IAS | Número de famílias apoiadas sobe para valor mais alto desde 2020

Apesar de o valor do limiar da pobreza em Macau não ser actualizado há quase cinco anos, o número de famílias apoiadas no âmbito do Programa de Inclusão e Harmonia na Comunidade voltou a ultrapassar estes mês a barreira das 5.500. O registo de Maio representou um crescimento anual de quase 13 por cento

 

O número de famílias monoparentais, com pessoas portadoras de deficiência, ou com doentes crónicos que vai receber o subsídio especial de Maio do Programa de Inclusão e Harmonia na Comunidade subiu para 5.540. Com um crescimento de 12,9 por cento face a igual período do ano passado, este é o valor mais alto, pelo menos desde 2020, de acordo com o Instituto de Acção Social (IAS). Este programa destinar-se a “aliviar a pressão de vida” das famílias monoparentais, com pessoas com deficiência ou com doentes crónicos consideradas “em situação vulnerável”.

No ano passado, o número de famílias aprovads para receber o apoio de Maio para fazer face à pobreza tinha sido de 4.905, uma redução face a 2023, quando o número de famílias auxiliadas tinha sido de 4.049. Desde 2021 que o número de famílias que reúnem condições para aceder a este apoio não ultrapassava as 5.000, ano que que totalizaram 5.043. No entanto, o valor mais elevado dos anos recentes foi registado em 2020, durante a pandemia, quando um total de 5.503 famílias foram apoiadas.

O Programa de Inclusão e Harmonia na Comunidade prevê a distribuição de dois apoios, um em Maio e outro em Outubro, que são acedidos através de candidaturas aprovadas pelo IAS. Importa referir que os dados apresentados apenas têm apenas em consideração a distribuição do apoio nos meses de Maio dos anos anteriores.

Tendências naturais

Entre as 5.540 famílias subsidiadas conta-se um total de 1.300 agregados familiares que recebem igualmente o subsídio para pessoas em situação de carência económica.

Estas famílias são as mais pobres do território, cujos rendimentos mensais ficam abaixo do que é considerado o limiar do risco social de pobreza. Esse patamar representa rendimentos de 4.350 patacas por mês, no caso de um único indivíduo, sobe para 7.990 patacas por mês em agregados familiares com duas pessoas, 11.020 patacas, em famílias com três pessoas, 13.390 patacas com quatro pessoas, 15.120 patacas quando o agregado é constituído por cinco pessoas, subindo progressivamente até 20.270 patacas para agregados com oito ou mais membros. Estes números não sofrem qualquer alteração desde 2019, no primeiro mês do mandato de Ho Iat Seng, pelo que não têm em conta a inflação dos anos posteriores, o que faz que com face a estes montantes o poder de compra seja actualmente inferior ao de Dezembro de 2019.

Em relação às famílias com rendimentos abaixo do risco social de pobreza, o número de apoios tem vindo a cair todos os anos desde 2020. Nesse ano, havia 1.618 agregados a receber o subsídio de Maio do Programa de Inclusão e Harmonia na Comunidade, valor que foi reduzido para 1.576, em 2021, depois para 1.486 em 2022, 1.385, em 2023, 1.308 no ano passado, até chegar a 1.300 famílias este ano.

Menos não é mais

O aumento do número das famílias apoiadas explica-se com o crescimento dos agregados familiares com rendimentos mensais acima do risco social de pobreza, mas inferiores aos limites máximos para estes apoios. Para agregados com mais de uma pessoa, o limite máximo dos rendimentos mensais para aceder a este apoio é de 7.830 patacas, sobe para 13.983 patacas por mês nos agregados com duas pessoas, 18.737 patacas em famílias com três membros, 22.094 patacas em agregados com quatro membros, 24.192 patacas em famílias com cinco membros. O valor sobe progressivamente até chegar ao limite de 29.392 patacas por mês, quando as famílias têm oito ou mais membros.

Em 2020, o número de famílias nestas condições era de 3.885, mas caiu para 3.467 em 2021 e para 3.125 em 2022, o valor mais baixo desde 2020. Contudo, desde esse ano o número de famílias neste intervalo de rendimentos aumentou para 4.240. Este é um aumento de 335 famílias face ao primeiro ano da pandemia.

Apoios de 22,55 milhões

O Programa de Inclusão e Harmonia na Comunidade prevê a distribuição de um total de 22,55 milhões de patacas em Maio deste ano, o valor mais alto desde 2020, quando foram distribuídos 23,67 milhões de patacas.

O programa prevê a distribuição de apoios que variam entre 2.650 patacas, para agregados familiares com uma única pessoa, e 10.100 patacas, quando o agregado é constituído por oito ou mais membros, pelo que um aumento do número de famílias apoiadas, não tem de reflectir necessariamente um aumento do total dos apoios distribuídos.

Este apoio é distribuído destina-se às famílias monoparentais com filhos em jardins-de-infância, na escola primária, secundário ou no ensino superior; assim como aos agregados familiares com membros com doenças crónicas ou deficiências que não estejam internadas em lares públicos ou subsidiados pelo Governo ou nos estabelecimentos médicos dependentes nos Serviços de Saúde.

Macau prepara moeda digital para comércio entre China e países lusófonos

O secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, revelou que pretende finalizar o sistema da pataca digital em 2025 e utilizá-la como instrumento de liquidação comercial para as transacções entre a China e os países de língua portuguesa

“Esperamos que a pataca digital possa ser usada como um dos instrumentos de transacção digitalizada para os países de língua portuguesa, para transacções comerciais, e para transacções sino-portuguesas”, disse Anton Tai Kin Ip.

Em resposta a perguntas dos deputados durante a sessão da Assembleia Legislativa, o secretário confirmou que o sistema central da moeda digital deverá estar finalizado até ao final de 2025, seguindo-se uma série de testes técnicos. “A primeira fase de implementação centrar-se-á nas transacções de retalho antes de se expandir para as aplicações grossistas”, disse Tai. “Posteriormente, pretendemos sair de Macau para nos ligarmos à plataforma de língua portuguesa”, acrescentou.

Recorde-se que uma delegação liderada por Tai Kin Ip esteve em Lisboa no início de Março, tendo-se encontrado com dirigentes do Banco de Portugal, incluindo o administrador Luís Morais Sarmento.

No final de Março, o gabinete do secretário anunciou num comunicado que os vários encontros serviram para “negociar a consolidação e o aprofundamento da cooperação entre Macau e Portugal nas áreas da ciência, tecnologia, economia e comércio”.

Tai Kin Ip afirmou na terça-feira aos deputados que iria continuar a visitar mais países de língua portuguesa no futuro, para procurar apoio para a utilização da pataca digital.

O secretário prometeu aproveitar as vantagens da pataca digital como uma moeda cuja circulação será livre através das fronteiras de Macau, uma economia aberta ao fluxo de capitais. Pelo contrário, a moeda chinesa, o renmimbi, não é inteiramente convertível em outras moedas e as autoridades de Pequim impõem um rígido controlo ao fluxo de capitais, sobretudo para fora do país.

Sementes digitais

As trocas comerciais entre os países de língua portuguesa e a China atingiram 225,2 mil milhões de dólares no ano passado, mais 2 por cento do que em 2023, de acordo com dados dos Serviços de Alfândega da China.

O protótipo do sistema da pataca digital de Macau (e-Mop) foi lançado em 12 de Dezembro, oito dias antes do fim do mandato do anterior líder do Governo, Ho Iat Seng.

Em Setembro, o então regulador financeiro da região disse que a pataca digital poderia “servir de exemplo para os países de língua portuguesa”. O presidente da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), Benjamin Chan Sau San, falava durante a segunda Conferência dos Governadores dos Bancos Centrais e dos Quadros da Área Financeira entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que decorreu em Macau.

Na abertura do evento, Ho Iat Seng disse que o desenvolvimento da e-Mop contou com o apoio do Governo e do banco central da China, que foi a primeira grande economia do mundo a lançar uma moeda digital, o renmimbi digital ou e-CNY, em Agosto de 2020.

Em Setembro, a AMCM explicou que, antes do lançamento oficial da pataca digital, iria realizar testes para identificar riscos e “estabelecer leis e regulamentos”. O regulador sublinhou que, ao contrário de criptomoedas privadas (a mais conhecida das quais é a Bitcoin), a e-Mop será “uma moeda com curso legal”, com o mesmo estatuto jurídico e valor monetário das moedas e notas físicas de pataca.

Metro | Aliança do Povo defende aceleramento de ligação à China

A Aliança do Povo quer que o planeamento da rede do Metro Ligeiro tenha em conta as ligações a Zhuhai e à rede ferroviária nacional. Uma responsável da associação ligada à comunidade de Fujian defende que o Metro Ligeiro deve ser o principal transporte em Macau, com os autocarros a desempenharem um papel complementar

 

O Metro Ligeiro deve ser o principal meio de transporte público em Macau, enquanto os autocarros passam para um papel secundário e complementar. A posição foi tomada por Tong Ho Laam, vogal do conselho executivo da Aliança de Povo de Instituição de Macau, o nome oficial, em declarações ao jornal Ou Mun.

Face ao expectável aumento da procura e pressão sobre a rede de transportes públicos e o trânsito na cidade, a responsável indicou que o Governo deve promover activamente a estratégia de tornar o Metro Ligeiro o principal meio de transporte da cidade, de forma a aliviar a pressão rodoviária. Tong Ho Laam entende que quando a rede de estações do Metro Ligeiro for alargada, irá aumentar a eficácia geral dos transportes colectivos e garantir melhores experiências a residentes e turistas. Uma das melhorias que pode ser implementada a curto-prazo é a possibilidade de se usar pagamentos electrónicos e harmonizar a ligação com os autocarros.

Além disso, a dirigente da Aliança do Povo defende que o planeamento de estações do Metro Ligeiro deve ser feito em articulação com a estratégia regional de desenvolvimento industrial. Um ponto essencial passa por garantir a conexão com a rede ferroviária nacional, através de Zhuhai, trabalho que deve ser acelerado de forma a reforçar a posição de Macau na Grande Baía.

A vogal acredita que a ligação ao Interior da China, nomeadamente a Hengqin, pode trazer um novo impulso ao sector industrial local para prosseguir as áreas emergentes nos polos de inovação tecnológica e medicina chinesa tradicional da Ilha da Montanha.

Cura para todos os males

Tendo em conta os desafios energéticos resultantes do combate às alterações climáticas, a dirigente associativa defende que o desenvolvimento do Metro Ligeiro deve ser pensado numa perspectiva de longo-prazo, tendo em conta a protecção ambiental. Para tal, a RAEM deveria reservar terrenos para instalações de produção de energia verde, para alimentar o Metro Ligeiro. Tong Ho Laam apontou este objectivo como uma forma da RAEM se destacar em termos ambientais na zona da Grande Baía, adoptando a liderança na meta da neutralidade carbónica, ao mesmo tempo que promove a diversificação económica.

Ensino | Conteúdos sobre IA transmitidos a alunos locais

O Governo de Macau diz estar a preparar os alunos, sistema de ensino e professores para a inteligência artificial, disponibilizando materiais didácticos nas escolas, aulas e organizando acções de formação. Deputados também querem iniciativas sobre inteligência artificial fora das escolas

 

As escolas e professores estão a preparar-se para a realidade da inteligência artificial (IA). Segundo as explicações da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, a Direcção dos Serviços para a Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) “tenciona fornecer conteúdos de IA ou relacionados com ciência e tecnologia, com uma duração média de 10 horas por ano lectivo, aos professores de informática e de 6 horas aos professores de outras disciplinas”, foi referido ontem em resposta a uma interpelação oral do deputado Lam Lon Wai. As primeiras acções decorreram já no actual ano lectivo.

Além disso, a secretária confirmou que as escolas podem aderir a manuais que incluem ensinamentos sobre a IA. “Foram introduzidos vários materiais didácticos de referência sobre IA do Interior da China para adopção nas escolas”, disse O Lam.

No ano passado, a DSEDJ juntou-se à South China Normal University para “estabelecer uma nova base de aprendizagem e intercâmbio com foco no ensino da IA”. Neste contexto, são disponibilizados “materiais didácticos desta instituição sobre a IA”, além de que estão previstos convites a “peritos e académicos do Interior da China para ministrar formação e apoio ao pessoal docente no desenvolvimento de actividades de ensino sobre IA”.

A nível legislativo, o Executivo diz ter feito as alterações necessárias para que a “programação e o ensino da IA passem a integrar os currículos das escolas primárias e secundárias”, pretendendo-se que “os conteúdos da IA possam ser integrados nas orientações curriculares das aulas de tecnologias de informação”. O Governo pretende fazer a “avaliação intercalar do planeamento do ensino não superior de Macau, para construir um sistema de suporte tecnológico inovador”, tendo em conta as “Linhas Gerais do Planeamento para a Construção de uma grande potência educativa (2024-2035)”.

O Lam indicou que, através do financiamento do Fundo Educativo, pretende-se a “optimização das instalações e os equipamentos das escolas” para melhorar o ensino da ciência e criar o projecto de “salas de aula com IA”.

Neste contexto, a DSEDJ lançou este ano o projecto piloto de “ensino inteligente”, ao qual aderiram 25 escolas. “A meta estabelecida é a disponibilização da plataforma a todas as escolas secundárias de Macau no ano lectivo de 2026/2027”, disse ontem a secretária.

IA para todos

Um dos intervenientes no debate de ontem foi o deputado Zheng Anting, que defendeu a parceria com operadoras de jogo para a criação de “aulas de IA” nos hotéis, em conjugação com os turistas que passam por esses espaços ou até mesmo nos bairros comunitários, “para que as populações tenham um maior contacto com a IA”. “Podemos desenvolver acções em parceria com as seis concessionárias, porque já têm visitantes”, acrescentou.

No tocante à relação da IA com a população e à promoção da literacia nesta área para adultos, um representante do Centro de Ciência de Macau disse que este espaço pode ser “uma sala de aula aberta para que, fora das escolas, possam ser fornecidos novos conhecimentos e cenários de aprendizagem da IA”.

“Vamos colaborar com mais empresas de tecnologia, pois queremos ter mais recursos tecnológicos para suportar esta formação científica. O Centro de Ciência vai criar diferentes medidas para melhorar a literacia digital da população introduzindo a IA, e assim poderemos generalizar a educação quanto à IA para toda a sociedade. A evolução da IA tem sido rápida e vamos convidar especialistas para partilhar as técnicas mais avançadas e tendências de emprego nesta área, no intuito de criar uma plataforma de formação na área da IA”, disse.

O responsável afirmou que “os trabalhadores por turnos poderão aceder a este tipo de recursos”. O Lam assegurou que o futuro passa pela “generalização da educação sobre a IA para os residentes” e, para isso, o Governo vai “dialogar com associações para que essas medidas tenham um maior efeito”.

Ensino inclusivo | Governo diz que existem recursos suficientes

A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura referiu que o sistema de ensino tem recursos suficientes na área da educação inclusiva, existindo actualmente 170 docentes com formação específica. “Temos recursos suficientes para apoiar os alunos do ensino inclusivo.

No ano lectivo de 2023-2024, existiam 94 alunos, sendo que 79 conseguiram ter acesso ao ensino superior, numa taxa de 84 por cento. Queremos aperfeiçoar estes trabalhos e também ao nível da formação de professores”, referiu O Lam.

Neste aspecto, entre os anos lectivos de 2019-2020 e 2023-2024 foram formados 2.545 professores. “Penso que as acções de formação podem ser reforçadas consoante a necessidade”, frisou a secretária.

O assunto da educação inclusiva foi levantado pelo deputado Ho Ion Sang, que numa interpelação oral quis saber os mais avanços nesta área. Em resposta, a secretária referiu que existem 51 escolas em Macau a proporcionar educação inclusiva, 21 das quais “ministram a educação inclusiva no formato ‘one through train’ nos ensinos infantil, primário e secundário”, ou seja, na integrando-se alunos com necessidades educativas especiais em turmas ditas “normais”.

Além disso, “com vista a responder à procura de vagas no âmbito da educação inclusiva e do ensino especial em turmas pequenas, oito escolas, em construção na Zona Este-2, vão proporcionar educação inclusiva, das quais uma disponibilizará turmas pequenas de ensino especial”.

A secretária garantiu que a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) “visita continuamente as escolas para divulgar este tipo de educação e aumentar o número de vagas escolares”.

Governo realiza novo inquérito para avaliar desemprego jovem

A falta de oportunidades profissionais para jovens licenciados foi um dos temas mais debatidos na sessão de ontem na Assembleia Legislativa (AL) destinada às respostas do Governo a interpelações orais dos deputados.

A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, referiu que será feito “um inquérito sobre o prosseguimento dos estudos [por parte dos jovens], para conhecer a situação do emprego dos jovens”. “Além disso, iremos avaliar a procura em várias áreas”, acrescentou a governante.

O Lam afirmou que o Executivo pode “oferecer apoios específicos para jovens”, no seguimento da posição demonstrada pela deputada Lo Choi In, que sugeriu a criação de um subsídio para que empresas contratem jovens locais com curso superior.

“Existem subsídios para que jovens tenham emprego na Grande Baía. Porque não é ponderada a implementação de uma medida semelhante para Macau, para que possam ser proporcionados mais recursos a fim das empresas disponibilizarem estágios para que os nossos jovens possam trabalhar? As empresas têm custos com rendas, por exemplo”, defendeu.

Lo Choi In lembrou que “a taxa de continuação dos estudos dos jovens de Macau é de 95 por cento”, mas que, da taxa de desemprego de 2,5 por cento sobressaem os jovens licenciados com idades compreendidas entre os 25 e 34 anos. “As pessoas com maiores níveis de escolaridade estão desempregadas. Onde reside o problema? Tem a ver com o sistema de ensino, que está desactualizado, ou o mercado de trabalho? Vai ser criada uma nova cidade universitária para criar mais quadros qualificados e postos de emprego, e temos de dar importância à formação de quadros”, disse.

Não é fácil

A ideia de voltar a repetir o inquérito, anteriormente realizado pelas autoridades, foi salientada pelo deputado Ngan Iek Hang. “Já foi referido que a comissão de quadros qualificados vai realizar um estudo sobre a procura por quadros qualificados, e já foi feito um inquérito sobre o emprego dos finalistas, então qual é o ponto de situação. É importante acompanhar se os finalistas conseguem um emprego estável”, disse.

O deputado Leong Sun Iok referiuque “a sociedade tem prestado muita atenção ao emprego dos jovens, que enfrentam muitas dificuldades e não conseguem encontrar um posto de trabalho”.

Guerra comercial | Operadoras norte-americanas protegidas

O líder do Governo de Macau, Sam Hou Fai, garantiu ontem que irá proteger as operadoras norte-americanas de casinos na região, em caso de agravamento da guerra comercial entre Pequim e Washington.

“As seis operadoras de jogo seguem a lei de Macau. Desde que, seguindo a lei, essas operadoras desenvolvam os seus negócios ordenadamente, de forma saudável, de certeza que são protegidas e apoiadas pelo Governo”, disse o Chefe do Executivo.

“Sempre acolhemos de bom agrado investimento estrangeiro”, incluindo “investimentos de capital norte-americano, são todos bem-vindos”, sublinhou Sam. O líder do Governo falava numa conferência de imprensa de balanço da visita de seis dias a Macau do principal responsável do Partido Comunista Chinês para os assuntos das duas regiões semiautónomas, Xia Baolong.

Na segunda-feira, o director do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau, sob a tutela do Conselho de Estado, o executivo chinês, pediu a 20 empresários locais para “trabalhar em conjunto para promover a prosperidade nacional”.

Depois deste encontro, o secretário para a Economia e Finanças de Macau disse aos jornalistas que Xia Baolong apelou ainda à unidade, contra “o aumento do unilateralismo e do proteccionismo comercial nos Estados Unidos”. “Os empresários de Hong Kong e de Macau têm de estar unidos e colocar-se do mesmo lado do Estado. Nesta situação, não há saída se fizermos compromissos e concessões”, sublinhou Anton Tai Kin Ip.

O dirigente falava pouco antes da China e dos Estados Unidos anunciarem um acordo na segunda-feira, com efeitos a partir de hoje, ao abrigo do qual reduzirão os direitos aduaneiros mútuos em 115 pontos percentuais durante 90 dias. Ou seja, os direitos aduaneiros dos Estados Unidos sobre as importações chinesas serão de 30 por cento durante esse período, em comparação com 10 por cento da China para as importações dos EUA.

Gaivota

Quem assistiu ao início do Conclave reparou certamente na gaivota que se deteve junto à chaminé onde por essa hora o fumo devia estar já visível diante dos expectantes olhares de milhares de pessoas e meios de comunicação, mas perante uma tão inesperada presença este momento tornou-se um sinal quase profético. Todos nos lembramos do raio que caiu no Vaticano a quando da abdicação de Bento XVI e a estranha impressão causada, um homem que veio então do fim do mundo depois do sucedido sentar-se-ia na cadeira de Pedro como uma gaivota, todo de branco, pairando por cima das púrpuras papais com sapatos argentinos um pouco gastos relembrando as sandálias do pescador.

Os sinais andam por todo o lado, umas vezes enfáticos e grosseiros como foi o caso da imagem de Trump como Papa, essa funesta profanação que pode ser até subliminar e de efeito nauseante enquanto medida para todas as coisas, chamando, quem sabe, a atenção para assuntos concretamente fabricados para uma resolução final: mas se o compararmos a este que vem de suceder, o da gaivota, saberemos ver as diferenças, compor o discurso, olhar para o essencial. Os paramentos carregados de soberba nunca vestiram ninguém e ainda deixaram nus os seus vestimentários, mas um acaso pode vestir-nos para sempre com algo que não conhecíamos, que neste curtíssimo espaço de tempo lográmos “vestes” essências com asas no promontório da herança temporal.

Yeats fala-nos das aves brancas crendo que todos os poetas amam as aves, falam com elas e as interpretam (cada um certamente à sua maneira) que sempre essa natureza etérea é de seu agrado fazendo parte de uma maravilhosa consciência que teima em não baixar por medo às grades, e foi isso que ali estava, aquela gaivota solitária vinda do recanto mais bonito da alma: / já nos cansa o meteoro, a sua chama, e ainda não se apagou, e não desapareceu; E a luz da estrela azul, suspensa no crepúsculo à beira do céu/… «In-As aves Brancas»

Há coisas inesperadas, e isso é bom – acontecimentos súbitos- que a vida não será esse verdadeiro grande deslumbre onde todas as coisas comunicam de maneira diversa sendo os que mantêm a sua essência os mais contemplados? A continuidade é uma asa, uma recta para a eternidade, um ritmo, uma cruz ou um labor, e o que quer que olhemos será pelos olhos dessa alma que nos formou no caminho, só que a a visão das coisas agora se insinua num mundo muito cego que não tem o dom dos verdadeiros invisuais.

Ninguém é insubstituível e todos temos faltas, mas há as gaivotas, as chaminés, os raios, a pedra e as núpcias criadoras que neste Maio moram. Os tempos estão agrestes mas ainda não sentimos o que pode significar tal expressão, que o sentimento não é probatório de coisa nenhuma até que venha alguma outra de mais lata que o resgate e transcenda. Francisco deixou o seu papa móvel branquíssimo para a Palestina fazer dele um pronto-socorro, e isso é Gaivota.

Fentanil | China pede aos EUA que parem de culpar Pequim pela epidemia

A China pediu ontem aos Estados Unidos da América que parem de culpar os chineses pela epidemia de fentanil no país e criticou as sobretaxas alfandegárias “irracionais” impostas por Washington.

“Se os Estados Unidos querem sinceramente cooperar com a China, devem parar de difamar e culpar a China e envolver-se num diálogo baseado na igualdade, respeito e benefício mútuo”, disse o porta-voz do Ministério ddos Negócios Estrangeiros da China, Lin Jian, em conferência de imprensa.

Os EUA têm responsabilizado a China por ser o país de fabrico da maior parte dos produtos químicos precursores de fentanil que entram nos Estados Unidos. O fentanil é um poderoso opioide sintético que se tornou um problema de saúde pública nos Estados Unidos nos últimos anos, sendo responsável por dezenas de milhares de mortes anualmente.

Na segunda-feira, o alto representante dos Estados Unidos para o Comércio, Jamieson Greer, revelou que a crise do fentanil tinha sido abordada pela primeira vez nas conversações comerciais entre os Estados Unidos e a China.

Os contactos entre os dois países decorreram desde o fim de semana, em Genebra. A questão do fentanil tem sido um dos principais pontos do confronto tarifário entre as duas potências, com Washington a pedir a Pequim para reprimir a produção e exportação ilegal dos produtos químicos que permitem o fabrico da substância.

Questionado ontem sobre as sobre as perspectivas de diálogo sobre o assunto, Lin Jian disse que a China foi proactiva, mas não foi responsável pela crise. “Os Estados Unidos ignoraram a boa vontade da China e impuseram tarifas irracionais sobre o fentanil. Isso prejudica seriamente o diálogo e a cooperação entre China e EUA no combate às drogas e prejudica gravemente os interesses da China”, afirmou.

Pequim põe fim à proibição das companhias chinesas receberem aviões da Boeing

A China levantou uma proibição que impedia há um mês as companhias aéreas chinesas de receberem aviões da Boeing, após as negociações comerciais com os Estados Unidos, que reduziram temporariamente os direitos aduaneiros de cada uma das partes.

As autoridades de Pequim começaram a informar as transportadoras domésticas e as agências governamentais esta semana que as entregas de aviões fabricados nos Estados Unidos podem ser retomadas, segundo fontes chinesas em declarações à agência Bloomberg sob condição de anonimato, porque a informação é confidencial.

Foi dada liberdade às companhias aéreas para organizarem as entregas nos seus próprios prazos e condições, acrescentou uma das fontes. A retoma das entregas à China constitui-se como um impulso imediato para a Boeing.

O descongelamento ocorre no momento em que as duas maiores economias do mundo acordaram numa trégua tarifária, com os Estados Unidos a reduzirem para 30 por cento, durante 90 dias, as suas taxas combinadas de 145 por cento sobre a maioria das importações chinesas.

A China concordou em reduzir os seus direitos aduaneiros de 125 por cento sobre os produtos americanos para 10 por cento e em eliminar outras contramedidas tomadas contra os Estados Unidos desde 02 de Abril.

Até quando?

Ainda assim, o restabelecimento das entregas de aviões poderá ser de curta duração, caso a guerra tarifária não venha a ser resolvida durante os três meses de suspensão.

Nesse cenário, o gigante aeronáutico norte-americano sediado em Arlington, Virgínia, poderá ver o preço das suas aeronaves aumentar em comparação com os seus dois principais concorrentes, a europeia Airbus e a Commercial Aircraft Corporation of China (COMAC), que procura ganhar terreno no mercado doméstico com o apoio estatal.

A Boeing foi poupada às tarifas durante o último episódio da guerra comercial, durante a primeira presidência de Trump (2017-2021), mas as suas vendas ao ‘gigante’ asiático têm vindo a cair desde 2019. Em 2022, a expectativa era que 25 por cento das entregas internacionais da Boeing fossem para a China, mas em 2023 o número desceu para 9 por cento.

Por outro lado, os especialistas acreditam que, se a guerra comercial não for estancada, a disputa fará com que as empresas norte-americanas de todos os sectores vejam preços mais elevados por peças e matérias-primas que compram à China, o que significa que enfrentarão o duplo desafio de ter de realocar parte da respectiva produção e perder competitividade no mercado chinês.

CELAC | Xi promete 8,3 mil milhões à América Latina e Caraíbas

O líder chinês, Xi Jinping, prometeu ontem conceder empréstimos no valor de 66 mil milhões de yuan (8,3 mil milhões de euros) à América Latina e às Caraíbas, numa cimeira com líderes dessas regiões.

“Para apoiar o desenvolvimento dos países da América Latina e das Caraíbas, a China fornecerá um crédito de 66 mil milhões de yuan”, disse Xi, na abertura do fórum China-CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e das Caraíbas).

Em Pequim, o dirigente elogiou as relações de longa data do país com os países-membros da CELAC, num momento de “confronto entre blocos”. “Embora a China, a América Latina e as Caraíbas estejam distantes, os dois lados têm uma longa história de trocas amigáveis”, disse Xi.

“Só através da unidade e da cooperação é que os países podem salvaguardar a paz e a estabilidade mundiais e promover o desenvolvimento e a prosperidade em todo o mundo”, disse o líder chinês, denunciando “a intimidação e a hegemonia”, numa referência aos Estados Unidos.

Xi prometeu apoio aos países da América Latina e das Caraíbas para que “rejeitem a interferência externa” e “sigam um caminho de desenvolvimento alinhado com as suas condições nacionais”. “A China apoia as nações regionais na defesa da sua soberania e independência nacional”, acrescentou.

Na segunda-feira, a China e dos Estados Unidos anunciaram um acordo, com a validade de 90 dias, com efeitos a partir de 14 de Maio, ao abrigo do qual reduzirão os direitos aduaneiros mútuos em 115 por cento.

Sem vitórias

Nas primeiras declarações públicas após este acordo, Xi Jinping declarou que “as práticas intimidatórias e autoritárias só levam ao isolamento” e que “não há vencedores numa guerra comercial”. Após a abertura do fórum, Xi Jinping deverá reunir-se com o homólogo brasileiro Lula da Silva, com quem também assinará acordos para ampliar a cooperação bilateral.

Além de serem membros do G20, Brasil e China, juntamente com Rússia, Índia e África do Sul, são fundadores do bloco BRICS. O Brasil ocupará a presidência anual do BRICS em 2025 e será o anfitrião da sua próxima cimeira, pelo que se espera que Xi Jinping visite o Brasil nos próximos meses.

Novos aterros | Zona Este 2 com centro de saúde no final do ano

Kuok Cheong U, director do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), garantiu ontem que a Zona Este 2 dos novos aterros terá um novo centro de saúde a funcionar no final deste ano. Porém, os recursos humanos aí existentes vão depender da procura em termos de população.

“Na Zona Este 2, em finais do corrente ano, o centro de saúde vai estar a funcionar, mas temos de ver qual será a situação da ocupação da habitação. Sabemos que não vai haver aí um aumento brusco da população e temos de ter em conta a procura para mobilizar os recursos humanos. Vamos também recrutar mais pessoas.”

Em relação ao novo hospital das ilhas, Kuok Cheong U admitiu que “está a necessitar de mais recursos humanos”, prevendo-se a criação “da carreira de médico adjunto para o hospital e zona dos novos aterros”. “Temos de ponderar o número de pessoas que saem dos postos de trabalho para a reforma e iremos avaliar as necessidades do pessoal na área da medicina. Queremos contratar mais pessoas para termos uma reserva de pessoal na área da saúde”, adiantou.

Governo admite nova consulta sobre lei de trabalho a tempo parcial

Tai Kin Ip, secretário para a Economia e Finanças, admitiu abrir nova consulta pública sobre a legislação do trabalho a tempo parcial, mas agora com foco noutros sectores de actividade, como o emprego nas novas tecnologias e inteligência artificial (IA).

“Fizemos uma consulta pública em 2017 e não chegamos a um consenso entre trabalhadores e empregadores, e não conseguimos promover esse trabalho. Iremos reavaliar se é possível refazer todo esse trabalho, pois passaram-se oito anos. Estamos em 2025 e temos os profissionais liberais, as novas tecnologias e a IA, e é necessário recolher mais opiniões e reavaliar tudo isso, além de vermos como esses sectores se estão a desenvolver no exterior”, disse.

A questão foi levantada pelo deputado Leong Hong Sai. “Há muitas pessoas que estão a trabalhar a tempo parcial, e será que há garantias de protecção das suas regalias? Há que ter uma lei avulsa para proteger os seus direitos. Em 2017 houve uma consulta pública sobre esse regime de trabalho a tempo parcial e todos deram o seu apoio, mas não houve consenso na altura. Será que o Governo vai definir uma calendarização para acompanhar este assunto mais uma vez?”, questionou.

Problema chamado emprego

No debate de ontem, dedicado a responder a interpelações orais dos deputados, o emprego, ou a falta dele, para os locais foi um dos temas mais discutidos. Ron Lam U Tou, um dos deputados mais intervenientes, levantou a questão de haver excesso de trabalhadores não residentes (TNR) que ocupam vagas destinadas a residentes.

“Há sectores em que os locais são prejudicados pelos TNR. Há pessoas que fazem os estágios dos planos ‘Emprego+Formação’ e que depois são despedidas, e podem sê-lo mesmo sem justa causa. Há quem tenha estudado no exterior, regressa e depois não consegue trabalho em Macau. Há TNR que chegam e que, ao fim de um mês, ocupam o lugar e o residente perde o seu trabalho. Os trabalhadores locais estão a ser afectados pelos TNR”, resumiu.

Casinos-satélite | Deputados questionam colocação dos trabalhadores e das mesas de jogo

Foi mais de uma hora a debater a questão dos casinos-satélite: ontem, no hemiciclo, os deputados exigiram dados e respostas concretas sobre o eventual fecho destes casinos, a situação dos trabalhadores e a relocalização das mesas de jogo. O secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, afirmou que o Governo está preparado e que cabe às concessionárias negociar com trabalhadores eventuais saídas ou mudanças de cargos

 

Há que garantir a “tigela de arroz” ou o “pão nosso de cada dia” dos trabalhadores dos casinos-satélite que poderão fechar portas. O Governo diz estar preparado para a possibilidade de os trabalhadores ficarem sem emprego, mas os deputados questionaram ontem o secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, na Assembleia Legislativa (AL), exigindo informações mais concretas.

Tai Kin Ip referiu que “os deputados disseram aqui uma palavra: ‘Se’. O Governo fez um plano de acordo com essa mesma palavra: ‘Se'”. Os detalhes desse mesmo plano não foram avançados, tendo o governante frisado que “em relação à transição dos casinos-satélite, as concessionárias têm de negociar com os trabalhadores, tratando-se de uma situação comercial, e o Governo envidará esforços para ajudar e coordenar. O Governo responde a esse ‘Se’ apenas consoante a situação real”, adiantou.

Foram 12 perguntas na primeira ronda, às quais Tai Kin Ip respondeu que foi feita “uma avaliação suficiente que abrange a situação do funcionamento dos casinos-satélite e lojas envolventes, bem como a situação dos trabalhadores, incluindo croupiers”. “Estamos bem preparados para isso, e dominamos o assunto. Há um prazo de três anos para a transição e as normas estão bem estabelecidas. Cabe às concessionárias negociar com os trabalhadores dos casinos-satélite e o Governo vai desempenhar o papel de coordenação de todas as partes. Estamos a avaliar as necessidades das lojas nas zonas envolventes, porque queremos criar um ambiente favorável às PME”, disse ainda.

E as mesas de jogo?

Os primeiros deputados a intervir sobre esta matéria foram Leong Sun Iok, José Pereira Coutinho e Leong Hong Sai, que questionaram também o aumento dos trabalhadores não residentes.

Leong Sun Iok levantou um ponto sobre o mobiliário: o que se vai fazer com as mesas de jogo se os casino-satélite fecharem. “Como vão ser distribuídas, vão ser relocalizadas para outros casinos, ou serão adoptadas outras medidas?”, questionou.

Também a deputada Angela Leong, pertencente ao conselho de administração da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) Resorts, deixou uma sugestão, tendo em conta a sua “experiência”: “cada mesa de jogo necessita de sete a oito trabalhadores, e se esta mesa for para outra concessionária, os trabalhadores podem ‘seguir’ essa empresa. Estão também envolvidos informáticos ou trabalhadores de relações públicas, por exemplo, que são contratados pelos casinos-satélite. O Governo pode ponderar essa via, que é a de os trabalhadores seguirem a mesa”.

Questionaram-se ainda prazos para medidas efectivas e se já existe um consenso sobre o número de casinos-satélite a fechar, do total dos 11 existentes. Ella Lei, ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), referiu que “há que ponderar de forma profunda sobre a situação para que os trabalhadores possam proteger a sua tigela de arroz”.

“Como vai ser feita a distribuição das mesas de jogo, se houver casinos-satélite que não continuam a funcionar? Não é depois de existirem trabalhadores despedidos que se vai pensar na sua transferência para outras empresas ou na sua conversão laboral”, disse. A deputada afirmou que “os trabalhadores estão inquietos e se sentem numa situação passiva”, existindo “muita instabilidade”.

Já Ngan Iek Hang referiu que há pensar na questão dos trabalhadores distribuídos por três blocos, nomeadamente “os relacionados com as concessionárias, os que estão em regime de outsourcing e os que estão ligados a cargos de gestão”. “Se os casinos-satélite deixam de existir, como se mantém o posto de emprego e o pão de cada dia? Há famílias em que o casal trabalha no casinos-satélite e os filhos vão sofrer”, rematou.

Encontro | Xia Baolong destaca nacionalismo de empresários

O director do Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau junto do Conselho de Estado, Xia Baolong, reuniu com representantes do sector industrial e comercial de Macau.

Segundo o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, os temas principais do encontro foram “a implementação do espírito do importante discurso proferido pelo Presidente Xi Jinping aquando da sua visita a Macau, a promoção do desenvolvimento de Hong Kong e de Macau, e o apoio à criação de uma nação forte”.

Segundo André Cheong, Xia Baolong “reconheceu a longa e excelente fidelidade do sector industrial e comercial de Hong Kong e de Macau a ‘amar a pátria e Hong Kong’”, e apresentou “opiniões e exigências explícitas relativamente à resposta aos riscos e desafios externos no contexto actual”. O secretário indicou que o “importante discurso” de Xia Baolong firmou a confiança dos presentes “no sentido de tomar acções práticas para amar a pátria e defender Macau”.

Xia Baolong | Secretária diz que discurso foi “perspicaz e sincero”

A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, desfez-se em elogios em relação a Xia Baolong, director do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau junto do Conselho de Estado, tendo em conta o discurso por este proferido no âmbito de uma reunião com os representantes dos sectores industrial e comercial.

Para a secretária, tratou-se de um discurso “perspicaz e sincero” num encontro onde foram apresentadas “quatro exigências, nomeadamente incentivar o espírito de luta, fomentar a confiança no desenvolvimento, tirar partido das vantagens das empresas e divulgar a história de Hong Kong, Macau e do País”.

O Lam disse ainda que “os colegas da área dos Assuntos Sociais e Cultura encontram-se inteiramente dedicados a implementar as directrizes estabelecidas pelo Presidente Xi Jinping durante a sua visita a Macau no ano passado, assim como a delinear meticulosamente o trabalho a ser executado”.

Joey Lao pede mais acção no desenvolvimento de Hengqin

O tempo para a complacência e atitude passiva e meramente observadora chegou ao fim. É assim que o presidente da Associação Económica de Macau, Joey Lao, vê a forma como o Executivo da RAEM encara Hengqin e a zona de cooperação aprofundada.

O ex-deputado e economista defende que o Governo de Macau tem de ultrapassar a atitude “observadora” relativamente aos assuntos relacionados com Hengqin e participar activamente na governação nacional, tratando o desenvolvimento da zona de cooperação aprofundada como se estivesse a construir a sua própria casa.

A ideia consta de um artigo de opinião assinado pelo ex-deputado e publicado ontem no jornal Ou Mun, na sequência da visita de inspecção a Macau do director do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau junto do Conselho de Estado, Xia Baolong, que terminou ontem.

Durante a passagem por Macau, o representante do Partido Comunista da China sublinhou que o Governo da RAEM deve encarar o desenvolvimento de Hengqin como um assunto seu, como uma prioridade de política local.

Joey Lao apontou que Macau tem de quebrar barreiras sistemáticas, promover vantagens complementares e procurar a integração com a Ilha da Montanha, de forma a criar um novo espaço que impulsione o forte desenvolvimento de Macau.

O ex-deputado recordou que durante a visita do presidente Xi a Hengqin no final do ano passado, o líder chinês salientou a necessidade de serem atingidos resultados substantivos da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin a nível da diversificação económica da RAEM e da qualidade de vida e conveniência dos residentes que vivem e/ou trabalham em Hengqin.

Por outro lado

Face à complexa conjuntura internacional, Joey Lao considera que Macau deve adoptar uma perspectiva mais ampla e a longo-prazo. “A RAEM e todos os sectores da sociedade precisam de reforçar a consciência de defesa do país, do amor a Macau e de estar preparada para enfrentar perigos”, indica o antigo legislador sem especificar.

O economista abordou ainda aquilo a que chama de “contradições profundas na economia” e na capacidade industrial de Macau, referindo que subsistem há muito tempo sem resolução, tornando incontornáveis os desafios e riscos ao nível do desenvolvimento económico. Situações que não podem ser ignoradas.

Ainda sobre a ideia de Macau encarar Hengqin como a sua própria casa, Au Kam San partilhou no Facebook uma opinião discordante da proferida por Xia Baolong. O ex-deputado entende que para Macau tratar o desenvolvimento de Hengqin como um assunto local, da sua esfera própria, a Ilha da Montanha deveria ser cedida totalmente à RAEM.

Au Kam San exemplificou as assimetrias com o facto de o Produto Interno Bruto de Hengqin não ter qualquer relação com Macau, assim como as receitas fiscais apurados do outro lado da fronteira, onde não é possível oferecer empregos a residentes de Macau com salários que correspondam aos padrões de vida da RAEM.

O ex-deputado alerta ainda para a possibilidade de Macau vir a sofrer economicamente, sem capacidade para se diversificar, se aplicar demasiados investimentos em Hengqin, descurando a economia local.

Junho, Mês de Portugal | Exposições, música e gastronomia animam Macau

O dia de Portugal será celebrado em Junho com exposições, mostras de cinema, concertos, apresentação de livros e muita gastronomia lusa. Devido às eleições legislativas em Portugal, e posteriores formalidades de tomada de posse do novo Governo, o Presidente da República virá celebrar em Macau o mês de Portugal na segunda metade do ano

 

Maio ainda vai a meio, mas já cheira a Junho, mês em que celebra o 10 de Junho, dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Como é hábito, as celebrações vão-se estender ao longo de todo o mês. O programa das festividades do “Junho, Mês de Portugal na RAEM” foi apresentado ontem no Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong.

Macau irá celebrar a portugalidade com exposições variadas, concertos, workshops, lançamento de livros, palestras, eventos gastronómicos e as tradicionais comemorações, como o hastear da bandeira na chancelaria do consulado, a romagem à gruta de Camões, a recepção à comunidade na residência oficial da Bela Vista e o Arraial de Santo António na Escola Portuguesa de Macau.

Este ano, estava prevista a presença em Macau do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para comemorar o 10 de Junho. Porém, a agenda política portuguesa marcada pelas eleições legislativas do próximo fim-de-semana ditaram o adiamento da visita a Macau, o que também mexeu com o programa do Junho Mês de Portugal na RAEM, que incluía eventos com Marcelo Rebelo de Sousa.

“Tenho a certeza que teremos o Presidente da República entre nós este ano e, no fundo, isso será uma segunda fase do Junho mês de Portugal”, afirmou Alexandre Leitão, acrescentando que os eventos que incluíam a participação do Chefe de Estado “serão realizados mais tarde”.

O cônsul não quis arriscar a previsão de uma data precisa para a visita de Marcelo Rebelo de Sousa ao território, atirando para a segunda metade do ano, seguramente depois do Verão, tendo em conta os compromissos políticos, como a tomada de posse do novo Governo.

Dias animados

As celebrações arrancam ainda este mês, com três exposições. A partir de 29 de Maio, estará patente na Galeria Amagao, no Artyzen Grand Lapa, a mostra “Arte Portuguesa – Diálogo de Criatividade”, que apresenta uma selecção de obras de 24 artistas contemporâneos portugueses. Entre os autores representados, destaque para Júlio Pomar, Graça Morais, Cunha Nery, José Luís Tinoco, Númparo, Alfredo Luz e Maria Dulce Martins. A organização do evento descreve a exposição como “uma celebração vibrante da arte contemporânea que não apenas ilumina a cena artística em Portugal, mas também provoca reflexões sobre as questões que nos conectam e nos diferenciam na sociedade actual.

No dia seguinte, 30 de Maio, o destaque vai para a exposição de fotografia da autoria de Francisco Ricarte “Somos – Imagens da Lusofonia 2025 – “O Homem e o Divino”, que estará patente na loja 3306 do 3.º piso do Parisian Macau. A exposição é organizada pela Somos – Associação de Comunicação de Língua Portuguesa.

No dia 31 de Maio, é inaugurada no Consultado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong a exposição de fotografia “Património Cultural de Macau”, que mostra ao público a colecção fotográfica do Instituto Internacional de Macau. O acervo “tem sido anualmente enriquecido com dezenas de novas fotografias submetidas ao concurso “À Descoberta de Macau e Hengqin”, organizado pelo instituto.

O evento irá incluir também o visionamento do documentário trilingue “Heritople”, realizado por António Salas Sanmarful, que realça “a importância do património cultural e as suas vivências” em Macau, através de uma série de entrevistas.

Paredes cheias

O programa do “Junho, Mês de Portugal na RAEM” apresenta várias oportunidades para disfrutar de exposições e filmes. No dia 3 de Junho, a Casa Garden passa a acolher a exposição “Objectos com Alma – Marionetas Portuguesas”, que conta com a curadoria de Elisa Vilaça. A mostra resulta de uma selecção do espólio pessoal da curadora, que tem “cerca de 1.000 marionetas, representativas de diversos continentes e quase todos os tipos de manipulação existentes”.

No dia 11 de Junho, a galeria da Fundação Rui Cunha exibe “Metamorfoses – Exposição Individual de Arte por Lúcia Lemos”, um conjunto de “44 peças que vinculam expressões e estécticas artísticas diversas, como gravura, fotografia, instalação, pintura e cerâmica”. Ainda no âmbito expositório, a sede da Casa de Portugal em Macau apresenta, a partir de 24 de Junho, e exposição de fotografia “Macau – Dias de Ontem e Dias de Hoje”.

Fazer filmes

Os eventos cinematográficos do programa deste ano, além do mencionado documentário “Heritople”, arranca no dia 4 de Junho com a exibição do filme documental “Metamórphosis”, realizado por António Luís Moreira, na galeria da Fundação Rui Cunha. “Metamórphosis” acompanha as “histórias de três aldeãs cujas vidas reflectem as mutações sociais mais vastas da modernidade”. O filme, exibido a partir das 18h30, retrata o despovoamento, a tenacidade do povo e identidade colectiva em três “aldeias de xisto” do concelho de Góis.

No dia seguinte, 5 de Junho, a Livraria Portugal exibe às 18h30 o documentário “Pequenos Mundos em Estado Sólido”, de Cláudia Falcão. Porém, a cereja no bolo cinematográfico será a 7.ª Mostra de Cinema Português em Macau da Portugal Film, que irá decorrer entre 20 e 22 de Junho.

Do ecrã para a prato, o Mês de Portugal na RAEM volta a apostar forte na gastronomia portuguesa. Ao longo de todo o mês, a comida lusa será celebrada no “Roteiro Gastronómico – Comer e Beber à Portuguesa”. A terceira edição do evento contará com a participação de 29 estabelecimentos, entre restaurantes de “fine dining”, a restaurantes mais tradicionais, cafetarias e bares, um número recorde para o evento.

Os clientes dos 29 estabelecimentos aderentes vão beneficiar de um desconto de 10,6 por cento (10 de Junho) e quem pagar com um cartão de crédito do BNU, ou pela aplicação BNU Pay, habilita-se a ganhar uma viagem a Portugal para duas pessoas. Além disso, no final do roteiro, será ainda sorteada uma refeição para duas pessoas.

Mais localizada, a Festa Gastronómica Portuguesa irá encher de aromas a Sala Baccara do Sofitel Macau no dia 12 de Junho, a partir das 18h30. Este ano será oferecida uma “selecção exclusiva das melhores iguarias portuguesas”, incluindo uma variedade de queijos, presunto ibérico Bellota, pães artesanais caseiros, bacalhau, bolinhas de alheira, pastéis de nata da Manteigaria e 30 vinhos de nove regiões portuguesas.

Notas e páginas

Como não há festa sem música, o programa deste ano do “Junho, Mês de Portugal na RAEM” irá trazer várias oportunidades para disfrutar de música ao vivo. A começar pelo recital de piano de Joana Rolo no Clube Militar no dia 6 Junho, às 19h30. O concerto tem como “inspiração” as viagens e estadias no exterior de compositores portugueses, musa que dá mote ao objectivo de levar a pianista a tocar na China.

“A ideia é que ela actue também noutras cidades da China, em parceria com outras embaixadas e consulados. É importante, mas não é fácil de fazer. Infelizmente, não conseguimos planear as coisas a muito longo prazo e dizem-me que na China é preciso apresentar os projectos com muita antecedência de modo a serem aprovados”, adiantou ontem Alexandre Leitão. Apesar das condicionantes, o objectivo permanece. “Queremos tentar, cada vez mais, que alguém que venha aqui actuar possa depois actuar na região”, acrescentou o diplomata.

Dois dias depois, a 8 de Junho, a Fundação Rui Cunha acolhe o concerto “Vocalini, Vamos Cantar a Ópera”, que junta a cantora Elvire de Paiva e Pona e a pianista Joana Rolo. No dia 13 de Junho, uma sexta-feira, é a vez do guitarrista Bruno Pernadas actuar na Red House Macau, no NAPE, num concerto a solo, seguido da actuação de vários djs.

No que toca aos livros, o jardim do Consulado-Geral será palco de jogos literários na tarde de 7 de Junho, no evento “Lançamento Dinis Caixapiz”, organizado pela Sílaba – Associação Educativa e Literária”. No dia 11 de Junho será lançada a obra “40 Anos da Livraria Portuguesa”, no próprio espaço e no dia 18 de Junho a chancelaria do consulado será palco da apresentação do livro e da exposição “O Vasto Império do Coração”, de autoria de Sara Augusto, que tem por alicerce principal a figura de Camões.

O poeta maior volta a estar em destaque no dia 28 de Junho com a apresentação da “Biografia Camões” de Isabel Rio Novo. O evento está marcado para as instalações do Instituto Português do Oriente, a partir das 17h.

Nos dias 26 e 27 de Junho, o Restaurante Lvsitanvs acolhe um evento centrado no “Tratado das Paixões da Alma”, livro de autoria do incontornável António Lobo Antunes. As sessões literárias servirão de aperitivo para os jantares que se seguem.

O nosso dia

A 10 de Junho, como manda a tradição, o dia irá começar às 09h com a cerimónia do hastear da bandeira, na Chancelaria do Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong. Segue-se a Romagem à Gruta de Camões, no Jardim Camões. O dia termina com a recepção à comunidade na residência oficial da Bela Vista, onde decorrerão as cerimónias oficiais.

“A entrada é aberta a todos os portugueses, mas pedimos às pessoas para fazerem um pré-registo, para podermos gerir o espaço interior para o caso de haver muita afluência”, indicou Alexandre Leitão, sublinhando que o evento não está sujeito a convite.

O programa de celebrações conta ainda com o Arraial de Santo António nos dias 14 e 15 de Junho na Escola Portuguesa de Macau, com os habituais concertos, jogos e comes e bebes, workshops ao longo do mês e palestras/seminários dedicados aos negócios.

Ochre Space | Exibidas em Lisboa imagens inéditas de performance histórica da arte chinesa

A exposição “To Add One Meter to An Anonymous Mountain” é inaugurada esta terça-feira, em Lisboa, 30 anos depois da ‘performance’ decisiva para a arte chinesa de vanguarda, anunciou a galeria Ochre Space, que revela a totalidade das imagens existentes.

“To Add One Meter to An Anonymous Mountain” (“Acrescentar um metro a uma montanha anónima”, em tradução livre) é hoje o testemunho em fotografia e vídeo da ‘performance’ empreendida por dez artistas da comunidade conhecida por Beijing East Village, que decidiram desafiar não só a altura do Monte Miaofeng, nos arredores de Pequim, mas também o sistema, com uma ‘performance’ alheia aos modelos tradicionais.

No dia 11 de Maio de 1995, os dez artistas reuniram-se para aumentar em um metro a altura do Monte Miaofeng, das montanhas Taihang, com os seus próprios corpos nus, empilhados, inertes, numa actuação registada em imagens.

A fotografia final ganhou dimensão internacional depois de apresentada na Bienal de Arte de Veneza de 1999, passando a fazer parte de coleções de instituições como a Tate Gallery, em Londres, o Museu de Arte de Seattle e o Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque.

Todas as imagens

A Ochre Space, no entanto, promete ir mais longe e “mostrar todas – mas todas! – as fotografias da famosa ‘performance’”, como disse à Lusa o curador João Miguel Barros. “To Add One Meter to An Anonymous Mountain”, em Lisboa, segundo o texto de apresentação da mostra, reúne pela primeira vez a documentação completa da ‘performance’, o que inclui imagens inéditas e o vídeo amador feito na altura, permitindo perceber a sequência integral da ação, a sua natureza e complexidade coletivas.

A exposição resulta de uma investigação de dois anos do curador, que envolveu conversas com nove dos dez artistas da ‘performance’, assim como com fotógrafos, curadores, colecionadores e académicos, procurando “lançar nova luz sobre a comunidade artística do East Village de Pequim” e reavivar o debate provocado pela obra, que se seguiu à apresentação na Bienal de Veneza de 1999.

A par de “To Add One Meter to An Anonymous Mountain” é também apresentada em Lisboa a exposição “RongRong’s East Village”, dedicada a RongRong, “um dos principais fotógrafos da China”, que documentou o quotidiano da comunidade de que fez parte e a sua atividade artística no livro “RongRong’s Diary: Beijing East Village”.

A comunidade de Beijing East Village, que se assumiu como movimento artístico no início da década de 1990, emergiu na zona leste da capital chinesa, após os protestos da Praça Tiananmen, em 1989.
Entre os seus elementos encontram-se os dez criadores de “To Add One Meter to An Anonymous Mountain”: Cang Xin, Duan Yingmei, Gao Yang, Ma Liuming, Ma Zongyin, Wang Shihua, Zhang Binbin, Zhu Ming e Zuoxiao Zuzhou, além de Zhang Huan, recorrentemente identificado como responsável pela concepção do projecto.

No âmbito da exposição será editada a investigação do curador e fotógrafo João Miguel Barros, com documentação e entrevistas, sobre as origens e o legado da ‘performance’. A Ochre Space fez ainda uma edição limitada da fotografia final de “To Add One Meter to An Anonymous Mountain”, numa parceria com Cang Xin, um dos artistas do projeto. A exposição fica patente até 21 de Junho.

Comércio | Chefe do Executivo quer mais investidores lusófonos

Sam Hou Fai, Chefe do Executivo, disse ontem que Macau pretende atrair mais investidores de países onde se fala português, a fim de dinamizar a economia local e promover a tão almejada “diversificação económica”

 

O líder do Governo de Macau, Sam Hou Fai, disse hoje que a região quer atrair mais investidores estrangeiros, incluindo dos países de língua portuguesa.

Numa conferência de imprensa, o Chefe do Executivo disse que o território tem de “receber os amigos estrangeiros para investir em Macau e também concretizar os seus sonhos em Macau”, principalmente na área da tecnologia avançada. Sam Hou Fai sublinhou que “podem ser provenientes dos países de língua português e espanhola”, pois “desde que sejam a favor da diversificação económica, são sempre bem-vindos”, acrescentou.

Sam defendeu que os empresários locais devem “explorar os mercados de língua espanhola e portuguesa e os mercados de África e o Médio Oriente”. O Chefe do Executivo sublinhou que este é “o papel de Macau no palco internacional”, atribuído pelo Governo central chinês. “Temos de conhecer quais são as nossas vantagens e promover ao exterior o nosso rumo de desenvolvimento”, disse Sam.

Visita a Portugal em Julho

Num comunicado divulgado na segunda-feira à noite, o dirigente já tinha apelado ao sector industrial e comercial da cidade para “atrair mais investimentos de capitais estrangeiros e concentrar em Macau mais recursos [humanos] de alta qualidade”.

Os empresários locais devem “tirar pleno proveito do papel singular e das vantagens únicas de Macau” para “explorar activamente os mercados prioritários, como os dos países de língua portuguesa”, acrescentou o líder do Governo.

Em 14 de Abril, Sam disse que irá visitar Portugal após as legislativas de 18 de Maio, mas não ofereceu qualquer solução para as restrições à residência de portugueses na região. Macau não aceita desde Agosto de 2023 novos pedidos de residência para portugueses, para o “exercício de funções técnicas especializadas”, permitindo apenas justificações de reunião familiar ou anterior ligação ao território.

Aos portugueses resta a emissão de um ‘blue card’, autorização limitada ao vínculo laboral, sem os benefícios dos residentes, nomeadamente ao nível da saúde ou da educação. Ontem o líder do Governo disse que a visita a Portugal “deve ser em Julho” e poderá incluir uma passagem por Espanha, “para assim encontrar mais projectos de desenvolvimento entre Macau e esses países”.

Sam disse que a delegação de Macau irá incluir empresários dos sectores industrial, comercial e financeiro da região e “até certas empresas do interior da China”.

Nissan | Cortes de mais 10 mil empregos em todo o mundo

A construtura automóvel Nissan vai suprimir mais de 10 mil postos de trabalho em todo o mundo, além dos nove mil já anunciados em Novembro, noticiaram ontem vários órgãos de comunicação social japoneses. De acordo com a televisão NHK, os cerca de 19 mil trabalhadores que serão dispensados equivalem a cerca de 15 por cento da força de trabalho da empresa japonesa.

O grupo automóvel escusou-se a confirmar esta informação, que foi divulgada também pelo diário económico Nikkei. A Nissan, na qual o grupo francês Renault detém uma participação de 35 por cento, deverá publicar na terça-feira os resultados relativos ao ano fiscal de 2024-2025 terminado em Março.

A Nissan deverá anunciar um prejuízo anual recorde, num contexto de reestruturação da empresa e após a aplicação de mais tarifas pelos Estados Unidos. No final de Abril, o grupo automóvel já tinha previsto perdas líquidas entre 700 a 750 mil milhões de ienes (entre 4,32 a 4,62 mil milhões de euros) no ano fiscal de 2024-2025, cerca de nove vezes mais do que previa em Fevereiro.

O prejuízo explica-se, nomeadamente, “pelos custos associados ao plano de relançamento em curso”, indicou o construtor automóvel, no final de Abril.

Perante a persistência do abrandamento das vendas nos seus principais mercados – o americano e o chinês – a Nissan anunciou no início de Novembro que pretendia suprimir 9.000 postos de trabalho em todo o mundo e reduzir em 20 por cento a sua capacidade de produção.

Tarifas | Ouro cai mais de 3 % após acordo entre Washington e Pequim

O ouro, activo de refúgio seguro em tempos de incerteza, caiu fortemente ontem, mais de 3 por cento, colocando em risco o nível de 3.200 dólares, depois de os Estados Unidos e a China terem anunciado um acordo comercial.

Às 11:00 em Lisboa, o preço do ouro descia 3,23 por cento para 3.217,58 dólares, embora após o anúncio do referido acordo, poucos minutos depois das 8:00, tenha caído ainda mais acentuadamente, para 3.216,29 dólares. E isto depois de os EUA e a China terem anunciado uma redução das tarifas. Concretamente, as tarifas chinesas passarão de 125 por cento para 10 por cento sobre os produtos norte-americanos nos próximos 90 dias.

Os EUA farão o mesmo, passando de 145 por cento para 30 por cento sobre os produtos chineses, como parte dos termos acordados durante o fim de semana para travar a nova guerra comercial que estalou este ano. As reduções tarifárias acordadas pela China e pelos EUA entrarão em vigor em 14 de Maio.

O acordo acima mencionado entre as duas principais potências comerciais impulsiona o dólar, afectando os preços dos metais em geral. O ouro também desce com a diminuição das tensões geopolíticas, na sequência do cessar-fogo acordado entre a Índia e o Paquistão, enquanto a Rússia e a Ucrânia podem reunir-se esta quinta-feira em Istambul para iniciar uma via diplomática para a resolução do conflito.

Com a queda de ontem, o ouro está a afastar-se do actual máximo histórico, de 3.414,65 dólares, verificado em 21 de Abril.

Macau mantém envio de encomendas por via aérea para Estados Unidos

A directora dos Correios de Macau disse ontem à Lusa que, ao contrário da vizinha Hong Kong, a região manteve o envio de encomendas para os Estados Unidos (EUA), mas apenas por via aérea. Em 02 de Maio, o Governo norte-americano eliminou a isenção de direitos aduaneiros sobre pequenas encomendas da China continental e de Hong Kong, como as enviadas pelos gigantes do comércio electrónico Shein e Temu.

“Na prática, agora Macau não está incluído e o correio [que] vai para os Estados Unidos está andando, excepto por via marítima. O resto, nós mantemos normal”, disse Derby Lau Wai Meng. A directora dos Serviços dos Correios e Telecomunicações (CTT) explicou que o envio de quaisquer mercadorias, por via marítima, de Macau para os EUA, implica uma passagem por Hong Kong, um dos portos mais movimentados do mundo.

Ou seja, sobra apenas a hipótese do envio de encomendas por via aérea, confirmou Derby Lau. “Este caso é algo sensível”, admitiu a dirigente. “Eu acho que é melhor não falar [deste assunto], porque o melhor é que não se lembrem de nós”, acrescentou.

Trump em acção

O fim da isenção de direitos aduaneiros sobre pequenas encomendas da China continental e de Hong Kong surgiu numa ordem executiva, assinada pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em 02 de Abril.

O documento pedia ao secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, que apresentasse um relatório, no prazo de 90 dias, sobre se o fim da isenção também deveria abranger Macau, “para evitar a fuga a estas medidas”.

Em 16 de Abril, os correios de Hong Kong anunciaram a suspensão do envio de encomendas para os Estados Unidos, em resposta à imposição, “de forma abusiva”, de tarifas pelas autoridades norte-americanas.

Um decreto presidencial emitido por Donald Trump, ainda no primeiro mandato, em 2020, eliminou o tratamento preferencial concedido a Hong Kong. A antiga colónia britânica é, por isso, igualmente afectada pela sobretaxa de 145 por cento imposta à China.

O principal responsável do Partido Comunista Chinês para os assuntos de Hong Kong e Macau e os líderes dos governos das duas regiões acusaram, em meados de Abril, os Estados Unidos de impor tarifas para sabotar a China.

O líder do executivo de Macau, Sam Hou Fai, criticou os Estados Unidos pela “imposição abusiva de impostos aduaneiros a todos os seus parceiros comerciais”, incluindo a China, “sob vários pretextos”. Ontem, o representante para o Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, afirmou que Washington e Pequim vão suspender a maioria dos direitos aduaneiros e negociar durante 90 dias.

Nas negociações realizadas em Genebra, os Estados Unidos e a China acordaram em reduzir em 115 pontos percentuais os direitos aduaneiros recíprocos impostos um ao outro, passando as importações chinesas a pagar um direito aduaneiro de 30 por cento, enquanto os produtos americanos vão pagar um direito aduaneiro de 10 por cento.

Os cábulas do Hong Kong Queen’s College

No passado mês de Abril, durante a realização do teste unificado de História da China no Queen’s College de Hong Kong, vários alunos de uma das turmas copiaram. Gritavam uns para os outros as respostas, consultavam os livros e os iPads. O vigilante tentou várias vezes detê-los, mas não conseguiu. A direcção do Colégio afirmou que só vai castigar os alunos prevaricadores de acordo com as regras internas.

O Colégio também notificou os pais sobre este incidente, dizendo que como só falta um mês para os exames finais e, para evitar pressões desnecessárias sobre os estudantes, não se irá repetir o teste. Os resultados do teste unificado de História da China desta turma serão cancelados e a classificação a esta disciplina vai depender do exame final. Para as outras turmas, a classificação à disciplina de História da China tomará em conta os resultados do teste unificado e do exame final.

Acontece frequentemente os estudantes copiarem nos testes. Com as novas tecnologias, as ferramentas que lhes permitem “fazer batota” mudam todos os dias. Das tradicionais cábulas em papel até aos dispositivos inteligentes, a evolução destas ferramentas reflecte a erosão da integridade académica através do abuso da tecnologia. Antigamente, os estudantes escreviam as respostas em pedaços de papel, comumente conhecidos por cábulas, e levavam-nos para a sala de exame; ou então pediam para ir à casa de banho e assim consultavam os materiais. Com a popularização dos relógios inteligentes, as funções dissimuladas de comunicação em tempo real permitem cabular remotamente online. Se o vigilante não estiver atento, os estudantes podem usar os relógios inteligentes para este fim, enquanto estão sentados nos seus lugares. Recentemente, apareceram óculos equipados com funções de tradução em tempo real que podem converter directamente os textos de inglês para chinês. A constante evolução destas ferramentas torna o trabalho dos vigilantes cada vez mais difícil.

Para apanhar um ladrão, precisamos de provas. Para apanhar um aluno que faz batota, também é preciso ter provas. No entanto, para os vigilantes, é sempre muito difícil obter essas provas; se não conseguirem provar que o aluno copiou, é complicado acusá-lo. No caso da ” cábula em papel “, o estudante pode engoli-la ou escondê-la no momento em que está a ser exposto, ou então discutir com o vigilante e recusar-se a entregar a cábula. Os professores não são agentes da polícia e não têm direito de revistar os alunos, pelo que vários “batoteiros” escapam impunes por falta de provas e naturalmente não podem ser acusados. Estes casos, até certo ponto, levam outros estudantes a arriscar.

Não existe certamente falta de alunos diligentes, estudiosos e trabalhadores numa sala de exames. Quando estes alunos descobrem as trafulhices dos colegas, podem escolher denunciá-los, mas se o fizerem o mais provável é virem a ser ostracizados e sujeitos a intimidação. Além disso, o ambiente de exames altamente stressante faz com que a maior parte dos estudantes se foque nas suas próprias respostas, e que não tenha tempo nem energia para observar os outros. Por conseguinte, as denúncias dos colegas representam uma pequena percentagem e a exposição destes casos depende de os vigilantes serem empenhados e quererem descobrir os infractores.

Copiar, usar certificados falsos e plagiar são todas violações académica da mesma natureza – desonestidade e más práticas. Nos últimos anos, não é difícil encontrar estes casos nas notícias. Ter ocorrido este incidente num dos mais antigos colégios de elite de Hong Kong, reflecte não só o desvio moral dos estudantes, mas também a distorção dos valores da aprendizagem. Quanto mais os estudantes fazem batota, maior será a alteração de valores e menos estudarão com afinco.

O grupo de “elite” criado por falsas conquistas pode parecer conhecedor, mas de facto é desprovido de valor e acabará por expor a sua falta de conhecimento nas respectivas áreas no futuro. Basta pensar: Um médico sem competências pode tratar um doente? Um advogado pode defender o cliente sem conhecer a lei? Este perigo escondido é como uma bomba relógio. O seu poder destrutivo continua a manifestar-se na próxima década ou mesmo mais tarde e, por fim, toda a sociedade pagará o seu preço. Temos de travar este problema.

As escolas têm de tomar as medidas adequadas, prescrever o remédio certo, aperfeiçoar as situações que lhe dão azo e cultivar os valores correctos nos estudantes. Conter a batota requer esforços multi-dimensionais.

Em primeiro lugar, os estudantes que copiam devem ser severamente punidos e esse comportamento não pode ser tolerado. As escolas devem ter regras para lidar com comportamentos fora do comum. Por exemplo, se pelo menos dois vigilantes virem um estudante a engolir papéis, deve ser desqualificado do exame. Depois do castigo devem ser reeducados. As escolas devem ter disciplinas que versem a integridade académica e cursos obrigatórios que moldem os valores da aprendizagem.

É preciso fazer com que os estudantes compreendam que uma nota de 60 não é vergonhosa, mas é vital que percebam que um falso 100 tem de ser punido. Uma vez que esta ideia pedagógica se torne consensual, a sociedade deixará de julgar os heróis pelas suas notas, os estudantes poderão manter os seus valores morais e o espírito empreendedor de “conhecer a vergonha e depois aprender a ser valente” irá reaparecer. Só depois de se salientar a importância de identificar o “real valor” dos estudantes pode a educação voltar ao seu propósito original de “ensinar e partilhar conhecimentos”, os motivos que levam a fazer batota podem diminuir e a promoção de pessoas talentosas deixará de ser um jogo em que se compara número grandes e pequenos.


Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado da Faculdade de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau
Email: cbchan@mpu.edu.mo

Ucrânia | China espera acordo de paz duradouro e vinculativo

A China disse ontem que espera um acordo de paz duradouro e vinculativo para pôr fim à guerra na Ucrânia, após a proposta do Presidente russo, Vladimir Putin, de abrir negociações diretas entre Kiev e Moscovo.

“Esperamos que as partes envolvidas continuem a usar o diálogo e as negociações para chegar a um acordo de paz justo, duradouro e vinculativo que seja aceitável para todas as partes envolvidas”, disse Lin Jian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

Vladimir Putin propôs, no sábado à noite, que a Ucrânia iniciasse negociações diretas entre as partes na quinta-feira, em Istambul, cidade que acolheu, em Março de 2022, as primeiras e únicas negociações entre as partes em mais de três anos de guerra.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reagiu à proposta considerando-a “um primeiro passo” do Kremlin para pôr fim à guerra, mas insistiu que primeiro deve haver um cessar-fogo antes que a Ucrânia se sente para negociar.

A proposta da Rússia foi apresentada algumas horas depois de a Ucrânia e os aliados europeus terem exigido a Moscovo que concorde com um cessar-fogo total e incondicional durante pelo menos 30 dias, sob pena de enfrentar novas sanções económicas.

Esta exigência surgiu após uma reunião realizada no sábado em Kiev entre os chefes de Estado e de Governo da Ucrânia, França, Alemanha, Reino Unido e Polónia, a chamada “coligação dos dispostos”. A proposta russa também foi olhada com desconfiança pelos aliados europeus da Ucrânia que exigiram que quaisquer conversações sejam precedidas por um cessar-fogo duradouro.