Arraial de S. João | Torre de Macau em festa nos dias 21 e 22

O Arraial de S João está de regresso, mas continua a não se realizar no bairro de São Lázaro como era habitual há uns anos. A festa está marcada para o espaço polivalente da Torre de Macau, nos dias 21 e 22 do presente mês, das 14h30 às 22h.

Segundo uma nota da organização, à semelhança do que aconteceu no ano passado, haverá “tendas de artesanato, de petiscos e de jogos, com muita música proporcionada por bandas locais”. O arraial é da iniciativa da Associação dos Macaenses (ADM) com o subsídio da Fundação Macau, contando com o apoio logístico da Torre de Macau, a colaboração de outras associações como a Associação dos Jovens Macaenses (AJM), Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM) a Casa de Portugal em Macau (CPM), o Instituto Internacional de Macau (IIM).

O arraial, mais do que uma festa em homenagem a um santo popular, corresponde a um esforço comunitário para manter a tradição de comemorar a data histórica de 24 de Junho de 1622, em que, por benção de S. João, a população de Macau resistiu e derrotou a força expedicionária holandesa, preservando Macau com as características que lhe são próprias. Esta data foi assinalada durante séculos, como o dia da Cidade de Macau.

Segundo a mesma nota, a realização do arraial “é fundamental e justificativa para que lhe seja reconhecido o seu lugar no Património Cultural Intangível da RAEM”.

FRC | Lúcia Lemos apresenta hoje a exposição “Metamorfoses”

Como parte integrante do cartaz das comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas, a Fundação Rui Cunha acolhe, a partir de hoje, a mostra “Metamorfoses”, da autoria de Lúcia Lemos. A mostra faz uma retropectiva do trabalho da fotógrafa, artista e ex-directora da Creative Macau

 

A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta hoje, a partir das 18h, a exposição “Metamorfoses”, de Lúcia Lemos, que faz uma retrospectiva do seu percurso artístico, com trabalhos e composições de diferentes géneros. O evento encontra-se inserido no Programa das Festividades de “Junho, Mês de Portugal na RAEM”.

“Metamorfoses” reúne 44 peças que vinculam expressões e estéticas artísticas diversas, como a gravura, fotografia, instalação, pintura e cerâmica. Lúcia Lemos utiliza materiais orgânicos para dar corpo às ideias, e significados à sua arte, nas diferentes linguagens e formas que foi experimentando e aprendendo ao longo da vida, agora com maior liberdade e tempo para explorar.

A mostra emerge de “transformações vividas e observações visuais pessoais do espaço físico – Macau – onde me permiti contaminar, sem nunca deixar de praticar a portugalidade, como sentido de pertença do lugar de onde parti há quatro décadas”, reflecte a artista, citada numa nota da FRC. Lúcia Lemos aposentou-se recentemente do projecto Creative Macau que fundou em Agosto de 2003.

Uma espécie de simbiose

Segundo Lúcia Lemos, a retrospectiva que agora expõe ao público significa também a simbiose de construção e maturação da sua “identidade, modelada pelas mudanças de adaptação e adopção à metamorfose do novo lugar”.

“A arte e o processo artístico procuram formas de integração e ligação do ser humano à natureza e ao mundo que o rodeia”, acrescentou.

Lúcia Lemos construiu uma carreira profissional que cruzou várias artes e estéticas, tendo começado pela obtenção de um diploma em Gestão de Artes em 2001. Posteriormente, instalou o Centro de Indústrias Criativas – Creative Macau, que coordenou por mais de 20 anos, e lançou o Festival Internacional de Curtas de Macau.

Participou em mais de 50 exposições colectivas em Macau e noutros lugares, com alguns trabalhos premiados e linguagens artísticas variadas. Desde 2002, exibiu individualmente fotografia a preto e branco em Berkeley, Curitiba, Lisboa, Macau, Monza, Palermo, Porto, Salzburgo e Xangai. A mostra vai estar patente até ao dia 21 de Junho.

Comércio | Prolongado até Dezembro inquérito ‘antidumping’ sobre carne de porco europeia

O Ministério do Comércio da China anunciou ontem que vai prolongar até Dezembro a investigação por concorrência desleal às importações de determinados produtos de carne de porco provenientes da União Europeia (UE), iniciada em Junho de 2024.

Em comunicado publicado no seu portal oficial, o ministério justificou a extensão da investigação “atendendo à complexidade do caso”, fixando como novo prazo 16 de Dezembro.

O inquérito, lançado em 17 de Junho de 2024, tinha inicialmente uma duração prevista de um ano, com a possibilidade de extensão “em circunstâncias especiais”, como já havia sido sinalizado na altura. A investigação incide sobre carne de porco e miudezas, tanto refrigeradas como congeladas, bem como gordura e derivados, com origem na UE.

Pequim iniciou esta medida como retaliação às taxas alfandegárias impostas por Bruxelas sobre veículos eléctricos fabricados na China, alegando que os subsídios estatais recebidos por este sector criam distorções na concorrência face às marcas europeias. Apesar das tensões, nos últimos meses registou-se uma ligeira aproximação entre a China e a UE, nomeadamente após o impacto da guerra comercial iniciada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump.

O comissário europeu do Comércio, Maros Sefcovic, que visitou a China em Março, afirmou recentemente que Bruxelas e Pequim “partilham interesses mútuos significativos na resolução dos desafios bilaterais e globais” e sublinhou que é “igualmente importante enfrentar as divergências”.

Segundo o responsável europeu, as duas partes estão “a trabalhar arduamente” para alcançar avanços antes da cimeira bilateral agendada para Julho, na China, ocasião em que se celebrará o 50.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre Pequim e Bruxelas.

Quénia | País estuda com a China investimento na criação de fábricas de vacinas

Quénia e China iniciaram conversações para a criação de centros de produção de vacinas e medicamentos no país africano, um projecto avaliado em 500 milhões de dólares, informaram segunda-feira as autoridades quenianas.

O ministro da Saúde queniano, Aden Duale, realizou segunda-feira uma “reunião estratégica” com uma delegação chinesa liderada pela embaixadora do país asiático no Quénia, Guo Haiyan, para discutir o estabelecimento de centros locais de produção de vacinas e produtos farmacêuticos com tecnologia chinesa, afirmou o ministério da Saúde do Quénia em comunicado.

A iniciativa visa “fortalecer as cadeias de abastecimento do Quénia, reduzir a dependência das importações, criar emprego de acordo com a agenda de desenvolvimento do Governo” e posicionar o Quénia como líder continental no processo de fabrico de produtos sanitários, uma visão que se espera que se torne realidade até 2028 com o apoio do Governo chinês, explicou o departamento de Duale.

O ministro queniano também acolheu com satisfação a oferta da China de 500 bolsas de estudo e 20 programas anuais de intercâmbio, considerando-a um investimento fundamental para a futura liderança do Quénia nesse sector.

EUA | Estudantes chineses enfrentam incertezas sobre estudar no país

Apesar das afirmações de Trump de que os EUA “adoram receber estudantes chineses”, o número de recusas de vistos a jovens chineses é cada vez maior

 

He Qixuan, uma estudante de Xangai, exultava de alegria quando na última sexta-feira atendeu o telefonema da Lusa e contou que o seu visto para estudar nos Estados Unidos tinha sido aprovado. “Vou festejar! É o primeiro passo para estudar no estrangeiro!”, disse à Lusa a jovem candidata ao mestrado em Estudos dos Media Emergentes na Universidade de Boston, depois de uma entrevista no consulado dos Estados Unidos em Xangai, onde, como ela, na mesma fila, quase 200 candidatos que aguardavam entrevistas receberam aprovação.

Se a cena parece ilustrar o compromisso assumido pelo Presidente norte-americano na conversa telefónica com o homólogo chinês, Xi Jinping, na passada quinta-feira – e dar corpo à afirmação de Donald Trump de que os EUA “adoram receber estudantes chineses” -, os sinais de Washington sobre o tema são mais do que contraditórios, na perspectiva de diversas fontes chinesas em declarações à Lusa.

A agência Yi Si, sediada em Guangzhou, especializada no apoio de estudantes chineses que pretendem estudar no estrangeiro, dá conta da crescente preocupação com a rejeição de vistos entre os candidatos que recorrem aos seus serviços.

“Tenho dois estudantes da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau a quem foram negados os vistos para estudarem nos Estados Unidos já por três vezes”, disse à Lusa o director da agência, Christ Feng, observando que o consulado dos EUA “não forneceu quaisquer razões” para as rejeições.

“Durante a anterior presidência de Trump, eram os estudantes de informática os que enfrentavam as taxas de rejeição mais elevadas, mas agora os candidatos de todas as especialidades correm o risco de ser recusados”, acrescentou Feng.

Recusas agressivas

Xiangning Wu, uma professora associada do Departamento de Governo e Políticas Públicas da Universidade de Macau, disse à Lusa que, nos últimos anos, o número de alunos seus que estudam nos Estados Unidos “tem vindo a diminuir”, devido ao “aumento das propinas” e a “razões de segurança”.

Wu referiu ainda que as recusas de visto têm visado maioritariamente os estudantes de ciências e engenharia, o que tem feito com que estes alunos acabem por fazer as especializações em Hong Kong e Singapura. As descrições parecem encontrar ressonância no que o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, anunciou em comunicado na véspera do telefonema entre Trump e Xi na semana passada.

Segundo o comunicado do Departamento de Estado, os Estados Unidos vão começar a “revogar agressivamente” os vistos concedidos aos estudantes chineses, e a medida terá como foco principal os estudantes com ligações ao Partido Comunista Chinês (PCC) e os que se encontrem nos Estados Unidos a estudar em áreas sensíveis.

“Sob a liderança do Presidente Trump, o Departamento de Estado trabalhará com o Departamento de Segurança Interna para revogar agressivamente os vistos concedidos a estudantes chineses, incluindo aqueles com ligações ao Partido Comunista Chinês ou estudando em áreas críticas”, informou Rubio.

“Também vamos rever os critérios de concessão de vistos para aumentar o escrutínio de todos os futuros pedidos de visto da República Popular da China e de Hong Kong”, acrescentou o secretário de Estado norte-americano.

Apoios caseiros

Esta determinação foi escutada com a devida atenção na China. A Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) em Macau disse à Lusa que está a preparar-se para “assistir” cerca de 200 estudantes da região administrativa especial chinesa a estudar nos Estados Unidos, assim como outros que aí pretendam prosseguir os estudos.

“A DSEDJ comunicou com instituições terceiras em Macau e solicitou-lhes que estejam atentas aos últimos desenvolvimentos e prestem a necessária facilitação e assistência aos estudantes que se encontram nos Estados Unidos, ou que pretendem estudar nos Estados Unidos, com o objectivo de se transferirem para outros países”, indicou a instituição em comunicado enviado à Lusa.

No ano lectivo de 2022/2023, o número total de estudantes chineses nos Estados Unidos era de 289.526, representando aproximadamente 27,4 por cento do número total de estudantes internacionais dos EUA, e encabeçando a lista pelo 14.º ano consecutivo, de acordo com o relatório Portas Abertas, financiado pelo Departamento de Estado norte-americano.

Jing Wu, Lusa

Tufão | Primeira tempestade do ano com sinal 1 esta manhã

Uma área de baixa pressão que estava ontem na parte central do Mar do Sul da China irá intensificar-se a caminho da ilha de Hainan e da costa oeste de Guangdong no final da semana. Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos vão içar o sinal 1 de tempestade tropical, o primeiro do ano, hoje de manhã

 

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) vão içar hoje de manhã o primeiro sinal 1 de tempestade tropical de 2025. Num comunicado publicado ontem, quando a tempestade se situava a 810 quilómetros de Macau, os SMG indicavam que uma “área de baixa pressão situada na parte central do Mar do Sul da China intensificou-se para uma depressão tropical”, movendo-se lentamente “para as regiões entre a ilha de Hainan e a zona oeste de Guangdong”.

Tendo em conta que a previsão aponta para que a depressão tropical se continue a desenvolver nos próximos dias, devido à sua influência, “prevê-se que o vento se intensifique em Macau no final desta semana”, e que o território seja fustigado por aguaceiros frequentes e trovoadas.

Os SMG garantem que vão continuar a acompanhar a evolução da primeira tempestade da época de tufões, e apelaram à população que “preste atenção às informações meteorológicas mais recentes, adoptando medidas preventivas atempadamente”.

Tempos de bonança

Antes da aproximação da tempestade à costa de Guangdong, os SMG estimam que durante o dia de hoje o tempo continue muito quente, apesar da descida de três graus da temperatura máxima em relação a ontem para 32 graus. O céu estará muito nublado intervalado de períodos de pouco nublado. O cenário muda amanhã, com os aguaceiros, trovoadas e céu geralmente muito nublado.

Segundo a Agência Meteorológica da China, a depressão tropical irá deslocar-se para oeste a uma velocidade de 10 quilómetros por hora. Uma vez que as previsões apontam para o aumento de intensidade, as autoridades nacionais não afastam a possibilidade de a depressão se transformar no primeiro tufão deste ano. O ponto de contacto com a terra deverá acontecer na sexta-feira.

A agência acrescentou ainda que o tempo de formação do primeiro tufão deste ano foi mais tardio do que o habitual e que em anos anteriores, por esta altura, o número de tempestades rondaria uma média de 2,7. O Observatório de Hong Kong também anunciou ontem que iria hoje içar o sinal 1 de tempestade tropical e que amanhã iria avaliar a necessidade de aumentar a o sinal de alerta.

Em declarações à emissora RTHK, um responsável do Observatório de Hong Kong não arriscou prever o impacto da tempestade na região vizinha, devido à multitude de factores envolvidos.

“Para além da distância a que se encontra de Hong Kong, o impacto depende também da sua força na altura [em que passa pela região]. A estrutura do campo de ventos do ciclone também afectará a força do vento e a quantidade de chuva que trará”, indicou Shum Chi-tai.

Obras | Rede de drenagem altera circulação

Várias vias do território estarão encerradas ao trânsito devido aos trabalhos de desobstrução da rede de drenagem, a cargo do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM).

Assim, haverá alterações de circulação entre quinta e sexta-feira em zonas como a Travessa do Bem-Estar, Rua de Brás da Rosa ou Avenida do Almirante Lacerda, entre outras. Entre sábado e segunda-feira, a circulação será reduzida em zonas como a Travessa dos Vendilhões, Rua de Nossa Senhora do Amparo e Travessa da Caldeira, entre outras. O encerramento ao trânsito será faseado, funcionando de madrugada entre as 1h30 e 5h30.

Patane | Trânsito condicionado na Avenida Marginal

A empreitada de construção da passagem superior para peões na Avenida Marginal do Patane, que arrancou há cerca de um ano, irá obrigar ao condicionamento do trânsito, por fases, entre amanhã e 9 de Agosto, de acordo com um comunicado conjunto divulgado ontem pelas direcções de serviços de Obras Públicas e para os Assuntos de Tráfego.

Entre amanhã e domingo, o troço da Avenida Marginal do Patane junto a Van Sion Son Chun terá o trânsito condicionado e, a partir da próxima semana até ao fim do mês será a vez do cruzamento entre a Rua Sul do Patane e a Avenida Marginal do Patane. As obras vão prosseguir, afectando várias secções das vias da zona, até 9 de Agosto. As autoridades indicaram que a empreitada estará concluída em Setembro.

Análise | Fecho de casinos-satélite com impacto mais complexo para SJM

O anúncio do encerramento de 11 casinos-satélite até ao final deste ano foi recebido por analistas e especialista do sector como uma “surpresa negativa”. Numa sucessão de notas divulgadas ontem, em reacção ao anúncio de segunda-feira, vários analistas realçaram a maior complexidade para a SJM da transição para um período sem casinos-satélite, face à expectável suavidade transitória para as concessionárias Melco e Galaxy.

Recorde-se que dos 11 espaços de jogo que vão encerrar, nove operavam sobre a licença da SJM, restando apenas os casinos da Ponte 16 e do L’Arc Macau. Para já, ainda não se sabe se a concessionária irá adquirir toda a propriedade ou apenas os espaços de jogo, mas qualquer que seja a decisão irá requerer a aprovação do Governo.

Numa nota divulgada ontem, a JP Morgan Securities indica que o impacto do encerramento das operações dos casinos-satélite que operavam com as licenças da Melco e Galaxy será “insignificante” para as concessionárias, uma vez que os seus resultados representam percentagens mínimas nas operações dos dois grupos.

A SJM está numa situação completamente diferente. Apesar das operações dos casinos-satélite apenas representarem cerca de 4 por cento dos lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, em inglês), um volume “controlável”, o realinhamento de cerca de 440 mesas de jogos dos casinos-satélite irá acrescentar milhares de trabalhadores às folhas de pagamento de salários da empresa. Se a SJM não acrescentar de forma significativa a sua quota de mercado graças às novas mesas de jogo, o fluxo de trabalhadores pode resultar em prejuízos para a empresa, indicam os analistas da JP Morgan.

Por outro lado, a CLSA destacou a surpresa do fim das operações de alguns casinos-satélite que vinham apresentando lucros, como o Casino Kam Pek Paradise.

IAM / Portal | Actualização elimina cerca de 20 anos de estatísticas

Ao eliminar os dados, o IAM fez com que se perdesse o acesso a informação como a que revela que em 2023 e 2024 houve um pico de abates de animais. O HM tentou obter esclarecimentos, mas ainda não teve resposta

 

O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) actualizou o portal com os dados sobre o número de animais abatidos e aproveitou para deixar de apresentar as estatísticas de cerca de 20 anos. O HM tentou obter esclarecimentos sobre o motivo da eliminação dos dados, mas apesar de um email enviado para quatro assessores a 25 de Maio, até ontem não tinha recebido qualquer resposta, nem sequer de confirmação de recepção do email.

No passado, antes da actualização recente, quem visitasse o portal do IAM sobre o número de animais abatidos conseguia não só perceber o número de mortes de cães e gatos por mês, mas também tinha acesso a um historial com mais de 20 anos.

Os dados mais antigos, entre 2003 e 2007, eram menos completos, uma vez que apenas apresentavam o total dos animais abatidos sem fazerem a discriminação se os animais eram caninos ou felinos. Contudo, todos estes dados deixaram de estar disponíveis, sem que o IAM tenha fornecido qualquer explicação sobre a decisão de deixar de disponibilizar os dados à população.

Além disso, segundo a nova apresentação, deixa de ser possível acompanhar mensalmente as tendências do abate de animais no território. Tal deve-se ao facto de o IAM ter começado a apresentar os dados por trimestre em vez de apresentar por mês.

Limpeza geral

A eliminação dos dados surge numa altura em que o Governo defende estar a implementar uma política de “captura, esterilização e adopção (TNA em inglês)” dos animais de rua, ao invés de recorrer aos abates. Esta era uma política pedida durante vários anos pelas associações de protecção dos animais, como alternativa face ao número de abates. No entanto, entre 2023 e 2024 o número de abates cresceu.

A eliminação dos dados faz também com que desapareça da estatística o pico de mortes de felinos registado na primeira metade de 2023, quando só em seis meses foram abatidos 105 gatos.

Em termos das mortes dos caninos, a eliminação da estatística mostra como o ano com maior número de abates foi 2024, o ano passado, quando o IAM eliminou um total de 311 cães. No entanto, este número é menos de metade do que acontecia em 2010, o ano com maior mortalidade canina de acordo com as estatísticas apagadas pelo IAM, quando foram registadas 718 ocorrências.

À luz da nova estatística oficial, o número de abates de gatos em 2023 e 2024 foi de 140 e 119, respectivamente. Em termos de cães, os números mostram uma subida, com 220 abates em 2023 e 311 abates em 2024. No primeiro semestre do ano, houve 32 abates de gatos e 69 de cães.

Gestão Pública | Totalidade de empresas avaliadas com notas acima de B

A Direcção dos Serviços da Supervisão e da Gestão dos Activos Públicos (DSSGAP) avaliou com nota positiva todas as empresas da RAEM com capitais públicos. Numa escala de 0 a 100 pontos, não houve nenhuma avaliada com uma nota abaixo dos 70 pontos.

Nenhum das empresas conseguiu a nota máxima, mas a CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau e a Sociedade para o Desenvolvimento dos Parques Industriais de Macau foram avaliadas com “A-“, o que significa uma nota entre 80 e 84 pontos.

A maioria das empresas avaliadas obteve uma pontuação superior a 75 pontos, mas inferior a 80, o que significa uma escala de “B+”. Foi o caso da UMCERT Investigação e Ensaios em Engenharia, Macau Renovação Urbana, Central de Depósito e Liquidação de Valores Mobiliários de Macau, Macau Investimento e Desenvolvimento, S.A., Centro de Ciência de Macau, Sociedade Orquestra de Macau, Matadouro de Macau, Sociedade do Metro Ligeiro de Macau e da TDM – Teledifusão de Macau.

Finalmente, as empresas com pior avaliação foram a UMTEC e o Centro de Comércio Mundial de Macau, cuja nota final foi um “B”, o que representa uma avaliação de pelo menos 70 pontos e um máximo de 74 pontos.

A avaliação dos resultados da exploração e do funcionamento resulta da obrigação imposta pelo Regime Jurídico das Empresas de Capitais Públicos de avaliar anualmente estas empresas. As avaliações têm em conta diferentes critérios, conforme a natureza e os objectivos das empresas avaliadas.

“Entre os indicadores da avaliação do desempenho de exploração e funcionamento do ano de 2024, o indicador essencial para todas as empresas foi o desempenho de gestão, prestando atenção designadamente à racionalidade e regularidade do estabelecimento da estrutura de governação, à completude do estabelecimento dos regimes de gestão interna, à exploração em conformidade com a lei, bem como à regularidade da divulgação de informações”, foi indicado pela DSSGAP.

Cultura | Wu Zhiliang quer fundo para garantir segurança nacional

O presidente da Fundação Macau considera que o Governo deve ter um mecanismo para garantir a segurança nacional e o patriotismo na cultura. Como tal, Wu Zhiliang defende a criação de um fundo para promover narrativas nacionais na literatura e nas artes em geral e o estabelecimento de equilíbrios jurídicos entre liberdade de expressão e segurança nacional

 

O presidente do Conselho de Administração da Fundação Macau, Wu Zhiliang, entende que o território está a enfrentar desafios que não podem ser negligenciados e que nem na cultura se deve baixar os braços na defesa da segurança do Estado e do nacionalismo.

Num discurso proferido na segunda-feira em Pequim, na Academia Chinesa de Ciências Sociais, Wu Zhiliang defendeu a criação de um mecanismo que assegure a segurança nacional e a promoção do nacionalismo na cultura e nas artes. Assim sendo, o líder da Fundação Macau, que financia, entre outros, projectos culturais, entende que é necessário criar um fundo especial para promover as narrativas nacionalistas na literatura e nas restantes artes.

Para garantir que não existem violações à lei e aos direitos dos residentes, Wu Zhiliang sugeriu a aposta na cooperação regional para juntar esforços entre as faculdades de Direito de Macau, Hong Kong e Interior da China. Os objectivos da parceria passariam por criar um sistema de interpretação jurídica, com análise a casos típicos para definir padrões de equilíbrio entre liberdade de expressão e segurança nacional.

A parceria poderia também ser alargada a outras áreas do ensino, por exemplo, com o estabelecimento de uma plataforma de partilha de recursos de recursos de educação destinada à segurança nacional na Grande Baía, com vista a promover um modelo da aprendizagem imersiva.

Resposta musculada

A intervenção na área cultural é encarada pelo presidente da Fundação Macau como uma forma de responder aos desafios que a RAEM enfrenta actualmente, indicou em Pequim, sem concretizar especificamente.

O responsável destacou o ambiente social e as bases culturais da população enquanto elementos que não só demonstram a eficácia da governação em Macau, como garantem a segurança nacional através da articulação profunda da estrutura social e dos valores culturais. Para tal, Wu Zhiliang realçou o papel fundamental desempenhado pelo princípio “Um País, Dois Sistemas”, cujo sucesso também depende do ambiente social único da Macau, assim como da sólida identidade cultural. Além da aplicação do princípio político, o responsável destacou a melhoria do bem-estar da população, o sistema educativo e o papel desempenhado pelo tecido associativo.

Wu Zhiliang destacou particularmente as associações patrióticas, e as suas redes de serviços sociais que cobrem toda a cidade, que promovem actividades relacionadas com segurança nacional. Neste aspecto, o dirigente deu como exemplo a mobilização que as associações conseguiram, levando cerca de três mil pessoas para participarem nas sessões de consulta pública, aquando das alterações à lei relativa à defesa da segurança do Estado em 2023.

Casinos-satélite | Davis Fong diz que fechos se devem ao mercado

O académico Davis Fong considerou que o encerramento de 11 casinos-satélite se deve ao funcionamento do mercado e ao facto de as concessionárias e as empresas que exploram os casinos-satélite não terem chegado a acordo sobre o pagamento pela exploração dos casinos. A posição do académico, e ex-deputado nomeado pelo Chefe do Executivo, foi tomada em declarações ao Jornal Ou Mun.

Na óptica de Davis Fong, o fim destes espaços deveram-se principalmente ao desencontro das posições entre os operadores e as concessionárias do jogo, dado que com as alterações à lei do jogo, as empresas que exploram os casinos-satélite deixaram de ser pagas de acordo com as receitas dos casinos, e apenas podem ser pagas através da chamada retribuição do contrato de exploração do jogo, ou seja, um pagamento mensal fixo.

O director do Instituto de Estudos sobre a Indústria do Jogo da Universidade de Macau desvalorizou ainda o impacto do encerramento destes casinos na economia local, ao indicar que actualmente decorre um período de transição para os casinos-satélite, e que nos últimos dois anos e meio era conhecida a possibilidade do encerramento. Por este motivo, indicou Davis Fong, muitos restaurantes mudaram de localização do ZAPE para o NAPE, para se prepararem para o novo cenário, sem estes casinos.

Embora ser conhecido como especialista na área do jogo, Davis Fong não se coibiu de considerar que mesmo sem casinos o ZAPE continua a ser uma área com valor comercial, e que os comerciantes daquela zona devem pensar em novas forma de atrair outros clientes. Fong deixou como sugestão o desenvolvimento do comércio nocturno.

O ex-deputado também opinou que os funcionários dos casinos-satélite ligados a áreas que não-jogo vão enfrentar dificuldades em obter um novo emprego, pelo que defendeu que as concessionárias devem arranjar alternativas de emprego para os futuros desempregados.

Portugal | Luís Montenegro visita Macau e China em Setembro

O primeiro-ministro português planeia visitar a China em Setembro, naquela que será a primeira visita do chefe do Governo de Portugal a Pequim desde 2016, altura em que António Costa esteve na capital chinesa. A novidade foi avançada por Marcelo Rebelo de Sousa, que admitiu não vir a Macau até ao final do mandato

 

O Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, afastou um regresso a Macau, na segunda-feira, mas anunciou que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, deverá passar pela RAEM em Setembro, durante uma visita à China.

O chefe de Estado de Portugal falava aos jornalistas em Lagos, no distrito de Faro, onde chegou na segunda-feira para as celebrações do 10 de Junho, que segundo o programa original iriam prosseguir em Macau, deslocação que foi entretanto cancelada.

“Estava previsto para Macau. Mas não se podia ir a Macau porque temos que estar dia 12 [de Junho] a comemorar a entrada na Europa. Como é que íamos a Macau? Enfim, era impossível”, justificou o Presidente da República.
Interrogado se ainda irá a Macau neste seu segundo e último mandato presidencial, que terminará em 9 de Março do próximo ano, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: “Não. Vai o senhor primeiro-ministro, se puder, mas lá mais para diante, em Setembro”.

“Enquanto eu vou às Nações Unidas, ele vai a Macau, à China. Porque ele tem uma visita à China que também se entroncava na ida a Macau. Vamos ver se ele consegue marcar, enquanto estou em Nova Iorque, ele aproveita para ir a Macau e à China”, acrescentou.

Celebrações canceladas

Após o cancelamento das comemorações do Dia de Portugal em Macau, na sequência da queda do Governo PSD/CDS-PP, em Março, e da convocação de eleições legislativas antecipadas para 18 de Maio, não ficou prevista qualquer celebração desta data no estrangeiro.

Contudo, o Presidente da República e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, acabaram por festejar o 10 de Junho na Alemanha, no sábado, junto da comunidade portuguesa em Estugarda, antes de assistirem à vitória de Portugal na final da Liga das Nações, no domingo à noite, diante a Espanha, em Munique.

Marcelo Rebelo de Sousa realizou uma visita de Estado à República Popular da China entre Abril e Maio de 2019, que começou em Pequim, onde foi recebido pelo Presidente Xi Jinping, passou por Xangai e terminou na Região Administrativa Especial de Macau.

Olhos no futuro

Amélia António, presidente da Casa de Portugal, considerou que a vista de Luís Montenegro a Macau é mais importante do que a visita de Marcelo Rebelo de Sousa, dado que o primeiro-ministro vai manter-se no cargo, enquanto o Presidente está de saída. “De certa maneira compreende-se, seria uma espécie de despedida de Marcelo, em fim de mandato. Mas, se calhar, é bastante mais importante, do ponto de vista diplomático e político, que venha quem esteja numa perspectiva de andar para a frente”, afirmou Amélia Antónia, em declarações à Rádio Macau.

Casinos-satélite | FAOM diz que vai ajudar na procura de emprego

A Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) garante que vai continuar a comunicar com as empresas do jogo, os casinos-satélite e o Governo, a fim de garantir o acompanhamento necessário dos funcionários que vão deixar de ter trabalho nos casinos-satélite.

Segundo o jornal Ou Mun, a FAOM diz ter recebido vários pedidos de ajuda dos trabalhadores antes do anúncio de encerramento dos espaços de jogo a funcionar fora dos empreendimentos das seis concessionárias.

Agora, a FAOM sugere que caso as mesas de jogo sejam transferidas para outro lado e estes trabalhadores fiquem sem emprego, cabe às empresas encontrar alternativas de trabalho para estas pessoas.

Em relação aos funcionários contratados pelas próprias entidades gestoras dos casinos-satélite, e não pelas operadoras, a FAOM defendeu a prioridade ao seu recrutamento. De frisar que na segunda-feira a Melco, Galaxy e SJM Resorts anunciaram os planos de fechar casinos satélite sob sua alçada, salas Mocha e relocalizar mesas de jogo, prometendo garantir a devida transferência dos trabalhadores para outros postos de trabalho.

Neto Valente teme que comunidade portuguesa perca influência

Ouvido pela TDM Rádio Macau, Jorge Neto Valente, advogado e presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau (FEPM) disse que é “altura de nos interrogarmos quanto tempo será necessário para a influência dos portugueses desaparecer por completo [em Macau]”.

Estas palavras foram proferidas tendo em conta as crescentes dificuldades para a obtenção da residência, apesar de, segundo a Lei Básica, os cidadãos com nacionalidade portuguesa terem direito à residência. Neto Valente falou à rádio no contexto das celebrações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas.

“Para a cultura portuguesa não há melhor do que ter portugueses. Quando nós estamos a assistir à saída de alguns portugueses, ao desaparecimento [deles] por emigração ou por falecimento de portugueses que não são substituídos porque a dificuldade de trazer portugueses para Macau tem vindo a aumentar, é altura de nos interrogarmos quanto tempo será necessário para a influência dos portugueses desaparecer por completo”, referiu.

Para o ex-presidente da Associação dos Advogados de Macau, “não são os chineses que aprendem português e muito bem, e são pessoas válidas, talentosas, mas não são eles que vão trazer a cultura, que vão promover a cultura portuguesa em Macau”, referindo que tudo depende da “decisão política” de definir o futuro deste panorama.

Desta forma, Neto Valente pede uma “visão”, que se trace um “caminho óbvio”, pois, caso contrário, “Macau vai-se diluindo, perde a sua identidade, deixa de ser Macau”. Este disse ainda acreditar que haverá, da parte das autoridades, “discernimento suficiente e visão”.

Faltam qualificados

Também ouvida pela TDM Rádio Macau, Maria Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau, frisou que “desde que se começou a enfrentar essa nova situação que me tem preocupado muito, e cada vez me preocupa mais” a crescente saída de portugueses e a não renovação da comunidade.

“Como se fazem omeletes sem ovos?”, questionou, salientando como é que Macau pode “ser um ponto de difusão da língua portuguesa e um polo de diferença, como a China quer, se não tiver os ingredientes necessários para essa afirmação?”. E deixa um exemplo concreto da falta de técnicos para a Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal, sentida com a saída de portugueses.

“Tem saído muita gente qualificada e sentimos essa falta ao nível das muitas actividades que realizamos. Há profissões que não são académicas, e dou um exemplo: preciso de técnicos que saibam mexer nos fornos de cerâmica”, disse.

10 de Junho | Alexandre Leitão destaca fim das listas de espera no Consulado

Realizou-se ontem, na residência consular na Bela Vista, a habitual cerimónia de celebração do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas. Alexandre Leitão, cônsul, destacou o fim das listas de espera no Consulado e a modernização de alguns serviços, referindo que Portugal está pronto para promover laços económicos mais fortes com a RAEM

 

Depois de anos em que renovar o cartão de cidadão ou o passaporte poderia constituir um pequeno grande problema para cidadãos portugueses a residir na RAEM, eis que esse assunto parece estar resolvido. Alexandre Leitão, Cônsul-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, mostrou ontem ser um homem satisfeito ao falar dos últimos feitos conseguidos no funcionamento do Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, isto a propósito das comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas.

“Depois de dois anos de intensa concentração na normalização dos serviços consulares, eliminámos listas de espera no domínio da emissão de cartões de cidadão e passaportes”, referiu.

Segundo Alexandre Leitão, “os utentes voltaram a ter acesso a 90 por cento dos serviços sem obrigatoriedade de marcação prévia, introduzimos meios de pagamento electrónico, reduzimos drasticamente os tempos de resposta e de encaminhamento após a admissão dos processos, e reorganizamos os recursos humanos e procedimentos”.

O cônsul não esqueceu a equipa do Consulado, “que é constituída, quase na íntegra, por macaenses que têm reagido positivamente aos sucessivos desafios que lhes têm sido apresentados”, destacando também que “em 15 meses foram emitidos ou renovados 55 mil cartões de cidadão e passaportes, o que também demonstra a dimensão da comunidade portuguesa de Macau e de Hong Kong”.

Portugal com valor

Assim, o responsável disse poder “com segurança afirmar que o essencial, do ponto de vista estritamente consular, está feito”, mas que pretende apostar no “aprofundamento das relações diplomáticas, económicas e culturais de Portugal com as regiões administrativas especiais” de Macau e Hong Kong.

Dirigindo-se ao Chefe do Executivo em exercício, Sam Hou Fai, Alexandre Leitão lembrou que o governante “tem defendido a aceleração da abertura e da diversificação da economia” local e que, desse ponto de vista, Portugal tem um papel privilegiado a cumprir.

“Portugal tem o mesmo desígnio, o que nos torna, mais uma vez, irmanados num propósito comum: crescer e diversificar as nossas economias, internacionalizando-as para benefício dos nossos povos. As empresas portuguesas estão preparadas para aproveitar a ‘postura mais aberta e inclusiva para intensificar laços internacionais e aumentar a projecção e atractividade globais e o renome de Macau como metrópole internacional'”, citou, destacando que “todos, na RAEM, estão conscientes do contributo das empresas e dos trabalhadores portugueses para o crescimento e qualidade dos serviços da economia de Macau”.

O cônsul foi claro ainda ao dizer a Sam Hou Fai que “pode contar com a comunidade portuguesa para participar activamente no ambicioso desígnio de diversificação económica da RAEM”.

Alexandre Leitão não esqueceu o último grande investimento chinês em Portugal, nomeadamente em Sines, por parte da CALB – China Aviation Lithium Battery, sendo “o maior da década”, o que “demonstra a confiança das grandes empresas chinesas e do mundo na qualidade e capacidade de Portugal como destino preferencial de investimento”.

Camões, o grande

Tendo em conta que prosseguem inúmeras comemorações dos 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões, Sam Hou Fai trouxe o poeta português para o seu discurso na cerimónia de ontem na Bela Vista. “Os fortes e profundos laços históricos entre Portugal e Macau já são conhecidos por todos, e encontram-se reflectidos neste dia, pois hoje celebra-se também o maior poeta português que viveu uns anos em Macau e fez parte dos primeiros momentos deste encontro histórico de dois povos.”

“Nunca é demais recordar que é por conta deste encontro centenário de culturas, nesta ‘janela para o exterior’ da China, que surge a ‘singularidade’ de Macau enquanto ‘único local do mundo que tem como línguas oficiais o português e o chinês’, como foi expressamente sublinhado pelo Presidente Xi Jinping”, destacou ainda o Chefe do Executivo.

Sam Hou Fai não esqueceu ainda o “empenho e compromisso do Governo da RAEM na concentração de esforços para a construção de uma plataforma de abertura ao exterior de nível mais elevado”, bem como o “reforço da abertura bilateral com a lusofonia e na promoção de uma cooperação abrangente de benefícios mútuos, que enriqueça e alargue ainda mais o papel e as funções de Macau enquanto plataforma sino-lusófona”.

As palavras do Chefe do Executivo referiram ainda a defesa “das características multiculturais de Macau” e na promoção do “desenvolvimento em todas as vertentes, procurando assegurar e melhorar continuamente o bem-estar de todos os residentes de Macau, incluindo as comunidades portuguesas em Macau”.

Tóquio | Porta-aviões chinês entrou em águas do Japão

O Ministério da Defesa do Japão revelou ontem que um porta-aviões chinês e restante frota entraram em águas da Zona Económica Exclusiva (ZEE) japonesa, no passado sábado, numa altura de tensões na relação entre os dois países.

De acordo com o ministério japonês da Defesa, o porta-aviões Liaoning, dois contratorpedeiros de mísseis guiados e um navio de reabastecimento rápido navegaram a cerca de 300 quilómetros do ponto mais oriental do Japão, a ilha Minamitori, no sábado.

De acordo com um comunicado, depois de o Liaoning e os navios que o acompanhavam terem deixado a ZEE japonesa, realizaram no domingo exercícios de descolagem e aterragem de caças e helicópteros.

O ministério da Defesa japonês disse que destacou um navio para a zona, de forma a acompanhar a situação. Esta foi a primeira vez que um porta-aviões chinês entrou nesta parte da ZEE do Japão no Oceano Pacífico, disse um porta-voz do ministério à agência de notícias France-Presse.

“Acreditamos que os militares chineses estão a tentar melhorar as suas capacidades operacionais e a sua capacidade de conduzir operações em áreas remotas”, acrescentou. A crescente presença militar da China e a utilização de meios navais e aéreos para reivindicar territórios disputados estão a preocupar os Estados Unidos e os seus aliados na região da Ásia-Pacífico.

O porta-voz do Governo, Yoshimasa Hayashi, afirmou ontem numa conferência de imprensa que o Governo japonês “transmitiu uma mensagem apropriada à parte chinesa”, sem especificar se tinha apresentado um protesto formal.

Cabrita defende em Pequim manutenção de Macau num espaço de direitos fundamentais

O ex-ministro português Eduardo Cabrita defendeu ontem, em Pequim, que Macau deve manter-se como um espaço de respeito pelos direitos fundamentais, destacando a importância da autonomia e do sistema jurídico próprio da região, de matriz portuguesa.

“É essencial, antes de mais, para a população de Macau”, afirmou Cabrita à agência Lusa, à margem de um simpósio a propósito do 5.º aniversário da Lei de Segurança Nacional em Hong Kong, organizado pela Academia de Ciências Sociais da China, um grupo de reflexão (‘think tank’) sob tutela do Conselho de Estado (Executivo) chinês.

Durante a intervenção, o ex-governante destacou vários artigos da Lei Básica de Macau, incluindo os que garantem igualdade legal, liberdades civis e protecção contra detenções arbitrárias ou tratamentos desumanos.

Em 2020, na sequência dos protestos que originaram confrontos violentos entre manifestantes e forças de segurança em Hong Kong, Pequim impôs uma lei de segurança nacional na antiga colónia britânica. No ano passado, o Conselho Legislativo de Hong Kong aprovou nova legislação que complementa esse enquadramento legal.

Sem comentários

Eduardo Cabrita, que trabalhou em Macau entre 1989 e 1996, recusou comentar a situação na antiga colónia britânica.

“O essencial é garantir que aquilo que são os princípios fundamentais de autonomia e de Macau como um espaço de respeito pelos direitos fundamentais sejam assegurados”, disse o antigo ministro, à margem do simpósio, que contou com a participação da ex-secretária da Justiça de Hong Kong Teresa Cheng Yeuk-wah e do presidente da Fundação Macau, Wu Zhiliang.

Lembrando que não tem acompanhado “vivencialmente” a realidade actual de Macau, Cabrita enalteceu o trabalho que “visou garantir a manutenção de um sistema jurídico assente no respeito pelos direitos fundamentais e num sistema de direito com origem numa matriz portuguesa, com princípios tão únicos como a proibição da pena de morte ou o respeito pelos direitos fundamentais”, que diferenciam a Região Administrativa Especial do continente chinês.

“É essa a vontade daqueles que tiveram responsabilidades no processo de transição, que trabalharam para este futuro, que queremos continuar a seguir e a desejar que seja garantido”, vincou. A Lei Básica, criada a 31 de Março de 1993, rege Macau desde a transferência da administração de Portugal para a China em 1999, no âmbito do princípio “Um país, dois sistemas”, que permitiria a coexistência das sociedades capitalistas de Hong Kong, Macau e Taiwan no regime comunista chinês.

A ‘miniconstituição’ traduz estipulações da Declaração Conjunta Luso-Chinesa Sobre a Questão de Macau, assinada por Portugal e pela China em 1987, depositada nas Nações Unidas como acordo internacional, na qual é permitido a Macau “exercer um alto grau de autonomia e a gozar de poderes executivo, legislativo e judicial independentes”, bem como manter “inalterados durante 50 anos o sistema capitalista e a maneira de viver anteriormente existentes”.

Michael Hui (I)

Depois da estrela de cinema Tony Leung Chiu-Wai (梁朝偉) ter recebido dois doutoramentos honoris causa o ano passado, outro artista foi agraciado com a mesma distinção este ano. Desta vez, a honra coube a Michael Hui Koon-Man (許冠文), conhecido como “Poker-Faced Comedian” (冷面笑匠).

Michael Hui Koon-Man nasceu na Província de Guangdong (廣東省) em 1942 contando com 82 anos de idade. Em 1977, começou a trabalhar para a Hong Kong Television Broadcasts Limited (TVB) apresentando o programa “Hui Brothers Show” (雙星報喜) em parceria com o seu irmão, o famoso cantor Sam Hui (許冠傑).

Posteriormente, Michael foi descoberto pelo realizador Li Han-Hsiang (李翰祥) que o convidou para interpretar o protagonista do filme “The Warlord” (大軍閥), ingressando assim na indústria cinematográfica. Entre 1974 e 1981, Michael escreveu, dirigiu e actuou em cinco filmes: “Games Gamblers Play” (鬼馬雙星), “The Last Message” (天才與白痴), “The Private Eyes” (半斤八兩), “The Contract” (賣身契) e “The Security Unlimited” (摩登保鏢), todos eles enormes êxitos de bilheteira, à época. Estes feitos conferiram a Michael uma posição de relevo na indústria do cinema. Posteriormente, Michael continuou a conquistar prémios.

Em 2022, recebeu o Prémio de Carreira na 40.ª edição dos Prémios de Cinema de Hong Kong. Em 2023, recebeu o Prémio de melhor Actor Secundário na 41.ª edição daquele evento. Mais tarde, em 2024, foi-lhe entregue o Prémio do Sindicato dos Realizadores de Hong Kong. Recentemente, o filme “The Last Dance” (破地獄) obteve uma receita de mais de 100 milhões de dólares, voltando a catapultá-lo para os píncaros da fama e da fortuna.

Michael recebeu muitos prémios, o que significa que merece ser distinguido com um doutoramento honoris causa. Por que é que obteve tanto sucesso na indústria cinematográfica? Procuremos a resposta no seu trabalho.

Michael Hui Koon-Man é uma vedeta do cinema e da televisão desde 1977, ou seja, há cerca de 50 anos. Quando uma pessoa dedica 50 anos da sua vida a uma carreira, demonstra dedicação, entusiasmo e reconhecimento pela profissão. O entusiasmo não pode apenas existir no presente, tem também de se projectar no futuro. Michael diz que se tivesse uma segunda vida, quereria passá-la nos estúdios de cinema. No discurso proferido por Tony Leung Chiu-wai quando ganhou um prémio no ano passado, lembremo-nos que ele disse acreditar plenamente que o entusiasmo é um factor importante para o sucesso.

Na era que precedeu os telemóveis, Michael tinha sempre consigo uma caneta e um caderno, no qual tomava nota de todas as situações anedóticas que presenciava e que depois passavam a fazer parte do material que usava nos filmes. Quando revia os apontamentos, decidia quais as situações que fariam o público rir e as que não fariam. O facto espantoso é que Michael não se ria. Por isso, tinha a alcunha de “Poker-Faced Comedian” (Comediante da Cara de Pau).

Os seus filmes também reflectiam a atenção que prestava à evolução da sociedade. Ele conhecia a diferença entre as mentalidades da geração mais antiga e da mais recente e utilizava esse conhecimento para proporcionar alegria às audiências. No “Talk Show 2005”, encontramos alguns diálogos sobre o amor como estes que transcrevo:

“Antigamente, todas as cantigas de amor eram assim:

“Os nossos corações estão ligados um ao outro, mesmo separados por milhares de quilómetros, o nosso amor nunca muda” (心兩牽, 萬里阻隔相思愛莫變),

“Penso em ti todas as noites e chamo o teu nome gentilmente” (夜夜念奴嬌, 輕輕把名叫),

Mas, actualmente, nas canções românticas parece faltar o amor:

“Olhando para trás, nunca fui feliz contigo” (回頭望, 伴你走, 從來未曾幸福過),

“Ser um gato, ser um cão, não ser um amante, ser um animal de estimação pode ser encantador.” (做隻貓, 做隻狗, 不做情人, 做隻寵物可會迷人)

Estas observações certeiras trouxeram a Michael uma infinidade de aplausos. Os aplausos do público demonstram o reconhecimento da sociedade pelos pontos de vista e pelas análises de Michael Hui Koon-Man.
Na próxima semana, continuaremos a analisar os factores que determinaram o sucesso dos seus filmes.

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado da Faculdade de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau
Email: cbchan@mpu.edu.mo

Mês de Portugal | Bruno Pernadas actua esta sexta-feira na Red House

Bruno Pernadas formou-se em jazz e dá aulas, mas faz da música um só género. Em entrevista ao HM, o músico revela que irá tocar em Macau algo completamente diferente dos discos, que começou a lançar em nome próprio há 11 anos. Na sexta-feira actua em Macau no âmbito de uma digressão pela Grande Baía, numa noite que será animada também por três djs: Sound of Silva, Oba e Tongrim

 

Vem aí mais uma proposta musical integrada no cartaz das comemorações do 10 de Junho – Dia de Camões, Portugal e das Comunidades Portuguesas. A proposta é protagonizada pelo músico português Bruno Pernadas, que vem a Macau, Hong Kong e ao sul da China, nomeadamente Shenzhen e Zhuhai, no âmbito da “Greatest Bay Area Tour 2025”. Na sexta-feira, o músico irá actuar no espaço Red House, no Ascott, a partir das 20h30, acompanhado pelas actuações dos djs Sound of Silva, Oba e Tongrim.

Em conversa com Bruno Pernadas, o músico explica aquilo que o público de Macau poderá ver e ouvir. “A música que trago para esta digressão não é bem a música que está disponível nas plataformas [digitais de streaming], e nas lojas para ouvir. O concerto que vou fazer é a solo, e eu a solo toco coisas que não estão nos discos. Posso até tocar uma ou outra música, mas é uma proposta diferente, é mais experimental, tem mais jazz e características folk também. É uma música pouco rápida, mais contemplativa, toda tocada só no instrumento. Portanto, é completamente diferente dos concertos com formações”, destaca.

Bruno Pernadas formou-se em jazz na Escola Superior de Música de Lisboa, estudou no Hot Club, dá aulas lá e olha para a música de uma forma global, sem distinções. Já assumiu numa entrevista que não se considera cantor, algo que tem a ver com a forma transversal como encara a música.

“Isso tem a ver com a forma como oiço música desde criança, que é um bocadinho diferente da maioria das pessoas que conheci. Não consigo e faz-me confusão associar estilos e géneros musicais. Como oiço música de todos os géneros, para mim é como se não houvesse um género, pois o género é ser música, uma só linguagem”, explicou.

Questionado sobre a diferença entre aquilo que é gravado e tocado ao vivo, Bruno Pernadas explica que procura sempre estabelecer “uma relação”, porque faz “música muito diferente, também dentro da música erudita, e também com a música de cinema e dança”. “Essa música é completamente diferente da que está nos discos, mas é um projecto de que gosto muito e até tenho feito digressões em Portugal com este projecto a solo e com um convidado, na maior parte das vezes”, explicou.

Discos de que se arrepende

Bruno Pernadas tem feito muitas andanças na música, produzindo bandas sonoras para filmes, fortalecendo a sua conexão com o cinema. Destaca-se, neste campo, a banda sonora de “Patrick”, filme de Gonçalo Waddington. Como produtor, trabalhou com Margarida Campelo em “Supermarket Joy”, lançado em 2023. Mas em nome próprio começou há 11 anos: em 2014 lançava “How can we be joyful in a world full of knowledge”, seguindo-se “Worst Summer Ever” lançado em 2016 e, no mesmo ano, “Those who throw objects at the crocodiles will be asked to retrieve them”, que completou a trilogia.

Mais recentemente, em 2021, Bruno Pernadas lançou “Private Reasons”. Hoje olha para trás “de forma positiva”, explicando que, no ano passado, juntou a equipa para celebrar os 10 anos do lançamento do primeiro disco em nome próprio, com uma digressão.

“How can we be joyful in a world full of knowledge” demorou um ano e meio a gravar e, segundo Bruno Pernadas, deu-lhe uma linguagem de que só se apercebeu “quando o álbum foi terminado”. “Durante o processo não sabia muito bem como ia ser o resultado final. Sabia, mais ou menos, por onde tinha de ir para chegar lá, mas não sabia mesmo como é que ia ficar. Depois sabia que ia fazer mais um álbum para dar continuidade a essa linguagem que tinha inventado, porque é uma mistura de várias linguagens, mas não é nada forçado. Vou seguindo, improvisando”, descreveu ainda.

Bruno Pernadas assume que quando tocou, no ano passado, músicas dos três primeiros álbuns que fez em nome próprio, descobriu que havia músicas que já não lhe faziam sentido. “Quando tive de fazer o exercício de voltar a reproduzir ao vivo, havia muitas coisas com as quais já não me identificava. Algumas canções, de forma geral, do início ao fim. Tinham componentes melódicas mais próximas da música pop ou folk que já não me dizem muito, e naquela altura fazia sentido”, disse.

O músico diz mesmo que o disco lançado em 2021, em plena pandemia, “Private Reasons” é o trabalho que, hoje em dia, lhe diz menos. “É muito pop. Com esse é que não me identifico de todo, e é muito mais recente do que o primeiro. Há coisas estranhas que acontecem”. Bruno Pernadas diz mesmo que haveria canções de “Private Reasons” que nem sequer gravaria hoje, nomeadamente a faixa 4, “Theme Vision”, que até teve direito a videoclip. “Posso ter a certeza que jamais lançaria a ‘Theme Vision’”, esclareceu.

Estúdio e Palco

Bruno Pernadas assume: “nem sequer gosto de estar em estúdio”. “Na verdade, gosto mesmo do processo criativo e de quando se consegue encontrar mesmo o resultado. Durante a minha vida evitei ir a estúdios, e só vou quando é mesmo preciso. Só a ideia daqueles produtores e compositores, que são mais produtores, que estão num estúdio sem janelas durante metade da sua vida, para mim não dá. É impensável. Era incapaz, pois tenho de trabalhar num sítio com a luz do dia”, referiu.

Há, porém, uma coisa de que Bruno Pernadas gosta muito: de cinema, estabelecendo uma profunda conexão com a música que faz. “Penso nos discos como se fossem filmes, mas não é como se fosse música para um filme. É mesmo como se fossem filmes, no sentido em que penso num grupo de pessoas que vai participar no disco. Quando estou a escrever parte de uma música já sei que é aquela pessoa que vai gravar e tocar, e já estou a escrever para ela, tal como alguns realizadores escrevem a pensar num determinado actor.”

“Desde criança que vou ao cinema, e sei que há realizadores que normalmente acham que percebem mais de cinema do que todas as outras pessoas, mas isso é um erro, porque no meu caso, não acho que perceba mais de música em relação às outras pessoas. Claro que de acordo com uma linguagem técnica, mantenho esses conhecimentos”, rematou.

Antes de actuar em Macau, Bruno Pernadas passa pela cidade de Shenzhen na quinta-feira, seguindo-se espectáculos em Zhuhai e Hong Kong, este último no domingo. Em relação à região vizinha o músico diz ter “muita curiosidade”, até pelo cinema, sobretudo o trabalho do realizador Wong Kar Wai. “Sempre vi mais filmes em cantonês. Do cinema feito na China, só conheço os grandes clássicos”, destacou.

O trabalho de Bruno Pernadas é conhecido no Japão, e nesta digressão o músico português marca também presença no país. “O que aconteceu é que os meus discos começaram a sair em algumas revistas do Japão e, passado pouco tempo, a maior distribuidora do país quis começar a distribuir os meus discos. E assim começou esta história que está por terminar. Depois propus fazer um concerto. Já estive duas vezes no Japão, mas desta vez vou tocar na Expo Osaka 2025”, concluiu.

Hong Kong | Executivo mantém ligação ao dólar norte-americano

O Chefe do Executivo de Hong Kong garantiu, num excerto de uma entrevista divulgado ontem, que vai manter a moeda local ligada ao dólar norte-americano, apesar da guerra comercial entre Washington e Pequim. Em entrevista ao diário de Hong Kong South China Morning Post, John Lee Ka-chiu disse que a indexação do dólar local à moeda dos Estados Unidos tem sido “um dos factores fundamentais para o sucesso” da região.

Desde 1983, ainda antes da transição de administração do Reino Unido para a China, que o dólar de Hong Kong está ligado exclusivamente à moeda norte-americana, podendo flutuar numa faixa entre 7,75 e 7,85 unidades por dólar.

Algo que também significa que o regulador financeiro do território, a Autoridade Monetária de Hong Kong (HKMA, na sigla em inglês), segue as subidas e descidas da taxa de juro de referência impostas pela Reserva Federal dos Estados Unidos.

Em Maio, a HKMA teve de intervir por várias vezes no mercado, comprando um total de 16,7 mil milhões de dólares norte-americanos para enfraquecer a moeda local. Isto depois do dólar de Hong Kong ter atingido o limite superior da faixa de flutuação, devido à valorização das moedas asiáticas e ao aumento do investimento em acções listadas na bolsa da cidade.

Além de investidores estrangeiros, também os investidores da China continental têm comprado mais acções locais, em parte graças a um mecanismo, lançado em 2014, que liga as bolsas de Hong Kong e de Xangai, a ‘capital financeira’ chinesa.

Numa entrevista realizada a propósito do terceiro aniversário da sua administração, John Lee negou que o sistema financeiro dependa unicamente da ligação ao dólar dos Estados Unidos. O Chefe do Executivo prometeu criar mais produtos financeiros para reforçar o papel de Hong Kong como o maior centro mundial para negócios na moeda da China continental, o renminbi.

Economia | Regista deflação pelo quarto mês consecutivo em Maio

O índice de preços no consumidor (IPC), o principal indicador da inflação na China, caiu pelo quarto mês consecutivo em maio, descendo 0,1 por cento em termos homólogos, o mesmo valor registado em Abril e Março.

Ainda assim, o indicador, divulgado ontem pelo Gabinete Nacional de Estatística (NBS, na sigla em inglês) do país asiático, sofreu uma queda menos acentuada do que as previsões da maioria dos analistas, que esperavam uma descida de 0,2 por cento.

Por outro lado, os analistas esperavam que os preços se mantivessem ao mesmo nível de Abril, mas a tendência mensal em Maio também foi negativa: os preços no consumidor caíram 0,2 por cento face ao quarto mês de 2025. O risco de deflação na China, a segunda maior economia do mundo, agravou-se no último ano, suscitado por uma profunda crise imobiliária, que afectou o investimento e o consumo.

A deflação consiste numa queda dos preços ao longo do tempo, por oposição a uma subida (inflação). O fenómeno reflecte debilidade no consumo doméstico e investimento e é particularmente perigoso, já que uma queda no preço dos activos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.

Dong Lijuan, estatístico do NBS, preferiu sublinhar que a inflação subjacente – uma medida que elimina o efeito dos preços dos alimentos e da energia devido à sua volatilidade – subiu 0,6 por cento, em termos homólogos.

“O IPC passou de alta para queda na comparação mensal, principalmente devido à queda dos preços da energia”, explicou o especialista, que insistiu que “as políticas de aumento do consumo continuam a ser eficazes, dado que os preços em algumas áreas apresentaram variações positivas”.

As autoridades da China têm sublinhado repetidamente nos últimos meses que impulsionar a fraca procura interna é uma das principais prioridades económicas para 2025, que tem sido marcado pela guerra comercial com os EUA.

Exportações sobem menos do que esperado sob efeito da guerra comercial

As exportações da China aumentaram menos do que o esperado em Maio, de acordo com estatísticas oficiais reveladas ontem, repercutindo a diminuição do volume de mercadorias enviadas para os EUA em plena guerra comercial.

De acordo com as alfândegas chinesas, as exportações aumentaram 4,8 por cento em termos homólogos no mês passado. O valor ficou abaixo das previsões dos economistas inquiridos pela agência de notícias financeiras Bloomberg, que esperavam um crescimento de 6 por cento.

Depois de Genebra em Maio, norte-americanos e chineses iniciaram ontem uma nova ronda de conversações em Londres, com o objectivo de prolongar a trégua comercial e chegar a um acordo duradouro sobre a redução das sobretaxas aduaneiras impostas reciprocamente.

As exportações chinesas para os Estados Unidos totalizaram 28,8 mil milhões de dólares em Maio, contra 33 mil milhões de dólares em Abril, registo equivalente a uma queda de 12,7 por cento. Em contrapartida, as exportações chinesas para o Vietname aumentaram ligeiramente em Maio, atingindo 17,3 mil milhões de dólares.

Futuro incerto

“A guerra comercial entre a China e os Estados Unidos levou a uma queda acentuada das exportações para os EUA, mas isso foi compensado por um aumento das exportações para outros países”, escreve Zhang Zhiwei, economista da Pinpoint Asset Management, numa nota.

“As perspectivas comerciais permanecem muito incertas nesta fase” e podem surgir problemas “à medida que o efeito de antecipação se desvanece”, observou Zhang, referindo-se aos compradores estrangeiros que tinham aumentado as encomendas de produtos chineses em antecipação de possíveis aumentos das sobretaxas dos Estados Unidos.

No outro prato da balança comercial, as importações chinesas caíram 3,4 por cento em Maio, refletindo a fraca procura e as crescentes pressões comerciais sobre a segunda maior economia do mundo. As conversações sino-americanas em Londres marcarão as segundas negociações formais entre os dois países, desde que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou uma ofensiva comercial global em Abril.

Do lado norte-americano, a delegação incluirá o secretário do Tesouro, Scott Bessent, o secretário do Comércio, Howard Lutnick, e o representante comercial da Casa Branca, Jamieson Greer. Tal como em Genebra, o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, lidera a delegação de Pequim.

Estas discussões seguem-se a uma troca telefónica na quinta-feira entre Donald Trump e o homólogo chinês Xi Jinping, que o Presidente dos Estados Unidos descreveu como “muito positiva”.

Moeda | Brasil prepara emissão inédita de dívida pública em yuan na China

A guerra comercial lançada por Donald Trump leva cada vez mais países a procurarem alternativas ao dólar norte-americano

 

O Brasil pretende emitir títulos de dívida soberana no mercado chinês ainda este ano, numa operação inédita, quando o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforça os laços comerciais e de investimento com a China.

Brasília planeia emitir títulos denominados na moeda chinesa, o yuan, no mercado de capitais da China continental, e quer também regressar ao mercado de obrigações denominadas em euros, revelou ontem o secretário-adjunto do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, citado pelo jornal britânico Financial Times.

“A ideia é que, ainda este ano, façamos uma nova emissão sustentável em dólares, como no ano passado, além de emissões na Europa e ‘obrigações panda’ na China”, afirmou Durigan, em entrevista ao FT. “A União Europeia quer negociar com o Brasil a expansão do comércio bilateral, tanto em termos de transações como também possibilitando ao Brasil a opção de emitir dívida na Europa”, acrescentou. “O mesmo pode acontecer com a China”, frisou.

O Governo brasileiro tem vindo a reforçar os laços comerciais com Bruxelas e a consolidar relações com Pequim, num contexto da guerra comercial lançada pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O bloco sul-americano Mercosul, do qual o Brasil faz parte, espera que o aguardado acordo comercial com a União Europeia seja aprovado até ao final do ano.

Na quinta-feira, Lula reuniu-se com o Presidente francês, Emmanuel Macron, em Paris, e apelou ao apoio de Paris ao acordo. Macron tem resistido à ratificação do tratado, alvo de forte oposição por parte dos agricultores franceses.

Os planos para emitir títulos de dívida soberana na China surgem num momento em que o Governo brasileiro procura atrair mais investimento do país asiático, que é de longe o maior parceiro comercial do Brasil. A China está igualmente a tentar reforçar a sua influência económica na América Latina.

A operação testará também o apetite dos investidores internacionais pela dívida brasileira, num contexto de crescente cepticismo face à política económica de Lula, que tem apostado num maior papel do Estado na economia para impulsionar o crescimento e reduzir a desigualdade. A estratégia de aumento da despesa tem gerado críticas entre empresários, que acusam o Governo de agravar a inflação, elevar as taxas de juro e colocar em risco a sustentabilidade da dívida pública.

Jogo do mercado

Esta semana, o Brasil colocou 1,5 mil milhões de dólares em obrigações a cinco anos com uma taxa de juro de 5,68 por cento e 1,25 mil milhões de dólares em dívida a dez anos a 6,73 por cento, na segunda emissão de dívida ‘offshore’ em 2025.

Os custos de financiamento no Brasil aumentaram depois de o banco central ter elevado a taxa diretora para 14,75 por cento, numa tentativa de conter a inflação. Os críticos acusam o Executivo de Brasília de não agir com firmeza para resolver o défice orçamental crónico e o crescimento da dívida.

A agência Moody’s elevou o ‘rating’ de longo prazo do Brasil em Outubro passado para um nível abaixo do grau de investimento, o que permitiu acesso a capital mais barato. No entanto, em Maio, a agência reviu em baixa a perspectiva de positiva para estável, citando progressos mais lentos do que o esperado na política orçamental.