Chefe do Executivo | Sam Hou Fai eleito com 394 votos Andreia Sofia Silva - 13 Out 2024 Apenas duas pessoas das 400 que compõem o colégio eleitoral que elege o Chefe do Executivo não votaram ontem, tendo sido ainda registados quatro votos em branco. Sam Hou Fai assegurou a eleição por volta das 11h, reunindo um total de 394 votos. O ex-juiz, eleito Chefe do Executivo, afirmou que este é o ponto alto da sua carreira Sam Hou Fai foi eleito ontem o novo Chefe do Executivo da RAEM com 394 votos da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo, o que significa que duas pessoas não votaram, além de que se registaram quatro votos em branco. Contudo, por volta das 11h o candidato único contabilizava já 201 votos, o que assegurou a sua eleição. O homem que foi presidente do Tribunal de Última Instância (TUI) nos últimos 25 anos torna-se agora líder de uma região que celebra precisamente este ano o 25º aniversário enquanto RAEM. A candidatura surgiu subitamente após Ho Iat Seng ter desistido de concorrer a um segundo mandato devido a problemas de saúde. A partir daí, o caminho estava feito. Sam Hou Fai só tomará posse a 20 de Dezembro, precisamente a data do aniversário da RAEM, mas já frisou que este é o momento mais alto da sua carreira. A votação e conferência de imprensa, que decorreram no edifício do Fórum Macau, começou às 10h, sendo que a votação terminou meia hora depois. O candidato eleito agradeceu também à família, que vive em Macau há cerca de três gerações, tendo destacado que, como governante, vai dar atenção às relações comerciais com os países lusófonos. Sam Hou Fai disse que “no próximo mandato do Governo temos de estudar bem o conteúdo e funcionalidades da plataforma” comercial em Macau, “promovendo mais a cooperação entre a China e os países de língua portuguesa”. Prometeu “melhorar a ligação com os países de língua portuguesa” e fortalecer o papel de Macau como “uma ponte para maximizar as vantagens singulares” do território, como um local onde as empresas lusófonas e chinesas podem fazer negócios. “Ao nos integrarmos e ajudarmos a conjuntura do desenvolvimento nacional, podemos maximizar as nossas vantagens singulares, sendo esse um rumo importante e crucial para o rumo de Macau. A base jurídica do território é o facto de este estar subordinado ao Governo popular, sendo uma região administrativa especial, e o tempo tem mostrado que essa política é muito adequada para o desenvolvimento de Macau”, declarou também. O novo líder frisou ainda que “no futuro temos de aproveitar bem as nossas vantagens”, explicando que a transição tem sido um sucesso sobretudo devido aos princípios ‘um país, dois sistemas’ e ‘Macau governada por patriotas’. Parabéns de Ho No rescaldo da vitória, Ho Iat Seng, que se mantém em funções até 20 de Dezembro, deu os parabéns ao candidato eleito, referindo que Sam Hou Fai “expôs o conteúdo do programa [eleitoral] e ideias de governação aos diversos sectores sociais e aos residentes”, procurando “inteirar-se das condições sociais e ouvindo a opinião pública, o que lhe granjeou amplo reconhecimento e apoio dos diversos quadrantes da sociedade”. Para Ho Iat Seng, o próximo governante “continuará a promover com sucesso o princípio de “um país, dois sistemas” e a “impulsionar o desenvolvimento da RAEM para um novo patamar”. De destacar que para a corrida a Chefe do Executivo chegou a estar na calha Jorge Chiang, natural de Macau, com 61 anos e católico, e que denunciou as “famílias poderosas” que dominam certos sectores da sociedade. Porém, o desejo de querer ser Chefe do Executivo caiu pelo caminho.
Prémio Nobel da Literatura 2024 atribuído a sul-coreana Han Kang Hoje Macau - 13 Out 202413 Out 2024 O prémio Nobel da Literatura de 2024 foi atribuído à escritora sul-coreana Han Kang, anunciou na quinta-feira a Academia Sueca. Em 2023, o escolhido pela academia foi o norueguês Jon Fosse, precisamente o mesmo que liderou até ao fim a lista das apostas, juntamente com Can Xue. Han Kang nasceu em Gwangju, na Coreia do Sul. Em 1994 começou a sua carreira de escritora vencendo o primeiro lugar de um concurso literário em Seul. “A Vegetariana”, o seu primeiro romance publicado pela Dom Quixote, em Portugal, ganhou o Man Booker International Prize em 2016. “Actos Humanos” venceu o Prémio Manhae na Coreia do Sul e o Prémio Malaparte em Itália. A obra seguinte, “O Livro Branco”, foi, em 2018, finalista do Man Booker International Prize. Han Kang recebeu ainda os prémios literários Yi Sang, Jovens Criadores, Melhor Romance da Coreia, Hwang Sun-won e Dongri. Foi professora no Departamento de Escrita Criativa do Instituto das Artes de Seul e dedica-se atualmente apenas à escrita. Está publicada em mais de trinta línguas. O Nobel da Literatura é um prémio concedido anualmente, desde 1901, pela Academia Sueca a autores que fizeram notáveis contribuições ao campo da literatura, e tem um valor pecuniário superior a 900 mil euros.
China | Acções de empresas caem face a desilusão com estímulos Hoje Macau - 10 Out 2024 As principais praças financeiras da China registaram ontem perdas, depois de os pormenores sobre os planos de estímulo económico de Pequim terem ficado aquém das expectativas dos investidores, enquanto outros mercados na Ásia subiram. As acções em Hong Kong oscilaram entre ganhos e perdas, com o índice Hang Seng a cair 2,4 por cento, para os 20.418,61 pontos. Esta descida seguiu-se a uma queda de mais de 9 por cento na terça-feira, com os investidores a venderem acções, após as recentes subidas. “A falta de novos estímulos tem sido a causa da desilusão, com muitos participantes no mercado a esperarem políticas fiscais que seguissem os passos da ‘bazuca’ financeira entregue no final de Setembro, mas houve claramente um recuo no anúncio de terça-feira”, escreveu Yeap Jun Rong da IG, líder mundial no comércio e investimentos ‘online’, num comentário. O Shanghai Composite, o índice de Xangai, perdeu 5,1 por cento, depois de ter encerrado com ganhos de 4,6 por cento, na terça-feira. O índice CSI300, que acompanha as 300 principais acções negociadas nos mercados de Xangai e Shenzhen, cedeu 5,6 por cento.
Química | Nobel distingue ‘design’ computacional de proteínas Hoje Macau - 10 Out 2024 O Prémio Nobel da Química foi atribuído aos químicos David Baker, Demis Hassabis e John M. Jumper, “pelo ‘design’ computacional de proteínas” e “pela previsão da estrutura de proteínas”, anunciou ontem a Real Academia Sueca de Ciências. De acordo com o Comité do Prémio Nobel, que atribui os galardões, o premiado David Baker criou em 2023 a primeira proteína “totalmente diferente de todas as existentes”, algo descrito como “um desenvolvimento extraordinário”. A proteína, Top7, criada pelo professor da Universidade de Washington, em Seattle, tem uma “estrutura única que não existia na natureza”, possuindo 93 aminoácidos (unidades formadoras de proteínas), sendo maior “do que qualquer outra produzida anteriormente”. David Baker também lançou um código para o ‘software’ de computador Rosetta, que tem sido desenvolvido pela comunidade de investigação, encontrando novas áreas de aplicação. O grupo de investigação do cientista norte-americano produziu uma criação de proteínas, incluindo proteínas que podem ser usadas como produtos farmacêuticos, vacinas, nanomateriais e pequenos sensores. A outra metade do prémio, “pela previsão da estrutura de proteínas”, foi entregue a Demis Hassabis e John M. Jumper em conjunto. Este é o terceiro dos Nobel a ser anunciado, depois dos da Física e da Fisiologia ou Medicina, seguindo-se nos próximos dias os galardões relativos à Literatura e Paz. Em 2023, o prémio foi atribuído aos cientistas Moungi Bawendi, Louis Brus e Alexei Ekimov, pela descoberta de pontos quânticos, fundamentais para a nanotecnologia pela descoberta e síntese de pontos quânticos.
Gaza | Mortes superam 42.000 após um ano de guerra Hoje Macau - 10 Out 2024 O número de mortos na Faixa de Gaza, onde Israel mantém há um ano uma intensa ofensiva militar, ultrapassou ontem os 42.000, a maioria mulheres e crianças, após uma noite de ataques no norte e centro do enclave palestiniano. “Nas últimas horas, a ocupação israelita cometeu três massacres contra famílias na Faixa de Gaza, incluindo 45 mártires e 130 feridos”, pormenorizou, num comunicado, o Ministério da Saúde local, tutelado pelo grupo extremista palestiniano Hamas, que controla o enclave desde 2007. O número total de mortos aumentou assim para 42.010, incluindo mais de 16.900 crianças e cerca de 11.500 mulheres, o que equivale a 69 por cento do total de vítimas mortais, segundo dados do Hamas. Entre as crianças estão mais de 700 que morreram antes de completar um ano de idade, referiu ainda o Ministério da Saúde tutelado pelo Hamas. A mesma fonte indicou que o número total de feridos na rede de hospitais locais é de 97.720 desde 7 de Outubro de 2023. Efeito borboleta A guerra em curso em Gaza foi desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel, a 7 de Outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas. Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva militar contra o enclave palestiniano com mais de dois milhões de habitantes. Devido à guerra, Gaza está também a enfrentar uma crise humanitária sem precedentes, com milhares de pessoas a necessitarem de ajuda urgente, segundo as organizações internacionais. O conflito em Gaza tem desestabilizado toda a região do Médio Oriente.
A guerra pós-moderna (I) Jorge Rodrigues Simão - 10 Out 2024 “Nobody reaches through here, least of all with a message from one who is dead” Franz Kafka O Ocidente sem estratégia acredita mais em histórias do que em factos. Enquanto os inimigos elaboram planos para o derrubar. Histórias infundadas entre a América, a Ucrânia e a Terra Santa. O método Petraeus em que não é possível imaginar qualquer iniciativa que envolva o uso da força sem uma estratégia política precisa de um guia para o diálogo. Para acabar com os conflitos, é preciso redescobrir a realidade. Se, de pistola ao templo, nos pedissem para indicar a primeira grande derrota da Grande Guerra (a possível ou impossível que teria contornos de III Guerra Mundial) era de responder sem hesitar que seria o “Princípio da Realidade”. Não a realidade tout court. Mas a nossa forma de a abordar. Não deixámos simplesmente de “compreender o mundo”. Privámo-nos das ferramentas necessárias para o fazer. E não é de hoje. Como muitas vezes acontece, o que parece extraordinário e totalmente imprevisível revela-se a um olhar mais atento implicado e anunciado pelo passado. Tempo decisivo, para o qual o rouxinol de Minerva olha ao cair da noite na tentativa de iluminar o presente. Regressemos à Terra. O princípio da realidade ditaria que se considerasse a Grande Guerra como uma potencial guerra de sucessão americana. Hoje, ela é travada na Ucrânia, na Terra Santa e no Mar Vermelho. O coup de théâtre seria a abertura de uma frente americana, caso a “Doença da América” se transformasse numa doença autoimune. Concretizando assim as previsões do filme (distópico?) “Guerra Civil”, de Alex Garland estreado nos cinemas americanos a 12 de Abril. Se o princípio da realidade se confirmar, a Grande Guerra obrigaria os Estados Unidos e o que resta do Ocidente a pensar estrategicamente, isto é, a enfrentar uma tal conjuntura para compreender como se reorganizar. Tratar-se-ia de repensar o seu lugar no mundo, agora que para usar a expressão de um livro profético aparecido em 2008 “os sonhos acabaram”. Mas o princípio da realidade não se aplica. E assim a estratégia torna-se impossível. Prefere-se, na teoria e na prática, as simplificações políticas maniqueístas (democracias vs. autocracias) ou as especulações sobre a loucura dos líderes inimigos. E isto no melhor dos casos. Na pior das hipóteses, a existência da Grande Guerra é mesmo negada ou suprimida. É o caso da Europa, que gosta de se considerar em paz, armando os ucranianos, fornecendo aos americanos bases para operações contra os russos e combatendo os Hutis no Mar Vermelho, embora com um sucesso moderado. Recusando-nos a olhar para a “verdade dos factos” diria o nosso Maquiavel que tendemos a perder-nos nas “cláusulas-ampola” da retórica. O resultado é que a Grande Guerra não tem fim. Nem masculino nem feminino. Uma vez que não compreendemos os objectivos dos nossos inimigos que preferimos rotular de loucos e violentos somos incapazes de criar os nossos próprios objectivos. Por isso, não podemos imaginar um fim para a guerra, porque não sabemos onde estamos e o que queremos. E enquanto os chineses, os russos e os iranianos raciocinam sobre a forma de derrubar o “Ocidente colectivo”, este último prefere eliminar este simples facto do seu raciocínio. Na esperança de que as suas palavras ditas ou pensadas sejam mais poderosas do que as coisas. Mas quem matou o princípio da realidade e, consequentemente, a nossa capacidade de processamento estratégico? Já temos um suspeito. Passemos ao seu interrogatório. Comecemos pela acusação. O princípio da realidade foi assassinado pelo advento do “storytelling” e do conceito de “narração”. A progressiva perda de sentido histórico nas sociedades ocidentais é acompanhada por uma superabundância de histórias anti-históricas, de narrativas destinadas apenas a condicionar e orientar a praxis do homo economicus ou a satisfazer a “curiosidade” no sentido heideggeriano do que resta da chamada classe média reflexiva. Segundo o crítico literário americano Jonathan Gottschall, vivemos actualmente num “historioverse”, ou seja, num mundo em que já não existe qualquer análise da realidade. Em vez disso, cada um escolhe a narrativa que prefere, independentemente da sua aderência aos factos. A “historilândia” é, paradoxalmente, “um mundo com mais certezas em que, independentemente da história absurda em que se acredita, pode-se apoiar essa história com muita informação que se assemelha a provas reais”. Corroborando essa tese está o maior crítico literário vivo, Peter Brooks, emérito de Literatura Comparada em Yale. Num livro recente, icasticamente intitulado “Seduced by Stories”, ele atribui a importância do contemporâneo à “historicização da realidade”. Esta importância revela uma contradição, enraizada no homo occidentalis desde o seu nascimento de que o “universo não corresponde às nossas histórias sobre o mesmo, embora estas sejam tudo o que temos”. Em suma, movemo-nos em narrativas. Não temos outras possibilidades. Mas estas não são a realidade. O risco de nos extraviarmos e de confundirmos o mapa com o território é, por isso, elevado submergidos em histórias, como parece que estamos, podemos mesmo deixar de ser capazes de reconhecer a diferença entre o que aconteceu e o relato do que aconteceu, dando às realidades que inventamos a primazia sobre a verdadeira realidade. Sorte para o escritor, drama para quem trafica na geopolítica. O processo de historicização, de facto, tem um impacto directo no pensamento estratégico. E fá-lo de três formas diferentes. Assim, talvez, matando o princípio da realidade. Afinal de contas, três pistas fazem uma prova. Primeira pista, a nossa época caracteriza-se por uma narrativa individualista. A “historilândia” é habitada por indivíduos sejam eles políticos, influenciadores ou cidadãos comuns que fazem da marca pessoal a sua imagem de marca. Todos têm de contar a melhor história possível sobre si próprios com o objectivo de serem apreciados, estimados ou, pelo menos, conhecidos. Não importa o que se faz, porque hoje em dia os factos concretos não são de todo conhecíveis enquanto não os transformarmos numa narrativa. A realidade só surge quando encapsulada em uma narrativa coerente, apaixonada e, acima de tudo, singular. Possivelmente única e irrepetível. Essa abordagem existencial também coloniza a dinâmica política e geopolítica. Os chamados “líderes” são transformados em personagens de um romance. Ao contar e construir as suas histórias, estrategicamente tentam retratar-se como dotados de certas peculiaridades caracterológicas, bem como sujeitos absolutos dos assuntos humanos. Há o populista raivoso, o moderado, o agressivo e o competente. Pouco importa se todos fazem as mesmas coisas. São as palavras que os distinguem. O problema, no entanto, é que essa comunicação com base na personalidade gera a imagem de um mundo semelhante a um cenário de filme. Assim como a trama dos filmes é desvendada pelas acções dos indivíduos que invariavelmente derivam do carácter e das histórias dos personagens, da mesma forma, em questões geopolíticas, acredita-se que é possível a) deduzir as acções das colectividades a partir de uma análise parapsicológica e caracterológica (quase lombrosiana) das almas dos líderes e b) dividir o mundo em bons e maus justamente com base nessa análise. Em consequência, aqueles que são maus com base na história que me contaram terão um comportamento ruim. Mas como posso saber quem é ruim? Fácil, ver como se comporta. E por que faz isso? Obviamente, porque é ruim. Para ser rigoroso, isso seria uma petição de princípio. Mas no mundo da “historilândia”, a coerência narrativa é mais importante do que a lógica pois os factos são moldados pelas nossas expectativas de significado e coerência narrativa. Traçar estratégias a partir dessa premissa é simplesmente um absurdo. Se tudo é derivado das histórias dos que estão no comando, então que se enfrentem! Até porque, em uma boa história, os meninos sempre vencem no final. Então, por que fazer esse esforço? É uma pena que, nesse romance que é a geopolítica, todos acreditem que são os meninos. E com isso passamos para a segunda pista. Na “historilândia”, aplica-se a lei de Schmitt. Amigo/inimigo é a regra de platina. Uma história que se preze deve ter um protagonista e um antagonista. E não pode haver diálogo entre os dois. O demónio e a água benta. O historiador não deve unir as histórias dos inimigos. Pelo contrário, cada lado deve criar a sua própria. E o que divide os diferentes “historioversos” é uma cortina de diamante, tanto por ser mais dura do que a cortina de ferro quanto por permitir que os protagonistas contemplem a sua pureza e beleza, em um autodesfrute hegeliano. A repetição do idêntico gera um senso de identidade e uma falta de curiosidade em relação ao que é diferente. O resultado, de acordo com Gottschall é de que hoje estamos todos dentro das nossas próprias pequenas histórias e, em vez de nos tornar mais semelhantes, as histórias nos transformam em versões extremas de nós mesmos. Elas permitem-nos viver em mundos narrativos que reforçam os nossos preconceitos em vez de desafiá-los. O resultado final é que tudo o que é consumido nas nossas histórias faz com que eu seja mais eu e outro mais outro. Em um contexto como esse, não há estratégia porque não há amor pelo inimigo. Um imperativo categórico da geopolítica, resumido por George Friedman é de que “você deve tornar-se o seu inimigo. Deve ver da forma que ele vê, ter medo do que ele tem medo, desejar o que ele deseja. Somente assim poderá entender o que ele fará e como fará”. Pense no amor de Kissinger pela China ou no amor de Kennan pela Rússia. O que tornou essas figuras tão importantes e eficazes na história da geopolítica foi sua paixão pelo inimigo da época. Isso é muito para a “historilândia”. Amor pelo inimigo. E pela realidade. Terceira e última pista. O que são essas histórias senão propaganda e retórica? É claro que a propaganda é parte integrante da estratégia. Ela serve para fazer com que a população a digira e a mobilize. E a retórica é a sua valiosa aliada. O problema é quando, na ausência de estratégia, a retórica e a propaganda tomam o seu lugar. Ou quando elas se tornam tão poderosas que se transformam em estratégia. O exemplo escolar é a ideia do fim da história, patenteada mas não inventada por Francis Fukuyama. Após o colapso da União Soviética, os americanos realmente pensaram que poderiam tornar universal e eterno um momento particular e contingente, ou seja, o unipolar. Depois descobriram, para seu desânimo, que o mundo não queria ser americano e que decretar o fim da história não era suficiente para realmente detê-lo. Em suma, os Estados Unidos acreditaram no seu próprio poder e na sua capacidade de se tornar um país de mercado. Em resumo, os Estados Unidos acreditaram na sua própria propaganda. Graças à ideologia do fim da história, “inimigos e aliados seriam dissuadidos de concentrar grandes forças em regiões estrategicamente importantes”. Diante do extraordinário poder americano, um círculo vicioso teria sido gerado de que a supremacia mundial dos Estados Unidos estava destinada a durar para sempre. Foi uma pena que esse silogismo não fosse o mesmo usado pelos Estados Unidos. É uma pena que esse silogismo tivesse que convencer os inimigos, não os americanos! Eles deveriam ter-se mantido atentos e desenvolvido uma sensibilidade trágica necessária para enfrentar os desafios que se apresentam a qualquer império que queira durar para sempre. Isso não aconteceu porque, acreditando ser superiores ao mundo e transcender a realidade, os Estados Unidos decidiram ignorar ambos, o mundo e a realidade. A propaganda, a narrativa das narrativas, substituiu a estratégia. E também porque, convenhamos, o fim da história foi uma história muito boa. Por que arruiná-lo com a verdade? Poderíamos continuar, mas é bom parar. De facto, encontramos as três pistas necessárias para condenar o conceito de contar histórias pelo assassinato do princípio da realidade. Mas, pelo menos na Europa, ninguém é culpado até que se prove a sua inocência. Portanto, deve-se conceder à narrativa um último grau de julgamento. Será difícil absolvê-la, mas, talvez, possa apresentar algumas circunstâncias atenuantes. Afinal de contas, quando introduzimos a metáfora do julgamento, também começamos a contar uma história. E que história seria essa sem uma reviravolta? Se a narrativa tivesse um bom advogado, ele levantar-se-ia e declamaria: “Excelências, estão esquecendo-se de uma questão fundamental. Antes de condenar o meu cliente por assassinato do princípio da realidade e raciocínio estratégico, deveriam ter em mente que, afinal de contas, a estratégia também é uma narrativa”. É verdade. Toda estratégia deve ser narrada. E deve basear-se em um passado às vezes mítico e não necessariamente real. A estratégia não é exclusivamente prescritiva. Não se trata de uma receita ou de uma lista de tarefas. É, antes de mais, uma história, certamente orientada para o futuro, enraizada no passado a partir das necessidades do presente. Uma estratégia sem história (tanto no sentido de conto como de história) está condenada ao fracasso, se não for contada, não encontra consenso entre a população; se for estranha à memória colectiva, é sentida como estrangeira. A estratégia é, portanto, uma grande narrativa. Precisamente no sentido de Jean-François Lyotard é uma meta-narrativa que dá legitimidade aos factos, ordenando-os com vista à realização de um objectivo final. A estratégia tem um fim precisamente. É uma narração dirigida a um objectivo que, partindo de um estado de coisas, procura produzir um outro, considerado melhor. Mas aqui está o problema decisivo. Como afirma Lyotard, na nossa época “a grande narrativa perdeu a credibilidade”. Por razões endógenas e exógenas. Concentremo-nos nas últimas. O declínio das grandes narrativas, mesmo das estratégicas pode, de facto, ser considerado “um efeito da descolagem das técnicas e das tecnologias que colocou a ênfase nos meios e não nos fins”. Este facto é evidente no caso americano. O “factor superpotência”, que já se tinha desenvolvido no rescaldo da II Guerra Mundial, ascendeu a primum mobile da (não) estratégia americana após a vitória na Guerra Fria.
GP Macau | Huff regressa à Guia ao volante de um Audi Sérgio Fonseca - 10 Out 2024 A Corrida da Guia do Grande Prémio de Macau vai contar com o seu maior vencedor, o britânico Rob Huff. Actualmente a competir no popular BTCC, o campeonato britânico de carros de Turismo, Huff vai disputar os dois últimos eventos da temporada de 2024 do FIA TCR World Tour, conduzindo um Audi RS 3 LMS pela estreante equipa espanhola Volcano Motorsport. O piloto de 44 anos volta a tripular o carro com o qual esteve na disputa pelo título de 2023 até ao evento final da RAEM, agora com uma nova equipa para ele, os campeões da série TCR Europe de 2021, que subiram este ano para o TCR World Tour. Huff é conhecido pelo seu impressionante recorde no circuito citadino de Macau, com as suas 10 vitórias desde 2008, tanto na Corrida da Guia como na Taça de Macau de Carros de Turismo. Na próxima semana, o piloto britânico vai juntar-se à grelha do FIA TCR World Tour pela primeira vez este ano no próximo evento agendado para o Circuito Internacional de Zhuzhou, a primeira ronda chinesa de sempre do TCR World Tour, em preparação para o seu regresso a Macau. Nesta prova, as estrelas do mundial correrão em conjunto com o pelotão do TCR China. Huff não esconde o seu entusiasmo neste seu regresso a uma categoria que tantas alegrias lhe deu: “Estou absolutamente encantado por voltar a Macau, e também estou entusiasmado para ver o que podemos fazer em Zhuzhou, correndo com o TCR China, uma série que também conheço muito bem. É bom estar de volta ao TCR World Tour, especialmente agora que é uma categoria FIA. Conheço alguns dos elementos da equipa da Volcano Motorsport, uma vez que trabalharam comigo no ano passado, e claro, conheço o carro, tendo ajudado no seu desenvolvimento”. Em preparação O objectivo de Huff passa por ganhar ritmo com o carro na prova chinesa, para depois tentar vencer nas ruas de Macau. Huff correu pela Toyota Gazoo Racing UK este ano no BTCC e terminou em nono lugar do campeonato. “Não corro no TCR há dez meses, por isso ir a Zhuzhou será uma boa preparação para Macau. O objectivo é claro, estamos a procurar a vitória, e estou encantado por terminar o ano num dos meus lugares favoritos no mundo”, disse Huff. O 71.° Grande Prémio de Macau terá lugar de 14 a 17 de Novembro, sendo que as listas oficiais de inscritos deverão ser divulgadas ainda durante este mês.
Taiwan | Pequim acusa Lai de quebrar laços históricos Hoje Macau - 10 Out 2024 Pequim acusou ontem o líder de Taiwan de “quebrar deliberadamente os laços históricos entre os dois lados do estreito”, após William Lai ter afirmado “ser impossível” que a República Popular da China seja a pátria dos taiwaneses. A porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado (Executivo chinês), Zhu Fenglian, disse, em conferência de imprensa, que “Taiwan é um território sagrado da China com base em fundamentos históricos e legais claros”. Zhu lembrou que, em 25 de Outubro de 1945, o Governo chinês declarou a “recuperação da soberania sobre Taiwan”, depois da derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial. Em 01 de Outubro de 1949, com a fundação da República Popular da China, o novo regime de Pequim “substituiu a República da China como único representante legítimo de todo o país”, disse. A porta-voz sublinhou que, “embora a reunificação ainda não tenha sido totalmente alcançada”, a soberania e o território da China “nunca foram e nunca poderão ser divididos” e o “facto de a China continental e Taiwan pertencerem à mesma China nunca mudou e nunca poderá mudar”. “Não importa que tipo de paradoxos históricos e declarações bizarras sobre a independência de Taiwan Lai faça, isso não muda o facto objectivo de que os dois lados do estreito de Taiwan pertencem à mesma China e não destruirá o sentimento patriótico dos nossos compatriotas de Taiwan”, disse Zhu, acusando Lai de “suprimir a identidade nacional dos compatriotas de Taiwan”. O Conselho dos Assuntos Continentais de Taiwan (MAC), o organismo governamental responsável pelas relações com a China continental, emitiu um comunicado a denunciar as “declarações absurdas” de Zhu, sublinhando que a República Popular da China “nunca governou Taiwan”, desde a criação em 1949.
Pequim pede aos EUA que clarifiquem limites da segurança nacional Hoje Macau - 10 Out 2024 O ministro do Comércio da China pediu ontem aos Estados Unidos que “clarifiquem os limites da segurança nacional na esfera económica e comercial”, numa conversa telefónica com a homóloga norte-americana, Gina Raimondo. Nos últimos anos, Washington e Pequim têm utilizado a segurança nacional como motivo para impor restrições comerciais. De acordo com um comunicado difundido pelo Ministério do Comércio chinês, Wang Wentao afirmou que uma clarificação sobre os limites do conceito de segurança “contribuiria para manter a segurança e a estabilidade nas cadeias de abastecimento da indústria global e para criar um bom ambiente político para a cooperação entre as indústrias dos dois países”. O ministro manifestou também preocupação com “as restrições” dos EUA sobre os veículos eléctricos chineses e com a política de semicondutores de Washington em relação à China. Os EUA limitaram a exportação de ‘chips’ e tecnologias estrategicamente importantes para o país asiático. Wang instou Washington “a prestar atenção às preocupações específicas das empresas chinesas, a levantar as sanções impostas a estas firmas o mais rapidamente possível e a melhorar o ambiente empresarial para as companhias chinesas nos Estados Unidos”. O responsável pediu que as relações económicas entre Pequim e Washington se tornem o “pilar fundamental” das relações bilaterais entre as duas potências. De acordo com o comunicado, a conversa foi “franca, profunda e pragmática”. Raimondo sublinhou as preocupações expressas pela comunidade empresarial dos EUA relativamente à “falta de transparência regulamentar” na China, bem como às “práticas de mercado pouco competitivas e ao excesso de capacidade estrutural”, de acordo com um comunicado do Departamento do Comércio dos EUA. A responsável sublinhou que a segurança nacional dos EUA “é inegociável” e explicou que a abordagem do Governo dos EUA procura proteger a segurança nacional de “forma direccionada, sem fechar o espaço para um comércio e investimento saudáveis” entre as duas nações. Luta continua A China tem manifestado repetidamente preocupação com as restrições comerciais impostas pelos EUA nos últimos anos, que vão desde a imposição de taxas punitivas sobre as importações chinesas até à proibição de vendas de tecnologia a empresas chinesas. Em particular, o sector dos semicondutores é fundamental para a China, uma vez que constitui uma das pedras angulares dos planos para reforçar a autossuficiência tecnológica e reduzir a dependência de países terceiros. Os Estados Unidos têm criticado o que descrevem como “excesso de capacidade industrial” chinesa, ao qual reagiram impondo taxas sobre os veículos eléctricos chineses, entre outras medidas. Desde o início de 2018, os dois países estão envolvidos numa guerra comercial e tecnológica que tem vindo a desgastar significativamente as relações bilaterais.
Médio Oriente | China opõe-se à expansão do conflito e deplora contradições na região Hoje Macau - 10 Out 2024 Um ano passado desde o início do conflito no Médio-Oriente, Pequim manifesta a sua extrema preocupação com a escalada da violência que já provocou a morte de mais de 40.000 pessoas em Gaza e condena a possibilidade de um ataque ao Irão pelas forças israelitas A China manifestou ontem a sua “oposição à expansão do conflito no Médio Oriente”, referindo-se à possibilidade de Israel atacar o Irão em retaliação pela ofensiva de mísseis iranianos da semana passada. A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, disse em conferência de imprensa que a China está “profundamente preocupada” com “a intensificação das contradições” na região. A China está “profundamente preocupada” com a “intensificação das contradições” na região e “lamenta que a escalada do conflito israelo-palestiniano se tenha arrastado durante um ano, resultando na morte de mais de 40.000 pessoas em Gaza, a maioria das quais mulheres e crianças”, afirmou Mao. “O que é necessário para resolver o conflito israelo-palestiniano não são armas e munições ou sanções unilaterais, mas sim vontade política e esforços diplomáticos”, afirmou, apelando às grandes potências para que “desempenhem o papel que lhes compete, respeitem a objectividade e a imparcialidade e assumam a liderança no cumprimento do direito internacional”. Mao instou ainda “todas as partes” a “manter a paz e a estabilidade regionais e a abordar a situação actual com calma, racionalidade e responsabilidade”. “A comunidade internacional, especialmente as potências influentes, deve desempenhar um papel construtivo para evitar mais instabilidade”, acrescentou. Tensão palpável Nos últimos dias, tem crescido a preocupação sobre a possibilidade de Israel atacar o Irão em retaliação contra o ataque de Teerão a território israelita na semana passada. Alguns analistas temem que Israel ataque as instalações nucleares iranianas, enquanto Teerão instou Israel a não testar a “vontade” do Irão. A China tem reiterado repetidamente o seu apoio à “solução dos dois Estados”, mostrando a sua “consternação” face aos ataques israelitas contra civis em Gaza, e os seus funcionários realizaram numerosas reuniões com representantes de países árabes e muçulmanos para reafirmar esta posição ou para tentar fazer avançar as negociações de paz. A China é o maior parceiro comercial do Irão, com o qual tem vindo a reforçar as suas relações nos últimos anos. Em Maio passado, quando o Irão realizou um ataque de menor dimensão contra Israel, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, indicou ao seu homólogo iraniano que a China tinha “tomado nota das declarações do Irão de que as suas acções são limitadas e no exercício do seu direito à autodefesa”, sublinhando a boa relação entre Pequim e Teerão.
Meditando com Han Shan Ana Cristina Alves - 10 Out 2024 Ana Cristina Alves, Coordenadora do Serviço Educativo do CCCM 27.09.2024 I António Graça de Abreu possui vasta obra poética publicada, entre os títulos destaco: China de Jade (1997), China de Seda (2001); Terra de Musgo e de Alegria (2005); China de Lótus (2006); Cálice de Neblinas e Silêncios (2008); A Cor das Cerejeiras (2010). O poeta e sinólogo é ainda tradutor de poesia clássica chinesa, tendo traduzido para português os seis maiores poetas da China: Li Bai (1990); Bai Juyi (1991); Wang Wei (1993); Han Shan (2009); Du Fu (2015) e Su Dongpo (2023). Lançou em setembro de 2024, em segunda edição, Han Shan Poemas寒山詩 (2024) com a Editora Grão-Falar, dirigida pelo Editor, Jornalista e Escritor Carlos Morais José. Em Han Shan Poemas寒山詩, António Graça de Abreu convida a visitar o mundo poético deste budista Chan, Zen no Japão. O poeta, cujo nome significa “Montanha Fria”, talvez tenha vivido no século VIII, durante o período áureo da dinastia Tang (618-906), tendo-nos brindado com uma meditação existencial única sobre o vazio. O Eremita da “Montanha Fria”, se acaso viveu no século VIII, ter-se-á cruzado, como sugere António Graça de Abreu no Prefácio à obra que traduziu, com os maiores vultos poéticos da dinastia Tang, quer dizer, Wang Wei, Li Bai e Du Fu. A verdade é que, tirando a lenda a seu respeito e do filho adotivo e irmão espiritual Shi De, pouco mais se sabe sobre ele. No entanto, a lenda tem a vantagem de nos alertar para o essencial quer da vida de Han Shan quer de Shi De, já que o poeta abandonou a mulher bonita que tinha, no sopé da Montanha Tai, na aldeia de Qinfeng, na província de Shandong, por acreditar que o coração dela pendia para o filho adotivo adolescente, Shi De; e este último ao perceber a confusão gerada foi procurar por muito tempo Han Shan até o encontrar no mosteiro budista de Han Shan em Suzhou para onde entraria também como monge. A atitude de ambos denota que o traço de união entre eles era a dedicação à religião Budista, dedicação essa vivida poeticamente por Han Shan. Este legaria um estilo poético budista Chan (禪 Chán), que seria transferido no Japão de Matsuo Bashô (1644-1694) para a forma Zen. Já antes na dinastia Song, o primeiro-ministro, poeta e letrado Wang Anshi (1021-1086) se referira à imitação necessária para os estetas crentes mas quase impossível do estilo poético de Han Shan, nas palavras apresentadas por Graça de Abreu “Procuramos a água e apenas ele encontrou a nascente” (Han Shan, Apud Abreu, 2024, 23). II Dos 311 poemas de Han Shan, 15 foram traduzidos por Graça de Abreu, tendo anteriormente 25 sido por Jacques Pimpaneau, adaptados na versão poética de Ana Hatherly para português. Qual é então o estilo que inspirou tantos poetas e anima os poemas de “Montanha Fria”? O estilo filosófico de Han Shan revela, antes de mais, o amor à natureza, que permite enquanto paisagem a concentração no essencial, o coração-mente (心 xīn), seguindo-se a par do elogio do vazio, contraponto a uma existência efémera, eivada de sofrimento, doença e morte, pelo que a meditação sobre o vazio, auxilia o coração-mente a cultivar uma atitude tranquila e desprendida das paixões e prazeres terrenos, bem como a suportar, com a paciência possível, às vezes com alguns desabafos, as dificuldades, limitações e desafios de uma vida curta, repleta de pobreza e frugalidade. O sentimento da brevidade da vida e o envelhecimento, magoam-no, sobretudo por comparação aos tempos de juventude. Apesar de toda a meditação, é perpassado por forças contraditórias, que expressa poeticamente, por exemplo, em as pessoas “São flores num dia de Primavera, /abrem de manhã, murcham ao entardecer” (Abreu, 2009, 12). Satiriza e crítica gente poderosa, rica e avarenta, apontando o tal caminho frugal, cultivado por taoistas e budistas, revelando ainda estranheza por certos monges budistas se apegarem a atitudes mundanas, denotadoras de valorização de bens materiais em lugar de se concentrarem em desenvolver a força espiritual que os poderá aproximar do Dharma, a lei de Buda. Os grandes oficiais, os ministros de estado, a quem os portugueses chamaram mandarins, são de igual modo satirizados e denunciados pela prepotência e injustiça com que exercem os seus cargos. Para chegar à conclusão de que “Hoje compreendo melhor: riquezas, honrarias, / o nome, a fama, tudo é inútil e vazio.” (Abreu, 2009, 16). O prefácio à obra, primorosamente organizado, encontra-se dividido em: apresentação biográfica do poeta, intitulada “Do poeta e da bruma”; “Da Poesia”; “Da Tradução” e “Conclusão”. No que respeita à tradução, a poesia de Han Shan, segundo nos informa o seu tradutor, não é das mais complicadas de traduzir, porque, por um lado, não se encontra repleta de sentidos figurativos e alusões históricas, por outro, utiliza uma linguagem simples e coloquial de modo a que possa ser entendida por todos. Os poemas, sem título, são na sua maioria Lǜshī律詩, 8 versos regulares compostos por cinco ou sete caracteres. As rimas são paralelas e tonais, com alternância entre os tons uniformes, e oblíquos, sendo na concordância tonal que o poeta terá recebido maiores críticas por parte dos letrados, com pouco fôlego poético e muita atenção às convenções. Quanto ao tradutor, confessa-se a trabalhar num registo de sombra cujo silêncio o ilumina (Abreu, 2024, 37). Considera ainda que a empatia com o poeta marca decisivamente os poemas a traduzir (Abreu, 2024,38), bem como “a busca de identidade cultural e afetiva entre o tradutor e o poeta a traduzir” (Abreu, 2024, 39). Considera-se ainda grato pelo seu trabalho não ser um percurso solitário, mas realizado em companhia da consorte, Wang Haiyuan e do velho amigo tradutor ao jeito dos letrados, Zhang Weimin, ilustre tradutor de Fernando Pessoa e Luís Vaz de Camões para Chinês. A rematar o Prefácio recorda como são importantes as traduções para manterem vivos os diálogos poéticos entre toda a humanidade. Assim, devido à tradução de Jacques Pimpaneau, com versão poética de Ana Hatherly, em 2003, e da sua própria tradução, publicada primeiro em 2009 e agora em 2024, o poeta Han Shan torna-se cada vez mais familiar dos leitores portugueses. III Esmiuçando a análise temática da poesia traduzida de Han Shan por António Graça de Abreu, comecemos pelo último poema da coletânea, o 155, uma quadra chinesa jueju (绝句 juéjù) sobre e, perdoe-se o paradoxo, vazio plenamente vivido pelo eremita na sua bela montanha fria: Habito a montanha, ninguém me conhece. Entre nuvens brancas, o silêncio, sempre o silêncio. 我居山 勿人識 白雲中 常寂寂 (Abreu, 2024, 158/9) Esta é a postura meditativa que todos os monges budistas procuram alcançar. Coexistir santamente na paisagem, com uma tranquilidade de espírito só possível pela fusão com a natureza, na contemplação silenciosa das nuvens brancas, tal como se ele próprio ao habitar na montanha tivesse incorporado as suas características, ao jeito do trigrama “Montanha” (艮gěn) do Clássico das Mutações (《易经》) fazendo crescer em si, a força, a solidez e a firmeza necessárias a uma postura exteriormente imóvel, mas que desenvolve a máxima energia a partir do seu interior, porque a viagem na montanha é mental. O corpo permanece no mesmo lugar, enquanto o espírito do eremita procura o domínio que lhe pertence e o vazio iluminante, recetivo e compreensivo de todos os males que afligem os seres vivos a nadar num mar de sofrimento até que a força da mente os liberte. Como adverte no poema numerado por Graça de Abreu 154, no qual declara ter mais de 100 anos, não se deve usar o coração para alcançar a “vã glória” mundana, já que ela arrasta inúmeros desejos fatais às pessoas “Quando se usa o coração para renome e fama/ entram no corpo cem diferentes desejos” (心神用盡為名利/百种貪婪進己軀) (Abreu, 2024, 158/9). Aconselha o monge que o coração das pessoas seja tão vazio quanto possível, mas não indiferente aos outros, eis a grande distância entre as pessoas que vivem sem pensar, nem em si nem nos outros, e os monges, como o poeta, atentos ao fluir da existência e ao auxílio e libertação de todos das amarras que mantêm, segundo a filosofia budista Chan, os seres humanos prisioneiros sem de facto estarem encarcerados numa prisão física. Estes podem até mover-se, aparentemente de uma forma livre, mas na realidade são cativos dos múltiplos desejos com que enchem e enfrenesiam as suas vidas e as alheias, pelo que o melhor é o despojamento meditativo que conduz a uma existência simples e desprendida. Esta é a via certa, a da libertação das manchas e poeira do mundo, a única que apazigua o coração, em comunhão profunda com a falésia, a névoa, o arroio e porque o faz, sabemos o que sente no poema 154 “No meu corpo nem manchas, nem poeiras, /no meu coração nem traço de inquietude.” (身上無塵垢,/心中那更憂。) (Ibidem). O poeta não é insensível à beleza feminina das meninas, das flores e dos elementos naturais, mas a consciência da efemeridade da felicidade, que não passa de breves momentos em longas existências, às vezes mais de cem anos, como talvez a dele, condu-lo ao distanciamento dos prazeres da vida, como nos informa no poema 152 relativamente à brevidade do riso e gozo, que encaminham inexoravelmente para o choro e sofrimento. Só por meio da meditação é então possível relativizar as forças positiva e negativa em ação, equilibrando-as de uma forma tensional, onde a ponderação da vacuidade da existência fenomenal é decisiva ao bem-estar espiritual do poeta, já que as necessidades e carências corpóreas são supridas pela harmonia no coração-mente em contacto com o incenso exalado pela resina do pinheiro e pelos rebentos do cipreste, de acordo com o poema 150, “Tenho fome, uma bolinha desta panaceia,/harmonia no coração, encostado às rochas” (飢餐一粒加陀藥,/ 心地調和倚石頭) (Abreu, 2024, 156-157). Pode e deve estar silencioso e tranquilo “o coração como a lua de outono/ reflexo imaculado num lago esmeralda” (吾心似秋月/碧潭清皎洁) (Abreu, 2024, 53). O ideal de muitos eremitas, de Han Shan em particular, é conseguir afastar-se e descansar dos males do mundo, num lugar abençoado pela beleza natural, propício, por isso, à manifestação da força espiritual, na única companhia dos elementos naturais e dos textos sagrados, incluindo os dos poetas do passado e sobre imortais, assim alcança a energia, que se esconde se transferida para a sociedade humana, impelida pelos ventos fortes das paixões individuais. Aqui fica a confissão de bem-estar de Han Shan, no poema 8: Desejei um lugar para descansar, a Montanha Fria deu serenidade. Um vento leve sopra entre os pinheiros, de perto ouve-se melhor a canção da brisa. Sob as árvores, um homem de cabelos brancos recita velhos textos taoístas. Não deixo este lugar há já dez anos, esqueci o caminho por onde vim. 欲得安身處 寒山可長保 微風吹幽松 近听聲逾好 下有斑白人 喃喃讀黃老 十年歸不得 忘卻來時道 (Abreu, 2024, 54/5) Que melhor sítio para envelhecer do que este entre montanhas e penhascos, rios e lagos, acompanhado pela suave brisa ou pelo canto dos pássaros, aprendendo a escutar a voz da natureza em todas as estações, das mais suaves e convidativas às agrestes, estas últimas, úteis para despertar a força de vontade e a resistência a um mundo ilusório que, apesar da sua inexistência em termos da verdadeira realidade, deixa marcas, que doem e transtornam os corações, tumultuando-os como se em lugar de ventos suaves soprassem no interior impiedosos tufões. Enquanto os contrastes e oposições naturais produzem beleza, como as negras rochas e as nuvens brancas de que nos fala o poema ou, ainda, o salto imprevisível das estações da Primavera diretamente para o Outono, o certo é que os conflitos e oposições ao nível humano causam feridas profundas, por vezes insanáveis, pelo que o eu poético confessa a sua preferência por um fluir sossegado dos dias sem confrontos dilacerantes para o seu coração. Prefere então suportar os rigores de uma montanha de que o gelo não se aparta, nem mesmo no Verão. Dada a opção, terá de seguir uma vida frugal, satisfazendo apenas as necessidades alimentares básicas, pelo que sobrevive dos frutos que a dadivosa mãe-natureza coloca ao seu dispor, por isso explicita no poema 10, “Retirado na Montanha Fria, /Alimento-me de frutos da montanha” (一自遁寒山/養命餐山果) (Ibidem). Tal não significa que o eu poético não tenha momentos de desalento e de humana solidão, isso sucede quando se deixa vencer pelo cansaço e pelo sentimento da fugacidade da existência, como confessa no final do poema 27: “O tempo foge, os cabelos brancos, tão brancos,/ o ano acaba e eu velho triste, tão triste”( 時催鬢颯颯/歲盡老颯颯) (Abreu, 2024, 70/1) Já no tempo de Han Shan, presumivelmente o século VIII da dinastia Tang, o mais importante para muitos senhores de então era o dinheiro, como explica nos últimos verso do poema 41: “mais importante que tudo é o dinheiro (愿君似今日/錢是急事爾)(Abreu, 2024,80/1)”, a valorização dos bens materiais que o eu poético constata parece ser uma constante de todos os tempos em pessoas apenas concentradas nos interesses mundanos, que não conseguem entender que existem outras necessidades para além das físicas, tão importantes como estas e apenas alcançáveis pela via da meditação. Pois para lutar contra os vãos desejos do mundo, o conselho dado ao sábio é: “como arma, leva apenas a espada da sabedoria,”( 常持智慧剑) (Abreu, 2024, 82/3), ele sabe que tudo o que é necessário para se viver bem se encontra nos cinco elementos Wu Yin (五陰Wǔ Yīn ) do Budismo Mayahana (Grande Veículo) : a forma, a sensibilidade, a perceção, a vontade e a consciência, essenciais na compreensão da pobreza e do vazio existenciais, mas ainda de uma certa leveza de um corpo tornado quase espírito na Montanha Fria, como se lê nos últimos versos do poema 63 “Um vento cortante, a lua fria como gelo,/ o meu corpo, um grou solitário voando” (寒月冷颼颼/身似孤飛鶴) (Abreu, 2024, 94/5). Por fim, um conselho de estética religiosa que o eu poético deixa a todos os seus leitores no poema 64, naturalmente a seguir, porque a poesia é a música das palavras que vai direta ao coração-buda: Em casa, ter poemas de Han Shan é melhor do que ler sutras. Escrevam os poemas num biombo e olhem-nos, de vez em quando. 家有寒山詩 胜汝看經卷 書放屏風上 時時看一遍 (Ibidem) Bibliografia Abreu, António Graça de (Org. e Trad.). 2024. Han Shan Poemas寒山詩. Lisboa: Grão-Falar. Hatherly, Ana (Adapt.). O Vagabundo do Dharma. 25 poemas de Han-Shan. Tradução do chinês de Jacques Pimpaneau, versões poéticas de Ana Hatherly e caligrafias de Li Kwok-Wing.
Fórum sobre património no final do mês no CCM Hoje Macau - 10 Out 2024 Realiza-se no final deste mês, entre os dias 31 de Outubro e 1 de Novembro, o Fórum do Património Cultural da Zona da Grande Baía, com o intuito de “promover a salvaguarda, transmissão, revitalização e utilização do património cultural na Zona da Grande Baía”. O evento é organizado pelo Instituto Cultural (IC) em parceria com o Departamento de Cultura e Turismo da província de Guangdong e pelo Gabinete de Desenvolvimento do Governo de Hong Kong. O referido Fórum centra-se na temática da “integração e partilha do património cultural na Área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”, esperando-se a presença de representantes de cidades da zona da Grande Baía, composta por nove cidades da província de Guangdong, Macau e Hong Kong. Além disso, participam ainda “especialistas e académicos da área do património cultural, nacionais e estrangeiros, os quais apresentarão os resultados da sua investigação e proferirão discursos sobre esta temática”. As candidaturas para este evento estão abertas desde terça-feira. Segundo um comunicado, este Fórum “destina-se a promover conjuntamente a salvaguarda, transmissão, revitalização e utilização do património cultural na Zona da Grande Baía, em linha com a definição do posicionamento nacional de Macau como ‘uma base de intercâmbio e cooperação para a promoção da coexistência multicultural, com predominância da cultura Chinesa'”. Conceitos e ideias Irão discutir-se temáticas como “as ligações e o valor do património cultural na Zona da Grande Baía, os conceitos e as práticas de revitalização de edifícios do património cultural, o uso de tecnologia em arqueologia ou a preservação e utilização de relíquias culturais revolucionárias”. Incluem-se ainda temas como a Rota Marítima da Seda e o intercâmbio e a cooperação na área do património cultural. O evento decorre no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau, decorrendo também actividades complementares como a realização de visitas guiadas a edifícios históricos revitalizados em Macau ou workshops para famílias. Será ainda apresentada a “Exposição de Trabalhos Seleccionados do Convite à Apresentação de Fotografias de Edifícios Históricos Revitalizados”. O programa completo será divulgado posteriormente.
Festival da Lusofonia | Cartaz com Fernando Daniel e Yuri da Cunha Hoje Macau - 10 Out 2024 Foi ontem apresentado o cartaz do Festival da Lusofonia deste ano que, pela primeira vez, se organiza em dois fins-de-semana. A sexta edição do Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa decorre no final deste mês e em Novembro, com artistas como Tito Paris, Fernando Daniel e Yuri da Cunha O Festival da Lusofonia, em Macau, vai receber o português Fernando Daniel e o angolano Yuri Cunha, num programa que pela primeira vez se vai prolongar durante dois fins de semana, foi ontem anunciado. O 6.º Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa arranca com o principal evento, o Festival da Lusofonia, entre 25 e 27 de Outubro e entre 1 e 3 de Novembro. O programa inclui também a cantora moçambicana Selma Uamusse, o grupo de funaná cabo-verdiano Ferro Gaita, o cantor brasileiro Filipe Toca, o grupo de música e dança Daman Darshan (representantes das cidades indianas de Goa, Damão e Diu), a cantora guineense Nené Pereira, o grupo de dança GE Dancers (da Guiné Equatorial), o Grupo Cultural 100% Santola (de São Tomé e Príncipe), e o grupo de dança timorense Le-Ziaval. Será a primeira vez que o festival na zona das Casas da Taipa, coorganizado pelas associações das comunidades lusófonas de Macau, se vai prolongar por mais do que um fim de semana. A decisão de prolongar “uma actividade muito significativa” foi tomada porque “assim as comunidades podem ter mais oportunidades de intercâmbio cultural”, disse Leong Wai Man, presidente do Instituto Cultural (IC), que organiza o encontro. Mais de 700 artistas De acordo com o IC, o encontro vai, no total, dar o palco a “mais de 700 artistas”, e tem no concerto do cantor cabo-verdiano Tito Paris com a Orquestra Chinesa de Macau, a 15 de Novembro, um outro ponto alto. A colaboração com Tito Paris, conhecido pela música que une morna e jazz, “é uma nova ideia”, disse Leong Wai Man, recordando que no passado a aposta foi na mistura entre o fado e a música chinesa. Leong Wai Man destacou ainda uma mostra com 136 obras de 23 artistas chineses e lusófonos, entre os quais os portugueses Manuela Pimentel e João Alexandrino, conhecido como JAS. A exposição, sob o tema “Memórias, Legados, Mutações”, vai estar dividida, de 25 de Outubro a 9 de Fevereiro, entre o Museu de Arte de Macau, a Galeria de Exposições das Casas da Taipa e a Rua da Felicidade. Leong Wai Man revelou que o muralista brasileiro Eduardo Kobra vai criar uma obra especificamente para a mostra, obra que irá depois ficar em Macau. Entre 24 de Outubro e 3 de Novembro, vários locais de Macau irão receber espectáculos de música e dança lusófona, a cargo dos grupos participantes no Festival da Lusofonia, incluindo uma companhia da cidade de Zhongshan, na vizinha província de Guangdong. Uma exposição com centenas livros ilustrados e infantis em chinês ou português estará patente na Casa da Nostalgia, uma das Casas da Taipa, entre 25 de Outubro e 5 de Novembro. Destaque ainda para o festival de cinema, de 22 de Novembro a 7 de Dezembro, com 30 filmes da China e dos países de língua portuguesa, com sessões em três locais, incluindo a Cinemateca Paixão e nos Estaleiros Navais de Lai Chi Vun. Apesar do alargamento do Festival da Lusofonia, o orçamento do Encontro irá descer de 9,6 milhões de patacas em 2023, para cerca de oito milhões de patacas este ano, disse Leong Wai Man.
Condomínios | Criadas mais sete empresas de gestão Andreia Sofia Silva - 10 Out 2024 Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) mostram que no espaço de um ano surgiram no mercado mais empresas de administração predial, vulgo gestão de condomínios. No ano passado eram 235, mais sete face a 2022. Estas entidades empregaram 8.157 pessoas, mais 8,7 por cento em termos anuais, tendo-se registado receitas de 1,92 mil milhões de patacas, uma quebra de 1,3 por cento, observando-se também a mesma queda percentual no tocante às despesas, que foram de 1,79 mil milhões. A DSEC destaca ainda que as despesas com funcionários representaram 58,8 por cento em termos de proporção de despesas destas empresas, enquanto os custos de exploração representaram 28,3 por cento, sendo estas as proporções mais elevadas do bolo de todas as despesas de condomínio. No tocante à segurança de edifícios, 2023 registou 60 empresas, menos uma do que em 2022, com 11.184 trabalhadores, menos 2,1 por cento. Na área da prestação de serviços de limpeza registaram-se 353 empresas, mais 29 em termos anuais.
Melco Crown | Lawrence Ho recua no investimento no Japão Andreia Sofia Silva - 10 Out 2024 Numa entrevista à revista Macau Business, Lawrence Ho, CEO da Melco Crown, admite que recuou, para já, de investir no mercado de jogo no Japão, dado o tempo que gastou no processo, sem frutos concretos. Em relação ao City of Dreams Mediterranean, no Chipre, a confiança é grande, apesar dos conflitos no Médio Oriente Lawrence Ho, CEO da Melco Crown, parece ter desistido da ideia de investir no Japão. Em entrevista à revista Macau Business, o empresário, que detém uma das concessões de jogo em Macau, declarou que o longo processo para entrar no mercado de jogo nipónico ainda não deu frutos. “Estivemos envolvidos no processo [de jogo] no Japão nos últimos dez anos, e investimos muitos recursos nisso. Pessoalmente gastei bastante tempo no Japão, e não penso que o país esteja já no nosso horizonte imediato. Tendo estado envolvido em todo o processo, seria mais cauteloso sobre uma aposta demasiado rápida.” Em relação ao resort integrado da Melco na Europa, o City of Dreams (COD) Mediterranean, aberto em Julho do ano passado, em Limassol, no Chipre, as expectativas mantém-se elevadas, apesar dos conflitos próximos no Médio Oriente e entre a Rússia e Ucrânia. “Há muito que acreditamos no Chipre. Ganhámos um concurso competitivo para a obtenção da licença. Temos uma licença de 30 anos para estarmos no Chipre, 15 deles em regime de monopólio. Ganhámos isso em 2016, mas se me dissesse que os nossos principais mercados internos estariam em guerra, teria sido uma espécie de adivinho. Não tivemos sorte”, declarou. Explicando que o Chipre tem a vantagem da legislação europeia, por fazer parte da União Europeia, Lawrence Ho espera “uma resolução em breve” para os conflitos na região. “Há muitos casinos na Europa, mas não existem resorts integrados. Penso que aquilo que temos para oferecer no COD do Mediterrâneo é mais do que uma experiência de casino, é um resort plenamente integrado com restaurantes, vida nocturna e retalho. Temos sorte de poder estar no Chipre, que é o lugar mais soalheiro da Terra. Há muito para acontecer no COD Mediterranean, e investimos muito aqui a longo prazo”, adiantou. Lawrence Ho referiu, porém, que não considera “a Europa, como mercado de jogo, como uma região de crescimento rápido”, mas está “muito satisfeito com o investimento no Chipre”. Expectativas para Macau Relativamente a Macau, Lawrence Ho desabafou sobre os difíceis tempos da pandemia, em que a empresa teve de recorrer a empréstimos bancários para se manter à tona, aumentando a sua dívida. Na entrevista, o empresário disse mesmo que foi preciso “cortar até ao osso”, pois estava a construir no Chipre e também a Fase 2 do Studio City. “A covid foi mais difícil do que a crise financeira global de 2008-2009”, apontou. “Todas essas dívidas serviram apenas para nos mantermos a funcionar, manter as pessoas empregadas em Macau e continuar a construir a Fase 2 do Studio City. Como estávamos a construir no Chipre também, foram tempos difíceis.” Sobre Macau, Lawrence Ho disse estar “muito optimista em relação ao quarto trimestre”, admitindo que houve um “recomeço lento” da empresa no período pós-covid. “Fizemos algumas mudanças na estrutura organizacional e também ao nível da gestão. Tivemos de fazer coisas muito difíceis no período covid, mas agora estamos de regresso e plenamente de forma competitiva, trazendo pessoas da área da gestão que tínhamos afastado no período covid. Vamos ter a recompensa de tudo isto neste quarto trimestre. Em 2025 vamos continuar a crescer de forma estável, mas o que seria incrível é se a economia chinesa crescesse ainda mais.” Afirmando ter “muita sorte” por poder operar em Macau desde a liberalização, tendo em conta que é “o maior mercado com maior crescimento dos últimos 50 anos”, o empresário diz não ter medo da competição asiática. “Vai sempre haver competição na Ásia. Singapura certamente que constitui uma competição em relação a Macau, mas no futuro, assim que o Japão abrir [para o mercado do jogo], vai ser também um forte competidor. Já existe debate em torno da Tailândia e jurisdições mais pequenas como o Cambodja, Vietname e Filipinas. Mas a grande vantagem de Macau é ter 1.4 mil milhões de chineses do outro lado da fronteira. Não penso que as regulações sejam excessivas.”
Exposições | Registada grande recuperação do sector Hoje Macau - 10 Out 2024 Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que o sector das exposições e convenções tem vindo a recuperar gradualmente desde os tempos da pandemia. “O número de convenções e exposições cresceu significativamente, portanto, o excedente bruto do ramo da publicidade e o do ramo da organização de convenções e exposições passaram de défices para superavits em 2023”, sendo que “o ambiente de negócios melhorou notavelmente em comparação com 2022”. No ano passado existiam 107 empresas dedicadas a organizar eventos, apenas mais uma em relação a 2022, contando com menos 9,4 por cento de funcionários, num total de 385 pessoas. Porém, as receitas aumentaram 41,6 por cento, tendo sido de 553 milhões de patacas, provenientes principalmente dos serviços de organização de convenções, exposições e outros eventos, que correspondem a 87,3 por cento do total. O segmento da organização de eventos representa, assim, uma subida face a 2022, de 44,6 por cento.
MIF | Feira com menos 80 expositores lusófonos Hoje Macau - 10 Out 202410 Out 2024 Está de regresso, na próxima semana, mais uma edição da Feira Internacional de Macau (MIF, na sigla inglesa). Porém, regista-se menos 80 expositores de países de língua portuguesa, que nesta 29.ª edição com 180. Destaque, ainda assim, para a zona dedicada aos mercados destes países Cerca de 180 expositores oriundos de países de língua portuguesa vão participar, entre 16 a 19 deste mês, na 29.ª Feira Internacional de Macau (MIF), indicou o organizador, menos 80 do que em 2023. A edição deste ano da MIF vai contar com a Zona de Exposição Alusiva aos Mercados dos Países de Língua Portuguesa, com mais de 200 ‘stands’, salientou o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), em comunicado. Os mais de 180 expositores daquela zona incluem organismos governamentais, associações comerciais e empresas, indicou o IPIM. Os expositores lusófonos presentes abrangem indústrias como tecnologia, maquinaria e produtos agrícolas, finanças, comércio electrónico transfronteiriço, logística e carga, produtos culturais e criativos, comidas e bebidas, entre outras, referiu na mesma nota. Em 2023, a MIF decorreu em simultâneo com a edição inaugural da Exposição Económica e Comercial China-Países de Língua Portuguesa (C-PLPEX), um certame antes designado PLPEX e organizado em paralelo com a Feira Internacional de Macau. Este ano, a C-PLPEX não se realiza e vai regressar em 2025, disse o IPIM ao canal em português da televisão pública de Macau, TDM, em Setembro, sem adiantar pormenores. Mais um pavilhão A Zona de Exposição Alusiva aos Mercados dos Países de Língua Portuguesa na MIF deste ano inclui um pavilhão com informações dos mercados lusófonos, uma área sobre o papel de Macau como plataforma de serviços financeiros e comerciais sino-lusófona e uma zona de degustação. Durante os quatro dias da MIF serão organizadas mais de 10 sessões de actividades de promoção económica e comercial “para explorar oportunidades de negócio entre a China” e o bloco lusófono. O objectivo é encorajar os comerciantes participantes a experimentar “os produtos e os serviços dos países de língua portuguesa”, assinalou. O programa inclui uma sessão de bolsas de contacto dos produtos e serviços dos mercados lusófonos, no primeiro dia da MIF, assim como actividades para promover o comércio e investimento com as províncias chinesas de Jiangsu (leste) e Fujian (sudeste) e com Angola. Durante a MIF vão ainda ser anunciados os vencedores de prémios para vinhos e bebidas espirituosas e para café dos países de língua portuguesa, nos quais participam mais de 20 fornecedores ou agentes, com mais de 40 produtos, referiu o IPIM.
Tribunais | Lançado concurso para construir novos edifícios João Santos Filipe - 10 Out 2024 Além de duas torres, que vão ser erguidas junto ao edifício já existente, o projecto prevê um novo prédio para servir o Ministério Público. As empresas vencedoras vão demorar um pouco mais de dois anos para completar os trabalhos As Obras Públicas lançaram o concurso para a construção das novas instalações do Tribunal Judicial de Base (TJB), junto ao Lago Nam Van. O anúncio foi publicado ontem no Boletim Oficial e na página da Direcção de Serviços das Obras Públicas (DSOP). De acordo com a informação divulgada, a empreitada visa a construção de mais duas torres nas zonas laterais do edifício existente naquele local e que entrou em funcionamento em 2017. Segundo a DSOP as duas novas torres vão servir como escritórios e salas de audiência do TJB. O projecto vai ter uma área bruta de construção de cerca de 57.431,30 metros quadrados, com oito pisos de altura e quatro pisos em cave. Actualmente, as condições do edifício do TJB estão longe de ser as ideais para processos com vários arguidos, como ficou demonstrado durante o caso Suncity, em que ficou patente a falta de espaço para os advogados e os respectivos assistentes. A empresa responsável pela proposta vencedora do concurso, também vai ter a cargo a construção de um outro edifício, junto aos existentes, destinado às instalações do Ministério Público (MP) junto do TJB. Também o edifício para o MP, terá uma ligação ao edifício dos tribunais. Máximo de 780 dias De acordo com as condições apresentadas, o prazo máximo para a concretização das obras é de 780 dias, ligeiramente superior a dois anos. Nos primeiros 345 dias, cerca de um ano, é necessário completar a cobertura da estrutura dos edifícios. E nos 515 dias seguintes a adjudicatária vai ter de concluir os trabalhos. As propostas não têm um preço base, mas os interessados têm de pagar uma caução de 15,84 milhões de patacas. O concurso é aberto a pessoas singulares e colectivas, desde que inscritas na DSOP na modalidade de execução de obras. O júri do concurso vai tomar a decisão principalmente com base no preço das obras dos concorrentes, um critério que tem um peso de 50 por cento na decisão final. O prazo de execução dos trabalhos pesa 30 por cento na decisão final e a experiência e qualidade das obras anteriores vai ter uma ponderação de 20 por cento. No caso de haver um empate entre as concorrentes, e ponderados os três critérios, a adjudicação é feita à empresa com a proposta mais barata.
Ponte Macau | Empresa abdica de terrenos Hoje Macau - 10 Out 2024 A Companhia de Investimento Imobiliário San Fung Hong abdicou da concessão de duas faixas de terreno no Pac On, para permitir o prolongamento da Ponte Macau. De acordo com um despacho publicado ontem no Boletim Oficial, do total do terreno com uma área de 9.450 metros quadrados, a empresa vai adicar de duas parcelas com 1.293 metros quadrados, junto à Rua de Wo Mok e Rua da Prosperidade, identificadas como B1 e B2. Na restante área mantida pela empresa consta actualmente uma fábrica. “Verificando-se a necessidade de proceder à reversão para o domínio público do Estado das parcelas do referido terreno identificadas pelas letras B1 e B2 na mencionada planta cadastral, com vista a viabilizar o prolongamento da Ponte Macau, foi comunicada à concessionária a intenção da Administração de declarar a sua reversão”, consta no documento do secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. “Perante esta intenção, a concessionária veio declarar a desistência da concessão, por arrendamento”, foi acrescentado. A informação revela também que parcelas de terreno revertem, livres de ónus ou encargos, para o domínio público do Estado. A Companhia de Investimento Imobiliário San Fung Hong tem como um dos administradores Jonathan Choi, presidente do grupo Sun Wah e um dos investidores mais conhecidos de Hong Kong, assim como os filhos deste Jason Chou e Johnson Choi.
Elevadores | Criadas mais empresas de fiscalização Hoje Macau - 10 Out 2024 O número de empresas que inspeccionam elevadores e escadas rolantes aumentou de três para sete e ainda existem mais quatro em vias de ser aprovadas. Os dados foram revelados pelo chefe do Departamento de Instalações Eléctricas e Mecânicas da Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana, Arnaldo Lucas Batalha Ung, no programa Fórum do canal chinês da Rádio Macau. Esta é uma consequência da entrada em vigor em Abril deste ano do regime jurídico de segurança dos ascensores, que exige que a manutenção e inspecção dos elevadores seja feita regularmente. “Estas sete entidades supervisoras de elevadores têm individualmente cerca de cinco técnicos. Por isso, podem inspeccionar cerca de 200 elevadores por dia”, afirmou o responsável. “Também vamos inspeccionar de forma aleatória os elevadores registados, com vista a garantir a qualidade das entidades de manutenção e supervisoras”, foi garantido. Segundo a apresentação de Arnaldo Lucas Batalha Ung, em Macau existem cerca de 10.500 ascensores registados em funcionamento, cerca de 80 por cento são elevadores, e os restantes 20 por cento são escadas e tapetes rolantes. O chefe do Departamento de Instalações Eléctricas e Mecânicas também indicou que entre o total de ascensores, 22 por cento pertencem à RAEM, enquanto os hotéis têm 30 por cento do número total equipamentos. Os restantes 50 por cento estão com outros privados.
Eleição / CE | Au Kam San criticou programa político de Sam Hou Fai Hoje Macau - 10 Out 2024 O ex-deputado Au Kam San apontou que se sente desapontado depois de ter lido o programa político de Sam Hou Fai, por considerar que o conteúdo das 40 páginas é semelhante ao que foi a governação dos líderes anteriores da RAEM. Numa publicação na rede social Facebook, Au lamentou o facto de também não existirem critérios objectivos para avaliar o desempenho e a concretização das políticas adoptadas. “Há objectivos [no programa], mas não há uma forma de medir a concretização para fazer uma avaliação, parece um conjunto de verdades de la Palice”, pode ler-se na publicação. Au Kam San exemplificou que Sam Hou Fai defende a melhoria do nível da vida da população, contudo, não indicou metas, apenas se limita a usar expressões como “melhorar o nível de..”, “reforçar a garantia de..”, “avançar…”, para o ex-deputado não permite fazer avaliações. Au Kam San defendeu ainda que o programa político é um conjunto de promessas, pelo que deve ser concreto. “Não deve apenas dizer que vai reforçar a segurança social, por exemplo, deve indicar quanto espera aumentar o montante da pensão para idosos e o índice mínimo de subsistência,” exemplificou.
Despejos | Nova lei prevê criação de inventário de devedores João Santos Filipe - 10 Out 2024 As modificações às acções de despejo por não pagamento das rendas vão levar à criação de uma lista com os nomes dos devedores. A lista vai ser criada pelo Instituto de Habitação e só vai ser acessível aos agentes imobiliários O Governo vai criar uma lista negra com o nome das pessoas que não conseguem pagar as dívidas de arrendamento ou que foram alvo de despejo, de forma a evitar que os senhorios assinem contratos com indivíduos tidos como “arrendatários trapaceiros”. A revelação consta do parecer da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, e a proposta partiu da parte dos deputados e do Governo no âmbito da discussão na especialidade. “No decurso da apreciação da proposta de lei, a Comissão e o proponente foram unânimes em concordar com a criação de um regime de consulta de dados para evitar o surgimento da questão dos arrendatários trapaceiros”, pode ler-se no documento disponível no portal da Assembleia Legislativa. As alterações ainda vão ter de ser votadas no plenário, mas a criação da lista negra de pessoas com dívidas ou alvo de despejo vai ser elaborada pelo Instituto de Habitação (IH) e ficará apenas disponível para os agentes imobiliários. No parecer, o Governo e os deputados defenderam o acesso exclusivo pelos agentes imobiliários, por considerarem que estes estão obrigados a manterem sigilo sobre os nomes em causa. Como consequência, o acesso fica bloqueado para o cidadão normal que pretenda arrendar habitação sem recorrer a um agente imobiliário. “O regime em causa permite que uma das partes contratantes tenha acesso a informações básicas da outra para decidir sobre a celebração, ou não, do respectivo contrato”, foi explicado. “Através da introdução do regime de consulta de dados, os mediadores imobiliários podem salvaguardar os direitos e interesses dos senhorios”, foi acrescentado. Segundo as explicações do Governo, existem ainda mecanismos para punir os agentes imobiliários, no caso destes não cumprirem o dever de sigilo. Exemplos de Portugal A proposta da lista negra, que em Macau é denominada como “consulta de dados”, foi inspirada no regime de Portugal, de acordo com as explicações do Governo aos deputados. “Em Portugal foi introduzido, em 2009, o regime da ‘Lista Pública de Execuções’, e os executados que não conseguem cumprir as obrigações pecuniárias são incluídos nessa lista”, foi revelado. No entanto, no país europeu o acesso à lista é público e pode ser feito por qualquer pessoa através da internet. Apesar da criação desta lista, o Governo terá afirmado perante os deputados que “não pretende fazer com que essas pessoas percam a sua ‘residência em Macau’”. O nome vai ser assim retirado da lista quando os devedores pagarem as dívidas ligadas ao arrendamento ou ao fim de um período de cinco anos, desde que o nome foi incluído na lista. As alterações que ainda vão ser votadas visam facilitar os despejos das pessoas que fiquem durante três ou mais meses sem pagar a renda.
Cidade de Rabat nomeada Capital Mundial do Livro em 2026 pela UNESCO Hoje Macau - 9 Out 2024 A cidade de Rabat, em Marrocos, vai ser a Capital Mundial do Livro em 2026, anunciou hoje a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, seguindo a recomendação do Comité Consultivo da Capital Mundial do Livro. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês), Rabat segue-se, assim, ao Rio de Janeiro, Capital Mundial do Livro em 2025. “Rabat é uma encruzilhada cultural onde os livros ajudam a transmitir o conhecimento e as artes em toda a sua diversidade. A crescente indústria livreira local está também a desempenhar um papel crucial na promoção da educação. Estas ações estão em sintonia com o mandato da UNESCO”, afirmou Audrey Azoulay. Contando com 54 editoras, com a terceira maior feira internacional do livro e da edição em África e com um número crescente de livrarias, a indústria do livro de Rabat não é apenas uma parte vital da economia criativa da cidade, mas também está na vanguarda da democratização do conhecimento, indica aquela organização das Nações Unidas em comunicado. A UNESCO e o Comité Consultivo da Capital Mundial do Livro reconheceram Rabat pelo seu “claro empenho no desenvolvimento literário, na capacitação das mulheres e dos jovens através da leitura e na luta contra o analfabetismo, especialmente entre as comunidades carenciadas”, acrescenta. Enquanto Capital Mundial do Livro em 2026, Rabat vai dinamizar várias iniciativas com o objetivo de promover o crescimento económico sustentável e os benefícios sociais, melhorando o acesso aos livros e apoiando a indústria editorial local, adiantou a UNESCO, acrescentando que, em particular, a cidade lançará “uma iniciativa importante para reforçar a literacia de todos os seus cidadãos”. O ano de celebrações terá início a 23 de abril de 2026, no Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor. Segundo as regras da UNESCO para as capitais mundial do livro, as cidades escolhidas comprometem-se a promover o livro e a leitura para todas as idades e grupos, dentro e fora das fronteiras nacionais, e a organizar um programa de atividades para o ano. Rabat será a 26.ª cidade a ostentar este título, desde 2001, ano de arranque da iniciativa, que teve Madrid como a cidade eleita. O Comité Consultivo da Capital Mundial do Livro da UNESCO é composto por representantes da Federação Europeia e Internacional de Livreiros, do Fórum Internacional de Autores, da Federação Internacional de Associações de Bibliotecas, da Associação Internacional de Editores e da UNESCO.
Israel | Irão ameaça retaliação a qualquer ataque Hoje Macau - 9 Out 2024 O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araghchi, ameaçou ontem Israel de que Teerão vai retaliar qualquer ataque contra território iraniano. “Exortamos Israel a não testar a vontade [do Irão]”, disse Araghchi num evento que assinalou em Teerão o ataque do Hamas contra território israelita, que matou 1.200 pessoas a 7 de Outubro do ano passado. “Qualquer ataque a instalações do Irão será objecto de uma resposta mais forte”, afirmou o chefe da diplomacia de Teerão. Entretanto, o Exército israelita declarou ontem que a Força Aérea matou o comandante do Hezbollah em Beirute Suhail Hussein Husseini, a última vítima de uma série de ataques contra dirigentes do movimento xiita libanês (Partido de Deus), incluindo o antigo líder máximo Hassan Nasrala. De acordo com Avichay Adraee, porta-voz do Exército israelita os aviões de combate efectuaram um ataque de precisão em Beirute e eliminaram Husseini, sem especificar o dia específico do ataque. De acordo com um comunicado militar, Huseini foi “responsável pela gestão orçamental e logística dos projectos mais sensíveis do Hezbollah”, como a planificação de ataques a partir da Síria ou do Líbano e a transferência de armas entre o Irão e a milícia libanesa. Na segunda-feira, as forças israelitas fizeram novos ataques em Beirute contra o quartel-general dos serviços secretos do Hezbollah, bombardeou o sul do Líbano e a zona do Vale de Bekaa, no leste do Líbano.