Patrícia Baltazar (1977-2019)

[dropcap]N[/dropcap]o passado dia 23 morreu uma grande poeta, Patrícia Baltazar, com apenas 41 anos. E os seus últimos meses nesta vida foram de grande sofrimento. Há pessoas cujo desaparecimento nos causa uma dor profunda, um vazio impronunciável, a despeito de não haver muita proximidade. Apesar de termos trocado vários emails, estive com ela apenas uma vez.

Guardo para mim esse dia precioso. Patrícia tinha uma aura de ser mais do que era. Todos temos um pé na terra e outro no além, mas nela isso via-se, ouvia-se, percebia-se. Há três anos, quando comecei a colaboração com o Hoje Macau, e no período em que escrevi acerca dos poetas mais novos, foi por ela que comecei. Tenho pelos seus livros um enorme apreço e gostava de os ver reeditados, lidos. Deixo-nos três poemas de Fumar Mata, Madrugadas, 2010:

XXX

Há muito mais do que medo da morte. Há uma chave na porta. Fuga e as minhas mãos em coma.

Sempre na frente de batalha, eu, com circo, pouco pão. Uma dádiva, ter a vida presa por um filho. Vida na vida. Amor. Um extremo.
Coma.

XXXI

Sabre. Suicídio.

Não vou regressar.
Fui ao pântano do sacramento. Os olhos secaram.
E não vou voltar.
Eu não sei voltar
– à prova de bala no peito. Láudano e absinto.
Outros ao acaso. Eles não sabem nem sofrem.
Tudo se degrada por cima da cama. Pouco
Calendário. Um só instante de pavor.
O amor é a náusea de assistir à náusea. Largar
vida por vida e tanta morte.

XXVI

Passei os dias nas coisas. fervi, dei de comer, dei de
Lavar, dei um beijo, disse-me traz-me azul.

No fim de contas, lavei o cabelo, cantei descalça
dançando com o cabelo, mudei o disco, cantei de
novo. Não dancei mais.

Chegou-me azul.

Meio milhar em protesto face às alterações da lei de extradição em Hong Kong

[dropcap]M[/dropcap]eio milhar de pessoas da região de Hong Kong manifestou-se ontem em prol da retirada das revisões propostas às leis relativas a processos de extradição na China, alterações que, segundo organizações civis, poderiam dar a lugar a intimidações.

O protesto, que trouxe para a rua cerca de 500 pessoas, foi liderado por organizações de defesa dos direitos humanos, como a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch.
Paralelamente, estas organizações enviaram uma carta à Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, na qual exigiam o fim desta reforma.

“As mudanças propostas nas leis de extradição de Hong Kong permitiriam transferências para a China continental, colocando o povo de Hong Kong sob risco de tortura e julgamentos injustos”, disse, em comunicado, a directora da Human Rights Watch na China, Sophie Richardson.

De acordo com a responsável da organização, “as alterações prejudicariam a reputação de Hong Kong enquanto Estado de direito e, por isso, deveriam ser descartadas”.

Para Sophie Richardson estas alterações constituem “um golpe devastador para as liberdades prometidas a Hong Kong, após o seu regresso à soberania chinesa em 1997”.

Ligações perigosas

Num outro comunicado, as organizações que lideraram o protesto defenderam que o sistema de justiça na China tem um historial de detenção arbitrária, tortura e outros maus tratos.

“Estes problemas têm vindo a aumentar porque o poder judicial carece de independência do Governo e do Partido Comunista chinês”, apontaram.

Em Fevereiro, o departamento de segurança de Hong Kong propôs alterações ao diploma ‘Fugitive Ofenders’ e à assistência jurídica mútua em matéria penal, expandindo o acordo de extradição para a China continental.

O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (PIDCP), que se aplica em Hong Kong, e a convenção contra a tortura e outros maus tratos a que Hong Kong está vinculado, assim como o direito internacional consuetudinário (fundado nos usos ou costumes) proíbem a extradição de pessoas para lugares onde haja risco real de tortura e outros maus tratos.

Actualmente Hong Kong tem acordos de extradição com 18 países, entre os quais, Portugal, Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido, Estados Unidos, Filipinas, Coreia do Sul e Alemanha.

Armazém do Boi recebe “Saline Baths”, uma mostra de Shi Samben

[dropcap]N[/dropcap]o próximo dia 10 de Abril é inaugurada uma nova exposição no espaço Armazém do Boi, situado na Rua do Volong. A mostra individual de Shi Samben, um artista oriundo da China continental, intitula-se “Saline Baths” e está relacionada com as reacções que os seres humanos geram no próprio artista.

“Quando examino de perto a natureza humana, apenas sinto desapontamento. Mas quando olho à volta do caleidoscópio do comportamento humano, o mundo torna-se novamente interessante”, referiu, citado por um comunicado.

Na sua obra, Shi Samben olha para as salinas não só como um lugar onde se produz o sal mas também como uma “solução que mantém a função das células do nosso corpo”. Na sua visão, as salinas são algo “suave, gentil e aborrecido”, sendo que o artista se transforma ele próprio numa salina, que “observa e destila o caleidoscópio da natureza humana”. Por sua vez, o conceito de “banho” surge relacionado com a intimidade que necessitamos de preservar quando estamos rodeados de estranhos.

“Os conceitos de estar em privacidade e em público estão interligados e são calculados, tal como quando o artista produz o seu trabalho pessoal”, adianta o mesmo comunicado.

Shi Samben estará a realizar uma residência artística no Armazém do Boi até 26 de Maio. Esta iniciativa relaciona-se com um projecto de vídeos de animação realizado no passado, quando o artista tentou relacionar pensamentos intimistas e ambíguos com formas visuais, revelando “um dilema entre considerações filosóficas comuns e a vida normal das pessoas”.

Quatro homens suspeitos de roubarem e agredirem mulher em prisão preventiva

[dropcap]O[/dropcap]s quatro jovens que roubaram e agrediram uma mulher na madrugada de 27 de Março ficaram em prisão preventiva, de acordo com um comunicado do Ministério Público. O caso aconteceu quando a mulher caminhava sozinha, depois do trabalho, momento em que foi agredida por trás e roubada.

Os quatro indivíduos, três dos quais estudantes do ensino secundário, ficaram com a mala da trabalhadora e ainda com 300 patacas, montante que foi posteriormente recuperado.

“Tendo em conta as circunstâncias perversas, que põem em causa a segurança pública da sociedade, mediante a prática dos factos de ofensa corporal contra a vítima e de apropriação dos seus bens em grupo e com premeditação, a altas horas da madrugada, foi decretada pelo Juiz de Instrução Criminal […] a aplicação da medida de coacção de prisão preventiva aos quatro arguidos, com vista a evitar o risco de os mesmos voltarem a praticar actos contra a ordem social”, foi explicado no comunicado.

De acordo com o mesmo comunicado, os jovens estão a ser investigados pela prática de um crime de roubo, punido com a pena de prisão de 1 a 8 anos. Caso existam circunstâncias agravantes, o limite máximo da pena de prisão pode ser elevado para 15 ou 20 anos.

DSAL investiga existência de salários em atraso na MTEL

O presidente da MTEL, Michael Choi, nega a falta de pagamentos e defende-se com rumores espalhados na Internet. Já em Abril de 2017 tinham circulado informações semelhantes, que na altura foram prontamente negadas pela operadora

 

[dropcap]A[/dropcap] Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) está a investigar a alegada existência de salários em atraso na empresa de telecomunicações MTEL. “A DSAL está preocupada com a alegada falta de pagamento de salários aos empregados e tomou as medidas de acompanhamento da situação,” respondeu, quando questionada pelo HM, sobre o assunto.

“Se for detectada qualquer irregularidade a situação vai ser tratada dentro das competências da DSAL, de forma a proteger os direitos e interesses legítimos dos trabalhadores”, foi ainda acrescentado.

O número de queixas por parte de trabalhadores, que poderá ter dado início aos procedimentos, não foi adiantado.

Por sua vez, o presidente da empresa, Michael Choi, negou o cenário de ordenados em atraso. Importa referir que a MTEL compete com a CTM no fornecimento de serviços de internet através de rede fixa.

“Não há salários em atraso. Também fui informado por empregados que essa informação estaria a circular online, mas não há qualquer pagamento em atraso. Não é a primeira vez que este tipo de informação é posta a circular, mas não corresponde à verdade”, sublinhou.

Em Abril de 2017, o portal Macau Concealers revelou um alegado caso de salários em atraso que afectavam cerca de 100 trabalhadores. No entanto, na altura, não foram apresentadas queixas por parte de trabalhadores da MTEL. O artigo, que citava uma fonte anónima no interior da empresa, justificava esta falta de queixas com ameaças internas, que em caso de reclamações haveria despedimentos.

Cobertura de 99 por cento

Por outro lado, o responsável pela MTEL considera que a empresa está a fazer o percurso normal, para alguém que se estabeleceu há poucos anos e que tem um parceiro melhor instalado no mercado.

“As coisas estão correr dentro da normalidade para a nossa companhia. Não temos problemas desse género [de pagamentos]. Nesta altura, estamos a optimizar a nossa rede pouco a pouco. Este negócio não é como a compra de um hotel ou de uma refeição, em que as coisas ficam logo prontas, precisamos de tempo para instalar as redes e depois optimizá-las”, sustentou.

Sobre o número de clientes ao nível da linha fixa da internet, Michael Choi revelou que o número está nos 6 mil clientes. Já a cobertura da rede em todo o território, em termos de edifícios residenciais, está nos 99 por cento.

Associação dos Médicos de Língua Portuguesa elege José Manuel Esteves para presidente

[dropcap]J[/dropcap]osé Manuel Esteves foi eleito o novo presidente da Associação dos Médicos de Língua Portuguesa de Macau na sexta-feira, com 42 votos entre 44 votantes. O acto eleitoral decorreu na biblioteca do IPOR.

A lista única encabeçada por José Manuel Esteves tinha como principais metas uma maior unidade entre os médicos de língua portuguesa, assim como a integração com as outras comunidades médicas de Macau e da Grande Baía.

“Dado o avançado da hora, a prioridade agora passa por celebrarmos o resultado e a partir de amanhã arregaçar mangas e trabalhar”, afirmou o recém-eleito presidente, ao HM, momentos depois da eleição. “Acho que o número de 44 votantes, dentro dos médicos que falam português e que estão efectivamente em Macau, é uma boa participação e uma boa percentagem”, considerou.

José Manuel Mendes sucede assim a Jorge Sales Marques, que já tinha anunciado não desejar recandidatar-se.

Lacunas na investigação

Na mesma lista constavam ainda os nomes de Mário Évora, reeleito como presidente da Assembleia-Geral, e Lai Fee, que vai dirigir o Conselho Fiscal. “Foi uma eleição que correu bem, com muita harmonia e estamos todos com vontade de fazer cada vez melhor [nos nossos cargos]”, afirmou Mário Évora, ao HM.

Sobre as perspectivas futuras, o médico que vai liderar a assembleia mostra-se disponível para colaborar nos objectivos da lista, que passam por “uma maior integração dos médicos de língua portuguesa na comunidade, na comunidade chinesa e na defesa do prestígio da medicina de matriz portuguesa”.

Por outro lado, Évora acredita que a associação vai trabalhar para incentivar os médicos mais jovens a fazer mais investigação. “Queremos dar apoio aos médicos mais jovens, com incentivos para se dedicarem à investigação, também para que não se foquem exclusivamente a exercer”, referiu. Ainda sobre a vertente da investigação, Mário Évora considera que é uma lacuna geral na medicina de Macau, que também afecta os médicos de língua portuguesa.

Sarampo | Vacina apenas para grupos prioritários

Só os grupos prioritários, como crianças com menos de 2 anos, pessoal de creches e profissionais de saúde, vão ser vacinados contra o sarampo

[dropcap]É[/dropcap] a lei da oferta e da procura: apenas crianças com idade inferior a 2 anos, funcionários de creches e profissionais de saúde vão ser vacinados contra o sarampo, enquanto a oferta de vacinas em Macau não for suficiente.

“Os Serviços de Saúde vão implementar de forma restrita o princípio da vacinação para populações prioritárias”. Neste sentido, “recomendam que os outros residentes se submetam à vacinação apenas quando a quantidade de vacinas existente seja em número suficiente”, informou o organismo em comunicado.

Macau encomendou 15 mil doses da vacina contra o sarampo, com a primeira remessa, de pelo menos 5 mil, com data de chegada prevista para meados de Abril.

Com efeito, “devido aos recentes surtos”, nomeadamente no Sudeste Asiático, o fornecimento de vacinas contra o sarampo tem levado, um pouco por todo o mundo, a uma escassez de ‘stocks’ generalizada. “Os fabricantes estão a priorizar países com epidemias graves”, pelo que “se prevê que as vacinas encomendadas pelos Serviços de Saúde não sejam enviadas na sua totalidade no curto prazo”, refere o organismo liderado por Lei Chin Ion.

De acordo com a análise epidemiológica e a pesquisa de sorologia de população, a maior parte das pessoas nascidas antes de 1970 em Macau foi infectada ou exposta ao vírus do sarampo e têm imunidade natural, pelo que não precisam de ser vacinadas. O mesmo sucede com a maioria das pessoas que nasceram em Macau depois de 1983, dado que receberam pelo menos uma dose da vacina contra o sarampo. Relativamente aos trabalhadores não residentes, os Serviços de Saúde reconhecem que a taxa de vacinação é inferior, mas ressalva que parte é imune porque terá contraído a doença na infância, dado que provêem de países e regiões com elevados índices de infecção natural.

Não obstante, recomendam aos trabalhadores das Filipinas, Vietname, Tailândia e Indonésia, onde se verificam surtos de sarampo, que se abstenham de viajar sobretudo se tiverem a seu cuidado crianças com menos de 1 ano e não tiverem a certeza se são imunes. A quem contrata é sugerido que exija aos futuros trabalhadores que demonstrem estar vacinados ou que procedam à vacinação no local de origem. Desde o início do ano, foram diagnosticados 26 casos de sarampo.

Até sexta-feira à noite, 23 pacientes tinham recebido alta hospitalar.

DSEJ atenta

Dado que um dos casos envolveu uma professora de um centro educativo, o HM questionou a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) sobre se dispõe de dados relativos aos trabalhadores (como docentes, educadores de infância, auxiliares educativos ou outros) que se encontram imunes. “As informações sobre a vacinação contra o sarampo envolvem dados pessoais e privados, cujo tratamento é da responsabilidade dos serviços competentes”, afirmou, na réplica, a DSEJ.

“De forma a prevenir a propagação das doenças, a DSEJ mantém uma comunicação estreita com os Serviços de Saúde, apelando também aos docentes e alunos das escolas para terem em conta as medidas de prevenção de doenças contagiosas dos Serviços de Saúde, vacinando-se para reduzir a probabilidade de infecção”, complementou na mesma resposta escrita.

Relativamente ao caso da professora que contraiu sarampo, a DSEJ informou que, desde 27 de Março, a instituição suspendeu os seus cursos e procedeu à limpeza e desinfecção das instalações e irá retomar as actividades lectivas “de acordo com a situação real”.

AL | Chefe do Executivo marca presença no próximo dia 18

[dropcap]O[/dropcap] Chefe do Executivo vai estar na Assembleia Legislativa a 18 de Abril, pelas 15h, para responder a perguntas levantadas pelos deputados.

A revelação foi feita pelo porta-voz do Governo, na sexta-feira, em comunicado. Chui Sai On desloca-se ao hemiciclo para responder às questões dos deputados sobre assuntos de interesse público, que abrangem, entre outros, os trabalhos da Administração e a qualidade de vida da população.

Esta é a primeira vez no decorrer deste ano, o último do mandato de Chui Sai On, que o líder do Governo vai ao hemiciclo para responder às questões dos legisladores. Como normalmente acontece, as perguntas são enviadas de antemão, para que Chui Sai On possa preparar as respostas.

Grande Baía | Executivo insta jovens a aproveitarem oportunidades de desenvolvimento

O Chefe do Executivo, Chui Sai On, esteve à conversa com membros da União Mil Talentos. No encontro instou os jovens a prepararem-se para poder agarrar as oportunidades de desenvolvimento que a Grande Baía oferece

 

[dropcap]F[/dropcap]oi um sábado de partilhas. Chui Sai On participou na reunião plenária da União Mil Talentos, durante a qual instou os jovens a preparem-se e a empenharem-se nos estudos para aproveitaram as oportunidades de desenvolvimento da China e de Macau e, em particular, do projecto de integração económica em curso da Grande Baía.

As expectativas depositadas na Grande Baía foi, aliás, o prato forte de uma das sessões de partilha, com os jovens a darem conta das dificuldades encontradas no caminho do empreendedorismo.

“As diferentes fases da vida acarretam objectivos distintos, pelo que o processo de crescimento exige traçar metas e perseguir sonhos com um impulso e uma motivação na vida”, respondeu Chui Sai On, citado num comunicado divulgado pelo Gabinete de Comunicação Social, incentivando-os ainda a “não temerem” o fracasso na fase de empreendedorismo, porque caso estejam bem preparados, “a acumulação de experiências irá certamente aumentar as probabilidades de sucesso”.

“A geração mais nova deve aprender a gerir melhor o tempo por forma a assumir uma atitude interessada em novos conhecimentos mesmo quando os estudos pouco tenham a ver com o futuro”, apontou. “Apesar das crianças terem muitos objectivos e interesses com o crescimento nem sempre esses caminhos são concretizados”, pelo que “a essência do sucesso será aceitarmos novos desafios e, mais importante, iniciarmos um novo caminho e aprendermos a alcançar os nossos objectivos”.

“A juventude deve evoluir, empenhar-se na aprendizagem e participar activamente na compreensão do sistema, da organização e legislação da Grande Baía, bem como aproveitar as novas oportunidades de desenvolvimento”, afirmou. Neste âmbito, o Chefe do Executivo falou ainda do seu próprio sonho: “continuar a testemunhar a prosperidade e estabilidade constantes de Macau, uma sociedade ordenada e tranquila” e ver a China “registar um futuro cada vez mais forte e abundante”.

Outros incentivos

No encontro, ainda segundo a mesma nota de imprensa, o Chefe do Executivo instou ainda os jovens a participarem nas actividades associativas nos tempos livres, de modo “não só a alargarem os horizontes a nível social”, mas também para adquirirem conhecimentos de liderança e a acederem aos diferentes níveis de tarefas e consequentemente adquirir experiência de trabalho”.

Também apelou para um maior respeito pelos idosos, incentivando os jovens a retribuir, tanto com tempo como com apoio financeiro, após sinalizar a “negligência pelos mais próximos”, em particular com os mais velhos, portadores de uma importante sabedoria familiar”.

No encontro participaram 150 membros da União Mil Talentos, além da chefe do gabinete do Chefe do Executivo, O Lam, e o presidente e a vice-presidente do conselho de administração da Fundação Macau, , Wu Zhiliang e Zhong Yi Seabra de Mascarenhas, respectivamente.

Tecnologia | Firmado memorando com a China

[dropcap]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Chui Sai On, e o ministro da Ciência e Tecnologia, Wang Zhigang, testemunharam, na sexta-feira, a assinatura de um memorando de reforço da cooperação entre Macau e a China.

O memorando e o anexo plano de acção conjunta no domínio da inovação da ciência e tecnologia definem o objectivo e servem como guia de acção para a colaboração.

Os signatários concordam aprofundar a cooperação bilateral em cinco domínios, incluindo na investigação e pesquisa, na formação de quadros qualificados, na transformação de resultados científicos em produtos industrializados, na integração de Macau na estratégia de desenvolvimento nacional e na popularização da ciência.

Deputado Ho Ion Sang preocupado com pesca ilegal

[dropcap]O[/dropcap] deputado Ho Ion Sang, dos Moradores, está preocupado com as actividades de pesca ilegal que são efectuadas nas águas poluídas de Macau. Por isso, na mais recente interpelação levanta três questões: primeiro, o que está a ser feito para combater a poluição das águas no território, que o deputado considera estar cada vez pior e longe de acompanhar o desenvolvimento social e económico.

Segundo, o legislador questiona as medidas implementadas para o desenvolvimento da águas marítimas de Macau, numa perspectiva de preservar os recursos naturais e, finalmente, pergunta o que está a ser feito para combater a pesca ilegal.

O deputado explica que, no que diz respeito a esta actividade, o objectivo passa por garantir que o marisco poluído apanhado nas águas de Macau não acaba nos pratos dos cidadãos.

Sinergia Macau | Pedido pré-registo de cartas reconhecidas

[dropcap]A[/dropcap] Associação Sinergia de Macau, liderada por Lam U Tou, defende que todos os detentores de cartas de condução do exterior reconhecidas pelas autoridades locais devem fazer o registo, antes de conduzirem no território.

Esta sugestão faz parte das opiniões apresentadas no âmbito da consulta pública sobre as alterações à lei do trânsito. Actualmente, os condutores com carta reconhecida só precisam de se registar depois de 14 dias a conduzir em Macau.

Ao mesmo tempo, são defendidas multas ainda mais pesadas para os condutores que acusem o consumo de álcool acima do permitido, ao volante. Outra sugestão passa por um maior rigor na obrigação da utilização de cintos de segurança e na aplicação de mecanismos de segurança passiva para passageiros.

CCAC | IPIM analisou 800 pedidos de BIR e pondera mudanças

Depois do relatório do CCAC que pôs a nu as irregularidades do processo de fixação de residência pela via do investimento, o Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau passou em revista 800 processos

 

[dropcap]I[/dropcap]rene Lau, presidente substituta do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM), afirmou na sexta-feira que foram analisados 800 pedidos de fixação de residência por investimento feitos junto do organismo.

“Fizemos o trabalho de pesquisa e já analisámos cerca de 800 processos sobre pedidos de residência. Também verificámos os casos de investimento. Se detectarmos alguma situação entramos em contacto com o departamento responsável para estudar esses casos. É esse o procedimento”, apontou.

Sem avançar datas para a conclusão do processo, Irene Lau indicou também que estão a ser feitas mudanças na forma como são analisados estes pedidos. “Em breve deverá ser publicado o sistema de pontuação, os padrões de cálculo, [para apreciar os pedidos de autorização de residência]”, acrescentou”.

Em Novembro, Irene Lau prometeu, no hemiciclo, que o IPIM ia criar um grupo interdepartamental para dar resposta às falhas apontadas no relatório do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), que deu conta da existência de empresas fictícias que, na prática, apenas serviam de desculpa para a compra de imóveis que, mais tarde, seriam arrendados a particulares.

O CCAC chegou à conclusão de que faltaram, da parte do IPIM, visitas ‘in loco’ e uma melhor análise dos documentos apresentados pelos candidatos.

No relatório, lia-se que os requerentes “aproveitavam-se da prática adoptada pelo IPIM no sentido de dar valor aos investimentos em imóveis na apreciação dos pedidos, conseguindo obter, de forma fraudulenta, a autorização de residência temporária através de projectos de investimento falsos”.

Alegadas violações

Na mesma altura, Irene Lau admitiu existirem indícios de violação na lei que permite a obtenção da residência pela via do investimento, apesar dessa política estar suspensa desde 2007. Houve, de acordo com a responsável, “um número significativo de investimentos em que a operação não correspondia àquilo que é exigido pelo IPIM”.

A publicação do relatório do CCAC levou à suspensão do presidente do IPIM, Jackson Chang, bem como Glória Batalha, vogal executiva, e Miguel Ian Iat Chun, antigo director adjunto do Gabinete Jurídico e de Fixação de Residência que passou para Fundo de Pensões.

Glenn McCartney, académico | “Geramos turismo, sem o gerir”

Glenn McCartney, especialista na área do turismo, vai estar hoje, a partir das 18h30 na Fundação Rui Cunha a dirigir a palestra “Making Greater Bay Area a World Tourism Magnet”. O académico defende a concretização de uma marca para Macau, capaz de integrar todos os sectores do território

 

[dropcap]M[/dropcap]acau recebeu, no ano passado, mais de 35 milhões de turistas, mais do que o Japão por exemplo. Há condições para receber este número de visitantes?

Trata-se de um assunto relativo à capacidade de acolhimento. O modelo de Macau neste sentido é muito complexo. De facto, é possível fazer com que os destinos consigam absorver mais turistas através da construção de algumas infra-estruturas físicas, da alteração das ruas para serem maiores, da abertura de mais balcões nos postos fronteiriços, por exemplo. Também é necessário dar formação à própria sociedade envolvendo-a no turismo. O modelo de acolhimento turístico é um sistema muito flexível. Através de políticas públicas e de alteração de regras e outras acções, é realmente possível absorver mais pessoas. Nunca procurei um número mágico, preocupo-me com o que os residentes são capazes de tolerar no que respeita aos turistas antes de se começarem a inquietar com a situação. Claro que se pode dar aos residentes benefícios financeiros e oportunidades de emprego. Desta forma podem sentir-se mais inclinados para dar as boas vindas aos turistas. Quando os residentes sentem que não há espaço para, por exemplo, se sentarem num restaurante, ou quando não conseguem apanhar táxis, começa o desequilíbrio. Já atingimos este ponto há algum tempo. A sociedade, claro que sabe que beneficia economicamente da situação, mas há um nível de realismo que tem impacto nos residentes tanto ambientalmente como socialmente. Socialmente temos, por exemplo, a mudança do sistema de valores tendo agora o dinheiro um papel preponderante. Há muitas coisas que mudaram nos últimos 20 anos. Os valores de família, por exemplo. E estes impactos a nível social podem ser quantificados bem como os económicos. É preciso admitir que as coisas não estão bem, que estamos a ir na direcção errada e que são precisas soluções.

Como?

De várias formas. Uma é através da limitação do número de turistas que entram em Macau. Mas aqui a questão é como se vai fazer isso? Podemos ver o modelo de Veneza, um caso em que não houve qualquer gestão turística durante muitos anos e quando se aperceberam tinha um problema. É por isso que digo aos meus alunos, se o turismo não for bem gerido, cria-se um problema. Este é o problema de Macau. O território não tem sabido como gerir o seu turismo. Temos gerado turismo, mas não o temos gerido. Antes de mais há que mudar o mindset de um sistema de gerar turismo para um sistema de gestão. Muitos destinos no mundo são governados por este modelo em que o que interessa é fazer com que entrem cada vez mais visitantes. Os números são para ser celebrados, com certeza. O número de visitantes é sempre um objectivo do turismo, mas não é o único. Questões como “estamos a conseguir com que as pessoas permaneçam mais tempo? Os visitantes estão satisfeitos? Estamos a criar novos mercados? Estamos a conseguir com que as pessoas gastem mais em coisas diferentes? Há mais objectivos estratégicos do que os números. Claro que com mais pessoas a entrar há mais gente a gastar, sim, mas também há um nível que não se refere aos gastos e que cria uma pegada física.

Em termos de diversificação, o que Macau tem para oferecer aos turistas?

O progresso na diversificação tem sido muito limitado. Sem se estabelecerem desafios comuns aos vários operadores, vai haver muito pouca diversificação. E este pensamento ainda existe. Somos um centro de jogo, o que é que isto significa? Os casinos são um pilar económico e isso não vai acabar. As ocupações dos hotéis dos casinos são na ordem dos 85 por cento, 90 por cento, temos de ter em conta que muitos destes quartos são complemento dos casinos. Muito poucos são requeridos por outra actividade que não seja o jogo. Tudo assenta na indústria do jogo. Então como se trabalha sobre isto? Na década de 80, Las Vegas tinha o mesmo problema que Macau. Mas, por volta de 1992/1993, começou a notar-se mudança. Se recuarmos um pouco, podemos ver que ali a indústria do jogo chegou à conclusão de que há um certo nível de benefícios em, por exemplo, atrair a indústria MICE principalmente no início das semanas – segunda, terça e quarta-feira. Ainda hoje temos o problema da sazonalidade em Macau. Quinta, sexta, sábado e domingo está tudo cheio, mas só com as pessoas ligadas ao jogo. Mas para actividade ligadas ao sector MICE o início da semana é preferível, não querem os fins-de-semana. Por isso, o início da semana encaixa perfeitamente para atrair MICE. Temos capacidade no Cotai para acolher as MICE, com condições muito boas. Aliás, seria uma aposta a ter em conta para a diversificação da economia tendo em consideração os hotéis dos casinos e as suas condições.
Outra questão muito importante tem que ver com a marca de Macau, que não existe.

O que é preciso fazer para criar essa marca?

Ainda estamos para lançar uma proposta de marca para Macau coerente atractiva. Há entretenimento, gastronomia, turismo culinário, património, mas nada disto é visto de forma integrada. Temos muitas coisas de facto, mas precisamos de uma proposta, de um branding, de modo a termos uma posição. Devíamos fazer o que Las Vegas fez. Percebermos quem somos, o que somos, e colocar isso numa mensagem credível dirigida a uma audiência regional e internacional. Quem somos, de verdade? E isto ainda significa mais quando pensamos agora no plano de cooperação regional da Grande Baía. Como é que Macau se vai salientar? As mensagens dos casinos são diferentes das ofertas culturais, por exemplo e não pode existir esta diferença num destino. Temos que encontrar uma coerência. O turismo de Hong Kong faz isso, tenta ter com a sua diversidade uma forma de trabalhar única. É preciso criar uma marca consistente e depois é avaliar o efeito dessa marca. Não somos muito bons a avaliar os resultados do que se faz. Fazemos muitos eventos, ao longo de todo o ano, mas não sabemos o impacto que têm. Não em relação aos bilhetes vendidos para esses eventos, há muito mais unidades de medida que são consideradas pelo mercado. Como é que estes eventos tiveram impacto na marca local, como é que atraíram novos mercados, permitiram que as pessoas ficassem durante quanto tempo em Macau, promoveram, que outro tipo de ofertas. Há ciência ligada ao turismo, mas, infelizmente, durante estes anos todos não temos sido bons em utiliza-la. Isto leva a uma terceira questão: porque não temos mais turistas internacionais e dependemos cada vez mais dos visitantes do continente? Deveríamos medir o impacto desta situação e agora com a Grande Baía como é que vamos ter o nosso impacto dentro de um mercado regional. Precisamos de apresentar um bom produto, melhor do que os das outras regiões.

Macau vai conseguir competir em termos de atracção com Hong Kong e as outras cidades da Grande Baía?

Vamos ser honestos. Vai existir agora um outro nível de competição. Existe em todo o lado, mesmo dentro da Europa, por exemplo. Mas também vai existir colaboração. Por exemplo, tendo em conta uma viagem de seis ou sete dias, e preciso ter uma plataforma de colaboração de modo a que os turistas sejam distribuídos pelas várias regiões. Temos isso no Reino Unido, as pessoas acabam por distribuir a sua viagem por mais do que um destino e assim todos acabam por ter uma fatia deste turismo. Isso funciona. Alguns ficam com mais, mas é natural. Neste caso, Hong Kong poderá ter turistas durante mais dias, mas não faz mal. Mas penso que a mensagem para a Grande Baía é definir a posição de Macau. Penso que temos uma forte proposta de entretenimento, com os festivais que acontecem no território. Agora, como é que vamos para o mercado com ela. Como é que a vamos comunicar? Temos óptimos festivais. Não gosto de ver lugares vazios nestes festivais. Temos de ver, por exemplo como vendemos estes festivais em conjunto? Qual a campanha única, capaz de apelar para estes festivais. Por exemplo, o Reino Unido tem um slogan simples que é “visite o Reino Unido” e tudo o que o Reino Unido tem para oferecer é publicitado com este slogan como base. Há uma ideia de campanha. É preciso ter uma ideia única de campanha e tudo o resto tem de trabalhar para ela. Em Macau há sempre um certo nível de fragmentação, temos o departamento do desporto, o da cultura, do turismo, o económico e todos fazem alguma coisa. Precisamos que se juntem para formar uma campanha, que percebam os produtos que cada um tem, pegar neles e, a partir daí, desenvolver uma campanha para vender Macau. Os sectores envolvidos, privado e público, têm de colaborar.

Macau é um território pequeno. Não deveria ser mais fácil fazer um projecto desses aqui do que em lugares como o Reino Unido?

À partida sim, deveria ser. Mas há muitos interesses neste sector em Macau e com diferentes posições no mercado e diferentes níveis de influência. Nunca se consegue um consenso absoluto entre as várias partes envolvidas. Macau até já tem um bom plano. O problema está na execução deste plano. Quem vai fazer o quê, quando e quem é responsável? Esta é a parte mais traiçoeira, a execução. É necessário ter um nível de liderança que defina quem é responsável pelo quê.

Há quem defenda que o jogo deveria estar mais envolvido na diversificação de ofertas turísticas. O Governo deveria aproveitar a renovação das licenças para fazer mais exigências neste sentido?

Há sempre uma linha que define quem é responsável pelo quê. O sector privado é normalmente responsável por obrigações fiscais, isto está muito claro nos contratos de concessão e neste sentido as operadoras têm cumprido aquilo a que se comprometeram. O Governo é responsável pelo estabelecimento de políticas. Seria positivo que ambas as partes se encontrassem e descobrissem uma forma de trabalhar juntos na mesma direcção.

O Governo deveria trabalhar mais com o sector académico e ligado à investigação?

Sim, já há alguma colaboração. Mas o problema é outro. Temos aqui alunos muito bons, cheios de ideias e de conhecimento, mas quando entram na Função Pública ninguém os ouve, o que têm para dizer não sobe na hierarquia. A discussão nunca sobe, a não ser que exista uma organização interna que promova este tipo de comunicação, isso não acontece aqui.

Pelo menos sete mortos em explosão em fábrica no leste da China

[dropcap]P[/dropcap]elo menos sete pessoas morreram e cinco ficaram feridas devido a uma explosão numa fábrica na província de Jiangsu, leste da China, dez dias depois de outro incidente similar na mesma zona que matou 78 pessoas, foi hoje anunciado.

A agência oficial de notícias Xinhua divulgou que a explosão ocorreu num contentor de lixo numa fábrica de moldes de metal às 07:12 locais num pátio ao ar livre da empresa Kunshan Waffer Technology.

A explosão é a segunda na província de Jiangsu em apenas dez dias, já que no passado dia 21 de Março num incidente similar 78 pessoas morreram e 600 ficaram feridas na cidade de Yancheng.
Os acidentes no sector industrial na China são frequentes porque as normas continuam a ser permissivas, segundo a mesma fonte.

Devido à explosão na cidade de Yancheng, o Comité de Segurança do trabalho do Conselho de Estado (executivo) anunciou que o país levaria a cabo uma avaliação de risco em todas as instalações da indústria química para eliminar os perigos de segurança e reforçaria o controlo e a gestão dos produtos químicos perigosos.

Ponte HKZM | Transportadora diz que regras vagas impedem maior fluxo de mercadorias

[dropcap]O[/dropcap] responsável de uma transportadora asiática afirmou que o fluxo de mercadorias na nova ponte que liga Hong Kong, Macau e Zhuhai, na China, continua a ser reduzido devido às regras “pouco claras” estabelecidas por Pequim.

Em entrevista ao jornal de Hong Kong South China Morning Post (SCMP), George Yeo adiantou que a sua empresa vai esperar por regras mais claras antes de decidir se vai utilizar a ponte, um marco do projecto de integração regional da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.

Actualmente, a circulação na ponte está sujeita a quotas, pelo que os veículos não podem circular livremente. “Os detalhes são muito importantes. Neste momento, temos apenas uma ideia geral [do plano da Grande Baía]. Agora temos de ir aos pormenores”, disse o director executivo da Kerry Logistics, com sede em Hong Kong.

“Ainda há muito pouca carga a atravessar [a ponte] porque as regras não estão claramente estabelecidas com as autoridades aduaneiras”, frisou o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Singapura.

Desde que a ponte com uma extensão total de 55 quilómetros abriu, em Outubro passado, o número reduzido de carros privados e de camiões a fazerem a travessia tem sido um tema central de discussão.

A infra-estrutura, considerada a maior travessia marítima do mundo, levantou a esperança de que o movimento de mercadorias entre as cidades do Delta do Rio das Pérolas aumentasse exponencialmente.

No entanto, em Fevereiro último, não chegaram a 3.500 os veículos de transporte de mercadorias na ponte, de acordo com dados oficiais da autoridade que gere a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau.

Um mês depois da abertura, a mesma autoridade admitiu que o trânsito ficou “aquém das expectativas” e que existe “grande espaço” para aumentar o fluxo de veículos.

O documento das “Linhas Gerais do Planeamento para o Desenvolvimento da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau” foi divulgado no mês passado pelo Governo central chinês.

Até 2022, a Grande Baía deverá converter-se num ‘cluster’ de classe mundial e, até 2035, numa área de excelência a nível internacional.

Pyongyang descreve como “ataque terrorista” assalto a embaixada em Madrid, em Fevereiro

[dropcap]P[/dropcap]yongyang descreveu hoje como um “ataque terrorista” o assalto à sua embaixada em Madrid, em Fevereiro, reivindicado por um grupo de opositores do regime, segundo um comunicado divulgado pela agência oficial KCNA.

“Um grave ataque terrorista ocorreu em 22 de Fevereiro, durante o qual um grupo armado atacou a embaixada da RPDC”, disse um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, citando as iniciais do nome oficial do país, Republica Popular Democrática da Coreia.

A representação diplomática norte-coreana foi alvo de um assalto em 22 de Fevereiro, alguns dias antes da segunda cimeira, em Hanói, entre o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un.

Na terça-feira, um juiz de instrução espanhol tornou públicos pormenores sobre o assalto e sobre o alegado grupo responsável. Mais tarde, o grupo de Defesa Civil Cheollima (DCC) reivindicou o ataque.

Na primeira reacção oficial, a Coreia do Norte referiu-se hoje a um possível envolvimento dos EUA no ataque e exortou as autoridades espanholas a levar à justiça “terroristas e aqueles que puxam os cordelinhos”.

“Esperamos que as autoridades competentes em Espanha (…) investiguem este incidente de forma completa e responsável”, frisou o porta-voz do regime, em comunicado.

Os tribunais espanhóis indicaram que o suposto líder do grupo é Adrian Hong Chang, um cidadão mexicano residente nos Estados Unidos.

Prostituição | Abertura económica soltou “demónio social” antigo na China

Por João Pimenta, da agência Lusa

 

[dropcap]S[/dropcap] ituado no centro de Pequim, o Bali SPA recebe os clientes com chá e tangerinas. Nos corredores, música étnica do sudoeste chinês alterna com solos de piano. Mapas de acupuntura e reflexologia enfeitam as paredes.

Um cheiro doce a incenso enche o ar. Os quartos, recentemente renovados, ostentam soalhos em madeira, luz ambiente e quadros decorativos. Mas, por detrás da fachada de SPA de luxo, mulheres de 20 e poucos anos, oriundas do interior pobre da China, oferecem serviços sexuais.

No país mais populoso do mundo, com cerca de 1.400 milhões de habitantes, estima-se que haja dez milhões de prostitutas. Em hotéis, casas de massagens ou bares de karaoke, serviços “extra” são sugeridos aos clientes. Altos quadros do Partido Comunista Chinês (PCC) caídos em desgraça são acusados de manter várias amantes, através de avenças e prendas de luxo, numa versão moderna do concubinato.

A vasta indústria, no entanto, raramente é referida na imprensa estatal ou em documentos oficiais.
“Para o PCC, a prostituição está associada às sociedades capitalistas, e, portanto, não existe na China”, ironiza à agência Lusa Lijia Zhang, autora de um livro sobre o tema.

Inspirada pela descoberta de que a sua avó foi vendida a um bordel na adolescência, Lijia narra em “Lotus” o percurso de uma trabalhadora migrante que cai na prostituição em Shenzhen, uma das mais prósperas cidades chinesas, usada como laboratório à abertura do país à economia de mercado, nos anos 1980.

Considerada um “demónio social”, a prostituição foi imediatamente combatida pelo PCC após assumir o poder, em 1949, através do encerramento de bordéis e proibição do concubinato. A perspectiva feudal sobre o papel da mulher foi igualmente contrariada sob a máxima maoista “as mulheres seguram metade do céu”.

As reformas económicas pós-maoismo, porém, levaram à migração de centenas de milhões de trabalhadores rurais para as cidades do litoral, alimentando o ‘boom’ na construção e indústria que permitiu à China converter-se na segunda maior economia do mundo, a um ritmo sem paralelo na História moderna mas que rompeu com o tecido social do país.

O restrito sistema de residência das cidades, conhecido como ‘hukou’, priva ainda estes trabalhadores de serviços básicos, como o acesso à educação ou saúde pública.

“As pessoas nos estratos inferiores da sociedade vivem numa luta constante pela sobrevivência: não existe qualquer tipo de assistência social ou apoio”, descreve Lijia. “São sobretudo mulheres oriundas dos meios rurais, sem educação ou capacidades que as preparem para a vida na cidade”, conta.

A prostituição na China é punida com pena administrativa, sem passar pelos tribunais: em caso de evidência, as mulheres são enviadas para centros de “abrigo e educação”, por um período máximo de dois anos.

Críticos dizem que os centros têm pouco a ver com educação e denunciam maus-tratos, trabalho forçado e a obrigação de pagar por subsistência e exames médicos a preços proibitivos.

“A conversa sobre reabilitação ou formação ideológica é treta, serve apenas para extorquir dinheiro em nome do Estado e da polícia”, refere uma das ex-detidas, citada num relatório da Asia Catalyst, organização que defende grupos marginalizados na região.

Lijia nota, porém, que apesar das dificuldades, a profissão surge como alternativa a empregos mal pagos e monótonos em linhas de montagem ou restaurantes.

“Não é uma vida totalmente miserável”, diz. “Elas passam a desfrutar do dinheiro e tempo livre, de um estilo de vida urbano: compram roupas, produtos de beleza ou experimentam cozinhas diferentes”, conta.

Xiaowu, de 25 anos e natural da província de Henan, centro da China, começou a trabalhar no Bali SPA há dois meses. Apesar de não gostar da ocupação, admite desfrutar da vida em Pequim.

“Quando era mais nova, na minha aldeia natal, pela amanhã, havia apenas ‘mantou’ [pão cozido a vapor]; à noite, jantávamos sempre ‘tofu’ [alimento produzido a partir da soja]”, recorda. “Hoje, detesto comer tofu”, diz.

Obras no andar de cima

[dropcap]H[/dropcap]á quase quatro semanas que tenho obras no andar de cima. Normalmente, começam por volta das oito da manhã. Mas há dias em que acho que não haverá barulho. Outros há em que acredito que terminarão em breve e nada faço. Nada faço quer dizer não saio de casa, não vou para a Faculdade ou para um café. Como trabalho em casa e estou habituado ao meu habitat, fico desnorteado. Insisto. Já me aconteceu estar horas à espera de que qualquer coisa suceda, que o barulho ensurdecedor pare, que eu consiga finalmente concentrar-me e abafar o barulho. Mas é óbvio nunca nada disso acontece. Num destes sábados, o trabalhador disse-me que ia fazer barulho. Respondi que já estava habituado. Não sei bem se me percebeu, até mesmo porque os trabalhadores das obras devem achar que as pessoas estão fora durante o dia. Pelo menos que podem ausentar-se. Ainda assim, tive o primeiro impacto com ele. Eram para aí umas seis e meia da tarde, quando começa o som do que posso descrever apenas como um matraquear violento. Parecia que era no interior da minha cabeça, não era na divisão acima apenas. Por mais que procurasse abrigo em qualquer uma das divisões da casa, ficava sempre exposto ao barulho ensurdecedor. O som é cacofónico, não tem ritmo ou varia conforme o volume do excessivo para ainda mais excessivo. O som tem um impacto táctil. Sinto mal estar por todo o corpo. Não consigo ouvir os meus pensamentos, nem escutar música nem ler nem ver televisão. Lá fui ao andar de cima e bati com força na porta, porque a campainha estava desligada. O senhor apareceu-me atarantado. Eu disse-lhe que era sábado e era já muito tarde para estar a fazer aquele barulho. Incomoda-me sempre falar com alguém que está a trabalhar. O trabalho é o seu ganha pão. O inconveniente e incómodo são meus. Ele pediu desculpa e terminou o serviço, pelo menos o mais pesado, porque achou que poderia executar outras tarefas não tão ruidosas. Eu não tinha percebido que aquele sábado era apenas o início de um inferno sem tréguas. A qualquer hora do dia, sobretudo de manhã, começava aquele ruído, barulho, manifestação acústica do inferno. É a minha representação acústica do inferno. Obras para sempre no andar de cima, sem que eu possa sair de casa. Não sei bem por quê não poder sair de casa, por que razão havia uma impossibilidade de alterar as hipóteses para sobreviver ao dia-a-dia. O que me faria insistir em estar em casa. Claro que é a casa e é aqui que trabalho, não tenho um local de trabalho, por assim dizer. Mas por outro lado, há tanta gente que vai para um café ou praia ou biblioteca. Por quê ter insistido? Talvez algo de resistente ainda sobreviva. Não quer ser expulso de casa e querer ficar onde é casa, onde me sinto acolhido, onde é familiar trabalhar. E é aqui que as coisas começam a fazer sentido. O meu trabalho como qualquer trabalho de natureza intelectual ou que requeira a concentração absoluta do espírito manifesta-se musicalmente. A música é a agenda, o programa, o calendário e o horário. Noto que não ouço música se não no carro. Mas nunca para trabalhar.

Não foi sempre assim. Costumava ouvir em modo repeat canções que me permitiram tal como mantras entrar em transe. Estudava a ouvir música. Depois, porém, deixei de o fazer. Tal como anos antes tinha deixado de tocar música porque se tornou objetivamente incompatível ler e tocar. Mais tarde tornou-se incompatível ler e escutar música. É que a agenda do estudo era musical. O objectivo era o transe, o fluído, a corrente disposicional que se cria quando estudamos, quando vamos nas horas num voo de sobrevoo, alto, sobre as picos da paisagem do espírito.

Quando estudo, ouço música. Como disse Sócrates não aquela versão popular, acústica, com instrumentos. É uma música idêntica à que se sente vibrar em nós quando vemos um filme ou um espectáculo, quando lemos ou ouvimos ler poesia. O mesmo se passa quando dou aulas. É uma passagem por uma dimensão musical. Era isto mesmo que eu achava que estava a acontecer. A passagem das horas requer a música que é criada ou recriada pelo estudo, pela insistência, pela tentativa de compreender e interpretar passos do pensamento ou formas de traduzir esses mesmos pensamentos. Ler é um acontecimento musical, transporta-nos para outras dimensões com velocidades musicais, ritmos, volumes sonoros, paisagens emocionais, sentimentos, vibrações que nos fazem bem ao corpo. É uma experiência Zen. Era esse feitiço que tinha sido quebrado. O ruído da vida, o barulho, perturba justamente esta dimensão musical que se cria pelo espírito, através do espírito e para o espírito.

Hoje, tem sido um dia bom. Comecei com as pancadas violentas que perturbam o sono às oito horas da manhã de uma noite mal dormida. Pensei que não iria sobreviver. Mas afinal, o barulho violento das batidas incompreensíveis tem sido mais ou menos pacífico. Consegui alinhar estas frases de transe e no transe, quando é bom ouvir lá ao fundo os carros a passar imperturbáveis na ponte 25 de Abril, quando os homens das obras não gritam uns com os outros e eu consigo, sossegado, entrar na dimensão musical da minha agenda.

Jogo | Macau Legend regressou aos lucros em 2018

[dropcap]O[/dropcap] grupo Macau Legend fechou 2018 com lucros líquidos de 1,96 mil milhões de dólares de Hong Kong, depois de em 2017 ter registado prejuízos de 507,3 milhões de dólares de Hong Kong.
Em comunicado, enviado na sexta-feira à Bolsa de Hong Kong, o grupo, liderado pelo empresário David Chow indica que o regresso aos lucros ficou a dever-se sobretudo à alienação dos The Landmark Macau (em Abril) e a melhorias no desempenho da componente de jogo.
As receitas alcançaram 1,86 mil milhões de patacas no ano passado, traduzindo uma subida na ordem de 2 por cento. Só as receitas de jogo da Macau Legend cresceram 12 por cento para 1,35 mil milhões de dólares de Hong Kong, a esmagadora maioria dos quais gerados em Macau, onde opera sob a bandeira da Sociedade de Jogos de Macau (SJM). O segmento de jogo de massas foi o que mais cresceu – 20 por cento em termos anuais para 958 milhões de dólares de Hong Kong –, enquanto o VIP expandiu-se 3 por cento, atingindo 162 milhões. A título de exemplo, as receitas de jogo do casino Legend Palace – um dos três que a Macau Legend opera – mais do que duplicaram, alcançando 683 milhões de dólares de Hong Kong.
Já a componente extrajogo da Macau Legend diminuiu para 507 milhões de dólares de Hong Kong devido à queda das receitas na sequência da alineação do The Landmark Macau.
Além de Macau, a Macau Legend gera e opera um casino no Laos, o Savan Legend, que gerou receitas de 231 milhões de dólares de Hong Kong, segundo o mesmo comunicado. Além disso, o grupo firmou acordos para o desenvolvimento de outras instalações de turismo e entretenimento, nomeadamente em Cabo Verde, onde está a erguer um empreendimento, que inclui casino, avaliado em mais de 200 milhões de euros.

Negociações comerciais entre China e EUA terminam sem acordo

[dropcap]A[/dropcap] China e os Estados Unidos concluíram ontem sem um acordo mais uma ronda de negociações que visam pôr fim à guerra comercial que começou no verão passado e ameaça abalar a economia mundial.

“Concluímos em Pequim discussões construtivas. Aguardo com expectativa receber o vice-primeiro-ministro chinês Liu He, na próxima semana, em Washington, para prosseguir com discussões”, escreveu na rede social Twitter o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, sem avançar mais detalhes.

A delegação norte-americana, que incluiu Mnuchin e o Representante para o Comércio, Robert Lighthizer, foi recebida esta manhã pelo vice-primeiro-ministro chinês Liu He, na residência diplomática de Diaoyutai, em Pequim.

Os negociadores de ambos os países apertaram as mãos para os fotógrafos, num ambiente aparentemente descontraído, com sorrisos e trocas de palavras amigáveis, apesar de as negociações se terem já prolongado para além do período de tréguas inicial.

As duas delegações tiveram na quinta-feira um jantar de trabalho, mas as reuniões só arrancaram oficialmente ontem.

A ascensão ao poder de Donald Trump nos EUA ditou o início de disputas comerciais, com os dois países a aumentarem as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um.

Trump e Xi concordaram, entretanto, com uma trégua de 90 dias, que terminou em 2 de Março, mas que foi prolongada indefinidamente, visando encontrar uma solução para as disputas comerciais.

Os EUA querem mudanças “estruturais” no modelo económico chinês, dominado por grupos estatais sob tutela do Partido Comunista Chinês.

Trump exige ainda que a China ponha fim a subsídios estatais para certas indústrias estratégicas, à medida que a liderança chinesa tenta transformar as firmas do país em importantes actores em actividades de alto valor agregado, como inteligência artificial ou robótica, ameaçando o domínio norte-americano naquelas áreas.

Washington quer também mais acesso ao mercado, melhor protecção da propriedade intelectual e o fim da ciberespionagem sobre segredos comerciais de firmas norte-americanas.

Assembleia da República portuguesa preocupada com liberdades no Tibete

[dropcap]O[/dropcap] parlamento português aprovou ontem um voto em que manifesta a sua preocupação pelo respeito das liberdades no Tibete e pede empenho à China na protecção dos direitos humanos.

Partido Socialista (PS), Partido Social Democrata (PSD), Bloco de Esquerda (BE) e CDS-PP votaram a favor do texto, que recebeu os votos contrários do Partido Comunista Português e do PAN – Partido Animais Natureza, registando-se a abstenção do Partido Ecologista os Verdes e de três deputados centristas (Telmo Correia, Ana Rita Bessa e João Almeida).

No voto, apresentado pela bancada do PS, manifesta-se “preocupação pela subsistência de situações em que não são asseguradas as liberdades fundamentais no território do Tibete”.

Por outro lado, apela-se “às autoridades da República Popular da China que assegurem, em diálogo com a sociedade civil e na linha dos padrões internacionais de protecção dos direitos humanos de que é signatária, no quadro da Organização das Nações Unidas, a sua plena efectivação”.

No voto, reconhece-se que, “apesar de várias iniciativas de diálogo e concertação”, continuam a existir “motivos para preocupação sobre a situação no território do Tibete”.

“Em particular, no que concerne à necessidade de garantir plenamente a identidade cultural dos tibetanos, a liberdade de expressão e religião, o exercício da liberdade religiosa e o acesso de viajantes estrangeiros ao território”, afirma-se no texto.

Jack Ma quer premiar melhores empreendedores de África com um milhão de dólares

[dropcap]O[/dropcap] prazo de candidaturas para o Africa Netpreneur Prize Iniciative (ANPI), concurso lançado pelo bilionário chinês do sector tecnológico Jack Ma, arrancou esta semana, visando encontrar empreendedores do continente com impacto positivo nas suas comunidades.

Segundo o portal oficial do prémio (https://www.netpreneur.africa/), o concurso destina-se a empreendedores de todos os países africanos, género e grupos etários, e inclui um prémio monetário de um milhão de dólares.

O prazo de candidaturas encerra a 30 de Junho. Depois de um processo de revisão, dividido em duas etapas, dez finalistas vão apresentar, em Novembro, as suas ideias a Jack Ma, e entres estes será escolhido o vencedor.

A política e activista dos Direitos Humanos moçambicana Graça Machel e Ban Ki-moon, ex-secretário-geral da ONU, fazem parte do conselho consultivo da ANPI.

Graça Machel elogiou a abordagem inclusiva do programa. “Eu especialmente encorajo as mulheres a candidatarem-se. Cabe a vocês serem os heróis que conduzirão o continente ao próximo estágio de desenvolvimento, crescimento e prosperidade”, disse.

Ma é o segundo homem mais rico da China e o fundador do grupo Alibaba, que revolucionou o consumo na China, através dos ‘sites’ de comércio electrónico Taobao e Tmall.

Licenciado em língua inglesa, o empresário fundou o Alibaba em 1999, num apartamento em Hangzhou, na costa leste da China, para ligar exportadores chineses a retalhistas além-fronteiras.

Hoje, o grupo é a maior empresa de comércio electrónico do mundo. Além de operar as plataformas Taobao e Tmall, que dominam grande parte das vendas ‘online’ na China, passou a investir, nos últimos anos, em plataformas ‘online’ para financiamento (P2P, na sigla em inglês), computação em nuvem e outros serviços.

A competição vai-se realizar anualmente, ao longo dos próximos dez anos.Todos os dez finalistas vão ainda receber financiamento da Fundação e serão integrados na comunidade Netpreneur, para impulsionar e partilhar as respectivas experiências.

“Até 2030, esperamos identificar e distinguir 100 empreendedores africanos que vão inspirar o continente”, disse Beth Yu, secretário executivo geral da Fundação Jack Ma.

Sam Gichuru, fundador do Nailab, uma das maiores incubadoras de ‘startups’ do Quénia e parceiro da ANPI, considerou que “a iniciativa vai ajudar a consolidar ainda mais os laços sino-africanos”.

Citado pela agência noticiosa oficial Xinhua, Gichuru disse que o prémio visa recompensar os empreendedores de todos os sectores da economia que têm um impacto positivo nas suas comunidades.

Além do Nailab, a Fundação Jack Ma conta com a 22 em Sloane, o maior campo de ‘startups’ da África do Sul, a NINE, a maior rede de incubadoras da Nigéria, e a RiseUp, plataforma que liga ‘startups’ e financiadores, para promover a iniciativa nas respectivas regiões.

Especialistas defendem que Macau financie indústrias sustentáveis nos países lusófonos

[dropcap]V[/dropcap] ários especialistas defenderam que Macau deve transformar-se num centro do financiamento chinês às indústrias sustentáveis nos países lusófonos, definindo-o como um mercado de risco, mas rico em recursos naturais.

“Os países de língua portuguesa são a ‘casa’ de 267 milhões de habitantes, têm vastas reservas de petróleo, gás”, possuem potencial turístico e recursos marinhos e, no seu todo, assumem-se como “o quarto maior produtor de petróleo do mundo”, sublinhou o professor da Faculdade de Gestão de Empresas da Universidade de Macau, Jacky So, no segundo dia do Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau (MIECF, na sigla inglesa).

“É um mercado com os seus riscos, mas de grande potencial” e “a China precisa de garantir recursos energéticos”, explicou o especialista.

“Portugal e Brasil poderiam especializar-se no desenvolvimento de ‘software’ e tecnologia para combater o aquecimento global” e os outros países lusófonos [Angola, Moçambique, Timor-Leste, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe] “exportariam os seus materiais e recursos para financiarem os investimentos ‘verdes’”, defendeu.

Ou seja, os países de língua portuguesa poderiam suportar os seus investimentos na indústria virada para o desenvolvimento sustentável “com a receita do comércio com a China” e com a nova metrópole mundial denominada de Grande Baía que envolve Macau, Hong Kong e nove cidades chinesas da província de Guangdong, através de Macau, resumiu Jacky So.

O papel de Macau como um centro de financiamento de indústrias ‘verdes’ dos países lusófonos foi também defendida na mesma sessão pelo director-adjunto do Instituto de Pesquisa Financeira do Banco Popular da China (o banco central chinês), Mo Wangui, bem como pelo fundador e vice-presidente da Fundação de Desenvolvimento Urbano da China, Zheng Xiaoping, o presidente do conselho de administração da Autoridade Monetária de Macau, Chan Sal San, e o chefe de divisão de Políticas e Regulamentação, Administração e Supervisão Financeira Local da província de Guangdong, Yang Yiming.

No discurso de abertura, o presidente do conselho de administração da Autoridade Monetária de Macau lançou desde logo o debate: “Macau envidará os seus maiores esforços para aperfeiçoar as infraestruturas financeiras, conceber políticas e medidas de estímulo (…) e maximizar o aproveitamento das vantagens de Macau como plataforma entre a China e os países de língua portuguesa, bem como promover a comunicação e troca de informação entre os mercados financeiros verdes da Grande Baía e do exterior”.

Mais tarde, aos jornalistas, o orador principal convidado pelo Governo de Macau, Michael Liebreich, alertou para alguns desafios que se colocam a partir deste cenário.

“A questão é saber se os países em desenvolvimento [em África] vão querer seguir um caminho ‘verde’, uma vez que vão querer industrializar-se e fazer crescer rapidamente as economias, seguindo velhos modelos”, como aquele seguido pela China até há pouco tempo, advertiu o consultor em financiamento climático e desenvolvimento sustentável.

O MIECF acolhe mais de 500 expositores, provenientes de cerca de 20 países e regiões.
As sessões integram oradores de cerca de 70 pioneiros ambientais, líderes de empresas multinacionais e criadores de políticas, provenientes de sete países e regiões, nomeadamente, da China, Holanda, Portugal, Timor-Leste, Reino Unido, Hong Kong e Macau. O MIECF 2019 ocupa uma área total de exposição de mais de 16.900 metros quadrados