USJ | Finalistas do curso de Comunicação e Media mostram trabalhos Hoje Macau - 27 Mai 2019 [dropcap]C[/dropcap]hama-se “Emotion” e é o nome da nova exposição dos alunos finalistas do curso de licenciatura em Comunicação e Media da Universidade de São José (USJ). De acordo com um comunicado, a exposição visa mostrar trabalhos multimédia e será inaugurada no próximo dia 29, pelas 18 horas, na Galeria de Exposições Kent Wong, situada na USJ. A secção de vídeos será apresentada no Auditório Nossa Senhora de Fátima, na USJ, a partir das 19 horas do mesmo dia. “Emotion” tenta abranger o tema dos sentimentos intuitivos interpretados pela fotografia e produção de vídeo. A exibição vai estar patente até ao dia 10 de Junho de 2019. Os principais temas das obras centram-se no desejo, morte, representações abstractas da vida e conexões humanas, entre outros. “A exposição de fotografia mostra a visão criativa dos alunos na captação de imagens, adicionando mais profundidade aos seus trabalhos através da manipulação de fotos e tratamento técnico”, considera a USJ, enquanto que “a instalação de vídeos mostrará uma série de documentários de curta metragem que abordam assuntos envolvendo a psique humana, incluindo a interacção interpessoal com a comunidade e as novas tecnologias”.
João Oliveira estudou o humor na literatura macaense Andreia Sofia Silva - 27 Mai 2019 João Oliveira apresentou esta semana, em Lisboa, a palestra “Humor e língua na literatura em crioulo de Macau”, resultado da sua tese de mestrado. O autor estudou a obra de José dos Santos Ferreira (Adé) e Leopoldo Danilo Barreiros, sem esquecer o trabalho do grupo teatral Dóci Papiaçam di Macau. O académico encontrou muita auto-crítica à condição macaense e uma demarcação daquilo que é chinês [dropcap]A[/dropcap] literatura macaense dos primórdios do século XX está marcada por uma fina ironia daquilo que é ser macaense, com laivos fortes da cultura portuguesa e um total afastamento face ao que é chinês. João Oliveira, mestre pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), apresentou, esta semana, uma palestra dedicada ao humor presente nas obras de autores como Leopoldo Danilo Barreiros ou José dos Santos Ferreira, também conhecido por Adé. Dentro da contemporaneidade, João Oliveira não esqueceu o trabalho desenvolvido pelo grupo teatral Dóci Papiaçam di Macau, dirigido por Miguel de Senna Fernandes. Em entrevista ao HM, o académico diz ter encontrado nos textos literários de Barreiros e Adé uma auto-crítica face ao que é ser macaense, mas de uma forma não ofensiva. “Na altura existia auto-humor, digamos assim. Os macaenses brincavam sobretudo com eles próprios, com a sua cultura, muitas das vezes diminuindo-se de uma forma que, para quem lê, não é verdadeiramente para inferiorizar.” Neste sentido, a língua portuguesa surge como um idioma elegante e formal, ao contrário do patuá. “Os macaenses brincam muito com eles próprios e com o elemento português, que muitas vezes é visto como o elemento supra cultural. As personagens, tal como a própria língua portuguesa, são representadas com alguma hiperformalidade, pois vista como uma língua muito formal e pouco natural no dia-a-dia, enquanto que a língua e as personagens de Macau são identificadas de forma contrária.” Para João Oliveira, “o crioulo macaense é visto como uma língua muito coloquial”, e nas obras literárias “as personagens são pouco sofisticadas e isso aparece sobretudo nas personagens mais velhas”. “Embora haja uma falta de cultura, ao mesmo tempo há um certo saudosismo por um Macau passado que se perdeu sobretudo nas últimas décadas, com o crescimento económico e a globalização”, acrescentou o académico. Se o português era a língua de excelência e o patuá caía para segundo plano, o chinês nem tinha direito a referência nas obras humorísticas em crioulo de Macau. “Parece-me que o elemento chinês é bastante ignorado, talvez como uma tentativa de resistência e de demarcação. Há um sentido humorístico até um pouco insultuoso, pois a maior parte das vezes os termos chineses estão ligados a insultos ou a nomes que poderiam ser entendidos como tal.” Para não desaparecer Depois do falecimento de Adé e de Leopoldo Danilo Barreiros, não se voltou a escrever humor em Macau da mesma maneira, pelo menos em patuá. João Oliveira não tem dúvidas de que, se não fosse o trabalho de Miguel de Senna Fernandes com os Dóci Papiaçam di Macau, o humor em crioulo já teria desaparecido. “Talvez como resposta à globalização que se torna cada vez mais evidente, parece-me que os Dóci surgem porque o humor e a cultura literária macaense estava e está em declínio. Como vivemos numa altura em que parece haver uma cada vez maior homogeneização da cultura, acho que os Dóci surgem para tentar que esta minoria não seja engolida pela modernidade e pela China.” Os Dóci Papiaçam Di Macau acabam por se inspirar nestes textos do século XX, mas com as devidas mudanças impostas pelo tempo. “Há uma grande continuidade das obras mais antigas que falei. Parece-me evidente que Miguel de Senna Fernandes, quando começa por estudar os textos já existentes não faz uma quebra brutal mas sim algumas adaptações mais modernas.” Este modernismo também se nota nos vídeos produzidos, nota o académico. Em nome da modernidade, os textos de Miguel de Senna Fernandes já abordam mais o universo chinês. “Nos textos literários surge muito mais o universo português referenciado, e as personagens chinesas, que na altura seriam muitas em Macau, são ignoradas. Surgem mesmo nos textos denominações de origem chinesa, de pessoas, para insultar uma criança, um rapaz de rua, ou para insultar uma mulher vã, por exemplo. Essa presença não vemos nos vídeos dos Dóci.” Neles “existe uma maior presença do elemento chinês que estava completamente ausente dos textos literários e que começa a aparecer nos vídeos, não num sentido tão negativo”, concluiu João Oliveira. Para o académico, “Miguel de Senna Fernandes é, além de um artista, um académico que estuda o crioulo de Macau e que tenta preservá-lo”.
Homicídio | Autoridades detiveram dois suspeitos Hoje Macau - 27 Mai 2019 [dropcap]A[/dropcap] Polícia Judiciária (PJ) revelou a detenção de dois indivíduos que alegadamente estiverem envolvidos nos esfaqueamentos de 18 de Maio, que resultaram numa vítima mortal e em mais três feridos. As detenções foram feitas pelas autoridades de Zhuhai e anunciadas no sábado. Além dos dois detidos, existem outro dois suspeitos identificados que se encontram em fuga. Entre os detidos estará o principal suspeito do homicídio. Segundo a explicação oficial na origem dos desacatos que terminaram em esfaqueamento está uma disputa relacionada com dois grupos ligados à prostituição. A arma do crime tinha uma lâmina com cerca de 8 centímetros.
Four Seasons | Dois homens roubam 3,1 milhões em cinco minutos João Santos Filipe - 27 Mai 2019 No dia anterior ao assalto, um dos homens tinha estado na área de jogo vestido de mulher a estudar a melhor estratégia para o golpe. Na sequência do roubo, foram detidas quatro pessoas, todas do Interior da China [dropcap]D[/dropcap]ois homens roubaram na sexta-feira, por volta das 4h22 da manhã, 3,1 milhões de dólares de Hong Kong em fichas de jogo do casino Plaza no Hotel Four Seasons. A façanha foi alcançada com recurso a spray pimenta e terá demorado entre três a cinco minutos. Contudo, os homens acabaram detidos no dia seguinte, já em Zhuhai. Além disso, foram igualmente presos uma mulher e outro homem, em Macau, por terem guardado as fichas do assalto, que foram totalmente recuperadas. O caso aconteceu na sexta-feira quando os dois homens atacaram com spray pimenta um segurança e um croupier, no segundo andar do casino numa zona de apostas de valor elevado, e conseguiram fugir com 31 fichas de jogo, cada uma com o valor de 100 mil dólares de Hong Kong. Os homens saíram depois do Four Seasons e apanharam dois táxis diferentes, sem terem deixado rasto. Houve seguranças do espaço gerido pela Sands China que ainda correram atrás dos indivíduos, mas quando chegaram à rua só tiverem tempo de observá-los a deixar o casino. O alerta às autoridades foi dado pouco depois, passados 10 minutos do roubo, mas já não houve tempo para se montar uma perseguição imediata. Foi já no sábado, pouco depois da meia-noite, que a Polícia Judiciária (PJ) marcou uma conferência de imprensa para anunciar a detenção de quatro pessoas ligadas ao caso. Os envolvidos são todos do Interior da China e dois já tinham atravessado a fronteira, tendo sido presos pelas autoridades de Zhuhai. Vestido de mulher Segundo a informação revelada pela PJ, a operação do duo tinha começado a ser planeada ainda na quinta-feira. Nessa altura, um dos suspeitos vestiu-se de mulher e andou pela zona de jogo daquele casino a estudar a possibilidade de levar as fichas e fugir com sucesso. Quanto ao gás pimenta ainda está a ser investigada a proveniência. As autoridades revelaram que após a fuga, os indivíduos estiveram durante algumas horas em Macau e aproveitaram para trocar de roupas e a andar em diferentes transportes públicos, com o objectivo de despistar a polícia, caso fossem seguidos pelas imagens de videovigilância. Só depois é que atravessaram com sucesso a fronteira para Zhuhai, onde acabariam detidos. Enquanto estavam no território os principais criminosos conseguiram ainda entregar as fichas roubadas a uma mulher, que tinha arrendado um hotel no Cotai. Esta cúmplice foi detida em Macau pela PJ e é alegadamente a namorada de um dos principais ladrões e teria como missão trocar as fichas por dinheiro, que seria depois repartido. Já o outro homem viu-se envolvido por também ter guardado algumas das fichas do assalto, uma vez que estava no hotel com a mulher. Segundo o jornal Ou Mun, o caso já foi reencaminhado para o Ministério Público, e os dois principais suspeitos vão responder pela prática dos crimes de roubo, cuja penalização pode ir de 1 a 10 anos de prisão, pelo crime de armas proibidas e substâncias explosivas, castigado com pena de prisão de 2 a 8 anos, e ainda por ofensa grave à integridade física, punido com 2 a 10 anos de prisão. Já a mulher e o terceiro homem terão de responder por estar na posse do dinheiro roubado, o que constitui o crime de receptação e é punido com uma pena que pode chegar aos 5 anos. Segurança reforçada O caso ganhou especial relevância uma vez que aconteceu dois dias depois de responsáveis da PJ, Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) e a equipa de segurança da Sands China ter estado reunida. Na altura ficou acordada a criação de um mecanismo mais eficaz de comunicação e colaboração aquando a prática de crimes. Esta tinha sido uma forma de responder aos eventos do fim-de-semana anterior, quando um homem foi encontrado morto debaixo de uma passagem aérea exterior do Four Seasons, depois de uma rixa que resultou no esfaqueamento de quatro homens. Por isso, logo na sexta-feira a DICJ voltou a marcar uma nova reunião com as operadoras para transmitir a mensagem sobre “a necessidade de assegurar boas condições de segurança nos casinos”, nomeadamente no que diz respeito “à verificação integral das medidas de segurança implementadas, bem como prestando activa colaboração com os agentes policiais”.
Saúde | Doenças de declaração obrigatória subiram 30 por cento Hoje Macau - 27 Mai 2019 [dropcap]A[/dropcap] influenza e a infecção por enterovírus foram responsáveis pelo aumento de 30 por cento dos casos declarados nos serviços de Saúde, em 2018. 5 984 foram de influenza representando um crescimento na ordem dos 45,6 por cento, em relação a 2017, seguida pela infecção por enterovírus com 4 246 casos – num aumento de 25 por cento, em termos anuais. Também em altas estiveram os casos da varicela que subiram de 697 em 2017 para 745 em 2018. No ano passado foram registados 37 novos casos de HIV, mais quatro do que no ano anterior, somando um total de 667 pessoas infectadas até ao final de 2018.
São Januário | Alvis Lo novo director clínico Hoje Macau - 27 Mai 2019 [dropcap]O[/dropcap] médico Alvis Lo Iek Leong vai ser o novo Director de Clínico do Centro Hospitalar Conde de São Januário, sucedendo a Mário Évora. A informação foi revelada pelo Canal Macau na sexta-feira e surge na sequência da aposentação de Mário Évora da posição. O novo director não quis comentar a situação, ficando a aguardar uma publicação oficial sobre o assunto. Alvis Lo Iek Leong é actualmente coordenador do Centro de Avaliação e Tratamento da Demência e pelo Centro de Geriatria. Desempenha igualmente funções como assessor do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam. Já Mário Évora vai continuar a desempenhar as funções de médico cardiologista.
BNU | Presidente aposta nas PME, jovens e na maior envolvência bancária Hoje Macau - 27 Mai 2019 Numa entrevista concedida à agência Lusa, o presidente do Banco Nacional Ultramarino, Carlos Álvares, falou das oportunidades que o projecto da Grande Baía representa e fala das iniciativas do banco para os próximos anos [dropcap]O[/dropcap] presidente do BNU em Macau disse à Lusa que as suas prioridades são a aposta nas Pequenas e Médias Empresas (PME), nos jovens e tornar-se o principal banco para mais clientes. Carlos Álvares frisou também que o BNU “tem 240 mil clientes”, mas é o principal banco para 25 ou 30 mil clientes, “o que significa que a operação pode ser bem mais rentável”, já que o principal banco de cada cliente “congrega 70 por cento dos movimentos”. Na entrevista na sede do BNU, o banqueiro disse ainda que outra das prioridades para o resto do mandato passa por estar mais próximo das PME: “Há sete mil empresas que trabalham connosco do lado dos depósitos, mas temos de estar mais próximos do lado do crédito, o que não é fácil porque os nossos padrões são os europeus e portugueses”. Em causa está a diferença que é feita na avaliação financeira das empresas na Europa e em Macau: “Os padrões europeus [de análise de risco das empresas] estão muito baseados no fluxo de caixa e aqui há uma tendência para o crédito ser baseado nas garantias reais, há um planeamento fiscal bastante forte por parte das micro e médias empresas e isso não reflecte nos seus números a boa realidade que têm, o que é limitador da capacidade de receberem crédito”. Para Carlos Álvares, o facto de haver esta diferença “é uma pena, porque essas pequenas empresas podiam transformar-se em médias e as médias em grandes se pudessem aproveitar o facto de ter mais crédito, que seria baseado em números e não em hipotecas”. Outra das grandes apostas para os próximos trimestres passa pela aproximação ao mercado dos jovens. “Temos de estar mais próximo dos jovens, temos quotas de mercado muito interessantes nas pessoas acima dos 40 anos, mas muito baixas nas pessoas abaixo de 25 anos, o que quer dizer que temos de ir bater à porta dos pais e dos avós dos miúdos a dizer que há aqui uma casa fantástica”, concluiu o banqueiro. A Grande Baía No que diz respeito à área da integração regional, Carlos Álvares vincou que o projecto da Grande Baía “é um mar de oportunidades para quem quiser vir para Macau; um dos pilares é Macau ser o centro mundial de lazer, e o segundo é ser uma plataforma de negócios entre a China e os países de língua portuguesa”. Nesse sentido, “o BNU pode ser um congregador de esforços e um potenciador de negócios entre Portugal e Macau e a China, e estamos investir bastante nisso; para além da proximidade que temos com o Fórum Macau, estamos a tentar fazer o mesmo com a AICEP e a agência de captação de investimento de língua portuguesa, para mostrar as oportunidades de negócio na Grande Baía”, acrescentou o responsável. “A Grande Baía inclui cinco por cento da população chinesa, mas vale 11 ou 12% do PIB e um terço das exportações chinesas”, vincou o banqueiro, acrescentando que, como o BNU é detido a 100% pela Caixa Geral de Depósitos, está em todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, com uma quota de mercado significativa. “Infelizmente, conta-se pelos dedos as empresas portuguesas na China, mas uma coisa é ir para a China, que é um mundo, e outra coisa é vir para a Grande Baía, que é uma zona com 70 milhões de habitantes com um potencial de compra muito grande e que pode ser geradora de uma miríade de negócios”, salientou o antigo presidente do Banco Popular. Macau, concluiu, “poderia ser uma boa porta de entrada, até porque um dos pilares de desenvolvimento de Macau é ser uma plataforma de negócios entre Portugal e os países de língua portuguesa, e a China” e, neste contexto, “o BNU pode ser uma ajuda preciosa para essas empresas se instalarem aqui, tendo a facilidade da língua, fazendo o banco a ponte entre o Ocidente e o Oriente de forma bastante simplificada”. Na entrevista, Carlos Álvares referiu ainda que a campanha de recolha de donativos para ajudar as vítimas do ciclone Idai em Moçambique reuniu 300 mil patacas.
Porto Interior | Barragem de Marés dependente de pareceres especializados Sofia Margarida Mota - 27 Mai 2019 [dropcap]A[/dropcap] consulta pública de impacto ambiental já está feita, o projecto já tem uma maquete, mas não há ainda qualquer agenda nem para a divulgação de dados de viabilidade, nem para o início de obras. A ideia foi deixada, na sexta-feira, pelo presidente do Conselho de Planeamento Urbanístico, Li Canfeng, após a apresentação da maquete da Barragem de Marés do Porto Interior de Macau aos membros do organismo. “Não há ainda qualquer data para o início da construção disse”, acrescentando que os estudos de viabilidade que estão a decorrer também não têm agenda. “Estamos à espera dos resultados dos pareceres especializados que são feitos com entidades do Governo Central”, justificou. No entanto, é desejo de Li Canfeng que as obras tenham início ainda este ano. A barragem localiza-se na foz do canal de Wanzai que separa a Península de Macau e a cidade de Zhuhai. O padrão da concepção do projecto consiste na prevenção de inundações nos próximos 200 anos face a marés altas que possam atingir até 3,87m. A estrutura terá uma largura de 300m e as respectivas instalações consistem em comportas de escoamento, comportas de navegação, estações elevatórias, comportas de embarcações de emergência e áreas de gestão. No total, a barragem terá 300 metros de largura, que se dividem em 180 metros para as comportas de escoamento e 120 metros para as comportas de navegação. As estações elevatórias vão ter uma capacidade de drenagem de 43 metros cúbicos por segundo e vão consumir 2 520 quilowatts de energia eléctrica. A estrutura deve assegurar a navegação de embarcações de categoria de mil toneladas.
CPU | Aprovação de plantas sem Plano Director causa polémica Sofia Margarida Mota - 27 Mai 2019 A aprovação de uma planta para a Ilha Verde sem a existência de um Plano Director Municipal foi alvo de polémica na última reunião plenária do Conselho de Planeamento Urbanístico. Chan Tak Seng defendia uma paragem no processo de aprovação enquanto outros membros argumentavam que a espera por um Plano Director representa um atraso no desenvolvimento local [dropcap]A[/dropcap] ausência de Plano Director Municipal para o planeamento de Macau esteve, na passada sexta-feira, no centro da discussão na 3ª reunião plenária do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU). A questão foi levantada pelo membro Chan Tak Seng na apresentação de uma planta que prevê a construção de um edifício com 50 metros de altura num terreno na área da colina da Ilha Verde. Apesar da maioria dos membros concordar com a planta, Chan mostrou o seu desagrado em relação à altura do edifício, defendendo que este tipo de projectos não deveriam ser aprovados enquanto não existir o Plano Director Municipal. “Ainda não temos um plano director pelo que questiono se há condições para aprovar a planta. Acho que não se deve fazer este tipo de preservação”, disse, referindo-se ao parecer vinculativo do Instituto Cultural (IC) que aprova o projecto desde que sejam preservados os elementos de património presentes no terreno – um posto militar e um muro que fez parte de uma antiga fábrica de cimento. Em resposta, o presidente do CPU, Li Canfeng, argumentou que se não houvesse condições para discutir o planeamento urbano de Macau sem um Plano Director, então todas as outras plantas aprovadas seriam em vão. “Se não temos condições para discutir esta planta de condições por falta de Plano Director, então também não temos condições para discutir as outras”, disse após terem sido aprovadas mais de dez plantas até ao momento desta discussão. Paulo Tsé sublinhou os inconvenientes da suspensão da aprovação de plantas enquanto não existir um Plano Director. “Não havendo um plano director não podemos ficar de braços cruzados senão nos próximos anos não temos qualquer desenvolvimento. Não falamos só de economia, mas para o bem da população, para o desenvolvimento geral. Esta planta está de acordo com as regras e não vale a pena continuar com obstáculos para parar este projecto”, disse. Horizonte em questão Chan Tak Seng apoiou a defesa do património existente no terreno imposta pelo IC, mas questionou a obstrução da paisagem com o edifício de 50 metros de altura. “Têm que preservar o património, mas como vai ser o horizonte com o edifício de 50 metros? Acho que se deve baixar a altura máxima permitida para o edifício. A colina tem 54 metros, isto é razoável?”, insistiu. A vice-presidente do IC, Leong Wai Man, apontou que o organismo considerou o espaço de forma a que a colina da Ilha Verde continue a integrar a paisagem daquela zona, nomeadamente no que respeita “ao corredor visual a partir da parte norte do Fai Chi Kei”. Já Li Canfeng, salientou que “não se pode fazer uma protecção de toda a linha do horizonte em 360 graus”, sendo que há o cuidado de proteger ângulos com maior visibilidade”. Para o deputado e membro do CPU, Wu Chou Kit, mais importante do que debater a altura deste edifício e a planta do terreno a que pertence, é saber como conjugar este projecto com a área envolvente tendo em conta a abertura prevista para este ano do posto fronteiriço de Qing Mao. “Temos de pensar aquando da concepção, como podemos conjugar o projecto com as instalações à volta”, começou por referir. “Prevejo que o posto fronteiriço de Qing Mao abra uma nova fase de desenvolvimento de Macau naquela zona e este projecto também tem de ser pensado e ponderado de acordo com o futuro desenvolvimento daquela área e a protecção do património”, acrescentou referindo-se à salvaguarda do posto militar que ocupa o terreno e do muro que faz menção a uma das primeiras fábricas de cimento do território.
Olhos no Céu | Lam Lon Wai elogia resultados do programa de videovigilância João Santos Filipe - 27 Mai 201927 Mai 2019 [dropcap]O[/dropcap] deputado Lam Lon Wai defende os resultados alcançados pelo programa Olhos no Céu, que envolve instalação de câmaras de videovigilância ao longo da ruas da cidade, e quer saber quando é que as autoridades finalizam o projecto para as fases números cinco e seis. Actualmente o Governo está a trabalhar na quarta fase do programa e no futuro anunciou a vontade de ter uma quinta e sexta. “Enquanto um meio importante do policiamento inteligente, o sistema Olhos no Céu alcançou resultados assinaláveis no auxílio da prevenção e combate à criminalidade” afirmou Lam. “Quando é que o Governo vai fazer as avaliações necessárias sobre o planeamento, eficácia e supervisão do sistema Olhos no Céu?”, questiona. Na mesma interpelação, a legisladora alerta também para que apesar do ambiente ao nível da criminalidade continuar estável, haver mais desafios do anteriormente devido ao desenvolvimento de novas tecnologias. Ao mesmo tempo, Lam Lon Wai chama a atenção para a entrada de mais turistas com a abertura da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e dá como exemplo o caso do polícia que teve de disparar uma arma de fogo para o ar, depois de ser atacado por turistas que fumavam numa área proibida. “O aumento recente do número de casos criminais e o recente episódio com disparos, preocupam a opinião pública, as comunidades e até a indústria do turismo. A imagem de Macau como centro de turismo sofreu com isso”, sublinha. “O que é que a polícia pode fazer para reforçar os seus meios de execução da lei e investigação, que vão ser desafios a longo prazo?”, questiona.
ATFPM | Dirigentes foram pedir casas e aumentos a Sónia Chan João Santos Filipe - 27 Mai 2019 José Pereira Coutinho liderou a comissão da associação de trabalhadores da função pública que esteve reunida com a secretária da Administração e Justiça. A questão da habitação e dos salários dominou o encontro, mas o controlo dos funcionários através de videovigilância também não foi esquecido [dropcap]A[/dropcap] construção de habitação para os funcionários públicos foi a principal prioridade da direcção da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), durante o encontro de sexta-feira com a secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan. Depois de José Pereira Coutinho ter sido eleito para mais um mandato à frente da ATFPM, que se vai prolongar até 2021, o também deputado esteve reunido com a representante do Governo e voltou a insistir na necessidade de serem construídas casas para os funcionários públicos. No âmbito desta reunião, Sónia Chan terá explicado aos dirigentes da associação que já foi concluído um estudo sobre as habitações para os funcionários públicos e que os resultados foram inclusivamente apresentados ao Chefe do Executivo, Chui Sai On. No final do encontro, a ATFPM emitiu um comunicado assinado pelo dirigente máximo da direcção, a apelar para que os trabalhos arranquem o mais depressa possível: “O Presidente da Direcção [José Pereira Coutinho] espera que o Senhora Chefe do Executivo tome uma decisão o mais rápido possível para se iniciar os procedimentos necessários à construção das habitações”, foi escrito. Outra das questões abordadas foi a eliminação das carreiras da função pública de índice 195 que passarão a assumir um índice de 260. Segundo a informação da ATFPM, os funcionários que actualmente recebem 17.160 patacas por mês vão passar a auferir de 22.880 patacas. “A titular do principal cargo da Administração e Justiça anunciou que será apresentada ainda este ano uma proposta legislativa para a junção das categorias 195 e 260”, foi revelado. Em relação a este aspecto das categorias da Função Pública, a ATFPM pretendia que a carreira actualmente com 350 pontos, ou seja com um salário que ronda os 30.800 patacas fosse eliminada e que esses profissionais assumissem um índice de 430, ou seja 37.840 patacas. Neste capítulo a ATFPM disse não haver novidades. Médicos e enfermeiros Ainda no que diz respeito aos salários da Função Pública, a ATFPM diz que os índices remuneratórios do pessoal da linha da frente, como fiscais, condutores e auxiliares, vão ser revistos. Porém, a direcção liderada por José Pereira Coutinho defende que também os médicos de clínica geral e os enfermeiros deveriam ter os ordenados revistos em alta. Além destes assuntos, no encontro foi igualmente discutida a contratação de trabalhadores não-residentes para exercerem funções dentro dos serviços públicos, a injecção de capital no Fundo de Pensões para assegurar a sustentabilidade e o controlo dos trabalhadores dos serviços através das câmaras de videovigilância colocadas nos edifícios.
Eleições UE | Adesão de eleitores locais triplicou em relação a 2014 Raquel Moz - 27 Mai 2019 Apesar da chuva que se fez sentir com grande intensidade durante a parte da manhã, a afluência às urnas triplicou, face a 2014, com 664 eleitores locais a marcarem presença no Consulado [dropcap]A[/dropcap]inda sem resultados definitivos quanto aos votos de Macau para o Parlamento Europeu em 2019, a afluência às urnas neste fim-de-semana rendeu 664 votos, mais do que na última eleição europeia de 2014, em que apenas 222 boletins foram inseridos nas urnas locais. Até ao encerramento da edição deste jornal, apenas eram conhecidos os resultados de uma secção de voto em Macau, com o PS à frente com 56 votos, o PSD com 48 e o BE com 21. Os eleitores portugueses recenseados no território puderam votar no Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, durante o fim-de-semana, entre 8h e as 19h de sábado ou de domingo. No final do primeiro dia tinham votado 280 eleitores, os restantes 384 optaram por exercer o seu dever cívico ontem. Na manhã de domingo, que começou com forte temporal, apenas 84 pessoas haviam votado até à hora do almoço (12h30). O período de maior afluência dos portugueses às urnas aconteceu durante a tarde, quando o tempo melhorou, comparecendo então mais três centenas de eleitores. Estes não são, todavia, os números definitivos, hoje será conhecida apenas a soma das secções de voto 1 e 2, que correspondem à quase maioria dos eleitores locais. A secção 3, que conta com votos locais e votos vindos de outras regiões asiáticas, ainda está por fechar, devendo os resultados ser conhecidos a meio desta semana. “O apuramento da secção 3 não vai ser realizado hoje [ontem], porque inclui votos de outras secções de voto noutros países”, nomeadamente os votos da Coreia do Sul, já que “a secção de voto que temos na Embaixada de Portugal em Seul tem menos de cem eleitores e, nessa medida, por lei não pode fazer uma contagem autónoma dos votos, que têm que ser enviados aqui para Macau, por correio registado. Portanto, só na segunda ou terça estarão cá, devendo ser divulgados na quarta-feira”, afirmou ontem o Cônsul-Geral de Portugal para Macau e Hong Kong, Paulo Cunha Alves, que acompanhou de perto todo o acto eleitoral. Com um universo de 71 mil eleitores locais inscritos para ir ontem às urnas, por oposição aos 11 mil recenseados em 2014, que se devem às novas regras de recenseamento automático do cartão de cidadão, o número de portugueses que se deslocaram ao local de voto em 2019 foi, por comparação, de mais quase quatro centenas e meia. Várias gerações exerceram o seu direito, contando também com portugueses de etnia chinesa, a maioria dos quais preferiu não fazer declarações à imprensa, “por causa do meu português não ser muito bom”. Já o Cônsul-Geral destaca o interesse manifestado pelas questões europeias, mesmo estando noutro continente. “Pelo que tenho percebido, apesar de estarmos geograficamente distantes da Europa, as pessoas estão atentas ao que se passa na Europa e lêem artigos nos jornais e online. Hoje em dia não se pode dizer que, por se estar longe, não se tem informação. As pessoas quando querem têm informação e, prova disso, é que nestas eleições têm aparecido aqui para votar pessoas com nacionalidade portuguesa, mas de etnia chinesa, o que eu acho interessante. Significa que, mesmo aqui em Macau, começa a haver um certo interesse pelas questões europeias e pela participação cívica”. As actuais preocupações com a instabilidade política do velho continente e o aumento dos movimentos extremistas têm sido também seguido pelos cidadãos locais. “A Europa está num momento de viragem, com acontecimentos importantes, como o Brexit, que está a decorrer há três anos e nunca mais é concluído. Todos nós esperamos que venha a ser concluído, com um acordo, de forma a que as condições sejam devidamente estabelecidas e possam ser cumpridas depois desse acordo. Com a demissão da Primeira Ministra britânica [anteontem], julgo que isso ainda vem chamar mais a atenção dos eleitores para as questões europeias”, comentou também o diplomata. À hora de almoço O economista Albano Martins, há décadas radicado no território, cumpriu ontem o acto eleitoral ao fim da manhã, algo que devia ser para todos uma prioridade, “nem que seja apenas para votar em branco”. “Nós defendemos a democracia e não as ditaduras, por alguma razão. Neste momento, a única base para a existência de democracias é toda a gente poder ter o direito, e o dever, de dizer sim ou não ao que se está a passar. Se abdicarmos desse nosso dever – eu coloco dever primeiro e direito depois! – estamos a criar uma democracia que acaba por ser uma tirania, como qualquer outra ditadura. Por isso é que os populismos baratos conseguem proliferar, aqueles que vivem à custa de se aproveitarem da miséria do povo. Tudo isto é preocupante, sobretudo numa Europa que já esteve envolvida em duas Grandes Guerras”, comentou. Também para Teresa Mousinho, há vinte e cinco anos a residir no território, “as eleições para o Parlamento Europeu são de uma importância extrema”. O caminho que a Europa está a tomar é inquietante, “talvez porque não haja tanta participação para se poder impedir esses extremismos. De qualquer forma, temos que aceitar o sentido dos votos, e tentar melhorar participando cada vez mais, para que haja um equilíbrio maior. O que estamos a assistir nesta altura, no mundo inteiro, diz-nos que temos que fazer alguma coisa, dar o nosso contributo”. A geração mais jovem também passou pelo Consulado Geral. Ricardo Mota, que ao todo está em Macau há 15 anos, com interrupções, veio com a família “porque é importante participar, mesmo estando do outro lado do mundo, somos portugueses”. Quanto ao projecto europeu, “toda a Europa está um bocado sem rumo. Ou com rumo, mas sem perspectivas. E isto é a diferença que um voto faz. Por isso viemos votar e também trouxemos a [filha] mais nova, para aprender a votar e a participar. Com sol ou com chuva!”, contou à saída das urnas. Eleitores de fora Duas dezenas de eleitores de Macau não puderam votar nestas Eleições Europeias, por problemas na inscrição dos cadernos eleitorais, situação que foi ontem reconhecida pelo Cônsul-Geral português, Paulo Cunha Alves, segundo noticiaram os canais de rádio e de televisão da TDM em língua portuguesa. “Cerca de 18 a 20 pessoas, estamos a avaliar quantas, apresentaram-se para votação e os nomes não constavam nos cadernos eleitorais. Ainda não tenho razões concretas que expliquem o que aconteceu, temos algumas suposições como, por exemplo, eventuais alterações de morada no Cartão de Cidadão (…). Vamos fazer uma listagem, o mais completa possível, e enviá-la para a Comissão de Recenseamento de Portugueses no Estrangeiro, em Lisboa, pedindo que nos informem sobre as razões [do sucedido], de forma a que possamos comunicá-las aos eleitores em questão, para que a situação seja normalizada até às próximas eleições de Outubro”, informou o responsável.
Carlos Melancia, ex-Governador de Macau: “Gostava de ter feito mais” Andreia Sofia Silva - 27 Mai 2019 Aos 91 anos de idade, Carlos Melancia vive em Castelo de Vide numa casa cuja vista alcança o Alentejo inteiro. Na sala repousam fotografias e livros sobre Macau, lugar que lhe deu “chatices”. O caso do Fax de Macau foi uma delas, considerada pelo ex-Governador a mais difícil, que lhe afectou a reputação. Melancia fala do projecto do segundo hospital público que nunca avançou e defende que Hengqin deveria pertencer ao território Deixou Macau em 1991, o que tem feito desde então? [dropcap]J[/dropcap]á tinha esta casa e sempre disse que viria a servir para quando me reformasse. Em primeiro lugar não vinha muito contente de Macau, e em segundo lugar já não estava para aturar mais chatices. Acabei por mudar-me de Lisboa para aqui (Castelo de Vide). Juntei uns trocos e tentei arrancar com uma sociedade e iniciar um hotel. O hotel ainda existe mas as coisas não correram lá muito bem. Depois ainda me meti a fazer um campo de golfe que temos aqui perto da fronteira (com Espanha), começamos com o envolvimento de pessoas daqui, mas depois de três ou quatro anos a Câmara, que também fazia parte da sociedade, desistiu. Também estive ligado a uma fábrica de cortiça, que já fechou. A última coisa em que me meti foi a Ammaia. A fundação ligada ao património situada em Marvão. Como surgiu essa ligação? É simples. Sempre tive uma certa obsessão pelo património, porque acho que é um dos motores do turismo cultural. Quando cheguei a Macau fiquei mais ligado ao património. Constatei que, desde 1948, estavam classificadas umas ruínas de uma cidade romana como monumento nacional e nunca ninguém tinha feito nada. Acabei por apresentar um projecto à Câmara Municipal de Marvão e mais umas entidades para ver se se conseguia fazer alguma coisa. Criou-se então uma fundação, embora aquele património seja do Estado. Tem-se revelado uma coisa fora de série e neste momento estou à espera dos resultados de uma candidatura que nós fizemos. Se tudo correr bem não me preocupo mais com o futuro da fundação. Mas o património é sempre tratado como parente pobre, é considerado uma despesa em vez de um investimento, em termos estratégicos. Relativamente a Macau, há quem afirme que no tempo da Administração portuguesa o património não foi devidamente protegido. Concorda? Uma das primeiras coisas que se pretendeu fazer foi restaurar de raiz os edifícios de origem arquitectónica portuguesa, como o Leal Senado, para que fosse possível candidatar esses edifícios a património mundial da UNESCO. É óbvio que nunca me passou pela cabeça que fossemos nós (a arrancar com o processo), quando estávamos a preparar a transferência de soberania de Macau e sobretudo devido ao grande volume de património chinês que havia. A China propôs depois a classificação desses edifícios. Mas quando fui a Macau da última vez, e já foi há quatro anos, percebi que há problemas com a UNESCO no que diz respeito à manutenção dos edifícios. E isso é a China que tem de resolver. Esse património é um dos factores que distingue Macau face a Hong Kong e China. Ficou contente com o que viu no centro histórico? Fiquei. Mas os portugueses não foram capazes de se lembrar (e eu não sou nenhuma excepção), e lamento que tenha sido assim, daquilo que hoje os números do jogo e dos turistas representam para Macau. Era previsível que tudo iria ficar submerso. Macau, qualquer dia, não tem espaço para respirar. No tempo da Grande Guerra os japoneses ocuparam as ilhas à volta de Macau, uma delas a Ilha da Montanha, com o objectivo de que, por essa via, controlar Hong Kong e Macau, sem prejudicar as actividades recorrentes, pois as ilhas estavam praticamente desabitadas. Na perspectiva da filosofia da expansão da autonomia do território, achava que aquelas ilhas deveriam ser de novo integradas no território de Macau. A Ilha da Montanha? Sim. A zona de Hengqin, onde está o campus universitário. Chegou a fazer alguma proposta concreta nesse sentido? Fiz uma proposta concreta ao primeiro-ministro sobre isto. Ele disse-me que tinha muita pena, e que se se tivessem lembrado disso na hora de negociar, ele seria o primeiro a pensar nisso seriamente, mas que já era tarde. Isto aquando da assinatura da Declaração Conjunta. Quando se começou a conhecer a intenção do Governo Central de fazer um campus universitário daquela dimensão, recordei-me daquilo que ele me tinha dito, de que não se esquecia da minha preocupação. Acha então que a construção do campus da Universidade de Macau foi uma resposta da China a essa questão territorial? Acho que sim e é um dos factores que mostra que a China fez um esforço sério para cumprir aquilo que estava programado. Não foi só o facto de não querer misturar o assunto de Macau com o das ex-colónias (portuguesas). Falemos novamente do tempo em que foi Governador. Disse que quando deixou Macau não queria mais chatices. O caso do Fax de Macau foi o mais difícil? Em termos pessoais foi. As pessoas gostam muito de levantar problemas, mas depois quando eles se resolvem, para o bem e para o mal, não querem saber. Se lhe perguntarem como é que esse caso acabou, talvez não saiba. Foi considerado inocente. Apesar disso, foi um caso que manchou o seu nome e credibilidade? Manchou. Há duas coisas que para mim são muito importantes. O facto de ter sido absolvido na primeira instância não significa que o Ministério Público não tenha recorrido para repetir o julgamento. Na prática a sentença transitou em julgado até ao Supremo e durante esse tempo confirmou-se a sentença. Mas há outra coisa que é importante dizer, uma vez que, na prática, houve um grupo de pessoas que foi julgado em paralelo sobre este assunto e que foi condenado. Essas pessoas devolveram os 50 mil contos à Wideplan e confessaram que tinham tido a iniciativa e com que intenções. Houve condenações mas juridicamente a sentença não foi executada, mas disso ninguém fala. Isso poderia ter aparecido nos jornais da mesma maneira, e não apareceu. Considera que foi vítima de uma injustiça pela maneira como foi tratado, na praça pública? Sim, e até mais do que isso. O principal visado não era eu, mas sim o Presidente da República (Mário Soares), pois havia eleições. Sei que chegou a haver a iniciativa, durante o seu Governo, da construção de um segundo hospital público na Taipa. Como explica o facto de nunca ter sido construído? Houve esse projecto, mas no meu mandato queria acabar primeiro as obras do Centro Hospitalar Conde de São Januário, que já tinham dez anos, e também do hospital Kiang Wu. Eu pretendia que, logo que os dois estivessem construídos, houvesse um novo hospital. Foi o Rocha Vieira que depois seguiu os planos que já estavam pensados. Este não pôs em causa a estratégia global de se construir o aeroporto, e fizeram-se outras coisas em simultâneo, como o Porto de Ka-Hó e a universidade. E aqui não se colocava apenas o problema da falta de uma universidade. Portugal teve uma responsabilidade e conseguiu que a língua portuguesa ficasse na RAEM durante 50 anos, bem como o Direito de matriz portuguesa. Nessa perspectiva, era indispensável ter um curso de Direito apoiado por universidades portuguesas. Mas esse projecto do segundo hospital foi Rocha Vieira que não lhe deu seguimento. Houve aí interesses privados para o projecto não avançar? A situação de hoje não é comparada com a situação desse tempo. E não apenas devido ao turismo. A Taipa, nessa altura, tinha quatro gatos pingados, e Coloane ainda menos. Não estive nesse processo até ao fim, não posso dizer mais nada. Mas é uma falha não haver um segundo hospital público? É. Mas o crescimento de Macau face ao crescimento que vemos na Europa é uma coisa impensável. Ainda sobre a UM. Disse na entrevista à Lusa que negociou o processo para a sua criação, mas foi o Governador Garcia Leandro que deu início às negociações. Eu sei, é verdade. O que o Garcia Leandro fez foi negociar o financiamento do edifício. O meu objectivo era ter o curso de Direito em português apoiado por universidades portuguesas. Há aqui uma diferença qualitativa que se caracteriza pela diferença temporal, pois no tempo do Garcia Leandro havia a preocupação de aprovar um estatuto (Estatuto Orgânico de Macau). Não tinha recursos para fazer muito mais. A universidade de raiz portuguesa em termos científicos era uma coisa nova e justificava, perante os chineses, que, por nossa iniciativa, a Declaração Conjunta ia até mais longe do que aquilo que lá estava, pois não constava a obrigação de criar uma universidade. Não se deve misturar alhos com bugalhos. Admiti que ir mais longe politicamente era fazer o curso de Direito dentro do quadro das obrigações não expressas na Declaração Conjunta, por iniciativa do Governo português. Saiu de Macau com a sensação de dever cumprido? Gostava de ter feito mais, de ter concluído as coisas em termos formais. Quem concluiu o aeroporto foi o Rocha Vieira, o terminal marítimo também, porque a lei das coisas era assim. Pudemos fazer mais coisas que fossem de interesse comum das pessoas nos primeiros anos do que nos últimos. O facto de ter lançado essas coisas todas não foi porque tinha a mania das grandezas, mas sim porque queríamos fazer um programa a 12 anos. Sei que correu bem porque o Rocha Vieira completou em 90 por cento o que estava programado. Macau começou a desenvolver-se no pós-25 de Abril, houve reformas no tempo de Garcia Leandro e concluíram-se depois os planos previstos na Declaração Conjunta no tempo de Rocha Vieira. Macau atrasou-se por ter sido tudo feito em tão pouco tempo? É o outro lado da moeda. Reconheço que algumas coisas importantes foram feitas mas não na totalidade, porque 12 anos é pouco tempo para uma tarefa dessas. Mas acho que o saldo é capaz de ser positivo. Hoje é legítimo olhar para Macau e ver que a Administração chinesa manteve ou tem mantido algumas componentes identitárias, como a língua, o Direito e o património. Fala-se do projecto da Grande Baía, e da questão da integração regional. Fala-se disso mais cedo do que se deveria falar? Estive três vezes com o primeiro-ministro chinês Li Peng. E devo dizer que o Li Peng sempre me tratou como se eu fosse o presidente da França ou algo do género. Durante aquele período sempre resolveu os problemas que eu lhe apresentava de uma maneira positiva. Fazia-me questões que reconheço que um simples Governador de Macau não tinha importância, dentro da escala hierárquica, para as receber. E uma delas foi essa, sobre os 50 anos (da existência da RAEM). Ele perguntou-me que justificação é que eu achava que o Governo chinês tinha apresentado para ter conseguido um acordo com 50 anos. E não mais cedo, ou mais tarde. Sim. Eu disse que havia muito para se fazer em termos formais, e que se aquilo que fizéssemos em 12 anos fosse satisfatório, coisa que o Governo chinês admitiu, a priori, que ia acontecer, valia a pena ter mais 50 anos sem perder de vista o que era o passado de Macau. Ele disse-me que não era só isso, e que, na prática, a China não podia prescindir de uma estratégia mundial. Não andavam a brincar às coisas para depois passados dois ou três anos voltarem para trás. Isto para mostrar o que era a sua filosofia externa no que diz respeito à durabilidade e manutenção. Não traz muito de novo, mas acho que tem significado ele ter perguntado isso. Poderia não o ter feito. Poderia. Na altura em que apareceu Gorbachev, ele perguntou-me o que eu achava dele. Era uma pergunta delicada e complicada, sobretudo para um europeu, que considera ambos os regimes (da China e da antiga URSS) discutíveis. Disse que não sabia, que politicamente não conhecia o suficiente sobre a política russa, mas disse que tudo evoluía, tal como iria acontecer na China e em Portugal, e que achava que Gorbachev tinha alguma hipótese de colmatar algumas das dificuldades que a URSS tinha. Ele disse-me: “Já vi que não me quer responder”. E era verdade (risos). Ele disse-me: “É fácil. O senhor tem razão em relação à evolução e às revoluções políticas mas há uma coisa que lhe posso garantir: não há exemplo nenhum de uma revolução ter sucesso quando a população tem fome. E neste momento os russos nem pão têm para comer.” Como vê a China hoje? Diz-se que Xi Jinping poderá ser um novo Mao Zedong. Acho que já faltou mais para que ele seja o novo Mao. Não é normal nas instâncias políticas ter um mandato sem prazo. Mas temos de levar em consideração que não se pode governar um país com um bilião de habitantes como um país com 100 milhões. Já que falamos de sistemas políticos. A questão do sufrágio universal rebentou em Hong Kong mas não chegou a Macau com a mesma dimensão. Como olha para isso? O peso político de Portugal em relação a Macau, comparado com o peso político de Inglaterra face a Hong Kong, é completamente diferente. Os ingleses sempre consideraram aquilo 100 por cento uma colónia e com interesses materiais a sério, porque era uma praça financeira a nível mundial. Na prática há coisas que se podem fazer em Hong Kong que eu não vejo serem possíveis de fazer em Macau. Mas estou convencido que o Governo chinês é suficientemente hábil para contornar o modo de ser dos ingleses que eu tenho alguma dificuldade em perceber. Os ingleses são muito mais conservadores e insurgentes do que a maior parte dos europeus. A única coisa que Portugal faz são cortesias e não tem a mesma escala. Então na hora de negociar falta perspicácia aos portugueses? Sim, e também determinação. No caso de Macau também faltou perspicácia? Portugal não defendeu bem os seus interesses? Criticar é muito fácil. Também fez parte do processo… Sim. Tudo o que aconteceu à volta do 25 de Abril deveria ter sido feito 100 anos antes. Nas chamadas províncias ultramarinas os líderes eram todos formados em Coimbra e nós não fomos capazes de ter perspicácia suficiente para perceber que não éramos os únicos no mundo a ter um império. Estou convencido de que se não fosse a iniciativa da China para negociar directamente e criar um estatuto próprio para o território, o problema de Macau tinha passado por piores dias. Nenhuma das outras colónias teve essa possibilidade. O português iria ficar ao abandono e a população de Macau iria sofrer consequências negativas, sem a nacionalidade portuguesa. No processo de negociação a comunidade macaense foi pouco ouvida? Na prática tratámos sempre mal (a comunidade), pois nunca houve um Governador que fosse natural de Macau. Recorria-se sistematicamente a militares como solução única. Não que eu tenha alguma coisa contra eles, mas é a prova de uma falta de visão e de descentralização. O Carlos D’Assumpçao foi dos poucos que me lembro que foi chamado a pronunciar-se e não o quis fazer sem a autorização do Presidente da República. De resto, houve mais duas ou três pessoas. Isso pode também ser resultado de algum servilismo ou da nossa falta de iniciativa para envolver mais as pessoas de uma etnia diferente, a milhões de quilómetros de distancia. Estava previsto um crescimento tão grande na área do jogo? Nunca esteve. A esta escala não. Quando saí de Macau havia apenas sete casinos. Falava-se da liberalização, ou era uma questão longínqua? Era longínqua. Se Macau tem a exclusividade do regime do jogo em relação ao resto da China, é a China que tem de decidir, e o dia em que decide cai lá tudo. O peso face a essa decisão é duas vezes mais importante do que o nosso. 20 anos depois, gosta da Macau de hoje? É capaz de haver gente a mais, o território foi atropelado pelo turismo. Mas a população está satisfeita e não creio que haja dificuldades. Há meses uma jornalista ligou-me para comentar o problema das pessoas que não tinham documentos e estavam clandestinos em Macau. Constatei, quando era Governador, que havia clandestinos com dez anos de Macau e tinham os filhos na escolas, alguns na escola portuguesa. Todos os dias as crianças fugiam da escola para não serem apanhados pela polícia. Eu achava isto uma coisa execrável. Isso foi antes de Mário Soares pegar numa criança ao colo, num momento célebre, e prometer a nacionalidade portuguesa a todos os chineses sem documentos. Sim. Por razões que não conheci bem, interpretaram a ideia que eu tinha regularizado a situação de um dia para o outro. E na fronteira apareceram milhares de pessoas com miúdos para os regularizar. O Soares chegou nesse dia, e quando chegou foi informado de que estavam pessoas à porta do palácio do Governador. E ele disse: “Eu resolvo!”, à Soares. Ele resolvia as coisas assim, com essa proximidade? Sim. E logo a seguir foi engraxar os sapatos, a falar com o homem sem perceber nada, fazia gestos. A vossa relação funcionava? A minha maior dificuldade eram as relações que existiam entre o primeiro-ministro e o Mário Soares. Quando vinha a Portugal nunca deixei de fazer o ponto de situação com o primeiro-ministro que tinha assinado a Declaração Conjunta, mas sempre tiveram dificuldades um com o outro. Às vezes não era prático. Foi notícia há pouco tempo devido ao valor da sua reforma vitalícia, que é uma das mais altas do país (9 mil euros). Isso incomodou-o? Incomodou, e ainda por cima estive para aí três anos sem receber um tostão. Esse tipo de reforma está suspenso desde 2005, mas os primeiros têm direito a receber. Acho muito bem que a Assembleia da República pense em mudar, mas não pode é andar para trás. Mas a situação da burocracia já está resolvida. Mas deixe-me contar mais uma história. Diga. O Governador de Hong Kong, que era um tipo que tinha 18 anos de experiência, telefonou-me a dar as boas vindas no dia a seguir a ter chegado. E disse-me que eu tinha um programa grande, que lhes ia bater o pé. Perguntou-me quem era o meu homem do Fung Soi para que me assegurasse que o aeroporto iria ser um êxito. Disse-me que tinha três mestres de Fung Soi, e eu perguntei se ele me queria ceder um. Nos bastidores, em Portugal, disseram-me logo que era uma subserviência, mas eu sempre disse que no sítio com uma civilização diferente o que temos de fazer é adaptar-nos às circunstâncias. O mestre disse-me que a Taipa era o sítio certo para o aeroporto, mas alertou-me: “O senhor vai ter de acompanhar a evolução das obras do aeroporto de dia e de noite”. E disse para eu por à porta do palácio uma carpa em pedra que iria vigiar as obras. E a carpa continua lá e ninguém sabe porquê. É a prova em como as pessoas têm de se adaptar a condições excepcionais, mas diziam-me que era bruxedo. A verdade é que tudo correu bem com a obra do aeroporto. Sim.
Chile desmantela vasta rede de imigração ilegal chinesa Hoje Macau - 26 Mai 2019 [dropcap]A[/dropcap]s autoridades chilenas desmantelaram uma rede de contrabando de migrantes que conduziu ao país sul-americano pelo menos 381 cidadãos chineses, indicou no sábado a polícia local. Nove pessoas foram detidas, incluindo dois ex-funcionários e um funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros chileno. A rede operava desde 2016 e fornecia a cidadãos chineses, a troco de 5.000 dólares, “falsas cartas-convite para entrar no Chile”, explicou à imprensa um alto funcionário da polícia, Hector Gonzalez. A subsecretária de Prevenção Criminal Katherine Martorell disse tratar-se da “maior rede de tráfico de pessoas existente na história do país”. Através das cartas, os migrantes chineses conseguiram obter vistos alegando serem “empresários a negociar contratos”, apontou Martorell. Uma vez no Chile, “foram contratados por empreendedores, geralmente chineses, que lhes deram trabalho”, acrescentou.
Palma de Ouro de Cannes para o filme “Parasite” do sul-coreano Bong Joon-ho Hoje Macau - 26 Mai 2019 [dropcap]”P[/dropcap]arasite”, do realizador sul-coreano Bong Joon-ho, conquistou a Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes, e os cineastas brasileiros Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles partilham o Prémio do Júri, com o francês Ladj Ly. Na competição oficial, os filmes “Les Misèrables”, do realizador francês Ladj Ly, e “Bacurau”, dos realizadores brasileiros Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, protagonizado por Sónia Braga, conquistaram ex-aequo o prémio do Júri de Cannes. O Grande Prémio do Festival foi para a realizadora franco-senegalesa Mati Diop, pelo filme “Atlantique”. O prémio de melhor realização foi para os irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne, pela longa-metragem “Le jeune Ahmed”. O actor espanhol Antonio Banderas recebeu o prémio de interpretação masculina pelo desempenho no filme de Pedro Almodovar “Dor e Glória”, e a britânica Emily Beecham, o prémio de melhor actriz, pelo papel em “Little Joe”, de Jessica Hausner. “Parasite”, um drama familiar, aborda o problema das desigualdades sociais. Do mesmo realizador sul-coreano teve estreia em Portugal, em 2014, o filme “O Expresso do Amanhã”. O prémio de melhor argumento foi para “Portrait de la jeune fille en feu”, da francesa Céline Sciamma, conhecida por “Maria Rapaz” e pelo argumento de “A Minha Vida de Courgette”. Houve ainda uma menção especial do júri para “It must be heaven”, do palestiniano Elia Suleiman, o realizador de “O Tempo Que Resta” que, no filme levado a Cannes, viaja por diferentes cidades do mundo, estabelecendo paralelos com a Palestina natal. A Palma de Ouro para curta-metragem distinguiu “La distance entre le ciel et nous”, do grego Vasilis Kekatos, e a menção especial para curta-metragem foi para “Monstruos Dios”, da argentina Agustina San Martin. O documentário “For Sama” de Waad al-Kateab, que filmou a vida na cidade de Alepo, num dos períodos mais violentos do conflito na Síria, foi distinguido, partilhando o prémio desta categoria com o documentário do chileno Patricio Guzman “La cordillera de los sueños”, uma obra sobre a exploração mineira no Chile, com o foco nos anos da ditadura militar. Guzmán estreou em Portugal “O Botão de Nacar” e “Nostalgia da Luz”, em que focava igualmente os anos da ditadura chilena. O cineasta guatemalteco César Díaz ganhou o prémio para melhor primeira obra com o filme “Nuestras madres”, que fala das 200.000 vítimas e 45.000 desaparecidos do conflito interno no seu país, e dos familiares que sobreviveram. A 72.ª edição do festival de Cannes terminou hoje, com a entrega dos prémios atribuídos pelo júri da competição oficial, presidido pelo cineasta mexicano Alejandro González Iñárritu.
Raro panda albino avistado em reserva natural na China Hoje Macau - 26 Mai 2019 [dropcap]U[/dropcap]m raro panda albino foi avistado em Abril numa reserva natural na província de Sichuan, no sudoeste da China, noticiou hoje a imprensa local. “A julgar pelas fotografias, é um panda albino com um ou dois anos”, disse o investigador da Universidade de Pequim Li Sheng, citado pela agência oficial de notícias Xinhua. As imagens do animal foram captadas por uma câmara infravermelha a cerca de 2.000 metros acima do nível do mar. O panda foi avistado a passear na Reserva Natural de Wolong, conhecida como a casa dos pandas gigantes, espécie ameaçada que tem sido alvo de vários programas de preservação nos últimos anos. Este panda, sem manchas no corpo e com os olhos aparentemente vermelhos, prova que “os genes do albinismo existem na população de pandas gigantes selvagens em Wolong”, indicou o especialista. “O panda parecia forte e os seus passos eram estáveis, um sinal de que a mutação genética” não impediu o seu desenvolvimento, disse Li. Os pandas gigantes selvagens vivem em zonas isoladas e montanhosas e são vistos muito poucas vezes no ‘habitat’ natural.
Marcello Lippi reassume cargo de seleccionador de futebol da China Hoje Macau - 24 Mai 201924 Mai 2019 [dropcap]O[/dropcap] treinador italiano Marcello Lippi vai reassumir a selecção chinesa, quatro meses após ter deixado o cargo, com o objectivo de qualificar o país para o Mundial 2022, anunciou hoje a Federação Chinesa de Futebol (CFA). “Quando Lippi esteve anteriormente à frente da equipa nacional, os jogadores demonstraram uma atitude positiva e um espírito combativo”, indica o comunicado emitido pela CFA. Marcelo Lippi, de 71 anos, tinha deixado o cargo de seleccionador da China em Janeiro, após a eliminação por 3-0 diante do Irão, então treinado pelo português Carlos Queiroz, nos quartos de final da Taça Asiática. “Com Lippi, acreditamos que a equipa masculina chinesa não deixará pedra sobre pedra para alcançar o sonho de uma qualificação para o Mundial 2022”, que se realiza no Qatar, acrescentou a federação. O treinador, que conduziu em 1996 a Juventus ao título europeu, tinha sido substituído interinamente na selecção chinesa pelo compatriota Fabio Cannavaro, que orientou dois jogos em Março, acumulando o cargo com o de técnico do Guanghzou Evergrande.
Theresa May demite-se devido ao fracasso do Brexit Hoje Macau - 24 Mai 2019 [dropcap]A[/dropcap] primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou hoje que vai demitir-se da liderança do partido Conservador, desencadeando uma eleição interna cujo vencedor vai assumir a chefia do governo. May mantém-se em funções até que o partido tenha eleito um novo líder, o que não deverá acontecer até ao final de Julho, incluindo durante a visita de Estado do presidente dos EUA, Donald Trump, entre 3 e 5 de Junho. Enquanto primeira-ministra, não pode renunciar até que esteja em posição de dizer à rainha Isabel II quem esta deve nomear como sucessor. A demissão da liderança deverá tornar-se efectiva a 10 de Junho, iniciando os procedimentos, que passam, numa primeira fase, por uma série de votações dentro do grupo parlamentar que eliminam progressivamente os vários candidatos a apenas dois, que depois serão sujeitos ao voto de todos os militantes do partido. May já tinha prometido em Março que iria sair, mas na altura pediu para “acabar o trabalho”, assumindo como missão implementar o resultado do referendo de 2016 que determinou o ‘Brexit’. Mas a pressão sobre Theresa May aumentou nos últimos dias, incluindo dentro do Governo e de deputados até agora fiéis, devido à perspectiva de o acordo de saída da União Europeia (UE) ser chumbado no parlamento por uma quarta vez. Apresentada na terça-feira, a nova proposta de lei para o ‘Brexit’ estava prevista para ser votada a 7 de Junho e incluía como novidade a possibilidade de voto sobre um novo referendo, o que desagradou a vários ministros. As três anteriores propostas de ‘Brexit’ negociadas pela primeira-ministra britânica com Bruxelas foram rejeitadas por maiorias parlamentares, conduzindo a um impasse que obrigou Londres a prolongar o prazo de saída da União Europeia até 31 e Outubro.
Washington pressiona Seul a afastar Huawei da rede 5G no país Hoje Macau - 24 Mai 2019 [dropcap]O[/dropcap]s Estados Unidos manifestaram à Coreia do Sul preocupação com a instalação da tecnologia Huawei na rede 5G (quinta geração) do país e apelaram ao Governo sul-coreano que adopte um plano rigoroso de segurança e pondere outros fornecedores. “Preocupa-nos que a China possa forçar as suas empresas fornecedoras de equipamentos a agir contra os interesses dos cidadãos dos EUA e de outros países”, disse um porta-voz do Departamento de Estado à agência sul-coreana Yonhap. “Instamos todos os países a adoptarem um quadro de segurança sem riscos para a construção de redes 5G”, acrescentou. Donald Trump decidiu na semana passada proibir as exportações de produtos tecnológicos norte-americanos para determinadas empresas consideradas de “risco”, tendo em vista a Huawei. Como consequência imediata do anúncio de Washington, a Google anunciou no domingo que iria romper com a Huawei. O grupo chinês depende do gigante norte-americano da Internet para o sistema Android, instalado na maioria dos ‘smartphones’ no mundo. Sem o Android, a Huawei arrisca-se a não conseguir convencer os clientes a comprarem os telefones da marca sem aplicações Gmail (correio), Maps (cartografia) ou YouTube (plataforma de vídeos), apenas algumas das mais conhecidas. Perante a inquietação dos utilizadores e das empresas norte-americanas, os Estados Unidos concordaram em fazer um adiamento de 90 dias antes de imporem sanções para que a Huawei e os seus parceiros se adaptem. Presente em 170 países, a Huawei é suspeita de espiar para Pequim, que terá contribuído largamente para a expansão internacional da empresa chinesa.
Taiwan celebra hoje primeiros casamentos gay na Ásia Hoje Macau - 24 Mai 2019 [dropcap]D[/dropcap]ois casais taiwaneses protagonizaram hoje, em Taipé, os primeiros casamentos gay no continente asiático, uma semana depois de o parlamento da ilha ter legalizado a união entre casais do mesmo sexo. No passada sexta-feira, dois anos após uma decisão histórica do mais alto tribunal da Ilha Formosa, o parlamento de Taiwan legalizou o casamento homossexual, marcando o culminar de três décadas de luta pela igualdade de direitos. Os deputados taiwaneses aprovaram por larga maioria uma lei que permite que casais do mesmo sexo formem “uniões permanentes exclusivas” e uma cláusula que lhes permite solicitar a inscrição pela administração no registo de casamentos. A votação, que confirmou a posição de Taiwan na vanguarda dos direitos dos homossexuais asiáticos, foi uma vitória dos grupos de direitos LGBTI (Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgéneros) que se mobilizaram durante anos para obter os mesmos direitos ao casamento de que beneficiam os casais heterossexuais. Em Maio de 2017, o Tribunal Constitucional de Taiwan emitiu um acórdão que julgava inconstitucional privar casais do mesmo sexo do direito de se casarem. O Tribunal deu então até 24 de maio de 2019 [hoje] ao Governo para alterar a lei. Apesar da resistência da oposição conservadora, que chegou a organizar uma série de referendos, o parlamento aprovou o texto na sexta-feira passada, precisamente no Dia Internacional Contra a Homofobia e a Transfobia.
Presidente dos EUA inicia sábado visita ao Japão com Coreia do Norte na agenda Hoje Macau - 24 Mai 2019 [dropcap]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, inicia sábado uma visita ao Japão, com uma agenda focada no reforço das relações bilaterais e no impasse das negociações com a Coreia do Norte. Trump será o primeiro governante estrangeiro a ser recebido pelo novo imperador do Japão, Naruhito, que subiu ao trono no dia 1 de Maio na sequência da abdicação do seu pai, o agora imperador emérito Akihito. A visita do chefe de Estado norte-americano prolonga-se até 28 de Maio e inclui reuniões oficiais e momentos de lazer com o primeiro-ministro nipónico, Shinzo Abe, que esteve em Washington em Abril. Na segunda-feira, os dois líderes irão debater os desafios colocados pela Coreia do Norte à comunidade internacional, num momento em que as negociações com os Estados Unidos se encontram estagnadas, indicaram fontes do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão. De acordo com as mesmas fontes, Trump e Abe “irão coordenar estreitamente as suas políticas” sobre esta questão, sensível após o fracasso da última cimeira entre o Presidente dos Estados Unidos e o líder norte-coreano, Kim Jung-un, no final de Fevereiro em Hanói. Trump chega ao Japão quando Tóquio e Washington discutem um novo acordo comercial, embora não se espere grande progresso nesse sentido, segundo fontes norte-americanas. O Presidente dos EUA, que volta ao Japão no final de junho para participar na cimeira do G20, chega no sábado à tarde, mas não estão previstos contactos oficiais com Abe antes de domingo.
Pintura portuguesa no Clube Militar de Macau integra comemorações do 10 de Junho Hoje Macau - 24 Mai 2019 [dropcap]O[/dropcap] Clube Militar de Macau organiza a partir de quinta-feira uma exposição de pintura portuguesa, a primeira da série anual “Pontes de Encontro”, integrada nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. A mostra do artista plástico português Vítor Pomar, que se prolonga até 7 de Julho, chama-se “Ver o Mundo como Ornamento” e inclui um total de 29 obras originais. A produção executiva está a cargo da Associação para a Promoção de Actividades Culturais (APAC) e a curadoria é da responsabilidade de Lina Ramadas e José I. Duarte. A iniciativa é apoiada pela Fundação Macau, Sociedade de Jogos de Macau, Banco Nacional Ultramarino, Sam Lei Group e pelo comendador Ng Fok. Em comunicado, a APAC sublinhou o trajecto do artista nascido em 1949, que frequentou as Escolas Superiores de Belas Artes de Lisboa e do Porto, e a quem o Museu de Arte Contemporânea de Serralves dedicou uma exposição antológica em 2003. A produção artística de Vítor Pomar inclui obras de pintura, fotografia, cinema e vídeo experimental e instalações. A obra fotográfica foi objecto de exposições na Fundação Calouste Gulbenkian em 1988 e 2011. Em 2018, a série “Pontes de Encontro” apresentou os pintores portugueses Pedro Proença, Madalena Pequito e Maria João Franco.
G2E | DICJ diz que reforçou medidas de fiscalização Hoje Macau - 24 Mai 2019 [dropcap]A[/dropcap] Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) emitiu ontem um comunicado a afirmar que tinha reforçado as medidas de fiscalização na feira do jogo G2E, depois da existência de “queixas […] apresentadas por determinadas associações e pelo público, que indiciavam a existência de suspeitas da promoção de jogo online, alegadamente ilegal, por alguns expositores”. Segundo a DICJ, cujo director Paulo Martins Chan boicotou o evento, as inspecções diárias visaram a “divulgação de jogos ilegais na internet, a construção de websites de jogos em nome de Macau, da RAEM ou dos casinos de Macau, bem como a prática de outras actividades relacionadas com jogo ilegal”. Os casos de ilegalidades detectados foram reencaminhados para a Polícia Judiciária, que se encontra a proceder às investigações necessárias.
Universidade do Porto inaugura hoje Instituto Confúcio Hoje Macau - 24 Mai 2019 [dropcap]A[/dropcap] Universidade do Porto (UP) vai inaugurar esta sexta-feira, 24, o Instituto Confúcio do Porto com o objectivo de “aproximar os estudantes e a cidade à língua e à cultura chinesas”, revelou ontem um dos directores da nova instituição. Em declarações à agência Lusa, João Veloso, docente da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) e um dos directores desta nova instituição, explicou que, ao estar inserido na “estratégia de internacionalização” da Universidade, o Instituto Confúcio do Porto pretende “alargar os horizontes culturais dos estudantes”. “Queremos alargar a oferta educativa dos estudantes através da possibilidade de frequentarem cursos de língua diferentes daquelas que já existem e, no caso, o chinês é uma língua com uma projecção global e com uma importância estratégica e económica”, apontou. O Instituto Confúcio do Porto, que nasce de uma parceria com a Universidade Guangzhou, na China, é o quinto a funcionar em território nacional e, além de cursos de língua direcionados aos estudantes, vai também oferecer à comunidade “actividades regulares”, como sessões de cinema, exposições de arte, feiras do livro, cursos de culinária, de caligrafia, de dança e até de artes marciais. Mais cultura Segundo João Veloso, as actividades do instituto vão ser leccionadas por dois professores chineses e estão previstas iniciar entre Setembro e Outubro. “Os primeiros cursos a abrir serão de nível básico de língua chinesa e só depois é que vamos ter mais novidades, mas a ideia é oferecer cursos não só de língua, por exemplo, aproveitando os sábados para oferecer cursos gratuitos em temas específicos da cultura chinesa”, esclareceu. À Lusa, o professor da FLUP adiantou que um dos objectivos da instituição passa também por “aproximar” a comunidade falante chinesa residente na região norte do país que, apesar de ser “muito numerosa, não está tão integrada nos circuitos culturais portugueses como a sua dimensão poderia levar a supor”. A inauguração do Instituto Confúcio do Porto, que vai ficar instalado no edifício da antiga Livraria Leitura, conta com a presença do embaixador da China em Portugal e dos representantes das Universidades envolvidas.