Taiwan | Pequim acusa Lai de quebrar laços históricos Hoje Macau - 10 Out 2024 Pequim acusou ontem o líder de Taiwan de “quebrar deliberadamente os laços históricos entre os dois lados do estreito”, após William Lai ter afirmado “ser impossível” que a República Popular da China seja a pátria dos taiwaneses. A porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado (Executivo chinês), Zhu Fenglian, disse, em conferência de imprensa, que “Taiwan é um território sagrado da China com base em fundamentos históricos e legais claros”. Zhu lembrou que, em 25 de Outubro de 1945, o Governo chinês declarou a “recuperação da soberania sobre Taiwan”, depois da derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial. Em 01 de Outubro de 1949, com a fundação da República Popular da China, o novo regime de Pequim “substituiu a República da China como único representante legítimo de todo o país”, disse. A porta-voz sublinhou que, “embora a reunificação ainda não tenha sido totalmente alcançada”, a soberania e o território da China “nunca foram e nunca poderão ser divididos” e o “facto de a China continental e Taiwan pertencerem à mesma China nunca mudou e nunca poderá mudar”. “Não importa que tipo de paradoxos históricos e declarações bizarras sobre a independência de Taiwan Lai faça, isso não muda o facto objectivo de que os dois lados do estreito de Taiwan pertencem à mesma China e não destruirá o sentimento patriótico dos nossos compatriotas de Taiwan”, disse Zhu, acusando Lai de “suprimir a identidade nacional dos compatriotas de Taiwan”. O Conselho dos Assuntos Continentais de Taiwan (MAC), o organismo governamental responsável pelas relações com a China continental, emitiu um comunicado a denunciar as “declarações absurdas” de Zhu, sublinhando que a República Popular da China “nunca governou Taiwan”, desde a criação em 1949.
Pequim pede aos EUA que clarifiquem limites da segurança nacional Hoje Macau - 10 Out 2024 O ministro do Comércio da China pediu ontem aos Estados Unidos que “clarifiquem os limites da segurança nacional na esfera económica e comercial”, numa conversa telefónica com a homóloga norte-americana, Gina Raimondo. Nos últimos anos, Washington e Pequim têm utilizado a segurança nacional como motivo para impor restrições comerciais. De acordo com um comunicado difundido pelo Ministério do Comércio chinês, Wang Wentao afirmou que uma clarificação sobre os limites do conceito de segurança “contribuiria para manter a segurança e a estabilidade nas cadeias de abastecimento da indústria global e para criar um bom ambiente político para a cooperação entre as indústrias dos dois países”. O ministro manifestou também preocupação com “as restrições” dos EUA sobre os veículos eléctricos chineses e com a política de semicondutores de Washington em relação à China. Os EUA limitaram a exportação de ‘chips’ e tecnologias estrategicamente importantes para o país asiático. Wang instou Washington “a prestar atenção às preocupações específicas das empresas chinesas, a levantar as sanções impostas a estas firmas o mais rapidamente possível e a melhorar o ambiente empresarial para as companhias chinesas nos Estados Unidos”. O responsável pediu que as relações económicas entre Pequim e Washington se tornem o “pilar fundamental” das relações bilaterais entre as duas potências. De acordo com o comunicado, a conversa foi “franca, profunda e pragmática”. Raimondo sublinhou as preocupações expressas pela comunidade empresarial dos EUA relativamente à “falta de transparência regulamentar” na China, bem como às “práticas de mercado pouco competitivas e ao excesso de capacidade estrutural”, de acordo com um comunicado do Departamento do Comércio dos EUA. A responsável sublinhou que a segurança nacional dos EUA “é inegociável” e explicou que a abordagem do Governo dos EUA procura proteger a segurança nacional de “forma direccionada, sem fechar o espaço para um comércio e investimento saudáveis” entre as duas nações. Luta continua A China tem manifestado repetidamente preocupação com as restrições comerciais impostas pelos EUA nos últimos anos, que vão desde a imposição de taxas punitivas sobre as importações chinesas até à proibição de vendas de tecnologia a empresas chinesas. Em particular, o sector dos semicondutores é fundamental para a China, uma vez que constitui uma das pedras angulares dos planos para reforçar a autossuficiência tecnológica e reduzir a dependência de países terceiros. Os Estados Unidos têm criticado o que descrevem como “excesso de capacidade industrial” chinesa, ao qual reagiram impondo taxas sobre os veículos eléctricos chineses, entre outras medidas. Desde o início de 2018, os dois países estão envolvidos numa guerra comercial e tecnológica que tem vindo a desgastar significativamente as relações bilaterais.
Médio Oriente | China opõe-se à expansão do conflito e deplora contradições na região Hoje Macau - 10 Out 2024 Um ano passado desde o início do conflito no Médio-Oriente, Pequim manifesta a sua extrema preocupação com a escalada da violência que já provocou a morte de mais de 40.000 pessoas em Gaza e condena a possibilidade de um ataque ao Irão pelas forças israelitas A China manifestou ontem a sua “oposição à expansão do conflito no Médio Oriente”, referindo-se à possibilidade de Israel atacar o Irão em retaliação pela ofensiva de mísseis iranianos da semana passada. A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, disse em conferência de imprensa que a China está “profundamente preocupada” com “a intensificação das contradições” na região. A China está “profundamente preocupada” com a “intensificação das contradições” na região e “lamenta que a escalada do conflito israelo-palestiniano se tenha arrastado durante um ano, resultando na morte de mais de 40.000 pessoas em Gaza, a maioria das quais mulheres e crianças”, afirmou Mao. “O que é necessário para resolver o conflito israelo-palestiniano não são armas e munições ou sanções unilaterais, mas sim vontade política e esforços diplomáticos”, afirmou, apelando às grandes potências para que “desempenhem o papel que lhes compete, respeitem a objectividade e a imparcialidade e assumam a liderança no cumprimento do direito internacional”. Mao instou ainda “todas as partes” a “manter a paz e a estabilidade regionais e a abordar a situação actual com calma, racionalidade e responsabilidade”. “A comunidade internacional, especialmente as potências influentes, deve desempenhar um papel construtivo para evitar mais instabilidade”, acrescentou. Tensão palpável Nos últimos dias, tem crescido a preocupação sobre a possibilidade de Israel atacar o Irão em retaliação contra o ataque de Teerão a território israelita na semana passada. Alguns analistas temem que Israel ataque as instalações nucleares iranianas, enquanto Teerão instou Israel a não testar a “vontade” do Irão. A China tem reiterado repetidamente o seu apoio à “solução dos dois Estados”, mostrando a sua “consternação” face aos ataques israelitas contra civis em Gaza, e os seus funcionários realizaram numerosas reuniões com representantes de países árabes e muçulmanos para reafirmar esta posição ou para tentar fazer avançar as negociações de paz. A China é o maior parceiro comercial do Irão, com o qual tem vindo a reforçar as suas relações nos últimos anos. Em Maio passado, quando o Irão realizou um ataque de menor dimensão contra Israel, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, indicou ao seu homólogo iraniano que a China tinha “tomado nota das declarações do Irão de que as suas acções são limitadas e no exercício do seu direito à autodefesa”, sublinhando a boa relação entre Pequim e Teerão.
Meditando com Han Shan Ana Cristina Alves - 10 Out 2024 Ana Cristina Alves, Coordenadora do Serviço Educativo do CCCM 27.09.2024 I António Graça de Abreu possui vasta obra poética publicada, entre os títulos destaco: China de Jade (1997), China de Seda (2001); Terra de Musgo e de Alegria (2005); China de Lótus (2006); Cálice de Neblinas e Silêncios (2008); A Cor das Cerejeiras (2010). O poeta e sinólogo é ainda tradutor de poesia clássica chinesa, tendo traduzido para português os seis maiores poetas da China: Li Bai (1990); Bai Juyi (1991); Wang Wei (1993); Han Shan (2009); Du Fu (2015) e Su Dongpo (2023). Lançou em setembro de 2024, em segunda edição, Han Shan Poemas寒山詩 (2024) com a Editora Grão-Falar, dirigida pelo Editor, Jornalista e Escritor Carlos Morais José. Em Han Shan Poemas寒山詩, António Graça de Abreu convida a visitar o mundo poético deste budista Chan, Zen no Japão. O poeta, cujo nome significa “Montanha Fria”, talvez tenha vivido no século VIII, durante o período áureo da dinastia Tang (618-906), tendo-nos brindado com uma meditação existencial única sobre o vazio. O Eremita da “Montanha Fria”, se acaso viveu no século VIII, ter-se-á cruzado, como sugere António Graça de Abreu no Prefácio à obra que traduziu, com os maiores vultos poéticos da dinastia Tang, quer dizer, Wang Wei, Li Bai e Du Fu. A verdade é que, tirando a lenda a seu respeito e do filho adotivo e irmão espiritual Shi De, pouco mais se sabe sobre ele. No entanto, a lenda tem a vantagem de nos alertar para o essencial quer da vida de Han Shan quer de Shi De, já que o poeta abandonou a mulher bonita que tinha, no sopé da Montanha Tai, na aldeia de Qinfeng, na província de Shandong, por acreditar que o coração dela pendia para o filho adotivo adolescente, Shi De; e este último ao perceber a confusão gerada foi procurar por muito tempo Han Shan até o encontrar no mosteiro budista de Han Shan em Suzhou para onde entraria também como monge. A atitude de ambos denota que o traço de união entre eles era a dedicação à religião Budista, dedicação essa vivida poeticamente por Han Shan. Este legaria um estilo poético budista Chan (禪 Chán), que seria transferido no Japão de Matsuo Bashô (1644-1694) para a forma Zen. Já antes na dinastia Song, o primeiro-ministro, poeta e letrado Wang Anshi (1021-1086) se referira à imitação necessária para os estetas crentes mas quase impossível do estilo poético de Han Shan, nas palavras apresentadas por Graça de Abreu “Procuramos a água e apenas ele encontrou a nascente” (Han Shan, Apud Abreu, 2024, 23). II Dos 311 poemas de Han Shan, 15 foram traduzidos por Graça de Abreu, tendo anteriormente 25 sido por Jacques Pimpaneau, adaptados na versão poética de Ana Hatherly para português. Qual é então o estilo que inspirou tantos poetas e anima os poemas de “Montanha Fria”? O estilo filosófico de Han Shan revela, antes de mais, o amor à natureza, que permite enquanto paisagem a concentração no essencial, o coração-mente (心 xīn), seguindo-se a par do elogio do vazio, contraponto a uma existência efémera, eivada de sofrimento, doença e morte, pelo que a meditação sobre o vazio, auxilia o coração-mente a cultivar uma atitude tranquila e desprendida das paixões e prazeres terrenos, bem como a suportar, com a paciência possível, às vezes com alguns desabafos, as dificuldades, limitações e desafios de uma vida curta, repleta de pobreza e frugalidade. O sentimento da brevidade da vida e o envelhecimento, magoam-no, sobretudo por comparação aos tempos de juventude. Apesar de toda a meditação, é perpassado por forças contraditórias, que expressa poeticamente, por exemplo, em as pessoas “São flores num dia de Primavera, /abrem de manhã, murcham ao entardecer” (Abreu, 2009, 12). Satiriza e crítica gente poderosa, rica e avarenta, apontando o tal caminho frugal, cultivado por taoistas e budistas, revelando ainda estranheza por certos monges budistas se apegarem a atitudes mundanas, denotadoras de valorização de bens materiais em lugar de se concentrarem em desenvolver a força espiritual que os poderá aproximar do Dharma, a lei de Buda. Os grandes oficiais, os ministros de estado, a quem os portugueses chamaram mandarins, são de igual modo satirizados e denunciados pela prepotência e injustiça com que exercem os seus cargos. Para chegar à conclusão de que “Hoje compreendo melhor: riquezas, honrarias, / o nome, a fama, tudo é inútil e vazio.” (Abreu, 2009, 16). O prefácio à obra, primorosamente organizado, encontra-se dividido em: apresentação biográfica do poeta, intitulada “Do poeta e da bruma”; “Da Poesia”; “Da Tradução” e “Conclusão”. No que respeita à tradução, a poesia de Han Shan, segundo nos informa o seu tradutor, não é das mais complicadas de traduzir, porque, por um lado, não se encontra repleta de sentidos figurativos e alusões históricas, por outro, utiliza uma linguagem simples e coloquial de modo a que possa ser entendida por todos. Os poemas, sem título, são na sua maioria Lǜshī律詩, 8 versos regulares compostos por cinco ou sete caracteres. As rimas são paralelas e tonais, com alternância entre os tons uniformes, e oblíquos, sendo na concordância tonal que o poeta terá recebido maiores críticas por parte dos letrados, com pouco fôlego poético e muita atenção às convenções. Quanto ao tradutor, confessa-se a trabalhar num registo de sombra cujo silêncio o ilumina (Abreu, 2024, 37). Considera ainda que a empatia com o poeta marca decisivamente os poemas a traduzir (Abreu, 2024,38), bem como “a busca de identidade cultural e afetiva entre o tradutor e o poeta a traduzir” (Abreu, 2024, 39). Considera-se ainda grato pelo seu trabalho não ser um percurso solitário, mas realizado em companhia da consorte, Wang Haiyuan e do velho amigo tradutor ao jeito dos letrados, Zhang Weimin, ilustre tradutor de Fernando Pessoa e Luís Vaz de Camões para Chinês. A rematar o Prefácio recorda como são importantes as traduções para manterem vivos os diálogos poéticos entre toda a humanidade. Assim, devido à tradução de Jacques Pimpaneau, com versão poética de Ana Hatherly, em 2003, e da sua própria tradução, publicada primeiro em 2009 e agora em 2024, o poeta Han Shan torna-se cada vez mais familiar dos leitores portugueses. III Esmiuçando a análise temática da poesia traduzida de Han Shan por António Graça de Abreu, comecemos pelo último poema da coletânea, o 155, uma quadra chinesa jueju (绝句 juéjù) sobre e, perdoe-se o paradoxo, vazio plenamente vivido pelo eremita na sua bela montanha fria: Habito a montanha, ninguém me conhece. Entre nuvens brancas, o silêncio, sempre o silêncio. 我居山 勿人識 白雲中 常寂寂 (Abreu, 2024, 158/9) Esta é a postura meditativa que todos os monges budistas procuram alcançar. Coexistir santamente na paisagem, com uma tranquilidade de espírito só possível pela fusão com a natureza, na contemplação silenciosa das nuvens brancas, tal como se ele próprio ao habitar na montanha tivesse incorporado as suas características, ao jeito do trigrama “Montanha” (艮gěn) do Clássico das Mutações (《易经》) fazendo crescer em si, a força, a solidez e a firmeza necessárias a uma postura exteriormente imóvel, mas que desenvolve a máxima energia a partir do seu interior, porque a viagem na montanha é mental. O corpo permanece no mesmo lugar, enquanto o espírito do eremita procura o domínio que lhe pertence e o vazio iluminante, recetivo e compreensivo de todos os males que afligem os seres vivos a nadar num mar de sofrimento até que a força da mente os liberte. Como adverte no poema numerado por Graça de Abreu 154, no qual declara ter mais de 100 anos, não se deve usar o coração para alcançar a “vã glória” mundana, já que ela arrasta inúmeros desejos fatais às pessoas “Quando se usa o coração para renome e fama/ entram no corpo cem diferentes desejos” (心神用盡為名利/百种貪婪進己軀) (Abreu, 2024, 158/9). Aconselha o monge que o coração das pessoas seja tão vazio quanto possível, mas não indiferente aos outros, eis a grande distância entre as pessoas que vivem sem pensar, nem em si nem nos outros, e os monges, como o poeta, atentos ao fluir da existência e ao auxílio e libertação de todos das amarras que mantêm, segundo a filosofia budista Chan, os seres humanos prisioneiros sem de facto estarem encarcerados numa prisão física. Estes podem até mover-se, aparentemente de uma forma livre, mas na realidade são cativos dos múltiplos desejos com que enchem e enfrenesiam as suas vidas e as alheias, pelo que o melhor é o despojamento meditativo que conduz a uma existência simples e desprendida. Esta é a via certa, a da libertação das manchas e poeira do mundo, a única que apazigua o coração, em comunhão profunda com a falésia, a névoa, o arroio e porque o faz, sabemos o que sente no poema 154 “No meu corpo nem manchas, nem poeiras, /no meu coração nem traço de inquietude.” (身上無塵垢,/心中那更憂。) (Ibidem). O poeta não é insensível à beleza feminina das meninas, das flores e dos elementos naturais, mas a consciência da efemeridade da felicidade, que não passa de breves momentos em longas existências, às vezes mais de cem anos, como talvez a dele, condu-lo ao distanciamento dos prazeres da vida, como nos informa no poema 152 relativamente à brevidade do riso e gozo, que encaminham inexoravelmente para o choro e sofrimento. Só por meio da meditação é então possível relativizar as forças positiva e negativa em ação, equilibrando-as de uma forma tensional, onde a ponderação da vacuidade da existência fenomenal é decisiva ao bem-estar espiritual do poeta, já que as necessidades e carências corpóreas são supridas pela harmonia no coração-mente em contacto com o incenso exalado pela resina do pinheiro e pelos rebentos do cipreste, de acordo com o poema 150, “Tenho fome, uma bolinha desta panaceia,/harmonia no coração, encostado às rochas” (飢餐一粒加陀藥,/ 心地調和倚石頭) (Abreu, 2024, 156-157). Pode e deve estar silencioso e tranquilo “o coração como a lua de outono/ reflexo imaculado num lago esmeralda” (吾心似秋月/碧潭清皎洁) (Abreu, 2024, 53). O ideal de muitos eremitas, de Han Shan em particular, é conseguir afastar-se e descansar dos males do mundo, num lugar abençoado pela beleza natural, propício, por isso, à manifestação da força espiritual, na única companhia dos elementos naturais e dos textos sagrados, incluindo os dos poetas do passado e sobre imortais, assim alcança a energia, que se esconde se transferida para a sociedade humana, impelida pelos ventos fortes das paixões individuais. Aqui fica a confissão de bem-estar de Han Shan, no poema 8: Desejei um lugar para descansar, a Montanha Fria deu serenidade. Um vento leve sopra entre os pinheiros, de perto ouve-se melhor a canção da brisa. Sob as árvores, um homem de cabelos brancos recita velhos textos taoístas. Não deixo este lugar há já dez anos, esqueci o caminho por onde vim. 欲得安身處 寒山可長保 微風吹幽松 近听聲逾好 下有斑白人 喃喃讀黃老 十年歸不得 忘卻來時道 (Abreu, 2024, 54/5) Que melhor sítio para envelhecer do que este entre montanhas e penhascos, rios e lagos, acompanhado pela suave brisa ou pelo canto dos pássaros, aprendendo a escutar a voz da natureza em todas as estações, das mais suaves e convidativas às agrestes, estas últimas, úteis para despertar a força de vontade e a resistência a um mundo ilusório que, apesar da sua inexistência em termos da verdadeira realidade, deixa marcas, que doem e transtornam os corações, tumultuando-os como se em lugar de ventos suaves soprassem no interior impiedosos tufões. Enquanto os contrastes e oposições naturais produzem beleza, como as negras rochas e as nuvens brancas de que nos fala o poema ou, ainda, o salto imprevisível das estações da Primavera diretamente para o Outono, o certo é que os conflitos e oposições ao nível humano causam feridas profundas, por vezes insanáveis, pelo que o eu poético confessa a sua preferência por um fluir sossegado dos dias sem confrontos dilacerantes para o seu coração. Prefere então suportar os rigores de uma montanha de que o gelo não se aparta, nem mesmo no Verão. Dada a opção, terá de seguir uma vida frugal, satisfazendo apenas as necessidades alimentares básicas, pelo que sobrevive dos frutos que a dadivosa mãe-natureza coloca ao seu dispor, por isso explicita no poema 10, “Retirado na Montanha Fria, /Alimento-me de frutos da montanha” (一自遁寒山/養命餐山果) (Ibidem). Tal não significa que o eu poético não tenha momentos de desalento e de humana solidão, isso sucede quando se deixa vencer pelo cansaço e pelo sentimento da fugacidade da existência, como confessa no final do poema 27: “O tempo foge, os cabelos brancos, tão brancos,/ o ano acaba e eu velho triste, tão triste”( 時催鬢颯颯/歲盡老颯颯) (Abreu, 2024, 70/1) Já no tempo de Han Shan, presumivelmente o século VIII da dinastia Tang, o mais importante para muitos senhores de então era o dinheiro, como explica nos últimos verso do poema 41: “mais importante que tudo é o dinheiro (愿君似今日/錢是急事爾)(Abreu, 2024,80/1)”, a valorização dos bens materiais que o eu poético constata parece ser uma constante de todos os tempos em pessoas apenas concentradas nos interesses mundanos, que não conseguem entender que existem outras necessidades para além das físicas, tão importantes como estas e apenas alcançáveis pela via da meditação. Pois para lutar contra os vãos desejos do mundo, o conselho dado ao sábio é: “como arma, leva apenas a espada da sabedoria,”( 常持智慧剑) (Abreu, 2024, 82/3), ele sabe que tudo o que é necessário para se viver bem se encontra nos cinco elementos Wu Yin (五陰Wǔ Yīn ) do Budismo Mayahana (Grande Veículo) : a forma, a sensibilidade, a perceção, a vontade e a consciência, essenciais na compreensão da pobreza e do vazio existenciais, mas ainda de uma certa leveza de um corpo tornado quase espírito na Montanha Fria, como se lê nos últimos versos do poema 63 “Um vento cortante, a lua fria como gelo,/ o meu corpo, um grou solitário voando” (寒月冷颼颼/身似孤飛鶴) (Abreu, 2024, 94/5). Por fim, um conselho de estética religiosa que o eu poético deixa a todos os seus leitores no poema 64, naturalmente a seguir, porque a poesia é a música das palavras que vai direta ao coração-buda: Em casa, ter poemas de Han Shan é melhor do que ler sutras. Escrevam os poemas num biombo e olhem-nos, de vez em quando. 家有寒山詩 胜汝看經卷 書放屏風上 時時看一遍 (Ibidem) Bibliografia Abreu, António Graça de (Org. e Trad.). 2024. Han Shan Poemas寒山詩. Lisboa: Grão-Falar. Hatherly, Ana (Adapt.). O Vagabundo do Dharma. 25 poemas de Han-Shan. Tradução do chinês de Jacques Pimpaneau, versões poéticas de Ana Hatherly e caligrafias de Li Kwok-Wing.
Fórum sobre património no final do mês no CCM Hoje Macau - 10 Out 2024 Realiza-se no final deste mês, entre os dias 31 de Outubro e 1 de Novembro, o Fórum do Património Cultural da Zona da Grande Baía, com o intuito de “promover a salvaguarda, transmissão, revitalização e utilização do património cultural na Zona da Grande Baía”. O evento é organizado pelo Instituto Cultural (IC) em parceria com o Departamento de Cultura e Turismo da província de Guangdong e pelo Gabinete de Desenvolvimento do Governo de Hong Kong. O referido Fórum centra-se na temática da “integração e partilha do património cultural na Área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”, esperando-se a presença de representantes de cidades da zona da Grande Baía, composta por nove cidades da província de Guangdong, Macau e Hong Kong. Além disso, participam ainda “especialistas e académicos da área do património cultural, nacionais e estrangeiros, os quais apresentarão os resultados da sua investigação e proferirão discursos sobre esta temática”. As candidaturas para este evento estão abertas desde terça-feira. Segundo um comunicado, este Fórum “destina-se a promover conjuntamente a salvaguarda, transmissão, revitalização e utilização do património cultural na Zona da Grande Baía, em linha com a definição do posicionamento nacional de Macau como ‘uma base de intercâmbio e cooperação para a promoção da coexistência multicultural, com predominância da cultura Chinesa'”. Conceitos e ideias Irão discutir-se temáticas como “as ligações e o valor do património cultural na Zona da Grande Baía, os conceitos e as práticas de revitalização de edifícios do património cultural, o uso de tecnologia em arqueologia ou a preservação e utilização de relíquias culturais revolucionárias”. Incluem-se ainda temas como a Rota Marítima da Seda e o intercâmbio e a cooperação na área do património cultural. O evento decorre no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau, decorrendo também actividades complementares como a realização de visitas guiadas a edifícios históricos revitalizados em Macau ou workshops para famílias. Será ainda apresentada a “Exposição de Trabalhos Seleccionados do Convite à Apresentação de Fotografias de Edifícios Históricos Revitalizados”. O programa completo será divulgado posteriormente.
Festival da Lusofonia | Cartaz com Fernando Daniel e Yuri da Cunha Hoje Macau - 10 Out 2024 Foi ontem apresentado o cartaz do Festival da Lusofonia deste ano que, pela primeira vez, se organiza em dois fins-de-semana. A sexta edição do Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa decorre no final deste mês e em Novembro, com artistas como Tito Paris, Fernando Daniel e Yuri da Cunha O Festival da Lusofonia, em Macau, vai receber o português Fernando Daniel e o angolano Yuri Cunha, num programa que pela primeira vez se vai prolongar durante dois fins de semana, foi ontem anunciado. O 6.º Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa arranca com o principal evento, o Festival da Lusofonia, entre 25 e 27 de Outubro e entre 1 e 3 de Novembro. O programa inclui também a cantora moçambicana Selma Uamusse, o grupo de funaná cabo-verdiano Ferro Gaita, o cantor brasileiro Filipe Toca, o grupo de música e dança Daman Darshan (representantes das cidades indianas de Goa, Damão e Diu), a cantora guineense Nené Pereira, o grupo de dança GE Dancers (da Guiné Equatorial), o Grupo Cultural 100% Santola (de São Tomé e Príncipe), e o grupo de dança timorense Le-Ziaval. Será a primeira vez que o festival na zona das Casas da Taipa, coorganizado pelas associações das comunidades lusófonas de Macau, se vai prolongar por mais do que um fim de semana. A decisão de prolongar “uma actividade muito significativa” foi tomada porque “assim as comunidades podem ter mais oportunidades de intercâmbio cultural”, disse Leong Wai Man, presidente do Instituto Cultural (IC), que organiza o encontro. Mais de 700 artistas De acordo com o IC, o encontro vai, no total, dar o palco a “mais de 700 artistas”, e tem no concerto do cantor cabo-verdiano Tito Paris com a Orquestra Chinesa de Macau, a 15 de Novembro, um outro ponto alto. A colaboração com Tito Paris, conhecido pela música que une morna e jazz, “é uma nova ideia”, disse Leong Wai Man, recordando que no passado a aposta foi na mistura entre o fado e a música chinesa. Leong Wai Man destacou ainda uma mostra com 136 obras de 23 artistas chineses e lusófonos, entre os quais os portugueses Manuela Pimentel e João Alexandrino, conhecido como JAS. A exposição, sob o tema “Memórias, Legados, Mutações”, vai estar dividida, de 25 de Outubro a 9 de Fevereiro, entre o Museu de Arte de Macau, a Galeria de Exposições das Casas da Taipa e a Rua da Felicidade. Leong Wai Man revelou que o muralista brasileiro Eduardo Kobra vai criar uma obra especificamente para a mostra, obra que irá depois ficar em Macau. Entre 24 de Outubro e 3 de Novembro, vários locais de Macau irão receber espectáculos de música e dança lusófona, a cargo dos grupos participantes no Festival da Lusofonia, incluindo uma companhia da cidade de Zhongshan, na vizinha província de Guangdong. Uma exposição com centenas livros ilustrados e infantis em chinês ou português estará patente na Casa da Nostalgia, uma das Casas da Taipa, entre 25 de Outubro e 5 de Novembro. Destaque ainda para o festival de cinema, de 22 de Novembro a 7 de Dezembro, com 30 filmes da China e dos países de língua portuguesa, com sessões em três locais, incluindo a Cinemateca Paixão e nos Estaleiros Navais de Lai Chi Vun. Apesar do alargamento do Festival da Lusofonia, o orçamento do Encontro irá descer de 9,6 milhões de patacas em 2023, para cerca de oito milhões de patacas este ano, disse Leong Wai Man.
Condomínios | Criadas mais sete empresas de gestão Andreia Sofia Silva - 10 Out 2024 Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) mostram que no espaço de um ano surgiram no mercado mais empresas de administração predial, vulgo gestão de condomínios. No ano passado eram 235, mais sete face a 2022. Estas entidades empregaram 8.157 pessoas, mais 8,7 por cento em termos anuais, tendo-se registado receitas de 1,92 mil milhões de patacas, uma quebra de 1,3 por cento, observando-se também a mesma queda percentual no tocante às despesas, que foram de 1,79 mil milhões. A DSEC destaca ainda que as despesas com funcionários representaram 58,8 por cento em termos de proporção de despesas destas empresas, enquanto os custos de exploração representaram 28,3 por cento, sendo estas as proporções mais elevadas do bolo de todas as despesas de condomínio. No tocante à segurança de edifícios, 2023 registou 60 empresas, menos uma do que em 2022, com 11.184 trabalhadores, menos 2,1 por cento. Na área da prestação de serviços de limpeza registaram-se 353 empresas, mais 29 em termos anuais.
Melco Crown | Lawrence Ho recua no investimento no Japão Andreia Sofia Silva - 10 Out 2024 Numa entrevista à revista Macau Business, Lawrence Ho, CEO da Melco Crown, admite que recuou, para já, de investir no mercado de jogo no Japão, dado o tempo que gastou no processo, sem frutos concretos. Em relação ao City of Dreams Mediterranean, no Chipre, a confiança é grande, apesar dos conflitos no Médio Oriente Lawrence Ho, CEO da Melco Crown, parece ter desistido da ideia de investir no Japão. Em entrevista à revista Macau Business, o empresário, que detém uma das concessões de jogo em Macau, declarou que o longo processo para entrar no mercado de jogo nipónico ainda não deu frutos. “Estivemos envolvidos no processo [de jogo] no Japão nos últimos dez anos, e investimos muitos recursos nisso. Pessoalmente gastei bastante tempo no Japão, e não penso que o país esteja já no nosso horizonte imediato. Tendo estado envolvido em todo o processo, seria mais cauteloso sobre uma aposta demasiado rápida.” Em relação ao resort integrado da Melco na Europa, o City of Dreams (COD) Mediterranean, aberto em Julho do ano passado, em Limassol, no Chipre, as expectativas mantém-se elevadas, apesar dos conflitos próximos no Médio Oriente e entre a Rússia e Ucrânia. “Há muito que acreditamos no Chipre. Ganhámos um concurso competitivo para a obtenção da licença. Temos uma licença de 30 anos para estarmos no Chipre, 15 deles em regime de monopólio. Ganhámos isso em 2016, mas se me dissesse que os nossos principais mercados internos estariam em guerra, teria sido uma espécie de adivinho. Não tivemos sorte”, declarou. Explicando que o Chipre tem a vantagem da legislação europeia, por fazer parte da União Europeia, Lawrence Ho espera “uma resolução em breve” para os conflitos na região. “Há muitos casinos na Europa, mas não existem resorts integrados. Penso que aquilo que temos para oferecer no COD do Mediterrâneo é mais do que uma experiência de casino, é um resort plenamente integrado com restaurantes, vida nocturna e retalho. Temos sorte de poder estar no Chipre, que é o lugar mais soalheiro da Terra. Há muito para acontecer no COD Mediterranean, e investimos muito aqui a longo prazo”, adiantou. Lawrence Ho referiu, porém, que não considera “a Europa, como mercado de jogo, como uma região de crescimento rápido”, mas está “muito satisfeito com o investimento no Chipre”. Expectativas para Macau Relativamente a Macau, Lawrence Ho desabafou sobre os difíceis tempos da pandemia, em que a empresa teve de recorrer a empréstimos bancários para se manter à tona, aumentando a sua dívida. Na entrevista, o empresário disse mesmo que foi preciso “cortar até ao osso”, pois estava a construir no Chipre e também a Fase 2 do Studio City. “A covid foi mais difícil do que a crise financeira global de 2008-2009”, apontou. “Todas essas dívidas serviram apenas para nos mantermos a funcionar, manter as pessoas empregadas em Macau e continuar a construir a Fase 2 do Studio City. Como estávamos a construir no Chipre também, foram tempos difíceis.” Sobre Macau, Lawrence Ho disse estar “muito optimista em relação ao quarto trimestre”, admitindo que houve um “recomeço lento” da empresa no período pós-covid. “Fizemos algumas mudanças na estrutura organizacional e também ao nível da gestão. Tivemos de fazer coisas muito difíceis no período covid, mas agora estamos de regresso e plenamente de forma competitiva, trazendo pessoas da área da gestão que tínhamos afastado no período covid. Vamos ter a recompensa de tudo isto neste quarto trimestre. Em 2025 vamos continuar a crescer de forma estável, mas o que seria incrível é se a economia chinesa crescesse ainda mais.” Afirmando ter “muita sorte” por poder operar em Macau desde a liberalização, tendo em conta que é “o maior mercado com maior crescimento dos últimos 50 anos”, o empresário diz não ter medo da competição asiática. “Vai sempre haver competição na Ásia. Singapura certamente que constitui uma competição em relação a Macau, mas no futuro, assim que o Japão abrir [para o mercado do jogo], vai ser também um forte competidor. Já existe debate em torno da Tailândia e jurisdições mais pequenas como o Cambodja, Vietname e Filipinas. Mas a grande vantagem de Macau é ter 1.4 mil milhões de chineses do outro lado da fronteira. Não penso que as regulações sejam excessivas.”
Exposições | Registada grande recuperação do sector Hoje Macau - 10 Out 2024 Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que o sector das exposições e convenções tem vindo a recuperar gradualmente desde os tempos da pandemia. “O número de convenções e exposições cresceu significativamente, portanto, o excedente bruto do ramo da publicidade e o do ramo da organização de convenções e exposições passaram de défices para superavits em 2023”, sendo que “o ambiente de negócios melhorou notavelmente em comparação com 2022”. No ano passado existiam 107 empresas dedicadas a organizar eventos, apenas mais uma em relação a 2022, contando com menos 9,4 por cento de funcionários, num total de 385 pessoas. Porém, as receitas aumentaram 41,6 por cento, tendo sido de 553 milhões de patacas, provenientes principalmente dos serviços de organização de convenções, exposições e outros eventos, que correspondem a 87,3 por cento do total. O segmento da organização de eventos representa, assim, uma subida face a 2022, de 44,6 por cento.
MIF | Feira com menos 80 expositores lusófonos Hoje Macau - 10 Out 202410 Out 2024 Está de regresso, na próxima semana, mais uma edição da Feira Internacional de Macau (MIF, na sigla inglesa). Porém, regista-se menos 80 expositores de países de língua portuguesa, que nesta 29.ª edição com 180. Destaque, ainda assim, para a zona dedicada aos mercados destes países Cerca de 180 expositores oriundos de países de língua portuguesa vão participar, entre 16 a 19 deste mês, na 29.ª Feira Internacional de Macau (MIF), indicou o organizador, menos 80 do que em 2023. A edição deste ano da MIF vai contar com a Zona de Exposição Alusiva aos Mercados dos Países de Língua Portuguesa, com mais de 200 ‘stands’, salientou o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), em comunicado. Os mais de 180 expositores daquela zona incluem organismos governamentais, associações comerciais e empresas, indicou o IPIM. Os expositores lusófonos presentes abrangem indústrias como tecnologia, maquinaria e produtos agrícolas, finanças, comércio electrónico transfronteiriço, logística e carga, produtos culturais e criativos, comidas e bebidas, entre outras, referiu na mesma nota. Em 2023, a MIF decorreu em simultâneo com a edição inaugural da Exposição Económica e Comercial China-Países de Língua Portuguesa (C-PLPEX), um certame antes designado PLPEX e organizado em paralelo com a Feira Internacional de Macau. Este ano, a C-PLPEX não se realiza e vai regressar em 2025, disse o IPIM ao canal em português da televisão pública de Macau, TDM, em Setembro, sem adiantar pormenores. Mais um pavilhão A Zona de Exposição Alusiva aos Mercados dos Países de Língua Portuguesa na MIF deste ano inclui um pavilhão com informações dos mercados lusófonos, uma área sobre o papel de Macau como plataforma de serviços financeiros e comerciais sino-lusófona e uma zona de degustação. Durante os quatro dias da MIF serão organizadas mais de 10 sessões de actividades de promoção económica e comercial “para explorar oportunidades de negócio entre a China” e o bloco lusófono. O objectivo é encorajar os comerciantes participantes a experimentar “os produtos e os serviços dos países de língua portuguesa”, assinalou. O programa inclui uma sessão de bolsas de contacto dos produtos e serviços dos mercados lusófonos, no primeiro dia da MIF, assim como actividades para promover o comércio e investimento com as províncias chinesas de Jiangsu (leste) e Fujian (sudeste) e com Angola. Durante a MIF vão ainda ser anunciados os vencedores de prémios para vinhos e bebidas espirituosas e para café dos países de língua portuguesa, nos quais participam mais de 20 fornecedores ou agentes, com mais de 40 produtos, referiu o IPIM.
Tribunais | Lançado concurso para construir novos edifícios João Santos Filipe - 10 Out 2024 Além de duas torres, que vão ser erguidas junto ao edifício já existente, o projecto prevê um novo prédio para servir o Ministério Público. As empresas vencedoras vão demorar um pouco mais de dois anos para completar os trabalhos As Obras Públicas lançaram o concurso para a construção das novas instalações do Tribunal Judicial de Base (TJB), junto ao Lago Nam Van. O anúncio foi publicado ontem no Boletim Oficial e na página da Direcção de Serviços das Obras Públicas (DSOP). De acordo com a informação divulgada, a empreitada visa a construção de mais duas torres nas zonas laterais do edifício existente naquele local e que entrou em funcionamento em 2017. Segundo a DSOP as duas novas torres vão servir como escritórios e salas de audiência do TJB. O projecto vai ter uma área bruta de construção de cerca de 57.431,30 metros quadrados, com oito pisos de altura e quatro pisos em cave. Actualmente, as condições do edifício do TJB estão longe de ser as ideais para processos com vários arguidos, como ficou demonstrado durante o caso Suncity, em que ficou patente a falta de espaço para os advogados e os respectivos assistentes. A empresa responsável pela proposta vencedora do concurso, também vai ter a cargo a construção de um outro edifício, junto aos existentes, destinado às instalações do Ministério Público (MP) junto do TJB. Também o edifício para o MP, terá uma ligação ao edifício dos tribunais. Máximo de 780 dias De acordo com as condições apresentadas, o prazo máximo para a concretização das obras é de 780 dias, ligeiramente superior a dois anos. Nos primeiros 345 dias, cerca de um ano, é necessário completar a cobertura da estrutura dos edifícios. E nos 515 dias seguintes a adjudicatária vai ter de concluir os trabalhos. As propostas não têm um preço base, mas os interessados têm de pagar uma caução de 15,84 milhões de patacas. O concurso é aberto a pessoas singulares e colectivas, desde que inscritas na DSOP na modalidade de execução de obras. O júri do concurso vai tomar a decisão principalmente com base no preço das obras dos concorrentes, um critério que tem um peso de 50 por cento na decisão final. O prazo de execução dos trabalhos pesa 30 por cento na decisão final e a experiência e qualidade das obras anteriores vai ter uma ponderação de 20 por cento. No caso de haver um empate entre as concorrentes, e ponderados os três critérios, a adjudicação é feita à empresa com a proposta mais barata.
Ponte Macau | Empresa abdica de terrenos Hoje Macau - 10 Out 2024 A Companhia de Investimento Imobiliário San Fung Hong abdicou da concessão de duas faixas de terreno no Pac On, para permitir o prolongamento da Ponte Macau. De acordo com um despacho publicado ontem no Boletim Oficial, do total do terreno com uma área de 9.450 metros quadrados, a empresa vai adicar de duas parcelas com 1.293 metros quadrados, junto à Rua de Wo Mok e Rua da Prosperidade, identificadas como B1 e B2. Na restante área mantida pela empresa consta actualmente uma fábrica. “Verificando-se a necessidade de proceder à reversão para o domínio público do Estado das parcelas do referido terreno identificadas pelas letras B1 e B2 na mencionada planta cadastral, com vista a viabilizar o prolongamento da Ponte Macau, foi comunicada à concessionária a intenção da Administração de declarar a sua reversão”, consta no documento do secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. “Perante esta intenção, a concessionária veio declarar a desistência da concessão, por arrendamento”, foi acrescentado. A informação revela também que parcelas de terreno revertem, livres de ónus ou encargos, para o domínio público do Estado. A Companhia de Investimento Imobiliário San Fung Hong tem como um dos administradores Jonathan Choi, presidente do grupo Sun Wah e um dos investidores mais conhecidos de Hong Kong, assim como os filhos deste Jason Chou e Johnson Choi.
Elevadores | Criadas mais empresas de fiscalização Hoje Macau - 10 Out 2024 O número de empresas que inspeccionam elevadores e escadas rolantes aumentou de três para sete e ainda existem mais quatro em vias de ser aprovadas. Os dados foram revelados pelo chefe do Departamento de Instalações Eléctricas e Mecânicas da Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana, Arnaldo Lucas Batalha Ung, no programa Fórum do canal chinês da Rádio Macau. Esta é uma consequência da entrada em vigor em Abril deste ano do regime jurídico de segurança dos ascensores, que exige que a manutenção e inspecção dos elevadores seja feita regularmente. “Estas sete entidades supervisoras de elevadores têm individualmente cerca de cinco técnicos. Por isso, podem inspeccionar cerca de 200 elevadores por dia”, afirmou o responsável. “Também vamos inspeccionar de forma aleatória os elevadores registados, com vista a garantir a qualidade das entidades de manutenção e supervisoras”, foi garantido. Segundo a apresentação de Arnaldo Lucas Batalha Ung, em Macau existem cerca de 10.500 ascensores registados em funcionamento, cerca de 80 por cento são elevadores, e os restantes 20 por cento são escadas e tapetes rolantes. O chefe do Departamento de Instalações Eléctricas e Mecânicas também indicou que entre o total de ascensores, 22 por cento pertencem à RAEM, enquanto os hotéis têm 30 por cento do número total equipamentos. Os restantes 50 por cento estão com outros privados.
Eleição / CE | Au Kam San criticou programa político de Sam Hou Fai Hoje Macau - 10 Out 2024 O ex-deputado Au Kam San apontou que se sente desapontado depois de ter lido o programa político de Sam Hou Fai, por considerar que o conteúdo das 40 páginas é semelhante ao que foi a governação dos líderes anteriores da RAEM. Numa publicação na rede social Facebook, Au lamentou o facto de também não existirem critérios objectivos para avaliar o desempenho e a concretização das políticas adoptadas. “Há objectivos [no programa], mas não há uma forma de medir a concretização para fazer uma avaliação, parece um conjunto de verdades de la Palice”, pode ler-se na publicação. Au Kam San exemplificou que Sam Hou Fai defende a melhoria do nível da vida da população, contudo, não indicou metas, apenas se limita a usar expressões como “melhorar o nível de..”, “reforçar a garantia de..”, “avançar…”, para o ex-deputado não permite fazer avaliações. Au Kam San defendeu ainda que o programa político é um conjunto de promessas, pelo que deve ser concreto. “Não deve apenas dizer que vai reforçar a segurança social, por exemplo, deve indicar quanto espera aumentar o montante da pensão para idosos e o índice mínimo de subsistência,” exemplificou.
Despejos | Nova lei prevê criação de inventário de devedores João Santos Filipe - 10 Out 2024 As modificações às acções de despejo por não pagamento das rendas vão levar à criação de uma lista com os nomes dos devedores. A lista vai ser criada pelo Instituto de Habitação e só vai ser acessível aos agentes imobiliários O Governo vai criar uma lista negra com o nome das pessoas que não conseguem pagar as dívidas de arrendamento ou que foram alvo de despejo, de forma a evitar que os senhorios assinem contratos com indivíduos tidos como “arrendatários trapaceiros”. A revelação consta do parecer da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, e a proposta partiu da parte dos deputados e do Governo no âmbito da discussão na especialidade. “No decurso da apreciação da proposta de lei, a Comissão e o proponente foram unânimes em concordar com a criação de um regime de consulta de dados para evitar o surgimento da questão dos arrendatários trapaceiros”, pode ler-se no documento disponível no portal da Assembleia Legislativa. As alterações ainda vão ter de ser votadas no plenário, mas a criação da lista negra de pessoas com dívidas ou alvo de despejo vai ser elaborada pelo Instituto de Habitação (IH) e ficará apenas disponível para os agentes imobiliários. No parecer, o Governo e os deputados defenderam o acesso exclusivo pelos agentes imobiliários, por considerarem que estes estão obrigados a manterem sigilo sobre os nomes em causa. Como consequência, o acesso fica bloqueado para o cidadão normal que pretenda arrendar habitação sem recorrer a um agente imobiliário. “O regime em causa permite que uma das partes contratantes tenha acesso a informações básicas da outra para decidir sobre a celebração, ou não, do respectivo contrato”, foi explicado. “Através da introdução do regime de consulta de dados, os mediadores imobiliários podem salvaguardar os direitos e interesses dos senhorios”, foi acrescentado. Segundo as explicações do Governo, existem ainda mecanismos para punir os agentes imobiliários, no caso destes não cumprirem o dever de sigilo. Exemplos de Portugal A proposta da lista negra, que em Macau é denominada como “consulta de dados”, foi inspirada no regime de Portugal, de acordo com as explicações do Governo aos deputados. “Em Portugal foi introduzido, em 2009, o regime da ‘Lista Pública de Execuções’, e os executados que não conseguem cumprir as obrigações pecuniárias são incluídos nessa lista”, foi revelado. No entanto, no país europeu o acesso à lista é público e pode ser feito por qualquer pessoa através da internet. Apesar da criação desta lista, o Governo terá afirmado perante os deputados que “não pretende fazer com que essas pessoas percam a sua ‘residência em Macau’”. O nome vai ser assim retirado da lista quando os devedores pagarem as dívidas ligadas ao arrendamento ou ao fim de um período de cinco anos, desde que o nome foi incluído na lista. As alterações que ainda vão ser votadas visam facilitar os despejos das pessoas que fiquem durante três ou mais meses sem pagar a renda.
Cidade de Rabat nomeada Capital Mundial do Livro em 2026 pela UNESCO Hoje Macau - 9 Out 2024 A cidade de Rabat, em Marrocos, vai ser a Capital Mundial do Livro em 2026, anunciou hoje a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, seguindo a recomendação do Comité Consultivo da Capital Mundial do Livro. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês), Rabat segue-se, assim, ao Rio de Janeiro, Capital Mundial do Livro em 2025. “Rabat é uma encruzilhada cultural onde os livros ajudam a transmitir o conhecimento e as artes em toda a sua diversidade. A crescente indústria livreira local está também a desempenhar um papel crucial na promoção da educação. Estas ações estão em sintonia com o mandato da UNESCO”, afirmou Audrey Azoulay. Contando com 54 editoras, com a terceira maior feira internacional do livro e da edição em África e com um número crescente de livrarias, a indústria do livro de Rabat não é apenas uma parte vital da economia criativa da cidade, mas também está na vanguarda da democratização do conhecimento, indica aquela organização das Nações Unidas em comunicado. A UNESCO e o Comité Consultivo da Capital Mundial do Livro reconheceram Rabat pelo seu “claro empenho no desenvolvimento literário, na capacitação das mulheres e dos jovens através da leitura e na luta contra o analfabetismo, especialmente entre as comunidades carenciadas”, acrescenta. Enquanto Capital Mundial do Livro em 2026, Rabat vai dinamizar várias iniciativas com o objetivo de promover o crescimento económico sustentável e os benefícios sociais, melhorando o acesso aos livros e apoiando a indústria editorial local, adiantou a UNESCO, acrescentando que, em particular, a cidade lançará “uma iniciativa importante para reforçar a literacia de todos os seus cidadãos”. O ano de celebrações terá início a 23 de abril de 2026, no Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor. Segundo as regras da UNESCO para as capitais mundial do livro, as cidades escolhidas comprometem-se a promover o livro e a leitura para todas as idades e grupos, dentro e fora das fronteiras nacionais, e a organizar um programa de atividades para o ano. Rabat será a 26.ª cidade a ostentar este título, desde 2001, ano de arranque da iniciativa, que teve Madrid como a cidade eleita. O Comité Consultivo da Capital Mundial do Livro da UNESCO é composto por representantes da Federação Europeia e Internacional de Livreiros, do Fórum Internacional de Autores, da Federação Internacional de Associações de Bibliotecas, da Associação Internacional de Editores e da UNESCO.
Israel | Irão ameaça retaliação a qualquer ataque Hoje Macau - 9 Out 2024 O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araghchi, ameaçou ontem Israel de que Teerão vai retaliar qualquer ataque contra território iraniano. “Exortamos Israel a não testar a vontade [do Irão]”, disse Araghchi num evento que assinalou em Teerão o ataque do Hamas contra território israelita, que matou 1.200 pessoas a 7 de Outubro do ano passado. “Qualquer ataque a instalações do Irão será objecto de uma resposta mais forte”, afirmou o chefe da diplomacia de Teerão. Entretanto, o Exército israelita declarou ontem que a Força Aérea matou o comandante do Hezbollah em Beirute Suhail Hussein Husseini, a última vítima de uma série de ataques contra dirigentes do movimento xiita libanês (Partido de Deus), incluindo o antigo líder máximo Hassan Nasrala. De acordo com Avichay Adraee, porta-voz do Exército israelita os aviões de combate efectuaram um ataque de precisão em Beirute e eliminaram Husseini, sem especificar o dia específico do ataque. De acordo com um comunicado militar, Huseini foi “responsável pela gestão orçamental e logística dos projectos mais sensíveis do Hezbollah”, como a planificação de ataques a partir da Síria ou do Líbano e a transferência de armas entre o Irão e a milícia libanesa. Na segunda-feira, as forças israelitas fizeram novos ataques em Beirute contra o quartel-general dos serviços secretos do Hezbollah, bombardeou o sul do Líbano e a zona do Vale de Bekaa, no leste do Líbano.
Física | Nobel para descobertas que permitem aprendizagem de máquinas Hoje Macau - 9 Out 2024 O Prémio Nobel da Física foi atribuído a John J. Hopfield e Geoffrey E. Hinton por “descobertas e invenções fundamentais que permitem a aprendizagem de máquinas através de redes neurais artificiais”, anunciou ontem a Real Academia Sueca de Ciências. Segundo o Comité do Prémio Nobel, que atribui os galardões, os dois premiados “utilizaram ferramentas da física para desenvolver métodos que estão na base do poderoso ‘machine-learning’ actual”. Este é o segundo dos Nobel a ser anunciado, depois do da Fisiologia ou Medicina, seguindo-se nos próximos dias os galardões relativos à Química, Literatura e Paz. Os prémios Nobel, criados em 1895 pelo químico, engenheiro e industrial sueco Alfred Nobel (inventor da dinamite), foram atribuídos pela primeira vez em 1901. O equiparado Prémio das Ciências Económicas ou Economia, criado em homenagem a Alfred Nobel e atribuído desde 1969, será anunciado na segunda-feira.
Médio Oriente | China repatria 215 cidadãos do Líbano Hoje Macau - 9 Out 2024 A China repatriou 215 cidadãos chineses do Líbano em dois grupos, na sequência da escalada da guerra entre Israel e o grupo xiita libanês Hezbollah, afirmou ontem a diplomacia de Pequim. “Trabalhámos em estreita colaboração com o ministério dos Transportes, a Administração da Aviação Civil e a embaixada chinesa no Líbano para garantir a segurança dos cidadãos chineses e realizar rapidamente as operações de transferência e de retirada”, declarou ontem a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning, em conferência de imprensa. De acordo com a porta-voz, a China conseguiu “a retirada segura de dois grupos, num total de 215 cidadãos chineses, por barco e voo charter, incluindo três residentes de Hong Kong e um compatriota de Taiwan”. Mao acrescentou que “a situação actual no Líbano e em Israel continua a ser complexa e grave”. “A embaixada da China no Líbano continuará a orientar e a ajudar o pequeno número de cidadãos chineses que permanecem no país a tomar medidas para proteger a sua própria segurança”, concluiu. A escalar A situação no Médio Oriente agravou-se desde o final de Setembro, quando Israel alargou a sua acção militar ao Líbano, bombardeando Beirute e outras cidades do sul do país, numa tentativa de liquidar o Hezbollah, que há meses dispara foguetes contra o norte de Israel, em retaliação pelas suas ações em Gaza. A China manifestou a sua profunda preocupação com a situação no Médio Oriente e a sua oposição à violação da soberania, da segurança e da integridade territorial do Líbano. Pequim anunciou também ontem que vai enviar material médico de emergência para o Líbano. Desde que o conflito se estendeu ao Líbano, mais de 2.000 pessoas foram mortas, segundo o ministério da Saúde Pública libanês, e 1,2 milhões foram deslocadas devido aos constantes ataques israelitas.
Pyongyang pretende alterar Constituição para acabar com ideia de reunificação Hoje Macau - 9 Out 2024 As autoridades norte-coreanas convocaram segunda-feira uma sessão parlamentar para discutir uma possível alteração da Constituição destinada a traçar linhas claras de fronteira com a Coreia do Sul e eliminar os artigos sobre a reunificação da Coreia. A sessão plenária da Assembleia Suprema do Povo ocorre nove meses depois de o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, ter apelado para uma revisão da Lei Fundamental do país para definir a Coreia do Sul como “inimigo principal e imutável” da Coreia do Norte. Kim defendeu em várias ocasiões a necessidade de “definir as relações intercoreanas como as de dois Estados hostis um ao outro” e de pôr de lado eventuais opções de reconciliação ou unificação dos dois territórios, que continuam oficialmente em guerra desde a década de 1950. Sublinhou, portanto, a importância de alterar a Constituição durante as sessões plenárias desta semana, das quais espera que saia também a definição de fronteiras marítimas, embora não tenha fornecido mais pormenores sobre esse aspeto, segundo a agência noticiosa norte-coreana KCNA. Novas amizades O Ministério da Unificação da Coreia do Sul indicou estar previsto que a Coreia do Norte denuncie todos os acordos políticos e militares intercoreanos, incluindo o Acordo Básico alcançado em 1991, que definiu como “especial” a relação entre as duas partes, criadas com a ideia de uma futura reunificação do território. As autoridades poderão também aproveitar a ocasião para ratificar a sua nova parceria com a Rússia, numa altura em que as relações entre as duas partes se reforçam, num contexto de plena invasão russa da Ucrânia. Em Junho passado, Kim encontrou-se com o Presidente russo, Vladimir Putin, com quem assinou um tratado que inclui uma cláusula de defesa mútua e uma maior cooperação em questões militares. Desde a adopção da sua Constituição, em 1972, a Coreia do Norte introduziu uma dezena de alterações ao texto, que foi revisto pela última vez em Setembro de 2023 para introduzir uma política de reforço nuclear.
Paquistão | Pequim pede reforço de segurança após morte de dois chineses em atentado Hoje Macau - 9 Out 2024 A China pediu ontem a Islamabade para reforçar e garantir a protecção total do corredor económico entre os dois países, do pessoal e das empresas chinesas no Paquistão, onde dois cidadãos chineses foram mortos num ataque no domingo. “A China está profundamente chocada com o ataque contra cidadãos chineses e condena veementemente este acto terrorista”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em comunicado. De acordo com a mesma nota, Pequim apelou ao Paquistão para que não poupe esforços no tratamento dos feridos e nas investigações sobre o incidente e disse esperar que os autores do ataque sejam detidos e levados à justiça. O país asiático exigiu também mais atenção para colmatar eficazmente as lacunas de segurança e emitiu um alerta, através da embaixada em Islamabade, para que os cidadãos, as empresas e os projectos chineses reforcem as medidas de segurança e tomem precauções. “O terrorismo é um inimigo comum da humanidade. As tentativas das forças terroristas para minar a confiança e a cooperação entre a China e o Paquistão e o Corredor Económico China-Paquistão (CPEC) não atingirão o seu objectivo”, afirmou o gabinete do porta-voz da diplomacia chinesa. O ataque de domingo, reivindicado pelo Exército de Libertação do Balochistão, teve lugar perto do Aeroporto Internacional de Carachi, no sul do Paquistão, e visou um comboio de trabalhadores chineses da empresa de electricidade Port Qasim Limited. A iniciativa CPEC inclui um investimento chinês de 60 mil milhões de dólares na construção de projectos de infra-estruturas no Paquistão. Na sequência do atentado, o Governo paquistanês condenou veementemente um “acto de terrorismo deplorável”, qualificando-o como “um ataque à amizade duradoura entre o Paquistão e a China”.
China | Mais de 2.000 milhões de deslocações internas registadas Semana Dourada Hoje Macau - 9 Out 2024 A China registou mais de dois mil milhões de viagens entre 01 e 07 de Outubro, semana dos feriados do Dia Nacional, um aumento de 4,1 por cento no número médio diário, em comparação com o período homólogo. De acordo com os dados divulgados ontem pelo Ministério dos Transportes chinês, o último dia do feriado marcou um dos picos mais elevados em termos de mobilidade, com um fluxo maciço nas redes de transportes terrestres e aéreos. O tráfego nas estradas foi considerável, com um total acumulado de cerca de 1,85 mil milhões de viagens, mais 3,9 por cento do que no mesmo período do ano anterior. Nos caminhos-de-ferro, cerca de 19,86 milhões de pessoas utilizaram os comboios para regressar aos seus destinos na segunda-feira, com 1.705 comboios suplementares. Desde o início da época de férias, a 29 de Setembro, o volume diário de passageiros transportados nos comboios chineses ultrapassou os 17 milhões, tendo atingido o seu máximo a 01 de Outubro, quando foi estabelecido um novo recorde para o número de passageiros num só dia, com 21,4 milhões. Entretanto, as companhias aéreas transportaram um total de 16,12 milhões de pessoas em voos domésticos, representando uma média diária de 2,3 milhões de passageiros, mais 11,3 por cento do que no mesmo período de 2023, de acordo com o ministério. Assim, o número final de viagens é ligeiramente superior à previsão das autoridades chinesas de 1,94 mil milhões de viagens domésticas durante as férias. Apesar de a República Popular ter completado três quartos de século, as celebrações oficiais mantiveram-se relativamente discretas, uma vez que as autoridades chinesas organizam normalmente as maiores celebrações nos aniversários redondos.
Pequim anuncia medidas “antidumping” provisórias sobre importações de brandy europeu Hoje Macau - 9 Out 2024 A China vai obrigar os importadores de brandy europeu a deixar um depósito nas alfândegas chinesas, anunciou ontem o ministério do Comércio do país asiático, num contexto de tensões comerciais entre Pequim e a União Europeia (UE). “A partir de 11 de Outubro de 2024 [sexta-feira], quando importarem brandy da União Europeia, os importadores vão ter de fornecer o depósito correspondente às autoridades aduaneiras da República Popular da China”, afirmou o ministério, em comunicado, dias após a UE ter confirmado que vai impor taxas alfandegárias adicionais sobre automóveis eléctricos importados da China. No final de Agosto, a China afirmou que não ia impor medidas ‘antidumping’ provisórias sobre o brandy importado, o que afectaria principalmente a França, apesar de ter concluído que os produtores europeus vendiam o licor no mercado chinês “com margens de ‘dumping’ de entre 30,6 por cento a 39 por cento”. ‘Dumping’ significa a venda abaixo do custo de produção, possível através de atribuição de subsídios aos produtores. O inquérito, iniciado a 5 de Janeiro deste ano, determinou então que estas práticas representam uma ameaça significativa para a indústria local de brandy na China. A 18 de Julho, a pasta analisou os efeitos industriais e de interesse público relacionados com a importação de brandy europeu. A China lançou outras investigações “antidumping” sobre produtos como os laticínios e a carne de porco da UE, no que é visto como resposta aos atritos comerciais com o bloco. Europa dividida Após nove meses de investigação, Bruxelas sugeriu um aumento das taxas devido ao apoio estatal chinês às empresas que fabricam automóveis eléctricos. Dependendo do nível de subsídios públicos que as diferentes marcas receberam de Pequim, a Comissão Europeia recomendou um imposto de 7,4 por cento para a BYD, 20 por cento para a Geely e 38,1 por cento para a SAIC. As marcas ocidentais que produzem na China seriam igualmente tributadas a 21 por cento. A França considerou “proporcional e calibrada” a proposta da Comissão Europeia de aumentar os direitos aduaneiros sobre os veículos eléctricos chineses, uma posição diferente da tomada pela Alemanha.
Imobiliário | Pequim aposta na procura e estabilização para reanimar economia Hoje Macau - 9 Out 2024 Os novos estímulos à economia procuram contrariar as quedas no mercado imobiliário e os efeitos negativos do proteccionismo e da volatilidade do exterior As medidas recentemente aprovadas por Pequim para relançar a economia visam “expandir a procura interna” e “estabilizar o sector imobiliário”, afirmou ontem o principal órgão de planeamento da China, defendendo a “grande resiliência” das finanças do país. O director da Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento da China (CNRD), Zheng Shajie, explicou, em conferência de imprensa, que os estímulos visam “expandir a procura interna efectiva”, “aumentar o apoio às empresas”, “conter a queda do mercado imobiliário e estabilizá-lo”, “impulsionar o mercado de capitais” e “harmonizar o ajustamento contracíclico das políticas macroeconómicas”. Zheng disse que foram “intensificados” os esforços para lançar “medidas para promover a recuperação contínua da economia”. O responsável insistiu na necessidade de “analisar a situação económica de forma objectiva” e afirmou que existe “um contexto complexo a nível interno e externo” em que “algumas potências viram o seu ritmo de crescimento abrandar”. “O proteccionismo e a volatilidade estão a aumentar”, o que “afecta a China”, afirmou. O responsável referiu que algumas empresas chinesas “aumentaram o investimento sem registar um aumento dos lucros” e que existem “pressões sobre a economia”. No entanto, afirmou que a China “tem feito progressos na redução dos riscos em áreas-chave”, apontando o “rápido crescimento industrial” em sectores como os automóveis e os electrodomésticos. “Nem as bases nem as vantagens da economia chinesa mudaram: o enorme potencial de mercado e a resiliência mantêm-se”, acrescentou. Meta alcançável O director adjunto do órgão, Zhao Chenxin, abordou o objectivo de crescimento económico para este ano, de cerca de 5 por cento, cuja realização tem sido questionada pelos especialistas. “No primeiro semestre do ano, registou-se um crescimento anual de cerca de 5 por cento e a situação económica manteve-se geralmente estável. Já assistimos a três trimestres de desempenho e a economia da China conseguiu manter a estabilidade e o crescimento”, argumentou. Zhao previu que, quando as medidas de apoio anunciadas pelas autoridades “entrarem em vigor”, “serão lançadas as bases para um funcionamento estável da economia”, ao mesmo tempo que transmitiu a sua “confiança” de que o país atingirá a meta de crescimento do produto interno bruto. Há duas semanas, as autoridades chinesas anunciaram a redução das taxas de juro dos empréstimos hipotecários existentes – poupando cerca de 21 mil milhões de dólares a 50 milhões de famílias – e a descida para 15 por cento do valor mínimo de entrada para as segundas habitações, numa tentativa de reanimar o sector imobiliário, que se encontra em profunda crise há três anos. A medida faz parte de um pacote de medidas apresentado pelas autoridades que inclui também a criação de mecanismos para oferecer cerca de 114 mil milhões de dólares de financiamento a empresas de valores mobiliários, fundos e companhias de seguros, bem como empréstimos a empresas cotadas em bolsa para recomprarem as suas acções e assim aumentarem o seu valor de mercado.