Casa Garden | Exposição de Ernest Wong inaugura este sábado Hoje Macau - 18 Jun 2021 A galeria principal da Casa Garden recebe, a partir deste sábado e até ao dia 20 de Agosto, a exposição “Em Algum Lugar Ainda Selvagem”, de Ernest Wong Weng Cheong, e que se insere nas celebrações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas. A mostra inclui seis instalações e quatro fotos que espelham “um mundo selvagem surreal”. Segundo palavras do próprio artista, citadas por uma nota da Fundação Oriente, o público poderá ver trabalhos onde “‘criaturas’ parecidas com ovelhas abandonaram a sua necessidade básica de sobrevivência e que se afastaram da superfície terrestre sem quaisquer reservas”. Estas “criaturas”, à medida que as suas pernas cresciam, “apartavam-se da erva que sustentava a sua vida” e, mesmo enfrentando a fome, “os seus genes não permitem mais que se curvem”. Desta forma, e conforme explicou Ernest Wong, estas “criaturas” continuam a crescer e são capazes de observar tudo o que se passa no mundo. “Apesar da vulnerabilidade da sua posição, não têm predadores neste lugar selvagem. Ironicamente, ao abandonarem a proximidade ao chão e à erva que as alimentava, estes seres podem-se ter tornado o seu único inimigo natural. Por isso, neste mundo selvagem, ao olhar a superfície terrestre, poder-se-á observar o epitáfio final destas criaturas escrito no seu sangue”, adiantou o artista. Ernest Wong estudou no Reino Unido, no London Goldsmith College of Art, de onde regressou “silencioso como antes, realmente como aquelas ovelhas longilíneas do seu país surreal”, descreve James Wong, coordenador da mostra. Desta forma, com esta exposição, “tudo se reflecte a partir do interior”. “Solitário, o resto do mundo provavelmente seria indiferente ao que se apresenta nesta exposição”, descreve James Wong, que não é mais do que “uma onda calma pairando sob o céu cinza, algumas casas de estacas altas à beira da água, que espelha o rebanho de ovelhas vagueando pelas encostas relvadas do vale do rio, poucas imagens de vida, duas aparições vivas”.
FRC | “Shanghai Surprise” em exibição na próxima terça-feira João Luz - 18 Jun 2021 Na próxima terça-feira é exibido “Shanghai Surprise” na Fundação Rui Cunha, de Jim Goddard, filme protagonizado pelo casal, à altura, recém-casado Sean Penn e Madonna e que tem Macau como fundo escolhido para filmagens de exteriores. A projecção deste filme insere-se no programa Macau no Cinema, e é a quarta de uma série de nove Há 35 anos, Sean Penn e Madonna formavam um dos casais mais falados do mundo, mediatismo alargado pelo casamento. Na próxima terça-feira, 22 de Junho, a Fundação Rui Cunha exibe “Shanghai Surprise”, filme protagonizado pelo casal recém-casado, e com grande parte dos exteriores filmados em Macau. Com hora de início marcada para as 18h30, este é o quarto filme de uma série de nove do programa “Macau no Cinema”. Realizado em 1986 por Jim Goddard e produzido pelo ex-Beatle George Harrison, que assina grande parte da banda sonora, o filme conta a história de um caçador de fortunas e homem de aventuras (Penn) que conhece uma enfermeira missionária (Madonna). A personagem encarnada pela autora de “Like a Virgin” está determinada para arranjar ópio para aliviar a dor dos seus doentes. Este desígnio irá cruzar-se com a vontade do personagem de Sean Penn de embarcar com destino aos Estados Unidos. Com estas duas demandas entrelaçadas, assim como as vidas do aventureiro e da enfermeira, “o destino leva-os a uma agitada, exótica e muito romântica busca pelas drogas roubadas”, descreve a Fundação Rui Cunha. Como seria habitual, entrar no negócio do tráfico de droga coloca em perigo o inusitado casal, uma vez que a mercadoria que ambicionam é cobiçada por contrabandistas e assassinos. Exteriores do interior Passado no final da década de 30 do século passado, “Shanghai Surprise” é uma comédia de aventura passada durante o período da ocupação japonesa. Macau foi o local escolhido por toda a equipa técnica para as gravações exteriores, tendo trazido ao território Sean Penn e Madonna, duas estrelas cujas personalidades bastante extravagantes para a época, agitavam tudo à sua volta. Antes da exibição do filme haverá lugar para uma pequena apresentação a cargo de Filipa Guadalupe. O filme é falado e legendado em inglês e a entrada é livre, mas sujeita a limitação de lugares.
Euro 2020 | Selecção lusa defronta Alemanha no primeiro teste de fogo Hoje Macau - 18 Jun 2021 Há rivalidades históricas que fazem o coração luso bater mais rápido. Seja contra Inglaterra, França ou Alemanha, o orgulho português torna-se gigante e imbatível. Em termos práticos, os confrontos contra os alemães são como o Evereste. Desde o ano 2000 que Portugal não sorri contra os germânicos. Mas cada Evereste terá um Sir Edmund Hillary, alguém capaz de o escalar Por Martim Silva Nuno Mendes ainda não tinha nascido. João Félix tinha um ano de idade e Cristiano Ronaldo ainda estava nas camadas jovens do Sporting Clube de Portugal. O ano dava início ao milénio e Portugal vencia a Alemanha pela terceira e última vez em 21 anos. Estávamos em território francês e em pleno Euro 2000 quando Sérgio Conceição marcava três golos à Mannschaft no terceiro jogo da fase de grupos da competição. Volvidas duas décadas, Portugal é campeão europeu e a Alemanha campeão mundial de 2014. Parece existir menos desequilíbrio entre ambas as equipas, algo que não concorda com o histórico de confrontos. O grupo F do Euro 2020 é um autêntico grupo da morte. Portugal já passou o primeiro teste com menção de excelência, com a vitória frente à Hungria por 3-0. Já a Alemanha, não parecia a selecção que tantas noites em branco deu aos portugueses quando perdeu por 1-0 frente à França. Os dois jogos são ilustrativos do momento de forma das equipas. Esta selecção germânica não impressiona. Não tem nomes sonantes e já está na calha um novo seleccionador, o ex-treinador do Bayern de Munique, Hans Flick, que tomará conta da equipa depois deste Euro. Contra a França, a Alemanha foi uma nulidade ofensiva, tendo tido bastantes dificuldades em ultrapassar a barreira gaulesa. Não foi um jogo anormal, porque a França não perde em competições oficiais desde Junho de 2019 frente à Turquia. Apesar de qualquer inferioridade alemã, continua a existir poderio do lado do adversário da selecção das quinas, pelo menos no lado mental. Portugal terá uma certa desvantagem por ter de lidar com esse historial negativo de confrontos. Ter de passar esta barreira poderá desbloquear a tal “ansiedade” que Fernando Santos atribuiu à sua equipa no início da segunda parte contra a Hungria. Com isto em mente, Portugal irá defrontar o teste mais difícil desde 2016 quando derrotou a França, conquistando o Euro. Não ter um adversário à altura desde 2016 pode ser problemático para a equipa lusa, mas não há nada melhor que ter logo um embate contra um gigante no segundo jogo da competição de maneira a preparar uma possível reconquista. Chave da experiência Com o teste mais difícil à porta desde que o Euro de Portugal teve início, não há necessidade para o medo se interiorizar no seio desta equipa porque o conjunto luso já mostrou que consegue alcançar grandes conquistas. Sem defrontar a Alemanha desde 2014, e com a consciência da dificuldade da tarefa, jogadores como Pepe, Ronaldo e João Moutinho podem liderar os mais jovens e estreantes jogadores a não pensarem nos aspectos negativos do embate entre os dois gigantes europeus. Os três craques acima nomeados já experimentaram todas as surpresas, todos os sentimentos e todos os ensinamentos que o desporto rei lhes atirou à cara. Ter vozes destas ajudará o balneário português a ficar calmo e a entender que o seu lugar é a batalhar contra os melhores deste mundo. A montanha é grande, e em termos teóricos pode parecer um trajecto impossível, mas para Bruno Fernandes, médio do Manchester United, a confiança é um dado adquirido. “Espero uma selecção a tentar ganhar e o que espero de nós é uma equipa a tentar ganhar. É difícil prever porque o jogo tem vários momentos, decisões tomadas ao segundo e o nosso objectivo passa por ter bola e ganhar”. Ter jogadores a pensar desta maneira só trará indícios positivos ao jogo de sábado para domingo (00:00). Nuno Mendes falhou o treino de quinta-feira devido a uma mialgia na perna esquerda. Com esta baixa, Raphaël Guerreiro irá assumir, novamente, a titularidade na lateral esquerda. A Alemanha só será um adversário complicado se a selecção lusa acreditar que sim. Com confiança e motivação em ser, novamente, campeão europeu, Portugal é capaz de mover mundos e fundos até ao objectivo final. Dia 11 de Julho é o dia mais importante e onde o foco deverá permanecer sempre. Contra os alemães marchar! Itália vence Suíça com dois golos de Locatelli Como a identidade histórica dos azzurri reside quase sempre nos processos defensivos, fica claro que a selecção de Roberto Mancini é muito mais que uma equipa a praticar o catenaccio de Helenio Herrera. Por fim a dizer presente no lote dos favoritos a conquistar o Euro, Itália venceu a Suíça por 3-0 numa exibição completa e premiada pelo puro talento ofensivo. O jogo começou de forma intensa, aliás se existe característica apontada às diversas equipas italianas é a garra, com a Suíça incapaz de sair do seu meio-campo devido à pressão alta que os médios Manuel Locatelli, Nicolò Barella e Jorginho exerceram em Remo Freuler e especialmente Granit Xhaka, os médios helvéticos. Apesar da dificuldade na 1.ª fase de construção, com médios e laterais italianos a pressionarem o lado onde estava a bola, a Suíça não era capaz de ocupar o espaço deixado nas costas de Barella e Locatelli, havendo uma grande distância entre estes dois e o médio mais recuado, Jorginho. Esperava-se mais desta selecção orientada por Vladimir Petkovic mas a noite pertenceu mesmo aos italianos, e, concretamente, a Locatelli. O médio do Sassuolo, cobiçado pela Juventus, marcou dois golos. O primeiro foi logo aos 26 minutos a concluir uma boa jogada iniciada pelo próprio, finalizando após assistência de Domenico Berardi. O segundo, aos 52 minutos, foi através de um remate com o pé esquerdo à entrada da área suíça. O terceiro e último golo foi marcado por Ciro Immobile aos 89 minutos. Mesmo com a vitória expressiva em mente, Mancini desvaloriza o favoritismo “No Euro há França, Portugal e Bélgica. Um destes é campeão mundial, outro é campeão europeu e o último é a melhor selecção no ranking. Estas equipas foram construídas ao longo de anos sendo normal estarem mais à frente que nós, mas tudo acontece no futebol (…)” concluiu o seleccionador italiano. No reino da previsibilidade, venceu a Rússia Depois de a Finlândia ter surpreendido a Dinamarca no jogo de abertura do Grupo B, expectava-se que o mesmo poderia acontecer frente à Rússia. Após a goleada por 3-0 contra a Bélgica, o conjunto russo quis dar outra resposta e o seleccionador Stanislav Cherchesov mexeu no onze procurando dar nova vida à sua equipa. Substituiu o experiente guarda-redes Anton Shunin pelo jovem Matvei Safonov e tirou do onze Yuri Zhirkov e Andrey Semyonov, tendo colocado o médio da Atalanta Aleksey Miranchuk e o defesa Igor Diveev. A Finlândia apenas alterou uma peça no seu onze inicial, trocando Tim Sparv por Rasmus Schüller. As mudanças não melhoraram a estética do encontro. Ambas as equipas tinham processos ofensivos semelhantes, não mostrando grande variedade ou surpresa no ataque à baliza adversária. A organização ofensiva tinha sempre o mesmo tipo de jogada e finalidade, especialmente da parte da Rússia. Os processos ofensivos eram mais colectivos que individuais, no entanto os russos mostravam alguma incapacidade em chegar a zonas de finalização e a criar oportunidades de golo. Quanto à Finlândia, os processos criativos passavam mais pela individualidade de Glen Kamara, Teemu Pukki e Joel Pohjanpalo, também estes incapazes de incomodar a baliza de Safonov. Apesar da falta de poderio ofensivo, Miranchuk acabou por decidir o encontro ainda antes do intervalo. Lançado pelo seu seleccionador, o médio ofensivo concluiu uma jogada de combinação com o avançado Artem Dzyuba dentro da grande área com um belíssimo golo ao canto superior esquerdo da baliza finlandesa. Foi-lhe atribuído o prémio de melhor em campo de forma justa. O médio russo teve uma óptima exibição e um golo ainda melhor.
Francis Tam testemunhou no caso que opõe a Sands à AAEC Salomé Fernandes - 18 Jun 2021 Manuel Joaquim das Neves testemunhou ontem no julgamento que opõe a Las Vegas Sands à Asian American Entertainment Corporation, e disse que a comissão do concurso público para as concessões trabalhou “com o máximo rigor”. Francis Tam, ex-secretário para a Economia e Finanças, prestou declarações por escrito Francis Tam, ex-secretário para a Economia e Finanças e antigo presidente da comissão do primeiro concurso público para atribuir concessões de jogo, testemunhou por escrito no processo que a Asian American Entertainment Corporation (AAEC) instaurou contra a Las Vegas Sands. No entanto, não respondeu a várias perguntas. Foi o que afirmou ontem Jorge Menezes, advogado da autora, no julgamento que está a decorrer no Tribunal Judicial de Base. A AAEC pede uma indemnização superior a 96 mil milhões de patacas, num litígio que se arrasta há cerca de 20 anos. Em 2001, a Las Vegas Sands e a AAEC submeteram um pedido para licença de jogo, mas a Sands mudou de parceiro a meio do processo para se aliar à Galaxy, acabando por obter a concessão. Os resultados do concurso foram anunciados pelo Governo em Fevereiro de 2002. Ontem à tarde foi ouvido Manuel Joaquim das Neves, que integrou a comissão do concurso público. A testemunha não se recordava do grau de semelhança entre a proposta inicial da AAEC e, mais tarde, a da Galaxy, mas indicou que ambas se centravam naquilo que o grupo Sands podia oferecer, nomeadamente quanto à organização de exposições e convenções. Além disso, respondeu que sem o grupo Sands, a Galaxy provavelmente não teria obtido a concessão. Uma questão de rigor Em tribunal, Joaquim das Neves indicou que a importância daquilo que o grupo Sands oferecia a Macau se centrava na área de exposições e convenções, na qual “estava em vantagem” relativamente a outros participantes. No entanto, quando questionado se outro concorrente aliado ao grupo Sands aliado conseguiria uma concessão, o antigo membro da comissão frisou que era necessário ver a pontuação. Quanto aos resultados na hipótese de o grupo ter mantido a ligação à AAEC, a testemunha respondeu ser “especulação” e disse que preferia ser “mais objectivo”. “A comissão fez o seu trabalho com o máximo de rigor possível”, frisou a testemunha. Foram analisados critérios como a experiência na área do jogo, proposta de investimento, emprego e formação profissional. Uma tabela exibida em tribunal mostra que a Wynn obteve 6.433 pontos, acima dos 6.400 da Galaxy. Questionado sobre o ordenamento dos concorrentes, Joaquim das Neves disse que foi “bombardeado” com informações “de há 20 anos” e que não se recorda. De resto, foram vários os pontos em que respondeu não se lembrar de detalhes da altura. Ainda assim, Joaquim das Neves recorda-se de a AAEC ter apresentado um pedido de associação a outra entidade que foi indeferido, e também que o fim da relação com o grupo Sands aconteceu “na parte final”. Luís Cavaleiro de Ferreira, que representa a Las Vegas Sands, pretende mostrar que o pedido de associação revela que deixou de haver relação com o grupo Sands em meados de Janeiro. Já a autora, alega que o vínculo se manteve até dia 1 de Fevereiro de 2002, quando a comissão foi notificada do fim da ligação entre o grupo Sands e a AAEC. A próxima sessão do julgamento é na quarta-feira, e terá Carlos Lobo como testemunha.
TDM | AIPIM preocupada com conteúdos apagados do “Contraponto” Hoje Macau - 18 Jun 2021 A Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) manifestou ontem “preocupação” com a eliminação de comentários sobre Tiananmen num debate da Teledifusão de Macau (TDM), que levou dois comentadores a abandonarem o programa. “Estas situações e o que veio a público são motivo de atenção e preocupação por parte dos nossos associados”, escreveu a AIPIM, numa declaração enviada ontem à Agência Lusa. Em causa está um caso avançado na terça-feira pelo jornal Expresso, e confirmado ontem à Lusa por um dos comentadores do painel do programa de debate em língua portuguesa “Contraponto”, emitido pela TDM. “Objectivamente não vislumbramos motivo que impeça comentadores de se pronunciarem sobre processos em curso nos tribunais, independentemente da natureza dos mesmos e desde que se respeitem as regras e os princípios aplicáveis, como o segredo de justiça ou a presunção de inocência (…), como aliás tem sido prática”, criticou a associação. “Esta situação, sendo ao que sabemos inédita no referido espaço de opinião e análise, suscita natural surpresa e preocupação”, acrescentou. Nos comentários eliminados, Frederico Rato defendia que a proibição da vigília violava a Lei Básica e que esta “corria o risco de passar a letra morta”, prenunciando “o princípio do fim da [sua] aplicação”. O jurista, que considerou o incidente “completamente inédito”, contestou ainda as justificações da estação. “Eu não fiz qualquer comentário à decisão de qualquer tribunal, fosse ele qual fosse”, disse, criticando ainda a alegação da TDM de que “não é conveniente” comentar processos judiciais em curso. “Para já, pode-se falar [sobre processos em curso], os advogados [nas causas] é que não podem, mas eu não estava lá na condição de advogado, e além disso não falei nem um segundo na gravação sobre qualquer decisão de qualquer tribunal”, acrescentou o jurista, há 37 anos em Macau.
DSEDJ | Actividades de férias na Grande Baía canceladas João Luz - 18 Jun 2021 A situação epidémica na Grande Baía levou ao cancelamento de actividades de férias planeadas pelo Governo para os jovens de Macau. Entretanto, os Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude vão lançar este ano um plano para alargar o sentimento patriótico, com base na história de Macau “Mais e mais amor” podia ser um hino não oficial da segunda reunião deste ano do Conselho da Juventude. Após a reunião do órgão, Cheong Man Fai, da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), revelou que será lançado ainda este ano o “plano educativo de extensão do sentimento patriótico”. O plano terá como ponto estratégico central a Base da Educação do Amor pela Pátria e por Macau, e pretende mostrar pontos geográficos de aprendizagem da história local e facultar recursos pedagógicos que dêem a conhecer, “de forma animada e viva”, a história e o desenvolvimento social da pátria e de Macau. “Em Macau há vários museus, como a Casa do Mandarim, Museu Memorial de Xian Xinghai, Museu de Macau, todos esses locais merecem ser visitados e permitem conhecer melhor a história de Macau”, afirmou Cheong Man Fai. A chefe do Departamento de Juventude indicou que estas visitas serão organizadas conjuntamente entre a DSEDJ, o IAM e o IC. A ideia é acompanhar o andamento do que é ensinado nas salas de aula. Por exemplo, quando a história sobre a Guerra do Ópio for leccionada, as escolas podem inscrever-se para este tipo de actividade e conhecer de perto episódios e locais que marcaram o período histórico focado curricularmente. Além das visitas guiadas, Cheong Man Fai, adiantou que na base da educação do amor serão realizados espectáculos de dança do dragão interactivos, dedicadas a alunos do ensino primário. Além de conteúdos que incidam mais sobre Macau, foram várias as vozes no Conselho da Juventude que sugeriram que a base da educação do amor se aperfeiçoasse através do recurso a novas tecnologias, como a realidade virtual, realidade aumentada e aumento dos conteúdos nas plataformas online. A aposta tecnológica não só iria colmatar os limites espaciais da base, como permitirá atrair mais visitantes, na óptica da DSEDJ, “não apenas estudantes, mas toda a sociedade de Macau”, afirmou Cheong Man Fai. Até Maio passado, a base foi visitada por alunos de 42 escolas secundárias e primárias e 3 universidades, num total de 5000 pessoas. Pausas curtas No final da reunião de ontem do Conselho da Juventude foi revelado a cancelamento de actividades de férias que estavam planeadas para a zona da Grande Baía, devido aos casos de covid-19 detectados na região. Segundo Choi Man Chi, da divisão de desenvolvimento geral de estudantes da DSEDJ, no final da inscrição para as actividades de férias as autoridades contaram mais de 32 mil inscrições, para um total de 38 mil vagas. A pandemia é o núcleo principal das férias, com as autoridades a fazerem os possíveis para evitar ajuntamentos, a proporcionar distância social e uso de máscaras. Quanto ao relatório da consulta pública sobre o Política da Juventude para os próximos 10 anos, foi revelado ontem que o documento será divulgado em breve. Sobre a polémica e possível retirada da expressão “pensamento crítico” do texto, Cheong Man Fai adiantou que as expressões “pensamento crítico” e “pensamento distintivo” se vão manter no documento, e que são essencialmente sinónimos. Importa recordar que “pensamento crítico” não é uma forma de demonstrar oposição, mas um conceito analítico de avaliação da validade de uma asserção ou teoria.
Jogo | 3 anos e seis meses de prisão por falsos testemunhos em tribunal Andreia Sofia Silva - 18 Jun 2021 O Tribunal de Segunda Instância (TSI) rejeitou dois recursos apresentados por dois condenados ao crime de prestação de falsos testemunhos pelo Tribunal Judicial de Base (TJB). O caso remonta a 2018 quando um dos recorrentes pediu 500 mil dólares de Hong Kong emprestados a duas pessoas numa sala VIP de um casino. Depois de ter perdido o dinheiro no jogo, as duas pessoas levaram-no para dois hotéis onde ficou preso. Um deles “desferiu vários murros e pontapés” ao condenado “depois de este ter manifestado que não podia pagar o empréstimo”, tendo-o proibido de sair do quarto. Três dias depois, o homem manietado pediu ajuda à polícia, que o encontrou no quarto do hotel. Na qualidade de testemunha, o indivíduo prestou declarações para memória futura no Juízo de Instrução Criminal do Tribunal Judicial de Base (TJB), onde alegou que “foi tratado de forma violenta por não ser capaz de devolver o dinheiro emprestado e que a sua liberdade foi restringida”. O homem voltaria depois para o interior da China, e recebeu um telefonema do irmão do agressor a pedir o seu perdão e apoio. O homem disse ao telefone que “um advogado ia encontrar-se com ele a fim de o ensinar a testemunhar em tribunal e a responder às perguntas do Delegado do Procurador e do Juiz”. Em Março de 2019, a vítima foi a Gongbei para se encontrar com um sujeito que o ensinou “a testemunhar em audiências de julgamento com o objectivo de atenuar a culpa do alegado agressor”. O TJB condenou a testemunha a dois anos de prisão efectiva e homem que o instruiu a três anos e seis meses de prisão, também efectiva, pelos crimes de prestação de falsos testemunhos. O TSI manteve agora ambas as penas.
São João | Arraial volta a ser cancelado por falta de condições Andreia Sofia Silva - 18 Jun 2021 Pelo segundo ano consecutivo, a comissão organizadora do Arraial de São João cancelou o evento por considerar que não estão reunidas condições para a sua realização nos moldes habituais desde 2007. Chegaram a ser ponderados locais alternativos, como a Doca dos Pescadores ou a Torre de Macau A comissão organizadora do Arraial de São João decidiu cancelar, pelo segundo ano consecutivo, o Arraial de São João, que estava agendado para os dias 26 e 27 deste mês no bairro de São Lázaro. Segundo uma nota informativa, a comissão evoca questões logísticas, relacionadas com a pandemia, que dificultam a realização da festa, tal como a “necessidade de manter abertas determinadas vias públicas que atravessam a zona abrangida pela área do arraial”. Além disso, estão em causa “as medidas preventivas impostas pelos Serviços de Saúde e, sobretudo, a limitação no apoio financeiro de que o arraial tem beneficiado nestes últimos anos, motivadas pela pandemia”. Estes factores “tornaram impossível que o evento se realize no local previsto, uma vez que os custos são insuportáveis pelas associações organizadoras”. A comissão adiantou ainda que chegou a ponderar fazer o arraial noutro local. No entanto, “tal hipótese exigiria um compromisso imediato, algo incompatível com os ajustes orçamentais e a burocracia inerentes à alteração do pedido de apoio financeiro, que tal mudança implicaria. Outras alternativas Ao HM, Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses, que integra a comissão organizadora, adiantou que a Doca dos Pescadores ou a Torre de Macau foram outros locais pensados. “Contudo, isso exigia de nós uma resposta rápida e não era possível”, revelou. A comissão quer continuar a celebrar o São João no dia 24 de Junho, mas poderão surgir festividades alternativas ao arraial. “Vamos ter de repensar o arraial, sem drama, e ver as coisas como são tendo em conta a realidade. A ideia é que este seja um dia festivo e há várias fórmulas possíveis.” Miguel de Senna Fernandes não quis adiantar quais foram os cortes orçamentais. “Há várias maneiras de celebrar, terá de ser com um arraial? Sim ou não, dependendo das condições. Este ano estas continuam a não existir para fazer o arraial segundo os moldes anteriores”, frisou. Além da ADM, integram a comissão organizadora a Associação dos Jovens Macaenses, Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau e Casa de Portugal em Macau, entre outras.
Caso das ofertas da Associação de Jiangmen no CCAC João Santos Filipe e João Luz - 18 Jun 2021 A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) entregou o caso da oferta de vales de 100 patacas de supermercado, pela Associação de Conterrâneos de Jiangmen, ao Comissariado Contra a Corrupção (CCAC). No entanto, o presidente da CAEAL, o juiz Tong Hio Fong, afirma que não existem indícios de corrupção eleitoral. “A associação não apresentou um pedido para constituir uma comissão de candidatura. […] Sobre a eventualidade de haver corrupção, por enquanto, não verificamos indícios de corrupção eleitoral”, afirmou Tong, após a reunião de ontem da CAEAL. “Encaminhámos o caso ao CCAC e lembramos que esses actos, a oferta de lembranças e benefícios, não podem ter ligação com as actividades eleitorais”, acrescentou. A Associação de Conterrâneos de Jiangmen não está envolvida directamente nas eleições, mas conta nas fileiras com vários membros, como os deputados Zheng Anting e Mak Soi Kun, da comissão de candidatura União de Macau-Guangdong. Esta comissão que serviu de base para a lista vencedora de 2017 vai voltar a participar nas eleições, numa lista que deverá ser encabeçada pro Zheng Anting. Na segunda-feira a Associação de Conterrâneos de Jiangmen promoveu a oferta de dois vales de desconto de 50 patacas no supermercado Royal e a entrega de máscaras. A campanha levou a uma corrida à sede da associação, com a polícia a ter de intervir para garantir o cumprimento das distâncias de segurança. Quatro no limbo Após a reunião de ontem, o presidente da CAEAL anunciou também que das 22 comissões de candidatura, 16 foram aprovadas e quatro contactadas para resolverem questões burocráticas, como a falta de assinaturas ou problemas como os logótipos e denominações utilizadas. Entre as comissões de candidatura com problemas burocráticos não se encontra nenhuma que tenha servido anteriormente para eleger os actuais deputados. No entanto, faz parte das quatro, a comissão Ou Mun Kong I, do potencial candidato Lee Sio Kuan, que prometeu adoptar a estratégia do “Cão Louco” durante a campanha, sem revelar a táctica secreta. Por outro lado, foram aceites cinco listas candidatas ao sufrágio indirecto, que correspondem ao número de colégios eleitorais disponíveis. Este facto significa que assim que a ordem das listas ao sufrágio indirecto for decidida os candidatos vão ser quase automaticamente eleitos. As cinco listas candidatas pelo sufrágio indirecto são as mesmas da edição de 2017, à excepção da comissão de candidatura União dos Interesses De Medicina De Macau. Todavia, o deputado Chan Iek Lap, eleito por essa lista, deve ser integrado na lista União dos Interesses Profissionais de Macau, pelo que deve manter o lugar na Assembleia Legislativa.
Wong Kit Cheng quer medidas para combater transferências de capitais Hoje Macau - 18 Jun 2021 A deputada Wong Kit Cheng quer saber que medidas estão a ser adoptadas pelo Governo para fazer face ao aumento da criminalidade relacionada com o jogo. As questões surgem numa interpelação escrita divulgada ontem pela legisladora ligada à Associação das Mulheres de Macau, e que deverá ter resposta dos responsáveis da pasta da segurança. “Em resposta ao aumento das trocas ilegais de moeda causadas pela recuperação da indústria do jogo e do aumento da criminalidade, será que as autoridades já começaram os trabalhos de prevenção e combate a este tipo de crimes, para evitar que entre nas comunidades?”, questiona. Segundo a deputada, o problema tem as raízes no Interior e na transferência de capitais para Macau. Por isso, Wong pergunta também se há mecanismos de combate na “fonte” para limitar as actividades das redes criminosas envolvidas. Finalmente, a legisladora menciona a necessidade de ser desenvolvida uma campanha, com os hotéis e casinos, para explicar aos residentes e turistas os perigos que correm quando participam nas actividades de troca ilegal de dinheiro. Wong Kit Cheng apontou também baterias às medidas adoptadas pelas forças de segurança face à prática destes crimes e considera que a proibição de entrada para pessoas do Interior, sem pena de prisão, é insuficiente para fazer face ao fenómeno.
Consumo | Instruções para vendedores equivalem português e inglês João Santos Filipe - 18 Jun 2021 Depois de dois anos de discussão na especialidade, a Primeira Comissão Permanente da Assembleia Legislativa terminou a discussão da Lei de Protecção dos Consumidores. O documento precisa de ser votado no plenário, mas deve entrar em vigor no próximo ano Os custos para os operadores comerciais foram a razão apontada pelo Governo e deputados para que nos produtos vendidos as instruções em português possam ser substituídas pelo inglês. A explicação faz parte da análise na especialidade da Lei de Protecção dos Direitos e Interesses dos Consumidor, que deve ser votada nas próximas semanas. “Visto tratar-se de bens determinados, é necessário ter em conta a natureza dos bens em causa e não ser tão oneroso o cumprimento dessa exigência para os operadores comerciais”, é justificado no parecer elaborado pelos deputados da Primeira Comissão Permanente da Assembleia Legislativa. A questão sobre a relegação do português para o estatuto do inglês tinha sido colocada pelo deputado José Pereira Coutinho, que considerou que a proposta nestes moldes “ia diminuir o estatuto da língua portuguesa enquanto língua oficial da RAEM”. O legislador ligado à ATFPM, não faz parte da comissão, mas enviou uma carta aos colegas e ao presidente da AL sobre o assunto, a argumentar que esta escolha “poderia pôr em causa as características identitárias de Macau, no que respeita à ligação ao mundo Lusófono”. Apesar dos argumentos, o Governo e os deputados da comissão tomaram a decisão sobre este aspecto de forma unânime. O parecer sobre a análise na especialidade foi assinado ontem pelos membros da comissão e o documento vai ser votado nas próximas semanas. No último encontro da comissão, presidida por Ho Ion Sang, foi frisado o facto do diploma responder à evolução das formas de consumo. “Esta lei reforça a defesa dos direitos dos consumidores e faz com que as novas formas de contrato relacionados com bens fiquem regulamentos”, sublinhou Ho. “No caso das infracções há igualmente um melhor regime sancionatório para as novas formas de consumo”, acrescentou. O deputado ligado à União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAMM) destacou também que a nova lei vem regulamentar o sector das convenções, uma aposta do Governo da RAEM. “Macau tem como objectivo o desenvolvimento do sector das convenções e a lei tem um capítulo só para esse aspecto”, destacou. A lei da protecção dos consumidores demorou mais de dois anos a ser discutida e envolveu 20 reuniões da comissão, 16 das quais com a presença de representantes do Executivo, e várias versões, com a mais recente a datar de 11 de Junho. O relatório final contém 282 páginas, na versão portuguesa, e cerca de 180 na versão chinesa, com o trabalho de bastidores dos envolvidos a ser destacado por Ho Ion Sang. “Quero agradecer a todos os que contribuíram para este trabalho muito longo, desde os assessores jurídicos, tradutores, entre outros. A todos os envolvidos”, mencionou. Caso seja aprovada em plenário, a Lei de Protecção dos Direitos e Interesses dos Consumidor entra em vigor no início do próximo ano.
Vacinação é essencial para aumentar confiança dos visitantes, defendem académicos Andreia Sofia Silva - 18 Jun 2021 Depois de se ter transformado num verdadeiro caso de sucesso na luta contra a covid-19, Macau tem agora de lidar com o desafio de vacinar a população, o que traria maior confiança a quem pretenda visitar o território. A ideia é defendida pelos académicos Glenn Mccartney e José Pinto, da Universidade de Macau (UM), num comentário publicado na revista científica Lancet, intitulado “Respostas de Macau à covid-19: Do sucesso da eliminação do vírus aos desafios da implementação da vacinação” [Macao’s COVID-19 responses: From virus elimination success to vaccination rollout challenges]. “Uma população vacinada, sobretudo os trabalhadores da linha da frente, iria reforçar a confiança dos visitantes e os seus sentimentos de segurança. Macau constitui um estudo notável tendo em conta as lições aprendidas, a vacinação que decorre em toda a Ásia e a reabertura de fronteiras.” Além disso, os autores consideram que o território “é agora desafiado a, rapidamente, garantir a imunidade de grupo devido à existência de múltiplas variáveis na Ásia”. “Macau está economicamente dependente do turismo, e com isto, a contínua abertura de fronteiras, com a criação de bolhas de viagem, garantiu alguns visitantes. É, ainda assim, limitador e é necessário mais para devolver os lucros à indústria”, apontam. Prognósticos difíceis Contactado pelo HM, Glenn Mccartney explicou que estão em causa factores que podem mudar muito rapidamente consoante a evolução do próprio vírus. “Não ficaria surpreendido por ver mais pessoas a serem vacinadas com base na percepção do risco do vírus. Mas precisamos de mais investigação, sobre as razões pelas quais as pessoas querem vacinar-se, a mensagem que o Governo está a passar para o público e qual a sua influência.” O artigo aponta também para a necessidade de maior análise a esta nova fase do surto, incluindo “uma investigação às taxas de vacinação dos não residentes, os motivos e as percepções de risco”. Os mais recentes casos de covid-19 na província de Guangdong têm feito soar os alarmes e as autoridades locais têm vindo a reagir com novas medidas, mas o académico, especialista nas áreas do turismo e gestão hoteleira, defende que estamos perante um panorama que pode mudar diariamente. “Guangdong constitui uma fonte chave de visitantes para o mercado de Macau, então naturalmente terá impacto [o aumento de casos]. Há também os visitantes de outras zonas da China que viajam para Macau através de Guangdong, e que passam pela ponte ou por Zhuhai. É muito difícil estimar o impacto, é de facto uma análise feita diariamente.” As medidas de contenção são, segundo o autor do comentário, “cruciais para que haja caminho a uma rápida recuperação” do sector do turismo e jogo, concluiu. Em relação à vacinação, os autores do estudo lembram as mensagens que o Executivo teve de transmitir junto da população para disseminar falsos rumores. A continuação dos apoios financeiros “incitou a confiança junto da comunidade”, defendem.
Covid-19 | Macau quer menos restrições na fronteira com HK para quem está vacinado Andreia Sofia Silva - 18 Jun 2021 As autoridades de Macau pretendem negociar com Hong Kong o levantamento de restrições de viagem para pessoas que já estejam vacinadas ou que apresentem um teste de ácido nucleico à covid-19 negativo com validade de 48 horas. A vacina da mRNA/BioNTech começa hoje a ser administrada a adolescentes entre os 12 e os 15 anos Reduzir o período de quarentena ou levantar algumas restrições na emigração. São estas as possibilidades levantadas pelas autoridades de Macau, que revelaram ontem estar disponíveis para negociar com Hong Kong o levantamento de medidas de prevenção à covid-19 para pessoas que já estejam vacinadas ou que apresentem um teste de ácido nucleico negativo à covid-19 com um prazo de 48 horas. No entanto, Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, não especificou se será possível aos residentes de Macau deslocarem-se a Hong Kong para viajarem para outros países. “Não afastamos a possibilidade de alterar as medidas para as pessoas vacinadas ou as que apresentem um teste de ácido nucleico válido por 48 horas. Hong Kong está há 10 dias consecutivos sem novos casos, e se atingir os 14 dias, estão preenchidos os requisitos para negociarmos novas medidas. Iremos pensar [em novas regras] para as pessoas vacinadas das duas regiões, ou encurtar o prazo de quarentena, mas depende da negociação entre os dois governos.”, disse. Leong Iek Hou referiu que tem existido uma “comunicação estreita” entre as autoridades das duas regiões, mas que as negociações não terão ainda começado. “Assim que Hong Kong conseguir estar 14 dias sem casos locais poderemos negociar se há possibilidade de ajustar as medidas de emigração. Este é o pressuposto para arrancar com os trabalhos.” “Para já não existe ainda um plano concreto, e estamos cientes de que existem alguns casos em Macau. Só estamos há 10 dias consecutivos sem novos casos. Mesmo que da parte de Hong Kong surjam medidas não é possível alterar as medidas todas de uma só vez”, adiantou a coordenadora do Centro. Para maiores de 12 Na conferência de imprensa de ontem, foram também avançados novos dados sobre a administração da vacina da mRNA/BioNTech a jovens com mais de 12 anos, depois da publicação do despacho em Boletim Oficial pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng. “Vamos estender a vacina às pessoas com idade igual ou superior a 12 anos. As pessoas entre os 12 e os 15 anos podem fazer a marcação através do nosso sistema. Os locais de vacinação serão o Centro Hospitalar Conde de São Januário, na sala de colheita de sangue, e dois centros de saúde na Ilha Verde e Ocean Garden. A quota diária será para 800 pessoas”, adiantou Tai Wa Hou, coordenador do plano de vacinação. Os jovens podem fazer-se acompanhar pelos pais e terão sempre de apresentar um comprovativo de consentimento. Está a ser pensado ainda um plano de proximidade junto das escolas, para dar mais informações sobre a vacina e criar uma sensibilização em prol da vacinação junto da comunidade escolar. “Estamos a planear enviar pessoal para realizar palestras e queremos começar pelas escolas secundárias para aumentar o nível de sensibilização de pais e professores, considerando que os destinatários são menores e é necessário um consentimento dos tutores e dos pais.” O plano de proximidade, a existir, deverá arrancar só em Setembro. “Há escolas mais pequenas que podem ser juntas a outras para podermos fazer os nossos trabalhos”, disse ainda Tai Wa Hou. O responsável frisou que existe “um número suficiente de doses mRNA para jovens”, tendo em conta que este fim-de-semana Macau recebe mais 10 mil doses de vacinas deste laboratório. Sem restrições Os responsáveis do Centro de Coordenação foram questionados sobre casos de residentes que pretendem voar para Macau através de Singapura e que estão a ser informados, nos locais de partida, de restrições à chegada ao território. Lau Fong Chi, representante da Direcção dos Serviços de Turismo, assegurou que “o melhor será entrar em contacto com as companhias aéreas”. “Sabemos que os residentes podem fazer escala por Singapura. Tudo depende do local de partida e quais são as restrições e exigências aí. As pessoas podem ter como referência a situação anterior, em que se fazia escala em Taiwan e a única restrição era a realização de uma escala de oito horas, pelo menos, ou a obrigatoriedade de voar na mesma companhia aérea.” Lau Fong Chi adiantou também que, quando se realizam escalas, “há restrições diferentes e pode haver diferentes considerações tendo em conta as realidades locais”. “Não há uma restrição quanto ao local de partida”, frisou. Relativamente aos estudantes do ensino superior que pretendem voltar ao território, 400 dos 803 previstos já regressaram. É melhor esperar Tai Wa Hou, coordenador do plano de vacinação contra a covid-19, voltou ontem a ser questionado sobre um caso de um doente com cancro do pulmão que não entrou para a lista de casos adversos à vacina. O responsável afastou a ligação deste problema de saúde com a vacina, mas disse que não é recomendável a vacinação contra a covid-19 a doentes que estejam na fase de tratamentos de quimioterapia. “Se o paciente com cancro estiver na fase de quimioterapia ou tiver realizado a operação, aconselhamos a que não receba a vacina de imediato. Em Macau, neste momento, o risco de transmissão [da covid-19] não é alto, mas como estas pessoas não estão numa boa situação em termos de imunidade, a reacção à vacina não será tão boa como uma pessoa que não está doente. Após a quimioterapia os pacientes podem esperar pela sua recuperação e será melhor serem vacinados depois.” Tai Wa Hou alegou o sigilo médico em relação à situação clínica do doente em causa para não adiantar mais informações, mas garantiu que este “não está na situação que referimos”.
Covid-19 | Mais um TNR em quarentena devido a contacto com pessoa infectada em Cantão Andreia Sofia Silva - 17 Jun 2021 Há mais um trabalhador não residente (TNR) em quarentena devido a um contacto próximo, pela via secundária, com um caso de infecção por covid-19 em Cantão. Segundo uma nota hoje divulgada pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, o contacto terá acontecido a 4 de Junho na empresa de telecomunicações onde se encontrava a pessoa de contacto próximo. Segundo uma investigação dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), o TNR tem 33 anos e tinha regressado a casa, localizada no distrito de Nansha, em Cantão. No dia 4 de Junho, o homem fez um percurso comum com a pessoa de contacto próximo na empresa de telecomunicações e regressou, no dia seguinte, a Macau através de Zhuhai. O TNR trabalha em Macau numa empresa de jardinagem, sendo um local de trabalho “maioritariamente ao ar livre ou na montanha”, sendo que, à excepção dos colegas de trabalho, não teve contacto com outras pessoas. Esta quarta-feira o TNR foi sujeito a testes de ácido nucleico e anticorpos séricos na Urgência Especial do Centro Hospitalar Conde de São Januário, com resultados negativos. Também os colegas de trabalho deste TNR foram submetidos a testes, todos eles com resultados também negativos. Segundo a nota do Centro, “o risco de infecção [do TNR] não é elevado, o que representa um baixo risco de transmissão do vírus em Macau”.
Covid-19 | Província de Guangdong detecta quatro casos locais Hoje Macau - 17 Jun 2021 A província chinesa de Guangdong, que faz fronteira com Macau e Hong Kong, detectou quatro casos locais de covid-19, nas últimas 24 horas, anunciou hoje a Comissão de Saúde da China. O país asiático registou ainda 15 casos positivos, entre viajantes oriundos do exterior, nas cidades de Xangai (leste) e Pequim (norte) e nas províncias de Guangdong (sudeste), Fujian (sudeste), Yunnan (sudoeste), Jiangsu (leste), Hubei (centro) e Sichuan (centro). A Comissão de Saúde da China adiantou que o número total de casos activos é de 491, entre os quais 16 em estado grave. Desde o início da pandemia de covid-19, o país registou 91.511 casos da doença e 4.636 mortos. A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.824.885 mortos no mundo, resultantes de mais de 176,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Vencedor do Grande Prémio aposta nos simuladores Sérgio Fonseca - 17 Jun 2021 Num momento em que a sua carreira enquanto piloto se encontra em “banho-maria”, o vencedor do Grande Prémio de Macau de Fórmula 4, Charles Leong Hon Chio, iniciou um projecto que pretende trazer “novo sangue” ao automobilismo de Macau, usando para isso os simuladores e o entusiasmo em redor do “sim racing”, a modalidade electrónica que replica os desportos motorizados Mesmo após ter triunfado na corrida de Fórmula 4 do Grande Prémio de Macau do ano transacto, Charles Leong estava ciente que este resultado poucas possibilidades lhe poderia abrir no desporto motorizado. A pandemia veio afectar fortemente o ecossistema do automobilismo no continente asiático e as oportunidades de um jovem da RAEM evoluir nestas circunstâncias fora de portas são diminutas. Não querendo desperdiçar a sua experiência e conhecimento do desporto, Charles Leong co-fundou a G Racing Simulation, uma empresa que dá instrução de condução em simuladores. Durante muitos anos, o karting era a escola única para a formação de pilotos para o automobilismo, mas cada vez há mais jovens a usarem os simuladores – pelo seu menor custo e conveniência – como ferramenta de aprendizagem. Charles Leong não hesitou em afirmar ao HM que “acredita em ambas, pois para o ex-praticante “tanto o karting, como os simuladores, são muito importantes. O karting é insubstituível. Porém, o simulador é uma ferramenta muito boa para testes e para ajustar hábitos de condução”. Por outro lado, e apesar de ter no Kartódromo de Coloane a mais sofisticada infra-estrutura para a prática de karting no sudeste asiático, a regulamentação local é bastante desfavorável à iniciação na modalidade. A idade mínima para alugar um karting no Kartódromo de Coloane é de dezoito anos. Em Portugal, por exemplo, a idade de iniciação em competição no karting é aos cinco anos. Por isso mesmo, “o simulador pode ajudar muitos pais a compreenderem o que realmente são as corridas e assim permitirem que os seus filhos possam experimentar o que se sente nas corridas”, explicou Charles Leong, que co-dirige a empresa localizada nas imediações da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau. Perceber o real valor Existe sempre a dúvida se um bom piloto no mundo virtual pode demonstrar o mesmo talento na vida real. O ex-campeão chinês de Fórmula 4 acredita que “tudo depende da pessoa”, mas “com um treino adequado”, o salto dos simuladores para os carros da vida real pode ser mais fácil e não há nada que o impeça de se “tornar num bom piloto”. Esta transição de um mundo para o outro é passo muito exigente, até porque se uma realidade praticamente não requer investimento, a outra, reclama fundos que não estão disponíveis a todas as bolsas. “Primeiro de tudo, tenho que construir este mercado em Macau e permitir que as pessoas compreendam o que são as corridas e o ‘sim racing’”, admite Charles Leong. “Tenho que construir a comunidade e fazer parcerias com as pessoas certas”. Depois, no que ao financiamento diz respeito, “precisamos da ajuda do mercado chinês de ‘sim racing’. Isto poderá ajudar-nos a promover e a criar uma boa proposta para diferentes pessoas”, explica o piloto-empresário de apenas 19 anos. “O financiamento poderá vir da Federação de União de Desportos Electrónicos de Macau ou do governo. Contudo, a única forma de encontrar patrocínios será construir uma boa reputação, criar valor e permitir que as pessoas compreendam melhor o que são as corridas em Macau”. GP por pensar O primeiro piloto chinês de Macau a vencer a prova rainha do Grande Prémio ainda não sabe se voltará a competir na prova do mês de Novembro. Depois de ter competido na prova de Fórmula 3 por duas ocasiões e ter sido o vencedor na estreia da Fórmula 4 no Circuito da Guia, Charles Leong ainda não tem nada alinhavado para o maior cartaz automobilístico da RAEM. “Para ser honesto, ainda não estou certo”, confirmou, salientando o facto do programa das corridas do evento estarem por definir, lembrando também que para além dos seus projectos empresariais, onde se incluí também o Pátio Café na Taipa, tem ainda compromissos universitários. “Provavelmente irei ao Reino Unido no mês de Setembro…” e talvez nessa altura tome uma decisão.
O clima como questão política Jorge Rodrigues Simão - 17 Jun 2021 “Political action and intervention, on local, national and international levels, is going to have a decisive effect on whether or not we can limit global warming, as well as how we adapt to that already occurring.” Anthony Giddens The Politics of Climate Change O clima na Terra é o produto de uma enorme variedade de fenómenos físicos como a irradiação do Sol, o ciclo da mancha solar, o reflexo imediato em espaço sideral de parte da energia solar, a formação de nuvens, a evaporação do vapor de água da superfície dos oceanos, o transporte de energia da faixa tropical em direcção aos pólos devido às grandes correntes oceânicas e à complexa circulação dos ventos, a acumulação de calor nos oceanos, a emissão de radiação infravermelha da superfície terrestre e a interacção desta radiação com moléculas de gás na atmosfera, o ciclo do dióxido de carbono, aerossóis, vulcanismo e a energia irradiada da Terra para o espaço sideral. Embora a maioria destes fenómenos sejam cientificamente bem caracterizados nas condições simplificadas do laboratório, a sua correcta representação em situações climáticas reais é extremamente difícil. O grau de ligação entre entradas e saídas dos vários subsistemas é demasiado elevado, os numerosos “feedbacks negativos” e positivos são demasiado relevantes, e a diferença nas escalas espaciais e temporais dos fenómenos a ter em comum é enorme. A dinâmica do clima ainda é, portanto, afectada por incertezas consideráveis. Historicamente, a questão do clima tem sido sempre uma questão científica. Mas no final da década de 1980 tornou-se rapidamente uma questão política. O aumento da temperatura média global da Terra que ocorreu nesses anos levou os políticos e diplomatas ocidentais, particularmente os que gravitam no ambiente da ONU, a preocuparem-se e a suporem que a causa do aquecimento global era antropogénica. A primeira iniciativa da ONU sobre o problema foi a criação em 1988 do “Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC)”, um órgão encarregado de elaborar relatórios apropriados que resumem as investigações climáticas em curso em todo o mundo, a fim de melhor compreender os efeitos das actividades humanas sobre o clima e prever as consequências a longo prazo. As outras iniciativas da ONU foram a organização da importante “Conferência do Clima do Rio”, em 1992 (que endossou em particular a necessidade de desenvolvimento sustentável) e a proposta de um tratado internacional para minimizar as alterações climáticas induzidas pelo homem, a “Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (UNFCCC na sigla inglesa)”, que entrou em vigor em 1994 e foi assinado por quase todos os Estados-membros da ONU em 1997, o “Protocolo de Quioto” e o “Acordo Internacional de Paris”, em 2015. Acerca da questão do clima desde o início dos anos de 1990, importantes instituições políticas ocidentais (a ONU, a União Europeia, a Presidência dos Estados Unidos com o Vice-Presidente Al Gore) tomaram uma posição totalmente alinhada com o IPCC que foi a não hesitação em atribuir às actividades humanas (e em particular à combustão de combustíveis fósseis) o aquecimento global em curso desde o início da revolução industrial; partilha das previsões catastróficas do IPCC sobre o aumento da temperatura que ocorrerá até 2100 (previsões obtidas com modelos de dinâmica climática totalmente carentes de validação); convicção da urgência de intervenções de mitigação radicais; nenhuma dúvida científica sobre a correcção destas decisões. Estas foram (e são) as principais características da ideologia do “Aquecimento Global Antropogénico (AGW na sigla inglesa)”, que nasceu no início dos anos de 1990 no contexto político elitista mas limitado da ONU e de importantes governos ocidentais, e nos anos seguintes espalhou-se por todo o mundo com uma rapidez impressionante. Vários factores contribuíram para este extraordinário sucesso que foram o colapso da União Soviética em 1989, a consequente difusão geral e partilha do objectivo do desenvolvimento sustentável, a pressão das ONGs verdes, a adopção de posições verdes pelos partidos políticos progressistas nos governos dos países ocidentais, a aspiração da ONU de exercer uma “governação” global (particularmente na gestão da atmosfera), o apoio dos produtores de gás natural visando a marginalização do carvão, o apoio dos países em desenvolvimento atraídos pela promessa de financiamento dos países desenvolvidos até cem mil milhões de dólares por ano em compensação, e sobretudo a excepcional fortuna mediática da poderosa mensagem alarmista contida na AGW. A AGW tem conseguido nos últimos vinte e cinco anos tornar a questão climática talvez a mais importante questão política partilhada pelos governos de todo o mundo. O facto de ser substancialmente compartilhado pela opinião pública mundial permitiu aos governos de países desenvolvidos importantes (especialmente os da União Europeia) embarcar em onerosos programas plurianuais destinados a conseguir uma rápida descarbonização da economia, ou seja, a revolucionar a estrutura energética da nossa sociedade. Neste contexto altamente politizado, o aspecto científico da questão climática perdeu quase toda a relevância. Alguns cientistas até insistem que a questão científica foi resolvida, mas este não é de modo algum o caso. Na complexa ligação de causas e efeitos do sistema climático, há uma série de aspectos científicos importantes que ainda têm de ser esclarecidos. Além disso, as previsões das tendências climáticas a médio e longo prazo continuam a ser completamente duvidosas. Um indicador seguro da fraqueza da base científica da AGW é a falta de divulgação científica séria. Por exemplo, num dos aspectos fundamentais da AGW, a atribuição ao CO2 antropogénico do aquecimento global em curso, as pessoas com preparação mas não especializadas não encontram na literatura mundial qualquer apresentação científica convincente do mecanismo físico de tal acção do CO2. Pelo contrário, a literatura está cheia de revelações superficiais, pouco claras, omissivas, ou evidentemente catastróficas sobre os processos climáticos. Toda a história da humanidade mostra que a energia é um factor chave no seu desenvolvimento. Todas as melhorias socioeconómicas mais significativas foram sempre associadas à disponibilidade de energia fiável e à capacidade de a utilizar da melhor forma. A forte melhoria das condições de bem-estar desde o início da revolução industrial está intimamente ligada à disponibilidade de energia segura e barata. A este respeito, foram introduzidos dois parâmetros para cada país que é o “Índice de Desenvolvimento Humano”, que é composto tendo em conta a esperança de vida, o nível de educação e o rendimento per capita e o “Índice de Desenvolvimento Energético”, que tem em conta o consumo de energia per capita e a mistura de fontes utilizadas. Os índices estão bem correlacionados entre si, especialmente em valores baixos, mostrando que a disponibilidade de energia é crucial especialmente na fase inicial do desenvolvimento de um povo. Os valores elevados do Índice de Desenvolvimento Humano podem ser acompanhados por valores bastante diferentes do “Índice de Desenvolvimento Energético”, devido à multiplicidade de factores envolvidos, incluindo condições climáticas, densidade populacional e disponibilidade de fontes de energia. Até há três ou quatro séculos atrás, as fontes de energia predominantes eram fontes renováveis que diferiam de acordo com a localização geográfica, mas durante os últimos dois séculos os combustíveis fósseis têm vindo progressivamente a assumir e cobrem agora cerca de 80 por cento das necessidades energéticas mundiais. Não se pode esperar que os combustíveis fósseis sejam facilmente substituídos a curto prazo. No século XX surgiu também a fonte nuclear, que, entre momentos de expansão e outros de abrandamento, cobre agora cerca de 4 por cento das necessidades mundiais. A utilização de combustíveis fósseis implica a emissão de CO2 adicional para a atmosfera em comparação com os fluxos naturais, sendo um gás com efeito de estufa, que tem sido responsabilizado pelo aquecimento que ocorreu no século XX, em particular o registado na segunda metade do mesmo século, em conjunção com o forte desenvolvimento de países que até então tinham sido subdesenvolvidos. A este respeito, é de salientar que o CO2 produzido por fontes fósseis representa agora menos de 5 por cento do total de CO2 libertado na atmosfera, as maiores contribuições provenientes da desgaseificação dos oceanos e da degradação de todos os compostos biológicos. Além disso, a concentração de CO2 na atmosfera varia consideravelmente de local para local, de modo que as medições de referência são geralmente efectuadas em locais localizados fora da “camada limite planetária ” em áreas não particularmente antropizadas e sem vegetação intensa. O ponto de referência para o hemisfério norte é a medição a cerca de quatro mil e duzentos metros acima do nível do mar no vulcão Mauna Loa no Havai. O CO2, com os níveis actuais de concentração na atmosfera (400 ppm igual a quatro moléculas a cada dez mil) está longe de ser um poluente; de facto, o homem vive sem problemas em ambientes com concentrações muito mais elevadas. O CO2 não é tóxico, o perigo é de roubar espaço ao oxigénio, mas este é um caso extremo dada a desproporção entre a concentração dos dois gases na atmosfera (400ppm correspondendo às ditas quatro moléculas em dez mil para o CO2 e 210.000ppm correspondendo a vinte e uma moléculas em cem para o O2). O ar exalado por um ser humano em condições normais tem um teor de CO2 da ordem de 40.000 ppm. O CO2 é também a molécula chave no processo de fotossíntese e, portanto, revela-se um poderoso fertilizante de toda a biosfera. Assistimos a um processo de ecologização de quase todo o globo, provavelmente resultante do aumento da sua concentração na atmosfera e de 1958 até Março de 2019 aumentou de 315 ppm para 410 ppm. Em geral, na presença de um maior teor de CO2, a vegetação pode crescer bem mesmo em áreas mais secas porque, por um lado, pode permitir um menor número de estomas, limitando assim as perdas de água, enquanto por outro lado pode investir mais biomassa no desenvolvimento dos sistemas radiculares, que podem assim explorar melhor os recursos hídricos do solo e armazenar mais carbono orgânico no próprio solo. Para um determinado local geográfico ou para um território mais ou menos alargado, o clima é uma abstracção estatística obtida através do cálculo dos valores médios e extremos das variáveis meteorológicas medidas em várias escalas espaciais e durante um período de trinta anos. Neste contexto, o clima actual deve ser entendido como referindo-se aos últimos trinta anos. O sistema climático, de acordo com uma definição da Organização Meteorológica Mundial, é um sistema composto por atmosfera, hidrosfera, criosfera, litosfera e biosfera. Na sua essência, todo o planeta participa no sistema climático. O clima local está relacionado com uma determinada área da superfície da terra que pode ser mais ou menos extensa. O clima global diz respeito a todo o planeta e é obviamente a soma de muitos climas locais. A principal variável que a caracteriza é a “Temperatura Global Média da superfície (TGM)” que influencia duas variáveis globais essenciais que são a cobertura glaciar e o nível do mar. À medida que a TGM aumenta, a cobertura glaciar diminui e o nível do mar aumenta devido ao derretimento da neve e do gelo e, em menor grau, à expansão térmica da água líquida. Se as primeiras medições instrumentais da TGM datam de 1650 e se devem à Academia do Cimento fundada por Galileu, aproximando-se dos tempos recentes, a rede de detecção da TGM tornou-se cada vez mais fiável, cobrindo uma boa parte do planeta por volta de 1850. Esta rede é de facto ainda deficiente em muitos aspectos, porque algumas áreas são mal controladas e outras estão sujeitas a influências negativas ligadas a actividades antrópicas, em particular as chamadas “ilhas de calor”, cujo efeito de distorção é corrigido por ajustamentos que, em vários casos, podem contudo ser problemáticos. Deve-se ter em conta que grandes complexos urbanos com uma alta concentração populacional podem levar a aumentos de temperatura local de até alguns graus Celsius. Estas medidas têm sido progressivamente aperfeiçoadas e considerando o nível tecnológico actual, são uma boa referência. Desde 1956 que existem levantamentos atmosféricos com balões de sondagem e desde 1979 com satélites que também nos permitem rastrear a TGM. No passado, antes de 1850, existem algumas séries de dados a nível local úteis para conhecer o clima em áreas limitadas, em geral na Europa, enquanto vários sinais de tipo físico ou biológico deixados pelas alterações climáticas são utilizados para reconstruir aproximadamente a TGM. A opinião pública está muito condicionada pelo clima do lugar onde vive e tende a generalizá-lo a um clima global. Só raramente nos lembramos que mais de 70 por cento da superfície terrestre é coberta pelo mar e que apenas 30 por cento é constituída por terra seca, da qual apenas uma fracção, não superior a 10 por cento, é antropizada com uma densidade populacional significativa. É de recordar que uma grande parte da superfície terrestre é coberta por desertos, florestas tropicais, tundra, zonas montanhosas ou coberturas glaciares. Assim, menos de 3 por cento da superfície terrestre total é significativamente antropizada. O clima local depende principalmente do clima em maior escala e do clima global, mas em áreas antropizadas é também significativamente influenciado pelas actividades humanas. Em particular, a utilização maciça de energia, produzida principalmente com combustíveis fósseis com a consequente emissão de poluentes (não queimados, óxidos de enxofre, óxidos de azoto e partículas em suspensão) é certamente corresponsável pela mudança do clima local. Um exemplo clássico pode ser o clima local como o do Delta do Rio das Pérolas que é influenciado por actividades antrópicas. É também óbvio que, uma vez que o clima global é a composição de muitos climas locais, os das zonas fortemente antropizadas intervêm para caracterizar o clima global, mas como ocupam uma pequena fracção da superfície total do planeta a sua contribuição é modesta. A situação muda se, como resultado de actividades antrópicas, algo que possa influenciar o clima global for introduzido na atmosfera, que é rapidamente remisturada ao nível de um único hemisfério. É o caso do CO2 com a sua função como gás com efeito de estufa. Não há dúvida de que a utilização de combustíveis fósseis deve visar a redução da emissão dos poluentes primários reais (não queimados, óxidos de enxofre, óxidos de azoto e partículas) tanto quanto possível, de forma compatível com as tecnologias disponíveis. Produzir energia reduzindo os poluentes é mais amigo do ambiente, mas mais dispendioso. Por conseguinte, é evidente que a forma como os combustíveis fósseis são utilizados está ligada ao nível de desenvolvimento tecnológico do país e não se pode esperar que os países subdesenvolvidos utilizem os combustíveis como fazem na Suécia, mas progressivamente todos os países tenderão a utilizá-los cada vez mais para reduzir as emissões poluentes. Na história do clima da Terra sempre houve fenómenos extremos como as “ondas de calor”, secas e precipitação intensa (chuvas torrenciais indevidamente chamadas “bombas de água”), aumento da pluviosidade e falta de precipitação, ciclones, furacões, tornados e outros. O termo “eventos extremos” foi recentemente introduzido para estes fenómenos. Apenas uma série relevante e bem documentada de eventos extremos durante um período de tempo significativo poderia ter significado climático e possivelmente estar ligado às alterações climáticas. O próprio IPCC no relatório “AR5 Climate Change 2013 – The Physical Science Basis SPM” salienta que tais eventos na segunda metade do século passado provavelmente se intensificaram em algumas áreas, mas não à escala global; relativamente a estes eventos é muito difícil comparar, mesmo a nível local, com o que aconteceu no passado por falta de dados estatísticos cientificamente fiáveis.
I am a cowboy Luís Carmelo - 17 Jun 2021 Por razões muito pessoais tenho tido mais tempo para ver televisão e, sem quase dar por isso, eis que, sobretudo em Maio, devorei western atrás de western como nunca antes acontecera. Este facto fez-me regressar às minhas aulas de filmologia e ao momento em que a produtora Bison, no final da primeira década do século passado, se instalou na Califórnia – à boleia das experiências de William Selig – tendo aí encontrado todas as características do que viria a ser a épica norte-americana. Em poucos meses produziu mais de duas centenas de filmes, alguns filmados num único dia geralmente com realização de Charles French. Paisagens, cenários e figurantes naturais, entre os quais convém destacar as tribos Cahuenga e Cherokee, contribuíram para que a pequena aldeia de Hollywood se transfigurasse e nela aparecessem protagonistas, como Thomas Ince e William Hart, que emprestaram ao género uma desgarrada fotogenia. Depois da primeira grande guerra mundial, o epicentro do cinema deslocou-se da Europa para a América e os westerns tornaram-se rapidamente numa gesta universal, de que John Ford foi um cultor único até ao fim dos anos sessenta (tendo até as vanguardas europeias da época revisto na sua obra a graça do chamado “cinema de autor”). Por vezes interrogo-me sobre o papel da violência que atravessa os westerns. Ela faz parte íntima do género, mas, apesar da sua predominância, nada a torna mais implacável do que a que grassa no quotidiano da nossa actual experiência da imagem. A violência do western desenvolve-se num tipo de lógica de “gag” porque corresponde quase sempre a lances ficcionais que desarrumam uma certa expectativa de normalidade. Tudo nessa violência tende para o exagero, ou seja, para a hipérbole. Até o modo desabrido com que as vítimas dos sucessivos tiroteios voam ao caírem por terra espelha bem o espírito pioneiro do “wrestling”. A violência que perpassa nos terminais de imagem do nosso tempo – que já interiorizámos e a que já nos habituámos – é dominada por um apelo muito mais cru, directo e cruel, pois tende a colar-se ao horizonte do que consideramos ser a normalidade (ver os rockets no médio-oriente ou ver uma série em que uma cidade inteira explode é, hoje e dia, digerido no sofá como se fosse quase a mesma coisa). Existe uma segunda característica da violência dos westerns que a torna relativamente inocente. Trata-se do formato – ou do jogo – que a prefigura e cujo contexto distingue, de um lado, um domínio selvagem (onde se insere a paisagem por domesticar, assim como os índios autóctones que a habitam e a alma bravia dos vilões que a fustigam e exploram) e, do outro lado, um domínio da lei (onde se inserem os heróis solitários na representação de uma idealidade ou então os “sherifs” na representação de uma ideia de estado). Esta oposição de base é sempre vivida em pequenas localidades de desenho efémero, todas com seu o “saloon” enquanto ponto de encontro entre uma relativa estabilidade e a iminência dos forasteiros desordeiros que a virão pôr em causa. Na maior parte das séries que hoje visionamos nos canais de “streaming” ou na tv clássica, a violência surge, ao invés, fora de qualquer contexto (ou de qualquer jogo narrativo pré-definido) e, por isso, dá à carne e ao sangue um tipo de verossimilhança muitíssimo distinta, porque tendencialmente hiper-real e dissociada de uma clara empatia de jogo. A violência dos westerns tem muito que ver com a violência algo gratuita que se lê nas páginas da Ilíada e que, neste último caso, chega a cansar (tantos são os combates corpo a corpo que por vezes se diluem na recorrência retórica). O que une ambos os registos é a necessidade de vincar a origem duma história e o seu fulcro inevitavelmente heróico. A épica rasga a vida para a colocar sob perspectiva e, por essa razão, chama a si um ritual de violência, independentemente da sua verossimilhança. Muito diferente de um ritual de violência – criado por irrealidades que metaforizam um desejo de superação – é o verdadeiro culto da violência da nossa era que mistura realidade com ficção, contextos com factos e a força do hábito e da repetição com a (mais suprema) indiferença. Se um ritual tende a projectar e a socializar um determinado mundo nas experiências individuais, a virtualização do mundo hipnotiza, adormece e gera um perigoso sentido de depreciação. Ver westerns tem sido par mim uma forma de decantar e de purgar tudo aquilo que a tecnologia e a aparente pluralidade da rede nos coloca – a todos – diante dos olhos.
Lançada em Macau primeira obra em português sobre a História da Literatura Chinesa Hoje Macau - 17 Jun 2021 Foi ontem lançada, pela editora Livros do Meio, na Fundação Rui Cunha “A Literatura Chinesa Antiga e Clássica”, de André Lévy, numa tradução para língua portuguesa de Raul Pissarra. Trata-se da primeira que uma obra que abrange a literatura do País do Meio, das suas origens até ao início do século XX, surge na língua de Camões. “Esta tradução para português é um passo muito importante, um marco, para o conhecimento da nossa literatura. Não só para leitores mas também para tradutores para conhecerem as obras de qualidade que existem na nossa literatura”, disse o professor e poeta Yao Jingming, que falou aos presentes durante a apresentação da obra. De facto, o livro apresenta aos leitores um vasto panorama da literatura chinesa. Como se pode ler na contracapa do volume, “A literatura chinesa mergulha fundo no tempo as suas origens. Este livro parte dessa remota época e percorre um longo percurso até aos primeiros anos do século XX, momento em que se considera o advento da modernidade. Pelo caminho, encontramos alguns dos mais belos textos que a humanidade produziu, pela pena de escritores de excelência, reflexos de uma civilização complexa, de uma História acidentada e de uma cultura caracterizada pela sua profundidade e erudição. Este livro de André Lévy proporciona-nos uma fundamental introdução a uma literatura cuja influência é patente no Oriente e que urge ser descoberta e entendida pelos falantes de língua portuguesa.” Ainda segundo Yao JIngming, “A literatura chinesa é bastante complexa. É muito arriscado traduzir uma obra destas quando não se domina a língua e a cultura chinesas, mas este trabalho é bem conseguido pelo que posso avaliar das traduções dos originais chineses. Pessoalmente, gostei imenso desta obra de André Lévy, que não segue uma abordagem cronológica e tem uma linguagem muito sintética e também viva.” Grosso modo, o livro apresenta-se dividido entre a literatura antiga, ou seja, das suas origens há mais de 3000 anos até ao advento da dinastia Qin (220 a.E.C.), e a literatura clássica, que abrange o longo período do império até ao início do século XX. Carlos Morais José explicou que no primeiro período considerado não tinha ainda sido efectuada uma uniformização dos caracteres e que, estando a China dividida em vários reinos, cada um usava caracteres a seu bel-prazer. Segundo o editor, é com a dinastia Qin que se efectua a referida uniformização o que tem consequências drásticas para a escrita. Depois, graças ao movimento de Maio de 1919, que pugnava pela modernização da China, inicia-se a fase “moderna”, com a simplificação de caracteres e o aparecimento de uma escrita mais simples e directa que virá até aos nossos dias. O livro queda-se nesse momento, não abrangendo a contemporaneidade. A primeira parte da obra, além da literatura propriamente dita, inclui também extensas referências ao pensamento chinês, na medida em que refere os trabalhos de Lao Zi, Confúcio, Mozi e Zhuang Zi, entre outros, todos eles pensadores cuja importância se estende até aos nossos dias e de influência crucial na mentalidade chinesa. Na era clássica, o livro começa por abordar a prosa clássica, fundamentalmente ensaística, que aborda temas variados da História à crítica literária, passando pelos chamados “ensaios fúteis”. Depois passa para a poesia que, geralmente, se considera ter atingido a sua Idade de Ouro durante a dinastia Tang, com nomes como Li Bai, Wang Wei, Du Fu a Bai Juyi. Finalmente, o volume descreve o que chama de “literatura de entretenimento”, na qual inclui o teatro, o romance, a literatura oral e os contos. O tradutor da obra, Raul Pissarra, formado em Filologia Clássica, falou da sua admiração pela “cultura antiga” europeia; “talvez por isso”, acrescentou, uma das coisas que mais o fascinou na China foi “a antiguidade da cultura chinesa”. “Estar a viver num sítio que foi testemunha de milénios de uma cultura tão antiga, sempre me deixou calado, no sentido do respeito. Foi isso que me aproximou da cultura chinesa, a sua antiguidade”. Também o facto desta literatura “não ter sido contaminada por uma cultura exterior”, ser uma expressão pura de um povo, sempre fascinaram Raul Pissarra. Logo, confessou ter iniciado este trabalho devido ao “fascínio” que este “diamante puro” lhe causara. Seguidamente, o tradutor fez leituras esparsas da obra. Os presentes tiveram então a oportunidade de ouvir trechos variados de literatura chinesa de diferentes géneros, da poesia ao conto, separados por extensas fatias temporais. André Levy, sinólogo e tradutor Figura maior da sinologia francesa, nasceu em Tianjin, em 1925, tendo crescido na concessão francesa desta cidade do Norte da China. Foi tradutor de várias obras de ficção chinesas, entre elas as traduções de dois dos quatro grandes ciclos novelísticos, a Peregrinação a Oeste (Xi you ji) e o Lótus de ouro (Jin Ping Mei). André Lévy foi também autor de diversas obras de sinologia, entre elas a que aqui se traduz. Depois de se formar na Escola de Línguas Orientais da Universidade da Sorbonne, seguiu uma vida de investigador e professor em Hanói, Kyoto e Hong Kong. Em 1969 foi nomeado director de Estudos Chineses da Universidade de Bordéus. Em 1974 defendeu a tese de Doutorado de Estado sobre contos chineses em língua falada no século XVII. Entre 1981 e 1984, foi director do Departamento da Ásia Oriental na Universidade de Paris VII. Em 1995 tornou-se Professor Emérito da Universidade de Bordéus III. André Lévy recebeu várias distinções, entre elas, em 1998, a de comendador das Palmas Académicas. Faleceu em 2017.
Mong-Há | Centro Desportivo acolhe vacinação a partir de segunda-feira Andreia Sofia Silva - 17 Jun 202117 Jun 2021 É já a partir da próxima segunda-feira que o Centro Desportivo de Mong-Há começa a receber pessoas para a vacinação contra a covid-19, prevendo-se uma capacidade de atendimento de dez mil pessoas por dia. “Vamos aumentar o número de quotas [para a vacinação]”, disse ontem Tai Wa Hou, coordenador do plano de vacinação na habitual conferência de imprensa do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. “O Fórum Macau vai funcionar entre as 9h e as 21h e terá três mil quotas por dia. Teremos 15 postos em funcionamento com um total de 8200 vagas”, frisou. Em Mong-Há será administrada apenas a vacina da Sinopharm. “Temos dois postos que fornecem a vacina da mRNA e temos vagas suficientes. Neste momento 85 por cento das pessoas procura a vacina da Sinopharm e 15 por cento a vacina da mRNA. Neste momento parece-nos que a procura é maior pela Sinopharm e é por isso que fornecemos esta vacina [em Mong-Há]”, explicou Tai Wa Hou. Em relação ao caso de um residente que entrou em Macau e teve um resultado positivo, embora fraco, à covid-19, depois de ter estado infectado em Hong Kong, Leong Iek Hou, coordenadora do Centro, assegurou que são necessários ainda mais testes. “Não podemos confirmar ainda se este residente é um caso de recaída ou uma nova infecção, e não conseguimos confirmar se é ou não um caso importado. Neste momento não tem sintomas, estamos a fazer testes e a observar a situação.” A coordenadora garantiu que a “situação é estável” e que “é grande a possibilidade de ser um caso de recaída de covid-19”.
DST | Encerrado Centro de Promoção e Informação Turística em Lisboa Hoje Macau - 17 Jun 2021 O Governo de Macau decidiu encerrar o Centro de Promoção e Informação Turística de Macau em Lisboa “tendo em conta a racionalização de quadros e simplificação administrativa”, disse ontem a directora dos Serviços de Turismo. O Centro é um projecto do Executivo “cuja intenção original foi estabelecida para o curto prazo, mas que foi prolongada por muito anos”, afirmou à Lusa Maria Helena de Senna Fernandes. “Tendo em conta a racionalização de quadros e simplificação administrativa do Governo da RAEM e a existência da Delegação Económica e Comercial de Macau, em Lisboa” foi decidido agora extinguir o Centro, acrescentou a responsável, à margem da conferência de imprensa sobre a segunda fase do programa “Passeios, gastronomia e estadia para residentes de Macau”. O Centro de Promoção e Informação Turística de Macau em Portugal foi estabelecido em 2005, de acordo com o despacho do primeiro Chefe do Executivo da RAEM, Edmund Ho. A Direcção dos Serviços de Turismo de Macau mantém uma representação em Londres, sendo “uma delegação para promover turismo, mas não um órgão do Governo da RAEM como [era] o Centro de Promoção em Portugal”, explicou. Londres “é como as delegações em Hong Kong, Malásia, Japão”, entre outras, em que são contratadas empresas locais ou são adquiridos serviços destas empresas “através de concursos públicos, a nível internacional, para fazer promoção no país, pelo que não são um órgão externo do Governo da RAEM”, indicou.
Arrancou o julgamento que opõe a Sands ao antigo parceiro de concessão Salomé Fernandes - 17 Jun 2021 Começou ontem o julgamento que envolve a Las Vegas Sands e a Asian American Entertainment Corporation, com o foco principal na inquirição de testemunhas a incidir no fim da relação entre as duas empresas. Durante dia inteiro foram ouvidas duas testemunhas que destacaram o peso do grupo Sands para a atribuição da concessão Chegou a tribunal um caso bilionário que há teimava em não passar do papel. Ontem começou o julgamento que senta no banco dos réus a Las Vegas Sands devido ao processo instaurado pelo antigo parceiro na corrida às primeiras concessões de jogo em Macau, a Asian American Entertainment Corporation (AAEC), que é liderada pelo empresário taiwanês Marshall Hao. A AAEC pede uma indemnização superior a 96 mil milhões de patacas. A disputa remonta a 2001. A Las Vegas Sands e a AAEC submeteram um pedido para licença de jogo, mas a Sands decidiu mudar de parceiro a meio do processo para se aliar à Galaxy Entertainment, acabando por obter a concessão. A autora do processo acusa a operadora fundada por Sheldon Adelson de ter quebrado os termos do acordo. O final da relação das empresas esteve ontem em destaque no Tribunal Judicial de Base. Um documento apresentado na sessão de ontem mostrou que a relação acabara a 15 de Janeiro de 2002. No entanto, Maria Nazaré Portela, que integrou a comissão do concurso público para a atribuição de concessões para a exploração de jogos de fortuna ou azar em casino, frisou que o fim da relação entre as duas empresas só foi comunicado ao organismo a 1 de Fevereiro de 2002. Como tal, foi considerado que até ao momento da comunicação o vínculo se mantinha. Além do teor da proposta, a testemunha indicou que a conduta durante o concurso também mostrava que as duas entidades estavam associadas. A AAEC terá mesmo sido chamada a uma segunda fase de consultas, ao contrário da Galaxy. Segundo explicou Nazaré Portela, a comissão tinha “amplos poderes discricionários”, podendo os concorrentes ser chamados caso fossem necessários esclarecimentos adicionais, mas que isso não significava que fosse preferencial para a adjudicação de concessão. Foi também ouvido o testemunho de um outro membro da comissão, Erik Ho, que explicou que quando a comissão foi notificada de que o grupo Sands já não estava a cooperar com a AAEC – numa carta de Fevereiro – foi rever documentos, apercebendo-se então de um documento de cooperação em que se acordava terminar a relação a 15 de Janeiro de 2002. Porém, Erik Ho afirmou em tribunal não se recordar se o grupo informou na segunda fase de consultas que as entidades se iam separar. O mérito da Sands Nazaré Portela observou que a proposta inicial da AAEC e, mais tarde, a da Galaxy eram “praticamente idênticas”, e que tinham como mais valia a participação do grupo Sands, por causa da sua experiência. A comissão entendia que seria “muito vantajoso” uma proposta envolver o grupo Sands para conseguir uma concessão. Além disso, Nazaré Portela assegurou que as propostas eram apreciadas com base em critérios e pelo mérito na sua globalidade, entendendo que a AAEC aliada ao grupo Sands obteria uma das concessões de jogo. Os resultados do concurso foram anunciados pelo Governo da RAEM em Fevereiro de 2002. Para Erik Ho, a Galaxy não teria ficado em primeiro no concurso se não estivesse com o grupo Sands. “Penso que não, porque não tinha qualquer experiência na gestão dos casinos”, disse. Outro documento exibido em tribunal, sobre a proposta da AAEC, abrangia investimentos de 780 milhões de dólares americanos, a criação de 6.330 postos de trabalho e também de actividades não relacionadas com o turismo. Questionado sobre a possível de a AAEC criar um banco em Macau, o antigo membro da comissão comentou que na altura a área financeira “não era tão primordial” como a do turismo. O advogado da autora é Jorge Menezes, estando a Las Vegas Sands representada por Luís Cavaleiro de Ferreira.
Air Macau | Injecção de 1,8 milhões “crucial” para equilíbrio de contas Andreia Sofia Silva - 17 Jun 2021 A pandemia obrigou a Air Macau a receber uma injecção adicional de capital de 1,8 milhões de patacas em Janeiro, segundo o relatório e contas publicado em Boletim Oficial. A companhia aérea registou quebras nas receitas na ordem dos 80 por cento A Air Macau recebeu, em Janeiro deste ano, uma injecção adicional de capital de 1,8 milhões de patacas para fazer face à crise económica causada pela pandemia da covid-19. Segundo o relatório e contas publicado ontem em Boletim Oficial (BO), a Air Macau “envidou esforços para assegurar o bom funcionamento e delinear um plano de aumento de investimento”, com o objectivo de “lidar com a prevista deterioração da situação financeira e do estado dos fluxos financeiros, causados pela precariedade da economia”. A injecção de 1,8 milhões de patacas “melhorou consideravelmente o estado financeiro da companhia, desempenhando um papel crucial para assegurar que esta ultrapassasse sem problemas a ‘idade de gelo’ da indústria da aviação civil”, aponta o relatório. A Air Macau, que viu o contrato de concessão com o Governo renovado por mais três anos, desde 9 de Novembro do ano passado, registou uma perda de receitas operacionais de 81 por cento, no valor total de 846,66 milhões de patacas. Além disso, registou-se um prejuízo líquido superior a 1 milhão de patacas, em comparação com um lucro líquido superior a 150 milhões de patacas registado em 2019. “A instabilidade económica e a restrição de viagens provocadas pela pandemia traduziram-se em um deterioramento significativo da nossa rentabilidade no ano de 2020”, aponta a empresa. O ano passado a Air Macau fez ainda a devolução do arrendamento de duas aeronaves A319, estando 21 aeronaves em funcionamento desde o final de 2020. Futuro “incerto” O relatório do conselho fiscal vem confirmar a difícil situação financeira da empresa, devido “à queda abrupta da procura de voos de passageiros” devido “às extensas restrições de viagem e controlos fronteiriços que foram implementados em todas as regiões em resposta à pandemia”. A Air Macau conheceu, assim, “dificuldades e desafios sem precedentes” e o futuro mantém-se “incerto”. “A gestão deverá continuar a acompanhar de perto a procura do mercado, ajustando o modelo operacional e a flexibilidade da oferta, no intuito de permitir à companhia emergir com competitividade quando a indústria de viagens aéreas retomar”, conclui o mesmo documento.
Jogo | Au Kam San fala de indústria de “sangue” João Santos Filipe - 17 Jun 2021 O deputado Au Kam San afirmou ontem que a época “dourada” da indústria do jogo pode ter chegado ao fim, com as alterações à lei no Interior, que criminalizam a angariação de clientes para o jogo no outro lado da fronteira. O democrata considerou assim a necessidade de a economia local se adaptar a uma nova realidade, menos dependente do jogo, que considerou patriota. “Por detrás das receitas anuais de centenas de milhares de milhões de patacas, há sangue. A transferência de riqueza implica que Macau está a ganhar o que os outros perdem. É um derrame de sangue que acarreta montantes avultados de receitas, e que implica, no Interior da China, corrupção, falência de empresas, tragédia de famílias, e mesmo perdas de vida”, afirmou. “É verdade que não aconteceram em Macau, mas enquanto chineses de Macau, que se vangloriam do valor nuclear do “amor à Pátria e a Macau”, não podemos nunca ficar alheios”, acrescentou. O deputado criticou também o desenvolvimento de Macau nos últimos anos, uma vez que considera que o território ficou cada vez mais dependente do jogo. “Esta é também a razão pela qual o Governo Central tem vindo, desde sempre, a pedir a Macau que diversifique as suas indústrias, de modo a reduzir a sua dependência excessiva da indústria do jogo”, explicou. “Porém, a verdade é que, nas últimas duas décadas, a dependência da indústria do jogo não diminuiu, antes se foi tornando cada vez maior, sendo assim cada vez maior o seu peso. A chamada diversificação das indústrias é apenas um slogan, e o facto é que as indústrias em Macau estão a ficar cada vez mais reduzidas”, rematou.