China condena declarações de Trump sobre protestos em Hong Kong

[dropcap]A[/dropcap] China condenou hoje a “interferência flagrante” do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após as suas declarações sobre os protestos em Hong Kong que prosseguiram na segunda-feira com uma invasão da Assembleia do território.

O porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang instou Washington a “falar e agir com cautela” e “parar de intervir nos assuntos internos de Hong Kong”. Trump disse na segunda-feira que as centenas de manifestantes que invadiram e vandalizaram a Assembleia, durante três horas, estavam na “busca pela democracia”.

“Acho que a maioria das pessoas quer a democracia. Infelizmente, alguns governos não querem a democracia”, disse Trump aos repórteres da Casa Branca, depois de ter lamentado a situação “muito triste” em Hong Kong. Em conferência de imprensa, o porta-voz chinês reagiu: “Lamentamos e opomo-nos fortemente à flagrante interferência dos Estados Unidos nos assuntos internos da China”.

Centenas de manifestantes partiram vidros e destruíram gradeamento para entrar no edifício. No hemiciclo da assembleia, onde os deputados se reúnem nas sessões plenárias, vandalizaram o escudo da região com ‘grafitis’ e penduraram uma bandeira colonial, referente ao período em que Hong Kong esteve sob soberania do Reino Unido.

Os protestos violentos representam um desafio para o Presidente chinês, Xi Jinping, que até à data deixou a chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, lidar com a crise política sozinha.

Na madrugada de segunda para terça-feira, a polícia conseguiu dispersar os manifestantes.
Carrie Lam condenou na segunda-feira a invasão “extremamente violenta” e “chocante” da Assembleia e disse esperar que a ordem social seja restaurada o “mais rapidamente possível”.
Hong Kong é desde há quase um mês palco de protestos, contra uma proposta de lei que permitiria extraditar criminosos para a China.

Carrie Lam decidiu suspender as discussões sobre a proposta, mas recusou retirar definitivamente, prolongando as manifestações. A ocupação da assembleia ocorreu no 22º aniversário do retorno de Hong Kong à China.

Rafa Benítez vai treinar os chineses do Dalian Yifang

[dropcap]O[/dropcap] treinador Rafa Benítez vai assumir o comando do Dalian Yifang, clube que ocupa o 10.º lugar na Liga chinesa de futebol, informou o técnico espanhol na sua conta na rede social Twitter.

“Depois de um longo caminho, começamos um novo desafio. Estou feliz em começar este novo projecto no Dalian Yifang”, escreveu o antigo treinador do Newcastle, clube que já tinha anunciado na última semana a sua saída, depois de não chegar a acordo.

Segundo a imprensa, Benítez irá ‘dobrar’ na China o salário que auferia no Newcastle e que era na ordem dos seis milhões de libras (6,7 milhões de euros) por época. Na equipa chinesa, encontrará os futebolistas Yannick Ferreira-Carrasco, antigo jogador do Atlético de Madrid, e Marek Hamsik, que chegou a treinar no Nápoles.

O anúncio de Benítez acontece um dia depois de o Dalian Yifang ter comunicado a saída do treinador sul-coreano Choi Kang-Hee, num momento em que a equipa é 10.ª classificada na Liga, liderada pelo Beijing Guoan e na qual o Shanghai SIPG, campeão e treinado pelo português Vítor Pereira, é terceiro.

Na sua carreira, Benítez conta com passagens por clubes como o Real Madrid, Nápoles, Chelsea, Inter de Milão, Liverpool ou Valência. O treinador, de 59 anos, tem um vasto palmarés, em que constam uma Liga dos Campeões, uma Taça UEFA e uma Liga Europa, uma supertaça europeia e um Mundial de clubes, bem como dois títulos espanhóis, e taças em Inglaterra e em Itália.

China condena invasão em Hong Kong e imprensa quebra silêncio sobre protestos

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês condenou hoje veementemente a invasão da Assembleia de Hong Kong, na segunda-feira, e reafirmou o seu apoio às autoridades da antiga colónia britânica na investigação criminal contra os “perpetradores da violência”.

“Estes actos graves e ilegais anulam o Estado de Direito e minam a ordem social e os principais interesses de Hong Kong”, afirmou, em comunicado, o porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado. A nota foi reproduzida pela imprensa estatal chinesa, que quebrou assim com o silêncio sobre os protestos em Hong Kong, que duram há quase um mês.

A imprensa chinesa publicou ainda imagens da polícia em Hong Kong a dispersar os manifestantes. A decisão do regime de noticiar as manifestações, e a publicação de um editorial a atacar os manifestantes, publicado hoje num jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC), pode indicar que Pequim se prepara para adoptar uma postura mais dura, após semanas de tolerância.

“Estes agressores, violentos, na sua arrogância, desprezam a lei de Hong Kong, causando raiva e tristeza entre toda a população em Hong Kong”, lê-se no editorial, publicado pelo Global Times.

As imagens difundidas pela imprensa chinesa mostram a polícia a entrar nas ruas ao redor do Conselho Legislativo. Centenas de manifestantes partiram vidros e destruíram gradeamento para entrar no edifício. Uma vez lá dentro, pintaram ‘slogans’ nas paredes, reviraram arquivos nos escritórios e espalharam documentos no chão.

Pequim suprimiu as notícias sobre os protestos ocorridos nas semanas anteriores, contra uma proposta de lei que permitiria extraditar criminosos para a China. A chefe do Executivo do território, Carrie Lam, decidiu suspender as discussões sobre a proposta, mas recusou retirar definitivamente, prolongando as manifestações.

A ocupação da assembleia ocorreu no 22º aniversário do retorno de Hong Kong à China.
No hemiciclo da assembleia, onde os deputados se reúnem nas sessões plenárias, os manifestantes vandalizaram o escudo da região com ‘grafitis’ e penduraram uma bandeira colonial, referente ao período em que Hong Kong esteve sob soberania do Reino Unido.

“O Governo central apoia firmemente a investigação das autoridades de Hong Kong para estabelecer uma responsabilidade criminal sobre os autores da violência”, lê-se no comunicado, difundido pelo Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau.

A mesma nota apela a que se restaure a ordem social o “mais rapidamente possível”. Os protestos violentos representam um desafio para o Presidente chinês, Xi Jinping, que até à data deixou a chefe do Executivo de Hong Kong lidar com a crise política sozinha. Carrie Lam condenou na segunda-feira a invasão “extremamente violenta” e “chocante” da Assembleia.

Fazer rir um poeta

[dropcap]E[/dropcap]m Setembro de 2011 conheci em Porto Alegre o poeta Pedro Gonzaga e o grande escritor Aldyr Garcia Schlee – falecido em Novembro passado, com 83 anos – através do editor e amigo Alfredo Aquino. Depois de um jantar, convidaram-me para estar presente num evento em Jaguarão, terra natal de Aldyr, que faz fronteira com o Uruguai. Tratava-se de um encontro de poetas de fronteira. Para além dos brasileiros do Rio Grande do Sul, iriam poetas do Uruguai e da Argentina, para falarem do que os unia e do que os separava.

Os dias passaram, regressei à chácara onde vivia, a 50 km a sudeste de Porto Alegre. Um dia antes do evento, Alfredo passou a buscar-me, juntamente com o Pedro, e partimos na direcção de Jaguarão. A distância não chega a 400 km. Grande parte da paisagem é esmagadora pelo horizonte quase infinito, a lembrar os planos de Dovzhenko no seu filme Terra: à nossa frente, uma fina sapatilha de terra e um céu esmagador. A diferença da paisagem gaúcha para os planos do realizador soviético está na cor: ao invés do preto e branco é o azul e branco. Um azul celeste e branco que nos lembra de imediato as cores do equipamento – uniforme, dizem os brasileiros – da selecção uruguaia. Andamos quilómetros em recta, sempre em direcção ao céu. Percebemos com o corpo, que isolamento está em todo o lado. O mundo está cheio de isolamento. Chegados a Jaguarão, e depois de deixarmos as coisas no hotel, atravessámos a pequena ponte da cidade para jantar em Rio Branco, no Uruguai, onde Aldyr nos esperava sentado à mesa. Contente por nos ver ali, tão longe da cidade grande.

No dia seguinte, Aldyr abriu o evento. Depois dos agradecimentos, do contentamento de ver na sua terra um evento que considerava muito importante e que se sentia também muito honrado por ser o seu patrono, começou a sua intervenção lendo o fragmento 21 de Novalis: “A filosofia é na verdade uma saudade da pátria, um impulso para se estar em toda a parte em casa.” Depois continuou: “A poesia é também uma saudade da pátria, mas não um impulso para se estar em toda a parte em casa. Não direi que a poesia inverte esta posição, mas ela é muito mais a iluminação do sentimento de se estar perdido onde quer que se esteja do que um impulso para se estar em toda a parte em casa. Para o poeta – aquele que habita temporariamente a poesia como o humano habita a Terra – todo o lugar é inóspito e nenhum esforço vai alterar isso, porque fora da linguagem estamos sempre fora de casa. O próprio poema é a expressão desse fora de casa permanente, dessa guerra que o poeta sente entre o mundo e a linguagem. A linguagem não conforta necessariamente, mas é o elemento do poeta, onde ele se sente o mais em casa que consegue, mesmo que nessa casa haja uma família inteira que não o compreenda. A própria linguagem não compreende o poema. A saudade da pátria, no poeta, é a falta que sente do que não há, que provavelmente nunca houve: um caminho de palavras até que tudo faça sentido. E esta saudade talvez seja a mesma de que fala Novalis. A diferença, parece-me, está em que o filósofo esforça-se por fazer sentido, por arranjar esse caminho perdido de palavras, enquanto o poeta sente – sem que o saiba dizer – que não há caminho. Contrariamente aos versos do poeta Antonio Machado: caminhante, não há caminho, desfaz-se caminho ao andar. O poeta escreve, não para saber ou para saber que não sabe, mas porque sente que o que sabe, muito ou pouco que seja, não o leva a lugar nenhum. O poema é um caminho desfeito em palavras. Um poema é umas férias que se acabam, uma vida que deixa de ser, um lembrar-se de não ter sido. No poema não há esforços ou impulsos, há feridas. O próprio poema poderia ser a voz surda do que não tem cura. E o romance, pelo menos eu quero acreditar que sim, é irmão do poema. O romance é um poema que ainda tem a ingenuidade de tentar explicar. Não quer fazer sentido! Isso não. É irmão do poema, sabe bem que a palavra desfaz-se em palavras e não conduz a nada, mas demora-se mais neste desfazer, como quem retarda um prazer.”

Aldyr deve ter dito mais alguma coisa de que não me lembro. Depois do evento, passeando pelas ruas antigas de Jaguarão, confessou-nos – ao Aquino, ao Pedro e a mim – que as palavras não foram o início do mundo. O início do mundo deve ter sido um tremer de frio de que tudo vai acabar. E todos sabemos disso, menos o Novo Testamento. O que disse no evento não tem importância nenhuma, é uma tarefa como sair de manhã para ir trabalhar. O que tem mesmo importância é o tempo que passei comigo a ler e a pensar, até dizer ou escrever o que ali disse. E também o tempo que passo com a minha mulher, com os meus filhos, com alguns amigos e com os meus cães. O que é tem mesmo importância? A poesia? Isso seria de fazer rir um poeta.

Morreu o historiador António Manuel Hespanha

[dropcap]O[/dropcap] historiador António Manuel Hespanha morreu ontem, aos 74 anos, em Lisboa, confirmou à agência Lusa a editora Bárbara Bulhosa, da Tinta-da-China, chancela que editou este ano a sua obra “Filhos da Terra”.

A notícia da morte de António Manuel Hespanha foi avançada pelo jornal Público. De acordo com o jornal, o historiador morreu ontem à tarde, na Fundação Champalimaud, em Lisboa, na sequência de um cancro no cólon.

O historiador António Manuel Hespanha nasceu em 1945, em Coimbra, cidade onde se licenciou em Direito, em 1967, obtendo posteriormente o doutoramento em História e Política Institucional Europeia, tendo defendido a tese “As Vésperas do Leviathan”, sobre o sistema de poderes das monarquias tradicionais europeias.

Docente e investigador, é definido pelo Centro de Investigação e Desenvolvimento sobre Direito e Sociedade da Universidade Nova de Lisboa (CEDIS), como “o historiador português mais citado internacionalmente” e “um dos nomes mais importantes no estudo da história institucional e política dos países ibéricos”.

António Manuel Hespanha foi comissário-geral para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses (1997-2000), membro do Instituto Histórico-Geográfico do Rio de Janeiro (2003) e de conselhos científicos e conselhos editoriais de diferentes instituições e publicações universitárias, como o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, a Universidade Autónoma Luís de Camões e a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, entre outras instituições.
Recebeu o Prémio Universidade de Coimbra (2005) e as insígnias de Grande Oficial da Ordem de Santiago (2000), os graus de Doutor Honoris Causa das universidades de Lucerna, na Suíça, e Federal do Paraná, no Brasil, e de “Lecturer March Bloch”, da École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris.

Foi membro externo do Conselho Geral da Universidade de Coimbra, sócio correspondente da Academia Nacional de História da Argentina e do Instituto Argentino de Investigação de História de Direito.

Foi também director-geral do Ensino Superior (1974), no início da carreira, e inspector-geral do Ministério da Educação (1976-1986). Autor de mais de duas dezenas de livros e de mais de centena e meia de artigos científicos, sobretudo nas áreas da História, História do Direito e Teoria do Direito, História Política e Colonial, entre as suas obras destacam-se “A Cultura Jurídica Europeia”, “Teoria da Argumentação e Neo-Constitucionalismo”, “Guiando a Mão Invisível – Direitos, Estado e Lei no Liberalismo Monárquico Português” e “Cartas para Duas Infantas Meninas – Portugal na Correspondência de D. Filipe I para as Suas Filhas (1581-1583)”.

A livraria Almedina reeditou, no mês de Junho, o livro “Pluralismo Jurídico e Direito Democrático”.
No início dos anos 2000, publicou, pela Imprensa de Ciências Sociais, “Feelings of Justice in the Chinese Community of Macao”, com base num inquérito junto da comunidade chinesa, em 1999, quando da transferência de poder do território.

A obra inspiraria, pouco depois, o “Inquérito aos Sentimentos de Justiça num Ambiente Urbano”, que seria publicado em 2005, tendo em conta “os sentimentos sobre o justo e o injusto num ambiente urbano português”.

Em “Filhos da Terra. Identidades Mestiças nos Confins da Expansão Portuguesa”, que publicou no passado mês de Fevereiro, António Manuel Hespanha procurou “reunir e tratar conjuntamente elementos para a análise daquilo a que se vem chamando, desde há uns anos, o ‘império sombra’ dos portugueses, ou seja aquele conjunto de comunidades que, fora das fronteiras formais do império, sobretudo na África e na Ásia, se consideravam como ‘portugueses’ – qualquer que fosse o sentido disso”.

“A história da expansão está sobrecarregada de personagens únicas e exemplares: ‘descobridores’, heróis, santos. O espaço deixado para os que não são isso é muito pouco. E, no entanto, estes outros são a esmagadora maioria dos que viajam, se estabelecem e vivem no ultramar a vida de todos os dias”, disse então o historiador à agência Lusa.

Para António Manuel Hespanha, também “os descobertos têm pouco lugar na história que se faz e se divulga”, tal como as “suas perspectivas sobre a chegada dos europeus e as consequências na vida dos locais”.

“Falamos muitas vezes no impacto que as viagens dos portugueses tiveram na história do mundo, mas raramente damos a palavra ao ‘mundo’ para falar delas. Mesmo as vozes de outros europeus sobre a expansão portuguesa estão muito pouco presentes no que contamos acerca delas”, adiantou.

Rede 5G | Santos Silva rejeita pressão dos EUA mas admite que as suas informações sao importantes

[dropcap]O[/dropcap] ministro dos Negócios Estrangeiros rejeitou ontem que o Governo tenha recebido pressão dos Estados Unidos sobre as infraestruturas para redes 5G, admitindo, no entanto, que a análise dos riscos terá em conta as informações do aliado militar.

“O memorando que foi assinado a propósito da rede 5G foi assinado entre uma empresa portuguesa de capital francês, a Altice, e uma empresa chinesa, portanto, não vincula o Estado português a nenhum título”, assegurou Augusto Santos Silva à margem de um almoço-conferência da Associação de Amizade Portugal-EUA, que decorreu ontem em Lisboa.

“Aquilo que vincula o Estado e que nós estamos a cumprir é o processo de decisão que foi acertado a nível europeu, nos termos do qual até ao dia 15 de Julho as autoridades de segurança nacional e de comunicações de cada Estado-membro fazem a análise de risco e vulnerabilidades associada à rede de 5G – qualquer que seja o operador e qualquer que seja o fornecedor”, afirmou Santos Silva.

O ministro adiantou que, a partir de Outubro, Portugal irá trabalhar ao nível europeu para chegar a uma orientação comum. Nessa altura, admitiu, Portugal terá em conta “todas as informações, todos os riscos, todas as vulnerabilidades”.

“Evidentemente, damos especial atenção à informação que nos é prestada por um aliado militar muito consistente e muito próximo”, concluiu. Na semana passada, o coordenador do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), Lino Santos, disse à lusa que a implementação da rede 5G vai aumentar a “superfície de conflito” e a “vulnerabilidade” do ciberespaço, e que Portugal está a preparar-se para isso.

Lino Santos explicou que à medida que se introduzem e digitalizam novos processos e tecnologias, a vulnerabilidade do ciberespaço aumenta, reconhecendo que todos os dias surgem novas ameaças.

A gigante chinesa das telecomunicações Huawei disse na quarta-feira que o veto dos Estados Unidos aos seus produtos não vai parar a expansão das suas redes 5G, afirmando que continuará a liderar o desenvolvimento desta tecnologia.

“Posso dizer claramente a todos que sobre a questão do 5G não vamos ser afectados de todo, nem nos contratos que assinámos, nem naqueles que vamos assinar”, afirmou o vice-presidente da Huawei Technologies, Ken Hu, numa conferência de imprensa, no âmbito do Mobile World Congress, em Xangai.

Ken Hu ressaltou que a multinacional conseguiu assinar 50 contratos comerciais, até à data, para o desenvolvimento do 5G – 28 na Europa, 11 no Médio Oriente, seis na região Ásia-Pacífico, quatro nas Américas e um em África.

Segundo a empresa, Washington tem pressionado vários países a excluírem a Huawei na construção de infraestruturas para redes 5G, acusando a empresa de estar sujeita a cooperar com os serviços de informação chineses.

Máscaras e chapéus de chuva abandonados nas ruas é o que resta do protesto em Hong Kong

João Carreira, enviado da agência Lusa

 

[dropcap]C[/dropcap]apacetes, máscaras e chapéus de chuva semeados pelos passeios e pelas ruas desertas junto ao parlamento de Hong Kong, hoje ocupado por manifestantes pró-democracia, é o que resta de um protesto sem precedentes que terminou numa carga policial.

A segunda-feira começou com um cerco ao complexo do Conselho Legislativo e voltou a ser marcado, por um lado, pela manifestação pacífica que juntou mais de meio milhão de pessoas e, por outro, pela invasão do parlamento de Hong Kong por alguns dos jovens que protestam contra a lei proposta pelo Governo e que permite a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições em acordo prévio, como é o caso da China continental.

Bem no centro onde ocorreram os confrontos de hoje, à semelhança dos do passado dia 12 de Junho, nos quais a polícia usou também balas de borracha, entre as flores depositadas no chão em homenagem a um dos manifestantes que morreu em Junho, e os ‘post-its’ colados nas paredes com mensagens contra o Governo, Kevin Ho, um jovem de Hong Kong, continua de vigília, de madrugada.

“Quero ficar a guardar estas mensagens da população de Hong Kong, porque a qualquer momento podem vir algumas pessoas arrancarem os ‘post-its’, como aconteceu no sábado”, durante uma manifestação de apoio à polícia, justificou à agência Lusa o jovem.

“Não sei se os confrontos vão ajudar os protestos junto da opinião pública, mas as pessoas têm de perceber a frustração de quem está a lutar pela liberdade e democracia em Hong Kong, sobretudo quando parece por vezes que ninguém os está a ouvir”, sublinhou, enquanto oferece café, marcadores e ‘post-its’ às poucas pessoas que passam pelo local.

Ainda assim, ressalvou: “Já conseguimos uma grande vitória”, que foi a suspensão da proposta de lei. A 15 de Julho, a chefe do Governo, Carrie Lam, que no próprio dia dos confrontos a 12 de Junho tinha reafirmado a intenção de prosseguir com a lei apesar dos protestos, acabou por anunciar a suspensão do debate sobre a proposta.

Direcção de Mi Jian nega ilegalidades e promete investigar o autor da carta enviada ao CCAC

[dropcap]M[/dropcap]entiras, calúnias, ataques pessoais com o objectivo de destruir a harmonia da sociedade de Macau. Foi desta forma que a Direcção dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional (DSEPDR) reagiu à carta enviada por um trabalhador anónimo ao Comissariado contra a Corrupção (CCAC). Na missiva foram relatadas várias ilegalidades nestes serviços.

“As acusações falsas, caluniosas e os ataques pessoais mencionados na ‘carta anónima’ não só afectaram o normal funcionamento desta direcção, como também danificaram a imagem da Direcção, o que causa efeitos sociais negativos”, é escrito no documento, que ontem à hora de fecho não tinha versão portuguesa. “A sociedade de Macau é harmoniosa e esta carta anónima’ tem como objectivo criar um mau ambiente em Macau, confrontos e uma narrativa ficcionada para criar ressentimento entre os colegas desta Direcção, com o objectivo de minar a união, respeito mútuo e harmonia que reina nesta Direcção há muito tempo”, é acrescentado.

Após a carta, o director Mi Jian terá mesmo convocado uma reunião com os trabalhadores onde a carta foi lida. Segundo o comunicado da DSEPDR, todos os funcionários presentes terão condenado o texto de forma unânime. “O bom ambiente e a tradição desta Direcção não só não vai ser destruído como ainda vai ser reforçado”, foi escrito no comunicado.

No entanto, os serviços liderados por Mi Jian não explicaram se os funcionários votaram para condenar o texto através do mecanismo de braço no ar ou com recurso a voto secreto. Apenas se refere que a condenação foi geral.

Por outro lado, a Direcção dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional diz que sempre cumpriu com as leis do território, mesmo quando ainda era apenas um Gabinete, e promete cooperar nas investigações para apontar o autor.

A carta em questão foi revelada no sábado e o CCAC prometeu investigar as acusações. No documento, Mi Jian era acusado de contratar familiares, encomendar estudos a gabinetes no Interior da China de conhecidos seus, com valores que permitiam evitar concursos públicos, utilizar fundos para gastos privados, viagens desnecessárias e ainda de fumar em lugares proibidos.

Finalmente, Malaca

[dropcap]R[/dropcap]ecordo-me da cara de felicidade daquele homem no meio de carros barulhentos quando viu o meu passaporte português. Tirou-o das minhas mãos, repentinamente, e sorriu como eu nunca havia visto alguém sorrir perante tal documento de viagem.

Aquele residente de Malaca sentia-se português sem nunca ter ido a Portugal e sentia uma extrema felicidade só de olhar para o meu nome. Malaca é um lugar especial, mas esquecido.

Aquele pequeno bairro português guarda tantas histórias consigo, histórias que permanecem por catalogar e que caíram no esquecimento das autoridades portuguesas. O sentimento de ser português, ainda que essa portugalidade possa ser uma ilusão, está muito presente naquelas ruas e é bonito de se ver, mas, sobretudo, de sentir.

Finalmente, um dirigente português foi a Malaca ver estas pessoas e este sentimento bonito que elas guardam. Vai tarde, mas mais vale tarde do que nunca. Espero que a visita do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, possa dar àquelas pessoas uma escola de português como tanto desejam, um museu decente e infra-estruturas que permitam manter a sua história, que afinal é nossa também.

O enigma de Elgar

[dropcap]A[/dropcap]ssinala-se hoje o 162º aniversário do nascimento do compositor britânico Sir Edward Elgar.

Filho de um afinador de pianos e rodeado de música e instrumentos musicais na loja do pai na High Street, em Worcester, no Worcestshire, o jovem Edward William foi auto-didacta em música.

Deixando a escola aos 15 anos, começou por trabalhar com um advogado local, mas após um ano enveredou por uma carreira musical, aprendendo piano e violino. Aos 22 anos tornou-se chefe de banda no Worcester and County Lunatic Asylum. Foi primeiro violino nas orquestras dos festivais de Worcester e Birmingham, e chegou a tocar a Sexta Sinfonia e o Stabat Mater de Antonin Dvořák, sob a direcção do próprio compositor.

Aos 29 anos de idade, conheceu a sua futura mulher, Caroline Alice Roberts, filha de um oficial do exército britânico e poetisa e escritora, oito anos mais velha. Casaram-se três anos depois contra a vontade da família dela, e a prenda de Edward para Caroline foi a famosa peça para violino e piano Salut d’amour, op. 12. Após o seu casamento, os Elgars passaram a residir em Londres, centro da vida musical inglesa. Após algum tempo, constataram que não podiam subsistir apenas com o trabalho de compositor de Edward, pelo que ele retomou o ensino de música.

Durante a década de 1890, a reputação de Elgar como compositor cresceu gradualmente, especialmente com obras vocais para os grandes festivais corais das Midlands. The Black Knight (1892), King Olaf (1896), The Light of Life (1896) e Caractacus (1898) constituíram êxitos modestos, mas valeram-lhe a publicação dos seus trabalhos pela famosa editora Novello & Co. por muito tempo.

Vários críticos observam que, embora Elgar seja recordado como um compositor inglês característico, a sua música orquestral tem muitos pontos em comum com a tradição musical da Europa central, tipificada naquele tempo por Richard Strauss. O compositor sentia-se um forasteiro, não apenas numa perspectiva musical, mas socialmente. Nos círculos musicais dominados por académicos, era um compositor auto-didacta; num Reino Unido protestante, o seu catolicismo era visto com alguma desconfiança.

No entanto, Elgar viria a compor o seu primeiro grande trabalho orquestral, as famosas Variações Enigma, apenas aos 42 anos de idade, em 1899. A obra intitula-se Variations on an Original Theme (Enigma) e é constituída por uma série de catorze variações musicais. É uma das composições mais conhecidas de Elgar, dedicada aos seus amigos nela retratados; cada variação constitui um retrato emotivo de algumas das suas relações sociais mais próximas.

Conta-se que, num dia de 1898, depois de uma cansativa jornada de ensino, Elgar começou a improvisar ao piano. Uma das melodias que improvisou chamou a atenção de Caroline, que lhe pediu que a repetisse. Então, para entretê-la, Elgar começou a improvisar variações sobre essa melodia, cada uma imitando o estilo de algum amigo ou amiga íntimos. Algum tempo depois, Elgar expandiu essas variações, num total de catorze, e orquestrou-as, transformando-as nas Variações Enigma.

A obra inicia-se com o tema, uma bela melodia confiada principalmente às cordas. A primeira variação, dedicada a Caroline, é um prolongamento delicado e romântico do tema. A segunda, com rápidos movimentos das cordas, revela as características brincalhonas do seu amigo Stuart-Powell. Na terceira, o oboé e o pizzicato das cordas ajudam a representar a buzina da bicicleta de Baxter Townshend. A quarta variação, dedicada a um proprietário de terras local, é forte e pomposa. Na quinta, a alternância entre triste e alegre representa as oscilações de humor do amigo Penrose Arnold, filho do poeta Matthew Arnold. Na sexta, a viola solo representa um papel especial, uma vez que é dedicada a Isabel Fitton, estudante de viola. A sétima, dedicada ao arquitecto Troyte Griffith, é extremamente enérgica. A leveza da oitava variação remete aos momentos prazerosos que Elgar passou na bela casa de Winifred Norbury. A nona, “Nimrod”, a mais profunda de todas, é dedicada ao amigo August Jäger, que lhe deu apoio nos momentos difíceis (Nimrod é um personagem bíblico, descrito como um poderoso caçador; Jäger significa “caçador” em alemão). A décima variação, extremamente delicada, homenageia a amiga e biógrafa Dora Penny. A décima primeira, uma das mais animadas, é dedicada ao amigo e organista Robertson Sinclair. Na décima segunda, dedicada ao violoncelista Basil Nevinson, os violoncelos dominam a cena. A décima terceira, dedicada à amiga Lady Mary Lygon, guarda lembranças da primeira variação, principalmente na doçura do carácter. A décima quarta variação, dedicada ao próprio compositor, fecha o ciclo majestosamente.

As Variações Enigma foram apresentadas em Londres, no St. James’s Hall, no dia 19 de Junho de 1899, sob a direcção do maestro austríaco Hans Richter. Recebendo aplauso geral, iriam fazer com que Elgar se tornasse o compositor britânico mais conhecido da época. Elgar reviu a obra pouco tempo depois, estendendo o final a fim de criar uma forma mais simétrica. A nova peça recebeu o título de “Variações Enigma” graças a uma carta do compositor, logo após a estreia, dizendo que havia um segundo tema, misterioso, que perpassava todas as variações, não perceptível a ninguém. “O enigma”, disse Elgar, “eu não explicarei”. Esse tema, escondido nas profundezas do tecido musical, deu início a inúmeras especulações. Até hoje, o enigma não foi solucionado!

Sugestão de audição da obra:
Edward Elgar: Variations on an Original Theme (Enigma), Op. 36
Hallé Orchestra, Sir Mark Elder – Hallé, 2002

Diplomacia | Coreia do Norte saúda “encontro extraordinário” com Trump

A Coreia do Norte descreveu como “histórico e extraordinário” o encontro no domingo entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na zona desmilitarizada entre as duas Coreias

 

[dropcap]D[/dropcap]e acordo com a agência oficial norte-coreana KCNA, os dois líderes decidiram, após um breve encontro de 50 minutos, “retomar e prosseguir discussões produtivas para alcançar mais progressos no processo de desnuclearização da península coreana”. Kim e Trump discutiram “questões de interesse mútuo que se tinham tornado obstáculos à resolução destes problemas”, indicou a mesma agência.

A KCNA escreveu ainda que o líder norte-coreano elogiou as “boas relações” com Trump, acrescentando que estas “produziriam resultados que os outros não podiam prever”.

Para o analista Shin Beom-chul, ouvido pela agência de notícias France-Presse (AFP), o comentário da KCNA é “propaganda típica norte-coreana que glorifica Kim Jong-un”. “O objectivo é restaurar a imagem de Kim, danificada ao voltar de mãos vazias da cimeira de Hanói”, em Fevereiro deste ano.

No final do encontro de domingo, também Donald Trump disse que os dois países vão iniciar reuniões de trabalho “nas próximas três semanas” sobre o processo de desnuclearização. Apesar deste passo, o Presidente norte-americano disse que as actuais sanções à Coreia do Norte vão continuar em vigor. Trump acrescentou ter convidado o líder norte-coreano a visitar os Estados Unidos.

Trump tornou-se no primeiro Presidente dos Estados Unidos em funções a entrar em solo da Coreia do Norte, depois de um aperto de mãos com Kim Jong-un.

Ovni no paralelo

O Comando Militar Conjunto da Coreia do Sul disse que foi detectado ontem a passagem de um “objecto voador não identificado” que sobrevoou uma zona perto da fronteira com a Coreia do Norte. De acordo com os militares de Seul, os radares detectaram o voo do objecto sobre a Zona Desmilitarizada entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte, mas não foram fornecidos mais detalhes.

Antes dos contactos diplomáticos com Pyongyang sobre o programa nuclear norte-coreano eram ocasionalmente disparados tiros de canhão em ambos os lados.

A informação sobre o objecto voador que os militares não especificaram se se tratou de um aparelho não tripulado (‘drone’) foi difundida 24 horas depois do encontro entre presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong na fronteira.

Fotografia | Exposição de João Miguel Barros na quinta-feira no Albergue

O fotógrafo João Miguel Barros inaugura esta quinta-feira a exposição “Wisdom” no Albergue. Ali estarão dispostas 39 fotografias a preto e branco sobre o quotidiano de uma comunidade na cidade velha de Acra, no Gana, onde treina o pugilista profissional Emmanuel Danso

 

[dropcap]J[/dropcap]oão Miguel Barros é o autor da mostra fotográfica que vai estar patente no Albergue SCM a partir de quinta-feira às 18h30, iniciativa que encerra as festividades de “Junho, Mês de Portugal” no território. A exposição “Wisdom” apresenta 39 fotografias em grande escala, a preto e branco, sobre o pugilista Emmanuel Danso, em Acra, no Gana.

Durante um mês, até 4 de Agosto, as instalações do Albergue vão ser transformadas numa recriação do espaço Wisdom, em Acra, constituído por duas edificações – um grande casarão e um pátio – onde funcionam uma escola preparatória (Wisdom Preparatory Academy) e um ginásio de treinos ao ar livre (Wisdom Gym), numa parte antiga da capital.

As duas galerias e o pátio do Albergue vão, assim, poder contar melhor a história da vida de Emmanuel Danso, que todos os dias treina na academia ao final da tarde. “Durante o dia, esta propriedade serve de escola preparatória para alunos de todas as idades. Por sua vez, a escola confina com um pátio que serve de recreio às muitas crianças que vivem em casas velhas daquela zona da cidade”, lê-se no material de apresentação, quando a exposição passou pelo Museu Berardo, no Centro Cultural de Belém, entre Fevereiro e Agosto de 2018.

“João Miguel Barros rapidamente se deixou levar pela energia do microcosmos que é Wisdom, pela sua alegria genuína, no estado mais puro. Aquilo que começou por ser um projecto de fotografia sobre Emmanuel Danso, uma boa história para desvendar os mistérios dos bastidores do pugilismo, tornou-se algo muito mais profundo, uma peça muito mais abrangente sobre a comunidade e as pessoas”, descrevia à época a directora artística do Museu Colecção Berardo, Rita Lougares.

E porquê a história de Emmanuel Danso? É o próprio fotógrafo, advogado de profissão, que explica como chegou ao protagonista do seu conto através da imagem. “Em Outubro de 2017 tive oportunidade de fazer fotografias de um combate de boxe que houve em Macau, em que estava em causa um título intercontinental do International Boxing Federation (IBF)”. Durante o combate, “o Danso lutou contra um chinês [Fanlong Meng], que foi quem ganhou. Então eu escolhi aquele que perdeu, e propus-me ir a Acra, fazer um conjunto de fotografias dos treinos e da vida dele”, revelou João Miguel Barros ao HM.

O pátio em Acra

As imagens do combate foram incluídas num dos capítulos da exposição “Photo-Metragens”, que o artista levou em Fevereiro de 2018 ao CCB, em Portugal, e que esteve em Abril de 2019 nas Oficinas Navais, em Macau. “Eu faço aqui um parêntesis para dizer que não percebo as regras do boxe, nem gosto de boxe”, mas resulta bem em termos de imagem e interessou-lhe conhecer o dia-a-dia do pugilista e dos treinos no contexto do seu país. Foi assim que contactou o agente de Emmanuel Danso e, em Julho de 2018, aterrou no Gana.

“Construí uma narrativa diferente daquela que eu inicialmente tinha pensado, que era muito baseada no boxe e nos detalhes daquele combate”. O pugilista treinava diariamente “às 6h30 da manhã num pavilhão do Estado Nacional e às 17h30 da tarde num pátio na cidade velha de Acra, contíguo a um edifício grande onde funciona uma escola. Esse conjunto chama-se Wisdom”, conta o fotógrafo, que fez uma visita rápida ao lugar, mas foi percebendo que aquele “pátio é um microcosmos de vida humana absolutamente notável”.

O grupo de Danso treina ali, “no meio de uma vivência familiar, porque à volta do pátio existem várias famílias, que vivem em construções informais com poucas condições, e onde muitas crianças brincam”. Da segunda vez que esteve em Acra, em Novembro de 2018, sentiu o potencial da vivência em torno do casarão e do pátio, também utilizado pelas crianças da escola, com cerca de 150 alunos, que começam a ensaiar os gestos dos mais velhos. Teve então a “oportunidade de fazer fotografias com muito mais tempo”. A série de imagens sobre a escola fazem parte de um portefólio que, este ano, já ganhou dois prémios internacionais.

O pátio no Albergue

Entretanto, o convite do arquitecto Carlos Marreiros para expor no Albergue, “que, obviamente, aceitei com honra, porque acho que é um espaço muito interessante para exposições”, deu a João Miguel Barros a ideia de organizar todas essas imagens de uma forma especial. “Ocorreu-me que aquele espaço poderia ser utilizado na projecção do que era Acra e o Wisdom”. A mostra será feita nas duas galerias: a pequena com 12 fotos sobre a escola, cuja porta dá para o pátio, tanto lá como cá, e a grande com as restantes 27 fotos, dos treinos de Danso e os amigos, as famílias e as crianças ao redor.

São 39 fotografias em grandes dimensões, com 90X72 centímetros, mais uma extra no pátio, “onde vai haver um telão muito grande, com cerca de 5 metros, uma imagem que não está na exposição, mas que mostra o conjunto do edifício e do pátio, para quem entra no Albergue ficar a perceber qual é a geografia do lugar”.

O projecto do fotógrafo não deverá ficar por aqui, já que pretende vir também a conhecer um dos ídolos de Emmanuel Danso – e de todos os ganeses –, o primeiro e único campeão mundial de boxe, David Kotei (ou D.K. Poison, como ficou conhecido), que arrecadou o título há 44 anos atrás.

No próximo mês de Setembro haverá um grande combate, de celebração ao antigo pugilista, onde conta estar presente. Também, nessa altura, espera poder passar pelo espaço do Wisdom e dedicar-se à captura de mais imagens das famílias que ali habitam.

DSSOPT | Conclusão do Túnel da Guia sem data

[dropcap]O[/dropcap] Governo desconhece quando a obra do Túnel Pedonal da Guia vai ficar concluída, uma vez que ainda falta terminar o projecto de concepção e lançar o concurso público para adjudicar os trabalhos. O esclarecimento foi prestado pelo Director da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), Li Canfeng, em resposta a uma interpelação escrita do deputado Lam Lon Wai.

“Findo o aludido projecto de concepção preliminar, serão necessários cerca de 15 meses para a conclusão do projecto de execução e dos respectivos procedimentos concursais”, é explicado.

“Neste contexto, é de realçar que o prazo de conclusão de toda a empreitada, depende do prazo de execução proposto, no âmbito do concurso pelos concorrentes, sendo, portanto, necessário aguardar pela adjudicação da empreitada para se poder definir, em concreto, uma data para a conclusão”, é acrescentado.

Segundo o estudo de viabilidade apresentado pela DSSOPT, o túnel vai fazer a ligação para peões entre a Avenida Horta e Costa e o NAPE. Com esta construção, o Circuito de Manutenção da Guia, o Reservatório e o Parque Marginal da Areia Preta ficam interligados.

Por outro lado, Li Canfeng explica que o projecto ainda está a ser concebido e que neste momento “estão a ser introduzidos os devidos ajustamentos” com base nos pareceres de diferentes entidades. O director não aponta uma data concreta para o fim da concepção do projecto, mas acredita que poderá ficar concluída “até finais do corrente ano”.

IIM | Irmãos Marreiros ganham Prémio Identidade por “obra de reconhecida qualidade”

Vítor Marreiros, designer, e Carlos Marreiros, arquitecto, são os vencedores da edição deste ano do Prémio Identidade 2019 do Instituto Internacional de Macau, por serem “duas personalidades bem conhecidas de Macau” e “dois casos de sucesso”. Carlos Marreiros diz que a distinção é o mote para continuarem a fazer um bom trabalho

 

[dropcap]O[/dropcap] Instituto Internacional de Macau (IIM) decidiu atribuir este ano o Prémio Identidade aos irmãos Vítor Marreiros, designer, e Carlos Marreiros, arquitecto. De acordo com um comunicado do próprio IIM, a distinção justifica-se com o facto de os dois irmãos serem “indiscutivelmente dois grandes talentos de Macau e duas notáveis histórias de sucesso, como inspirados criadores, artistas consumados e profissionais respeitados, com obra de reconhecida qualidade realizada e, ambos, com significativa projecção no exterior, o que tem prestigiado Macau, sua terra natal, além-fronteiras”.

O facto de já terem trabalhado juntos em inúmeros projectos faz com que se enquadrem “perfeitamente no espírito do galardão que lhes foi agora atribuído”. O prémio será entregue no próximo Encontro das Comunidades Macaenses, que se realiza no território na última semana de Novembro deste ano.

Em declarações ao HM, Carlos Marreiros mostrou-se satisfeito por ser um dos nomes escolhidos.
“Há tanto anos que tenho trabalhado de forma desinteressada para a formação da identidade macaense que naturalmente fico feliz e contente por ser recipiente deste prémio. É uma honra. Claro que não trabalhamos para prémios, mas quando somos distinguidos aceitamos e vemos isso como um incentivo para continuar a trabalhar, mais e ainda melhor.”

Carlos Marreiros destaca o facto de ter ganho o prémio com o irmão, “um grande designer e artista”. “Fizemos trabalhos em conjunto nos últimos 35 anos e vamos continuar a ter projectos. Poder receber esse prémio juntamente com os nossos irmãos macaenses que estão cá em Macau é um sinal de alegria. Vamos recebe-lo com humildade e sabemos que doravante ainda temos de nos esforçar para trabalhar melhor”, frisou. O HM tentou chegar à fala com Vítor Marreiros, mas até ao fecho da edição não foi possível estabelecer contacto.

Provas dadas

Carlos Alberto dos Santos Marreiros é arquitecto, urbanista, artista plástico e gestor cultural, com formação superior obtida em Macau, Portugal, Alemanha e Suécia. Além de arquitecto muito conceituado, com cerca de duzentas obras concebidas em Macau, Hong Kong, China, Portugal e Austrália, e de docente universitário e orador em conferências internacionais, desempenhou cargos em organismos públicos e da sociedade civil, entre os quais os de presidente do Instituto Cultural de Macau (1989-1992). Preside, actualmente, ao Albergue SCM, e é igualmente curador da Fundação Macau, membro do Conselho Consultivo da Cultura, do Conselho do Ambiente e do Conselho para as Indústrias Criativas da RAEM e presidente honorário da Associação de Engenharia e Construção de Macau. O IIM recorda que, como artista plástico, protagonizou mais de duas dezenas de exposições individuais e participou em mais de cinquenta colectivas em várias partes do mundo. Nesse aspecto, impossível não mencionar que foi o artista escolhido para representar Macau na 55.ª Exposição Internacional de Arte de Veneza, em 2013.

Victor Hugo dos Santos Marreiros é considerado um dos melhores designers de Macau, tendo-se notabilizado no ramo do design gráfico e como artista, com trabalhos de elevado mérito, muitos dos quais reflectindo a identidade cultural de Macau, que contribuiu para valorizar enormemente, descreve o IIM.

Foi director artístico do Instituto Cultural, bem como da Revista de Cultura do mesmo organismo e da TDM – Teledifusão de Macau, além de fundador do Círculo dos Amigos da Cultura, da MARR Design e da Victor Hugo Design e membro da Associação de Design de Macau. Participou em exposições e eventos culturais realizados em vários países.

Turismo | Nelson Kot diz que preços altos afectam pernoitas em Macau 

[dropcap]N[/dropcap]elson Kot, presidente da Associação de Estudos Sintético Social de Macau, defende que o Governo deve estabelecer um mecanismo de controlo dos preços dos quartos de hotel, como garantia de que não existe grande diferença de preços entre os feriados e os dias normais.

A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) revelou, no “Estudo e análise sobre a optimização das actividades e produtos turísticos realizadas à noite”, que são pedidas mais actividades nocturnas no território para que os turistas possam permanecer por mais tempo. Contudo, Nelson Kot acredita que os preços dos hotéis são a maior influência no facto da maioria dos turistas não dormir mais do que uma noite no território.

O mesmo responsável alerta ainda para o incremento de actividades nocturnas poder afectar a vida dos moradores. Nesse sentido, a qualidade dos serviços turísticos deve ser melhorada, além de ser necessária maior razoabilidade de preços no que ao alojamento diz respeito, frisou Nelson Kot.

Meteorologia | Sinal 1 de tempestade tropical emitido ontem à noite

[dropcap]O[/dropcap] sinal 1 de tempestade tropical foi emitido ontem à noite. De acordo com os Serviços Meteorológicos e Geofísicos, a razão para tal prende-se com o facto de “uma vasta área de baixa pressão sobre a parte norte do Mar do Sul da China se estar a desenvolver gradualmente, para uma depressão tropical” dirigida a Hainan.

O sinal 1 pode ser içado devido à “circulação externa deste sistema” que pode resultar em aguaceiros fortes e frequentes acompanhados de trovoadas. Entretanto, e devido a influência da maré astronómica, esperam-se cheias nas zonas baixas entre hoje e sábado. Até à hora do fecho da edição, os serviços adiantavam que a possibilidade de emitir sinal mais alto era baixa.

Brasileiro trazia no corpo 1,3 milhões de patacas em cocaína

Um homem de 34 anos foi detido no Aeroporto Internacional de Macau, no sábado, com 408 gramas de cocaína escondidas no corpo. Pelo serviço de “mula” ia receber 30 mil patacas

 

[dropcap]U[/dropcap]m indivíduo de 34 anos, com o apelido Ramos, foi detido no Aeroporto Internacional de Macau quando transportava 408 gramas de cocaína, com um valor de mercado de mais de 1,3 milhões de patacas. A revelação foi feita ontem pela Polícia Judiciária (PJ), que relevou tratar-se da maior apreensão deste ano.

Segundo a informação citada pelo canal chinês da Rádio Macau, o homem tinha sido contratado no Brasil para o serviço e, caso fosse bem-sucedido, ia receber 30 mil patacas, pelo transporte dos 408 gramas. Segundo os dados fornecidos pela PJ, ao HM, e anteriormente reportados, entre Janeiro e o fim de Maio deste ano, tinham sido apreendidas 355 gramas de cocaína, pelo que esta apreensão sozinha, é superior ao apreendido em cinco meses.

No entanto, o que surpreendeu as autoridades foi o facto de o homem ter um trajecto pouco comum para este tipo de casos. De acordo com a PJ, normalmente as pessoas envolvidas neste tipo de tráfico vêm para Macau vindos da Tailândia. Contudo, o homem viajou primeiro para a Etiópia, de onde seguiu para Xangai. Foi depois de chegar à “capital financeira” chinesa que embarcou com destino a Macau, no sábado passado. Por este motivo, a PJ acredita que o destino final não seria a RAEM, mas apenas um dos vários pontos de passagem.

A investigação terá sido iniciada devido a uma denúncia anónima, que levou as autoridades a conduzir o homem a uma máquina de Raio-X, que indicou o transporte de objectos estranhos.

Durante o exame, as autoridades detectaram 34 cápsulas de plástico com droga no interior. Cerca de 30 das cápsulas estavam na roupa e meias e quatro dentro do corpo do homem.

À PJ o homem terá explicado que trazia todas as cápsulas dentro do corpo mas que ao longo da viagem, principalmente em Xangai, que se sentiu mal e acabou por expelir 30 cápsulas. Assim, apenas quatro cápsulas acabaram por permanecer no seu organismo e só foram expelidas já no território, depois de ter sido detido. Por outro lado, o sujeito admitiu que antes do transporte já tinha recebido 2 mil dólares americanos, o equivalente a cerca de 16 mil patacas.

De acordo com os dados da PJ até Maio, a cocaína era a droga mais apreendida com 355 gramas, no valor de 1,065 milhão de patacas. A droga que ocupava o segundo lugar do pódio em apreensões é a quetamina, com 72 gramas no valor de 72 mil patacas. A medalha de bronze foi para a metanfetamina, mais vulgarmente conhecida por ice, com 29 gramas apreendidas no valor de 88.200 patacas.

Adjunto da ministra da Justiça de Portugal contratado para assessor jurídico da Assembleia Legislativa

[dropcap]A[/dropcap] Assembleia Legislativa (AL) vai contratar mais um funcionário português para a área da assessoria jurídica. A notícia avançada pelo jornal Plataforma dá conta da contratação de Manuel Magriço, adjunto de Francisca Van Dunem, ministra da Justiça de Portugal, após este ter recebido a autorização do Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) português para obter licença especial de dois anos com vista a desempenhar funções de assessor jurídico na Assembleia Legislativa (AL).

Manuel Magriço foi procurador do Ministério Público em Portugal durante 14 anos e chega a Macau como o terceiro jurista português contratado pela AL este ano.

O jurista, de 44 anos, exerceu funções de procurador ao longo de 14 anos, antes de ser nomeado para o Gabinete de Francisca Van Dunem e publicou em 2014 um livro sobre “A exploração sexual de crianças no ciberespaço”, fruto da sua tese de mestrado «Competitive Intelligence», apresentada na Academia Militar.

Manuel Magriço esteve em Macau em Janeiro de 2016 para participar num workshop intitulado “TAIEX (Technical Assistance & Information Exchange Instrument) – Workshop de Especialistas em prevenção e combate ao Tráfico de Seres Humanos e Protecção às Vítimas”, na Escola Superior das Forças de Segurança de Macau.

Mais um

O magistrado torna-se assim no terceiro jurista português a ser contratado pela AL este ano, juntando-se a Maria José da Costa Morgado, juíza desembargadora, em funções desde Janeiro, e ao jurista Paulo Henriques que transitou dos Serviços de Administração e Função Pública de Macau para a Assembleia Legislativa no passado mês de Maio.

A entrada de três portugueses este ano para a equipa de assessoria jurídica acontece após a Mesa da AL ter decidido não renovar os contratos dos juristas Paulo Cardinal e Paulo Taipa que terminaram funções no final de 2018 ao fim de 26 anos e 17 anos, respectivamente, de trabalho no órgão legislativo. Paulo Taipa regressou a Portugal e foi nomeado adjunto da secretária de Estado Adjunta da Administração Interna, em Abril deste ano.

Lei de Extradição | Secretário diz que preocupação não lhe foi comunicada

José Luís Carneiro passou o dia em Macau, teve um encontro com líderes de associações e empresas, mas o assunto da lei de extradição nunca foi abordado. O governante apelou ainda à participação da comunidade na política local, como forma de se proteger

 

[dropcap]A[/dropcap] comunidade portuguesa não se mostrou preocupada com a possibilidade de haver um acordo de extradição entre Macau e a China. A revelação foi feita pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, que passou ontem por Macau, onde reuniu com representantes de associações locais. O governante português explicou assim o facto de não ter abordado o assunto com a secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, com quem se reuniu na manhã de ontem.

“Não foi objecto de conversações, nem da minha parte, nem da parte da senhora secretária do Governo de Macau. Não é algo que me tenha sido colocado pela comunidade portuguesa”, afirmou sobre o encontro.

José Luís Carneiro associou depois o acordo de extradição com a criação de Grande Baía. “Como disse na minha intervenção, vi nos portugueses e nas suas instituições que a criação desta importante área estratégica [a Grande Baía] é encarada como uma oportunidade, considerado o tipo de qualificações dos portugueses que aqui se encontram”, vincou.

Segundo Carneiro, também do lado da comunidade Hong Kong não houve qualquer queixa: “Não estive em Hong Kong durante a visita. Até agora, não temos qualquer comunicação dos portugueses que se encontram em Hong Kong. Para já nem dos portugueses em Hong Kong nem do Centro Lusitano recebi preocupações que exijam quaisquer diligências por parte do senhor embaixador”, justificou.

Em Macau ainda não foi apresentada uma lei de extradição com o Interior da China, mas houve uma proposta, em 2015 que entrou na AL. O projecto acabou por ser retirado, sem que nunca tivesse sido discutido. O conteúdo ainda hoje não é conhecido.

Comunidade mais activa

O secretário comentou também as declarações do presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), Neto Valente, sobre a cada vez maior irrelevância da comunidade portuguesa. Como tal, Carneiro lançou um desafio à participação dos cidadãos lusos na vida política local.

“O apelo que fazemos a todos os portugueses que se encontram no estrangeiro, em territórios, regiões ou países é que procurem mais activamente viverem a vida política dos países ou regiões de acolhimento”, pediu. “É pela vivência activa da vida política que melhor podem contribuir não apenas para os países de acolhimento ou regiões, mas simultaneamente podem defender melhor os interesses das respectivas comunidades”, realçou.

Durante o dia de ontem, além do encontro com Sónia Chan, José Luís Carneiro esteve na Escola Portuguesa de Macau, almoçou com “dirigentes associativos”, visitou a Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal, o Instituto Português do Oriente, esteve com os Conselheiros das Comunidades Portuguesas e terminou com um encontro com algumas pessoas das comunidades ligadas a associações ou empresas.

Sobre o dia que passou no território, Carneiro realçou o facto de haver cada vez mais pessoas a estudar português em Macau. Ainda em relação a este aspecto, elogiou a postura do Governo de Macau, que vai pagar a construção do novo Pólo da Escola Portuguesa de Macau. “A secretária garantiu que o Governo de Macau vai financiar o projecto de arquitectura, os equipamentos e a disponibilidade do terreno”, apontou. “Agradecemos muito” frisou.

Governo diz que há sete projectos de prevenção de cheias

[dropcap]C[/dropcap]heong Chui Ling, chefe de gabinete do secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, disse, em resposta a uma interpelação escrita da deputada Ella Lei, que actualmente estão em curso sete projectos de infra-estruturas de prevenção de cheias, seis deles coordenados pela Secretaria para os Transportes e Obras Públicas e um pelo Instituto de Assuntos Municipais (IAM).

A obra que está sob responsabilidade do IAM é a instalação de uma box-culvert da estação elevatória de águas pluviais do Porto Interior, cujo projecto foi iniciado em Fevereiro de 2019 e deve estar concluído em 2021.

Ella Lei pediu um calendário específico ao Governo, mas Cheong Chui Ling disse que não podem ser adiantadas datas sem ter a certeza dos detalhes dos vários projectos. O chefe de gabinete de Raimundo do Rosário deu mesmo como exemplo o projecto de requalificação dos estaleiros de Lai Chi Vun, que está dependente do processo de classificação de património cultural.

Rumores | Governo desconhecia que exemplo indiano era inconstitucional

É inconstitucional, mas o gabinete de Wong Sio Chak só ficou a saber depois da Novo Macau ter trazido a informação a público. Mesmo assim, o Governo não perdoa aos pró-democratas e acusa-os de distorcer as posições oficiais para impedir a criação de uma nova lei

 

[dropcap]O[/dropcap] Gabinete do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, acusa a Associação Novo Macau de distorcer a posição oficial sobre a Lei de Protecção Civil, para transmitir a ideia que o objectivo do diploma é controlar a liberdade de expressão. Foi desta forma que o gabinete do secretário reagiu às críticas da associação, que na semana considerou que à base do direito comparado pelo próprio Governo, o artigo 25, que criminaliza os rumores, é desnecessário.

Segundo a interpretação dos pró-democratas, os exemplos do Executivo, com base no direito suíço e francês, focam aspectos que já estão cobertos por normas do código penal. Além disso, a Novo Macau apontou o facto de o Executivo ter utilizado a lei indiana como referência, apesar desta ter sido considerada inconstitucional pelo Tribunal Suprema da Índia, algo que o Governo não havia mencionado.

Face a estas críticas, o gabinete de Wong Sio Chak aponta que nunca foi dito que os exemplos iam ser copiados e que houve manipulação das posições oficiais: “As autoridades de segurança nunca manifestaram que iriam copiar exactamente esses exemplos de legislação do exterior, para a configuração do ‘crime contra a segurança, ordem e paz públicas durante incidentes súbitos de natureza pública’”, é escrito. “Além disso, os comentários truncaram o contexto para distorcer o sentido da decisão judicial da Índia, alegaram indevidamente que as autoridades de segurança interpretaram erradamente os exemplos da legislação penal da França e da Suíça”, foi acrescentado.

Wong Sio Chak diz também que o objectivo das críticas é transmitir a ideia de que não há legitimidade para impor esta lei: “levaram a população a crer que esse crime é para controlar a difusão de expressão, com intenção infirmar a não legitimidade e a necessidade das sanções penais de Macau no que diz respeito à elaboração, transmissão ou difusão de rumores perante incidentes graves de protecção civil”, considerou.

Neste sentido, o gabinete do secretário explica que é necessária uma lei que permita criar “normas incriminadoras às condutas que se traduzam na elaboração de rumores durante o período de grande catástrofe”, o que argumenta hoje não ser possível.

Todavia, a proposta do Governo não explica que a proposta vai mais longe do que o que foi afirmado na consulta e que pune com pena de prisão quem elabore, difunda ou transmita “notícias tendenciosas”. O conceito de “notícias tendenciosas” nunca é definido no diploma.

A justificação

No que diz respeito ao facto de o Executivo ter usado uma lei indiana como referência que já tinha sido considerada inconstitucional, o gabinete de Wong Sio Chak escuda-se no facto de ainda não ter havido alterações no texto, por parte do Governo. Aliás, o mesmo gabinete terá mesmo feito um estudo, mas apenas depois da informação ter sido trazido a público pela Novo Macau.

“Recentemente, depois de se conhecer que o artigo 66-A.º da ‘Lei da Tecnologia da Informação da Índia’, promulgada em 2000 e revista em 2008, foi julgado inconstitucional pelo Tribunal Supremo daquele País, as autoridades de segurança deram grande importância e efectuaram imediatamente verificação”, é frisado. “Após esse estudo, verificou-se que entre o período em que foi elaborada a proposta de ‘Lei de Bases de Protecção Civil’ e da sua consulta pública, o Governo da Índia ainda não tinha feito qualquer actualização às respectivas informações publicadas no documento jurídico do seu website, pelo que as quais continuaram a serem tomadas como referências pelas autoridades de segurança”, foi acrescentado.

A consulta pública foi realizada entre Junho de Agosto de 2018. Nessa altura, a lei indiana já tinha sido considerada inconstitucional, num caso mediático. Foi a 24 de Março de 2015 que o Tribunal Supremo da Índia tomou esta decisão, a partir da queixa da advogada Shreya Singhal.

Na mesma resposta, Wong Sio Chak declara ainda que está aberto para ouvir a Assembleia Legislativa e os deputados e a realizar as melhorias necessárias: “Espera-se que seja dado mais um passo para melhorar o texto da proposta de lei e estabelecer uma ajustada, clara e rigorosa previsão criminal”, é sublinhado.

Glenn Timmermans, académico: “Holocausto está além da compreensão”

A necessidade de dar contexto à matéria que lecciona levou Glenn Timmermans, professor de literatura inglesa na Universidade de Macau, a dedicar especial atenção ao período do Holocausto nazi. A partir daí, o docente desenvolveu um programa que tenta trazer todos os anos a Macau um sobrevivente de um dos “períodos mais negros da história ocidental.” A próxima convidada é Eva Schloss, que partilhou a infância com Anne Frank e viveu Auschwitz

 

O que o levou a sentir necessidade de ensinar a história do período do Holocausto em Macau?

[dropcap]S[/dropcap]ou professor de literatura inglesa. Estou em Macau desde 2001 a ensinar e uma das disciplinas que lecciono é literatura do séc. XX. Depois de dois ou três anos a ensinar em Macau, e a falar da guerra e de Auschwitz percebi que era impossível entender a história recente se não se souber o que aconteceu durante o período do Holocausto nazi. O Holocausto é a grande crise da civilização ocidental, foi o ponto mais baixo desta civilização. Como é possível entender a literatura ocidental, pelo menos a literatura da segunda metade do séc. XX, se não se souber o que aconteceu no Holocausto? Os meus alunos questionavam muitas vezes o que era isso. Foi quando parei e pensei que não iria avançar na área da literatura até que eles soubessem o que se passou. Um livro como o “Lord of the Flies”, de William Golding, surgiu porque o autor esteve no exército em 1945, altura em que percebeu a depravação da humanidade. Um livro como este tem relação com o fenómeno do Holocausto. Samuel Beckett em “À espera de Godot” mostra como tudo perde o significado. Penso que se trata de uma consciência pós-Holocausto. É uma crise na filosofia ocidental. Temos muito que nos orgulhar no ocidente, a cultura é extraordinária, mas no meio do séc. XX as pessoas mais cultas, as pessoas que ouviam Bach e Beethoven e todos os grandes filósofos, foram as pessoas que cometeram o maior crime da história. Esta situação ultrapassa todas as assunções do que somos, o que conseguimos, qual é o valor da cultura. Há esta ideia de que se souber tocar piano ou violino, de que se se for culto, as pessoas são melhores. Mas Adolf Eichmann, o “arquitecto” do Holocausto era um conceituado violinista. Isso para mim é incompreensível. Foi assim que comecei a introduzir aos poucos o Holocausto nas minhas aulas.

Agora está à frente de um programa totalmente dedicado a esta matéria.

Senti que precisava de ajuda e em 2007 fui a Israel fazer um curso no Yad Vashem, em ensino do Holocausto. Felizmente, com o apoio de Sheldon Adelson, que faz a sua fortuna em Macau e é um grande doador para o Yad Vashem, todos concordaram que uma pequena parte das doações seria destinada a levar académicos chineses a ter formação em Israel. Vou levar o próximo grupo em Setembro. Temos agora centenas de candidatos por ano, e só podemos levar trinta. Depois, em 2012 a universidade tentou americanizar-se e introduziu a Educação Geral, o que foi uma oportunidade. Pediram-me sugestões de ensino para esta área e eu avancei com a proposta de ensinar o holocausto enquanto disciplina independente. Disse que lhe queria chamar “O genocídio do Holocausto e direitos humanos”. Pediram-me para deixar cair a parte dos direitos humanos, mas eu neguei. Ainda continuo a ensinar esta disciplina que se está a tornar muito popular. No próximo semestre vou ter três turmas cada uma com 70 alunos. Os alunos, inicialmente, na sua maioria, sabiam muito pouco sobre este assunto.

Como tem sido a reacção dos estudantes?

Os alunos dizem muitas vezes: se o Hitler matou tantos judeus era porque existia uma boa razão. Respondo dando exemplos dos próprios chineses e da sua diáspora no sudeste asiático. Tal como com os judeus, há comunidades chinesas que têm muito sucesso e que, muitas vezes, são vítimas de preconceito. Sabemos que na Indonésia muitos chineses são mortos, sabemos que actualmente na Malásia, os chineses são muitas vezes mencionados como ameaça potencial. Porque, tal como acontecia com os judeus, há esta ideia de que os chineses conseguem controlar a economia. De facto, quando emigram, e tal como os judeus que estavam na Europa, acabam por ter sucesso económico e isso torna-os alvo de ressentimento.

Acha que esse ressentimento contra judeus contribui para o Holocausto de alguma forma?

De alguma forma sim. O Hitler andava a procura de um bode expiatório e os judeus que em 1933 eram 500 mil na Alemanha, menos de um por cento da população, controlavam muitas áreas. Quando Hitler procurou um bode expiatório aproveitou para dizer, “olhem estes, não são alemães, mas dirigem orquestras, são responsáveis por jornais, gerem negócios”. Encontrou quem culpar. Não faria sentido culpar pelas dificuldades que se viviam as empregadas domésticas, mas sim aqueles com algum sucesso. Claro que o antissemitismo tem uma história de mais de dois mil anos, mas, de facto, com o que se passou no Holocausto, os judeus acabaram por ser o bode expiatório associado ao colapso económico alemão.

Depois de um período tão negro, como se justificam os crescentes movimentos racistas na Europa?

A Angela Merkel, e isto para seu crédito, abriu as fronteiras da Alemanha aos refugiados na sua maioria sírios, mas a outros também. Ela apenas o fez porque existiu um Holocausto e foi uma forma de reafirmar que a Alemanha não pode nunca mais voltar a apoiar este tipo de descriminação. A Alemanha tinha a obrigação moral, mais do que qualquer outro país de abrir as suas fronteiras. Isto, está agora a criar outros problemas com o crescimento dos movimentos de extrema-direita no país que a culpam pelo problema dos refugiados. Na Europa vemos estes movimentos a ganharem força na Hungria, Polónia, etc..

Apesar da Polónia ter sido muito massacrada na 2ª Grande Guerra Mundial…

Sim, e está a tornar-se muito extremista. Tinha andado muito decente nos últimos 20/30 anos e temos também o ódio aos judeus da velha guarda da direita, na Alemanha e na Hungria. Mas estes sentimentos estão também a crescer na França, e agora dirigido aos muçulmanos. Os judeus acabaram por estar identificados com Israel e na Inglaterra existe antissemitismo dentro do partido trabalhista. Temos uma oposição de esquerda que parece ter um problema com o racismo. Israel era querido da esquerda, historicamente, nos 50 e 60, mas agora que Israel está muito identificado com os Estados Unidos da América, e a esquerda odeia os Estados Unidos, os protegidos passaram a ser os palestinianos.

Todos os anos traz a Macau um sobrevivente do Holocausto nazi. Porquê?

Porque o Holocausto é algo que está além da compreensão. Por mais que estude sobre aqueles acontecimentos e aquela época não entendo e duvido que alguma vez venha a entender. Dentro em breve todos os sobreviventes estarão mortos. Por isso, se os estudantes ouvirem a história directamente de um sobrevivente tem mais impacto do que todas as palestras e todas a aulas que tiverem. Basta uma hora com um sobrevivente e conhecer alguém que esteve realmente lá.

Qual o próximo convidado?

A minha convidada em Janeiro é incrível. Tem 90 anos e é a irmã “emprestada” póstuma da Anne Frank. Elas conheceram-se no início da guerra. O nome dela é Eva Schloss. A mãe, o pai e o irmão eram judeus austríacos e fugiram em 1939. O pai encontrou emprego na Holanda e juntaram-se todos em Amsterdão em 1940, antes do início da guerra. Viviam em frente à família Frank. No Holocausto esconderem-se tal como os Franks, mas foram traídos e o pai e irmão acabaram por morrer em Auschwitz. Entretanto, a mãe de Anne Frank também foi morta. Depois da guerra, o pai de Anne Frank conheceu a mãe de Eva Schloss que acabou por ser criada por ele. Estive com ela recentemente, em Londres, e ela aceitou vir a Macau em Janeiro. Quero que este testemunho, além de ser apresentado na universidade, seja também dado a conhecer às escolas de Macau.

Podemos dizer que há um paralelismo, quando se fala de horror, entre o Holocausto e o massacre de Nanjing, na China?

Nanjing é um acontecimento terrível, mas não deve ser confundido com o Holocausto nazi. Há uma tendência, na China, para comparar esses dois acontecimentos. Em parte por causa da própria linguagem. Em chinês a palavra datusha é utilizada para ambos os acontecimentos. São ambos massacres. Mas o Holocausto não foi um massacre, foi um processo que decorreu primeiro entre 1933 e 39 com propaganda e com as leis contra judeus, e que depois se tornou num processo de matança industrial. Não estou a dizer que o massacre de Nanjing não foi horrível. Todas as matanças o são. Mas o massacre de Nanjing foi aquilo a que se chama realmente de massacre. Os japoneses esperavam conquistar Xangai muito mais rapidamente do que fizeram. Pensaram que iriam ter Xangai em poucas semanas e levou-lhes três meses. Muitos japoneses tinham sido mortos, os chineses combateram corajosamente e, por razões que não são muito claras, Tóquio ordenou que se avançasse para Nanjing. Não havia importância militar em Nanjing. Depois de conquistarem Xangai controlavam o delta do rio Yangtze, aliás controlavam a China. Acho que Nanjing foi o lugar escolhido pelos japoneses para humilharem a China. Quando chegaram lá, os soldados japoneses estavam exaustos, zangados e ficaram loucos. De acordo com os números aproximados, terão morrido 300 mil chineses. Foi muita gente. Mas penso que o mais horrível foram as violações. Sabemos que cerca de 20 mil mulheres foram violadas, e não era apenas uma violação, era o seu horror. Mais uma vez, os alemães eram um povo muito sofisticado e levaram para a frente o Holocausto e aqui, os japoneses eram um povo muito refinado e também cometeram as maiores e mais cruéis atrocidades. Temos estas duas culturas intelectuais altamente refinadas e depois vemos que foram as potências que mais horrores causaram e que cometeram crimes indescritíveis.

A história de Nanjing só começou a ser divulgada muito depois do massacre. Porquê?

A China fez um trabalho muito mau na preservação da sua história. Nanjing, ao contrário do Holocausto, foi durante muito tempo silenciado por razões políticas. Os comunistas não estiveram lá, estavam a combater o Kuomintang e não a combater os japoneses. Ou seja, os comunistas não tiveram nenhum papel nesta história de Nanjing. Por duas razões. Por um lado, por não terem estado lá, e por outro porque se não estivessem a lutar contra o Kuomintang e sim com eles, se calhar juntos teriam derrotado os japoneses. Depois, tanto a China como Taiwan, nos anos 50, queriam investimento japonês. Apenas nos anos 80, quando a China começou a ficar mais forte, se começou a reconhecer o massacre de Nanjing. O primeiro museu dedicado aos acontecimentos só foi criado em 1985, 40 anos depois do massacre. Infelizmente, do ponto de vista histórico perderam-se muitos registos, nomeadamente depoimentos de sobreviventes, fundamentais para documentar aquele período.

Portugal tenciona abrir consulado honorário em Malaca

[dropcap]O[/dropcap] secretário de Estado das Comunidades Portuguesas anunciou sábado à Lusa que o Governo português pretende abrir um consulado honorário em Malaca, onde existe um legado patrimonial e imaterial desde a chegada de Afonso de Albuquerque, em 1511.

“O senhor embaixador está a elaborar uma proposta que irá submeter ao Ministério dos Negócios Estrangeiros (…) para criarmos aqui, em Malaca, um consulado honorário, disse à Lusa José Luís Carneiro, à margem da 2.ª Conferência das Comunidades Portuguesas na Ásia.

O encontro juntou no Bairro Português de Malaca representantes das comunidades asiáticas descendentes de portugueses, numa iniciativa de partilha das raízes culturais, com cerca de 300 luso-asiáticos, de várias comunidades do continente.

“Depois de ser apreciado pelas autoridades portugueses [pretensão de abrir consulado honorário em Malaca] irá ser submetido às autoridades malaias”, explicou o responsável português, que esteve reunido na sexta-feira com o secretário-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Malásia, Muhammad Shahrul Ikram Yaakob, em Kuala Lumpur.

“Tratar-se-á de um consulado honorário e naturalmente para que possa ser criado é necessário que haja condições físicas, materiais, para que possa funcionar como um consulado honorário”, revelou José Luís Carneiro, não apontando, contudo, uma possível data de abertura.

Acompanhado pelos artistas das comunidades de herança portuguesa da Indonésia, Malásia, Tailândia e Sri Lanka, que atuaram durante a conferência, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas assumiu o compromisso de ajudar estas comunidades através de apoio financeiro para actividades culturais e de preservação do legado deixado pelos portugueses, durante a época dos descobrimentos.

“Assumi o compromisso com a associação Coração de Malaca (e outras Organizações não-governamentais) em Malaca de os apoiar na elaboração de candidaturas para efeitos de financiamento por parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros (…) no apoio ao trabalho que aqui desenvolvem relativo à defesa e valorização da herança histórica que aqui une comunidades de toda esta região, desde a Indonésia, até Macau, Singapura, Tailândia e Malaca”, disse.

“Como se vê, são jovens que serão o futuro destas comunidades que aqui mostram a sua ligação a Portugal”, disse enquanto interagia com aqueles jovens luso-asiáticos.

O responsável português lembrou ainda o trabalho feito por dois portugueses em Malaca que querem identificar todo o património imaterial deixado por Portugal, desde o século XVI na cidade costeira da Malásia, onde ainda vive uma forte comunidade que diz ser portuguesa, e disse que o Governo os vai ajudar na candidatura à UNESCO, para que esta organização reconheça este património único.

Joana Bastos e Bruno Rego, dois bolseiros Fernão Mendes Pinto, um projecto de parceria entre a associação Coração de Malaca e o instituto Camões, disseram à Lusa que estão, desde que aterraram em Malaca, há cerca de três meses, a desenvolver um mapeamento cultural que vai abranger toda a comunidade luso-malaia com o objectivo de enviar estas informações à UNESCO

Por fim, o Secretário das Comunidades Portugueses anunciou ainda que para o ano, durante as celebrações do São Pedro em Malaca, o grupo vencedor das marchas de Santo António em Lisboa irá participar nas festividades da cidade outrora conquistada pelos portugueses.

As festividades do São Pedro arrancaram na sexta-feira em Malaca e terminaram este domingo.
A relação de Portugal com Malaca remonta a 1509, quando Diogo Lopes Sequeira, enviado do Rei D. Manuel, aportou em Malaca para estabelecer relações e dois anos mais tarde Afonso de Albuquerque desembarcou em Malaca, demoliu a Grande Mesquita, e levantou no local uma fortaleza que seria um importante entreposto comercial.

Relações luso-chinesas entre 1644 e 1911 tema de curso na Fundação Oriente em Macau

[dropcap]A[/dropcap]s relações entre Portugal e a China entre 1644 e 1911 vão estar em foco num curso, na próxima semana, que vai realizar-se na delegação de Macau da Fundação Oriente.

“Dois Impérios, Cinco Tempos”, ministrado por Jorge Santos Alves, vai analisar as relações luso-chinesas, durante as duas últimas dinastias imperiais, a de Bragança em Portugal, e a Qing na China, em articulação com a evolução histórica de Macau, porto entre os dois impérios e com a história geral da Ásia oriental na transição para o período colonial, de acordo com um comunicado da delegação de Macau da Fundação Oriente.

“A compreensão desse quadro geral será repartida em Cinco Tempos, que correspondem a outros tantos processos históricos, alguns dos quais com forte ligação à época contemporânea”, indicou.

Este curso de formação avançada terá quatro sessões de duas horas, que vão decorrer entre 8 e 12 de Julho, na Casa Garden, em Macau. Jorge Santos Alves é professor auxiliar da Faculdade de Ciências Humanas e Coordenador do Instituto de Estudos Asiáticos, da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.

Além de investigador sénior do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura (FCH-UCP), Jorge Santos Alves dirige a Revista Oriente, da Fundação Oriente. Foi professor convidado da Universidade de Macau (2006-2010), onde tinha ensinado a título permanente entre 1990 e 1996.