Videojogos | Tencent limita tempo de jogo de menores durante as férias

A Tencent, maior operadora de jogos de computador da China, anunciou ontem que menores de idade no país asiático vão poder jogar no máximo 16 horas durante as férias de Inverno e do Ano Novo Lunar. Em comunicado, a Tencent indicou que os menores vão poder jogar às sextas-feiras, sábados e domingos, entre as 20:00 e as 21:00, durante o período de férias, que decorre entre 22 de Janeiro e 24 de Fevereiro.

“Recordamos aos jogadores menores de idade que devem organizar o seu tempo de forma racional e jogar com moderação”, lê-se na mesma nota. Para além das restrições de tempo, a Tencent está também a implementar uma série de medidas contra o vício do jogo, incluindo a autenticação pelo nome real, pagamentos por tempo limitado e reconhecimento facial para activação da conta.

Esta medida segue-se às já implementadas em Junho passado pelas grandes empresas chinesas de jogos Tencent, NetEase e miHoYo, que anunciaram o lançamento de um horário de jogo limitado para menores durante as férias de verão, apoiado por tecnologia de inteligência artificial.

Em Dezembro passado, a China anunciou um novo conjunto de regulamentos para limitar as despesas e as recompensas que incentivam os jogos de computador, como parte das medidas para evitar a dependência.

Os regulamentos, emitidos na altura pela Administração Nacional de Imprensa e Publicação – o organismo regulador das publicações impressas e digitais – estabelecem limites de despesas com os jogos.

Em 2021, as autoridades chinesas restringiram o acesso dos menores aos jogos de computador a três horas por semana, com o objectivo declarado de “proteger eficazmente a saúde mental e física” e o “crescimento saudável” dos jovens. A regulação fez de 2022 o ano mais difícil para a indústria de jogos da China, com uma contracção das receitas.

10 Jan 2024

Empresas chinesas ameaçam império americano de comércio online

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]acebook e Amazon perderam o estatuto de empresas com o maior valor de mercado. Adivinhe quem se senta agora na cabeceira da mesa.

Os grupos chineses Tencent e Alibaba já alcançaram o Facebook e a Amazon em termos de valor de mercado, um reflexo da emergência das gigantes tecnológicas na China, país onde smartphones e pagamentos electrónicos são omnipresentes.

A Tencent, campeã de jogos e operadora do popular aplicativo de mensagens WeChat  tornou-se, na semana passada, o primeiro grupo tecnológico chinês a valer mais de US$ 500 mil milhões, superando o Facebook. O líder chinês de comércio on-line Alibaba, cotado em Wall Street, está logo atrás, e aproxima-se da também norte-americana Amazon.

Trata-se de um verdadeiro desafio às maiores empresas de Silicon Valley, que até então estavam no selecto grupo dos cinco maiores valores de mercado do mundo. Apenas em 2017, as cotações das chinesas Tencent e da Alibaba duplicaram – bem como sua margem de lucro.

“O sucesso  explica-se, antes de mais, pela descolagem da internet móvel, estimulada pelos fabricantes chineses de smartphones baratos”, explica Shameen Prashantham, da Escola de Comércio CEIBS, baseada em Xangai. Cerca de 724 milhões de chineses conectam-se à rede pelo telemóvel, segundo o governo: isso aumenta significativamente as bases de utentes e o volume de dados colectados, pois “as leis sobre a privacidade são menos protectoras aqui que no Ocidente”, explica Prashantham.

Actualmente, a Tencent beneficia da adesão dos utentes ao jogo “Honor of Kings”, enquanto o seu aplicativo WeChat (troca de mensagens, rede social, comércio digital e jogos) tem mil milhões de utentes, apesar da rigorosa censura ao conteúdo. Já a empresa Alibaba controla metade do e-commerce chinês entre empresas e consumidores.

Ambas as plataformas beneficiam dos problemas dos concorrentes norte-americanos no mercado chinês: o Facebook está proibido na China; o e-Bay recusa entrar no mercado chinês e a Amazon tem dificuldade de descolar na nuvem chinesa. Contudo, “a Tencent não imitou as fórmulas ocidentais. A empresa forçou-se a inovar. Deve-se a ela o desenvolvimento do pagamento electrónico”, insiste Huang Hao, pesquisador na Academia Chinesa de Ciências Sociais.

A Tencent permitiu que utentes do WeChat trocassem cartões de presentes electrónicos, enquanto a Alibaba criou sua plataforma de pagamento on-line Alipay.  “Até meu avô de 88 anos se acostumou a comunicar e a pagar via WeChat”, afirma Zhao Chen, da empresa de investimentos tecnológicos Plug-and-Play.

 

29 Nov 2017