A elite turística João Romão - 3 Mai 20195 Mar 2020 [dropcap]1[/dropcap]400 milhões de chegadas em voos internacionais contou a Organização Mundial de Turismo (OMT) durante o ano de 2018, um número que assinala a expansão continuada da actividade turística no planeta: estão muito distantes, no tempo e na magnitude, os 25 milhões de voos internacionais que se tinham registado em 1950. O fim do século XX e o início do XXI foram de crescimento generalizado e sistemático do turismo, do recreio, da valorização dos consumos culturais, da “experiência” ou da imaterialidade feita transação comercial, hoje no centro das preocupações do marketing turístico. Esta expansão do número de viajantes tem inevitáveis implicações económicas e vai reformatando estruturas produtivas um pouco por todo o mundo: reclama a OMT que o turismo representa actualmente 10% do valor acrescentado e do emprego no planeta e mais de 30% das exportações de serviços a nível global. Mas também há implicações ecológicas: este intenso tráfego aéreo internacional parece ser responsável, pelo menos, por 5% das emissões de CO2 na atmosfera. Esse valor parece ir inevitavelmente aumentar com o crescimento aparentemente imparável do turismo internacional. Há nesta acelerada massificação uma falsa ideia de democratização do turismo internacional. Sendo verdade que o chamado “rendimento discricionário” (correspondente ao que não é utilizado com necessidades primárias de sobrevivência) tem aumentado para uma significativa parte da população global, é também certo que o acesso regular ao turismo internacional continua a ser um privilégio de uma elite socioeconómica do planeta – mesmo que esta elite não se reconheça como tal quando usa serviços de baixo custo e qualidade duvidosa. As contas não são difíceis: aos tais 1400 milhões de chegadas internacionais correspondem 700 milhões de viagens, com ida e volta desde o lugar de residência de cada viajante. Mas nem sempre esses voos vão directamente ao destino final: pode haver escalas pelo caminho, e não há dados particularmente fiáveis sobre o seu número. Em todo o caso, é certo que a generalização dos voos de baixo custo se faz sobretudo de ligações directas entre a origem e o destino dos turistas e que essa é uma fatia cada vez maior do tráfego turístico global. Suponhamos então, modestamente, que as escalas representem apenas 15% do total de voos internacionais – e que em vez dos tais 700 milhões tenhamos 600 milhões de viagens por ano. Depois há os viajantes mais frequentes, que acumulam milhas e benefícios em cartões de fidelização – e os mais esporádicos e ocasionais. Não é raro haver quem faça viagens internacionais para negócios e outros afazeres profissionais todos os meses. E assim sendo, os tais 600 milhões de viagens não correspondem ao mesmo número de pessoas. Mantendo o mesmo critério modesto para compensar a ausência de dados objectivos e fiáveis sobre o assunto, suponhamos então que o número total de pessoas que faz pelo menos uma viagem internacional por ano é de 500 milhões, uma estimativa certamente sobrevalorizada. Parecendo muito, estes 500 milhões de pessoas representam pouco mais de 6% dos 7,7 mil milhões de habitantes deste precário planeta. A esmagadora maioria dos humanos (94%, pelo menos), não faz sequer uma viagem internacional por ano. Por muito que os números da massificação em curso – e o comportamento de alguns viajantes – possam criar uma impressão contrárias, o turismo internacional continua a ser privilégio de uma elite económica e social do planeta. E é essa elite, já agora, que é responsável pelas emissões de CO2 inerentes ao tráfego aéreo contemporâneo. É também verdade que o acelerado crescimento económico a que se tem assistido em países asiáticos como a China, a Índia, a Tailândia ou o Vietname sugere que novas franjas das populações destes países passem em breve a ter acesso a rendimentos que lhes permitam uma participação mais activa e regular no turismo internacional. Nesse sentido, a democratização vai-se fazendo, lentamente. Mas isso também significará um aumento dos impactos ambientais do tráfego aéreo, aparentemente incompatível com protecção da vida no planeta. Cedo ou tarde, a regulação e limitação do número de voos terá que ser feita. E se essa regulação implicar um aumento significativo dos preços, o turismo internacional será no futuro, ainda mais, coisa de uma certa elite deste planeta. Em todo o caso – pelo menos em países como Portugal – todos os contribuintes são por enquanto chamados a contribuir para pagar os custos do tráfego internacional, mesmo quando não viajam. Na realidade, as ligações “low cost” que se generalizaram a partir do norte da Europa para diversos destinos nacionais são, em geral, subsidiadas pelas associações regionais de promoção turística (as chamadas “Regiões de Turismo”), que em larga medida dependem de financiamentos públicos. Viajando ou não, quem vive e paga impostos em Portugal contribui para a massificação de um turismo de que não vai, necessariamente, beneficiar (na realidade, até pode prejudicar).
A grande dama do chá Fernando Sobral - 3 Mai 201927 Set 2019 [CAPÍTULO ANTERIOR] [dropcap]D[/dropcap]o hotel Riviera podia ver-se o mundo. Os portugueses que viviam em Macau acreditavam nisso. Todos os finais de tarde dirigiam-se para ali, vestidos a rigor. José Prazeres da Costa, elegante no seu fato branco de linho e fumando um charuto filipino, sempre desdenhara dessa ideia. Mas não resistia à tentação de estar ali. De pernas cruzadas assistia ao concerto da Benny Spade Orchestra. Muitos pares tinham estado a dançar e agora descansavam um pouco. Ele apenas observava. Escutou uma voz, vinda do palco, em inglês: – Say, you guys want have a little fun? E a música recomeçou. Benny Spade morrera há um par de anos, mas o nome mantivera-se. Um outro americano, Charlie Powell, tomara conta da banda. Nada mudara. O objectivo era colocar os corpos a dançar, muito próximos, e a não temerem o contacto físico. O grupo tinha chegado de Xangai uns meses antes, onde tocara nos hotéis Cathay e Metrópole da Concessão Internacional. Alguns dos músicos tinham tocado também no Ciro’s, o clube nocturno conhecido pelo seu ar condicionado, onde os taipans britânicos e os gangsters chineses entravam à noite, com as suas mulheres ou amantes. À porta do Ciro’s estavam sempre russos de uniforme, garantindo a segurança. Todos eles diziam ser antigos generais do czar e, com o seu olhar impiedoso, travavam os pedintes chineses. Lá dentro, muitas russas desdobravam-se em sorrisos e galanteios aos visitantes. Era um estilo de vida que se adaptava aos edifícios de arquitectura europeia que se impunham no Bund, a famosa frente ribeirinha da cidade. Tudo parecia sólido e perene. A Xangai moderna era uma criação ocidental e não chinesa. O Céu e a Terra uniam-se naquela cidade. Mas tudo mudara com a chegada dos japoneses a Xangai. E já nem o jazz unia um mundo que se quebrava como uma bola de cristal. Sentada, Jin Shizin assistia à dança de homens e mulheres que se recusavam a acreditar que a guerra existia ali ao lado. No pequeno palco, ao lado dos seus companheiros da Benny Spade Orchestra, Cândido Vilaça, conhecido como Cat, tocava saxofone. Olhou para a sala e não deixou de reparar na chinesa. Conhecia-a de um outro lugar. Quando ela se levantou para dançar com um português bastante mais velho do que ela, lembrou-se. A sua forma de dançar, ousada e radiosa, não escapava à atenção. Vira-a em Xangai, nas noites no Ciro’s. Mais tarde, quando deixou o palco e reparou que a chinesa estava sozinha, aproximou-se, com descaramento, da mesa onde estava sentada a fumar e disse-lhe, em inglês: – Boa tarde, gostou? Os olhos cor de amêndoa de Jin semicerraram-se e fixaram-no como se fosse um alvo. A sua face era sólida e esbelta e o seu cabelo preto era moldado por uma franja que caia sobre os olhos. Cândido percebeu: era uma mulher invulnerável. Ou quase. Ela sorriu polidamente, e respondeu num português quase perfeito: – Gostei. – Estava a dançar. – Foi um acaso. Não costumo dançar. – Não? Não gosta do que tocamos? Ela voltou a fitá-lo friamente depois de ter soprado o fumo do cigarro para o espaço que os separava. – A vossa música traz-me demasiadas memórias. – De que não deseja recordar-se. – Não. De que eu me quero sempre recordar. Cândido Vilaça fingiu não perceber. Não queria dizer de onde a conhecia. Fez menção de se sentar. – Preciso de beber algo antes de voltar para o palco. – Acredito. Mas nessa cadeira está sentado o senhor que está comigo. Cândido Vilaça recuou na sua intenção. Foi então que, olhando para trás, viu um japonês que olhava fixamente para ele. Não se lembrava de alguma vez o ter visto. – As minhas desculpas. Mas foi um prazer. O companheiro da chinesa aproximava-se e Cândido afastou-se. Foi até ao balcão do bar e pediu um uísque. José Prazeres da Costa aproximou-se dele e deu-lhe uma pequena cotovelada. – Não tiveste sorte com a chinesa? – Não tentei nada. Prazeres da Costa sorriu, desafiador. – Não? Olha que ela, a Grande Dama do Chá como é conhecida, tem sólidas amizades. Não as desafies. Neste pequeno meio português todos conhecem todos. A intriga é o seu jogo de cartas preferido. Cândido deu uma pequena gargalhada. – Meu caro, eu sei que o amor, em tempos de guerra, é uma coisa impossível. – O amor é sempre uma coisa impossível. Nunca desafies esta máxima. Conheciam-se desde que Cândido chegara a Macau. Prazeres da Costa gostava de jazz. E de mulheres. E de dinheiro. Não por esta ordem, é claro. Este encostou as costas ao balcão e olhou para a sala. O seu olhar cruzou-se com o do japonês. Conheciam-se, mas não se falaram. Como se evitassem que alguém os relacionasse. Cândido reparou na troca de olhares, mas não queria conhecer o mundo secreto de Macau. Tinha outras preocupações. Como tinha o sono muito leve, dormitava e não dormia. As olheiras sustentavam a sua vida. Diziam que os homens de jazz envelheciam mais depressa do que os outros. Sabia porquê. Interpretavam canções sobre mulheres magoadas e sobre os homens que elas tinham amado. Ele também era assim. Abandonava as mulheres sem olhar para trás. Era egoísta. Não inspirava confiança nem segurança. Escutou a voz da cantora que estava no palco. Vestida com um traje chinês, apesar de ser filipina, cantava em português, com um sotaque: “Se eu tiver de mentir, Aos que amam a verdade Farei isso Se eu mentir Será um dever Será por saber A verdade sem a sentir Se eu quiser mentir Será antes de partir.” Ficou com a letra na memória. Assobiou-a baixinho, para se recordar. Gostava de cantoras assim. Descrentes e com a voz carregada pelas dores alheias. Foi até à varanda, seguido por Prazeres da Costa, funcionário do Governo, mas sem grande convicção. Estiveram ali durante alguns minutos, falando de coisas banais. A banda de Cândido já tinha terminado a sua actuação diária e, por isso, saiu dali e foi em busca da noite. Prazeres da Costa disse-lhe que ia para casa. Forma de dizer que ia ter com a amante. Quando chegou à casa de ópio na Rua da Felicidade, o músico entrou e avançou pelo meio do fumo, pediu uma cerveja e sentou-se numa cadeira disponível. O mundo deslizava à sua volta. Nada lhe importava. Sentiu um aroma conhecido e, levantando-se, foi em busca de conforto numa sala escondida por um biombo. Quando se ergueu da pequena cama, lá fora, o escuro da noite cedera o lugar aquela luz indecifrável que antecede o amanhecer. [CONTINUAÇÃO]
O que diz Tavares José Navarro de Andrade - 3 Mai 2019 [dropcap]D[/dropcap]iz Tavares: “Os leitores estão cansados, as pessoas trabalham muito, têm vidas duras e há uma literatura para cansados, para pessoas que vêm do trabalho e que querem ler um livro como quem quer ter uma massagem ao final do dia. Mas a função da arte e da literatura não é descansar. É acordar, perturbar, reflectir. Não deveríamos ver arte ou ler livros quando estamos cansados. A literatura e a arte exigem muito de nós.” De tão iterado e brandido o mantra da arte – e concomitantemente do artista – como ventoinha ou despertador das consciências, ele já ascendeu a esse grau superior do consenso e nível zero da inteligência que é o lugar-comum. Contudo, a putativa evidência e a pressuposta unanimidade de tal função não resiste ao escrutínio de uma mesmo que módica racionalidade. Ia a dizer Tavares: “Mas a função da arte e da literatura não é […]” – alto aí… O quer que ele diga a seguir virá na sequência de um passo em falso que é o de jungir a arte a um “deve ser.” Logo ela tão predisposta a nunca ficar onde a querem pôr e a transbordar as margens em que a tentem conter. Delibera Tavares: arte “é acordar, perturbar, reflectir”. Priva-se, então, da qualidade de arte aquela que demande o sublime? Não pode a arte avocar-se como pesquisa, experiência ou experimentação formal? E porque se estreita a categoria de arte – que é como quem diz: acomoda-se – à finalidade de inquietar, desafiar, desacatar, criar desconforto, ou até invectivar, afrontar e amotinar? Destitui-se de ser arte a obra que se concebe e oferece como consolação? Precisamente a missão de consolar os “cansados” que tanto precisam do refrigério que só a arte entrega. À rédea curta a que Tavares vincula a arte é indispensável o contributo do chicote com que ele, o soberbo e esclarecido artista, se atribui a missão de flagelar os “cansados”. “Mutatis mutantis” esta atitude reproduz um método antigo aplicado com grande êxito pela Inquisição: se macerares a carne, desprendida dos pecados do corpo a alma se libertar-se-á e só assim estará afim de contemplar a maravilhosa verdade. Reitera Tavares: “Está a fazer-se cinema e literatura para cansados, no sentido em que é entretenimento, que serve para acalmar. […] Se for um livro forte ninguém cansado o consegue ler.” Definitivamente Tavares não escreve para os leitores que há. Apieda-se deles, os “cansados,” e não os culpa, coitados, do cansaço que sofrem nem das escolhas a que este os sujeita – o desmiolado “entretenimento.” Mas, tenham lá paciência, enjeita-os sem dó – acha-os incapazes de ler um “livro forte”. Tavares presume, portanto, escrever para um leitor que esteja ao seu nível embora constate a sua inexistência. Deste postulado logicamente deriva que Tavares adjudica a si a prerrogativa de julgar quem se elevará a esse seu nível de exigência. Esta fraude é usual chamar-lhe “criação de novos públicos.” Não é difícil perceber que só considera terapêutico arremessar um “murro no estômago” – execrável clichê – de outrem, quem não seja espancado pela vida das 9 às 5 ou em horário alargado. Quem se põe para além das cólicas e constipações do homem comum – o “cansado.” Ora isto traz a lume a questão da legitimidade que Tavares arroga. Que deus, pacto social ou constituição agraciou Tavares como “conducator” dos leitores? Quem o nomeou sherpa do escrúpulo e da lucidez? Que foro lhe outorgou a distinção de vate dos porvires? Quem o designou com a santificada vestal da grei? Pois nada nem ninguém. O que Tavares sobretudo demonstra é a contumaz falta de generosidade que em demasiados casos é característica do artista contemporâneo, em particular o que opera nas artes narrativas. Esta pungente supressão de empatia com o leitor que se lhe apresenta decorre do movimento tectónico que tem vindo a reposicionar a manifestação da arte não como um processo e uma dinâmica de partilha, mas como um exercício narcisista e misantrópico de expressão pessoal e egocêntrica. O problema não são os leitores “cansados,” o problema são os Tavares de quem afinal os leitores estão deveras cansados de ouvir.
Brasil em auto-ficção Valério Romão - 3 Mai 20198 Jul 2019 [dropcap]E[/dropcap]steve há poucos dias em Portugal um amigo meu, o Eric Nepomuceno, para um encontro no âmbito das comemorações do 25 de Abril de 1974, chamado “Resistências pacíficas: o valor da liberdade”, no Auditório Municipal Fernando Lopes-Graça, em Almada. O Eric, com setenta anos, conheceu de perto da ditadura brasileira e os seus efeitos. Os seus artigos contra o regime militar valeram-lhe um exílio em Buenos Aires. No que concerne ditaduras e ausência de liberdade de expressão, Eric sabe do que fala. Perguntei-lhe pela situação no Brasil e o Eric respondeu-me “você não faz ideia”. Disse-lhe que temos acompanhado a situação pelas notícias que nos vão chegando e que de facto a coisa parece ainda pior do que antecipáramos. “Sim”, contrapôs, “as notícias são importantes, mas só revelam uma camada das muitas mudanças que todos os dias vão ocorrendo, e as mais brutais por vezes são as mais subtis, que ficam de fora da agenda jornalística”. Contou-me que há dias estava numa tabacaria para comprar um maço de cigarros, na “fila dos velhinhos”, como a apelidou, e que teve de sair para trocar dinheiro ali perto, “pois a menina não tinha troco”. Quando regressou, o tipo que antes estava atrás dele na fila pagava uma conta qualquer – a tabacaria, além de vender cigarros, também serve para comprar jornais e pagar contas da luz, do telefone, da água, etc – atirou-lhe “Você foi rápido”. “Sim, fui perto, e estava vazio”, respondeu Eric. “Pensei que tinha ido buscar dinheiro no Lula”, foi a resposta do tipo. Assim, do nada. Sem que Eric fizesse qualquer declaração de intenções ou esboçasse qualquer provocação. O Eric, versado por razões biográficas em conflitos de toda a espécie, respondeu “Não, fui na sua mãe, ela não pagou por ontem à noite”. A coisa felizmente acabou bem. Os insultos não passaram do modo caixinha de comentários. Mas a sucessão de bravatas podia ter tido um desfecho distinto. De facto não temos qualquer experiência da realidade quotidiana dos brasileiros que se opõem ao regime de Bolsonaro. As notícias que nos chegam são sobre as decisões mais ou menos incompreensíveis tomadas pelo governo actual. De fora ficam a o dia-a-dia e os seus conflitos. E são esses que na verdade mais interessam a um escritor. Num futuro mais ou menos próximo alguém escreverá sobre o quotidiano deste período sombrio da história do Brasil. Este período que está muito mais perto de se tornar uma ditadura de cariz teológico semelhante à narrada no Handsmaid’s Tale do que num regime fascista comparável aos do século XX. A história das nações é uma sucessão de factos e das relações nem sempre claras que os unem. Mas a história das pessoas de todos os dias, dos seus conflitos, das suas pequenas vitórias e derrotas é a literatura que em grande parte a tece, e é através desta que acedemos a uma compreensão mais vasta de um determinado período histórico. Quando alguém pergunta para que serve a literatura (que, em boa verdade, deve estar primeiramente ausente de qualquer propósito ou função), podemos sempre dizer que a literatura se pode constituir como ponto de vista privilegiado sobre a memória. Mesmo que não servisse para mais nada, já teria a utilidade funcional que a nossa época tão preocupada com a produtividade reclama. Entretanto, e enquanto estamos imersos no processo de transformação do Brasil que conhecemos noutra-coisa-qualquer, o Eric confidenciou-me a sua vontade e disponibilidade para escrever crónicas sobre o dia-a-dia deste Brasil em mudança. E disse-me que o faria “bem baratinho”. Se estivesse num lugar de chefia de um periódico português, escrevia-lhe já um mail. Além de saber do que fala, o Eric é um escritor do caraças.
Obituário. António de Castro Caeiro - 3 Mai 2019 [dropcap]A[/dropcap]pagaste-te nesta Páscoa. Não sabíamos de ti. E. ligou-te muitas vezes desde quinta-feira santa até Domingo. Talvez tivesses ido à pesca. Foste até aos noventa. É muita maré. Lembro-me daquela rua. Não era bem uma rua. Era um caminho. Fomos vizinhos durante muito tempo como se fosse uma comunidade. A princípio, encontrávamo-nos só no verão, quando éramos jovens imortais. Depois, quase todo o ano, durante alguns fins-de-semana. Sempre tinha havido os muito velhos, aqueles que tinham um quotidiano moderado, sensato. Ou então se calhar era outra coisa, era a velhice a “dar-lhes” já. Que é feito dessa gente? Pouco menos de vinte anos tinha eu e eles eram já tão velhos. Subsistem ainda na minha memória, mas não podem continuar ainda vivos. Revisito esses tempos. Lembro-me da rua antes de ser habitada, quando ainda era só um pinhal, prestes a ser colonizado, como se fôramos colonizadores do Sudoeste português. Estava deitado numa cama de rede. Olhava o céu azul, plano de fundo para árvores recortadas nas suas formas. Eram castanhas, quase negras, e verdes. O que se vê a olhar o céu é virgem. É igual ao que tantas gerações de homens viram, sem fios ou parabólicas, postes de electricidade ou o que tiver sido feito pelo ser humano. Tive essa percepção. A natureza tem outro tempo e outra história, diferente da do ser humano. Antecipei o que aí vinha. Ano após anos viríamos de férias, haveria festa e romance, descanso. Os pais tinham uma outra experiência de férias. Os miúdos viviam as férias grandes do mundo. E vieram anos atrás de anos. Sestas dormidas e mergulhos dados, bebedeiras e romance. Aprendizagem difícil de ser-se fora de si e ao mesmo tempo estar-se em si, ser-se o próprio, o único com quem se tinha intimidade e ao mesmo tempo aquela remissão ancestral, arquetípica, primordial e proto qualquer coisa que nos atirava para o outro, a outra pessoa. O desejo que nascia e não era um acrescento, algo que queríamos ter a mais. Era a falta de outra pessoa, a falta inteira de sermos outros, uma outra versão completamente diferente de nós mesmos e que passava pelo outro que queríamos encontrar e só inventávamos no sonho. Era isso que eu via a olhar deitado de costas o céu azul, plano de fundo daquela percepção com formas de árvores, pinheiros e eucaliptos. Era o princípio informe de qualquer coisa que iria acontecer, a história, a minha biografia. Tudo aquilo iria transformar-se com os 15 anos que viriam e depois os 16 e os 17 com fim do liceu e a faculdade. Tudo a perder de vista, perdido da vista, longe da vista, estava já naquela percepção daquela tarde do início de Agosto em que a nossa rua não existia ainda. Os dias seguir-se-iam. Depois, o tempo entre o fim das férias grandes e o princípio das férias do ano seguinte. Amizades que se mantinham à distância temporal de um ano. Sentia-se a transformação. Ela ligou-te para te desejar boa páscoa. Começou a ligar-te na quinta-feira santa e continuou até Domingo. Já não nos víamos há algum tempo. O tempo passa. Já não há a nossa rua. Desfizeram-na, quando transplantamos as nossas vidas para outras ruas e as casas foram dadas ou deixadas ao abandono. A rua já nem sequer é insólita como nas noites de inverno, despovoadas de gente, vividas a pão e vinho e conversa. Aquecíamo-nos como podíamos. Ainda tínhamos tempo. Ainda viria um verão e outro. Depois, os velhos começaram a morrer. Os outros, os das outras famílias. As casas, pouco a pouco, começaram a ficar desabitadas. Primeiro, ainda bem conservadas. Algum dos mais novos vinha e ainda passava lá um fim de semana, limpava a casa, fechava a casa. Era uma casa habitada mas pouco frequentada. Os mais novos emigraram ou perdiam o interesse, deixavam de pagar a renda ou esqueciam e abandonavam as casas. Abandonar uma casa é abandonar uma legião de famílias. A casa esperava as famílias o ano inteiro e despedia-se delas no fim do verão. As casas ficaram decrépitas. Mais velhos morreram. A maior parte dos jovens envelheceram e quiseram ir viver para outras ruas, outros bairros, outras vilas, outras cidades. Tudo envelheceu. Já não testemunhei a vinda de mais novos. Também acabei por fazer o que fizeste. Não emigrei, mas dei a casa. Ninguém ma comprava e para não a deixar abandonada, dei-a a quem mais precisava. Foi um descanso. As memórias seriam intoleráveis. Preferi lembrar-me da casa desde o primeiro dia até ao último dia. Foram mais de três décadas felizes. Vivas dadas ao Verão e o gosto por regressar para a rentrée. Telefonei-te para te desejar boa páscoa. Estaríamos lá naquela rua se fossem outros tempos, quando era o princípio antes de estar definido e quando começou a estar definido. Os tempos da estabilidade quando eu próprio deixei há já muito os meus 14 anos. Alguém atendeu o ™. Era uma sobrinha tua. Disseram-me que foste ao hospital para um exame de rotina. Abriram-te. Fecharam-te. Duraste mais três dias e morreste. Ressuscitaste escandalosamente para mim, que não te via há quase cinco anos. Não ver alguém é deixar alguém no campo de latência que é idêntico à morte. Ressuscitaste-me também aquela rua onde passamos férias durante mais de três décadas. Vi-a, como se fosse daquela primeira vez, sem casas, nem pessoas. Só o céu azul e árvores. A floresta tornara-se virgem, de novo. Nunca nada nem ninguém testemunha a nossa infância ou juventude ou idade adulta já. É tudo como se não tivéssemos sido. Quase como se não tivéssemos sido. Agora, tu habitas em mim esse olhar. Não és visto, mas vives comigo no meu olhar. É um olhar à distância. Não é perceptivo. Nem é só o da lembrança. Sou eu no meu futuro despovoado de ti, mas a fazer vida ainda.
Museus | Dia Internacional celebrado com Carnaval a 12 de Maio Hoje Macau - 3 Mai 2019 [dropcap]O[/dropcap] Dia Internacional dos Museus, efeméride com data de 18 de Maio, vai ser celebrado em Macau já a partir de dia 12, domingo, com a anual festa de “carnaval”, designação do evento co-organizado pelo Instituto Cultural, este ano dedicado ao tema “O Museu Móvel – Praia Grande x Hub Cultural”. O centro das cerimónias vai ser o Anim’Arte Nam Van, em frente aos lagos artificiais, onde uma série de actividades e alguns objectos vão ser trazidos dos museus para interagirem com crianças e famílias, através de jogos, workshops, conversas e brincadeiras. Além dos planos para animar a Praia Grande, os espaços museológicos também vão ter novidades para os visitantes, conforme a informação divulgada ontem em conferência de imprensa. Estão incluídos neste projecto as seguintes entidades: Museu de Macau, Museu de Arte de Macau, Centro de Ciência de Macau, Museu Marítimo, Museu das Comunicações, Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau, Museu do Grande Prémio, Museu dos Bombeiros, Museu da História da Taipa e Coloane, Museu Memorial Lin Zexu de Macau, Museu do Vinho, Casas da Taipa, Galeria do Arquivo Histórico de Tung Sin Tong, e Espaço Patrimonial – Uma Casa de Penhores Tradicional.
Festival | Shi Fu Miz 2019 este fim-de-semana na ilha de Cheung Chau João Luz - 3 Mai 2019 [dropcap]M[/dropcap]úsica electrónica underground, sessões de percussão, workshops, instalações artísticas e yoga são alguns dos ingredientes do Festival Shi Fu Miz 2019, que acontece no sábado e domingo em Hong Kong, na ilha de Cheung Chau. O evento terá lugar na bela Sai Yuen Farm, que se situa na ponta sudoeste da ilha, e que, segundo a organização “é o sítio perfeito para relaxar e entrar em contacto com a natureza”. Dos nomes que compõem o cartaz, destaque para a dupla Shuya Okino, formada pelos irmãos Shuya e Yoshi Okino, que constituem também os Kyoto Jazz Massive. A dupla aquece pistas de dança desde o início dos anos 90 e é conhecida como um dos projectos mais inovadores que ajudou a dar vida à mistura entre Jazz e música electrónica. Aliás, Shuya é um também o rosto do The Room Club em Shibuya, um espaço de eleição para as sonoridades de fusão na música de dança japonesa. Outro dos destaques é o projecto Palms Trax, nome de guerra de Jay Donaldson, um DJ baseado em Berlim que se dedica ao house. Os bilhetes para o festival custam para os dois dias 680 HKD, no próprio dia 880 HKD. Os ingressos para um dia custam 480 HKD e para um dia 580 HKD. O campismo custa 300 HKD para quem levar a sua própria tenda.
“Arte Macau” vai ter eventos ao longo do Verão Hoje Macau - 3 Mai 2019 [dropcap]A[/dropcap] inauguração está marcada para o dia 6 de Junho, mas já arrancaram pré-eventos pela cidade que podem ser vistos pelo público em diversos locais. Até Outubro, a cultura vai estar nos museus, nas ruas, nos hotéis, para atrair residentes e turistas. “Arte Macau” é o nome do festival internacional de artes e cultura, que atravessa o Verão de Junho a Outubro, com uma série de eventos que incluem várias exposições, espectáculos, festivais internacionais juvenis e mostras de instituições do ensino superior. Este encontro de artes tem uma dimensão sem precedentes, que se propõe colocar Macau na rota do turismo cultural, contando para isso com o apoio da indústria de hotelaria e de entretenimento do território, refere a nota de imprensa do Instituto Cultural (IC), co-organizador a par da Direcção dos Serviços do Turismo (DST). No âmbito desta iniciativa, a inaugurar no dia 6 de Junho, também abre as portas a exposição “Arte Macau: Exposição Internacional de Arte”, no Museu de Arte de Macau (MAC) que é o principal local de encontro para o conjunto de eventos. A mostra reúne “um conjunto de obras valiosas de várias operadoras de estâncias turísticas e empresas hoteleiras, incluindo obras de pintura, cerâmica, escultura, instalações interactivas e multimédia, evidenciando, de forma diversificada, o fascínio das artes visuais contemporâneas”. E há mais A par desta exposição haverá eventos artísticos, espectáculos e outras mostras patentes em unidades hoteleiras e espaços de diversão, bem como instalações de arte ao ar livre ou noutros pontos de interesse na cidade, reunindo obras de arte antigas e contemporâneas de artistas chineses e estrangeiros. O destaque vai também para a temporada de concertos da Orquestra de Macau e da Orquestra Chinesa de Macau, o Festival Juvenil Internacional de Dança, o Festival Juvenil Internacional de Música, o Festival Juvenil Internacional de Teatro e outras actividades. Ao todo, estão previstos 31 programas, incluindo 18 exposições e 10 espectáculos de grande dimensão, os quais terão lugar em 33 locais por toda a cidade. Entretanto, estrearam já em Abril exposições, a título de pré-evento, como os “Desenhos da Renascença Italiana do British Museum”, a “Beleza na Nova Era – Obras-primas da Colecção do Museu Nacional de Arte da China”, ou “Reminiscências da Rota da Seda – Exposição de Relíquias Culturais da Dinastia Xia do Oeste”, no MAM. Sob o patrocínio da Secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura, a iniciativa “Arte Macau” conta ainda com a colaboração da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) e da Direcção dos Serviços do Ensino Superior (DSES).
Hong Kong | Arte multimédia revisita obra de Van Gogh Raquel Moz - 3 Mai 2019 É a exposição de arte multi-sensorial mais visitada no mundo e pode ser vista diariamente em Hong Kong. Chegou em Abril à baía de Kowloon e vai ficar por lá até ao dia 7 de Julho. Entrar dentro de quadros como “A Noite Estrelada” ou “Os Girassóis” era até aqui imaginação apenas. Agora é só dar um salto ali ao lado [dropcap]A[/dropcap] experiência de arte imersiva sobre um dos mais ilustres pintores holandeses está a dar que falar no vizinho território, depois de ter passado por mais de 40 cidades internacionais e atraído cerca de quatro milhões de visitantes em todo o mundo. “Van Gogh Alive” é como assistir em três dimensões às várias fases da obra do pintor, onde três mil imagens são projectadas nas paredes, colunas, chão e tecto, criando movimentos que se transformam através das galerias e transcendem a noção de tempo e do espaço. Poder estar dentro dos famosos quadros do pintor pós-impressionista é uma nova sensação para os visitantes, que se passeiam pelo “Campo de Trigo com Corvos”, as “Amendoeiras em Flor”, o “Quarto em Arles” ou a “Estrada com Cipreste e Estrela”, amplificados nos murais de LED com quase dez metros de altura. São mais de uma centena de telas que acompanham a vida e obra de Van Gogh, durante o período de 1880 a 1890, integrando as paisagens de Arles, Saint-Rémy-de-Provence e Auvers-sur-Oise, lugares onde se refugiou nos últimos anos de vida e onde criou os seus quadros mais icónicos. O clássico mundo das artes abre-se com este espectáculo às grandes audiências, saindo do espaço de silêncio dos museus, onde a distância de protecção entre o público e a obra não admite a proximidade aqui conseguida. Este novo conceito de arte, como experiência para as massas, é possível graças a um sistema de tecnologia único, o Sensory4, que permite combinar as imagens gráficas em movimento com sons de alta-fidelidade, através de canais múltiplos com qualidade de cinema, que são projectados em ecrãs gigantes de alta resolução. A dinâmica visual é o resultado desta experiência, com imagens incrivelmente detalhadas, num espaço saturado de cor e som, onde a cada canto se pode encontrar um novo ponto de vista ou um especial pormenor, nos conhecidos quadros do pintor que tantas obras-primas deixou, entre paisagens, naturezas mortas, retratos e auto-retratos, com orelha e sem orelha. Viagem pelo mundo A exposição chegou à FTLife Tower de Hong Kong, em Kowloon, no passado mês de Abril e vai ficar por lá até ao dia 7 de Julho. Entretanto, percorreu várias cidades como Madrid, Roma, Berlim, Atenas, Istambul, Moscovo, Varsóvia, Dubai, Singapura, Tel Aviv, São Petersburgo e, só no continente chinês, Xangai, Xiamen, Hangzhou ou Qingdao. Também em Lisboa, a exposição passou já pela Cordoaria Nacional, no verão de 2017. Em Hong Kong está em exibição de segunda a quinta, das 10h às 21h, sextas a domingos, ou feriados, das 10h às 22h. Os bilhetes custam 230 dólares de Hong Kong, por adulto, e 190 para menores de 15 e maiores de 65 anos.
Táxis | Assinado contrato para operacionalização de 200 licenças Hoje Macau - 3 Mai 2019 [dropcap]F[/dropcap]oi ontem assinado o contrato público para a operacionalização de 200 de licenças de táxi entre o Governo, representado pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, e a Companhia de Serviços de Rádio Táxi Macau S.A. De acordo com um comunicado oficial, as 200 licenças começam a operar a 1 de Dezembro deste ano e terão um prazo de oito anos. “De acordo com o contrato estipulado, o serviço dos 200 táxis especiais está isento de taxas de chamada, de hora marcada e de ausência”, além de que está prevista a entrada em funcionamento de mais 100 táxis especiais no quarto trimestre do presente ano. As 200 licenças estão sujeitas a regras de protecção ambiental, uma vez que devem ser utilizados automóveis ligeiros híbridos ou movidos a energia ecológica cuja lotação é igual ou superior a seis passageiros, disponibilizando, pelo menos, cinco táxis acessíveis e dez táxis de grande dimensão. Além disso, a companhia responsável deve, por iniciativa própria, introduzir dez táxis com facilidades de acesso para passageiros com mobilidade reduzida.
Construção civil | Salário médio aumentou 1,5 por cento no trimestre Hoje Macau - 3 Mai 2019 [dropcap]D[/dropcap]ados oficiais da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que os salários dos trabalhadores da construção civil aumentaram 1,5 por cento em termos trimestrais, o que significa que um rendimento mensal passou a ser composto por mais 763 patacas por dia, em média. O comunicado destaca que um trabalhador residente passou a ganhar mais 1.016 patacas diárias, em média, mais três por cento, enquanto que um não residente teve um aumento de apenas 624 patacas por dia, mais 0,3 por cento. Ainda assim, “eliminado o efeito inflação, no primeiro trimestre de 2019 o índice do salário real dos trabalhadores da construção (96,7) manteve-se no mesmo nível do trimestre anterior, enquanto o dos trabalhadores da construção residentes (97,6) desceu um por cento”, aponta a DSEC. Analisando por profissão, o salário diário médio do assentador de tijolo e estucador (730 Patacas), o do carpinteiro de cofragem (783 Patacas), o do montador de sistema de ar condicionado (853 Patacas), o do carpinteiro de acabamento (856 Patacas) e o do pintor (728 Patacas) subiram oito por cento, 3,4 por cento, 2,5 por cento, 1,5 por cento e 1,4 por cento, respectivamente, em termos trimestrais. Porém, o salário diário médio do instalador de alumínio/vidro (783 Patacas) e o do canalizador/montador de tubagens de gás (849 Patacas) desceram 3,6 por cento e 2,4 por cento, respectivamente.
MP | Agressor que matou idoso fica em prisão preventiva Hoje Macau - 3 Mai 2019 [dropcap]O[/dropcap] Ministério Público (MP) decidiu aplicar a medida de coacção de prisão preventiva a um homem que agrediu um idoso, causando-lhe a morte. De acordo com um comunicado do MP, o caso aconteceu “há dias atrás”, quando um homem, residente, bateu no avô da criança que tinha agredido o seu filho. “O filho menor (do arguido) tinha sido escoriado na cara por uma criança, do sexo masculino, tendo (o arguido) ido à casa da mesma pedir uma indemnização, o que não foi alcançado, e daí resultou a agressão com socos na cabeça do avô da criança, que foi transportado para o hospital e morreu após o socorro médico.” O MP considera que “o arguido agrediu outra pessoa por motivo fútil, o que resultou a sua morte, pelo que, a sua conduta enquadra-se na prática do crime de homicídio qualificado”, no âmbito do Código Penal. O objectivo da prisão preventiva pretende “evitar a fuga e a continuação da perturbação da ordem e tranquilidade pública” por parte do arguido.
Imprensa | Polytec perde recurso e fica sem compensação de jornalistas João Santos Filipe e Juana Ng Cen - 3 Mai 2019 Dois jornalistas tinham sido condenados a pagar 50 mil patacas à Polytec por danos à imagem da empresa, devido a vários artigos de opinião, mas o Tribunal de Segunda Instância alterou a decisão e considerou que não se provaram os danos [dropcap]O[/dropcap] editor do jornal Son Pou, Lei Kong, e o director, Chao Chong Peng venceram a Polytec e já não vão ter de pagar 50 mil patacas à construtora do Pearl Horizon, por danos à empresa. A decisão foi tomada ontem pelo Tribunal de Segunda Instância (TSI), que decidiu não haver fundamentos para considerar que os artigos de opinião publicados no jornal tinham contribuído para originar danos à imagem da empresa. Segundo o acórdão, que teve como juiz relator Chan Kuong Seng, foi considerado que o jornalista estava a escrever um artigo de opinião, e não uma notícia, mas que mesmo assim os comentários feitos não ultrapassaram o direito à opinião. Ficou igualmente dado como provado que o jornalista estava apenas a exercer o seu direito de opinião. Por esse motivo o tribunal dispensou o pagamento da compensação de 50 mil patacas que tinha sido definido na primeira instância. Esta foi uma decisão elogiada pelo advogado de Lei Kong e de Chao Chong Peng, Hong Weng Kuan pelos efeitos positivos que traz para a liberdade de imprensa e dos jornalistas. “Fiquei satisfeito com a decisão, mas acho que acaba por ser mais importante para todos os jornalistas”, disse em declarações ao HM. O HM tentou igualmente contactar o advogado Leonel Alves, representante de Polytec, mas sem sucesso até ao fecho da edição. Mudança de posição Quando foi tomada a primeira decisão, o Tribunal Judicial de Base considerou que tinha havido erros no artigo que tinham causado danos à empresa. “Mesmo num artigo de opinião, em que escreve como cidadão e não como jornalista, não deve escrever e fazer comentários que possam ofender as pessoas sem apurar a verdade. Foi escrito que a companhia tinha pedido para que a construção fosse aumentada de 25 para 50 andares, mas ficou provado que isso não foi verdade. São imputações que podem violar o princípio da boa-fé”, foi considerado na altura. No entanto, a decisão tomada agora pelo TSI vem dar razão a Lei Kong, que na sessão em que foi condenado a pagar uma indemnização à Polytec pelos danos à imagem da empresa abanou várias vezes a cabeça. A decisão afecta igualmente Chao Chong Peng, que apesar de não ter afirmado imediatamente após o primeiro julgamento a vontade de recorrer também acabou por fazê-lo. Em causa estiveram sempre artigos de opinião sobre o facto da Polytec não ter conseguido terminar o empreendimento do Pearl Horizon dentro do prazo da concessão, o que fez com que os compradores das fracções não pudessem receber as suas casas. A construtora defende que parte da culpa em todo o processo também está no lado do Governo, que não aprovou as licenças de construção a tempo.
Fundação Macau | Subsídios aumentam 65 por cento até Março Hoje Macau - 3 Mai 2019 [dropcap]A[/dropcap] lista de subsídios atribuídos pela Fundação Macau publicada ontem no Boletim Oficial (BO), e noticiada pela Rádio Macau, revela que os apoios aumentaram 65 por cento no primeiro trimestre, face a igual período de 2018, num total de 659,8 milhões de patacas. O Conselho das Comunidades Macaenses, por exemplo, recebeu 2,8 milhões de patacas para a organização do próximo Encontro das Comunidades Macaenses. A ANIMA, que tem vindo a deparar-se com uma grave situação financeira, recebeu 1,9 milhões para custear, em parte, as despesas de funcionamento este ano. Os apoios voltaram a ser elevados para o ensino superior privado, uma vez que a Fundação Universidade de Ciência e Tecnologia teve apoios de 282,5 milhões de patacas, cujo montante será destinado para as obras de construção do Edifício para Faculdade da Arte Humana. As verbas representam mais de 40 por cento do total de subsídios concedidos. Já a Fundação Universidade Cidade de Macau recebeu 54 milhões, enquanto a Fundação Católica de Ensino Superior Universitário, que gere a Universidade de São José, recebeu 3,8 milhões de patacas.
Ensino | Apenas 7% dos alunos de português em Macau são lusófonos Hoje Macau - 3 Mai 2019 [dropcap]M[/dropcap]ais de dois mil alunos frequentam no ensino superior, em Macau, cursos de língua portuguesa ou ministrados em português, sendo que apenas cerca de 7 por cento são de países lusófonos, segundo dados enviados à agência Lusa. Dos 2.051 estudantes matriculados em cursos de língua portuguesa ou ministrados em português, pouco mais de 1.900 são na esmagadora maioria naturais do território ou da China, de acordo com os dados fornecidos pela Universidade de Macau (UM), Universidade de São José (USJ) e Instituto Politécnico de Macau (IPM). A UM oferece nesta área um total de 13 cursos na Faculdade de Artes e Humanidades e cinco na Faculdade de Direito. Dos 1.117 alunos a licenciarem-se em Estudos Portugueses, 11 são de países de língua portuguesa, enquanto que dos 251 que estudam Direito 22 são oriundos de países lusófonos. O IPM tem cinco licenciaturas em português: Relações Comerciais Sino-Lusófonas, Administração Pública, Tradução e Interpretação Chinês-Português, Educação Internacional de Língua Chinesa e Língua Portuguesa. O número actual de alunos matriculados nesta instituição nos cinco cursos é de cerca de 600, dos quais perto de uma centena são de países de língua portuguesa. Já a USJ indica que dos 334 estudantes matriculados na Faculdade de Humanidades em cursos de língua portuguesa 326 são estudantes locais. A mesma instituição de ensino superior explica que actualmente não existem cursos em português na Escola de Educação e que os alunos são de Macau (cerca de 15, ao todo, de origem chinesa), mas salienta que esta vai abrir no próximo ano um curso de Pós-Graduação em Educação em Português.
Sin Fong | Empresa de Macau leva caso para tribunais de Hong Kong João Santos Filipe - 3 Mai 2019 A Companhia de Engenharia e Construção Weng Fok quer retirar a certificação ao laboratório CASTCO Testing Centre, depois da entidade ter feito um relatório em que responsabiliza a Weng Fok pelos problemas no edifício Sin Fong Garden [dropcap]A[/dropcap] Companhia de Engenharia e Construção Weng Fok levou o caso Sin Fong Garden para os tribunais de Hong Kong e contesta as conclusões do estudo realizado pela CASTCO Testing Centre, que lhe atribuiu as principais responsabilidades pelos defeitos de construção. A informação foi revelada ontem pelo jornal Ou Mun. De acordo com a Weng Fok, o laboratório CASTCO não tem as competências necessárias para fazer este tipo de análises, pelo que deveria ter visto a sua certificação revogada pelo Governo de Hong Kong. Por este motivo, num primeiro momento, em Junho do ano passado, a construtora de Macau apresentou uma queixa oficial junto do Hong Kong Laboratory Accreditation Scheme (HOKLAS) para que revogasse a certidão do laboratório CASTCO. Porém, após analisar a questão, em Fevereiro, o HOKLAS afirmou que não iria revogar a certidão porque a entidade cumpria com todos os requisitos necessários. O caso foi assim dado como fechado. Face à primeira nega, a Weng Fok recorreu aos tribunais e fez entrar um pedido no High Court of Justice para que a certificação do laboratório CASTCO seja revogada. Em Outubro do ano passado já o o director técnico responsável pela direcção de obras do edifício Sin Fong Garden, Joaquim Ernesto Sales, havia dito que estava a considerar levar a CASTCO e os três académicos envolvidos no estudo para os tribunais de Macau e Hong Kong. Nessa altura, Joaquim Ernesto Sales tinha indicado que os testes feitos à qualidade do betão tinham dois problemas: não respeitaram algumas normas de construção de Hong Kong, que normalmente são aplicadas na construção em Macau, e careciam do carimbo da entidade certificadora dos testes, a Hong Kong Accreditation Service (HKAS). Os académicos em causa são Albert Kwan, Peter Lee e Ray Su. Outro processo Este não é o único caso nos tribunais em que a Weng Fok está envolvida. Também em Outubro de 2015, o Governo da RAEM fez um pedido de indemnização contra as empresas Weng Fok, Tak Nang, Lai Si Kin e Kin Sun a exigir 12,8 milhões de patacas. Estes terão sido os custos pedido às construtoras do edifício e visam compensar o Executivo pelo montante gasto com as medidas para evitar o colapso do edifício adjacente, assim como o dinheiro gasto no relatório que agora é contestado. Os problemas no edifício Sin Fong Garden foram conhecidos em Outubro de 2012, depois de terem sido detectadas fissuras em pilares do segundo piso. Após a descoberta foi ordenada a evacuação da construção devido ao risco de derrocada, o que deixou mais de 100 proprietários fora das suas casas. No entanto, em Outubro do ano passado, as obras de reconstrução foram iniciadas e vão demorar dois anos e meio, com a Associação de Conterrâneos de Jiangmen a contribuir com um donativo de 100 milhões de patacas. O prédio, que vai manter os 30 andares, terá 144 apartamentos e 48 lugares de estacionamento, bem como um espaço comercial.
Dia do Trabalhador | Mais de 300 mil pessoas entraram em Macau Hoje Macau - 3 Mai 2019 [dropcap]D[/dropcap]ados do Corpo da Polícia de Segurança Pública (CPSP) revelam que entraram em Macau, esta quarta-feira, cerca de 326 mil pessoas, sendo que entraram mais de 183 mil turistas, o que representa um crescimento de 76,9 por cento. A fronteira das Portas do Cerco continuou a ser a mais procurada, onde se registou um movimento de 234 mil pessoas no dia 1 de Maio. Na ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau passaram cerca de 23 mil pessoas, enquanto que no aeroporto registaram-se 13 mil entradas.
Internet | Post sugere Macau como local para venda de vacinas Juana Ng Cen - 3 Mai 2019 [dropcap]U[/dropcap]ma publicação que circula nas redes sociais aconselha turistas do Interior da China a optar por visitar Macau, em vez de Hong Kong, devido ao preço e à acessibilidade em adquirir vacina contra o cancro no colo do útero. A notícia avançada pelo Apple Daily refere que uma internauta publicou um “livrinho vermelho” com sugestões, onde explica que em Macau os turistas podem obter as três injecções necessárias à inoculação, sem filas de espera, por 4000 renminbis, face aos 7000 dólares de Hong Kong pedidos na região vizinha. Outra das queixas mencionadas no Apple Daily prende-se com o serviço ao cliente nas lojas de cosméticos. “Os vendedores das lojas de cosméticos de Hong Kong maltratam-nos ou ignoram-nos sempre” comentaram alguns internautas do Continente, que descrevem fazer compras em Hong Kong como pagar para ser sofrer maus-tratos. Alguns internautas apontaram que “Macau é melhor, e que as pessoas são mais amigáveis.”
Falha de travões leva autocarro a quase a entrar em estabelecimento Sofia Margarida Mota - 3 Mai 2019 Não causou mortes nem feridos, mas o acidente em que um autocarro de turismo quase entrou no Café Rosa levantou questões de segurança. A proximidade do local do acidente com o Jardim de Infância D. José da Costa Nunes trouxe ao de cima preocupações entre a direcção da APIM [dropcap]U[/dropcap]m autocarro descontrolado embateu ontem, por volta das 9h30 da manhã, no café Rosa, na Avenida de Sidónio Pais, em frente ao Jardim de Infância D. José da Costa Nunes. De acordo com a Polícia de Segurança Pública (PSP), o acidente não fez vítimas mortais nem feridos e os estragos limitaram-se à parede exterior do estabelecimento de restauração. A bordo do veículo seguiam 43 turistas de nacionalidade japonesa. Segundo as autoridades, e tendo em conta as declarações do motorista, o acidente resultou de uma “falha do sistema de freio”. O condutor “é residente e profissional há muitos anos” e não acusou alcoolemia quando submetido ao teste. A PSP iniciou as diligências para apurar os factos. A proximidade do Jardim de Infância D. José da Costa Nunes fez soar alertas entre os encarregados de educação e de quem gere a escola. Para o presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), Miguel de Senna Fernandes, os autocarros deveriam ser submetidos a inspecções mais rigoristas e cumprirem regras mais apertadas, nomeadamente de velocidade. “Isto tem muito que ver com as inspecções dos veículos desta natureza”, começou por dizer ao HM. “São carros de grande porte que devem de ser submetidos a uma inspecção muito mais rigorosa”, acrescentou. O responsável alertou ainda para os limites de velocidade que devem ser mais apertados para este tipo de transporte, uma vez que a altas velocidades podem representar um perigo para a segurança pública. Para Miguel de Senna Fernandes as inspecções aos autocarros deveriam ter uma periocidade mais frequente do que exigida actualmente – uma vez por ano. “Não estamos a falar de veículos automóveis, estamos a falar de carros de grande porte que exigem um certo tipo de manuseamento, um certo tipo de perícia e naturalmente, de um certo tipo de controlo de velocidade”, justificou. Situação preocupante Apesar de não ter feito vítimas, “o certo é que aconteceu perto de escolas onde circulam para além dos normais peões, crianças”. O responsável pela APIM, que tutela o Costa Nunes, espera poder ter acesso ao relatório acerca das causas do acidente. “Estamos ainda a aguardar desenvolvimentos e um eventual relatório sobre o ocorrido. Não estamos em posição de exigir, mas era bom para sabermos o que efectivamente ocorreu”, disse. Estradas desadequadas Gilberto Camacho que se dirigia ao local de trabalho, o Jardim de Infância D. José da Costa Nunes, na altura em que o autocarro embateu no café, além de sublinhar a necessidade de mais inspecções nos veículos de transporte de passageiros, alerta para a inadequação das estradas do território ao aumento de tráfego. “As estradas não dão margem de erro: as faixas são estreitíssimas e os autocarros são cada vez maiores”, referiu. Uma moradora na zona do acidente, afirma peremptoriamente que “um autocarro não consegue dar bem aquela curva a não ser que vá muito devagar”. “Os autocarros vêm do túnel da Guia e não vêm a cinco à hora, querem despachar, querem apanhar o semáforo verde e acabam por ir em frente como aconteceu”, relatou. Para a residente é preciso mais contenção e rigor na condução.
MNE | Visita de Chui a Portugal visa tornar Fórum Macau mais operacional Andreia Sofia Silva - 3 Mai 2019 Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros português, garantiu ao HM que a visita do Chefe do Executivo de Macau a Portugal visa reforçar a “operacionalidade do Fórum Macau”, bem como as relações comerciais entre a RAEM e o país [dropcap]É[/dropcap] já na próxima semana, a 11 de Maio, que se realiza a última visita de Chui Sai On a Portugal na qualidade de Chefe do Executivo, e que termina no dia 19 deste mês. Numa resposta enviada pelo gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, ao HM, fica claro que a visita oficial, que acontece nas cidades de Lisboa e do Porto, se reveste de objectivos concretos. “Sendo esta a 6ª reunião da Comissão Mista, será também a terceira realizada durante o mandato deste Governo, o que demonstra bem a intensificação do nosso relacionamento. A relação desenvolve-se já num quadro de excelência, em que esperamos incrementar dois aspectos: as relações comerciais entre Portugal e Macau e a operacionalidade do Fórum Macau, que ainda não realizou plenamente o seu elevado potencial.” O funcionamento do Fórum Macau, criado há 15 anos, tem sido alvo de críticas por parte de algumas entidades oficiais, tanto chinesas como portuguesas. Isso mesmo deu conta o Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, que terminou ontem uma viagem oficial à China, com passagem por Macau. “Há o objectivo de dar mais força ao Fórum Macau: isso foi muito sentido em todos os encontros, nomeadamente no encontro com a delegação liderada pelo Presidente Xi Jinping”, afirmou. Na resposta ao HM, o MNE português adiantou também que a 6ª Comissão Mista Portugal-RAEM vai focar-se “nas relações económicas entre as duas partes, tendo em perspectiva as relações entre a China, Portugal e os demais países de língua portuguesa”, bem como “as relações nas áreas da língua, da cultura e da educação”. Além do circunstancial Chui Sai On deixa este ano o cargo de Chefe do Executivo da RAEM que desempenhou durante dois mandatos consecutivos. Numa altura em que as relações entre China e Portugal se estreitam cada vez mais, Augusto Santos Silva considera que o futuro das ligações à RAEM é risonho. “Não cabendo a Portugal pronunciar-se sobre a dinâmica político-institucional de Macau, uma coisa é certa: o relacionamento continuará a desenvolver-se porque não é meramente circunstancial, antes resulta de laços históricos e da vontade dos dois Estados em continuá-los e aprofundá-los.” Num comunicado enviado à comunicação social, o Governo de Macau adiantou que, na capital portuguesa, “o Chefe do Executivo será recebido, em audiência, pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e, mais tarde, pelo primeiro-ministro de Portugal, António Costa, com os quais trocará ideias a respeito da consolidação das relações de amizade entre Macau e Portugal e do reforço da cooperação bilateral”. No Porto será assinado “um memorando de entendimento para o quadro de cooperação na promoção de amizade” com a câmara municipal, presidida por Rui Moreira. Depois da assinatura, o Chefe do Executivo “será agraciado com as Chaves da Cidade, um alto galardão municipal”.
Ex-deputada Kwan Tsui Hang quer mais candidatos a Chefe do Executivo Juana Ng Cen - 3 Mai 2019 [dropcap]”E[/dropcap]spero mais candidatos, mais escolhas será melhor para o futuro de Macau.” As palavras são de Kwan Tsui Hang, ex-deputada, que falou ontem à margem da entrega de candidaturas da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) para membros da Colégio Eleitoral que irá eleger o próximo Chefe do Executivo. A ex-deputada e veterana dos operários enalteceu as qualidades de Ho Iat Seng, mas mencionou que, enquanto residente, gostaria de ter mais opções, acrescentando que o próximo Chefe do Executivo deve ser um estratega que consiga promover o desenvolvimento de Macau no âmbito da Grande Baía. O presidente da direcção da FAOM, Leong Wai Fong, espera que o próximo Chefe do Executivo tenha capacidade de gestão, considere e ouça as opiniões dos trabalhadores, melhore a Lei das Relações Laborais e elabore legislação que fixe o salário mínimo. Quando questionado se vai apoiar Ho Iat Seng, Leong Wai Fong referiu que enquanto presidente da Assembleia Legislativa, e membro do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, tem experiência e capacidade para ajudar ao desenvolvimento de Macau. Numa carta assinada pela direcção, a FAOM diz que o próximo líder do Executivo deve amar a pátria e Macau, ter a confiança do Governo Central e capacidade para governar. Não foram, ainda, divulgados os nomes dos candidatos propostos pela FAOM para integrar o sector do trabalho do Colégio Eleitoral.
Bairros antigos | Agnes Lam pede esclarecimentos ao Governo Hoje Macau - 3 Mai 2019 [dropcap]C[/dropcap]hui Sai On pode estar de saída do Governo em Dezembro, mas a deputada Agnes Lam quer garantias que a renovação dos bairros antigos fica preparada para o próximo líder do Governo avançar com os trabalhos. É este o conteúdo da última interpelação escrita da deputada, que foi divulgada ontem. “Quais são as mudanças que o Chefe do Executivo pretende implementar e que vão garantir que o próximo Governo pode continuar com o conceito e proceder à renovação urbana?”, questiona a legisladora. No mesmo documento, Agnes Lam fala da necessidade de resolver os problemas dos bairros antigos, principalmente na zona do Iao Hon e Porto Interior, e pede a Chui Sai On passos mais concretos neste diploma. “Neste momento, ainda não se sabe qual é o andamento dos trabalhos no projecto legislativo sobre a renovação urbana. Será que vai ser anunciado brevemente? E qual é o estado do progresso dos estudos sobre a renovação urbana?”, perguntou. Segundo Agnes Lam, existe uma grande necessidade de melhorar os bairros antigos, uma vez que as pessoas mais velhas e com deficiências são as que mais sofrem.
Pedido prazo mais curto para cancelar licenças de restaurantes Sofia Margarida Mota - 3 Mai 2019 Os proprietários de restaurantes fechados, que se situem dentro de hotéis, querem que o cancelamento das licenças de exploração por parte dos Serviços de Turismo seja mais rápido. De acordo com a proposta de lei que vai regular o sector, o cancelamento não pode ser efectuado durante o prazo de um ano caso exista um processo judicial em curso [dropcap]S[/dropcap]e o titular de uma licença de exploração de um restaurante ou bar, dentro de uma unidade hoteleira, deixar de exercer actividade e ainda assim tenha avançado com um processo judicial, a sua licença não será cancelada pelo menos durante um período de um ano. Este procedimento leva a que as rendas não sejam pagas aos proprietários ao longo do período de tempo em causa. A norma que faz parte da proposta de lei que vai regulamentar o funcionamento dos hotéis não agrada aos deputados da 3ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa. “Se o titular de licença disser que já apresentou uma acção judicial, então a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) não pode cancelar a licença e tem que aguardar pelo período de um ano”, explicou ontem o presidente da comissão, Chan Chak Mo, após mais uma reunião de análise do diploma na especialidade. Rendas em falta Este prazo é considerado por vários deputados como demasiado longo prejudicando os proprietários que durante esse período não recebem renda. “Existe um estabelecimento com portas fechadas e, neste momento, mesmo com portas fechadas, a licença continua válida mas o proprietário não pode arrendar esse estabelecimento a outra pessoa”, disse. “O prazo de um ano é bastante longo”, acrescentou. Em resposta, o Governo apontou que vai “ponderar reduzir este prazo”, ou seja, “mesmo se existir uma acção judicial, a DST poderá cancelar a licença e o proprietário já pode arrendar a loja a outra pessoa”, disse. No entanto, os deputados não sugeriram um prazo que pudesse ser aceite pelo sector. Caso não exista nenhum processo judicial em curso, a DST exige ao titular da licença a apresentação do certificado que lhes permite a exploração de actividade dentro de um prazo de 20 dias, após os quais, e caso não tenha recebido o documento, cancela a respectiva licença. “Com este novo mecanismo o proprietário pode comunicar à DST e dizer que o titular de licença não tem condições para explorar e dá um prazo de 20 dias para apresentar contraprova”. De acordo com Chan Chak Mo, estas medidas permitem “combater as questões dos arrendatários trapaceiros”. Na agenda dos deputados da 2ª comissão esteve também o registo dos clientes dos hotéis que terá que ser guardado por um período de pelo menos cinco anos. O objectivo é permitir o acesso das autoridades policiais e da própria DST, caso seja necessário. Os deputados querem esclarecer a necessidade de acesso aos dados à DST.
Função Pública | José Pereira Coutinho diz que fiscais são explorados Andreia Sofia Silva - 3 Mai 2019 [dropcap]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho interpelou o Governo sobre aquilo que considera ser uma situação de exploração dos fiscais dos serviços públicos. “Ao longo dos tempos temos vindo a receber cada vez mais queixas de fiscais de vários serviços públicos, nomeadamente do Instituto Assuntos Municipais, Instituto de Habitação ou em cargos equiparados como na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes ou Instituto Cultural, entre outros, alegando que têm de acumular cada vez mais tarefas de maior responsabilidade, sem, contudo, terem sido revistos os índices da tabela indiciária”. Pereira Coutinho nota ainda que “muitos fiscais, no exercício das suas funções, são alvo de insultos e ameaças, e não são poucos os casos em que têm de recorrer ao apoio das forças policiais”. “A maioria dos fiscais tem licenciaturas e muitos deles têm enorme experiência de trabalho, contudo são muito mal remunerados”, acrescenta o deputado. Contudo, há serviços públicos que tentam contornar a situação, uma vez que estão “conscientes das elevadas responsabilidades destes trabalhadores e preferem contratá-los como Adjuntos Técnicos, a fim de eliminar este tipo de exploração”. Neste sentido, José Pereira Coutinho questiona o Executivo sobre eventuais “alterações das carreiras de fiscais com a carreiras de inspectores, tais como aconteceu anteriormente com os fiscais da Direcção dos Serviços de Economia e outros serviços também com competências na área da inspecção”. “A médio prazo, que mecanismos efectivos vão ser introduzidos para que, de uma forma geral e idêntica, os fiscais dos serviços públicos sejam ressarcidos dos insultos e ameaças de que constantemente são objecto no exercício das suas funções”, questionou o deputado.