Fórum Macau | Xu Yingzhen reconhece que organismo precisa de mais projecção

O Fórum Macau precisa de projecção. Quem o diz é a secretária-geral, Xu Yingzhen, que admite que só assim poderá servir melhor as relações comerciais entre a China e os países de língua portuguesa. Entretanto, o mais recente país a entrar no Fórum Macau, São Tomé e Príncipe, é anfitrião de mais um encontro do organismo

 

[dropcap]A[/dropcap] secretária-geral do Fórum Macau, Xu Yingzhen, reconheceu, em entrevista à Lusa, a necessidade de maior projecção e melhores canais de informação para “servir melhor” as relações comerciais entre a China e os países lusófonos.

Apesar de sublinhar os esforços feitos nos últimos anos, Yingzhen disse que o Fórum, criado em 2003, ainda “precisa de chegar a mais pessoas” para “servir melhor a cooperação e implementar mais resultados” concretos. “Através de vários canais de divulgação, podemos dar maior conhecimento ao mundo exterior deste Fórum de Macau”, reconheceu a secretária-geral, sublinhando que as crescentes deslocações às províncias do interior da China têm sido promovidas com esse objectivo.

Encontro especial

Entretanto, o encontro empresarial que se vai realizar a 8 e 9 de Julho em São Tomé e Príncipe – o último país a aderir ao Fórum Macau, em 2017, meses depois de cortar relações diplomáticas com Taiwan – é, na sua opinião, uma oportunidade para aumentar a eficácia do Fórum. “Acho que podemos, através destes encontros, nomeadamente este primeiro encontro que se vai realizar em São Tomé, promover um maior conhecimento entre as empresas da China e os países de língua portuguesa”, disse.

Sem adiantar muitos detalhes sobre o 14.º Encontro Empresarial China-Países de Língua Portuguesa, o primeiro realizado naquele país africano, Yingzhen enalteceu “a importância” do evento. “É um país que aderiu um bocadinho tarde ao Fórum Macau, por isso a realização deste encontro empresarial chama muito à atenção. O secretariado permanente dá enorme atenção e importância a este encontro”, afirmou.

Participam neste 14.º Encontro Empresarial delegações de empresários dos países lusófonos, instituições públicas de promoção de comércio e de investimento e ainda empresários de municípios e províncias do interior da China, adiantou Xu Yingzhen.

Já sobre a possível adesão da Guiné Equatorial, Xu Yingzhen não afastou a hipótese. “O nosso fórum é uma plataforma aberta, se a Guiné Equatorial quiser aderir pode apresentar um pedido de adesão”, disse, escusando-se a debater o assunto.

De olho na Baía

Para Xu Yingzhen, outra grande oportunidade de promoção do Fórum surge com a Grande Baía, o projecto de Pequim para criar uma metrópole a nível mundial, que junta as regiões administrativas especiais de Macau e de Hong Kong e nove cidades chinesas da província de Guangdong (Dongguan, Foshan, Cantão, Huizhou, Jiangmen, Shenzhen, Zhaoqing, Zhongshan e Zhuhai). “Nas linhas gerais do planeamento para a Grande Baía, consta claramente o posicionamento de Macau enquanto plataforma de serviços”, o que obriga o Fórum a “envidar mais esforços para desempenhar o papel do Governo” neste projecto, acrescentou.

O projecto de Pequim prevê igualmente a construção de um corredor tecnológico e “Macau pode desempenhar um papel importante neste aspecto, nomeadamente na área da medicina tradicional chinesa”, elencou.

A estratégia de promover a medicina tradicional chinesa nos países lusófonos, utilizando Portugal como porta de entrada para a Europa, e Angola e Moçambique para África, é encarada como um dos eixos centrais de actuação para 2019 pelas autoridades de Macau.

“Na conjuntura do desenvolvimento da Grande Baía, Macau pode desempenhar um papel mais importante” enquanto plataforma, assumiu.

Bendita peste

A secretária-geral do Fórum Macau considerou ainda que a crise de peste suína na China pode beneficiar a produção agropecuária brasileira, reforçando as relações comerciais entre os dois países.

“A peste suína aumentou a necessidade de importação, o que pressupõe oportunidades alargadas para os países exportadores de carne de porco, como o Brasil”, disse Xu Yingzhen.

As importações de carne suína da China dispararam em Maio, numa altura em que o gigante asiático está a ser afectado por uma peste suína que está a ter efeitos inflacionários a nível mundial. “A expectativa é grande, até porque temos observado que a relação entre a China e o Brasil está num caminho de crescimento constante”, destacou Xu Yingzhen.

As exportações do Brasil parecem beneficiar também das tensões diplomáticas com o Canadá: Pequim bloqueou recentemente o mercado a três exportadores canadianos, numa altura de tensões com Otava devido à detenção de uma executiva da Huawei.

Questionada sobre a área em que o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau) mais intervém na relação entre os dois países, Xu Yingzhen não hesitou a apontar o empreendedorismo. “No futuro, achamos que a cooperação entre a China e o Brasil vai focar-se no âmbito do empreendedorismo e da inovação entre jovens empresários”, afirmou.

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