Premiados docentes do Instituto Confúcio da Universidade de Aveiro

Dois docentes do Instituto Confúcio da Universidade de Aveiro, Chen Xiaoping e Kang Siyu, receberam o prémio “Professor Voluntário de Excelência 2020”, atribuído pelo Centro de Intercâmbio e Cooperação Sino-estrangeiro de Línguas, noticiou ontem a Lusa.

“O Instituto Confúcio (IC-UA) viu o seu trabalho reconhecido internacionalmente com a atribuição de mais este prémio, a poucos dias de celebrar o 6.º aniversário”, refere uma nota de imprensa da Universidade de Aveiro.

O instituto foi distinguido noutras ocasiões, nomeadamente com os prémios “Confúcio do Ano 2018”, atribuído pelo Hanban (Chengdu, 2018) e “Director do Ano”, atribuído pelo Hanban a Carlos Morais (Changsha, 2019).

Inaugurado a 23 de abril de 2015, o IC-UA vai assinalar o sexto aniversário com a plantação de uma Ginkgo biloba (árvore originária da China, considerada um fóssil vivo) e a inauguração de uma instalação artística alusiva ao aniversário, da autoria de José Oliveira.

Faz ainda parte do programa, o ciclo de conferências “Rotas a Oriente”, que acontece a 29 de Abril. Lola Xavier, do Instituto Politécnico de Macau, vai falar sobre representações literárias do quotidiano de Macau e a apresentação de Vera Borges, da Universidade de São José, vai abordar o tema “Poesia de Macau: as várias faces de uma mesma moeda?”. O ciclo de conferências conta ainda com a participação de Yao Jing Ming, da Universidade de Macau, numa apresentação intitulada “traduzindo a literária China”.

De acordo com a Lusa, as principais missões do Instituto Confúcio da Universidade de Aveiro passam por “apoiar e promover o ensino da língua e da cultura chinesas em Portugal”, reforçar a cooperação na área da educação entre a China e Portugal e desenvolver actividades de investigação “que contribuam para melhorar a compreensão mútua e a amizade entre estes dois países distantes, mas unidos por seculares relações históricas”.

23 Abr 2021

S. João da Madeira | Ano do rato celebrado com alunos de mandarim

[dropcap]A[/dropcap] Câmara de São João da Madeira e o Instituto Confúcio celebram no sábado a entrada no novo ano chinês com uma festa que reunirá nesse concelho alguns dos mais de 820 alunos que aí estudam mandarim.

A iniciativa envolve a Universidade de Aveiro, que, através do seu departamento de Línguas e Culturas, assume desde 2012 a coordenação científica e pedagógica de um projecto então pioneiro de ensino de mandarim na rede escolar pública de São João da Madeira.

O objectivo do evento de sábado é envolver comunidade educativa e público em geral na celebração do primeiro dia do Ano do Rato, assinalado a 25 de Janeiro de acordo com o calendário tradicional adoptado desde a Dinastia Xia por vários países orientais que, ao contrário das comunidades do Ocidente, consideram para o efeito não apenas a posição do sol, mas também a da lua.

“No fundo, o Ano Novo chinês corresponde ao Natal dos povos ocidentais: é a festa da família, em que todos os chineses regressam a casa e se reúnem para uma celebração à volta da mesa, com muita comida e tendo sempre como prato central o peixe, por ser símbolo de fortuna”, explicou à Lusa o director do Instituto Confúcio da Universidade de Aveiro, Carlos Morais.

A festa vai decorrer na Sala dos Fornos da Oliva Creative Factory e o programa inclui a “Dança do Dragão”, artes marciais, danças e cantos populares, jogos tradicionais chineses e ‘workshops’ de caligrafia e pintura, assim como uma exposição de trabalhos dos estudantes locais que vêm aprendendo mandarim.

Este universo de alunos é constituído na sua maioria por 577 crianças que frequentam o 3.º e 4.º anos de escolaridade em São João da Madeira, cujo programa educativo inclui obrigatoriamente a aprendizagem desse idioma.

Entre o 5.º e o 9.º ano, as aulas locais de mandarim já passam a ser de frequência facultativa, sendo que, nesses graus de ensino, os dados mais recentes da autarquia indicam que a língua oriental estará a ser estudada por 209 jovens.

No ensino secundário, já fora do âmbito do projecto do município, existe ainda a oferta de mandarim na Escola Oliveira Júnior, como opção de segunda língua estrangeira no 10.º, 11.º e 12.º anos, o que, segundo o Instituto Confúcio, deverá envolver cerca de 40 alunos.

Impacto social

Carlos Morais admitiu que, dadas as dificuldades de implementação de uma língua cujo alfabeto distinto impõe o recurso a professores nativos, os alunos do Ensino Básico só têm uma hora de mandarim por semana, “o que é pouco”, mas defendeu que, mais importante do que o próprio idioma, é o conhecimento que esses jovens adquirem sobre a sociedade oriental.

“Todos estes alunos têm aulas de Cultura Chinesa e isso tem um impacto muito grande em termos sociais. Ajuda a reforçar o que já se nota em Portugal neste momento, que é o facto de as pessoas estarem mais sensibilizadas para a cultura chinesa e demonstrarem uma maior compreensão das diferenças – o que é fundamental para estabelecer pontes e evitar problemas e conflitos”, argumentou o director do Instituto Confúcio de Aveiro.

O projecto educativo iniciado por São João da Madeira é assim encarado como “uma boa experiência para ter continuidade” – sendo que, entretanto, o programa local já foi replicado no ensino básico dos concelhos de Águeda, Espinho e Estarreja, sob a alçada da Universidade de Aveiro, e implementado noutros municípios do país ao nível do secundário, sob tutela do Ministério da Educação.

23 Jan 2020

S. João da Madeira | Ano do rato celebrado com alunos de mandarim

[dropcap]A[/dropcap] Câmara de São João da Madeira e o Instituto Confúcio celebram no sábado a entrada no novo ano chinês com uma festa que reunirá nesse concelho alguns dos mais de 820 alunos que aí estudam mandarim.
A iniciativa envolve a Universidade de Aveiro, que, através do seu departamento de Línguas e Culturas, assume desde 2012 a coordenação científica e pedagógica de um projecto então pioneiro de ensino de mandarim na rede escolar pública de São João da Madeira.
O objectivo do evento de sábado é envolver comunidade educativa e público em geral na celebração do primeiro dia do Ano do Rato, assinalado a 25 de Janeiro de acordo com o calendário tradicional adoptado desde a Dinastia Xia por vários países orientais que, ao contrário das comunidades do Ocidente, consideram para o efeito não apenas a posição do sol, mas também a da lua.
“No fundo, o Ano Novo chinês corresponde ao Natal dos povos ocidentais: é a festa da família, em que todos os chineses regressam a casa e se reúnem para uma celebração à volta da mesa, com muita comida e tendo sempre como prato central o peixe, por ser símbolo de fortuna”, explicou à Lusa o director do Instituto Confúcio da Universidade de Aveiro, Carlos Morais.
A festa vai decorrer na Sala dos Fornos da Oliva Creative Factory e o programa inclui a “Dança do Dragão”, artes marciais, danças e cantos populares, jogos tradicionais chineses e ‘workshops’ de caligrafia e pintura, assim como uma exposição de trabalhos dos estudantes locais que vêm aprendendo mandarim.
Este universo de alunos é constituído na sua maioria por 577 crianças que frequentam o 3.º e 4.º anos de escolaridade em São João da Madeira, cujo programa educativo inclui obrigatoriamente a aprendizagem desse idioma.
Entre o 5.º e o 9.º ano, as aulas locais de mandarim já passam a ser de frequência facultativa, sendo que, nesses graus de ensino, os dados mais recentes da autarquia indicam que a língua oriental estará a ser estudada por 209 jovens.
No ensino secundário, já fora do âmbito do projecto do município, existe ainda a oferta de mandarim na Escola Oliveira Júnior, como opção de segunda língua estrangeira no 10.º, 11.º e 12.º anos, o que, segundo o Instituto Confúcio, deverá envolver cerca de 40 alunos.

Impacto social

Carlos Morais admitiu que, dadas as dificuldades de implementação de uma língua cujo alfabeto distinto impõe o recurso a professores nativos, os alunos do Ensino Básico só têm uma hora de mandarim por semana, “o que é pouco”, mas defendeu que, mais importante do que o próprio idioma, é o conhecimento que esses jovens adquirem sobre a sociedade oriental.
“Todos estes alunos têm aulas de Cultura Chinesa e isso tem um impacto muito grande em termos sociais. Ajuda a reforçar o que já se nota em Portugal neste momento, que é o facto de as pessoas estarem mais sensibilizadas para a cultura chinesa e demonstrarem uma maior compreensão das diferenças – o que é fundamental para estabelecer pontes e evitar problemas e conflitos”, argumentou o director do Instituto Confúcio de Aveiro.
O projecto educativo iniciado por São João da Madeira é assim encarado como “uma boa experiência para ter continuidade” – sendo que, entretanto, o programa local já foi replicado no ensino básico dos concelhos de Águeda, Espinho e Estarreja, sob a alçada da Universidade de Aveiro, e implementado noutros municípios do país ao nível do secundário, sob tutela do Ministério da Educação.

23 Jan 2020

Universidade do Porto inaugura hoje Instituto Confúcio

[dropcap]A[/dropcap] Universidade do Porto (UP) vai inaugurar esta sexta-feira, 24, o Instituto Confúcio do Porto com o objectivo de “aproximar os estudantes e a cidade à língua e à cultura chinesas”, revelou ontem um dos directores da nova instituição.

Em declarações à agência Lusa, João Veloso, docente da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) e um dos directores desta nova instituição, explicou que, ao estar inserido na “estratégia de internacionalização” da Universidade, o Instituto Confúcio do Porto pretende “alargar os horizontes culturais dos estudantes”.

“Queremos alargar a oferta educativa dos estudantes através da possibilidade de frequentarem cursos de língua diferentes daquelas que já existem e, no caso, o chinês é uma língua com uma projecção global e com uma importância estratégica e económica”, apontou.

O Instituto Confúcio do Porto, que nasce de uma parceria com a Universidade Guangzhou, na China, é o quinto a funcionar em território nacional e, além de cursos de língua direcionados aos estudantes, vai também oferecer à comunidade “actividades regulares”, como sessões de cinema, exposições de arte, feiras do livro, cursos de culinária, de caligrafia, de dança e até de artes marciais.

Mais cultura

Segundo João Veloso, as actividades do instituto vão ser leccionadas por dois professores chineses e estão previstas iniciar entre Setembro e Outubro.

“Os primeiros cursos a abrir serão de nível básico de língua chinesa e só depois é que vamos ter mais novidades, mas a ideia é oferecer cursos não só de língua, por exemplo, aproveitando os sábados para oferecer cursos gratuitos em temas específicos da cultura chinesa”, esclareceu.

À Lusa, o professor da FLUP adiantou que um dos objectivos da instituição passa também por “aproximar” a comunidade falante chinesa residente na região norte do país que, apesar de ser “muito numerosa, não está tão integrada nos circuitos culturais portugueses como a sua dimensão poderia levar a supor”.

A inauguração do Instituto Confúcio do Porto, que vai ficar instalado no edifício da antiga Livraria Leitura, conta com a presença do embaixador da China em Portugal e dos representantes das Universidades envolvidas.

24 Mai 2019

Universidade de Évora vai ter Instituto Confúcio

[dropcap]A[/dropcap] Universidade de Évora (UE) assinou no passado dia 22 um acordo de cooperação com a Universidade de Guangxi, que prevê a criação do Instituto Confúcio na universidade portuguesa.

De acordo com um comunicado da própria UE, na cerimónia de assinatura esteve presente Soumodip Sarkar, vice-reitor para a Inovação, Cooperação e Empreendedorismo, que destacou a importância que a UE tem vindo a dar “aos países do leste asiático, nomeadamente a China”, além do facto da universidade “ser líder ibérico da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’, graças a um memorando assinado em Macau em Novembro último.

O mesmo responsável apontou também que “a China representa uma grande oportunidade para os nossos investigadores e estudantes”. “Foi com muito agrado que recebemos a Universidade de Guangxi, uma das melhores universidades da China”, acrescentou, referindo que os objectivos desta parceria passam por “ampliar a ligação com a Universidade de Guangxi e explorar as diferentes formas de colaboração e cooperação, nomeadamente intercâmbios de alunos”.

Quanto ao futuro Instituto Confúcio, este vai não apenas ensinar a língua e cultura chinesas a falantes de português como também possibilitar a realização do Exame Oficial de Nível da Língua Chinesa, apresentando critérios uniformizados ao nível mundial. O acordo firmado estabelece, ainda, a possibilidade de cooperação bilateral a vários níveis, nomeadamente, através do intercâmbio de estudantes, da realização de seminários, workshops e programas culturais, entre outras actividades ao nível da investigação.

29 Jan 2019

Instituto Confúcio começou com 14 alunos e hoje ensina mandarim a mil portugueses

[dropcap]C[/dropcap]om um universo de 14 alunos foi criado há 10 anos, na Universidade de Lisboa, o Instituto Confúcio, que actualmente ensina chinês (mandarim) a cerca de mil portugueses, entre jovens ou reformados.

Além das aulas, que têm como objectivo ensinar a ler, escrever e falar, há cursos de cultura chinesa e actividades complementares, como a arte da caligrafia, uma das mais concorridas, de acordo com a directora da instituição, Teresa Cid.

“A caligrafia na China é uma das artes maiores porque combina escrita com pintura e por isso é muitíssimo valorizada”, afirmou, referindo que na cultura chinesa não se trata apenas de escrever à mão.

“É preciso uma grande habilidade, não é só para escrever os caracteres, é para os desenhar caligraficamente, com o pincel na posição certa, com o papel certo, tudo isso”, explicou.

Na cerimónia do chá, uma das actividades de divulgação, mostra-se como os chineses bebem o chá: “É muito diferente da nossa maneira de beber o chá. É uma cerimónia quase de reflexão e introspecção”, salientou.

Os alunos têm as mais diversas origens e proveniências, universitários, empresários, pessoas das várias profissões. “Temos pessoas reformadas que estão a aprender chinês e cultura chinesa por gosto e por estímulo intelectual também e até, eu diria, estímulo de actividade mental, porque exige memória e capacidade de compreensão muito finas”, precisou.

“É bastante exigente, por um lado, mas por outro lado muito compensador, tanto quanto muitos dos nossos alunos também nos dizem”, acrescentou a responsável pelo Confúcio em Lisboa.

O instituto, criado em parceria com a China, está também a apoiar o ensino da língua em escolas da área da grande Lisboa, no âmbito da colaboração num projeto-piloto do Ministério da Educação.

Em Portugal, há outros institutos Confúcio no Minho, em Aveiro e em Coimbra, que colaboram com escolas e instituições de ensino superior e que estão também envolvidos no apoio aos professores desse projecto, indicou.

A universidade parceira de Lisboa é a Universidade de Estudos Estrangeiros de Tianjin, que Teresa Cid descreveu como “uma pequena cidade portuária, de 13 milhões de habitantes, muito bonita”, ligada a Pequim.

Alguns cursos permitem um estágio naquela universidade. Todos os anos há bolsas para três tipos de estudos – um curso de verão, por um semestre ou um ano, além de apoios a mestrados e doutoramentos.

O instituto tem adaptado a oferta à procura e há cerca de um ano criou um curso para turismo. No segundo semestre os alunos fazem um estágio na China, numa cadeia de hotéis.

“No fundo vão ter uma experiência ‘in loco’ e ver como é que os chineses recebem os seus visitantes, sejam chineses ou estrangeiros, para tentarem depois adaptar, ao regressarem, o que aprenderam, além de terem desenvolvido muitíssimo a capacidade de falar”, sublinhou. Antes têm um curso intensivo de um mês na universidade parceira de Tianjin.

Em entrevista à Lusa, Teresa Cid contou que a experiência reportada pelos alunos é positiva: “Todos consideram que foi um grande desafio lidar com o choque cultural, que é uma das coisas que temos de perceber. Os chineses quando chegam cá têm um choque cultural e nós quando vamos para lá também”.

De acordo com a responsável, quase todos os alunos querem voltar: “Temos muitos casos desses, de as pessoas se apaixonarem”. O domínio do mandarim é considerado uma vantagem empresarial na apresentação dos cursos do Instituto Confúcio, que está a tentar desenvolver formações mais personalizadas para dar resposta à procura dos empresários.

Todos os professores são chineses, enviados pela China, maioritariamente da universidade parceira, que há vários anos lecciona um curso de português.

3 Dez 2018

Confúcio | Instituto em Macau permite o reconhecimento internacional

O primeiro Centro Confúcio no território pode entrar em funcionamento no próximo ano e tem como sede a Universidade de Macau. Se para os responsáveis da instituição de ensino se trata de uma concretização do território como centro bilingue e plataforma, para quem ensina mandarim em escolas particulares é uma forma da aprendizagem da língua ter mais facilmente acesso à certificação internacional

 

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau vai contar com o primeiro Instituto Confúcio na Universidade de Macau (UM) que deverá estar em funcionamento no início do próximo ano.

A importância da presença de um centro do Instituto no território é fundamental para a sua concretização enquanto centro bilingue capaz de funcionar em dois sentidos, tanto no ensino do português como do mandarim, referiu director do departamento de português da UM, Yao Jinming, ao HM. “Macau pretende tornar-se um centro bilingue e dentro desta perspectiva tem de ser feito em dois sentidos: na formação em português e em chinês para que se dominem ambas as línguas como se fossem línguas maternas”, disse.

Para o académico apesar de já existirem cursos em cultura e língua chinesa, o Instituto Confúcio “vai ajudar os portugueses e outros estrangeiros, além dos residentes que apenas falam cantonês que, desta forma, têm mais oportunidades de aprender a língua chinesa”, referiu.

Por outro lado, rematou o responsável, “quanto mais ensino do mandarim houver em Macau, mais as pessoas têm oportunidade de se formar nessa língua”.

Certificação internacional

Já para João Varela, proprietário de uma escola de línguas em que também é leccionado o mandarim, a importância de um Instituto Confúcio no território é clara. “É importante a presença de um Instituto Confúcio em Macau na medida em que é uma entidade com a particularidade de oferecer certificação internacional no domínio do mandarim”, apontou ao HM.

As certificações internacionais são prática comum em Macau no ensino do português, inglês ou mesmo francês, pelo que, reiterou, “faz todo o sentido que também exista uma certificação internacional para o mandarim”.

Por outro lado, tratando-se de uma cidade internacional onde vivem pessoas de várias origens que querem investir na formação linguística, esta é uma oportunidade de se certificarem oficialmente no que respeita a esta língua que não é a falada pela maioria dos que vivem em Macau. “Um documento dado pelo Instituto Confúcio é reconhecido mundialmente”, explica.

Para João Varela, o Governo tem as suas responsabilidades nas escolas e nas universidades para o ensino do mandarim “mas a certificação internacional através deste instituto faz já parte da autonomia pedagógica e de certificação do próprio instituto e que já é reconhecida em todo o lado”, mais do que um diploma universitário.

Todos pela rota

Em comunicado, a UM indicou ter recebido a aprovação do Conselho Internacional para a Língua Chinesa para estabelecer um Instituto Confúcio, “em resposta aos esforços do Governo da Região Administrativa Especial para participar na iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’” e para “tornar Macau numa plataforma internacional para o ensino da língua chinesa para países estrangeiros, especialmente os de língua portuguesa”.

O Instituto Confúcio vai funcionar sob a alçada da Faculdade de Artes e Humanidades, cujo diretora, Hong Gang Jin, foi escolhida para o liderar, indicou ainda a UM em comunicado.

“O Instituto vai tirar proveito do estatuto único de Macau como Região Administrativa Especial, da sua vantajosa localização geográfica, bem como da sua diversidade cultural e linguística para desenvolver uma plataforma internacional para o ensino da língua chinesa”, e para “a formação e intercâmbio de estudantes dos países de língua portuguesa e de outros com relações com Macau”.

Com sede oficial em Pequim, o Instituto Confúcio abriu, desde que foi fundado em 2004, um total de 525 delegações em 146 países e territórios, incluindo Portugal, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Angola.

18 Dez 2017

Instituições forçadas a escolher entre dinheiro e censura

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m caso de censura na China envolvendo a editora da universidade britânica de Cambridge despertou o alarme para o risco da extensão do totalitarismo político de Pequim além-fronteiras, face ao seu crescente peso económico.

Na semana passada, a editora Cambridge University Press (CUP) cumpriu com um pedido da Administração Estatal da Rádio, Cinema e Televisão da China e bloqueou 300 artigos da versão electrónica da publicação The China Quarterly no país.

Os artigos censurados abordam assuntos sensíveis para o regime chinês, como o massacre na praça Tiananmen, em 1989, a Revolução Cultural (1966-76) e a questão do Tibete.

Para justificar a decisão, a CUP citou o receio partilhado por muitas empresas: ver o seu acesso ao vasto mercado chinês ser fechado, a menos que cumprisse com as exigências do regime.

Não seria uma novidade. O motor de busca Google, por exemplo, está bloqueado na China desde 2010, quando acusou Pequim de espiar o correio electrónico no Gmail de dissidentes e rejeitou compactuar com a censura do regime.

Um dos casos mais badalados dos últimos anos envolvendo a censura chinesa além-fronteiras ocorreu em Portugal, durante uma conferência que reuniu centenas de sinólogos na Universidade do Minho.

Páginas do programa contendo informação sobre a Fundação Chiang Ching-kuo, uma organização académica de Taiwan que promove o estudo do chinês, foram arrancadas, a mando da diretora-geral do Instituto Confúcio, organismo patrocinado por Pequim para assegurar o ensino da língua chinesa.

O episódio passou-se em Braga, mas as autoridades chinesas justificaram a sua atitude com a necessidade de cumprir com as “regulações chinesas”.

O acto foi publicamente condenado pela Associação Europeia de Estudos Chineses, como uma “interferência totalmente inaceitável”. O Wall Street Journal descreveu-o como “violência contra a liberdade académica”.

Sinal de alerta

No caso que envolveu o China Quarterly, a publicação voltou a colocar os artigos ‘online’ esta semana, face aos protestos de vários académicos.

Mas Jonathan Sullivan, um dos membros do comité executivo da publicação e autor de um dos artigos censurados, afirmou que o incidente deve servir de alerta.

“Temos prestado pouca atenção à forma como devemos lidar com esta nova tentativa [da China] de importar as normas da cultura política chinesa para salas de aulas ocidentais cheias de alunos chineses, ou como manter os valores académicos face a tentativas de censurar o nosso trabalho”, escreveu Sullivan.

Na Feira Internacional do Livro de Pequim, cuja edição deste ano decorre esta semana, a autocensura há muito que é prática corrente.

Citado pela agência France-Presse, o director da Mosaic8, uma editora de livros para ensino, lembra que cabe ao Governo autorizar a venda dos livros na China.

“Por isso, é do interesse das editoras não publicar nada que irrite as autoridades”, afirmou Lowe.

Em editorial, um jornal do PCC colocou a questão da seguinte forma: “Se as instituições ocidentais pensam que o mercado da Internet chinesa é tão importante que não o podem perder, têm de respeitar a lei chinesa e adaptar-se aos costumes locais”.

No caso da CUP, “não é verdade que ‘qualquer pessoa pode ter a sua opinião’, lembrou o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC. “Trata-se de um jogo de poder. Só o tempo dirá quem está certo”, acrescentou.

28 Ago 2017