabalhos de arte multimédia de Cindy Ng Sio Ieng, Kit Lei Ka Ieng, Wang Tou Kun, Chon Iap Lam e Xiaoqiao Li O Albergue da Santa Casa da Misericórdia (SCM) tem uma nova exposição em exibição desde ontem. Trata-se de “Verses of Rain in Late Spring – New Media Art Exhibition” [Versos da Chuva no Final da Primavera – Exposição de Arte de Novos Media] e apresenta trabalhos de cinco artistas: Cindy Ng Sio Ieng, Kit Lei Ka Ieng, Wang Tou Kun, Chon Iap Lam e Xiaoqiao Li. Segundo uma nota de imprensa divulgada pela organização, os artistas “utilizam fotografia digital, instalações sonoras digitais interactivas, pintura computorizada e tinta invisível” para fazer uma nova interpretação da “sabedoria ecológica contida nos 24 termos solares”, criando um novo vocabulário artístico. Na mesma nota descreve-se que as obras expostas “simulam efeitos de luz e sombra naturais através de técnicas de iluminação virtual, criando a estética da beleza da Primavera”. São também utilizados “dados sonoros em tempo real na condução das instalações, através dos quais o público pode experimentar o ritmo da coexistência” de todos os elementos expostos. Esta “criação interdisciplinar rompe com as formas narrativas tradicionais da arte, explorando questões de tecnologia e desenvolvimento sustentável”, refere a organização, que diz ainda pretender “proporcionar ao público uma experiência filosófica cíclica” com base no poder da chuva e na ideia de que “a chuva nutre todos os grãos”. Assim, encoraja-se “a contemplação da relação entre tecnologia e natureza enquanto se aprecia a arte”. Várias dimensões Patente até ao dia 28 de Maio, esta mostra foi organizada pelo CAC – Círculo dos Amigos da Cultura de Macau, tendo Cindy Ng Sio Ieng como curadora. Cindy Ng Sio Ieng indica que a exposição remete para o período final da Primavera, “com a chegada da estação das ‘chuvas de grãos'”, quando se revela uma poesia própria da estação que “flui pelo mundo”. Nesta mostra existem “luz e sombra virtuais que simulam a dança da natureza”, enquanto o uso de dados sonoros pelos artistas, em tempo real, serve “para impulsionar o ritmo da coexistência”. No caso do artista Wang Tou Kun, natural de Macau, a fotografia digital é o meio utilizado para se expressar artisticamente. Formado na Universidade de Massachusetts Dartmouth, com especialização em meios digitais e fotografia, o artista expressa as suas experiências pessoais, tanto na época como no meio ambiente, e explora “a relação entre a realidade e o virtual através do processamento de meios digitais, num conceito que descreve como ‘pós-fotografia'”. Nesta mostra no Albergue SCM Wang Tou Kun apresenta “The Interconnected Nature Forest Shadow”, inspirada no próprio ambiente do pátio do Albergue SCM, um espaço no meio do bairro de São Lázaro, com árvores antigas. Assim, apresentam-se imagens “em camadas fluidas de tecido transparente”, em que as árvores espelham “sombras dançantes” e em que “as fissuras das paredes de tijolo e os veios das folhas” se interligam. O artista apresenta ainda a série de imagens “9+2: Kunyu Wanguo Quantu”, focadas nas 11 cidades que compõem a área da Grande Baía. “Utilizando capturas de ecrã de websites, o artista recolhe extensivamente imagens relacionadas com estas cidades”, recorrendo depois a “técnicas de colagem digital, fundindo habilmente as capturas de ecrã para construir uma paisagem surreal de cidades interligadas”, descreve a organização. Chon Iap Lam, outro artista participante, é designer de luzes em teatro e apresenta a obra “Two-Dimensional Tree”, onde utiliza instalações de luz e sombra “para desconstruir a relação entre árvores antigas e as suas sombras, bem como as caraterísticas bidimensionais e tridimensionais das sombras”. Assim, “no espaço onírico criado pela instalação de luz, o público pode sentir as sombras das árvores a balançar, como se estivesse imerso numa floresta de tecido transparente, rodeado por várias silhuetas de árvores”, descreve a curadora da mostra. Com este trabalho, Chon Iap Lam mostra “a experiência profissional em design de luzes, reflectindo-se o seu espírito exploratório no domínio da arte digital”. Por sua vez, Xiaoqiao Li, professor no Departamento de Artes Criativas da Universidade Metropolitana de Hong Kong, apresenta um trabalho de animação digital intitulado “Phantom Terrain: Landscapes Reimagined Through Gaussian Point Clouds”, onde emprega tecnologia 3D para criar paisagens que exploram a fronteira entre a realidade e o virtual. Já a artista Kit Lei Ka Ieng apresenta “Unfold”, uma obra interactiva que “utiliza codificação para permitir que os padrões de crescimento das plantas se alterem em resposta a melodias musicais, transitando perfeitamente entre as formas de gotículas de água e cristais”. A artista tem-se dedicado à arte multimédia, com foco em imagens digitais, instalações sonoras e novos meios de comunicação.
Assédio | Idoso detido por tocar em aluna da primária Hoje Macau - 17 Abr 2025 Um residente de 80 anos foi detido no domingo por, alegadamente, tocar na zona das nádegas de uma menina que frequenta o ensino primário. Segundo o jornal Ou Mun, o episódio ocorreu no passado dia 10 de Abril na Avenida General Castelo Branco. A menina terá contado o sucedido à mãe quando chegou a casa, seguindo-se da apresentação da queixa ao Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP). Segundo o jornal, as autoridades recorreram a câmaras de videovigilância para confirmar o ocorrido e o homem foi detido por volta das 14h. O suspeito, de apelido Wong, pode ser acusado do crime de agressão sexual a menor. O caso foi transferido para o Ministério Público para posterior investigação.
Autocarros | Nova paragem junto ao edifício Mong Son Hoje Macau - 17 Abr 2025 A partir de amanhã serão instaladas duas novas paragens de autocarro junto ao edifício Mong Son, na Avenida de Venceslau de Morais, para sete carreiras. Segundo uma nota da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), as novas paragens foram organizadas tendo em conta “a entrada de novos residentes no edifício Mong Son e as necessidades de deslocação”. Assim, a paragem “Av. Venc. Morais / Edf. Mong Son” fica localizada em frente ao Bloco 1 do Edifício Mong Son, enquanto a paragem “Edf. Mong Son” fica na via interior do edifício. Assim, sete carreiras de autocarros que circulam na área passarão a incluir estas paragens nos seus percursos. Destaque ainda para o facto de as carreiras 1A, em direcção ao Fai Chi Kei, carreira 10, para as Portas do Cerco; 28B, em direcção ao Terminal da Ilha Verde e 29, em direcção à Ilha Verde pararem junto ao edifício Mong Son depois de pararem na “R. Bend / DSAL”. A carreira 2, na direcção à Alameda da Tranquilidade, após parar na CEM, faz escala na paragem “Av. Venc. Morais / Edf. Mong Son”.
Almirante Sérgio | Pilar caiu na rua sem provocar feridos Hoje Macau - 17 Abr 2025 Um pilar caiu ontem na Rua Almirante Sérgio, mas não provocou feridos. Segundo o jornal Ou Mun, as autoridades acompanharam o incidente de imediato e foi realizada uma inspecção para apurar as causas da queda. Segundo uma primeira análise de uma equipa da Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP), o pilar que caiu tinha uma função meramente decorativa, não constituindo perigo para a estrutura do edifício residencial situado ao lado. Faltam ainda apurar as causas da queda, que se deu numa altura em que se realizam obras viárias na rua. Desta forma, os responsáveis da DSOP comunicaram com o empreiteiro da obra a fim de assegurar todos os cuidados necessários para evitar novos incidentes. Aquando do momento da queda do pilar, os trabalhadores não estavam a fazer escavações no solo. Foto: Jornal Ou Mun
Trânsito | Menos acidentes rodoviários no primeiro trimestre Andreia Sofia Silva - 17 Abr 2025 Nos primeiros três meses de 2025 houve uma ligeira descida, de 3,44 por cento, do número de acidentes de viação, face a 2024. Destaque também para a falta de respeito dos condutores para com peões em passadeiras. As multas continuam aumentar, com particular incidência para as de estacionamento Macau registou, em termos anuais, uma queda no número de acidentes de viação nos primeiros três meses de 2025. É o que dizem os dados do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), que mostram que no primeiro trimestre houve 3.626 acidentes, menos 3,44 por cento face aos meses de Janeiro a Março de 2024. Destaque para o facto de, desse número, 162 acidentes terem envolvido peões. No tocante a multas por violação das regras de trânsito, o CPSP instaurou um total de 193 mil no primeiro trimestre, o que constitui um aumento de 12,8 por cento face a igual período do ano passado. As multas envolveram um montante de 51,67 milhões de patacas, mais 8,32 por cento. Em relação ao estacionamento em zonas proibidas, também se registou um aumento anual, com 171 mil multas passadas, mais 14,5 por cento, enquanto nos estacionamentos ilegais nas vias públicas o aumento foi de 10,92 por cento, tendo-se verificado 154,517 mil infracções nestes primeiros três meses. Quanto a ilegalidades cometidas em zonas de estacionamento tarifadas, ou lugares com parquímetro, o aumento é maior, na ordem dos 62 por cento, com cerca de 17 mil casos instaurados no primeiro trimestre deste ano. Outro dado que se destaca é as infracções por condução ilegal de motociclos, ou seja, sem carta de condução devida, com mais 68,18 por cento dos casos em termos anuais. No primeiro trimestre deste ano foram registados 37 infracções deste género. Dos números divulgados pelo CPSP destaca-se ainda o grande aumento de casos de condutores que não respeitaram a passagem de peões nas passadeiras, num total de 173 processos, mais 47 por cento. Mas, do lado inverso da moeda, também os peões não cumpriram, com as autoridades a registar 2.400 casos. Ainda assim, a redução foi de 20 por cento face ao primeiro trimestre do ano passado. Táxis menos cumpridores Os dados do CPSP mostram também como as infracções perpetradas por taxistas continuam, com um aumento anual de 2,2 por cento, no total de 660 infracções nos primeiros três meses do ano. Relativamente ao tipo de infracção, a cobrança abusiva de tarifas teve um aumento de mais 116,67 por cento face ao primeiro trimestre do ano passado, enquanto a recusa de transporte surge em segundo lugar, com mais 53,57 por cento de casos. Porém, a infracção que domina é o acto de “não aguardar por ordem de chegada os clientes nas praças de táxi”, com 436 ocorrências no primeiro trimestre deste ano face aos 21 casos de 2024. Trata-se de um aumento de 1976,19 por cento. Em relação ao uso indevido do taxímetro registou-se uma quebra de 68,42 por cento, enquanto que “outras irregularidades” tiveram um aumento na ordem dos 220 por cento, com um total de 660 ocorrências no primeiro trimestre em relação aos 206 casos do primeiro trimestre de 2024 No tocante ao pagamento de multas, em 48 casos taxistas pagaram um total de 52 mil patacas, sendo que apenas três taxistas viram a sua licença cancelada por excesso de infracções num período de cinco anos. As autoridades receberam ainda, no primeiro trimestre, 270 queixas apresentadas pelo público devido ao mau serviço prestado pelos taxistas, sendo que 80 por cento estava relacionada com atitude e comportamento para com os clientes.
Macauport | Lucro de 565,8 mil patacas no ano passado Hoje Macau - 17 Abr 2025 A Macauport apresentou um lucro de cerca de 565,8 mil patacas em 2024, apesar de considerar que as condições de operação ao longo do ano não foram satisfatórias. Os resultados mostram uma quebra acentuada em comparação com 2023, quando os lucros tinham sido de 9 milhões de patacas. “Após a proposta de relocação de pontes-cais do Porto Interior ter sido protelada e a entrada em funcionamento da Ponte de Hong Kong-Zhuhai-Macau, as condições operacionais da Macauport não foram, de um modo geral, satisfatórias em 2024, tendo afectado o rendimento proveniente da prestação de serviços, que desceu para 1.854.000”, foi explicado no relatório divulgado ontem no Boletim Oficial. “O lucro antes de impostos baixou para 813.954 patacas. Deste resultado, após a dedução da retribuição a pagar ao Governo da RAEM, nos termos do contrato de concessão, o lucro líquido apurado no exercício corrente foi de 565.772 patacas”, foi acrescentado. A Macauport é responsável pela gestão da operação do Terminal de Contentores do Porto de Ká-Hó e tem como principal accionista a Marban Corporation, empresa registada no paraíso fiscal das Bahamas. A Marban tem uma participação de 55 por cento e está ligada ao universo da STDM, pelo que as filhas de Stanley Ho, Pansy Ho e Daisy Ho, fazem parte da estrutura dirigente. O outro grande accionista da empresa é a RAEM, com uma participação de 31,8 por cento. A empresa estatal Nam Kwong é outro dos grandes accionistas, com uma participação de 12 por cento.
Óbito | Morreu Elaine Wynn, co-fundadora do grupo Wynn Resorts Hoje Macau - 17 Abr 2025 Elaine Wynn morreu na passada terça-feira com 82 anos. A co-fundadora do grupo de hotéis e casinos Wynn Resorts deixa uma marca como empresária, filantropa e “defensora incansável de Las Vegas, das crianças e da sua educação”, refere a empresa que ajudou a fundar A empresária bilionária e filantropa Elaine Wynn, co-fundadora do grupo de hotéis e casinos Wynn Resorts, morreu aos 82 anos, informou esta terça-feira a empresa. “Como co-fundadora e uma das maiores accionistas da Wynn Resorts, ajudou a criar e a transformar a empresa numa das mais amadas marcas de resorts de luxo do mundo”, refere o comunicado, que não detalha as circunstâncias da sua morte. “Foi uma defensora incansável de Las Vegas, das crianças e da sua educação, e das artes”, acrescenta o obituário, que refere que a empresária celebrou recentemente o 20º aniversário do Hotel Wynn em Las Vegas, tendo também criado o Hotel Encore. Elaine Wynn, que nasceu em Nova Iorque em 1943, adoptou o sobrenome do seu ex-marido Steve Wynn, o herdeiro de salões de bingo da Costa Leste, com quem casou e de quem se divorciou duas vezes e que, ao longo de 44 anos, ajudou a moldar Las Vegas. Os Wynn criaram as cadeias de luxo Wynn Resorts e Mirage Resorts, e é-lhes atribuída a revitalização da zona hoteleira conhecida como Strip, incluindo o hotel Bellagio, com a sua famosa fonte, ou o hotel Mirage, com o seu espantoso vulcão. Em Macau, onde a operadora iniciou actividades depois da liberalização do jogo, a Wynn detém vários empreendimentos de jogo e resort integrado, nomeadamente o Wynn Macau e o Wynn Palace no Cotai, através da empresa Wynn Macau Ltd. Em Fevereiro a Wynn Resorts voltou a ser reconhecida como uma das “empresas mais admiradas do mundo”, uma distinção atribuída pela revista Fortune. A Wynn Resorts recebeu a classificação mais elevada para um resort de casino, obtendo “uma boa pontuação na categoria de qualidade de produtos / serviços”, descreve uma nota oficial da Wynn sobre a distinção. Divórcio definitivo em 2010 A empresária divorciou-se definitivamente de Steve Wynn em 2010, mas continuou a ser a maior accionista individual da Wynn Resorts e dedicou-se também ao trabalho filantrópico, especialmente nas artes e na educação, recordam os meios de comunicação locais. Figuras políticas de Las Vegas lamentaram a sua morte, incluindo a presidente da Câmara Shelley Berkley, que disse que Elaine tinha planeado abrir um museu de arte na cidade, e o governador do Nevada, Joe Lombardo, considerou-a uma “mulher de negócios visionária”. A nível pessoal, Elaine teve duas filhas com o magnata Steve Wynn, com quem teve um divórcio que se intensificou quando foi acusado de assédio sexual em 2018, um escândalo que o obrigou a retirar-se da sua empresa e que, segundo sugeriu, tinha sido “instigado” pela ex-mulher. Segundo o relatório anual de 2024 da Wynn Resorts, publicado a 31 de Dezembro, Elaine Wynn detinha cerca de 8,85 por cento das acções ordinárias em circulação, sendo a segunda maior accionista da empresa, atrás do bilionário americano Tilman Fertitta. Segundo a revista Forbes, o património líquido de Elaine Wynn, relativamente a este ano, era de 1,9 mil milhões de dólares.
AMCM | Reservas cambiais caem para os 235,8 mil milhões Hoje Macau - 17 Abr 2025 No final de Março, as reservas cambiais da RAEM cifravam-se em 235,8 mil milhões de patacas, o que representou uma descida de 2,3 por cento face a Fevereiro, de acordo com os dados mais recentes da Autoridade Monetária de Macau (AMCM). Em Fevereiro, as reservas tinham atingido os 241,5 mil milhões de patacas. No final de Março de 2025, as reservas cambiais da RAEM corresponderiam a cerca de 11 vezes a circulação monetária, ou 90,6 por cento do agregado monetário M2 em patacas. O agregado M2 corresponde aos valores da circulação monetária e dos depósitos à ordem somados aos depósitos de poupança, os depósitos com pré-aviso, os depósitos a prazo, outros depósitos e os certificados de depósitos. No final de Março, a taxa de câmbio efectiva da pataca, ponderada pelas suas quotas do comércio, foi de 105,2, representando um decrescimento de 1,55 pontos em comparação com os dados registados no mês anterior e um crescimento de 1,08 pontos relativos face a Março de 2024, implicando que globalmente, a pataca caiu mensalmente face às moedas dos principais parceiros comerciais de Macau, mas subiu anualmente.
Au Kam San acusa AL de obstruir acesso de jornalistas João Santos Filipe - 17 Abr 2025 O antigo deputado Au Kam San considera que a Assembleia Legislativa (AL) está a “obstruir o acesso dos jornalistas” à cobertura das reuniões plenárias. A posição foi tomada através de uma publicação no Facebook, em reacção a um vídeo publicado pelo jornal All Abou Macau. Nas imagens é possível ver uma repórter do jornal, num primeiro momento, a ser impedida de circular na parte exterior da sala do plenário. Mais tarde, a mesma repórter tenta questionar funcionários da AL e do Executivo sobre o facto de não poder entrar numa sala onde decorre uma sessão aberta ao público. Desde que Sam Hou Fai ganhou as eleições, o jornal All Abou Macau tem sido impedido de participar em conferências de imprensa, normalmente com a justificação de que os lugares estão todos ocupados, quando várias vezes não estão. Este tipo de obstrução foi agora estendido ao plenário da Assembleia Legislativa, onde as reuniões são abertas a toda a população. No entanto, os jornalistas da publicação, apesar de não terem sido os últimos a chegar, foram levados para uma sala à parte, onde lhes foi permitido apenas assistir à sessão através da transmissão televisiva. O mesmo tratamento foi aplicado a, pelo menos, um membro do público. Obstrução intencional Este aspecto foi criticado por Au Kam San: “Quando a Assembleia Legislativa impede os jornalistas de entrarem na sala do plenário […] está na realidade a obstruir deliberadamente as entrevistas aos meios de comunicação social”, indicou. “Assistir às sessões por vídeo tem muitas limitações, a câmara só pode ser direccionada para o orador, no máximo, mas o que os repórteres têm de fazer não é apenas captar a expressão do orador em frente à câmara, mas também as expressões de outros não oradores, como funcionários relevantes ou outros deputados, que podem tornar-se materiais noticiosos extremamente importantes”, acrescentou. O ex-deputado considerou ainda que esta prática é nova no hemiciclo, que nunca se verificou desde os tempos da administração portuguesa, e que a explicação de que os jornalistas não precisam de acesso à sala principal é “insultuosa”.
Cigarros electrónicos | Lam Lon Wai quer proibição total João Santos Filipe - 17 Abr 2025 O deputado dos Operários pediu ao Governo um prazo para a proibição de cigarros electrónicos, e defende que seja proibido fumar à porta de restaurantes e prédios residenciais, ruas movimentadas e em zonas exteriores perto de escolas e jardins-de-infância Lam Lon Wai quer saber quando irá o Governo elaborar uma proposta de lei para proibir totalmente a utilização de cigarros electrónicos. A questão faz parte da mais recente interpelação escrita do deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). Na interpelação, o deputado indica que “os inquéritos mais recentes” mostram que “os jovens de Macau utilizam cada vez mais cigarros electrónicos”. Na óptica de Lam Lon Wai, este tipo de cigarros é perigoso porque “tem sido utilizado para o consumo de drogas nas regiões vizinhas”. Por isso, o deputado pergunta se as autoridades vão “fazer o que disseram antes e propor novas alterações à lei de controlo do tabagismo”. Lam Lon Wai pede ainda ao Governo que indique em que ponto de situação se encontram os trabalhos para proibir os cigarros electrónicos e que apresente um calendário, para a aprovação da medida e a sua entrada em vigor. Desde 2022 que está em vigor uma proibição de entrada ou saída do território de cigarros electrónicos. Os infractores arriscam-se a pagar uma multa que pode chegar às 4.000 patacas. No entanto, se os cigarros electrónicos se encontrarem em Macau podem ser utilizados. E este é um aspecto que Lam Lon Wai quer ver punido. Mais áreas livres de tabaco No sentido de controlar o consumo do tabaco, Lam Lon Wai pretende também que o Governo avance com a criação de mais áreas totalmente livres de cigarros perto de escolas, hospitais e outras instalações públicas. “Os residentes não estão satisfeitos com as políticas de tabaco e dizem que é difícil evitar o fumo passivo. Esperam também que as autoridades continuem a prestar mais atenção, alargando as zonas de proibição de fumar e reforçando os esforços de publicidade e de aplicação da lei”, escreveu o legislador. De acordo com a proposta do deputado, as autoridades de saúde devem ponderar aplicar proibições de fumar em locais como entradas dos edifícios residenciais, restaurantes e ruas mais movimentadas e até carros privados, quando no interior estiverem crianças, como diz ser cada vez mais frequente em Hong Kong. Além das proibições, Lam sugere um esforço maior para ajudar as pessoas a deixarem de fumar, com a criação de clínicas e o aumento de inspecções e punições. “Especialmente no que diz respeito ao crescimento saudável dos jovens, é preciso mais educação preventiva sobre o tabaco e o álcool […] e aumentar a consciência dos jovens sobre a autoprotecção e estabeleceremos uma base sólida para o projecto de uma Macau saudável”, destacou.
Instituto Cultural | Choi Kin Long nomeado vice-presidente Hoje Macau - 17 Abr 2025 Choi Kin Long foi nomeado, em comissão de serviço, como vice-presidente dos Instituto Cultural (IC) pelo período de um ano. A escolha da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, foi publicada ontem no Boletim Oficial. Choi encontrava-se a desempenhar estas funções, desde Outubro, mas em regime de substituição, num cargo que se encontrava vago. Choi é licenciado em Engenharia Civil pela University de Chiao Tung de Taiwan e tem dois mestrados, um em Gestão de Engenharia pela University de Tecnologia de Sydney e outro em Administração Pública pelo Instituto Nacional de Administração da China. O novo vice faz parte dos quadros do IC desde Setembro de 2009, tendo desempenhado as funções de técnico superior, chefia funcional, chefe de divisão de salvaguarda do Património Cultural e chefe do Departamento do Património Cultural.
Saúde | Governo adia decisão e promete estudar directiva antecipada João Santos Filipe - 17 Abr 2025 O Governo considera que a legislação para permitir que alguém abdique de receber tratamento médico vai “enfrentar vários problemas”. Assim sendo, promete continuar a estudar o assunto, sem se comprometer com qualquer decisão O Governo considera que fazer uma lei que permita às pessoas abdicarem antecipadamente de receber tratamentos médicos antes de perderam a capacidade para comunicar vai “enfrentar vários problemas”. Foi desta forma que o Instituto de Acção Social (IAS), através do presidente Hon Wai, respondeu a uma interpelação de Ho Ion Sang sobre o assunto. Porém, o presidente do IAS considera que os trabalhos realizados até agora para elaborar a nova legislação foram “positivos”. A directiva antecipada, também conhecida como decisão antecipada ou testamento vital, é uma escolha que pode ser tomada pelos cidadãos para recusar alguns tipos específicos de tratamento no futuro. Um exemplo prático da sua aplicação pode ser quando uma pessoa se encontra em morte cerebral, mas com as funções vitais apenas asseguradas artificialmente. A directiva antecipada pode estabelecer a vontade da pessoa não estar ligada às máquinas. A escolha é permitida em regiões e países como Portugal, Espanha, Alemanha, Coreia do Sul, Israel, Singapura, Estados Unidos, Canadá, entre outros. A pergunta surge depois de Hong Kong ter legislado sobre o assunto, e das autoridades de Macau terem colocado a possibilidade de avançarem neste sentido, em 2021, inclusive com a criação de um grupo de estudo. No entanto, face às questões de Ho, o Governo considera que ainda não há condições [para apresentar a proposta de lei], apesar dos trabalhos preliminares de comparação legislativa terem sido “positivos”. O que é isso? No entender das autoridades é necessário explicar melhor à população o alcance da directiva antecipada, que muitas vezes é desconhecida: “Tendo em consideração que a legislação sobre a criação da ‘directiva antecipada de vontade’ vai enfrentar vários problemas, nomeadamente, em matéria de conceito social e a nível de execução, os Serviços de Saúde planeiam reforçar a educação e a divulgação, no sentido de elevar o conhecimento dos cidadãos sobre a ‘directiva antecipada de vontade’”, foi comunicado. “A par disso, planeiam realizar, em colaboração com instituições académicas, um estudo sobre a ‘directiva antecipada de vontade’, promovendo, de forma ordenada, os respectivos trabalhos”, foi acrescentado. Importa referir que o tema foi abordado no estudo “Advance Directives in Macao: Not Legally Recognised, but. . .” [DAV em Macau: Sem Reconhecimento Legal, mas…”, assinado por Man Teng Iong, docente da Faculdade de Direito da Universidade de Macau (UM), e Vera Lúcia Raposo, ex-docente da mesma faculdade e actualmente professora na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa. No mesmo sentido, o Governo garante que vai trabalhar com as associações locais para que o tema seja discutido com o objectivo de se alcançar um consenso. No documento, as autoridades defendem também que nos últimos anos têm reforçado os esforços para garantir que os cuidados paliativos na RAEM respondem cada vez mais às necessidades e com melhor qualidade.
Singapura | Parlamento dissolvido abre caminho a eleições gerais Hoje Macau - 16 Abr 2025 O parlamento de Singapura foi dissolvido, abrindo caminho para eleições gerais nas quais o Partido de Acção Popular (PAP), que governa o país há muito tempo, tentará fortalecer o seu domínio, sob o comando do primeiro-ministro Lawrence Wong. O Departamento Eleitoral definiu o dia 3 de Maio como data para as eleições. A vitória está praticamente garantida para o PAP, que lidera Singapura desde sua independência, em 1965. Wong, que tomou posse como quarto líder de Singapura em Maio do ano passado, quer conquistar uma vitória mais robusta, depois de o PAP ter sofrido um revés nas eleições de 2020 devido ao crescente descontentamento dos eleitores com o Governo. Wong sucedeu Lee Hsien Loong, que renunciou após duas décadas no comando do país. A saída de Lee marcou o fim de uma dinastia familiar iniciada pelo seu pai, Lee Kuan Yew, o primeiro líder de Singapura que transformou a ilha numa das nações mais ricas do mundo durante os 31 anos que esteve no cargo. Nas eleições de 2020, realizadas durante a pandemia de covid-19, o PAP manteve a maioria absoluta, com 83 dos 93 assentos parlamentares, mas perdeu lugares para a oposição, que aumentou representação parlamentar de seis para 10, a maior já registada.
Pequim, Hong Kong e Macau acusam EUA de atacar sobrevivência da China Hoje Macau - 16 Abr 202516 Abr 2025 O principal responsável do Partido Comunista Chinês para os assuntos de Hong Kong e Macau e os líderes dos governos das duas regiões acusaram ontem os Estados Unidos de impor tarifas para sabotar a China. “Os EUA têm alvo as nossas tarifas, eles têm como alvo a nossa própria sobrevivência”, disse Xia Baolong, diretor do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau, sob a tutela do Conselho de Estado. “Apesar de Hong Kong ser a maior fonte de excedente comercial dos EUA, os Estados Unidos ainda impuseram tarifas elevadas. Isto é extremamente arrogante e descarado”, disse Xia. “Os EUA não podem tolerar a prosperidade e a estabilidade de Hong Kong e são o maior manipulador sinistro que mina os direitos humanos, a liberdade, o Estado de direito, a prosperidade e a estabilidade em Hong Kong”, acrescentou o dirigente. Xia falava num discurso pré-gravado, transmitido durante a inauguração de uma exposição em Hong Kong, a propósito do Dia da Educação da Segurança Nacional. “Quem tente levar-nos de volta à pobreza e à fraqueza é nosso inimigo”, alertou o dirigente. “Aqueles que traem os interesses nacionais e torcem pelo inimigo em momentos críticos nunca serão tolerados”, acrescentou. Palavras de chefes Hoje, na mesma cerimónia, o líder do Governo de Hong Kong, John Lee Ka-chiu, acusou os Estados Unidos de, numa “lógica perversa”, impor tarifas para proteger a sua “hegemonia sem escrúpulos”. “Os Estados Unidos opõem-se ao comércio livre, interrompem o comércio global e as cadeias de abastecimento (…), prejudicando gravemente o sistema de comércio multilateral e o processo de globalização”, lamentou John Lee. O Chefe do Executivo garantiu que Hong Kong “manterá o seu estatuto de porto franco com tarifas basicamente nulas” e irá apresentar uma queixa contra os Estados Unidos junto da Organização Mundial do Comércio. Também o líder do Governo de Macau criticou ontem os Estados Unidos pela “imposição abusiva de impostos aduaneiros a todos os seus parceiros comerciais”, incluindo a China, “sob vários pretextos”. Também durante a inauguração de uma exposição a propósito do Dia da Educação da Segurança Nacional, Sam Hou Fai disse que Washington “devastou severamente o sistema de comércio multilateral (…) e prejudicou a estabilidade da ordem económica mundial”.
Sam Hou Fai teme défice mas vai rever orçamento para reforçar apoios Hoje Macau - 16 Abr 2025 O novo líder do Governo de Macau admitiu ontem recear um défice em 2025, devido à desaceleração nas receitas do jogo, mas reiterou que irá rever o orçamento da região para reforçar os apoios sociais. “Estou preocupado, se as receitas de jogo só alcançarem 15 mil milhões [de patacas por mês], poderá resultar em défice orçamental”, disse Sam Hou Fai aos deputados. Recorde-se que Ho Iat Seng tinha previsto receitas de jogo de 240 mil milhões de patacas em 2025, ou 20 mil milhões por mês. Mas, nos primeiros três meses do ano, os casinos de Macau registaram receitas totais de 57,7 mil milhões de patacas, abaixo da meta fixada pelo Governo, apesar de um aumento de 0,6 por cento em comparação com o mesmo período de 2024. “Temos de ter um sentimento de risco”, alertou Sam Hou Fai, durante o debate das Linhas de Ação Governativa (LAG) para 2025, na Assembleia Legislativa. A Lei Básica exige que as contas públicas se mantenham em terreno positivo. O líder do Governo lembrou que a China – de longe a principal fonte de turistas para Macau – caiu em deflação (queda anual dos preços ao consumidor) em Março, pelo segundo mês consecutivo, “mas as poupanças aumentaram”. Sam Hou Fai defendeu que estes dados mostram que a população chinesa tem também “um sentimento de risco”, que já vinha antes do novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, iniciar uma guerra comercial com a China. Tamanho é relativo Na segunda-feira, na conferência de imprensa após a apresentação das LAG, o Chefe do Executivo admitiu que as tarifas impostas por Trump terão um impacto “mais indirecto” em Macau. Sam Hou Fai apontou como prováveis consequências a diminuição, tanto do consumo das famílias locais, como uma quebra no número de visitantes e no consumo, sobretudo em caso de desvalorização do renmimbi. Ainda assim, o líder do Governo garantiu ontem que irá rever o orçamento para 2025, preparado pelo antecessor, para medidas como a criação de um fundo, no valor de 10 mil milhões de patacas, para apoiar pequenas e médias empresas. Sam Hou Fai admitiu que as despesas correntes, com apoios sociais e com a função pública, “só vão aumentar, não diminuir”, mas preferiu concentrar-se na diversificação das receitas públicas. Nos primeiros dois meses de 2025, os impostos sobre o jogo representaram 89,3 por cento das receitas correntes do Governo de Macau.
Tarifas | UBS aponta para crescimento económico de 3,4% Hoje Macau - 16 Abr 2025 O UBS AG acrescentou ontem a uma série de revisões em baixa do crescimento da economia chinesa a previsão mais pessimista entre os principais bancos, prevendo que vai expandir-se apenas 3,4 por cento este ano, reflectindo o impacto das tarifas norte-americanas. O banco suíço, que anteriormente previa um crescimento de 4 por cento em 2025, manteve a sua estimativa para o próximo ano em 3 por cento. Ambas as previsões são as mais baixas de todas as projecções compiladas pela agência Bloomberg. “O choque tarifário coloca desafios sem precedentes às exportações da China e vai desencadear um grande ajustamento na economia doméstica”, escreveram os economistas do UBS, incluindo Tao Wang, numa nota publicada ontem. O Goldman Sachs Group e o Citigroup estão entre os bancos globais que reduziram as suas perspectivas para a China nos últimos dias, com a maioria dos economistas a duvidar que Pequim consiga atingir o objectivo oficial de crescimento de cerca de 5 por cento este ano. Se os actuais aumentos das taxas alfandegárias se mantiverem, é provável que arrastem o crescimento do produto interno bruto da China em mais de 2 por cento, apesar dos estímulos adicionais esperados de Pequim, segundo o UBS. Os economistas admitiram que a sua opinião tem “margens de erro elevadas”, devido à “incerteza extremamente grande” que rodeia a guerra comercial em curso. As exportações para os EUA deverão cair dois terços nos próximos trimestres e o total dos envios para o estrangeiro poderá cair 10% em termos de dólares este ano, acrescentaram. “Pensamos que alguns dos outros parceiros comerciais da China também poderão aumentar as tarifas sobre os produtos chineses nos próximos meses, mas provavelmente apenas sobre produtos específicos e não em magnitudes semelhantes às das tarifas dos EUA”, afirmaram.
Xi Jinping homenageia Ho Chi Minh com visita ao seu mausoléu Hoje Macau - 16 Abr 2025 O Presidente chinês, Xi Jinping, homenageou ontem o herói da independência do Vietname, Ho Chi Minh, com uma visita ao seu mausoléu em Hanói, no âmbito de uma visita ao país integrada num périplo pelo Sudeste Asiático. À cabeça de uma delegação chinesa de alto nível e com o secretário-geral do Partido Comunista do Vietname, To Lam, o principal dirigente do Vietname, Xi Jinping levou oferendas ao mausoléu de Ho Chi Minh (1890-1969) na capital vietnamita. Ho Chi Minh, o mais importante líder revolucionário do Vietname, foi o primeiro presidente da República Democrática do Vietname (Vietname do Norte) de 1951 até à sua morte e é ainda hoje venerado pela maioria dos vietnamitas. Apesar da oposição do líder à criação de templos e estátuas em seu nome, seis anos após a sua morte, na sequência da vitória do Norte comunista sobre o Sul pró-americano na Guerra do Vietname, o mausoléu onde repousam os seus restos mortais foi construído em Hanói e tornou-se uma das principais atrações da capital. Durante a visita de Xi ao país do Sudeste Asiático, o Vietname e a China assinaram 45 acordos de cooperação, em áreas como a inteligência artificial (IA), o comércio de produtos agrícolas e a cooperação aduaneira. Acertar agulhas A visita de Xi ao país vizinho, com o qual Pequim também mantém tensões, sobretudo relacionadas com disputas territoriais, está carregada de simbolismo e surge numa altura em que ambas as partes ponderam opções face à guerra comercial do Presidente norte-americano, Donald Trump. Pequim enfrenta taxas de 145 por cento, às quais respondeu com taxas de 125 por cento, enquanto o Vietname está a negociar reduções nas tarifas de 46 por cento anunciadas e depois temporariamente suspensas por Washington. Continuando o seu périplo pelo Sudeste Asiático, que considera uma “prioridade diplomática” dadas as profundas relações comerciais entre os dois actores – a China é o principal parceiro comercial da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) – Xi deslocou-se ontem à Malásia, segunda paragem de uma viagem que terminará no Camboja.
China-EUA | Analistas estimam que ruptura de mercados pode custar biliões Hoje Macau - 16 Abr 2025 Uma dissociação entre os mercados de capitais da China e dos Estados Unidos pode custar 2,5 biliões de dólares num “cenário extremo”, advertiu o banco de investimento Goldman Sachs Os investidores norte-americanos poderiam ser obrigados a vender cerca de 800 mil milhões de dólares em acções chinesas negociadas nas bolsas norte-americanas, em caso de dissociação, afirmaram analistas do banco. A China poderia liquidar as suas participações no Tesouro dos EUA e em acções, no valor de 1,3 bilião de dólares (mais 1,1 bilião de euros) e 370 mil milhões de dólares, respectivamente. O risco de dissociação entre as duas maiores economias do mundo poderá ir para além do comércio, segundo o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, que disse que a opção de retirar empresas chinesas da lista das empresas negociadas nos mercados de capitais dos EUA “está em cima da mesa”. A Administração de Donald Trump impôs já uma taxa de 145 por cento sobre produtos oriundos da China, enquanto Pequim contra-atacou com uma taxa de 125 por cento sobre todos os bens oriundos dos Estados Unidos e outra de 25 por cento sobre determinados produtos. “Nos mercados de capitais, os investidores em acções estão muito concentrados no risco renovado de exclusão dos ADR (American Depositary Receipts) chineses”, afirmaram os analistas do Goldman no relatório. Se a ameaça se concretizar, afectará cerca de 300 empresas, incluindo algumas das maiores empresas tecnológicas da China, que estão cotadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE) ou no Nasdaq, com uma capitalização bolsista conjunta de 1,1 biliões de dólares, de acordo com a Comissão de Análise Económica e de Segurança EUA-China. De acordo com James Wang, director de estratégia para a China do UBS Investment Bank Research, a exclusão das empresas chinesas dos EUA poderia ter implicações fundamentais significativas, incluindo a redução do acesso a um maior volume de capital nos EUA, a potencial redução dos múltiplos de avaliação, devido à perda da base de investidores e a uma menor liquidez. “No entanto, notamos que o levantamento de capital a partir de ADRs [lotes de ações de uma empresa não-americana negociadas em bolsas de outros países] diminuiu nos últimos anos, enquanto o papel de Hong Kong aumentou”, acrescentou. Retorno a casa O grupo Alibaba é a maior empresa chinesa cotada nos EUA, com uma capitalização bolsista actual de 257 mil milhões de dólares. A rival de comércio electrónico PDD Holdings é a segunda, com um valor de mercado de 125,7 mil milhões de dólares. Em 2022, cinco empresas estatais chinesas – PetroChina, China Petroleum and Chemical Corp, China Life Insurance, Aluminium Corporation of China e Sinopec Shanghai Petrochemical – deixaram de ser cotadas nos EUA devido a uma disputa em matéria de auditoria. A crise foi posteriormente resolvida depois de as autoridades reguladoras de ambas as partes terem chegado a um acordo para permitir a realização de inspecções de auditoria em Hong Kong. Desde então, muitas empresas cotadas nos EUA procuraram obter cotações secundárias em Hong Kong ou converteram-se num estatuto de dupla cotação primária para evitar a ameaça de exclusão nos EUA. “Acreditamos que a potencial admissão à cotação em Hong Kong destas empresas poderia provavelmente catalisar uma reavaliação, dada a flexibilidade de os investidores norte-americanos converterem os seus ADR em acções de Hong Kong” em caso de um evento de liquidez perturbador, afirmaram os analistas do Goldman.
GP | Apuramento dos carros de turismo começa com maior presença macaense Sérgio Fonseca - 16 Abr 202516 Abr 2025 O Campeonato de Carros de Turismo de Macau – Macau Road Sport Challenge vai ter início este fim-de-semana no Circuito Internacional de Guangdong, na cidade de Zhaoqing, a 200 quilómetros a noroeste da RAEM. Para esta prova, que servirá de qualificação para o 72º Grande Prémio de Macau, vai estar na grelha de partida uma dúzia de pilotos de Macau, incluindo cinco nomes portugueses Entre os sessenta inscritos, todos eles equipados com dois tipos de viaturas – Toyota GR86 (ZN8) ou Subaru BRZ (ZD8) – estão caras bem conhecidas do automobilismo de Macau. Com o mesmo entusiasmo que lhe é reconhecido há décadas, Rui Valente irá novamente conduzir um Subaru BRZ, o mesmo carro com que competiu no Circuito da Guia, em Novembro do ano passado. O piloto da Premium Racing Team tinha, no último Grande Prémio de Macau, um dos carros mais rápidos em termos de velocidade de ponta no pelotão da sua corrida. Por isso, o foco na pré-época esteve noutros aspectos técnicos do carro que vão além do motor. Também de volta está Célio Alves Dias, após um ano difícil em 2024, muito aquém das suas expectativas. Para isso, o piloto macaense apostou em trocar o chassis do seu Toyota GR86. Este ano, o seu objectivo é contabilizar a vigésima quinta participação no maior evento desportivo de carácter anual da RAEM, pelo que todos os detalhes são importantes. De volta está também Jerónimo Badaraco (Toyota GR86), piloto que, no Grande Prémio de Macau do ano passado, alcançou o segundo lugar na Macau Road Sport Challenge. Depois de ter estado modesto nas provas de apuramento, “Noni” esteve muito forte nas ruas da cidade, onde foi o melhor piloto macaense, numa corrida ganha por Lei Kit Meng. Em estreia este ano estará Maximiano Manhão. Trazendo consigo um apelido com enorme tradição no automobilismo de Macau, o jovem Maximiano, que competiu durante vários anos nas provas locais de karting e, em 2022, participou numa prova do Campeonato Chinês de Fórmula 4, vai fazer a sua estreia na Macau Road Sport Challenge com um Toyota GR86. A presença macaense será reforçada por Dionísio Albino Pereira, piloto regularmente visto nas provas de karting em Coloane, que irá conduzir um Toyota GR86 da LW World Racing Team. Em 2013, competiu no Campeonato de Carros de Turismo de Macau – Macau Touring Car Series, então pilotando um Honda Integra DC5 da equipa PAS Macau Racing Team. A representação do território nestas provas de apuramento contará igualmente com Ao Chi Wang, Carson Tang, Ip Tok Meng, Chan Chi Ha, Lo Kai Tin e Lou Check In. Vai ser a doer Em 2024, a Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) conseguiu colocar todos os pilotos do Campeonato de Carros de Turismo de Macau no fim-desemana do Grande Prémio. Este ano, tudo indica que o cenário de organizar duas corridas para os pilotos locais será impossível. Como tal, estas corridas de apuramento terão um impacto muito maior, e apenas metade dos agora inscritos terá bilhete de entrada para o maior evento desportivo de carácter anual da RAEM. Outra novidade para este ano é que todos os carros serão equipados com pneus da marca italiana Pirelli, tal como já tinha acontecido no Grande Prémio. Todavia, este ano existirá um novo composto, igual para todos, o que poderá baralhar as contas dos favoritos. As centralinas continuarão a ser sorteadas, como no passado. Visto que o número de participantes é elevado, a AAMC irá dividir os pilotos em Grupos A e B, realizando não duas, mas quatro corridas no total. Cada corrida terá 15 voltas, sendo que duas serão disputadas no sábado e outras duas no domingo.
História | Livro sobre americanos em Macau no século XIX apresentado hoje Andreia Sofia Silva - 16 Abr 2025 O livro “To the Farthest Gulf for the Wealth of India – Representações de Macau no Peabody Essex Museum (Salem)”, de Rogério Miguel Puga, conta a história de americanos que viveram em Macau no século XIX. O académico apresenta hoje na Livraria Portuguesa a obra que resultou da consulta a registos guardados num museu em Salem, no Estado do Massachusetts Macau é há muito tempo um lugar de comércio e de vivências de pessoas de todo o mundo. Uma das comunidades estrangeiras que residia no território, no agitado século XIX, era constituída por norte-americanos, cuja presença em Macau perdura em fotografias, diários, objectos e quadros, presentes no Peabody Essex Museum, em Salem, no Estado do Massachusetts. Estes sinais de ostentação da vida, riqueza e dos negócios que os americanos tinham no território foram objecto de análise por parte de Rogério Miguel Puga. O académico ligado à Universidade Nova de Lisboa lançou, em 2023 um livro que resultou de anos de investigação sobre essa temática, intitulado “To the Farthest Gulf for the Wealth of India – Representações de Macau no Peabody Essex Museum (Salem)”. O autor apresenta hoje a obra em Macau, a partir das 18h30, numa sessão na Livraria Portuguesa. Ao HM, conta um pouco sobre o longo percurso de investigação e escrita, que teve o apoio da Fundação Macau. “Comecei o livro em Macau em 2009, mas só em 2023 foi lançado. Faz todo o sentido apresentar o livro na cidade que é tema da investigação e onde o mesmo foi iniciado”. O académico refere que a apresentação de hoje na Livraria Portuguesa é “duplamente simbólica”, pelo facto de existir uma colaboração com o CIELA, um centro de investigação da Universidade de Macau (UM), onde Rogério Miguel Puga tem apresentado algumas palestras sobre os temas do livro, dinamizadas pelo docente Mário Pinharanda Nunes. A sessão de hoje na Livraria Portuguesa é moderada por Joshua Erlich, professor da UM, “que também realiza trabalhos de investigação sobre a Companhia das Índias Orientais, na Índia, comunicando, assim, o seu trabalho com o meu estudo sobre a presença britânica em Macau entre os anos de 1635 e 1793, já publicado”, disse Rogério Miguel Puga. O autor confessa que o evento simboliza também um regresso a um território que não visita desde 2019 e onde “encontra sempre novos temas para estudar”. “Desta vez, foquei-me na presença portuguesa em Hong Kong, depois de visitar a exposição ‘Estórias Lusas’, no Hong Kong Museum of History, sobre a qual publicarei em breve uma recensão em Portugal”, indicou ao HM. O livro apresentado hoje tem estado à venda na livraria Plaza Cultural Macau, Livraria Seng Kwong (Starlight Bookstore) e no Centro de Informações ao Público da Fundação Macau. Mostrar Macau ao mundo Que objectos eram então estes e para que serviam? Que utilidade tinham para os americanos viajantes, numa época de raras e difíceis comunicações? Numa altura em que Macau era a única porta de entrada para a China, que não permitia a residência a estrangeiros, estes aportavam aqui a fazer negócio. Depois, chegados aos EUA, mostravam a Macau que tinham conhecido. Rogério Miguel Puga descobriu este universo quando visitou o museu, em 2005. “Percebi que numa das salas do museu estavam várias representações de Macau. Achei curiosa a ligação [do território] a Salem. Estava um quadro identificado como sendo Macau, mas era, na verdade, uma representação de Xangai. Falei com o curador do museu que me disse que havia mais obras de reserva que não estavam expostas, nomeadamente de George Chinnery e outros artistas”, contou, em entrevista realizada em 2023. No museu de Salem existem objectos como leques, mesas de encaixe, tampos de mesas, retratos, mesas de costura com representações de Macau ou retratos encomendados por norte-americanos. Rogério Miguel Puga escreve não apenas sobre esses objectos, mas também sobre o contexto histórico da época, tendo realizado também investigação em cidades como Nova Iorque, Filadélfia e Washington. Entretanto, decorre também hoje, na UM, entre as 14h45 e as 16h, na Faculdade de Artes e Humanidades, a palestra “Anglo-Portuguese Relations and the British Presence in Macau (18th-19th centuries)”, temática existente no livro. Trata-se de uma sessão onde se fala um pouco da história destes negociantes ocidentais que buscavam Macau para fazerem negócio com a China, sobretudo a partir de 1700, quando a Companhia das Índias Orientais estabelece relações comerciais directas com o país. Na palestra serão também mencionadas as interligações sociais e culturais que decorreram nestes anos entre os estrangeiros negociantes e as populações locais.
Fundação Rui Cunha acolhe lançamento de livro sobre vida útil dos edifícios Hoje Macau - 16 Abr 2025 O Centro de Investigação DOCOMOMO Macau lançou um convite para a apresentação do livro “Como Prolongar a Vida Útil dos Edifícios”, que resulta de uma investigação da Docomomo Macau sobre os exemplos mais significativos da arquitectura moderna do século XX. O evento está agendado para 23 de Abril, pelas 18h30, na Fundação Rui Cunha e vai contar com a participação dos arquitectos Cecilia Chu, Bernard Brennan e Rui Leão, numa conversa moderada por Francisco Ricarte. De acordo com os organizadores, o serão tem o “objectivo de levar a importância do movimento moderno à atenção do público, das autoridades, dos profissionais e da comunidade educativa preocupada com o ambiente construído, e promover o desenvolvimento de técnicas e métodos de conservação adequados e divulgar este conhecimento entre as profissões”. Ao longo da conversa vai ainda ser abordada a conservação do património arquitectónico, o que, segundo os organizadores, tem como plano de fundo as grandes ameaças cada vez mais intensas. “Nas últimas décadas, o património arquitectónico do século passado pareceu mais ameaçado do que em qualquer outro período. Isto deve-se principalmente ao facto de muitas destas obras-primas não serem consideradas elementos do património, de as suas funções originais terem mudado substancialmente e de as suas inovações tecnológicas nem sempre terem resistido a tensões a longo prazo”, foi comunicado. “Uma vez que a utilização funcional pode mudar ao longo do tempo, os edifícios bem concebidos são capazes de se adaptar a novos tipos de utilização e prolongar a sua utilidade quando a sua durabilidade ultrapassa o papel do seu inquilino original”, foi acrescentado. Vozes de intervenção Em relação aos oradores, Cecilia Chu é professora associada na Escola de Arquitectura da Universidade Chinesa de Hong Kong, formada em história urbana e com experiência em design e conservação. Bernard Brennan é associado da Wilkinson Eyre e professor assistente adjunto na Faculdade de Arquitectura da Universidade de Hong Kong (HKU). Como arquitecto profissional, trabalhou numa vasta gama de projectos de reutilização adaptativa em cenários históricos, incluindo recentemente o local do State Theatre em Hong Kong. Por sua vez, o Rui Leão é um arquitecto cuja prática abrange projectos de arquitectura e de planeamento urbano, principalmente em Macau. Trabalha no ensino da arquitectura e em trabalhos editoriais relacionados com as áreas do património e do urbanismo. É licenciado em arquitectura pela Faculdade de Arquitetura da FAUP Porto, Portugal, em 1993, e tem um doutoramento em Arquitectura e Urbanismo pela RMIT, o Royal Melbourne Institute of Technology, na Austrália.
Jogo | Tarifas ainda sem impacto no volume de apostas João Santos Filipe - 16 Abr 2025 Um relatório do banco de investimento Citigroup indica que o mercado do jogo ainda não sentiu os efeitos das tarifas e do combate à troca de dinheiro ilegal. Os analistas salientam ainda o crescimento do número de grandes apostadores O volume das apostas nos casinos de Macau está a ser afectado pelo impacto das disputas comerciais entre os Estados Unidos e China e da detenção de alguns empregados de casinos relacionados com alegadas trocas de dinheiro ilegais. O cenário foi traçado pelo banco de investimento Citigroup, num relatório citado pelo portal GGR Asia. “Apesar da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos – que suscita preocupações quanto a uma redução do apetite pelo jogo – as apostas do segmento mais alto de massas ainda ultrapassam os 11,1 milhões dólares de Hong Kong, o que é surpreendentemente estável face ao período homólogo”, pode ler-se no relatório assinado por George Choi e Timothy Chau. O relatório teve por base as verificações dos analistas nos casinos e estes indicam que até verificaram que alguns grandes apostadores nas mesas de jogo. “Os grandes apostadores continuaram a ser detectados activamente e, em média, apostaram 2 por cento mais do que no ano anterior”, foi apontado. O Citigroup considera grandes apostadores os jogadores que apostam por mão pelo menos 100 mil dólares de Hong Kong. O documento com a data de domingo indicou também que o número dos jogadores de massas que fazem apostas mais elevadas foi de 611, o que indicaram ser um aumento de 8 por cento face ao período homólogo. À margem do impacto Na perspectiva dos analistas, o facto de haver grandes apostadores e do volume das apostas se manter relativamente aos níveis anteriores afasta também preocupações face a duas operações recentes contra troca de dinheiro ilegal em casinos, que resultaram na detenção de alguns empregados das concessionárias. “O facto de estas apostas acontecerem diante dos nossos olhos também sugere que as preocupações sobre a recente intensificação da repressão da polícia de Macau sobre as lojas de penhores que podem actuar como trocas de dinheiro podem ser exageradas – uma vez que os jogadores ainda conseguem levar dinheiro para as mesas de jogo”, foi justificado. No final de Março, as autoridades anunciaram duas operações contra alegadas redes de troca de dinheiro ilegal para o jogo, que levaram à detenção de 42 pessoas, entre as quais trabalhadores das concessionárias. Segundo as autoridades, as trocas terão movimentado para os casinos cerca de 790 milhões e dólares de Hong Kong. No ano passado, em Abril, as receitas brutas totais do jogo foram de 18,5 mil milhões de patacas, o que representou um crescimento de 53,7 por cento, face ao período homólogo, quando tinham sido de 14,7 mil milhões de patacas.