Armazém do Boi | Histórias de migração inspiram exposição colectiva

Na próxima sexta-feira, é inaugurada no Armazém do Boi uma exposição colectiva que reúne peças de arte contemporânea de seis criadores. A essência transitória da vida e experiências de migração dos povos do Delta do Rio das Pérolas do interior para o litoral foram inspirações para instalações e peças de vídeo-arte

 

 

Desde o início de Novembro e ao longo de três meses e 23 dias, Situ Jian construiu um “Jardim Secreto” no Pátio do Espinho, transportando terra e plantas do seu estúdio para o pequeno recanto nas traseiras das Ruínas de S. Paulo. No próximo domingo, entre as 14h30 e as 18h, o artista irá ministrar um workshop que tem como pilar duas cartas escritas pela filha de Situ Jian, as plantas e a natureza multicultural de Macau como pontos de partida para uma discussão com os participantes.

Este é um dos seis vectores de intervenção criativa proposto pelo Armazém do Boi que inaugura na sexta-feira, a partir das 18h30, a exposição de arte contemporânea do Delta do Rio das Pérolas “The Old People’s Restaurant and the Sea”. O evento, que decorre até 24 de Março no Antigo Estábulo Municipal, reúne obras de seis artistas, Yu Guo, Zhu Xiang, Cai Guojie, Lee Kai Chung, Situ Jian, Hu Wei, em vários meios de expressão artísticas, com predominância da projecção de vídeo-arte e instalação. Porém, haverá também lugar às manifestações mais interventivas, provocadoras através de workshops com o “Jardim Secreto” de Situ Jian.

Horizontes e emoções são temas centrais da obra de autoria de Lee Kai Chung que procurou verter em vídeo a transformação e história das pessoas e paisagens contemporâneas da área da Grande Baía, com particular incidência sobre a estrutura emocional dos indivíduos deslocados.

O seu projecto mais recente, “Tree of Malevolence”, é encarado pelo artista como forma de expansão deste contexto criativo. No sábado à noite, entre as 19h e as 21h30, Lee Kai Chung irá exibir a sua árvore da malevolência, que ainda se encontra em fase de edição, e arrancar daí para uma sessão de troca de experiências com o público centrada no tema da identidade, para o qual foram convidados artistas locais. A obra explora a história do indivíduo “Y” na Feira de Cantão em Guangzhou durante a era da Guerra Fria, e representa um catalisador para a reflexão e troca de ideias.

 

A caminho da costa

“The Old People’s Restaurant and the Sea” apresenta narrativas únicas e micro-histórias da região do Delta do Rio das Pérolas. A organização do evento indica que “depois de explorar a exposição em profundidade, os espectadores poderão compreender a imaginação espacial dos habitantes das montanhas do interior em relação às zonas costeiras. Poderão também aperceber-se das estratégias de sobrevivência usadas pelos residentes das ilhas costeiras que ‘saltam’ de ilha em ilha” à procura de uma vida melhor.

Memórias de fuga, dispersão e dramas familiares são usados como pontos de confronto e partilha com o público. Por vezes, a própria montanha percorre os trilhos migratórios dos humanos, tema explorado pelas histórias da extração, transporte e deposição de pedras na região do Delta do Rio das Pérolas.

“Num lugar próximo do mar, os jovens só têm memória de pontes e enquanto os barcos caíram no esquecimento. Para alguns, as ilhas são como buracos numa sala, roídos e ocupados por ratos. Os arquipélagos são zonas de retaguarda para humanos, enquanto as terras continentais podem não o ser”, aponta a organização da mostra.

A saída de um espaço amplo para o sufoco da densidade populacional, onde reside ainda assim o sustento, são temas transversais à exposição que conta com a curadoria de Song Yi e direção do presidente Armazém do Boi, Noah Ng Fong Chao.

A entrada para a exposição é livre.

21 Fev 2024

FRC | Exposição de pintura de Ada Zhang abre hoje ao público

A galeria da Fundação Rui Cunha acolhe a partir da tarde de hoje a exposição individual de pintura de Ada Zhang intitulada “Facing the Sea”. As paisagens de Macau voltam a ser a musa da pintora, que ao longo de quase 40 obras reinventa ruas e lugares familiares do território

 

 

É inaugurada hoje, às 18h30, a Exposição Individual de Pintura “Facing the Sea”, de Ada Zhang, na galeria da Fundação Rui Cunha (FRC). A mostra “reúne um conjunto de 39 pinturas em aguarela, óleo e acrílico, com imagens que partem do seu talento em observar e captar a essência do que a envolve”, descreve a organização da exposição. A mostra estará patente ao público até dia 2 de Março e tem entrada livre.

As pinturas de paisagens e lugares de Macau voltam a ser o objecto de interesse da artista, que tem detalhado em tela múltiplas facetas da estética e atmosfera da cidade.

Esta é a segunda exposição de Ada Zhang na FRC, depois de “Home’s Where The Heart Is” ter passado pelas paredes da galeria em 2022. No ano que se inicia, a artista volta com novos trabalhos e redobrada energia, justificando o título da exposição com o entusiasmo de quem recebe a inspiração e as ideias que chegam como ondas e brisa do mar.

 

Casa e coração

Ada Zhang, natural da província de Sichuan, no Interior ocidental da China, mudou-se para Macau “há quase uma década, e, com a sua pincelada impressionista, descreve a paisagem urbana e os costumes do território através do seu estilo único e olhar de imigrante”.

Esta abordagem fresca a lugares que são mais do que familiares tem sido um dos trunfos da artista que tem exposto com regularidade em locais como o espaço a Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM) “Hold on to Hope Project”, na vila de Ká-Ho.

Ada Zhang é directora da Associação dos Artistas de Aguarela Contemporâneos de Macau, e membro da Associação de Artes de Macau, da Associação de Arte da Juventude de Macau, da Associação de Pintura de Macau, e da Associação Yü Ün dos Calígrafos e Pintores Chineses de Macau.

As suas obras ganharam o Prémio de Excelência do Concurso de Desenho Cheng Yang Bazhai em 2021 e foram seleccionadas para a Bienal de Aguarela da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau de 2021.

20 Fev 2024

Concerto | “Mediterrâneo” apresenta as raízes musicais do sul da Europa

O ensemble L’Arpeggiata apresenta a 16 de Março no Centro Cultural de Macau o concerto “Mediterrâneo”, uma viagem lírica pelas paisagens sonoras entre Turquia e Portugal. O público será brindado pela fusão da emotividade do fado e estética sonora das harmonias medievais gregas e italianas. Os bilhetes já estão à venda

 

O Grande Auditório do Centro Cultural do Macau (CCM) acolhe no dia 16 de Março o concerto “Mediterrâneo”, interpretado pelo grupo L’Arpeggiata, que propõe uma viagem pelas raízes musicais das culturas mediterrâneas.

“Atravessando sulcos culturais da antiguidade, a música de ‘Mediterrâneo’ veleja entre a Turquia e Portugal, pelas costas da Grécia e Itália, levada por Christina Pluhar, a mentora de L’Arpeggiata, um ensemble barroco que junta uma série de vozes espantosas aos sugestivos movimentos de uma bailarina”, descreve o Instituto Cultural. Os bilhetes já estão à venda e custam entre 200 e 400 patacas.

Fundindo a emotividade do fado à singularidade das harmonias medievais da música grega e italiana, “este concerto é prova viva de que, mais do que afastar, o mar estabelece uma ligação entre mentes e almas”, refere o IC.

Em palco vão estar cerca de uma dúzia de músicos, e uma bailarina que dará corpo às composições que remetem para outros tempos e latitudes através de instrumentos antigos como o violino barroco, guitarra barroco, arquilaúde, corneto, saltério, viola de gamba, cravo e teorba.

“A heterogeneidade instrumental do ensemble L’Arpeggiata é complementada pelas nuances harmónicas das canções tradicionais do sul da Europa, criando uma sequência de narrativas inspiradas nas águas misteriosas do Mediterrâneo”, descreve o IC.

As sonoridades do passado e das paisagens e paladares característicos das zonas costeiras mediterrâneas vão tomar conta do Grande Auditório do CCM. “Cruzando águas ensolaradas, entre a tradição e a poesia mediterrânea, vamos viver a sensação de caminhar sobre a areia ao som de velhas tarantelas e cantos folclóricos entoados, como era costume, há muitos séculos, nas sombras de estreitas ruas empedradas ou em olivais distantes. No encanto de um diálogo constante, por entre sóbrios improvisos, as vozes em palco interagem sobretudo com instrumentos de cordas do mediterrâneo, como a lira e a teorba”, aponta o IC.

 

Barroco no séc- XXI

Fundado em 2000 em Paris, pela directora e teorbista Christina Pluhar, L’Arpeggiata é um ensemble flexível que combina especialistas em música antiga com vocalistas de uma região musicalmente conhecida como eixo da olivicultura. Com mais de 200 mil discos vendidos, o grupo tem recebido excelentes críticas pelos seus álbuns e concertos. Têm tocado em inúmeros festivais e salas de concerto, do Festival de Música Barroca de Londres ao Carnegie Hall de Nova Iorque, entre muitos outros.

O epicentro sonoro do grupo é a música italiana, francesa e também inglesa do século XVII. Composição e interpretação surgem frequentemente do improviso e da liberdade proporcionada pela interacção de músicos de jazz e músicos dedicados ao período barroco.

A austríaca Christina Pluhar é o motor de L’Arpeggiata. Com mais de três décadas de palcos e discos, a teorbista, harpista e maestrina é também professora no Conservatório Real de Haia e na Universidade de Graz

O concerto está marcado para as 20h e terá uma duração prevista de 90 minutos, sem intervalo.

19 Fev 2024

Hong Kong | Museu de Arte mostra pinturas de Ticiano e pintores renascentistas

Até 28 de Fevereiro, Hong Kong tem em exposição pinturas de alguns dos principais artistas renascentistas de Veneza, como Ticiano, Giorgione, Veronese ou Tintoretto

 

Até 28 de Fevereiro, o Museu de Arte de Hong Kong é o palco da exposição “Ticiano e pintores renascentistas de Veneza da Galeria de Uffizi”, que mostra algumas obras do pintor que foi considerado o expoente máximo da escola renascentista de Veneza, assim como dos seus principais discípulos.

Com um preço de entrada de 30 dólares de Hong Kong, a exposição apresenta 50 quadros que estão em exposição pela primeira vez no território vizinho, trazidos desde a Galeria de Uffizi, situada no centro histórico de Florença, em Itália, e que é especializada em pintura do período do Renascimento.

Um dos principais trabalhos em exposição é o quadro “A Flora, Vénus, o Cupido com um Cão e uma Perdiz”, da autoria de Ticiano, em que a deusa romana do amor, sexo, fertilidade e da vitória surge deitada com o filho Cupido.

No espaço, estão igualmente em exibição outras obras notáveis de Ticiano, como a Nossa Senhora da Misericórdia, em que o próprio autor surge retratado ajoelhado perante a figura divina.

Como um dos principais e mais famosos artistas do século XVI, a reputação do pintor italiano nascido em Véneto, Itália, fez com recebesse encomendas para trabalhar para algumas das personalidades mais influentes da história europeia, como aconteceu com Carlos V, Imperador do Império Sacro Romano-Germânico e pai de D. Filipe I de Portugal.

Além do retrato de um dos governantes espanhóis mais famoso do século XVI, a colecção em exibição conta igualmente com um retrato de Jesus Cristo, encomendado pelo Imperador, com o título Ecce Homo. O quadro tem a particularidade de se ter tornado inseparável do próprio Carlos V ao longo da sua vida.

Entre os trabalhos expostos do artista veneziano, encontra-se igualmente a Batalha de Cadore. A pintura retrata aquela a disputa que também ficou conhecida como Batalha do Rio Seco, que opôs as forças da República de Veneza contra as forças do Império Sacro Romano-Germânico, em 1508, e que foi um dos momentos altos em termos militares da república mercante.

Pintor celebridade

Nascido em Véneto, no norte da actual província de Veneza, algures entre 1488 e 1490, Ticiano Vecellio, também conhecido como Vecelli ou Ticiano, assumiu-se como um dos principais pintores da Escola de Veneza do século XVI.

Numa república que se afirmava como um grande centro de comércio e onde se concentravam mercantes, navegadores, académicos e artistas com origens muito variadas, foi criada uma atmosfera que levaria a que pintura renascentista de Veneza acabasse por influenciar a arte um pouco por toda a Europa.

Além disso, o movimento da cidade dos canais teve a particularidade de destoar do resto de toda a pintura de Itália na altura, porque dava a primazia aos jogos de cores sobre o traço do artista.

A título individual, a Ticiano é atribuída a tendência de desenhar figuras femininas nuas e reclinadas, como a que está presente no quadro “A Flora, Vénus, o Cupido com um Cão e uma Perdiz”.

A exposição não se esgota nos trabalhos de Vecelli, e outro dos principais destaques é o quadro “A Prova de Fogo de Moisés”, da autoria de Giorgione, cujo nome verdadeiro era Giorgio Barbarelli da Castelfranco.

Nesta obra, é retratado o episódio do Antigo Testamento em que o bebé Moisés, depois de ser adoptado pela filha do Faraó Egípcio, atira a coroa do governante para o chão. O acto foi considerado como um presságio que Moisés iria derrubar o faraó. Para afastar o presságio, o faraó mandou colocar diante do bebé duas tigelas, uma com brasas e outra com cerejas. Como o bebé, guiado por um anjo, acabou por escolher levar à boca as brasas, acabou por ser considerado inocente do crime de traição.

Em destaque, está igualmente o trabalho “O Baptismo de Jesus Cristo”, pintado por Paolo Veronese, que retrata o baptismo conduzido por São João Baptista e que através de um pomba com uma aura dourada remete também para a presença da Trindade.

A exposição é o resultado de uma organização conjunta entre o Jockey Club de Hong Kong, Museu de Arte de Hong Kong, o Ministério de Cultura de Itália e a Galeria Uffizi.

18 Fev 2024

Lai Chi Vun | Jazz e música electrónica ao vivo no sábado à tarde

No próximo sábado, a partir das 16h, os Estaleiros de Lai Chi Vun serão palco para as actuações ao vivo da banda de jazz local The Bridge, do compositor japonês Akitsugu Fukushima e da Orquestra Juvenil Chinesa de Macau. A entrada é livre e o Instituto Cultural o disponibiliza transporte directo gratuito a partir da península e da Taipa

 

O Instituto Cultural apresenta no sábado, a partir das 16h, mais um capítulo de actuações ao vivo nos Estaleiros Navais de Lai Chi Vun – Lotes X11 a X15, que desde Dezembro têm animado a velha vila piscatória com “concertos ao anoitecer” nas segundas metades de cada mês.

Desta feita, vão subir ao palco a banda de jazz local The Bridge, o compositor de música electrónica Akitsugu Fukushima e a Orquestra Juvenil Chinesa de Macau.

A banda mais experiente do cartaz do próximo sábado, os The Bridge, foi fundada em 1989 e “é composta por membros de diferentes países, sendo, ainda hoje, a banda residente do Clube de Jazz de Macau”, um dos clubes de jazz mais antigos da Ásia.

“Desde a sua participação no “hush! Concertos” em 2005, a banda tem actuado com frequência em festivais e eventos locais, incluindo o Festival de Artes de Macau, o Festival Internacional de Música de Macau e eventos organizados por empresas e hotéis locais”, descreve o IC em comunicado. Composta pelos músicos Phil Reaves, Humphrey Cheong, José Chan e Ray Ricardo Elma, os The Bridge costumam incluir no alinhamento das suas actuações ao vivo incontornáveis standards de jazz, assim como temas de fusão (em especial com interpretações de bossanova e jazz mais pop). Com uma história de música que antecede a formação da banda, os elementos fundadores dos The Bridge são autênticos embaixadores do género musical em Macau.

Bandas e juventude

Outro ponto de destaque para a tarde de música em Lai Chi Vun será a actuação do japonês Akitsugu Fukushima, radicado em Macau há mais de uma década. O compositor, músico e designer de som tem colaborado com vários músicos, artistas e realizadores de cinema locais desde que se mudou para Macau em 2013. No currículo conta com a composição e arranjo de músicas para os cantores japoneses Aimer e yama e foi também responsável pelas bandas sonoras de filmes como “Madalena”, uma co-produção de Hong Kong e Macau lançada em 2021, e “Our Eighteen” que lhe valeram dois prémios em 2020 e 2021 no festival Golden Horse Awards de Taiwan.

O músico japonês lançou recentemente o single “Hero”, uma composição electrónica repleta de referências nipónicas que evocam cenários de filme.

Noutro espectro musical, o IC convidou a Orquestra Juvenil Chinesa de Macau para os concertos de sábado nos estaleiros navais. Fundada em 2004, a orquestra direccionada para jovens “combina música tradicional chinesa com instrumentos de música electrónica. A orquestra tem actuado em múltiplas cidades na China e no exterior desde a sua fundação”, refere o IC.

Com os concertos marcados para sábado, o IC cancelou a habitual actuação do “Ponto Busking”, uma espécie de simulação dos espontâneos concertos de rua populares em todo o mundo em que músicos actuam em espaços públicos (ruas, praças, ou estações de metro, por exemplo), esperando que a apreciação dos espectadores se traduza em donativos.

O IC indicou também que estará disponível um serviço de transporte gratuito (autocarro) aos sábados, domingos e feriados, “a fim de facilitar a deslocação de residentes e visitantes para os Estaleiros Navais de Lai Chi Vun”. Apesar de o IC não indicar especificamente horários e locais de partida dos autocarros no sábado, a manter-se o arranjo anterior, os autocarros terão partida da Rua do Dr. Pedro José Lobo (junto ao Edifício Macau Square), em Macau, às 14h, 15h e 16h, e da Taipa junto ao Edifício Nova City, Blocos 11, às 14h30 e 15h30. Os horários de regresso à península estão marcados para as 18h, 18h30 e 19h, e com destino à Taipa partem de Lai Chi Vun às 18h e 18h45.

15 Fev 2024

Ano Novo Lunar | Música, fogo de artifício, teatro e exposições vão animar a cidade

Com o Ano Novo Lunar à porta, Macau prepara-se para um vasto calendário de actividades. Concertos, exposições e espectáculos prometem encher a cidade de cor e alegria. A tradicional parada e desfile de carros alegóricos, assim como os espectáculos de fogo-de-artifício são alguns dos pontos altos do cartaz de festividade

 

Vem aí a grande festa do Ano Novo Lunar. Macau irá receber o Ano do Dragão com um alargado leque de festas para todos os gostos espalhados pela cidade. Como não poderia deixar de ser, os eventos mais aguardados são a Parada de Celebração do Ano do Dragão, que irá contar com a participação mil artistas locais, de Hong Kong, Interior da China e do estrangeiro (Alemanha, Indonésia, Coreia do Sul e França), incluindo o grupo da Marcha da Madragoa, e os espectáculos de pirotecnia.

A primeira parada está marcada para a próxima segunda-feira, o terceiro dia do Ano Novo Lunar, partindo da Praça do Lago Sai Van às 20h, e seguindo em direcção à Doca dos Pescadores às 21h45. Ao longo do percurso vão estar instaladas bancadas para o público na Praça do Lago Sai Van, Av. Dr. Sun Yat-Sen, Centro Ecuménico Kun Iam e Rotunda do Centro de Ciências de Macau.

O segundo desfile está marcado para o 8.º dia do Ano Novo, que é no dia 17 de Fevereiro, e desta feita o percurso irá passar pela zona norte da península, partindo da Estrada Marginal da Ilha Verde às 20h, com o Jardim do Mercado do Iao Hon a ser o destino final, onde a parada deve chegar às 21h30, depois de uma volta pelo bairro da Areia Preta.

As paradas vão também ser abrilhantadas por actuações de grupos musicais. O primeiro palco de actuações estará montado na Praça do Lago Sai Van, onde vão actuar na segunda-feira XiX, George e Phoebus do grupo P1X3L, Gordon e Lincoln do grupo BOP e o cantor Tik Tang, todos de Hong Kong. A vez das estrelas locais está a cargo dos cantores Filipe Tou, Germano Guilherme e o grupo MFM.

No dia da segunda parada, 17 de Fevereiro, a partir das 20h15, o Jardim do Mercado de Iao Hon será o palco do espectáculo final, onde vão actuar as artistas de Hong Kong Selena Lee e Carman Kwan e os cantores de Macau Germano Guilherme, Rico Long e Viviana Lo, entre outros.

Os carros alegóricos que participam na parada serão exibidos na Doca dos Pescadores de Macau entre 13 e 16 de Fevereiro e na Praça do Tap Seac entre 18 e 25 de Fevereiro.

 

Entre o céu e a terra

Como não poderia deixar de ser, outro dos grandes destaques da época festiva são os três espectáculos de fogo de artifício agendados para as 21h dos dias 12, 16 e 24 de Fevereiro, na zona ribeirinha em frente à Torre de Macau.

Os espectáculos vão iluminar os céus de Macau durante 15 minutos, obviamente com o dragão a ser o tema. O Governo aconselha como locais ideais para assistir ao espectáculo, e desfrutar do que designa como “uma noite de animação romântica”, o Anim’Arte Nam Van, a zona que vai do Centro Ecuménico Kun Iam até à Zona de Lazer Marginal da Estátua de Kun Iam, a Avenida de Sagres (ao lado do Hotel Mandarin Oriental, Macau), o passeio ribeirinho do Centro de Ciência de Macau e a Avenida do Oceano da Taipa.

Em relação aos eventos organizados em parceria com autoridades do Interior, destaque para as actuações que vão animar o Anim’Arte NAM VAN e vários locais ao ar livre, com espectáculos da Companhia de Teatro “Ópera Luju” do Município de Jinan, da Companhia de Acrobacia de Jinan e Companhia de Artes Performativas de Qinghai.

 

Sons do dragão

Passando para dentro de portas, no dia 23 de Fevereiro a Orquestra Chinesa de Macau apresenta no Centro Cultural de Macau o concerto “Flores de Primavera”. Mas no plano musical, as actuações junto às Ruínas de S. Paulo continuam a ser um ponto incontornável enquanto palco para festividades. Nos dias 14, 17 e 24 de Fevereiro, a Orquestra de Macau e a Orquestra Chinesa de Macau apresentam o concerto “Melodias Inesquecíveis nas Ruínas de S. Paulo”, propondo ao público um ambiente festivo “pleno de peças românticas”. As actuações têm todas uma hora de duração e começam às 18h.

Tendo em conta que as Ruínas de S. Paulo são um local muito concorrido, e com restrições naturais a nível de espaço, a organização irá controlar o fluxo de multidões nos dias de concerto.

 

Para ver e sentir

Durante o período de festividade de Ano Novo, o Instituto Cultural destaca as várias exposições patentes no território, como a “Eminência Dourada: Tesouros do Museu do Palácio e do Mosteiro de Tashi Lhunpo” e “Candida Höfer: Olhar Épico” no Museu de Arte de Macau, “Fujian Revigorante: Ponto da Partida da Rota da Seda Marítima – Mostra de Património Cultural Intangível” no Museu de Macau. Além disso, foi ontem inaugurada a exposição “Temperamento pela Terra e pelo Fogo – Exposição de Arte da Cerâmica Negra das Províncias de Shandong e Qinghai” na Galeria Tap Seac.

Mas quando a festa é em Macau, o próprio património local transforma a cidade num museu a céu aberto. Como tal, o Governo irá organizar algumas actividades, ou apoiar financeiramente associações locais com o mesmo fim.

Neste capítulo, destaque para a organização de roteiros pensados para alargar o conhecimento dos participantes em relação à história do território. Os passeios, com duração de cerca de uma hora, vão percorrer zonas como a Taipa Velha, com dois percursos à disposição dos interessados: “Major historical events in Taipa” (com passagens pela Rua do Pai Kok – Templo de Tin Hau – Museu da História da Taipa e Coloane – Largo do Carmo – Casas-Museu da Taipa – Rua Direita Carlos Eugénio, Taipa) e “Taipa village life in the olden days” (que inclui visitas ao Templo Pak Tai na Taipa – Largo de Camões – Rua do Cunha – Feira do Carmo – Antiga Fábrica de Panchões Iec Long). As visitas guiadas gratuitas estão marcadas para os fins-de-semanas de 17 e 18, e 24 e 25 de Fevereiro, num total de 12 sessões. As visitas serão realizadas em cantonense, mandarim e inglês.

8 Fev 2024

Galaxy | Exposição mostra instalações de artistas locais emergentes

A GalaxyArt acolhe até Maio a exposição “GENESIS: Contemporary Installation Art Journey”, uma viagem que leva o público ao “vibrante” panorama da arte contemporânea local. Trabalhos de Ng Man Wai, Sou Leng Fong e Cheong Hoi I traçam um mapa sensorial que compõe a mostra exibida no Cotai

 

A aposta das concessionárias de jogo na promoção da arte contemporânea chegou também à Galaxy. O espaço GalaxyArt exibe até ao dia 6 de Maio a exposição “GENESIS: Contemporary Installation Art Journey”, composta por trabalhos de três artistas locais emergentes, “abrindo uma janela para o vibrante movimento de arte contemporânea local.

A mostra reúne trabalhos de Ng Man Wai, Sou Leng Fong e Cheong Hoi I, que propõem uma viagem sensorial através de estímulos visuais, sonoros e até fragrâncias com o objectivo de evocar a percepção de testemunhar o começo de algo.

“O tema da exposição parte do conceito grego de ‘génesis’ e do significado de ‘criação’, um conceito apropriado para celebrar recomeços e inspirar os visitantes com a energia positiva de novas possibilidades que esta época representa”, descreve a organização da mostra.

As instalações das três artistas partem de aspectos do mundo natural e provocam reflexão sobre conceitos de cariz filosófico. A instalação a cargo de Ng Man Wai explora a dicotomia entre o que é real e o que não é através de reproduções mais ou menos realistas de objectos comuns, que são sujeitos a replicação que vão acrescentando novos elementos. A obra que expõe no GalaxyArt, “Doppelgänger: The Apple”, é uma enorme maçã cortada em fatias. Através da prosaica reprodução do fruto, Ng Man Wai explora o simbolismo da maçã, enquanto fruto da sabedoria e boa saúde e revela o que se esconde no seu interior, iluminando novas facetas e dissecando os vários ângulos do objecto.

 

Dar na fruta

A obra de Sou Leng Fong confirma a predilecção que tem com plantas e vida aquática enquanto fontes dominantes de inspiração, que se materializa frequentemente através de esculturas em barro. “Blooming” encontra-se pendurado no tecto da GalaxyArt, “à semelhança de um grande candelabro, revelando a dinâmica de linhas irregulares e formas que imitam contornos naturais de organismos”.

A instalação de Cheong Hoi I, “Pleased as Fruit Punch”, denota uma explosão de cores em forma de ponte arqueada de onde se desdobram “tiras iridescentes como pétalas de flores e as superfícies reflectoras criam um efeito caleidoscópico com cores e padrões variáveis”.

Além da possibilidade percorrer o espaço de exposição, a organização propõe ao público a participação em três workshops temáticos de 90 minutos orientados pelas próprias artistas. Os temas são: “Doppelgänger: The Apple”, “Making, Diffusing Stone – Nutrient” e “Pleasant Light Making”.

A curadoria do evento é de Lam Tsz Kwan e está patente ao público na GalaxyArt, no primeiro piso do Galaxy Promenade.

O director do Galaxy Entertainment Group, Philip Cheng, enalteceu a oportunidade do tema principal da mostra face às festividades da época. “A Primavera é uma época de novos começos e ideias frescas. Como tal, temos o prazer de apresentar uma exposição que reflecte perfeitamente a estação. As obras destas três jovens artistas locais não só mostram o maravilhoso talento criativo que temos em Macau, mas também oferecem uma oportunidade única para os visitantes interagirem com as obras de arte e descobrirem a sua própria inspiração artística.”

7 Fev 2024

Exposição | Sands exibe obras de arte contemporânea chinesa

Está patente no Cotai Expo do Venetian a “Exposição do Anuário de Arte Contemporânea da China 2022”, uma mostra que reúne 28 obras multidisciplinares, da pintura a óleo, passando pela instalação e performance artística. É a primeira vez que a conceituada exposição anual é exibida fora do Interior da China

 

O Hall C do Cotai Expo no Venetian acolhe até 27 de Fevereiro a “Exposição do Anuário de Arte Contemporânea da China 2022”, um evento que se realiza todos os anos e que tem como base os trabalhos seleccionados pelo Arquivo de Arte Moderna Chinesa da Universidade de Pequim. A publicação documenta anualmente registos de obras de arte, grandes projectos artísticos, exposições, eventos, entrevistas e textos escritos por artistas, críticos, investigadores e curadores chineses, sob a batuta de Zhu Qingsheng, que dirige o Arquivo de Arte Moderna Chinesa desde 1986.

A organização do evento salienta que os trabalhos expostos reflectem as experiências culturais e existenciais dos artistas, em contextos universais como a globalização, o cruzamento entre criação artística e tecnologia, o valor dos limites da arte, as perspectivas femininas e processos de urbanização.

O processo de selecção de trabalhos culmina nesta exposição, onde estão patentes ao público obras que atravessam várias formas de criação artística, da pintura a óleo, vídeo, performance artística e instalação, entre outros meios. “Todas as obras seleccionadas têm como característica comum a sua originalidade, permitem reflectir e conhecer realidades sociais e iniciar um diálogo entre arte e o espírito dos tempos. Entre os artistas que contribuíram para esta mostra contam-se criadores que já atingiram patamares significantes de reconhecimento, assim como artistas novos com percursos criativos interessantes e experiência internacional, incluindo grupos artísticos que abordam a criação de perspectivas originais”, indica a organização da mostra.

 

Ponte para a mundo

O vice-presidente do Conselho de Administração da Sands China, Wilfred Wong, destacou a importância da mostra e da sua exibição no território. “O professor Zhu Qingsheng, e a sua equipa, são responsáveis pela curadoria da Exposição do Anuário de Arte Contemporânea da China desde 2015. Esta é a nona edição e é a primeira vez que é exibida fora do Interior da China”, começou por destacar o responsável da concessionária de jogo, citado por um comunicado da empresa.

Wilfred Wong destacou que um dos objectivos da organização é utilizar Macau enquanto base de intercâmbio cultural e uma janela entre a China e o mundo, de forma a mostrar ao público internacional e a turistas do mundo inteiro “a vitalidade da arte contemporânea chinesa”.

“Esperamos com esta exposição alimentar a alma das pessoas através das artes e possibilitar que a comunidade artística de Macau compreenda a evolução e desenvolvimento da arte contemporânea chinesa”, indicou o responsável da Sands China.

Por sua vez, o curador da mostra e mentor do anuário de arte contemporânea destacou a projecção que a RAEM pode conferir. “Macau é porta de entrada da China para o mundo, e também serve como trampolim para a arte contemporânea chinesa no palco global. Estamos literalmente a exibir ao mundo as conquistas culturais possibilitadas pela reforma económica chinesa ao organizar esta exposição na RAEM”, afirmou Zhu Qingsheng.

A organização da exposição está a cargo da Sands China, do Arquivo de Arte Moderna Chinesa da Universidade de Pequim, com o apoio da Biblioteca e Faculdade de Humanidades e Artes da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST na sigla em inglês).

A exposição pode ser visitada entre 1 e 27 de Fevereiro, das 11h às 19h. A entrada é gratuita.

6 Fev 2024

Casa Garden | Exposição atravessa meio milénio de cartografia de Macau

A exposição “Mapamorphosis: 500 Anos de Cartografia” abre amanhã portas ao público na Casa Garden. A mostra que partiu do conceito de Marco Rizzolio, com curadoria de Pedro Luz documenta a transformação e expansão da cidade através de um conjunto de mapas e elementos multimédia. A inauguração da exposição será acompanhada por um seminário

 

Se cinco anos fazem diferente, imagina-se o impacto de cinco séculos na evolução do tecido urbano de uma cidade de confluências de culturas como Macau? Esta metamorfose está na génese da exposição “Mapamorphosis: 500 Anos de Cartografia e Desenvolvimento Económico de Macau”, que é inaugurada amanhã, às 18h30, na Casa Garden.

A mostra, organizada pela Associação Cultural 10 Marias e a Fundação Oriente, partiu da ideia de Marco Rizzolio e conta com a curadoria e direcção multimédia de Pedro Luz.

A exposição assinala a transformação geográfica de Macau ao longo dos séculos através de uma colecção de mapas de diversas fontes, permitindo-nos simultaneamente visualizar o crescimento urbano e o desenvolvimento socioeconómico de Macau.

“Na era pré-colonial, a área de Macau estava reduzida a uns meros três quilómetros quadrados, o seu processo de expansão deu-se, a partir do século XVI, com o estabelecimento dos portugueses e a ‘conquista’ de território. Durante a segunda metade do século XX, a área terrestre de Macau aumentou aceleradamente, passando de 15 quilómetros quadrados em 1972 para 21 em 1994. Hoje, a área terrestre é aproximadamente de 32 quilómetros quadrados com uma população de cerca de 680 mil habitantes, fazendo com que Macau seja uma das cidades do mundo com maior densidade populacional”, é destacado pela organização.

 

Imagens e ideias

A organização do evento indica que a mostra terá como base o “importante acervo cartográfico de Macau com manifesto interesse pedagógico e didáctico, com o uso das novas tecnologias”.

Nesse sentido, a evolução geográfica da cidade e a sua consequente expansão territorial pode ser testemunhada através dos vários mapas que vão estar expostos na Casa Garden, mas também através de um vídeo da autoria de Pedro Luz que será projectado no espaço da exposição. A “projecção videográfica, com base em cartografias, mapas e imagens satélites promove o conhecimento da geografia de Macau e divulga o seu desenvolvimento histórico e económico, de forma interativa e informativa”, acrescenta a nota da Associação Cultural 10 Marias.

Além dos elementos visuais, a inauguração da mostra será acompanhada de um seminário sobre desenvolvimento económico e urbanístico de Macau, amanhã às 18h30 na Casa Garden, que terá como convidados Priscilla Roberts, Nuno Soares, Marco Caboara e José Sales Marques.

“Mapamorphosis: 500 Anos de Cartografia e Desenvolvimento Económico de Macau” estará patente ao público até 17 de Março e a entrada é livre.

5 Fev 2024

Exposição | UM acolhe mostra de mestres do impressionismo francês

É inaugurada hoje no Museu de Artes da Universidade de Macau a exposição “With The Sunshine, Across The Sea: From French Impressionism to Landscape Paintings of Macao” que reúne quase 130 obras, com destaque para trabalhos de mestres do impressionismo como Théodore Géricault, Claude Monet e Gustave Courbet

 

Uma ponte entre o prolífero período artístico do impressionismo francês e a pintura de paisagem com Macau como pano de fundo são os conceitos centrais da exposição que é inaugurada hoje, a partir das 16h, no Museu de Artes da Universidade de Macau.

“With The Sunshine, Across The Sea: From French Impressionism to Landscape Paintings of Macao” é o nome da mostra, patente até 5 de Maio, composta por quase 130 obras, incluindo pinturas de mestres como Théodore Géricault, Claude Monet e Gustave Courbet.

Apesar do natural protagonismo das pinturas a óleo de mais de uma dezena de vultos do impressionismo francês, serão exibidas fotografias de autores da altura, quadros do pintor neo-impressionista francês do século XX André Hambourg.

O movimento artístico que acabaria por se denominar Impressionismo partiu de um pequeno grupo de pintores franceses no final do século XIX que romperam com os cânones das academias de artes, inspirados nas experiências de Eugène Delacroix ou J. M. W. Turner. Encabeçado por pintores como Claude Monet, Pierre-Auguste Renoir, Edgar Degas e Paul Cézanne, o impressionismo afasta-se do realismo de correntes anteriores e lança no mundo das artes uma nova interpretação da luminosidade e movimento. A nova estética acabaria por atribuir aos pintores impressionistas uma reputação de perigosos radicais.

 

Visões e imagens

A ligação entre a Normandia e Macau é feita através de pinturas de paisagens de Macau de autoria de artistas baseados em Macau, como George Smirnoff, Luís Luciano Demée e Kwok Se, que “foram buscar inspiração à convergência de culturas”, indica a organização da mostra.

Após a cerimónia de abertura da exposição, por volta das 16h30, será apresentada uma palestra intitulada ‘Scenery Under the Visions of West and East’, conduzida em mandarim. A palestra será apresentada por Li Jun, que dirige o Departamento de Artes e Design da Faculdade de Artes e Humanidades da Universidade de Macau, no Auditório da Livraria da universidade.

Partindo das obras que compõem a exposição, Li Jun, que também fez a curadoria da mostra, irá explicar como “os meios contrastantes da água e do óleo sofrem uma reação química mágica e dão origem a um efeito harmonioso semelhante à convergência das culturas oriental e ocidental em Macau”. A ideia é guiar o público pelas técnicas usadas pelos mestres da corrente artística de forma a poderem apreciar a originalidade e estética dos quadros impressionistas e das representações de paisagens de Macau.

A mostra é organizada pelo Museu de Artes da Universidade de Macau, que fica no primeiro e segundo piso da Biblioteca Wu Yee Sun, a L’association Peindre en Normandie, Les Franciscaines in Deauville, e a Ardi Photographies, com o apoio do Instituto Cultural e o Museu de Arte de Macau. A curadoria está a cargo do Departamento de Artes e Design da Faculdade de Artes e Humanidades.

A exposição pode ser visitada entre as 10h e as 17h todos os dias, excepto feriados públicos e nos primeiros três dias dos feriados do Ano Novo Lunar. A entrada para a exposição e para a palestra é grátis.

4 Fev 2024

“Fai Chun – Oferta de Papéis Votivos” começa hoje na FRC

Decorre hoje e amanhã, na Fundação Rui Cunha (FRC), o tradicional evento relacionado com a chegada do Ano Novo Chinês, “Fai Chun – Oferta de Papéis Votivos”. O público poderá deslocar-se à galeria da FRC entre as 10h e as 17h e ficar, gratuitamente, com estes papéis que contêm mensagens de boa sorte escritas em caligrafia chinesa.

Trata-se de um evento co-organizado pela Associação de Poesia dos Amigos do Jardim da Flora e é orientado por 37 mestres locais de caligrafia chinesa, nomeadamente Ung Choi Kun, Hong San San ou Choi Vai Keng, que se juntam a Ng Pio (Yum Fung Chan), o presidente da associação. Poetas como Ko Tak Kong, Chong Iat Fai e Yun Wing On também irão estar presentes ao longo dos dois dias para criar dísticos de versos, no âmbito das celebrações do Novo Ano Lunar do Dragão.

Boa Onda

Fai Chun (揮春) é uma decoração tradicional usada durante o Ano Novo Chinês, que marca a chegada da época primaveril. Em português poderá traduzir-se por Onda de Primavera. As pessoas colocam os Fai Chun nas portas para criar uma atmosfera alegre e festiva, já que as frases caligrafadas significam boa sorte e prosperidade. Normalmente, os Fai Chun tradicionais são de cor vermelha, com caracteres pretos ou dourados inscritos a pincel, que visam proteger as casas com votos de bons auspícios para o ano que se segue. Hoje em dia são mais frequentes as versões impressas e produzidas em larga escala. Podem ser quadrados ou rectangulares e pendurados na vertical ou na horizontal, geralmente aos pares. Não existem apenas na China, mas também na Coreia, Japão e Vietname.

2024 é o Ano do Dragão de Madeira, que se inicia a 10 de Fevereiro de 2024 (primeiro dia do Novo Ano Chinês) e dura até 28 de Janeiro de 2025.

A FRC descreve, em comunicado, que “o Dragão é o único dos 12 signos do zodíaco chinês que se baseia num animal imaginário”, o que faz com que os dragões “sejam tão carismáticos e grandiosos na vida”.

“Na cultura chinesa, o Dragão pode ser descrito como um ser focado e motivado. Os nativos deste signo têm uma personalidade repleta de confiança, sem qualquer problema em serem assertivos e assumirem papéis de liderança. Prevê-se que 2024 seja um ano caracterizado pela inovação, visão e crescimento”, aponta-se ainda na mesma nota.

1 Fev 2024

Gastronomia | Nova temporada de programa de Joana Barrios gravada em Macau

Joana Barrios, chef portuguesa que apresenta em Portugal o programa de culinária “O da Joana” ou “À la Barrios”, no canal 24 Kitchen, encontra-se em Macau a fazer gravações para a nova temporada do programa. Joana já passou pelo restaurante de sopas de fitas Cheong Kei, na Rua da Felicidade, ou nos espaços de restauração do Grand Lisboa Palace, no Cotai

 

A diversidade gastronómica e cultural de Macau terá levado a chef portuguesa e actriz Joana Barrios a enveredar-se nos meandros dos restaurantes do território, onde está desde a semana passada em gravações para a nova temporada do programa “À la Barrios”, que será transmitida no canal de televisão por cabo 24 Kitchen.

A novidade foi anunciada na conta de Instagram de Joana Barrios, bem como na conta oficial do 24 Kitchen. “Em breve vai ser tudo mais divertido e colorido na nova temporada do À La Barrios! A Joana Barrios foi até Macau para se inspirar. Curiosos? Acompanhem todas as novidades aqui”, podia ler-se há uns dias.

Na sua conta, Joana, natural do Alentejo e que, nos últimos tempos, tem-se tornado mais conhecida do grande público devido à sua presença na televisão a cozinhar, tem levantado a ponta do véu relativamente ao lado da gastronomia local que poderá aparecer nos ecrãs portugueses.

Joana Barrios já esteve nos espaços de restauração do Grand Lisboa Palace a experimentar iguarias mais sofisticadas, mas não ignorou a típica comida chinesa local, tendo passado pelo restaurante de sopa de fitas Cheong Kei, situado na Rua da Felicidade, uma das mais tradicionais e turísticas de Macau.

“Estou a tentar não fazer overposting nem dar cabo de tudo com spoilers.
Acabámos de gravar aqui, na casa da tradicional sopa de fita Cheong Kei, na Rua da Felicidade, e tenho muitas coisas para dizer, especialmente numa altura em que em Lisboa se sucedem aberturas de restaurantes de caldos com massa (porque noodles e ramen são coisas diferentes), é extraordinário enfiar na boca um ninho de longas fitas irregulares de uma massa que não está escrita”, descreveu a apresentadora.

No Instagram, Joana Barrios acrescentou que, nesse estabelecimento, “os noodles são ainda feitos de modo artesanal seguindo a receita familiar e utilizando os mesmos utensílios desde a abertura”. “Da massa dos noodles também se fazem outras delícias como os ‘Won Ton’ de camarão que podem ser fritos acompanhados com molho ‘doçura’ ou cozidos servidos num caldo”, escreveu ainda.

O pombo e as memórias

Joana Barrios considerou “tokenizada e formal” a experiência com a comida servida no Cotai, pois um prato de pombo levou-a às memórias de infância ou adolescência, enquanto “a visita ao pequeno restaurante da família Lao, na Rua da Felicidade, deu cabo de mim”.

A equipa de filmagens está a ser acompanhada por um tradutor, embora, no que diz respeito à cozinha, Joana Barrios descreva que, para sensações e gostos proporcionados pela comida, “não foi necessária tradução”, pois “a comoção é um sentimento universal”.

O HM contactou a apresentadora do programa no sentido de saber mais detalhes a propósito deste projecto e da nova temporada do “À la Barrios”, mas até ao fecho desta edição não foi obtida resposta.

“À la Barrios” já deu origem a um livro de receitas lançado em Portugal em Novembro de 2022, mas Joana Barrios já conhece os meandros do mundo editorial em livros de cozinha, tendo lançado “Sopeira”, “O da Joana” ou “Palato Rico, Palato Pobre”. Antes de ter o seu próprio programa de televisão, começou a cozinhar no “Programa da Cristina”, anteriormente transmitido na SIC.

Joana Barrios é actriz formada pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, tendo ainda uma pós-graduação em Crítica de Cinema e Música Pop. Começou a trabalhar com a companhia Teatro Praga em 2008, mas depois passou para o mundo da televisão com o programa “Armário”, uma série de documentários sobre moda transmitida na RTP2.

Em 2021, começou a ser uma das apresentadoras do 24 Kitchen, a par de nomes como Jamie Oliver, Henrique Sá Pessoa ou Filipa Gomes, com o programa “O da Joana”.

31 Jan 2024

Exposição de Adam McEwen inaugurada esta sexta-feira em Hong Kong

Esta sexta-feira, 2 de Fevereiro, é inaugurada na galeria Gagosian, em Hong Kong, a exposição que marca a estreia na Ásia do artista Adam McEwen. Segundo um comunicado oficial sobre a mostra, trata-se de uma exposição que inclui “uma secção transversal do seu trabalho”, incluindo também novas pinturas e esculturas feitas em grafitti, um material bastante utilizado pelo artista.

Segundo a mesma nota, o artista “tende a colocar em primeiro plano, isolando-os, objectos banais, como um tapete de yoga, um bebedouro ou copos de plástico, até ao ponto de os tornar tão banais que se tornam mais fáceis de usar, desprendendo-os dos seus significados já familiares e [também] tranquilizadores”.

As esculturas de McEwen são “simples e exactas”, sugerindo “um sentido do que é estranho e uma sensação de ligeira deslocação”. Além disso, as suas pinturas “apresentam coisas do quotidiano numa linguagem gráfica simplificada que as que as descontextualiza, libertando-as das suas conotações habituais”.

O que importa

As temáticas trabalhadas por McEwen são escolhidas por terem “alguma importância”, sendo exemplo disso “um arco de comboio perto do seu estúdio, um desenho de um leão que simboliza o poder e a força, um par de candeeiros de rua perto da Grand Central de Nova Iorque que formam uma espécie de entrada ou uma espada encontrada escondida atrás de um radiador quando o artista renovou o seu apartamento”.

Ao simplificar a representação destes elementos nas obras de arte, estes temas “tornam-se acessíveis e a relação entre o sujeito e o espectador torna-se mais forte face ao tema e o significado que existe no quotidiano” dentro da realidade de cada um.

Adam McEwen nasceu em 1965 em Londres e actualmente vive e trabalha em Nova Iorque. As suas peças estão presentes em colecções no Arts Council, em Londres; na Aberdeen Art Gallery and Museums, Escócia; no Museu Guggenheim de Nova Iorque ou, nesta mesma cidade, no Metropolitan Museum of Art. A mostra em Hong Kong pode ser visitada na Pedder Street, na zona de Central, até ao dia 9 de Março.

31 Jan 2024

Concerto | “O Imperador de Beethoven” este sábado na Universidade de Macau

“O Imperador de Beethoven, por Haochen Zhang” é o nome do concerto que irá ter lugar este sábado na Aula Magna da Universidade de Macau, contando com a presença do aclamado Christopher Warren-Green. O evento é organizado pelas seis operadoras de jogo e pelo Instituto Cultural

 

É já este sábado que se pode ouvir música clássica no campus da Universidade de Macau (UM) em Hengqin. Isto porque o concerto “O Imperador de Beethoven, por Haochen Zhang” decorre na Aula Magna da UM às 20h, contando com a Orquestra de Macau dirigida pelo reputado maestro britânico Christopher Warren-Green, num evento promovido pelas seis operadoras de jogo e pelo Instituto Cultural (IC).

Segundo um comunicado do IC, o espectáculo será marcado por uma série de peças clássicas, acompanhadas pelas notas tocadas pelo pianista de renome internacional Haochen Zhang. Este, irá interpretar “Concerto para Piano e Orquestra N.º 5 em Mi bemol Maior, Op. 73 ‘Imperador'”, de Beethoven, proporcionando ao público “uma experiência deslumbrante e inesquecível”.

Este espectáculo integra-se na temporada de concertos 2023-2024 da OM e terá cerca de 1h30 de duração, sendo que os bilhetes já se encontram à venda.

Quem é quem?

As duas grandes figuras deste concerto mantêm, há muitos anos, uma carreira fulgurante na área da música clássica. No caso do maestro Christopher Warren-Green, é actualmente director musical da Orquestra de Câmara de Londres e maestro laureado da Orquestra Sinfónica de Charlotte do Estado da Carolina do Norte, nos EUA. Além disso, tem servido, por diversas vezes, como maestro em várias celebrações da Família Real Britânica.

No concerto de sábado irá interpretar, juntamente com os músicos da OM, obras que representam “o auge criativo de vários compositores de renome”, que não apenas Ludwing van Beethoven, nomeadamente a dinâmica composição “Abertura do Festival Académico, composta por Johannes Brahms em 1880.

Destaque ainda para a apresentação de “Variações Enigma”, um trabalho do compositor britânico Edward Elgar estreado em 1899. Por sua vez, Haochen Zhang foi também convidado para ser solista no “Concerto para Piano e Orquestra N.º 5”, de Beethoven, uma peça descrita como “majestosa com uma distinta aura de nobreza”, e que foi composta entre 1809 e 1811. Segundo o IC, “este concerto levará certamente o público numa memorável viagem musical”.

Nascido em 1990, Haochen Zhang é um dos mais conhecidos pianistas chineses da actualidade, apesar da sua juventude. Natural de Xangai, Haochen venceu, em 2009, a medalha de ouro na 13.ª edição do Concurso Internacional de Piano Van Cliburn, tendo sido o mais jovem músico a consegui-lo. Desde então que tem recebido aclamações dos vários públicos por onde passou, nos EUA, Europa ou mesmo na Ásia. É descrito como um pianista com “uma combinação única de profunda sensibilidade musical, imaginação destemida e um virtuosismo espectacular”.

Os prémios repetiram-se em 2017, quando recebeu a prestigiada bolsa Avery Fisher Career Grant, concedida a músicos com potencial para construir uma carreira musical importante.

31 Jan 2024

FRC | Exposição de poesia e cultura de Xue Rongxuan a partir de hoje

A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta hoje, às 18h30, a exposição “A Poesia e Cultura Chinesa de Xue Rongxuan”, tratando-se de uma homenagem póstuma ao mestre calígrafo e poeta também conhecido pelo pseudónimo ‘Lau Pi’ (陋筆 ou caneta ruim), recentemente desaparecido em finais de 2023.

Este artista participou, nos últimos anos, em exposições colectivas e conferências promovidas pela FRC, com co-organização da Associação de Poesia dos Amigos do Jardim da Flora.

A exposição reúne um conjunto de cerca de 40 obras de caligrafia e poesia, representativas do percurso literário e da experiência artística ao longo da vida de Xue Rongxuan. De acordo com os Amigos do Jardim da Flora, ele “não era apenas um estudioso versátil e muito eloquente, tinha também grande talento para citar as escrituras e criar belas frases, especialmente em dísticos, o que o tornou notável no campo da literatura e da poesia”.

Segundo os Amigos do Jardim da Flora, Xue Rongxuan “nunca poupou esforços para promover a cultura tradicional chinesa, e usou os seus anos de experiência pessoal a pesquisar e a elevar o conhecimento das elites da cultura chinesa”.

A FRC descreve ainda que Xue Rongxuan sempre foi “modesto quanto às suas capacidades de escrita”, sendo uma “pessoa de pensamento rápido, um indivíduo com extensa sabedoria”. Além disso, respeitava muito a cultura chinesa e tinha um “profundo conhecimento da sua história, língua, geografia e tradições, bem como de poesia, canções antigas e dísticos”. A mostra vai estar patente até ao dia 17 de Fevereiro.

30 Jan 2024

Cinemateca Paixão | As películas escolhidas para “Encantos de Fevereiro”

O mês de Fevereiro é o mais curto do ano e é também o momento de celebrar o Ano Novo Chinês. Os amantes de cinema podem passar esta quadra festiva de olhos postos no ecrã da Travessa da Paixão: o cartaz escolhido pela Cinemateca traz, a partir desta sexta-feira, “Old Fox” e “Stonewalling”. Destaque ainda para os filmes da secção “Nova Força Chinesa” para ver nos próximos dias

 

A Cinemateca Paixão prepara-se para apresentar um cartaz em Fevereiro com duas películas asiáticas. Com a secção “Encantos de Fevereiro” a chegar à sala da Travessa da Paixão já a partir desta sexta-feira, os amantes do cinema mais independente podem ver “Old Fox”, uma produção de Taiwan, do realizador Hou Hsiao-Hsien, e ainda “Stonewalling”, um filme sino-japonês.

“Old Fox”, de 2023, conta a história de Liao Jie que, com 11 anos, e no ano de 1989, participa num esquema de poupança com o pai para que juntos possam comprar uma casa dentro de três anos. Mas com o mundo em constante mudança, e com os preços dos imóveis a disparar, rapidamente percebem que as poupanças conseguidas nos últimos anos não são suficientes.

Percebendo pertencer a uma família pobre, Liao Jie começa a olhar para o seu senhorio, um homem a quem chamam “Velha Raposa”, com outros olhos, encarando-o como um modelo a seguir ao invés do próprio pai que nada consegue fazer para melhorar a sua vida.

Este filme integrou, no ano passado, o cartaz do Festival Internacional de Cinema de Tóquio, tendo obtido quatro prémios na 60.ª edição dos Golden Horse Awards [Prémios Cavalo de Ouro], de Taiwan. Este é o quarto filme de Hou Hsiao-Hsien.

Múltiplas personalidades

“Stonewalling”, uma produção sino-japonesa de 2022, será exibida nos dias 18 e 27 de Fevereiro e é outra das produções que também se destacou na última edição dos prémios de cinema de Taiwan, além de ter sido seleccionado nesse ano para a secção “Dias de Veneza” do Festival Internacional de Cinema de Veneza.

Com realização de Ryuki Otsuka e Huang Ji, este filme explora a vida de uma rapariga que, com 20 anos, assume várias vidas e personalidades. Com o seu nome verdadeiro, Lynn, é uma estudante universitária que subitamente descobre estar grávida. Já com o falso nome de “Rainy”, trabalha como promotora a tempo parcial para ajudar a mãe com as despesas, que se vê obrigada a indemnizar um paciente por negligência médica. Após dar à luz o bebé, com o nome de “Sílvia”, decide vender a criança para saldar essa dívida. O problema é que o parto acontece durante a pandemia de covid-19 e o namorado decide aparecer de repente, levando esta mulher com múltiplas personalidades a deparar-se com um novo problema.

Entretanto, nos próximos haverá ainda oportunidade de ver alguns filmes na secção “Nova Força Chinesa”, nomeadamente “Trouble Girl”, que, tendo a sessão de hoje já esgotada, regressa aos ecrãs a partir de sexta-feira e até ao dia 15. Este filme também se destacou na 60.ª edição dos Golden Horse Awards, uma vez que a actriz Audrey Lin obteve o prémio para a melhor actriz principal.

De Chin Chia-Hua, este filme relata a história de Xiao Xiao, que sofre de transtorno do défice de atenção com hiperactividade, de quem se afastam familiares e amigos. Só com o professor Paul é que Xiao Xiao parece encontrar compreensão, mas subitamente esta testemunha um segredo deste com a sua mãe, o que transforma o seu percurso emocional.

Por sua vez, “Love is a Gun” será exibido entre os dias 10 e 25 de Fevereiro. Há ainda a possibilidade de ver amanhã, 31, “Inside the Yellow Cocoon Shell”, exibido novamente dia 7 de Fevereiro, e “Anatomy of a Fall”, exibido pela última vez este sábado às 17h, e que venceu a “Palma de Ouro” no Festival de Cinema de Cannes de 2023.

Da secção “Clássicos Chineses” há ainda o filme, recentemente restaurado, “Yi Yi: A One and A Two”, do ano 2000, a ser exibido dia 10. Com este filme, Edward Yang, de Taiwan, venceu o prémio de Melhor Realizador no Festival de Cinema de Cannes desse ano. Ainda da secção “Encantos de Janeiro” revela-se este sábado, às 20h, numa última sessão, “Evil Does Not Exist”.

30 Jan 2024

“Analectos” e Mêncio”, lançados na Fundação Rui Cunha, encerram a publicação de “Os Quatro Livros” do cânone confuciano

Decorreu ontem na Fundação Rui Cunha o lançamento, pela editora Livros do Meio, dos dois últimos volumes d’ “Os Quatro Livros” do cânone confuciano, “Analectos” e “Mêncio”, traduzidos e anotados, respectivamente por Carlos Morais José e Ana Maria Saldanha, que assim se seguem ao “Estudo Maior” e à “Prática do Meio”.

Na sessão intervieram os tradutores que falaram das obras em questão. Carlos Morais José, que também é o editor responsável pela Livros do Meio, arguiu as razões que levarão a sua editora a enveredar pela publicação destes volumes que, segundo afirmou, são um marco incontornável e fundamental da cultura e da civilização chinesa. Assim, durante cerca de uma década, explicou ao público presente, foram traduzidos “Os Quatro Livros” que, a partir da dinastia Song se tornaram na base dos exames para o mandarinato, ou seja, para o acesso a cargos públicos. Até então, desde a dinastia Han que os exames eram realizados com base nos chamados Cinco Clássicos ou Pentateuco chinês, a saber, o “Livro das Odes”, o “Livro dos Documentos”, o “Livro dos Ritos”, os “Anais da Primavera-Outono” e o “Livro da Música”.

Ainda segundo o tradutor, esta mudança operou uma transição entre um estudo dedicado essencialmente ao ritual e aos ritos para uma abordagem mais interna e pessoal, ou seja, no sentido da construção de um sujeito ético. Além disso, a emergência deste chamado neo-confucionismo, liderado pelo filósofo Zhu Xi, surge também como reacção à crescente influência do budismo na sociedade e nos círculos do poder chinês, o que desagradava sobremaneira aos letrados confucionistas, sendo inclusivamente invocada a necessidade de se abandonar as doutrinas estrangeiras, como o budismo, cujas teoria, por vezes, anti-sociais desagradavam particularmente aos seguidores de Confúcio para quem o homem, animal gregário por excelência, deve-se preocupar sobretudo na gestão das suas relações sociais e do governo e menos em questões cosmológicas ou metafísicas que, em geral, os confucionistas preferem ignorar, centrando-se exclusivamente no ser humano.

Carlos Morais José começou, aliás, por fazer uma introdução ao trabalho da sua editora que, no ano passado, abriu uma “filial” em Portugal e que, desde então, para lá transportou a revista “Via do Meio”, a primeira publicação regular sobre cultura chinesa que se publica em língua portuguesa, e deu ainda à estampa quatro livros. Três são de cultura chinesa, incluindo o inédito “Poemas de Su Dongpo, com tradução de António Graça de Abreu, “As Leis da Guerra”, de Sun Bin, e “Textos Clássicos sobre Pintura Chinesa”, com tradução de Paulo Maia e Carmo. O outro livro é o primeiro volume de uma “Antologia da Literatura Oral Timorense – Oecusse”, da autoria de Anabela Leal de Barros.

Por seu lado, Ana Maria Saldanha abordou o livro de Mêncio numa perspectiva mais sociológica a partir de considerações sobre a questão agrária, em Confúcio e em Mêncio, destacando o facto dos dois filósofos terem dado um especial ao assunto, na medida em que as relações de produção naquele tempo se encontravam basicamente dependentes da agricultura, da posse dos meios de produção e da terra. Segundo afirmou, a virtude do governante, central no pensamento político confuciano, também se demonstrava no modo como eram divididas as terras e o seu produto, para além de também ser importante a organização do trabalho. A escravatura, apesar de existir, em grande parte fruto das guerras, não constituía de modo nenhum a parte principal da massa trabalhadora que era essencialmente formada por camponeses livres que tinham inclusivamente o direito de se deslocar para onde quisessem, inclusivamente mudar a sua casa e família para um outro estado onde a vida lhe fosse mais sorridente. Assim, ao contrário da Europa feudal, onde os servos da gleba, como o nome indica, pertenciam à terra e ao senhor dessa mesma terra, na China dos Estados Combatentes, os senhores viam-se obrigados a proporcionar boas condições de vida aos camponeses não fossem estes abandonar o seu estado por um outro que lhes proporcionaria condições mais benéficas.

Ana Maria Saldanha explicou ainda a uma atenta audiência as quatro principais virtudes que Mêncio considerava como fundamentais, a saber, benevolência (ren), rectidão (yi), cumprimento dos ritos (li) e sabedoria (zhi) e como despendeu a sua vida tentando inculcá-las, a maior parte das vezes sem sucesso, nos governantes do seu tempo, acabando por fundar uma escola privada onde recebia discípulos.

Seja como for, foi o livro de Mêncio que Zhu Xi escolheu para completar “Os Quatro Livros”, entre dezenas de outros confucionistas que, após a morte do Mestre, criaram mais de Cem Escolas, cujas divergências se tronaram célebres, tendo proporcionando algumas das discussões mais interessantes do pensamento clássico chinês.

A partir de hoje, estes livros e a revista Via do Meio podem ser comprados na Livraria Portuguesa ou no Pátio da Sé 22, RC-B, a sede do jornal Hoje Macau, ou ainda encomendados através do email graofalar@gmail.com. Neste caso o porte é gratuito.

30 Jan 2024

Eça de Queiroz | Autorizada trasladação para o Panteão Nacional

O Supremo Tribunal Administrativo (STA) em Portugal rejeitou o recurso dos seis bisnetos do escritor Eça de Queiroz, que contestam a sua trasladação para o Panteão Nacional, permitindo que a homenagem apoiada pela maioria dos descendentes se concretize.

No acórdão, datado de 25 de Janeiro, o colectivo de juízes do STA decidiu “negar provimento ao recurso e, em consequência, manter o acórdão recorrido”, ou seja, negou dar razão aos seis bisnetos que contestam a vontade da maioria, favorável à trasladação dos restos mortais de Eça de Queiroz para o Panteão Nacional, uma homenagem ao escritor aprovada pela Assembleia da República.

No acórdão a que a Lusa teve acesso, o colectivo de conselheiros do STA contesta a argumentação dos autores do recurso, rejeitando, por exemplo, a alegação de que possa ser considerada uma presumível vontade anteriormente expressa pelos netos do escritor, em 1989, contrária à trasladação.

“(…) Tal direito, no caso dos herdeiros ou familiares, compete exclusivamente àqueles que se encontram vivos no momento em que se coloca (…) e o seu exercício traduz-se na manifestação de uma vontade actual, e não na ‘representação de uma vontade anteriormente expressa’”, lê-se no acórdão.

Os seis bisnetos de Eça de Queiroz que tinham avançado com uma providência cautelar para impedir a trasladação dos restos mortais do escritor para o Panteão Nacional anunciaram ainda em Outubro recurso da decisão, depois de conhecida a primeira decisão do tribunal.

Dos 22 bisnetos do escritor, 13 concordaram com a trasladação para o Panteão Nacional, havendo ainda três abstenções. Também a Fundação Eça de Queiroz, presidida pelo escritor Afonso Reis Cabral, é favorável à trasladação, tendo sido a primeira a avançar para este processo.

Eça de Queiroz, autor de grandes obras da literatura portuguesa como “Os Maias” ou “O Crime do Padre Amaro” morreu em 16 de Agosto de 1900 e foi sepultado em Lisboa.

29 Jan 2024

Pintura de Klimt desaparecida durante 100 anos vai a leilão em Viena

O “Retrato de Fräulein Lieser”, pintura de Gustav Klimt (1862-1918) redescoberta após quase 100 anos desaparecida, vai a leilão em Abril, na Áustria, com uma estimativa de 49 milhões de euros, pela leiloeira vienense im Kinsky.

O retrato, que era propriedade privada de um cidadão austríaco, desconhecido do público, foi redescoberto e é considerado “um dos mais belos do último período criativo de Klimt”, artista-chave da Arte Nova vienense, um movimento modernista da época.

O “Retrato de Fraulein Lieser” – indica a leiloeira em comunicado – pertenceu a uma família judia na Áustria e foi visto em público pela última vez em 1925, “com um destino desconhecido desde essa altura, mas a família austríaca dos actuais proprietários tem o quadro desde a década de 1960”. A leiloeira estima um valor de 54 milhões de dólares para a venda do retrato.

Leilão em Hong Kong

A obra de Gustav Klimt é conhecida em particular pelos retratos de mulheres bem-sucedidas da classe média-alta do início do século XX, e esta é uma das últimas criações, assinalou a casa de leilões, destacando que “há décadas que um quadro de tal raridade, significado artístico e valor não está disponível no mercado de arte da Europa Central”.

Antes de ser apresentado a leilão, marcado para 24 de Abril, na leiloeira im Kinsky, em Viena, o “Retrato de Fräulein Lieser” irá viajar por todo o mundo em cooperação com o LGT Bank, nomeadamente pela Suíça, Alemanha, Grã-Bretanha e Hong Kong.

Após o regresso a Viena, o quadro será leiloado “em nome dos actuais proprietários, juntamente com os sucessores legais de Adolf e Henriette Lieser, com base num acordo em conformidade com os Princípios de Washington de 1998”, indicou o mesmo comunicado da leiloeira, referindo-se ao acordo internacional de devolução de obras de arte aos descendentes dos espoliados durante o período nazi.

Em Junho de 2023, um dos últimos retratos criados por Gustav Klimt foi vendido em leilão, em Londres, por 85,3 milhões de libras, atingindo um recorde para uma obra de arte leiloada na Europa.

Vendido a um colecionador de Hong Kong acima da estimativa de 65 milhões de libras, o quadro “Dama com Leque” ultrapassou assim o recorde anterior, da escultura “Walking Man I”, de Alberto Giacometti, também vendido na Sotheby’s, em 2010.

29 Jan 2024

Concerto | Tom Jones chega à região vizinha em Março

O cantor galês com uma longa carreira musical, pautada por sucessos como “Sex Bomb” ou “What’s New, Pussycat?” traz a Hong Kong a sua digressão mundial “Ages & Stages Tour” que passa por várias salas de espectáculo na Ásia, Europa e América Latina. Na região vizinha, actua na sala do AsiaWorld Expo dia 16 de Março

 

“Ages & Stages Tour” é o nome da digressão que o músico galês Tom Jones, nome artístico de Thomas Jones Woodward, traz a vários países da Ásia e também a Hong Kong. No dia 16 de Março, no recinto da AsiaWorld Expo, os fãs de um dos mais aclamados músicos pop e dono de uma voz poderosa poderão ouvir os seus maiores êxitos, nomeadamente “Sex Bomb”, “It’s Not Unusual”, “She’s a Lady” ou “What’s New, Pussycat?”, mas também novas músicas do seu mais recente álbum, “Surronded by Time”, lançado em 2021.

A digressão, anunciada em finais do ano passado, faz um périplo por várias cidades asiáticas, nomeadamente Kuala Lumpur, na Malásia, Singapura, Taipei e Tailândia, partindo depois para a Austrália onde uma série de concertos decorrem nas principais salas de espectáculo do país entre Março e Abril, sem esquecer a Nova Zelândia. Segue-se depois a América Latina, com concertos em países como o Chile, com regresso às principais cidades europeias até Agosto.

Esta é a oportunidade para o público ouvir e ver ao vivo o cantor de 83 anos de idade que já conta com uma carreira de 60 anos. “Ages & Stages Tour” marca também o regresso de Tom Jones à Austrália, onde esteve a última vez em 2016.

Tom Jones irá partilhar o palco em algumas datas com a banda pop Germein. O seu último álbum foi produzido por outro ícone da música, Elton John, que colaborou com Tom em músicas mais recentes, nomeadamente “Long Lost Suitcase”, de 2015, “Spirit in the Room”, de 2012, ou “Praise & Blame”, de 2010. Ao longo da sua carreira Tom Jones já vendeu mais de 100 milhões de discos e venceu vários prémios Grammy.

Voz de tenor

Considerado por muitos críticos como tendo uma voz de tenor, Tom Jones começou a sua carreira nos anos 60 e não mais deixou os palcos. A primeira experiência aconteceu em 1963 com um grupo galês de Beat “Tommy Scott and the Senators”, que chegou a gravar alguns álbuns, sem grande sucesso.

Foi então que se deu o contacto de Tom Jones com Gordon Mills, que lhe atribuiu o nome artístico, e levou-o para Londres após se tornar seu empresário.

A partir desse momento a carreira de Tom não mais deixou de escalar até atingir a fama: o primeiro single, lançado em 1964, “Chills and Fever”, não teve um grande sucesso, mas “It’s Not Unusual” bateu recordes de vendas, atingindo o primeiro lugar no Reino Unido e chegado ao top dos dez singles mais vendidos nos EUA naquele ano.

Ainda em 1965 Tom Jones gravou um tema para um filme de James Bond, “Thunderball”, além de ter lançado “What’s New, Pussycat?”. O primeiro Grammy da sua carreira, obtido na categoria de “Melhor Novo Artista” foi obtido logo em 1966.

Ao longo dos anos o artista soube manter-se nas tabelas e nas pistas de dança. Já nos anos 90, saiu mais um êxito, “Sex Bomb”, que ganhou versões remixadas e que marca presença em qualquer festa. Em Março, poderá ser a vez de ouvir esta e outras canções na pista e no palco do AsiaWorld Expo.

29 Jan 2024

Exposição | Zhuang Hong-Yi revela “Shades of Blossoms”

A partir de 2 de Fevereiro, na galeria Artelli, no empreendimento City of Dreams, pode ser vista a primeira exposição individual de Zhuang Hong-Yi em Macau. O artista chinês reconhecido internacionalmente apresenta “Shades of Blossoms”, uma mostra que revela “uma fusão da estética oriental e ocidental”

 

A galeria Artelli, situada no City of Dreams, no Cotai, apresenta entre os dias 2 e 29 de Fevereiro a exposição “Shades of Blossoms”, do conceituado artista chinês Zhuang Hong Yi, que pela primeira vez expõe no território. Trata-se, segundo um comunicado da galeria, de uma exposição que revela “uma fusão da estética oriental e ocidental”, com uma “colecção única de obras de arte transculturais, apresentadas em paletas de cores arrojadas e motivos florais intrincados”.

Os responsáveis da exposição descrevem-na como um conjunto de “obras-primas vivas”, em que “cada pétala é criada meticulosamente para exalar uma profunda sensação de vitalidade e prosperidade”. Trata-se de quadros que representam “a beleza da natureza e da sua eterna elegância”, com “telas vibrantes que se assemelham a um canteiro de flores graciosamente arranjado quando admirado à distância”. De perto, os amantes de arte podem ver “uma tapeçaria de texturas de pétalas e um rico espectro de cores”.

Em “Shades of Blossoms”, são expostas obras em que Zhuang Hong-Yi mostra “os seus famosos canteiros de flores em camadas”, apresentando-se “uma linguagem visual de esperança e novos começos”, evocando-se também “sentimentos de felicidade, realização e rejuvenescimento”.

O artista explora, nos quadros, “narrativas e perspectivas pessoais em contos visuais, utilizando uma paleta de cores harmoniosa e emotiva que torna a sua arte simultaneamente surpreendente e intrigante”.

Desta forma, destaca a Artelli, a exposição “Shades of Blossoms” explora “o renascimento da primavera e o desabrochar das flores, formando um imaginário elegante com a interação da luz e da sombra”.

Experiência holandesa

Depois da licenciatura na Faculdade de Belas Artes de Sichuan, na China, Zhuang Hong-Yi teve a oportunidade de estudar no estrangeiro, prosseguindo os estudos em arte nos Países Baixos nos anos 90. Foi aí que o artista ligou “efectivamente as suas raízes chinesas às influências europeias”, tendo vindo a criar, ao longo da carreira, obras que “giram em torno de temas como a alegria, espiritualidade e fascínio”, reconectando “o público com a tranquilidade da natureza, ao mesmo tempo que exalam uma sensação de felicidade”.

As obras deste artista chinês pautam-se sempre por motivos florais, como símbolo de “entusiasmo, amor e busca pela vida”. As criações de Zhuang são sobretudo reconhecidas pelos canteiros de flores coleccionáveis que mudam de cor, sendo estas pinturas “uma marca distintiva” do seu trabalho.

Zhuang Hong-Yi é descrito como “um dos artistas mais influentes da China”, que “combina as suas experiências de vida na China e na Europa para moldar a sua linguagem artística distinta actual”.

As suas obras “reflectem temas, formas, cores e a utilização de materiais inspirados na cultura oriental”, misturando-se “com conceitos abstractos ocidentais”, tratando-se de uma exploração da transculturalidade por parte de Zhuang Hong-Yi.

As flores são, para o artista, uma linguagem universal, sendo pintadas de formas que divergem das normas tradicionais, uma vez que Zhuang Hong-Yi recorre a materiais como o clássico papel chinês, juntando-lhe acrílico. Desta forma, “aumenta-se a durabilidade [dos quadros]”, em que “cada peça é uma obra-prima única, impossível de replicar”.

Até à data as criações de Zhuang foram apresentadas em mais de 140 exposições individuais, bem como mais de 60 grandes feiras de arte em 18 regiões do mundo, tendo já conquistado “a admiração de coleccionadores de arte internacionais”.

26 Jan 2024

Nova biografia do escritor Luís de Camões deverá sair em Junho

Uma biografia de Luís de Camões vai ser publicada em Junho, nos 500 anos do poeta, mostrando o homem por detrás do mito, num trabalho de cinco anos de Isabel Rio Novo, que lhe trouxe “muitas surpresas”.

Este é o segundo volume da colecção de “Biografias de Grandes Figuras da História de Portugal”, que arrancou em 2020 com a biografia do Marquês de Pombal, e que conta com o apoio do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua e da Fundação Oriente.

Para a editora, o quinto centenário do nascimento de Camões proporcionava uma oportunidade singular para reflectir sobre o legado de um poeta amplamente presente tanto na literatura quanto na identidade portuguesa.
Por isso, para Isabel Rio Novo, não se tratava apenas da biografia de mais um grande vulto, mas de “toda essa carga de sentido que atribuímos a Camões”.

O trabalho, que se iniciou em 2019 e está em fase de conclusão, obrigou a autora a mergulhar a fundo em todas as biografias antigas e recentes, na pesquisa de fontes conhecidas e na reunião de informação que estava dispersa.

Contactos em Goa

Foi então à distância, devido à pandemia, que contactou com pessoas que lhe deram informações, que lhe enviaram documentos e de quem recebeu pistas de investigação. Já sem restrições de viagem a autora foi à “velha Goa que resta dos tempos de Camões”, e à ilha de Moçambique, “onde Camões viveu dois anos, na altura em que queria regressar a Portugal.”

A viagem a Goa revelou-se mais frutífera do que esperava, pois encontrou um grupo de investigadores do Laboratório Hércules, da Universidade de Évora, que lá se encontrava no âmbito de um trabalho de análise de retratos dos diversos vice-reis da Índia, e que a ajudaram numa descoberta que acabara de fazer.

“Descobri o paradeiro de um retrato [de Luís de Camões] revelado em 1972 e que andava extraviado. Graças à minha obstinação, encontrei esse retrato, de que se tinha perdido o paradeiro, num coleccionador privado”, contou. Com a ajuda do grupo Hércules, esse retrato foi analisado, e foi atestada a sua veracidade.

Para escrever a biografia de Luís de Camões, a escritora estudou muito bem a época, porque “em biografias históricas, a época não é apenas um pano de fundo, os indivíduos são a sua época. Há conceitos que no século XVI têm sentidos que se foram perdendo ao longo dos séculos.”

Para Isabel Rio Novo, o difícil neste tipo de biografias é reconstituir a época com o máximo rigor possível, mas, por outro lado, o facto de esta biografia ser recente “beneficia de todos os contributos prévios que foram sendo feitos ao longo do tempo.”

Por isso, a obra biográfica que agora vai ser publicada é acompanhada por uma “enorme quantidade de notas de rodapé”, explicou. A autora promete que “o resultado final vai trazer muitas surpresas”, embora reservando-as para a publicação do livro.

Além disso, dará ao leitor “a percepção de homem que existiu antes de ser um mito” e “dá um avanço decisivo no conhecimento” que se tem hoje em dia. “As cartas em prosa são um bom exemplo de informação conhecida, mas que, por o seu conteúdo ser avesso ao discurso oficial sobre o poeta, foi quase sempre descurada do ponto de vista biográfico.”

Segundo a investigadora, o retrato que sai desta biografia “não é o que ensinam na escola, a ideia de que grandes escritores nascem quase figuras consagradas.”

“Fui-me divertindo raspando a patine do busto e descobri o homem que existe por baixo dessas camadas de sentido que lhe fomos acrescentando”, disse, afirmando: “Camões foi um indivíduo do seu tempo, genial do ponto de vista do talento e da capacidade de reflectir sobre a vicissitude da sua existência, mas enquadrado no seu tempo.”

25 Jan 2024

Músico português Sérgio Godinho lança terceiro romance

O músico Sérgio Godinho vai lançar no dia 8 de Fevereiro um novo romance, desta vez ambientado em Guimarães e no norte de França, uma história de encontros e desencontros que atravessa várias gerações e línguas, anunciou a editora Quetzal.

“Vida e morte nas cidades geminadas” é o regresso de Sérgio Godinho ao romance, depois de se ter aventurado pela primeira vez neste género literário em 2017, aos 71 anos, com “Coração mais que perfeito”, a que se seguiu, em 2019, o ‘thriller’ “Estocolmo”, todos editados pela Quetzal.

Neste novo romance, o escritor transporta o leitor até Guimarães e ao norte de França, em Compiègne, ao encontro da portuguesa Amália, que canta fados em ré e tem o apelido Rodrigues, e do francês Cédric, que trabalha na morgue local.

Tudo começa com um diálogo insólito, e já um pouco alcoolizado, do qual resulta a geminação daquelas duas cidades, uma em França e outra em Portugal, descreve a editora. Esta geminação traz para a história outras personagens, que vivem em redor de Amália e Cédric, e que completam a ligação entre aqueles dois mundos que, antigamente, conheciam os trânsitos da emigração e da pobreza.

A escrita em várias formas

Apesar de ser conhecido sobretudo pelos discos, que edita desde a década de 1970, Sérgio Godinho tem canalizado a escrita criativa para outros géneros, como teatro, argumento para cinema, ficção para crianças, poesia e contos.

Antes dos romances, o autor já se tinha estreado na ficção com um conjunto de contos intitulado “VidaDupla” (2014), tendo também publicados já dois livros de poesia “O sangue por um fio” (2009) e “Palavras são imagens são palavras” (2021).

Sérgio Godinho nasceu no Porto, onde viveu até aos 20 anos, altura em que saiu de Portugal. Estudou Psicologia em Genebra durante dois anos, foi ator de teatro e começou a exercitar a escrita de canções nos finais dos anos 1960, sendo de 1971 o seu primeiro álbum, “Os Sobreviventes”, a que se seguiram mais 30 editados até aos dias de hoje.

Da escrita de música passou para a escrita de outros géneros, como guiões de cinema (“Kilas, o Mau da Fita”), peças de teatro (“Eu, Tu, Ele, Nós, Vós, Eles!”), séries de televisão, histórias infantojuvenis (“O Pequeno Livro dos Medos”), crónicas (“Caríssimas Quarenta Canções”), entre outras.

25 Jan 2024

Óscares | “Oppenheimer” é o mais nomeado nos prémios de cinema

Foram conhecidos esta terça-feira os nomeados para os Óscares. O grande destaque vai para o filme que conta a história de vida do pai da bomba atómica, “Oppenheimer”, de Christopher Nolan, com 13 nomeações. A banda sonora de “Pobres Criaturas”, com fados de Carminho, obteve uma nomeação, mas a curta-metragem portuguesa de Ary Zara ficou de fora

 

O filme “Oppenheimer”, de Christopher Nolan, é o mais nomeado para os Óscares, os prémios norte-americanos de cinema, numa edição em que a curta-metragem portuguesa de Ary Zara ficou de fora das nomeações.

Segundo a lista de candidatos à 96.ª edição dos Óscares divulgada na terça-feira, o filme sobre o físico norte-americano J. Robert Oppenheimer, um dos criadores da bomba atómica, soma 13 nomeações, incluindo para Melhor Actor, para Cillian Murphy, Melhor Filme, Realização e Direcção de Fotografia.

Além de Cillian Murphy, também Robert Downey Jr. e Emily Blunt estão indicados em papéis secundários. O filme português “Um caroço de abacate”, de Ary Zara, chegou a estar entre os finalistas, na categoria de Melhor Curta-Metragem, mas acabou por não chegar às nomeações finais.

“Barbie”, de Greta Gerwig, que se perfilava também como favorito aos Óscares, soma oito nomeações, nomeadamente para Ryan Gosling e America Ferrara na representação em papéis secundários, e com duas canções nomeadas, mas tanto a realizadora como a protagonista, Margot Robbie, ficaram de fora.

Com 11 nomeações surge “Pobres Criaturas”, do realizador grego Yorgos Lanthimos, e com dez nomeações “Assassinos da Lua das Flores”, de Martin Scorsese, com este cineasta a estar nomeado pela décima vez para o Óscar de Melhor Realização. De “Pobres Criaturas”, destaque para a nomeação de Emma Stone como Actriz Principal, e como coprodutora do filme, e para a inclusão do filme na categoria de Melhor Banda Sonora Original, composta por Jerskin Fendrix e que inclui um fado cantado pela portuguesa Carminho.

Actriz nativa nomeada

Sobre “Assassinos da Lua das Flores” há ainda a destacar que Lily Gladstone, protagonista do filme, é a primeira pessoa nativa norte-americana a estar nomeada para os Óscares, na categoria de Melhor Actriz Principal.

Para o Óscar de Melhor Realização há apenas uma mulher nomeada – a francesa Justine Triet pelo filme “Anatomia de uma queda” — a quem se juntam Martin Scorsese, Christopher Nolan, Yorgos Lanthimos e Jonathan Glazer, por “A zona de interesse”. Para o Óscar de Melhor Filme surgem três obras realizadas por mulheres: “Anatomia de uma queda”, “Barbie” e “Vidas Passadas” (de Celine Song), contando ainda com “Os Excluídos”, “Assassinos da Lua das Flores”, “Maestro”, “Oppenheimer”, “American Fiction”, “Pobres Criaturas” e “A zona de interesse”.

Para Melhor Filme Internacional foram seleccionados “A sociedade da neve”, de J.A. Bayona (Espanha), “A zona de interesse”, de Jonathan Glazer (Reino Unido), “A sala de professores”, de Ilker Çatak (Alemanha), “Eu Capitão”, de Matteo Garrone (Itália), e “Dias perfeitos”, do realizador alemão Wim Wenders, candidato pelo Japão.

Destaque ainda para a categoria de Melhor Longa-Metragem de Animação, na qual figuram “O rapaz e a garça”, de Hayao Miyazaki, “Nimona”, de Nick Bruno e Troy Quane, “Elemental”, de Peter Sohn, “Robot Dreams”, de Pablo Berger, e “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso”, correalizado pelo português radicado nos Estados Unidos Joaquim dos Santos, com Kemp Powers e Justin K. Thompson.

O filme “20 days in Mariupol”, do jornalista Mstyslav Chernov, que relata o cerco a esta cidade ucraniana durante a invasão militar russa, está na categoria de Melhor Documentário, o que representa a primeira nomeação aos Óscares para a agência noticiosa Associated Press em 178 anos de história.

Carminho nomeada

Também a banda sonora do filme “Pobres Criaturas”, de Yorgos Lanthimos, composta por Jerskin Fendrix e que inclui um fado interpretado por Carminho, está nomeada para os prémios norte-americanos de cinema Óscares.

De acordo com a lista de nomeados, a banda sonora de “Pobres Criaturas” está nomeada para Melhor Música Original, ao lado dos filmes “American Fiction”, “Indiana Jones e o marcador do destino”, “Assassinos da Lua das Flores” e “Oppenheimer”.

Carminho, uma das fadistas portuguesas mais conhecidas da nova geração, interpreta o fado “O Quarto”, além de que tem uma participação no filme, a cantar e a tocar guitarra portuguesa. A 96.ª edição dos Óscares está marcada para 10 de Março de 2024 em Los Angeles, nos EUA.

24 Jan 2024