Nicolás Maduro ordena pagamentos de gasolina e petróleo em criptomoeda

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente da Venezuela ordenou esta segunda-feira que o pagamento da gasolina, do petróleo e das taxas aeroportuárias para viajantes passe a ser feito através da criptomoeda El Petro.

“Estamos a pôr em marcha o ‘blockchain’ nacional do Petro (…) e hoje entram em funcionamento todos os mecanismos para que qualquer venezuelano possa inscrever-se”, Nicolás Maduro.

O anúncio teve lugar durante um ato transmitido em simultâneo pelas rádios e televisões do país, durante o qual realizou a ativação oficial do “blockchain” (livro branco) do Petro.

Por outro lado, Maduro explicou que a partir de 5 de novembro o Petro passará a estar disponível para venda em bolívares soberanos, a moeda atual venezuelana, em seis casas de câmbio do país.

O Petro poderá ser usado para a compra e venda de bens móveis e imóveis, passagens de avião, reservas de hotéis no exterior e até “um cachorro quente em Nova Iorque”.

A criptomoeda Petro estará respaldada pelas reservas de petróleo, minerais, ouro, diamante, ferro e alumínio, que estão por explorar.

Segundo Nicolás Maduro, segunda-feira, uma vez que foi posto em marcha o novo sistema do Petro, ocorreram “ciber-ataques provenientes dos Estados Unidos, da França e da Colômbia, para tentar tirar de circulação o Petro”.

Liga dos Campeões | Benfica regressa à Grécia para defrontar hoje o AEK em Atenas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Benfica volta a jogar na Grécia para a Liga dos Campeões de futebol, defrontando hoje o AEK em Atenas, um mês depois de ter assegurado em Salónica a presença na fase de grupos, com um triunfo sobre o PAOK (4-1).

O triunfo de Salónica foi especialmente importante, pelo encaixe direto de verbas para os ‘encarnados’, que se estrearam com uma derrota com o Bayern, na primeira jornada, e que agora encontram um adversário com quem não se cruzam há nove épocas.

Cinco dias depois do empate em casa do Desportivo de Chaves (2-2), para a I Liga, e após oito derrotas seguidas em jogos da fase de grupos da ‘Champions’, o Benfica só quer reatar com as vitórias, ante um adversário considerado acessível e que perdeu por 3-0 com o Ajax na ronda inaugural.

Além da perda de dois pontos, o encontro de Chaves deixou mais marcas no Benfica, que perdeu, por lesão, o central Jardel e o médio Gabriel. Ambos ficaram de fora da lista de convocados, a que regressam Ferreyra e Salvio.

O AEK vem de uma vitória em Creta, sobre o OFI (3-0) e segue em terceiro no campeonato helénico, a um ponto apenas do líder PAOK.

Para mesmo grupo, Depois de terem conquistado três pontos na primeira jornada, o Bayern Munique e o Ajax defrontam-se na Alemanha, com a liderança do grupo em jogo.

O Bayern, de Renato Sanches, perdeu o comando na ‘Bundesliga’ na sexta-feira, com a derrota por 2-0 frente ao Hertha, em Berlim. É segundo, a um ponto do Borussia Dortmund. Quanto ao Ajax, também não lidera no seu país. Ganhou em Sittard, mas ainda assim é segundo a cinco pontos do PSV.

Treinador do AEK Atenas quer vencer o Benfica “de qualquer forma”

O treinador do AEK Atenas, Marinos Ouzounidis, considerou que os gregos devem “ganhar de qualquer forma” ao Benfica na terça-feira, o único modo de alimentarem expectativas de apuramento no grupo E da Liga dos Campeões de futebol.

“Temos de ganhar de qualquer forma, para termos esperanças no futuro. O jogo com o Ajax deu-nos uma lição sobre o que temos de fazer neste tipo de jogos: ter uma defesa muito forte e concretizar em golo todas as oportunidades”, resumiu.

Gregos e portugueses ainda não pontuaram, depois do Benfica ter perdido em casa por 2-0 com os alemães do Bayern Munique e o AEK por 3-0 na visita aos holandeses do Ajax.

“Temos de estar concentrados nos 90 minutos, pois já sabemos o quanto custa um minuto de desconcentração. Não podemos cometer faltas e devemos estar muito fortes, tanto a defender como a atacar”, completou.

Do Benfica, observa ser um conjunto ainda à procura do valor apresentado nos anos anteriores, entendendo que é um rival com “muitos jogadores jovens” e, também por isso, “ainda com pouca experiência” na Europa.

“Ainda têm trabalho pela frente”, apontou, destacando o perigo que o rival português constitui “no contra-ataque”, além de elogiar os “alas fortes”.

Marinos Ouzounidis diz que o desafio será “importante para as duas equipas, mas mais para o Benfica”, considerando ainda que o Bayern Munique “está a um nível superior” ao dos restantes adversários, que “vão decidir nos jogos entre si, os mais importantes, quem passa à próxima fase”.

O antigo treinador do Panathinaikos, que cumpre a primeira época no AEK, escusou-se a adiantar o ‘onze’ que vai apresentar, recordando apenas que tem quatro centrais de grande nível e que podem desempenhar outras funções em campo.

O árbitro israelita Orel Grinfeld foi nomeado pela UEFA para dirigir a partida, marcada para as às 22:00 locais.

Livros | Fernando Rosas revê e publica “A Primeira República. Como Venceu e porque se perdeu”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] I República (1910-1926) foi “ferida de uma crise de legitimidade estrutural” que a tornou “presa fácil da conspiração das direitas antiliberais”, afirma o historiador Fernando Rosas, na obra “A Primeira República. Como Venceu e porque se perdeu”.

“A República do Partido Republicano Português, ferida de uma crise de legitimidade estrutural e mergulhada na instabilidade política e financeira, tornar-se-ia presa fácil da conspiração a montante das direitas antilberais”, escreve Fernando Rosas, na obra que é apresentada na próxima quarta-feira, em Lisboa, pelo historiador António Reis

“A Primeira República. Como Venceu e porque se perdeu” é uma nova edição do texto publicado em 2010, no contexto de uma obra celebrativa do centenário da República – “1910 a Duas Vozes” -, também com a chancela da Bertrand Editora.

“O presente trabalho foi devidamente atualizado e teve novos desenvolvimentos, sobretudo no tocante à análise da I República no pós-guerra [1914-1918], ou seja, dos fatores que conduzem à sua derrota em 1926”, com o golpe militar liderado pelo general Gomes da Costa, escreve o historiador.

Para a nova publicação, contribuíram “as condições pouco propícias em que apareceu a edição original, ‘subsumida’ num livro com a contribuição de outro autor com uma abordagem da I República substancialmente diferente” da que Rosas partilha, justifica.

Rosas decidiu também rever e voltar a publicar o texto numa altura de “tempos sombrios, como os que se abeiram da Europa e do mundo”, sugerindo que este livro pode “ser lido sob essa perspetiva”.

Para o catedrático jubilado, “a crise histórica dos sistemas liberais do Ocidente, aquela que vivemos potenciado pela época neoliberal do capitalismo, parece tender para a emergência de um novo tipo de regimes ‘pós-democráticos’, autoritários, populistas e xenófobos”.

Defende o historiador que “os paralelismos com a primeira grande crise dos sistemas liberais nos anos 20 do século passado, e com o seu desfecho trágico na época dos fascismos e da guerra são, pois, incontornáveis, apesar das importantes diferenças de contexto histórico”.

Prossegue Rosas: “Tudo nos convoca a olhar para essa História recente a fim de ajudar a perceber o que se passa e o que se poderá vir a passar”.

“Na primeira metade dos anos 20 do século passado, a incapacidade de o liberalismo oligárquico se democratizar política e socialmente, ditou a incapacidade de a República reunir forças que a defendessem contra o golpe iminente de onde viriam a brotar a Ditadura Militar [1926-1933] e o Estado Novo”, que se prolongou de 1933 a 1974.

A obra divide-se em “três partes distintas”, todas com o objetivo de “trazer um outro ponto de vista às controversas levantadas por alguma historiografia neoconservadora que se redescobriu nos ataques com que, ao tempo, a propaganda ‘estado-novista’ procurou demonizar o republicanismo”.

Na primeira parte da obra, Fernando Rosas situa a crise da monarquia constitucional no contexto “da crise mais geral que começa a minar os sistemas liberais oligárquicos europeus” na passagem para o século XX.

A segunda parte trata “o republicanismo como ideia e como força social e política mobilizadora no mundo urbano”, ou seja, aborda a base social da República, “a pequena burguesia urbana, liderada pela elite intelectual e as profissões liberais”.

A terceira parte destaca a obra republicana “que se sobrepôs a instabilidade governativa e aos crónicos constrangimentos financeiros” – cite-se laicização do Estado, a separação do Estado da Igreja, o registo civil, o divórcio e a reforma universitária.

A obra “A Primeira República. Como Venceu e porque se perdeu” é apresentada esta quarta-feira em Lisboa.

Homem no centro do escândalo do Nobel da Literatura condenado por violação

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] homem no centro de um escândalo de abuso sexual e crimes financeiros, que afetou a Academia de Estocolmo e levou à suspensão do Nobel da Literatura, este ano, foi ontem condenado a dois anos de prisão por violação. O Tribunal de Estocolmo disse que a decisão foi unânime.

O artista Jean-Claude Arnault, casado com a académica e poeta Katarina Frostenson, membro do comité que decidia a atribuição do Nobel da Literatura, foi acusado de dois episódios de violação cometidos em 2011, contra a mesma mulher.

A juíza Gudrun Antemar disse que o papel do tribunal foi decidir se o procurador provou as acusações, além de uma dúvida razoável.

“A conclusão do tribunal é que a evidência é suficiente para considerar o réu culpado de um dos atos”, disse, acrescentando que a prova “consistiu principalmente em declarações feitas durante o julgamento por parte da lesada e de várias testemunhas”.

Na Suécia, a violação é punível com um mínimo de dois anos e um máximo de seis anos de prisão. A procuradora Christina Voigt exigiu três anos de prisão para Arnault.

O acusado negou ontem todas as acusações através do seu advogado, no início do julgamento, em 19 de setembro, que decorreu à porta fechada, a pedido da denunciante e como é costume na Suécia em casos de violação.

O Ministério Público encerrou em março partes da investigação preliminar, iniciada em novembro, a partir de queixas de várias mulheres, quase todas feitas de forma anónima.

Ao rebentar o escândalo, a Academia Sueca cortou relações com o artista e pediu uma auditoria, que concluiu que Arnault não influenciou decisões sobre prémios e bolsas.

Contudo, descobriu-se que Katarina Frostenson era coproprietária do clube literário do marido, que recebia regularmente apoio financeiro da Academia Sueca, o que violava as regras de imparcialidade.

O relatório confirmou também que a confidencialidade sobre o vencedor do Nobel foi violada várias vezes.

O “caso Arnault” desencadeou um conflito interno que, nos últimos meses, com sete membros a serem forçados a sair ou demitirem-se, em abril.

Pressionados pela Fundação Nobel, a Academia Sueca lançou várias reformas, incluindo uma mudança nos estatutos para permitir a renúncia real dos seus membros e a eleição de novos, e o recurso a um grupo externo de especialistas em leis, resolução de conflitos, organização e comunicação.

A decisão mais controversa foi a de adiar a atribuição do Prémio Nobel de Literatura, este ano, pela primeira vez em sete décadas, o que significa que, em 2019, deverão ser concedidos dois prémios, uma medida atribuída à falta de confiança e ao enfraquecimento da instituição.

Dois sismos registados esta madrugada no sul da Indonésia

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ois sismos de magnitude 5,9 e 6 atingiram hoje, no espaço de meia hora, a ilha de Sumba, sul da indonésia, indicou o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).

O primeiro sismo foi registado às 06:59 com uma profundidade de 10 km e a cerca de 40 km de Sumba, onde vivem 750.000 pessoas. De acordo com o USGS, o segundo sismo de magnitude 6 aconteceu 15 minutos depois, na mesma área, a uma profundidade de 30 km.

A ilha de Sumba está localizada a 1.600 km ao sul da ilha de Celebes, onde na sexta-feira depois de um sismo de magnitude 7,5 seguido de tsunami morreram pelo menos 844 pessoas.

A Indonésia assenta sobre o chamado Anel de Fogo do Pacífico, uma zona de grande atividade sísmica e vulcânica onde, em cada ano, se registam cerca de 7.000 terramotos, a maioria moderados.

Entre 29 de junho e 19 de agosto, pelo menos 557 pessoas morreram e quase 400.000 ficaram deslocadas devido a quatro terramotos de magnitudes compreendidas entre 6,3 e 6,9, que sacudiram a ilha indonésia de Lombok.

ONU calcula que 191 mil pessoas precisam de ajuda urgente após sismo e tsunami na Indonésia

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] ONU calcula que 191 mil pessoas na Indonésia precisam de ajuda humanitária urgente após o sismo e o tsunami que afectaram na sexta-feira a ilha indonésia de Celebes, foi ontem divulgado.

A estimativa foi ontem avançada pelo Gabinete da ONU para a Coordenação das Questões Humanitárias (OCHA), no mesmo dia em que as autoridades locais elevaram para 844 o número de mortos em resultados da catástrofe natural que atingiu sobretudo a costa oeste da ilha de Celebes.

O mais recente balanço oficial também dá conta de 59 mil deslocados.

De acordo com a avaliação da estrutura da ONU, entre as pessoas que precisam de ajuda urgente constam cerca de 46 mil crianças e 14 mil idosos, grupos da população classificados como mais vulneráveis, que vivem longe dos centros urbanos.

O governo indonésio tem concentrado os esforços de busca e de assistência nos centros urbanos.

Segundo o relato das agências internacionais, voluntários começaram hoje a enterrar muitas das vítimas mortais desta catástrofe natural numa grande vala comum.

A União Europeia (UE) anunciou no domingo que vai avançar com 1,5 milhões de euros para prestar ajuda humanitária de emergência às vítimas do sismo e do tsunami que afetaram a ilha de Celebes.

A ajuda do bloco comunitário vai servir para “fornecer bens essenciais como comida, abrigos, água, produtos médicos e de saúde”, referiu o comissário europeu para a Ajuda Humanitária e Gestão de Crises, o cipriota Christos Stylianides, citado num comunicado divulgado no domingo.

A par desta ajuda, a Comissão Europeia enviou um perito para coordenar as equipas de resgate da UE destacadas no terreno e ativou o serviço de emergência do satélite comunitário Copérnico para criar mapas das zonas afetadas.

A cidade costeira de Palu, localidade com cerca de 350.000 habitantes na costa oeste de Celebes, foi particularmente afetada por esta catástrofe.

A maioria das vítimas registou-se nesta cidade, que fica a 78 quilómetros do epicentro do sismo de magnitude 7,5 na escala de Richter que, na sexta-feira, atingiu a ilha indonésia de Celebes.

O forte tremor de terra foi seguido por réplicas e por um tsunami com ondas que, segundo as agências internacionais, chegaram a atingir os seis metros de altura.

Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho para Álvaro Manuel Machado e Ana Luísa Amaral

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s livros “O significado das coisas”, de Álvaro Manuel Machado, e “Arder a palavra e outros incêndios”, de Ana Luísa Amaral, são os vencedores ex-aequo do Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho, da Associação Portuguesa dos Críticos Literários.

No comunicado enviado à agência Lusa, a Associação Portuguesa dos Críticos Literários (APCL) afirma que “O significado das coisas”, de Álvaro Manuel Machado proporciona, “com o rigor e a vitalidade da perspetiva comparatista que marca uma carreira ensaística já com várias décadas, leituras iluminantes de autores dos séculos XIX e XX, como Teófilo Braga, Antero de Quental, Eça de Queirós, Miguel Torga, Vergílio Ferreira, Raul Brandão, Agustina Bessa-Luís, Mário Cláudio e vários outros”.

Álvaro Manuel Machado é professor na Universidade Nova de Lisboa, e a obra foi publicada pela Editorial Presença.

“Arder a palavra e outros incêndios”, publicado pela Relógio d’Água, é “um conjunto de ensaios orientados por um pensamento maturo e livre sobre vários autores portugueses e anglo-saxónicos”.

“Sem ficar fechada nos limites doutrinais do feminismo, Ana Luísa Amaral, [professora na Faculdade de Letras da Universidade do Porto], tira da sua interrogação sobre a identidade de mulher os recursos de uma profunda renovação do sentido da literatura”.

O júri foi constituído por Cristina Robalo Cordeiro, professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Maria João Reynaud, professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde leciona a disciplina de Literatura Portuguesa dos séculos XIX e XX, e orienta seminários de Poesia Portuguesa Contemporânea, e Paula Morão, professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde colabora com o Centro de Estudos Clássicos, e também com o Centro de Estudos Portugueses da Universidade de Coimbra.

O Prémio Jacinto do Prado Coelho do ano passado foi entregue a Maria José Reynaud, pela sua obra “Margens, ensaios de literatura” publicada pelas Edições Afrontamento.

Morreu cantor e compositor Charles Aznavour, de 94 anos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] cantor e compositor Charles Aznavour, de 94 anos, morreu na noite de domingo, disse ontem o seu assessor de imprensa, à agência francesa de notícias, AFP. Aznavour, segundo a AFP, morreu no seu domicílio, em Alpilles, na Provença, no sul de França.

Charles Aznavour atuou a 10 de dezembro de 2016, em Lisboa, no então Meo Arena, atual Altice Arena, culminando uma digressão internacional, que passara por mais de uma dezena de cidades. O cantor e compostor escreveu um fado para Amália Rodrigues, “Aïe mourir pour toi”, por quem confessara um profunda admiração e amizade.

Em 2007, gravou com a cabo-verdiana Mayra Andrade a canção “Je danse avec l’amour”.

Charles Aznavour tinha já atuado em 2008 em Portugal, ano em que recebeu a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores, e em que anunciara a sua retirada dos palcos, tendo realizado uma digressão mundial.

Cantor, ator e compositor francês de origem arménia, apontado pela imprensa como uma “lenda viva da ‘chanson française’”, Charles Aznavour editou, em 2015, o álbum “Encores”, composto por inéditos de sua autoria, entre os quais uma homenagem a Edith Piaf e uma recriação de Nina Simone, tendo atuado, na altura, em cidades como Paris, Londres, Bruxelas e São Petersburgo, entre outras, num total de 12 concertos.

Todas as canções do álbum, à exceção de “You’ve got to learn”, foram escritas e compostas por Aznavour, que fez os arranjos para a sua voz, sendo a orquestração de Jean-Pascal Beintus.

Com uma carreira de mais de 70 anos, Charles Aznavour escreveu mais de mil canções em francês, inglês, italiano, espanhol e alemão, vendeu mais de 180 milhões de discos, tendo partilhado o palco com cantores como Edith Piaf, Charles Trenet, Dalida e Yves Montand, entre muitos outros.

“Poucos são os franceses referenciados como influência por artistas tão díspares como Frank Sinatra ou Fred Astaire, Sting ou Elvis Costello, Bob Dylan ou Dr.Dré, magnata do ‘hip hop’, que ‘samplou’ um tema de Aznavour de 1966, ‘Parce que tu crois’”, num dos seus maiores sucessos, recordou a produtora do derradeiro espetáculo de Aznavour em Portugal.

Bryan Ferry, Elton John, Carole King, Paul Anka, Frank Sinatra, Dean Martin, Sting, Marc Almond, Herbert Gronemeyer, Simone de Oliveira e Laura Pausini são alguns dos artistas não franceses que gravaram temas de Aznavour, além de Amália Rodrigues por quem o cantor nutria uma admiração e de quem era amigo, como afirmou em várias entrevistas.

O crítico musical Stephen Holden, da revista norte-americana Rolling Stone, descreveu Aznavour como uma “divindade pop francesa”.

Em 1998, Aznavour foi eleito “Entertainer of the century” pelos consumidores de marcas globais de media, como a CNN e a Time Online, somando 18% das preferências mundiais e superando Bob Dylan e Elvis Presley.

De origem arménia, o músico fundou a organização não-governamental Aznavour For Arménia, como resposta ao terramoto naquele país, em 1988.

Em 1997, a França reconheceu o papel do músico na história da canção francesa, distinguindo-o com o grau de Oficial da Legião de Honra.

Aznavour foi embaixador permanente da organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), e o Estado da Arménia concedeu-lhe, em 2008, a nacionalidade arménia.

Anteriormente, o cantor tinha recebido a Ordem da Pátria, a mais alta condecoração da antiga república soviética e uma das praças da capital, Yerevan, tem o seu nome.

Mercado de trabalho da língua portuguesa está a aumentar na Ásia, dizem professores 

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]rofessores de português na Ásia afirmaram que a procura da língua portuguesa está a aumentar devido às oportunidades crescentes no mercado de trabalho local.

“Muitos alunos escolheram o português porque agora têm um mercado de trabalho com grande procura pelas pessoas que falam português e chinês”, disse à Lusa a professora de português da Universidade de Pequim Li Jie, à margem da quarta edição do Encontro de Rede de Ensino de Língua Portuguesa.

A professora da Universidade de Pequim argumentou ainda que “há cada vez mais intercâmbios comerciais e culturais entre a China e os países lusófonos”.

Também a professora do Departamento de português na Universidade de Hanói seguiu a mesma tónica: “há cada vez mais emprego através do português, porque há cada vez mais empresas das Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) que querem investir no Vietname e também há cada vez mais turistas que querem visitar o Vietname”, defendeu Tran Thi Hai Yen.

A quarta edição do Encontro de Rede de Ensino de Língua Portuguesa reuniu em Macau, no Instituto do Português do Oriente (IPOR), cerca de 40 docentes provenientes de instituições de ensino superior da China (Pequim, Xangai, Cantão, Jilin e Sichuan), da Tailândia (Banguecoque), do Vietname (Hanói), da Austrália (Sydney), de Timor-Leste e também de Portugal.

A coordenadora do Centro de Língua Portuguesa do IPOR, Clara Oliveira, afirmou à Lusa que tem existido um crescimento notório na aprendizagem do português como língua estrangeira e que este encontro serve como “um momento de reflexão entre todos os professores de língua estrangeiras” destas regiões do globo.

“Na República Popular da China, em termos de instituições de ensino superior, nos últimos cinco anos passaram de 10 para 32”, explicou Clara Oliveira.

Para a professora da Universidade de Pequim, estes encontros entre os docentes são fundamentais pois são uma oportunidade de trocar “ideias e opiniões sobre o ensino e aprendizagem do português para os aprendentes asiáticos”.

“Este encontro é muito importante para nós e para mim é uma muito boa inspiração (…) tenho aprendido muito com as experiências dos restantes colegas”, acrescentou Tran Thi Hai Yen.

O encontro decorreu sob a forma de oficinas, de maneira a acentuar uma vertente prática e aplicada, através da promoção de espaços de partilha de experiências e de reflexões em torno de abordagens ao ensino de português como língua estrangeira.

Cinema | Nova edição do festival Kino inclui clássicos de Fassbinder

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap]já no próximo dia 21 de Outubro que arranca na Cinemateca Paixão a nova edição do festival Kino, dedicado ao cinema alemão, e que conta com a parceria do Instituto Goethe de Hong Kong. De acordo com um comunicado da organização, o cartaz inclui um total de 18 filmes e quatro clássicos do realizador Rainer W. Fassbinder.

O Kino “incluirá oito das mais recentes longas metragens alemãs, focadas em temas como a rebelião e a coragem, o amor e a dúvida, o desejo e o despertar, assim como dois filmes suíços, na qualidade de ‘convidados especiais’, que darão prova do poder da imagem contemporânea.”

De acordo com os programadores da Cinemateca Paixão, “muitos destes filmes foram nomeados ou venceram categorias nos Prémios do Cinema Alemão e no Festival Internacional de Cinema de Berlim 2018, incluindo Trânsito, Styx, e Western, que foi nomeado também para o Prémio Un Certain Regard  no Festival de Cinema de Cannes 2017”. A Cinemateca vai também exibir os filmes 303 e Vento Contrário, “ambos com um enfoque feminino”. Quanto a  O Jardim, “passa-se contra o pano de fundo da vida de uma família alemã moderna na década de 1970”.

Em foco

O trabalho de Fassbinder vai estar em destaque com a exibição da mini série “Realizador-em-foco”. Esta foi “especialmente preparada para o público de Macau”, tal como “quatro filmes de diferentes períodos, como O Amor É Mais Frio Que A Morte (1969), a sua primeira longa metragem realizada aos 24 anos, O Comerciante das Quatro Estações (1972), uma obra popular e aclamada pela crítica, O Casamento de Maria Braun (1978), um trágico filme de amor do topo da sua carreira, e o derradeiro filme de Fassbinder: Querelle (1982)”.

O trabalho do realizador será também abordado numa palestra protagonizada por Born Lo, amante de cinema e arquitecto em Hong Kong.

O festival abre com o filme “A Revolução Silenciosa”, que se baseia “num evento real, mostrando como uma ideia podia inadvertidamente causar dramáticas mudanças na vidas dos adolescentes durante o sensível contexto político da Alemanha de Leste na década de 1950”. Este filme mereceu ao realizador Lars Kraume o Prémio de Melhor Realizador Nacional no Festival de Cinema de Munique 2018.

Um regresso e um ponto de ponto de partida

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]arto do sul ocidental da Europa e regresso ao norte oriental da Ásia onde tenho vivido nos últimos anos, com a notícia de ter escapado a terramoto de imponente magnitude, que deixou a cidade às escuras durante dias, com muito restritos serviços de transporte terrestre e aéreo, limitações no abastecimento de alimentos frescos e brusca necessidade de drásticas poupanças energéticas. Durante dias subiram-se degraus de escadarias de prédios com elevadores desligados, comprou-se pouco em lojas mal iluminadas, andou-se a pé e aumentaram as bicicletas em movimento pelas ruas, encerraram serviços, a cidade viveu uma obscura quase-paralisia que por acaso não testemunhei.

Não sendo raros os terramotos em território Japonês, estes ocorrem normalmente muito mais a sul, onde a confluência de 4 placas tectónicas coloca em permanente risco sísmico a zona central da costa leste do país, deixando a ilha onde vivo, Hokkaido, relativamente protegida mas nem por isso imune. Chego passados mais de dez dias sobre o imponente abalo e já são quase nulos os impactos sobre a vida quotidiana: a minha casa estava em ordem e nem sequer houve objectos caídos das estantes, não há danos na cidade, os transportes funcionam normalmente, os serviços reabriram, os supermercados voltaram à normalidade do abastecimento alimentar, a iluminação pública e dos espaços comerciais retomou a intensidade e os néons, ecrãs de vídeo e outra parafernália sonora e luminosa que animam o entretenimento nocturno do bairro de Susukino retomaram o seu sistemático ruído.

Nota-se ainda assim uma súbita transformação: o centro de Sapporo, que nos últimos anos se foi tornando cada vez mais um espaço de convergência para passeios, afazeres e entretenimento da população local e de uma crescente multidão oriunda de diversos países asiáticos, com acrescido poder de compra e maior disponibilidade para também usufruir dos prazeres do turismo e da descoberta de novos lugares, está subitamente despovoado: quase um milhão de visitantes (uns 5% do total de turistas esperados este ano) cancelaram as suas viagens após a notícia do terramoto, deixado a cidade outra vez entregue aos seus residentes e expondo com cristalina clareza a volatilidade – e eventualmente a limitada racionalidade – dos fluxos turísticos globais.

Lembrei-me de Lisboa e do Algarve, onde tinha passado as últimas duas semanas. No Setembro algarvio ainda as praias e os espaços públicos tinham a sua lotação bastante preenchida por turistas mas já as estatísticas mostravam que tinham sido menos os visitantes este ano, com a relativa pacificação nos territórios do Sul do Mediterrâneo a revelar a vulnerabilidade das economias dependentes dos erráticos movimentos turísticos. Em Lisboa, pelo contrário, o centro da cidade parece ter-se tornado parque temático permanente para visitantes ocasionais e quase não se ouve falar português entre as multidões que passeiam pelas ruas da Baixa, aparentemente indiferentes ao facto de viajarem para ver e conviver com outros turistas, cada vez mais à margem de uma população local tendencialmente afastada para zonas periféricas da cidade.

Não é como turista que faço esta viagem de regresso desde as terras de longos estios no sul da Europa para lugares de longos Invernos no norte do Japão, mas não deixo de observar como o turismo, a sua massificação ou as súbitas oscilações nos seus movimentos, transformam drasticamente a vida nas cidades contemporâneas, um pouco por todo o mundo, num processo que seguramente irá acelerar enquanto as economias do sul da Ásia continuarem a crescer e a fortalecer novas classes médias com o rendimento suficiente e a curiosidade necessária para participar nestes fluxos de descoberta de novos lugares. Este é, em todo o caso, assunto que me manterá entretido durante mais uns anos, no meu ofício quotidiano de investigador da economia turismo. E este regresso à Ásia é, também, um ponto de partida: para um contacto que espero regular e entretido com os leitores do Hoje Macau.

Automobilismo | Rodolfo Ávila arranca em busca de pontos em Ningbo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]piloto de Macau ainda não triunfou no CTCC e quer mudar esse cenário já este fim-de-semana. Em Ningbo, Ávila vai ter como colega de equipa outro piloto de Macau, André Couto, que substitui Robbert Huff

Rodolfo Ávila (VW Lamando) regressa à competição este fim-de-semana e vai estar à partida da 5.ª ronda do Campeonato de Carros de Turismo da China (CTCC), que se realiza no circuito Ningbo International Speedpark, na Província de Zhejiang.

A cumprir a segunda temporada na competição, e apesar de ter sido vice-campeão na época passada, Ávila ainda não venceu qualquer corrida. Este vai ser um dos objectivos para este fim-de-semana, apesar da prioridade passar por acumular pontos para o campeonato de construtores e de pilotos.

“Depois de dois anos nesta competição era bom ganhar uma prova, porque é um factor psicológico presente. Mas também ganhar nem sempre é tudo, como ficou exemplificado na temporada passada. Não ganhámos nenhuma corrida, acabámos sempre nos lugares do pódio e conseguimos finalizar em segundo lugar o campeonato”, afirmou Rodolfo Ávila, no lançamento da prova, em declarações ao HM. “Na última prova fizemos a pole position, no circuito Xangai Tianma, e acabámos em segundo lugar, mas é claro que ainda não ganhei uma corrida e gostava de mudar isso”, acrescentou.

Nesta altura, quando foram disputadas quatro de oito provas do campeonato, o piloto de Macau ocupa o 7.º lugar, com 46 pontos, a 36,5 pontos do líder Cao Hong Wei (KIA), que conta com 82,5 pontos. Ao nível de construtores a VW está no 3.º lugar, com 130,5 pontos, a 38,5 pontos de distância da KIA, com 169 pontos.

“O mais importante vai ser angariar pontos e conseguir chegar até ao fim. Mas acho que poderemos ter um bom andamento, como ficou mostrado na prova anterior. Espero que amanhã [hoje] quando formos para a pista que tenhamos um bom andamento, desde o início”, acrescentou.

André Couto presente

Além de Rodolfo Ávila, a Shanghai VW 333 Racing Team vai ter outro piloto de Macau, André Couto. O vencedor de 2000 do Grande Prémio de Macau em Fórmula 3 vai fazer a estreia no CTCC, ocupando o carro normalmente tripulado por Rob Huff. Por serem colegas de equipa, Ávila afasta o cenário de haver qualquer rivalidade.

“Eu e o André já nos conhecemos há muitos anos e acho que ter o André na nossa equipa vai ser bom para nós. Neste momento estamos um bocado abaixo das outras equipas em termos de pontos, por isso era importante que ele se habituasse rapidamente ao carro e tivesse um bom ritmo”, frisou Rodolfo Ávila.

Em relação ao circuito de Ningbo, o piloto espera uma corrida bastante intensa, também pelo facto de não haver grandes oportunidades de ultrapassagem.

“O circuito não tem muitas oportunidades de ultrapassagens, mas tem chicanes, curvas lentas, um pouco de tudo. Vão ser corridas bastantes interessantes, com os carros a circularem muitos juntos. De certeza que vai haver muita acção”, apontou.

Diário incerto

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]verbo ser. O mais universal poema da língua portuguesa: eu sou, tu és, ela, ele, isso é, nós somos, vós sois, elas, eles, essas coisas são. Solipsismo lírico diz o poeta. Rumo a sul. Há tantas coisas para fazer: máquinas de lavar. Levar a mãe ao médico. Uma palavra desconhecida que se vai ver ao dicionário. Um almoço quotidiano. E mais nada, mais nada. Lembro-me daqueles dias. Onde estão os amigos? Abrir um livro. Ter de escrever vezes sem fim. Quando não há que escrever, copia-se quem escreve. Uma música imitada mal na guitarra. Uma canção ecoa no vento de verão.

Dia 9

Vejo-te descer uma rua. Tenho a certeza de que tenho: solipsismo lírico, sul, máquinas de lavar, médicos, palavras desconhecidas, almoços, dias, amigos, livros, fins, escrever. Há uma música que ecoa. É verão. Uma canção, talvez.

Dia 8

Não ouço música há anos. Os dias passam com um problema linguístico. E, depois, vem a velhice. Vem a doença. Não se sabe o que fazer: ante a velhice nem a doença. “Agora, é que ela me deu”. É um sítio banal. Se calhar, uma porta de elevador. “Agora, é que ela me deu!”. “Ela” era a morte. Vamos ao rio. No rio, vemos Alcântara mergulhar no oceano. Bebemos uma água. Queres conversar. O teu melhor amigo está a ir-se. Choras. Olho para ti.

Dia 7

Não queres comprimidos. “Se aparecer uma miúda que ames, casa com ela”. Não vias nada. Às vezes, uma matrícula.

Dia 6

Aparecias-me atrás de mim. Acordavas três vezes durante a noite. Tomavas banho e escanhoavas-te. Perguntava-te por que razão. Voltavas para a cama. Ia resgatar-te vezes sem conta. E era o banho. Ensaboava-te. E o cabelo branco! Depois, dizias que não querias ir para o Hospital de INEM. Íamos de táxi.

Dia 5

Passou muito tempo. Querias uma cerveja. Dei-te muitas cervejas. Bebias um golo. Querias ir até sul. E fomos. “Quando encontrares um amor, diz para vir”. “Não importa nada. Vais encontrar um amor.” A tortura da gota é tremenda. Não queremos ficar fechados num quarto estreito. Não podemos bater em ninguém nem fugir. “O avô ama-te”.

Dia 4

Queria ser tudo: soviético. Fui alemão. Fui todas as nações. Cantei o nosso hino. Dizia: 10, 9, 8, 7, 6, 5. Onde estás? Pedias o Andy. Era atrás de mim. Vinhas de gravata. Íamos comprar o Público e o Diário de Notícias. Às vezes, Jogo. Se eu te perdia, atravessavas a Junqueira. Acenavas. “Estou aqui”! Dizia-te qualquer coisa como se tu me dissesses a mim. Regressávamos a casa ou o que era a casa.

Dia 3

Já te mijavas todo. Não sabias onde era o Norte da tua cama. De manhã, dizias-me: “vamos, então.” Depois, perdeste-te. Só se perde quem se encontrou. Tinhas pena de não ter nem namorada, muito menos mulher. Os teus filhos adoram-te.

Dia 2

Há uma rapariga que desce uma rua. Anos depois de teres morrido. Era, afinal, da mesma rua onde te prenderam. Tu que perdoaste quem te denunciou. Não foi aí que me declarei. Mas ela ficou tudo para mim. Não te vou explicar como ela é. É por pudor. Ela é linda. Mas sabias que seria assim. Ela tem um carácter indefectível. Ela desce uma rua com o “telefone portátil”, como dizias. Apoia tudo no lado esquerdo. Tem o braço direito livre. Sorri como ninguém. Faz-me lembrar a vida. Tu perdeste a tua. Eu gostava de ter a minha. Ela desce como ninguém. E, parece-me, encanto-me. Não há ninguém como esta miúda. Sabes: sou terno. Mas não importa. Talvez…

Dia 1

Passaram-se muitos anos. Mas não a fome. Não, o amor. Se calhar, chego a tempo. E chego àquela criatura.

Na rua onde vivemos em tempos diferentes, nos anos em que não podíamos ter-nos conhecido, em todo o tempo em que fomos sem sermos um com outro: esperávamos. E esperamos e esperamos. Não há nada que eu possa fazer.

E eu amo-a. E ela ama-me.
Seguimos o melhor que pudermos.
Não morreste nem o pai dela.
No céu, bebem um copo.
Eu amo-a como ninguém.

A primeira festa dos portugueses de Shanghai

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]elas grandes potencialidades de trabalho e comércio, Shanghai atrai muita gente e não é de estranhar a rápida progressão da comunidade portuguesa proveniente de Macau a aqui se estabelecer, tornando-se a segunda mais numerosa da cidade. Segundo Jack Braga, “Para o fim do século XIX, havia comunidades portuguesas em todos os centros comerciais do Extremo Oriente. Muitos dos seus membros preferiam apregoar a cidadania britânica, por terem nascido em Hong Kong, mas têm sido, geralmente, classificados de portugueses, por motivo da sua ascendência, em vez da sua nacionalidade”.

Shanghai em 1898 conta para cima de oitocentos portugueses, incluindo homens, senhoras e crianças, e como cônsul geral de Portugal continua o Sr. Joaquim Maria Travassos Valdez, que a 7 de Maio de 1897 resume as actividades a que se dedica a comunidade: . Já segundo Alfredo Gomes Dias, os membros da comunidade portuguesa de Xangai eram na sua maioria empregados de comércio, “os gooser que desempenhavam funções subalternas nas casas comerciais estrangeiras” nas concessões internacionais, assim como “os negociantes/proprietários (onde podem ser incluídos os compradores – mai-pan) e os funcionários a trabalhar no sistema financeiro”. Como segundo grupo mais numeroso os funcionários consulares e a trabalhar nas alfândegas e depois vinham os religiosos cristãos, protestantes e católicos, professores e o dos artistas. Seguiam-se os médicos e enfermeiros, assim como engenheiros e arquitectos e por fim os jornalistas e os ligados às actividades relacionadas com a navegação. Informações provenientes de Alfredo Gomes Dias e retiradas do livro, Diáspora Macaense – Macau, Hong Kong, Xangai (1850-1952), Lisboa 2014. Para ter um retrato social dessa comunidade recomenda-se a leitura das páginas 374 e seguintes onde se referem os membros da elite.

Comissão para os festejos

A colónia portuguesa da cidade reúne-se no dia 27 de Fevereiro de 1898 no Club de Recreio, sob a presidência do Cônsul Sr. Joaquim Valdez para nomear uma comissão a fim de tratar dos festejos que se projectam fazer em Shanghai. Dá conta dessa reunião o jornal L’ Echo da Chine, que se publica nessa cidade e a 6 de Março o Echo Macaense faz também referência. O nosso Cônsul, “Em vista dum ofício recebido do Sr. Ministro Plenipotenciário, enviando o programa das festas que a comissão central em Lisboa propôs levar a efeito por ocasião da comemoração do quarto centenário do descobrimento do caminho para a Índia, envidou os nossos nacionais aqui residentes para uma assembleia pública a fim de nomear uma comissão para promover os festejos. A assembleia teve lugar ontem, às 5 1/2 da tarde, nas salas do Club Recreativo”. “Apesar do mau tempo que fazia, a sala estava cheia, e todos os que se achavam presentes estavam bem entusiasmados”.

“Creio que não será fora de propósito dizer-lhe aqui, [refere o correspondente do Echo] que, se fizermos a festa, há-de ser a nossa primeira festa pública em Shanghai. Todas as outras nações já fizeram e continuam a fazer festas, logo que se ofereça qualquer ocasião, só nós ainda não fizemos coisa alguma, e isto devido talvez à nossa indiferença, frieza ou medo, e por causa disto deixamos correr tudo à revelia. Portanto, avante senhores! Não deixemos passar a ocasião e vamos mostrar que apreciamos e veneramos os nossos valentes antepassados.”

Assim, nesse dia fica constituída a Comissão Executiva de Shanghai, composta pelo Presidente, Joaquim Maria Travassos Valdez, tendo como tesoureiro Francisco S. Oliveira e secretário o Sr. Hermenegildo A. Pereira. Os outros elementos são, Adelino Dinis, António J. Diniz, Chong Tsong-poo, Cheng Chi-pio, Fernando J. de Almeida, Filomeno V. da Fonseca, Francisco F. da Silva, Honorato Jorge, José F. Pereira, Lino F. Tavares, Luiz Barreto, Marcos de Souza e Luiz Adolfo Lubeck. Os nomeados irão reunir-se num destes dias para tratar dos preparativos dos festejos para comemorar o IV Centenário, cujo programa estará de acordo com a Régia Portaria de 9 de Abril de 1897 e formulado dentro dos limites da quantia subscrita pelos portugueses residentes de Shanghai. É consagrado à memória dos navegadores portugueses que, movidos pelo desejo de servirem a Deus e a Pátria, primeiramente descobriram as terras e mares de África, Ásia, América e Oceânia. Para esse grande jubileu contribuiu também o Conselho Municipal inglês com mil taéis, que em moeda portuguesa, segundo o câmbio oficial estabelecido para a pataca, correspondem a 888$890 réis.

Visita real

“O príncipe Henrique da Prússia, irmão do Imperador da Alemanha, chega a Shanghai no Domingo 17 de Abril de 1898, antes do meio-dia. Desde sábado de manhã já estava o Bund parcialmente coberto de gente a esperá-lo, mas infelizmente sua Alteza ficou detido lá fora, por um forte nevoeiro e só chegou no dia seguinte; feriado, e tendo já todos acabado de ouvir missa, muita gente teve a chance de ver sua alteza desembarcar e ir até ao consulado geral d’ Alemanha, onde se hospedou.” Nessa tarde, S. Exa. Kuei chiun, Governador da província de Kiang-su (Jiangsu), vem expressamente de Suchau (Suzhou) por ordem do seu governo para receber sua alteza, acompanhado do tesoureiro da mesma província e do tao-tao de Shanghae, vem cumprimentá-lo.

Na segunda-feira, retribui a visita do governador Kuei-chiun e recebe as visitas do corpo consular e de mais gente. À noite, depois do jantar, assiste a um baile oferecido pelo governador Kuei-chiun no palácio dos negócios estrangeiros, com muita gente e deve ter custado muito dinheiro. “Ainda não se sabe ao certo quando é que sua alteza vai para Kiaochao (Qingdao), a nova colónia alemã, mas enquanto se demora por cá, entretém-se todos os dias com jantares, pic-nics, revista de tropas, etc.”, refere o Echo Macaense.

“À imitação dos alemães em Kiaochao, o general russo manda afixar proclamações dizendo que a Rússia é amiga da China, que o aforamento de Port Arthur, [onde os russos já têm uma guarnição de quase oito mil homens de terra, as fortalezas estão armadas e uma esquadra de oito grandes barcos, entre couraçados e cruzadores, além dos inevitáveis torpedeiros, na entrada do porto e noutros lugares], têm por fim proteger a China de uma maneira duradoura, por isso que os habitantes devem ter toda a confiança na administração russa a fim de granjear paz e prosperidade.

É possível que a Inglaterra também há-de vir com a mesma cantiga com respeito a Wei hai wei”, porto de Shandong, em frente a Port Arthur, onde em 1895 os japoneses destruíram a armada chinesa.

Timor | Presidente timorense promulga OE de 2018

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]Presidente da República de Timor-Leste promulgou ontem o Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2018, acabando com um período de nove meses de regime de duodécimos que contribuiu para fragilizar a economia do país.

Francisco Guterres Lu-Olo assinou a decisão de promulgação do OGE, remetendo-a ao Parlamento, pouco tempo antes do seu encontro semanal com o primeiro-ministro, Taur Matan Ruak.

Devido à tensão política que tem marcado o último ano em Timor-Leste, que levou à convocação de eleições antecipadas, o país viveu com o regime de duodécimos desde 1 de Janeiro, deixando as contas do Estado, por várias vezes, à beira da ruptura.

Um dos exemplos ocorreu com o fornecimento de combustível para as centrais eléctricas do país que, por várias vezes, ficou em risco.

O Orçamento, aprovado pelo Parlamento com cariz de urgência, foi enviado para o chefe de Estado a 11 de Setembro

Os partidos que integram a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), a coligação do Governo, criticaram o que consideraram ter sido a demora do chefe de Estado na decisão sobre as contas públicas. A Constituição dá ao Presidente 30 dias para analisar o OGE.

Contas à vida

O Orçamento tem o valor de 1.279,6 milhões de dólares e engloba todas as receitas e despesas do Estado e da Segurança Social de Timor-Leste entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2018.

A expectativa do Governo é de conseguir executar cerca de 700 milhões de dólares no último trimestre do ano.

As dotações orçamentais para este ano incluem 200,25 milhões de dólares para salários e vencimentos, 354 milhões para bens e serviços, 324,2 milhões para transferências públicas, 5,11 milhões para capital menor e 393,75 milhões para capital de desenvolvimento.

O total das despesas dos serviços sem autonomia administrativa e financeira e dos órgãos autónomos sem receitas próprias é de 830,54 milhões de dólares.

Nos cofres do Estado devem entrar 188,8 milhões de dólares de receitas não petrolíferas.

A diferença, 982,5 milhões de dólares, corresponde a levantamentos que terão que ser feitos do Fundo Petrolífero, dos quais 550,4 milhões são do Rendimento Sustentável Estimado e o restante são levantamentos adicionais.

Sentença histórica | Supremo Tribunal descriminaliza o adultério na Índia

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Supremo Tribunal indiano despenalizou ontem o adultério na Índia, ao declarar inconstitucional uma lei do Código Penal com quase 160 anos que permitia ao marido decidir se as relações sexuais da mulher com outro homem eram crime.

Um colectivo de cinco juízes, liderado pelo presidente do Supremo, Dipak Misra, declarou inconstitucional o artigo 497 do Código Penal, que previa penas de até cinco anos de prisão por adultério não consentido pelo marido.

“Qualquer disposição que trate a mulher em desigualdade não é constitucional”, disse o juiz Misra, que redigiu o seu veredicto em colaboração com outro dos juízes do colectivo, enquanto os outros três magistrados pronunciaram sentenças individuais em que concordaram com a inconstitucionalidade do artigo.

“Chegou o momento de dizer que o marido não é dono da sua esposa. A soberania legal de um sexo sobre o outro sexo está errada”, afirmou o presidente do Supremo, que insistiu na arbitrariedade do artigo.

Misra acrescentou ainda, contrariando aqueles que defendiam esta lei como protectora da indissolubilidade do matrimónio, que “o adultério poderá não ser a causa de um casamento infeliz, mas sim o resultado”.

Últimos actos

A decisão do Supremo Tribunal surge depois de, numa outra sentença histórica, o mesmo órgão judicial ter declarado este mês inconstitucional outro artigo da época vitoriana em que se puniam as relações homossexuais.

Segundo a Associated Press, as recentes decisões de Misra, num país profundamente conservador, foram tomadas numa altura em que o juiz se prepara para se retirar do cargo no próximo mês.

A lei contra o adultério enquadrava-se numa sociedade indiana que continua predominantemente patriarcal, em que existe uma clara preferência pelos filhos varões, que perpetuam a linhagem, cuidam dos pais na velhice e lhes asseguram rendimentos.

A isso somam-se os dispendiosos – e ilegais – dotes que as mulheres devem pagar no casamento.

Pequim | Rejeitadas acusações de Trump sobre ingerência nas eleições de Novembro

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, assegurou ontem que Pequim “não interfere e não interferirá” nos assuntos internos de nenhum país e rejeitou as acusações do Presidente dos EUA, sobre uma alegada tentativa de manipulação eleitoral.

“Não interferimos nem interferiremos nos assuntos internos de nenhum país”, afirmou o chefe da diplomacia de Pequim durante uma sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas centrada na não proliferação de armas de destruição massiva.

Antes, Donald Trump tinha acusado o Governo chinês de tentativa de manipulação das próximas eleições intercalares de Novembro nos Estados Unidos, porque o seu Governo “a desafiou” na arena comercial.

“A China está a tentar influenciar as eleições de 2018 contra a minha administração, não querem que eu ganhe, ou que nós ganhemos, porque sou o primeiro Presidente a desafiar a China no comércio e estamos a ganhar a todos os níveis”, disse Trump, na primeira reunião do Conselho de Segurança da ONU por si convocada.

“Não queremos que se intrometam ou interfiram nas nossas eleições”, acrescentou o chefe de Estado norte-americano, sem fornecer pormenores sobre essa alegada ingerência de Pequim na política interna norte-americana, além do descontentamento em relação à política comercial de Trump.

BAD | Crescimento económico de 6,6% em 2018

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] relatório anual do Banco Asiático de Desenvolvimento destaca a consistência do desempenho da economia chinesa no primeiro semestre deste ano, mas adverte para as futuras consequências negativas que poderão advir do conflito económico com os EUA.

O Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD) apresentou esta quarta-feira uma previsão de crescimento da economia chinesa situada nos 6,6%, graças à robustez do consumo doméstico e à sólida expansão do sector de serviços no país.

“O crescimento é incrementado por uma sólida performance económica na primeira metade do ano”, anunciou o Banco Asiático de Desenvolvimento no Asian Development Outlook 2018, a publicação anual dedicada à economia regional do banco.

No entanto, o BAD reviu a sua previsão para 2019 dos 6,4% para 6,3% “perante uma redução no crescimento da procura e da implementação de tarifas alfandegárias dos EUA e respectivas contra-medidas da China”.

“A reforma do lado da oferta, face ao apoio monetário e fiscal, irá, contudo, assegurar que o crescimento permanece no caminho certo”, refere o relatório.

O documento refere ainda que o prolongamento da disputa comercial com os EUA iria afectar cadeias de produção além-fronteiras, advertindo que qualquer aprofundamento do conflito, tal como os 25% em tarifas em todo o comércio bilateral entre os EUA e a China, teria consequências ainda maiores.

Impacto global

O BAD avisa que uma disputa comercial prolongada poderá danificar a confiança e deter o investimento na região.

“O impacto indirecto será profundo em diversas economias da região e a nível global, especialmente se o sector automóvel fizer parte do conflito”, refere a instituição.

O relatório destaca que a estimativa do impacto não é capaz de prever a influência nas unidades de produção, dado que as redes de negócios além-mar são afectadas e os planos de investimento são cancelados durante a relocalização da produção global.

O relatório anual do BAD, originalmente publicado em Abril e actualizado em Setembro, é a sua principal publicação anual. O documento garante uma análise integral de questões macroeconómicas na Ásia, incluindo estimativas de crescimento das maiores economias locais.

Exposição | World Press Photo na Casa Garden até 21 de Outubro

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] s retratos do mundo estão de volta à Casa Garden na exposição dos vencedores do concurso anual World Press Photo. Jerzy Brinkhof, curador, falou do poder informativo da fotografia que conta as histórias dos nossos dias.

Não é apenas um homem a arder, mas toda a Venezuela com a sua crise económica que retira os alimentos dos supermercados e coloca a população em grave carência. “A crise Venezuelana”, de Ronaldo Schemidt, fotojornalista da agência France Press, é a fotografia vencedora da edição deste ano do concurso World Press Photo e é uma das imagens que estará exposta na Casa Garden até ao próximo dia 21 de Outubro. À semelhança dos anos anteriores, esta iniciativa é feita graças ao contacto da Casa de Portugal em Macau.

Jerzy Brinkhof, curador da exposição, explicou as razões pelas quais esta fotografia se destacou entre milhares que se apresentaram a concurso.

“A foto foi tirada durante um protesto em Caracas contra o Governo de Nicolas Maduro, porque o país está numa crise financeira e económica. A razão pela qual o júri escolheu esta foto é porque é uma imagem perfeita do ponto de vista estético, é vibrante e capta a atenção do público, e também representa aquilo que a exposição pretende ser este ano, ter algo de grande dimensão. Não é apenas um homem a arder, é a Venezuela a arder.”

Este ano, o World Press Photo tem uma nova categoria dedicada ao ambiente. Como tal, são muitas as imagens que nos remetem para as problemáticas do aquecimento global e do desperdício de recursos.

“Decidimos criar esta categoria pelo facto do aquecimento global e das questões ambientais serem os grandes temas da actualidade. Todos lidam com esse problema, seja a China ou os Estados Unidos. Também recebemos muitas candidaturas de fotógrafos com interesse em documentar esta questão”, contou o curador.

Uma das imagens que reflectem o tema do ambiente mostra a produção alimentar nas fábricas chinesas. “É um país que enfrenta o problema do aumento da população e da maior necessidade de consumo de produtos alimentares.” Além disso, é também retratada a produção alimentar sustentável na Holanda, onde se faz uma grande aposta na ciência.

Imagens móveis

Um total de 42 fotógrafos foram premiados nesta edição do concurso que visa chegar a todas as pessoas. “As imagens da exposição formam uma história e penso que uma exposição assim, global, merece um público a nível mundial. Ter a exposição em Macau faz parte disso. Esperamos ter aqui a exposição durante bastante tempo”, explicou o curador, que falou da importância de se fazer o World Press Photo numa altura em que os telemóveis vieram banalizar o acto de fotografar.

“Temos demasiada informação nos nossos telemóveis, a maior parte é visual, o que, por um lado é bom, mas por outro não é. Mas essa é uma outra discussão. A exposição resulta de um concurso internacional e esperamos que as pessoas que visitem a exposição tenham tempo para olhar para o que se está a passar no mundo em vez de olharem apenas para os telemóveis. Exige um maior consumo de tempo, mas pode também ser mais interessante.”

Todas as imagens vencedoras foram escolhidas por um júri independente, ainda assim já se registaram alguns entraves na exibição das fotografias, quando está em causa nudez ou outras questões sensíveis.

“Já tivemos problemas a expor algumas das imagens, pois há fotografias de nudez, por exemplo. A dificuldade que temos prende-se com o facto de querermos expor no maior número de países possível, mas temos de nos confrontar com questões culturais, políticas e religiosas e com as diferenças que isso acarreta. Respeitamo-las, mas também acreditamos que a nossa exposição pode levar a uma mudança e poderia abrir as mentes das pessoas a outras percepções.”

Para Jerzy Brinkhof é importante que as fotografias vencedoras revelem outras perspectivas a quem as vê. “As notícias são um tema forte da exposição, mas também temos histórias de desporto, retratos de pessoas, ambiente. Quando as pessoas olham e são confrontadas com as histórias podem achar estranho, não é algo que estejam habituados a ver, mas isso é positivo, há um confronto com questões com as quais podem discordar”, concluiu.

Economia | Comércio externo aumentou 21,7% até Agosto

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] comércio externo de Macau totalizou 66,52 mil milhões de patacas até Agosto, traduzindo um aumento de 21,7 por cento face ao período homólogo do ano passado, indicam dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Macau exportou bens avaliados em 8,13 mil milhões de patacas (+7,9 por cento) e importou mercadorias avaliadas em 58,39 mil milhões de patacas (+24 por cento) nos primeiros oito meses do ano. Por conseguinte, o défice da balança comercial nos oito primeiros meses agravou-se 27 por cento, atingindo 50,25 mil milhões de patacas.

As exportações de Macau para a China (1,37 mil milhões de patacas) caiu 3,6 por cento, à semelhança do que sucedeu com as destinadas aos Estados Unidos (90 milhões de Patacas), que diminuíram 19,4 por cento em termos anuais. Em contrapartida, as vendas para Hong Kong (5,06 mil milhões de patacas) e União Europeia (132 milhões de patacas) subiram 12,9 e 8,4 por cento, respectivamente, em termos anuais.

Já as importações de Macau de produtos da China (19,80 mil milhões) aumentaram 27,8 por cento, em linha com as compras à União Europeia, que cresceram 27,8 por cento, entre Janeiro e Agosto de 2018.

As trocas comerciais entre Macau e os países de língua portuguesa atingiram 549 milhões de patacas – contra 418,7 milhões entre Janeiro e Agosto do ano passado. As exportações de Macau para o universo lusófono ascenderam a 24 milhões de patacas, (contra 700 mil patacas), enquanto as importações cifraram-se em 525 milhões de patacas, contra 418 milhões em igual período de 2017.

Economia | Taxa de juro sobe para 2,5%, o terceiro aumento do ano

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Autoridade Monetária de Macau (AMCM) elevou ontem em um quarto de ponto percentual a taxa de juro de referência para 2,5 por cento. O aumento, o terceiro desde o início do ano, surge depois de a Autoridade Monetária de Hong Kong ter feito o mesmo na sequência da decisão anunciada pela Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed).

A pataca encontra-se indexada ao dólar de Hong Kong e, por essa via, ao dólar norte-americano, pelo que a uniformização da evolução da política da taxa de juros tem “a finalidade de salvaguardar o funcionamento eficaz do regime de indexação cambial, como referiu, em comunicado, a AMCM, que funciona como o “banco central” de Macau.

A AMCM advertiu que se prevê um ajustamento gradual por parte dos bancos locais das taxas de juro ao nível de retalho, incluindo as de empréstimos. “O aumento de taxa de juro de empréstimo vai, no futuro, aumentar os encargos financeiros dos créditos, especialmente em empréstimos hipotecários com denominações relativamente grandes”, alertou.

Neste sentido, enfatizou, “os cidadãos devem ponderar com prudência sobre a sua própria capacidade de reembolso dos empréstimos, antes de decidir contrair quaisquer empréstimos”. Já o sector bancário “deve proceder à avaliação da sua situação de funcionamento, face aos impactos emergentes da evolução das taxas de juro, assegurando uma boa gestão dos potenciais riscos”, complementou a AMCM.

Em declarações reproduzidas na edição de ontem do Jornal do Cidadão, o presidente da Associação de Construtores Civis e Empresas de Fomento Predial, Paul Tsé, também colocou a tónica no aumento dos encargos relativos aos empréstimos por parte dos residentes, embora considere não ser grande o risco de haver uma queda rápida do mercado imobiliário.

“Macau Taxi” | Associação nega exigir taxas adicionais

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]presidente da Associação de Mútuo Auxílio de Condutores de Táxi, Tony Kuok, garantiu ontem que a aplicação “Macau Taxi” não exige quaisquer taxas adicionais a quem pede este tipo de transporte, afirmando conhecer plataformas do género que o fazem.

Existe há vários meses, tendo vindo cobrir um vazio deixado pela aplicação Uber, alvo de bastante polémica no território, uma vez que nunca foi legalizada pelas autoridades. A “Macau Taxi”, criada pela Associação de Mútuo Auxílio de Condutores de Táxi, foi ontem promovida numa conferência de imprensa. Tony Kuok, presidente da associação, garantiu que esta aplicação não exige o pagamento de “prendas” a quem pede um táxi, ao contrário de outras plataformas semelhantes, como é o caso da “MTaxi”.

Tony Kuok disse ter conhecimento de que existem aplicações a exigir o pagamento de taxas adicionais aos clientes nos períodos em que é difícil encontrar um táxi disponível, para que o pedido seja bem sucedido. O responsável adiantou que a “Macau Táxi” tem o apoio da Direcção dos Serviços de Economia e que não tem essa função. Contudo, “se os passageiros estiverem satisfeitos com o serviço podem pagar uma taxa extra à vontade”, disse, referindo-se às gorjetas.

Para Tony Kuok, a aplicação “Macau Taxi” pode ainda ajudar a combater as irregularidades do sector, uma vez que possui o sistema de avaliação.

A “MTaxi”, detida pela empresa MOME, foi lançada no passado dia 15 de Agosto. Quanto à exigência de taxas adicionais, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego referiu apenas estar a monitorizar o assunto.

Pagamentos flexíveis

Tony Kuok falou ainda do serviço de táxis no contexto da abertura da nova ponte que vai ligar Hong Kong a Zhuhai e Macau, bem como do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Para o presidente da associação, é necessário flexibilizar e ir de encontro às necessidades dos clientes, implementando o sistema de pagamento electrónico. Neste sentido, a “Macau Táxi” permite o uso de sistemas de pagamento como o “MPay” e “Alipay”.

A Associação implementou a certificação de táxis em Junho deste ano, sendo que há cada vez mais táxis a integrar esta iniciativa. A criação da “Macau Táxi” veio tornar-se, de acordo com Tony Kuok, num canal adicional para que turistas e residentes apanhem táxis certificados.

DSAL | Nove trabalhadores da Yat Yuen procuram emprego

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]chefe do Departamento de Emprego da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, Mang Sui Yee Margaret, afirmou que nove funcionários do Canídromo recorreram aos serviços públicos para procurar emprego. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, a chefe referiu que dois trabalhadores já conseguiram novo trabalho enquanto os restantes estão em fase de colocação de emprego. A DSAL garante que seguirá de perto a situação dos funcionários do Canídromo.

Tabaco | Serviços de Saúde alertam para cigarros electrónicos com marijuana

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Alfândega do Porto de Jiuzhou de Zhuhai, detectaram marijuana em óleo destinado a cigarros electrónicos. A descoberta motivou os Serviços de Saúde (SS) a emitirem um comunicado a desaconselhar o consumo deste tipo tabaco pois pode “por em risco, além da sua saúde, a sua vida e conter substâncias ilegais”. As autoridades de saúde de Macau acrescentam que este tipo de produto acarreta um risco extra uma vez que “não existem padrões de substâncias de cigarros electrónicos (óleo de cigarro electrónico e cartucho)”. Como tal, a ausência de padrões abre a possibilidade a que cada fabricante tenha a sua concepções, substâncias e qualidade de produto.

Os SS alertam para o facto de haver pessoas que aproveitam os cigarros electrónicos para consumir drogas, deixando de fora a evidência que de os cigarros tradicionais também são igualmente usados para a mesma finalidade.

As autoridades de saúde chegam mesmo a citar um estudo publicado no Journal Pediátrico JAMA (JAMA Pediatrics), para o qual foram inquiridos mais de 20 mil estudantes norte-americanos, sobre o uso de vaporizadores no consumo de canábis. O inquérito revelou que um terço dos alunos do ensino secundário geral e um quarto dos alunos de ensino secundário complementar tinham consumido os produtos contidos cannabis e tetrahidrocanabinol (THC), através dos cigarros eletrónicos.

É de salientar que em Macau, actualmente, a venda de cigarros electrónicos é proibida, além da publicidade e promoção serem limitadas.