Crime | Mulher burlada em 113 mil dólares de HK

Uma mulher foi burlada em 113 mil dólares de Hong Kong, depois de ter sido convencida a fazer um investimento numa aplicação de compra e vendas de acções. O caso foi revelado pelo canal chinês da Rádio Macau, com base na informação da Polícia Judiciária (PJ).

De acordo com a queixa apresentada, a vítima juntou-se a um grupo de conversação online sobre a compra e venda de acções, pelo que decidiu descarregar a aplicação promovida nesse grupo, por uma pessoa que conheceu online. Desde Maio até apresentar a queixa, a mulher transferiu 113 mil dólares de Hong Kong para a aplicação e supostamente, nesse período, estaria a obter um lucro de 30 mil yuan.

No entanto, uns dias depois, a aplicação deixou de mostrar qualquer registo sobre os investimentos anteriores. Além disso, quando voltou a tentar contactar a amiga online que promoveu a aplicação, a vítima percebeu que tinha sido bloqueada. Por isso, suspeitando ter sido enganada, a mulher acabou por apresentar queixa.

Troca de Dinheiro | Detido junto a casino na Taipa

Um homem foi detido no dia 30 de Maio depois de ter sido interceptado pelas autoridades quando trocava dinheiro com um jogador. As trocas de dinheiro para o jogo foram criminalizadas no início do ano. De acordo com os contornos apresentados pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), o homem foi interceptado fora de um casino na Taipa, por agentes de serviço.

O detido tem 36 anos e é residente do Interior. Após a detenção, afirmou às autoridades encontrar-se desempregado. Por sua vez, o jogador também é do Interior e tem cerca de 60 anos. O caso foi enviado para o Ministério Público. A pena de prisão para a troca ilegal de dinheiro para o jogo pode chegar aos cinco anos.

CPSP | Preso por mostrar pornografia a estudantes

Um homem foi detido depois de ter perseguido três alunas do ensino secundário a quem mostrou vídeos pornográficos. O caso foi relatado ontem pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) e citado pelo jornal Ou Mun.

O homem tem 49 anos, é segurança, trabalhador não-residente do Nepal, e terá assediado as estudantes pelo menos cinco vezes, no período de manhã, entre Março e Junho. As autoridades foram alertadas para a situação na manhã de 30 de Junho e enviaram uma equipa para o local, onde detiveram o homem.

O caso foi remetido para o Ministério Público e o detido está indiciado pelo crime de venda, exposição e exibição públicas de material pornográfico e obsceno, punido com uma pena de prisão de seis meses, que pode ser agravada no caso de as estudantes terem menos de 18 anos.

DST | Pop Mart Macao gerou 680 milhões de patacas

O projecto “Pop Mart Macao Citywalk”, que propõe passeios pela cidade por pontos onde estão instalados bonecos da marca de brinquedos chinesa, terá gerado vendas no valor de 680 milhões de patacas. Além disso, cerca de 153 mil pessoas visitaram as instalações colocadas em quatro pontos da cidade

 

A popularidade dos brinquedos da Pop Mart foi usada pelo Governo de Macau para estimular o turismo da região. Na primeira fase do projecto “Pop Mart Macao Citywalk”, que decorreu entre 6 e 28 de Junho, “520 mil utilizadores das seis carteiras electrónicas envolvidas participaram em 520 mil sorteios automáticos, gerados por transacções comerciais num valor total de 680 milhões de patacas”, revelou ontem a Direcção dos Serviços de Turismo (DST). Entre os sorteados, foram emitidos cerca de 59 mil prémios temáticos de edição limitada da POP MART, acrescentou a DST.

O “projecto de turismo cultural de grande escala” resulta de uma parceria entre a DST e a popular marca chinesa de brinquedos. Até ao dia 21 de Setembro, locais como Calçada da Igreja de São Lázaro, Praça de Luís de Camões, Largo de Santo Agostinho e Rua do Pai Kok da Taipa estarão tomadas por instalações com as populares personagens Baby Molly, Crybaby, Dimoo e Labubu.

De acordo com os dados preliminares avançados ontem pela DST, nas primeiras três semanas da iniciativa as instalações situadas nos quatro bairros, e base do evento instalada no Largo do Senado, atraíram cerca de 153 mil visitas, gerando 620 mil sorteios de consumo.

Prendas e redes sociais

Como ditam os tempos actuais, férias e lazer que não resultem em publicações em redes sociais é como se não existissem. Durante o período em análise, as autoridades indicam que foram publicadas 11.500 partilhas nas redes sociais “em troca de postais temáticos de edição limitada nos pontos da actividade”. A DST refere mesmo que devido à elevada procura os postais frequentemente esgotaram dentro da primeira hora de atendimento de cada dia.

A partilha de fotografias de turistas nos locais onde estão os bonecos da Pop Mart culminam o trabalho de promoção nas redes sociais que a DST fez antes da inauguração do projecto, para o qual contou com a participação de “influenciadores digitais” do Interior da China para criarem conteúdos, “incluindo transmissões ao vivo e publicações com imagens e vídeos curtos”. No total, foram geradas 190 publicações que ajudaram a “viralizar” o tema “Pop Mart Macao Citywalk”, alcançando até à data mais de 36 milhões visualizações online.

Para concorrer aos sorteios de lembranças da marca chinesa de brinquedos, basta fazer uma compra num valor superior a 100 patacas através das carteiras electrónicas Mpay de Macau, Alipay de Macau, Alipay do Interior da China, Alipay de Hong Kong, True Money da Tailândia e Touch ‘n Go eWallet da Malásia.

PME | Associação Comercial de Macau pede flexibilidade nos apoios

A Associação Comercial de Macau (ACM) pede maior flexibilidade nos sistemas de apoio financeiro às pequenas e médias empresas (PME) tendo em conta o fim de dois programas de apoio no ano passado.

Em causa, está o fim do plano “Pagamento apenas de juros, sem amortização do capital” e “Plano de ajustamento de reembolso para as pequenas e médias empresas”, sendo que, segundo escreveu o jornal Ou Mun, alguns empresários foram informados pelos bancos de que tinham de começar a devolver os montantes emprestados.

Citado pelo mesmo jornal, Vong Kok Seng, vice-presidente da ACM, afirmou que foi entregue pela associação um parecer a Sam Hou Fai, Chefe do Executivo, no passado dia 12 de Junho, em que se sugere que a Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) se coordene com a banca no sentido de reavaliar os prazos de reembolso no caso dos pagamentos de juros em que não haja amortização de capital, estendendo os prazos. Vong Kok Seng disse ainda que o parecer sugere que haja um maior equilíbrio entre o controlo de risco por parte das instituições financeiras e as necessidades de financiamento das empresas.

Na quarta-feira, após questões colocadas pelo canal chinês da Rádio Macau, a AMCM explicou que a banca não pede de forma directa às PME o reembolso, a curto prazo, dos montantes de empréstimos acumulados concedidos nos últimos quatro anos.

Comércio | Fecho de supermercados é “ajuste estratégico”

Ip Sio Man, presidente da Agência Comercial Vang Kei Hong, desdramatiza o fecho recente de alguns supermercados no território e afirma que se trata apenas de um “ajuste” na estratégia comercial, relacionado com má localização dos espaços e com a necessária redução do número de estabelecimentos

 

O encerramento de supermercados em Macau não é sinal de uma grande crise económica, mas sim de um necessário ajustamento comercial por parte das marcas. Quem o diz é Ip Sio Man, presidente da Agência Comercial Vang Kei Hong, que ontem num evento público afirmou que o recente fecho destes espaços comerciais foi apenas um “ajuste estratégico” por parte das empresas.

“Em primeiro lugar, quando falamos de encerramentos percebemos que se tratam de casos individuais. Depois, temos uma grande proporção de supermercados [por número de habitantes, em Macau]. Há redes de supermercados que se estão a ajustar porque abriram nos sítios errados e simplesmente fecharam e mudaram para outras zonas.”

O responsável, que falou com os jornalistas à margem das comemorações dos 50 anos da empresa, disse que o mercado mudou e que há alguns sectores económicos que estão a reduzir o número de espaços, e não apenas os supermercados.

“Macau tem cerca de 680 mil habitantes, mas cerca de 100 mil pessoas não moram habitualmente no território. O número [de supermercados] é demasiado excessivo, e a situação é semelhante nos mercados”, disse. A Vang Kei Hong fornece produtos e bens alimentares a retalhistas, restaurantes, hotéis e resorts.

O seu presidente deu também o exemplo dos bancos, que estão a fechar sucursais. Na sua opinião, isso não significa um cenário de recuo económico, mas simplesmente uma mudança de estratégia, tendo em conta que há cada vez mais serviços online que os clientes podem usufruir.

Bairros sofrem

Questionado sobre o panorama da economia na relação com o sector social no primeiro semestre, Ip Sio Man defendeu que os resultados são variados, com o turismo a registar um avanço. Porém, adiantou que os comerciantes nos bairros comunitários, onde há menos turismo, continuam a sofrer com a falta de clientes.

Por esta razão, Ip Sio Man defende que as pequenas e médias empresas (PME) têm, elas próprias, de mudar a sua estratégia comercial. O empresário acredita que, no segundo semestre deste ano, o ambiente de negócios possa melhorar, pois Hong Kong tem revelado um crescimento próspero, sendo que também Macau tem tido um maior número de turistas.

Ip Sio Man indicou, portanto, que as PME têm de se focar em formas de atrair o consumo dos turistas. “Não acho que seja uma questão de os turistas não quererem gastar dinheiro. Apenas consomem os produtos que lhes garantem a melhor relação custo-benefício”, acrescentou.

Um dos exemplos referidos pelo empresário é o da marca de chá amargo do Interior da China Wanglaoji, que registou um aumento de venda para Macau em cerca de 30 contentores, enquanto que nos anos anteriores as vendas eram de apenas um dígito.

Eleições | Pelo menos 32 crimes obrigam a cumprir pena de prisão

A Lei Eleitoral obriga à aplicação de penas de prisão efectiva que podem variar entre um mês e mais de 10 anos. Um dos casos em que os condenados precisam mesmo de passar tempo na Prisão de Coloane é o crime de incentivo público à abstenção, voto em branco ou voto nulo

 

A lei prevê pelo menos 32 crimes que obrigam sempre ao cumprimento de uma pena de prisão. Um desses crimes é o incentivo público à abstenção, voto em branco ou voto nulo, que acarreta uma pena que varia entre um mês e três anos.

De acordo com as regras gerais do Código Penal, quando alguém é condenado pela prática de um crime existe a possibilidade da pena ser suspensa durante um período de um ano a cinco anos. Para que a pena possa ser suspensa, a lei determina que a condenação não pode ser superior a três anos de prisão. Este período é também o tempo normalmente tido como referência para a definição de pequena criminalidade ou de um crime que não é grave.

No entanto, a Lei Eleitoral, através do artigo 147.º, abdica do regime de suspensão das penas de prisão, o que significa que os condenados, em condições normais, vão sempre passar, pelo menos, um mês no Estabelecimento Prisional de Coloane.

A lei divide a criminalidade em que se abdica da suspensão de pena em “crimes relativos à organização do processo eleitoral”, nos “crimes relativos à campanha eleitoral” e “crimes relativos ao sufrágio e ao apuramento”.

A lista de crimes relativos à organização do processo eleitoral inclui seis delitos e em, pelo menos, cinco deles a aplicação de pena de prisão é obrigatória, como acontece com a pessoa que aceita ser reconhecida como candidato quando não reúne as condições legais, ou quando se recorre a coacção ou artifícios fraudulentos para condicionar a vontade de uma pessoa a participar, ou não, numa comissão de candidatura, na designação do votante no âmbito do sufrágio indirecto e ainda sobre a decisão de uma pessoa ser candidata, ou não, às eleições.

Campanha eleitoral

Uma das questões mais controversas nas eleições prende-se com o período de campanha eleitoral e a proibição de actividades de campanha antes do período legal, que este ano começa a 30 de Agosto e se estende até 12 de Setembro.

No início desta semana, o presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), Seng Ioi Man, alertou que apesar de não terem sido recebidas queixas sobre ilícitos deste género as autoridades estão atentas a potenciais infracções.

A lei prevê sete crimes relacionados com a campanha, mas a maioria, quatro em sete, admite a aplicação de pena de multa, pelo que o cumprimento de pena de prisão não será sempre aplicável.

Contudo, no caso de haver desvio fraudulento correspondência da CAEAL, denúncia caluniosa sobre os crimes previstos nesta lei ou propaganda eleitoral a menos de 100 metros das assembleias de votos a punição passa sempre por pena de prisão por períodos que variam entre um mês e oito anos.

Crimes mais abrangentes

É na secção dos “crimes relativos ao sufrágio e ao apuramento” que a lei apresenta o maior número de situações ilícitas, com um total de 23 crimes.

Entre os 23 ilícitos, em quatro é permitida a aplicação de pena de multa, além de pena de prisão, mas apenas em determinadas circunstâncias. Na maioria dos crimes previstos, 18, é sempre obrigatória a aplicação de pena de prisão que varia entre um mês e cerca de 10 anos e 8 meses, dependendo do crime praticado.

Alguns destes crimes são específicos e visam as forças de segurança, como acontece com a entrada forçada nas assembleias de votos, e os funcionários das assembleias de voto para casos de fraudes na altura da contagem dos votos.

Todavia, há também crimes que podem ser praticados por qualquer cidadão. É nesta categoria que se encontra o incentivo público à abstenção, voto em branco ou nulo, que acarreta uma pena que varia entre um mês e três anos de prisão. O mesmo pode acontecer quando, no âmbito do trabalho, alguém ameaça um trabalhador com uma sanção profissional para que o visado pela coacção revele o seu sentido de voto, ou vote com base nessa coacção.

Função Pública | Instituições privadas vão poder passar atestados médicos

Com as alterações que estão a ser discutidas na Assembleia Legislativa ao Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau as instituições de saúde sem fins lucrativos vão poder passar atestados médicos para os funcionários públicos. De acordo com a Rádio Macau, este aspecto foi garantido pelo presidente da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, Chan Chak Mo, depois de uma reunião de trabalho dos deputados.

Com estas alterações, instituições como a Clínica de Saúde dos Operários, ou a Clínica de Saúde da Associação de Mulheres vão poder passar os atestados, o que até agora não acontecia. No entanto, a lei não vai ao ponto de permitir que os atestados do sector privado sejam aceites, uma opção justificada com as dificuldades acrescidas de fiscalizar um sector mais extenso.

“Segundo o Governo, por enquanto, por causa da fiscalização, os médicos privados são muitos, há muitas clínicas em Macau. Portanto, neste momento, só é permitido que as entidades médicas, sem fins lucrativos, que tenham aprovado acordos com o Governo, possam passar um atestado médico”, explicou o deputado.

No entanto, Chan Chak Mo não afastou a possibilidade de no futuro os atestados médicos do sector privado poderem ser utilizados para justificar faltas na função pública. “No futuro, não se afasta a possibilidade de para aliviar a pressão do sector público, da saúde, se poder ver esse âmbito alargado”, sublinhou.

DSAL | Feira de emprego para jovens este mês

A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) volta a organizar, nos dias 18 e 19 de Julho, a “Feira de emprego para jovens 2025”, uma iniciativa organizada em parceria com a Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau, Associação Geral de Estudantes Chong Wa de Macau e Macau Youth Development Service Centre.

A referida feira de emprego irá decorrer na Torre de Macau, tendo como tema “Orientação na carreira, alinhamento com o futuro”, sendo disponibilizados serviços de aconselhamento profissional e apoio ao emprego.

Além disso, a feira irá também contar com a presença de mais de 50 empresas locais que disponibilizam mais de mil postos de trabalho, podendo ser realizadas entrevistas de emprego no local. As vagas incluem os sectores do turismo, tecnologias de informação, banca e finanças, entre outros.

As marcações prévias para o acesso à feira devem ser feitas a partir de hoje e até ao dia 16 de Julho. Nos dias 18 e 19 haverá dois horários de entrada, entre as 11h e as 13h, com a última entrada a decorrer às 12h30, e depois das 14h30 às 19h, com a última entrada a decorrer às 18h30.

Cheques | Nick Lei pede adiamento de alterações por um ano

O deputado ligado à comunidade de Fujian acha injusto que a imposição de ficar 183 dias em Macau para receber o cheque pecuniário tenha sido implementada em relação a 2024, não dando oportunidade a residentes que morem fora de cumprir a obrigação. Nick Lei defende que seja possível verificar os dias de permanência no território na Conta Única

 

O deputado Nick Lei acha que as alterações aos requisitos de atribuição do Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico, conhecido como cheque pecuniário, foram aplicadas de forma precipitada, prejudicando os beneficiários. “As medidas foram implementadas de uma forma demasiado apressada e a aplicação imperfeita trouxe muitos inconvenientes e obstáculos aos residentes”, referiu o legislador numa interpelação escrita, acrescentando que quando a notícia foi divulgada “desencadeou discussões e controvérsia social”.

O número dois da lista da bancada parlamentar de Fujian nas próximas legislativas de 14 de Setembro sugeriu ao Governo que “considere plenamente o impacto e inconvenientes” de medidas ou ajustes a políticas, “tendo em conta as necessidades reais dos residentes”.

O deputado cita queixas de residentes que criticaram a forma precipitada como foram aplicadas as alterações, que terão em conta dos dias passados em Macau no ano passado, “o que impossibilita muitos residentes de Macau que vivem no estrangeiro de optarem por ficar em Macau de acordo com a sua vontade pessoal”. Assim sendo, Nick Lei pede ao Executivo de Sam Hou Fai que considere adiar um ano a implementação das novas medidas de atribuição do cheque pecuniário.

Facilitar a vida

O deputado sugere ainda ao Governo que acrescente funcionalidades à aplicação móvel Conta Única, permitindo aos residentes verificar o número de dias de permanência em Macau. Nick Lei salienta actualmente, esse registo só pode ser “processado nos postos de atendimento ou nos quiosques de auto-atendimento”.

A introdução da funcionalidade na aplicação móvel não só promove a eficiência administrativa, como reduz os custos de tratamento e inconvenientes para os residentes, indica o deputado.

A necessidade de requerer pessoalmente, por intermédio de terceiro ou via postal documentos para comprovar que se está numa situação de excepção para quem não tenha passado 183 dias num ano em Macau também motivou queixas de Nick Lei, que gostaria de ver todo o processo a ser tratado na Conta Única.

Apesar das sugestões, o deputado ressalva que “é necessário optimizar e melhorar a política com base na manutenção da intenção original, para que os fundos públicos possam ser utilizados com precisão”.

Os cabo-verdianos que aprenderam a gerir casinos em Macau

Um grupo de 17 cabo-verdianos foi estudar em Macau, com o objectivo de integrar a gestão de um hotel-casino em construção na Praia. Nove anos depois, a obra ficou por acabar e a maioria emigrou.

Em Novembro de 2016, Belany Lopes, então com 22 anos, vestia a pele de ‘croupier’ e, atrás de uma mesa, separava e espalhava fichas de diferentes cores, de forma metódica, pelo pano verde, enquanto murmurava números. “Estava a fazer os cálculos de ‘blackjack’. No começo parece difícil, mas com a prática fica fácil! É interessante”, dizia à Lusa, meses depois de chegar à região chinesa para estudar no então Instituto Politécnico de Macau.

Nove anos depois, Belany Lopes recorda que decidiu inscrever-se na licenciatura em Gestão de Empresas, variante em Gestão de Jogo e Diversões, em parte “devido à promessa de já ter um emprego garantido”.

“Qualquer jovem que vem de uma família mais humilde e vai para a universidade vai pensar que o emprego é com certeza o foco principal”, disse a jovem, que tinha desistido de um curso de Bioquímica no Brasil.

O empreendimento perdido

Em 2015, o grupo Macau Legend tinha assinado um acordo para construir um projecto turístico no ilhéu de Santa Maria e orla marítima da Gamboa, na cidade da Praia, que incluía um casino com contrato de concessão de 25 anos. Era o maior empreendimento turístico para o país, com abertura prevista para 2019 e um investimento estimado em 250 milhões de euros – cerca de 15 por cento da economia anual de Cabo Verde.

Pouco depois de chegarem, os estudantes cabo-verdianos tiveram um jantar com o líder da Macau Legend, o empresário David Chow Kam Fai. “Ele disse-nos que, ao terminarmos o curso, o hotel-casino em Cabo Verde iria estar pronto”, recorda Lânia Fernandes. “No primeiro ano, sempre foi muito reforçado que éramos importantes, que seríamos os primeiros, que havia um plano para nós”, diz Belany Lopes.

Mas, em Abril de 2019, o Governo cabo-verdiano aceitou rever o acordo, com a Macau Legend a prometer investir 90 milhões de euros numa primeira fase do projecto, a abrir em 2021.

Em Janeiro de 2020, a maioria dos jovens estava em Cabo Verde de férias quando Macau decidiu encerrar todos os estabelecimentos de ensino para tentar controlar o novo coronavírus. Os cabo-verdianos terminaram o curso com aulas apenas ‘online’. “Não chegámos a ter qualquer cerimónia de graduação”, lamenta Jeremias Fortes Vaz.

A actual Universidade Politécnica de Macau (então Politécnico) confirmou à Lusa que a licenciatura em Gestão de Empresas, variante em Gestão de Jogo e Diversões, não voltou desde então a receber qualquer estudante de Cabo Verde.

Lânia Fernandes sublinha que o pessoal do Politécnico ainda tentou ajudar os cabo-verdianos a conseguir trabalho nos casinos de Macau. “Mas, devido à covid, não chegámos a fazer isso”, lamenta a jovem.

A Macau Legend sofreu novo revés em Novembro de 2020, quando o regulador financeiro de Cabo Verde rejeitou o pedido da empresa para criar o Banco Sino-Atlântico. “Eles sempre se mantiveram muito optimistas. Mas muitas pessoas sempre diziam que talvez se aquele banco não fosse aprovado, o projecto não iria andar”, recorda Jeremias Fortes Vaz.

Muitas desistências

O recém-graduado ainda procurou trabalho no arquipélago, mas acabou por desistir. “Eu saí do interior de Cabo Verde para ir para Macau, depois voltei, mas não tinha contactos. Falo quatro idiomas, mandei currículo para diferentes sítios, consegui uma ou duas entrevistas. Depois de um ano na mesma, pensei: ‘aqui não há nada para mim’”, explica Fortes Vaz.

Lânia Fernandes esteve a estagiar no Ministério da Família, Inclusão e Desenvolvimento Social, durante dez meses, através do Instituto do Emprego e Formação Profissional. “Eu tenho sonhos, eu tenho ambições. Não posso ficar em Cabo Verde a ganhar 20 mil escudos [181 euros] por mês”, diz a jovem.

Tanto Lânia como Jeremias Fortes Vaz acabaram por emigrar, em 2022, para Massachusetts, no nordeste dos Estados Unidos. Mas não se arrependem da passagem pela China.

“A minha ida para Macau mudou a minha vida por completo”, garante Fortes Vaz. “Aprendi coisas que levei para a vida, diferentes culturas, a gastronomia, como é que uma cidade do primeiro mundo funciona. Então, tudo valeu a pena”, diz.

Para Belany Lopes, a licenciatura em Macau levou a um mestrado na Hungria e a um trabalho numa fabricante de turbinas eólicas em Portugal. “Tudo o que eu aprendi na universidade, com as pessoas que conheci em Macau, sinto que abriram as portas para estar onde estou hoje”, diz a cabo-verdiana.

Cabo Verde | Família Évora, entre Macau e o resto do mundo

Amanhã celebram-se 50 anos da independência de Cabo Verde, o país de onde saiu a primeira levada da família Évora na década de 40, rumo a Macau, onde ganhou raízes. Hoje em dia, apenas um membro da família permanece no território, o médico cardiologista Mário Évora

 

Houve em tempos uma dezena de Évoras em Macau, onde chegaram na década de 40, mas apenas Mário Évora resiste, com a família a repetir as migrações que marcam tanto Cabo Verde como os macaenses.

“Chegámos a ser entre oito e dez Évoras em Macau”, disse à Lusa o especialista em medicina desportiva Humberto Évora, a partir de Lisboa, onde vive desde que se reformou. Os avós maternos de Humberto (o último da família a nascer em Cabo Verde) e Mário (o primeiro a nascer em Macau) chegaram ao território no Oriente no fim da década de 40, com cinco dos seis filhos do casal.

Um ano depois, a filha que tinha ficado com o marido em Cabo Verde veio para Macau, já com o bebé Humberto. O plano inicial era para dois anos, mas o casal acabou por ficar três décadas e ter mais três filhos: Mário, Rui e Maria Helena.

Em 1971, foi a vez de Humberto e Mário partirem para estudar Medicina em Lisboa, mas não sem um grande susto ligado à guerra colonial que já durava há uma década.

“Como fomos para a universidade podíamos adiar a inspecção militar, mas os papéis não vieram de Macau e corríamos o risco de ser considerados refractários”, recordou Humberto. A situação resolveu-se, mas Mário admitiu à Lusa o receio da mobilização. “Tínhamos essa perseguição, tínhamos de ir passando de ano para não ir dar com os costados na guerra”, explicou.

“O choque” em Lisboa

À chegada a Lisboa, “fomos logo acolhidos e integrados na comunidade de estudantes cabo-verdianos”, disse Humberto, numa altura de agitação estudantil e política. “Houve períodos em que era quase diário, manifestações de estudantes contra o regime, a polícia de choque entrar pela cantina dentro e dar umas cacetadas”, sublinhou Mário.

Humberto admitiu que “foi um choque, para quem vinha de Macau, onde havia pouca cultura política e a guerra colonial era vista como uma luta contra terroristas”. Num Verão, o jovem, que chegou a estar integrado num grupo cabo-verdiano de música de intervenção, partiu com um amigo “à boleia pela Europa fora de guitarra às costas”.

“Lembro-me sempre da primeira vez, em França, que vi na televisão a guerra colonial descrita ao contrário, a luta pela libertação de um poder colonial de ocupação”, disse Humberto.

A independência

Quando os dois irmãos terminaram o curso de Medicina, a independência de Cabo Verde, em 5 de Julho de 1975, levou-os a equacionar um regresso às raízes. “Havia um movimento de muitos dos nossos colegas de irem contribuir para um país novo, que começava a dar os primeiros passos”, referiu Mário, já então cardiologista formado.

Até porque, recordou Humberto, alguns dos amigos de Lisboa se tinham, entretanto, tornado membros do Governo de Cabo Verde. “Houve essa possibilidade, mas o regresso a Macau, a um sítio onde tinha passado tanto tempo, foi natural”, explicou. “Nasci em Cabo Verde, passei parte da minha vida em Portugal, cresci em Macau, também sou macaense. Sou um cidadão do mundo”, defendeu Humberto.

Os macaenses são uma comunidade euro-asiática, a maioria dos quais lusodescendentes, com raízes em Macau, embora muitos tenham emigrado, devido à situação económica ou ao receio criado pela transição da administração de Portugal para a China, em 1999.

Dos irmãos Évora, Rui, engenheiro, partiu antes da transição para Cabo Verde, onde chegou a trabalhar no projecto do hotel-casino que o empresário de Macau David Chow construiu na Praia, mas que ficou por inaugurar.

A irmã mais nova, Maria Helena, especialista em ciências documentais que chegou a trabalhar no Arquivo Histórico de Macau, está actualmente na Câmara Municipal de Oeiras. Os filhos “estão todos fora”, entre o Reino Unido, Cabo Verde e Portugal, disse Mário. “Agora o mundo é mais pequeno e é ir onde há oportunidades”, defendeu.

Também Humberto encara as migrações “como um processo natural, não só para os cabo-verdianos, mas até para os macaenses”.

Nada que tenha impedido os dois irmãos de manter os laços com o arquipélago. Humberto divide o tempo entre Portugal e Cabo Verde, sendo há décadas o médico oficial das delegações desportivas cabo-verdianas às principais competições internacionais.

Mário foi um dos fundadores – e presidente durante dez anos – da Associação Amizade Macau-Cabo Verde. “Tivemos cá o Ildo Lobo, o Tito Paris, e a minha prima”, disse o cardiologista, antes de fazer uma pausa e acrescentar, com um sorriso: “a Cesária Évora”.

Timor-Leste | PR condecora embaixadora de Portugal

O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, condecorou ontem com o colar da Ordem de Timor-Leste a embaixadora de Portugal em Díli, Manuela Bairos, e o embaixador da União Europeia, Marc Friedrich, que vão cessar funções no país.

“O embaixador Friedrich e a embaixadora Bairos foram verdadeiros parceiros no percurso da nossa nação rumo à prosperidade e ao reconhecimento internacional”, afirmou o Presidente, citado num comunicado.

O chefe de Estado salientou também o “empenho inabalável” dos embaixadores no “reforço das relações bilaterais e a sua genuína dedicação ao bem-estar do povo timorense, que representam o espírito da cooperação internacional essencial ao desenvolvimento” da democracia no país.

A Ordem de Timor-Leste visa reconhecer o mérito e a dedicação de nacionais ou estrangeiros que tenham contribuído para o bem do país, dos timorenses ou da humanidade.

“Para mim, para Portugal, foi uma honra receber esta distinção. Estive em Timor-Leste com muita alegria, um privilégio ter servido o meu país em Timor-Leste”, afirmou aos jornalistas no final da cerimónia a embaixadora de Portugal, que esteve envolvida no apoio português a Timor-Leste desde a crise humanitária de 1999.

O embaixador da União Europeia destacou que termina o mandato com satisfação, salientando que a relação entre a organização e Timor-Leste foi reforçada.

Obras portuguesas em bienal que quer expandir contacto de Macau com arte do exterior

Os portugueses Rui Calçada Bastos e José Drummond participam este ano na Bienal Internacional de Arte de Macau, que apresenta cerca de 30 exposições de artistas de mais de dez países, disse à Lusa ontem a organização.

Rui Calçada Bastos e José Drummond, com ligação de longa data ao território, participam este ano na “Exposição Principal” da “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2025”, indicou à Lusa o Instituto Cultural (IC), após a conferência de imprensa de apresentação do evento.

Contactado pela Lusa, Calçada Bastos, que não vai estar presente na mostra, disse que vai expor “uma reapresentação” da peça “I have not yet forget myself to stone”, desenvolvida em 2021 com recurso a pavimento de betão e postais.

Em representação de Macau, José Drummond, a viver em Portugal, apresenta “The dream of the red chamber”, uma instalação que integra uma sala escura com frequência sonora e um néon vermelho. Também concebido em 2021, o trabalho foi buscar o nome à obra-prima da literatura chinesa de Cao Xueqin e “explora leituras do espaço entre culturas, meios e percepções do tempo, inspirando-se tanto em fontes contemporâneas como clássicas”, lê-se numa apresentação do artista.

A “Exposição Principal” da bienal reúne um total de 46 artistas oriundos de 13 países e regiões, incluindo Xu Bing (China), Bart Hess (Países Baixos), Kimsooja (Coreia do Sul) e Lucy McRae (Reino Unido), e pretende reforçar “a função de conexão de Macau” com o exterior, referiu hoje em conferência de imprensa a presidente do IC.

“Elevaremos a proporção de obras de arte estrangeiras para aumentar o contacto com a rede global de arte”, sublinhou Leong Wai Man, notando que este ano o orçamento é de cerca de 4,5 milhões de patacas – menos de metade do da edição de 2023.

O evento centra-se no tema “Olá, o que fazes aqui?”, pergunta “comum, porém profunda” e que “desperta especialmente uma reflexão nesta era repleta de incógnitas e desafios”, continuou a responsável. “Inspirada por isso, a bienal deste ano convida artistas a explorarem temas como ciência e crença, globalização e localidade, realizando um profundo diálogo estético”, reforçou.

Perto de si

Além da mostra central, a bienal, que se realiza entre 19 de Julho e 19 de Outubro, apresenta a “Exposição de Arte Pública: Ondas e Caminhos”, que, de acordo com o curador principal do evento, quer reduzir a distância entre população e arte.

Oito artistas expõem, em diferentes bairros do território, cinco conjuntos de obras, declarou Feng Boyi. “Este ano, não temos uma exposição de grande envergadura (…), mas serão expostas mais obras que vão ser integradas no nosso dia-a-dia, na nossa comunidade”, realçou durante a conferência de imprensa.

O “Pavilhão da Cidade”, outra secção do evento artístico, apresenta o “Pavilhão da cidade de Jinan”, capital da província chinesa de Shandong (leste), com curadoria do Museu de Arte de Jinan, e onde mais de uma dezena de artistas locais exploram o património cultural regional.

Também está previsto o “Pavilhão da cidade de Portugal”, com curadoria da responsabilidade do Consulado-geral de Portugal em Macau e que, segundo o programa, “expõe o espírito humanista de uma pequena cidade que combina uma longa história e uma vitalidade inovadora”.

A Lusa contactou o Consulado-geral de Portugal em Macau e o Ministério dos Negócios Estrangeiros português para tentar saber mais detalhes, mas até ao momento não foi possível obter qualquer resposta. Este ano também é dado destaque aos artistas de Macau, “com mais cerca de 27 por cento” de participação local em relação ao ano transacto, de acordo com a presidente do IC.

O “Projecto de Curadoria Local”, notou Leong Wai Man, “é muito maior” do que na edição anterior. “Foram quatro projectos, este ano temos seis. Esperamos aproveitar esta bienal internacional para promover os artistas locais, tanto curadores como artistas”, continuou.

Envolvendo novamente as operadoras de jogo no território, a edição vai contar ainda com a secção “Exposição Especial”, que celebra, entre outros artistas, o espanhol Pablo Picasso (1881-1973), com uma mostra no hotel Gran Lisboa Palace (SJM Resorts), e que inclui 143 gravuras, cerâmicas e ilustrações provenientes do Museo Casa Natal Picasso, em Málaga.

Já o GalaxyArt, da Galaxy Macau, tem expostas “mais de 300 pinturas, esboços e manuscritos de design” do cenógrafo, pintor e designer de interiores francês Bruno Moinard.

As alterações climáticas e as contradições de Lula da Silva

O facto de o Brasil ser o quinto país mais extenso1 do globo e o sétimo em termos de número de habitantes justifica que o seu Presidente, Lula da Silva, seja um político que suscita curiosidade a nível global. Foi em parte graças aos seus governos que o índice de desenvolvimento humano (IDH3) do Brasil tem progredido de maneira significativa, tendo atingido, numa lista de 193 países, a 89ª posição em 2024, segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano 2023/2024, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Eleito três vezes, Lula da Silva ocupou a presidência de 2003 a 2011 e de 2023 até à atualidade. Da sua política sobressaem os programas “Bolsa Família” e “Fome Zero”, reconhecidos pelas Nações Unidas como tendo contribuído para amenizar consideravelmente a fome no Brasil.

Além da luta contra a fome, são também áreas em que houve maior desenvolvimento, a saúde e a longevidade, devido ao investimento no Sistema Único de Saúde e ao aumento de programas de vacinação. No campo da educação houve progressos significativos graças a incentivos para que mais crianças e adolescentes frequentassem o ensino primário e médio. Iniciativas como o “Programa Universidade para Todos” (ProUni) e o “Fundo de Financiamento Estudantil” (FIES) contribuíram para um maior número de universitários provenientes das camadas populacionais de baixo rendimento.

É devido a este grande país que a língua portuguesa é uma das mais faladas em todo o mundo e a mais usada no hemisfério Sul. Na Internet ocupa o quinto lugar4, muito acima do russo que está em oitavo lugar na lista, segundo a empresa de traduções “Gama!”.

O Brasil também é motivo de atenção principalmente pelo facto de possuir grande parte da Amazónia, a maior floresta tropical do globo5. Esta floresta, que se estende por 9 países, tem cerca de 60% da sua extensão no Brasil, daí a grande responsabilidade dos governos deste país de a preservarem, não só em seu próprio benefício, mas também de todo o planeta.

No tempo do governo de Jair Bolsonaro (2019 – 2022) foram dados passos atrás no que se refere à proteção da Amazónia, nomeadamente o aumento da exploração mineira clandestina e o agronegócio, o que teve como consequência o aumento da desflorestação, da poluição de numerosos cursos de água com fortes repercussões na saúde das populações autóctones e na biodiversidade.

Foi o tempo em que os “grileiros”6 tiveram novamente mais liberdade na sua atividade de falsificação de documentos que se pretendia serem comprovativos de propriedade de terras que, na realidade, foram ocupadas ilegalmente. Passados esses quatro anos de um governo de extrema-direita, o país voltou a ser dirigido por governantes que se preocupam com o papel primordial que a Amazónia tem na regulação do clima à escala global e no bem-estar das populações autóctones.

A biosfera constitui uma das componentes do sistema climático que mais influência tem na regulação do clima à escala global. Grande parte dessa componente é constituída pela Amazónia, atendendo a que se trata da mais extensa floresta tropical, com quase sete milhões de quilómetros quadrados.

Trata-se de um vasto sumidouro de dióxido de carbono, contribuindo para a redução da concentração dos gases de efeito de estufa na atmosfera, e de uma fonte de oxigénio. Os atentados de que tem sido alvo, motivados pela ganância humana, na forma de desflorestação para exploração agropecuária fazem com que haja a possibilidade de se transformar numa extensa savana, havendo o risco de se atingir o ponto sem retorno da capacidade de regeneração, em que a floresta passaria de sumidouro de CO₂ para uma fonte deste gás.

Lula da Silva, apesar de se lhe reconhecer ser um lutador em prol da preservação da Amazónia e defensor das medidas para amenizar as alterações climáticas, é alvo de pressões no sentido de amenizar estas suas características, o que tem causado algumas tergiversações do governo na aplicação de medidas de proteção do ambiente e de luta contra as alterações climáticas. Veja-se, por exemplo, o caso do Projeto de Lei N.º 2159, de 2021, apelidado pelos críticos de Lula por “PL da devastação”.

Em discussão desde há alguns anos, foi aprovado pela Câmara dos Deputados em 13 de maio do corrente ano, perante a passividade do presidente, que não deu o devido apoio a Marina Silva, sua ministra do “Meio Ambiente e Mudança do Clima”. Após algumas emendas suscetíveis de aumentarem o impacto ambiental, acabou por ser aprovado recentemente pelo Senado. Há mesmo quem afirme que os retrocessos na política ambiental implícitos neste Decreto-Lei não envergonhariam o governo de Jair Bolsonaro, explicitamente considerado antiambientalista.

Perante esta situação, o caminho está aberto para a exploração petrolífera no mar, relativamente próximo da foz do rio Amazonas, o que contraria as recomendações expressas na Conferência sobre o Clima COST287, em que se estabeleceu, pela primeira vez neste tipo de conferências, o compromisso explícito relativamente à necessidade de se proceder à transição dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos de forma “justa, ordenada e equitativa” com intuito de se atingir a neutralidade carbónica até 2050.

Este “Decreto da Devastação” permite a existência de “Licenças Ambientais Especiais” (LAE) para projetos classificados como estratégicos. Estes seriam sujeitos à apreciação do órgão responsável pelo licenciamento apenas durante um ano, após o qual seriam automaticamente aprovados. A escassez crónica de pessoal deste órgão, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA), permitiria frequentemente a respetiva aprovação, abrindo caminho a impactos ambientais imprevisíveis.

Perante esta situação, é compreensível a acusação de passividade por parte de Lula da Silva no que se refere aos trâmites que envolvem a aprovação deste decreto. A posição do presidente do Brasil é deveras incómoda, tanto mais que a próxima Conferência das Partes a promover pela UNFCCC8, a COP30, se vai realizar em Belém, no Brasil, já no próximo mês de novembro.

A aprovação do famigerado “PL da Devastação” ilustra bem a contradição entre a teoria e a prática na política conduzida pelo governo brasileiro.

(Meteorologista)

Distribuição dos dez maiores países em termos de extensão (em km²) segundo “dadosmundiais.com”:

Federação Russa – 17.098.242; Canadá: 9.984.670; China: 9.596.961;Estados Unidos: 9.525.067; Brasil: 8.515.767; Austrália: 7.692.024; Índia: 3.287.263; Argentina: 2.780.400; Cazaquistão: 2.724.900; Argélia: 2.381.741.

Os dez países com maior população (em milhões) segundo “dadosmundiais.com”: Índia 1.438,1; China 1.410,7; EUA 334,9; Indonésia 281,2; Paquistão 247,5; Nigéria 227,9; Brasil 211,1; Bangladeche 171,5; Federação Russa 143,8; México 129,7.

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, adotado pelo PNUD, consiste num número obtido estatisticamente, que vai de zero (desenvolvimento muito baixo) a um (desenvolvimento muito alto), baseado em dados que envolvem vários parâmetros, nomeadamente esperança de vida, educação e rendimento per capita. São 193 os países e territórios abrangidos por este índice.

Segundo a empresa de traduções “Gama!”, é a seguinte a lista das 10 línguas mais utilizadas na Internet (em milhões): 1ª – inglês 952,1 (25,5%); 2ª – Mandarim 763,3 (20,4%); 3ª – Espanhol 293,8 (7,9%); 4ª – Árabe 173,5 (4,6%); 5ª – Português 155,0 (4,1%); 6ª – Malaio 154,7 (4,1%); 7ª Japonês – 118,5 (3,2%); 8ª – Russo – 104,5 (2,8%); 9ª Francês 100,6 (2,7%); 10ª – Alemão 83,9 (2,2%).

A Amazónia estende-se por territórios de nove países, ocupando, aproximadamente, as seguintes extensões: 60% no Brasil, 13% no Peru, e os restantes 27% na Bolívia, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e Equador.

Grileiros – termo usado no Brasil, para designar os detentores de títulos de posse de propriedades, falsificados com recurso a excrementos de grilos para lhes dar aspeto de documentos antigos.

COP28 – 28ª Conferência das Partes (“Conference of the Parties”) realizada no Dubai, em 2023.

UNFCCC – United Nations Framework Convention on Climate Change.

Timor-Leste | FMI prevê crescimento económico de 3,9% em 2025

As previsões do Fundo Monetário Internacional mantêm a antiga colónia portuguesa no rumo do desenvolvimento e aconselham o jovem país a investir mais nos sectores das infraestruturas, saúde e educação

 

O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou ontem que prevê um crescimento económico de 3,9 por cento para este ano em Timor-Leste e insistiu que o Governo deve dar prioridade a despesas de qualidade nos sectores das infraestruturas, saúde e educação.

“Espera-se que o crescimento se mantenha robusto, situando-se em 3,9 por cento em 2025, sustentado pela expansão fiscal e pelo forte crescimento do crédito, prevendo-se uma desaceleração para 3,3 por cento em 2026”, afirmou, em comunicado, Carrière-Swallow, que liderou a equipa do FMI, que terminou ontem uma visita ao país.

A equipa chegou ao país em 19 de Junho para realizar discussões ao abrigo do Artigo IV de 2025. “A inflação, que tinha caído acentuadamente no ano passado devido à descida dos preços globais dos alimentos e da energia, deverá aumentar moderadamente com a subida dos preços internacionais dos alimentos”, disse Carrière-Swallow. O FMI prevê que a inflação se situe em 0,9 por cento este ano e aumente para 1,8 por cento em 2026.

A organização financeira, que realizou encontros com as autoridades timorenses, sector privados, parceiros de desenvolvimento e sociedade civil, considera também que o Orçamento do Estado para 2026 deve dar prioridade a “despesas de qualidade nas áreas das infraestruturas físicas e de capital humano, incluindo a saúde e educação, ao mesmo tempo que controla os gastos recorrentes”.

“O Governo está, com razão, centrado na identificação de medidas para conter a massa salarial do sector público, que tem crescido acentuadamente nos últimos anos, e na implementação de um Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) a partir de Janeiro de 2027”, salienta Carrière-Swallow.

Reformar, é preciso

O FMI recomenda reformas estruturais e orçamentais a 10 anos para permitir que o Governo timorense apoie o desenvolvimento do sector privado através da redução gradual dos défices orçamentais para preservar a sustentabilidade da dívida.

“Para 2026, as reformas que propomos seriam compatíveis com um envelope de despesa de cerca de 1,85 mil milhões de dólares para o Governo central”, pode ler-se no comunicado. No comunicado, o FMI felicita o Governo pelos “progressos contínuos nas reformas do sector financeiro” ao nível da legislação, “cuja implementação apoiará o desenvolvimento do sector privado”.

“Recomendamos ainda a aceleração da emissão de títulos de propriedade e o estabelecimento de um sistema nacional de identificação digital, reformas cruciais para melhorar o acesso ao crédito, diversificar o sector privado e aumentar a eficiência da despesa pública”, acrescenta o FMI.

Despesa fixa

O Governo timorense fixou esta semana a despesa para o Orçamento Geral do Estado de 2026 em 1,85 mil milhões de dólares, uma redução significativa em relação ao de 2025. No final do ano passado, o parlamento timorense aprovou a proposta de Orçamento Geral do Estado para 2025 no valor de 2,6 mil milhões de dólares.

As previsões do Governo timorense apontam para um crescimento económico de 2,7 por cento em 2026 e de 4,3 por cento para este ano. Em relação à inflação, as previsões do Ministério das Finanças indicam que continuará a trajectória descendente em 2025, prevendo-se que atinja 1,8 por cento, e que estabilize em 2 por cento aos longo dos próximos cinco anos.

Alibaba lança ofertas de 6,5 MME para estimular consumo

A plataforma de comércio electrónico da tecnológica chinesa Alibaba anunciou ontem que vai disponibilizar 7 mil milhões de dólares em ofertas para determinados produtos, numa tentativa de estimular o consumo interno.

O Taobao, plataforma lançada pela Alibaba em 2003 e líder do comércio electrónico na China, indicou, num comunicado divulgado através da rede social WeChat, que os 50 mil milhões de yuan serão atribuídos “directamente a consumidores e comerciantes”, ao longo de um período de 12 meses, com início marcado para ontem.

As medidas de incentivo, focadas sobretudo na funcionalidade de “compras relâmpago” da aplicação, incluirão “envelopes vermelhos” – versão digital dos tradicionais presentes monetários -, descontos em produtos, entregas gratuitas e reduções nas comissões cobradas aos vendedores.

Segundo a empresa, as ofertas visam “proporcionar aos consumidores experiências e serviços preferenciais e mais convenientes, estimulando ainda mais a vitalidade do consumo”.

Combate em curso

A decisão surge num momento em que Pequim tenta contrariar as pressões deflacionistas que ameaçam travar o crescimento económico, num cenário já marcado por uma prolongada crise no sector imobiliário, queda nas exportações e consumo interno em desaceleração.

Desde o ano passado, as autoridades chinesas têm implementado várias medidas para impulsionar a procura interna, incluindo cortes nas taxas de juro, estímulos ao sector imobiliário e incentivos à compra de automóveis e electrodomésticos.

Os resultados, no entanto, têm sido mistos: embora as vendas a retalho – principal indicador do consumo privado – tenham registado uma aceleração em Maio, os preços de venda no sector imobiliário continuaram a cair nesse mesmo período.

Na terça-feira, o Presidente chinês, Xi Jinping, apelou a esforços para “promover a construção de um mercado nacional unificado”, durante uma reunião de alto nível sobre política económica, segundo noticiou a agência noticiosa oficial Xinhua.

Durante o encontro, os dirigentes chineses defenderam ainda uma melhor regulação da “concorrência desordenada baseada em preços baixos” entre empresas.

“Num momento em que a economia chinesa enfrenta pressões deflacionistas e um mercado de trabalho frágil, o Governo procura responder a esses desafios pelo lado da oferta”, comentou o presidente da Pinpoint Asset Management, Zhiwei Zhang, após a reunião. “A prioridade parece ser evitar a concorrência excessiva”, acrescentou.

Li Qiang no Brasil para participar na cimeira dos BRICS

O primeiro-ministro da China, Li Qiang, é esperado no sábado no Brasil para participar na cimeira dos BRICS, antes de realizar uma visita oficial ao Egipto, anunciou ontem o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

“Por convite, o primeiro-ministro do Conselho de Estado, Li Qiang, participará na 17.ª Cimeira dos BRICS, no Rio de Janeiro, entre 05 e 08 de Julho”, afirmou uma porta-voz da diplomacia chinesa, citada num comunicado.

A mesma fonte acrescentou que Li Qiang se deslocará depois ao Egipto, onde realizará uma visita oficial entre0 9 e 10 de Julho, a convite do primeiro-ministro egípcio. Trata-se da primeira vez que o Presidente chinês, Xi Jinping, falta a uma cimeira de líderes do bloco de economias emergentes BRICS, desde que chegou ao poder, em 2013.

Fontes chinesas citadas pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post referiram que o facto de Xi e o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, terem mantido encontros frequentes no último ano pesou na decisão.

Os dois líderes reuniram-se durante a cimeira do G20 no Brasil, em Novembro passado, antes de uma visita de Estado de Xi a Brasília. Poucos meses depois, Lula deslocou-se a Pequim para uma reunião com países da América Latina e Caraíbas. Xi raramente visita o mesmo país dois anos consecutivos, com excepção da Rússia.

A ausência de Xi poderá fragilizar os esforços de Pequim para reforçar a influência global da China através do grupo BRICS e construir uma alternativa à ordem internacional liderada pelos Estados Unidos.

A crescer

A cimeira poderia ainda proporcionar ao líder chinês um primeiro encontro com responsáveis do Irão desde o início da guerra com Israel, após Teerão ter aderido ao bloco em 2024. Sob a liderança chinesa, o grupo BRICS duplicou de tamanho no ano passado, passando a integrar nove membros com a entrada dos Emirados Árabes Unidos, Irão, Egipto e Etiópia, que se juntaram ao Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Lula é considerado um dos parceiros mais próximos de Xi no plano internacional, a par do Presidente russo, Vladimir Putin.

Em aberto, está a possibilidade de Xi Jinping participar na conferência do clima das Nações Unidas, que se realizará no Brasil no final deste ano, embora Pequim ainda não tenha confirmado a deslocação.

Independências | China saúda Cabo Verde e destaca solidez da relação bilateral

Pequim saudou a antiga colónia portuguesa pelo desenvolvimento alcançado nos últimos 50 anos e mostrou-se aberta a continuar a desenvolver laços de cooperação com o país africano

 

A China saudou hoje os 50 anos da independência de Cabo Verde, destacou a solidez da relação bilateral e afirmou estar disponível para reforçar a cooperação em áreas como infraestruturas, educação e saúde.

Em resposta escrita enviada à agência Lusa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês felicitou o arquipélago pelo aniversário, que se assinala sábado, e afirmou que o país africano “alcançou importantes progressos no seu desenvolvimento nacional”, desejando que continue a “avançar firmemente no caminho da revitalização”.

Na nota, refere-se que as relações entre os dois países têm sido marcadas por “confiança política mútua” e resultados “frutíferos” em múltiplos domínios, numa parceria que ambos os governos consideram estratégica.

“A China está disposta a trabalhar com Cabo Verde para aprofundar a cooperação pragmática e aplicar os consensos alcançados no âmbito da Cimeira de Pequim do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC)”, indicou o ministério.

Nas últimas décadas, a China consolidou a sua presença em Cabo Verde através de investimentos em obras públicas, cooperação técnica e atribuição de bolsas de estudo. Entre os projectos financiados por Pequim contam-se o Estádio Nacional e a nova sede da Assembleia Nacional.

Bons parceiros

Em declarações anteriores ao semanário Expresso das Ilhas, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros cabo-verdiano Rui Figueiredo Soares descreveu a China como “um parceiro seguro e de primeira linha para o desenvolvimento de Cabo Verde”.

A cooperação estende-se à área da educação, com mais de uma dezena de bolsas atribuídas anualmente pelo Governo chinês. Desde 2010, centenas de estudantes cabo-verdianos frequentaram instituições de ensino superior na China, em áreas como engenharia, medicina, turismo e relações internacionais.

“Cheguei com 17 anos e senti-me logo em casa”, contou Hélder Fernandes, cabo-verdiano natural da ilha de Santiago, que estudou Engenharia Informática na ilha tropical de Hainan, no sul da China, onde abriu, entretanto, um restaurante.

No plano diplomático, Cabo Verde tem reiterado o seu apoio ao princípio “Uma Só China”, reconhecendo Pequim como o único Governo legítimo do país, em detrimento de Taipé. Em contrapartida, Cabo Verde beneficiou de múltiplos perdões de dívida por parte da China – nomeadamente cerca de 1,18 milhões de euros em 2007 e mais 1,39 milhões de euros em 2016 – e recebeu apoio técnico nas áreas da agricultura, pescas e saúde, incluindo envio de equipas médicas e projetos nos portos de pesca.

Através do FOCAC, Cabo Verde tem também procurado reforçar o acesso a financiamento e apoio técnico externo, com vista ao cumprimento dos objectivos traçados no seu Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável.

Huzhou, capital dos pincéis

A noroeste da província de Zhejiang visitamos Huzhou, atraídos por um dos tesouros da pintura chinesa, os pincéis. Após a compra do mapa, percebemos pelas manchas verdes estar esta cidade recheada de jardins. De triciclo chegamos a um hotel de duas estrelas, apesar da oferta de alojamento no de quatro estrelas, com os descontos, apenas por mais uns trocados nos permitir gozar uma qualidade superior de conforto. Com as malas já no quarto, é na recepção que ficamos a saber da existência na cidade de um Museu do Pincel.

Considerada a capital dos pincéis, pois segundo um ditado, os pincéis de Huzhou, o papel de arroz Xuan de Xuanzhou (Anhui), a tinta da China de Huizhou (também em Anhui) e a pedra Duan para a tinta de Zhaoqing (Guangdong), são os quatro tesouros da pintura chinesa.

Logo na viagem para o hotel deu para perceber ser a cidade pequena pois, desde o terminal de autocarros, em dez minutos estamos no centro, percorrendo metade da avenida principal que longitudinalmente a divide. Agora caminhando, vamos ter a um canal com esplanada nas margens. Parece um bom local para na sombra, tranquilamente refrescar do Sol do meio-dia. Estamos no jardim Hebin. Ainda a sentar e logo de longe nos acenam com um copo e uma garrafa termos. Após um gesto afirmativo, trazem um copo cheio de folhas de chá verde e água quente num recipiente térmico, que sobre a mesa fica para nos servirmos.

Logo aparecem engraxadores que por um reminbi retiram o pó aos sapatos, dando-lhes uma pequena polidela. Os vendedores de óculos rapidamente atormentam o repouso e um tocador de ehru experimenta, com uns sons de amplificador, cativar-nos a usufruir de umas quantas músicas. Mas a sua pequena introdução à música de “Yue liang wo di chin” (A Lua Representa o meu Coração) revela ser mais incomodativa do que cultural.

Espreitando uma movimentada, mas estreita rua pedonal onde, apesar dos edifícios em redor estarem desenquadrados do ambiente, uma recente porta de dragão (longmen) dá acesso à parte da cidade onde um estar de tempos já longínquos se perpetua. Outro longmen, este antigo e feito de madeira, dá a entrada ao templo Fumiao, que será do mesmo período e onde o pavimento sofre arranjos. No exterior, um sem número de vendedores de antiguidades espraiam os artigos pelo chão.

Passamos por lojas de roupa e entre duas dessas lojas, um cubículo com um balcão onde algumas pessoas esperam que do grelhador a carvão em brasa fiquem prontas as espetadas de diferentes pedaços de carne enfiada num longo palito. Petiscamos carneiro para enganar o estômago, pois começam a ser horas de jantar. Vamos caminhando atentos aos restaurantes, que ao longe se distinguem, pois marcados por lanternas redondas vermelhas.

Avenida dos hotéis

É na rua Hongqi Lu, onde se encontram a maioria dos hotéis, que devido ao aspecto escolhemos o restaurante, após passar por muitos de comida rápida, tanto chineses, como das duas principais marcas estrangeiras. À entrada, uma parte de venda para o exterior com muita procura, indica-nos estar num bom lugar. Os pensamentos disfarçam o tempo de espera, quando nos dizem ser o restaurante de pré-pagamento e que não há lista para escolher os pratos. As carnes já cozinhadas são na sua maioria de churrasco e estão expostas no sector de vendas, por detrás de vidros.

Cinco e meia da tarde e já com as senhas compradas para a refeição, escolhida pelos pratos das mesas dos clientes ali a jantar. É-nos servido tofu embebido em molho de soja e uma malga de rissóis cozidos com recheio de carne, a boiar numa sopa. Comida barata para servir de jantar após o emprego.

Embebidos no sabor, somos interrompidos por uma pedinte, corcovada, de certa idade, que parece pedir dinheiro. Oferecendo o que estamos a comer, logo toda a comida é esvaziada para a tigela e nem o molho sobra. Perante tamanha fome, constatada mais tarde quando a vimos numas escadas a comer, ainda lhe oferecemos dinheiro para outra refeição.

A mendicidade é um fenómeno recente na China, apesar de ter havido sempre dois tipos de pessoas que pelas ruas andam e que parecem pedintes. Aqueles que vagueando vivem pelo destino, indiferentes e cujas pessoas lhes oferecem os alimentos e os que de lugares mais pobres migram para as cidades. Claro que também já há pedintes de profissão.

O som de música sai das lojas e o restaurante de comida rápida estrangeira usa uma potente coluna onde uma jovem empregada dança ao som de músicas para crianças, espevitando-as a acompanhá-la.

Procuramos provar as especialidades da terra e por isso, no restaurante do hotel Huzhou, de duas estrelas, provamos pratos referenciados como de cozinha local. Foi-nos servido uma flor de peixe, prato de peixe que depois de assado num molho agridoce, fica retorcido com a sua pele a servir de cálice em forma de flor e assim apresentado. Mas é no hotel Zhebei, de quatro estrelas, que uma cozinha requintada nos dá a provar um tofu que guardamos com saudade.

O preço é mais barato que o anterior. Este restaurante fora recomendado por duas jovens, que esperavam os seus amigos e a quem uma empregada pede ajuda para comunicar connosco, quando um dia subimos ao segundo andar de um restaurante de comida cozinhada na mesa, o vulgar hot-pot. Ao perceber que apenas servem espetadas de vegetais, de carne ou marisco, para serem cozidas na panela aquecida sobre um bico de gás no centro da mesa, levantamo-nos e preparamo-nos para sair.

Solicitamente nos perguntam em inglês a razão de irmos embora. Aí entram as duas jovens estudantes universitárias em Hangzhou, que de férias viviam em casa da família. Explicando não ser esta a comida que nos apetece, aproveitamos para perguntar por outros restaurantes de comida regional. Como que desculpando Huzhou por não ter muitos restaurantes, apresentam como o melhor e de preço barato o restaurante do hotel Zhebei.

Após um lauto manjar e como ainda é cedo, já que na China se começa a jantar às cinco da tarde, voltamos à avenida e logo a seguir ao hotel de onde vínhamos, surge um outro, também de quatro estrelas, o Internacional Huzhou. Continuando pelo mesmo passeio, encontramos a loja de seda Tian Yun. Depois uma loja de pincéis, onde há para todos os tamanhos e preços, chegando pincéis com cabo em porcelana, ou de bambu, a custar milhares de yuans.

Museu dos pincéis

Mergulhando no passado de Huzhou, entrando por uma das ruas mais pitorescas da cidade. Uma igreja cristã domina a rua e em redor, lojas ocupam a parte debaixo das casas de dois andares. Pelos solidéus nas cabeças de algumas pessoas, percebemos que alguns dos negócios pertencem a muçulmanos. Depois de recusar ser fotografado, um vendedor de tangerinas oferece-nos uma deliciosa peça de fruta. Continuando, a curiosidade leva-nos ao encontro da ponte de pedra com três arcos construída em 1539, com algumas pedras ornamentais incrustadas.

Daí e para Sudoeste, vamos até ao jardim da casa museu do pintor e calígrafo Zhao Mengfu (1254-1322). Este era nativo de Wuxing (hoje Huzhou), tendo como nome de cortesia Zi’ang e pseudónimos Songxue, Oubo e Shuijinggong Daoren. Era um príncipe descendente da dinastia Song, mas que serviu a dinastia Yuan dos mongóis como oficial na Academia Hanlin.

Como pintor, era especialista na representação de cavalos e usava recriar temas e estilos dos antigos mestres, com cores simples para fazer as paisagens. Além de mestre nas técnicas da dinastia Tang, foi um exímio calígrafo, considerado um dos quatro principais na História da Caligrafia Chinesa.

Já no jardim, a serenidade com que o verde da vegetação se conjuga no lago com o castanho dos pavilhões de repouso, ou nas madeiras das casas de chá, leva-nos a ali ficar longo tempo, recriando figuras com a reflexão nas águas das pedras ornamentais. Temos de sair do jardim para visitar o Museu dos Pincéis que, apesar de estar englobado no mesmo recinto, tem uma entrada autónoma. Os pincéis de Huzhou estão referenciados como os melhores do país e por isso há que ver como são feitos.

Em termos cronológicos, o pincel foi inventado nos finais do século III a.n.e. por Meng Tian, um comandante militar da dinastia Qin. No entanto, percebe-se pelos vasos pintados de diferentes culturas neolíticas, que deve ter existido há pelo menos cinco mil anos. Por isso, Meng Tian estará ligado, não à invenção mas, ao aperfeiçoamento dos pincéis. Também a cidade de Huzhou não é o verdadeiro local de produção dos melhores pincéis, mas ganhou esse título já que em tempos antigos Shanlian, no concelho de Wuxing, província de Zhejiang, se encontrava sobre a sua jurisdição. Os pincéis de caligrafia aí feitos tiveram o seu apogeu durante a dinastia Yuan e ainda hoje estão considerados entre os melhores de toda a China.

Quatro etapas são necessárias para se fabricar o pincel hu, e usa-se a pelagem do coelho, da cauda de doninha e dos pêlos de cabra. Após a gordura ser retirada com sumo de tília, são cortados os pêlos em tamanhos iguais e entram numa solução para os limpar. Depois são unidos na base com goma arábica e após secar, enfeixados com um atilho que os une ao cabo de bambu.

Com o pincel feito na sua estrutura passa-se a outra fase do processo. Os pêlos são besuntados numa papa feita de algas para os colocar juntos e com o enrolar de um fio é-lhes criada uma ponta, a parte mais importante do pincel. Esse fio que passa pelos pêlos, numa volta dá a forma de cone e serve também para retirar o excesso da papa aglutinadora.

Com extrema paciência e habilidade, os pincéis são limpos, arredondados, criando-lhes uma ponta, ficando com uma boa elasticidade. Depois o pincel, já pronto, passa para as mãos de outro funcionário, onde no cabo de bambu são gravados os caracteres Tian Kuan Trade Mark, que substituiu a antiga marca “Dupla Cabra”.

Os pincéis (hao) de pêlo de cabra são macios e servem para escrever pequenos caracteres, os de pêlo de coelho são duros e os da cauda da doninha estão entre os dois, tendo grande elasticidade servem para a caligrafia de grandes caracteres. Por vezes faz-se uma mistura dos diferentes pêlos, usando-se também os de outros animais.

Há pincéis de todo o tipo de tamanhos, servindo uns para pintar e outros para caligrafar. Os melhores para a caligrafia chinesa são os de mistura de pêlo de coelho e cabra. Os pincéis hu foram muito usados na corte imperial.

Na outra parte do museu, está a sala do pintor Zhao Mengfu com os seus utensílios e algumas obras, onde também não faltam as pedras gravadas. Apesar do museu ter uma secção de vendas, após sair do recinto museológico e já na rua, um conjunto de lojas dedica-se à venda de produtos para pintura chinesa.

Deixando os pincéis, visitamos o mercado e atravessando uma ponte de madeira em forma de zig-zag, percorremos outra parte antiga da cidade. Estendais de roupa escondem vendedores com sacos cheios de folhas de chá acabadas de colher e que pertencem à primeira colheita do ano, a melhor.

A nossa estadia em Huzhou serve também para visitarmos locais a uma hora de autocarro, como Anji, para ver o museu do Bambu e já fora da província de Zhejiang, em Jiangsu, Dingshan, referenciada como o local de produção dos melhores serviços de chá. A margem Sul do Taihu é a linha de fronteira entre o distrito de Huzhou, na província de Zhejiang e a província de Jiangsu, por onde o lago Tai se expande.

Património | Visitas e workshops celebram 20 anos na lista da UNESCO

Para assinalar os 20 anos da entrada do centro histórico de Macau na lista do património mundial da UNESCO, o IC vai organizar uma série de actividades para que residentes e turistas redescubram o coração da cidade. Desde passeios e visitas guiadas a pontos-chave, workshops, jogos e actividades para crianças, não vão faltar propostas para desfrutar do centro histórico

 

No próximo dia 15 de Julho completam-se 20 anos desde que o centro histórico de Macau entrou na lista do património mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO na sigla em inglês). A data não passou ao lado do Instituto Cultural (IC), que propõe um calendário de actividades para assinalar o reconhecimento do valor patrimonial do coração da cidade, polvilhado por um conjunto de edifícios e estruturas históricas que testemunham um passado com mais de quatro séculos de confluências culturais.

Entre o conjunto de actividades planeadas pelo IC para apresentar “novas perspectivas” do centro da cidade, destaque para “workshops com a apresentação de conhecimentos ligados às relíquias culturais, actividades práticas, e visitas guiadas que oferecem olhares renovados sobre o Centro Histórico de Macau”. O programa inclui as actividades “Passeios pelo Património Mundial”, “Jogo de Carimbos do Património Mundial” e “Património Cultural・Paisagem Literária”.

O passeio educativo para jovens “Explorar o Património Mundial” terá duas secções diferentes e irá passar pelo exterior de “atracções” do centro histórico, incluindo a Casa do Mandarim. As informações serão dadas em cantonense sobre “a história, a cultura, e as características arquitectónicas dos locais visitados”. Serão ainda organizadas actividades de criação artística e workshops. A primeira secção do passeio educativo está marcada para os dias entre 10 e 15 de Julho, das 14h às 18h, enquanto a segunda irá decorrer entre 15 e 20 de Julho, ambas com entrada livre.

Os destinatários destes passeios são crianças entre os 9 e 12 anos, com o máximo de participantes fixado em 18 pares por sessão. As inscrições estão abertas na Conta Única.

Próximas páginas

A criação de hábitos de leitura para os mais novos terá um lugar de destaque no rol de actividades planeadas. Todos os sábados e domingos deste mês, a começar já no próximo fim-de-semana, as bibliotecas de Macau vão acolher uma actividade intitulada “O Mundo das Histórias”, para crianças entre os 3 e 12 anos acompanhadas por um adulto. “Com o tema o património mundial, o programa visa cultivar o hábito de leitura das crianças desde tenra idade e melhorar a relação entre pais e filhos, através da narração de histórias, trabalhos manuais, canto e jogos interactivos”, indica o IC.

Aos sábados, entre 5 de Julho e 26 de Julho, sempre entre as 15h e 17h, as sessões vão decorrer nas bibliotecas de S. Lourenço, Bairro da Ilha Verde, Wong Ieng Kuan no Jardim da Areia Preta e no Jardim Luís de Camões.

Aos domingos no mesmo horário, entre 6 e 27 de Julho, as sessões decorrem nas bibliotecas da Taipa, S. Lourenço e Wong Ieng Kuan no Jardim da Areia Preta. Mais uma vez, todas as sessões serão conduzidas em cantonense.

As bibliotecas vão estar em destaque noutro evento, não só como espaço para uma actividade, mas como o objecto a explorar. Nos dias 12 e 19 de Julho, com duas sessões matinais, são propostas visitas guiadas à Biblioteca do Senado e à sala de obras antigas e raras chinesas da Biblioteca Sir Robert Ho Tung. Estas visitas também terão entrada livre e serão conduzidas em cantonense. As inscrições podem ser feitas através da Conta Única.

Pausa à sombra

A cerimónia de lançamento das celebrações do 20º aniversário da inscrição do “Centro Histórico de Macau” na lista do património mundial da UNESCO está marcada para o dia 15 de Julho, entre as 14 e as 18h no Teatro D. Pedro V.

Durante o evento, serão postos à venda num stand montado no local livros do IC que irá oferecer “descontos especiais”, assim como um stand de venda de produtos filatélicos dos CTT, e haverá ainda espaço para um sorteio para quem completar o jogo de carimbos do património mundial.

No capítulo dos workshops, o IC propõe uma degustação de chá de lótus na Casa do Mandarim, no dia 26 de Julho, entre as 14h e as 17. O evento irá contar com a presença de um mestre de chá. “Os participantes poderão acompanhar todo o processo de degustação de chá. A sessão inclui conhecimentos essenciais sobre chá, e explicação sobre variedades de chá, utensílios de chá, processo de infusão e normas de cortesia ao servir chá.

No fim-de-semana de 12 e 13 de Julho, realiza-se a actividade “Macau, pelos Olhos de George Chinnery”.

“Os participantes irão visitar o Largo de S. Domingos para assistir a uma apresentação sobre a vida e obra de George Chinnery. Sob a orientação de instrutores profissionais, os participantes poderão estudar as técnicas artísticas das obras de George Chinnery, e criar as suas próprias pinturas, inspiradas na arquitectura do património mundial e com técnicas artísticas semelhantes”, indica o IC.

O cruzamento entre tecnologia e história será o foco do workshop de impressão de modelos 3D:inspirado nos modelos da exposição “Protecção Arquitectónica da Cidade Proibida”. O evento realiza-se todos os sábados deste mês, entre as 15h e as 17h, no Centro de Preservação e Transmissão do Património Cultural do Museu do Palácio de Macau. Os participantes terão a oportunidade de aprender técnicas de coloração e acabamento em modelos pré-impressos em 3D para completar uma réplica em miniatura de um modelo da exposição “Protecção Arquitectónica da Cidade Proibida”.

Festa longa

As actividades para celebrar os 20 anos de inclusão na lista de património mundial da UNESCO vão prolongar-se até Dezembro, incluindo fóruns, encontros de chá na Casa do Mandarim e Edifício da Santa Casa da Misericórdia, visitas guiadas nocturnas à Fortaleza da Guia. Serão ainda organizados estágios profissionais e workshops de restauro de paredes de terra batida, telhados típicos da arquitectura Lingnan, e criações de estuque.

Em relação ao reconhecimento da UNESCO, o IC afirma que a “distinção, não só pôs em evidência o carácter urbano único de Macau, que conta com a mistura das culturas oriental e ocidental, como também elevou, significativamente, o estatuto cultural de Macau a nível internacional”.

O Governo salienta também o trabalho de protecção do património cultural realizado nos últimos 20 anos, obtendo “resultados expressivos”, que “contribuíram para a consciencialização progressiva dos residentes relativamente à importância da protecção deste património”.

Massagens | Detidos por obrigar empregada a masturbar clientes

Dois irmãos, residentes locais, foram detidos na terça-feira por suspeitas de obrigarem uma empregada de um salão de massagens na zona de Nam Van a masturbar os clientes.

A Polícia Judiciária recebeu a denúncia da empregada, uma trabalhadora não-residente de nacionalidade indonésia, no dia 3 de Junho. De acordo com o relato das autoridades policiais, citado pelo jornal Ou Mun, o salão de massagens terá sido aberto em Maio do ano passado e cerca de dois meses depois a queixosa foi contratada através de uma agência de emprego.

A partir de Setembro, os suspeitos terão começado a pedir à empregada que masturbasse os clientes. O centro recebia 1680 patacas por cada massagem com “final feliz”, enquanto a vítima recebia 150 patacas.

A queixosa indicou às autoridades que sentiu não ter escolha para negar o pedido, uma vez que tinha de pagar a comissão da agência de emprego e alimentar a família. Como tal, desde então, terá fornecido o “serviço extra” cerca de 100 vezes. Os dois irmãos, que recusaram colaborar com a PJ, foram encaminhados ao Ministério Público por suspeitas da prática do crime de lenocínio.

Imobiliário | Número de transacções cai para metade de 2024

No espaço de um ano, o número de transacções de habitação caiu para menos de metade, tendo em conta os dados da primeira quinzena de Junho. Por sua vez, o preço médio do metro quadrado teve uma redução de 29 por cento

 

Na primeira metade de Junho o número de compras e vendas de habitações caiu mais de metade em comparação com o período homólogo, com um total de 80 transacções. Os números foram revelados ontem pela Direcção de Serviços Finanças (DSF).

De acordo com os dados apresentados, os primeiros 15 dias de Junho registaram 80 transacções, das quais 53 aconteceram na Península de Macau, 25 na Taipa e duas em Coloane.

Em comparação com o período homólogo, tinham sido registadas 77 transacções na Península de Macau, 59 na Taipa e oito em Coloane.

A situação do mercado do imobiliário mostra um abrandamento não só em relação ao número de transacções, mas também ao nível do valor médio do metro quadrado, que afundou 29 por cento.

Nos primeiros dias de Junho, o preço médio do metro quadrado foi de 65.618 patacas, com a média a ser de 67.332 patacas na Península de Macau e de 61.813 patacas na Taipa. A média do preço de Coloane não foi especificada, dado que o número de transacções foi inferior a três, o que leva a que os dados não sejam publicados, por questões de privacidade.

Em comparação, na primeira metade de Junho do ano passado a média do valor da habitação foi de 92.439 patacas por metro quadrado. Na Península a média do metro quadrado foi de 82.718 patacas, na Taipa de 105.106 patacas e em Coloane de 102.862 patacas.

Mais estabilizado

Se a comparação tiver em conta apenas a primeira metade de Maio deste ano, o mercado apresenta-se numa situação de maior estabilidade, tanto ao nível do número das transacções como do valor do metro quadrado.

Em termos do número de transacções, o início de Junho apresentou um aumento de duas compras e vendas de habitação em comparação com a primeira quinzena de Maio, passando de 78 transacções para 80 transacções, um crescimento de cerca de dois por cento.

Em Maio, tinham sido registadas 66 compras e vendas de habitação na Península de Macau, nove na Taipa e três em Coloane.

Em termos dos preços, o mercado apresentou uma desvalorização de seis por cento do valor médio do metro quadrado. Em Maio, o valor médio foi de 69.634 patacas por metro quadrado. No entanto, no início de Junho não foi além das 65.618 patacas. No início de Maio, foram registadas 66 transacções na Península de Macau, nove na Taipa e três em Coloane.

Canídromo | Lançado concurso para construção de parque desportivo

A primeira fase das obras inclui a demolição de parte das instalações existentes e um prazo de quase três anos para a construção de três pavilhões e uma cave. Ainda antes do início dos trabalhos, o projecto já envolveu um investimento de pelo menos 31,60 milhões de patacas

 

O Governo lançou o concurso público para adjudicar o contrato de construção da Zona 1 de várias instalações desportivas no antigo terreno no Canídromo, no norte da península de Macau. O projecto tem como nome oficial “Jardim Desportivo para os Cidadãos no Lote do Antigo Canídromo da Companhia de Corrida de Galgos (Yat Yuen)”.

O Jardim Desportivo comporta uma área de 40.425 metros quadrados e vai estar separado em quatro pavilhões, além de incluir um campo de atletismo ao ar livre e uma cave.

O primeiro pavilhão com quatro andares inclui duas piscinas, uma das quais para crianças, um campo de basquetebol, e uma pista de corridas e ciclovia. No segundo pavilhão, de seis andares, vão ser construídos um parque de skate, campos de ténis, zona de escalada, campos de voleibol e badminton.

Em relação ao terceiro pavilhão, o projecto prevê uma construção com sete andares para albergar um campo de futebol de cinco, uma sala polivalente de dois andares, sala de actividades multiusos e espaços para actividades ao ar livre. Finalmente, o quarto pavilhão está pensado para crianças, e segundo o projecto, prevê a construção de uma zona de actividades ao ar livre, um parque infantil e salas de aulas e de leitura.

Na cave, terá lugar um parque de estacionamento público com 69 lugares para carros e 166 lugares para motos. Haverá um outro parque de estacionamento, a ser construído na segunda fase, com 415 lugares de estacionamento veículos ligeiros e 425 para motos.

As obras estão divididas em Zona 1 e Zona 2. Os trabalhos da Zona 1 vão arrancar primeiro e incluem a demolição das estruturas existentes no terreno e a construção dos pavilhões, excluindo o dedicado às crianças, a cave e o parque de estacionamento de menor dimensão.

De acordo com a informação da Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP), o prazo máximo de construção da Zona 1 é de 1.014 dias, um período que se aproxima de três anos. As empresas interessadas precisam de pagar uma caução de 28,5 milhões de patacas. As propostas não têm preço máximo e têm de ser entregues até 13 de Agosto.

Gastos de 31,60 milhões

Segundo a informação da DSOP, ainda antes das obras começarem, o projecto já acumulou custos de 31,60 milhões de patacas.

A maior fatia dos gastos foi dedicada à elaboração do projecto, que teve um custo de 19,82 milhões de patacas. Os trabalhos foram atribuídos à empresa P&T (Macau) Limitada, não havendo referência à realização de concurso público.

A segunda maior despesa prendeu-se com a sondagem geotécnica, com o Laboratório de Engenharia Civil de Macau a receber 4,17 milhões de patacas pelos trabalhos. O LECM fez igualmente a Monitorização das Estruturas Periféricas que teve um custo para o erário público de 2,63 milhões de patacas.

Os serviços de medição de trabalhos foram elaborados pela empresa Arcadis Macau que recebeu 2,21 milhões de patacas.

O Instituto para o Desenvolvimento e Qualidade de Macau foi outra das entidades envolvidas e a sua apreciação e verificação do projecto em termos da engenharia electromecânica custou 1,98 milhões de patacas. O mesmo tipo de serviço, mas de uma perspectiva de engenharia civil, foi elaborado pela Umcert Investigação e Ensaios em Engenharia Limitada e teve um custo de 790 mil patacas.

Água NK com valores de bactérias coliformes acima dos padrões recomendados

A água engarrafada NK, ligada à Fábrica de Água Potável NK, chumbou nos testes de qualidade do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), apresentado níveis de bactérias coliformes e bactérias pseudomonas aeruginosa acima dos valores recomendados.

As coliforme são um tipo de bactérias, como a e.coli, que habitam no intestino de mamíferos, enquanto as bactérias pseudomonas aeruginosa podem ser encontradas nas águas e nos solos e podem levar a infecções graves nos pulmões, na pele ou no tracto urinário.

O caso, divulgado na terça-feira pelo IAM, foi detectado durante inspecções de rotina às diferentes águas engarrafadas localmente. Esta é a quarta ocorrência de águas a apresentarem problemas ao nível da qualidade e segurança desde o início do ano.

O primeiro caso, aconteceu a 9 de Março com a marca Iceblue, da fábrica Oi Kou Pou. Mais recentemente, em Maio, as autoridades detectaram problemas com a água da marca Ieong Iat Tat (tradução fonética). O terceiro caso do ano, envolveu a água O Sun, do Miriam Grupo, e foi detectado no âmbito do concurso público de atribuição de água aos Serviços de Saúde.

Medidas de resposta

O comunicado do IAM sobre o incidente indica que foram aplicadas “medidas de prevenção”, que incluíram um pedido à empresa para que suspendesse a produção e desinfectasse os equipamentos utilizados na produção e engarrafamento de água. Ao mesmo tempo, o IAM pediu à Fábrica de Água Potável NK para se desfazer dos lotes de garrafões que apresentaram problemas e que recolhesse os garrafões já distribuídos.

O IAM alertou a população, num comunicado apenas disponibilizado em chinês, que foram identificados dois lotes de garrafões com valores de bactérias superiores aos recomendados, produzidos a 7 de Maio e 21 de Maio. Os garrafões em causa têm uma capacidade de 18,9 litros.

A informação disponibilizada indica que este tipo de água apenas foi fornecida a clientes com contratos regulares de abastecimento com a empresa e que a água não entrou nos locais de venda a retalho. A água também não terá sido fornecida a hospitais nem escolas.

Hospital das Ilhas | Urgências arrancam no quarto trimestre

O Hospital das Ilhas poderá ter o serviço de Urgências a operar em pleno no último trimestre deste ano, com consultas 24 horas por dia para situações clínicas que não sejam graves e entrada de ambulâncias em casos limitados. Para este mês, prevê-se que o hospital comece a disponibilizar serviços de inseminação artificial

 

A abertura de serviços no Hospital Peking Union Medical, também conhecido como Hospital das Ilhas, vai acontecendo progressivamente. O subdirector do hospital, Lei Wai Seng, revelou ontem que o serviço de Urgências deverá começar a operar totalmente no último trimestre deste ano.

No final de 2023, o Posto de Urgência das Ilhas do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), instalado no Hospital da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, foi transferido para o Hospital das Ilhas e, na altura, foi referido que iria disponibilizar o serviço de urgência durante 24 horas.

Cerca de um ano e meio depois, o subdirector do Hospital das Ilhas confirma que esse serviço irá começar em pleno no último trimestre deste ano.

Em declarações no programa matinal Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, Lei Wai Seng ressalvou que os serviços de Urgências não iriam receber ambulâncias com doente urgentes, tirando em algumas excepções.

“Os serviços de urgência e os serviços de primeiros socorros são níveis diferentes. Os serviços de urgência, significam que nós fornecemos consultas 24 horas para residentes que não estejam numa situação clínica grave. Quanto aos casos de encaminhamento de doentes por ambulâncias, com quadro clínico exigente, as nossas instalações ainda não estão preparadas para fornecer esse serviço”, explicou o responsável.

Porém, o responsável admitiu excepções em que o Hospital das Ilhas pode receber ambulâncias com doentes urgentes. “Quando estiver mau tempo e o trânsito entre a península e as ilhas estiver interrompido, os nossos especialistas vão coordenar com a equipa médica que o CHCSJ enviará, para prestar primeiros socorros limitados,” acrescentou.

O milagre da vida

Além disso, Lei Wai Seng revelou que foi acordado com os Serviços de Saúde que se os utentes dos centros de saúde nas ilhas precisarem de cuidados especializados, podem ser encaminhados com prioridade para o Hospital das Ilhas.

Outro assunto em destaque no Fórum Macau de ontem, foi a actividade do Centro de Procriação Assistida do novo centro hospitalar. A chefe da equipa médica do centro, Ku Sio Kuan, apontou até ao final deste mês o prazo para que os serviços de inseminação artificial estejam disponíveis ao público. Desde Fevereiro, quando o centro começou a operar, até agora, foram consultados 230 casais, cujo estado clínico foi avaliado e diagnosticado.

Ku Sio Kuan apontou que a idade média destes casais ronda os 37 anos e que 30 por cento têm idade acima dos 40 anos. A clínica indicou ainda que a causa mais frequente de infertilidade é a endometriose, uma doença que afecta os ovários e as trompas de Falópio.