Manifestantes investem contra a entrada do Conselho Legislativo de Hong Kong Hoje Macau - 1 Jul 2019 [dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong travou hoje, usando gás pimenta, manifestantes que investiram contra o edifício do Conselho Legislativo, quando decorre a marcha anual pela democracia no 22.º aniversário do regresso do território à China. De acordo com a imprensa local, os manifestantes conseguiram quebrar algumas portas de vidro do edifício, enquanto a polícia de choque tentava dispersar a multidão com gás pimenta. Devido aos confrontos, a organização Civil Human Rights Front [Frente Civil de Direitos Humanos] já indicou que a marcha não vai terminar no Conselho Legislativo, como estava previsto, mas num local próximo. Milhares de pessoas estão concentradas nas ruas da região administrativa especial chinesa para a marcha anual em prol da democracia, que este ano é também uma marcha contra as controversas emendas à lei de extradição, que permitiria extradições para a China continental. Esta manhã, pouco antes da tradicional cerimónia do hastear das bandeiras da China e de Hong Kong, a polícia carregou sobre grupos de manifestantes, sobretudo jovens, que tentavam bloquear algumas das principais artérias da cidade.
Automobilismo | Red Bull dispensa duplo vencedor do GP Macau Sérgio Fonseca - 1 Jul 2019 No passado mês de Novembro, Dan Ticktum entrou para o restrito painel de pilotos que venceram o Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 por duas ocasiões. Depois da notícia de que a restrita porta da Fórmula 1 poderia estar aberta ao britânico, a Red Bull veio agora fechar essa possibilidade [dropcap]H[/dropcap]á seis meses, aclamado pela imprensa internacional especializada pelo seu triunfo irrepreensível entre nós, o inglês de 20 anos era um sério candidato a um lugar na Fórmula 1. Seis meses depois, Ticktum recebeu “ordem de marcha” de quem lhe ia proporcionar essa possibilidade, a Red Bull. Depois do segundo triunfo consecutivo no Circuito da Guia e sem pontos suficientes para tirar a super-licença, e assim garantir um lugar na Fórmula 1 esta temporada, o piloto que igualou o feito de Edoardo Mortara (2009/10), António Félix da Costa (2012/16) e Felix Rosenqvist (2014/15) foi enviado pela Red Bull para o Japão. A ideia era que o vice-campeão europeu de Fórmula 3 seguisse as pisadas do francês Pierre Gasly que usou a experiência acumulada no exigente campeonato de monolugares nipónico Super Fórmula como trampolim para o “Grande Circo”. Contudo, ao fim das três primeiras corridas, Ticktum só somou um ponto e ocupava uma modesta 14ª posição na classificação de pilotos. Na passada quinta-feira, a Red Bull Junior Team comunicou que o mexicano Pato O’Ward iria tomar o volante de Ticktum no Japão. Não houve lugar a explicações, nem qualquer menção ao futuro do jovem inglês. Todavia, em declarações à imprensa durante o fim-de-semana do Grande Prémio da Áustria de Fórmula 1, o Dr Helmut Marko, que gere todas as actividades relacionadas com o automobilismo do gigante das bebidas energéticas, esclareceu que Ticknum não abandonou o Red Bull Junior Team, foi sim afastado. Menino mal-comportado Ticktum foi recebido de braços aberto no programa de jovens pilotos da Red Bull, apesar do seu passado colorido. Em 2015, o londrino, então com 16 anos, foi suspenso por duas temporadas por ter atingido propositadamente um rival durante um período de “safety-car” numa corrida da Fórmula 4 britânica. Regressaria à competição no final de 2016 após a Red Bull ter visto nele um campeão em potência. O ano passado, quando era uma séria possibilidade para a Toro Rosso, a segunda equipa da Red Bull no mundial de Fórmula 1, Christian Horner, o chefe de equipa da Red Bull Formula 1, criticou o compatriota publicamente por “falar antes de pensar”. Isto, depois de Ticktum ter levantado suspeitas quanto à performance superior de Mick Schumacher na segunda metade no europeu de Fórmula 3. Na altura, Horner afirmou que Ticktum teria que moderar o temperamento se quisesse ser considerado um candidato viável à F1. Colocado pela Red Bull nas séries de Inverno do asiático de Fórmula 3, com o objectivo de alcançar pontos para a tão desejada super-licença, Ticktum voltou a falar com coração quando os resultados ficaram muito aquém das expectativas. Com dois triunfos em Macau no bolso e o estatuto de super-favorito, Ticktum não conseguiu impor-se a uma concorrência teoreticamente mais fraca e lançou dúvidas infundadas sobre a legalidade dos carros dos seus adversários. A desilusão foi tão grande que a Red Bull colocou um fim prematuro a esta primeira aventura asiática. O seu curto périplo na Super Fórmula também não correu bem, deixando críticas à equipa e levantando dúvidas sobre a condição do seu monolugar. A Red Bull não foi na conversa e desta vez cortou o mal pela raiz.
A grande dama do chá Hoje Macau - 1 Jul 2019 Por Fernando Sobral [dropcap]A[/dropcap] porta não tinha número. Só uma luz fosca, que vinha do interior de uma lanterna vermelha que se agitava ao sabor da brisa nocturna, deixava entender que ali havia uma casa comercial. Daqueles muito comuns na Rua da Felicidade, onde os donos nem vendiam nem compravam produtos. Eram fachadas para o jogo e para o consumo de ópio que se fazia no interior, algo que não inquietava ninguém, nem mesmo as autoridades policiais. Cada um vivia no seu mundo, como sempre acontecia em Macau. Cada casa daquelas escondia segredos muito próprios, tal como as pessoas que ali entravam. Quando Du Yuesheng entrou naquele local anónimo pediu aos seus guarda-costas para ficarem à porta. Nada o espantava, nem o fumo intoxicante, nem as luzes difusas, nem as prostitutas de olhar cansado que circulavam no interior em busca de clientes, nem os homens que, concentrados no jogo do fan-tan, não olhavam para quem entrava. Sabia que, mais escondidos, estavam os salões de ópio e os divãs onde alguns homens procuravam um pouco de amor e sexo. Até ali havia alguma discrição. Era um local para os mais pobres e marinheiros que não conseguiam entrar nos melhores bordéis e casas de jogo da rua de todas as perdições. Du caminhou calmamente em busca do seu objectivo. Tossiu, ao sentit o cheiro misturado do tabaco e do ópio de pouca qualidade. Num canto, com pouca luz, viu-o. Estava sozinho, com cartas na mão. Olhava para as que estavam sobre a mesa e para as que tinha entre os dedos. Jogava poker consigo próprio. Tinha um espelho na mesa, para onde olhava fixamente de vez em quando. Estudava a postura da sua cara, treinando uma das componentes principais do poker, o bluff. Algo que muitos diziam que era errado e imoral. Mas, que, de facto, era admirado como forma de sucesso. Luc LeFranc estava assim, concentrado ou, pelo menos, abstraído de tudo o que o cercava. Du aproximou-se e ficou perto dele. Depois sentou-se à sua frente. Nem assim Luc desviou os olhos das cartas. O seu ar era um pouco oriental, o que era natural num filho de uma chinesa e de um francês. Conhecedor da língua chinesa, e também do francês, singrara rapidamente na polícia do quarteirão francês de Xangai. Fora lá que se tinham conhecido. Luc era conhecido pela sua razoável honestidade, algo que também era importante num mundo onde todos pareciam ser corruptos ou desejosos de o ser. Du devia-lhe algo. Era uma época sangrenta, sem muitas regras. Nessa altura o chefe dos serviços secretos de Chiang Kai-shek, Dai Li, matava todos os suspeitos de serem comunistas em Xangai. E estes retaliavam como podiam. Du alinhava com Dai Li, e o seu Bando Verde era conhecido pela sua ferocidade. Quando tentaram raptar uma das amantes de Du, na Rue Lafayette, Luc vira e anotara a matrícula do carro que a levava. Fizera com que ela chegasse a Du. E este enviara os seus fiéis em busca dos raptores, que tinham sido mortos com uma violência inimaginável. Du agradecera-lhe, mas talvez cansado de tudo o que acontecia por esses dias, Luc LeFranc fugira de Xangai e refugiara-se em Macau. Ou talvez tivesse seguido uma mulher. Nunca se soube. Du, que não esquecia certos gestos, protegera-o discretamente de todos os que tinham contas a ajustar com LeFranc. Escondera o facto de ele viver em Macau e ganhar a vida a jogar. Mas sabia o que ele fazia. E viera ter com ele. Porque Luc LeFranc tinha olhos e ouvidos em todo o lado. Quem quisesse ganhar a guerra da informação em Macau tinha de contar com ele. Ao fim de algum tempo, Luc levantou os olhos das cartas, sorriu, e disse: – O que o traz a Macau, senhor Yuesheng? – Podes tratar-me por Du. Sempre o fizeste em Xangai. Fez uma pausa antes de prosseguir: – Não sabes porque estou aqui? O olhar de Luc enfrentou o de Du. Continuava igual, irónico e mordaz, tal como o gangster o tinha conhecido em Xangai. – Eu sei que és perseguido, mas não é isso que te traz aqui. Não estás com medo. Que queres saber, Du? – Como está a correr a tua vida pacata. – Só isso? É pouco. Não te incomodarias em vir até este sítio sebento só para saberes isso. – É verdade. Não vale a pena mentir-te. Jin Shixin. Lembras-te dela, de Xangai? Como se tem comportado ela? – Não é isso que queres saber. Queres saber quem ó o português, não é? Du olhou à volta, para aquele ambiente escuro e encardido. Um dos que não era frequentado por ocidentais. Ali dentro só estavam chineses e Luc. Mesmo assim não era completamente seguro. Poderia haver comunistas ou agentes japoneses. Mas estava mais tranquilo. Lera no “South China Morning Post” uma notícia sobre ele que o deixara confiante. Dizia que tinha sido avistado em Hong Kong. Era bom que os seus inimigos e os japoneses acreditassem. Assim estava mais seguro em Macau. Voltou a olhar à volta, por precaução. Todos estavam com atenção ao jogo e não a eles. Luc deu uma gargalhada. – Não te preocupes, Du. Todos eles estão aqui pelo fan-tan e pelas mulheres. Ninguém sabe quem tu és. Du Yuesheng olhou para as cartas que estavam em cima da mesa. – Continuas a jogar, Luc? – Todos temos as nossas maneiras de ganhar a vida. Eu tenho o jogo. Chega-me para viver feliz. O Du tinha poder. Mas, já viu, o que é o poder? Os olhos de Luc pareciam imersos numa abstracção sombria, olhavam para as cartas num jogo solitário. Vinha para ali abstrair-se antes de sair para ir jogar, e ganhar, nos hotéis e salas de jogo frequentados por ocidentais. – Já não tenho tempo para sentimentos, Du. Tenho relações comerciais. Luc falava pouco. Sabia o perigo que era, nesses dias, dizer o que se pensava ou se sabia. Agora todos se abstinham de confidências junto das pessoas que tinham conhecido pouco antes, pois num bar de hotel todos poderiam estar a soldo de alguém ou de um serviço secreto. Macau já estava cheio deles. Todos desconfiavam de todos. Du percebeu: – Aqui até a lealdade tem um preço, não é verdade, Luc? – Sim, é isso. Por isso é que este lugar é seguro. Aqui só vêm os que pouco têm. Por isso neste local imundo ouve-se o que mais ninguém escuta. Que desejas afinal? – Informações. Saber o que todos fazem em Macau. – É possível. E em troca? – Tenho uma informação que te interessa. – Não sabes nada que me interesse, Du. Tudo o que sabes, eu sei. Tal como acontecia em Xangai, mas ao contrário. Aí tu é que sabias tudo. Mas serás informado. Sobre os japoneses. Sobre os negócios. Du sorriu. Luc aprendera o valor da informação. Perguntou-lhe: – Não tens medo de perder todo o teu dinheiro ao jogo? – Não, Du. Nunca perderei ao jogo porque não tenho nada a perder.
Zhuge Liang, o Dragão Adormecido José Simões Morais - 1 Jul 2019 [dropcap]C[/dropcap]omo grande estratega militar, só comparável com Sun Zi do século V a.n.E., Zhuge Liang (181-234) tinha o nome literário Kongming e era conhecido pela alcunha do Dragão Adormecido. Potência à espera de ser acordada pois, pouco antes da sua existência se criara da Filosofia do Dao o Daoísmo religioso como contrabalanço às religiões estrangeiras que chegavam à China. Em 207, o próprio Liu Bei, descendente da família imperial dos Han, veio a casa de Zhuge Liang pedir para, como homem de Estado e criativo inventor, se tornar o seu conselheiro militar e organizar o exército do que viria a ser o Reino Shu Han, no Período dos Três Reinos (220-280). Nos finais do século II, a dinastia Han (206 a.n.E.-220) tinha governantes fracos e corruptos, havendo contínuas lutas dentro da corte, sendo a população oprimida e explorada. Em 184, trezentos mil camponeses em muitas partes do país levantarem-se contra o Governo, no que ficou conhecida pela Revolta dos Turbantes Amarelos. Três anos antes, no ano 181 nascera Zhuge Liang em Yangdu de Langya, hoje vila de Yinan, pertencente ao distrito de Linyi situado na parte Sul da província de Shandong. A sua mãe morreu quando tinha três anos (184) e devido à morte de seu pai, Zhuge Gui, que fora magistrado no distrito de Taishan, ainda criança, com oito anos (189) ficou à guarda do tio, Zhuge Xuan. O general Yuan Shu, um senhor da guerra que mais tarde em 197 se auto proclamou imperador da curtíssima dinastia Zhong, enviou Zhuge Xuan para tomar conta de YüZhang, pequena localidade a Norte da actual província de Jiangxi, próximo de Nanchang. Como a nomeação não teve a aprovação dos oficiais Han, Zhuge Xuan foi ter com o seu amigo Liu Biao, o perfeito (governador) da província de Jing (Jingzhou em Hubei), que no ano 190 mudara a capital de Hanshou para Xiangyang. Assim em Xianyang ficou a viver, acompanhado pelo sobrinho Zhuge Liang, tendo este estudado durante três anos numa escola, talvez na Academia fundada por Liu Biao pelo ano de 196. Ao mesmo tempo, Liang escolheu Pang Degong para ser seu mestre. Zhuge Xuan morreu em 197 e após a morte do tio, Zhuge Liang com dezassete anos foi viver para a aldeia Longzhong, actualmente próximo de Xiangyang, província de Hubei, onde se dedicou à agricultura. O seu tempo livre passava a ler, assim como gostava de conversar com os mestres Pang Degong e Xü Shu, pessoas mais velhas ensinando-lhe coisas da vida e com quem trocava ideias sobre as convulsões que ocorriam pelo país. Zhuge Liang passou mais ao menos dez anos em Longzhong, onde fez muitos amigos entre os locais, mantendo relações de amizade com intelectuais como Sima Hui e Huang Chengyan. Certa vez, Huang Chengyan sabendo Zhuge Liang andar à procura de esposa para se casar, propôs-lhe a filha. Avisou-o ser ela feiosa, apesar de dotada de muitos talentos, que bem se complementaria com os atributos dele. Concordando, casou-se com Huang YueYing, apesar de no registo histórico local Xiangyang Ji, onde vem narrado tal episódio, o nome da esposa nunca ter sido mencionado. Pérola da imortalidade É preciso lembrar pouco se saber sobre Zhuge Liang, figura para além de histórica tem a complementá-la várias lendárias e mitológicas narrações a envolvê-lo num ser misterioso e de grande poder. Se a maior parte da sua vida apenas vem narrada no Romance dos Três Reinos (San Guo Yanyi 三国演义) escrito por Luo Guanzhong (1330-1400), há outras histórias que nem aí foram contadas e uma delas, a mais estranha de todas, refere-se a como Zhuge Liang se torna um Imortal. Registada após via oral ter passada de geração em geração e só escrita muito tempo depois nas Histórias de Longzhong. Nessa mitológica lenda sobre a sua juventude explica-se a razão de Zhuge Liang se apresentar sempre com um leque de penas na mão e uma túnica de mestre daoista. Ainda criança, durante o dia trabalha numa loja de chá e à noite estuda em casa. Certo dia, à loja, cheia de gente a beber, chega um idoso daoista e sentando-se, logo começa a falar sobre assuntos deveras muito interessantes, colocando as pessoas a escutar com atenção. Vem desde então diariamente à casa de chá, sentando-se de manhã até à hora do fecho, aparecendo cada vez mais gente para o escutar e com ele falar. Parece saber de tudo, desde o passado histórico até aos dias que correm, de astronomia à geografia, de política aos assuntos militares. Como empregado Zhuge Liang muito aprecia aquelas sessões e cada vez mais a admiração cresce perante aquela prodigiosa figura, mas, devido à sua juventude e posição, não lhe é permitido questionar a distinta personagem. Assim aumenta a curiosidade sobre aquele estranho ser. Certa vez Zhuge Liang encontra a oportunidade de saber onde ele habita pois, usando inteligente solução, enquanto o ancião entusiasmado fala, consegue apoderar-se da bengala de bambu que sempre o acompanhava. Pegando no bastão, faz um buraco na última sessão e aí coloca uns pós de incenso. Bengala no lugar, sem que o orador desse por nada. Após este sair da casa de chá, Zhuge Liang, para não ser apanhado a segui-lo, espera, pois, apenas tem de perseguir o rasto desse pó deixado pelo caminho e assim pôde chegar ao local onde o idoso estará. A marca do pó desaparece em frente a um pequeno pinhal, sem haver casa alguma. Estranho! De repente o som do ressonar e olhando de onde vem, repara num ninho colocado no alto de uma dessas árvores, onde dorme um grande crane. Devagar aproxima-se para melhor analisar o ninho e já por baixo, continuando a olhar para cima, de repente do bico cai uma gota de saliva em forma de pérola na boca de Zhuge Liang, que a engole. De repente o crane acorda e com a pérola desaparecida, cai do ninho e ao chegar ao chão, logo se transforma no nosso conhecido ancião. Este desabafando refere trabalhar na pérola há milhares de anos e ter ela o poder de saber fazer muitas coisas. Transmitida quando ele a engoliu, agora podia deixar a vida. Ao ouvir tal, Zhuge Liang assustado e pesaroso pelo que provocara, logo escuta do ancião, ter acontecido porque tinha que ser (yuanfan). Então relatou-lhe ter ali vivido milhares de anos, sem ninguém o ter encontrado. – Hoje tu viste-me, por isso és uma pessoa especial. Assim, após eu passar desta vida e transformado em crane, tu retiras sete penas de cada uma das minhas asas para fazeres um leque e ofereço-te as minhas roupas de mestre do Dao que te protegerão. Quando tiveres algum problema, abanas o leque e a pérola dentro do teu corpo dar-te-á a solução. Terminada a conversa o idoso finou e transformou-se de novo num crane a jazer no chão. Assim, estes dois adereços, roupa e leque, passaram a acompanhar Zhuge Liang durante toda a vida. Ana Maria Amaro refere sobre “a pérola que todos os dragões transportam e que não podem perder, para manterem a imortalidade, pérola que é formada pela sua própria saliva e tem a propriedade de satisfazer todos os desejos se for apanhada por algum feliz mortal”.
Umwelt I António de Castro Caeiro - 1 Jul 20198 Ago 2019 [dropcap]O[/dropcap] ser humano para a medicina antiga não era o corpo humano desligado anatomicamente do meio ambiente, do milieu físico, da Umwelt. Não é o interior somático delimitado pelas fronteiras físicas do corpo humano. Podemos conceber o corpo humano como a configuração mecânica com que nos surge. É como o aspecto físico que um profiler esboça a partir da descrição que alguém faz de um suspeito. Nesse sentido, as características: sexo, idade, etnia, compleição física, tamanho, envergadura, peso, altura, aspecto do rosto, etc., etc., são determinações que apontam para uma morfologia mais ou menos complexa, mas exterior do ser humano. A percepção do corpo humano é igual à percepção de qualquer corpo. Capta só superfícies, isto é, o lado visível do objecto dentro da nossa perspectiva. Não vemos nada do que está tapado. Para lá da epiderme não vemos nada. Nenhum horizonte interno é captado à vista desarmada. Assim, compramos roupa, ocupamos espaços públicos e privados, temos lugar ou não em transportes públicos, restaurantes, espectáculos, etc., etc.. É inegável que cabemos ou não cabemos com outras pessoas em aviões e que sentimos mais ou menos as dimensões simpáticas e acolhedoras do tamanho de apartamentos, roupa, camas, cadeiras, etc., etc.. Isto é, nós somos o tamanho do corpo que temos. Temos também uma percepção do que se passa no nosso interior. Sentimo-nos mais ou menos enfartados, pesados, leves, com o comemos, se muito, se pouco. Sabemos da nossa altura, se somos mais ou menos altos. Somos, portanto, o que achamos ser a configuração mecânica do corpo. O nosso corpo está continuamente sob acção de um radar interior. O corpo não se reduz nunca apenas a músculos, tendões, articulações, ossos, carne, órgãos e aparelhos. Há sempre um sobredeterminação funcional a dar sentido ao conteúdo estritamente percepionado. Sabemos como puxar e empurrar, agarrar e soltar, porque há uma acção do corpo todo, com uma maior solicitação de uns músculos do que de outros. A própria pele — que cobre toda a extensão do nosso corpo — sente-se diferente ao vento, ao frio e ao calor, dentro e fora de água. Sentimos também o bater do coração, o fluxo sanguíneo, a falta de ar, dores musculares e de cabeça, tudo no nosso interior por assim dizer. Não damos conta dos músculos solicitados habitualmente. Há actividades físicas que, às vezes, solicitam músculos que nem sabíamos que tínhamos. O texto sobre o ar, as águas e os lugares esboça uma concepção do corpo humano a existir para lá do interior das suas fronteiras físicas. O ser humano é mais do que um volume tridimensional. É mais do que um vulto com um determinado aspecto. Por um lado, cada pessoa é igual a si própria e diferente de qualquer outra. Cada um é como cada qual. Para a medicina, cada caso é um caso. Por outro lado, podemos apurar características semelhantes e diferentes entre indivíduos: rostos, compleições físicas. Um asiático é diferente de um europeu. Mas há asiáticos e europeus parecidos e diferentes entre si.
Trump é o primeiro Presidente americano a entrar na Coreia do Norte Hoje Macau - 1 Jul 2019 Donald Trump tornou-se ontem no primeiro Presidente dos Estados Unidos a entrar em solo da Coreia do Norte, depois de cumprimentar o líder norte-coreano, Kim Jong-un [dropcap]E[/dropcap]ste foi o terceiro encontro entre os presidentes dos dois países, depois da cimeira histórica de Singapura em Junho de 2018 e o encontro de Hanói em Fevereiro passado. “É um grande dia para o mundo”, disse Donald Trump depois de ter cumprimentado Kim Jong-un, cerca das 15:50 locais (14:50 em Macau). O Presidente norte-coreano afirmou que espera “ultrapassar as barreiras” graças às ligações com Donald Trump. O encontro não será suficiente para solucionar o delicado ‘dossier’ nuclear norte-coreano, mas é simbólico para os dois países, que antes se ameaçavam de aniquilação mutuamente. Este encontro, que ocorreu na vila de Panmunjon, onde foi assinado o armistício (entre as duas coreias) de 1953, “significa que queremos pôr termo a um passado infeliz e tentar criar um novo futuro”, afirmou ainda o Presidente norte-americano antes de uma reunião privada com o homólogo norte-coreano. Donald Trump disse ainda que vai convidar o líder norte-coreano, Kim Jong-un, a visitar Washington “no momento certo”. “Vou convidá-lo agora mesmo à Casa Branca”, afirmou Trump, depois de se encontrar com Kim na fronteira entre as coreias e momentos antes de ambos iniciarem uma reunião privada junto da linha divisória e da zona desmilitarizada (DMZ). O Presidente dos Estados Unidos afirmou também que os dois países vão iniciar reuniões de trabalho “nas próximas três semanas” sobre o processo de desnuclearização. “O que vai acontecer é que nas próximas duas ou três semanas as equipas vão começar a trabalhar”, disse Trump, depois de concluir o encontro à porta fechada com Kim Jong-un, na fronteira entre as Coreias e que durou cerca de 50 minutos. Apesar deste passo, o Presidente norte-americano disse que as actuais sanções à Coreia do Norte vão continuar em vigor. Comitiva familiar Antes de deixar solo sul-coreano, Donald Trump disparou as habituais críticas à Administração Obama e contra os meios de comunicação social, enquanto o Presidente Moon Jae-in se manteve em silêncio. O Presidente norte-americano agradeceu a Kim Jong-un a gentileza de o ter salvo das críticas dos jornalistas presentes e categorizou as relações com Pyongyang com a Administração Obama como “desastrosas”. Porém, o alvo preferencial de Trump antes de entrar na zona desmilitarizada foram os jornalistas. “Se ele decidisse não aparecer, vocês iriam atacar-me fortemente. Quero agradecer-lhe [a Kim Jong-un] por ter sido tão rápido em proporcionar este encontro. Movemos montanhas”, disse Trump, antes de entrar na zona desmilitarizada. Entre a comitiva norte-americana estiveram Ivanka Trump e o seu marido Jared Kushner. Assim que o casal saiu de uma das casas que estão ao longo da linha de demarcação, uma jornalista da Bloomberg perguntou à filha do Presidente norte-americano como tinha sido entrar na Coreia do Norte. “Surreal” foi a resposta de Ivanka Trump.
Cimeira do G20 termina com apoio ao comércio livre e crescimento económico Hoje Macau - 1 Jul 2019 [dropcap]O[/dropcap]s países do G20 concluíram no sábado a cimeira daquele grupo com uma declaração de apoio “aos fundamentos do livre comércio” e ao “crescimento económico”, com as tensões globais como pano de fundo, segundo o Japão, que recebeu a reunião. Os líderes do G20 “concordaram na sua determinação em favorecer o crescimento económico” e mostraram “ansiedade e descontentamento no contexto da globalização” e pelo “sistema comercial global”, afirmou o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, numa conferência de imprensa no final da reunião de dois dias. O grupo “foi capaz de reafirmar os fundamentos do livre comércio”, segundo Abe, que sublinhou em particular o apoio do G20 a “alcançar mercados abertos, livres e não discriminatórios” e “um terreno de jogo justo”. “É difícil encontrar uma solução para tantos desafios globais de uma só vez, mas conseguimos mostrar uma vontade comum em muitas áreas”, afirmou o primeiro-ministro nipónico. Os mandatários também reconheceram os “claros riscos da desaceleração da economia global”, segundo Abe, adiantando que os países do G20 “estiveram de acordo na sua determinação em favorecer o crescimento económico” e “reformar a Organização Mundial do Comércio (OMC)”. O comunicado final acordado pelos líderes do G20 sublinha “a intensificação das tensões geopolíticas e comerciais”, mas no texto não se inclui qualquer menção ao auge do proteccionismo, no actual contexto de conflitos comerciais entre os Estados unidos e a China e outros países. “O crescimento global parece estar a estabilizar-se, e em geral espera-se um crescimento moderado mais à frente este ano e em 2020”, sublinha a declaração conjunta do G20, que também se compromete a “enfrentar os riscos” derivados das tensões anteriormente mencionadas e a “empreender mais acções” se for necessário. Entretanto, 19 dos 20 membros do G20 – sem os Estados Unidos – reafirmaram em Osaka o compromisso da “implementação completa” do acordo assinado em 2015 em Paris sobre a luta contra o aquecimento global. Os signatários concordam na “irreversibilidade” deste acordo, numa declaração final redigida em termos similares aos publicados no final do G20 no ano passado mas obtido com dificuldade devido à oposição de Washington.
Hong Kong | HRW quer confrontos entre polícia e manifestantes investigados Hoje Macau - 1 Jul 2019 A Human Rights Watch defendeu que Hong Kong crie de imediato uma comissão independente para investigar o alegado uso excessivo de força pela polícia a 12 de Junho, quando confrontos com manifestantes causaram pelo menos 80 feridos [dropcap]E[/dropcap]mbora a polícia tenha a responsabilidade de fornecer segurança pública, tem de obedecer a critérios de direitos humanos no uso da força”, afirmou a directora para a China da organização Human Rights Watch (HRW), Sophie Richardson. “O uso bem documentado pela polícia de Hong Kong de força excessiva contra manifestantes pacíficos exige urgentemente uma investigação totalmente independente”, considerou, numa carta enviada na sexta-feira à chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam. No dia 12 de Junho passado, milhares de manifestantes reuniram-se junto ao Conselho Legislativo de Hong Kong para protestar contra a lei da extradição, formando barricadas para impedir qualquer acção policial. Junto ao parlamento, os manifestantes – a maioria dos quais com máscaras ou lenços a cobrir a quase totalidade da cara – gritavam palavras de ordem como “Não à China!” e “Precisamos de democracia!”. O protesto visou pressionar o Governo a recuar na intenção de avançar com alterações à lei da extradição, que permitiriam a extradição de suspeitos para países que não têm acordo com Hong Kong, como é o caso da China continental. A polícia de Hong Kong acabou por carregar sobre os manifestantes, numa das zonas de acesso ao Conselho Legislativo local, lançou também gás pimenta para obrigar os manifestantes a dispersar. À carga policial, os manifestantes tentaram travar o avanço da polícia com grades, mas a esmagadora maioria colocou as mãos no ar. Outros começaram a distribuir máscaras de protecção contra o gás pimenta. Reputação em jogo O Governo de Hong Kong opôs-se a pedidos públicos para uma investigação completa sobre a resposta da polícia ao protesto que, segundo o Hospital de Hong Kong, provocou 81 feridos. “A reputação das autoridades de Hong Kong está em jogo, não apenas por promover uma legislação profundamente impopular, mas também pelo tratamento dado aos manifestantes”, alertou Sophie Richardson. “Criar uma comissão independente de inquérito – que defenda as obrigações de direitos humanos de Hong Kong – pode ajudar a restaurar alguma credibilidade”, concluiu.
Festival | Cinema premiado da China e dos PLP estreia esta quinta-feira Raquel Moz - 1 Jul 2019 Vêm aí duas semanas de filmes premiados, em língua chinesa e portuguesa. Dezoito longas-metragens, três curtas e seis pequenas animações, compõem o ciclo de cinema que, de 4 a 17 de Julho, pode ser visto em Macau [dropcap]O[/dropcap] Festival de Cinema entre a China e os PLP está prestes a iniciar a segunda edição, com mais de 20 filmes em cartaz no Centro Cultural de Macau (CCM) e na Cinemateca Paixão (CP), a partir da próxima quinta-feira, de 4 até 17 de Julho. Organizados em três categorias – “Retrospectiva de Clássicos”, “Nova Visão da China e dos Países de Língua Portuguesa” e “Olá Macau” –, os filmes serão complementados por conversas pré ou pós-projecção, com curadores e convidados, que irão contextualizar as obras de acordo com as diferentes épocas, geografias e culturas apresentadas. Lançado como parte integrante da primeira edição do “Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa” em 2018, o 2º Festival de Cinema arranca este ano com uma versão digitalmente remasterizada da longa-metragem “Primavera Numa Cidade Pequena”, de 1948, uma obra emblemática do cinema chinês pelo poeta e realizador Fei Mu. A sessão conta com uma palestra final, intitulada “A Paisagem Mutante do Cinema Chinês”, apresentada pela curadora convidada Joyce Yang e pela conhecida crítica de cultura e cinema Dai Jinhua, professora de Literatura Comparada e Cultura da Universidade de Pequim. Numa pequena cidade do sul da China, a jovem Yuwen atravessa uma realidade depressiva com o marido doente Liyan, mas a sua vida vai ser perturbada pela visita do antigo amante, Zhichen. Na conversa pós-projecção, “a narratividade urbana do cinema chinês será explorada historicamente, desde a fundação da RPC até ao presente”, pode ler-se no programa do Instituto Cultural (IC). A longa-metragem do realizador chinês Jia Zhangke, “Natureza Morta” (Still Life, 2006), é outro dos destaques do ciclo, vencedor do Leão de Ouro do 63º Festival de Cinema de Veneza. Com o projecto da barragem das Três Gargantas por cenário, no rio Yangtze, o filme segue um mineiro e uma enfermeira de Shanxi, em busca dos respectivos cônjuges na cidade prestes a ser demolida. Thomas Shin, crítico cinematográfico de Hong Kong, falará com o público após a sessão, marcada para 5 de Julho, às 19h30. “A Caminho de casa” (Getting Home, 2007), do realizador chinês Zhang Yang, foi o vencedor do Prémio do Júri Ecuménico (Panorama) do Festival de Cinema de Berlim 2007 e é um filme que narra uma história de viagem com “gente hilariante e incidentes surpreendentes”, a 11 de Julho. “Antônio das Mortes” (The Dragon of Evil Against the Saint Warrior”, 1969), do cineasta brasileiro Glauber Rocha, um dos pais do chamado “Cinema Novo”, passa no dia 12. Trata-se de um antigo western que explora o fenómeno da decadência do “coronelismo”, naquela época conturbada do país, tendo Glauber Rocha conseguido o prémio de Melhor Realizador no Festival de Cannes em 1969. Mais alguns clássicos, incluídos nesta mostra, são “A Ilha dos Amores” (The Island of Love, 1982), de Paulo Rocha (Portugal, Japão), nomeado para a Palma de Ouro do Festival de Cannes nesse ano, sobre o escritor português Venceslau de Moraes; “Chuveiro” (Shower, 1999), de Zhang Yang (China), que foi prémio da Crítica Internacional (FIPRESCI) no Festival Internacional de Cinema de Toronto; e “Mortu Nega” (Death Denied, 1988), de Flora Gomes (Guiné-Bissau), que daria ao realizador duas menções especiais no Festival de Cinema de Veneza. Passam a 6, 7 e 14 de Julho, respectivamente. Filmes recentes Entre o conjunto de filmes mais recentes, que dão uma visão do que tem sido feito na China e nos Países de Língua Portuguesa (PLP), encontram-se “Âmbar Azul” (Blue Amber, 2018), de Zhou Jie (China), que ganhou o prémio novo talento asiático no Festival de Cinema de Xangai; e “Jinpa” (2018), de Pema Tseden (Tibete, China), que contou com a produção de Wong Kar-Wai e venceu o Melhor Argumento do 75º Festival de Veneza. Os filmes são exibidos a 6 e 7 de Julho. Também a 7 de Julho é projectado “Divino Amor” (Divine Love, 2019), de Gabriel Mascaro (Brasil), que foi nomeado para os Festivais de Sundance e de Berlim de 2019. O filme “Serpentário” (Serpentarius, 2019), de Carlos Conceição (Angola, Portugal), foi nomeado para o último Festival de Cinema de Berlim; “Cão Ladrando à Lua” (A Dog Barking at the Moon, 2019), de Xiang Zi, venceu de um Teddy Award, prémio especial do júri do 69º Festival de Berlim; e “Adeus, Meu Filho” (So Long, My Son, 2019), de Wang Xiaoshuai (China), arrebatou dois Ursos de Prata – Melhor Actor e Melhor Actriz – no último Festival de Berlim 2019. Os três filmes passam a 10, 13 e 14 de Julho. Cinema de Macau As longas de Macau chegam à tela nos dias 9, 10, 11 e 13 de Julho, dando oportunidade ao público de rever “Irmãs” (Sisterhood, 2016), da realizadora Tracy Choi; “O Amor é Frio” (Love is Cold, 2016), de Fei Ho; “Chuva Passageira” (Passing Rain, 2017), de Ka Keong Chan; e “Hotel Império” (Empire Hotel, 2018), de Ivo M. Ferreira, uma co-produção entre Portugal e Macau. Numa única sessão de curtas locais, a 16 de Julho, vai ser possível assistir aos filmes “Geração Ressaca” (The Age of Hangover, 2017), de Mike Ieong; “Ilegais” (Ilegalist, 2017), de Penny Lam; e “G.D.P.” (Grandma’s Dangerous Project, 2018), de Peeko Wong. A sessão tem 106 minutos. Filmes de animação também fazem parte deste Festival. No dia 13 de Julho, sábado às 15h, os mais pequenos vão poder ver numa sessão única, de 37 minutos, “O Almoço de Meu Pai” (My Father’s Lunch), de Jason Pun; “O Farol” (The Lighthouse), de Jay Lei; “Céu Estrelado” (Starry Sky), de Zue Ku; “Pundusina”, de Ka Choi Lou; “Delicioso” (Delicious), de Su Kei Lam; e “O Coelho e o Crocodilo” (Rabbit Meets Crocodile), de Kin Hang Sam. As obras, de 2018 e 2019, são assinadas por realizadores locais. O filme de encerramento é uma recente produção nacional, que fez parte dos nomeados para os Festivais Mar del Plata 2018 e Berlim 2019. “A Portuguesa” (The Portuguese Woman, 2018), de Rita Azevedo Gomes, é uma adaptação do romance do austríaco Robert Musil para um drama de época, passado no século XVI, sobre a história de uma mulher lusa que vive com o marido aristocrata no norte de Itália, até que este decide partir para a guerra. Esta sessão, a 17 de Julho às 19h30, termina o ciclo de duas semanas que passa na Cinemateca Paixão. Os filmes de abertura e de encerramento são exibidos no pequeno auditório do CCM. Os bilhetes custam 60 patacas, com diversos descontos, e já se encontram à venda.
Guerra comercial sem impacto nas licenças de jogo, diz cônsul dos EUA Hoje Macau - 1 Jul 2019 [dropcap]A[/dropcap] guerra comercial que se vive entre os Estados Unidos da América e a China não terá impacto na indústria do jogo de Macau, não comprometendo a atribuição de licenças em 2022. A ideia foi defendida pelo cônsul-geral dos Estados Unidos para Hong Kong e Macau, Kurt Tong, à Rádio Macau. “A minha expectativa é a de que as pessoas que vão tomar as decisões em 2022 o façam com base unicamente nos investimentos que poderão ser feitos. O que quero dizer é que espero que o processo seja transparente”, disse me entrevista à mesma fonte. A certeza advém das “garantias de toda a gente em Macau de que o processo vai ser justo e transparente”. Neste sentido, “quem procura fazer negócios aqui vai tomar a sua decisão com base no retorno que esperam obter dos investimentos e as pessoas que vão atribuir as licenças vão olhar para o desempenho passado, perspectivas futuras e tomar decisões racionais”, acrescentou. Como tal, Kurt Tong considera que “o processo não vai, de todo, ser afectado pelas negociações entre Washington e Pequim”. O diplomata reconhece que Pequim tem uma palavra a dizer, mas insiste que o que importa é que o processo seja transparente. “O Governo Central tem um interesse legítimo na forma como Macau se desenvolve e certamente vai interessar-se pelo assunto, mas espero que tudo seja feito de forma transparente e que esteja focado, em primeiro lugar, no desenvolvimento da indústria e da economia”, referiu. Kurt Tong está de saída, deixando o cargo de cônsul-geral dos Estados Unidos para Hong Kong e Macau ao fim de três anos.
Vistos Gold | Sócio de Stanley Ho ligado a alegada burla na compra de armazéns Andreia Sofia Silva - 1 Jul 2019 O Ministério Público português está a investigar um alegado caso de burla na compra de armazéns em troca de vistos gold. Investidores chineses pagaram milhões por lojas, mas perceberam mais tarde que compraram armazéns. Choi Man Hin, sócio de Stanley Ho, está por detrás deste negócio, bem como um escritório de advocacia com ligações a Macau. O advogado Rui Cunha nega qualquer envolvimento no caso [dropcap]O[/dropcap] diário português Público noticiou este sábado que o Ministério Público (MP) em Portugal está a investigar uma suspeita de alegada burla que envolve a compra de armazéns em troca da atribuição de vistos gold. Os investidores chineses queriam adquirir lojas, mas perceberam mais tarde que tinham comprado armazéns à POAO II – Investimentos Imobiliários, que tem como um dos sócios-gerentes Choi Man Hin, sócio de Stanley Ho e presidente do conselho de administração do Grupo Estoril Sol, que opera casinos em Portugal. Oito investidores apresentaram queixa às autoridades por se sentirem alvos de burla e especulação dos valores pagos pelos armazéns que, na verdade, não pretendiam comprar. “O MP está a investigar os contornos que envolveram a construção do Centro POAO, o megacentro comercial chinês grossista no Porto Alto, Samora Correia, concelho de Benavente, que foi anunciado em 2016 como um investimento de 40 milhões de euros”, lê-se no jornal, que escreve ainda que muitos dos que investiram não receberam o visto gold como prometido. Jin Wenjun, uma das investidoras, disse ao Público que, nos contratos, “em português está escrito armazém, mas em chinês está loja”, adiantando que “jamais compraria um armazém”. Esta disse ainda que “acreditava estar a comprar ‘duas lojas num conceituado centro comercial perto de Lisboa por mais de 551 mil euros’ e não ‘dois armazéns num centro grossista, onde só podem ir lojistas e que, neste momento, parece um local-fantasma, porque são poucos os armazéns ocupados’”. Rui Cunha nega envolvimento As queixas foram apresentadas contra a POAO II – Investimentos Imobiliários, os seus sócios e gerentes, os advogados que a representam, Rui Cunha, Glória e Associados, assim como a tradutora. Numa oferta de emprego online, o escritório de advocacia em causa afirma servir de “ponte entre a RAEM e Portugal, através da assessoria jurídica de clientes que pretendam estabelecer negócios em Portugal”. Ao HM, o advogado Rui Cunha, que em Macau detém o escritório de advocacia C&C, garantiu nada ter a ver com este caso. “Não tenho dados do escritório nem do que terá sido publicado. Pessoalmente, nada tenho a ver com esse assunto e com essas pessoas”, disse. Glória Ribeiro, advogada, também não quis fazer comentários ao Público. A empresa do sócio de Stanley Ho prometeu aos investidores arrendar os armazéns a um valor de quase 14.000 patacas mensais durante cinco anos, sendo que depois iriam comprar esses mesmos armazéns pelo valor de aquisição. Uma das queixosas teme não ver o investimento de volta, uma vez que a POAO II está com um pedido de insolvência em tribunal desde 2017. O jornal aponta que, depois da compra dos armazéns, “a POAO II contraía empréstimos e hipotecava as fracções que já estavam vendidas.” Segundo o Público, os contratos com hipoteca para a concessão de crédito “não eram do conhecimento dos compradores, que nunca deram o seu consentimento de forma a que aqueles bens servissem como garantia”.
Saúde | Centro médico fecha devido a suspeita de irregularidades Hoje Macau - 1 Jul 2019 [dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Saúde suspenderam a actividade de um centro médico situado no NAPE por um período de 30 dias. Em causa está a suspeita de prática ilegal de actos médicos, administração de medicamentos não autorizada e ampliação de estruturas não licenciadas, apontam em os serviços em comunicado. A medida foi tomada após inspecção, realizada na passada quinta-feira, em que foi detectado um “stock de medicamentos suspeitos de importação ilegal, incluindo injecção de timosina, injecção de placenta, injecção de hormonas de crescimento, injecção de andrógeno e 93 doses de injecção de glutationa “somente para uso hospitalar”, assim como dois tipos de vacinas (dez vacinas contra o pneumococo e cinco vacinas contra o cancro do colo do útero)”, apontam os SS. Os trabalhadores do centro também alegaram que médicos não registados em Macau têm prestado serviços de diagnóstico e prescrição de medicamentos a pacientes que ali vão diariamente. Por outro lado, os compartimentos do centro médico também não estavam em conformidade com o projecto aprovado, nomeadamente no que diz respeito a “uma expansão significativa do local para outra fracção autónoma”.
Director e jornalista da WMG “absolvidos” do crime de calúnia e publicidade João Santos Filipe - 1 Jul 2019 O TJB deu como provado que os arguidos não estavam em Macau entre 28 e 29 de Janeiro de 2016 quando o artigo da polémica foi escrito e editado. Também o facto de não haver uma condenação no exterior contribuiu para que o processo fosse extinto [dropcap]A[/dropcap]ndrew Scott, director-executivo da empresa O Media, que detém a revista especializada em jogo World Gaming Magazine (WGM), e Ben Blaschkle, jornalista da publicação, foram absolvidos num processo em que eram acusados dos crimes de publicidade e calúnia. De acordo com o Tribunal Judicial de Base (TJB), não ficou provado que os dois arguidos estavam em Macau quando foi publicado um artigo no portal da revista sobre a empresa Ho Tram Project Company. Como tal, as leis que os poderiam condenar em Macau não se podem aplicar. De acordo com o artigo publicado no portal da revista a 28 de Janeiro de 2016, e corrigido no dia seguinte, teria havido um acidente de viação com trabalhadores da Ho Tram, no Vietname. Deste acidente teria resultado a morte de três operários, entre eles uma mulher grávida. No dia seguinte, a revista corrigiu a informação e relatou que afinal só tinha morrido uma pessoa. Face à acusação, o Tribunal considerou, na sexta-feira, que “não se provou que os arguidos estivessem em Macau” nos dias em causa, pelo que as leis de Macau não se podem aplicar. O facto de a acusação não ter focado a revista World Gaming Magazine, que está registada na RAEM, contribuiu igualmente para que a publicação não tivesse de assumir as responsabilidades, assim como também contribuiu a ausência de uma condenação fora da RAEM, numa jurisdição onde um dos dois estivesse. No entanto, a juíza do processo deixou reparos ao artigo, em si, e considerou que caso fosse possível aplicar as leis de Macau que o resultado seria diferente. “O artigo pode levar as pessoas ao erro e a considerarem que há uma ligação entre a administração da empresa e o acidente, o que é susceptível de transmitir uma imagem negativa”, foi dito durante a leitura da sentença. “Há dolo eventual”, acrescentou a magistrada. Ainda na avaliação das provas, a juíza desvalorizou um email apresentado pela defesa, que seria correspondência interna da Ho Tram, e que poderia provar dolo no transporte dos trabalhadores. Isto porque o jornalista optou por proteger a sua fonte e não revelou o enderenço electrónico do correspondente. Scott feliz No final do julgamento, Andrew Scott mostrou-se satisfeito com o desfecho. “Estou muito feliz com a decisão. O tribunal considerou que não havia nada que justificasse uma resposta do ponto de vista criminal”, disse, ao HM. “Estamos felizes que o caso esteja terminado e que possamos seguir em frente”, acrescentou. Em relação aos reparos feitos pela juíza, o director da publicação preferiu não comentar, por considerar que são assuntos do Direito, que não domina. “Não vou entrar nas tecnicidades da decisão, porque não sou um advogado. O que posso dizer é que saio do tribunal como um homem livre e estou feliz com esta decisão. É o que importa para mim”, sublinhou. O director fez ainda questão de afirmar que a revista actuou sempre de boa-fé ao longo do processo e que corrigiu a informação errada. Por sua vez, a advogada da Ho Tram Project Company, Sofia Nunes, estranhou a decisão e frisou que a responsabilidade criminal ficou provada. “Foram dados como provados os factos e a responsabilidade criminal. A única razão que o tribunal considerou para a extinção do processo é o caso de ser um artigo publicado online. Os tribunais de Macau não terão competência [nessas situações]”, defendeu, em declarações ao HM. “Estranho a decisão porque há aí uma fuga. Qualquer pessoa que publique um artigo online no portal de uma revista e que não se encontre em Macau será desresponsabilizada”, apontou. Ainda quanto à decisão judicial, Sofia Nunes admitiu que tenha pesado a ausência do território dos arguidos, na altura da publicação e, depois, da correcção. A decisão vai agora ser analisada com o cliente para se decidir se será interposto recurso. A contestação para o Tribunal de Segunda Instância tem de ser apresentada num prazo de 20 dias.
Fórum Macau | Xu Yingzhen reconhece que organismo precisa de mais projecção Hoje Macau - 1 Jul 2019 O Fórum Macau precisa de projecção. Quem o diz é a secretária-geral, Xu Yingzhen, que admite que só assim poderá servir melhor as relações comerciais entre a China e os países de língua portuguesa. Entretanto, o mais recente país a entrar no Fórum Macau, São Tomé e Príncipe, é anfitrião de mais um encontro do organismo [dropcap]A[/dropcap] secretária-geral do Fórum Macau, Xu Yingzhen, reconheceu, em entrevista à Lusa, a necessidade de maior projecção e melhores canais de informação para “servir melhor” as relações comerciais entre a China e os países lusófonos. Apesar de sublinhar os esforços feitos nos últimos anos, Yingzhen disse que o Fórum, criado em 2003, ainda “precisa de chegar a mais pessoas” para “servir melhor a cooperação e implementar mais resultados” concretos. “Através de vários canais de divulgação, podemos dar maior conhecimento ao mundo exterior deste Fórum de Macau”, reconheceu a secretária-geral, sublinhando que as crescentes deslocações às províncias do interior da China têm sido promovidas com esse objectivo. Encontro especial Entretanto, o encontro empresarial que se vai realizar a 8 e 9 de Julho em São Tomé e Príncipe – o último país a aderir ao Fórum Macau, em 2017, meses depois de cortar relações diplomáticas com Taiwan – é, na sua opinião, uma oportunidade para aumentar a eficácia do Fórum. “Acho que podemos, através destes encontros, nomeadamente este primeiro encontro que se vai realizar em São Tomé, promover um maior conhecimento entre as empresas da China e os países de língua portuguesa”, disse. Sem adiantar muitos detalhes sobre o 14.º Encontro Empresarial China-Países de Língua Portuguesa, o primeiro realizado naquele país africano, Yingzhen enalteceu “a importância” do evento. “É um país que aderiu um bocadinho tarde ao Fórum Macau, por isso a realização deste encontro empresarial chama muito à atenção. O secretariado permanente dá enorme atenção e importância a este encontro”, afirmou. Participam neste 14.º Encontro Empresarial delegações de empresários dos países lusófonos, instituições públicas de promoção de comércio e de investimento e ainda empresários de municípios e províncias do interior da China, adiantou Xu Yingzhen. Já sobre a possível adesão da Guiné Equatorial, Xu Yingzhen não afastou a hipótese. “O nosso fórum é uma plataforma aberta, se a Guiné Equatorial quiser aderir pode apresentar um pedido de adesão”, disse, escusando-se a debater o assunto. De olho na Baía Para Xu Yingzhen, outra grande oportunidade de promoção do Fórum surge com a Grande Baía, o projecto de Pequim para criar uma metrópole a nível mundial, que junta as regiões administrativas especiais de Macau e de Hong Kong e nove cidades chinesas da província de Guangdong (Dongguan, Foshan, Cantão, Huizhou, Jiangmen, Shenzhen, Zhaoqing, Zhongshan e Zhuhai). “Nas linhas gerais do planeamento para a Grande Baía, consta claramente o posicionamento de Macau enquanto plataforma de serviços”, o que obriga o Fórum a “envidar mais esforços para desempenhar o papel do Governo” neste projecto, acrescentou. O projecto de Pequim prevê igualmente a construção de um corredor tecnológico e “Macau pode desempenhar um papel importante neste aspecto, nomeadamente na área da medicina tradicional chinesa”, elencou. A estratégia de promover a medicina tradicional chinesa nos países lusófonos, utilizando Portugal como porta de entrada para a Europa, e Angola e Moçambique para África, é encarada como um dos eixos centrais de actuação para 2019 pelas autoridades de Macau. “Na conjuntura do desenvolvimento da Grande Baía, Macau pode desempenhar um papel mais importante” enquanto plataforma, assumiu. Bendita peste A secretária-geral do Fórum Macau considerou ainda que a crise de peste suína na China pode beneficiar a produção agropecuária brasileira, reforçando as relações comerciais entre os dois países. “A peste suína aumentou a necessidade de importação, o que pressupõe oportunidades alargadas para os países exportadores de carne de porco, como o Brasil”, disse Xu Yingzhen. As importações de carne suína da China dispararam em Maio, numa altura em que o gigante asiático está a ser afectado por uma peste suína que está a ter efeitos inflacionários a nível mundial. “A expectativa é grande, até porque temos observado que a relação entre a China e o Brasil está num caminho de crescimento constante”, destacou Xu Yingzhen. As exportações do Brasil parecem beneficiar também das tensões diplomáticas com o Canadá: Pequim bloqueou recentemente o mercado a três exportadores canadianos, numa altura de tensões com Otava devido à detenção de uma executiva da Huawei. Questionada sobre a área em que o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau) mais intervém na relação entre os dois países, Xu Yingzhen não hesitou a apontar o empreendedorismo. “No futuro, achamos que a cooperação entre a China e o Brasil vai focar-se no âmbito do empreendedorismo e da inovação entre jovens empresários”, afirmou.
APN | Kevin Ho substitui Ho Iat Seng depois de falhar eleições de 2017 Andreia Sofia Silva - 1 Jul 2019 Kevin Ho, sobrinho de Edmund Ho e vice-presidente do grupo Global Media, foi nomeado delegado de Macau à Assembleia Popular Nacional, em substituição de Ho Iat Seng, que se candidata a Chefe do Executivo. Em Portugal, o grupo Global Media está na mira do Sindicato dos Jornalistas por não pagar a trabalhadores nem dar explicações [dropcap]K[/dropcap]evin Ho, empresário e vice-presidente de um dos maiores grupos de media em Portugal, foi nomeado delegado de Macau à Assembleia Popular Nacional (APN) da China, noticiou sábado o semanário Plataforma. O empresário substitui, naquele que é o mais alto órgão consultivo político chinês, Ho Iat Seng, que se demitiu do cargo após ter anunciado a candidatura a chefe do Governo de Macau, cujas eleições estão agendadas para 25 de Agosto. “Estou extremamente honrado e o meu empenho em servir Macau e a China sai reforçado”, disse ao Plataforma o vice-presidente do conselho de administração da Global Media Group, que detém títulos como o Jornal de Notícias, TSF, O Jogo, Diário de Notícias, Dinheiro Vivo e também o Plataforma Media. Kevin Ho é presidente da KNJ Investment Limited, empresa que detém 30 por cento do capital do Global Media Group. Já em 2017, Kevin Ho foi candidato nas eleições para a escolha dos membros deste órgão político da China. Dessa vez, Ho Iat Seng seria eleito com o maior número de votos de todos os candidatos de Macau, com um total de 440, enquanto que Kevin Ho não conseguiu ser eleito, recolhendo apenas 288 votos. Salários por pagar Entretanto, em Portugal, Kevin Ho está a ser acusado pelo Sindicato de Jornalistas (SJ) português de não pagar salários aos trabalhadores do grupo Global Media. De acordo com um comunicado do SJ, emitido na sexta-feira, não só estão por pagar salários do mês de Junho como não foram dadas explicações por parte dos membros do conselho de administração do grupo Global Media. “A administração do Global Media Group tem ignorado os trabalhadores, recusando-se a prestar esclarecimentos quer ao SJ quer aos delegados sindicais sobre a degradação financeira das empresas de comunicação social que detém. Ao mesmo tempo, e pela primeira vez, os salários de Junho não foram pagos no penúltimo/último dia útil do mês (consoante os bancos), como é habitual há anos”, lê-se. Nesse sentido, o SJ lamenta que, “mais uma vez, a administração opte por ignorar os funcionários do universo do grupo”, uma postura que “já não é nova”, uma vez que “o SJ e os delegados sindicais de JN, DN, TSF e O Jogo têm vindo a solicitar reuniões com a administração desde o início de Janeiro, face às notícias de estar a ser preparada uma reestruturação, que poderia implicar o despedimento de 100 a 200 trabalhadores. Nunca obteve resposta”. O SJ também pediu “reuniões na sequência do agravamento de problemas de tesouraria, que levaram a atrasos no pagamento aos colaboradores, desde Novembro passado. Nunca chegou uma resposta”. O mesmo comunicado dá conta que “a situação financeira do Grupo Global Media está a deteriorar-se”, acusando os gestores da Global Media de “falta de ética ao ignorar quem trabalha no grupo, não respondendo aos emails enviados nomeadamente um abaixo-assinado de 234 trabalhadores solicitando uma reunião entre a administração e os delegados sindicais de JN, DN, TSF e O Jogo”. Na última visita do Chefe do Executivo, Chui Sai On, a Portugal, Kevin Ho foi questionado sobre o projecto de reestruturação do grupo de media, mas poucos esclarecimentos foram dados. “Não se trata apenas de despedimentos ou de recursos humanos, mas é algo que tem a ver com a reestruturação de todo o grupo. Todas as empresas vão passar por fases de reestruturação e há necessidades de mudança em todas elas. O processo de restauração ainda está a decorrer. Não se foquem no número de pessoas que vamos despedir, talvez até venhamos a contratar mais”, disse, à margem de um evento de apresentação dos seus investimentos na cidade do Porto.
Steven Siu anunciou intenção de se candidatar a Chefe do Executivo Sofia Margarida Mota - 1 Jul 20191 Jul 2019 Gerir o equilíbrio entre os interesses da população e os de Pequim é o trabalho do Chefe do Executivo, segundo Steven Siu que se apresentou como o novo candidato ao cargo. O anúncio da potencial candidatura foi feito no sábado [dropcap]T[/dropcap]em 73 anos, é cônsul honorário da Papua Nova Guiné em Macau, e o quinto candidato a Chefe do Executivo. Steven Siu apresentou a intenção de avançar para a corrida ao mais alto cargo do Governo em conferência de imprensa no passado sábado. Nascido e criado em Macau, o diplomata avançou para a candidatura motivado por amigos e quer trazer a Macau novas perspectivas. Siu afirma-se como um oficial diplomático e acredita que se o território continuar a ser governado por empresários, à semelhança do que tem acontecido, vai enfraquecer e perder competitividade no panorama internacional. Como tal, o objectivo de Siu é trazer “um novo olhar para Macau”. O candidato mostrou-se confiante de que vai reunir os 66 votos dos membros do colégio eleitoral necessários para que a sua candidatura seja considerada. Para já, Siu está certo de que 30 membros o vão apoiar. Quanto aos restantes, a ideia é trabalhar para obter os apoios necessários. Promessas concretas Steven Siu pretende um salto na área da economia para Macau. De acordo com o diplomata, a estrutura económica local “é muito simples” e precisa de ser desenvolvida. As sugestões passam pela criação de uma bolsa de valores e a construção de um polo de comércio de ouro que abranja Macau e a Ilha da Montanha. A ampliação de horizontes é também um objectivo que o novo candidato pretende implementar junto das camadas mais jovens. De acordo com o candidato, actualmente, grande parte da juventude de Macau tem apenas em vista os empregos proporcionados pelos casinos, o que faz com que uma larga faixa populacional acabe por não seguir o ensino superior. Para o novo candidato, a tendência precisa ser atenuada. Sobre medidas neste sentido, Steven Siu aponta a promoção e incentivo à continuidade dos estudos, especialmente no estrangeiro. O objectivo é fazer com que os mais novos tenham uma visão mais internacional e que sejam capazes de a aplicar ao território. Ainda ligada à área do ensino, o diplomata apoia a criação de um novo curso universitário ligado aos pilares do pensamento chinês, como um curso de cultura do confucionismo, budismo e taoismo. Pátria em primeiro lugar Os objectivos de Siu dividem-se em dois grandes grupos. Por um lado, um conjunto de políticas que tenham em vista melhorar as condições de vida e de bem-estar da população. Por outro, a absoluta obediência à liderança de Pequim, porque “o interesse nacional está acima de tudo”. Neste sentido, cabe ao Chefe do Executivo agir enquanto gestor de uma empresa, que deve saber lidar com os interesses da população tendo em conta que quem manda é Pequim.
Carta entregue ao CCAC denuncia irregularidades de Mi Jian Sofia Margarida Mota e João Santos Filipe - 1 Jul 2019 Uma carta entregue ao CCAC por funcionários da Direcção de Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional acusa o responsável do organismo, Mi Jian, de uma série de irregularidades. Contratação de familiares, pesquisas encomendadas a conhecidos, gasto privado de fundos públicos e mesmo fumar onde é proibido são algumas das queixas apresentadas [dropcap]O[/dropcap] director da Direcção de Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional, (DSEPDR) Mi Jian foi alvo de denúncia ao Comissariado Contra a Corrupção (CCAC). A missiva entregue por funcionários do organismo apela a uma investigação a Mi Jian. Na carta dirigida ao CCAC, assinada por funcionários da DSEPDR, as acusações a Mi Jian têm início com a denúncia de contratações à margem do sistema de recrutamento central com o objectivo de beneficiar estudantes de doutoramento e familiares, de acordo com a informação divulgada no sábado pelo canal noticioso All About Macau. Segundo a mesma fonte, Mi Jian terá promovido vários recrutamentos dentro de “um pequeno círculo”. Algumas destas contratações foram para cargos de direcção. De acordo com os funcionários da DSEPDR, as opções do dirigente são retaliações contra trabalhadores locais, salientando ainda que o director procedeu à suspensão de dois cargos de chefia para dar lugar a profissionais oriundos do continente. Em causa estão os cargos de Director de Pesquisa de Políticas e de Director do Departamento de Publicidade e Promoção. Os trabalhadores acrescentam ainda que não estão contra a contratação de não residentes, mas não admitem que esta seja feita sem mérito, como alegam ser o caso. Para estes funcionários, muitos dos cargos da DSEPDR estão a ser desempenhados por “alunos de doutoramento incapazes”. Outro dedo apontado ao responsável está relacionado com o seu comportamento em relação ao Chefe do Executivo, Chui Sai On, e a outros governantes e titulares de altos cargos na estrutura da administração do território. Os funcionários afirmam que Mi Jian tem “duas caras” e que “à frente” dos governantes demonstra respeito e “por detrás” os ridiculariza, chamando-os de “estúpidos”. Dinheiro mal contado Além destes comportamentos inadequados, o director é ainda acusado de fazer uso dos dinheiros públicos para usufruto privado. Em causa está o subsídio de 20 mil patacas que recebe para alugar casa em Macau, gasto num apartamento de luxo, quando é proprietário de um outro apartamento em Zhuhai. Por outro lado, Mi Jian terá também encomendado estudos a “amigos” para o organismo com a adjudicação de pesquisas a “pessoas do continente que não sabem nada de Macau”. Como tal, “os resultados adquiridos estão afastados da situação real do território”, aponta a missiva. Segundo os funcionários, trata-se de “um grande desperdício de fundos públicos”. Outros aspectos como a realização de viagens a França e ao Dubai sem qualquer objectivo profissional são também denunciados. O desrespeito pela lei de controlo e prevenção do tabagismo é outro ponto de destaque. Mi Jian é acusado de fumar em locais proibidos, nomeadamente no seu gabinete. Os funcionários referem que já fizeram queixa aos Serviços de Saúde, sem tenha sido prestada qualquer resposta. Para os trabalhadores, trata-se não só de desrespeito pela legislação, como pelos funcionários porque o fumo de tabaco se espalha aos vários compartimentos da DSEPDR. Recorde-se que o antigo chefe do Gabinete de Estudo das Políticas do Governo é o primeiro director da nova Direcção de Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional desde Setembro do ano passado, altura em que foi nomeado para o cargo por Chui Sai On. O CCAC confirmou a recepção da missiva e garantiu que vai dar seguimento ao caso de acordo com os procedimentos habituais.
Castigo leve da FIFA não esconde divisão no futebol de Macau João Santos Filipe - 1 Jul 20191 Jul 2019 A punição do organismo que tutela o futebol é vista como leve pelo sector. Porém, o processo e a decisão da Associação de Futebol de Macau de não participar no encontro com o Sri Lanka deixou feridas profundas. Entre os clubes contactados pelo HM, não houve um único que defendesse a forma de actuar da AFM [dropcap]O[/dropcap] facto de Macau ter recusado jogar diante do Sri Lanka, em partida de Qualificação para o Mundial de 2022, no Qatar, levou a FIFA, entidade que tutela a modalidade, a impor uma multa de 10 mil francos suíços, equivalente a 82,5 mil patacas. A falta de comparência foi justificada com motivos de segurança e a FIFA não terá ignorado por completo essas razões, uma vez que a Associação de Futebol de Macau (AFM) foi punida com a pena mínima. No entanto, os argumentos da AFM também não convenceram a FIFA quanto a uma possível repetição do jogo. A selecção de Macau foi punida à luz do artigo 56 do Código de Conduta, que define a multa mínima de 10 mil francos suíços. Este artigo prevê, em conjunto com o artigo 38B, que um jogo, que não se realize por falta de comparência, se devidamente justificada, pode ser repetido. A punição foi ainda tomada tendo em conta o artigo 5 dos regulamentos para o Mundial. Porém, a FIFA não ficou convencida com a argumentação da associação liderada por Chong Coc Veng e impôs uma derrota por 3-0 a Macau. Com esta decisão, o Sri Lanka segue para a fase de grupos de apuramento da AFC para o Mundial. Já a selecção de Macau fica de fora da eliminatória, mas também não sofre outras punições, nem fica impedida de participar em competições futuras, assim como os clubes. Segurança em primeiro Para o presidente da Associação de Futebol de Veteranos, Francisco Manhão, o veredicto da AFC foi correcto, mas a FIFA teria decidido de outra forma, caso estivesse em causa uma selecção com mais importância do que Macau. “Penso que qualquer vida humana é mais importante do que um jogo de futebol. Se o Governo apresenta como justificação a existência de riscos para a segurança, que tem por base a decisão do Gabinete de Gestão de Crises do Turismo [GGCT], que emitiu um alerta, eu aceito”, afirmou Manhão. “Gostava de saber quais são as garantias de segurança que a FIFA dá para que o jogo se realize no Sri Lanka. Não sei. Acha que a protecção dos militares é suficiente para garantir que não há ataques?”, questionou, em declarações ao HM. “Se o pedido para levar o jogo para campo neutro fosse de outra selecção mais forte, como Brasil, Inglaterra ou Alemanha, a decisão tinha sido outra”, acrescentou. Também o treinador Rui Cardoso admite que a AFM tomou a decisão certa, quando coloca o cenário de ser o seu filho, David Fong, que é elegível para a selecção de Macau, a fazer a deslocação. “Estou do lado da AFM pelas questões de segurança. Se eu fosse o treinador do grupo e houvesse riscos, era o primeiro a defender que não se devia ir”, deixa claro. “Se o meu filho estivesse na comitiva, eu pensaria duas vezes. Como familiar, iria ser uma deslocação muito complicada”, reconheceu. Futebol em cacos Segundo o capitão da selecção, a decisão da FIFA acabou por ser mais leve do que o esperado e positiva, no sentido em que permite a selecção e aos clubes continuarem a participar nas competições internacionais. “Sabíamos que a decisão ia sempre passar por uma derrota. Há regras e as consequências que existem são estas”, disse Nicholas Torrão ao HM. “Mas dentro do mal que poderia acontecer, a penalização foi ligeira. Felizmente, foi assim para o futebol de Macau, porque não afecta as selecções nem os clubes. Os erros pagam-se caro, mas tivemos sorte desta vez”, frisou. Contudo, o jogador alerta que o ambiente entre a associação, clubes e jogadores está longe de ser o indicado e que quem fica a perder é a modalidade. Por outro lado, Nicholas Torrão acredita que poderá regressar à selecção, assim como outros atletas, desde que haja um pedido de desculpas da AFM. “Vamos ter de falar muito [sobre o regresso]. Acho que a associação tem um pedido de desculpas a fazer aos jogadores. E também há muitos jogadores que têm de pedir desculpa ao futebol de Macau, porque as acções de protesto [jogo Ka I-Hang Sai] não foram dignas do que queremos mostrar”, opinou. “Há muita discussão por fazer para poder encontrar um rumo certo para todos”, considerou. Ainda sobre a carta assinada por vários atletas que se mostraram indisponíveis para representar a selecção da Flor do Lótus, Nicholas Torrão disse que foi um instrumento de pressão à AFM e que alguns atletas vão regressar e outros vão optar por cumprir o assinado. Imagem prejudicada Ainda no que diz respeito ao desenvolvimento do futebol, mesmo para a selecção, que em Março de 2020 deverá participar na Taça da Solidariedade, Nicholas Torrão diz que a AFM tem de começar a ouvir e a articular-se com os clubes. Na última edição da prova, a equipa de Macau foi finalista derrotada. Mas se o capitão da selecção acha fundamental haver maior entendimento entre associação e clubes, o caminho não parece fácil. Do lado dos clubes são muitas as críticas, não só à forma como o organismo liderado por Chong Coc Veng tomou esta decisão, mas também como ignora os próprios clubes associados. Para o presidente do Monte Carlo, Firmino Mendonça, o castigo, mesmo que seja considerado leve, não deixa de ser o sinal de que o trabalho não foi bem feito. “Acho que a Associação de Futebol de Macau tem de ponderar fazer um trabalho melhor, não pode deixar tudo para a última hora”, começou por dizer Firmino Mendonça, ao HM. “Se a associação se tivesse preparado bem, logo quando houve o incidente, poderia ter resolvido o problema que agora temos. A associação deve ter a noção de que está a prejudicar Macau.”, defendeu. O líder dos canarinhos acusa ainda a AFM de não saber dialogar com os clubes e jogadores. “O diálogo é muito importante entre a associação, os jogadores e os clubes e poderia ter resolvido estas questões. Primeiro, faltou transparência. Segundo, houve falta de diálogo para lidar com os handicaps”, apontou. Falta de explicações Já o director técnico do Benfica de Macau, Duarte Alves, espera que a AFM mostre as comunicações com a FIFA, AFC e Sri Lanka e os documentos relacionados com as seguradoras. O responsável sublinha também que a decisão, mesmo que leve face ao que poderia ser, não deixa de ser uma sanção. “A decisão é um castigo da FIFA. […] Estamos à espera da transparência prometida pela AFM, durante a conferência de imprensa. Até lá, só podemos assumir que não foi feito o máximo possível para que o jogo fosse feito noutro lugar”, afirmou Duarte Alves. O responsável espera ainda que seja divulgada a documentação sobre as comunicações com as seguradoras, porque as informações recolhidas pelo clube indicam que seria possível segurar a viagem. “A informação que temos, e que procurámos sozinhos em seguradoras, era que havia seguradoras que poderiam arranjar seguro para este tipo de viagens. Por isso, queremos ver o que a AFM tem para mostrar”, indicou. O Benfica de Macau tem experiência em deslocações internacionais, uma vez que participou na temporada de 2018 na Taça da AFC e realizou duas deslocações à Coreia do Norte e Taiwan. Por outro lado, Duarte Alves questionou o critério da segurança, quando o mesmo é desvalorizado internamente. “Há dinheiro para pagar a multa e diz-se que é pela segurança dos jogadores. Mas depois não se coloca uma ambulância no estádio”, opinou. “Nesse caso, se acontecer alguma coisa a nível de segurança não há problema, porque dizem que não há fundos. É uma dualidade de critérios”, atirou. Decisão esperada Por sua vez, o Sporting Clube de Macau, através de José Reis, um dos dirigentes, mostrou-se feliz com a decisão, por permitir que clubes e jogadores possam continuar a competir. “A decisão foi a esperada. Por muitos apelos que tenha havido, a FIFA fez aquilo que tinha de fazer. Violaram os regulamentos e a violação implica uma punição”, começou por dizer José Reis ao HM. “Também fico feliz pelo castigo pequeno, porque não acho que um castigo pesado fosse mudar o que quer que fosse para o futebol de Macau. Não acho que uma multa pesada, uma exclusão durante 10 anos, fosse forçar os órgãos dirigentes da associação a perceberem que era altura de mudarem de atitude ou saírem”, sustentou. Para o dirigente, o caso mostra que os órgãos dirigentes da AFM estão agarrados ao poder, independentemente de fazerem um bom ou mau trabalho. “Estão agarrados e não querem sair de lá. Este foi um exemplo. Isto foi muito mau, mas pelos vistos teria de haver uma hecatombe gigantesca. Nem consigo imaginar algo muito pior, para eles perceberem que têm de sair”, opinou. Por outro lado, José Reis apontou ainda que este tipo de situações afectam tremendamente o trabalho dos clubes, em aspectos como os patrocínios. “Quando vamos falar com as pessoas para termos apoio e investir no futebol, estas situações fazem com que não tenhamos o mínimo de credibilidade. As pessoas lêem os jornais e as notícias e sabem em que estado está o futebol”, explicou. “As pessoas que ligam ao futebol estão revoltadas, basta ver o que se passa nas redes sociais, entre as comunidades portuguesa e chinesa”, justificou. Confrontado com a penalização, ontem, Pun Weng Kun, presidente do ID recusou a ideia de o dinheiro para pagar a multa vir dos cofres públicos. Pun afirmou ainda acreditar que a AFM tem capacidade para lidar com os problemas existentes na modalidade. Por outro lado, o presidente do ID referiu a necessidade da AFM melhorar a comunicação com os outros agentes do futebol, devido ao encontro entre Ka I e Hang Sai, que terminou com 39 golos, como forma de protesto. No dia seguinte à divulgação do castigo, o HM entrou em contacto com a AFM, através dos canais disponíveis para a comunicação, mas não foi possível estabelecer a comunicação. Liga alternativa? Face à forma como a AFM tem lidado com os clubes, o cenário de haver uma liga independente formada por algumas equipas não é de todo afastado. Para Benfica de Macau e Sporting de Macau, o cenário não deve ser rejeitado, e até poderá ser visto como a melhor alternativa para o futebol de Macau. Já o Monte Carlo afasta o cenário, porque não acredita que se concretize sem a AFM. Porém, Firmino Mendonça concorda que a AFM está a falhar face ao esforço dos clubes para promover o futebol.
Semanário Plataforma lança três novas marcas em dia de aniversário Hoje Macau - 28 Jun 2019 [dropcap]O[/dropcap] semanário Plataforma de Macau vai lançar três novos projectos, quando cumpre cinco anos, que assinala hoje e sábado com uma conferência, disse ontem à Lusa o administrador. As três novas marcas – Plataforma Grande Baía, Plataforma Azul e Plataforma de Sabores – são lançadas numa altura em que o projecto pretende multiplicar parcerias e estar presente em cada vez mais territórios, explicou Paulo Rego. “Esta conferência assinala o crescimento para a produção de eventos, conjugando-se com o crescimento da diversificação da marca”, que tem reforçado a produção digital e multimédia, disse. Sobre a Plataforma Grande Baía – que entretanto já tem um suplemento quinzenal – Paulo Rego adiantou que o objectivo é fazer ‘roadshows’ e conferências em Macau, no espaço lusófono e na região da Grande Baía, que Pequim quer transformar numa metrópole mundial. “Não é possível hoje pensar em Macau do ponto de vista da comunicação, do ponto de vista do desenvolvimento de modelos económicos e do ponto de vista do ‘network’, sem olhar para a Grande Baía”, o “centro do desenvolvimento de Macau neste momento”, sustentou. Por outro lado, a Plataforma Azul traduz a “extensão do projecto para a sua responsabilidade social”, debatendo a sustentabilidade, as novas oportunidades de negócio e a “questão de a lusofonia ser também ela uma rota marítima”. E porque, no seu entender, a promoção de relações económicas, comerciais e políticas “tem de ter substrato cultural”, a Plataforma de Sabores nasce para “abordar o eixo das trocas culturais a partir da gastronomia”, indicou. “Macau tem uma culinária muito particular, a gastronomia macaense é Património Imaterial da Humanidade, a portuguesa é famosa no mundo inteiro, a brasileira, angolana, a moçambicana…”, sustentou o responsável.
Macau multado pela FIFA e fora da qualificação para o Mundial 2022 Hoje Macau - 28 Jun 2019 [dropcap]M[/dropcap]acau foi ontem multado pelo Comité Disciplinar da FIFA em cerca de nove mil euros, por falhar o jogo da segunda mão da qualificação asiática para o Mundial 2022, agendado para 11 de Junho. A FIFA atribuiu uma derrota a Macau por 3 – 0, no jogo agendado para Colombo, referente à segunda mão da primeira pré-eliminatória do apuramento asiático, e multou a federação de Macau. Na nota ontem publicada na sua página oficial, o Comité Disciplinar da FIFA considera a Federação de Futebol de Macau responsável pela quebra dos artigos 5 e 56 dos regulamentos. O artigo 5 dos regulamentos para Mundiais diz respeito a desistências, jogos não realizados ou abandonados, e o 56 aplica-se ao regulamento disciplinar em jogos não disputados ou abandonados. A situação teve ainda como consequência o apuramento do Sri Lanka, e quando Macau tinha vencido a primeira mão por 1-0, para a fase seguinte na qualificação asiática. Na última quinta-feira, em 20 de Junho, o deputado Sulu Sou pediu à FIFA, em carta enviada ao presidente Gianni Infantino, o reagendamento do segundo jogo. Também Nicholas Torrão, capitão da selecção de Macau, escreveu uma carta aberta à FIFA, entidade internacional responsável pelo futebol, a apelar a um novo agendamento da segunda mão frente ao Sri Lanka. A carta está assinada em nome individual e refere que os jogadores “ficaram totalmente devastados” com o cancelamento da segunda mão da eliminatória. “Nós, os jogadores, ficamos totalmente devastados com o cancelamento do jogo da segunda mão frente ao Sri Lanka, que seria jogado no terreno deles, devido à Associação de Futebol de Macau se ter recusado a viajar”, pode ler-se no documento. A falta de comparência da selecção de Macau em Colombo aconteceu depois de a Associação de Futebol de Macau (AFM) ter bloqueado a viagem dos jogadores à capital do Sri Lanka, alegando “razões de segurança”. A decisão da AFM foi conhecida no dia 8 e reiterada no dia 9 de Junho, apesar da desilusão generalizada dos jogadores, que chegaram a assumir total responsabilidade pela própria segurança na deslocação ao Sri Lanka.
Muros e estradas João Romão - 28 Jun 20195 Mar 2020 [dropcap]F[/dropcap]oi dos compromissos maiores estabelecidos com o seu eleitorado, o de construir um muro magnífico e inultrapassável que separasse definitivamente os fantásticos Estados Unidos do pobre México. Que os mexicanos pagariam por essa gigantesca e formidável obra da engenharia moderna foi outro compromisso assumido pelo que viria a ser eleito Presidente dos EUA, determinando em devolver ao país uma suposta grandiosidade perdida, devidamente protegido de nefastas influências estrangeiras, na economia ou na demografia. Um pouco por todo o mundo se ergueram vozes indignadas e não poucas vezes se referiram dois aspectos particularmente reveladores de hipocrisias várias nesta discussão: são mais de 60 milhões as pessoas indocumentadas a viver actualmente nos Estados Unidos, fornecendo uma mão-de-obra barata e de escassos direitos que alimenta grande parte da economia nacional; e, na realidade, o muro não é invenção nova – já lá estava, em grande parte da fronteira, e também durante a presidência de Obama aumentou a sua extensão. Não tendo afinal o dito muro crescido drasticamente durante o actual mandato presidencial, cresceram as acusações de violações de direitos humanos de migrantes, bárbaros actos de separação de famílias e isolamento de crianças ou até criação sistemática de campos de concentração – tem sido mesmo este o termo usado para definir centros de detenção de migrantes, em discussões nas mais altas instituições do estado – onde se acumulam milhares de pessoas que procuram na parte mais rica da América o sonho de liberdade e a ambição de riqueza que foram alimentando. Apesar de mais discreta, não é muito diferente a situação na Europa: também chegam do sul milhares de pessoas, a fugir da guerra e da pobreza e à procura de sonhos e ambições. Têm muros ocasionais e redes de arame farpado, é verdade, mas há um todo um mar que estabelece mais subtil fronteira onde em tempos houve espaço para cruzamento e contato de antigas civilizações – de fenícios, gregos, egípcios, romanos ou árabes. Hoje há desemprego, escassa confiança na economia e alta desconfiança nos seres humanos, a alimentar ódios e xenofobias. Não basta nestes dias tenebrosos ter o Mediterrâneo como vala comum de migrantes em fuga desesperada: chegam notícias de diligentes autoridades a perseguir quem ajuda quem se afoga nas outrora plácidas águas que separam o Sul da Europa do Norte de África: chamam-lhe “auxílio à imigração ilegal” e querem bani-los das águas mediterrânicas. Não são só os governantes neo-fascistas que se instalaram em Itália: são em geral as políticas de imigração da União Europeia, que fazem do Mediterrâneo o mesmo muro que se quer reforçar na América. Num e noutro lado do Atlântico alimenta-se a divisão entre os pobres e os ricos do Sul e do Norte, supostamente à procura de uma grandiosidade perdida na história. Não chegará por essa via, certamente. Há caminhos na história das civilizações que reabrem na contemporaneidade, no entanto. É o caso da chamada Rota da Seda, recuperada pelo governo chinês para promover um massivo programa de investimentos em infraestruturas e empresas da Ásia, África e Europa. Em tempos de competição e desconfiança generalizadas, os poderes europeus e americanos denunciam a ameaça da expansão chinesa e os perigos decorrentes do aumento da sua influência económica, cultural e política no resto do mundo. Sendo previsível essa consequência, está longe de constituir originalidade histórica. Foi semelhante a expansão da influência dos Estados Unidos sobre a Europa e o Japão com o plano Marshall, que financiou massivamente a reconstrução económica e demográfica que se seguiu à II Guerra Mundial. Com mútuo benefício, diga-se em abono da verdade: os EUA assumiram-se como a grande potência mundial, enquanto a generalidade dos países europeus (e também o Japão) beneficiaram de um longo período de crescimento económico, que duraria até quase ao final do século XX – e que também se traduz numa evidente hegemonia política e militar. Também vem desse período do pós-Guerra o acesso cada vez mais global a formas de expressão cultural com origem nos EUA e hoje altamente massificadas, como os blues, o jazz, o rock ou o cinema de Hollywood. Nem Europa nem Estados Unidos têm hoje qualquer iniciativa semelhante a um plano massivo de investimentos no apoio ao desenvolvimento: são mais os gastos em financiamento de organizações para-militares e bombardeamentos regulares em larga escala (sobretudo – mas não só – no Médio Oriente) do que os investimentos na riqueza e no desenvolvimento dos países de África ou do sul da América. Quem tem essa iniciativa é a China, que não gasta em guerras a riqueza que vem acumulando. Não é impossível, apesar de todos os maus exemplos, reabrir velhos caminhos da paz e da cooperação económica – mesmo que, já se sabe, os benefícios sejam desiguais e quem promove o investimento acabe por vir a reforçar a sua posição hegemónica, como demonstram os exemplos históricos.
Uma noite como as outras José Navarro de Andrade - 28 Jun 20191 Jul 2019 [dropcap]N[/dropcap]o reverso do estafado aforismo “uma imagem vale 1000 palavras” pode entender-se que uma imagem será capaz de inspirar e desencadear 1000 palavras. Atente-se no instantâneo anexo. É cativante como captura os presentes no seu normal, ou seja, na atitude que deles se popularizou. Ella Fitzgerald, à esquerda, provavelmente a pessoa mais bem-educado do mundo, era de uma timidez compulsiva e tinha pavor a entrevistas com medo de cometer gaffe ou simplismo. Só se sentia livre e no seu elemento debaixo dos holofotes e diante de um microfone – ei-la aqui muito compostinha. Segue-se Georgiana Henry, sua prima e dama de companhia, solicitamente virada para ela embora atenta às circunstâncias. Depois está o saxofonista Illinois Jacquet, menos conhecido conquanto fosse uma personalidade nas entrelinhas do jazz, não apenas pelo seu talento musical como pelo seu activismo, a mostrar um módico de compostura e atenção. Por fim o extrovertido e jocoso Dizzy Gillespie exibe uns à-vontades de perna traçada e uma expressão que, vendo bem, dá uns ares de insolente. Repare-se no vestido de tafetá e na estola de raposa de Fitzgerald, atavio que a indumentária dos companheiros não contraria. Presume-se, então, que vêm do palco ou estarão prestes a subir a ele. Não é hiperbólico afirmar que por esta altura a celebridade de Dizzy e Ella seria planetária. Pelo menos nas capitais europeias a intelligentzia autóctone idolatrava-os como grandes artistas, apesar de ser restrita a sua aceitação pelos públicos domésticos. De qualquer modo em 1955 as autoridades civis de Houston, onde agora os vemos, ainda os tinham na conta de uns pretos saídos da casca e armados em vedetas. Observando melhor o cenário, o banco corrido, o chão de pedra fria, a parede crua e, sobretudo, as grades nas janelas, depressa se percebe que o grupo não assenta em camarim ou bastidores – está no calabouço de uma esquadra. O produtor Norman Granz chegara a Houston com esta troupe em mais uma digressão do seu afamado e esplêndido Jazz at the Philharmonic. Cidade rica, os magnatas que nela punham e dispunham tinham bem atada e subserviente a polícia, famigerada pelo seu intrépido segregacionismo. Granz fazia ponto de honra que nos seus concertos não houvesse discriminação racial, quer em palco, quer na plateia. De modo que exigiu não se venderem bilhetes senão no dia do concerto, assim evitando compras em bloco, e mandou retirar as tabuletas que designavam os sectores da sala de “white” e “negro.” A vingança não se fez esperar. Ia terminando a actuação de Gene Krupa quando uns chapas à paisana irromperam de revólver em punho no camarim de Ella, sossegada a comer uma fatia de tarte enquanto Jacquet e Gillespie entretinham a espera jogando aos dados. Granz correu a interpor-se entre os agentes e a casa de banho, não fossem eles plantar alguma droga para dar mais substância à rusga, no que viu o cano de uma arma ser-lhe encostado à barriga. “Dispara se és capaz” rosnou – mas o chui não foi. Isto vai tudo de cana por jogo ilegal, bradou o chefe da brigada, ao que Granz lhe retorquiu que subisse ele ao proscénio para anunciar aos 3.000 pagantes que o concerto estava cancelado. Com receio de um motim – de espectadores maioritariamente brancos… – os polícias resolveram que os flagrados iriam à esquadra para lhes ser levantado auto mas regressariam a tempo da segunda parte. À chegada esperavam-nos uma bateria de repórteres evidenciando a premeditação da emboscada. Um deles teve o despautério de pedir um autógrafo a Ella Fitzgerald que choramingava – na foto fica agora evidente a sua tensão. Gillespie porém, insurrecto como sempre, ao ser-lhe pedida identificação declarou chamar-se Louis Armstrong. O Houston Post publicou a reportagem no dia seguinte. À fotografia juntou com toque de ignóbil condescendência o comentário: “a senhora mais bem vestida que alguma vez apareceu numa esquadra de Houston.” Norman Granz teve de esportular $2000 para que o processo se arquivasse, mas o despautério acabou por sair barato. A ocorrência deu escândalo nacional e nunca mais em Houston se realizaram concertos segregados.
Um elogio ao chinês Valério Romão - 28 Jun 20198 Jul 2019 [dropcap]A[/dropcap] minha suposta profissão é a de escritor. Digo suposta porque encarar a escrita seriamente corresponde, em última análise, a não alimentar qualquer importância quanto as consequências pragmáticas que dela advêm, nomeadamente (mas não só), a indispensável componente financeira. Escrever não dá dinheiro. Reformulo: é muito improvável que se consiga viver de royalties, especialmente se nos restringirmos ao anémico mercado português e se considerarmos unicamente a escrita literária – que é sempre mais fácil de definir pelos exemplos daquilo que não o é. Haverá quem o consiga, mas contam-se certamente pelos dedos da mão. Preferia que assim não o fosse e que pudéssemos quase todos quantos escolhemos escrever viver da escrita. Mais a mais, a escrita exige tempo, respiração, leitura, muita leitura. Não se coaduna facilmente – embora quase sempre tenha de o fazer – com a exigência de uma profissão ocupando oito horas diárias. Por tudo quanto ouvi e vi desde sempre, nunca achei que me seria possível viver da escrita. Escrevo porque quero. A cada um o seu veneno. Uma das parcas vantagens da escrita é ser-se traduzido e com isso poder ir a sítios a que de outro modo só se iria em documentários. E uma coisa que tenho verificado um pouco por toda a parte nas cidades da Europa onde me tem calhado estar (sobretudo França e Alemanha), logo no aeroporto, é a omnipresença da língua chinesa. Não só nas sinaléticas onde antes pontuava somente o inglês, mas em anúncios de todo o tipo, de ofertas disto e daquilo a incentivos vários ao tax refund e restantes modalidades de captação da divisa turística. É assim em Paris, em Frankfurt ou em Lisboa. Presumo que também o seja na maior parte das cidades em que o chinês-versão-turista vem largar uns cobres. Há coisa de vinte anos apenas – talvez menos – a quase totalidade dos turistas do extremo oriente a visitar a europa eram os Japoneses, afamados por comprarem artigos por prateleira e pela obsessão praticamente patológica que nutriam de documentarem fotograficamente a sua presença. As suas férias, dir-se-ia, começavam de facto quando, regressados ao Japão, abriam o álbum de fotos pela primeira vez para os seus convidados. Por motivos felizmente alheios ao turismo, ando a (tentar) aprender chinês. Do ponto de vista gramatical e sintáctico, não é uma língua difícil. Infelizmente, tudo o resto o é. É uma língua tonal, coisa com a qual não estamos habituados a ter contacto (o mandarim tem quarto tons, o cantonês tem seis, fazendo com o primeiro contacto com o cantonês lembre uma multidão de pessoas a tentarem cantar dentro de um autocarro circulando numa estrada pejada de lombas). A escrita é ideográfica, pelo que a dificuldade não é ser-se incapaz de perceber o que se lê – como, por exemplo, para mim, o dinamarquês – mas o próprio acto de ler. Há de facto uma razão para a nossa expressão idiomática “isso para mim é chinês”. Mas é uma língua fascinante. Para começar, não tem nem existe “sim” ou “não” em chinês. A concordância ou discordância faz-se verbalmente – afirmando ou negando o verbo da frase na qual vem expressa a pergunta, regra geral. Os verbos não flexionam em tempo, pessoa, número, etc. Parece-me, eu que tenho o chinês ainda apenas pelos tornozelos, uma língua de legos: as palavras encaixam umas nas outras sem deformação, quadradinhas, prontas a serem usadas de formas inteiramente diferentes e com outros sentidos noutras frases. Legos talvez não seja a melhor imagem. Tetris, que aos legos não se perde. Tivesse eu nascido a tempo de começar agora a aprender uma língua estrangeira na escola, ia aprender chinês (isto partindo do princípio de que os nossos governantes dão alguma importância à língua da (brevemente) maior economia do mundo, falada por mil milhões de pessoas, e a instituem, nem que facultativamente, nos currículos escolares). Porque o inglês se aprende por contágio, na internet, e as restantes línguas europeias por paixão ou no erasmus – e estes, por vezes, coincidem em tempo e espaço.
G20 | Holofotes apontados a Trump e Xi no 1.º aniversário da guerra comercial Hoje Macau - 28 Jun 2019 O encontro bilateral entre os líderes da China e Estados Unidos marcará a cimeira do G20, numa altura em que se cumpre um ano desde o início de disputas comerciais que ameaçam a economia mundial [dropcap]X[/dropcap]i Jinping e Donald Trump vão reunir em Osaka, no Japão, para tentar pôr fim à guerra comercial, num momento de impasse, após as negociações terem sido subitamente interrompidas, em Maio passado, quando após 11 rondas de diálogo o Presidente norte-americano subiu as taxas sobre cerca de 200.000 milhões de produtos importados da China. Washington acusou então Pequim de retroceder em compromissos anteriormente alcançados, enquanto a China acusou a delegação norte-americana de não respeitar a soberania e a dignidade do país e de fazer exigências inaceitáveis. Desde o Verão passado, os Governos das duas maiores economias do mundo impuseram já taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de dólares de bens importados um do outro. Esta semana, o vice-ministro do Comércio chinês, Wang Shouwen, recordou que a China exige “respeito mútuo” e pelas regras da Organização Mundial do Comércio, nas negociações com Washington. “O compromisso deve ser dos dois lados”, realçou. O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, garantiu que um acordo comercial entre a China e os Estados Unidos está “90 por cento concluído”. “A mensagem que queremos ouvir é que eles querem voltar à mesa e continuar a negociar, porque acho que há um bom resultado para a economia chinesa e a economia dos EUA, com um comércio equilibrado e a continuar a construir esse relacionamento”, afirmou, citado pela imprensa norte-americana. Conquistar o futuro Em causa estão os planos de Pequim para o sector tecnológico, que visam transformar as firmas estatais do país em importantes actores globais em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos. Os EUA consideraram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa. Washington impôs já taxas alfandegárias de 25 por cento sobre 250 mil milhões de dólares de bens importados da China e ameaça taxar mais 300 mil milhões. Trump colocou ainda a gigante chinesa das telecomunicações Huawei na “lista negra”, que restringe as empresas dos EUA de fornecer ‘chips’, semicondutores, ‘software’ e outros componentes, sem a aprovação do Governo. Pequim ameaçou suspender a exportação para os EUA de terras raras, os minerais essenciais para o fabrico de produtos electrónicos. Para durar Analistas prevêem que, apesar da possibilidade de um acordo, a rivalidade entre a China e os Estados Unidos será duradoura, numa altura em que Xi legitima o seu novo estatuto como Presidente vitalício com a projecção do país além-fronteiras. Xi anunciou já o início de uma “nova era” e reforçou o poder interno ao abolir o limite de mandatos para o seu cargo, com o objectivo final de firmar a posição da China como grande potência, até meados deste século. Washington passou a considerar o país asiático como a sua “principal ameaça”, apostando numa estratégia de contenção das ambições chinesas, que ameaça bipolarizar o cenário internacional. Yu Yongding, economista-chefe da Academia Chinesa de Ciências Sociais, uma influente unidade de investigação próxima do Governo chinês, lembrou ontem que a rivalidade terminará apenas quando um novo equilíbrio for alcançado. “Eu talvez não veja o dia [em que essa rivalidade termine], pois já tenho 70 anos”, afirmou Yu, citado pela imprensa chinesa. À guerra comercial poderá seguir-se uma “guerra de investimentos”, uma “guerra financeira” ou uma “guerra cambial”, e até mesmo “medidas de guerra quase quente”, como embargo de petróleo e o congelamento de activos chineses, previu Yu. A marinha norte-americana tem reforçado as patrulhas no Mar do Sul da China, reclamado quase na totalidade por Pequim, apesar dos protestos dos países vizinhos, enquanto Washington tem reforçado os laços com Taiwan, que se assume como uma entidade política soberana, contra a vontade de Pequim, que ameaça “usar a força” caso a ilha declare independência. Referências a uma nova Guerra Fria são agora comuns entre funcionários chineses e norte-americanos. “Podemos certamente pensar em várias frentes de batalha: no comércio, informática, defesa (Mar do Sul da China) ou tecnologia (5G). Mas isto é uma guerra entre uma superpotência mundial em declínio (os EUA) e uma em ascensão (a China)”, considerou Timothy Ash, estrategista na BlueBay, empresa gestora de activos.