Fotografia | Religião e crenças são tema de novo concurso

Arranca hoje a sexta edição do concurso de fotografia promovido pela Somos – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa, e que desta vez tem como tema principal as religiões e crenças que existem no mundo de falantes de português. “O Homem e o Divino” é o tema que os fotógrafos candidatos devem seguir em nome de uma “maior compreensão de diferentes ideologias”

Imagem de António Mil-Homens 

 

A sexta edição do concurso fotográfico da associação de Macau Somos! – Associação de Comunicação de Língua Portuguesa (ACLP) quer contribuir para uma “maior compreensão das diferentes ideologias e credos” entre as regiões onde se fala português, disse à Lusa a organização.

“A questão da compreensão está intimamente relacionada com o desconhecimento que persiste entre as diversas ideologias e credos nos países e regiões da Lusofonia. Através da fotografia, pretendemos explorar essa diversidade cultural e religiosa”, indicou a presidente da Somos! – ACLP, Marta Pereira. Sob o tema “O Homem e o Divino”, o concurso, que arranca hoje e decorre até 10 de Março, quer “promover o diálogo coexistente entre religiões ou crenças tradicionais locais”, notou.

“As imagens devem capturar a essência da devoção, da contemplação e da profunda conexão entre a humanidade e o divino ou o transcendente”, referiu a responsável, acrescentando que “é fundamental” que os trabalhos “permitam uma contextualização histórica, refletindo as diversas influências culturais e religiosas que moldam as experiências espirituais nas diferentes regiões”.

Marta Pereira lembrou que, em Macau, “a ‘religião’ mais praticada é o budismo, frequentemente associado a elementos de outras crenças e filosofias tradicionais chinesas, como o confucionismo e o taoismo”. Também há uma forte presença do “cristianismo, trazido para Macau por missionários católicos e protestantes”.

“Se olharmos para o Brasil, o candomblé, uma religião de origem africana, baseia-se na adoração da natureza e da sua alma, sendo, por isso, considerada anímica. Em Timor-Leste, a população ainda se mantém enraizada no culto dos antepassados e na crença em espíritos”, exemplificou.

A quem se destina

O concurso, define o regulamento, destina-se “a todos os cidadãos dos países e regiões da Lusofonia ou residentes de Macau” com trabalhos realizados em Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Goa, Damão e Diu.

A avaliação das obras candidatas cabe a um júri presidido pelo fotojornalista português radicado em Macau Gonçalo Lobo Pinheiro e que conta ainda com António Leong (Macau), Samba M. Baldé (Guiné-Bissau) e José Sena Goulão, Reinaldo Rodrigues e Alexandre Coelho Lima (Portugal).

Às três imagens vencedoras vão ser atribuídos prémios no valor de dez mil patacas, sete mil patacas e cinco mil patacas, podendo ainda ser conferidas menções honrosas. Além do prémio pecuniário, o primeiro lugar vai ser contemplado com a viagem e estadia em Macau – caso não resida no território -, para participar na cerimónia de inauguração da habitual exposição da Somos – ACLP, a ser organizada ainda este ano, e em ‘workshops’ organizados localmente.

Além das imagens vencedoras, completam a exposição outras fotografias selecionadas pelo júri “pela sua relevância ou valor” para o tema do concurso e para “o propósito da associação de projetar a dimensão cultural da Lusofonia, assim como o papel de Macau enquanto plataforma que une a China e os países/regiões de língua portuguesa”, lê-se num comunicado da associação.

9 Fev 2025

“Ainda estou aqui” destacado nos Prémios Goya

“Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, venceu este sábado a categoria de melhor filme ibero-americano nos Prémios Goya, numa cerimónia que atribuiu a “Emília Perez”, obra de Jacques Audiard envolta em polémica, o título de melhor filme europeu.

Trata-se da primeira vez que uma longa-metragem brasileira é reconhecida nos Goya, e o realizador Walter Salles, através de uma mensagem lida pelo músico uruguaio Jorge Drexler, manifestou gratidão por este prémio “muito especial”. Lembrou, além disso, que a obra é sobre a memória de uma família “durante a longa noite da ditadura militar no Brasil”.

O filme relembra a história do ex-deputado Rubens Paiva, que foi preso, torturado e morto pela ditadura brasileira em 1971, e da mulher, a ativista e advogada Eunice Paiva, que teve de retomar sozinha a vida familiar, com os filhos, e que tentou reclamar justiça pela morte do marido, cujo corpo nunca foi encontrado. Os papéis principais são interpretados por Fernanda Torres e Selton Mello.

Prémio para Audiard

Também este sábado, “Emilia Perez”, do realizador francês Jacques Audiard, venceu o prémio de melhor filme europeu. O filme musical conta a história de um líder de um cartel de droga que cumpriu o desejo de fazer a transição para mulher.

A vitória de “Emilia Perez”, foi anunciada durante a cerimónia em Granada, mas a votação terminou a 24 de janeiro, poucos dias antes do início da polémica gerada por ‘tweets’ da protagonista, Karla Sofía Gascón, publicados há anos, alguns com conteúdo racista.

Nessas publicações, divulgadas no final de Janeiro por uma jornalista norte-americana, Gascón descreveu o Islão como um “foco de infeção para a humanidade” e ironizou sobre o movimento antirracista após a morte de George Floyd, afro-americano morto pela polícia em 2020.

A imprensa espanhola especulava há algum tempo sobre a possibilidade de Gascón, que teve de cancelar a presença em vários eventos nos Estados Unidos, comparecer na cerimónia dos Goya. Mas a actriz, que vive perto de Madrid, acabou por não se deslocar a Granada.

“Emilia Pérez” bateu o recorde para o filme em língua não inglesa mais nomeado para os Óscares, com 13 indicações, entre as quais para melhor filme, filme internacional, realização, direção de fotografia, actriz principal e actriz secundária. A longa-metragem, que tem sido um sucesso desde a apresentação na primavera no Festival de Cannes, foi alvo de outra polémica nas últimas semanas, desta vez no México, onde foi criticada por se apropriar de forma ligeira de tragédias ligadas ao tráfico de droga.

Ainda em Granada, “El 47”, do espanhol Marcel Barrena, foi o filme que arrecadou o maior número de prémios, num total de cinco Goyas (filme, actor secundário, actriz secundária, direção de produção e efeitos especiais). Partilhou o prémio de melhor filme com “La infiltrada”, de Arantxa Echevarría, que valeu ainda a Carolina Yuste o título de melhor actriz.
Eduard Fernández, protagonista de ‘Marco’, realizado por Aitor Arregi e Jon Garaño, levou para casa o prémio de melhor actor.

“La estralla azul”, coprodução espanhola e argentina, com direção de Javier Macipe, venceu as categorias melhor direção estreante e actor revelação. Já a comédia dramática “Casa en llamas”, de Dani de la Orden, venceu o melhor argumento original. “Segundo Premio”, de Isaki Lacuesta e Pol Rodríguez, conquistou três Goyas (realização, som e edição).

9 Fev 2025

IC convida especialistas em propriedade intelectual para palestra

Decorre a 1 de Março a palestra “Desvendando a Indústria de PI: Como Dominar as Suas Operações e Legislação”, organizada pelo Instituto Cultural (IC), e que tem início às 15h no auditório do Museu de Arte de Macau.

Esta sessão será protagonizada por Rosia, fundadora de uma agência de autorização de propriedade intelectual (PI) “bem conhecida no Interior da China”, e Rebecca Lo, advogada que trabalha na área de autorização de propriedade intelectual. As duas “foram convidadas para partilhar as suas experiências em operações de PI e casos jurídicos relevantes”, descreve o IC, que aceita inscrições para esta sessão até ao dia 20 deste mês.

Intitulada “Desvendando a Indústria de PI: Como Dominar as Suas Operações e Legislação”, o evento pretende partilhar “conhecimentos jurídicos sobre estratégias de comercialização e autorização de PI, bem como comércio de PI, descrevendo alguns casos de PI”.

Segundo uma nota do IC, esta sessão é mais virada para as indústrias culturais e criativas de Macau, para que se possam desenvolver “no sentido da profissionalização e industrialização”. A palestra será realizada em cantonense e mandarim. Os interessados podem inscrever-se através da secção “Inscrição em Actividades” da aplicação móvel “Conta Única de Macau”.

Anos de experiência

Rosia fundou uma empresa de autorização de PI, possuindo mais de 10 anos de experiência empresarial em gestão na indústria da animação e criatividade. É experiente na área da criação de PI, gestão de operações de PI, marketing e promoção, desenvolvimento de produtos culturais e criativos, desenvolvimento de marcas, cooperação em autorização para fins comerciais e gestão de eventos, tendo colaborado com mais de 30 proprietários de PI e artistas conhecidos no Interior da China, tendo, por isso uma vasta experiência prática na indústria.

Por sua vez, Rebecca Lo possui uma experiência única em legislação de propriedade intelectual e na gestão de carteiras de propriedade intelectual, incluindo no pedido, registo e penhor de marca registada, design ou patentes, financiamento com garantia de PI e tratamento de casos de objecção, revogação e invalidação, defesa de direitos de propriedade intelectual, legislação relacionada com a comercialização de direitos de propriedade intelectual e redacção de acordos comerciais relacionados com direitos de propriedade intelectual.

7 Fev 2025

Albergue SCM | Ano Novo Chinês comemora-se com arte, música e comida

O Albergue SCM – Santa Casa da Misericórdia celebra na próxima quarta-feira, 12, o 15.º dia do primeiro mês do calendário lunar com a iniciativa “Celebração do Ano Novo Chinês da Serpente”. Segundo um comunicado, o público pode participar numa festa com comida e bebida cujo tema é “Serpente”, alusivo ao novo ano do calendário chinês.

Além disso, o evento integra a mostra “Uma herança de beleza sedutora: Exposição de Cheongsam Chineses”, além de se realizar um workshop intitulado “Workshop de Acessórios DIY Frog Button”. No pátio do Albergue SCM, animado com música, irá estar também o famoso calígrafo de Macau, mestre Choi Chuen Heng, para partilhar a sua caligrafia, transmitindo aos cidadãos votos sinceros de Ano Novo. Apresenta-se ainda a “Exposição de Arte de Caligrafia Chinesa 2025”, a fim de promover a cultura tradicional chinesa e celebrar o Festival da Lua.

Vestidos para todos

O evento, organizado pelo Círculo de Amigos da Cultura (CAC), ligado ao Albergue SCM, juntou-se ao Instituto de Design de Hong Kong para acolher a “Exposição de uma herança de beleza sedutora: Exposição de Cheong-sam chinês”.

Assim, segundo uma nota do Albergue SCM, esta exposição apresenta várias versões do cheong-sam, o vestido tradicional chinês, “de diferentes períodos, incluindo modelos clássicos feitos à mão pelo mestre de cheong-sam tradicional Yan Ka-man, bem como peças inovadoras de cheong-sam reinterpretadas através do design moderno”.

“A exposição apresenta cenas nostálgicas e oferece aos participantes a oportunidade de experimentar camisas compridas tradicionais para tirar fotografias, permitindo-lhes experimentar o encanto destas peças de vestuário de uma forma abrangente”, descreve o Albergue.

Trata-se de um evento que pretende celebrar o 15º dia do primeiro mês do calendário lunar por ser “a primeira noite de lua cheia do ano”, marcando “o início de um novo ano e o renascimento da natureza”. As celebrações começam às 18h30.

7 Fev 2025

Arquitectura | Nuno Soares premiado nos French Design Awards

O arquitecto português Nuno Soares, radicado há vários anos em Macau e ligado ao curso de arquitectura da Universidade de São José, viu o seu projecto para o Pavilhão do Património Mundial de Macau ganhar o “Prémio de Prata” nos French Design Awards. A proposta, desenvolvida pelo atelier Urban Pratice, pretende mostrar o património único do território

 

Nuno Soares, arquitecto principal do atelier Urban Pratice, acaba de ser distinguido nos French Design Awards com o “Prémio de Prata” atribuído ao projecto para o Pavilhão do Património Mundial de Macau, submetido a concurso na categoria Design de Interiores/Exposições, Pavilhões e Exposições para a edição do ano passado dos French Design Awards. Porém, este mesmo projecto já tinha sido submetido a concurso público, realizado pelo Instituto Cultural (IC), para o mesmo projecto do pavilhão, que visa “preservar, revelar, exibir e promover o Património Mundial de Macau”, com protecção e classificação da UNESCO.

Segundo uma nota da Urban Pratice, o projecto vencedor pretende “mostrar o que torna Macau único enquanto cidade Património Mundial da UNESCO”, nomeadamente “a interação entre as culturas chinesa e ocidental”.

“A localização do projecto, na Rua de D. Belchior Carneiro, está ligada a monumentos históricos próximos como as Ruínas de São Paulo e a Fortaleza do Monte. A fachada dinâmica do pavilhão permite uma permeabilidade entre interior e exterior possibilitando uma iluminação interior flexível e uma experiência de visita única onde o visitante poderá explorar o património de Macau a partir de várias perspectivas”, pode ler-se.

Conexão tecnológica

O projecto do pavilhão foi desenhado com recurso a tecnologia de ponta e recursos interactivos “para melhorar a experiência dos visitantes”, é explicado, sendo que o hall de entrada do pavilhão foi concebido para oferecer vistas das Ruínas de São Paulo, sendo que “através da tecnologia da realidade aumentada [é possível] restaurar o seu layout [configuração] original”.

“A proposta da Urban Pratice organizou os espaços com base na altura do terreno, preservando árvores e vegetação centenária, e implementou princípios de design sem barreiras para melhorar a acessibilidade, proporcionando uma integração harmoniosa com o ambiente exterior”, descreve-se ainda.

Segundo Nuno Soares, “esta abordagem visou principalmente preservar e destacar o Património Mundial de Macau a um público mais vasto”. “A selecção de materiais e tecnologias para este projecto foi baseada em princípios sustentáveis e nas melhores práticas de preservação. Com a ambição de celebrar a história de Macau, um elemento chave do projecto é o pátio vertical com uma parede do chão ao topo feita com taipa local, material outrora utilizado na antiga muralha da cidade que atravessa o local do projecto”, explicou também, citado pela mesma nota.

Os French Design Awards são uma competição internacional organizada pela International Awards Associate (IAA), visando reconhecer profissionais nas áreas de arquitectura, interiores, produtos e embalagens.

7 Fev 2025

Hong Kong | Museu em homenagem a Cristiano Ronaldo abre em Julho

O primeiro Museu Cristiano Ronaldo Life (CR7) da Ásia será inaugurado em Julho de 2025, no shopping K11 Musea, em Tsim Sha Tsui, Hong Kong, segundo as entidades organizadoras, na terça-feira.

Com exibições interactivas de última geração, memorabilia rara e relatos dos vários marcos na carreira do futebolista, o museu oferece aos visitantes uma homenagem envolvente em torno da lenda do futebol, indica o Diário do Povo.

Os ingressos foram colocados à venda ontem, coincidindo com o aniversário de Ronaldo, proporcionando a fãs de todo o mundo a oportunidade de fazer parte da inauguração histórica. A organização estima que o espaço deverá atrair mais de 12 milhões de visitantes a Hong Kong ao longo de um ano.

O dia de abertura do CR7 Life Museum contará com a presença de várias celebridades internacionais, em homenagem à carreira de Cristiano Ronaldo. Entre Março e Abril, vão ser abertas duas lojas com produtos autografados em Tsim Sha Tsui e na Ilha de Hong Kong.

6 Fev 2025

Creative Macau | Henry Ma apresenta obras em tinta da China

Henry Ma tem feito carreira na área das artes, não só no Governo como na academia, e regressa, a partir da próxima terça-feira, com uma nova exposição de obras em tinta da China na Creative Macau. “Searching” é o nome da mostra que pode ser vista gratuitamente até meados de Março

 

A Creative Macau apresenta, a partir da próxima terça-feira e até ao dia 11 de Março, a exposição “Searching”, com trabalhos da autoria de Henry Ma, destacado nome no seio das artes locais e também do ensino superior.

Esta é uma mostra virada para as peças feitas em tinta da China da autoria do criativo e docente que se licenciou em Belas Artes no Canadá, tendo feito depois um mestrado em História na Universidade de Jinan, China, e um doutoramento em Arqueologia e Museologia pela Universidade de Pequim.

Uma nota da Creative Macau cita as palavras do próprio autor sobre a exposição da sua autoria. “Passaram quase 40 anos desde que me licenciei na Faculdade de Belas Artes do Canadá. Depois de regressar a Macau, no início dos anos 80, comecei a trabalhar para o Governo e era responsável pelas exposições de belas artes. Desde então, tenho organizado exposições apenas para outros e, ocasionalmente, participo em exposições conjuntas para mostrar uma ou duas das minhas próprias obras, o que não reflecte a abrangência da minha criação artística”, aponta.

Desta forma, segundo Henry Ma, “Searching” é composta por 30 peças dos seus esboços feitos com tinta da China, tratando-se de desenhos feitos sobre várias paisagens e locais ao ar livre nos últimos anos. “Embora não possam ser considerados como grandes obras de arte, devem ser considerados como uma revisão das minhas fases de pesquisa e desenvolvimento.” Para o artista e criativo, “existem ainda muitas falhas que precisam ser melhoradas”, assume.

Regresso e carreira

Ainda segundo o artista, este recorda que, quando voltou para Macau, tentou “aplicar técnicas de pintura ocidentais na arte chinesa”, além de “incorporar a caligrafia chinesa como meio de expressão”.

Porém, o sucesso nem sempre o acompanhou. “Tentei de muitas maneiras, mas o efeito não foi significativo, por isso voltei ao ponto de partida com esboços ao ar livre. No início, desenhava com canetas de fibra em papel feito à mão e depois passei para a tinta da China em papel de arroz. Na fase inicial, não conseguia lidar com a reação entre a tinta e a água, mas após anos de prática, compreendi gradualmente a inter-relação entre estes dois meios.”

Ainda assim, o artista assume que continua a “pensar e a procurar constantemente a forma de me exprimir nas minhas próprias obras de arte”.

Henry Ma foi membro da Comissão Executiva do Instituto para os Assuntos Municipais de Macau até 2020 e é director e membro da Comissão Executiva da Emissora de Rádio e Televisão de Macau desde 2021, a Teledifusão de Macau.

Ma leccionou ainda em instituições como a Universidade de Pequim e a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, tendo publicado um livro intitulado “A Research on Blue and White Porcelain Wares of the Ming Dynasty Unearthed in Macau”, juntamente com artigos editados em várias revistas académicas. A sua arte, que inclui pinturas, fotografias e caligrafia chinesa, foi exposta no Canadá, na China Continental e em Macau.

6 Fev 2025

Exposição do escritor Charles Dickens em Londres na sua casa-museu aborda preocupação social

A casa-museu do escritor Charles Dickens vai celebrar um século de existência com uma exposição que inclui objectos nunca vistos ou adquiridos recentemente, como um retrato considerado perdido e cartas que reflectem a preocupação social.

Em exposição pela primeira vez vai estar uma carta em que parece reconhecer a homossexualidade de uma das suas personagens, Miss Wade em “Little Dorrit”, e outra missiva onde pede apoio a uma adolescente prestes a entrar para um refúgio para mulheres sem-abrigo que ajudou a fundar.

Os responsáveis do museu acreditam que a primeira missiva, em resposta a uma sugestão de semelhanças entre Miss Wade e uma das personagens da autora Amelia Opie, contém uma referência à comunidade LGBTQ+. Em “Little Dorrit”, Miss Wade forma uma forte amizade com Harriet Beadle e a sua relação pode ser considerada romântica, contrariando as leis e restrições sociais da época.

“Observei Miss Wade na vida real (como me atrevo a dizer que a senhora Opie observou o seu cavalheiro) e sei que a personagem é verdadeira em todos os aspectos”, responde Dickens ao interlocutor, sugerindo que estava consciente da situação.

A biógrafa e tetraneta do autor, Lucinda Dickens Hawksley, admite que o comentário é bastante indirecto, “devido ao tipo de leis e costumes sociais da época, mas parece-nos que estão a falar de uma personagem LGBTQ+, e que Dickens garante que a sua personagem é real”.

“Uma coisa que eu penso ser fascinante no trabalho de Dickens, e a razão pela qual continua a ser tão apreciado ainda hoje, é que ele mostra [no seu trabalho] pessoas de todos os quadrantes, personagens de diferentes classes sociais, e Dickens estava claramente consciente do mundo LGBT+, mesmo que não o expressasse dessa forma e fosse um pouco circunspecto por causa dos costumes da época”, afirmou à Agência Lusa.

Cartas como prova

Noutra carta também inédita, Dickens pede, à directora, roupas para uma rapariga de 16 anos que estava prestes a ingressar em Urania Cottage, um refúgio para mulheres sem abrigo, incluindo prostitutas, que fundou com amiga filantropa Angela Burdett-Coutts em 1847.

Ambas as cartas refletem o carácter de activista social, que escrevia ou falava frequentemente em apoio a causas e instituições como o Hospital para Crianças Doentes ou legislação que pretendia proibir actividades de lazer ao domingo, afetando sobretudo os mais pobres.

As cartas, adquiridas em 2019, contribuem para “confirmar coisas de que pensávamos já precisar, mas para as quais talvez não tínhamos muitas provas”, vincou Hawksley.

Entre as 100 peças simbolicamente escolhidas para esta exposição, que permanecerá até 29 de Junho, encontra-se também um delicado retrato de Dickens enquanto escrevia “Um Conto de Natal” redescoberto coberto de bolor na liquidação de uma casa na África do Sul em 2017, depois de ter estado perdido durante 174 anos.

A pequena pintura, da autoria de Margaret Gillies, estava desaparecida desde 1886 e foi readquirida há seis anos após uma campanha de angariação de fundos. A casa-museu, situada no número 48 da rua Doughty Street, foi onde o escritor (1812-1870) viveu em Londres de 1837 a 1839, período durante o qual terminou “Os Cadernos de Pickwick” e redigiu “Nicholas Nickleby” e “Oliver Twist”.

Perante o sucesso literário e crescimento da família, Dickens mudou-se, mas em 1923, já depois da morte do autor, a propriedade foi adquirida por um grupo de admiradores e reaberta em 1925 como museu.

5 Fev 2025

Óbito | Escritora Maria Teresa Horta morre aos 87 anos

A escritora Maria Teresa Horta, a última das “Três Marias”, morreu ontem, aos 87 anos, em Lisboa, anunciou a editora Dom Quixote.

“Uma perda de dimensões incalculáveis para a literatura portuguesa, para a poesia, o jornalismo e o feminismo, a quem Maria Teresa Horta dedicou, orgulhosamente, grande parte da sua vida”, pode ler-se no comunicado enviado pela editora à Lusa.

No mesmo texto, a Dom Quixote lamenta “o desaparecimento de uma das personalidades mais notáveis e admiráveis” da literatura portuguesa, “reconhecida defensora dos direitos das mulheres e da liberdade, numa altura em que nem sempre era fácil assumi-lo, autora de uma obra que ficará para sempre na memória de várias gerações de leitores”.

Em Dezembro, Maria Teresa Horta foi incluída numa lista elaborada pela estação pública britânica BBC de 100 mulheres mais influentes e inspiradoras de todo o mundo, que incluía artistas, activistas, advogadas ou cientistas.

Em 2022, nos 50 anos da obra “Novas Cartas Portuguesas”, escrita com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, Maria Teresa Horta afirmava, em entrevista à Lusa, que o livro sempre foi desconsiderado em Portugal e confessava-se “perplexa” com o interesse suscitado cinco décadas depois da publicação.

“Novas Cartas Portuguesas”, escrita por Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, a partir das cartas de amor dirigidas a um oficial francês por Mariana Alcoforado, constituiu-se como um libelo contra a ideologia vigente no período pré-25 de Abril, que denunciava a guerra colonial, as opressões a que as mulheres eram sujeitas, um sistema judicial persecutório, a emigração e a violência fascista.

Começou a ser escrita em Maio de 1971 e foi publicada em Abril de 1972, tendo sido banida pela ditadura e as suas autoras levadas a julgamento.

Até ao fim, as três recusaram-se a revelar e ninguém conhece individualmente a autoria de cada texto, como salientou à Lusa Maria Teresa Horta, que contestava uma ideia algo difundida de que a maioria seria obra de Maria Velho da Costa. “Foram escritas pelas três. Ninguém vai dizer [quem escreveu cada texto]. Elas já estão mortas e eu nem morta nem viva digo quem escreveu, porque nós fizemos uma jura”, afirmou, em 2022.

Vida activa

Nascida em Lisboa em 1937, Maria Teresa Horta frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi dirigente do ABC Cine-Clube, militante activa nos movimentos de emancipação feminina, jornalista do jornal A Capital e dirigente da revista Mulheres.

Como escritora, estreou-se no campo da poesia em 1960, mas construiu um percurso literário composto também por romances e contos. Com livros editados no Brasil, em França e Itália, Maria Teresa Horta foi a primeira mulher a exercer funções dirigentes no cineclubismo em Portugal e é considerada um dos expoentes do feminismo da lusofonia.

Foi amplamente premiada ao longo da sua carreira literária, destacando-se, só nos últimos anos, o Prémio Autores 2017, na categoria melhor livro de poesia, para “Anunciações”, a Medalha de Mérito Cultural com que o Ministério da Cultura a distinguiu em 2020, o Prémio Literário Casino da Póvoa que ganhou em 2021 pela obra “Estranhezas”, e a condecoração, em 2022, com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade, pelo Presidente da República.

5 Fev 2025

Música | Gisela João edita álbum “Inquieta” em defesa da Liberdade

A fadista portuguesa Gisela João está de regresso aos discos com “Inquieta”, um trabalho que celebra a Liberdade e que é uma homenagem ao 25 de Abril. O trabalho discográfico, com muitas músicas de Zeca Afonso, sai para as lojas esta sexta-feira

 

O novo álbum de Gisela João, “Inquieta”, a sair na sexta-feira, homenageia Abril, é pela Liberdade e sobre o impacto da Liberdade na vida quotidiana.

“Quero deixar bem claro que a minha intenção com este disco é maior que a data em si, é maior que isso tudo, é lembrar as pessoas que a nossa Liberdade”, a liberdade “de cada um de nós”, impõe “cuidar da Liberdade” que “é nossa e do nosso vizinho”, que a Liberdade “tem um impacto de forma directa na vida e na liberdade das outras pessoas”, disse a fadista em entrevista à agência Lusa.

O álbum reflecte a série de espectáculos que a cantora apresentou pelo país no ano passado, na celebração dos 50 anos do 25 de Abril. À Lusa, a fadista afirmou que sentiu “necessidade de gravar estas músicas, de cantar a Liberdade”, a Liberdade com maiúscula.

Sobre o alinhamento do álbum, maioritariamente, composto por canções do repertório de José Afonso, Gisela João afirmou que “foi feito a olhar para o mundo”, para o que está a acontecer à sua volta e, “sentindo quase como um espírito de missão, de cantar a Liberdade de a defender, de dar estas palavras de novo ao público”, porque “são letras muito necessárias e precisamos de as ouvir”.

Gisela João gravou repertório de José Afonso com novos arranjos musicais, canções como “Vejam Bem”, “A Morte saiu à Rua”, “Que Amor Não me Engana”, mas também de Paulo de Carvalho, “E Depois do Adeus” – canção que foi uma das senhas para o ainda golpe de 25 de Abril de 1974 -, de Sérgio Godinho, “Que Força é essa Amigo”, de Fernando Lopes-Graça, “Acordai!”, que o compositor estreou com o Coro das Academia Amadores de Música, e de José Mário Branco, “Inquietação”.

Lutar sempre

A cantora defendeu a necessidade de “uma luta constante” e de “uma defesa muito concreta da Liberdade que é um direito por nascença”. “O direito de qualquer um que nasce à Liberdade, à Liberdade de se ser o que se quer ser, e de se ser quem se deseja e quem se sonha”, argumentou.

Gisela João realçou a actualidade do repertório que gravou e dos seus criadores, que marcaram a música portuguesa nas últimas décadas. “Estes autores – José Afonso, Sérgio Godinho, Fausto – podiam ter escrito estas canções hoje”, afirmou.

“Se ouvirmos as notícias e sairmos à rua e olharmos com olhos de ver o que se passa à nossa volta, é muito fácil encaixar frases destes autores ou as canções inteiras e cantá-las, pois adequam-se ao tempo que nós vivemos”.

Gisela João alertou para a necessidade de uma vigilância, pois “a Liberdade não é um dado adquirido” “A Liberdade – sermos todos livres – permite que se oiçam e se vejam coisas que não deviam acontecer. E quem defende essa Liberdade? Temos de ser nós, todos os dias, a defender a nossa Liberdade e a dos outros”, defendeu. “Uma situação complexa”, referiu, “mas um debate necessário e constante”.

Zeca, o génio

Reconhecendo a importância da intervenção cívica e política de José Afonso, autor da maioria das canções de “Inquieta”, Gisela João realçou a “genialidade” da sua criatividade musical, à qual se referiu como “impressionante”.

“A qualidade das melodias que ele fez, [todas] têm algo que é do mais difícil de fazer; fazer coisas que parecem tão simples e são de uma profundidade imensa. É por isso, que, garantidamente, posso dizer que não conheço ninguém a quem essas melodias não toquem, não conversem com as pessoas”.

“São melodias muito simples, mas não o são na verdade, são muito densas, e tocam nas pessoas, é isso que faz as pessoas sentir alguma coisa na pele”, acrescentou, realçando que “há uma assinatura muito portuguesa nestas músicas”.

“Há ali [naquelas canções] — nem, sei explicar como — qualquer coisa que me faz sentir muito portuguesa, como no fado”, disse Gisela João que confidenciou que quando as ouve, parece que está a fazer um mantra consigo própria: “Uma cantilena em repetição que me vai acalmando a alma”.

Questionada sobre a responsabilidade que sente ao interpretar estas canções, a fadista disse que quando começa a cantar é como se não estivesse ali. “O que está ali é o poema; e quem me dera poder levar as pessoas para o lugar para onde vou quando estou a cantar”.

“A verdade é que os poemas são muito maiores que eu, e junto-os com as melodias perfeitas para eles, para as palavras soarem como precisam de soar. São muito maiores que eu. Sinto que fico em segundo plano. Apenas me sinto como veículo para dar às palavras aquilo que elas precisam, e para [as] fazer chegar às pessoas”, disse à Lusa.

A intérprete destacou os arranjos musicais, “mais arejados”. E entre as dez canções que constituem o alinhamento, referiu a sua dificuldade em encontrar a forma como cantar “E Depois do Adeus” (José Niza/José Calvário), para se distanciar da interpretação do seu criador, Paulo de Carvalho.

Gisela João defendeu que “cada um é único” e que quando canta, tem de “saber falar”. O que canta, tornar seu. “Eu tenho de sentir aquilo”, enfatizou.

Para a intérprete, “E Depois do Adeus”, na interpretação do Paulo de Carvalho, “está perfeito, está redondinho, é aquilo é assim”, o que a deixava “muito inquieta”, pois “não queria cantar igual a ele, nem a fazer à Paulo de Carvalho”.

“De repente, de tanto ler o poema e, relacionado com a fase da vida em que me encontro, precisava de cantá-la para mim, desconstruindo o poema e não falando de uma relação de amor com o outro; olhar de uma maneira diferente e falar da relação de amor que eu tenho comigo própria, onde eu estou, onde eu quero ir, quem é que eu sou, quantas de mim deixei pelo caminho, quais de mim é que eu quero resgatar”, contou.

“Desculpem-me a ousadia e a imodéstia, mas esta canção, gravei-a para mim, e vou ficar muito feliz de saber se alguém, ao ouvi-la, quiser fazer um ponto de situação de si próprio”. “Os Bravos”, “Balada de Outono” e “Canção de Embalar” fazem também parte do alinhamento de “Inquieta”, com arranjos de Luís ‘Twins’ Pereira, Gisela João, Carles Rodenas Martinez, e produção executiva e gravação de Luís ‘Twins’ Pereira.

5 Fev 2025

Beyoncé conquista Grammy de álbum do ano com “Cowboy Carter”

Beyoncé ganhou o Grammy para o álbum do ano, pela primeira vez na carreira, por “Cowboy Carter”, anunciou a Recording Academy durante a 67.ª edição dos prémios, realizada na Crypto.com Arena, em Los Angeles.

“Já lá vão muitos anos”, afirmou no domingo à noite Beyoncé, referindo-se ao tempo que esperou para receber a ‘joia da coroa’ dos prémios das mãos do chefe dos bombeiros de Los Angeles, Anthony Marrone. Este Grammy faz de Beyoncé a primeira mulher negra em 26 anos a ganhar nesta categoria desde Lauryn Hill em 1999 e a sétima artista a ganhar o prémio para um álbum country.

Nomeados para o galardão máximo atribuído pela Academia Nacional de Artes e Ciências de Gravação dos Estados Unidos (mais conhecida por Recording Academy) estavam André 3000 (“New Blue Sun”); Sabrina Carpenter (“Short n’ Sweet”); Charli xcx (“brat”); Jacob Collier (“Djesse Vol. 4”); Taylor Swift (“The Tortured Poets Department”); Chappell Roan (“The Rise And Fall Of A Midwest Princess”) e Billie Eilish (“Hit Me Hard and Soft”).

“Cowboy Carter”, o oitavo álbum da carreira de Beyoncé, é o muito aguardado ‘segundo acto’ do trabalho “Renaissance”, lançado em 2022.

Além de Beyoncé, que contava com 11 nomeações, número que eleva para 99 o total na carreira e faz dela a artista com o maior número de nomeações da história, Kendrick Lamar, com os Grammys para a canção e o disco do ano por “Not Like Us”, Shakira, Billie Eilish, Chappell Roan, Doechii, Sabrina Carpenter e Charli xcx pontuaram entre as estrelas da noite, que contou com a presença de Will Smith, Stevie Wonder e Janelle Monáe numa homenagem ao falecido e lendário produtor Quincy Jones .

Shakira também festeja

Shakira dedicou o Grammy para melhor álbum pop latino com o seu 12.º álbum de estúdio, ‘Las mujeres ya no lloran’, à comunidade imigrante nos Estados Unidos, que a nova Administração norte-americana de Donald Trump trouxe novamente para as manchetes em todo o mundo.

“Quero dedicar este prémio a todos os meus irmãos e irmãs imigrantes deste país. Vocês são amados, vocês valem a pena e eu lutarei sempre convosco e com todas as mulheres que trabalham arduamente todos os dias para fazer avançar as suas famílias”, disse a cantora.

A surpresa da noite foi o cantor californiano Kendrick Lamar, o artista com mais prémios na 67.ª edição dos Grammy Awards ao receber cinco distinções da Recording Academy, com a canção “Not Like Us”: em duas das principais categorias, disco do ano e canção do ano, e melhor interpretação rap, melhor canção rap e melhor vídeo musical.

Taylor Swift saiu de mãos vazias, apesar das seis nomeações para o último álbum “The Tortured Poets Department”, tal como Billie Eilish, que era uma das favoritas do ano. A britânica Charli xcx ganhou três Grammys por “brat”.

O fenómeno Chappell Roan foi coroado melhor novo artista, numa lista que incluía também Sabrina Carpenter e o rapper Doechii.

4 Fev 2025

Cinemateca Paixão | “A Substância”, com Demi Moore, estreia esta semana

A Cinemateca Paixão já tem disponível o cartaz de Fevereiro e a grande novidade é o filme “A Substância”, protagonizado por Demi Moore, que se revela também na cópia restaurada de “Ghost”. Além da exibição destes filmes, destaque ainda para películas como “Vive L’Amour”, “The Way We Talk”, de Hong Kong; ou o japonês “Cells at Work!”

 

Uma das actrizes dos anos 90 de Hollywood, Demi Moore parece ter voltado em grande ao protagonizar “A Substância”, filme que tem dado que falar em todo o mundo por espelhar o confronto permanente entre a imagem, o que somos e aquilo que esperam de nós. O filme será exibido em Macau este sábado na Cinemateca Paixão, tendo uma única sessão a partir das 19h30, por isso é melhor correr antes que os bilhetes esgotem.

Demi Moore é uma bela apresentadora de televisão que, subitamente, deixa de ser bela aos olhos dos produtores do programa. É então que decide começar a tomar uma substância ilegal que a faz ficar mais nova, colocando-se numa situação perigosa e desafiante. É então que Sue, personagem interpretada por Margaret Qualley, passa a substitui-la no programa, sendo uma cópia quase igual ao original, mas muito mais nova que a personagem envelhecida de Demi Moore. É então que o horror começa, com súbitas transformações nos corpos de ambas, categorizando-se este filme no género “horror corporal”.

“A Substância”, que já levou Demi Moore a uma nomeação como Melhor Actriz nos Globos de Ouro, faz parte do cartaz deste mês da Cinemateca Paixão, intitulado “Encantos de Fevereiro”. E a escolha dos programadores recai também nos clássicos, nomeadamente com a cópia restaurada de “Vive L’Amour”, filme de Taiwan de 1994, que será exibido no próximo domingo, e depois no sábado, dia 15, e na quarta-feira dia 19 de Fevereiro.

Com realização de Tsai Ming Liang, “Vive L’Amour” passa-se em Taipei, num apartamento onde três pessoas solitárias acabam por dividir o mesmo espaço, neste caso um condomínio de luxo, sem saber. É então que as intimidades de cada um se começam a entrelançar, numa história de melancolias e sentimentos.

Demi Moore a duplicar

Outro clássico exibido este mês na Cinemateca Paixão, traz uma Demi Moore jovem. Trata-se de “Ghost”, cuja cópia restaurada será exibida no sábado, a partir das 16h30, e depois na sexta-feira, dia 14 de Fevereiro. “Ghost” ganhou um Óscar em 1991 na categoria de “Melhor Argumento Original”, tendo batido todos os recordes de bilheteira nesse ano, com receitas na ordem dos 505 milhões de dólares.

Demi Moore é Molly Jensen, uma artista que está apaixonada por Sam Wheat, personagem do já falecido actor Patrick Swayze. Tudo muda quando Sam é assassinado por um amigo e parceiro de negócios corrupto, Carl Bruner, e começa a vaguear pela terra como um espírito sem poderes.

Já o japonês “Cells at Work!” estreia mais cedo, esta quarta-feira, e prossegue com sessões domingo, e depois nos dias 15 e 18. A película baseia-se numa história de Manga com o mesmo nome, da autoria de Akane Shimizu, remetendo para um mundo de ficção científica.

O enredo gira em torno dos 37 triliões de células existentes no corpo humano, com personagens a representar os glóbulos vermelhos e brancos. Mas há também a estudante de liceu Niko Urushizaki, que vive com o seu pai e que está sempre focada em ter uma alimentação exemplar para ter células saudáveis.

Mas o pai faz exactamente o contrário, o que faz com que tenham corpos completamente diferentes. Apesar de se darem bem no meio da vida agitada que levam, os agentes patogénicos estão prestes a invadir o corpo e a planear um próximo passo que irá culminar numa guerra de células, que mudará a vida desta família.

Outro clássico presente este mês na Cinemateca Paixão, é “Picnic at Hanging Rock”, de 1974, apresentando-se também uma cópia restaurada deste filme de Peter Weir e que ganhou um BAFTA em 1977 para “Melhor Cinematografia”. Além da exibição nesta quarta-feira, o filme repete na quinta-feira, dia 13, e depois no domingo, dia 16.

A história remete para o início do século XX, quando Miranda frequenta um colégio interno para raparigas na Austrália. No Dia dos Namorados, a directora da escola, bastante rigorosa, oferece às raparigas uma visita de estudo para um piquenique numa formação vulcânica invulgar, mas cénica, chamada Hanging Rock. Apesar de não poderem sair do percurso traçado pela escola, Miranda e várias amigas aventuram-se por outro caminho, percebendo-se no final do dia que as meninas e um professor desapareceram de forma misteriosa.

Da região vizinha de Hong Kong chega-nos também o filme “The Way We Talk”, do ano passado, que será exibido na próxima semana. Trata-se da nova película de Adam Wong, tendo já sido nomeado para três categorias dos Prémios Cavalo de Ouro do ano passado. A história gira em torno de jovens surdos e das suas vivências.

4 Fev 2025

Cinema | “Hanami” de Denise Fernandes vence prémio em festival de Gotemburgo

O filme “Hanami”, da realizadora portuguesa Denise Fernandes, foi distinguido sábado com o prémio Ingmar Bergman no Festival de Cinema de Gotemburgo, na Suécia. De acordo com a organização, “Hanami” venceu aquele prémio internacional, destinado a primeiras obras, integrando uma selecção de oito candidatos da qual fazia ainda parte “On Falling”, de Laura Carreira.

“Hanami” é uma primeira longa-metragem de Denise Fernandes, foi rodada na ilha do Fogo, em Cabo Verde, e o elenco integra maioritariamente não-actores, na sua primeira experiência em cinema, explica a produtora portuguesa O Som e a Fúria.

Denise Fernandes, que nasceu em Lisboa, filha de pais cabo-verdianos, e cresceu na Suíça, aborda em “Hunami” as etapas e dores do crescimento de uma menina, desde que está na barriga da mãe até à adolescência.

“Quando eu era criança, reparei que Cabo Verde, por ser muito pequeno, era muitas vezes omitido dos mapas e dos globos. Crescendo na Europa, tinha a sensação de vir de um país que não existia fora das paredes da minha casa. Para o tornar visível, fiz de Cabo Verde e dos seus habitantes o tema central da minha primeira longa-metragem”, explicou Denise Fernandes em nota de intenções.

O elenco integra Sanaya Andrade, Daílma Mendes, Alice da Luz, Nha Nha Rodrigues, João Mendes e Yuta Nakano.

“Hanami” conquistou em 2024 o prémio revelação no festival de cinema de Locarno (Suíça). Desde então, o filme já foi seleccionado para vários festivais e tem conquistado outros prémios, nomeadamente em Chicago (Estados Unidos) e São Paulo (Brasil).

Anteriormente, Denise Fernandes fez as curtas-metragens “Nha Mila” (2020), “Idyllium” (2013), “Pan sin mermelada” (2012) e “Una notte” (2011). De acordo com a produtora O Som e a Fúria, “Hanami” vai estrear-se nas salas de cinema da Suíça – país coprodutor – a 19 de Março e chega aos cinemas portugueses a 15 de Maio. A 48ª. edição do Festival de Cinema de Gotemburgo terminou ontem.

3 Fev 2025

“Glow Shenzhen”| Projecto “Icy Fire” distinguido em festival

Chama-se “Icy Fire” e é uma instalação de videoarte generativa da autoria de Lampo Leong, académico da Universidade de Macau, e de Yanxiu Zhao, que acaba de ganhar a medalha de ouro no Festival “Glow Shenzhen”. Dedicado à arte feita de luzes, este festival da vizinha cidade chinesa contou com 209 projectos

 

 

Lampo Leong, docente da Universidade de Macau (UM), e há muito dedicado ao campo das artes, acaba de ganhar o “Prémio Medalha de Ouro” com o projecto “Icy Fire” feito em parceria com o aluno de doutoramento Yanxiu Zhao. “Icy Fire”, uma instalação de videoarte generativa, com recurso a tinta digital, fez parte do Festival de Arte Luminosa “Glow Shenzhen”, que contou com um total de 209 projectos de arte pública espalhados por toda a cidade, criados por artistas e diversos estúdios de arte a nível internacional.

Desta forma, o projecto de Lampo Leong e Yanxiu Zhao destacou-se, a começar pelo seu tamanho: “Icy Fire” trata-se de uma instalação de videoarte geradora de tinta digital com 7,5 metros por 4 metros por 4,8 metros. Trata-se ainda de uma obra constituída por um grande painel LED de alta definição e várias paredes, tecto e chão espelhados.

Segundo um comunicado da UM, esta obra revela-se “única na sua criatividade e conceito”, tendo sido “realizada com tinta contemporânea sobre papel, software gerador de tinta digital e tecnologia de IA [inteligência artificial]”. Essencialmente, é um projecto que retrata “o processo de derretimento dos glaciares através de salpicos de tinta”, com uma “linguagem artística da abstração geométrica e um gradiente de cores que muda do frio para o quente”.

A instalação combina ainda elementos como som, vídeo digital e “ambientes de exposição imersivos”, a fim de permitir ao público “experimentar e apreciar a inovação e o desenvolvimento da arte clássica da tinta chinesa na era digital e da IA”, com ligação também ao tempo da “urgência da protecção ambiental”.

Reconhecimento global

Lampo Leong, o principal criativo por detrás deste projecto vencedor, está ligado ao Centro de Artes e Design da UM, tendo sido professor visitante da Academia de Belas Artes de Guangzhou. O docente já conta com diversas obras seleccionadas para mais de 450 exposições de arte nacionais ou internacionais com curadoria ou júri e mais de 115 prémios, incluindo o “Red Dot Award: Best of the Best”, “Prémio de Ouro” no American Good Design, “Prémio de Ouro” no Concurso Internacional de Arte “Creative Quarterly” em Nova Iorque e o Fundo Nacional de Artes da China.

As suas obras estão alojadas em mais de dez colecções de museus, incluindo o Cantor Arts Center da Universidade de Stanford, o Minneapolis Institute of Arts e o Museu de Arte de Macau, e foram apresentadas nas capas de publicações como “New Art International” em Nova Iorque, “Creative Genius: 100 Contemporary Artists” em Londres e “Art Frontier” nos Estados Unidos.

Relativamente à edição deste ano do “Glow Shenzhen”, o tema foi “Iluminação Infinita”, tendo decorrido numa localização principal e em mais 29 espaços escolhidos para a apresentação das obras. O projecto de Macau ficou instalado na zona principal da exposição, bem perto do hotel Mandarin Oriental de Shenzhen. O público pode ver esta obra até ao dia 16 de Fevereiro deste ano, sendo que, até à data, esta instalação imersiva “atraiu muitos visitantes e foi elogiada pelo seu impressionante efeito artístico”, revela-se no mesmo comunicado.

3 Fev 2025

Circo Contemporâneo assinala “entrada acrobática” na Primavera

Estão à venda bilhetes para o espectáculo “Entrelaçar a Paz”, “uma produção de circo contemporâneo concebida para o público mais crescido e para adolescentes, trazida da Suécia pela companhia vanguardista Cirkus Cirkör”, indicou o Instituto Cultural (IC).

Os espectáculos estão marcados para os dias 21 e 22 de Março (sexta-feira e sábado), às 20h, no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau.

O IC descreve o evento como um desejo de superação que acabou por ganhar contornos simbólicos. “Inicialmente inspirado numa vontade de ultrapassar os limites do possível, combinando desejos de unidade e paz cujas aspirações são intricadamente tecidas num emaranhado de cordas e linhas, ‘Entrelaçar a Paz’ passou de espectáculo a uma metáfora de esperança para um mundo em ebulição”.

O espectáculo produzido pela companhia Cirkus Cirkör combina performance física e música ao vivo, numa mescla de equilibrismo, malabarismo, trapézio e diversos tipos de acrobacia executados sobre uma estrutura de enormes casulos em forma de instalação aérea.

O IC indica que a companhia sueca reúne um naipe de “artistas internacionais de alto nível” e “incorpora um caldeirão de culturas e disciplinas, promovendo o intercâmbio artístico.”

A estreia de “Entrelaçar a Paz” está marcada para o primeiro dia de Primavera, mas, além do espectáculo, os artistas da companhia sueca vão protagonizar uma série de workshops para partilhar a sua arte com o público. O espectáculo tem uma duração de cerca de uma hora e meia e os bilhetes custam entre 200 e 500 patacas.

Vinte anos depois

Fundado pela directora artística e mentora criativa Tilde Björfors em 1995, o Cirkus Cirkör tem percorrido o mundo levando a cena e divulgando artes circenses junto de jovens de todas as idades.

Celebrado como o espectáculo mais apreciado e reconhecido de sempre do Cirkör, “Entrelaçar a Paz” resume o espírito irreverente e urbano de uma companhia que tem vindo a experimentar e a colaborar com artistas tão diversos como o icónico compositor Philip Glass, fundindo frequentemente a tradição circense com a ópera.

Por vezes, a trupe leva o público em viagens de descoberta, como a que a trouxe a Macau em 2005 com o espectáculo “99% Desconhecido”, uma aventura pelo mundo das células e dos neurónios humanos.

30 Jan 2025

Fotografia | Lúcia Lemos capta ambiente do Café Majestic

A exposição de fotografia “Encontro à Meia-Luz”, de Lúcia Lemos, abre ao público na tarde do próximo sábado na Galeria Hold On to Hope, em Ká-Hó. A mostra reúne uma colecção de imagens que captam o ambiente do incontornável Café Majestic no Porto. A exposição estará patente até 23 de Fevereiro

 

A nova exposição de fotografia de Lúcia Lemos propõe uma viagem ao icónico Café Majestic, no Porto. “Encontros à Meia-Luz” estará patente na Galeria Hold On to Hope, na Aldeia de Nossa Senhora em Ká-Hó, entre o próximo sábado, a partir das 16h, e o dia 23 de Fevereiro.

Ao longo de 10 fotografias, Lúcia Lemos convida o público a espreitar momentos captados num “mundo onde o suave brilho da luz ambiente dança pelos elegantes interiores, revelando momentos de solidão, camaradagem e intercâmbio cultural”, descreve um comunicado do espaço expositor.

“Cada imagem reflecte a visão distintiva de Lemos. Esta viagem fotográfica não apenas celebra a rica história do café, mas também encapsula o espírito de um local de encontro amado que continua a inspirar e encantar”, é indicado.

A artista que fundou e coordena a Creative Macau explica que procurou transmitir a ambiência de luz e calor humano muito peculiar do estabelecimento. “A luz de intensidade baixa, atravessa a entrada das portadas, ilumina os braços de cabedal gravados dos sofás e fixa-se nos espelhos de cristal flamengo à Belle Époque, revelando-se fascinante o interior meio-escuro do espaço”, afirma em comunicado.

Sobre a intensidade que o local proporciona, Lúcia Lemos entende que ir ao Porto e não marcar um encontro no Café Majestic é como regressar a casa e não visitar a mãe. “Neste emblemático café passei alguns anos da minha juventude. O Majestic era ponto de encontros prazerosos onde se bebia o café em copo e mais tarde o café curto em chávena chamado cimbalino após a marca italiana ter chegado ao Porto”.

A beleza da fachada, a decoração interior e a “energia magnífica e acolhedora” fizeram do local “um espaço convidativo para frequentes encontros de namoro e de tertúlias para pintores, músicos, actores, cientistas, políticos, escritores, poetas, banqueiros e comerciantes”, refere a artista. Como tal, Lúcia Lemos entende que o Majestic é um ponto de partida incontornável para apresentar a cidade do Porto “a alguém muito especial”.

As obras reunidas nesta exposição resultam da recolha fotográfica feita em 2006 pela lente de uma Rolleiflex de 1954 em filmes da Kodak a preto e branco.

Tela ou ecrã

Numa declaração de exposição, divulgada pela galeria, José Sales Marques descreve o conjunto de fotografias como uma forma de viver o local retratado. “Lúcia Lemos demonstra através deste conjunto fotográfico como a sua obra é consistente, emociona-nos pela beleza, frescura e persistência na originalidade da sua abordagem, e como cada obra que, de tempos a tempos, partilha com o público nos deixa sempre a aspirar por mais, tal como nos fazem os filmes de Wong Kar Vai ou Almodóvar.”

Lúcia Lemos é uma artista visual que tem cruzado várias linguagens e formas de estéticas de expressão artística. Tem participado em Macau em exposições colectivas com trabalhos de videoarte, gravura, joalharia, cerâmica, escultura e instalações artísticas dos quais alguns foram reconhecidos e premiados.

A organização indica que apesar do caracter multidisciplinar, o trabalho fotográfico a preto e branco tem um sido um veículo artístico de “satisfação plena” da artista, que mereceu bom acolhimento em exposições individuais realizadas desde 2002 em Berkeley, Curitiba, Lisboa, Macau, Monza, Palermo, Porto, Salzburgo e Xangai.

Com mais de 20 anos de experiência de gestão de artes, enquanto coordenadora do Creative Macau, Centro de Indústrias Criativas, Lúcia Lemos tem colaborado ao longo dos anos com o Governo e instituições públicas como júri em festivais de arte e cinema, e em competições de arte, design e vídeo. No seu currículo destaca-se também a criação do Festival Internacional de Curtas de Macau. Actualmente, colabora com associações culturais e artísticas, proporcionando formação, curadoria e consultoria partilhando o conhecimento e a experiência profissional em coordenação, organização e direcção, destaca a organização da mostra.

30 Jan 2025

Artesanato | Exposição e workshops mostram ourivesaria de Guizhou e Hebei

“Brilho da Arte – Exposição de Artesanato em Ouro e Prata das Províncias de Hebei e Guizhou” é o nome da mostra patente na Galeria Tap Seac que exibe ourivesaria artesanal das províncias chinesas. Além das mais de 160 peças de ouro e prata, o Instituto Cultural desafia o público a conhecer as práticas artesanais de trabalhar os metais preciosos em workshops

 

A Galeria do Tap Seac exibe até ao dia 23 de Fevereiro “Brilho da Arte – Exposição de Artesanato em Ouro e Prata das Províncias de Hebei e Guizhou”, uma mostra que apresenta ao público de Macau a ourivesaria e o artesanato tradicionais das duas províncias chinesas e a forma ancestral de trabalhar o ouro e a prata.

Organizada pelo Instituto Cultural, a exposição faz parte da série de actividades de celebração do Ano Novo Lunar da Serpente, apresentando “mais de 160 peças e conjuntos de joalharia e artigos requintados de ouro e prata”. As obras “apresentam formatos sofisticados, um elevadíssimo grau de requinte técnico e uma variedade de estilos. Herdando técnicas tradicionais de longa data e incorporando uma estética moderna, as peças de arte tradicional irradiam uma aura contemporânea”, descreve em comunicado o IC.

Como o nome da exposição indica, as peças são um reflexo da arte incrustada em filigrana e a arte chinesa em cloisonné (técnica de aplicação de finas tiras de ouro em superfícies de metal, normalmente bronze) da Província de Hebei. A exposição apresenta também a ourivesaria do grupo étnico Miao da província de Guizhou. Ambas as manifestações culturais constam da Lista Nacional de Itens Representativos do Património Cultural Intangível da China.

 

 

Preciosidades culturais

A arte de criar peças em ouro e prata é um tipo de artesanato tradicional chinês com mais de 3000 anos de história.

O IC indica que as peças da arte incrustada em filigrana e da arte chinesa em cloisonné de Hebei caracterizam-se por um elevado grau de requinte técnico, pela diversidade dos seus motivos e pela sua ornamentação deslumbrante, possuindo um grande valor artístico. Por sua vez, a ourivesaria do grupo étnico Miao de Guizhou, denota uma multiplicidade de conotações culturais, dando origem a obras de estilo acentuadamente étnico, de excelente gosto artístico.

O grupo étnico Miao é um dos maiores no Interior da China, abarcando cerca de 56 dialectos e etnias. Os Miao vivem principalmente nas regiões montanhosas do sul da China. Além da província de Guizhou, o grupo étnico está fixado em zonas nas províncias de Yunnan, Sichuan, Hubei, Hunan, Guangxi, Hainão e mesmo Guangdong.

Serão também disponibilizadas visitas guiadas à exposição aos sábados, domingos e feriados, com as sessões em cantonense marcadas para as 15h e em mandarim para as 16h15.

 

Aprender com o mestre

Além da exposição, que pode ser visitada gratuitamente das 10h às 19h, incluindo feriados, o IC vai organizar workshops na Sala de Actividades do Museu Memorial Xian Xinghai, na Rua Francisco Xavier Pereira, nº 151-153, em Macau.

“A fim de permitir ao público um contacto mais directo com o artesanato em ouro e prata em exibição”, o IC vai organizar quatro workshops nos dias 8 e 9 de Fevereiro. No dia 8 de Fevereiro, das 10h às 12h e das 15h às 17h, um instrutor irá apresentar técnicas da arte incrustada em filigrana de Hebei. No dia seguinte, com o mesmo horário, será a vez de mostrar as técnicas de entalhe em prata Miao.

Os workshops serão conduzidos em mandarim. Apesar da admissão ser gratuita, as 16 vagas para cada sessão carecem de inscrição. Podem participar residentes maiores de 16 anos, bastando para tal inscreverem-se através da Conta Única na secção “Inscrição em Actividades”. As inscrições estão abertas e cada pessoa pode apenas inscrever-se numa sessão. Caso o número de inscrições exceda o número de vagas, a selecção dos participantes será efectuada por sorteio electrónico, sendo os participantes admitidos notificados por SMS.

27 Jan 2025

Arquitectura | Estudante da USJ vence prémio de melhor projecto de tese

Vera Vong, estudante de arquitectura da Universidade de São José (USJ), acaba de vencer o prémio de “Melhor Projecto de Tese em Arquitectura do Ano da Ásia”, obtendo a categoria “Prémio d’Ouro” na competição “ARCASIA Thesis of the Year (TOY) 2024”.

Em causa, está o projecto final de licenciatura, intitulado “Undulating Connections”, sendo que, com ele, Vera Vong ganhou também os prémios especiais de “Melhor [Projecto] em Inovação e Originalidade” e “Melhor em Orientação Global”. A cerimónia de atribuição do prémio decorreu no passado dia 16 de Janeiro.

“Undulating Connections” é, segundo um comunicado da USJ, “um edifício dinâmico que oferece um espaço especializado para eventos regionais e globais”, estando situado “numa posição geográfica” com bastante significado. “O conceito do design do projecto inspira-se nos reflexos de luz do Lago Nam Van, verificados na parte da frente do edifício”, verificando-se ainda “a interacção de telhados curvos, iniciando-se com um ângulo suave, semelhante a uma montanha, e que cria uma experiência espacial envolvente”.

Além disso, o projecto deste edifício “conta com duas salas de exposição, um auditório, duas galerias, uma área de exposição pública, um café e um miradouro”, sendo destinado “a um centro de ‘networking’, de apoio ao turismo, de incentivo ao crescimento económico e de aumento da interacção intercultural em Macau”, isto caso fosse construído.

O projecto de tese de Vera Vong foi seleccionado, numa primeira fase, pela Associação de Arquitectos de Macau para concorrer ao Prémio TOY da ARCASIA – Architects Regional Council Asia.

24 Jan 2025

Ano Novo Lunar | O que ver e fazer nos dias da celebração

Além da Parada do Ano Novo Chinês promovida pelo Governo, os resorts integrados de Macau apostaram em várias actividades para celebrar a entrada num novo ano. Decorações especiais, concertos e muita animação com danças do leão e dragão e ainda algum fogo de artifício – eis o rol de actividades que marca a entrada no Ano Lunar da Serpente

 

A Serpente é a protagonista dos próximos dias feriados que marcam o arranque de um novo ano. Amanhã começam oficialmente as celebrações do Ano Novo Lunar da Serpente, e, além das actividades promovidas pela Direcção dos Serviços de Turismo, há ainda muitas outras organizadas, na sua maioria, pelos resorts integrados, com uma grande componente artística.

No caso do Studio City, até ao dia 23 de Fevereiro pode ser vista uma “imponente instalação de uma serpente mecânica gigante com cinco metros de altura”, com o sugestivo nome de “Serpente da Fortuna”. Com esta iniciativa, a Melco pretende “proporcionar uma experiência absolutamente única aos visitantes, com uma celebração da arte, das tradições culturais e da tecnologia moderna”.

Haverá ainda um espectáculo de luzes gratuito, com referência à “Serpente da Prosperidade”, além de estar aberta ao público uma pista de gelo, jogos em tendinhas e uma outra parada, a “Splendid Snake Parade”. Destaque para, no dia 2 de Fevereiro, o rol de actividades incluir música, realizando-se o “2025 New Year Starlight Concert”.

No caso do Lisboeta Macau, a festa faz-se na H853 Fun Factory, com a apresentação de “decorações temáticas de doces que simbolizam a felicidade e prosperidade”. Destaque ainda para a realização de uma “variedade de espectáculos culturais tradicionais”, incluindo a dança do leão ou o ‘Desfile do Deus da Fortuna’, entre outros.

Além disso, a “Noite Lisboeta” irá acolher o “Mercado Nocturno do Ano Novo Chinês”, na Praça do Palácio de Macau e Rua Velha de Macau, disponível até ao dia 5 de Fevereiro; o “Mercado de Flores do Ano Novo Chinês”, também até ao dia 5, no mesmo local; e ainda a “Feira do Ano Novo Chinês”, aberta ao público até domingo, disponibilizando-se “uma variedade de produtos festivos e alimentos especiais”. A ideia é “criar uma atmosfera rica de Ano Novo”, promovendo-se “a cultura tradicional chinesa”, destaca o Lisboeta Macau, em comunicado.

No dia 2 de Fevereiro realiza-se também o espectáculo “SJM A-Lin Music Show”, no Grand Pavilhão do Grand Lisboa Palace. A-Lin é a cantora que venceu os “Golden Melody Awards”, trazendo a Macau “a sua voz poderosa e baladas emotivas para celebrar o Ano Novo Lunar”.

Barra em festa

Na zona da Barra, o MGM promove o “Mercado da Bênção da Sorte da Barra”, localizado no antigo matadouro, que inclui uma exposição individual do ilustrador japonês Shinri Murakami, que “apresenta as suas ilustrações da moda num cruzamento criativo entre arte e retalho”, sendo esta mostra complementada com um “Café Pop-up”, com produtos temáticos.

Citado por um comunicado, Shinri Murakami disse ser uma “honra apresentar as obras de arte num espaço tão rico em termos históricos”. “A fusão do património e da modernidade neste bairro é verdadeiramente inspiradora. Juntos, criámos um espaço partilhado inovador onde a minha arte vai além das exposições tradicionais, ligando-se a várias actividades e integrando-se na vida quotidiana de Macau”, referiu.

Para a organização, este mercado e demais eventos “combinam elementos como o património cultural intangível chinês, ilustrações da moda, um mercado criativo de Ano Novo Chinês e música ao vivo”, sendo uma “convergência única de tradição e modernidade”. Desde o dia 26 de Janeiro que este mercado está aberto ao público na Barra.

De referir ainda a realização, nos dias 1 e 2 de Fevereiro, do concerto sinfónico “Black Myth: Wukong”, no MGM Theatre. Neste espectáculo irá acontecer “um cruzamento ousado entre música e jogo que combina música sinfónica e música tradicional chinesa”, contando-se ainda com a reprodução de várias curtas-metragens de animação durante o espectáculo “para permitir que o público mergulhe no mundo da mitologia oriental” trazida pelo jogo “Black Myth: Wukong”, um jogo de vídeo chinês bastante conhecido. Com este espectáculo pretende-se ainda “dar a conhecer ao público a próspera indústria de jogos da China e a profundidade da sua cultura tradicional”.

Qi Baishi e companhia

Também a Wynn se junta à festa com a realização de espectáculos de dança do dragão e do leão, com fogo de artifício, marcados para os dias 3 e 4 de Fevereiro, ou seja, sexto e sétimo dias do Ano Novo Chinês. Aí, “os visitantes são convidados a seguir os passos do grupo de dança do leão enquanto este ‘serpenteia’ pelas principais localizações do Wynn Palace e Wynn Macau”, existindo ainda locais para tirar fotografias, como a “Árvore da Prosperidade” e o “Aquário dos Peixes Dourados”, ambos no Wynn Macau, e que “simbolizam a boa sorte” para um novo ano.

A Wynn continua a apresentar a exposição “Flores de Lótus aos pares, Flores de Ameixoeira em grupos – O mundo artístico de Qi Baishi”, uma mostra de arte digital patente no Illuminarium, e disponível até ao dia 15 de Fevereiro.

Destaque também para as apresentações especiais dos espectáculos “Galaxy Macau Diamond Show” e “Crystal Lobby Show” até ao dia 16 de Fevereiro. Em ambos os eventos o público pode esperar “um diamante de três metros de altura a descer até ao meio de um espectáculo aquático”, com uma sincronização de luzes e música.

Além disso, “do primeiro ao quinto dia do Ano Novo Lunar, o Deus da Fortuna, acompanhado pelo ‘Rapaz de Ouro’ e pela ‘Rapariga de Jade’, aparecerá no Galaxy Macau e no StarWorld Hotel, distribuindo bênçãos e boa sorte para o ano que se aproxima”. Depois, “entre o terceiro e o quinto dia, irá actuar um grupo profissional de dança do leão”.

24 Jan 2025

Exposição | “GalaxyArt” apresenta “The Boom and Bloom” até Março

Pode ser vista até ao dia 9 de Março a mostra “The Boom and Bloom”, com duas obras criadas por Ray Chan, de Shenzhen; e Sanchia Lau, natural de Macau. A galeria “GalaxyArt”, aberta ao público desde 2021, acolhe esta mostra que chega a tempo de celebrar a chegada de um novo Ano Lunar, e que tem curadoria de Gary Mok, de Hong Kong.

Segundo uma nota da Galaxy, Ray Chan quis, em “Shake Money Tree”, misturar “arte pop com tendências populares entre os jovens para reinterpretar as tradicionais bênçãos do Ano Novo Chinês”. “Este não é apenas um banquete visual e artístico; é uma viagem pelo património cultural”, refere, citado pelo mesmo comunicado. Esta obra gira, assim, “em torno de um pinheiro que atrai a fortuna, simbolizando a coexistência harmoniosa entre a riqueza e a natureza e sublinhando a importância da gestão financeira”.

No caso de Sanchia Lau, o seu projecto “Wishing Doll” traz “uma nova série de personagens com o tema da benção, em que “a combinação da árvore do dinheiro e da boneca dos desejos representa amor e riqueza”.

Aqui reflecte-se “uma profunda compreensão da busca dos sonhos”, misturando-se “símbolos chineses auspiciosos com um design moderno, criando-se um diálogo convincente entre a tradição e a arte contemporânea”.

Esta exposição traz ainda “três obras de arte temáticas especialmente encomendadas e estreadas em Macau”, com o nome de “Joy and Glory”, a instalação interactiva que dá nome à exposição, “Boom and Bloom” e ainda “A Propitious Omen”, que “incorpora os conceitos de amor e prosperidade, com o lótus – o símbolo de Macau – a dar um toque único e a representar fortuna e harmonia para o novo ano”.

23 Jan 2025

Óbito | Realizador francês Bertrand Blier morre aos 85 anos

O realizador e argumentista francês Bertrand Blier, autor de “As bailarinas” e “Traje de noite”, morreu na segunda-feira em Paris, aos 85 anos, revelou a família à agência France-Presse.

Para o jornal Le Figaro, morreu “um dos últimos gigantes do cinema francês”, que “soube inventar seu próprio universo cinematográfico” e deixou “filmes inesquecíveis para várias gerações”.

Da filmografia, iniciada nos anos 1960, fazem parte, por exemplo, “Hitler, connais pas” (1963), “Como se eu fosse um espião” (1967), no qual entra o pai, o actor Bernard Blier, “A mulher do meu melhor amigo” e “Que raio de vida!” (1991), com Charlotte Gainsbourg e Anouk Grinberg.

Autor de filmes marcados pelo humor negro e pela comédia grotesca, Bertrand Blier venceu em 1979 o Óscar de Melhor Filme Internacional com “Uma mulher para dois”, protagonizado por Carole Laure, Gérard Depardieu e Patrick Dewaere.

Gerard Depardieu foi, aliás, um dos actores que mais trabalhou com Bertrand Blier e cuja colaboração marcou o cinema francês nos anos 1970 e 1980, com destaque para “As bailarinas” (1974), “Crimes a sangue frio” (1979), “Bela demais para ti” (1989) e “Quanto me amas” (2005).

A propósito de “As bailarinas”, com Depardieu e Dewaere, a AFP lembra que este filme foi considerado subversivo e de culto, e ao mesmo tempo criticado “pela misoginia e pela forma como retratou a predominância masculina”. “Hitler, connais pas” (1963) valeu-lhe um prémio de primeiras obras em Locarno (Suíça) e com “Bela demais para ti” venceu o Grande Prémio do Júri em Cannes.

23 Jan 2025

Exposição | “Flora Macanensis” revela memórias de Macau na Polónia

O antropólogo local Cheong Kin Man, a residir em Berlim há muitos anos, juntou-se a Marta Sala, artista polaca, para realizar uma nova exposição, “Flora Macanensis”, que pode ser vista na cidade de Katowice, Polónia, até 28 de Fevereiro. Nesta mostra, o casal explora memórias de família e o passado de Macau, numa conjugação de instalações artísticas e peças têxteis

 

Estreou ao público no passado dia 7 a exposição “Flora Macanensis”, o mais recente projecto da dupla de artistas Cheong Kin Man, natural de Macau, e Marta Stanisława Sala, polaca. Esta mostra está patente até ao dia 28 de Fevereiro na Biblioteca Pública Municipal de Katowice, na Polónia, mas a ideia é que possa visitar vários países e territórios, incluindo Macau.

Segundo uma nota divulgada pelo Instituto Camões na Polónia, esta mostra é um trabalho da dupla composto por “uma série de sete cartazes que conta a história da Flora, mãe do artista, que chegou a Macau clandestinamente nos anos 80 e como a amnistia portuguesa concedida aos imigrantes ilegais no território, depois de uma visita de Mário Soares em 1990, mudou a vida de Macau”.

Mas a mostra inclui também o projecto “A Bússola da Utopia”, com três peças têxteis, que conta a história do pai de Cheong Kin Man. Nesta peça, o artista e antropólogo natural de Macau acaba por “entrelaçar a travessia a nado do pai da China a Macau em 1979 com as estadias do jesuíta polaco Miguel Boym em meados do século XVII e também com a passagem do aventureiro polaco Conde Benyowsky pela colónia portuguesa em 1771”.

Gonzaga Gomes e outros

Desta forma, este trabalho mistura não só memórias pessoais do artista, há muitos anos a residir em Berlim, mas também outros pedaços da história de Macau. Também em “Flora Macanensis” se pode ver o vídeo experimental “O Monumento Pronto-a-Vestir”, que inclui uma entrevista com o navegador e investigador António Abreu Freire. “A obra audiovisual, inspirada no karaoke, demonstra, letra a letra, as traduções inglesa, polaca e cantonesa das palavras de Freire em português”, destaca-se.

A mostra completa-se com “duas dúzias de livros em português e publicados em Macau do tempo da administração portuguesa, incluindo obras do sinólogo Luís Gonzaga Gomes (1907-1976), o jornalista Francisco de Carvalho e Rêgo (1898-1960), bem como um mapa ‘tentativa de reconstituição geográfica da Peregrinação de Fernão Mendes Pinto feita pelo Visconde de Lagoa'”.

Ao HM, a dupla de artistas contou que esta é a primeira vez que expõem no país de onde é natural Marta Stanisława Sala, com os dois a quererem “concretizar o plano de viver entre Berlim, Macau, Cracóvia e Lisboa”. A dupla trabalha junta desde 2021, tendo vindo a criar “várias línguas fictícias”, sempre dentro das áreas da arte e da antropologia visual.

Marta Sala destaca, sobre “Flora Macanensis”, que “não só é importante ligar o têxtil e o texto nas narrativas auto-etnográficas, mas também a convivência com as pessoas entre Berlim, a Polónia, Macau e Portugal, fontes da nossa criatividade”.

A cidade de Katowice é bastante próxima de Marta Sala, pois no lugar onde hoje existe a biblioteca pública, o seu avô materno teve uma oficina de construção de móveis nos anos do comunismo. Porém, Marta Sala nunca viveu nesta pequena cidade, embora permaneça lá toda a família. A ideia de ali expor surgiu da mãe de Marta.

“A directora pediu-nos a contextualizar o nosso trabalho e propôs-nos a tematizar mais Macau”, destacou Marta, sendo que na sessão de apresentação da mostra teve lugar uma conversa sobre a participação da dupla na edição da Bienal de Macau de 2023.

Marta Sala adianta que, como dupla, procuram “sempre o universal”, enquanto Cheong Kin Man destaca que é-lhe sempre natural falar da sua terra, Macau. “Tanto na Alemanha como na Polónia, sempre queremos falar de Macau de uma forma a que consigamos ter algum reflexo. Quando falámos [na conversa inaugural da exposição] da existência de três passaportes em China, Macau e Hong Kong, pedimos ao público para imaginar as alfândegas entre Katowice, Cracóvia e Varsóvia. Os casos de Macau e da Polónia não são comparáveis, mas a Polónia foi dividida durante séculos”, explicou.

No último ano, a dupla não parou de produzir artisticamente, tendo realizado “De Copenhaga com Amor” e “As Espantosas e Curiosas Viagens” em Nuremberga, que teve o apoio da Fundação Oriente, entre outras entidades. Cheong Kin Man adiantou que esta última mostra poderá realizar-se em Lisboa ainda este ano, estando o projecto em fase de negociações.

22 Jan 2025

FRC | Antiguidades da Rota da Seda para ver até Fevereiro

Luís Au, coleccionador de antiguidades, resolveu mostrar ao público, com a ajuda da Fundação Rui Cunha, algumas peças antigas do período da Rota da Seda Marítima. Dessa vontade nasceu a exposição “Crescent on the Sea”, que conta com 50 peças, como quadros, documentos ou peças de cerâmica que vão do século IV ao século XIX

 

A Fundação Rui Cunha (FRC) inaugurou esta terça-feira a Exposição de Antiguidades da Rota da Seda Marítima “Crescent on the Sea”, com peças do coleccionador Luis Au. Trata-se de uma mostra que apresenta um conjunto de cerca de 50 obras de arte, cerâmica, quadros, documentos e livros do século IV ao século XIX, sendo estes exemplos de objectos transportados ao longo dos percursos terrestres e marítimos da China continental.

A exposição, que acontece graças à colaboração da família Au, que desde sempre coleccionou peças antigas, pretende também celebrar o 10º aniversário da inscrição do corredor terrestre da Rota da Seda entre Chang’an (antiga Xi’an) e Tianshan (cordilheira montanhosa que atravessa as fronteiras da China, Cazaquistão e Quirguistão) na Lista de Património Mundial da UNESCO em 2014.

Além disso, a mostra, que fica patente na galeria da FRC até ao dia 8 de Fevereiro, celebra o 20º aniversário da inscrição do Centro Histórico de Macau na mesma Lista de Património Mundial da UNESCO em 2005.

Um trabalho de vários anos

Citado por um comunicado, Luís Au explicou que a sua família “começou a coleccionar antiguidades da China e de Portugal desde a década de 1950, devido à nossa grande paixão pelos estudos de história”. “Após um século de trabalho em Macau, uma cidade com uma combinação rica de cultura oriental e ocidental, a minha família, com formação cultural sino-portuguesa, dedicou-se a promover a educação sobre o património cultural de Macau para valorizar as relíquias e a herança local”, disse ainda.

Quanto ao nome da mostra, “Crescent on the Sea” remete para o famoso lago em forma de crescente, um verdadeiro oásis rodeado por inúmeras dunas de areia em Dunhuang, província de Gansu, perto do deserto de Gobi. No prefácio da exposição, explica-se que “Dunhuang era um importante centro de antigas trocas comerciais da Rota da Seda, que atravessavam a massa terrestre euro-asiática do comércio leste-oeste”.

Luís Au acrescenta, porém, que “na costa sudeste da China, existia também um “Crescente” no mar, uma área cheia de prosperidade e vibração ligada a cerca de cem outros portos ao longo da Rota da Seda Marítima”.

“De Liujiagang (que é hoje Liuhe, na província de Suzhou) a Cantão, a área em forma de crescente centrada em Zayton (Quanzhou) foi um importante centro de construção naval e de desenvolvimento de tecnologias de navegação, durante a dinastia Song, e um dos maiores portos do mundo”, frisou.

As Rotas da Seda serviram sobretudo para transportar matérias-primas, alimentos e bens de luxo. Algumas zonas tinham o monopólio de determinados materiais ou bens: principalmente a China, que abastecia a Ásia Central, a Ásia Ocidental e o mundo mediterrânico com seda, mas também porcelana, chá e especiarias. Muitos dos bens comerciais de elevado valor eram transportados – por animais de carga e embarcações fluviais – ao longo de grandes distâncias e diferentes comerciantes, entre os impérios chinês e romano, florescendo entre os séculos VI e XIV d.C. e mantendo-se em uso até ao século XVI.

A Rota da Seda Marítima, ainda em processo de estudo e classificação pela UNESCO, desenvolveu-se entre os portos de Quanzhou, na província de Fujian, atribuído como ponto de partida deste circuito de navegação costeiro através do estreito de Taiwan, até ao porto de Ningbo, na província de Zhejiang, hoje um dos três portos de carga mais movimentados do mundo.

Macau, com a sua localização geográfica favorável na costa sul da China, tornou-se a partir do século XVI um importante porto de comércio marítimo e um centro de exportação de produtos chineses para o mundo.

A seda e a porcelana chinesas, entre outros produtos, eram reexportadas via Macau para o Japão, Sudeste Asiático, Europa e até América. Como tal, Macau desempenhou um papel vital no desenvolvimento da Rota da Seda Marítima, ajudando a expandir a rede comercial global e facilitando o intercâmbio cultural mútuo entre o Oriente e o Ocidente.

21 Jan 2025

Guitarra portuguesa | Carlos Paredes lembrado na China e Japão

Mais de uma centena de concertos, colóquios, filmes, oficinas e um plano de salvaguarda e divulgação compõem o programa para assinalar os 100 anos do nascimento do guitarrista Carlos Paredes e celebrar o seu legado, e que será apresentado em todo o mundo, incluindo na China e Japão.

A programação, intitulada “Variações para Carlos Paredes”, foi apresentada esta segunda-feira. A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, disse que o guitarrista “conseguiu unir a tradição e a modernidade, o passado e o presente de forma absolutamente singular, única”. “O legado de Carlos Paredes tem um papel fundamental no que consideramos hoje serem elementos matriciais da nossa identidade”, disse.

O programa de celebração do centenário do nascimento de Carlos Paredes inicia-se em Fevereiro e vai estender-se pelos próximos meses, repartido em três linhas de actuação: A vertente performativa, com espectáculos, a vertente de investigação, com publicações e colóquios, e a vertente educativa, com oficinas, visitas e roteiros.

Em Fevereiro, mês do aniversário de Carlos Paredes (1925-2004), a programação terá três momentos inaugurais em Lisboa, mas ao grupo de trabalho que elaborou a programação foi pedida uma abrangência geográfica ampla para as celebrações.
“Carlos Paredes estará presente em todo o país”, sublinhou Dalila Rodrigues, acrescentando que haverá também concertos e eventos culturais em 12 países, em quatro continentes.

Concerto no São Luiz

A abertura oficial do programa está marcada para 5 de Fevereiro, em Lisboa, com a Orquestra Metropolitana de Lisboa no Teatro Municipal São Luiz, e no dia seguinte no Centro Cultural de Belém, com o espectáculo “Perpétuo”, de música e dança, encenado pelo realizador Diogo Varela Silva.

A 16 de Fevereiro, dia em que Carlos Paredes faria 100 anos, a Aula Magna da Universidade de Lisboa acolhe um concerto com a presença de nomes como a guitarrista Luísa Amaro, a cravista Joana Bagulho, o pianista Mário Laginha e a cantora A Garota Não.

Nesta vertente performativa destaca-se ainda um concerto de Mário Laginha em Braga, uma digressão nacional dos guitarristas Norberto Lobo e Ben Chasny, uma atuação do grupo Alvorada na Exposição Mundial de Osaka 2025, no Japão, e uma série de festivais de fado pelo mundo, dedicados a Carlos Paredes, nomeadamente em Espanha, China, México, Panamá ou Argentina.

Carlos Paredes nasceu em Coimbra, em 16 de Fevereiro de 1925, e morreu em Lisboa, em 23 de Julho de 2004. Filho do guitarrista Artur Paredes, outro nome maior da guitarra portuguesa, Carlos Paredes deu continuidade a uma linha familiar de gerações de músicos, mantendo-se leal à tradição e ao estilo de origem, tocando a guitarra de Coimbra, com a afinação do fado de Coimbra. Imprimiu, porém, uma abordagem pessoal, que o levou aos principais palcos mundiais e a trabalhos conjuntos com outros grandes intérpretes, como o contrabaixista norte-americano de jazz Charlie Haden.

Combatente antifascista, opôs-se à ditadura e foi preso pela PIDE, no final da década de 1950. Até à década de 1990, conciliou a guitarra com a sua actividade como administrativo no Hospital de São José, em Lisboa. Em Dezembro de 1993 foi-lhe diagnosticada uma mielopatia, doença que lhe atacou a estrutura óssea e que o impediu de tocar a guitarra.

21 Jan 2025